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Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra 2 DIAS DE CONGRESSO 1 FEIRA DE PSICOLOGIA 4 e 5 Novembro 2014 1º Congresso Nacional Conversas de Psicologia LIVRO DE RESUMOS Coordenação Vitor Nuno Anjos & Luis Loureiro

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Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra

2 DIAS DE CONGRESSO 1 FEIRA DE PSICOLOGIA

4 e 5 Novembro 2014

1º Congresso Nacional Conversas de Psicologia

LIVRO DE RESUMOS Coordenação Vitor Nuno Anjos & Luis Loureiro

1 º C O N G R E S S O N A C I O N A L C O N V E R S A S D E P S I C O L O G I AC O I M B R A . 2 0 1 4

2Associação Portuguesa Conversas de Psicologia – A.P.C.D.P.

Ansiedade, depressão e stress em doentes com dor crónica

João Henrique Almeida *(2014)

Introdução: A dor é a condição física sintomática mais comum reportada tanto pela população geral como pela população alvo de cuidados primários. A medicina evoluiu consideravelmente no desenvolvimento de soluções para o alívio da dor aguda. O mesmo não aconteceu com a dor crónica, com diversas implicações físicas, psicológicas e até económicas para os pacientes, com gastos médios de 4611 milhões de euros numa prevalência de 30% na população adulta. A prevenção e tratamento da dor crónica é, por isso, uma das maiores preocupação da actualidade.Objectivo: Perceber de que forma as dimensões ansiedade, depressão, vulnerabilidade ao stress, intensidade de dor e incapacidade relacionada com a dor afectam pacientes com dor crónica.Métodos: Utilizou-se uma amostra de 53 pacientes que frequentaram a Unidade de Dor Crónica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com idades comprendidas entre os 25 e os 86 anos. Foram aplicadas a Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (HADS), a Escala de Vulnerabilidade ao Stress (23QVS), o Índice de Incapacidade relacionado com a Dor (PDI) e a Escala Visual Analógica ( VAS).Resultados: Os resultados demonstraram que 71.7% dos doentes com dor crónica sofrem de perturbações de ansiedade enquanto que 39.6% sofrem de perturbações de humor e que, quando comparados com a população normal, apresentam níveis de ansiedade e de depressão bastante superiores. Do mesmo modo, 77.4% da amostra é vulnerável ao stress, com uma prevalência superior nos doentes com menor escolaridade. As áreas funcionais mais afetadas são a atividade sexual e a ocupação e a intensidade de dor é superior nas mulheres. Verificou-se também que quanto maiores os níveis de ansiedade, maiores os níveis de depressão e vulnerabilidade ao stress. Foram ainda encontradas relações entre o perfeccionismo, a intolerância à frustração, rejeição, deprivação de afecto e outras dimensões.Conclusão: É clara a relação existente entre as diferentes componentes aqui estudadas subjacentes à dor crónica. Desta forma, pretende-se com este estudo obter uma maior compreensão da dor crónica de forma a contribuir para uma melhor qualidade de vida e bem-estar do doente, tanto ao nível da avaliação como do acompanhamento a longo prazo.Palavras-chave: dor, dor crónica, ansiedade, depressão, stress

* Universidade de Aveiro, [email protected]

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3Associação Portuguesa Conversas de Psicologia – A.P.C.D.P.

Estudos de validação da Escala de Desejabilidade Social – DESCA.

Oliveira, J. F. A. *(2013)

