1978-deutsch karl-poder e estado nação

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Page 1: 1978-DeUTSCH Karl-Poder e Estado Nação

U6ÉXJ‹., ..,,.,,

Karl DeutschAnálise dasRelações_Internaclonais

PensamentoPolítico

Thzduçãa de María Hosinda Ramos da Silva

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CAPÍTULO 111PODER E ESTADO NAÇAO

Reconhecer a nanireza dupla da politica também nos ajuda a perceber oslimites do conceito de poder politico. Alguns autores de renome tentaramdesenvolver uma teoria sobre a política. particularmente na que se rclere asrelaçoes entre Estados. em grande pane ou inteiramente baseada na noção depoder entre eles, Maquiavel e Thomas Hobbes e. em nossa époea. HansMorgenthau e Frederick L, Schuman. Ao mesmo tempo. a noção de poder cornobase da politica internacional ê ainda bastante divulgada pela imprensa de ummodo geral e até mesmo pelos Ministérios de Negócios Estrangeiros e pelasinstituições militares de muitos paises.

Qual è, então. perguntamos nós, a parcela de verdade ‹'‹›nti‹.la nesta rtoçãu ‹quais os seus limites?

Neste estudo, trataremos não apenas do poder das nações c dos organismosinternacionais, mas também do poder dos govemos. dos grupos de interesse, daselites e dos indivíduos. na medida em que qualquer desses elementos possa aletarsigni ativarnente qualquer manifestação de politica internacional.

O poder. visto aqui «le uma lornta nua tz crua. è a opacidade ‹|t~ prt~\>..\lt›‹ er umcaso de conflitos e de superar obstáculos, Nesse sentido. Lenine, antes daRevolução Russa. propôs a seus adeptos. como urna questão chave de politica. aseguinte indagação: "Q_uem. aquem?" O queelequeria dizer fra: ‹|u‹›tn vem zt sero sujeito e senhor das ações e dos acontecimentos e quem è o objeto e a vitini.i.‹'Durantea depressão de l932. uma canção de protesto alemã evocava uma imagemsetrtclhante: "Queremos ser 0 malho. não a bignrna".

Quem e mais forte e quem íz mais Ít am? Q_u‹ rn t ‹›nst~¡;nira o que quer e qnt rnterá de desistir?

Perguntas como essas, quando feitas a respeito de uma série de confrontospossiveis ou reais entre um limitado número de competidores, t untlttzt rn a listasde classiliracão tais como as que se fazem para classificarjogadores de tênis ou dexadrez nos respectivos torneios, ou de beisebol nos campeonatos mundiais ou

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ainda para selecionar galinhas. cm uma granja, corn base na raça das aves, ou panclassificar as grandes potências no plano da politicamundial. E claro que. quantomenor u número de confrontos reais ocorridos recentemente. maior sera aampliiudecom que essas listas de classificação terão que ser elaboradas. a partir dehipóteses baseadas em amigos desempenhos e nos recursos atuais ou expectativade recursos das facções conflitantes.

A BASE DE PODER

0 Potencial de Po/1er(irtfen'do dos rzcursos)

O quadro I mostra um exemplo do potencial rclazívo de poder de duascoalizôos de nações. O poder dos Aliados e dos países do Eixo na ll GuerraMundial c medido ou. pelo menos, indicado pela porcentagem do wtal demunições que cada lado produzia por ano.

Quadro I Prrcmlagzmdaproduçãø lnhrld:materialMlicodosp nnpaíspaúex beligzrartltr,I9)! I 91)'

IN! 1942 N13Pak 1931 issu um

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O quadro mostra que as potências do Eixo produziriam muito maior‹¡uznz¡‹la‹iz dz muniçõzz .ln que os pa‹s‹s aliados nos anos dz mau, mas z 1940,mas que sua vantagem sc reduziu em l940 e de nitivarnenle sc desfez em 1941 el942. Após este ponto crítico. as potências do Eixo foram cando cada vel mais

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Analise das Relaçües Internacionais 85

para n as. até seu colapso total em I945. Winston Churchill resumiu ia] fato com aseguinte metáfora: "O destino voltou se contra eles".

O quadro 2 apresenta uma lista de 23 paises rom seu poderio militar a rurtnprazo indicado em termos degastos militares. Nou. sequeem 1973 nenhum palsdetinhamais de I/3 do total; até mesmo os l Istados Unidos apresentavam apenas oindice de 82.296.

Quadro 2 Gastos Militares Mundiais (1973)

PAI: US: milhoes; PsI«'“=5="'Mundial

Mu mz1. :nadas uaíam2. uma saviêúras. Aizmaziiia oâazmal1. chinas, nanas. nú» uma1, tuna

sum al t1 11r. 1zza=|e. Japa»io. alemanha orizzuai11. canaaal2. Irãis. inata14. naizaaatratzaz aa¡×°a›is. roiôiúa

sabzztai (1 ts;ls. iaipaaiha17. Azmzaliata. sueeia19. Egito20. Tfhzwaluzâquiaui, a‹as¡122. nélgiza2.1. Arabia saudita

saiztztat us za;'ro'r,«L 11 za)

206.01l.551.012,0I¶.O9.5|.s4.1

191.13.73.62.52,42.31.32,112.0

20.11.91.01.11.11.11.sIJ1,1

12.7

125.1

1110.0!2.221.5‹.91.93.93.31.110.61.51,51.111.00,90.90.10.11

11.50.:0,70.10,70.10.60.50.5

5.1

913

nmtzz Ruth ug" si zard. wwld Miluavy and sam! bzpmzlitwzr 1916 (Leesburg. virginia wM_tEMtzauam. ms), p. ts.

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Um exemplo de classificação hipotetia das principais nações para os periodosI950 I973 e l990 20l0 em termos de poderio a longo prazo pode ser dado porrecentes cálculos feitos (Quadro 3) por um fisico da Alemanha Ocidental.

As projeções para I990 e 2010 indicadas no Quadro 3 baseiam se em cifrasreferentes a expectativa de crescimento da produçãoper capim de aco e de energia.bem como da população total em cada pais.

