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1 Universidade Estadual Paulista UNESP Faculdade de Ciências e Letras de Assis V ENCONTRO LUSO-AFRO-BRASILEIRO As Mulheres e a Imprensa Periódica 26 e 27 de setembro de 2017 VI COLÓQUIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS 28 de setembro de 2017 CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO GERAL 2017

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Universidade Estadual Paulista UNESP Faculdade de Ciências e Letras de Assis

V ENCONTRO LUSO-AFRO-BRASILEIRO As Mulheres e a Imprensa Periódica

26 e 27 de setembro de 2017

VI COLÓQUIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

28 de setembro de 2017

CADERNO DE RESUMOS E

PROGRAMAÇÃO GERAL

2017

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Promoção: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP) Faculdade de Ciências e Letras de Assis Programa de Pós-Graduação em Letras Departamento de Literatura Departamento de Letras Modernas Inst. de Est. Vernáculos “Antonio Soares Amora” (IEVASA)

Comitê Cientifico

Alvaro Santos Simões Junior (UNESP/Assis) Antônio Dimas (USP) Benedito Antunes (UNESP/Assis) Carlos Eduardo Mendes de Moraes (UNESP/Assis) Giorgio de Marchis (Università degli Studi Roma Tre) Giorgio Sica (Università degli Studi di Salerno) Jacqueline Penjon (Un. Sorbonne Nouvelle - Paris 3) Marilene Weinhardt (UFPR) Patricia Peterle (UFSC) Roberto Acízelo de Sousa (UERJ) Sandra Aparecida Ferreira (UNESP/Assis)

Comissão Organizadora

Alvaro Santos Simões Junior (UNESP/Assis) Andreia Carla Lopes Aredes (doutoranda) Clauber Ribeiro Cruz (doutorando) Dayane Mussulini (doutoranda) Isabel M. da Cruz Lousada (Un. Nova de Lisboa) Silvia Maria Azevedo (UNESP/Assis) Tania Regina de Luca (UNESP/Assis) Vania Pinheiro Chaves (Universidade de Lisboa)

Comissão de trabalho

Alvaro Santos Simões Junior (UNESP/Assis) Andreia Carla Lopes Aredes (doutoranda) Clauber Ribeiro Cruz (doutorando) Dayane Mussulini (doutoranda) Tania Regina de Luca (UNESP/Assis)

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Secretárias Roseli Santili Monique Gabriela Botelho Ireno

Apoio

Seção Téc. de Apoio a Eventos, Pesq. e Extensão (STAEPE) Inst. de Est. Vernáculos “Antonio Soares Amora” (IEVASA)

Patrocínio

Fundação de Amparo à Pesq. do Est. de São Paulo (FAPESP) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Cons. Nac. de Des. Científico e Tecnológico (CNPq) Fundação para o Vestibular da UNESP (VUNESP) Pró-Reitoria de Pós-Graduação – UNESP

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO Comissão Organizadora..................................................................................... PROGRAMAÇÃO GERAL DO V ENCONTRO LUSO-AFRO-BRASILEIRO: AS MULHERES E A IMPRENSA PERIÓDICA...................................................... EMENTAS E PROGRAMAÇÃO GERAL DOS SIMPÓSIOS....................................................................................... RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES........................................................................

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PROGRAMAÇÃO GERAL DO VI COLÓQUIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS......................................... COMUNICAÇÕES LIVRES..................................................................................... RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES........................................................................

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APRESENTAÇÃO Nesta publicação, reúnem-se informações detalhadas sobre dois eventos promovidos neste ano pelo programa de Pós-Graduação em Letras: V Encontro Luso-Afro-Brasileiro: As Mulheres e a Imprensa Periódica (26 e 27 de setembro) e o VI Colóquio da Pós-Graduação em Letras (28 de setembro). O V Encontro Luso-Afro-Brasileiro caracteriza-se como evento científico internacional e itinerante. Surgido originalmente como resultado de projeto internacional em torno da colaboração feminina do Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro (1872-1932), que foi desenvolvido pelo CLEPUL/Universidade de Lisboa e reuniu pesquisadores de três continentes (América do Sul, Europa e África), o Encontro Luso-Afro-Brasileiro: As Mulheres e a Imprensa Periódica ampliou o seu escopo, contemplando a literatura de autoria feminina e as pesquisas em torno dos periódicos. A finalidade principal do evento é a de propiciar reflexão teórica e metodológica sobre a escrita feminina e a pesquisa em periódicos, ressaltando a importância dos jornais e revistas como fontes primárias para o estudo da história literária, como órgãos aglutinadores da vida intelectual e como veículos de divulgação das ideias estéticas, políticas e culturais do Brasil e de outros países. Distribuindo as propostas de comunicação por seminários propostos por docentes da UNESP e de outras instituições de ensino superior, organiza-se o Encontro também com o propósito de fomentar a troca de experiências de docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em Letras com pesquisadores de outras universidades e centros de pesquisa. Estimula-se inclusive a participação de alunos de graduação (bolsistas de Iniciação Científica). As duas primeiras edições (2011 e 2013) do Encontro Luso-Afro-Brasileiro: As Mulheres e a Imprensa Periódica transcorreram na Universidade de Lisboa, uma vez que foi concebido e organizado por pesquisadores vinculados ao CLEPUL – Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias, sediado naquela prestigiada e tradicional instituição universitária portuguesa. Em 2014, o Encontro adquiriu o atual caráter internacional e itinerante, pois foi realizado na PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, sempre com a colaboração do CLEPUL. Confirmando essa mudança, realizou-se no mês de fevereiro de 2016 a quarta edição do evento em duas instituições brasileiras: Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte) e Real Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro). Com os textos reelaborados das palestras e conferências das duas primeiras edições,

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foram publicadas as seguintes antologias de ensaios, que se encontram disponíveis on line: AREIAS, Laura; PINHEIRO, Luís da Cunha (org.). As mulheres e a imprensa periódica. Lisboa: CLEPUL, 2014. v. 1. Disponível em: http://pt.calameo.com/books/0018279771ef116cc9683. Acesso em: 22 mar. 2017. LOUSADA, Isabel; CHAVES, Vania Pinheiro (org.). As mulheres e a imprensa periódica. Lisboa: CLEPUL, 2014. v. 2. Disponível em: http://pt.calameo.com/books/001827977b88bd814ba15. Acesso em: 22 mar. 2017. Como se pode constatar na sua programação geral, o V Encontro Luso-Afro-Brasileiro contará com a presença de pesquisadores internacionais, vinculados a universidades europeias (Universidade de Lisboa, University College London, Universidade do Porto, Universidade Nova de Lisboa e Universidade Católica Portuguesa, entre outras), e pesquisadores de todas as regiões do Brasil, o que é motivo de muita satisfação para a Comissão Organizadora. Além dos convidados internacionais, contam-se entre os palestrantes docentes da UFMG, PUCRS, Universidade Federal do Rio Grande e Instituto Federal do Paraná. Docentes de outras universidades, nacionais e estrangeiras, colaboram também com a organização dos simpósios articulados ao evento. Logo após o término do V Encontro Luso-Afro-Brasileiro, transcorrerá o VI Colóquio da Pós-Graduação em Letras, evento bianual que tem representado uma oportunidade importante para a divulgação das pesquisas dos discentes. Neste ano, as palestras e a conferência de encerramento articulam-se à temática do encontro internacional e ficam a cargo de pesquisadores renomados de FURG, UERJ e UNESP. Pela excelência das palestras e conferências dos convidados (v. programação de cada evento) e pela variedade e qualidade das propostas de comunicação apresentadas (v. resumos respectivos), pode-se ter a convicção de que ambos os eventos serão de alto interesse científico e muito contribuirão para o avanço do conhecimento na área de Letras. Ao final desta nota, deixa-se aqui registrado um enfático agradecimento às instituições que, nestes dias difíceis para o país, concederam auxílios fundamentais para a realização dos dois eventos: PROPG/UNESP, CNPq, FAPESP, VUNESP e CAPES.

Assis, 26 de setembro de 2017

COMISSÃO ORGANIZADORA

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PROGRAMAÇÃO GERAL DO V ENCONTRO LUSO-AFRO-BRASILEIRO

As Mulheres e a Imprensa Periódica

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PROGRAMAÇÃO GERAL

26 de setembro de 2017

8h Credenciamento dos participantes e entrega de material

8h30min Cerimônia de abertura Andrea Lucia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi Diretora da Faculdade de Ciências e Letras de Assis Benedito Antunes Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras Cleide Antônia Rapucci Vice-Coord. do Programa de Pós-Graduação em Letras Fabiano Rodrigo da Silva Santos Chefe do Departamento de Literatura

9h Conferência de abertura: “Florescências da crítica no Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro: a recepção de escritoras brasileiras”

Conferencista: Vania Pinheiro Chaves Coordenação: Tania Regina de Luca

11h Lançamento de livros

14h-16h Sessões de comunicações e apresentação de painéis

16h-16h30min Coffee-break

16h30-18h30min Sessões de comunicações e painéis

19h30min Discussão de projetos de pesquisa

20h00 Mesa-redonda I: Dimensões do Feminino na Imprensa Coordenação: Benedito Antunes

“O conceito de Moda: uma construção transnacional” Ana Cláudia Suriani da Silva (University College London)

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“Imprensa feminina e feminista no Brasil” Constância Lima Duarte (Universidade Federal de Minas Gerais) “A representação do feminino na imprensa periódica do século XIX” Jaison Luís Crestani (Instituto Federal do Paraná - IFPR)

27 de setembro de 2017

8h30min Mesa-redonda II: Política e Imprensa Feminina Coordenação: Sandra Aparecida Ferreira

“Tendências progressistas e conservadoras na imprensa feminina portuguesa de Oitocentos” Ana Maria Costa Lopes (Universidade Católica Portuguesa) “Uma lusa nos trópicos: a colaboração de Guilhermina de Azeredo em Ação: Semanário Português para Portugueses” Francisco Topa (Universidade do Porto) “Júlia Lopes de Almeida conferencista” Sílvia Maria Azevedo (Universidade Estadual Paulista – UNESP/Assis)

14h-16h Sessões de comunicações e apresentação de painéis

16h-16h30min Coffee-break

16h30-18h30min Sessões de comunicações e painéis

19h00min Discussão de projetos de pesquisa

20h00 Mesa-redonda III: Presença Feminina nos Periódicos Coordenação: Fabiano Rodrigo da Silva Santos

“‘Senhoras gaúchas’ no Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro” Maria Eunice Moreira (Pont. Universidade Católica do R. Grande do Sul - PUCRS) “Incursão pelas L/letras: D/elas” Isabel Lousada (Universidade Nova de Lisboa)

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“Imprensa periódica literária e escrita feminina: duas ‘mulheres de letras’ no extremo-sul do Brasil” Francisco das Neves Alves (Universidade Federal do Rio Grande – FURG)

Lançamento e divulgação de obras

Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social. Publicação do Programa de Pós-Graduação em Letras.

ABREU, Márcia; SILVA, Ana Cláudia Suriani da. The cultural revolution on the Nineteenth Century: theatre, the book-trade and reading in the transatlantic world. London: I. B. Tauris, 2015. AMÁLIA, Narcisa. Nebulosas. Ap. e posf. de Anna Faedrich. 2. ed. Rio de Janeiro: Gradiva Editorial; Fundação Biblioteca Nacional, 2017. (Illuminatio; 2). BILAC, Olavo. Sátiras. Org. por Alvaro Santos Simões Junior. Lisboa: FCT/CLEPUL, 2017. GARCIA, Dantielli Assumpção; BIZIAC, Jacob dos Santos; ABRAHÃO E SOUSA, Lucília Maria (orgs.). Do cárcere à invenção: gêneros sexuais na contemporaneidade. São Carlos (SP): Pedro & João Editores, 2017. LAGUARDIA, Angela Maria Rodrigues. Clarice Lispector e Inês Pedrosa: Aproximações. Lisboa: CLEPUL, 2016. 256 p. LOUSADA, Isabel Cruz. Adelaide Cabete (1867-1935). 2. ed. rev. e aum.; bilíngue: português/francês. Lisboa: Associação Cedro; CLEPUL, 2017. PFUTZENREUTER, F. M. Histórias de um universitário. Curitiba: Fragmentos, 2016. 118 p. SOFFREDINI, Carlos Alberto. Vem buscar-me que ainda sou teu. Org. de Renata Soffredini e Lígia Balista. Pref. de Alexandre Mate. Posfácio de Eliane Lisboa. São Paulo: Giostri, 2017. SOFFREDINI, Carlos Alberto. Na carrêra do divino. Org. de Renata Soffredini e Lígia Balista. Pref. de Vilma Arêas. Posfácio de Lígia Balista. São Paulo: Giostri, 2017.

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SOFFREDINI, Carlos Alberto. Pássaro do poente. Org. de Renata Soffredini e Lígia Balista. Pref. de Maria Sílvia Betti. Posfácio de Eliane Lisboa. São Paulo: Giostri, 2017. SOFFREDINI, Carlos Alberto. De onde vem o verão. Org. de Renata Soffredini e Lígia Balista. Pref. de João Roberto Faria. Posfácio de Eliane Lisboa. São Paulo: Giostri, 2017.

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EMENTAS E PROGRAMAÇÃO DOS SIMPÓSIOS

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1. HISTÓRIA E CRÍTICA LITERÁRIA: RELAÇÕES CULTURAIS ENTRE BRASIL E

PORTUGAL Coordenação: Márcio Roberto Pereira Ementa: A proposta deste simpósio é discutir as relações entre a historiografia e a crítica literária no contexto de Brasil e Portugal, mais especificamente nas produções de Fidelino de Figueiredo, José Veríssimo, Álvaro Lins, Jorge de Sena e Eduardo Lourenço. Com base nos pensamentos desses intelectuais será discutido o papel do crítico/historiador literário para a construção do cânone, para o processo de definição de uma literatura nacional e, por fim, para a compreensão da literatura como fenômeno estético.

27 DE SETEMBRO - 14h-16h

“POIS É (1990): UM PANORAMA DA ATIVIDADE INTELECTUAL DE PAULO RÓNAI NO BRASIL”

Andreia Carla Lopes Aredes (PG/DR - UNESP/Assis) “AS CONTRIBUIÇÕES DE JORGE DE SENA: POR TRÁS DAS TESES”

Camila Marchezani dos Santos (PG/MT - UNESP/Assis - CNPq) “ÁLVARO LINS E A CONSTRUÇÃO DO CÂNONE MODERNISTA BRASILEIRO”

Laís Iaci Mirallas de Carvalho (PG/MT - UNESP/Assis) “ÁLVARO LINS E A FICÇÃO QUEIROSIANA: OS MAIAS (1888)”

Marcos Antonio Rodrigues (MT – UNESP/Assis) “JOSÉ VERÍSSIMO E AS DIMENSÕES DO TEATRO BRASILEIRO”

Marcio Roberto Pereira (DR - UNESP/Assis

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2. HISTÓRIA, LITERATURA E IMPRENSA Coord.: Sílvia Maria Azevedo e Tania Regina de Luca Ementa: O objetivo do simpósio é reunir trabalhos que, a despeito de se valerem de metodologia e abordagens diversas e contemplarem diferentes momentos e contextos históricos, tenham em comum o uso das fontes periódicas para analisar produções literárias, ações e/ou trajetórias, individuais ou de grupos, em atuação no espaço público.

26 DE SETEMBRO – 14h-16h / 16h30-18h30 “IRONIA E CRÍTICA NAS CRÔNICAS DE HILDA HILST PARA O JORNAL CORREIO POPULAR DE CAMPINAS – SP”

Aline Pires de Morais (PG/DR – UNEMAT/TGA) “CLARICE LISPECTOR E A IMPRENSA PERIÓDICA”

Amanda Oliveira Pinheiro (PG/MT – UNESP/Assis) “‘A COLEÇÃO AUTORES AFRICANOS’ NA IMPRENSA: AS LITERATURAS AFRICANAS NO BRASIL”

Clauber Ribeiro Cruz (PG/DR – UNESP/Assis - FAPESP) “A ATUAÇÃO DE CORINA DE VIVALDI NA IMPRENSA BRASILEIRA ENTRE 1874 E 1880”

Helen de Oliveira Silva (PG/MT – UNESP/Assis) “A PRESENÇA DE EÇA DE QUEIRÓS E FRADIQUE MENDES NO JORNAL PAULISTANO O PIRRALHO (1911-1918) SOB A PERSPECTIVA DE JUÓ BANANÉRE E MONTEIRO LOBATO”

Jaqueline de Oliveira Brandão (PG/MT - UNESP/Assis - CNPq) “CECÍLIA MEIRELES EM SEMANÁRIOS PORTUGUESES: CONTRIBUIÇÕES PARA O DIABO”

Karla Renata Mendes (DR – Universidade Federal de Alagoas) “MARIANA COELHO: FEMINISMO, EDUCAÇÃO, MODA E POESIA EM PERÍODICOS”

Leonardo Soares Madeira Iorio Ribeiro (PG/DR - IUPERJ - UCAM)

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27 DE SETEMBRO DE 2017 - 14h-16h / 16h30-18h30 “MULHERES DE VANGUARDA: O ESPAÇO DO FEMININO NAS REVISTAS MODERNISTAS BRASILEIRAS”

Luciana Francisco (GD - UNESP/Assis) “A REVISTA DOS TEATROS: UM ESTUDO SOBRE A CRÍTICA TEATRAL EM PERIÓDICOS ILUSTRADOS”

Orna Messer Levin (DR - Unicamp) “RACHEL DE QUEIROZ E A ÚLTIMA PÁGINA”

Ranielle Leal Moura (PG/DR – PUCRS – CAPES) “A CRÔNICA COMO LEMBRANÇA DOS TEMPOS GLORIOSOS DIANTE DE UMA SOCIEDADE DECAÍDA”

Rita de Cássia Lamino de Araújo Rodrigues (DR / UENP) “O CONTO ‘TEMA PARA VERSOS’/‘A AIA’ (EÇA DE QUEIRÓS): UMA NOVA MANEIRA DE INTERPRETAÇÃO A PARTIR DE SUA INSERÇÃO NA FONTE PRIMÁRIA (GAZETA DE NOTÍCIAS)

Rosane Gazolla Alves Feitosa (DR - UNESP/Assis) “A VALORIZAÇÃO DE ESCRITORAS BRASILEIRAS NO PERIÓDICO A SEMPRE-VIVA”

Rossana Rossigali (PG/MT – UCS – CAPES) “REVISTA CLARIDADE: O ‘FINCAR OS PÉS NA TERRA’ CABO-VERDIANO”

Simone Donegá Marques (PG/MT – UNESP/Assis – CAPES)

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3. POÉTICAS DA NEGATIVIDADE: A MELANCOLIA, O MAL E O NIILISMO NA

LITERATURA MODERNA (DE FINS DO SÉCULO XIII AO SÉCULO XX) Coord.: Fabiano R. da S. Santos e Rafaela M. Mano Sanches Ementa: No breve ensaio intitulado “Romantismo, negatividade, modernidade”, Antonio Candido se debruça sobre aquilo que considera um “dos mais interessantes legados do romantismo à literatura de nossos dias” (CANDIDO, 2006, p. 137) – a opção pela negatividade. Com efeito, nas explanações de Candido, a negatividade assume foros de categoria geral útil à compreensão da modernidade. Como frisa o crítico, embora não sejam peculiares ao romantismo, os motivos negativos nele se concentram, tornando-se parte indelével de sua identidade e prolífica plataforma de criação e experimentação artística que se imprime, inicialmente, pela opção por certos temas, chegando, depois, ao desenvolvimento de espectro expressional. A partir das formas mais imediatas de se haurir a experiência da negatividade, cujos corolários artísticos, caros ao romantismo, são a plasmação dos motivos da noite, da morte e da ruína, chega-se à negação do discurso. Nessa esfera, o absurdo nega o texto semanticamente claro; nela também se opera o reconhecimento da insuficiência da palavra diante de seu objeto, diante da realidade, que encerra a opção pelo fragmento, criação romântica tão importante para a poética moderna (CANDIDO, 2006). A categoria da negatividade, investigada por Candido, parece irmanar-se a outras sugeridas por filósofos e críticos literários como tentativa de sondar o princípio, por assim dizer, anímico, comum aos vários estágios da modernidade estética, tais como a dissonância pensada por Hugo Friedrich (1978), a ironia nos termos de Octavio Paz (1994), o “ideal do negro”, de Adorno (1988). A negatividade parece não apenas revestir apenas opções estéticas, mas uma postura ética que traduz o modo de relacionamento com a história que o romantismo legou à arte e pensamento moderno. Com efeito, em Revolta e melancolia: o romantismo na contramão da modernidade (1995), Michel Löwy e Robert Sayer interpretam o romantismo como uma reação contra os imperativos da modernidade, desferida do centro dela própria. Enquanto o iluminismo comportaria os ideais oficiais da era moderna (tais como a universalização, a liberdade e o progresso racional e técnico), o romantismo, consciente da efetiva falência desses ideais, adotaria diante deles uma postura de negação. Opondo irracionalidade à razão instrumental, singularidade às pretensões universais, inventividade à emulação dos modelos clássicos, os românticos asseguraram às gerações o direito à constante renovação das artes e do pensamento. Com efeito, por encerrar uma postura diante da história, a negatividade não tange apenas à estesia, mas também ao ethos. Alguns temas caros à modernidade, e de fundamento romântico, parecem traduzir o componente ético da negatividade: a melancolia (BENJAMIN, 2013) ao integrar os motivos da genialidade, visionarismo e

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loucura nega a imagem edificante com que o artista figura na tradição; o niilismo, com sua amarga constatação do “desencantamento do mundo” (Entzauberung der Welt), fenômeno esse tratado por Max Weber (2004) como espécie de síntese da cosmovisão moderna, coloca em evidência a crise metafísica que a razão instrumental crê superada e, por fim, o mal, com todo o seu apelo de violência, incivilidade, rebeldia, que perpassa boa parte das obras literárias de orientação romântica, demonstra que a literatura é, como analisa Bataille (em perspectiva, aliás, deveras romântica), essencialmente “culpada”, sendo de sua natureza promover abalos violentos nas estruturas morais e expectativas estabelecidas – residindo aí a substância de seu mal (BATAILLE, 1989). Considerando, pois, a importância da estética e da ética da negação para o delineamento das tendências mais radicais da literatura moderna, o presente simpósio se propõe a considerar as diversas manifestações da negatividade na poesia, ficção e teatro engendrados entre fins do século XVIII (momento de surgimento do romantismo) até a contemporaneidade.

26 DE SETEMBRO – 14h-16h “ENTRE PÁSSAROS E HUMANOS: A VISÃO DE GIACOMO LEOPARDI E MACHADO DE ASSIS SOBRE AS RESTRIÇÕES E EXPANSÕES”

Ana Carolina Menocci (PG/MT – UNESP/Assis – FAPESP) “MODERNIDADE E RELAÇÕES DE SOCIABILIDADE EM A MAÇÃ NO ESCURO, DE CLARICE LISPECTOR”

Caroline Ferreti (PG/MT – UNESP/Assis – CNPq) “A EXPANSÃO DO MAL EM LÀ-BAS, DE J.-K. HUYSMANS”

Glaucia Benedita Vieira (PG/DR – UNESP/Assis) “CONVERGÊNCIAS NATURAIS E MELANCÓLICAS: A POETICIDADE DA PROSA DE SIDONIE-GABRIELLE COLETTE E A NARRATIVIDADE DA POESIA DE CECÍLIA MEIRELES”

Márcia Eliza Pires (DR – UNESP/Araraquara)

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27 DE SETEMBRO – 14h-16h

“MELANCOLIA E RESIGNAÇÃO: RETRATO DE UM BUROCRATA” Mariana Mansano Casoni (PG/DR - UNESP/Assis)

“O MAL SEGUNDO C.L.: A SOCIEDADE DAS SOMBRAS NO ROMANCE O LUSTRE (1946)”

Moisés Gonçalves dos Santos Júnior (PG/DR - UNESP/Assis – CAPES)

“ERRANTES, APÁTRIDAS E MALDITOS: ANTISSEMITISMO E A REPRESENTAÇÃO LITERÁRIA DOS JUDEUS NO ROMANCE HISTÓRICO ROMÂNTICO”

Rafaela Mendes Mano Sanches (PÓS-DOC-UFS) “ENTRE A RETÓRICA DO MEDO E A POÉTICA DA ELIPSE: CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCURSO DA NEGATIVIDADE NA POESIA DE ORIENTAÇÃO ROMÂNTICA”

Fabiano Rodrigo da Silva Santos (DR-UNESP/ Assis)

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4. DISTOPIAS LITERÁRIAS: TRADIÇÃO E CONTEMPORANEIDADE Coord.: João Luís C. T. Ceccantini e Luiz F. Martins de Lima Ementa: As narrativas distópicas, conforme vai avançando o século XXI, ganham cada vez mais força na cena literária e no mercado editorial, com muitos dos títulos pertencentes a esse gênero configurando-se grandes best-sellers, como a série Jogos Vorazes (2008), de Suzanne Collins, e a série Divergente (2011), de Veronica Roth, que foram adaptadas para o cinema em produções hollywoodianas de peso e se tornaram grandes fenômenos de massa. É possível dizer, no entanto, que um espírito distópico tem sido predominante por pelo menos um século – como afirmam muitos estudiosos do gênero, dentre eles Chad Walsh em seu livro From Utopia to Nightmare (1962) – com o estabelecimento e demarcação do gênero por meio dos clássicos Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley, e 1984 (1947) de George Orwell, muito embora, de maneira embrionária, traços do gênero, como uma veia satírica em relação às milenares utopias, – gênero que não apenas se apresenta como ficção literária, mas também sob a forma de profecias religiosas e tratados políticos, diferença fundamental em relação às distopias, – já se encontrem em obras como Erewhon (1872), de Samuel Butler. Vale destacar, contudo, que as distopias, apesar de em muitos casos se apresentarem como ataques às utopias, situação na qual as distopias são chamadas de anti-utopias, como em Utopia and Anti-utopia in Modern Times (1987), de Krishan Kumar, podem assumir formas diversas da sátira e da paródia. Como destaca Frederic Jameson em Archaeologies of the Future (2005), as distopias podem nascer também em circunstâncias pós-apocalípticas, fruto de “visões populares de total destruição e da extinção da vida na terra” (p. 199), as quais, segundo Jameson, são muito mais plausíveis do que qualquer visão utópica, mas também muito diversas das catástrofes previstas nas chamadas anti-utopias. Dessa forma, o gênero acaba fazendo fronteira com ou mesmo incorporando elementos da ficção científica, como em The Drowned World (1962), de J. G. Ballard. Este simpósio receberá propostas de comunicação que tratem de obras literárias que possam ser classificadas como distopias, contemplando diferentes matizes (clássicas, contemporâneas, satíricas, pós-apocalípticas etc.). Do mesmo modo, o simpósio receberá contribuições de natureza especulativa acerca do gênero distopia e acerca do espírito distópico na ficção contemporânea.

27 DE SETEMBRO - 14h-16h / 16h30-18h30

“A DISTOPIA EM LARANJA MECÂNICA” Benedito Antunes (DR – UNESP/Assis)

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“A NARRATIVA SOB A FORMA DE JOGO ELIMINATÓRIO: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO LEITOR”

Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (DR – UNESP/Assis) “ADMIRÁVEL MUNDO NOVO REVISITADO: HUXLEY E A DISTOPIA” Luiz Fernando Martins de Lima (DR – UNESP/Assis) “A DISTOPIA COMO UMA EPISTEME AFRICANA?”

Larissa da Silva Lisboa Souza (PG/DR – USP – CAPES)

“‘THE CAPACITY TO SEE BEYOND’: A JORNADA DE JONAS EM THE GIVER (1993), DE LOIS LOWRY”

Guilherme Magri da Rocha (PG/DR - UNESP/Assis)

“THE HANDMAID’S TALE, DE MARGARET ATWOOD: UMA UTOPIA FEMINISTA”

Fabiane Rocha Rodrigues Ferreira (PG/MT – Unesp/Assis)

“LITERATURA DISTÓPICA: ANÁLISE DA OBRA FAHRENHEIT 451, DE RAY BRADBURY”

Amanda da Silva Oliveira (GD – UNESP/Assis) “UM ESTUDO SOBRE A PERSONAGEM HERMIONE GRANGER COMO SÍMBOLO DA LUTA SOCIAL DA MULHER NA SOCIEDADE MODERNA”

Naiana Ghilardi (GD – UNESP/Assis)

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5. HISTÓRIAS DO TEATRO BRASILEIRO: DRAMATURGIA E CRÍTICA

Coord.: Gilberto Figueiredo Martins

Ementa: Dentre as variadas perspectivas críticas pertinentes para o estudo do

fenômeno teatral, neste Simpósio queremos privilegiar aquelas nas quais o texto

dramatúrgico tem seu foco principal. Mesmo considerando suas especificidades

e sua potencialidade cênica, aqui o encaramos, sobretudo, como texto que pode

- e deve - ser lido. Dramaturgia coletiva ou de autoria individual, mobilizando ou

não recursos épicos, em diálogo com outras artes ou por elas pressionada a

mudar, contemporânea ou jesuítica, realista ou anti-ilusionista, há espaço para a

apresentação e a discussão de textos teatrais brasileiros de matizes diversas.

Serão bem-vindos, ainda, trabalhos que se proponham a abordar a crítica teatral,

na sua vertente historiográfica, interdisciplinar, estilística, materialista, como

parte da fortuna de uma obra ou dramaturgo, com viés mais teórico ou de

mergulho analítico verticalizado. Quer-se, finalmente, com isto, destacar a

importância da leitura de textos teatrais brasileiros para a compreensão mais

efetiva do gênero e como chave interpretativa da história do país.

27 DE SETEMBRO – 14h-16h

“OS INTERTEXTOS DO MUSICAL ARENA CONTA ZUMBI”

Ana Maria Lange Gomes (PG/DR - UNESP/Assis - CAPES)

“UM TEATRO DA MULHER: ELZA CUNHA DE VINCENZO E A

CRÍTICA TEATRAL FEMININA”

Carlos Eduardo dos Santos Zago (PG/DR – UNESP/Assis - CAPES)

“EMBATES ENTRE POPULAR, ERUDITO E NACIONAL NA

DRAMATURGIA DE CARLOS ALBERTO SOFFREDINI”

Lígia Rodrigues Balista (PG/DR – USP – FAPESP)

“A MÁQUINA E O TEMPO NA PEÇA O HOMEM COMO INVENÇÃO

DE SI MESMO, DE FERREIRA GULLAR”

Luis Marcio da Silva (PG/MT – UNESP/Assis)

“JOSÉ (1878) DE ARTHUR ROCHA: UMA ANÁLISE CRÍTICA SOBRE A

ESCRAVIDÃO”

Renata Romero Geraldes (PG/MT – UNICAMP – FAPESP)

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“ORIGEM BARROCA DO DRAMA TRÁGICO DE OSMAN –

ALEGORIA E HISTÓRIA NA PEÇA GUERRA DO CANSA-CAVALO”

Gilberto Figueiredo Martins (DR – UNESP/Assis)

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6. BAKHTIN: ARTE E VIDA EM DIÁLOGO Coord.: Ester Myriam Rojas Osório Ementa: Considerando que na Literatura o autor converte seu personagem em porta-voz de sua ideologia, assim, vemos a arte em geral como manifestação responsiva do ser humano através da história. O homem responde aos questionamentos da vida e de seu momento sócio-histórico utilizando-se de diferentes manifestações artísticas como meio para expressar seu mundo interior. À luz de alguns conceitos Bakhtinianos, tais como: Arte/Responsabilidade, Ideologia e Exotopia, analisaremos diferentes produções artísticas como resposta as inúmeras inquietações humanas.