Em contexto de avaliação psicológica (forense), a desejabilidade social constitui uma temática amplamente presente, na medida em que é comum os indivíduos tenderem a dar respostas pouco honestas, no sentido de apresentarem uma imagem destacadamente positiva de si próprios com o propósito de atingirem um determinado objetivo. Numa altura em que os psicólogos forenses são cada vez mais solicitados no trabalho de assessoria ao Tribunal, torna-se relevante examinar este tipo de enviesamento de respostas/ comportamentos, para se poder providenciar uma maior validade dos resultados obtidos no contexto da avaliação psicológica. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo principal validar um instrumento de avaliação da desejabilidade social (Escala de Desejabilidade Social – DESCA [I. Alberto, J. Oliveira, & M. Fonseca, 2012]) e obter valores médios de resposta à DESCA numa amostra da população geral, funcionando como referência para a avaliação de progenitores envolvidos em situação de disputa de custódia parental, contexto em que a motivação para apresentar uma autoimagem positiva e extremamente favorável tem sido reforçada na literatura e manifesta na experiência clínica. Amostra: Recorrendo a uma amostra da população geral (N = 229), procurou-se apurar as qualidades psicométricas da DESCA, ao nível da precisão e da validade da escala, bem como estabelecer as medidas de tendência central e de dispersão. Analisou-se também a influência de variáveis sociodemográficas (sexo, idade e escolaridade) na desejabilidade social. Resultados: Os resultados obtidos indicam qualidades psicométricas razoáveis, tanto ao nível dos estudos de precisão - no que respeita à consistência interna da DESCA (α = .757), mas também no que se refere à estabilidade temporal da escala (r = .749) -, como de validade (de constructo). A estrutura dimensional subjacente à DESCA permitiu a identificação de três fatores que explicam 51.476% da variância total: Busca de Aprovação Social (BAS), Gestão de Imagem Social (GIS) e Dependência Relacional (DR). Conclusão: Os dados obtidos apontam para diferenças nulas relativas ao sexo; para indícios de uma inclinação global para níveis mais proeminentes de desejabilidade social, em faixas etárias mais avançadas; e para uma tendência para uma menor desejabilidade social perante níveis de escolaridade superiores, comparativamente a níveis menos avançados. Palavras-chave: Desejabilidade Social, Avaliação Psicológica, Fiabilidade, Validade.

* Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

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4Associação Portuguesa Conversas de Psicologia – A.P.C.D.P.

The sensory-discriminative and affective-motivational dimensions of pain

Joana Carvalho*Daniela Seixas*Deolinda Lima*

Pain is defined as an unpleasant sensory and emotional experience associated, or described, in terms of a current or potential tissue damage. It comprises both perceptual-discriminative and affective-motivational dimensions. The first dimension informs about pain localization, intensity and quality discrimination and the second one is related with emotional reactions and selective attention to the noxious stimulus. Sensory-discrimination is processed in the lateral pain system, which includes the lateral thalamic nuclei and the primary and secondary somatosensory cortices, whereas the affective-motivational aspects of pain are processed by the medial system, which comprises the medial thalamic nuclei, the pre-frontal and anterior cingulate cortices, the amygdala and the limbic structures. Psychophysical studies strongly support substantial cross-talk between the two systems, however a knowledge gap exists regarding how the medial and lateral pain systems communicate. This project aims to investigate the relationship between the two systems by comparing pain behaviour and brain activity in the lateral and the medial networks in sensory and emotional contexts in normallydeveloped subjects and emotionally-disrupted individuals. Participant’s sociodemographic data will be collected and they will be psychologically evaluated for emotional ability and cognitive impairment. The participants will be further psychophysical evaluated for pain, with will include a pain psychological appraisal, a pain diary and quantitative sensory testing. The imaging session will include structural and functional magnetic resonance imaging.

* Faculdade de Medicina, Universidade do Porto

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5Associação Portuguesa Conversas de Psicologia – A.P.C.D.P.