Para a China de l990 (2010) as projeções indicam uma população de cerca del,100.000.000(1,575.000.000) habitantes e uma produção anual de aço (per capim)de cerca de 175 libras (544 libras) ou. aproximadamente. l/6 (metade) do Indiceobtído pola Rússta em 1913 e1/|z(1/4)doquoobtzvoojapaoem 1915. Éoviaonteque ninguém pode assegurar que tais projeções irão confirmar se em relação aI990 (2010) ou mesmo a uma época posterior sobretudo apos os retrocessosexperimentados pela economia chinesa. em termos de crescimento, no inicio dosanos 60. _|a com referência a l976. a população da China foi estimada em 900milhões potjohn K. Fairbank. utn dos principais especialistas none americanosem assuntos chineses'. De qualquer modo. parece digno de nota que nessasprojecües tambem o poderio do pais mais forte em 1963 e l97!›. assim como emI990 c20l 0. esta classificado abaixo da metadedo poderio total dos sete primeirospaises. Assim. em ambos os periodos. o pais mais forte representará ainda apenasuma minoria no quo so ro foro ao pottt no tuuuaiat.

Os recursos agregados do poderio de uma nação são algumas vezes considerados sua “base de poder",já que podem ser considerados como a base sobre aqual o poder potencial pode ser transfonnado, em maior ou menor grau. emrealidade. Noção semelhante. embora un 1 tanto distinta. è o conceito de um“valor de base”. conformedefinido por Harold D. lasswell eAbraham Kaplan. Deacordo com seu raciocinio. uma base de poder para o ator “A” ("A". no caso.poderia ser uma pessoa ou um pais) representa um total de ceno valor para o ator"B", que se encontra sob o controle de “A". lsto è. o ator "A" controla um possivelaumento ou redução da riqueza de "B", ou de seu bem estar ou da Fruicão dorespeito geral. já que "B" deseja obter mais desse valor controlado por “A". "B"tem que tentar agradar a "A", a lim de induzir "A" a deixa Io conseguir mais.Assim. se um pais em desenvolvimento precisa de ajuda econômica. a lim deaperfeiçoar sua tecnologia. ou se um pais faminto necessita de trigo, a lim deprevenir a incidência dc fome. e se os Estados Unidos ou a União Soviéticacontrolam uma parcela dos suprimentos. então os Estados Unidos (ou a Uniãosoviética) toúo uma “base ao poder" para oww innuênzta sobre ossos paisesmais necessitados.

1. “cast Aziz out ozzzctiiua rrototzm". rnzattiotzz itozztluy. vol. zu sz sztztutzto az ms. Pp. 4.12.t sr. tt 5

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Outra questão. natu ralmcnte, Ó com que e cacia o governo dos EstadosUnidos ou o governo soviético , usaria essa base de poder ou “valor de base"para atlqttirir influência e poder reais sobre a conduta de alguns ou de todosaqueles países no que se refere a certo "valor de finalidade" por exemplo, umvoto Íavorável nas Nações Unidas que os palses mais pobres controlam e que ospaises mais ricos desejam. 0 po‹ler de "A", em todos estes casos, baseia~se em trêspontos: primeiro, na relativa pobreza e necessidade de “B” quanto a algum valorde base do qual "A" controle um estoque signilicativo; segundo. no controle, porpa.rte de “B". de significativa quantidade de algum valor de linalidade desejadopor "A" e o qual "A" esta tentando obter utilizando seu poder sobre “B": e.linalmentr. na capacidade e eficiência de "A" em transforrnar o potencial de seupoder de base em potler real sobre a conduta de “B"2.

O Peso da Poder (ínfmãiø tz partir dos resultados)

O potencial de puder e uma cstimativa aproximada dos recursos liunianos emateriais relacionados t mn o poder. indiretamente, tal estimativa pode ser usadapara sc inferir o grau de sucesso que uma nação precisa atingir em uma disputapelo poder caso utilize ao maximo seus próprios recursos. Mas e posslvcl inverteresse calculo. Podemos perguntar: até que ponto esse ator (lider, governo ou nação)conseguiu provocar a alteração de certas manifestaçdes de polltin internacional?Ai, então, ‹': possivel inferir o "peso" do poder a partir do grau de sucesso obtido.(As quatro principais dimensões ou os quatro principais aspectos do poder são seuprstv. ‹I‹›_ninaciln, alcanct ‹› I`tnz_Ii‹lade; destes. o peso ê o que se encontra maispríixituu da noção intuitiva que quase t‹i‹l‹›s ternos quando pensamos em poder).

O peso ‹ln poder ou a in uencia de um ator sobre determinado processo e acapacidade com que esse ator pode alteraraprobabilidade de seu desfecho. epodeser avaliado mais facilmente sempre que se esteja lidando com uma alegoriarepetitiva de resultados semelhantes, como, por exemplo. os votos dados naAssetnbli ia das Nações Unidas. Se, por hipótese, as moções apoiadas pelosEstados Unidos sao aprovadas. em media. :res em cadaquauo vezes. ou com umaprtibahilitlade de 75%. cnt|u__n_t› as não apoiadas pelos Estados Unitins sãoaprovadas em apenas 2596 dos casos. entao podemos dizer que o apoio dosEstados Unidos é rapaz de tnudar as chances de sucesso de uma moção naAssembleia das Nações Unidas numa media de 25 a 75% ou seja. na base desox. rms soeó seriam. por ‹_›r_szgu_mz, uma mzúidz zpmzimziis dopeso medio do poder dos Estados Unidos na Assembléia durante o periodoanalisado. (A inrditla é aproximada c pode mascarar a verdadeira in uência dos

1 rsrs um analise mais ampla consulta: H. D. tazswzll ‹A. Kaplan. mezriisøt íay (New Haven:val: umvmity Pmi. _950. Puda ‹sm‹z1adz.r.diu›ra univmiaade de amllis. 1979). e tt. w. Deutselt."Smne Quantitalivt CoI\su1iI\tsonVa.IueAI|oat¡ II ill Sotí y and Po|ilits".B=¡_nt›_`lIv_=lSa`ml‹,Vnl. ll.ne ‹ utilizo, mas). pp 2‹s 52.

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Análise das Relações lnremacionais 89

Estados Unidos. ja que muitas moções potenciais a quc os Estado: Unidos scopõem podem pztrecer de sucesso tao improvável a seus defensores cm potencial.que e possível que sequer st jatn ¡›r‹›¡›‹›suis e, desta forums, não entram em nossaestatistica).

