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    vestibular nacional

    UNICAM P

    1 Fase Red a o e Quest es

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    Primeira Fase

    Prova coment ad a Primeira Fase

    INTRODUO

    C om esta publicao, procuram os oferecer aos professores e candidatos um m aterial que,juntam ente com o program a que consta do m anual do candidato e as inm eras publicaes anteriores,possa ser usado para um a m elhor com preenso da prova de redao da U nicam p e de seu processode correo. Inclum os, para isso, a prova de 2006 e exem plos de redaes ilustrativas de cada um adas trs propostas que dela fazem parte, com entados pela banca elaboradora. Entendem os quequanto m ais bem com preendidas forem as propostas e a concepo que as orienta, m aiores chancestero os envolvidos nesse processo avaliativo de serem bem sucedidos.

    A prova de redao da U nicam p apresenta, desde seu incio, um a m esm a concepo de leiturae escrita. A o longo desses anos, as m udanas introduzidas no tiveram o objetivo de m odi car essaconcepo, m as visaram apenas aprim orar os procedim entos e critrios de avaliao, no sentido deoferecerem inform aes m ais com pletas e de m elhor qualidade para os candidatos. C onvm ressaltarque a prova de redao da U nicam p, pelo fato de incluir um a coletnea, tam bm um a prova deleitura. A pesar de o vestibular estar em uso h m uitos anos e de ter sem pre disponibilizado instruese m ateriais esclarecedores de suas concepes de leitura e de escrita, observa-se freqentem ente,pelo desem penho de candidatos, que m uitos conceitos ainda no parecem bem com preendidos.U m aspecto em particular tem nos cham ado a ateno: a falta de evidncia de uso da coletnea nostextos dos candidatos, aspecto esse que procurarem os ilustrar m ais adiante.

    A pesar de ser um exam e que apresenta a escrita e a leitura com o processos de construode sentidos, que podem ser desenvolvidos na escola, ainda observam -se, em m uitos contextos desala de aula, abordagens de ensino a partir de frm ulas e estratgias que visam apenas um bomdesem penho do candidato no exam e. C om o elaboradores, acreditam os ser nossa responsabilidadealertar para o fato de que iniciativas com o essas raram ente sero bem sucedidas, dada a natureza doexam e. Para ns, um a boa prova aquela que pode ser resolvida por qualquer candidato que saibaler e escrever, independentem ente de onde tenha realizado sua escolarizao, seja ela em um a escolaparticular ou em um a escola pblica.

    , portanto, nossa responsabilidade fazer chegar at professores e candidatos todas asinform aes sobre a prova e sua correo da m aneira m ais com pleta e detalhada possvel. Esta

    publicao, portanto, visa estabelecer esse dilogo para que possam os fazer deste exam e uminstrum ento educacionalm ente ben co, potencial de m udanas m ais profundas e no apenasm ecanism o de seleo.

    A presentam os a seguir a prova de redao 2006. Seus aspectos salientes, relacionadosprincipalm ente estrutura e concepo da coletnea, so abordados num segundo m om ento. N aterceira parte, cada um a das trs propostas discutida e, na ltim a, redaes acim a e abaixo dam dia assim com o anuladas so com entadas com base nos critrios utilizados na correo.

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    1. A PROVA DE REDAO 2006

    REDAO

    ORIENTAO GERAL: LEIA ATENTAMENTE

    Proposta:Escolha um a das trs propostas para a redao (dissertao, narraoou carta) e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta.C ada proposta faz um recorte do tem a geral da prova (M EIO S D ETRA N SPO RTE), que deve ser trabalhado de acordo com as instruesespec cas.

    Coletnea: um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsdio parasua redao. Sugerim os que voc leia toda a coletnea e selecione oselem entos que julgar pertinentes para a realizao da proposta escolhida.U m bom aproveitam ento da coletnea no signi ca referncia a todosos textos. Esperam os, isso sim , que os elem entos selecionados sejamarticulados com a sua experincia de leitura e refl exo.

    ATENO: a coletnea nica e vlida para as trs propostas.

    ATENO Sua redao ser anulada se vocfugir ao recortetemticoda proposta escolhida; e/ou desconsiderar a coletnea;e/ou no atender ao tipo de textoda proposta escolhida.

    APRESENTAO DA COLETNEA

    Em um a poca em que quase tudo tende a circular de m odo virtual, pessoas e m ercadorias continuama se deslocar sicam ente de um lugar para outro. Por isso, im portante refl etir sobre os m eios detransporte que possibilitam esse deslocam ento.

    1)G overnar construir estradas.(W ashington Lus)

    2)Em funo do caf, aparelharam -se portos, criaram -se novos m ecanism os de crdito, em pregos,revolucionaram -se os transportes. (....) Era preciso superar os inconvenientes resultantes dos cam inhosprecrios, das cargas em lom bo de burro que encareciam custos e di cultavam o uxo adequado dosprodutos. Por volta de 1850, a econom ia cafeeira do vale do Paraba chegou ao auge. O problem ado transporte foi em grande parte solucionado com a construo da Estrada de Ferro D . PedroII, m ais tarde denom inada C entral do Brasil. A s m aiores iniciativas de construo de estradas deferro decorreram da necessidade de m elhorar as condies de transporte das principais m ercadoriasde exportao para os portos m ais im portantes do pas. (...) O governo de Juscelino Kubitschek(1956-1960) cou associado instalao da indstria autom obilstica, incentivando a produo deautom veis e cam inhes com capitais privados, especialm ente estrangeiros. Estes foram atrados aoBrasil graas s facilidades concedidas e graas tam bm s potencialidades do m ercado brasileiro. (...)Vista em term os num ricos e de organizao em presarial, a instalao da indstria autom obilsticarepresentou um inegvel xito. Porm , ela se enquadrou no propsito de criar um a civilizao doautom velem detrim ento da am pliao de m eios de transporte coletivo para a grande m assa. (...)C om o as ferrovias foram , na prtica, abandonadas, o Brasil se tornou cada vez m ais dependente daextenso e conservao das rodovias e do uso dos derivados de petrleo na rea de transportes. (...)N o governo M dici, o projeto da rodovia Transam aznica representou um bom exem plo do espritodo capitalism o selvagem . Foi construda para assegurar o controle brasileiro da regio um eternofantasm a na tica dos m ilitares e para assentar em agrovilas trabalhadores nordestinos. A psprovocar m uita destruio e engordar as em preiteiras, a obra resultou em um fracasso.(A daptado deBoris Fausto,Histria concisa do Brasil. So Paulo: Edusp/Im prensa O cial do Estado, 2002, p. 269-270.)

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    3)

    13,8%

    4,5%

    20,9%

    60,5%

    0,3%

    Areo

    Aquavirio

    Dutovirio

    Ferrovirio

    Rodovirio

    Com posio Percentual de C argas 2000 - G EIPO T

    4)O agronegcio o setor m ais afetado pela precariedade da infra-estrutura de transporte no pas.Isso porque o surto de desenvolvim ento das lavouras com ercialm ente m ais rentveis se deu nascham adas fronteiras agrcolas, no corao do pas, em regies distantes da costa. C om o o cultivochegou antes do asfalto, a m aior parte da produo cruza o pas chacoalhando em cam inhes.N o trajeto para a costa, nas estradas m al conservadas, a trepidao do veculo faz com que um aquantidade equivalente a cerca de 3% de toda a safra se extravie, calcula Paulo Tarso Resende, daFundace. O uso de hidrovias reduziria o desperdcio, m as faltam investim entos, diz ele. Perda deigual escala ocorre no porto, com m ultas e atrasos no translado para os navios, pois as instalaesso de cientes, faltam contineres e as em barcaes tm de esperar em las at conseguir vagapara atracar.(A daptado de Juliana G aron, Precariedade afeta m ais o agronegcio, em w w w .agr.feis.unesp.br, 13/02/2005.)

    5)O avio

    Sou m ais ligeiro que um carro,C orro bem m ais que um navio.Sou o passarinho m aiorQ ue at hoje voc na sua vida j viu.

    Vo l por cim a das nuvensO nde o azul m uda de tom .E se eu quiser ultrapasso fcilA barreira do som .

    M inha barriga foi feitaPra m uita gente levar.Trago pessoas de friasE hom ens que vm e que vo trabalhar. (...)

    Se voc m e v l no altoVoando na im ensido,Eu co to pequenininhoQ ue caibo na palm a da m o.(Toquinho. CD Pra gente m ida II, M ercury Records, 1993.)

    6)C hegam os ao territrio do trem -fantasm a. Sua perm anncia to viva no im aginrio popularque j virou atrativo obrigatrio nos parques de diverses. O aspecto ldico dessa representaoest profundam ente inscrito no inconsciente coletivo da sociedade industrial. O trenzinho dem adeira ou eltrico um dos brinquedos m ais persistentes, um dos m eios de transporte m aisacessveis ao m undo encantado da infncia. E no tm sido poucas as im agens literrias, pictricasou fotocinem atogr cas que identi cam a locom otiva com o anim al antediluviano. Esta m quinaincrvel que j signi cou o o condutor das m udanas revolucionrias passada, agora, para trs.

    expulsa do terreno da histria. D inossauro resfolegante e inclassi cvel, a locom otiva est condenadaa vagar incontinenti pelos cam pos e redutos afl itos da solido.(Francisco Foot Hardm an,Trem fan tasma:a modernidade na selva. So Paulo: C om panhia das Letras, 1988, p. 39.)

    7)Para C ristina Bodini, presidente da com isso de trnsito da A ssociao N acional de TransportesPblicos (A N TP), os acidentes com o o que aconteceu ontem com um nibus da prefeitura de Itatingaque transportava estudantes universitrios geralm ente so causados porque m uitos veculos soobsoletos. (...) Segundo Lus C arlos Franchini, gerente de scalizao da A gncia Reguladora deTransportes do Estado de So Paulo (A RTESP), os veculos de transporte de estudantes so obrigadosa passar por um a vistoria a cada seis m eses. No entanto, o nibus acidentado pertencia prefeiturade Itatinga, e por isso a A RTESP no vistoriava esse veculo. Por se tratar de um carro o cial, a prefeitura que deve proporcionar um agente scalizador, disse Franchini. D e acordo com oD epartam ento de Estradas de Rodagem de So Paulo (D ER) e a Polcia Rodoviria Estadual, no

    possvel saber quantos acidentes envolvendo veculos escolares acontecem atualm ente nas estradasde So Paulo. O m otivo que os carros envolvidos em acidentes no so separados por categoria.Segundo o D ER, entre janeiro e junho de 2005, houve 35.141 acidentes nas estradas paulistas,que provocaram 18.527 vtim as, das quais, 1.175 fatais.(Pablo Lpez G uelli, Veculos obsoletos causamacidente.Folh a de S. Paulo, 17/09/2005, p.C 5.)