Envelhecimento: Perspetivas e Representações e Solidariedade Intergeracional

Maria CabralSusana CoimbraAnne Marie

Resumo: As mudanças demográficas, caracterizadas pelo aumento da longevidade e a diminuição da natalidade, têm contribuído para o envelhecimento da população e para a o aumento da população idosa. Para além disso, as mudanças das sociedades democráticas reconhecem o valor da pessoa na sua especificidade e diferença, estimulando a tomada de posição. Apesar disso, a organização das sociedades e comunidades não parecem propiciar as trocas intergeracionais e/ou mudanças nas representações das pessoas idosas. Este estudo visa estudar o impacto de um encontro de intervenção comunitária que visava mudar as representações e preconceitos associados a diferentes faixas etária e promover a solidariedade intergeracional. Este encontro de educação intergeracional foi desenhado de modo a centrar-se no desenvolvimento/partilha de saberes, atitudes e competências que proporcionam a interação geracional. Foram analisados os preconceitos em relação à idade e (idadismo) de jovens e idosos que participaram e que não participaram no encontro intergeracional. Na parte teórica, começamos por analisar a família e a sua evolução, relacionando com o decréscimo de oportunidades para a solidariedade intergeracional e cidadania. Em seguida, abordamos o envelhecimento da população e caracterizamos a pessoa idosa e a pessoa jovem, as questões da pobreza, desigualdade e exclusão que lhes estão associadas, assim como o preconceito em função da idade (idadismo). Por fim, refletimos acerca da intervenção comunitária, em particular no domínio da educação intergeracional. Na componente empírica deste trabalho, começamos pela definição de objetivos e abordagem metodológica. Descrevemos o encontro Intergeracional organizado na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, no âmbito do ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade Intergeracional que contou com a presença da Exma. Presidente Dra. Joaquina Madeira. Apresentamos e discutimos os resultados obtidos através da administração da Escala de Idadismo de Fraboni (Neto, 2004) junto a 100 jovens e pessoas idosas que participaram e que não participaram no encontro, de modo a estimar o seu impacto. Os resultados sugerem que intervenções que visem promover a solidariedade intergeracional podem ser particularmente eficazes, sobretudo no grupo de jovens: aqueles que participaram apresentam representações significativamente menos negativas dos idosos por comparação com os que não participaram. Para além disso, importa referir que o idadismo é mais elevado nas pessoas idosas do que nos jovens. Os resultados sugerem o contributo deste tipo de encontros para combater preconceito associado à idade, mas também que uma intervenção mais alargada e sustentada no tempo terá que ser ponderada para contribuir para a desconstrução de estereótipos em relação aos jovens no grupo dos idosos. Deste modo, a intervenção comunitária, na aceção de educação intergeracional, poderá contribuir para combater algum preconceito e cristalizações e potenciar/promover a políticas de solidariedade intergeracional. Palavras-chave: Solidariedade Intergeracional, preconceito e idadismo

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6Associação Portuguesa Conversas de Psicologia – A.P.C.D.P.

Estilos e Preocupações Parentais: comparando preocupações e estilos parentais de cuidadores de crianças em Intervenção Precoce e cuidadores de crianças de amostra de comunidade

Costa, N. & Machado.T. S., 2013

“O ambiente familiar e a parentalidade são factores cruciais de socialização da criança, estando há muito documentados problemas de desenvolvimento cognitivo e afectivo quando ocorrem problemas de parentalidade (Belsky, 1984, 1990; Belsky, Lerner & Spanier, 1984;Belsky, J., Bell, B., Bradley, R. H., Stallard, N., & Stewart-Brown, S. L., 2006; Cowan & Cowan, 2002 ). Variáveis diversas, como as preocupações parentais, e variáveis sociais (como escolaridade e nível socioeconómico) afectam a qualidade e disponibilidade dos cuidados parentais. Situações adversas de vida – como as das famílias sinalizadas para Intervenção Precoce na Infância – aumentam os riscos de perturbações ou disfunções nos cuidados parentais. Estudos diversos têm analisado o efeito diferencial de estilos, preocupações e crenças relativas a formas de disciplina usadas pelos cuidadores (Baumrind, 1989; 1996; Grusec, & Goodnow, 1994; Maccoby & Martin, 1983). Na presente investigação, comparamos as preocupações, estilos e dimensões parentais entre cuidadores de crianças acompanhadas pelo Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância, e cuidadores de uma amostra de comunidade. As preocupações foram avaliadas através da Escala de Preocupações Parentais, de Algarvio, Leal, & Maroco (2009); e os estilos parentais avaliados com a versão portuguesa do Questionário de Estilos e Dimensões Parentais, de Miguel, Pires Valentim & Carugati (2010). Os resultados mostram diferenças entre os estilos e preocupações parentais dos cuidadores das duas amostras, sugerindo intervenções diferenciadas no sentido da promoção da parentalidade bem conseguida.”Palavras-chave: Parentalidade, Intervenção Precoce na Infância, Estilos Parentais, Preocupações Parentais.