O cálculo ou a estimativa do peso do poder torna se mais dilicil quando se lidacom um acontecimento isolado. Qual 0 poder exercido pela bomba atômicalançada sobre Hiroxima em 6 de agosto de 1945 (ou por aquela que destruiuNagasalti très dias mais tarde). para apressar a rendiçãodojapão e abrc vias o lim daSegunda Guerra Mundial? Um famoso especialista cm assuntos do japao. oProfessor Edwin O. Reischauer. que em 1961 1967 foi Embaixador dos EstadosUnidos naquele pais. chegou à conclusão dequeabombaabrevioti o lim da gucmiem apenas alguns dias! Para se fazer um julgamento desses e necessarioimaginar que tal evento o lançzunento da bomba num momento em que ojapãojá se encontrava quase derrotado e exaurido e em que seu governojá busava umaforma de se render tenha ocorrido muitas vezes. Sena preciso. portanto. tentaravaliar o que teria acontecido. de maneira geral, em todos aqueles rasos licticiosem que uma dessas bombas Iiumø sido lançada. em comparação com o resultadomedio de todos aqueles casos lictícios em que não tivesse sido lançada.

Parece um raciocinio ani cial. mas não é. Na verdade. não É muito diferentedo raciodnio de um engenheiro sobre o que teria causado a niprura dedeterminada ponte. ou o de um medico acerca do que teria causado a morte ou arecuperação de certo paciente. Em todos esses casos. a m de estimar asconseqüências do que_/oifeito c talvez estimar o quedevevía ter .ridoƒzílø em termosde “boa prática" , transforrna se aquele evento isolado em integrante de umaclasse repetitiva dc eventos hipotéticos bastante similares. Tenta se. então, avaliaradimensão e a probabilidade de desfechos alternativos na presenca e na ausência.respectivamente. da acao ou da condição cujo poder desejamos medir; e. assim.infercse n poder do ator. ou atores, a partir do poder de sua ação ou da condiçãopor ele controlada.

O poder, considerado desta forma. 6 praticamente a mesma coisa quecausalidade: e o peso do poder de um ator, ou atores, equivale ao peso daquelascausas que. entre as que detemiinaram cena resultado, se encontram sob seucontmlel.

Os govemos modernos. em comparação com os de séculos passados, temaumentado consideravelmente o peso de seu poder sobre suas proprias popula›

s. i; o. nzizzitstm, nz t/,tim .riam zzmifzzpzzz. za. vzv. tu. v‹›rt. vital; mis. mz). p. zw.4. cf. naum A. ou 1, mztóri» ns» putztiuaø. zpmzmzà. › ... › ‹ \z‹ "zm ...uu az New enzimanztiútzt seizztzearsoeiztizn. Nzmttzmpwi . Mass.. zm 25 u‹zt›z¡1àz|ssõ,‹"rwzf'..›. ozvúa 1. sim.za.. luzmzumzl sv ‹;‹1›p‹d«z WA: sam: :mw (mw vaztz Mam iitlzn mà mf nz sz), vt ›|. tz.pp. ‹os~|s.

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ções. Cobram se impostos. recrutam se soldados. aplicam se leis. prendem seinfratores. tudo isso com um grau de probabilidade muito maior do que jamaispoderiam ter sonhado os soberanos medievais. Por tal motivo ê que o peso dopoder de governos de paises altamente industrializados è. em geral, muitosuperior ao de paises contemporâneos que se encontram em um estagio inicial dedesenvolvimento industrial. E entre os governos que se encontram neste estagio. opeso do puder nacional varia enormemente.

Em politica internacional. ao contrario. o peso do poder da maioria dosgovemos. particularmente das grandes potências. vem declinando desde l945.Nenhum governo. hoje em dia. derem tanto controle sobre o provável desfecho dequestões mundiais como detinha a Ctã Bretanha. digamos. entre 1370 e 1935.Atualmente a Grã Bretanha não pode controlar suas antigas colônias: os EstadosUnidos não podem controlar a Franca ou Cuba; a União Soviética não podecontrolar a Iugoslávia ou a China; e a China não pode controlar seus vizinhos. Atentativa feita pelos soviéticos de controlara politica daTchecoslovaquia atraves deuma ocupação militar em agosto de l968 aparentemente não redundou emqualquer garantia de sucesso prolongado. As razões para esse declínio do peso dopoder du maioria dos grandes paises serio analisadas mais adiante, mas parecevalido mencionar tal fato agora.

Numa analise mais cuidadosa, veremos que o peso do poder pode vir a induirdois conceitos diferentes. O primeiro relaciona se com a habilidade demiuzir aschances de vir a ocorrer um resultado não desejado por determinado ator. Empolitica interna fala se. algumas vezes, dcgrupo: de veto, ou seja, aqueles que podemevitar ou dilicullar seja aprovada alguma espécie de legislação a que sc oponham.Em politica intemacicnal constata sr a existência de considerável poder de vetoformalmente actmlazlo entre cinco membros permanentes do Conselho deSegurança tlas Nações Unidas. com base na Cana das Nações Unidas. Menosformalmente. podese falar do poderque tem uma nação em negareerto território,ou área de influência. a algum outro governo ou facção ideológica. É. o caso dosEstados Unidos. por exemplo. que na decada de 50 negaram, com grande sucesso.a cessão da Coreia do Sul aos agressores norivcoreanos. da nesma forma comonegaram nn l‹›ug‹› «los .ums 60 grande parit do Vietname do Sul aos vit tcongues.

Devena ser facil saber por que razão acontece isso. Em primeiro lugar. odesfecho especifico que porventura se deseja evitar pode não ter muita probabiIitlatle de ocorrer. Suponhamos que uma campanha de guerrilha comunista emum pais asiático ou africano tenha aproximadamente uma chance em três. ou 35%.de ali estabelecer um regime comunista estável. Nesse caso. uma intervençãoanticomunista por parte de urna putêiicia estrangeira. realizada com um poderlimitado digamos. com um peso dc cerca de 2596 teria condições de reduziressas chances de sucesso de 33% para apenas 5% e criar uma probabilidade deinsucesso de 95%. ou seja iszi. o resultado nzl, jà razoavelmente improvável.

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Análise das Itelaçütvs Internacionais ‹i|

podera então tornar se altamenre improvável pela aplicação are mesmo de umaparcela de poder relativamente limitada. Em tais situações. a alteração dasprobabilidades de ocorrer esse resultado linal especilico parecerá bastantedrástica. e essa parcela limitada de poder talvi .z tenha contribuído para transformar iini considerável grau de incerteza em uma quase certeza e. assim. terproduzido resultados espetaculares.