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    8)Paralelam ente ao processo de privatizao das vias terrestres, o G overno criou a A gncia N acionalde Transporte Terrestre (A N TT). Essa A gncia regulam enta os transportes rodovirio, ferrovirio edutovirio (gases, leos e m inrios). D entre suas atividades, esto o acom panham ento e scalizaodos contratos das concessionrias; o controle do transporte fretado (de passageiros e de cargas),

    de m ultas rodovirias, de registro de transporte de cargas, de excesso de peso, de vale-pedgio;o com bate ao transporte clandestino, e o estabelecim ento de regulam entos e procedim entos deexecuo de obras e servios. A seguir, trecho da entrevista do diretor-geral da A N TT, Jos A lexandreN ogueira de Resende:

    A AN TT criou canais de com unicao com os usurios atravs de 0800, internet e um aO uvidoria. C om o tem sido essa experincia?

    Recebem os contribuies do Brasil inteiro. A tualm ente, so m ais de 1500 por dia, queservem de apoio nossa scalizao. So denncias, queixas, sugestes, e at m esm ocrticas com relao atuao da prpria agncia. A s agncias reguladoras se caracterizampelo processo de transparncia. A s decises so tom adas atravs de audincias pblicas.A im portncia do registro nacional do transportador rodovirio de cargas cou clara comessas contribuies que esto chegando, e h anos no era dada ateno a esse assunto. N otransporte de passageiros tem os recebido m ais contribuies e isso nos levou a um a srie de

    audincias para discutir a nova regulam entao do transporte de fretam ento. (Adaptado dehttp://w w w .estradas.com .br, 19/09/2005.)

    Proposta A

    C om o auxlio de elem entos presentes na coletnea, trabalhe sua dissertao a partir do seguinterecorte tem tico:

    D iferentes so os m eios de transporte, assim com o as polticas adotadas pelo Estado para viabiliz-los. O Estado pode atuar de form a m ais direta, por m eio de nanciam entos, concesses, isenes eprivilgios scais, ou apenas exercer um papel regulador dos diversos setores envolvidos.

    Instrues1) D iscuta que m eio(s) de transporte deve(m ) ser priorizado(s) paraatender s necessidades da realidade brasileira atual.2) Trabalhe seus argum entos no sentido de explicitar com o esse(s)m eio(s) pode(m ) ser viabilizado(s) e qual poderia ser o papel do Estadonesse processo.3) Explore tais argum entos de m odo a justi car seu ponto de vista.

    Proposta B

    C om o auxlio de elem entos presentes na coletnea, trabalhe sua narrativa a partir do seguinterecorte tem tico:

    O s m eios de transporte sem pre alim entaram o im aginrio das pessoas em todas as fases da vida.D esde a infncia, os brinquedos e jogos exprim em e estim ulam esse im aginrio.

    Instrues1) Im agine a histria de um (a) personagem que, na infncia, erafascinado(a) por um brinquedo ou jogo representativo de um m eio detransporte.2) N arre a origem do encanto pelo brinquedo e o signi cado (positivoou negativo) que esse encanto teve na vida adulta do(a) personagem .3) Sua histria pode ser narrada em prim eira ou terceira pessoa.

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    Proposta C

    C om o auxlio de elem entos presentes na coletnea, trabalhe sua carta a partir do seguinte recortetem tico:

    A atuao da sociedade civil, por m eio de m ovim entos sociais ou aes individuais, fundam entalpara a gesto dos m eios de transporte. U m estm ulo para essa atuao so os canais de com unicaodireta com os usurios, criados por agncias reguladoras de transporte.

    Instrues1) Selecione um problem a relativo segurana nas estradas.2) A rgum ente no sentido de dem onstrar com o esse problem a afeta osusurios das rodovias.3) D irija sua carta a um a agncia reguladora de rodovias, apresentandoum a reivindicao.

    O BS. : Ao a ssinar a carta , use a pena s suas iniciais, de mo do a n ose identifi car.

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    2. COLETNEA

    A coletnea de 2006 abordou o tem a geral da prova da prim eira fase M eios de transporte

    subdividido em trs diferentes recortes tem ticos.Em funo de a redao do Vestibular da U nicam p ser um a prova de leitura e escrita, de nim os, dam esm a m aneira que em 2005, um a coletnea nica para os trs recortes tem ticos, fazendo delao elem ento desencadeador da relao leitura/escrita, no sentido de levar o candidato a reelaborarsua leitura no processo de escrita do texto. Buscam os tam bm um equilbrio entre a leitura feita nom om ento da realizao da prova e a experincia de leitura prvia do candidato.

    C om um a coletnea nica, os vrios excertos poderiam ser trabalhados de m aneiras diversas,dependendo da proposta escolhida pelo candidato. A coletnea deste ano foi form ada por umconjunto de 8 excertos. Em bora no houvesse excertos exclusivos para qualquer um a das propostas,procuram os estreitar o vnculo entre os recortes tem ticos das propostas e a coletnea.

    Por conceberm os a leitura com o um processo de construo de sentidos, procuram os evitar fazercom que a coletnea seja lida com o um roteiro - e que o foco dessa leitura seja a recuperao decontedos e de inform aes, citadas e coladas no texto do candidato. A ssim , a coletnea pensada

    com o um conjunto de possibilidades diversas de abordagem da com plexidade do tem a, sobre o qualespera-se que o candidato j tenha tido algum a refl exo. A lm disso, a coletnea no de ne um ahierarquia entre os excertos, que podem ser aproveitados de diferentes m aneiras, conform e o m odode cada candidato m obilizar sua leitura em funo de seu projeto de texto.

    C om o j m encionado, os excertos da coletnea so de natureza diversa. H , na prova de 2006,excertos que fornecem dados estatsticos (excertos 3 e 4); que so m atria jornalstica (7 e 8); umexcerto de natureza histrica (2); outro que apresenta resultados de estudos acadm icos (6); umque trabalha a linguagem potica (5); e, nalm ente, um excerto que traz um lem a do governodo presidente W ashington Lus (1). A coletnea, assim estruturada, introduzida por um textode apresentao que, na prova de 2006, ressalta a im portncia de um a refl exo sobre os m eiosde transporte que perm item o deslocam ento de pessoas e m ercadorias em nossa poca, m arcadapela virtualidade. C om essa apresentao, a banca procurou cham ar a ateno para um tem a que,historicam ente, afeta o cotidiano das pessoas.

    3. AS PROPOSTAS

    N os m oldes dos ltim os anos, cada proposta consiste num recorte do tem a geral e a cada um a delascorresponde um conjunto de instrues que determ ina tanto a especi cidade da abordagem aotem a quanto a do tipo de texto que se espera seja produzido. C abe ressaltar que o conjunto de trsinstrues espec cas para cada proposta exigido no m om ento da correo, o que signi ca queo no atendim ento a qualquer um a das trs instrues repercute negativam ente na avaliao docandidato. Ressaltam os, em especial, a necessidade da construo de argum entos no texto dissertativo

    (Proposta A ), da construo da voz narrativa no texto de co (Proposta B) e da construo de um aargum entao m ediada por um a interlocuo slida na carta (Proposta C ).

    3.1 Proposta A: Dissertao

    A s instrues da dissertao procuram evitar que a proposta seja apresentada por m eio dea rm aes ou interrogaes que possam levar a um fecham ento conclusivo do tem a e a um a leiturapoliticam ente corretado recorte tem tico. M ais um a vez, buscam os apresentar um leque am plode possibilidades de apropriao do tem a Meios de transporte.

    Segundo as instrues da proposta A , foi solicitado ao candidato que trabalhasse sua dissertao dem odo a discutir qual(is) m eio(s) de transporte poderia(m ) ser priorizado(s) em vista das necessidadesdo Brasil contem porneo. Esperava-se que os argum entos apresentados pelo candidato justi cassema prioridade dada a esse(s) m eio(s) de transporte. Alm disso, solicitou-se que, ao discutir o assunto,o candidato refl etisse sobre o papel do Estado na viabilizao do(s) m eio(s) de transporte a ser(em )priorizado(s).

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    Em funo da apresentao que precede a coletnea e da prpria natureza dos excertos que acom pem , esperava-se que o candidato percebesse que no deveria tratar o recorte tem tico daproposta A de form a redutora. Isso signi ca que os m eios de transporte no Brasil no deveriam serabordados apenas sob a perspectiva histrica, m as em term os de gesto poltica atual. Esperava-

    se que o candidato, a partir da argum entao sobre a prioridade de determ inado(s) m eio(s) detransporte, discutisse se cabe ao Estado continuar a atuar de acordo com o papel que historicam entedesem penhou, principalm ente com o agente interventor, ou se deve assum ir outra funo, com o, porexem plo, gestor, m onitorando as concessionrias.

    Esperava-se do candidato um olhar crtico sobre o recorte tem tico proposto e um a argum entaoslida baseada em justi cativas convincentes sobre o ponto de vista defendido.

    3.2 Proposta B: Narrativa

    A s instrues da narrao procuram estim ular a inventividade dos candidatos, evitando que aproposta se feche em torno de m uitos requisitos pontuais. N esse sentido, as instrues orientam ocandidato sobre os elem entos da com posio sem , no entanto, predeterm inar com o tais elem entosdevem ser desenvolvidos ou com o devem estruturar a narrativa.

    Segundo as instrues da Proposta B, foi solicitado ao candidato que escolhesse um brinquedo oujogo representativo de um m eio de transporte e trabalhasse sua narrativa de m aneira a dem onstrar ofascnio que esse jogo ou brinquedo exerceu sobre um personagem , durante a infncia, bem com oos desdobram entos futuros de tal fascnio na vida adulta da personagem .

    Esperava-se que o candidato soubesse escolher o objeto ldico representativo de um m eio detransporte, evitando a eleio de um brinquedo qualquer, e narrasse as circunstncias que deramorigem relao de encantam ento da personagem com o brinquedo ou jogo. A lm de narrar ascircunstncias que m otivaram , durante a infncia, o fascnio da personagem , o candidato deveriaapresentar os desdobram entos dessa relao afetiva com o objeto representativo de um m eio detransporte, m ostrando o signi cado positivo ou negativo que o fascnio infantil adquiriu na vidaadulta da personagem , seja pelo ngulo pro ssional ou por outro qualquer.

    A narrao poderia ser construda em prim eira ou terceira pessoa. O candidato, alm de optar porum dos focos narrativos, deveria m ant-lo adequadam ente, dem onstrando a relevncia da escolha.

    3.3 Proposta C: Carta

    A s instrues da carta procuram estim ular o estabelecim ento, por parte do candidato, de um aslida interlocuo argum entativa, evitando que a carta se torne apenas um a dissertao comendeream ento. A s instrues contem plam o interlocutor a quem o candidato deve se dirigir assimcom o o propsito e objetivos dessa carta.

    Segundo as instrues da proposta C , foi solicitado ao candidato que investisse num a perspectiva

    argum entativa que ressaltasse o fato de os usurios das rodovias serem afetados por um problem a desegurana nas estradas, devendo o candidato apresentar um a reivindicao a um aagncia reguladorade rodovias. Era im portante prestar ateno no apenas ao tipo de problem a especi cado desegurana nas estradas, que afetasse os usurios em geral ou um grupo signi cativo da populao,no podendo ser um a reivindicao de carter individual m as tam bm ao interlocutor dessa carta um a agncia reguladora de rodovias. A tender ao conjunto das especi caes m uito im portantepara que a carta possa ser bem avaliada.