26 DE SETEMBRO – 14h-16h “TEXTOS EM DIÁLOGO: CONTRIBUIÇÕES DE BAKHTIN AO ESTUDO DAS ADAPTAÇÕES DE TEXTOS LITERÁRIOS”

Aline Cristina Maziero (PG/DR – UNESP/Assis) “A VOZ E O EMPODERAMENTO FEMININO AFRO-BRASILEIRO À LUZ DE BAKHTIN: REFINANDO CONCEITOS NO ROMANCE UM DEFEITO DE COR, DE ANA MARIA GONÇALVES”

Fernanda de Andrade (PG/DR - UNESP/Assis - CAPES) “O DISTANCIAMENTO DAS REFLEXÕES DE LINGUAGEM ENTRE OS FILÓSOFOS MIKHTIN BAKHTIN E FERDINAND SAUSSURE”

Gean Carlos Royer (PG/ESP - UNIPAR/Cascavel) “ARTE E RESPONSABILIDADE NA VIDA E OBRA DE VIOLETA PARRA”

Ester Myriam Rojas Osório (DR – UNESP/Assis)

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7. TRAÇOS FEMININOS DA IMPRENSA DO SÉCULO XIX: AGENTES, FORMAS

E REPRESENTAÇÕES

Coord.: Priscila Renata Gimenez e Yuri Cerqueira dos Anjos

Ementa: O século XIX é um século de grandes transformações. No que toca à

realidade feminina, apesar de grandes traços conservadores da sociedade

burguesa, esse período prepara as profundas mudanças que viriam a se

concretizar no início do século XX, notadamente o ingresso das mulheres

enquanto vozes democráticas na conquista do direito de voto. Se concebido

enquanto “longo século XIX” (1789-1914), como o fez Eric Hobsbawm,

podemos notar um grande arco no qual a figura da mulher se torna cada vez

mais preponderante, verdadeira voz a ser ouvida no espaço público. Nesse

quesito, a imprensa periódica configurou-se não só um receptáculo para as

mulheres, que ganharam força ao longo do período, mas um verdadeiro

laboratório e propulsor dessas transformações.

Nesse sentido, ainda que em número muito menor que os homens, por

um lado, mulheres jornalistas começam a participar mais ativamente das

redações de jornais e revistas, inicialmente em rubricas relacionadas a gêneros

como a crônica, cartas e narrativas ficcionais que destacam a figura da mulher,

além da própria imprensa especializada. Por outro lado, os periódicos voltam-se

para a questão feminina sob diversos ângulos, seja através de programas

didático-moralizantes que promulgam a imagem das moças e senhoras de

família, seja através da figuração das mulheres da elite mundana. Além disso, ao

longo do século XIX, é crescente a presença de toda uma imprensa voltada ao

público feminino em geral, ligada geralmente à moda, à realidade doméstica e às

artes, ao mesmo tempo em que surgem exemplos mais emancipadores dos

primórdios do movimento feminista. Cabe, por fim, ressaltar que a própria

partilha dos gêneros jornalísticos parece ser influenciada por um pensamento de

gênero: por exemplo, a crônica como gênero feminino, o artigo/reportagem

como gênero masculino.

É nessa esfera pública da mídia impressa – espaço essencialmente de

discurso, opinião e criação – que despontam nomes como Delphine de

Girardin, George Sand, Marguerite Durand e Sévérine, por exemplo na França,

e Nísia Floresta, Josefina Álvares de Azevedo, Joana Paula Manso de Noronha e

Narcisa Amália de Campos, entre outras brasileiras escritoras e jornalistas,

atuantes na imprensa nacional no decorrer do século XIX.

Seja enquanto agentes, como assunto, como público-alvo ou como referência

simbólica, traços do feminino se inserem e definem parte fundamental do

fenômeno da expansão da imprensa periódica no mundo oitocentista.

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Assim sendo, propomos o presente simpósio no intuito de discutir as pesquisas

e perspectivas que abordam tal multiplicidade de traços tanto na imprensa

brasileira quanto na internacional.

27 DE SETEMBRO - 14h-16h / 16h30-18h30

“DE VEDETTE DO ALCAZAR LYRIQUE A POETA E JORNALISTA: A TRAJETÓRIA DE ROSE MÉRYSS”

Daniela Mantarro Callipo (DR – UNESP/Assis) “A FIGURA FEMININA NA “SEMANA LITERÁRIA”, DE MACHADO DE ASSIS”

Dayane Mussulini (PG/DR – UNESP/Assis – FAPESP)

‘‘MODERNIDADE E CONSERVADORISMO NO TRATAMENTO DO FEMININO NA IMPRENSA OITOCENTISTA: O EXEMPLO D’O FUTURO”

Aline Cristina de Oliveira (DR - IFPR) ‘‘LES ROMANS : RACHILDE NO MERCURE DE FRANCE (1896-1898)’’

Camila Soares López (DR - UNESP/Assis) ‘‘ADÈLE TOUSSAINT NO COURRIER DU BRÉSIL: TRAÇOS DO PORTRAIT FEMININO NA IMPRENSA FRANCÓFONA DO SÉCULO XIX’’

Yuri Cerqueira dos Anjos (DR - UFJF) “MARIA FIRMINA DOS REIS: UMA VOZ FEMININA CONTRA A ESCRAVIDÃO NO PERIÓDICO SEMANÁRIO MARANHENSE”

Cristiane Navarrete Tolomei (DR - UFMA/FAPEMA) “MARIA FIRMINA DOS REIS E A IMPRENSA LITERÁRIA NO MARANHÃO OITOCENTISTA”

Rafael Balseiro Zin (PG/DR – PUC/São Paulo) “A MODA E O COMPORTAMENTO FEMININO: UM ESTUDO DA REVISTA KOSMOS”

Heloísa Leite Imada (GD - IEL/UNICAMP)

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“GUIOMAR TORREZÃO E AS CARTAS LISBONENSES: CORRESPONDÊNCIA PORTUGUESA NAS PÁGINAS DE O LIBERAL DO PARÁ”

Maria Lucilena Gonzaga Costa Tavares (PG/DR - UFPA) “NARCISA AMÁLIA: PRIMÓRDIOS DE UMA JORNALISTA”

Priscila Renata Gimenez (DR - UFG)

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8. AS REPRESENTAÇÕES DO SAGRADO E DO PROFANO NOS MITOS

LITERÁRIOS: DIÁLOGOS ENTRE LITERATURA E RELIGIÃO Coord.: Maira Angélica Pandolfi e Marco Antonio Domingues Sant’Anna Ementa: André Dabezies, estudioso da literatura comparada e crítico consagrado no tema dos mitos literários, considera que na literatura o mito é um relato simbólico (ou uma personagem implicada nesse relato) que adquire valor ideal ou repulsivo a uma comunidade humana à qual ele propõe uma forma de conduta. Desse modo, na criação literária o mito intervém na relação do escritor com sua época e seu público receptor. É desse modo que um texto literário retoma e reedita imagens míticas adquirindo, em um dado momento histórico, um determinado “fascínio”; efeito semelhante ao “sagrado” num mundo dessacralizado. É o que ocorre, segundo Dabezies, com o Don Juan de Molière, que até o século XX havia perdido seu poder de “fascínio”. “Já o Don Giovanni de Mozart voltou a ter valor mítico quando Hoffmann, em 1813, explicou-o à sua maneira para um público romântico” (André Dabezies In: BRUNEL, Pierre, Dicionário de Mitos literários, 2005, p.732). O mito literário possui, geralmente, uma estrutura dinâmica, que combina episódios, personagens e situações. A propósito do diálogo entre literatura e religião não há como não mencionar aqui o mito do Golem, que pertence à categoria dos “mitos bíblicos” e está abundantemente representado na literatura germânica. Segundo Northrop F. em O código dos códigos: A Bíblia e a literatura ocidental (2004), a base de toda literatura ocidental, em suas variadas categorias, está na Bíblia. No diálogo entre a religião e a literatura o elemento sagrado pode ser constantemente revisto e relido de maneira dessacralizante ao longo do tempo. Marco Antonio Domingues Sant’Anna em O gênero da parábola (2010) apresenta como exemplo de diálogo intertextual dessacralizante entre literatura e religião a peça de Bertolt Brecht, A boa alma de Setzuan, em que a história bíblica de Sodoma e Gomorra é recriada, especialmente, na categoria das personagens, colocando em evidência uma prostituta que figura como heroína. Outra heroína das narrativas bíblicas é Judite, cujo relato tem a função de dar coragem aos judeus nos momentos mais trágicos de sua história. De acordo com Marcelle Enderlé (In: BRUNEL,Pierre, Dicionário de Mitos Literários, 2005, p. 543) , a história de Judite não é apenas a história de um povo, mas “a história de uma mulher que terá de enfrentar um homem e matá-lo depois de o haver seduzido”. Assim como Judite, quantas outras heroínas bíblicas não são retomadas e recriadas em narrativas literárias modernas quando se trata de desenhar o perfil de uma mulher perigosamente sedutora? Esse simpósio pretende congregar análises que coloquem em evidência o diálogo entre os mitos ou figuras mítico-literárias e a religião, seja no enfoque da personagem, seja no enfoque de cenas e situações consagradas.

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26 DE SETEMBRO – 14h-16h / 16h30-18h30 “DOM QUIXOTE: A PRESENÇA RELIGIOSA NA OBRA DE CERVANTES”

Alessandra Silva Ribeiro (PG/MT - UNESP Assis) “A MÍSTICA SEDUTORA JEZABEL E SUA ORATÓRIA: UM PERFIL DONJUANESCO FEMININO?”

Ana Carolina Mendes Camilo (PG/MT - UNESP∕Assis) “‘A ALMA DISPERSA NOS SENTIDOS’: MITO E RELIGIÃO EM POEMAS DE SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Ana Maria Ferreira Côrtes (PG/MT - Unicamp - CAPES)

“AS AMBIGUIDADES DO MITO DE MARIA MADALENA EM ‘IMPRESSIONS: THE WRIGHTSMAN MAGDALENE’ DE ANGELA CARTER”

Cleide Antonia Rapucci (DR – UNESP/Assis)

“A DESCONSTRUÇÃO DOS ARQUÉTIPOS DE MARIA DE NARAZÉ E MARIA MADALENA EM O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO, DE JOSÉ SARAMAGO”

Filipe Marchioro Pfützenreuter (DR – IFPR/Palmas) “O SAGRADO E O PROFANO NO ROMANCE APARICIONES (1996), DE MARGO GLANTZ”

Luan Cardoso Ramos (PG/MT – UNESP/Assis – CAPES)

27 DE SETEMBRO - 14h-16h / 16h30-18h30

“A DESSACRALIZAÇÃO DA ‘VIRGEM DO SAGRARIO’ EM UMA LEYENDA DE BÉCQUER”

Maira Angélica Pandolfi (DR – UNESP/Assis) “RESSONÂNCIAS BÍBLICAS NA FICÇÃO DE CARLOS HEITOR CONY”

Marina Ruivo (DR – UNESP/Assis)

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“UMA NOVA VIA CRUCIS: AS REPRESENTAÇÕES DO MITO, DE VIDA E DE MORTE NA LITERATURA DE CLARICE LISPECTOR”

Marta Francisco de Oliveira (DR - UFMS/CPCX) “O SAGRADO E O PROFANO NA OBRA DE JOSÉ SARAMAGO”

Rosilene A. Martins dos Santos (GD – UNESP/Assis) “O ANTIMITO EM CAIM, DE JOSÉ SARAMAGO”

Saulo Gomes Thimóteo (DR - UFFS/Realeza-PR) “LILITH E AS VAMPIRAS: DIÁLOGOS ENTRE A RELIGIÃO E A TRADIÇÃO LITERÁRIA VAMPIRESCA”

Tiago de Souza Barros (MT - UNESP/Assis) “A TENSÃO DIALÉTICA EM A BOA ALMA DE SETZUAN, DE BERTOLT BRECHT”

Marco Antonio Domingues Sant’Anna (DR – UNESP/Assis)

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9. ESTADO, CONTROLE DOS CORPOS E LITERATURA Coord.: Arnaldo Franco Jr. e Milena Mulatti Magri Ementa: Este simpósio se propõe a abrigar reflexões sobre como a Literatura aborda o temário das relações entre Estado e Controle dos Corpos. Leviatã característico da Modernidade, o Estado, desde a sua afirmação na vida das sociedades modernas, marcou-se pela reivindicação do privilégio de administrar a violência (legitimando-a, inclusive, juridicamente), a restrição às liberdades, o controle e o ajuste dos corpos à ordem produtiva e à moralidade. Pensar os modos como a Literatura aborda este temário implica investigá-la em suas ambiguidades como campo discursivo crítico ou conivente.

27 DE SETEMBRO – 14h-16h “A VIA CRUCIS DO CORPO: A POLITIZAÇÃO DA ARTE EM CLARICE LISPECTOR”

Charles Vitor Berndt (PG/DR – UFSC – CAPES) “CORPO, PRISÃO E RESISTÊNCIA EM JOÃO GILBERTO NOLL”

Milena Mulatti Magri (PD – UNESP/S. J. do Rio Preto – FAPESP) “TRANSEXUALIDADE, MARGINALIDADE E CONTROLE VIOLENTO DO CORPO EM INSTITUIÇÃO CORRECIONAL – O CASO DE HERZEREM EM A QUEDA PARA O ALTO”

Arnaldo Franco Junior (UNESP/ São José do Rio Preto)

16h30-18h30min – Debate ESTADO, CONTROLE DOS CORPOS E LITERATURA – Debate a partir de trechos de filmes vinculados ao tema do Simpósio

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10. AS SENHORAS DO ALMANAQUE Coord.: Vania Pinheiro Chaves e Isabel Lousada Ementa: Este simpósio reúne estudos a propósito da colaboração feminina do Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro (1872-1932).

27 DE SETEMBRO - 14h-16h / 16h30-18h30

“MARIA JOSÉ DA SILVA CANUTO NA IMPRENSA POLÍTICA OITOCENTISTA”

Eduardo da Cruz (DR - UERJ, PPLB-RGPL, CEC-UL)

“ENTRE SORRISOS E LÁGRIMAS: MARIA RITA CHIAPPE CADET” Andreia Castro (DR – SEEDUC-RJ, PPLB-RGPL,UL)

“AFINAL É UM INSETO A MARIPOSA, DE MARIA PEREGRINA DE SOUSA?”

Ana Cristina Comandulli (DR – UNIRIO – RGPL-FLUL)

“DO DERRAMAMENTO POÉTICO AO FEMINISMO MILITANTE: OS MUITOS CAMINHOS DE MARIA FEIO”

Elizabeth Martini Elizabeth Martini (SME-Rio- PPLB-RGPL-UL)

“A MÚSICA COMO INSTRUMENTO FEMINISTA EM A MULHER – REVISTA ILUSTRADA DAS FAMÍLIAS (1883-1885)”

Inês Thomas de Almeida (PG/DR - INET-MD/FCSH-UNL – FCT)

“A POESIA DE NARCISA AMÁLIA: PRODUÇÃO E RECEPÇÃO CRÍTICA”

Anna Faedrich (DR - Letras)

“CARMELITANA DE ARANTES: MEMÓRIA E CIRCULAÇÃO POÉTICA”

Angela Laguardia (DR – UFMG) Maria Lúcia Barbosa (PG/DR – UFMG – CNPq)

“ÉTICA E RESISTÊNCIA NO DISCURSO LIBERTÁRIO DE ALBA VALDEZ”

Odalice de Castro Silva (DR - UFC)

“LISBOA: TIPOS POPULARES PELA PENA DE MARIA ARCHER” Márcio Matiassi Cantarin (DR – UTFPR-Curitiba)

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11. DA EUROPA PRÉ-INDUSTRIAL À ERA CONTEMPORÂNEA: CULTURA

ORAL E POPULAR EM DIACRONIA Coord.: Francisco C. Marques e Juliana F. Alves-Garbim Ementa: O referido simpósio concentra as diversas manifestações da cultura oral e popular, versadas desde a era Pré-industrial, nos países europeus, até aportarem no Novo Mundo a partir do século XVI. Consideramos que o progresso econômico e social da Europa no período que precedeu a Revolução Industrial, desde meados do século XVIII até a segunda metade do século XIX, foi preponderante para alavancar e influenciar a arte popular até a atualidade. Dessa maneira, a proposta pretende articular saberes, eventos e criações poético-orais vinculados aos contextos de cultura popular ocorridos de maneira diacrônica na história da humanidade. Também são bem-vindas as discussões entre os diversos campos do conhecimento, analisando obras literárias, práticas culturais e relações de sentido produzidas pela população em geral, com foco nas dimensões da oralidade, do corpo, da arte popular e da cultura de rua. Partimos do entendimento de que a poesia popular articula-se por variados intercâmbios, desloca-se no limiar do tempo e revela-se em diferentes plataformas contemporâneas de expressão da arte e da vida cotidiana, atendendo aos mais variados nichos sociais. Nesse sentido, as poéticas orais em suas variadas formas de apresentação podem dialogar entre si ou com períodos distintos dentro do contexto espaço-temporal de desenvolvimento dos movimentos artísticos.

27 DE SETEMBRO – 14h-16h / 16h30-18h-30

“A MULHER CASTA, O ENGANO E A TRANSFIGURAÇÃO: A HISTÓRIA DE ‘MADONNA ZINEVRA’, DE GIOVANNI BOCCACCIO, E SUA ADAPTAÇÃO PARA A LITERATURA DE CORDEL”

Marcela Zupa da Silva Binnatto (PG/MT – UNESP/Assis – CAPES) “PALCO EM CENA: UMA APRESENTAÇÃO BREVE DA DRAMATURGIA (1979-2005) DO PORTUGUÊS JOSÉ SARAMAGO”

Vitor Celso Salvador (PG/DR – UNESP/Assis) “A DEMONIZAÇÃO DA MULHER NEGRA NA LITERATURA DE CORDEL”

Letícia Fernanda da Silva Oliveira (PG/DR – UNESP/Assis) “ORALIDADE EM NIKETCHE, UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA DE PAULINA CHIZIANE”

Jéssica Fabrícia da Silva (PG/MT – UNICAMP – CAPES)

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“ASPECTOS DO FEMININO NA POÉTICA ORAL AFRO-BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: AS MULHERES REPRESENTADAS POR MÃE BEATA DE YEMONJÁ”

Juliana Franco Alves-Garbim (PG/DR – UNESP/Assis) “AS BLAGUES DE JUÓ BANANÉRE E A DESCONSTRUÇÃO DO CÂNONE LITERÁRIO NA BELLE ÉPOQUE”

Francisco Cláudio Alves Marques (DR – UNESP/Assis)

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12. O CONTO E SEUS ARREDORES Coord.: Mauro Nicola Póvoas Ementa: O conto literário afirma-se por meio da obra do escritor norte-americano Edgar Allan Poe, na segunda metade do século XIX, no contexto de uma incipiente profissionalização do escritor e da consolidação da imprensa. O simpósio pretende refletir sobre o conto, as suas características, os seus principais escritores e a sua relação com gêneros como a crônica e o miniconto. A intenção é analisar tanto tópicos teóricos vinculados a pensadores do gênero – Poe, Anton Tchekhov, Julio Cortázar e Ricardo Piglia, entre outros – quanto abrigar discussões em torno de narrativas curtas de diferentes temáticas e temporalidades, de autores brasileiros ou estrangeiros.

26 DE SETEMBRO – 14h-16h

“CARNAVALIZAÇÃO E FEMINISMO EM A TEMPLE OF THE HOLY GHOST, DE FLANNERY O’CONNOR”

Débora Ballielo Barcala (PG/DR - UNESP/Assis) “CONTOS MORAIS DE MACHADO DE ASSIS”

Fernanda Oliveira Cunha (PG/DR – UNESP/Assis – CAPES) “A CIDADE E A INFÂNCIA: JOSÉ LUANDINO VIEIRA E O PROCESSO DE DESCRIÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL DE ANGOLA”

Liamara de Oliveira Campos (GD – UNESP/Assis) “O ‘FIO NEGRO DO MAL’ NO CONTO ‘PAI CONTRA MÃE’ (1906), DE MACHADO DE ASSIS”

Raquel Cristina Ribeiro Pedroso (PG/DR – UNESP/Assis)

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RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES

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DOM QUIXOTE: A PRESENÇA RELIGIOSA NA OBRA DE CERVANTES

Alessandra Silva Ribeiro

(PG/MT – UNESP/Assis) Simpósio 8

O livro Dom Quixote de la Mancha, do escritor espanhol Miguel de Cervantes reúne em seus quatrocentos anos de história inúmeros estudos abordando os mais diversos aspectos da humanidade. Este foi um dos motivos pelo qual o livro foi considerado por muitos como precursor do romance moderno. Dentre os diversos enfoques apresentados pela obra, escolhemos abordar seu aspecto religioso, marcante na Espanha do final do século XVI e início do século XVII, período em que Dom Quixote foi escrito e editado. O personagem cervantino Dom Quixote vive situações em que aspectos da religião católica e de outras religiões (judaica, muçulmana) são apresentados, possibilitando uma reflexão sobre o assunto, como por exemplo, o episódio em que o Cavaleiro Andante confunde frades com criminosos, dialoga sobre fé com Sancho Pança ou apresenta personagens conversos à fé católica em seu texto. Tentamos aqui entender as influências religiosas recebidas por Cervantes para justificar sua escrita, assim como influências do erasmismo que confluíram em seu texto.

TEXTOS EM DIÁLOGO: CONTRIBUIÇÕES DE BAKHTIN AO ESTUDO DAS ADAPTAÇÕES DE TEXTOS LITERÁRIOS

Aline Cristina Maziero

(PG/DR – UNESP/Assis) Simpósio 6

Literatura, cinema e televisão compartilham entre si uma mesma capacidade norteadora: a de narração, e por isso, é cada vez mais frequente a interação entre as diferentes artes e mídias. A partir dessa concepção, nos propomos a discutir nesse trabalho como os conceitos bakhtinianos de polifonia e dialogismo nos ajudam a melhor compreender o fenômeno das adaptações, (HUTCHEON, 2011, STAM, 2008) traduções (BENJAMIN, 2008) ou transcriações (CAMPOS, 2015) de um texto literário em um texto televisivo ou fílmico. Para isso, procuraremos ilustrar nossa hipótese por meio do texto literário O tempo e o vento, de Erico Veríssimo e os textos audiovisuais transcriados, as minisséries homônimas, dirigidas por Paulo José (1985) e Jayme Monjardim (2014), considerando que foi a partir da compreensão inter-dialógica da presença de diversas vozes em um texto, assim como da percepção de que diferentes textos

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dialogam entre si, que os estudos acerca da adaptação ganharam impulso e reconhecimento. MODERNIDADE E CONSERVADORISMO NO TRATAMENTO DO

FEMININO NA IMPRENSA OITOCENTISTA: O EXEMPLO D’O FUTURO

Aline Cristina de Oliveira

(DR - IFPR) Simpósio 7

As pesquisas sobre a condição social feminina no Brasil do século XIX encontra terreno fértil na produção periódica desse período. Através da imprensa – veículo então estritamente masculino – é possível observar o caráter conservador e preconceituoso do tratamento direcionado à mulher, quer seja nos editoriais, crônicas e artigos de opinião, quer seja na oferta de textos direcionado ao diminuto público leitor feminino. A ideia exposta na grande maioria desses textos circunscreve a figura feminina à vida privada, atribuindo-lhe responsabilidades conjugais, maternas e de cunho doméstico, exaltando sua fragilidade enquanto coloca em dúvida suas capacidades intelectivas. Com exceção dos raros periódicos feministas insurgentes na segunda metade do século, a maioria dos jornais expunha essa visão estereotipada acerca do papel social da mulher. Na esteira dessa ideologia sexista, o periódico luso-brasileiro O Futuro (1862-1863) apresenta uma série de textos de teor machista. Todavia, o jornal abriu espaço para a inserção de uma única colaboradora, a escritora Ana Plácido, fato que confere certa modernidade à publicação. Esta comunicação pretende analisar os posicionamentos do periódico em relação à mulher, tanto no aspecto empresarial quanto na subjetividade expressa nas publicações de seus articulistas.

IRONIA E CRÍTICA NAS CRÔNICAS DE HILDA HILST PARA O JORNAL CORREIO POPULAR DE CAMPINAS – SP

Aline Pires de Morais

(PG/DR – UNEMAT/TGA) Simpósio 2

Considerada uma importante voz no cenário literário brasileiro contemporâneo Hilda Hilst destaca-se pela adoção de uma postura polêmica que nos revela a voz de uma escritora preocupada com as questões de seu tempo e que não pretende fazer literatura como forma de fugir da realidade, mas como maneira de pensá-la criticamente. Em textos polêmicos, Hilst destilou seu “veneno” e

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arrancou as máscaras de uma sociedade hipócrita, a autora falou sem medo e sem pudores de problemas sociais historicamente consolidados e desmascarou a elite não apenas campinense, essa em especial, mas toda a burguesia brasileira. Por isso, este trabalho busca mostrar de que modo o discurso irônico aparece nas crônicas hilstianas publicadas no jornal Correio Popular de Campinas – SP e organizadas posteriormente em livro sob o nome de Cascos e Carícias, como recurso estético que visa desvelar as mazelas de uma sociedade que ignora os problemas sociais enfrentados diariamente pelos cidadãos. Portanto, objetiva-se mostrar de que modo a ironia destilada por Hilda Hilst em sua produção para a imprensa é o veículo para a produção de uma crítica que procura olhar para aqueles que foram esquecidos e se tornaram vítimas de todo um processo social excludente e massacrador.

LITERATURA DISTÓPICA: ANÁLISE DA OBRA FAHRENHEIT 451, DE RAY BRADBURY

Amanda da Silva Oliveira

(GD – UNESP/Assis) Simpósio 4

Este texto objetiva, a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção (JAUSS, 1994; ISER, 1996 e 1999), apresentar uma análise da obra Fahrenheit 451, escrita pelo estadunidense Ray Bradbury (1953). Esse romance de ficção científica soft narra a história de Guy Montag, um bombeiro que, agindo de acordo com o que governo de seu país instituía, ao invés de apagar chamas, provoca-as, queimando todos os livros que havia, privando, dessa forma, as pessoas do ato de ler e, consequentemente, de desenvolverem a capacidade de pensar, questionar e ter um espírito crítico. Durante a leitura dessa produção, nos deparamos com diversos aspectos que aproximam a nossa contemporaneidade da sociedade problemática encontrada na narrativa, tornando-a, assim, atraente para o leitor. Justifica-se então a escolha dessa obra, uma vez que nos permite visualizar criticamente a realidade e suas possibilidades, instigando alguns questionamentos acerca do nosso sistema, tais como, governo manipulador, influência da mídia, alienação, controles das massas, confrontando as relações humanas e os caminhos que estamos seguindo como sociedade. Diante disso, constrói-se a hipótese de que o livro possui potencialidades capazes de contribuir para a reflexão do leitor, ampliando seus horizontes de expectativa.

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CLARICE LISPECTOR E A IMPRENSA PERIÓDICA

Amanda Oliveira Pinheiro

(PG/MT – UNESP/Assis) Simpósio 2

Apesar de pouco conhecida por essa atuação, Clarice Lispector teve uma longa carreira jornalística, desempenhando múltiplas funções nos jornais em que trabalhou: cronista, contista, tradutora, repórter, entrevistadora e colunista de página feminina. Sua estreia nos jornais aconteceu no seminário Pan, que circulou de 1935 a 1940. A partir de então até o ano de sua morte, Clarice sempre esteve em contato com a imprensa, chegando a afirmar isso em algumas entrevistas e dizendo acreditar que, em termos de popularização, tais publicações foram para ela muito importantes, funcionando como canal de comunicação com o seu público. Tendo isto em vista, o presente trabalho busca apresentar sua trajetória na imprensa e indicar como a autora conseguiu, por meio dessa atividade, se popularizar e desmistificar a imagem nebulosa que se formara em torno de si, por causa de seu caráter introspectivo e do hermetismo de seus textos.

A MÍSTICA SEDUTORA JEZABEL E SUA ORATÓRIA: UM PERFIL DONJUANESCO FEMININO?

Ana Carolina Mendes Camilo

(PG/MT – UNESP∕Assis) Simpósio 8

Essa comunicação visa estabelecer uma discussão acerca da personagem bíblica Jezabel, sua história de vida e suas características de mulher sedutora, buscando relacioná-la a um tipo de feminino que guarda o dom da palavra como principal meio de persuasão. A beleza não se constitui, necessariamente, um requisito indispensável à sedução. No caso de Jezabel, esta possuía, além da beleza física, a facilidade de convencer e manipular por meio de um discurso de poder que lhe foi outorgado pela mística de seu tempo. Sua história é conhecida através do Primeiro Livro de Reis do Antigo Testamento. Jezabel era sacerdotisa, dominadora e potencialmente religiosa, pois se autodenominava uma porta voz de Deus. Isso a caracterizava como profetisa. Ao contrair matrimônio com o Rei de Israel, ela passou a ditar as ordens de acordo com o que acreditava ser a verdade. Como mística, ela passou a ser considerada sacerdotisa. Mulher determinada e independente, Jezabel não olhava os meios para alcançar os seus fins. É comum encontrarmos o nome "Jezabel" associado ao perfil de mulher

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sedutora sem escrúpulos. Com a intenção de esclarecer mais profundamente a história dessa mulher, pretende-se utilizar como fonte principal os textos bíblicos que narram sua história. Também como suporte teórico, buscar-se-á na obra de Elena Soriano, Donjuanismo feminino (..), as características que definem uma mulher sedutora caracterizada pela estudiosa como a “face feminina de Don Juan”. Como conclusão, serão apresentados os resultados das características que inserem Jezabel na linhagem feminina de perfis sedutores.