Mas seo sucesso das guerrilhas tr seus partidariosja fosse altamente prováveldigamos, em cerca de 95% então até mesmo o poder negativo de seus adversáriospoderia ser bastante limitado. Se o peso da intervenção destes fosse novamente de2896. isto poderia reduzir a probabilidade de uma vitória eventual da guerrilhaapenas de 9596 para 67%. deixando as guerrilhas ainda uma chance de i iitiria de2:I, 0 insucesso resultante do limitado apoio dado pelos Estados Unidos asl`acc‹`›es pró Ocidente em Angola em I975 pode ser atribuido. pelo menos einpane. a esses desequilíbrios ‹lesl'avt›rà\'eis entre forca local e motivação.

O mesmo grau do poder também produz resultados ainda in‹~n‹›s impressionantes quando aplicado no i~si.imuIo a um resultado a primeira vista praiii~aiiii~iitt~improvável. Sc se deseja criar um regime ctmstiiiieional e democrático cstávt~I umnosso ctlcin e mi ivulsionado país asiático ou africano. eiitíio ‹' preciso ter se «iiimente que. em termos aprmtimados. apenas um em cada 20 dos paises maispobres do mundo apresenta unia forma de governo democrático estável t derespeito à lei. A Índia tem demonstrado ser um desses raros eitemplos nas duasúltimas décadas. Não há. porém. muitos outros paises iguais à lndia. Ao contrario.o vasto leque de alternativas para a deinocratia ditaduras, juntas militares.oligarquiâis corrupias disfarcadas por detrás de fachadas constitucionais. sucessivos golpes de Estado ou combinaçõesou repetições de tudo isst›~ tem sido muitomais freqüente. Mas, st as chances de haver democracia em uni pais organizadorecentemente são de apenas 5%. a aplicação de um poder com um pt .to dt 23%ainda assim produzir ia apenas uma probabilidade de 83% de sucesso para ziimplantação de um regime democrático nesse pais. cont uma margem de 2:1 deinsucesso.

De fato. are mesmo esse calculo e demasiadamente oiiiiiisia. pois. st inqualquerjusti cativa, prcssiipüe que o poder de promover detenninado resultadopode scr transformado. sem qualquer perda. no mesmo grau de poder iietessárioa produzir outro. Todos sabemos iiiuiro bem que isso simplesmente i.¡`i‹› éverdade. O poder de dernibar algúerri não nos da o poder de ensinar lhe a locupiano, fazer cálculos ou patinar. O poder de hombardear e incendiar uma aldeianão pode ser totalmente ou facilmente ti anslormado no puder de conquistar asimpatia dos seus habitantes ou dc governa la com Scu Consentimento, r muitomenos traiisformado no poder de produzir entre os habitantes as varias técnicas.ou os muitos valores e Iealdades voluntários essenciais a uiii goverrio democrático.

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42 Karl Wolfgang Deutsch

Quanto mais específico for um resultado positivo. maiores serio as alternativas por ele excluídas. Dal. normalmente. ral resultado ser mais improvável; e.Por tanto, e mais diilcil ainda torna lo altamente provável atraves da aplicacao deum poder limitado. Desra forma. um poder limitado ê mais eliaz quandoutilizado negativamente como potler de veto ou como poder dc rejeição contraalgum resultado altamente especilico, porque ai ele estara de fato sendo usadopara aumentar a ja considerável probabilidatle contida no amplo leque dealternativas possiveis. pouco importando. ou não importando. no cam. qual delasse rnarerializará.

O poder de aumentar a probabilidade de um resultado positivo espedftcoabrange tanto o poder de “consecução de ohjer.ivos" quanto o de“controle" sobredeterminado ambiente. A exemplo do que ocorre com relação a qualquerconsecucio de objetivos ou controle, ral poder necessariamente implica enormegrau tle autocontrole por pane do ator, Um elefante. ao aracar. pode destruir umgrandeobstámlo. mas é incapaz de enfiar uma linhanumaagulha. Naverdade. elenão comegue dar uma volta em ângulo reto em um raio de 3 pésr Quanto maioresforcm a forca bruta. a massa. a velocidade e o ímpeto do elefante. mais árduo serápara ele controlar seus próprios movimentos. e seu controle se tomara menospreciso ainda. Quase todos sabemos que o mesmo ocorre quando dirigimos umcarro: quanto maior. mais pesado. mais rápido e mais poderoso for nosso carro.mais dilicil será dirigi Io. Uma tentativa de avaliar seu poder, em termos dedesempenho. nos daria. por conseguinte. pelo menos dois números diferentes oudois rrptrs dt rrrí dia: urna. alta. pelo seu puder de aceleração, e outra. baixa.relacionada com sua capacidade de parar ou de virar a direita ou a esquerda.

Será que algo scmtrlhanuf st: aplica an poder dos governos e das nações?Quanto maior' for ‹› país. rnais numerosa será sua populacao; e quanto maioresÍorcm sua população c os recursos mobilizados na consecução de deterrrtinadapolitica e. podemos acrescentar. quanto mais intenso e sem reservas for seucomprometimento emocional com tal politica maior. provavelmente, sera o|›‹›‹lz›r tlt sse pais e de seu governo para super ar quaisquer obstáculos ouresistências em seu rarninlro. No entanto, normalmente as diretrizes pollticasnacronau neccssrram mais do que meramente vencer resistênrias; na maioria dasvezes. visam a resultados positivos especilicos. Desta forma., requerem quasesempre a busca de algum objetivo permanente atraves de uma seqüènciade táticasaltcravt is ou. até mesmo. desraca.nr.lo alguns valores basicos por meio de sucessivasaltr›r'aç|`›t s de objetivos. No entanto, quanto mais as populações e os recursosestiverem cornpromeriiltn corn as táticas politicas e objetivos iniciais, e quantomas azrrzztzzznenze e sem reservas z› zzrzm. matar me z úqtzezz dos inrercsszs.carreiras. reputações e emoções nclcs envolvida e mais dificil sera. para qualquermembro do govemo ou mesmo para o governo como um rodo. propor qualquerrnodiftcacão. A menos que renharn sido tornada: cenas precauções suhstanciais et›¡›t›rrurt;rs_ os governos podem tornar se prisioneiros de suas politicas anteriores.c seu poder pode inconscientemente conduzi los a obstáculos e armadilhas.