    Fez parte das expectativas da banca, ao propor que a carta fosse enviada a um a agncia reguladora,que o candidato percebesse a im portncia da participao da sociedade civil nas esferas de atuaodo Estado, lanando m o de argum entos que justi cassem sua reivindicao. Para aqueles no m uitofam iliarizados com a funo de um a agncia reguladora de rodovias, isso foi tem atizado no excerto8, que trouxe elem entos im portantes para um a boa construo da im agem do destinatrio da carta.A lm disso, era fundam ental um investim ento no s na im agem da agncia reguladora ou dapessoa nom eada com o responsvel por essa agncia, m as tam bm na im agem do rem etente.

    O bom uso da coletnea deveria levar o candidato a expandir e diversi car sua discusso no que dizrespeito ao m odo pelo qual os usurios so afetados pelo problem a selecionado, na delim itao doprprio problem a ou ainda na reivindicao feita.

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    4. COMENTRIOS SOBRE ALGUMAS REDAES

    D iscutim os, a seguir, algum as redaes de nveis de desem penho diversos, com base nos critrios

    utilizados na correo.

    4.1 Proposta AExemplos de Redaes Acima da Mdia

    Exemplo 1

    C ooperao gerando satisfao

    A cano Trem das O nzede A doniran Barbosa narra de m aneira prim orosa com oo trem era presente na vida do povo em pocas passadas. H oje, ao contrrio do que descrevea m sica, tal m eio de transporte apresenta-se, para m uitos, som ente em parques de diverso(trem -fantasm a) ou brinquedos de criana. O transporte ferrovirio tornou-se obsoleto, algoque no poderia ter ocorrido num pas com o o Brasil, onde tal sistem a apresenta vantagens queo colocam com o prioritrio para suprir as atuais necessidades nacionais.

    O Brasil destaca-se no cenrio internacional com o grande exportador de m inrios,soja, caf, laranja, carne e m uitos outros prim rios. Por sua dim enso continental, possui plosprodutores tanto no litoral com o no interior afastado do oceano. N enhum m eio de transportesupriria as necessidades do agronegcio de exportao com o o ferrovirio, pois de baixocusto, transporta grandes quantidades, tem m anuteno m ais barata que a do rodovirio

    e no depende de fatores clim ticos com o o uvial. O desperdcio tam bm m uito m enor,aum entando os ganhos. M as no som ente s indstrias e produtores agropecurios que talm eio vantajoso.

    A populao urbana sofre com a di culdade de locom oo, principalm ente emm etrpoles com o So Paulo, onde perdem -se horas em congestionam entos e centenas de reaisem conserto de carros dani cados pelas pssim as condies das ruas. O autom vel pssim opara suprir a necessidade coletiva, enquanto o trem (seja de superfcie ou m etr) m ais quevantajoso, pois rpido, barato, pouco poluidor e transporta m uitas pessoas. N este caso, opapel do Estado fundam ental, pois em regies j ocupadas so necessrias grandes obras edesapropriaes. Sendo a capacidade dos diversos setores pblicos lim itada, a m elhor soluoseria a aliana entre o pblico e o privado atravs das PPPs (parcerias pblico-privadas). O s riscosde m gerncia ou corrupo so m enores em tais parcerias.

    A ao do governo brasileiro (e dos estaduais e m unicipais tam bm ) no setor pblico

    nunca foi louvvel, salvo certas excees. D esde a realizao de projetos faranicos com oa Transam aznica m conservao das estradas federais, a ao pouca ou m al feita. Aopo pelo transporte rodovirio tam bm no foi boa, pois grande parcela da populao(principalm ente as m ais pobres de cidades m dias e pequenas) no recebe m uitos benefcios

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    da construo de estradas. A unio da fora do alcance do Estado com a boa estratgia dainiciativa privada poderia integrar os diversos setores e regies do pas com a escolha de trenscom o transporte m ajoritrio. C oncesso um m todo e caz de participao governam ental.

    O utra m aneira e caz do governo participar da reestruturao do sistem a virio criando e aperfeioando as atuais agncias reguladoras. A nal, se um governo atuando sozinhopode ser corrupto, um a em presa pode ser abusiva. A scalizao por m eio da opinio dosusurios sem dvida a m elhor m aneira de se aperfeioar qualquer sistem a. C om os papis decada parte de nidos, haveria poucos entraves para a realizao de qualquer projeto.

    U m m igrante viajando distante terra natal para visitar a fam lia; um em presrioexultante ao constatar o corte dos custos no transporte de cargas; um trabalhador, seja daconstruo ou da inform tica, passando m ais tem po com a fam lia por no levar m ais 3 horaspara ir e voltar do trabalho. So cenas diversas, m as que poderiam todas serem concretizadas porm aior im plantao do sistem a ferrovirio. Por diversas divergncias, nem o setor pblico nem oprivado efetivam ente im plantaram tal sistem a no pas inteiro, m otivo do atual sucateam ento degrande parte dos trens. U m a cooperao m aior entre tais partes, pensando tam bm sem pre nopovo , sem questionam entos, o m elhor cam inho para se resolver a questo dos transportes no

    pas. Talvez ento fosse possvel que o personagem de A doniran no casse preocupado, poisa qualquer horrio da noite haveria trens indo para toda a parte da cidade, inclusive para suaprpria casa.

    Intitulada Cooperao gerando satisfao, esta redao foi classi cada com o acim a da m dia,entre outras razes, pelo dom nio que o autor dem onstra ter da norm a culta (salvo um a ou outrainadequao gram atical ou sinttica); pela consistncia do projeto pessoal de texto e pelo repertrioprodutivo evidenciado no dilogo m aduro que estabelece com a coletnea.

    A s m arcas de autoria se evidenciam , por exem plo, no m odo com o autor introduz o tem a com acitao da fam osa m sica de A doniran Barbosa, Trem das onze, que ser resgatada no nal,conferindo total coerncia a seu projeto de texto dissertativo, que se orienta no sentido da defesa

    do transporte ferrovirio com o o m eio m ais adequado de locom oo em um pas de proporescontinentais com o o Brasil. O u m elhor, o m eio m ais adequado de transporte urbano, interm unicipale interestadual, tanto de passageiros quanto de cargas.

    Em vista dessa hiptese, a dissertao parece dialogar de form a m ais im ediata com textos da coletneaque abordam diretam ente o im aginrio em torno dos trens (excerto 6), o histrico da im plantaodesse m eio de transporte no pas e a precariedade atual da m alha ferroviria (excerto 2). M as aredao vai alm e responde com propriedade a outros excertos da coletnea que abordam aspectosdistintos das polticas de transporte no pas. o que se veri ca nas passagens em que o autor dadissertao apresenta sua proposta de interveno, discutindo as parcerias pblico-privadas (PPPs),bem com o a regulam entao e os m eios de vigilncia que o Estado e os cidados podem exercersobre as concessionrias envolvidas em tais parcerias.

    Exemplo 2

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    Primeira Fase

    Prova coment ad a Primeira Fase

    Brasil: gigante hipertenso com problem as na circulao

    Q ualquer em presrio que transporta seus produtos, ou m esm o qualquer cidado que tentehoje viajar pelo territrio nacional poder constatar que as condies das rodovias existentesno so das m ais desejveis. O bservando-se os diversos problem as presentes, tais com o m conservao de estradas, altos ndices de acidentes fatais e tam bm a subutilizao de recursospotencialm ente m uito grandes em nosso pas, ca claro que a necessidade de transform aesnos m eios de transporte urgente.

    Entretanto, nem todas as m odi caes necessrias podem ser feitas em um s tem po,de m aneira que, no planejam ento das m elhorias, devem os priorizar as m ais urgentes.

    Em prim eiro lugar, acredito que a iniciativa m ais urgente seria a m anuteno dasrodovias. A tualm ente, so responsveis por 60,5% do transporte de cargas no pas. Esterecurso pode at m esm o m ostrar-se ine ciente em alguns casos; entretanto, deve-se levar emconsiderao a negligncia com que os outros m eios, tais com o o ferrovirio, foram tratados atento, resultando em sua fraqueza. Q ualquer projeto de am pliao destes m eios negligenciadosseria executado em m dio ou longo prazo, de form a que a m anuteno das principais rodovias

    torna-se indispensvel. Paralelam ente a isso, deve-se dar incio a obras relativas aos outros m eios a serempriorizados: o ferrovirio e o hidrovirio.

    Ferrovias m ostram -se com o um a soluo relativam ente barata e e ciente no transportede cargas. A am pliao da m alha ferroviria, ligando o interior do pas aos portos, ou seja,fornecendo um canaldireto entre os produtores rurais e os m eios de exportao, resultarianum benefcio m uito grande e aliviaria a situao crtica e inaceitvel encontrada nas rodoviasatualm ente. Sem esquecer tam bm que as ferrovias poderiam ser utilizadas para ns de turism o,descongestionando assim estradas em perodos espec cos, com o feriades.

    A am pliao da rede hidroviria, por sua vez, poderia ser a m ais im ediata das soluespara o problem a dos transportes no pas. Sabe-se que o Brasil possui um a quantidade no m nim obastante razovel de rios navegveis. O necessrio neste caso seria a construo de portos e aviabilizao dos transportes, discutida a seguir.

    Para realizar tais obras seria necessrio levar-se em considerao a necessidade degrandes investim entos, federais e estaduais. D e onde viria este dinheiro? Boa parte, certam ente,da arrecadao de im postos. Seria necessria um a reavaliao na distribuio da arrecadaoentre os estados e o governo federal, de form a que cada um possa investir o devido e necessrio,alm de veri car se a arrecadao nestes dois m bitos su ciente para a realizao das obras,levando-se em considerao os prazos estipulados.

    A lm da aplicao dos im postos arrecadados, poderia ser includo neste oram ento,o investim ento privado. H oje tem -se exem plo disso em algum as estradas, que esto sob aconcesso do governo e cobram pedgio do usurio. A pesar da taxao ser alta, m uitos usuriosapiam a iniciativa pela drstica diferena de qualidade observada. U m a soluo m ais justa e atm ais honesta que essa seria o governo nanciar parte das obras, isentar tais em presas privadasde alguns im postos e im por lim ites razoveis na cobrana de taxas. A nal, pagam os j m ais deum im posto para poderm os transitar.

    A s iniciativas de am pliao poderiam seguir o m esm o m odelo e, devido evidentem aior quantidade de trabalho, poderiam ser realizadas a m dio e longo prazo, bene ciandoprincipalm ente os setores prim rio e secundrio da econom ia.

    O governo deve entrar neste processo tam bm com o orgo regulador. Para isto,tem -se a A N TT. D esta form a, ter-se-ia trs ingredientes essencialm ente ben cos: retornodos im postos para o povo que os pagou, traduzido no investim ento do governo; interesse deem presas particulares, executando as obras quando necessrio, visando lucro; e a scalizaodo governo, atravs da A N TT, garantindo a validade do projeto e evitando catstrofes derivadasda corrupo e da incom petncia com o a Transam aznica.

    Em poucas palavras, a iniciativa do governo com a participao de em presas privadaspoderia viabilizar a m anuteno da m alha rodoviria e a am pliao das m alhas hidro e ferroviria.D essa form a, um pas to rico com o o nosso poderia com ear a crescer sem o freio cruel im postopela falta de recursos dos atuais m eios de transporte.