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Acidentes com perfurocortantes: uma revisão sistemática

Verónica Tomé*, ***Margarida Pocinho*, ***Vitor Nuno Anjos*, ****

Resumo: Contexto: A recuperação das informações provenientes de vários estudos que pudemos consultar durante a realização deste Trabalho - segurança higiene e saúde no trabalho, acidentes no trabalho, infecção hospitalar e precauções padrão, permite verificar a importância dos levantamentos e análises na área focalizada e, especialmente, o significado maior dos acidentes com material perfurocortante.Objetivo: avaliar em uma revisão sistemática, uma investigação por metanálise os factores de risco do acidente por material perfurocortante.Metodologia: Neste Trabalho utilizamos metodologia de Metanálise Nesta linha de estudo coletamos artigos e textos de maior extensão e profundidade, que foram alvo de cuidadosa consulta. Recorremos, principalmente, a bancos de dados de bibliotecas on-line. Construímos, desta maneira, amostra de 26 artigos que cobrem os últimos 12 (doze) anos (1997-2008). Este material escrito foi selecionado em razão de sua adequação ao tema que definimos como foco. Os dados considerados foram tabulados em software Review Manager 4.1. Finalmente, com base nas informações obtidas, selecionadas e analisadas, pudemos agrupar as variáveis que foram utilizadas na metanálise. Foram 6 (seis) variáveis de elevada importância, passíveis de comparação quanto a: género, turno de actividade, categoria profissional, procedimento, material causal e notificação.Resultados: As análises sistemáticas realizadas forneceram dados de elevada importância para a compreensão dos factores de risco que levam ao acidente com perfurocortantes. Utilizamos o recurso “odds ratio” como medida para identificar os factores de risco das comparações, termos: os factores de risco que levam aos acidentes perfurocortantes, sendo que o grau do risco, do maior para o menor, é; para os profissionais de saúde, com OR de 127,98 e a possibilidade de redução do risco em 90% favorecendo ao profissional de saúde na comparação com os demais profissionais, seguido pelo profissional do sexo feminino, com OR de 8,04, com possibilidade de redução do risco de 48% favorecendo as mulheres, no turno de trabalho diurno (manhã e tarde) com OR de 7,70 e a possibilitando a redução do referido turno em 47%. O material causal verifica-se os objectos perfurantes sobre os cortantes com OR de 4,74 e possibilidade de redução do risco de 38% dos acidentes com material perfurante, envolvendo procedimentos nas actividades directa com pacientes com OR de 4,24 e possibilidade de redução dos factores de risco em 37%, contudo quanto a notificação dos acidentes perfurocortante, a realidade da subnotificação sobrepõe os acidentes notificados pelos profissionais, encontramos o OR de 0,36.Os resultados obtidos subsidiam dados para implantar, implementar e reforçar medidas de prevenção e protecção à saúde. Com a expectativa de redução desta ocorrência e subsidiar outras pesquisas neste contexto.Palavras chaves: acidentes perfurocortante, acidente de trabalho, saúde ocupacional, higiene e segurança no trabalho, pecauções padrão, infecção hospitalar

* UFCE - Universidade Federal do Ceará** Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra*** Instituto Superior Miguel Torga**** Associação Portuguesa Conversas de Psicologia

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Neurobiologia da Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD)