ENTRE PÁSSAROS E HUMANOS: A VISÃO DE GIACOMO LEOPARDI E MACHADO DE ASSIS SOBRE AS RESTRIÇÕES E

EXPANSÕES

Ana Carolina Menocci (PG/MT – UNESP/Assis – FAPESP)

Simpósio 3

A melancolia, a negatividade e o mal sempre fizeram parte da vida do homem moderno. E por assim ser, também sempre foram temas presentes na literatura mundial. Giacomo Leopardi e Machado de Assis exploraram de diversas formas os desdobramentos. Para ilustrar o que afirmamos nos serviremos do conto Ideias de Canário de Machado de Assis e do texto Elogio degli uccelli de Giacomo Leopardi, uma das Operette morali. No conto, Machado de Assis nos mostra o personagem Macedo conversando com um canário. O diálogo nos revela o perigo da visão circunscrita a uma única e restrita perspectiva. Para o canário, o mundo é o lugar onde ele está, em princípio a gaiola, até atingir a liberdade e uma visão expandida. Macedo representa o homem que anseia sempre encontrar a razão das coisas, tanto que se pôs a estudar o canário. Já na opereta de Leopardi, um filósofo conclui que a infelicidade do homem está ao lado da felicidade suprema dos pássaros. Ao mundo humano a alegria não faz muito sentido, a não ser que seja uma ilusão e, sem ilusão, o ser humano não sobreviveria. A felicidade e a liberdade são atributos humanos e, de modo fantasioso, passam a ser vistos nas aves, pois não cabem mais nesse ser humano infeliz, melancólico e sem esperança de encontrar a felicidade. Nossa análise pretende demonstrar como os autores abordam a incapacidade de reconciliar a perspectiva pessoal e a impessoal sobre a realidade.

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AFINAL É UM INSETO A MARIPOSA, DE MARIA PEREGRINA DE SOUSA?

Ana Cristina Comandulli

(DR – UNIRIO – RGPL-FLUL) Simpósio 10

Maria Peregrina de Sousa escreveu, no periódico portuense Braz Tisana, um romance chamado A Mariposa. Mais do que um inseto, a mariposa, personagem criada por Peregrina desfrutou da inocência das crianças e cresceu em meio aos adultos. A Mariposa passou grandes momentos: alguns escapando da morte, outros, talvez mais interessantes, viajando entre os seres humanos, nos quais solta a participar das relações amorosas, políticas e sociais do Portugal oitocentista. Seguindo o pensamento de Michel Foucault, em A Ordem do Discurso, em uma sociedade, onde nem sempre se tem o direito de dizer tudo, um procedimento utilizado é o jogo da interdição. A pergunta que se coloca é: A Mariposa é um texto que intenta apenas entreter seus leitores com a história de um inseto ou Maria Peregrina de Sousa utiliza um tipo complexo de jogo narrativo para burlar os impedimentos e desnudar uma sociedade repleta de convenções?

“A ALMA DISPERSA NOS SENTIDOS”: MITO E RELIGIÃO EM

POEMAS DE SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Ana Maria Ferreira Côrtes (PG/MT - Unicamp - CAPES)

Simpósio 8

Este trabalho discutirá poemas selecionados dos livros Poesia (1944), Livro Sexto (1962) e Ilhas (1989), da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, com o objetivo de analisar o lugar do sagrado em sua poética. De acordo com nossa leitura, em seus poemas, Andresen se apropria de elementos da mitologia greco-latina e da cultura cristã, estabelecendo uma tensão dialética entre as figuras da imanência e da transcendência, isto é, entre um mundo marcado, de um lado, pela plenitude do sensível/visível, e, de outro, pelo mistério/invisível. Nesse contexto, os deuses do panteão grego são colocados ao lado do Deus da tradição cristã, de modo que a experiência do real contribui para a experiência religiosa e de transcendência, como consequência de um gesto no mundo sensível que tornaria possível a ascese espiritual. Esse gesto seria também responsável pela elevação da experiência poética a experiência espiritual, com base em um dizer fundador, criando um mito cosmogônico, a partir do qual a poeta buscaria atingir a verdadeira plenitude, a do encontro com o divino.

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OS INTERTEXTOS DO MUSICAL ARENA CONTA ZUMBI

Ana Maria Lange Gomes (PG/DR – UNESP/Assis - CAPES)

Simpósio 5

Propõe-se nesse trabalho verificar os múltiplos intertextos da peça Arena conta Zumbi de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, estreada em São Paulo em 1965, pouco após o golpe. A obra dramática não só inaugurou uma experiência artística inovadora no Brasil, como também deixou um legado musical. A propósito das composições, sabe-se que o musical teve como ponto de partida, conforme declaração dos autores, a música Zambi de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. Este ponto de partida inicia as discussões sobre intertextualidade presente no drama. Partindo da percepção da obra artística como uma construção híbrida, e reconhecendo nas artes das cenas uma estrutura composta de signos verbais e não verbais, a intertextualidade no teatro perfaz-se elemento constituinte. Dessa forma, observar a orquestração de discursos de um texto teatral evidencia essa característica e afasta observações de valores sobre obras que atestam essa construção, como peças de fundo histórico, caso da peça em questão.

POIS É (1990): UM PANORAMA DA ATIVIDADE INTELECTUAL DE PAULO

RÓNAI NO BRASIL

Andreia Carla Lopes Aredes (PG/DR – UNESP/Assis)

Simpósio 1 Paulo Rónai (1907-1992), húngaro na sua origem e naturalizado brasileiro em 1945, foi um dos intelectuais estrangeiros que as circunstâncias da Segunda Guerra Mundial fizeram com que chegassem ao Brasil. Ambientado no cenário intelectual do país, Rónai continuou aqui muitas das atividades profissionais que praticava na Hungria, atuando como latinista, linguista, filólogo, professor, escritor, tradutor e crítico literário. Diferentemente do que ocorreu com vários escritores de crítica literária no Brasil, Paulo Rónai não publicou a “sua História da Literatura Brasileira” como forma de arrematar, de certo modo, um pensamento crítico que vinha sendo desenvolvido e publicado esparsamente em jornais e revistas. Entretanto, dois anos antes de sua morte, foi publicado o livro de ensaios Pois é (1990), com o intuito de “salvar dos cemitérios dos jornais e das

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revistas duas dúzias de escritos feitos para transmitir um recado, dar um depoimento, comunicar uma experiência rara, agradecer um prazer recebido” (RÓNAI, 1990, p. 7). Sendo esta a sua última obra publicada em vida, pode ser considerada um “balanço” de sua contribuição para a cultura letrada brasileira, do qual o resultado é bastante positivo. Assim, o presente trabalho pretende analisá-la como um panorama das principais atividades intelectuais exercidas por Paulo Rónai no Brasil a partir do olhar retrospectivo que ele tem de sua própria carreira como “Homem das Letras”. ENTRE SORRISOS E LÁGRIMAS: MARIA RITA CHIAPPE CADET

Andreia Castro

(DR – SEEDUC-RJ, PPLB-RGPL,UL) Simpósio 10

Em sua muito vasta e pouco conhecida obra, a poetisa, contista, romancista, dramaturga e tradutora Maria Rita Chiappe Cadet registrou e discutiu publicamente várias questões relacionadas à condição feminina na sociedade portuguesa oitocentista, revelando muito da sua própria trajetória de vida. Para abordar temas, por vezes, espinhosos como o abandono, a orfandade, a violência doméstica e a defesa da instrução, da participação intelectual e da inserção da mulher no mercado de trabalho, Maria Rita se valeu de todas as estratégias possíveis para burlar limites e preconceitos que ainda cerceavam a escrita feminina naqueles idos.

CARMELITANA DE ARANTES: MEMÓRIA E CIRCULAÇÃO

POÉTICA

Angela Laguardia (DR – UFMG)

Maria Lúcia Barbosa (PG/DR – UFMG – CNPq)

Simpósio 10 Carmelitana de Arantes (1842-1930) foi educadora, escritora e poetisa, conhecida nas letras tanto no Brasil como em Portugal. Foi também uma das mineiras que mais colaborou no Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, aproximadamente 39 anos de participação ativa com, logogrifos, charadas, enigmas e poemas que eram enviados de diferentes cidades brasileiras para além-mar, dependendo de onde a autora se encontrava no ato de suas produções. Escrever, ser lida e fazer circular seus textos, são aspectos, dentre

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outros, que buscamos refletir sobre a escritora neste trabalho, uma das inúmeras “Senhoras do Almanaque”.

A POESIA DE NARCISA AMÁLIA: PRODUÇÃO E RECEPÇÃO CRÍTICA

Anna Faedrich

(DR - Letras) Simpósio 10

Analisarei a importância da produção poética de Narcisa Amália (1852-1924), colaboradora do Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, no cenário literário brasileiro do século XIX e os mecanismos de exclusão das escritoras brasileiras de nossos registros literários. Ignoramos a literatura de autoria feminina do século XIX, não por falta de escritoras ou publicações de mulheres, mas por deliberado alijamento delas da história literária. O mundo das nossas letras é predominantemente masculino. Pretendo mostrar como Narcisa Amália conquistou espaço neste universo restrito aos homens, sua consciência sobre a opressão sofrida por ser mulher e a recepção crítica de sua obra.

A DISTOPIA EM LARANJA MECÂNICA

Benedito Antunes

(DR - UNESP/Assis - CNPq) Simpósio 4

A comunicação pretende abordar Laranja mecânica (1962), de Anthony Burgess (1917-1993), um dos clássicos da literatura distópica. O romance tem como tema central a ultraviolência praticada por gangues de jovens ingleses na década de 1960. Obedecendo a um plano rigoroso do autor, é constituído de três partes, que por sua vez contêm sete capítulos, num total de 21. A história é contada por Alex e acompanha três momentos emblemáticos de sua vida: os atos violentos praticados por ele e sua gangue; o seu processo de reeducação; o período posterior à reeducação. Além de corresponder à lógica da sequência temporal, as três partes configuram um movimento bem definido, que parte de uma situação inicial caracterizada pela violência dos jovens, passa pela tentativa de supressão da violência por meio de um método de condicionamento e termina numa espécie de síntese, em que a personagem vive o drama de, após o condicionamento, ter de se adequar à sua nova condição. É essa arquitetura, com as implicações no sentido geral do livro, que se procurará analisar na comunicação.

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AS CONTRIBUIÇÕES DE JORGE DE SENA: POR TRÁS DAS TESES

Camila Marchezani dos Santos

(PG/MT - UNESP/Assis - CNPq) Simpósio 1

O II Congresso de Crítica e História Literária foi um exímio espaço de discussão acerca do exercício e das concepções da crítica. Nele estavam reunidos intelectuais de notoriedade, brasileiros e estrangeiros. Dentre esses intelectuais estava Jorge de Sena, que, apesar de não participar do Congresso por meio de teses, mostra o seu afinco e preocupação com a crítica e o ensino das Universidades brasileiras, por meio da participação em debates e também nas mesas redondas. Mesmo estando por trás das teses, os apontamentos trazidos por Sena são meritórios, entre muitos, acentuam-se dois momentos: o seu discurso na sessão de encerramento – em que faz apontamentos a respeito do Congresso e os assuntos discutidos – e também de suas contribuições a mesa redonda – colocando em pauta os problemas do ensino de literatura nas faculdades brasileiras. Para mais, deve-se sobrelevar, que, esse espaço de intensa discussão, somente se perfez, pois, a Faculdade de Ciências e Letras de Assis, agora UNESP/ASSIS, contou como corpo docente de grandes intelectuais, que se propuseram a organizar esse marcante evento. Estavam eles, Jorge de Sena, Antonio Candido e Antônio Augusto Soares Amora.

“LES ROMANS”: RACHILDE NO MERCURE DE FRANCE (1896-1898)

Camila Soares López

(DR - UNESP/Assis) Simpósio 7

O fin-de-siècle francês caracterizou-se pelo surgimento de diferentes propostas na literatura e nas artes. Em meio a diferentes ismos e às diversas modificações sociais e estruturais, periódicos franceses serviram não apenas como ferramenta de divulgação de informação, mas, também, de matéria literária e artística. Assim, nasceram as petites revues, publicações que rivalizavam com a grande presse e que contaram com colaboradores tais como Remy de Gourmont e Henri de Régnier, entre tantos outros. No Mercure de France, também uma petite revue, Rachilde, uma femme de lettres, destacou-se e alcançou sucesso. Pseudônimo de Marguerite Eymery, Rachilde foi a responsável pela rubrica “Les Romans”, que trazia ao público as resenhas dos romances publicados nos últimos anos da década de 1890. Neste trabalho, propomos a apresentação e análise da trajetória

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de Rachilde como romancista e participante do grupo do Mercure, e de sua inserção no campo literário.

UM TEATRO DA MULHER: ELZA CUNHA DE VINCENZO E A CRÍTICA TEATRAL

FEMININA

Carlos Eduardo dos Santos Zago (PG/DR – UNESP/Assis – CAPES)

Simpósio 5

A história da dramaturgia brasileira conta com pouca e esporádica produção feminina. Tendo em vista esse vazio, Elza Cunha de Vincenzo publica, em 1992, Um teatro da mulher, livro que reúne nomes e apresenta as principais características estéticas de uma considerável gama de dramaturgas, que escreveram entre os anos 1970 e 1980, constituindo uma geração com traços singulares e de grande importância para a renovação e a modernização do nosso teatro. A estudiosa reconhece, ainda, como pioneiras, as peças de Renata Pallottini e Hilda Hilst, produzidas no final da década de 1960. Elegendo, o último nome, como foco principal, esta comunicação pretende apresentar o trabalho crítico de Vincenzo, buscando reconhecer um olhar feminino sobre o feminino e a atualidade ou não de seus pressupostos críticos, levando em conta a distância temporal de seu trabalho e da dramaturgia analisada.

MODERNIDADE E RELAÇÕES DE SOCIABILIDADE EM A MAÇÃ

NO ESCURO, DE CLARICE LISPECTOR

Caroline Ferreti (PG/MT – UNESP/Assis – CNPq)

Simpósio 3

O trabalho visa analisar aspectos alusivos à modernidade, suas consequências, e as relações de sociabilidade no quarto romance publicado de Clarice Lispector (1920-1977), A maçã no escuro (1961). A narrativa traz um protagonista do sexo masculino, Martim. O conhecemos por meio de um narrador com onisciência seletiva, que apresenta as ações das personagens, os pensamentos, e até mesmo insere seu ponto de vista em meio à narrativa. O modo de escrita de Lispector expõe uma busca da identidade; em certos casos amplia a jornada pelo inconsciente e questiona as formas de representação. Essa temática complexa reflete, tanto no plano do conteúdo, quanto na forma literária certa obstinação ou, melhor dizendo, uma insubordinação exposta na linguagem. Martim,

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homem solitário, desencantado com o mundo, procura encontrar-se, descobrir o tempo, se libertar do medo; até meados da narrativa sua atitude mais inteligível e ativa era sentar-se em uma pedra. Além de Martim, Vitória e Ermelinda compõem as personagens centrais do romance. Vitória é uma figura de extrema importância, é proprietária do sítio e se torna patroa de Martim, ou seja, uma mulher à frente das negociações, refletindo assim, uma sociedade em processo de modificação.

A VIA CRUCIS DO CORPO: A POLITIZAÇÃO DA ARTE EM CLARICE LISPECTOR

Charles Vitor Berndt

(PG/DR – UFSC – CAPES) Simpósio 9

Este trabalho tem como principal objetivo discutir e analisar alguns aspectos do livro A via crucis do corpo, de Clarice Lispector. Descrito pela própria autora como livro de ''assunto perigoso'' e comparado, inclusive, ao ''lixo'', dando-nos à ideia de uma literatura menor, o que buscamos discutir e problematizar é o modo como os contos que compõem este livro lançam vistas sobre tabus e temas polêmicos da experiência humana: sexo, sexualidade, desejo, relações afetivas na velhice, prostituição, homossexualidade, criminalidade, etc. O que percebemos em A via crucis do corpo, então, é a representação dos discursos de controle que agem em nossa sociedade sobre os corpos dos sujeitos – principalmente sobre os corpos femininos – através da religião, do Estado, das leis, dos costumes, etc. Desse modo, buscaremos investigar até que ponto esses contos, que parecem nos mostrar uma Clarice pouco discutida, revelam um processo estético denominado por Walter Benjamin de politização da arte, estando permeados pelo espírito da época em que foram publicados: a ditadura militar, período de grande repressão, controle e autoritarismo.

“A COLEÇÃO AUTORES AFRICANOS” NA IMPRENSA: AS LITERATURAS AFRICANAS NO BRASIL

Clauber Ribeiro Cruz

(PG/DR – UNESP/Assis - FAPESP) Simpósio 2

A Coleção Autores Africanos foi lançada pela editora Ática no ano de 1979 e tornou-se o primeiro projeto literário orgânico desenvolvido no Brasil acerca das literaturas africanas. A série foi coordenada pelo professor Dr. Fernando

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Augusto Albuquerque Mourão, da Universidade de São Paulo, durante a gestão de Anderson Fernandes Dias. Em virtude do processo de abertura política do Brasil e, sobretudo, pela aproximação da política brasileira com o Movimento Afro-Brasileiro Pró-Libertação de Angola - MABLA, parte da imprensa nacional publicou reportagens vinculadas tanto às recém-chegadas produções literárias africanas quanto às relações sócio-políticas. Desta maneira, os periódicos Folha de São Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e a Revista Visão veicularam reportagens sobre a temática. Além disso, uma parcela da imprensa angolana também produziu algumas matérias no Jornal de Angola e na Revista Angolana sobre o assunto. Para tanto, nesta comunicação, destacaremos alguns fatos que envolvem a concepção e divulgação desta série literária, agregando os temas ligados à história, à literatura e à imprensa.

AS AMBIGUIDADES DO MITO DE MARIA MADALENA EM “IMPRESSIONS: THE WRIGHTSMAN MAGDALENE” DE

ANGELA CARTER

Cleide Antonia Rapucci (DR – Unesp/Assis)

Simpósio 8

No livro Alone of all her sex: the myth and the cult of the Virgin Mary, Marina Warner dedica um capítulo ao mito de Maria Madalena, a prostituta penitente. Warner afirma que o Cristianismo não admite falta nem pecado em Deus ou em sua mãe; dessa forma, a figura de Maria Madalena vem preencher essa lacuna, fazendo um contraponto com a Virgem Maria. Segundo Warner, Madalena, como Eva, foi trazida à existência pela misoginia no Cristianismo, que associa as mulheres ao perigo e à degradação da carne. No texto “Impressions: the Wrightsman Magdalene”, a escritora inglesa Angela Carter analisa a figura de Maria Madalena na pintura, detendo-se no quadro do francês Georges de La Tour, Madalena e as duas chamas. Nesse texto, um híbrido de conto e ensaio, Carter começa falando sobre Maria (mãe de Jesus), Maria (mãe de São João) e Maria Madalena. Em seguida, analisa o quadro de La Tour, enfatizando a ambiguidade das vestimentas de Madalena: da cintura para cima, Madalena está no caminho da penitência, mas da cintura para baixo (“a parte mais problemática”), veste uma longa saia vermelha, escandalosa. Nosso propósito neste trabalho é examinar as ambiguidades do mito de Maria Madalena nesse híbrido de texto e pintura, a partir das dicotomias morte/vida, crânio/bebê, branco/vermelho, chama real/chama no espelho, silêncio/fala, virgem/mãe, deserto/comunhão.

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MARIA FIRMINA DOS REIS: UMA VOZ FEMININA CONTRA A ESCRAVIDÃO NO PERIÓDICO SEMANÁRIO MARANHENSE

Cristiane Navarrete Tolomei

(DR – UFMA/FAPEMA) Simpósio 7

A presente comunicação se articula com as reflexões e debates do "Grupo de Estudos e de Pesquisa Literatura e Imprensa"(GEPELI/UFMA/FAPEMA/CNPq), da Universidade Federal do Maranhão, campus Bacabal, propondo pesquisas de campo e visitas aos acervos de fontes primárias em busca de documentos que trazem à baila aspectos literários, linguísticos, históricos, sociais e culturais do Maranhão do século XIX. Para esta apresentação, analisaremos a participação de Maria Firmina dos Reis na imprensa maranhense dos oitocentos como literata e militante. Escritora e jornalista maranhense, Maria Firmina dos Reis publicou, de forma pioneira, reflexões acerca da relação entre senhores e escravos, colocando-se como uma voz dissonante na imprensa acerca da escravidão no Maranhão do século XIX. Ela foi uma das poucas mulheres negras abolicionistas naquela época, quando a preponderância era de abolicionistas homens e, em sua grande maioria, advindos de uma elite branca e escravocrata, que se formaram no exterior e trouxeram os ideais liberais e abolicionistas para o Brasil. Interessa-nos, de forma mais específica, verificar a atuação de Maria Firmina dos Reis no jornal Semanário Maranhense, publicação que ocorreu quando o país ainda era dominado por resquícios coloniais, mantendo-se como uma sociedade patriarcal e escravocrata, apesar da Independência de 1822. Além disso, Maria Firmina dos Reis traz uma inovação para o seu texto, quando retrata os escravos não como vítimas ou subalternos, mas sim pessoas com voz e posição de igualdade com os brancos.

DE VEDETTE DO ALCAZAR LYRIQUE A POETA E JORNALISTA:

A TRAJETÓRIA DE ROSE MÉRYSS

Daniela Mantarro Callipo (DR – UNESP/Assis)

Simpósio 7

Rose Marie Baudon, mais conhecida como Rose Méryss, aportou no Rio de Janeiro, pela primeira vez, em 1870 e logo conquistou a simpatia do público do Alcazar, interpretando canções populares, vaudevilles e óperas-bufas. Possuidora de grande talento e de uma bela voz de contralto, a étoile parisienne surpreendeu ao interpretar vários papéis masculinos, tornando-se célebre no papel de

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Bocaccio, personagem da obra homônima de Suppée. A artista dividia seu tempo entre os palcos franceses e brasileiros, até que decidiu abandonar o tablado por volta dos cinquenta anos. Rose Méryss começou, então, a lecionar francês e declamação, mas foi como poeta e jornalista que ela ganhou prestígio e respeito, tornando-se colaboradora de periódicos como Fon-Fon , A Notícia, Correio da manhã, Gazeta de Notícias, A Capital, Jornal do Commercio, Le Messager de Saint-Paul, entre outros, até deixar o país para se tornar dama da Cruz Vermelha Francesa em 1917. Rose Méryss faleceu doze anos depois em Paris, já octogenária e esquecida. O objetivo deste trabalho é resgatar sua produção jornalística na imprensa brasileira, verificando de que maneira ela atuou como mediadora cultural entre o Brasil e a França.

A FIGURA FEMININA NA “SEMANA LITERÁRIA”, DE MACHADO DE ASSIS

Dayane Mussulini

(PG/DR - Unesp/Assis – FAPESP) Simpósio 7

Uma das temáticas recorrentes na obra de Machado de Assis é a presença da figura feminina, o que fornece matéria para inúmeros estudos que tentam compreender o pensamento machadiano acerca da mulher. Como sabemos, a ironia e o humor eram características marcantes de sua escrita, fazendo com que nem sempre seu posicionamento sobre determinado assunto seja percebido de maneira clara. Era o que acontecia, por exemplo, a respeito de suas posições políticas. É comum associarmos a juventude machadiana aos ideais liberais, ao passo que sua idade madura é reconhecida pela sua guinada conservadora. No entanto, em artigo publicado na sua coluna de 1866, “Semana Literária”, estampada nas páginas do Diário do Rio de Janeiro, o autor se mostra, aparentemente, a favor da manifestação feminina na literatura, indo na contramão de muitos dos nossos ilustres escritores, que, em suas próprias palavras, acreditavam que deviam “excluir as mulheres dos exercícios literários”. Pretendemos, portanto, a partir de uma leitura dessa seção de crítica literária, analisar quais eram as concepções de Machado de Assis acerca da mulher e do fazer literário.

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CARNAVALIZAÇÃO E FEMINISMO EM “A TEMPLE OF THE HOLY GHOST”, DE FLANNERY O’CONNOR

Débora Ballielo Barcala

(PG/DR - UNESP/Assis) Simpósio 12

O presente trabalho tem por objetivo propor uma análise feminista do conto “A Temple of the Holy Ghost”, considerado um dos contos mais católicos de Flannery O’Connor. Devido ao seu posicionamento religioso católico e ao caráter grotesco de seu trabalho, muitos estudiosos resistiram em entendê-la como uma escritora feminista. Em sua obra, a mulher é retratada como vítima da opressão e do patriarcado, o que faz com que muitas críticas feministas desconsiderem seu trabalho, mas cremos que a representação da mulher como vítima tem papel de denúncia. No conto em análise, O’Connor utiliza recursos grotescos como o riso, o rebaixamento e a carnavalização, elencados por Bakhtin (2013), para questionar o discurso religioso oficial e propor um novo ritual que aceite os freaks, as sexualidades e os discursos fora do padrão igualmente como templos do Espírito Santo.

MARIA JOSÉ DA SILVA CANUTO NA IMPRENSA POLÍTICA OITOCENTISTA

Eduardo da Cruz

(DR - UERJ, PPLB-RGPL, CEC-UL) Simpósio 10

Maria José da Silva Canuto (1812-1890), poetisa, tradutora e professora, tem sua obra disseminada por jornais, revistas, anuários e almanaques. Ela é considerada a primeira mulher a publicar na imprensa periódica em Portugal, ainda em 1835, pouco tempo após o término da guerra civil que levou ao fim do absolutismo naquele país. Sua vinculação ao liberalismo está expressa em pequenos trechos de caráter autobiográfico e é a origem de seu pseudônimo mais conhecido, "A Portuguesa Liberal". A partir da análise de textos em verso e prosa daquela que era apontada como a "Escritora da Liberdade", esta comunicação pretende descortinar como Maria Canuto se posicionava em meio ao espectro político português das décadas de 1830 e 1840.

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A NARRATIVA SOB A FORMA DE JOGO ELIMINATÓRIO: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO LEITOR

Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira

(DR – UNESP/Assis) Simpósio 4

Este texto tem por objetivo apresentar uma análise do romance O concorrente (The Running Man), de Stephen King (1947), publicado sob pseudônimo de Richard Bachman, em 1982. Para tanto, busca-se, a partir do aporte teórico da Estética da Recepção (ISER, 1996 e 1999; JAUSS, 1994), refletir sobre quais elementos presentes na estrutura de apelo da obra a tornam atraente para o jovem leitor do século XXI. No Brasil, a primeira versão foi publicada com o título de O sobrevivente, posteriormente, alterado para O concorrente. Vale indagar, na análise dessa obra, se contém potencialidades que permitem ao jovem refletir de forma crítica sobre a sociedade em que vive, suscitando desejos de mudança social, ou seja, se possui função social na acepção de Hans Robert Jauss (1994). Será que a obra de King, embora filiada ao mercado, possui potencialidades para atender os horizontes de expectativa desse leitor, mas também para romper com seus conceitos prévios, promovendo a ampliação desses horizontes?

DO DERRAMAMENTO POÉTICO AO FEMINISMO MILITANTE: OS MUITOS CAMINHOS DE MARIA FEIO

Elizabeth Martini

(SME-Rio- PPLB-RGPL-UL) Simpósio 10

Nascida no seio de uma família de morgados de Vila Real, cuja linhagem remonta a própria fundação do reino luso, Maria Feio debutou aos 15 anos no Almanaque de Lembranças Luso Brasileiro – volume suplementar – Para o ano de 1886. Solteira, assinava Maria Genoveva de Figueiredo Feio, enveredando pela literatura, como sua mãe, a escritora Catharina Máxima de Figueiredo, e sua tia, Leonor Adelaide de Figueiredo, com relativo sucesso. A debutante, no entanto, só publicaria no referido almanaque (Para o ano de 1891) cinco anos depois, como Srª. Gomes. Passados outros 15 anos, ela tornaria a publicar (Para os anos 1909, 1910 e 1915), apresentando-se como Maria de Figueiredo Feio. A presente comunicação visa analisar a produção literária da escritora nas diferentes fases em que contribui para o periódico, observando desde os primeiros passos na seara poética até o gradual engajamento à causa feminista.

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ARTE E RESPONSABILIDADE NA VIDA E OBRA DE VIOLETA PARRA

Ester Myriam Rojas Osório

(DR – UNESP/Assis) Simpósio 6

Este trabalho tem como objetivo apresentar um diálogo com algumas obras que tecem a biografia de Violeta Parra, folclorista e poetisa popular chilena do século XX a propósito do centenário de seu nascimento e quarenta anos de sua morte. Violeta Parra se destacou por sua criatividade, suas transformações e, sobretudo pelas rupturas com as tradições de sua época. Para conhecer melhor esta heroína recorremos à obra deixada por seu filho, Ángel Parra, Violeta se fue a los cielos, obra dedicada à memória de sua mãe. Este trabalho serviu de inspiração, também, para o filme de Andrés Wood, do ano de 2011, obra que leva o mesmo nome. O personagem Violeta Parra demonstra uma unidade artística conclusiva conferida pelo autor que reflete um principio estético em toda sua magnitude em cada ato, em cada mímica e em cada sentimento. Além disso, mostra o devir transformador, a superação e a confirmação da inconclusão do personagem. Por outra parte, apreciamos que a linguagem do cinema cria um prazer especial ao libertar o mundo real do tempo e espaço. Esta é a função da Sétima Arte, a plasticidade em movimento. Utilizamos alguns conceitos bakhtinianos como: arte e responsabilidade, ideologia, dialogismo e incompletude para apreciar o trabalho de Violeta Parra como uma manifestação responsiva da artista através da história.

THE HANDMAID’S TALE, DE MARGARET ATWOOD: UMA UTOPIA FEMINISTA

Fabiane Rocha Rodrigues Ferreira

(PG/MT – Unesp/Assis) Simpósio 4

O romance The Handmaid’s Tale (O Conto da Aia), da escritora canadense Margaret Atwood, vem sendo um constante objeto de estudo desde sua publicação, em 1985. Representante da narrativa distópica, apresenta uma sociedade dominada por um governo totalitário, teocrata e opressor. A história é narrada pela aia, Offred, que tenta resistir e sobreviver às humilhações e opressões impostas pelos homens que estão no comando. A mulher desta sociedade apresentada por Atwood não tem voz, não pode ter desejo, e ler e escrever são atos criminosos. O objetivo desta comunicação é demonstrar que, mesmo diante de um mundo que a odeia e oprime, a mulher “sem voz” resiste e

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conta sua história ou, segundo Maggie Humm, “herstory”, vocábulo criado pelo movimento feminista para designar a teorização da experiência, da vida e da linguagem das mulheres.

ENTRE A RETÓRICA DO MEDO E A POÉTICA DA ELIPSE: CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCURSO DA NEGATIVIDADE NA

POESIA DE ORIENTAÇÃO ROMÂNTICA

Fabiano Rodrigo da Silva Santos (DR – UNESP/ Assis)

Simpósio 3

O objetivo dessas considerações é demonstrar os vínculos entre determinados procedimentos utilizados pela poética romântica para favorecer efeitos de desorientação e horror e a sugestão própria do discurso autorreferente da poesia modernista. As investigações tomam por objeto os poemas “Le chambre gothique”, da série Gaspard de la nuit: fantaisies à la manière de Rembrandt et Callot (1842), de Aloysius Bertrand; “Os Olhos”, da coletânea Pedra do Sono, de João Cabral de Melo Neto (1941) e “É o silêncio...” (1911), de Pedro Kilkerry. Mediante esses poemas, busca-se evidenciar como a poética do medo explorada pelo gótico romântico dá margem a uma forma de expressão sugestiva a serviço de imperativos da poesia moderna, tais como busca da autonomia da imagem poética e a tentativa de elaborar o poema consciente da insuficiência da palavra diante de seus objetos de representação. Entre o romantismo e a poesia modernista observa-se a composição de um discurso poético oblíquo em que os referenciais se mantém ocultos, obrigando a fruição das imagens do poema como entidades autônomas. A categoria aqui definida como fantasmagoria poética emerge quando tais imagens, seja em contexto romântico ou moderno, articulam à expressão sugestiva um sistema de representação que favorece o sobrenatural, o macabro e o sinistro. A partir da fantasmagoria poética, por fim, pretende-se explorar a permanência na modernidade de reminiscências das expressões mais extremadas do romantismo, enfeixadas pelo gênero gótico.