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    Prova coment ad a Primeira Fase

    Esta redao, intitulada Brasil: gigante hipertenso com problemas de circulaotam bmrecebeu um a nota acim a da m dia, dentre outros m otivos, pelo bom dom nio da norm a culta e pelaconsistncia do projeto pessoal de texto que, partindo da constatao da precariedade dos diversosm eios de transporte no Brasil, reconhece, ao m esm o tem po, a im possibilidade de um a soluo que

    possa sanar de vez todos esses problem as. Por isso, argum enta no sentido do Estado estabeleceralgum as prioridades, com eando pela m anuteno das rodovias, responsveis por 60,5% do transportede cargas no pas (de acordo com os dados percentuais colhidos no gr co apresentado no excerto3 da coletnea). Em seguida, a dissertao prope que sejam priorizados dois m eios de transportehoje negligenciados: o ferrovirioe o hidrovirio. Para argum entar a favor desses dois m eios, o autorda dissertao apia-se com propriedade nos excertos 2 e 4 da coletnea.A consistncia da re exoe da argum entao, bem com o o dilogo produtivo com os textos da coletnea so razes m ais doque su cientes para justi car a seleo desta dissertao com o exem plar.

    D estaque-se, por m , a felicidade na escolha do ttulo que, ao aludir a um a fam igerada im agemm tica associada ao pas, presente j no hino nacional, diagnostica com preciso o quadro clnicograve de que padece a gura antropom r ca do gigante pela prpria natureza, em funo dade cincia de um de seus setores vitais.

    Exemplo de Redao Abaixo da Mdia

    G overnar construir estradas e conserv-las.

    A precariedade das rodovias brasileiras um grande problem a para a populao, poisdi culta o transporte de m ercadorias e um a situao de risco para os m otoristas.

    D e acordo com dados, so necessrios R$ 2 bilhes para recuperar as rodovias, m asinfelizm ente esse dinheiro no ser utilizado para dar segurana aos viajantes.

    Sabem os que um a porcentagem do preo por litro dos com bustveis deveria ser

    destinada m anuteno das estradas, porm , com o outras verbas, desviada.

    A ssim , a populao tem que pagar os fam osospedgios para trafegar comsegurana.

    M edidas e cazes deveriam ser tom adas para preservar as vias de trnsito, com operm itir apenas o trfego de veculos de pequeno porte pelas rodovias.

    C am inhes com grande quantidade de m ercadorias deveriam utilizar os transportesferrovirios e hidrovirios. Esses m eios tm baixo custo de m anuteno e iriam trazer benefcios,principalm ente para o setor de agronegcio que tem 3% de sua safra perdida por causa dasestradas m al conservadas.

    Indbitavelm ente, o nm ero de acidentes iriam dim inuir. A penas nas estradas paulistasforam 35.141 ocorridos em quase seis m eses do ano de 2005.

    Ser que o poder pblico no se preocupa com a segurana da populao?

    Portanto, o M inistrio responsvel pelos m eios de transportes deveria destinar a verbanecessria para o recuperam ento das rodovias e investir no desenvolvim ento das ferrovias ehidrovias do pas.

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    Primeira Fase

    Prova coment ad a Primeira Fase

    A redao intitulada Governar construir estradas e conserv-las, em bora parea revelar certodom nio da norm a culta, recebeu nota abaixo da m dia por apresentar srios problem as relativosao tipo de apropriao feita dos textos da coletnea e estruturao da dissertao. A ausncia deconectivos na passagem de um pargrafo a outro resulta em um elenco desarticulado de trechos

    extrados da coletnea de m odo, m uitas vezes, super cial, sem respeitar a unidade de sentido dotexto re-apropriado. Em um dos raros m om entos em que chega a em pregar um conector para iniciar,por exem plo, o ltim o pargrafo, o autor faz uso inadequado da conjuno portanto, pois talpargrafo no estabelece nenhum a lgica conclusiva com o que vinha sendo exposto at ento.

    A lm disso, quando introduz algum a inform ao nova, o autor em prega expresses vagas, com o caso da referncia im precisa com que inicia o segundo pargrafo: De acordo com dados,....

    Por ltim o, a proposta de interveno apresentada na dissertao inconsistente e incoerente, poissugere que as estradas nacionais deveriam ser reservadas para os carros de passeio, enquanto osC aminhescom grande quantidade de m ercadorias deveriam ut ilizar os t ransportes ferrovirios ehid rovirios...

    Exemplo de Redao Anulada

    M eios de transporte so essenciais para nossa atual sociedade brasileira. Recurso indispensvelpara o proletriado dar continuidade a sua vida.

    O s nibos so os prncipais m eios de locom oo da classe m dia por isso m erecem m aisateno. O estado deveria interver nos m eios de locom oo (no caso os nibus) tom ando posse eorganizando de m odo que haja um salrio m ais justo e um novo valor nas taxas tantos de estudantesque por sua condio devem usufl uir de taxas m ais baixas com o aqueles que possuem um a condionanceira m enor. N ossa atual rede de nibus privada o que torna o preo das passagens altos pois

    devem satisfazer o lucro de seus em preendedores, por isso o preo das passagens est aum entandodesenfreadam ente.

    O lucro dessas redes privadas extrem am ente alto e m esm o que passes para estudantes setornassem gratuitos ainda esses em preendedores teriam lucro.

    O fato que a classe de m enor condio nanceira a que est isolada nos m orros, juntoa classe m ais baixa quem arca ou seja paga as passagens da classe um pouco m ais favorecida am dia. Por isso seria justo se a rede privada de nibus deixasse de pertencer a em presrios e passasseser totalm ente do estado, a m que esse zesse a classe que realm ente necessita desse m eio pudesseusufl uir desse sem tantos custos. U m a vez que classe alta no necessita de tais m eios.

    Se a populao da classe m dia quiser continuar a usufl uir dos nibus bom lutar para queessa rede de transporte se torne totalm ente do estado, antes que os em presrios queiram continuarrecheando seus bolsos e as pessoas tenham que trabalhar s para pagar seu transporte.

    N um a sociedade as pessoas precisam em prim eiro lugar ter alim ento (subsistncia), sade,

    cultura e lazer. inadm issvel trabalhar apenas para pagar o transporte que segundo lei direito detodos o transporte pblico. C om o vem os no o que anda acontecendo, enquanto no zerm os nadapara tornar a rede de transporte privado em pblica continuarem os nos subm etendo a aum ento detaxas absurdos e com earem os a trabalhar apenas para pagar o transporte...

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    Esta redao foi anulada por ter fugido com pletam ente ao recorte tem tico proposto e tam bmpor no trazer evidncia de uso de nenhum dos excertos da coletnea.Se o candidato tivesse lido acoletnea, teria tido m ais chances de cum prir com as exigncias da proposta. O que se esperava eraque, a partir de um a anlise das de cincias e problem as observados em nosso pas, m uitos deles

    abordados em vrios excertos da coletnea, o candidato pudesse fazer um a proposta para o setorde transportes em que priorizasse um ou m ais m eios (rodovirio, ferrovirio, aquavirio e dutovirio),e m ostrasse com o esse(s) m eio(s) poderia(m ) ser viabilizado(s) e qual deveria ser o papel do Estadonessa viabilizao. O texto da proposta j indicava form as distintas de atuao do Estado: m aisdiretas, por m eio de nanciam entos, concesses, isenes e privilgios scais, ou indiretas, com oagente regulador.

    Entretanto, o candidato abordou o tem a de m aneira redutora, lim itando-se a fazer um a crtica m aneira com o os nibus esto sendo geridos no Brasil; controlados pelo setor privado que visalucros, as passagens tm preos abusivos, di cultando o acesso das classes m enos favorecidas a essem eio de transporte. Fazer referncia ao papel do Estado a estatizao das com panhias de nibus a proposta de soluo para passagens com preos m ais baixos para estudantes e pessoas de classesm enos favorecidas no foi su ciente para no anular a redao, um a vez que se esperava um adiscusso do papel do Estado na viabilizao do(s) m eio(s) priorizado(s) e no apenas na gesto deum m eio j viabilizado. A lm da fuga ao tem a e da falta de evidncia de leitura da coletnea, estaredao tam bm apresenta problem as srios de m odalidade e articulao escrita.

    4.2 Proposta BExemplos de Redaes Acima da Mdia

    Exemplo 1

    Sem pre presente

    O soar da segunda cam painha trouxe-o de volta para a realidade. D entro de poucosm inutos iniciaria a decolagem do avio que pilotava. C om o era o piloto principal, realizouas ltim as veri caes, certi cando-se de que tudo estava perfeitam ente bem para um votranqilo. Fora assim que o pai lhe ensinara: voar era um a responsabilidade m uito grande, eele agora tinha perfeita conscincia disso. O lhou para o colar que trazia no pescoo. A li estavaa foto de Santos D um ont, com seus bigodes to srios e bem aparados. Essa foto trouxe-lhe m ente as lem branas nas quais h pouco estivera m ergulhado. Todavia, tudo isso fora a tantotem po...

    C ham ava-se Eduardo, m as todos cham avam -no de D uda. Seu pai era um experienteaviador, e desde criana o garoto fam iliarizou-se com a im agem do 14-Bis pendurada nacabeceira da cam a do genitor. D evido ao trabalho do pai, eram constantes as viagens para

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    N esta redao, o candidato soube tratar com propriedade o recorte tem tico da proposta B e atendeu

    s instrues espec cas, elegendo o avio com o brinquedo preferido na infncia da personageme a pro sso de aviador com o refl exo, ao m esm o tem po, do fascnio pelo m eio de transporte eda adm irao pela gura paterna. A relao afetiva com o brinquedo representativo da aviaoest claram ente de nida por m eio de um a boa caracterizao da personagem , tanto com o criana

    diversas partes do Brasil e, m uitas vezes, o garoto no podia participar de todas, o que lhecausava um a saudade crnica da gura paterna. Lus sabia dos sentim entos do lho, procurandoagrad-lo com presentes que faziam lem brar os lugares onde estivera. Sem pre que retornava de

    um a de suas longas viagens, era um a festa, e D uda podia divisar um pouquinho do azul do cunaqueles olhos sonhadores de quem era apaixonado pela pro sso.