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Analise das Relaçües Internacionais 48

Esses perigos tendern a cresoer com a magnitude do poder nacional e com aintensidade de esforcos empreendidos no sentido de ampliá lo. Cumumente.esses perigos de perda parcial deautocontrole são maiores para os paises grandes epara as ditaduras do que para os palscs pequenos e para as democracias, c sãotambém maiores em tempos de guena do que em terttpos de paz. Se tais perigosnão forem evitados, o peso do poder, a longo prazo. pode em parte tomar sefrustrante ou autodestrutivo.

OUTRAS DIMENSÕES DO PODER

Domínio, Alcance e Finalidade

Sobre quem é exercido o poder? A respostaaesta pergunta consiste na area dopoder representada pelo conjunto de pessoas cuja provável conduza é significativamente alterada em função de seu exercicio. A area de poder de um lider dcaldeia consiste. ptatiamente. no conjunto de habitantes de seu povoado; aareadepoder dogovernodaSuéciaê. em grande parte. lirnitadaa Suécia. embora ta|nI.vétttinclua os navios suecos c os cidadãos suecos localizados fora do pais. A área depoder dos governos clox Estados Unidos e da Uniao Soviética sc limita. sobmuitosaspectos. a seus respectivos paises e a seus navios. tropas. bases c cidadãoslocalizados no exterior mas. sob outros aspectos importantes. afeta. pelo menosindiretamente. o comportamento de um c de outro. bem como o destino degrande parte do mundo, Em outros aspectos, é possivel que algumas potênciasçxtrapolem sua area de poder para alem de suas próprias fronteiras Na medidaem que os católicos romanos seguem a orientação da Igreja em assuntos deimportância politica ou em assuntos em que a política e a doutrina religiosa sesuperponham Iais como com relação à politica olicial sobre crescimentodemográlico e ao ensino de metodos de controle da natalidade o poder politicoou a inlluênciado Papa alcanca muitos paises. O mesmo ocorre commuitas outrasrelígiõeajâ que wa. ss as religiões mundízàz enzizzzm, zzpttzizz ou ¡m¡›|¡ú|zm‹m‹.que ha uma lei moral mais alta e uma autoridade moral mais relevante do que nspoliticas transitórias de qualquer Estado nação. Cada uma dessas religiões. aointerpretar essa lei moral. cria oportunidades para o exercicio de liderança moral.de inlluência e. muito possivelmente, de poder além das fronteiras das nações.

Algo zamuzf z‹ zpiaza tzztufzimmzf. z zlgtzzztzs |‹›s‹› z.‹ st ‹~t.|z.rt›s. o gm. «_ .ttque. em muitos palscs. os comunistas costumavam seguir a nrientacão e a politicade Muscuu a cada mudanca dc sentido era realmente notável. A partir dosurgimento de inúmeras variacôcs da doutrina comunista as versões chinesa,iugoslava c russa. cada uma tlelas apoiada por um govcrno estabelecido o graude submissão por parte dos movimentos comunistas no exterior em relacão as

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41 Karl Wolfgang Deutsclr

ortlunz partidas de um único núcleo dt orientação rctluzirt‹.~;c perceptivelmctire.mas de modo nenhurn desapareceu. (Os rchecos também tentaram estabeleceruma versão mais liberal. até o momento em que os soviéticos. em agosto de 1965.ocuparam seu pais). Em menor grau. adeptos de outras losolias ou ideologias.tais como os conservaelores. os tnonarquístas, os liberais. os socialistas. os‹~xisrt~rrt'ia|isra.t e os adeptos flu Iívrc empresa. todos cics, às vezes, tentam exerceralguma inlluència ou poder sobre gmpos tradicionais ou mais suscetíveislocalizados em outros paises. visando, com isso. a ampliar o seu dominio.

Essencialnrente, a area do poder politico consiste sempre no conjunto depessoas a ele sujeitas c obedientes. De modo vago. e definido corno a áreagcográlica na qual o poder ê exercido sobre amaioria da população. É importanteque lique claro o uso que .te pretende dar à expressão. O primeiro (e preferlvel)signifrrado de area de poder de um governo inclui apenas aquelas pessoas que emdeterminado território obedecem as ordens do governo ou. pelo menos passivamente. a elas st: submetem enquanto que o segundo. urna definicao geogra cada área de unr governo, incluiria até mesmo os guerrilheiros que contra ele lutamern seu próprio território pelo menos na medida em que esses guerrilheiros nãoobtenham êxito em colorar alguns vilarejo: sob seu dominio.

Um tt reeim âigtrilicado possivel de area de poder incluiria não apenas aspessoas a ele sujeitas e obedientes. mas também a quantidade de terras. de bensapiul ede recursos demátergenl porelasoontzolados Terpoder sobreumacenrena demiseráveis. segundo esse raciocinio, significa menos do que ter poder sobre umacentena tle pessoas que disponham de amplos recursos. Este terceiro tipo devisãode área de poder se aproxima de nossa noção de poder referida inicialmente edelinída em terrrros de um conjunto de recursos.

Essas tres noções de arcade poder são utilizadas no caso de deixarmos de ladotemporariamente a possibilidade de existirem cidades c populações rebeldes epouco arnistosas um determinado pais; assirn. podemos avaliar ‹› rlomlniodiretamente exercido por seu govemo. conforme o primeiro significado do‹ mrccito. cum base rm sua população. ou. no segundo. rm seu território c. noterceiro. pelo menos grassa rrwdo, enr seu produto nacional bnito.

O Quadro 4 nos fornece uma comparação entre os dominio de poder dealguns dos principais paises. segundo o primeiro conceito (isto è, com base napoputzzâo).

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Análise das Relações lnu›r11aci‹111ais 45

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46 Karl Wolfgang Deutsch

sujeius ao seu poder; mas mesmo assim. os dados alí eonridos representam umaprimeira aproximação que vale a pena :cr analisada.

Obtém se uma elassi cado de cena. forrna distinta ao aplicar se o conceirogeo; rã co de dominio. como demonstra u Quadro 5.

Quadro 5 Dømírríø do Poder Nacional em Termo: 11: Área (1964)

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48 Karl Wolfgang Dzuzsçh

A lcrceira lisu de classiliczção de áreas de podzr nacionzl em ceno senúdotalvez a mais realim de _odas considera o produm nacional brulo. confornudemonstra o Quadro 5.

Aqui enwnlramos algo que nos surpreende. Embora unxo os Esudos Unidosquanto a União Soviética zenham conninuado a crescer, sua panicipaçio oonjununa renda mundial diminuiu dc 4896 em I95Z para apenas 40% em 1978, Nes_‹~sentido. as duas “superpo_ênci¡s" se mos_mn menus “super” do que em n antes.