A VOZ E O EMPODERAMENTO FEMININO AFRO-BRASILEIRO À LUZ DE BAKHTIN: REFINANDO CONCEITOS NO ROMANCE

UM DEFEITO DE COR, DE ANA MARIA GONÇALVES

Fernanda de Andrade (PG/DR - UNESP/Assis - CAPES)

Simpósio 6

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Multifacetado, o conceito de voz emerge como uma problemática das mais requisitadas em termos culturais e socais da contemporaneidade, o que se tem de modo mais explícito na luta dos movimentos feminista e negro ou, por consequência, no âmbito da crítica literária, ao se colocar em xeque as ausências enunciativas de grupos historicamente marginalizados. Se Spivak (2010) vaticina que a condição de subalternidade impede a manifestação da voz, que é sempre mediada pelos códigos hegemônicos, por outro lado, indica a responsabilidade de se falar em nome do outro. Nesse sentido, no trabalho de Mikhail Bakhtin e de seu círculo intelectual é que se encontram as mais amplas respostas acerca da força das vozes sociais, que habitam e animam os sujeitos em relações dialógicas, da identidade à alteridade, com dimensões ideológicas, subjetivas, éticas e científicas. Seus principais conceitos, aliás, ancoram-se na percepção da vocalidade, como a enunciação, a fala, a bivocalidade, o discurso de outrem e a polifonia. Portanto, a partir do viés bakhtiniano, este trabalho tem o objetivo de analisar as profícuas operações de construção da voz de uma escrava ímpar na literatura mundial, narradora do romance Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, estabelecendo relações dialógicas aptas a examinar o compromisso da fala com o gênero e a etnia.

CONTOS MORAIS DE MACHADO DE ASSIS

Fernanda Oliveira Cunha (PG/DR – UNESP/Assis – CAPES)

Simpósio 12

O conto é uma obra de ficção de curta narrativa se comparado às novelas e romances, portanto ao escrever o autor tem que ter a noção que o tempo não é seu aliado. A escrita tem que ser intensa, o enredo conter elementos que prendam a atenção do leitor e o façam chegar ao fim da narrativa. Julio Cortázar e Machado de Assis discorrem com propriedade a estrutura deste gênero literário. Este trabalho procura refletir sobre o conto, em particular, o conto moral que ao mesmo tempo em que retrata o costume de uma época, insere em seu relato uma moral que incita à virtude por meio de pequenas lições, relembrando os contos de fadas. Enquanto colaborador do Jornal das Famílias, Machado de Assis escreve contos morais tendo em vista o projeto de formação de um leitor mais crítico, conduzido a um novo olhar. Por se tratar do conto vinculado a uma época e a seus leitores este trabalho pretende analisar os contos Virginius narrativa de um advogado (1864), Frei Simão (1864) e O pai (1866) contos morais de Machado de Assis, enquanto colaborador do Jornal das Famílias.

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A DESCONSTRUÇÃO DOS ARQUÉTIPOS DE MARIA DE NARAZÉ E MARIA MADALENA EM

O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO, DE JOSÉ SARAMAGO

Filipe Marchioro Pfützenreuter (DR – IFPR/Palmas)

Simpósio 8

Das personagens femininas que emergem dos evangelhos canônicos, duas delas estão constantemente presentes no discurso cristão: Maria de Nazaré, “A Virgem”, e Maria Madalena, a quem a tradição popular cristã atribuiu o status de meretriz. A ênfase dada a essas mulheres adquire sentido à medida que a primeira delas foi a responsável por gerar Jesus em seu ventre, ao passo que a segunda, tal qual os 12 apóstolos, teve fé e disposição para acompanhá-lo em suas atividades messiânicas. Levando em consideração que, na tradição religiosa, essas personagens femininas contribuem para a divinização de Jesus e considerando que o célebre romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago, apresenta uma nova proposta para a história do protagonista cristão, na qual Deus é quem assume o papel de vilão da humanidade; a pesquisa que deu origem a este artigo teve como objetivo analisar como Maria de Nazaré e Maria Madalena são retratadas no romance português e como elas interferem na trajetória do cristo saramaguiano. Para tanto, a linha de pesquisa adotada foi a dos Estudos Comparados entre Teologia e Literatura – a Teopoética, de Karl-Josef Kuschel – e o método utilizado foi o da analogia estrutural.

AS BLAGUES DE JUÓ BANANÉRE E A DESCONSTRUÇÃO DO CÂNONE LITERÁRIO NA BELLE ÉPOQUE

Francisco Cláudio Alves Marques

(DR – Unesp/Assis) Simpósio 11

Ridicularizando os poetas parnasianos, a poesia satírica de Juó Bananére, produzida durante a Belle Époque, desmoralizou a expressão literária da classe dominante, da velha oligarquia dos “cartolas”. As blagues desse que se autointitulava “poeta, barbieri e giurnaliste” prepararam, ao lado de outras produções do gênero, a recepção literária do Modernismo, amoldando gostos, imiscuindo falares do povo, problematizando a língua literária brasileira que, às vésperas da Semana de 22, chamava para a sua formação as vozes do outro, não apenas a voz do iletrado, “já meio domada pelo caboclismo, como a própria voz ‘estrangeira’, que contribuía com sua parte para a tradição amalgamante e

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diferenciadora da nossa cultura”, como bem observou Maurício Martins do Carmo (1998).

O DISTANCIAMENTO DAS REFLEXÕES DE LINGUAGEM ENTRE OS FILÓSOFOS MIKHTIN BAKHTIN E FERDINAND

SAUSSURE

Gean Carlos Royer (PG/ESP - UNIPAR/Cascavel)

Simpósio 6

O presente trabalho pretende analisar as reflexões de linguagem de Mikhtin Bakhtin e Ferdinand Saussure. Trazendo em um primeiro momento, as análises com que cada autor trabalha. De modo geral Bakhtin via a língua sofrer influências do contexto social, da ideologia dominante e da luta de classes, por isso considerava a linguagem ao mesmo tempo como produto e produtora. E já Ferdinand Saussure concebia a língua apenas como social a que concerne somente às trocas entre os indivíduos. Após apresentar estas concepções de análises de linguagem de cada escritor, passo a trabalhar de modo específico essas diferenças e distancias de analises com que cada um trabalha sobre o conceito. Por fim apresento em forma de uma análise contemporânea para com os escritores do século XX, porque Bakhtin se sobrepõe as análises de Saussure dentro deste viés de abordagens linguísticas.

ORIGEM BARROCA DO DRAMA TRÁGICO DE OSMAN – ALEGORIA E HISTÓRIA NA PEÇA GUERRA DO CANSA-CAVALO

Gilberto Figueiredo Martins

(DR – UNESP/Assis) Simpósio 5

Osman Lins (1924-1978) dizia-se um dramaturgo eventual. No entanto, as peças que escreveu e publicou nas décadas de 1960 e 1970 podem e devem ser aproximadas comparativamente às criações de seu projeto estético-ideológico mais amplo, reconhecidamente significativo e renovador nos gêneros romance, conto, ensaio e narrativa de viagem. Em 2003, a adaptação fílmica de Lisbela e o prisioneiro, pelo diretor de televisão e cinema Guel Arraes, tornou acessível ao grande público uma de suas primeiras contribuições ao teatro brasileiro. Outra delas, premiada em São Paulo em 1964, e logo publicada em livro, Guerra do Cansa-Cavalo leva à cena proprietários de três engenhos nordestinos, em conflito pelo poder e envolvidos em contendas familiares. História e Mito são

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mobilizados pelas personagens como recursos interpretativos que expõem diferentes pontos de vista sobre os fatos, passados e do presente. O autor pernambucano formaliza tais embates por meio de configuração alegórica assemelhada à dos dramas trágicos europeus (sobretudo dos séculos XVII e XVIII) analisados pelo filósofo germânico Walter Benjamin (1892-1940), cuja tese Origem do drama trágico alemão apoia conceitualmente aqui a análise interpretativa da peça.

A EXPANSÃO DO MAL EM LÀ-BAS, DE J.-K. HUYSMANS

Glaucia Benedita Vieira (PG/DR – UNESP/Assis)

Simpósio 3

O escritor francês J.-K. Huysmans iniciou sua carreira em 1874, com romances notadamente naturalistas. Após o lançamento de À rebours, em 1884, passou a escrever sem a pressão de moldes literários. Anos mais tarde, Huysmans publicou quatro romances unidos pela mesma temática: Là-bas (1891), En route (1895), La cathédrale (1898) e L’oblat (1903); neles, o protagonista Durtal, buscava por um caminho espiritual, passando do satanismo ao cristianismo. Em Là-bas, Gilles de Rais era objeto de um estudo feito por Durtal, e sua biografia é descrita com pormenores. A força que o mal exerce sobre certas pessoas parece ser irresistível, o mal é sempre absoluto; talvez por essa característica, a história de Gilles de Rais preencheu cada vez mais a vida de Durtal. O bem que guiava Durtal seria insípido sem o contraste com o mal, e foi a convivência com uma história tão obscura que despertou sua curiosidade e o fez desejar conhecer uma Missa Negra. Curiosamente, o romance apresenta mais detalhes biográficos de Gilles do que do próprio protagonista, o que pode levar o leitor a ter, assim como Durtal, a impressão de que o mal é interessante. Durtal muda seu comportamento e, instigado a adentrar em um caminho desconhecido e excitante, passa a viver com valores diferentes aos aceitos pela sociedade.

“THE CAPACITY TO SEE BEYOND”: A JORNADA DE JONAS EM THE GIVER (1993), DE LOIS LOWRY

Guilherme Magri da Rocha (PG/DR - UNESP/Assis)

Simpósio 4

O termo “utopia” é um híbrido, podendo significar “eu-topia” (bom lugar) ou “ou-topia” (não lugar). Essa palavra era um neologismo em 1516, quando foi

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selecionada por Thomas More (1478–1535) para intitular sua obra mais famosa, que descreve uma ilha idealmente organizada no Novo Mundo. Esse lugar ideal transforma-se, especialmente no século XX, no mundo do pesadelo, a distopia. Longe de trazer a libertação, esse último termo caracteriza-se pelo “mau funcionamento” da utopia. Ambos os conceitos se combinam na construção do universo ficcional de The giver (em português, O guardião de memórias), escrito pela norte-americana Lois Lowry (1937) e publicado em 1993. Nessa ficção juvenil, acompanhamos Jonas, de 11 anos, que vive numa comunidade em que não há guerras, doenças, fome ou pobreza. Após ser selecionado como o novo guardião de memórias, o protagonista passa a questionar a filosofia da igualdade (“sameness”, no original) a que se submete a sociedade que ele integra. Este trabalho tem como objetivo apresentar uma possibilidade de leitura da obra supracitada, discutindo como a utopia e a distopia se mesclam ao longo do texto a partir da mudança de percepção de Jonas. Além disso, pretende-se destacar possibilidades intertextuais dessa narrativa.

A ATUAÇÃO DE CORINA DE VIVALDI NA IMPRENSA BRASILEIRA ENTRE 1874 E 1880

Helen de Oliveira Silva

(PG/MT - UNESP/Assis) Simpósio 2

A apresentação figurará os trabalhos de Corina Coaracy (1859-1892), na imprensa periódica brasileira, entre os anos de 1874 e 1880, quando ainda era solteira e conhecida como Corina de Vivaldi. Sua atividade na imprensa é marcada pela colaboração em periódicos que não se destinavam apenas ao público feminino. Filha de Charles F. de Vivaldi (1824-1902), Corina auxiliou o pai, desde o término dos estudos no Colégio Brasileiro em 1874, nos periódicos Ilustração do Brasil (RJ, 1876-1880), órgão com luxuosas gravuras advinda de galvanos importados, e The South American Mail (RJ, 1874-1877), impresso em língua inglesa e destinado à colônia anglo-americana, além de, sempre sob o esteio do pai, dirigido a Ilustração Popular (RJ, 1876-1877), filha dileta da Ilustração do Brasil, com proposta de fornecer leitura agradável, divertida, dedicada à mansão do pobre e à majestade sem brasões. Esses anos foram importantes para a formação na carreira de Corina que, após seu casamento em junho de 1880 com José Alves Visconti Coaracy (1837-1892), ficou conhecida como jornalista, quiçá pioneira, pela colaboração em periódicos nacionais e internacionais e na redação da Cidade do Rio (RJ, 1887-1893), sob a rubrica famosa C. Cy.

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A MODA E O COMPORTAMENTO FEMININO: UM ESTUDO DA REVISTA KOSMOS

Heloísa Leite Imada (GD - UNICAMP)

Simpósio 7

Os periódicos brasileiros da Primeira República são uma fonte importante para o estudo das relações entre imprensa, literatura e cultura. Na chamada Belle Époque os vínculos entre a produção impressa e a cultura urbana se intensificam, ampliando o espaço de expressão dos símbolos da modernidade. A modernização da arte gráfica tem paralelo não apenas com a renovação da literatura, como com as inovações da moda, o que nos permite estabelecer aproximações entre tais manifestações culturais. Este trabalho focaliza a Revista Kosmos publicada mensalmente no Rio de Janeiro, entre 1904 e 1909, sob a direção de Jorge Schmidt. A coleção publicada soma um total de 64 números. Nesse conjunto é possível observar, além dos artigos e textos literários, que já foram objeto de análise por parte de estudos acadêmicos anteriores, as expressões das mudanças ocorridas durante a Belle Époque no comportamento e na moda feminina, essa última apreendida nas imagens e descrições de trajes, acessórios e penteados. Essas novas manifestações no âmbito da vida social são avaliadas em diálogo com a presença da estética Art Nouveau, que fica evidente no projeto gráfico da revista, principalmente nas vinhetas, anúncios, ilustrações e molduras. Tomadas como signo da modernização do país, nos primeiros anos do século XX, as mudanças nos costumes e na moda estão diretamente relacionadas com os demais assuntos da atualidade tratados no periódico. Nesse sentido, nota-se que a intenção dos editores da Revista Kosmos em construir uma imagem da mulher moderna se coaduna com o horizonte de expectativa dos leitores de uma época republicana marcada pelas grandes mudanças sociais, técnicas e políticas.

A MÚSICA COMO INSTRUMENTO FEMINISTA EM A MULHER – REVISTA ILUSTRADA DAS FAMÍLIAS (1883-1885)

Inês Thomas Almeida

(PG/DR - INET-MD/FCSH-UNL – FCT) Simpósio 10

A Mulher, fundada e dirigida por Elisa de Paiva Curado, foi uma das primeiras revistas feministas portuguesas. O ponto de partida era a educação: o objectivo era conseguir a longo prazo uma sociedade igualitária em que homens e mulheres tivessem acesso à instrução sem diferença entre os sexos, terminando

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com “a velha intolerância opressora que sacrificava a educação da mulher no altar dos preconceitos estultos”. A par de textos sobre conquistas femininas históricas ou recentes, educação científica, ou artigos inflamados a favor da lei do divórcio e do sufrágio feminino, a revista continha partituras, ensaios sobre o papel da música na educação, biografias de cantoras e críticas às récitas dos teatros da época, com especial atenção às intervenientes femininas. É possível notar como em vários casos a música serve à apropriação de um espaço tradicionalmente masculino, não apenas físico mas também intelectual da discussão estética. Estes textos dão-nos pistas para o papel das mulheres no espaço musical da época, tanto a nível profissional como amador, e mostra-nos de que forma a música e suas práticas foram usadas num contexto de emancipação feminista oitocentista. Nesta comunicação será dado especial relevo aos vários textos referentes ao Brasil, mostrando de que forma a luta feminista se cruzava no intercâmbio luso-brasileiro.

A PRESENÇA DE EÇA DE QUEIRÓS E FRADIQUE MENDES NO JORNAL PAULISTANO O PIRRALHO (1911-1918) SOB A

PERSPECTIVA DE JUÓ BANANÉRE E MONTEIRO LOBATO

Jaqueline de Oliveira Brandão (PG/MT - UNESP/Assis - CNPq)

Simpósio 2

Os anos finais do século XIX e iniciais do século XX marcaram demasiadamente a vida paulistana pelas constantes revoluções e avanços significativos em todas as esferas que interferem no convívio daqueles que habitavam a cidade, principalmente no domínio cultural e isso pode ser constatado a partir da contribuição que o jornal semanário O Pirralho (1911 – 1918) nos deixou como legado. A partir dele podemos averiguar a presença de Eça de Queirós (1945 – 1900) e especialmente de sua personagem Fradique Mendes, já que lhe foi reservado espaço expressivo em uma enquête, para isso destacaremos sua recepção a partir da observação de dois dos dezesseis artigos-respostas, no caso escritos por Juó Bananére (Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, 1892 – 1933) e Monteiro Lobato (1882 – 1948), para assim avaliarmos, com base nos conceitos de herói de Frye, o protagonista Fradique Mendes por meio de comparação com o ser humano comum e confirmar a relevância de sua presença, assim como todo o universo queirosiano no âmbito paulista.

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ORALIDADE EM NIKETCHE, UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA DE PAULINA CHIZIANE

Jéssica Fabrícia da Silva

(PG/MT – UNICAMP – CAPES) Simpósio 11

Este trabalho pretende observar os processos de escrita empregados pela escritora moçambicana Paulina Chiziane em seu romance Niketche: uma história de poligamia. Desse modo, faz-se necessário compreender o quão importante é a escrita para as mulheres africanas de um modo geral, já que este fato tornou-se um mecanismo de luta e defesa dos direitos das mulheres nas sociedades africanas, criando uma via de combate que não sofre o controle masculino. No que tange aos processos de escritas utilizados neste livro, há uma oralidade pulsante que coordenada toda a estrutura narrativa. A professora especializada em literaturas africanas, Ana Mafalda Leite (2013), faz um longo estudo de como esse fenômeno é aderido à literatura escrita do continente africano e suas consequências no sistema linguístico como um todo. Ademais, em inúmeras entrevistas, Paulina Chiziane faz questão de (re)afirmar que as técnicas narrativas de suas obras são calcadas na oralidade, chamando a si de “contadora de histórias”. Assim, por meio de frases curtas e rimas internas que trazem à prosa o toque da poesia, ou melhor, o toque do canto dos mais-velhos, canto este tomado.

ASPECTOS DO FEMININO NA POÉTICA ORAL AFRO-BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: AS MULHERES

REPRESENTADAS POR MÃE BEATA DE YEMONJÁ

Juliana Franco Alves-Garbim (PG/DR - UNESP/Assis - CAPES)

Simpósio 11

A representação das vozes poéticas afro-femininas na cultura oral e popular contemporânea apresenta grande relevância quando procuramos entender o papel da mulher na propagação de costumes e na manutenção cultural por meio da voz. Partimos do pressuposto que as vozes afro-femininas presentes no arcabouço de histórias populares são de matriz afrocêntrica. Entendemos que o solo cultural africano abriga não apenas uma sociedade oral como também matrilinear. Movidas pela diáspora negra, as mulheres africanas trouxeram consigo a força da voz e uma tradição representada pelo sagrado feminino. Diante disso, este artigo busca evidenciar na pessoa da contadora de histórias Mãe Beata de Yemonjá, o poder dessa ancestralidade afro-feminina, além de

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entender os arquétipos femininos que compõe a sua voz autoral. Para tanto, contaremos com teóricos da ordem de Stuart Hall, Renato Ortiz, Paul Zumthor e outros pesquisadores da identidade cultural e da voz.

CECÍLIA MEIRELES EM SEMANÁRIOS PORTUGUESES: CONTRIBUIÇÕES PARA O DIABO

Karla Renata Mendes

(DR – Universidade Federal de Alagoas) Simpósio 2

A ligação entre Cecília Meireles e Portugal sempre passou por questões familiares, hereditárias, pessoais. Para além disso, construiu-se também a partir de ligações literárias que lhe permitiram uma maior inserção em revistas e jornais lusitanos. Essas publicações foram cruciais na recepção da poesia ceciliana em Portugal e na construção de sua figura literária ali, pois, além de contextualizarem a participação da autora no cenário artístico português, ainda reforçaram a interação estabelecida com outros escritores e personalidades do país. Embora tratando-se de uma participação pontual sendo, inclusive, difícil rastrear como poemas de Cecília apareceram no semanário O Diabo, evidencia-se que nessa publicação, por exemplo, o poema “Retrato”, um dos textos cecilianos mais emblemáticos, foi publicado, em 1939, com uma quarta estrofe, suprimida, posteriormente, na edição de Viagem. Trata-se, portanto, de uma potencial descoberta que revela outras facetas da poesia ceciliana, verificáveis somente nesse repositório aparentemente despretensioso que é o periódico.

ÁLVARO LINS E A CONSTRUÇÃO DO CÂNONE MODERNISTA BRASILEIRO

Laís Iaci Mirallas de Carvalho

(PG/MT - UNESP/Assis) Simpósio 1

Álvaro Lins foi um crítico literário que marcou a literatura brasileira do século XX pela grande influência de seus artigos e ensaios publicados nas páginas de jornal. O auge de sua atuação como crítico de rodapé foi a década de 1940, tempo em que, como crítico titular do importante jornal diário carioca Correio da Manhã, tornou-se um dos analistas literários mais influentes do país. Ao final de sua carreira, no ano de 1963, publicou a obra Os Mortos de sobrecasaca: obras, autores e problemas da literatura brasileira. Ensaios e estudos 1940-1960, em que reúne ensaios e estudos oriundos das páginas de jornal em livro, para fazer um balanço da

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importância e impacto dos autores modernistas na literatura brasileira. Esta composição indica um exame dos vinte anos de amadurecimento das propostas dos autores modernistas na poesia, no romance, no teatro, além de uma análise sobre a posição de grandes intelectuais de sua época. Desta forma, o estudo de Álvaro Lins e de sua obra Os Mortos de Sobrecasaca são primordiais para a definição do cânone da literatura modernista.

A DISTOPIA COMO UMA EPISTEME AFRICANA?

Larissa da Silva Lisboa Souza (PG/DR – USP – CAPES)

Simpósio 4 Dez anos após a Independência da Costa do Marfim, o escritor Ahmadou Kourouma publica o romance Les Soleils des Indépendances, considerado pela crítica um dos textos precursores do chamado afro-pessimismo (KESTELOOT, 2001). Um texto inovador frente às historiografias africanas marcadas pela perspectiva utópica, resultado de algumas correntes político-ideológicas, como o pan-africanismo e a negritude. Nas décadas sequentes, muitos são os textos que denunciam a situação vexatória das falsas independências, porém atrelados à esperança como parte da construção discursiva, principalmente nos textos de autoria feminina, a partir da década de 80 do século XX. Mas se o camaronense Célestin Monga (2010) reflete sobre o niilismo como possibilidade de discutir o continente africano na contemporaneidade, é possível desvencilhar as narrativas de autoria feminina das marcas utópicas? A distopia, nesse sentido, seria parte de uma episteme historiográfica africana contemporânea?

MARIANA COELHO: FEMINISMO, EDUCAÇÃO, MODA E POESIA EM PERÍODICOS

Leonardo Soares Madeira Iorio Ribeiro

(PG/DR - IUPERJ - UCAM) Simpósio 2

Esta comunicação objetiva apresentar a colaboração da luso-brasileira Mariana Coelho -escritora, poetisa, feminista e educadora- em periódicos. Mariana Coelho, desde os fins do século XIX, passou logo a contribuir para a imprensa paranaense, publicando crônicas, poesias e temas sobre o feminismo, dialogando com intelectuais da época. Sendo titular de uma coluna sobre moda, em jornal curitibano, no início do séc. XX, aproveitou para defender e propagar ideias feministas, gerando debates. Mariana Coelho colaborou em jornais anticlericais e

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maçônicos. Idealizou e fundou um renomado colégio em Curitiba, em 1902, tendo exercido por décadas a educação, cujo tema Mariana Coelho levou aos periódicos, seja para defender métodos de ensino, seja para propagar a educação como meio de “desenvolvimento” do país. Figurou como colaboradora no Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiras. Envolveu-se em acirradas polêmicas em jornais, defendendo ideias ligadas ao feminismo e ao democratismo. De suas pesquisas e colaborações em periódicos, publicou, no Rio de Janeiro, “A Evolução do Feminismo” (1933), trabalho com mais de 600 páginas, com prefácio de Rocha Pombo e Dário Vellozo.

A DEMONIZAÇÃO DA MULHER NEGRA NA LITERATURA DE CORDEL

Letícia Fernanda da Silva Oliveira

(PG/DR – UNESP/Assis) Simpósio 11

A imagem da mulher negra na literatura foi, muitas vezes, construída de maneira pejorativa, herança que remonta aos tempos da Inquisição, pelo menos no Brasil. A mulher negra tornou-se alvo de distinções não apenas na literatura erudita, mas também na literatura popular. Na Literatura de Cordel, por exemplo, a mulher negra figura, majoritariamente, de maneira negativa, sendo constantemente diminuída e demonizada. São vários os folhetos em que a mulher aparece como a personificação dos males mundanos, agindo como a intercessora diabólica, trazendo para o mundo terreno tudo que poderia perturbar a ordem vigente; outras vezes é representada como o próprio diabo. Como estes folhetos cumpriam uma função didático-moralizante, tais mulheres representavam exemplos de moralidade às avessas, pois já nasciam predeterminadas a servir de contraponto à verdadeira conduta feminina.

A CIDADE E A INFÂNCIA: JOSÉ LUANDINO VIEIRA E O PROCESSO DE DESCRIÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL DE

ANGOLA

Liamara de Oliveira Campos (GD – UNESP/Assis)

Simpósio 12

O presente trabalho faz parte do projeto intitulado: “De a Cidade e a infância a Luuanda: o amadurecimento intelectual e literário de José Luandino Vieira” e tem por objetivo estabelecer as diferenças e avaliar as transformações

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apresentadas em sua obra a Cidade e a Infância. O autor utiliza seus textos como instrumento de luta política contra o colonialismo português e se defronta contra o despotismo imposto pela ditadura salazarista, consagrando-se como um dos intelectuais ativos e modernos no cenário de Angola. Os aspectos da nação angolana presentes nestas estórias, de José Luandino Vieira, serão relatados de modo a destacar algumas antecipações do que veio a acontecer durante o regime de ditadura imposto por Antonio de Oliveira Salazar. As estórias, como o próprio autor as intitulou, escritas de forma aparentemente independentes, apresentam uma ordem histórica linear dos acontecimentos no país em processo de colonização, o que evidencia a necessidade de estabelecer uma análise sequencial delas, para que, assim, seja possível descrever um panorama da identidade nacional criada por José Luandino Vieira.

EMBATES ENTRE POPULAR, ERUDITO E NACIONAL NA DRAMATURGIA DE CARLOS ALBERTO SOFFREDINI

Lígia Rodrigues Balista

(PG/DR – USP – FAPESP) Simpósio 5

O estudo da dramaturgia de Carlos Alberto Soffredini nos possibilita olhar para conceitos fundamentais aos estudos de teatro brasileiro moderno. A análise de suas peças e do debate sugerido por esse dramaturgo nos permite problematizar algumas classificações propostas pela crítica. Interessa-me, assim, investigar os conceitos de popular, erudito e nacional na obra soffrediniana, em geral associada ao teatro popular e ao aproveitamento de textos anteriores. De que popular se trata nesse caso? Qual oposição em relação ao erudito se aponta, ao classificá-lo assim? A que tradição de teatro nacional ele pode ser aproximado? E ainda: de que maneira suas escolhas estéticas revelam uma crítica à sociedade brasileira e ao próprio teatro? Pesquisando a representação do caipira na dramaturgia de Soffredini, deparo-me constantemente com essas questões ao refletir sobre as avaliações dessa obra – relevante na produção teatral da segunda metade do século XX, mas ainda sem uma fortuna crítica plenamente estabelecida na crítica literária. A partir do estudo de peças como Na carrêra do divino (1979) e Vem buscar-me que ainda sou teu (1979), por exemplo, pretendo contribuir ao debate sobre a dramaturgia desse escritor que tanto pesquisou sobre cultura brasileira.

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O SAGRADO E O PROFANO NO ROMANCE APARICIONES (1996), DE MARGO GLANTZ

Luan Cardoso Ramos

(PG/MT – UNESP/Assis – CAPES) Simpósio 8

A partir do contexto literário latino-americano, a escritora mexicana Margo Glantz concebe seu romance Apariciones (1996), fundindo crítica, erotismo, literatura e leituras subversivas das tradições mexicanas. O romance apresenta duas histórias, narradas através de brevíssimos relatos fragmentados. Por um lado, os capítulos descrevem os exercícios espirituais de duas monjas que se flagelam para alcançar uma ascese mística. Por outro lado, vemos a história de um casal de amantes que explicita seus atos sexuais. Desse modo, a narrativa apresenta uma escritura corpórea e erótica, e um dos caminhos a ser percorrido será investigar como o erotismo sagrado se distancia da religiosidade e se aproxima do profano, por meio da recriação paródica dos exercícios espirituais das monjas, e como o erotismo profano se assemelha ao sagrado, uma vez que há a busca pelo corpo do amado, num constante ritual procurando a unidade primitiva do ser. Para tanto, nossa análise será fundamentada de acordo com as teorizações de Georges Bataille (1957) sobre o erotismo e Linda Hutcheon (1985) sobre a paródia pós-moderna.

MULHERES DE VANGUARDA: O ESPAÇO DO FEMININO NAS REVISTAS MODERNISTAS BRASILEIRAS

Luciana Francisco

(GD - Unesp/Assis) Simpósio 2

No presente trabalho, busca-se estabelecer um breve panorama sobre o lugar destinado às mulheres nas revistas modernistas da década de 1920 no Brasil. Ao nos referirmos à presença feminina no modernismo brasileiro é necessário ter em conta diversos nomes que atuaram nos bastidores, mas foram decisivos na gênese das vanguardas no país, seja por meio de incentivos financeiros ou abrindo suas casas para reuniões intelectuais. A partir da noção de “mulher de letras” proposta por Constância Duarte e Kelen Paiva numa forma de contraposição do consagrado termo “homem de letras”, pode-se rever a trajetória de inserção das jovens escritoras e pintoras vinculadas à estética modernista nos primeiros periódicos de divulgação do movimento, bem como refletir sobre as ausências e as dificuldades por elas enfrentadas. Neste contexto,

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a pintura ocupou um espaço fundamental neste ambiente predominantemente masculino, o que possibilitou a divulgação e o reconhecimento do trabalho das mulheres que se postaram à favor das artes de vanguarda.