    C erta vez, era aniversrio de D uda, s que Lus ainda no chegara. D evia estar l emcim a em algum lugar, pensava o m enino, num lugar pertinho de onde deveria ser a casa deD eus e dos anjos, com o a m e lhe falava. Se pudesse pedir ao pai um presente, pediria queele trouxesse um pedacinho de nuvem para ele ver com o era, a textura devia ser m acia com oalgodo e gelada com o um sorvete. Q uando Lus nalm ente chegou, o petiz no pde deixarde im aginar um a nuvem bem branquinha dentro daquele em brulho m ole. Para sua surpresa,entretanto, descobriu que tratava-se, na verdade, de um a rplica perfeita do 14-Bis que cavano quarto. Envolvendo o pequeno avio, havia um delicado colar, contendo a foto de umhom em srio. O pai lhe ensinou que aquele era Santos Dum m ont, o inventor do avio, umhom em extraordinrio. C ontente com o agrado, D uda saiu correndo pela casa com o brinquedoem punho, tentando fazer barulho, contando para todo m undo que tinha conhecido um certosanto dos avies. Esse sim , ele pensava, deve m orar l nas alturas, pra car pertinho do seuinvento.

    m edida que crescia, o m enino passou a se interessar cada vez m ais pela aviao.A prendeu que o presidente Juscelino gostava m ais era de carro m esm o, e nem quis saber m uitode incentivar o transporte aerovirio. Im aginou que se fosse presidente, faria tudo diferente, etentaria tirar do povo esse m edo de avio. J lera estatsticas que atestavam ser o transporterodovirio o que causava o m aior nm ero de m ortes. A lm disso, l no alto no tinha pedgiosque obrigavam a gente a parar durante a viagem , no tinha a poeira de tantas estradas dointerior do pas, e a sensao de liberdade era fascinante. D evia ser essa a sensao de A lladimquando subia em seu tapete m gico, que nem asas tinha...

    Eduardo levou um susto quando a aerom oa disse que a decolagem estava prxim a.Tentou desanuviar a cabea e se concentrar novam ente na sua funo de piloto. A terceiracam painha era a ltim a. O som m etlico, entretanto, f-lo lem brar da sirene de am bulncia edo desastre que acontecera. O som parecia o m esm o, trazia um as coisas aquele som .

    D uda notou que os corredores da casa estavam m ais silenciosos, o riso do pai h m uitono se ouvia. Som ente a m e e o inseparvel 14-Bis o consolavam . Ficava brincando com asasas, prom etendo a si m esm o que um dia seria to fam oso quanto aquele santo diferente quevoava com asas de avio; desejava um dia ser aviador com o o pai. O corao do garoto, porm ,foi esvaziado de tantos sonhos quando ouviu a notcia pela televiso. D escobriu no rosto da m eque o avio espatifado da tela era o que o pai am ado pilotava. Era parecido dem ais. Teve entoum a certeza que jam ais pensara ter. D essa vez Lus no voltaria trazendo os braos cheios debrinquedos; no chegaria com um sorriso em prestado dos anjos, os olhos com azul roubado docu de um desses lugares por onde passava.

    D epois do acidente, o garoto cou triste de no poder m ais, chorando de noitebaixinho para os travesseiros, choro abafado, de quem tivesse m edo de chorar. A s estatsticaso haviam enganado. O 14-Bis trazia m em ria um avio espatifado e o som m etlico dasam bulncias. Pensava agora que no queria m ais ser diferente de Juscelino, talvez fosse m elhor

    no carregar tantas pessoas de um a s vez na barriga, qual faziam os pssaros de ao que eleaprendera a am ar e odiar. M esm o com tanta dor, D uda parecia ainda atrado singularm ente pelarplica insupervel. E decidiu. Q uero ser com o papai. Pegou o colar e cou observando. M eusanto protetor, cuida bem do papai a em cim a, que era onde ele gostava m esm o de car.

    Finalm ente, Eduardo com eou a m ovim entar o avio enorm e, taxiando pela pista.D ecolariam com ele no apenas pessoas, m as um tanto sem m de sonhos e esperanas quenem d para im aginar. Seu lho estava esperando. Levaria para ele um presente, num em brulhom ole. Talvez colhesse no cu um a nuvem para acom panhar a rplica m ida. C antarolava um apequena m elodia que seu pai costum ava cantar, em balando-lhe o sono. Se voc m e v l doalto/ Voando na im ensido,/ Eu co to pequenininho/ Q ue caibo na palm a da m o...E o aviodecolou.

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    Primeira Fase

    Prova coment ad a Primeira Fase

    quanto na vida adulta. O texto fornece elem entos que justi cam o desenvolvim ento do enredo eestabelecem o elo de ligao entre o presente e o passado. Para fortalecer esse elo tem poral, ocandidato lanou m o, por exem plo, da im agem fotogr ca de Santos Dum ont, cone da aviaonacional e m otivo de orgulho coletivo, que a personagem adulta carrega em um colar pendurado ao

    pescoo, em substituio sim blica pequena rplica do 14-Bis com que brincava quando criana.D e outra parte, a letra da cano que m antm viva a m em ria do passado de Eduardo atesta umuso adequado do excerto da coletnea. O candidato soube explorar a identi cao com o pai e oacidente que o vitim ou durante a infncia para explicar a futura opo pro ssional do protagonista.A lm disso, deu um bom fecham ento narrativa, fazendo com que a experincia do passado, aonal, se projetasse no presente de Eduardo, ele m esm o aviador e pai de fam lia.

    A o eleger a perspectiva do adulto para construir sua narrativa, o candidato dem onstrou dom niosobre a voz narrativa, conduzindo o relato em terceira pessoa com auxlio do flashbackde m aneiram adura e criativa. possvel observar um a de nio clara da voz narrativa e um a tim a articulaodas partes, o que garante a uncia da leitura.

    Exemplo 2

    Foi em um a m aria-fum aa, a prim eira vez em que andei de trem . N o devia ter m ais que unsoito ou nove anos, m as tal foi o m eu gosto pela coisa, que m e lem bro de, no N atal daquele anodistante, ganhar um trenzinho de brinquedo.

    O trenzinho era feito de m adeira, verm elho com um a listra dourada ao longoda locom otiva. N os outros vagezinhos, havia adesivos de pessoas penduradas s janelas,sorridentes. A s rodinhas de ferro s vezes soltavam fascas nos trilhos, o que rendia a m eu

    pai serm es de com o aquele brinquedo era perigoso, por parte da m inha m e. M as o querealm ente m e encantava era a fum acinha branca, quase transparente, que saa pela cham in.Era diferente da fum aa preta dos carros que passavam na rua, nem era fedorenta com o ela. Euam ava aquele cheiro forte, m istura de carvo queim ado e aquele perfum e de coisa nova. M inham e ralhava com igo por isso tam bm . D izia que fazia m al, car com o nariz en ado na cham indo trem . M as eu no podia evitar. Esse foi m eu prim eiro vcio.

    Vivia para cim a e para baixo com o trenzinho em baixo do brao. N a casa dos avs,dos tios, dos am igos. M ontava febrilm ente os trilhos onde quer que houvesse espao, fosseum a sala nos fundos ou no m eio de um corredor congestionado. Exibia estufado de orgulhoa locom otiva verm elha, enquanto a fum aa se expandia por todo o cm odo. Todo m undoadorava. M as ningum adorava tanto quanto ela. Ela ia m inha casa, e juntos passvam ostardes inteiras juntando e desjuntando trilhos, abanando as m os ora s pessoas sorridentesnas janelas, ora aos bonequinhos sentados no banquinho da estao verde de m adeira. E ela

    tam bm adorava o cheiro de carvo queim ado junto com coisa nova. M eu pai ria; m inha m eralhava. E ela foi m eu prim eiro am or.

    A lguns anos depois, m e levaram para andar de avio. U m m undo novo para voc,

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    Prova coment ad a Primeira Fase

    Esta narrao revela m aturidade na escrita e segurana na conduo do enredo. O candidato elegeuo trem com o brinquedo m arcante da infncia e de sua prim eira relao afetiva, que retom adano nal com a sugesto de um a relao am orosa na vida adulta. Em bora os acontecim entos davida adulta no sejam explorados, apenas sugeridos, o candidato estabeleceu um vnculo positivoentre a experincia de afeto do m undo da criana, associada aos m om entos de encantam ento como brinquedo, e a futura experincia am orosa m otivada pelo contato com o trem velho, em poeirado.

    O aproveitam ento m ais evidente da coletnea se faz sentir na passagem em que a personagemrem em ora a prim eira viagem de avio com os pais. O uso do excerto da coletnea discreto, m asprodutivo, pois refora a ligao da personagem com seu brinquedo. D o ponto de vista da organizao,

    nota-se que o candidato dom ina a tcnica narrativa e consegue sustentar com segurana a escolhado foco narrativo em prim eira pessoa. Em term os de linguagem , observa-se o uso de um vocabulriorico e a de nio de um estilo prprio, que transparece, sobretudo, nas descries que caracterizamas personagens, os espaos e os objetos.

    disse m eu pai, vai olhar as coisas por cim a, no por um a janela ao seu lado. N ingum deu m uitaim portncia, m as eu no gostei nem um pouco de ver o m undo por cim a. G ostava dele aom eu lado, onde era s esticar m inha m o para fora da janela e sentir m eus dedos roarem sua

    passagem interm itente, suas cores borradas, seu cheiro ao m esm o tem po queim ado e novo. Lno alto, s sentia m eus ouvidos zunirem , s via um tom de azul sem graa, diferente do que euvia l debaixo, e no sentia cheiro nenhum . Pensava no m eu trenzinho de cabine de m adeira,em algum lugar l no fundo do avio, onde eu no podia alcanar, em brulhado, fechado,escondido. N ingum deu m uita im portncia, m as aquela foi m inha prim eira decepo.

    E quando voltei ao cho, m eu saudoso e am ado cho, fui correndo contar a ela tudoque no vi e no senti, l, por cim a do resto do m undo. M as ela no estava l. Procurei emm uitos lugares, m as nunca a encontrei. Foi ela que um dia m e encontrou de novo. C onversam osm uito, por m uito tem po e sobre m uitas coisas. Eu no saberia explicar com o, s sei que dealgum jeito, ela j no era ela, e no quis outra vez m ontar os trilhos do trenzinho com igo.Eu perguntei por qu, e ela disse que eu estava atrasado. Q ue eu e m eu trenzinho estvam osatrasados. Ela disse que gostava do azul desbotado de cim a das nuvens, do cheiro de nada dedentro do avio, de olhar o m undo por cim a. Ento, aquela tarde m ontei os trilhos sozinho,arrum ei a estao verde sozinho e aspirei toda a fum aa que cabia nos m eus pulm es sozinho.E abanando a m o m elanclico para as pessoas felizes que se distanciavam de m im dentro devages verm elhos, senti a m inha prim eira lgrim a verdadeira.

    A t que hoje de m anh desm ontei os trilhos, em balei os vages e, junto com apequena estao, guardei-os todos dentro da caixa em poeirada que no abria desde que eutinha uns oito ou nove anos. A locom otiva eu coloquei debaixo do brao, e sa para um ltim opasseio na m aria-fum aa da m inha infncia. U m a ltim a vez senti m eu m undo correr veloz pelaspontas dos m eus dedos, e tam bm sorri para as cores borradas tentando alcan-las. A pequenalocom otiva ao m eu lado apitava, reclam ando a falta de m atria sob suas rodinhas, voltadas parao ar. Foi quando um a pessoa diferente entrou e se sentou ao lado da m inha locom otiva, e falousobre o cheiro estranho que saa dela, cheiro de carvo queim ado com um perfum e de coisanova, que eu no fora capaz de sentir durante todo aquele dia. E ela sorriu para m im um sorrisocheio daquele cheiro, viciante, m aravilhoso, que fez brotar em m im um a vontade louca de sorrirtam bm . E agora, olhando o cu azul car verm elho, m anchado pelo ltim o suspiro da m inha

    m aria-fum aa agonizante ela m e fez abrir a caixa no m ais em poeirada, e juntos m ontam osvelhos trilhos para um velho trenzinho de brinquedo, juntos, a prim eira, m as no a ltim a vez.