Fernando Guardado Pereira*Margarida Pocinho**

Contexto: PTSD é uma Perturbação Psicopatológica da Ansiedade resultante de experienciação ou testemunho de evento(s) traumático(s), com ameaça de vida ou da integridade física, com sintomatologia característica e repercussões de ordem psicofisiofuncional ao longo da vida. Um trauma é um sentimento gerador de stress, fonte de ameaça, de sensação de perigo, causador de extrema ansiedade e dor. Um trauma não se apaga, não se resolve, não se esquece, ou se redesenha. O self pós-traumático reconstrói-se como se reconstrói uma pintura queimada pelo tempo, com amor, paciência, tolerância e energia. Os recentes estudos focam-se nos processos da Memória e no papel terapêutico desempenhado pela plasticidade do eixo (Zohar, Juven-Wetzler, Myers, & Fostick, 2008). Sabemos que certas áreas do cérebro se ativam com o trauma, resultando em respostas emocionais e comportamentais, e alterações neuroquímicas e hormonais. A amígdala por exemplo, está envolvida na resposta normal ao medo, na determinação de significado dos estímulos externos e desencadeia respostas de luta, fuga ou bloqueio. Estas respostas levam ainda a alterações da atividade noutras áreas do cérebro, como o hipocampo e o córtex medial pré-frontal. Uma hipótese é que na PTSD há uma falha na regulação da reatividade da amígdala, resultando em hiper reatividade a uma ameaça normal (Bisson, 2008). Objetivo: Este trabalho teve como objetivo rever a investigação acerca dos principais estudos acerca do Stress Pós-Traumático (PTSD).Resultados: A exposição ao desastre está significativamente correlacionada com o Desenvolvimento de PTSD e nível de Cortisol. Os principais sintomas de Intrusão e Hiperatividade foram associados com baixos e altos níveis de cortisol, respetivamente ( Witteveen et al., 2010). Indivíduos expostos a situações traumáticas, vulneráveis a PTSD, apresentam altos níveis de citocinas inflamatórias. Também há evidências de que a inflamação excessiva é, em parte, devida a insuficiente regulação do cortisol. Como implicações práticas admite-se que um excesso inflamatório da atividade imunitária, em indivíduos com PTSD, contribui para o declínio do seu estado de saúde. O Stress agudo induz picos de glicémia e níveis elevados de insulina no sangue e um decréscimo dos marcadores do sistema imunitário e infamatório que estão associados com a diabetes do tipo 2, apontando assim para um efeito do Stress Psicológico agudo sobre o metabolismo da glicose e processo inflamatório (Nowotny et al., 2010). Assim, tratar os sintomas de PTSD pode reduzir os riscos para a saúde.Conclusão: A Perturbação de Stress Pós-Traumático é uma perturbação grave com comprometimento da capacidade de lidar com o Stress, que todavia melhora com tratamento. A Psicologia clinica evidencia múltiplas vantagens em colaborarem de forma estreita, quer intervindo na preparação sistemática para a exposição a extremo stress, ajudar a atenuar o impacto psicológico avaliando as competências psicossocioemocionais dos dos sujeittos com PTSD, assim como nos seus problemas. Promove o desenvolvimento pessoal e inerente adaptabilidade ambiental, promover o Bem- Estar assim como a prevenção de problemas. Tomando para avaliação as medidas psicossocioemocionais como as performances nos domínios: cognitivo, emocional/ afetivo, -social/relacional, -académico/profissional e espiritual. Palavras chave: Perturbação de Stress Pós-Traumático; citocinas inflamatórias; eixo Hipotalâmico-Pituitário-Adrenal; eixo da norepinefrina do Sistema Nervoso Simpático

* Serviço de Psicologia do Centro de Saúde Militar de Coimbra;** Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra; Instituto Superior Miguel Torga

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Resiliência e Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD)

Fernando Guardado Pereira*Margarida Pocinho**

Contexto: A Resiliência pode referir-se a características idiossincráticas do indivíduo e das estratégias adquiridas em interação com o meio, como também a um conjunto de processos e mecanismos internos e externos (i.e. competências, motivações, prioridades,...) evidenciados quando a adversidade se apresenta (Cicchetti, 2007). Objetivo: Este trabalho teve como objetivo rever a investigação acerca dos principais estudos acerca da resiliência e sua relação com o Stress Pós-Traumático (PTSD).Resultados: A aprendizagem proporciona meios, ferramentas e instrumentos para formação ou educação de um carácter resiliente. A educação ensina por exemplo que dos fracos não reza a história, a própria competição saudável incutida em tenra idade, vem privilegiar esse caráter corajoso e próativo, ativo em prol dos seus objetivos e dos seus elementos de cooperação. É esta aprendizagem que também providencia o saudável crescimento social do indivíduo. Considerar portanto a vantagem de pertencer a um grupo social, e funcionar em função de um objetivo comum, espírito de corpo, é pois mais valia, e fundamento de resiliência. Esta consciência de si enquanto indivíduo social é fundamental, é a base do desenvolvimento ou integração do conceito de resiliência. Ou não fosse o ser humano, o único animal a nascer prematuramente, ou seja, sem as competências necessárias para dignificar e garantir a sua sobrevivência. É exatamente esse fator de necessidade de outrem, que confere a relevância e justifica o princípio primordial da socialização do indivíduo. O ser humano precisa do outro, não apenas para melhorar as suas condições ou qualidade de vida, mas para garantir a sua sobrevivência. O ser humano aprende em interação com o meio, não vem com um aparelho para pensar, dotado das funcionalidades para operar independente de outrem, ou com um equipamento automático de técnicas de sobrevivência, tal como os restantes animais. A Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD) é uma perturbação grave com comprometimento da capacidade de lidar com o Stress. Numerosos estudos indicam que o apoio social é essencial para manter a saúde física e psicológica. As consequências nefastas de uma fraco apoio social e os efeitos protetores do bom apoio social em PTSD têm sido bem documentadas. O apoio social pode moderar vulnerabilidades genéticas e ambientais e conferir resistência ao stresse, possivelmente através de seus efeitos sobre o sistema hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), o sistema noradrenérgico, e as vias de oxitocina centrais (Ozbay et al., 2007).Conclusão: O estudo da resiliência tem-se baseado sobretudo em traços e processos tais como a inteligência, a vinculação, a performance educacional ou empenho social, contudo a Resiliência pode representar um importante alvo de tratamento da Ansiedade, Depressão e reação ao Stress e trauma. As Perturbações com comprometimento da capacidade de lidar com o Stress, podem ter um aliado na resiliência, já que esta pode contribuir para melhorara significativamente a qualidade de vida.Palavras chave: Resiliência; Perturbação de Stress Pós-Traumático