Quadro 7 Auwria de Obras Címbúícax (Cavuñbuiçâo murulüzl 1967 69)

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Análise das Rclaçocs Internacionais 49

O conceito de area ou dominio poderia ser ampliado cont vistas a abranger o conhecimento, a tecnologia e os sixterrias armamentistas. Em que medida os cientistas mundiais. de nível PhD ou equivalente. se encomram nodomlnio ou área deste ou daquele gov/emo? Os Estados Unidos. com mais del00.000 cientistas dcssc nlvel. devem possuir mais de l/4 do numero de cientistasde todo o mundo. E e possivel que a Uniao Soviética possua o mesmo numero decientis_as._|untos. os governos desses dois palses gigantescos devem controlar maisda metade dos cientistas do planeta parcela superior as suas respectivasparticipações na renda mundial.

Cálculo scmelhanle foi realizado cm relação a participação media anual decada pais nas obras cientilicas publicadas em todo o mundo. Os resultados dessecalculo são apresentados no Quadro 7 e revelam ordens de classificação nacionaise perceniagcm de participação mais semelhantes do que o fariam os calculos doscientistas. podendo servir para checagens e para coxnpensar a fal_a de dadosinformativos. Nele se conlirmam um continuo fortalecimento da Gr.\ Brvtiittlta eum considerável atraso nas publicações sovièticas.

Outra ampliação do conceito dc dominio ou área o tomaria aplicável aossistemas armamentistas. Aqui. mais uma vez. o conceito de domínio sobrepovscao conceito de recursos. Que govemos controlam que quantidades de exercuos,navios. forças aereas. sistemas de foguetes e de armas nucleares? Qual aparticipacao de determinado govemo nos respectivos totais mundiais de ada umadessas areas?

No Quadro I estão indicadas algumas estimativas simplilicadas e de caraterexperimental relativa.: ao armamento nuclear.

Este quadro revela. a partir de seus pressupostos. como _ orzlt m dcclassificação das potências nucleares parece manter se constante. ate que umadelas atinjao suposto nlvel de saturação de mais de l0.000 ogivas nucleares. Masindica tambem, com base nos mesmos pressupostos. cinco paises quejâ detêm um"poder de veto" nuclear por volta de l967 cada um deles dispondo. digamos. dacapacidade de deter o ataque de outro pals simplesmente ameaçando inlligudanos intoleráveis aos agressores. O fato è que uma dúzia de ogivas nucleares esuficiente para arneacar seriamente destmir a tapital e grande parte do governocentral e da elite metropolilana do pals inimigo nivel de danos que grande panede governos seusatos poderia não considerar um preco aceitável para a busca dequalquer objetivo externo ou distante. /to mesmo tempo. porém. nem mesmo aameaça de l0.000 ogivas nucleares pode ser suliciente para forçar um pais a umacompleta capitulaçio em suaárea eentral e. assim. a desistência da manutenção deseus valores predominantes. padrões (hábitos). instituições e elites. Em outraspalavras, a chantagem atômica tem limites. Em meados de I97 7. haviam sefornecido armamentos nucleares a Índia e. conforme foi noticiado. a lsrael;e outra

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An ise das Relações Internacionais 51

meia dúzia de paises pareciam dispostos a segui los muito em breve, transformando o mundo em algo muito mais di cil de se controlar.

Os armamentos nucleares suscitam, ainda. o problema do almnoe do P°¿¢l'~Este alcance (da forma como ucilizaremos o termo) é a diferença entre a m í 2112recompensa (ou "indulgencia") e o pior dos castigos (ou "privaçao“) que osdetentores do poder são apaaes de impor (ou "in i;ir"). Embora os governantespossam contar com muitas pessoas em seus domínios. o alcance do poder sobrealgumas delas pode ser menor que sobre outras, ou seja, sobre aquelas que nadaquerem e nada temem. que são indiferentes a dor ou ao lucro. seu poder seriarealmente reduzido.

No decorrer dos últimos séculos. o alcance do poder de governos pa area dapolítica intema tende a tomar se cada vez mais reduzido. Recompensas extravagantes (como receber o proprio peso em ouro ou a l ilha do rei em asamento).bem como castigos exuavagantes (como ser cstripado, esquartejado, queimadovivo ou torturado publicamente até a morte) já desapareceram na maioria dospaises e se tomaram algo desrespeitoso em quase todo o mundo. Na medida emque os Estados modernos dependem do poder, normalmente o govemo não éexercido auavés do alcance de seu poder e sim atraves de seu peso isto e. combase na alia probabilidade do cumprimento de suas ordens. Os tiranos quedependam da influencia que possam ter suas recompensas periódias ou seuscastigos crueis tem pouca probabilidade de se manter no poder nas atuaiscondições.

Em anos recentes. aparentemente as questões intemacionais estao tomandoum outro rumo. Os govemos parecem ter aumentado o alcance tanto dasrecompensas que oferecem como dos castigos que ameaçam apliar, em seusesforços para controlar o comportamento de outros paises e dos governos destespaises. Por cmo auxílios e empréstimos extemos vêm sendo oferecidos commuito mais facilidade do que no começo deste século. e a amcaa c a pratica debombardeio: aéreos, com a conseqüente morte de civis inclusive mulheres ecrianças foram utilizadas por alguns govemos em meados dos anos 60 e inicio dadèada de 70 em escala muito mais ampla do que poderia ser imaginado comoproprio de padrões civilizadas há cerca de 70 anos. quando as Convençõeslntemacionais de Haia. dispondo sobre o direito de guerra, foram rcdigidas eatztadas. A ameaça de um massacre nuclear total ampliou ainda mais o alcance dasamcacas agora ã disposição das grandes potências e de seus govcmantes e. de fato._a.is ameaças foram empregadas, em linguagem disfarçada, mas inconfundlvcl,tanto pelos Estados Unidos como pela Uniao Soviética. durante a crise de Cuba.em 1962.