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    Prova coment ad a Primeira Fase

    Exemplo de Redao Abaixo da Mdia

    Esta narrativa, construda a partir das lem branas do narrador personagem , apresenta um retrospectoda infncia pobre de um descendente de im igrantes italianos que vieram trabalhar nos cafezais do

    O este Paulista. O protagonista rem em ora seu passado, destacando a alegria que sentiu ao receberum trem de brinquedo que pertencera ao lho do patro de seu pai. N os dois prim eiros pargrafos, ocandidato lana m o de um a boa justi cativa para estabelecer o vnculo afetivo da personagem como brinquedo, criando a im agem de um m enino pobre, lho de colonos im igrantes, para o qual o tremj gasto representou, alm do objeto em si, um a possibilidade de evaso e de fantasia.

    M em rias

    Lem bro-m e ainda do brinquedo que m e foi dado durante m inha infncia. Era um trem ,j um pouco gasto, visto que m e foi dado pois no m ais satisfazia as vontades do lho do patrode m eu pai. M esm o assim , o presente alegrou-m e e despertou em m im im ensa curiosidade epaixo por tais m eios de transporte.

    Sou lho de im igrantes italianos, trazidos ao Brasil para trabalhar no plantio de caf.M inha fam lia instalou-se no O este Paulista, lugar de destaque nessa produo. M esm o sempossuir brinquedos em virtude da pobreza de m inha fam lia sem pre brincava com o que podia,im aginando onde poderia ir e sonhando com novos lugares.

    A lgum tem po antes, o transporte de caf era feito no lom bo de burros, um a vez queessa produo se instalou antes da infra-estrutura adequada para sua locom oo. C om isso,parte da produo era perdida, o que era prejudicial aos produtores e ao Estado. Visto que ocaf era o principal produto de exportao do Brasil e desejava-se m xim o lucro, m ostrou-se agrande necessidade que havia em construir ligaes entre essas reas e os portos, de onde esseproduto seguiria para os m ercados consum idores.

    Tal necessidade deu origem a construes de ferrovias e a gura que era apenas vistaem m inhas brincadeiras e em m eus sonhos com eou a passar a um a pequena distncia daporteira da fazenda e levava toda a produo da regio at o porto de Santos.

    A lguns anos aps a construo dessa ferrovia e tam bm j dim inuda a im portncia docaf na econom ia brasileira o presidente Juscelino Kubitschek, em seu plano desenvolvim entista,abriu a econom ia do nosso pas ao capital internacional. N esse contexto houve a instalao daindstria autom obilstica, controlada principalm ente pelos estrangeiros. A partir da foi crescentea im portncia do transporte rodovirio e foi visvel o declnio do to im ponente transporteferrovirio.

    A ssim , o m eio de transporte que alim entou m eus sonhos e acom panhou m inhainfncia se tornou obsoleto. Foi abandonado por essa civilizao do autom vel. N o entanto,para m im o trem nunca car restrito a im agens literrias, pictricas ou fotocinem atogr cas.

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    Prova coment ad a Primeira Fase

    A fragilidade do texto revela-se, porm , a partir do terceiro pargrafo, quando o candidato, nosabendo sustentar a narrativa, oscila entre o tipo de texto dissertativo e o narrativo. N ota-se a perdado controle da voz narrativa, centrada na perspectiva da criana e o predom nio da argum entaosustentada nas razes histricas que zeram do trem um im portante m eio de transporte da produo

    cafeeira. Em bora haja um a tentativa de estabelecer o nexo entre as anlises histrico-econm icas ea perspectiva da criana, que v os trens de sua fantasia passarem diante da porteira da fazenda,a nfase nos argum entos de natureza histrica, colhidos no excerto 2 da coletnea, acabam portornar frgil o desenvolvim ento do enredo, m ostrando um uso quase instrum ental da coletnea. Asim ples colagem dos excertos explica o m abrupto da redao, que se encerra, dentro dos m arcosda infncia, com o declnio da atividade ferroviria, sem atender s instrues espec cas da propostaB, que solicitavam do candidato um relato sobre o signi cado que o brinquedo ou jogo adquiriu navida adulta da personagem .

    D o ponto de vista da m odalidade, a narrativa no apresenta problem as graves.

    Exemplo de Redao Anulada

    U m sonho de criana

    Passava horas com aquele jogo que m am e cham ava O M aldito. Eu, na m inhainocncia de criana nunca com preendi que todo aquele dio era sim plesm ente um cim eexagerado, at um a inveja, da ateno que eu dedicava ao m eu passatem po favorito. M am e eraum a tola. Tanto tem po depois ia querer agradecer a quem m e doou o velho jogo de tabuleiro.

    Era um jogo didtico at. Eu era um guerreiro e tinha que passar por vrios obstculos

    di clim os. O nde h didtica? O jogo retratava a G rcia A ntiga e os m eus obstculos eram osm esm os dos grandes heris gregos. A prendi m uito sobre as lendas antigas desse pas. Jogodelicioso. M as o que m e cham ava m ais ateno era o Desa o de caro. Eu sem pre z questode passar por ele.

    caro cava num a priso, com seu pai. Para dela escaparem , contruiram um par de asaspara cada um , com cera e penas que as aves deixavam cair ali. Q uando nalm ente conseguiramescapar, caro se encantou com o sol, e quis voar em sua direo. Pobre. Suas asas derreterame ele caiu para a m orte. M eu objetivo, nesse desa o, no era escapar da priso, era voar. Voarsem m e encantar com as m aravilhas que o cu pode proporcionar...

    M inha solitria adolescncia m e rem etia, vez em quando, a essa histria. E o desejode voar em m im crescia, com o um a planta enrraizada e cultivada h m uito. Foi quando resolvidedicar m inha vida ao desa o de caro: voar para longe, fugir da m inha priso sem paredes. M aso cu m e fascinava e eu tinha m edo de errar com o ele.

    U m pssaro representava tudo que eu podia ser. U m pssaro m ais ligeiro queessas engenhocas tolas que inventavam para andar por a. Pra que andar, se eu poderia voar?C onstruiria algo jam ais feito por ningum .

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    Prova coment ad a Primeira Fase

    Em bora o texto dem onstre um projeto bem de nido e dom nio do padro da escrita, foi anulado porno cum prir com as exigncias do recorte tem tico. Em bora o candidato tenha trabalhado o fascniopor um jogo na infncia e o signi cado desse fascnio na vida adulta do personagem , esse jogo no representativo de um m eio de transporte, condio essencial para a construo da narrativa. Tratava-se, nesse caso, de um jogo sobre a G rcia A ntiga, em que se destacava caro que, construindo umpar de asas, fugiu da priso com seu pai. Em bora no haja referncia explcita, o candidato parecesugerir, pelas inform aes que disponibiliza, tratar-se de Santos D um ont que, fascinado por esse seralado em sua infncia, inventou o avio.

    4.3 Proposta CExemplos de Redaes Acima da Mdia

    Exemplo 1

    M ais velho, rabisquei algum as contas num pedao de papel. Q ueria tornar m eu desejoreal. A prim eira tentativa foi extrem am ente frustrante, m as no desisti; queria voar a qualquercusto. Por m uito tem po e m uitos rabiscos tentei produzir as asas de caro. N ada.

    Em um m om ento, m udei a estratgia. C onsegui construir bales em form as decharutos, com o j faziam . D epois de dom inar a tcnica m uito bem , voltei a m inha idia inicial.A sas. Sim , asas e m otores de bales!

    Em m eses, o m undo m e via l no alto, voando na im ensido. Eles eram topequenininhos; o azul do cu era to bom ! M eu sonho se com pletava, o 14-Bis estava no ar...Tantos anos resum idos a alguns m aravilhosos m inutos! Perfeito!

    Eu no ca no erro de caro. Eles sim .

    O cu to m aravilhoso inebriara as m ais nojentas m entes hum anas. M eu invento,feito com tanto suor, tanto carinho, agora servia para destruir gente. Era com o caro voando aosol...

    M as esta j outra histria.

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    Primeira Fase

    Prova coment ad a Primeira Fase

    Esta um a carta que se destaca pela boa interlocuo construda, pela ateno dispensada sespeci caes do recorte tem tico, pelo bom uso da coletnea e pelo dom nio da norm a escrita.

    So Paulo, 20 de novem bro de 2005

    Senhor diretor-geral da A gncia N acional de Transporte Terrestre

    Sou coordenador de um a transportadora nacional de com odities com sede nos estadosde So Paulo, M inas G erais, M ato G rosso do Sul, M ato G rosso e Rio de Janeiro. M inha em presa tradicional e bem conhecida, chegando a transportar m ais de dez m il toneladas de produtosagricolas por m s. M eu contato com as estradas do pas grande, fazendo-m e conhecer o atualestado em que essas se encontram . A grande m aioria das rodovias esto sem m anuteno h umbom tem po, apresentando buracos, rachaduras, declives, ou no-apresentando acostam ento epostos policiais rodovirios. A s rodovias de nosso pas esto em estado lastim vel.

    D irijo esta carta ao senhor porque sei do im portante papel da A N TT frente a reade transportes. Tendo com o principal objetivo a regulam entao dos transportes rodovirios eoutros, creio ser o senhor a m elhor pessoa a quem devo rem eter a reinvindicao de m anutenodas rodovias e a construo de m ais estradas. Espero convenc-lo de que algo deve ser feito afavor de m inhas solicitaes, com os argum entos que irei expor ao longo dessa carta.

    C om o trabalho diretam ente com a produo agrcola brasileira para exportao,tenho conhecim ento de quanto se produz e quanto dessa produo se perde ao longo dotransporte dessa at os portos. N ada m ais, nada m enos que 3% de toda a safra brasileirase extravia no trajeto. A parentem ente um a porcentagem pequena, porm , em nm erosabsolutos um a quantidade bastante grande, j que estam os falando de um a produo anualde bilhes de toneladas. E esse desperdcio no devido, em sua m aioria, s condies dosveculos transportadores ou ao m au acondicionam ento da carga, m as sim s precrias condiesdas estradas. Buracos enorm es, rachaduras gigantescas, declives, acostam entos precrios oua no presena dos m esm os e asfaltos de m qualidade so as m aiores causas do atraso nostransportes e da perda de grandes quantidades de produtos.

    O agronegcio corresponde a m ais de 50% de toda a exportao brasileira, gerandoem pregos e bons rendim entos ao pas. Porm , a m aioria das grandes lavouras produtoras seencontram no interior do pas, distantes do m ercado consum idor interno e dos portos. C aso a

    m anuteno das estradas fosse realizada regularm ente, no haveria perdas to signi cativas daproduo no trajeto interior-costa e assim , o rendim ento seria m aior. C onstitum os um pas emdesenvolvim ento, cujo principal produto gerador de renda so as com odities. N o podem os nosdar ao luxo de perm itir que 3% da nossa produo anual no seja vendida devido a falta decom prom isso do governo em m anter as estradas bem conservadas.