* Serviço de Psicologia do Centro de Saúde Militar de Coimbra;** Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra; Instituto Superior Miguel Torga

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Paladar e comportamento alimentar

Margarida Tenente Santos Pocinho*,** Helena Espirito Santo** (2014)

Contexto: O estudo da perceção dos sabores têm ajudado a perceber o porquê de algumas pessoas serem mais suscetíveis a adquirirem determinadas patologias do que outras e a perceber as implicações clínicas (Keskitalo, 2008).Já há muito que os quatro sabores haviam sido identificados, mas, até aos finais do século XIX, só alguns pensadores/investigadores foram além dos quatro sabores (Quadro 1). No século XX surgiram investigações que comprovaram a existência de mais um “novo” sabor. Assim, em 1908, Ikeda identificou o umami (saboroso) (Lindemann, Ogiwara & Ninomiya, 2002) que faz pensar no suculento de Demócrito (. Ao longo deste século, a investigação estabeleceu a compreensão dos vários recetores na língua para os cinco sabores, percebendo-se que a mucosa da cavidade oral é rica em terminações nervosas capazes de revelar sensações não só gustativas, mas também de tipo tátil, ligadas à textura, granulosidade, viscosidade, entre outros (Drewnowski & Rock, 1995; Eldeghaidy et al., 2011; Eny, Wolever, Corey, & El-Sohemy, 2010).No entanto, somente no século XXI se recuperaram os sabores aquoso (revisão de Galindo-Cuspinera, Winnig, Bufe, Meyerhof, & Breslin, 2006) e de gordura (Eldeghaidy et al., 2011; Oliveira, Werlag, & Wagner, 2007).Objetivo: Este trabalho teve como objetivo rever a investigação acerca dos principais sabores e das suas potenciais implicações para o comportamento nutricional.Discussão e conclusão: A aceitação dos alimentos segundo as preferências alimentares parece, em grande parte, explicar porque determinadas pessoas têm maior tendência para a ingestão de certos alimentos e outras uma menor tendência. As pessoas mais sensíveis ao sabor amargo dos alimentos (supertasters e tasters) tendem em rejeitá-los, e por isso evitam vegetais ricos em antioxidantes, ingerindo maior quantidade de alimentos gordurosos e doces. O evitamento de produtos hortícolas que promovem uma maior saciedade e têm um elevado teor de vitaminas e sais minerais, devido ao seu paladar, está relacionado com o estado nutricional do indivíduo (Lumeng, Cardinal, Sitto, & Kannan, 2008). Os supertasters têm maior risco de cancro que os non-tasters, mas porque não gostam evitam alimentos gordurosos e doces. Por isso, tendem a ser mais magros e têm um menor risco de doença cardiovascular. A predisposição para o alcoolismo pode também estar relacionada com a variação nos recetores (Bachmanov & Beauchamp, 2007). A variação na resposta ao sabor doce e amargo está associada à perceção do sabor e consumo de bebidas alcoólicas. Já a maior sensibilidade ao sabor amargo do álcool pode proteger os supertasters contra o excesso do seu consumo (Bachmanov & Beauchamp, 2007; Duffy, Peterson, & Bartoshuk, 2004). A demência de Alzheimer (DA) pode levar a alterações do cheiro e do paladar o que pode ser vital. O gosto influencia as preferências alimentares, que por sua vez pode afetar o comportamento alimentar e, consequentemente, o risco de doença. Sem duvida que as variações de sabor e o seu impacto na saúde merecem a atenção cientifica que atualmente lhe dedicam.Palavras chave: Tasters; non-tasters; supertasters; Alzheimer, comportamento alimentar

* Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra** Departamento de Investigação & Desenvolvimento | Instituto Superior Miguel Torga

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Reabilitação Neuropsicológica Grupal de idosos institucionalizados com Declínio Cognitivo sem Demência*

Silva-Curado, G. F.*Espirito-Santo, H.*Napoleão, M.*, Lemos, L.* e Santos, R.* (2014).