A MÁQUINA E O TEMPO NA PEÇA “O HOMEM COMO INVENÇÃO DE SI MESMO”, DE FERREIRA GULLAR

Luis Marcio da Silva

(PG/MT – UNESP/Assis) Simpósio 5

O presente resumo tem por objetivo indicar um breve panorama histórico sobre a dramaturgia do escritor Ferreira Gullar, mas sobretudo atenta-se à sua última peça “O homem como invenção de si mesmo” (2012). Dono de um pequeno repertório no gênero dramático, grande parte das peças de Ferreira Gullar foram escritas em colaboração com dramaturgos de grande envergadura no cenário brasileiro. A título de exemplo, “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” (1966), com Oduvaldo Vianna Filho; “Dr. Getúlio, sua vida e sua glória” (1982), com Dias Gomes. Com estas peças, Gullar colaborou de forma fecunda com o teatro de protesto e resistência do Grupo Opinião, surgido sob o (des)controle do regime militar no Brasil. Após um longo período de distanciamento da criação teatral, Gullar volta com a peça “O homem como invenção de si mesmo”, que tem como premissa uma espécie de tratado filosófico da condição crítica do sujeito contemporâneo. A peça traz agravantes oriundos da ascensão moderna e, não obstante, o monólogo cria em si uma lenitiva atmosfera sublimada na literatura do sujeito mal correspondido pela mulher e agarrado à sua máquina Lettera 22.

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO REVISITADO: HUXLEY E A DISTOPIA

Luiz Fernando Martins de Lima

(DR – UNESP/Assis) Simpósio 4

Em 1932 o escritor e filósofo inglês Aldous Huxley (1894-1963) publica aquela que talvez seja sua obra mais representativa, Brave New World (Admirável mundo novo), na qual Huxley cria uma Londres futurista, onde, entre outros aspectos, não há mais concepção natural – a maternidade é vista como uma obscenidade – a promiscuidade foi erigida enquanto comportamento desejável, e a felicidade é mandatória, alcançada compulsoriamente por uma droga chamada soma. O

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romance, além de ter se tornado um dos mais importantes do século XX, se tornou, juntamente com 1984 de George Orwell, o DNA do romance distópico, gênero narrativo que se sobressai em relação ao seu predecessor utópico a partir de meados do século XX (WALSH, 1962). Em 1958, Huxley publica Brave New World Revisited (Regresso ao Admirável Mundo Novo), uma coletânea de ensaios no qual o autor elenca e analisa temas de Admirável Mundo Novo baseado em vasta pesquisa científica e filosófica, questionando até que ponto a visão do romance corresponde a uma profecia, ou seja, em que medida o mundo real se aproxima da distopia. Está comunicação abordará as obras de Huxley supracitadas enquanto mapas do gênero distópico.

A DESSACRALIZAÇÃO DA “VIRGEM DO SAGRARIO” EM UMA LEYENDA DE BÉCQUER

Maira Angélica Pandolfi

(DR – UNESP/Assis) Simpósio 8

A Catedral de Toledo, na Espanha, é reconhecida em todo mundo por guardar a imagem da “Virgem do Sagrario”, padroeira da cidade. Seu nome se deve ao fato de conservar-se no famoso lugar sagrado conhecido como Sacrarium; local onde eram guardadas as relíquias dos santos e vasos de grande valor, além de ser o espaço reservado ao santíssimo sacramento, a Eucaristia. A virgem do Sagrario também é conhecida como Santa Maria de Toledo, pois dessa forma era chamada nas célebres cantigas do rei Alfonso X, “el Sabio”. Dentre as inúmeras virgens que pertencem ao catolicismo espanhol, esta é uma das mais veneradas. Gustavo Adolfo Bécquer (1836-1870), poeta romântico espanhol, tornou-se um clássico da literatura de cunho fantástico graças às suas “leyendas” e, em uma delas, surge como elemento central a Virgem do Sagrario. Trata-se da leyenda “La ajorca de oro” (O bracelete de ouro) que traz em seu centro a profanação de um lugar sagrado e, consequentemente, a profanação da Virgem do Sagrario. Pretende-se apresentar nessa comunicação uma exposição dos elementos sagrados e profanos, com ênfase no processo de dessacralização da imagem da referida virgem na leyenda “La ajorca de oro”, onde o autor se utiliza do mito do duplo para instaurar o momento mais tenso da narrativa. Esse momento é delineado por um procedimento paródico, onde os protagonistas Pedro Orellana e María Antúnez podem ser analisados como a outra face de alguns mitos bíblicos.

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A MULHER CASTA, O ENGANO E A TRANSFIGURAÇÃO: A HISTÓRIA DE “MADONNA ZINEVRA”, DE GIOVANNI

BOCCACCIO, E SUA ADAPTAÇÃO PARA A LITERATURA DE CORDEL

Marcela Zupa da Silva Binatto

(PG/MT - UNESP/ Assis - CAPES) Simpósio 11

A novela Madonna Zinevra, de Giovanni Boccaccio, narra a história de uma esposa que, vítima de engano, vê na fuga um meio de livrar-se da morte certa. Sem saber o porquê de sua trágedia, resolve se transfigurar em homem para tentar uma vida nova. Como Sicuram, sai em uma jornada para provar sua inocência, encontrando respostas ao descobrir que seu infortúnio é fruto de uma aposta de seu esposo com um viajante. O papel da mulher submissa ganha novos traços, pois travestida em homem Zinevra conquista seu espaço, o respeito de pessoas importantes e a reparação do mal sucedido. A dicotomia empregada por Boccaccio: mulher x homem, verdade x mentira, honestidade x desonestidade, serve de base para o poeta nordestino, o qual confere à narrativa recontada uma cadência oral típica do gênero cordel. Nesta comunicação pretendemos discutir as técnicas utilizadas no processo de adaptação da novela erudita para o contexto da poesia popular.

CONVERGÊNCIAS NATURAIS E MELANCÓLICAS: A POETICIDADE DA PROSA DE SIDONIE-GABRIELLE COLETTE E

A NARRATIVIDADE DA POESIA DE CECÍLIA MEIRELES

Márcia Eliza Pires (DR – UNESP/Araraquara)

Simpósio 3

Escritora, jornalista, atriz de music hall, colecionadora de art nouveau, incentivadora de Salões de arte Sidonie- Gabrielle Colette (1873 – 1954) é dotada de uma personalidade artística tão variada quanto controversa. Tem vasta produção em prosa – cerca de cinquenta romances. Dentre as obras, destacamos Claudine à l’école (1900), Dialogues des bêtes (1907) Les Vrilles de la vigne (1908), Chéri (1920). Em Vrilles de la vigne, por exemplo, é possível encontrar pequenas narrativas em que, a princípio, não se evidenciam traços nítidos que caracterizam nem a prosa, nem a poesia. A ausência de um fio narrativo no qual se desencadeia a sucessão de acontecimentos, a preferência por certa rarefação temporal, o estilo enunciativo semelhante à expressão de um eu lírico fazem

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com que os textos dessa obra de Colette proponham a supressão de possíveis fronteiras entre os gêneros literários. Em valorização à esfera do natural, a evocação metafórica de plantas e animais promove o caráter bucólico que instaura a tonalidade idílica, mas sem abdicar do instigante pensar denso e melancólico. Cecília Meireles (1901 – 1964) foi poetisa, cronista, tradutora, folclorista, professora, desenhista e é constantemente lembrada por sua vasta obra artística e intelectual. Sua densa produção poética, dentre elas Viagem (1939), Vaga música (1942), Mar absoluto e outros poemas (1945), Retrato natural (1949), Romanceiro da inconfidência (1953) é definida pela inquietação existencial e pela constatação da total predominância da transitoriedade. Assim como Colette, Cecília Meireles privilegia o poder simbólico do aspecto natural, destacando sua profunda sugestão no que concerne às inúmeras representações para a transformação do ser. O caráter contemplativo de sua poesia faz com que o eu lírico ceciliano muitas vezes adote o estilo narrativo ou mesmo ensaístico, já que descreve os acontecimentos em suas demoradas reflexões sobre a fusão dos dados da exterioridade com suas próprias impressões. O objetivo de nosso trabalho consiste na comparação da produção literária dessas duas escritoras, demonstrando que a profundidade e a agudeza de suas escritas transpõem a tentativa de conceber a literatura por meio de categorias estanques.

LISBOA: TIPOS POPULARES PELA PENA DE MARIA ARCHER

Márcio Matiassi Cantarin (DR - UTFPR/Curitiba)

Simpósio 10

A Revista Municipal, publicação trimestral da Câmara de Lisboa, foi editada entre 1939 e 1973 com fins claramente propagandistas e de enaltecimento do regime do Estado Novo. Teve entre seus colaboradores nomes de destaque no cenário político e cultural português, como Marcello Caetano, Duarte Pacheco, Hipólito Raposo, Joaquim Leitão, e da já então célebre escritora e jornalista Maria Archer, cuja estreia literária se dera no Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro para o ano de 1919. Entre 1939 e 1945, Archer publicou uma série de dez crônicas que caricaturizavam os tipos populares portugueses de então (o padeiro, o cocheiro, a lavadeira, a criada, a peixeira, o engraxador, entre outros), fazendo uma espécie de etnografia anedótica desses grupos. Trata-se da descrição e análise (ainda que superficial) de aspectos “pitorescos e intimidades citadinas” as quais, segundo o editor da revista, poderiam ter algum “interêsse de documentário para as gerações vindoiras”. O objetivo desta comunicação é apresentar essa faceta menos conhecida da obra de Maria Archer, outrossim, especulando de que modo sua colaboração na revista, com textos de

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amenidades, participam do posicionamento político conformado ao regime que a autora teria nesse período e que abandonaria mais tarde.

JOSÉ VERÍSSIMO E AS DIMENSÕES DO TEATRO BRASILEIRO

Marcio Roberto Pereira (DR - UNESP/Assis)

Simpósio 1

Antes de tornar-se o capítulo XVII da História da literatura brasileira (1916), sob o título de “O teatro brasileiro”, José Veríssimo abordou esse tema em diversas publicações. Assim sendo, esse trabalho refaz o percurso das ideias do crítico paraense sobre o teatro nacional com o objetivo de mostrar o amadurecimento das perspectivas do crítico ao compor o capítulo XVII de sua História da literatura. Tal análise inicia-se com a aproximação de uma Conferência no Conservatório Dramático de São Paulo no dia 12 de setembro de 1910 que, posteriormente é publicada por José Veríssimo na Revista da Academia Brasileira de Letras (1º ano, número 2, outubro de 1910. p. 27-33). Sob título original, tanto da conferência quanto do artigo, de “O teatro brasileiro”, José Veríssimo aproveita-se integralmente deste ensaio para compor o capítulo XVII de sua História da literatura brasileira. Nota-se, portanto, o caráter orgânico da obra de Veríssimo, cujo resultado é a construção de uma história da literatura que é delineada, em jornais, revistas, palestras, no decorrer da carreira do crítico.

A TENSÃO DIALÉTICA EM A BOA ALMA DE SETZUAN, DE BERTOLT BRECHT

Marco Antonio Domingues Sant’Anna

(DR – UNESP/Assis) Simpósio 8

Tendo estabelecido em minha tese de doutorado como característica distintiva da parábola antiga o amimetismo nas categorias da personagem, do tempo e do especo, no desenvolvimento deste trabalho sobre a peça de Brecht, respeitando as nuances do texto, detectei alterações relevantes na instância da personagem. De fato, a/o protagonista de A boa alma de Setzuan, Shen Tei/Shui Ta, emblematicamente moderna/o, caracteriza-se por ser completamente fragmentada/o. É simultaneamente mulher e homem; é anjo e prostituta; é pobre e rico; é plebéia e de linhagem real; é sensível e carrasco; distribui aos pobres e usa-os como escravos; enfim, é o protótipo da tensão dialética entre o Bem e o Mal convivendo, ao mesmo tempo, em um mesmo ser. Como

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personagem, Shen Te/Shui Ta não apresenta um caráter plenamente acabado, pronto ou perfeito. Em contrapartida, a personagem é revelada como fragmentada e instável. A combinação em sua personalidade de elementos incombináveis faz dela um ser em constante conflito consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. Assim, a desigualdade de sua natureza e a ambiguidade de sua essência, reveladas pelo impossível enquadramento no modelo idealizante que lhe é imposto pelos deuses ou por seu primo Shui Ta – que, na verdade é a outra face de seu ser – levam Shen Te a um desespero impossível de ser atenuado, como sugere o desfecho da peça. Assim, a marca distintiva de sua humanidade parece residir exatamente nesse caráter fragmentário e complexo que, miticamente, poderia corresponder à quebra da unidade paradisíaca, com o pecado edênico da emancipação do indivíduo e de sua conseqüente expulsão do paraíso.

ÁLVARO LINS E A FICÇÃO QUEIROSIANA: OS MAIAS (1888)

Marcos Antonio Rodrigues (MT – UNESP/Assis)

Simpósio 1

A produção crítica de Álvaro Lins (1912-1970) mostra-se relevante para a história literária brasileira, produzida na primeira metade do século passado, seu legado intelectual aborda não apenas a produção nacional, mas uma parcela significativa da cultura ocidental. Desse modo, visamos aqui estabelecer um diálogo em que se cotejam as relações culturais entre Brasil e Portugal, assim o crítico será abordado enquanto leitor da produção de Eça de Queirós (1845-1900). Nesse sentido, será discutida a sua visão sobre os romances queirosianos, sobretudo, no que diz respeito à obra Os Maias (1888). Em História Literária de Eça de Queirós (1939), podemos então mapear as análises do crítico sobre o romance eciano tanto no que tange aos seus recursos estruturais, eixos temáticos e sobre a própria conjuntura de Eça no panorama da literatura portuguesa.

GUIOMAR TORREZÃO E AS CARTAS LISBONENSES: CORRESPONDÊNCIA PORTUGUESA NAS PÁGINAS DE O

LIBERAL DO PARÁ Maria Lucilena Gonzaga Costa Tavares

(PG/DR - UFPA) Simpósio 7

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O Grão-Pará, por ter sido uma Colônia portuguesa à parte na América, vivenciou, no século XIX, um contexto singular no que diz respeito à atuação da imprensa. Os imigrantes portugueses que aportavam nessa província fundavam jornais com características próprias, dos quais se tornavam editores e redatores, oportunizando ao público paraense maior acesso à leitura, além de permitirem às mulheres publicarem seus escritos. Foi o que ocorreu com Guiomar Torrezão (26/11/1844 – 22/10/1898), escritora lisbonense que se tornou, na década de 1870, correspondente do jornal O Liberal do Pará. Neste sentido, o objetivo desse trabalho é (re)apresentar aos pesquisadores e demais interessados na presença feminina em periódicos, as publicações da referida escritora – enquanto fonte documental – a fim de ratificar as contribuições da mulher nos jornais oitocentistas, especialmente aquelas endereçadas às leitoras paraenses. Palavras-chave: Escritora Portuguesa; Jornal Paraense; Século XIX. MELANCOLIA E RESIGNAÇÃO: RETRATO DE UM BUROCRATA

Mariana Mansano Casoni

(PG/DR - UNESP/Assis) Simpósio 3

No ano de 1937, O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, é lançado no Brasil. Obra muito bem recebida pela crítica por sua prosa leve e descontraída, no entanto o lirismo da prosa é a maneira de o narrador-personagem se posicionar diante do mundo e das dificuldades por ele encontradas em sua vida. A leveza da prosa ressalta a melancolia de Belmiro: é uma forma que ele tem de poupar-se do confronto com as situações de seu cotidiano. Há assim um narrador-personagem resignado e melancólico, no qual sua única saída é a escrita de sua vida, mesmo tecendo sua narrativa sob o véu do lirismo, a fim de modificar a realidade a seus olhos, ele se vê incapaz de tomar alguma atitude. Esta resignação crônica e melancólica tem como pano de fundo a década de 1930, cujas transformações políticas estavam em pleno vapor no país e, que, agem de forma direta na vida das personagens. Existe, portanto, um conflito social instaurado não somente pela inadequação do protagonista em relação à sua vida, mas também em relação às outras personagens, há um incomodo constante que não é maior justamente pelo lirismo e leveza da linguagem empregados pelo autor mineiro.

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RESSONÂNCIAS BÍBLICAS NA FICÇÃO DE CARLOS HEITOR CONY

Marina Ruivo

(DR – UNESP/Assis) Simpósio 8

Desde o início de sua produção ficcional, na segunda metade dos anos 1950, o ex-seminarista Carlos Heitor Cony vem estabelecendo em suas obras uma relação bastante complexa com a religiosidade cristã e, em especial, católica. Assim, se em O ventre, seu primeiro romance, manifestava-se um veemente desejo de recusa da religiosidade, seus romances da primeira fase (1958-1974) conformam a cada passo um maior diálogo com o imaginário cristão e bíblico. Nos romances Pessach: a travessia, publicado em 1967, e Pilatos, lançado em 1974, dois importantes marcos em sua ficção, essa relação é ampliada e aprofundada, sendo ambos os livros marcados pelo imaginário bíblico desde os seus títulos. Nesta comunicação, iremos nos deter na análise das ressonâncias bíblicas nesses dois romances, pautando-nos nas reflexões teóricas do crítico canadense Northrop Frye.

UMA NOVA VIA CRUCIS: AS REPRESENTAÇÕES DO MITO, DE VIDA E DE MORTE NA LITERATURA DE CLARICE LISPECTOR

Marta Francisco de Oliveira

(DR – UFMS/CPCX) Simpósio 8

Na literatura clariceana, percebe -se a criação de um diálogo entre mitos religiosos e o texto ficcional, possibilitando sua inserção no cotidiano e a releitura do elemento sagrado de um modo tão poético quanto inusitado, revelador e provocador. As personagens de Lispector, sob vários prismas, reencenam o mito bíblico, ressignificando-o, porém sem lhe retirar o elemento mágico, místico, mítico, resvestindo-o de carnalidade, de humanidade. Neste trabalho, o conto “Via crucis”, inserido na obra A via crucis do corpo, de 1974, estabelecerá um contraponto com O lustre, segundo romance da escritora, publicado 1946, para rastrear o valor simbólico dado ao mito e às personagens na literatura de Clarice. O lustre apresenta uma protagonista que, em uma espécie de imitação de Deus, transgride o elemento sagrado desde sua gênese, espalhando ou ressoando a transgressão em outras personagens femininas, enquanto que em “Via crucis” o mito é praticamente reconstruído, atualizado, seguindo os padrões bíblicos da dicotomia vida/morte, já presente em O lustre,

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fundamental para a criação e manutenção do ritual que conduz à salvação, cujo valor simbólico é ressignificado na reencenação de um episódio consagrado.

O MAL SEGUNDO C.L.: A SOCIEDADE DAS SOMBRAS NO ROMANCE O LUSTRE (1946)

Moisés Gonçalves dos Santos Júnior (PG/DR - UNESP/Assis – CAPES)

Simpósio 3

Com um título que remete à luz, Clarice Lispector publica, em 1946, seu segundo romance, O lustre, tendo como “enredo” a peregrinação da protagonista Virgínia, desde a infância, no campo, até a vida adulta, na urbe frenética, vivendo suas agruras interiores e os dolorosos processos de alteridade para se descobrir/construir enquanto sujeito no mundo. Entretanto, a claridade que o objeto lustre carrega em sua semântica não se transmuta para a matéria romanesca, pelo contrário, a narrativa é densa, impregnada de silêncios, sensações, segredos e obscuridade. Nesta breve comunicação, pretendemos analisar a primeira parte do referido romance, onde a pequena Virgínia se inicia no mal por meio daquilo que ela e o irmão Daniel nomeiam Sociedade das Sombras. Para tanto, nos ancoraremos nos pressupostos teóricos de Yudith Rosenbaum (1999), em sua obra Metamorfoses do mal: uma leitura de Clarice Lispector, na qual a autora curiosamente não se debruça sobre O lustre, dando margem, assim, para tecermos algumas considerações sobre a presença do mal nesta narrativa, sobretudo na sua primeira parte, mas que reverberarão ao longo de todo o romance na personalidade misteriosa e inquietante de Virgínia.

UM ESTUDO SOBRE A PERSONAGEM HERMIONE GRANGER COMO SÍMBOLO DA LUTA SOCIAL DA MULHER NA

SOCIEDADE MODERNA

Naiana Ghilardi (GD – UNESP/Assis)

Simpósio 4

Este trabalho tem como finalidade analisar a personagem Hermione Granger, nas obras Harry Potter e o Cálice de Fogo e Harry Potter e a Câmara Secreta, em relação às suas atitudes e sua personalidade apresentadas ao decorrer das obras, que estão relacionadas às concepções de preconceito social e a luta da mulher por um papel igualitário na sociedade. Serão utilizadas as duas obras em versão

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original Harry Potter and the Goblet of Fire (2000), de J.K. Rowling, Harry Potter and the Chamber of Secrets (1998) de J.K.Rowling e suas traduções para o português, Harry Potter e o Cálice de Fogo (2000) e Harry Potter e a Câmara Secreta (2000). Serão utilizados como base para o estudo das obras e sua personagem textos teóricos relacionados à figura feminina na literatura e na sociedade, tais quais, “Crítica feminista” e “Literatura de autoria feminina”, de Lúcia Osana Zolin, “A crítica feminista no território selvagem”, de Elaine Showalter, e “Da questão da mulher à questão do gênero”, de Susana Bornéo Funk.

ÉTICA E RESISTÊNCIA NO DISCURSO LIBERTÁRIO

DE ALBA VALDEZ

Odalice de Castro Silva (DR - UFC) Simpósio 10

Este exercício crítico reencena mais do que uma troca de nomes - Maria Rodrigues Alves Peixe (1874 - 1962) por Alba Valdez, o nome com que se tornaria uma das pioneiras do discurso e da ação nas lutas libertárias pela inserção de uma voz, com a coragem de lançar, para além de seu lugar de origem, o nordeste do Brasil entre os séculos XIX e XX, as contingências e paradoxos de sua condição - concentra-se na construção de uma ética de convicção por suas ideias e sonhos. Com discursos em instituições culturais e acadêmicas, contribuições para Almanaques, para o do Ceará, 1904, 1922, 1928; para o de Lembranças Luso-Brasileiro, 1903, 1905, em jornais, na escrita híbrida dos livros Em Sonho (1901 e 2ª edição em 2017) e Dias de Luz (1907), Alba Valdez notabilizou-se por uma inclinação libertária, enquanto sofria a força de tendências artísticas e de pensamento que se estendiam pelas décadas de 1890 a 1930, na defesa de princípios da Justiça como fator de humanização, nos anos conturbados, marcados por conflitos bélicos e por ditadura, os quais semearam medo e sofrimento dos dois lados do Atlântico. Embora as “ligações difíceis” entre vida e obra assinalem obstáculos a quem abre arquivos e escaninhos, e sejam incontornáveis para uma contextualização do discurso valdeziano em seu espaço-tempo, é de dentro delas que procuramos, nas marcas da memória arquivada, os registros de alguns elementos de uma presença inquieta, vivendo os equívocos e embaraços de tradições e novidades, colhidos no discurso dos 88 anos que lhe foram dados, sem perder a direção de seus sonhos.

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A REVISTA DOS TEATROS: UM ESTUDO SOBRE A CRÍTICA TEATRAL EM PERIÓDICOS ILUSTRADOS

Orna Messer Levin

(DR – Unicamp) Simpósio 2

A presença do teatro nos periódicos brasileiros, ao longo do século XIX, acompanha o processo de consolidação e expansão mundial da mídia impressa. No entanto, essa relação estreita entre os assuntos dos palcos e os periódicos ainda constitui objeto pouco explorado nos estudos históricos e literários. Está claro que o assunto teatral ocupou diferentes rubricas nos periódicos ilustrados e ganhou diversas formas na representação gráfica, modificando a faculdade crítica e imaginativa dos leitores. Esse trabalho procura mostrar de que maneira os temas relativos aos palcos motivaram um debate crítico, alimentando as resenhas aos espetáculos dramáticos, e contribuíram para moldar a percepção visual do público a quem se destinavam suas imagens e ilustrações. Para essa análise, considera-se, principalmente, as produções da segunda metade do século XIX, focalizando o trabalho do crítico e dramaturgo França Jr. em revistas ilustradas como Bazar Volante e Hieráclito.

NARCISA AMÁLIA: PRIMÓRDIOS DE UMA JORNALISTA

Priscila Renata Gimenez (DR - UFG)

Simpósio 7

A renomada poetisa do século XIX, Narcisa Amália, também é conhecida por sua importante atuação como jornalista a partir dos anos de 1870. Muitos estudiosos, seguindo seu biografo conterrâneo (Oscar, 1994), a consideram a primeira jornalista brasileira profissional. Para esta intervenção propomos uma breve apresentação dos artigos da referida escritora em dois dos primeiros jornais em que atuou: A República (1872-1874) e O Sexo Feminino (1873-1876). Além disso, a análise da escritura de Narcisa Amália será o foco deste estudo, visando a investigação dos traços de uma escrita feminina, a verificação de vestígios de uma escrita jornalística mais profissional e, enfim, as relações tangíveis de sua escrita e a presença feminina com o espaço e contexto dos respectivos jornais. A hipótese a ser averiguada versa sobre o então iminente discurso jornalístico de opinião de Narcisa Amália, republicana e abolicionista, que conheceu grande sucesso entre os leitores, quando dos calorosos debates sobre a abolição dos escravos na imprensa.

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ERRANTES, APÁTRIDAS E MALDITOS:

ANTISSEMITISMO E A REPRESENTAÇÃO LITERÁRIA DOS JUDEUS NO ROMANCE HISTÓRICO ROMÂNTICO

Rafaela Mendes Mano Sanches

(PÓS-DOC/UFS) Simpósio 3

Este trabalho analisa as representações do povo judeu no romance histórico As Minas de Prata (1865), de José de Alencar, a partir da imagem histórica dos israelitas como povo errante e marginal, cuja condição de apátrida oferece um desafio aos ideais identitários da nação. Considerando-se os propósitos do romance de Alencar de reconstruir o ambiente do século XVII, como forma de investigar as origens da nação brasileira, marcada pelo catolicismo e pela miscigenação, o judeu surge como elemento de crise, por professar uma religião distinta do cristianismo e pertencer a um grupo-étnico estigmatizado. Consonante com o discurso antissemita de longa tradição na literatura do ocidente, a narrativa das Minas fixa as imagens do judeu como traidor, conspirador e contrabandista. Com efeito, a produção da obra alencariana entre os anos de 1862 e 1865 está em processo dialógico com outras manifestações artísticas e literárias que ajudam a configurar os estereótipos que cerceiam o imaginário sobre os hebreus, dentre as quais se destacam o romance-folhetim O Judeu Errante (1844), de Eugéne Sue, e o romance histórico Calabar (1863), de Mendes Leal obras de considerável circulação junto à imprensa fluminense da época. As Minas de Prata trazem para o âmbito da literatura brasileira as ideias expressas pelos romances estrangeiros que associam o judeu à maldição e à conspiração. O romance de Alencar, embora imbuído de intenções históricas e verossímeis, é sensível à imagem mítica dos judeus, colocando suas personagens hebraicas sob o signo de Ahasverus, o judeu amaldiçoado à errância eterna que concentrou a desconfiança das ideologias civilizatórias ocidentais em torno dos israelitas.

MARIA FIRMINA DOS REIS E A IMPRENSA LITERÁRIA NO MARANHÃO OITOCENTISTA

Rafael Balseiro Zin

(PG/DR – PUC/São Paulo) Simpósio 7

Veiculados a partir de 1821 e representados por jornais e revistas que abordavam temas diversos, os periódicos maranhenses oitocentistas tiveram um

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importante papel no desenvolvimento político e cultural da província, especialmente na capital, exercendo acentuada influência sobre a opinião pública e a intelectualidade locais. Por se tratar, entre outros assuntos, de publicações dedicadas à literatura, esses meios conseguiram reunir um conjunto expressivo de novos autores e autoras, dentre os quais, podemos destacar o nome de Maria Firmina dos Reis (1825-1917). Embora colocadas à margem ou mesmo tendo sido silenciadas pelos críticos e historiadores da literatura brasileira, a produção literária empreendida por nossas antepassadas foi presença constante nos jornais e revistas do século XIX, tanto nos dirigidos pelo sexo masculino quanto nos inúmeros criados e mantidos por elas próprias. Levando em consideração esse cenário, o objetivo desse trabalho é analisar, justamente, como se deu a participação dessa importante escritora nos periódicos maranhenses da época e como essa participação possibilitou a ela alcançar maior visibilidade e prestígio em meio à crítica e ao público leitor.

RACHEL DE QUEIROZ E A ÚLTIMA PÁGINA

Ranielle Leal Moura (PG/DR – PUCRS – CAPES)

Simpósio 2

Este trabalho tem como objetivo situar a personagem Rachel de Queiroz em sua coluna Última Página veiculada na Revista O Cruzeiro, por mais de 40 anos. A ideia é, a partir da presente investigação, procurar compreender as diversas modalidades narrativas de que se utilizava a escritora, ao se dirigir ao seu público leitor semanalmente, em todo o Brasil. A Última Página ao que parece foi palco para que os estilos da autora se apresentassem ao público de forma contumaz e alternada. O encontro entre as narrativas literárias e, portanto, eminentemente ficcional e jornalística que carrega em si a vontade de verdade conforme Foucault (1996) e o dever de verdade conforme Barbosa (2004) se dá de forma tranquila e direta sem necessidade de apresentações ou justificativas. Raquel de Queiroz simplesmente escreve e adota para isso os gêneros que mais se aplicam ao seu estilo e intencionalidade. Nesse contexto, considerando, portanto, a concepção de Ricoeur (2010) para quem toda narrativa expressa tanto uma forma de estar no mundo, como também de entendê-lo; e, sendo a narrativa o que nos permite torná-lo inteligível, a partir de sua intrínseca ligação com a intriga que de forma articulada transforma o texto em narração e o dota de sentido, é que nos deteremos no presente artigo a identificar as modalidades narrativas adotadas por Rachel de Queiroz em sua coluna semana na Revista O Cruzeiro.

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O “FIO NEGRO DO MAL” NO CONTO PAI CONTRA MÃE (1906), DE MACHADO DE ASSIS

Raquel Cristina Ribeiro Pedroso

(PG/DR – UNESP/Assis) Simpósio 12

Este trabalho analisa o conto Pai contra mãe (1906), de Machado de Assis, levando-se em conta a teoria da unidade de efeito (POE, 2008) e as particularidades da moldura narrativa (CORTÁZAR, 1974), que fazem do conto um gênero esquivo em seus múltiplos e antagônicos aspectos. Pautamo-nos na representação que Machado de Assis faz de pulsões humanas no conto citado, no qual a crueldade e a natureza do mal são postas como parte congênita da formação do protagonista. Os instintos humanos são elencados por Machado como representação do homem moderno, aquele já analisado pela filosofia desde os moralistas franceses do século XVII. Dessa forma, procuramos apontar, segundo Alfredo Bosi (2007), que as tendências da alma somam-se à luta de autopreservação; a história cifrada do conto aponta para um ser naturalmente perverso, mas que segura seus impulsos, a menos que o “fio negro do mal” se revele em situações de ameaça.