    Sem contar, claro, nas conseqncias que essa m esm a falta de com prom isso gerasobre o nm ero de acidentes e m ortes nas rodovias. Pegar o carro para sair de frias com afam lia ou para realizar um a viagem a trabalho, em qualquer estado brasileiro, tornou-se umgrande risco. assustador o nm ero de acidentes com provadam ente causados pela precariedadedas estradas. S no estado de So Paulo, onde a conservao das rodovias considerada am elhor do pas, houve 35.141 acidentes autom obilsticos entre janeiro e junho de 2005. Sendoque esses m esm os acidentes provocaram 18.527 vtim as, das quais, 1.175 fatais. intolervelque m ilhares de pessoas m orram por ano devido a m -conservao das estradas brasileiras,

    problem a esse que poderia ser facilm ente solucionado caso o governo investisse ateno edinheiro nas rodovias.

    C om tudo isso, evidente que algo precisa ser feito frente a atual situao rodoviriado Brasil. So necessrios m aiores investim entos na m anuteno das estradas e na construode m ais rodovias por parte do governo. Espero que o senhor torne-se m eu aliado a favorde m elhores condies de transporte rodovirio, exigindo que o governo tom e providnciasem ergenciais quanto ao problem a.

    A tenciosam ente,

    R. M . C .

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    Prova coment ad a Primeira Fase

    Vale observar o cuidado do candidato em apresentar cada um dos interlocutores e em explicitar asfunes da A N TT. A escolha do rem etente com o coordenador de um a transportadora nacional,em presa tradicional e bem conhecida, a a rm ao de ter grande contato com as estradas econhecer seu estado atualim prim em autoridade discusso feita, perm itindo que os argum entos se

    produzam num a relao de grande pertinncia. A rm ar a A N TT com o tendo por principal objetivoa regulam entao dos transportes rodoviriosjusti ca fortem ente a rem isso da carta a esse rgo,com o inclusive explicitado pelo rem etente.

    A tem tica da segurana nas estradas e os m odos pelos quais a falta de segurana afeta os usuriosso bem explorados perda de grande parte da produo agrcola pela precariedade da condiodas estradas, grande nm ero de acidentes e m ortes nas estradas pela m esm a precariedade. Oencadeam ento dos argum entos bastante coeso e traz um a progresso que sustenta o conjuntodo texto de m aneira consistente: a falta de segurana discutida prim eiram ente no que diz respeitoao transporte de cargas e depois ao de passageiros, com nfase nas perdas acarretadas nas duassituaes.

    O uso da coletnea pode ser observado no que diz respeito s consideraes sobre a A N TT (excerto8), sobre o agronegcio (excerto 4) e sobre os acidentes nas estradas (excerto 7), sem que se observeum a insero postia desses pontos.

    Exemplo 2

    Indaiatuba, 20 de novem bro de 2005.

    A gencia N acional de Transporte Terrestre, aos cuidados do direitor-geral, senhor Jos A lexandreN ogueira de Resende.

    Senhor diretor-geral,

    Sou estudante universitrio e, h dois anos, percorro o trajeto entre as cidades de

    Indaiatuba, onde resido, e C am pinas, onde estudo. N esse percurso, passo diariam ente por duasrodovias m uito utilizadas por carros, nibus e cam inhes, que so a rodovia Santos Dum ont e aA nhanguera, am bas sob o regim e de concesso.

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    Prova coment ad a Primeira Fase

    Esta carta m erece destaque quanto ao desenvolvim ento do recorte tem tico, boa interlocuo

    construda, ao uso da coletnea e ao dom nio da norm a escrita. O uso da coletnea, em bora m aisrestrito que na carta anterior, interessante pela m aneira consistente pela qual integra questestiradas do excerto 8, que dizem respeito A N TT e suas funes, com a parceria entre a esferapblica e a privada. A lis, essa parceria o eixo organizador do texto e vai sendo referida ao longoda argum entao apresentada.

    O estabelecim ento das im agens do rem etente e do destinatrio m uito bem feito, em bora no quetange A N TT essa elaborao s aparea no nal da carta. A apresentao do estudante interessanteestudante universitrio que percorre h dois anos duas rodovias que ligam Indaiatuba a C am pinas- e organiza bem o desenvolvim ento dos argum entos sobre a insegurana nas estradas e a m aneirapela qual vrios m oradores que m oram prxim o s rodovias so m ortos devido falta de passarelase excessiva velocidade de m uitos carros. im portante ressaltar, nesta carta, a a rm ao que faz orem etente de ser cidado pagador de tributos e pedgios, indignado com a falta de planejam entopara a m elhoria das estradas. Com isso o candidato explicita a im portncia da participao dasociedade civil nas esferas de atuao do Estado. Q uando fala especi cam ente da A N TT, o candidatoo faz relacionando sua funo scalizadora tanto no que diz respeito esfera pblica (D ER e PolciaRodoviria), quanto esfera privada (concessionrias das estradas de rodagem ).

    Seria para m im um a im ensa satisfao se eu estivesse escrevendo para a A N TT como intuito de elogiar os resultados da parceria harm nica entre o pblico e o privado, razes dafuso em questo. Entretanto, ao m e deparar com am bulncias a todo m om ento socorrendo

    vtim as no pequeno trecho que utilizo e, vendo nas m anchetes de jornais que esses acidentesno ocorrem som ente naquele trecho, coloco-m e na situao de cidado e, portanto, pagadorde tributos e pedgios e saliento nessa carta m inha indignao sobre os rum os que a faltade planejam ento est nos conduzindo. D igo isso com convico porque, fora os pedgios eam bulncias, alm claro dos asfaltos novos, no vejo segurana nessas rodovias e, com o disseantes, sei que essa um a verdade de m bito nacional que tende a piorar quanto m ais nosdistanciam os da regio sudeste.

    A o serem feitas as concesses em presas privadas, havia cado claro, inclusive emcontrato assinado, que a parte de scalizao e infra-estrutura de segurana dos m oradoresdas regies prxim as s rodovias entrariam tam bm na form a de investim entos e m elhorias.Entretanto, o que se v so veculos que ultrapassam os 120 km /h de form a im pune, m atandopessoas que, por falta de passarelas, atravessam a pista m uitas vezes com crianas no colo.Isso quando a velocidade desenfreada no atinge outros veculos criando acidentes em m assacom dezenas de vtim as. C ertam ente, o senhor conhece esses dados m elhor do que ningum esabe da im portncia de se tom ar m edidas que efetivam ente solucionem a questo da falta descalizao e de segurana. A crescento tam bm o fato da pouca participao do D epartam ento

    de Estradas e Rodagens e da Polcia Rodoviria nos servios disponveis atualm ente. Isso porque,ao ligar tanto para o D ER quanto para a Polcia Rodoviria, a resposta que tive que, com aconcesso, o contingente pblico deslocou-se para reas ainda no passadas para a iniciativaprivada. Liguei tam bm para as em presas concessionrias e, para m eu espanto, ouo das m esm asque, com a tarifa cobrada atualm ente, tarifa essa que a fonte de recursos das em presas,no h com o im por esse efetivo scal e de m elhorias. N o vejo radares, no vejo passarelas eno vejo scalizaes, tanto do lado pblico quando do lado privado, m as vejo acidentes comvtim as e pedgios a preos realm ente abusivos.

    A credito realm ente que, com a privatizao em m assa ocorrida no Brasil, a funo detodas as agncias, e isso inclui a A N TT, seja a de scalizar as em presas que detm as concesses,zelando pelo bem estar dos usurios diretos e indiretos e punindo com rigor os abusos. Penso

    tam bm que a A N TT no pode perder o foco da sinergiaentre o pblico e o privado,scalizando tam bm o m au funcionam ento e o m au acom panham ento da D ER e da Polcia

    Rodoviria nesses casos. A gradeo assim a ateno que m e foi dada aguardando as m elhoriasque ns cidados m erecem os.

    A tenciosam ente,

    R. B.

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    Exemplo de Redao Abaixo da Mdia

    So Paulo, 25 de junho de 2005

    C aro Senhor,

    Funcionrio da A gncia N acional de Transportes Terrestres

    Seo de atendim ento ao consum idor

    A cabo de chegar de longa viagem , na qual durante m eses pude percorrer diversosespaos deste nosso im enso Brasil. A ps tanto tem po nas estradas, achei que seria interessantedar m eu parecer sobre a situao de conservao e segurana das m esm as.

    A ndando por diferentes locais pude notar o quo im portante um bom planejam ento,aliado sinalizao e aos cuidados de m anuteno.

    U m a diferena que m e cham ou m uito ateno se refere pintura de faixas ao longodas rodovias, principalm ente quando estas so pistas sim ples e o acostam ento m al existe (lateralsem pavim ento). N esses locais a necessidade redobrada e costum a acontecer exatam ente ooposto. Pistas duplas so sem pre pintadas e o acostam ento costum a estar sem pre presente.

    O utro fator que notei e achei de certo interesse tam bm diz respeito as rodoviasm enores, estando estas em particular, geralm ente associadas a regio N ordeste. G ostaria defazer elogios, pois quando passam por pequenas cidades ou m esm o vilarejos costum amapresentar grande nm ero de lom badas e paraleleppedos porm , nessecito tam bm criticar, jque na grande m aioria das vezes estes aparecem na ausncia de sinalizao, sendo im portanteressaltar que sua frequncia no possibilita ignorar a necessidade de avisos ao m otorista.

    A caba de m e vir a cabea outra situao que m e pareceu bastante perigosa. C ertasestradas apresentam curvas ou m al planejadas ou m al feitas, pois ao invs de trabalhar paraque o carro perm anea na pista, ela parece querer ajudar a sada do veculo pela tangente,aum entando assim a chance de acidentes.

    D e todas m inhas observaes acho que estas so as de m aior im portncia, visto suam aior ocorrncia e periculosidade

    A tenciosam ente

    F. da S.

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    Esta um a carta que deixa m uito a desejar no que diz respeito ao uso da coletnea, ao atendim entoao recorte tem tico e tam bm construo da interlocuo entre rem etente e destinatrio.

    A carta endereada a um Caro Senhor, Funcionrio da A N TT, Seo de atendim ento aoconsum idor, o que no sustenta o endeream ento, pois a reivindicao solicitada no recorte

    tem tico no pode con gurar um a reclam ao de um consum idor. O endeream ento Seo deatendim ento ao usurioestaria m ais de acordo com o recorte tem tico, em bora pouco apropriadopara um a reivindicao. Q uanto ao rem etente, podem os caracteriz-lo com o universal, j que no hnada que o diferencie de qualquer pessoa que acaba de chegar de um a longa viagem . Fica visvela falta de investim ento do candidato em um uso produtivo da coletnea, pois nem m esm o algum asespeci caes sobre a A N TT ele retom a do excerto 8.