Contexto: O envelhecimento saudável é caracterizado por algumas alterações na cognição associadas a mudanças cerebrais não-específicas. Em contraste com o envelhecimento normal, podem ocorrer alterações cognitivas e executivas patológicas. O conceito de declínio cognitivo sem demência (DCSD) é de especial interesse por incluir pessoas em risco de desenvolver demência. O DCSD descreve o funcionamento cognitivo e executivo abaixo do que é considerado normal para a idade e para a escolaridade, mas que não satisfaz os critérios de demência. A capacidade de compensação da plasticidade cerebral, que pode ser induzida pelo treino e pela aprendizagem, viabiliza uma possível estabilização ou melhoria deste estado patológico. O declínio cognitivo surge muitas vezes acompanhado de alterações emocionais que podem interferir de forma significativa na qualidade de vida do idoso. Objetivos: Investigar a influência de um Programa de Reabilitação Neuropsicológica Grupal (PRNG) no funcionamento cognitivo e executivo de idosos institucionalizados com Declínio Cognitivo sem Demência. Metodologia: A amostra foi constituída por 24 idosos, com idades entre os 67 e os 92 anos. Doze idosos foram submetidos ao PRNG e doze idosos ficaram em lista de espera. O estudo teve um desenho quase-experimental e cego na reavaliação. O programa consistiu em 10 sessões de 90 minutos, semanais. Os idosos foram avaliados pré e pós-intervenção através da da Avaliação Breve do Estado Mental e da Bateria de Avaliação Frontal. Para testar as diferenças entre os grupos utilizámos o teste t de Student e o teste U de Mann Whitney para amostras independentes. Para testar as diferenças entre as várias medidas pré e pós-intervenção por grupo, utilizámos o teste t de Student e o teste de Wilcoxon para amostras emparelhadas. Recorremos também à análise da covariância unifatorial, para averiguar o efeito do PRNG em relação às alterações cognitivas e executivas. Calculámos os tamanhos de efeito para os vários resultados. Resultados: O efeito do PRNG sobre as pontuações do MMSE e suas subescalas e do FAB (pós-reabilitação) foram avaliados, separadamente, com uma ANCOVA unifatorial usando as pontuações do MMSE e do FAB total (pré-reabilitação) como covariável. As pontuações do MMSE foram significativamente influenciadas pelo PRNG depois de contabilizar o efeito da pontuação do MMSE (pré-reabilitação) como covariável [F (1,21) = 7,49; p < 0,05; η2 = 0,26]. Quanto às subescalas, houve efeito significativo na Atenção, Memória e Linguagem [respetivamente: F (1,20) = 4,61; p < 0,05; η2 = 0,19; F (1, 21) = 4,82; p < 0,05; η2 = 0,19; (F (1, 21) = 4,69; p < 0,05; η2 = 0,18], mas não na Orientação [F (1, 21) = 2,83; p > 0,05; η2 = 0,12]. As pontuações do FAB foram significativamente influenciadas pelo programa de reabilitação depois de contabilizar o efeito da pontuação do FAB (pré-reabilitação) como covariável [F (1, 21) = 7,53; p < 0,05; η2 = 0,26]. Conclusão: O PRNG aplicado em idosos institucionalizados com DCSD tem impacto no funcionamento cognitivo e executivo, uma vez que através da sua aplicação é possível estabilizar ou mesmo recuperar as capacidades cognitivas e executivas Palavras-chave: Declínio Cognitivo sem Demência, Reabilitação Neuropsicológica Grupal, Avaliação Neuropsicológica, Depressão, Solidão, Institucionalização.

* Este resumo consiste num sumário da dissertação de mestrado da primeira autora.

* Departamento de Investigação & Desenvolvimento (DI&D), Instituto Superior Miguel Torga.

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