JOSÉ (1878), DE ARTHUR ROCHA: UMA ANÁLISE CRÍTICA SOBRE A ESCRAVIDÃO

Renata Romero Geraldes

(PG/MT – UNICAMP – FAPESP) Simpósio 5

Arthur Rodrigues da Rocha (1859 – 1888) circulou no meio intelectual do Rio Grande do Sul a partir da década de 1870. Ele foi ator, jornalista, cronista, poeta, crítico teatral e dramaturgo, além de participar ativamente do movimento abolicionista na província. Mesmo inserido nesse âmbito artístico e intelectual e conhecido pelo país, a obra de Arthur Rocha não consta atualmente nas Histórias do Teatro Brasileiro. Com a intensificação do movimento abolicionista nas províncias brasileiras, destaca-se em sua produção dramática as peças que mobilizam o discurso antiescravista, como em seu primeiro drama O filho bastardo (1875), José (1878) e, sobretudo, o drama abolicionista A filha da escrava (1883). Esse trabalho tem como objetivo reconstituir as circunstâncias de criação, recepção e análise textual do drama José em consonância com a

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intensificação do movimento abolicionista no Rio Grande do Sul. Pretende-se verificar, assim, como as influências, sobretudo dramáticas e ideias do seu tempo refletiram na produção e escolhas estéticas de Arthur Rocha. A perspectiva adotada é da História Cultural, utilizando fontes primárias veiculadas pelos periódicos, como textos críticos, anúncios de espetáculos e de publicação da obra.

A CRÔNICA COMO LEMBRANÇA DOS TEMPOS GLORIOSOS DIANTE DE UMA SOCIEDADE DECAÍDA

Rita de Cássia Lamino de Araújo Rodrigues

(DR – UENP) Simpósio 2

Na viragem do século XIX para o XX, Portugal, que havia sido uma das nações mais importantes do passado, encontrava-se em estado de marasmo social, político, econômico e cultural. Os intelectuais portugueses, entre eles D. João da Câmara, cronista do jornal brasileiro Gazeta de Notícias no período de 1901 a 1905, acreditava que uma possível solução para alavancar o ânimo da sociedade diante da decadência do país era retomar o passado remoto e ilustre da nação. Para isso, D. João da Câmara, em suas crônicas, provinha-se de um fato ocorrido no presente para relembrar o passado. Entre eles, destacam-se eventos que envolviam os monumentos históricos do país e as expedições portuguesas para as colônias africanas. Diante disso, esse artigo tem por intuito observar o modo como esse cronista rememora o passado na tentativa influenciar o seu leitor e fazê-lo acreditar que Portugal ainda voltaria a ser uma grande nação.

O CONTO “TEMA PARA VERSOS”/“A AIA” (EÇA DE QUEIRÓS): UMA NOVA MANEIRA DE INTERPRETAÇÃO A PARTIR DE SUA

INSERÇÃO NA FONTE PRIMÁRIA (GAZETA DE NOTÍCIAS)

Rosane Gazolla Alves Feitosa (DR - UNESP/Assis)

Simpósio 2

Eça de Queirós publicou na Gazeta de Notícias, o texto “Tema para versos I e II” em 2 e 3/04/1893. Da parte II, foi retirado um trecho e este foi divulgado como conto, sob o título “A Aia”, quando passou a integrar o volume Contos (12 narrativas, algumas manuscritas, de 1874 a 1897), recolhida por seu amigo, Luís de Magalhães, e publicado em 1903, com data de 1902. Desde então, o texto “A Aia” está presente nas várias edições de contos de Eça sem fazer menção à sua

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fonte primária, jornal Gazeta de Notícias (Rio de Janeiro), nem ao restante do texto de qual fazia parte, originalmente. O objetivo destas breves considerações é refletir se a narrativa breve, divulgada como “A Aia”, pode ser lida como um excerto do texto original como vem sendo feito desde 1902 ou poderia ser inserida no seu contexto original articulando as duas partes do texto “Tema para versos I e II”. Utilizaremos trechos publicados por vários estudiosos do tema, tais como: Marie-Hélène Piwnik (autora da edição crítica de Contos I, editora INCM), Helena Cidade Moura (pesquisadora portuguesa e autora do volume Contos para a editora Livros do Brasil), Elza Miné (autora da edição crítica sobre os textos da Gazeta de Notícias, editora INCM), Luiz Fagundes Duarte (pesquisador português e autor do volume Contos, editora Dom Quixote, em que apresenta uma nova organização dos contos).

O SAGRADO E O PROFANO NA OBRA DE JOSÉ SARAMAGO

Rosilene A. Martins dos Santos (GD – UNESP/Assis)

Simpósio 8

Pretende-se focalizar a análise das figuras femininas que estão centradas na obra O Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago. Para isso, foram utilizadas as obras de Salma Ferraz como base fundamental para essa abordagem. De acordo com Salma Ferraz, José Saramago, ao revisar a história de Jesus Cristo, reconstrói um Cristo e um Deus diferentes, além da vontade de fazer um novo evangelho, mais humanista que os canônicos. Ao tematizar uma história considerada por muitos como divina, ele se posicionará ao lado dos párias da história sagrada, tais como Maria Madalena e o Diabo. É o que se reconhece como heresia saramaguiana, que consiste na demonização de Deus, transformando-o no grande vilão do seu evangelho profano. A questão do nascimento virginal de Cristo não é questionada nem por católicos e nem por protestantes, pois a igreja aceitou a lenda de que Madalena era prostituta para contrapô-la à Maria, mãe de Jesus, a santa imaculada que jamais usou o sexo para ter prazer. As duas entram para a História: a primeira como pecadora arrependida; a segunda como virgem imaculada e assexuada. Saramago recupera Maria Madalena, que era tida como uma pérfida e leviana prostituta, conferindo a ela um perfil feminino magnífico e uma estranha sabedoria.

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A VALORIZAÇÃO DE ESCRITORAS BRASILEIRAS NO PERIÓDICO A SEMPRE-VIVA

Rossana Rossigali

(PG/MT – UCS – CAPES) Simpósio 2

O presente trabalho tem por objetivo discutir a presença de escritoras brasileiras no periódico A Sempre-Viva, publicado em Curitiba/PR na década de 1920. Por muito tempo, as mulheres foram excluídas do cânone literário no Brasil. As poucas que conseguiam publicar estavam confrontando as normas vigentes, que as circunscreviam ao âmbito privado. É difícil localizar uma mulher nos manuais de literatura e nas antologias mais renomadas antes dos anos 1940. Nesse contexto, o periódico em estudo procedia ao resgate e à valorização dos nomes de diversas autoras. A análise ora levada a efeito é conduzida na perspectiva do entrecruzamento entre história, literatura e imprensa. O aporte teórico utilizado para o desenvolvimento desta comunicação apoia-se em diversos autores, dentre os quais Ana Luiza Martins, Carlos Costa, Constância Lima Duarte, Lúcia Osana Zolin, Rachel Soihet, Sylvia Perlingeiro Paixão, Tania Regina de Luca e Zahidé Lupinacci Muzart.

O ANTIMITO EM CAIM, DE JOSÉ SARAMAGO

Saulo Gomes Thimóteo (DR - UFFS/Realeza-PR)

Simpósio 8

A esfera do sagrado, na obra de José Saramago, encontra-se constantemente pautada pelo questionamento dos dogmas e das verdades inquestionáveis. O narrador e as personagens postos em interação tornam-se uma forma de reflexo ativo de uma doutrina dada (para não dizer imposta), forçando-a a explicar-se ou, pelo menos, a exibir a outra face de si. Por isso que, indo além dos sentidos tradicionais, Saramago subverte a leitura do sagrado para melhor entendê-lo. Essa forma de “espelho analítico” constitui-se a tônica saramaguiana e encontra em Caim (2009) um claro exemplo desse processo. Nessa revisitação do Antigo Testamento, segue-se a mesma estrutura do texto bíblico, as perícopes, isto é, episódios independentes que fazem parte da cultura popular, sendo ligados por um fio condutor. No caso de Caim, há o elemento maravilhoso da presença do personagem homônimo que transita pelas histórias como elemento questionador. Além dele, a própria voz narrativa não se atém a apenas descrever e apresentar, mas faz uma leitura meticulosa e analítica da Bíblia, usando caim como o porta-voz racional do que vai presenciando. Com isso histórias como o

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sacrifício de isaac ou o pacto de deus com o diabo feito em malefício de job tornam-se uma desconstrução dos mitos bíblicos, embutindo novos sentidos alegóricos a histórias arraigadas no senso comum.

REVISTA CLARIDADE: O “FINCAR OS PÉS NA TERRA” CABO-VERDIANO

Simone Donegá Marques

(PG/MT – UNESP/Assis – CAPES) Simpósio 2

Pretende-se analisar neste trabalho o surgimento e desenvolvimento da imprensa em Cabo Verde, bem como refletir sobre a importância da revista Claridade, periódico que representou um marco inicial na literatura cabo-verdiana ao voltar-se para o espaço do arquipélago, com a sua realidade humana e cultural. Em um país carente tanto de recursos materiais para a produção e veiculação da literatura quanto de leitores, o grupo de intelectuais cabo-verdianos formado por Manuel Lopes (1907-2005), Jorge Barbosa (1902-1971) e Baltasar Lopes (1907-1989), entre outros, decidiu criar no ano de 1936 a revista Claridade, considerada como instrumento desencadeador do processo de autoconhecimento e de busca de identidade do povo cabo-verdiano. Influenciados pela revista coimbrã Presença e pela literatura brasileira moderna os escritores cabo-verdianos puderam, através de Claridade, revelar ao mundo a existência de um país com graves carências e sérios problemas sociais, intervindo na realidade social e política do arquipélago.

LILITH E AS VAMPIRAS: DIÁLOGOS ENTRE A RELIGIÃO E A TRADIÇÃO LITERÁRIA VAMPIRESCA

Tiago de Souza Barros (MT - UNESP/Assis)

Simpósio 8

Em suas origens e desenvolvimento, o mito do vampiro possui forte proximidade com diversas criaturas fantásticas que se alimentam do sangue ou da carne dos mortais. Na mitologia grega, por exemplo, encontramos características vampirescas na lenda de Lâmia, a bela rainha da Líbia e amante de Zeus, com o qual teve vários filhos e acabou amaldiçoada por Hera, tornando-se uma devoradora de crianças. Já na tradição hebraica, essa figura é associada à

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Lilith, a primeira mulher de Adão expulsa do paraíso após desobedecer às ordens divinas de sujeitar-se ao seu companheiro. De acordo com a etimologia hebraica, o nome Lilith significa “noite”, e em assírio “espírito do vento” (STEIN, 2009). Por essa razão, a personagem ficou conhecida em diversas tradições como Rainha da Noite, Mãe dos Demônios, Serpente Tortuosa, etc. Sua predileção pelo sangue dos homens associada à sedução inspirou a criação de personagens femininas conhecidas como vampiras. Sendo assim, objetiva-se nessa comunicação mostrar traços em comum entre o mito de Lilith e algumas “vampiras mitológicas”, como a personagem Lucy Westenra do célebre romance Drácula (1897), de Bram Stoker, a fim de se compreender o processo de delineamento do mito do vampiro, sobretudo, do vampiro literário.

PALCO EM CENA: UMA APRESENTAÇÃO BREVE DA DRAMATURGIA (1979-2005) DO PORTUGUÊS JOSÉ SARAMAGO

Vitor Celso Salvador

(PG/DR – UNESP/Assis) Simpósio 11

José Saramago, embora mais lembrado pelos memoráveis romances, escreveu cinco peças teatrais: A noite (1979), Que farei com este livro? (1980), A segunda vida de Francisco de Assis (1987), In nomine dei (1993) e Don Giovanni ou o dissoluto absolvido (2005). Observando-as, nota-se que os personagens estabelecem aproximações com a vida do autor que era um ateu convicto e possuía ideias socialistas engajadas. Revelam também acontecimentos históricos valiosos para Portugal, como: a Santa Inquisição e a Revolução dos Cravos, que contribuem para o aumento de tensão nessas narrativas. Saramago, com criatividade literária, espelhou-se na vida de pessoas que ocuparam lugar de destaque na História para a criação dos personagens, tais como: Luís Vaz de Camões e São Francisco de Assis, além de construir diálogos com grande riqueza discursiva. Essa comunicação oral tem o interesse de divulgar a dramaturgia saramaguiana, produção artística ainda pouco explorada na academia, mostrando, sucintamente, os enredos e semelhanças mais relevantes desses textos.

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ADÈLE TOUSSAINT NO COURRIER DU BRÉSIL : TRAÇOS DO PORTRAIT FEMININO NA IMPRENSA FRANCÓFONA DO

SÉCULO XIX

Yuri Cerqueira dos Anjos (DR - UFJF)

Simpósio 7

Dentro do contexto das intensas trocas culturais franco-brasileiras do século XIX, o Courrier du Brésil ocupa um lugar de destaque. Publicado semanalmente no Rio de Janeiro entre os anos de 1854-1862, ele foi um dos principais órgãos midiáticos da comunidade imigrante francesa. Nele observamos uma constante presença não só de notícias e opiniões políticas, mas também de diversas manifestações ligadas à cultura letrada. Dentre as suas diversas seções literárias, nos debruçaremos em especial sobre a série “Portraits de Femmes”, de Adèle Toussaint, em que parecem se condensar justamente traços fundamentais das tendências ideológicas e da veia literária do jornal. Analisaremos esses retratos no intuito de mostrar seu funcionamento discursivo e de investigar como o papel da mulher e do feminino se inserem no projeto editorial desse periódico.

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PROGRAMAÇÃO GERAL DO VI COLÓQUIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM

LETRAS

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PROGRAMAÇÃO GERAL

8h30min Mesa-redonda “Primeiros passos de uma pesquisa biográfico-literária: escritoras sul-rio-grandenses do século XIX e fontes primárias” Mauro Nicola Póvoas “Uma feminista na imprensa dos imigrantes portugueses no Rio de Janeiro” Eduardo da Cruz Coordenação: Alvaro Santos Simões Junior

14h00 Sessões de comunicação

20h30 Conferência “Metanarratividade, kitsch e crítica social e literária em A hora da estrela, de Clarice Lispector” Arnaldo Franco Jr. Coordenação: Benedito Antunes

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COMUNICAÇÕES LIVRES

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SESSÃO 1 CRIAÇÃO E TRANSPOSIÇÕES

COORDENADORA: SANDRA APARECIDA FERREIRA

“Adaptação e reconto na literatura juvenil: Little women (mulherzinhas) de Louisa M. Alcott”

Camila Pozzi Galante Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira

“As duas faces do herói: uma análise de linguagem literária e cinematográfica do personagem Simão Botelho, de Camilo Castelo Branco”

Valéria Ferreira de Oliveira “Os sujeitos da modernidade diante do espelho: liberdade individual e sociedade do espetáculo em ‘O espelho’, de Machado de Assis, e em ‘Nosedive’, da série Black Mirror”

Claudio Roberto Perassoli Júnior Gabriela Kvacek Betella

“Desarquivando gerações: a narrativa da memória nas traduções audiovisisuais de O tempo e o vento, de Érico Veríssimo”

Aline Cristina Maziero Gabriela Kvacek Betella

SESSÃO 2 FEMINISMO, AUTORIA FEMININA

E REPRESENTAÇÃO LITERÁRIA DA MULHER COORDENADOR: JAISON LUÍS CRESTANI

“Questões de idade da mulher na literatura japonesa setsuwa laica e budista: algumas aproximações”

Teresa Augusta Marques Porto Antônio Roberto Esteves

“Machado de Assis e as crônicas publicadas n’O Futuro: a ambiguidade na representação do feminino”

Aline C. de Oliveira “Papel social e identidade feminina no conto ‘A senhora do Galvão’, de Machado de Assis”

Jaison Luís Crestani “Mães e filhas na obra de Flannery O’Connor: uma análise de ‘Good country people’ e ‘Revelation’”

Débora Ballielo Barcala Cleide Antonia Rapucci

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“Álbum de família: a ironia feminista de Rosario Castellanos” Thaís da Silva Nunes Maria de Fatima Alves de Oliveira Marcari

“A construção do feminino e o feminismo literário” Carla Daniel Sardinha Caldeira Cleide Antonia Rapucci

“Estilhaços de paixão e beleza: a tomada de consciência em A paixão segundo G. H. (1964), de Clarice Lispector, e Les belles images (1966), de Simone de Beauvoir”

Ludmilla Carvalho Fonseca Daniela Mantarro Callipo

SESSÃO 3 LITERATURA E CRÍTICA LITERÁRIA

COORDENADORA: ANDREIA CARLA LOPES AREDES

“Machado de Assis: intersecções e contrastes entre a crítica teatral e os contos do Jornal das Famílias”

Heloísa Viccari Jugeick Beline “Clarissa (1933), de Érico Veríssimo: em busca de uma fortuna crítica”

Moisés Gonçalves dos Santos Júnior Rubens Pereira dos Santos

“Análise e recepção da obra O gato e o escuro, de Mia Couto” Thais Oliveira Kalil Modesto Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira

“Paulo Rónai entre textos e paratextos: a crítica literária nos prefácios” Andreia Carla Lopes Aredes Alvaro Santos Simões Junior

SESSÃO 4 ESTUDOS DE NARRATIVAS

COORDENADOR: ELIELSON ANTONIO SGARBI

“O leitor e a ‘obra aberta’ em Eles eram muitos cavalos” Eder Dias Capobianco Márcio Roberto Pereira

“Atos de equilibrista: Modesto Carone e a narrativa dos múltiplos pertencimentos”

Efraim Oscar Silva Rejane Cristina Rocha

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“Da mística que penetra o secreto ao erotismo que desconcerta a alma: uma leitura do romance Apariciones (1996), de Margo Glantz”

Luan Cardoso Ramos Maria de Fatima Marcari

“Dos recursos estilísticos à subjetividade: análise de Vermelho amargo, de Bartolomeu Campos de Queirós”

Jamille Claudia da Silva Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira

“Mayombe: vozes libertárias de Angola” Elielson Antonio Sgarbi Sandra Aparecida Ferreira

SESSÃO 5 SOBRE POETAS E POESIA

COORDENADOR: SÉRGIO ROCHA

“O imperativo da queda: uma leitura da figura do poeta na obra de Baudelaire” Ana Carolina da Silva Mota Susanna Busato

“Um olhar intertextual sobre a obra Sob os cedros do Senhor, de Raquel Naveira” Angela Cristina Dias do Rego Catonio

“Sob o signo da paixão: estudo sobre a poesia de Ana Cristina Cesar em A teus pés”

Mariana Cobuci Schmidt Bastos Ivan Francisco Marques

SESSÃO 6 MERCADO, LITERATURA E ESTRATÉGIAS EDITORIAIS

COORDENADORA: ELIANE APARECIDA GALVÃO RIBEIRO FERREIRA

“O jogo de recortar e colar: a epígrafe e seu deslocamento de sentido na obra de Cyro dos Anjos”

Mariana Mansano Casoni Daniela Mantarro Callipo

“Jeronymo Monteiro: um precursor da indústria cultural no Brasil” Marina João Bernardes de Oliveira João Luís Cardoso Ceccantini

“O campo: lugar comum a Gonçalo M. Tavares e Robert Walser” Fabiano Cardoso Sílvia Maria Azevedo

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“O lugar da censura em In nomine Dei e na acepção de história de José Saramago”

Vitor Celso Salvador Francisco Cláudio Alves Marques

“Iconografia camoniana: análises de ‘Camões agradecido à Comissão do Tricentenário’ (Jacinto M. Navarro) e ‘Luís de Camões... catita’ (Sebastião Sanhudo), que revelam o uso político da imagem camoniana durante o Tricentenário do poeta (1880)”

Luiz Eduardo Rodrigues Amaro Rosana Gazolla Alves Feitosa

“Tradição x Mercado: os reflexos da expansão editorial na poética oral afro-brasileira”

Juliana Franco Alves-Garbim Francisco Cláudio Alves Marques

SESSÃO 7 LITERATURA E IMPRENSA

COORDENADOR: ALVARO SANTOS SIMÕES JUNIOR

“Os tipos sociais nas ‘Aquarelas’, de Machado de Assis” Dayane Mussulini Daniela Mantarro Callipo

“O ideal de ‘São Cristóvão’, de Eça de Queirós, na Gazeta de Notícias” Andréa Scavassa Vecchia Nogueira Carlos Eduardo Mendes de Moraes

“A presença de Fradique Mendes no jornal paulistano O Pirralho (1911-1918) sob a perspectiva de Monteiro Lobato”

Jaqueline de Oliveira Brandão Rosane Gazolla Alves Feitosa

“Uma mulher à frente da reportagem: a trajetória de Helle Alves” Marina Ruivo

“Crítica social, percursos históricos e literários em O Africano (1908-1919)” Thiago Henrique Sampaio Paulo Cesar Gonçalves

“Delineamento de um projeto sobre a repercussão de obras póstumas de Cruz e Sousa em periódicos cariocas (1898-1905)”

Alvaro Santos Simões Junior

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SESSÃO 8 FICÇÃO, MEMÓRIA E REPRESENTAÇÃO DA SUBJETIVIDADE

COORDENADORA: ROSANE GAZOLLA ALVES FEITOSA

“A resistência (2016): literatura, história e memória” Isis Milreu

“A memória como principal linha de força nos romances de Beatriz Bracher” Mariana Matheus Pereira da Silva Benedito Antunes

“Aguafuertes uruguayas: a cidade de Montevidéu a partir do olhar do argentino Roberto Arlt”

Thaís Nascimento do Vale Antonio Roberto Esteves

“Natalia Ginzburg: o narrar através da memória” Juliane Luzia Camargo Cátia Inês Negrão Berlini de Andrade

“Elementos eróticos e paródicos na correspondência amorosa de James Joyce” Rangel Gomes Andrade Adalberto Luis Vicente

“Entre as fronteiras da ficção e do testemunho: uma leitura de Morada, de Jacques Derrida”

Adriana Marcon Sandra A. Ferreira

SESSÃO 9 LITERATURA INFANTO-JUVENIL

E ENSINO DA LITERATURA COORDENADOR: FRANCISCO CLÁUDIO A. MARQUES

“O romance infanto-juvenil brasileiro: uma análise de Seis vezes Lucas, de Lygia Bojunga”

Adriana Gonzaga Lima Corral Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira

“Romance juvenil de autoria feminina no PNBE: uma análise de As filhas sem nome, de Xinran”

Cecília Barchi Domingues Eliana Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira

“Letramento literário: um desafio na educação básica” Sônia Maria Fernandes Assunção Aparecida Laia Cristovão

“Orixás femininos no PNBE: uma análise da obra Omo-Oba: histórias de princesas, de Kiusam de Oliveira”

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Uiara Cristina de Andrade Ruiz Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira

“A interculturalidade no ensino das literaturas de língua espanhola” Vanessa Pansani Viana

“Discutindo gênero no Ensino Médio: o projeto de ensino ‘Mulher e literatura’ no IFC – campus Uruaçu”

Marcela Ferreira Matos “Rubem Fonseca na sala de aula: uma proposta de aplicação para o 9º. ano do Ensino Fundamental II”

Elba Poma Lourenço de Almeida Marco Antônio Domingues Sant’Anna

SESSÃO 10 TRADIÇÃO E TALENTO INDIVIDUAL

COORDENADOR: CARLOS EDUARDO MENDES DE MORAES

“‘Não precisavam de sua ajuda e se inquietavam por ele’: o modelo homérico de herói e o Jasão de Apolônio de Rodes”

Jéssica Frutuoso Mello Brunno Vinicius Gonçalves Vieira

“Preceitos horacianos na composição de Inocência” Elisa dos Santos Prado Carlos Eduardo Mendes de Moraes

“A obra literária como significante: ponderações acerca da poesia de engenho” Camila Marchezani dos Santos Sandra Aparecida Ferreira

“O conceito de ‘Poesia vulgar’ seiscentista de Maria de Lourdes Belchior Pontes”

Luís Fernando Campos d’Arcádia Carlos Eduardo Mendes de Moraes

“A defesa da mulher em Orlando Furioso” Sara Gabriela Simião Maira Angélica Pandolfi Cátia Inês Negrão Berlini de Andrade

“A natureza como destruição: uma análise do ‘Diálogo da natureza e um islandês’, de Giacomo Leopardi”

Ana Carolina Menocci Gabriela Kvacek Betella

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RESUMOS

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O ROMANCE INFANTOJUVENIL BRASILEIRO: UMA ANÁLISE DE SEIS VEZES LUCAS, DE LYGIA BOJUNGA

Adriana Gonzaga Lima Corral

(PG/MT – UNESP/Assis) O presente trabalho tem por objetivo, a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção (ISER, 1999 e 1996), apresentar uma análise do romance Seis vezes Lucas, da escritora Lygia Bojunga. Para tanto, buscar-se-á observar se a obra em questão, destinada ao público infantojuvenil, possui potencialidades que favoreçam na formação do leitor crítico. A obra foi publicada no ano de 1995, é dividida em seis capítulos que narram a vida de um menino, filho único e com problemas de relacionamento com os pais. Criança tímida e medrosa, Lucas procura meios para vencer o medo de ficar sozinho. Motivado pela censura do pai de que homem não chora e não pode ter medo, tenta sufocar o choro e o medo que se transformam na Coisa, dor física que se instala em várias partes de seu corpo, com variado grau de intensidade, similar ao do medo sentido. Para fugir desse medo, ou combatê-lo, Lucas se vale de vários meios, dentre eles a arte, a qual usa para fazer uma máscara. Os seis episódios mostram as tentativas de Lucas na busca de superação de suas carências. O interesse desse trabalho também recai sobre a representação da infância em Seis vezes Lucas, de Lygia Bojunga, além de conferir visibilidade para esta obra da autora pouco discutida no meio acadêmico.

ENTRE AS FRONTEIRAS DA FICÇÃO E DO TESTEMUNHO: UMA LEITURA DE MORADA, DE JACQUES DERRIDA

Adriana Marcon

(PG/DR - UNESP/Assis - CNPQ) O presente trabalho tem como objetivo discutir a relação de complementaridade e/ou oposição entre ficção e testemunho, a partir da obra Morada. Maurice Blanchot (2004) do escritor e filósofo francês Jacques Derrida. Para mostrar como o testemunho é assombrado pela ficção e de como o mesmo reintroduz o conceito de verdade e mentira, Derrida apresenta reflexões sobre a instância jurídica do testemunho e sobre a função e o lugar da literatura. Além disso, aprofunda e exemplifica as relações entre factual e ficcional, trazendo à tona o texto O instante da minha morte (2003), do escritor francês Maurice Blanchot, que apresenta, em forma de narrativa ficcional, a experiência de Blanchot como soldado na Segunda Guerra Mundial. A partir da leitura atenta e analítica de ambos os textos, este trabalho visa reflexões que abordem, dentre outras questões, o texto literário como um espaço indeterminado e alimentado pela

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potência da ficção; a literariedade como aspecto não intrínseco do texto literário; e, o fato de o testemunho estar ligado à possibilidade do perjúrio e da ficção. Neste sentido, as considerações sobre O instante da minha morte elucidam de forma satisfatória as colocações acima citadas, já que não se sabe ao certo se o enredo pertence ao espaço da literatura ou do testemunho, ou se ainda até que ponto compartilha traços desses dois polos.

MACHADO DE ASSIS E AS CRÔNICAS PUBLICADAS N’O FUTURO: A AMBIGUIDADE NA REPRESENTAÇÃO DO

FEMININO

Aline Cristina de Oliveira (DR – UNESP/Assis)

Os estudos sobre feminismo e sobre a figura feminina são bastante profícuos na atualidade. Isso se deve graças à crescente e irrefreável emancipação da mulher na sociedade e, consequentemente, à necessidade de abordar aspectos histórico-culturais concernentes a tal ascensão. Desse modo, observar as representações da mulher nos periódicos brasileiros do século XIX é uma das formas de explicar a urgência do movimento feminista eclodido ainda nos oitocentos, cujas bases determinaram as reivindicações do século XX e da contemporaneidade. Essa comunicação pretende analisar a representação da mulher nas crônicas machadianas escritas para O Futuro, que circulou no Rio de Janeiro entre os anos de 1862 e 1863. A publicação concedeu muito espaço ao discurso machadiano que, embora obedecesse aos ditames da diretriz editorial, também agia como um formador de opinião. Nas dezesseis crônicas publicadas pelo escritor quando este tinha apenas 23 anos, observa-se uma postura de interpretação ambígua, pois o tratamento concedido à mulher revela distorções que podem ser analisadas tanto por uma postura sexista quanto pela reconhecida característica machadiana da ironia.

DESARQUIVADO GERAÇÕES: A NARRATIVA DA MEMÓRIA NAS

TRADUÇÕES AUDIOVISUAIS DE O TEMPO E O VENTO, DE ERICO VERISSIMO

Aline Cristina Maziero

(PG/DR – UNESP/Assis)

Nesta comunicação, pretendemos esboçar considerações acerca de memória e narrativa, usando como objeto de ilustração a trilogia O tempo e o vento, do escritor gaúcho Erico Verissimo (1949-1962) e suas traduções audiovisuais, em

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formato de minissérie, exibidas em 1985 e 2014. A ubiquidade dos meios de comunicação na sociedade contemporânea permite que as novas tecnologias estabeleçam relações interartísticas com outras áreas do conhecimento e da expressão humanos. Retomando o texto literário de que se originou a adaptação, temos que O tempo e o vento é uma saga familiar, que registra a “memória” de uma família, os Terra-Cambará ao longo de mais de cento e cinquenta anos de história. Esta memória, contudo, não é mais a reminiscência de uma experiência, mas a narração distanciada desta. Tendo isso em vista, a presente comunicação se propõe a refletir acerca da noção derridiana de memória enquanto arquivo (DERRIDA, 2001), uma vez que nas traduções, uma personagem é alçada ao papel de protagonista e atua como uma espécie de guardiã das memórias de sua família.

DELINEAMENTO DE UM PROJETO SOBRE A REPERCUSSÃO DE OBRAS PÓSTUMAS DE CRUZ E SOUSA EM PERIÓDICOS

CARIOCAS (1898-1905)

Alvaro Santos Simões Junior (DR - UNESP/Assis – CNPq/FAPESP)

Apresentam-se nesta comunicação as diretrizes gerais de um projeto destinado a realizar levantamento, indexação, leitura e análise de resenhas, notícias e artigos publicados na imprensa carioca sobre três obras póstumas de Cruz e Sousa, a saber: Evocações (1898), Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905). Pretende-se com a pesquisa ampliar o conhecimento sobre a recepção inicial dessas obras, cuja leitura, ainda em estado de manuscrito, teve o condão de modificar definitiva e favoravelmente o juízo de Sílvio Romero sobre o poeta da ilha do Desterro. Representa esse novo projeto desdobramento de pesquisa realizada sob os auspícios do CNPq de 2010 a 2013 sobre “A repercussão inicial de Missal e Broquéis (1893) nos periódicos cariocas”.