Na verdade. entretanto, essa expansão temporáriado raio dcalcance do poderna área da politica internacional tem produzido efeitos bastante limitados. A

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pratica de exercer controle sobre governos estrangeiros através de concessões eempréstimos e hoje por demais evidente. Uma vez que potências rivais estaodispostas a continuar a fornecer pelo menos parte desses subsídios. os governos damaioria dos paises do Terceiro Mundo tem menos a ganhar ou a perder com atroca de benfeilores ou ao apelar para dois ou mais deles ao mesmo tempo. Damesma forma. qualquer ameaça perigosa pode ser enfraqueeida ou limitadaatravés tio recurso a uma potência rival ou. então. no caso de haver um minimo deforça propria de dissuasao, pela ameaça de retaliação. Em conseqüência. arecente expansão do alcance de poder na area da politica internacional tomoumuito mais cara qualquer política externa. ativa e ambiciosa sem. em contrapartida. tomar seus Ínitos maiores ou mais seguros.

Outra dimensio do poder politico que se expandiu nas décadas recentes è asua I inalidade. expansao que produziu e ainda produz consequencias importantes.Por /itmlüiadø de poder entenda se o conjunto ou a eoleçao de todos os tipos ouclasses particulares de relações de comportamento e questões que efetivamenteestejam a ele sujeitas. A finalidade do poder dos pais sobre os Glhos jovens ébastante lata em certo sentido. já que abrange quase todas as atividades dos filhos.Mas è limitada em outro sentido,já que, embora os pais possam controlar quasetodas as atividades dos lhos. não há. a nal. muitas coisas que uma criança possafazer. A finalidadedo poder. portanto aumenta segundo o nivel de potencialidadedas pessoas abrangidas pela area do poder no que diz respeito aos tipos decomportamento a ele sujeitos. Portanto. o poderpolitico se expande em termos denalidade. sempre que uma questão adicional ou tipos adicionais de comportamento se coloquem sob seu controle. Que peso ou e rácia tera tal controleobviamente e outra questao de fato, conforme mencionado anteriormente.

Durante os últimos 100 anos. particulannente no curso dos últimos 50 anos, afinalidade da policia sofreu enorme expansão. Muitas atividades que no passadoeram deixadas por conta da tradição ou do livre arbítrio, ou que nem sequerexistiam estao agora sendo regulamentadas pelos govemos e pelas leis ~ logo, pelapolitica Nenhum soberano medieval ou sultão oriental teria imaginado fazertodas as crianças de seu reino. de 6 a 14 anos de idade. levantarem se da umatodos os dias antes das B horas da manhã e dirigirem se para escolas públicas c lapermanecerem por varias horas. Contudo. o Estado _modemo. com a educacaocompulsória. sistemas escolares e leis contra a ociosidade, se empenha em fazerjustamente isso; e tal e o peso de seu poder, baseado na submissão e no consensoda maioria da população, que em todos os paises adiantados do mundo estecontrole ë quase que inteiramente e az: quase todas as crianças vão a escola epraticamente todos os adultos são alfabeúzados. Em muitos paises em desenvolvi›mento. por outro lado. essa expansão da finalidade do poder público e dosserviços publicos somente agora vem se processando: faz parte do grandeprocesso dc transformação pelo qual esses países (e. com eles. a maioria dahumanidade) vem passando.

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Nas últimas decadas. muitas ouuas responsabilidades e servicos lotamacrescidos a ñnalidade dos governos. tais como saude pública e um rol cada vez maiordeserviços médicos; pensões para velltice e outras foi :nas ‹l‹.› previdência social; obrasPúb|¡c¡5, ¡n¢|u¡n¿°.¡¢ ¡¡ z construção de estradas. ponos. aeropnttos.. controle deenchentes e construcao de usinas de energia elétrica; regulagem e mattutrttção deprecos dos produtos agropecuários; controle da pureza e qualidade de alitnrtttos eremedios; desenvolvimento e nanciamento de pesquisa e de indústrias totalmente novas. inclusive na area de energia nuclear. aviação supersônica. fabricacaode foguetes e transporte espacial; enorrne expansão do setor educacional. desde osjardins de infância públicos ate as grandes universidades oficiais e seus cursos dt:|›t'›s grzttlttztçao; e a grande ampliação dos encargos militares.

Cada nova responsabilidade do governo. como. por exemplo. a implantatãotlc ttttt novo sistema rodoviário, o ensino gratuito. ou a instalação de um servicopúblico de assistência minliua. desvia a distribuicão de algumas parcelas adicionaisdo produto nacional bruto para o setor público. Aumenta. portanto. as responsabilidades do setor politico. Amplia o circulo de pessnat que ganham ou perdetncom os resultados de decisões politicas. Aumenta a politizaeão potencial e real dasociedade. E fortaleceas condições que. em cada pais, eventualmente favorecem ocrescimento da participação política de segmentos cada vez maiores da população.

A história de paises como a Franca. a lnglaterra e a l>rt'tssizi Altrtttartlta nosmostta a extensão e a velocidade com que tais mudancas vêm oeorrt tttlo nosúltimos 150 attos. Embora suas estatisticas sejam diliccis de comparar. dadas asdiferentes formas de registro de dados adotadas em cada um desses paises. bemcomo os equívocos efalhas nelas eitistentes. a ponto deem alguns casos termos queusar simples estimativas. o aspecto geral do quadro tl bastante claro. Em meadosdo século XIX, o produto nacional brutopacapita nesses paises uilvrz. não r ltzgassea 525 dólares valores de l976 nu cerca dc l/5 do que ê hoje. NO continetite. apopulação rural e a das pequenas cidades constituíam a grande maioria.Praticamente apenas l/4 da populacao da França uttt pouco mais no caso daAlemanha e muito mais no da Inglaterra morava em cidades com tttats de 20.000habitantes. Mais da metade dc todos os adultos. no entanto. ja era alfabetitada. e.tanto na Franca quanto na Pnissia. em qualquer época. cerca de I'J6 da populaçãoou. aproximadamente. l.7% da população em idade de traballtar sen ia aoexercito permanente em tempos de paz. A politica. ctttttudo. ainda era assunto doittteresse de poucos. Os gasto; totais do governo central. em cada tim dos trêspaises. se sttuavatn. em média, abaixo de l0% da produto nacional bruto. ‹ nemmesmo com os gastos adicionais de govemos municipais e estaduais estaproporção aumentava de forma significativa. Se o que estava em jogo na arenapolitica era relativamente pouco. o mesmo ocorria cont a participação na atividadepolitica. Normalmente, menos de l/3 da população adulta tinha direito .t voto, emenos de l/4 (ou seja. menos da metade dos homens) realmente exercia essedireito.