    O rem etente se dispe a dar seu parecer sobre a situao de conservao e segurana das estradas,apenas m encionando questes que con guram problem as, m as sem qualquer discusso que m ostrecom o os usurios so afetados e sem explorar a gravidade desses problem as: faixas m al pintadas,curvas m al planejadas ou m al feitas. O candidato, inclusive, elogia rodovias m enores do N ordesteque apresentam grande nm ero de lom badas quando passam por pequenas cidades, o que fogetotalm ente s solicitaes do recorte tem tico. A lm disso, no h nenhum a reivindicao A N TT; asquestes abordadas so relatadas com o observaes casuais e sem grandes conseqncias: pude

    notar, outro fator que notei, acaba de m e vir cabea. um a carta m uito fraca, que atende m inim am ente s exigncias e expectativas da banca.

    Exemplo de Redao Anulada

    D iferentem ente do que zem os nas propostas A e B, inclum os, na proposta C , trs exem plos deredaes anuladas, de m aneira a ilustrar os m otivos de anulao m ais recorrentes na correo. N osdois prim eiros exem plos, as redaes foram anuladas por no cum prirem com aspectos distintos dorecorte tem tico e no ltim o, por no trazer evidncia de uso da coletnea.

    Exemplo 1

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    So Paulo, 20 de novem bro de 2005

    C aro senhor diretor-geral da A gncia N acional de transportes terrestres (A N TT)

    Venho por interm dio desta, com o cidad e cam inhoneira, reclam ar da alta taxa depedgio e de alguns problem as que esto ocorrendo durante as m inhas viagens.

    Todo dia, senhor diretor-geral, passo pela Br-153 levando cargas e perco horas na laparada no pedgio em que s deveriam passar cam inhes e que no m om ento esto trafegandocam inhes e carros juntos. H tam bm o aum ento do vale-pedgio que a agncia do governo,resolveram im plantar, prejudicando os cam inhoneiros.

    N a verdade, acho que cam inho no devia pagar pedgio, pois desde 1956, quandoJuscelino K ubitschek incentivou a produo de autom veis e cam inhes, este m eio vem setornando um im portante aspecto para a econom ia, j fazendo seu papel.

    Voltando ao assunto, para m im ser cam inhoneira no se trata de um a diverso, m as sim denecessidade, tenho lhos para sustentar, m inha pro sso exige cuidado, ateno e calm a, m as

    no isso que acontece quando vejo tudo isso acontecer.Esse problem a pode tratar-se desconhecido para o senhor, se for esse o caso co feliz porter alertado. Eu e m eus am igos cam inhoneiros, que em cada carga carregam os o futuro dosgrosdo pas, agradecerem os se o senhor regularizasse o sistem a pedgio-cam inhes evoltasse a discutir o preo do vale-pedgio

    atenciosam ente

    C . Z. G .

    Esta carta foi anulada porque fugiu ao recorte tem tico proposto pela prova. C onform e as instrues,esperava-se que o candidato selecionasse um problem a relativo segurana nas estradas, m ostrando,pela sua argum entao, em que sentido esse problem a afetava os usurios em geral. A cartadeveria ser endereada a um a agncia reguladora de rodovias, ou seu representante, apresentandoum a reivindicao. A lm de caracterizar com clareza o problem a, era necessrio tornar explcita a

    reivindicao, que teria que ser coerente com o problem a explicitado.

    Entretanto, o candidato, alm de no caracterizar um problem a de segurana nas estradas, no fazum a reivindicao relativa a esse problem a. Sua carta, ao contrrio, reclam a das longas las e altastaxas de pedgio e solicita a regularizao desse sistem a para os cam inhes e a discusso do vale

    pedgio.

    Pode-se observar ainda, em sua argum entao, que o candidato no trabalhou de form a satisfatriaa interlocuo. Em um a interlocuo bem construda so fundam entais as im agens de quem escreve

    e de quem recebe a carta. N este caso, o rem etente apresentado com o um a cidad e cam inhoneiraque assina C .Z.G , tem lhos para criar e um a pro sso que exige cuidado, ateno e calm a,com prom etidos pelos problem as que enfrenta nos pedgios. Se bem trabalhada juntam ente como problem a de segurana, essa im agem seria interessante, na m edida em que daria rem entente aautoridade para falar dos problem as que vivencia no dia da dia das estradas. C om o interlocutor dacorrespondncia, entretanto, o candidato escolheu o diretor geral da A gncia N acional de TransportesTerrestes, A N TT, sem , no entanto, com por a im agem desse interlocutor. Em bora se perceba um

    projeto de texto, este frgil, cando a interlocuo argum entativa prejudicada.

    Em bora haja evidncia de uso da coletnea, observa-se um a seleo equivocada dos excertos,m otivada pela fuga ao tem a da proposta. O argum ento principal do candidato que cam inhesno deveriam pagar pedgio porque desde o governo de Juscelino Kubitschek, em que houve umincentivo produo de cam inhes e autom veis (excerto 2), esse m eio vem se tornando um aspectoim portante da econom ia brasileira.

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    Primeira Fase

    Prova coment ad a Primeira Fase

    Exemplo 2

    U m outro exem plo de redao anulada por consistncia tem tica o desta carta, escrita por umcandidato que no constri a im agem do rem etente, m as sim plesm ente o identi ca com o um acidad. Em bora a falta dessa im agem com prom eta a interlocuo, no su ciente para anular aredao. Entretanto, ao deixar de enderear sua carta a um a agncia reguladora de rodovias, ouseu representante, o candidato deixa de cum prir com um a das exigncias do recorte tem tico, etem sua redao anulada. Referir-se ao interlocutor com o carssim oat poderia se justi car se ocandidato construsse um texto em que o representante da agncia reguladora fosse um a pessoade seu relacionam ento um prim o, tio ou am igo, por exem plo. N esse caso, entretanto, no seriaadequado iniciar a redao com Eu, A A O , portadora do RG , venho...., por ser form al e m aiscom patvel com o gnero requerim ento.

    Alm dos inm eros problem as de concordncia e pontuao, um outro aspecto que fragiliza estetexto no ter conseguido eleger um problem a de segurana e explicitar um a reivindicao. Em borao candidato m encione falta de vistoria e precariedade das estradas, no consegue argum entar nosentido de m ostrar por que essas questes podem ser problem as de segurana.

    Santo A ndr, 20 de novem bro de 2005.

    C arssim o!

    Eu, A A O , portadora do RG xxx, venho atravs desta carta reivindicar os direitos quetenho com o um a cidad, e de pessoas leigas que pouco acesso tem ; e a precariedade que seencontra as rodovias, ou at do m eio de transporte.

    Sem tirar concluses precipitadas at o prprio com entrio de C ristina Boldini, luta emfavor m elhoria do transporte, por que segundo ela m uitos veculos so obsoletos; segundo oLuiz, gerente de scalizao, os veculos so obrigados a passar por vistoria a cada seis m eses.M as quem garante a populao tal segurana.

    A lgum as estradas, com o por exem plo Bahia, est precaria ao trafego de veculospesados, no h condies su cientes de se fazer um a viagem sem causar danos ao proprietario

    de veculo, ou at m esm o acidentes. M uitos acidentes registrados, devido a falta de vistoria dos autom veis em geral eestradas; N o estou culpando apenas o governo, m as sim tam bm a populao m al inform ada,sendo que, o prprio governo deveria fornecer essas instrues, dim inuindo assim a porcentagemde riscos que podem ocorrer nas estradas.

    Portanto as rodovias bem estruturadas, veculos bem vistoriados, m enos acidentesaconteceram , tendo assim o governo a se preocupar com causas m ais im portantes e m auresolvidas no pas.

    G rata pela vossa A teno!

    A . A . O .

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    Primeira Fase

    Prova coment ad a Primeira Fase

    Exemplo 3

    A pesar de no apresentar um bom projeto de texto e no caracterizar bem um problem a desegurana, esta carta, entretanto, foi anulada em coletnea, por no apresentar evidncia de uso denenhum dos excertos apresentados. Para cum prir m inim am ente essa exigncia, o candidato poderia,sim plesm ente, ter m encionado a A N TT, agncia reguladora, citada em um dos excertos. A falta deevidncia de uso da coletnea nos textos dos candidatos tem sido um problem a recorrente, com oj observam os na introduo deste texto, e nos faz pensar que talvez os candidatos no estejam

    alocando o tem po necessrio para a realizao da prova de redao e estejam usando m uito tem pona elaborao das respostas s perguntas das outras disciplinas. U m a outra hiptese a de queno com preenderam ainda o que signi ca usar a coletnea e, para isso, sugerim os um a leitura m aisatenta do item 2. C oletnea.

    C am pinas, 20 de novem bro de 2005.

    agncia reguladora de transportes

    C om o um a cidad brasileira que trabalha todos os dias tendo que enfrentar problem ascom uns do cotidiano, peo o m nim o de ateno para a situao das estradas, que poderia serum problem a a m enos. N s tem os, as vezes, que passar por situaes preocupantes sendo que

    estas poderiam ser polpadas se fossem m odi cadas coisas que parecem ser insigni cantes, m asque facilitaria a vida das pessoas que atravessam estradas diariam ente.

    H oje em dia, o dinheiro que gastam os com im postos pode no estar sendo bemaplicado, m as outras coisas que pagam os em nosso prprio benefcio, com o os pedgios,por exem plo, conseguim os ver bons resultados. A m aior parte das estradas esto em boascondies, m as pequenos detalhes m udam um pouco essa m inha opinio. Em m uitos lugares hfalta de acostam ento, o que faz um trnsito e um congestionam ento im enso em caso de algumacidente. A lm disso, no h m uitos telefones nas pistas. Se necessrio fazer uso de um paraum a ligao em caso de em ergncia, no possvel, sendo que se o veculo quebrar a noite, perigoso car parado na pista. necessrio tam bm o aum ento de postos de polcia.

    C ontudo j apresentado, essencial que haja m ais placas para facilitar a localizao,principalm ente nas grandes cidades, onde o trnsito m aior e a gente se sente um poucoperdido.

    Todos esses problem inhas tornam nosso dia m ais cansativo e stressante. A gradeo aateno e aguardo resultados

    J. S. L.

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    Primeira Fase

    Prova coment ad a Primeira Fase

    QUMICA

    Transportes! Este o tem a da prim eira fase do Vestibular da U nicam p de 2006. C om o se sabe, em bora

    no seja bvio para m uitas pessoas, a infl uncia da Q um ica neste assunto fundam ental, nosom ente do ponto de vista dos com bustveis, com o enfatizado nas questes abaixo, com o, tam bm ,na construo de estradas, pontes, autom veis, avies, navios, foguetes, etc. Por estar lim itada aapenas duas questes, a banca de Q um ica se ateve ao aspecto dos com bustveis, por ser este,atualm ente, m otivo de am plo noticirio na im prensa em geral. Essa atualidade do assunto, esperam os,dever ter contribudo para que alguns candidatos percebessem a im portncia desta C incia no dia-a-dia da sociedade hum ana.

    1. A utilizao do gs natural veicular (G N V) j um a realidade nacional no transporte de passagei-ros e de m ercadorias, e vem crescendo cada vez m ais em nosso pas. Esse gs um a m istura de hidro-carbonetos de baixa m assa m olecular, em que o com ponente m ajoritrio o m ais leve dos alcanos. o com bustvel no renovvelque tem m enor im pacto am biental. Sua com busto nos m otores seprocessa de form a com pleta sendo, portanto, baixssim a a em isso de m onxido de carbono.

    a)O principal constituinte do G