O IMPERATIVO DA QUEDA: UMA LEITURA DA FIGURA DO POETA NA OBRA DE BAUDELAIRE

Ana Carolina da Silva Mota

(PG/MT – UNESP/São José do Rio Preto – CNPQ) Este artigo propõe uma reflexão acerca da figura do poeta dentro da obra de Charles Baudelaire, considerando o contexto da modernidade. Para tanto, selecionou-se como objeto de estudo dois poemas de As flores do mal (1857), “O albatroz” e “O sol”, e dois poemas em prosa de Spleen de Paris (1869), sendo eles

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“As viúvas” e “Perda de auréola”. A leitura de tais poemas será feita à luz de textos críticos do próprio Baudelaire, tendo em consideração as reflexões que tais escritos trazem sobre a postura que deve assumir o poeta do século XIX que vive em meio às transformações da cidade, e também ensaios consagrados como os de Walter Benjamin e Marshall Berman.

A NATUREZA COMO DESTRUIÇÃO: UMA ANÁLISE DO “DIÁLOGO DA NATUREZA E UM ISLANDÊS”,

DE GIACOMO LEOPARDI

Ana Carolina Menocci (PG/MT – UNESP/Assis – FAPESP)

Na obra em prosa Operette Morali, Giacomo Leopardi desenvolve em suas 24 operettas reflexões bastante pertinentes à vida humana. No “Diálogo da Natureza e um islandês”, a conversa entre os dois personagens torna-se uma grande reflexão que leva o islandês a entender que a Natureza representa a destruição, responsável por todas as desgraças que acometem o ser humano. No início do diálogo encontramos o islandês fugindo da Natureza por lugares onde a espécie humana é desconhecida, mas mesmo nesses lugares a temida Natureza encontra o homem. Walter Binni reflete que “a força do homem, e sobretudo aquela de reconhecer sua condição de miséria e pequenez é a única via pela qual o mesmo poderá construir uma civilização desiludida e cansada, reforçada pela luta contra a natureza”. O homem vive sua miséria fugindo da Natureza destruidora que lhe trará o fim de tudo. Aqui podemos considerar também o sentido da morte como fim de tudo e da vida como a busca incessante de algo que na verdade não é nada. Nesse trabalho exploramos a narrativa muito bem construída de Leopardi como lugar de reflexão e também como espaço para pensar na filosofia que o escritor coloca nas entrelinhas de sua prosa. Para tal nos apoiamos em críticos estudiosos de Leopardi como Walter Binni. Os moralistas franceses são utilizados como contraponto na análise da obra, são eles Montaigne, Pascal e La Rochefoucal, usaremos ainda Elster e Agamben, dois filósofos contemporâneos com linhas bastante diferentes, mas que se encontram em alguns conceitos pertinentes ao trabalho.

O IDEAL DE “SÃO CRISTÓVÃO”, DE EÇA DE QUEIROZ, NA GAZETA DE NOTÍCIAS

Andréa Scavassa Vecchia Nogueira

(PG/DR – UNESP/Assis – CAPES)

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Eça de Queiroz, um dos nomes mais relevantes da literatura portuguesa, participou de um período de mudança em que o romantismo dava lugar ao realismo. Apesar de sua ativa crítica à sociedade burguesa do final do século XIX, na sua quarta fase, Eça aparece diferente de seus padrões realistas e adota uma postura mais humanista e idealista. Em decorrência, produz a obra literária Lendas de Santos – composição caracterizada pelo mundo da antiguidade e lendas cristãs –, contendo três contos: “São Cristóvão”, “Frei Gil” e “Santo Onofre”. Concomitantemente, torna-se diretor dos suplementos literários da Gazeta de Notícias. Nesses suplementos, encontramos traços doutrinário-programáticos que contribuem para a interpretação de suas obras. Assim, apoiando-nos em alguns deles, apresentamos uma análise do conto “São Cristóvão”, a fim de demonstrarmos que o texto de imprensa, ao apresentar reflexões acerca da literatura e da vida social sob a ótica do autor, assume um caráter crítico doutrinário-programático capaz de contribuir para a melhor compreensão dos textos ficcionais. Para tanto, contamos com as fundamentações teóricas de Reis, Hauser, Da Cal e Moog.

PAULO RÓNAI ENTRE TEXTOS E PARATEXTOS:

A CRÍTICA LITERÁRIA NOS PREFÁCIOS

Andreia Carla Lopes Aredes (PG/DR – UNESP/Assis)

Toda a formação humanista de Paulo Rónai (1907-1992), húngaro de nascimento, permitiu-lhe participar de maneira intensa do cenário literário e cultural desde o momento de sua chegada no Brasil, em 1941. Valendo-se de fontes diversas para publicar seus escritos, a contribuição de Paulo Rónai para a cultura letrada brasileira abrange espaços que vão além das páginas de jornais e revistas. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise dos prefácios que Paulo Rónai escreveu para obras de autores da Literatura Brasileira, uma vez que tais paratextos revelam aspectos importantes de seu método crítico. Gérard Genette, em sua obra Paratextos editoriais (2009), afirma que o prefácio pode ser definido como “toda espécie de texto liminar […] que consiste num discurso produzido a propósito do texto que segue ou que antecede” (2009, p. 145). Por isso, também serão considerados nesta análise todos os seus parassinônimos, a saber, introdução, apresentação, preâmbulo e advertência (GENETTE, 2009, p. 145). Dessa forma, o estudo do conjunto desses prefácios mostra-se relevante na medida em que sugere um projeto literário/intelectual que norteia as atividades de Paulo Rónai como um típico “Homem das Letras Brasileiras”.

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UM OLHAR INTERTEXTUAL SOBRE A OBRA SOB OS CEDROS DO SENHOR, DE RAQUEL NAVEIRA

Angela Cristina Dias do Rego Catonio

(PG/DR – UNESP/Assis)

Na perspectiva intertextual, busca-se analisar a obra Sob os cedros do Senhor, da poetisa de maior destaque do Mato Grosso do Sul, Raquel Naveira. De estilo único e peculiar, a autora demonstra em seus versos sensibilidade marcante e apurado senso poético. O livro faz um passeio por vários aspectos da cultura árabe, povo cuja imigração contribuiu de maneira decisiva para a formação do estado. A poetisa escreve sobre imigrantes que se aventuraram a vir para estas paragens do interior do Brasil no final do século XIX e início do XX. Aspecto marcante na poética de Raquel Naveira é a multiplicidade de temáticas que ela envolve em sua produção: mitologia, religiosidade, história, condição feminina, etc., frequentemente unindo conhecimentos como forma de interação entre as experiências dos interlocutores. Dessa forma, a linguagem poética transcende a esfera real e concreta da vida cotidiana em que cada indivíduo se insere, favorecendo a inter-relação dos elementos linguísticos, sociais e do ambiente presentes na poesia de Naveira que favorecem seu entendimento e significado.

A OBRA LITERÁRIA COMO SIGNIFICANTE: PONDERAÇÕES ACERCA DA POESIA DE ENGENHO

Camila Marchezani dos Santos

(PG/MT – UNESP/Assis – CNPq)

O Segundo Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária contou com a presença de grandes intelectuais e foi palco de intensas discussões relativas ao exercício da crítica e seus métodos. Faz-se o recorte da participação do intelectual português Antônio José Saraiva, que apresentou no Congresso a tese intitulada: A Obra Literária como Significante. Nela, Saraiva discorre sobre uma problemática presente na crítica: deve-se considerar a obra literária como um independente ou considera-la como dependente de um mundo exterior? Além disso, o crítico trabalha com o conceito de significantes e suas complexidades. Para mais, Saraiva faz algumas considerações a respeito da poesia de engenho, no entanto, essa abordagem é feita para justificar suas reflexões acerca da linguagem, do culto das palavras e dos glossemas (palavras que não possuem correspondência com a realidade). Para Saraiva, a poesia de engenho tem como característica o trabalho minucioso com a linguagem e o que determina o seu discurso é a palavra. Sendo essa poesia usada por Saraiva, como recurso retórico, ou seja, como exemplo para confirmar as suas constatações, são feitos

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nessa tese apontamento específicos, buscando a clareza das reflexões postas em pauta.

ADAPTAÇÃO E RECONTO NA LITERATURA JUVENIL:

LITTLE WOMEN (MULHERZINHAS), DE LOUISA M. ALCOTT

Camila Pozzi Galante (GD - Universidade Metodista de São Paulo)

Esta comunicação tem como finalidade analisar a obra Little Women (1868), da escritora norte americana Louisa May Alcott e sua adaptação Mulherzinhas (2011) na versão brasileira para a coleção “Recontos Juvenis”, da editora Escala Educacional. Com texto de Eliana Martins e ilustrações de Eliza freire, a coleção tem como objetivo adaptar clássicos da literatura universal com textos e ilustrações para o público juvenil. Little Women (Mulherzinhas) é uma tetralogia composta por mais três obras que narram a vida de quatro irmãs durante o período da Guerra de Secessão nos Estados Unidos, no século XIX, considerada uma autobiografia da própria autora, adaptada para o teatro, televisão e cinema. A obra de Louisa May Alcoot retrata a condição feminina no século XIX e os efeitos da guerra em uma família de classe média, as mulheres se tornam papel fundamental no sustento da família. Com base em Aguiar e Martha (2012) e Hollanda (1994), procura-se compreender a mulher na sociedade do século XIX e a escrita feminina na literatura juvenil, em específico a produção literária de Louisa May Alcott.

A CONSTRUÇÃO DO FEMININO E O FEMINISMO LITERÁRIO

Carla Daniel Sardinha Caldeira (GD – UNESP/Assis – FAPESP)

Esta pesquisa analisa as personagens Jeanne Duval e Lizzie Borden dos contos “Black Venus” e “Fall River Axe Murders”, publicados na coletânea Black Venus, da autora inglesa Angela Carter. Faz-se um estudo da construção do feminino a partir dos arquétipos das deusas e de conceitos da crítica feminista, como herstory e feminist re-vision, tendo em vista que as personagens aqui estudadas foram baseadas em mulheres que de fato existiram, mas que ganham voz própria e destaque somente quando têm suas histórias contadas por Carter. As histórias de Borden e Duval foram mal representadas e, com a revisão de Angela Carter, elas ganham voz. Esta estratégia, usada por Carter e outras escritoras, de dar voz para as mulheres através da literatura é o que ajuda a desconstruir imagens femininas criadas por autores homens, sendo, assim, a essência do

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feminismo. A pesquisa ainda propõe evidenciar o quanto a cultura patriarcal é severa com as mulheres, pois tal sociedade não tem nenhuma relação com o princípio feminino, prestigiando apenas o masculino e impondo-o a elas. Por fim, a pesquisa mostra que a literatura, quando produzida por mulheres, tem o poder de emancipar suas leitoras ao colocar como foco a própria mulher.

ROMANCE JUVENIL DE AUTORIA FEMININA NO PNBE: UMA ANÁLISE DE AS FILHAS SEM NOME, DE XINRAN

Cecília Barchi Domingues

(GD – UNESP/Assis)

O presente trabalho tem por objetivo, a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção (ISER, 1999 e 1996), apresentar uma análise do romance As filhas sem nome, da escritora chinesa Xinran. Para tanto, buscar-se-á observar se a obra em questão, destinada ao público juvenil, possui potencialidades que favoreçam na formação do leitor crítico. Baseada em fatos reais, a obra nos apresenta uma realidade não muito distante da nossa, pois trata da luta de mulheres por igualdade e reconhecimento. Seis filhas do camponês Li Zhongguo, nascidas nas aldeias chinesas, buscam na cidade de Nanjing negar sua definição como frágeis e descartáveis “palitinhos”. Unidas pelo amor fraternal, as irmãs descobrem o abismo entre o mundo globalizado e o campo, sofrem ao se deparar com a nova realidade, mas fazem de tudo para provar ao pai que ter uma filha não é prejuízo. O interesse deste trabalho não é só discutir o papel da mulher na sociedade, mas, também, dar visibilidade para obras de autoria feminina, uma vez que são minoria, principalmente, nos acervos do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), programa que compõe grande parte do acervo das escolas públicas do Brasil.

OS SUJEITOS DA MODERNIDADE DIANTE DO ESPELHO: LIBERDADE INDIVIDUAL E SOCIEDADE DO ESPETÁCULO EM “O ESPELHO”, DE MACHADO DE ASSIS, E EM NOSEDIVE, DA

SÉRIE BLACK MIRROR

Claudio Roberto Perassoli Júnior (PG/DR – UNESP/Assis)

Esta comunicação visa analisar comparativamente o conto de Machado de Assis, “O Espelho”, e o episódio Nosedive, da série da plataforma Netflix, Black Mirror. O intento deste trabalho é vislumbrar a representação dos sujeitos capitalistas por meio das personagens Jacobina e Lacie Pound, respectivamente.

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Para tal labor, utilizar-se-ão dos preceitos teóricos e reflexões sobre liberdade, modernidade líquida e sociedade do espetáculo preconizados e discutidos pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman e pelo escritor francês Guy Debord. Dessa forma, será perseguida nesta investigação, por meio do confronto de ambas as ficções, a maneira pela qual as narrativas metaforizaram o espírito dos indivíduos moderno e contemporâneo. O novo esboço da alma humana delineado pela obra machadiana, no final do século XVIII, já vislumbrava o princípio de fenômenos sociais que floresceriam na atualidade, caricaturados, por sua vez, pela série britânica: diante do espelho, o homem valoriza e prioriza em demasia o tratamento de sua “alma externa”, sua aparência, negligenciando a “interna”, sua subjetividade e sua essência. OS TIPOS SOCIAIS NAS “AQUARELAS”, DE MACHADO DE ASSIS

Dayane Mussulini

(PG/DR – UNESP/Assis – FAPESP)

As descobertas e os avanços da ciência, sobretudo no que se refere à biologia, ocorridos desde o século XVIII e perpassando por todo o XIX, deram conta de movimentar as demais áreas do conhecimento, que passaram a desconfiar das verdades impostas e depositaram suas crenças no cientificismo. O jovem Machado de Assis, embora contrário à escrita realista e naturalista, também acreditava no progresso baseado em ideais liberais para fazer avançar a humanidade. É nos seus primeiros artigos e ensaios de crítica literária, publicados nos jornais da época, que podemos verificar essa postura do escritor fluminense. Pensando nessas questões, buscaremos uma análise de “Aquarelas”, conjunto de textos escritos na revista O Espelho, entre 11 de setembro e 30 de outubro de 1859, nos quais Machado se ocupa de descrever os tipos sociais presentes na imprensa não só como forma de observar e ordenar as personagens daquele meio, bem como compreender os próprios acontecimentos do mundo que o circundava.

MÃES E FILHAS NA OBRA DE FLANNERY O’CONNOR: UMA ANÁLISE DE “GOOD COUNTRY PEOPLE” E “REVELATION”

Débora Ballielo Barcala

(PG/DR – UNESP/Assis)

A escritora norte-americana Flannery O’Connor (1925-1964) viveu uma conturbada relação com sua mãe, que inspirou várias das personagens e

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narrativas de sua obra. “Good Country People” é um dos contos de O’Connor mais focados na relação mãe-filha e também um dos mais conhecidos, mas variações desse motivo aparecem em tantos outros contos que, de acordo com Louise Westling (1978, p. 511), a ênfase parece quase obsessiva. É esse motivo que aproxima “Good Country People” de “Revelation”. As duas filhas, Hulga e Mary Grace, sentem-se degradadas em relação aos ideais das mães para elas. Gentry (1986) afirma ser essa a característica primordial do grotesco: o sentimento de estar degradado de um ideal, mas ainda sentir-se atraído por ele. A relação entre as mães e suas filhas podem também ser explicadas de acordo com o arquétipo de Deméter e Perséfone que, embora baseadas no cuidado, podem gerar “efeitos paralisantes, que induzem à culpa e são motivadas pelo poder” (RAPUCCI, 2011, p. 100). Há uma ambivalência entre mãe e filha, nesse ciclo de frustrações de expectativas, no qual a filha tenta libertar-se da mãe e esta, por sua vez, quer mantê-la por perto.

O LEITOR E A “OBRA ABERTA” EM ELES ERAM MUITOS CAVALOS

Eder Dias Capobianco

(PG/MT – UNESP/Assis)

Quando o leitor volta-se para Eles eram muitos cavalos, do mineiro Luiz Ruffato, salta aos olhos sua estrutura caótica e o fluxo de consciência constante de uma obra sem foco narrativo definido. Para uma análise que pretende identificar o romance como uma obra aberta, que possibilita uma variedade de leituras e interpretações, busca-se a resposta nas teorias de Umberto Eco sobre o tema. Importante também é constituir o romance como tal, utilizando-se do desenvolvimento do conceito por Mikhail Bakhtin, para mostrar que a flexibilidade do gênero permite experimentações que fogem da estrutura tradicional romanesca. Por fim, apoiado nas teorias de Hans Robert Jauss, encontra-se no emaranhado caótico, que é parte determinante no estilo do escritor, o prazer estético obtido pelo leitor depois de transcorrido o percurso poiesis, aisthesis e katharsis.

ICONOGRAFIA CAMONIANA: ANÁLISES DE CAMÕES AGRADECIDO À COMISSÃO DO TRICENTENÁRIO (JACINTO M.

NAVARRO) E LUÍS DE CAMÕES... CATITA (SEBASTIÃO SANHUDO), QUE REVELAM O USO POLÍTICO DA IMAGEM

CAMONIANA DURANTE O TRICENTENÁRIO DO POETA (1880)

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Luiz Eduardo Rodrigues Amaro (PG/DR – UNESP/Assis – CAPES)

A importância de Luís Vaz de Camões (1524-1580) e da sua obra, Os Lusíadas (1572), para a construção da identidade portuguesa, não está circunscrita apenas à época em que a epopeia foi publicada, nem à área em que ela se encontra. Os usos da sua obra e da sua imagem e, portanto, de toda a significação que delas emanam, ultrapassam as barreiras da arte, enveredando-se pela reconstrução do ethos, como nos mostram os trabalhos do professor Eduardo Lourenço em O Labirinto da Saudade (1978) e A nau de Ícaro seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia (1999), bem como na política, por exemplo, com Teófilo Braga e os republicanos durante o Tricentenário de Camões (1880). Repercutindo em todo o país, a comemoração deixou resquícios na mídia da época a respeito dessa toada politizada. Utilizamos Bakhtin (1895-1975), Panofsky (1892-1968) e Ginzburg (1939) como subsídios teóricos para analisarmos as ilustrações, que foram publicadas durante o Tricentenário, dando ênfase a Camões agradecido à Comissão do Tricentenário, de Jacinto M. Navarro, publicada nO Penacho e Luís de Camões... Catita, de Sebastião Sanhudo, publicada nO Sorvete, a fim de evidenciarmos o uso explícito do escritor para além da literatura, demonstrando, por meio de uma análise iconográfica, que o evento foi um ato político. No caso, republicano. ATOS DE EQUILIBRISTA: MODESTO CARONE E A NARRATIVA

DOS MÚLTIPLOS PERTENCIMENTOS

Efraim Oscar Silva (PG/DR – UNESP/Araraquara – CAPES)

O propósito desta pesquisa é analisar o conjunto da obra ficcional de Modesto Carone em termos de um conjunto de características formais e temáticas que a aproximam de registros textuais não identificados como exclusivamente literários: discursos ensaísticos, jornalísticos e científicos. Esse deslizamento na direção do não literário já foi detectado por parte da crítica que recepcionou a ficção de Carone, mas ela não a relacionou com uma tendência contemporânea de expansão de campo das artes e da literatura, de inespecificidade do literário, de um movimento para fora de si. Tal tendência tem sido apontada e discutida por autores provenientes de diversas áreas das humanidades. O percurso estabelecido para o trabalho prevê identificar, na obra em questão, o apagamento dos traços estruturantes da literariedade tal como foi estabelecida pela instituição literária, sobretudo pela crítica universitária: as marcas definidoras de gênero, algumas das instâncias narrativas na sua forma clássica, a linguagem poética e a subjetividade. Busca-se verificar a hipótese de que a obra

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de criação de Carone insere-se em uma nova constituição do literário, na qual estão ausentes marcas específicas do seu campo, resultando em uma aproximação com racionalidades e subjetividades não literárias.

RUBEM FONSECA NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE APLICAÇÃO PARA O 9º ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL II

Elba Poma Lourenço de Almeida (PG/MT/ProfLetras – UNESP/Assis)

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de aplicação da literatura de Rubem Fonseca, nos contos “Alice” e “Laurinha”, integrantes da obra Ela e outras mulheres (2006) para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental nível II. As discussões são parte integrante da dissertação intitulada “A Literatura de Rubem Fonseca na sala de aula: uma proposta de aplicação”, em desenvolvimento, junto ao Programa de Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras), pela Unesp/Assis-SP. Procura-se demonstrar a motivação para o tema da pesquisa, bem como, a importância de se trabalhar literatura de ordem realística na escola, na tentativa de quebra de paradigmas pré-existentes no cenário educacional. Sendo assim, através da “análise objetiva e metódica” proposta por Antonio Candido no artigo “Exercícios de leitura”, publicado na revista Texto, de 1975, com respaldo nos apontamentos do Prof. Dr. Carlos Erivany Fantinati, proferidos durante a “Mesa redonda: A FCL entre o passado e o futuro. Contribuição para a história do curso de letras nos seus 50 anos” (2008), propõe-se o trabalho com os textos de Fonseca na tentativa de contribuição ao docente de língua portuguesa e o ensino de literatura em sala de aula.

MAYOMBE: VOZES LIBERTÁRIAS DE ANGOLA

Elielson Antonio Sgarbi (PG/DR – UNESP/Assis)

Durante séculos, a África esteve sob o domínio das grandes potências europeias, que viram no continente um importante e próspero mercado consumidor e fonte de matérias-primas para suas empreitadas capitalistas, apoiadas em uma política intransigente e desrespeitosa para com o povo africano, que viu sua religião, ideais, economia e população serem dizimadas pela política imperialista, consumada pela Conferência de Berlim (1884-1885). Dentro deste contexto histórico, este trabalho tem por objetivo investigar em Mayombe (1980), de

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Pepetela, as tensões sociopolíticas da Angola colonial, como o tribalismo, o racismo e o preconceito social, além de explicitar as configurações das estratégias narrativas que dão vida a essas tensões, a exemplo das diversas vozes polifônicas que dividem o foco narrativo. Fundamentado nos estudos de Carmen Lúcia Tindó R. Secco sobre as literaturas africanas de língua portuguesa, na análise de Linda Hutcheon acerca das personagens ex-cêntricas e nas considerações de Mikhail Bakhtin sobre polifonia, o trabalho elucidará como os impasses de ordem étnica reduzem a possibilidade de uma Angola unificada sob uma mesma ideologia, além de buscar uma reinterpretação da dialética negro/branco no panorama histórico-literário angolano.

PRECEITOS HORACIANOS NA COMPOSIÇÃO DE INOCÊNCIA

Elisa dos Santos Prado (PG/DR – UNESP/Assis)

Publicado em 1872, o romance Inocência, de Alfredo d’Escragnolle Taunay (Visconde de Taunay), é apontado pela crítica literária como uma obra de transição romântico realista. Escrito a partir de impressões, anotações e reminiscências decorrentes da Guerra do Paraguai, retrata cenários, costumes e personagens do Brasil Central, submetidos a tratamento estético por Taunay para a composição do romance literário. A obra é nosso objeto de estudo em suas fontes primárias, em suas quatro edições não póstumas, cotejadas e analisadas segundo preceitos filológicos, da crítica textual e também da crítica genética. O estudo detalhado das edições nos revela a constante preocupação e insatisfação de Taunay com seu texto também em decorrência do incômodo silêncio da crítica especializada, que ocasiona a reescrita do romance por seu criador. Esse processo, no entanto, não se dá de maneira aleatória e impensada, mas guiado por preceitos clássicos, sobretudo aqueles das lições de Horácio em sua Arte Poética, sobre alguns dos quais pretendemos apontar e discorrer.

O CAMPO: LUGAR COMUM A GONÇALO M. TAVARES E ROBERT WALSER

Fabiano Cardoso

(PG/DR – UNESP/ASSIS – CAPES)

O angolano/português Gonçalo M. Tavares começa a conquistar o seu espaço entre os maiores escritores de língua portuguesa. O seu trabalho conta com mais de 25 publicações num período de aproximadamente 17 anos. Boa parte de suas obras estão inseridas na coleção “O Bairro”, que conta com dez publicações até

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o atual momento. “O Bairro” é uma homenagem de Tavares aos autores que ele considera os mais brilhantes gênios que o mundo conheceu, nele se destaca: Eliot, Brecht, Swedenborg, Valéry, Walser etc. Chamados de senhores, cada um representa um personagem que está inserido na vida de pessoas pacatas que vivem naquele lugar. A narrativa ficcional O senhor Walser (2008) é uma dessas obras, seu personagem principal é uma homenagem ao escritor suíço Robert Walser que se destaca na literatura mundial pelos seus contos. Amante da natureza, o escritor Walser busca refúgio nela para escrever “Kleist em Tun”, um dos contos inseridos na obra Absolutamente nada e outras histórias (2014). Tavares, ao rememorar Walser, também o coloca como um morador de uma floresta que fica ao lado do Bairro. Essa junção de personagem e homenageado marcará o dialogismo bakhtiniano que os caracterizam.

MACHADO DE ASSIS: INTERSECÇÕES E CONTRASTES ENTRE A CRÍTICA TEATRAL E OS CONTOS DO JORNAL DAS FAMÍLIAS

Heloísa Viccari Jugeick Beline

(MT – UNESP/Assis)

O presente trabalho tem como objetivo evidenciar alguns pontos de intersecções e contrastes entre o Machado de Assis crítico teatral e o contista. Como Machado acreditava que o jornal e o teatro estavam a serviço da instrução moral, é possível aproximar e distanciar o crítico do contista em um momento em que praticamente exerceu as duas atividades: de 1862 a 1864 como censor, e de 1864 em diante no Jornal das Famílias. Para tanto, o estudo iniciar-se-á com a comparação da carta-programa do Jornal das Famílias com as regras estabelecidas pelo Conservatório Dramático Brasileiro e com os 16 pareceres de Machado enquanto censor, dando enfoque à questão da moralidade. Na análise, verificar-se-á que enquanto nos pareceres censórios Machado de Assis destaca a importância de se tolerar as escolas literárias, nos dois contos do Jornal das Famílias (Luís Soares e Aurora sem Dia) o escritor assume posição contrária à produção romântica através da ironia e da abordagem de situações atípicas do romantismo. Machado de Assis, como censor, sabia exatamente o que deveria ser escrito segundo os moldes da moralidade, mas, ao mesmo tempo, encontrou caminhos, no Jornal das Famílias, para corromper essas normas com a crítica social.

A RESISTÊNCIA (2016): LITERATURA, HISTÓRIA E MEMÓRIA

Isis Milreu (DR - UFCG)

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O objetivo deste trabalho é analisar as relações entre a literatura e a memória presentes no romance A resistência (2016), do escritor paulistano Julián Fuks. Nesta obra, o autor aborda o drama particular de um casal argentino de esquerda, o qual precisa se exilar no Brasil, após a chegada da ditadura de 1976, considerada a mais violenta do país por vários estudiosos. Assim, Fuks ficcionaliza um acontecimento trágico da história latino-americana a partir do conflito entre o filho adotado e os seus pais. Dessa maneira, a memória coletiva entrelaça-se com a memória individual nesta ficção. Tendo em vista estas considerações, investigaremos como o escritor representou o período da última ditadura argentina e como relacionou a memória individual e a coletiva em sua narrativa. Entre os nossos referencias teóricos encontram-se Paz-Mackay (2017) e Ricoeur (2007).

PAPEL SOCIAL E IDENTIDADE FEMININA NO CONTO “A SENHORA DO GALVÃO”, DE MACHADO DE ASSIS

Jaison Luís Crestani

(DR – IFPR/Palmas) Este trabalho se propõe a analisar os contornos que a representação do feminino assume sob a pena de Machado de Assis e os procedimentos criativos que o autor mobilizou no desenvolvimento dessa temática. Para tanto, selecionou-se o conto “A senhora do Galvão”, publicado inicialmente na Gazeta de Notícias, em 1884, e recolhido nesse mesmo ano na coletânea Histórias sem data. Diferentemente de outros contos machadianos que trazem no título o nome de suas protagonistas femininas, esta narrativa faz opção por referenciar a mulher pelo seu papel social, ou, mais especificamente, pela sua condição de mulher casada. Inscreve-se, nessa alusão, uma denúncia do processo de reificação da mulher, que é reduzida à condição de objeto, cuja propriedade pertenceria ao marido. Com base nessas considerações, este trabalho pretende analisar o modo como o narrador machadiano explora os recursos estruturais da narrativa para representar a duplicidade da protagonista feminina, que se encontra dividida entre as convenções sociais e a sua identidade pessoal.

DOS RECURSOS ESTILÍSTICOS À SUBJETIVIDADE: ANÁLISE DE VERMELHO AMARGO, DE BARTOLOMEU CAMPOS

DE QUEIRÓS

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Jamille Claudia da Silva (PG/MT – UNESP/Assis)

Este trabalho tem por objetivo realizar uma análise da obra Vermelho Amargo, de Bartolomeu Campos de Queirós, que compõe o acervo de 2013 do PNBE (Programa Nacional da Biblioteca na Escola). Tal escolha justifica-se pela importância da produção de Queirós e de sua inserção no âmbito da Literatura Juvenil, embora seja uma obra destinada ao público adulto. Mais especificamente, pretende-se verificar como se efetiva a organização do plano linguístico dessa obra, realizando uma análise estilística que se justifica pela linguagem metafórica e subversiva tão competentemente utilizada pelo autor. Pela análise do processo de construção da obra, dar-se-á ênfase aos recursos de linguagem, o que permite observar como a subjetividade do autor se projeta em seus textos, culminando numa produção literária de cunho autobiográfico e fantasiosa que contribui efetivamente para a formação do leitor crítico.

A PRESENÇA DE FRADIQUE MENDES NO JORNAL PAULISTANO O PIRRALHO (1911-1918) SOB A PERSPECTIVA DE

MONTEIRO LOBATO

Jaqueline de Oliveira Brandão (PG/MT – UNESP/Assis – CNPq)

Os anos finais do século XIX e iniciais do século XX marcaram demasiadamente a vida paulistana pelas constantes revoluções e avanços significativos em todas as esferas que interferem no convívio daqueles que habitavam a cidade, principalmente no domínio cultural e isso pode ser constatado a partir da contribuição que o jornal semanário O Pirralho (1911 – 1918) nos deixou como legado. A partir dele podemos averiguar a presença de Eça de Queirós (1945 – 1900) e especialmente de sua personagem Fradique Mendes, já que lhe foi reservado espaço expressivo em uma enquête, para isso destacaremos sua recepção a partir da observação de um dos dezesseis artigos-respostas, no caso escrito por Monteiro Lobato (1882 – 1948), para assim avaliarmos, com base nos conceitos de herói de Frye, o protagonista Fradique Mendes por meio de comparação com o ser humano comum e confirmar a relevância de sua presença, assim como todo o universo queirosiano no âmbito paulista.