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Por volta de 1910 I9l3, as vésperas da Primeira Guerra Mundial. o ProdutoNacional Brutopereapita havia chegado. talvez. a l05O dólares, ou cerca da metade‹l‹› que havia sido em valores de I976, A urbanização se intensilicava e o indice dcalfabetização se aproximava dos 9896. Os governos centrais agora gastavam cercade I376 do Produto Nacional Bruto. e talvez 4096 da população adulta ou.aproximadamente. 80% tlox homens votavam de fato. O nivel de participaçãomilitar em tempos de paz pcnnaneciasuhstancialmente imutável. mas a guerra del9l4 l9l8 iria mobilizar de forma radical as populações dos paises nelamvnlvidos.

Por volta de l928. os danos causados pela guerra haviam sido mais do quereparado: e o Produto Nacional Bmtoper capim chegava a aproximadamente L500dólares ou mais em valores de l976. Entretanto. os gastns gerais do govemohaviam rliegado a cerca de 2496 do Produto Nacional Bruto, enquanto aparticipação no processo eleitoral, inclusive das mulheres que recentementehaviam adquirirlo direito a voto. se aproximava do índice de 7596 do total deadultos. A Grande Depressão de l929 1983 aumentou essa tendência A rendaper:apita estagnou ou se reduziu. mas os gastos se :levaram na medida em que maisserviços públicos se tornavam neressários. Por volta de 1938. o total dos gastosgovernamentais na Grã Bretanha e ua França atingiu aproximadamente 80% doProduto Nacional Bruto, sendo que na Alemanha nazista era dc cerca de 42%. emÍztcc da frcnétia campanha de rearmamertto que ali se veri cava.

Após a Segunda Cuer ra Mundial. foi alcançado um novo patamar. Tão logo osdanos de guerra forant reparadox. a rendaper capita se elevou a cerca de 8 L700 em1057 c a cerca de 8 5.000 em valores inllacionados de l976; e isto incluía umagrande t xpansão das areas de serviços sociais. 0 total de gastos governamentaisnos principais paises da Europa Ocidental se situa agora em cerca de 45% doProduto Nacional Bruto. A panicipaçãomilitar em tempo de pazmostrou um leverlrcltnio. ou seja. 1.096 ou menos do total da população. mas o nivel de participaçãoeleitoral continuava alto. isto ê. 80% ou mais na maioria dos paises indusu'iali›zado , com zt notável exceção representada pelos Estados Unidos e pelo ReinoUnido.

Não í: necessario mostrar as cifras aqui. Elas indicam como o mundo semodi rnu de maneira relativamente lenta entre lBl5 c l9H. curti que rapidez eintensidade se transformou entre l9l4 e l95O e quanto pode vir a depender davzlocidzdz e «in .‹z_núa‹› dz; mudanças entre 1950 z mao. Algo. no zmzztt‹›_ ja sezmnzrtz zlzmz para ‹›l›«m ou pzrztz mal. z pzznúzz .‹z×|zr¡z›r_ como mais .tz ponúzzz.não pode ser tarefade alguns poucos. Tcm que levar em conta os votos e os desejosde muitos. A mesma evolução politica, em ruas grandes linhas. pode ser traçadacom relação à história dos Estados Unidos e, mesmo com relação â história detodos os paist s nilu~t¬r›munixtas que tenham alcançado um alto nivel dedesenvolvimento erottõmico.

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O testemunho desse cone longitudinal na historia de alguns paises e em geralconlirmado pela evidência de um estudo transversal. conforme demonstrado noQuadro 9, que compara varios paises situados em determinado ponto no tempoou próximos a ele Em conjunto, as tendencias a longo prazo e os dados desseestudo transversal mostram que os países desenvolvidos nao comunistas apresentam uma tendência a utilizar entre 30 a 4096 do seu Produto Nacional Bruto nosetor govemamental e que uma parcela de 2/3 a 3/4 dessa pcroentagem (entre 20 a3096 do Produto Nacional Bruto) tende a scrtliretatnentecontrolada pelogovernocentral dc cada pais desenvolvido, Os dados mostratn também como o mundomodemo sofreu mudanças em relação aos padrões da Europa Ocidental do seculoXIX. Ali e entao. a elevação do nivel de urbanização. de alfabetização e de rendaprecedeu ao aumento da participação eleitoral e da relativa magnitude do setorgovemamental. Tal fato sugere quc nos paises lideres do bloco ocidental ampacidade produtiva de satisfazer muitas das necessidades c reinvidicações :lu serhumano. tais como alimentação. habitaçao. saúde. educação e elevação do padrãode vida. evoluiu antes da elevação do nivel das reivindicações populares internas t'das pressoes competitivas internacionais. conforme indica a elevação do nivel departicipação eleitoral e dos gastos governamentais. Nos países em desenvolvimento da segunda metade do seculo XX, verilicou se o oposto. As mudanca: decarater social ocorridas ao longo das primeiras e parciais etapas demonetarizaçao.industrialização e urbanização dos varios palses asiáticos. africanos e latino»ameriunos associam se aos efeitos produzidos pelos novos meios de transporte ede comunicação de massa, afetando profundamente a vida demuitas populações,bem antes de elas teram desenvolvido as potencialidades educacionais e produtivas necessarias à vida moderna Ao mesmo tempo. a participacao eleitoral. aparticipação militar e a participaáo dos gastos govemamentais têm evoluído emgrau muito menor do que a alfabetização. a renda e a urbanizaclo. contendo se.deste modo. num estagio de desenvolvimento econômico e social muito inferiorao que se veri eava na Europa ha cem anos. Os riscos. as esperanças e as¬i_‹tr;it;ñe.‹ do poder politico crescem agora commais rapidez eem um número depaises muito maior do que jamais ocorreu antes.

Em 3/A dos paises do mundo, na medida em que dispomos de informações aesse respeito. 0 Estado nação hoje despende ou realoca pelo menos l/4 doproduto nacional. sendo que no rcstantc dos paises os mais pobres quase todosos governos seguem a mesmadircçao. o_quc contrasta com a reduzida parcela deI96 do Produto Nacional Bruto mundial que vcm agora sendo gasta por todos osorganismos internacionais em conjunto somente quanto à capacidade de gastar Équeos Estados nações superam os organismos internacionais por umamargem demais dc 25 a l. Hoje. e ainda por uma ou mais décadas, os Estadornacõesconstituem c constituirão os principais centros de poder tnundialr E assimcontinuarão. na medida em que o Estado nação continuar a representar o meiomais avançado com que contam as populações para atingir seus objetivos.

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