“NÃO PRECISAVAM DE SUA AJUDA E SE INQUIETAVAM POR ELE”: O MODELO HOMÉRICO DE HERÓI E O

JASÃO DE APOLÔNIO DE RODES

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Jéssica Frutuoso Mello

(PG/MT – UNESP/Araraquara – CNPq) Em estudos importantes a respeito do gênero literário e de seus personagens, as epopeias homéricas, principalmente a Ilíada, assumem um considerável papel modelar. Essa abordagem faz sentido, uma vez que o texto homérico tem caráter basilar para a literatura ocidental e, logo, não podemos negar sua importância como referência literária para autores que trabalharam dentro e fora do gênero épico. Entretanto, a utilização de uma referência pode se dar por meio de um processo de aproximação ou de afastamento do modelo elegido. Não só esse posicionamento em relação a Homero, mas também as influências internas – como uma vertente literária – e externas à literatura – como a ação política sobre a produção dos poetas –, podem gerar mudanças na maneira como a epopeia se caracteriza, se não em relação à forma que é estática, quanto ao seu conteúdo e, consequentemente, quanto ao desenho de seus personagens. Assim, propomos uma discussão a respeito do modelo de herói traçado a partir de Homero e o Jasão da Argonáutica, de Apolônio de Rodes, de maneira a contrastar a segurança exibida pelos heróis homéricos com a resistência e as dúvidas contínuas do líder dos argonautas em relação à empreitada em busca do velocino de ouro.

TRADIÇÃO x MERCADO: OS REFLEXOS DA EXPANSÃO EDITORIAL NA POÉTICA ORAL AFRO-BRASILEIRA

Juliana Franco Alves-Garbim

(PG/DR – UNESP/Assis - CAPES) Considerando que o mercado editorial tem desempenhado significativo papel na publicação de contos orais afro-brasileiros, objetiva-se com este trabalho entender quais os reflexos e implicações do processo de editoração frente à conservação da cultura afrodescendente. Para tanto, propõe-se à análise dos contos orais escritos por Mãe Beata de Yemonjá, auxiliada pelo aparato teórico de Jesús Martín-Barbero, Jerusa Pires Ferreira, Paul Zumthor, Walter Ong, dentre outros. Tal pesquisa parte de um cotejo que visa problematizar os mecanismos de produção, circulação e recepção do texto oral em meio escrito, além de apurar sobre a manutenção da tradição oral in natura, o que permite inferir que a mudança das histórias do espaço oral para o escrito pode intervir no contexto de atualização das narrativas.

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NATALIA GINZBURG: O NARRAR ATRAVÉS DA MEMÓRIA

Juliane Luzia Camargo (PG/MT – UNESP/Assis – CAPES)

Natalia Ginzburg (1916-1991), filha de pai de origem judia e mãe católica, é considerada uma das principais personalidades literárias do pós-guerra na Itália. Crescida em um ambiente artístico e político, já que a casa de seus pais era ponto de encontro para escritores, músicos e políticos, a escritora é hoje uma das principais referências do romance italiano do Novecentos. Tendo sofrido com as perseguições e represálias fascistas, Natalia Ginzburg, assim como outros importantes escritores italianos da época, transfere para as obras vivências, traumas, anseios e memórias. Assim, tratar-se-á neste trabalho alguns aspectos de sua escrita, considerando, primeiramente, seu caráter confessional diante de uma sociedade não só patriarcal, mas também contextualizada pelo regime fascista e pela explosão da Segunda Guerra Mundial.

DA MÍSTICA QUE PENETRA O SECRETO AO EROTISMO QUE

DESCONCERTA A ALMA: UMA LEITURA DO ROMANCE APARICIONES (1996), DE MARGO GLANTZ

Luan Cardoso Ramos

(PG/MT – UNESP/Assis – CAPES)

A obra da escritora Margo Glantz, Apariciones, articula, de modo inovador, a história, a ficção e a crítica, propondo novos gestos e releituras subversivas das tradições culturais mexicanas, principalmente sobre as monjas místicas do século XVII no México. A partir de uma gama de figurações, tanto da letra como do corpo, a autora joga com o desejo e com a memória cultural, reunindo erotismo e literatura. Com tais características, Glantz concebe seu romance, narrado através de brevíssimos relatos fragmentados, os quais alternam a descrição de exercícios espirituais de duas monjas que se flagelam para alcançar uma ascese mística com a história de um casal de amantes. A estes dois fios narrativos - que se referem, respectivamente, à história do amor sagrado e à história do amor profano -, soma-se um terceiro: o relato da narradora que conta as duas histórias. Desse modo, o romance apresenta uma escritura marcada, corpórea, e nossa análise sobre as diversas nuances assumidas pela escritura será fundamentada segundo as teorizações de Barthes (1973). Com relação ao erotismo, contaremos com o apoio teórico de Georges Bataille (1957) e, por fim, de Linda Hutcheon sobre a paródia (1991).

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ESTILHAÇOS DE PAIXÃO E BELEZA: A TOMADA DE CONSCIÊNCIA EM A PAIXÃO SEGUNDO

G.H.(1964), DE CLARICE LISPECTOR, E LES BELLES IMAGES (1966), DE SIMONE DE BEAUVOIR

Ludmilla Carvalho Fonseca

(PG/DR - UNESP/Assis – FAPESP) A proposta desta pesquisa é investigar a tomada de consciência em A Paixão Segundo G.H., de Clarice Lispector, e em Les Belles Images, de Simone de Beauvoir. O principal objetivo é comparar as duas obras, demonstrando como se dá esse processo nas personagens protagonistas dos romances em questão, englobando desde a sua origem (hápax existencial), o decorrer desse processo, e em que aspectos essas personagens modificam seu modo de pensar a condição social na qual estão inseridas e a condição existencial feminina. As duas escritoras discutem nessas obras o sentido da tomada de consciência da mulher, ao mergulharem no processo de contestação de seus destinos diante de uma sociedade patriarcal, opressora e burguesa. Serão utilizados como procedimentos metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa: revisão e análise literária das narrativas de Lispector e Beauvoir; revisão da fortuna crítica das escritoras; discussão acerca dos elementos que compõem o existencialismo e o feminismo presentes nas obras das duas autoras; estabelecimento de parâmetros de comparação entre as obras. Para tanto, o corpus da pesquisa se restringe aos romances A Paixão Segundo G.H., de Lispector, e Les Belles Images, de Beauvoir.

O CONCEITO DE “POESIA VULGAR” SEISCENTISTA DE MARIA DE LOURDES BELCHIOR PONTES

Luís Fernando Campos D’Arcadia

(PG/DR – UNESP/Assis – CAPES)

Dois motivos explicam poucos estudos da poesia do século XVII: o estado manuscrito da maioria das obras e a rejeição de grande parte dessa produção barroca por parte da crítica literária. O autor português Antônio da Fonseca Soares (1631-1682), que adotou o nome Antônio da Chagas como frei, é um dos autores desse período. A alcunha de frei é como é frequentemente registrado nas histórias literárias portuguesas, por uma obra de epístolas e textos religiosos. Com o primeiro nome, produziu uma obra secular de poemas, cuja temática variou do épico ao pornográfico. Na cultura escribal do século XVII, a maior parte dos poemas circulavam como manuscrito, alguns poucos editados em compilações tardias como a Fenix Renascida e Postilhão de Apolo. Na fortuna

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crítica desses poemas, um dos temas mais recorrentes é a problemática dos conceitos de vulgar/erudito. Ela é uma das responsáveis pela rejeição da crítica comum a todos os poetas do período, com acusações de “frivolidade” como de “excesso de ornamentação”. O romanceiro de Fonseca possui essa recepção, sendo caracterizado por uma diversidade temática, indo do satírico ao galante, contendo em grande parte poemas “de circunstância”. Para estudar tais poemas, a estudiosa Maria de Lourdes Belchior Pontes postula a noção de “poesia vulgar”. Nesta comunicação, pretendemos apresentar reexaminar esse conceito a partir de novas perspectivas críticas e filológicas, como o universo da cultura escribal e a prática retórico-poética de escrita.

DISCUTINDO GÊNERO NO ENSINO MÉDIO: O PROJETO DE ENSINO “MULHER E LITERATURA” NO IFG –

CAMPUS URUAÇU

Marcela Ferreira Matos (DR – IFG/Goiás)

No Instituto Federal de Goiás – Campus Uruaçu é comum a realização de projetos de ensino para complementar algumas disciplinas. Com língua portuguesa não é diferente, visto que a carga horária da mesma nos cursos técnicos integrados ao médio é mínima, quando comparada ao ensino médio tradicional, devido ao grande número de disciplinas obrigatórias do currículo do curso técnico. Desde 2016, desenvolve-se no campus o projeto de ensino ‘Mulher e literatura’, no intuito de aprofundar o conhecimento sobre literatura nacional e estrangeira, além de refletir sobre a representação da mulher na literatura e, consequentemente, debater as relações de gênero. Clarice Lispector, Cora Coralina, Adélia Prado, Cecília Meireles dentre outras, tiveram seus textos lidos e debatidos durante a realização dos encontros. Objetiva-se nessa comunicação apresentar os resultados desse projeto, tanto no contexto do ensino de literatura no ensino médio técnico, como nas reflexões sobre gênero entre adolescentes.

O JOGO DE RECORTAR E COLAR: A EPÍGRAFE E SEU DESLOCAMENTO DE SENTIDO NA OBRA DE CYRO DOS ANJOS

Mariana Mansano Casoni

(PG/DR – UNESP/Assis)

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A literatura comparada permite estabelecer relações entre textos e com base nestas relações é possível perceber as conexões realizadas a partir da escolha do autor, por exemplo. É o que ocorre na escolha de uma epígrafe, esta escolha não está livre de significação, visto que ela desloca o sentido de um texto para um outro; o texto original no qual a epígrafe está inserida e o novo texto no qual ela se insere. Desta maneira, a partir desta conexão de sentido entre uma epígrafe e um novo texto pretende-se analisar a relação estabelecida entre O amanuense Belmiro (1937), de Cyro dos Anjos e a epígrafe do autor francês Georges Duhamel. Esta epígrafe retirada da obra Remarques sur les mémoires imaginaires (1933) aborda inúmeras questões a respeito da construção da narrativa, dentre elas a que mais se destaca é a presença da construção da memória, não a memória do autor, mas a memória de suas personagens. Ao tomar a memória como elemento chave para a conexão de ambas as obras é possível compreender a função da epígrafe na obra de Cyro dos Anjos, sobretudo em relação à própria construção da obra.

SOB O SIGNO DA PAIXÃO: ESTUDO SOBRE A POESIA DE ANA CRISTINA CESAR EM A TEUS PÉS

Mariana Cobuci Schmidt Bastos

(PG/MT – FFLCH/USP - CAPES)

A partir da análise dos poemas e prosas que compõem A teus pés, nota-se uma escrita obcecada pela resposta impossível à pergunta “para quem se escreve?”, questionamento que a própria Ana Cristina Cesar se lança e afirma ser um momento importante de sua produção. A obsessão pelo interlocutor, que perpassa o conjunto de livros que é A teus pés, confere à obra a feição de projeto, de pesquisa formal disparada por uma questão metafísica, pesquisa que carrega, também, a vontade de mudança ou pelo menos de balanço das relações que, comumente, se estabelecem com a poesia. A forma do texto em Ana Cristina, que é ressaltada pela crítica pela sua fragmentação, não é tratada aqui como reflexo de um eu cindido, mas sim como resultado formal dessa busca desesperada pelo o outro, fazendo de A teus pés não o espaço para a construção da subjetividade, mas da intersubjetividade.

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A MEMÓRIA COMO PRINCIPAL LINHA DE FORÇA NOS ROMANCES DE BEATRIZ BRACHER

Mariana Matheus Pereira da Silva

(PG/MT – UNESP/Assis – CAPES)

O presente trabalho tem como intuito apresentar a produção ficcional de Beatriz Bracher, ressaltando a questão da memória como eixo central na configuração de seus romances. Bracher nasceu em São Paulo, em 1961. Formada em Letras, ela estreia tardiamente como escritora aos 39 anos e, desde então, vem despontando com uma crescente produção literária. Os seus três primeiros romances Azul e Dura (2002), Não falei (2004) e Antonio (2007), apresentam a memória como fio condutor. Os narradores buscam no passado reconstruir suas trajetórias para desvendar o rumo que a vida tomou e dar sentido aos seus destinos particulares. Na realização desse intento, deixam transparecer os efeitos dos eventos sociais em seus comportamentos e escolhas. Partindo desse princípio, buscaremos compreender de que maneira os romances de Bracher se relacionam entre si, bem como trataremos de situá-los no cenário da literatura brasileira contemporânea.

JERONYMO MONTEIRO: UM PRECURSOR DA INDÚSTRIA CULTURAL NO BRASIL

Marina João Bernardes de Oliveira

(PG/DR – UNESP/Assis)

Neste trabalho, pretendemos, inicialmente, fazer uma breve apresentação da obra literária do jornalista e escritor Jeronymo Monteiro que, hoje, tanto entre o público leitor, quanto no meio acadêmico, configura como quase desconhecida. No entanto, entre as décadas de 30 e 40, suas narrativas tiveram significativa repercussão, por já trazerem em sua construção elementos da indústria cultural. Quando no Brasil se começa a formar uma sociedade de massa, caracterizada pelo crescimento da industrialização, da urbanização e da expansão da classe operária; constatamos que Monteiro já demonstrava ser um pioneiro da indústria cultural na literatura brasileira, ao enveredar pelos romances de aventura, de ficção científica e policial. Portanto, nosso principal objetivo é de defender a tese de que Jeronymo Monteiro foi um dos precursores da indústria cultural na literatura brasileira, o que lhe permitiu ser considerado pela crítica como o pai da ficção científica e do primeiro detetive em série no Brasil.

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UMA MULHER À FRENTE DA REPORTAGEM – A TRAJETÓRIA DE HELLE ALVES

Marina Ruivo

(DR – Unesp/Assis)

Nesta comunicação será abordada a trajetória da jornalista de origem mineira Helle Alves. Nascida em 1926 numa pequena cidade, Itanhandu, Helle veio para São Paulo ainda menina e, aos 15 anos, começou a trabalhar no semanário Radiolar. Tendo ingressado em 1946 como funcionária da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, na função de redatora de atas, em 1959 conseguiu retomar a atuação na imprensa, na equipe de reportagem dos Diários Associados, sendo, por muito tempo, a única mulher dessa equipe, e, por isso, enfrentando sérias barreiras, inclusive com relação aos temas de que poderia tratar em suas matérias. Trabalhando para os Diários, Helle entrevistou uma série de personalidades dos anos 1960, mas seu grande furo foi ser a única repórter a estar no local exato onde Che Guevara foi assassinado, na Bolívia. A trajetória de Helle será contada, sobretudo, a partir de uma longa entrevista feita com ela, pautada na metodologia da história oral, tendo em vista contribuir para a memória da imprensa brasileira e da atuação das mulheres nesse setor.

CLARISSA (1933), DE ERICO VERISSIMO: EM BUSCA DE UMA FORTUNA CRÍTICA

Moisés Gonçalves dos Santos Júnior

(PG/DR – UNESP/Assis – CAPES)

Um ano após sua estreia, com a coletânea de contos Fantoches, Erico Verissimo publica Clarissa, sua primeira experiência no universo romanesco, dando vida à adolescente homônima do título, numa narrativa que, apesar de conceber-se numa estrutura aparentemente fácil e sem grandes desafios ao leitor, já respirava os ares da modernidade, engendrada no gênero híbrido no limiar entre o romance lírico e o Bildungsroman, além da ressonância impressionista no plano do conteúdo e da forma. Nesta comunicação, pretende-se divulgar os primeiros resultados da pesquisa de doutoramento “Entre nuances multiformes e sensações evanescentes: a estética impressionista nos romances Clarissa (1933), de Erico Verissimo, e O lustre (1946), de Clarice Lispector”, destacando o resgate da fortuna crítica desse primeiro romance verissiano, dando luz às mais relevantes leituras/impressões, desde seu lançamento, até a contemporaneidade, que Clarissa suscitou à crítica e aos estudos acadêmicos.

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ELEMENTOS ERÓTICOS E PARÓDICOS NA CORRESPONDÊNCIA AMOROSA DE JAMES JOYCE

Rangel Gomes Andrade

(GD – UNESP/Araraquara – PIBIC/CNPq/Reitoria)

James Joyce conheceu Nora Barnacle, mulher com quem viveu toda sua vida, no ano de 1904. As 14 cartas que compõem a crônica desse primeiro ano de relacionamento do casal estão reunidas em português no volume Cartas a Nora (2012), com tradução de Sérgio Medeiros e Dirce Waltrick do Amarante. Essa correspondência é formada por cartas de namorados, onde podemos encontrar declarações, flertes, malícias e confissões do autor irlandês para amada. Entremeado a isso, elas apresentam elementos peculiares de exploração estética inscritas especialmente na chave do erotismo, além de intertextos paródicos, a exemplo de uma alusão a clássica correspondência amorosa de Abelardo e Heloísa (Séc. XII). Portanto, em linhas gerais, o objeto deste trabalho é a correspondência amorosa de James Joyce. Para abordar estas cartas utilizaremos o método crítico-analítico respaldado em autores que têm entre seus objetos de interesse a carta, e, mais especificamente, a carta de amor, a exemplo de Brigitte Diaz, Peter Gay, Eric Landowski, entre outros, articulado com reflexões teóricas sobre os conceitos de erótico, onde podemos citar entre os autores mais célebres Georges Bataille e Roland Barthes, e paródia, onde podemos destacar a teórica Linda Hutcheon.

A DEFESA DA MULHER EM ORLANDO FURIOSO

Sara Gabriela Simião (PG/DR – UNESP/Assis)

Esse trabalho tem como propósito mostrar como o autor italiano renascentista Ludovico Ariosto tratou da personagem feminina dentro da sua principal obra, Orlando furioso (1532). Este escritor trouxe em seu livro uma ampla gama de personagens femininas, como exemplos de lealdade e deslealdade, a fada benigna e a maligna, a guerreira, mas, principalmente, tratou de mostrar a mulher como humana. No entanto, há outro ponto mais atrativo dentro da obra: a defesa das mulheres. Estas são defendidas de injustas acusações, provindas do costume de generalizá-las. E, mais que isto, elas são convidadas a tomarem um papel ativo dentro da sociedade. Isto, porém, não é um caso isolado. Antes de Ariosto, outros foram os escritores que decidiram defendê-las e louvá-las, fato este que se tornou tendência principalmente durante o Renascimento. Desta forma, para começar, propõe-se apresentar brevemente os

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precursores desta defesa, culminando na obra de Ariosto. E, por fim, mostrar como Ariosto trata a mulher dentro de sua obra.

LETRAMENTO LITERÁRIO: UM DESAFIO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Sônia Maria Fernandes

(PG/MT/ProfLetras – UNESP/Assis - CAPES

Por que os alunos não gostam de ler? Como impulsionar a leitura literária em sala de aula? Como colaborar para a formação de alunos leitores? Como fazer com que as crianças compreendam o que leem? Trata-se de um desafio atual, sem dúvida, promover a leitura literária na escola, ainda mais em meio a novas tecnologias e diversas mídias como a internet e celular. Por isso este trabalho pretende oferecer alternativas de atividades práticas com o texto literário ao professor de Língua Portuguesa da Educação Básica, de 6º ao 9º ano, por meio de sequências didáticas e projetos, pois o texto literário muitas vezes é usado como pretexto para o ensino de normas gramaticais e, portanto, é visto de maneira superficial e muitas vezes equivocada ao longo do ensino fundamental. Assim, projetos de letramento literário são vistos como alternativas eficazes para estimular e aproximar o aluno do universo literário, dando ênfase para atividades mais práticas e reflexivas, abordando e explorando a literatura como prática social e confirmando seu poder de humanização. Crê-se, pois, que a escola é responsável por promover o letramento literário no processo de escolarização da literatura.

QUESTÕES DE IDADE DA MULHER NA LITERATURA JAPONESA SETSUWA LAICA E BUDISTA.

ALGUMASAPROXIMAÇÕES

Teresa Augusta Marques Porto (PG/DR – UNESP/Assis)

Na literatura clássica japonesa, mais especificamente nos setsuwa, relatos breves, podem-se encontrar abordagens à questão da posição social da mulher no contexto do período Heian (794-1192), em que ela pode aparecer, no caso das narrativas laicas, como jovem desprotegida, inocente, em situações peculiares de chefia de bandos e, se mais velha, demonizada (YOSHIDA, 1992), como no caso em que vampirizam ou predam as mais jovens e suas crias. Já na literatura religiosa budista, a mulher, em diversas idades ou idades indefinidas, é valorizada

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ao extremo enquanto mãe e os delitos de desrespeito de filhos são imediatamente punidos (NAKAMURA, 1997), assim como premiados com o socorro divino personagens que apresentam virtude de piedade filial (PORTO, 2007). Ao mesmo tempo, na narrativa religiosa também se encontra a associação da mulher jovem e bela com o perigoso e astuto espírito-raposa, que vem advertir o homem que ousa transgressões.

ÁLBUM DE FAMÍLIA: A IRONIA FEMINISTA DE ROSARIO CASTELLANOS

Thaís da Silva Nunes

(GD – UNESP/Assis)

Nesta comunicação, apresentamos a obra Álbum de Familia (1971), coletânea de contos objeto de nossa pesquisa, da escritora Rosario Castellanos (1924-1974). Nossa pesquisa objetiva analisar os papeis femininos representados nos quatro relatos que compõem a obra, investigando o modo como as personagens femininas, por um lado, são modeladas dentro dos limites patriarcais e, por outro, subvertem e desmascaram a ordem por meio do discurso irônico. Os pressupostos metodológicos que fundamentam essa investigação estão ancorados nas postulações de Judith Butler (2003) e Teresa de Lauretis (1994), representantes da crítica feminista pós-estruturalista e dos estudos de gênero e nos estudos de Linda Hutcheon (2000) sobre a ironia, concebida como “uma percepção oscilante e, contudo, simultânea, de significados plurais e diferentes” (HUTCHEON, 2000, p. 102). Para a análise dos dados, foi feito um estudo pormenorizado de cada conto. Com essa proposta, pudemos concluir que, em cada conto, há uma evolução gradual do intelecto critico reflexivo das personagens femininas, fomentada, sobretudo, pela ironia oposicional, mediante a conduta performativa cultural que despenham.

AGUAFUERTES URUGUAYAS : A CIDADE DE MONTEVIDÉU A PARTIR DO OLHAR DO ARGENTINO ROBERTO ARLT

Thaís Nascimento do Vale (PG/DR - UNESP/Assis)

O presente trabalho propõe o estudo das notas de viagem produzidas pelo escritor argentino Roberto Arlt (1900-1942), durante sua viagem ao Uruguai, em 1930. Dessa viagem, resultaram os textos denominados “Informaciones de

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viaje” e “Aguafuertes uruguayas”, e publicados entre 13 e 27 de março daquele ano, no jornal argentino El Mundo. Dos quinze textos que Arlt escreveu sobre a cidade de Montevidéu, onze encontram-se compilados no livro Aguafuertes uruguayas y otras páginas (Banda Oriental, 1996), organizado por Omar Borré, e que constituem o corpus do presente trabalho, a partir do qual buscamos realizar uma leitura da forma como Arlt descreve a capital uruguaia e sua população, partindo, para tal, do conceito de Narrativa de extração histórica (TROUCHE, 2006) e dos estudos sobre a narrativa de viagem (IANNI, 2003; TODOROV, 2006; CARRIZO RUEDA, 2008).

ANÁLISE E RECEPÇÃO DA OBRA O GATO E O ESCURO, DE MIA COUTO

Thais Oliveira Kalil Modesto

(GD – UNESP/Assis – PROGRAD)

Este texto tem por objetivo apresentar uma análise da obra O Gato e o Escuro (2008), de Mia Couto (Beira, Moçambique 1955), partindo dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção (JAUSS, 1994; ISER, 1999 e 1996). A obra apresenta uma cativante narrativa, cujos protagonistas são animais. O gato Pintalgato, se caracteriza na narrativa por apresentar características marcantes, como a superação do seu próprio medo relacionado a descoberta de um novo horizonte. Mia Couto apresenta em suas obras características próprias, pois explora da própria natureza humana na sua relação com a terra. Atualmente é o autor moçambicano mais traduzido, suas obras são traduzidas e publicadas em 24 países, além de ser mais o vendido em Portugal. Suas obras já tiveram inúmeras adaptações no teatro e no cinema. Foi premiado nacionalmente e internacionalmente. Em 1999, o autor recebeu o prêmio Vergílio Ferreira e, em 2007 o prêmio União Latina de Literaturas Românicas. Justifica-se que por apresentar uma linguagem rica e oriunda em neologismos. O imaginário em suas obras evoca a intuição de mundos, relacionado ao mundo em que se vive e a construção do imaginário sonhador, possibilitando a ampliação do horizonte de expectativa do jovem leitor. CRÍTICA SOCIAL, PERCURSOS HISTÓRICOS E LITERÁRIOS EM

O AFRICANO (1908-1919)

Thiago Henrique Sampaio (PG/MT – UNESP/Assis - CNPq)

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A tipografia em Moçambique surgiu a partir da década de 1850, primeiro na Ilha de Moçambique e posteriormente nas regiões de Inhambane, Lourenço Marques e Quelimane. Essas primeiras publicações eram a serviço dos interesses da colonização portuguesa. Ao final do século XIX e primeira década do XX começaram a se desenvolver uma imprensa oriunda de uma elite negra local. Esse grupo buscava denunciar os abusos, corrupções e desleixos da administração colonial lusitana em território moçambicano. Um deste periódicos foi “O Africano”, que surgiu em 1908 como propriedade do Grêmio Africano de Lourenço Marques e durou até 1919. O presente trabalho buscar discutir as potencialidades de pesquisa existente dentro de um jornal moçambicano e seus dilemas históricos, literário e sociais presentes em sua escrita. ORIXÁS FEMININOS NO PNBE: UMA ANÁLISE DA OBRA OMO-

OBA: HISTÓRIAS DE PRINCESAS, DE KIUSAM DE OLIVEIRA

Uiara Cristina de Andrade Ruiz (PG/MT/ProfLetras – UNESP/Assis)

O presente trabalho tem por objetivo, a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção (ISER, 1999 e 1996), apresentar uma análise da obra Omo-Oba: histórias de princesas, da escritora Kiusam de Oliveira. Para tanto, buscar-se-á observar se a obra em questão, destinada ao público juvenil, é inovadora e se ajuda a romper com os conceitos prévios acerca das religiões de matriz africana no contexto escolar. Ela nos apresenta a história de seis princesas que representam alguns orixás africanos: Olocum, Oduduá, Oiá, Iemanjá, Xalugá e Oxum. Assim, este trabalho procura discutir se a literatura, por meio de seres ficcionais, contribui para ressignificar a história e/ou culturas afro-brasileiras e africanas, assegurando a diversidade cultural em âmbito escolar, além de promover a formação do leitor crítico.

AS DUAS FACES DO HERÓI: UMA ANÁLISE DE LINGUAGEM LITERÁRIA E CINEMATOGRÁFICA DO PERSONAGEM SIMÃO

BOTELHO, DE CAMILO CASTELO BRANCO

Valéria Ferreira de Oliveira (GD - Arte)

Este trabalho procura trazer uma reflexão sobre como se dá a construção de um personagem, o típico Herói romântico do século XIX, por meio da análise e

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diálogo entre duas linguagens específicas: a da literatura e a do cinema. Para isto, analisaremos por meio da teoria de Mikhail Bakhtin, especificamente no texto “O autor e a personagem na atividade estética”, presente no livro Estética da Criação Verbal, como se dá a construção do conceito de herói no personagem Simão Botelho dentro do universo literário desenvolvido por Camilo Castelo Branco no livro Amor de Perdição (1861) e, após isto, analisar sob a mesma teoria a mesma personagem, agora dentro do filme Amor de Perdição (1978), do renomado cineasta português Manoel de Oliveira. Dessa maneira, esperamos encontrar pontos de convergência e divergência, ou, como diria Bakhtin, forças centrípetas e centrífugas que nos permitam estabelecer amplo e produtivo diálogo entre as duas formas de linguagem a serem analisadas dentro do mesmo universo da personagem. A INTERCULTURALIDADE NO ENSINO DAS LITERATURAS DE

LÍNGUA ESPANHOLA

Vanessa Pansani Viana (MT – UNESP/Assis)

Sem a intervenção docente na conexão do aluno com o texto literário pode ocorrer uma desvinculação do ensino das literaturas de língua espanhola de seu contexto social. Isso pode ocorrer porque, quando o conteúdo literário é abordado com enfoque apenas nos exercícios contidos nos materiais didáticos, corre-se o risco de o professor adotar uma abordagem meramente lexical e/ou gramatical perante seu objeto de ensino. Refletimos sobre a necessidade de a literatura ser contemplada em sua heterogeneidade linguística, em seus aspectos contextual, social, cultural e histórico, com o objetivo de que se forme no aluno uma consciência crítica da existência dessa heterogeneidade e diversidade linguística e sociocultural. Seguindo a mesma perspectiva de enfoque cultural, a literatura, enquanto manifestação artística de uma língua, também pode ser abordada sob o prisma da interculturalidade. Portanto, defendemos que a abordagem das literaturas de língua espanhola seja repensada sob o prisma intercultural: “a língua, mais do que objeto de ensino, passa a ser a ponte, a dimensão mediadora entre sujeitos/mundos culturais” (Mendes, 2011). Dessa forma, nosso estudo abarca o ensino da literatura baseado nas relações de diálogo, visto também como um lugar de interação.

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O LUGAR DA CENSURA EM IN NOMINE DEI E NA ACEPÇÃO DE HISTÓRIA DE JOSÉ SARAMAGO

Vitor Celso Salvador

(PG/DR – UNESP/Assis)

José Saramago, embora mais lembrado pelos memoráveis romances, escreveu também cinco peças teatrais: A noite (1979), Que farei com este livro? (1980), A segunda vida de Francisco de Assis (1987), In nomine dei (1993) e Don Giovanni ou o dissoluto absolvido (2005). Em relação à penúltima, nota-se, por exemplo, que os personagens, em muitos momentos, são repreendidos, em situações claras que estabelecem aproximações com a vida do próprio escritor que era um ateu convicto e possuía ideias socialistas bem engajadas. Além disso, esse texto teatral reescreve o conflito envolvendo uma rebelião alemã protestante do século XVI, segundo à acepção saramaguiana de História, conferindo-lhe novo significado, com crítica negativa ao fanatismo religioso. Para tanto, com criatividade literária, Saramago espelhou-se na vida de pessoas atuantes nesse acontecimento para a criação de seus personagens, como Jan van Leiden e Berndt Rothmann, além de construir diálogos que expõem a temática com grande riqueza discursiva.