19. a personalidade do espírito santo

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1 | A p o s t i l a – A P e r s o n a l i d a d e d o E s p í r i t o S a n t o

A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO

Consideremos agora o caráter do Espírito Santo. Ele é “outro consolador”. Isto identifica o prometido Espírito com o Senhor que O prometeu – em natureza, caráter, propósito e atividade. É por assim dizer, o outro eu de Cristo, identifico em natureza e caráter. Se nos permitem uma tosca comparação, diremos que Eles se assemelham á dois lados de um triângulo – semelhantes e relacionados, mas diferentes. Notemos a seguinte citação:

O Desejado de Todas as Nações ed. Popular, pág. 769. (outra ed. pág. 805).

“O Espírito Santo não se manifestara ainda plenamente; pois Cristo ainda não fora glorificado. A mais abundante comunicação do espírito não se verificou senão depois da ascensão de Cristo. Enquanto não houvesse sido recebido, os discípulos não podiam cumprir a missão de pregar o evangelho ao mundo. Mas o Espírito foi agora dado para um fim especial. Antes de os discípulos poderem cumprir seus deveres oficiais em relação com a Igreja, Cristo soprou sobre eles Seu Espírito. Estava-lhes confiando um santíssimo legado, e desejava impressioná-los com o fato de que, sem o Espírito Santo, não se podia realizar esta obra”.

“O Espírito Santo é o sopro da vida espiritual na alma. A comunicação do Espírito é a transmissão da vida de Cristo. Reveste o que O recebe com os atributos de Cristo.”

Jesus disse de Si mesmo: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, pelo que Me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-Me a curar os quebrantados de coração; para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.” Lucas 4:18 e 19. Ninguém pode curar os quebrantados de coração sem o Consolador, Aquele que está ao seu lado para ajudar. Os discípulos teriam que ficar sem Ele, o primeiro Consolador, para que Ele pudesse enviar outro. Enquanto Cristo viver, perdurará essa garantia.

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Consolador, todavia, é uma tradução inadequada do termo grego Parakletos, a nova designação do novo ministério que o Espírito estava para iniciar. Segundo a maioria dos eruditos. A melhor tradução de Parakletos é Advogado, que significa também representante, intercessor, suplicante e consolador. É realmente um termo intraduzível, o mesmo usado com respeito a Cristo sobre Sua obra perante o Pai: “Filhinhos Meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo.” I João 2:1

Um advogado ajuda seus clientes de duas maneiras: ás vezes representava-o perante o tribunal, pleiteando sua causa; outras vezes, meramente prepara discurso para que o cliente mesmo fale. Semelhantemente, Cristo é nosso Advogado perante o Pai, e o Espírito Santo é o Advogado de Cristo conosco.

Havemos, nós, que honramos os representantes dos governos terrestres, de ser culpados de desrespeito e indiferença para com o Advogado do Rei do Céu, o representante de Cristo perante a Igreja e o mundo?

Ao estudarmos o caráter do Espírito Santo, somos levados diretamente á consideração de Sua personalidade. É fácil imaginar o Pai e Jesus como Pessoas. É como se pudéssemos até visualizá-los. Mas o Espírito é considerado tão misterioso, invisível, secreto, e seus atos tão fora do alcance de nossa percepção, que Sua personalidade é questionada ao contrastar-se com as outras Pessoas da Divindade.

Ele tem, naturalmente, aparecido de modo visível aos sentidos humanos; em certa ocasião, em forma de pomba (Mateus 3: 16). Daí muito se dizer sobre Sua influência, graças, poder e dons. Somos assim inclinados a considerá-lo simplesmente como influência, poder, energia—consideração reforçada pelos símbolos de fogo, vento, óleo e água.

Além disso, muito contribui para esse conceito popular o fato de que o termo Espírito, em grego, é neutro; e seguindo as estritas normas gramaticais em inglês, usa-se em Romanos 8:16 e 26, o pronome neutro itself na Authorized Version (Versão Autoriza).—“O próprio (itself) Espírito testifica com o nosso espírito que somo filhos de Deus.” “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo (itself) Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis.” Isto,

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porém, foi corrigido na Revised Version (Versão Revisada), para harmonizar com a Sua personalidade.

Não se trata de mera questão técnica, acadêmica ou simplesmente teórica. É de suprema importância e do mais elevado valor prático. Se Ele é uma pessoa divina e O consideramos como influência impessoal, então estamos roubando dessa Pessoa divina à deferência, honra e amor que Lhe são devidos. E mais: Se o Espírito é mera influência ou poder, podemos então procurar apropriar-nos dEle e usá-Lo.

Se julgarmos possuir o Espírito Santo podemos inclinar-nos para a presunção e ostentação própria; mas se mantemos o outro conceito, o verdadeiro, então seremos inclinados á renuncia, abnegação e humilhação de nosso próprio eu. Nada há, além disso, para lançar por terra a glória do homem. A este respeito vejamos outra citação do Espírito de Profecia:

Obreiros Evangélicos, pág. 285

“Nós não podemos servir-nos do Espírito Santo; Ele é que nos há de usar a nós. Mediante o Espírito, Deus opera em Seu povo ‘tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade’. Filip.2:13. Mas muitos não se querem submeter a ser guiados. Querem dirigir-se a si mesmo. Eis por que não recebem o dom celestial. Apenas aqueles que esperam humildemente em Deus, que estão atentos a Sua guia e graça, é o Espírito concedido. Esta prometida bênção, reclamada pela a fé, traz consigo todas as demais bênçãos. Ela é concedida segundo as riquezas da graça de Cristo e Ele está pronto a suprir cada alma, de acordo com sua capacidade de receber.”

Não, o Espírito Santo não é uma tênue, nebulosa influência emanente do Pai. Não é algo impessoal, vagamente reconhecido, apenas um invisível principio de vida. Na mente de multidões, o Espírito Santo tem sido despojado de personalidade e tornado irreal, inacessível, oculto por densa neblina e envolto pela irrealidade. No entanto, a maior realidade invisível no mundo hoje é o Espírito Santo. Ele é uma santa personalidade.

Jesus foi à personalidade mais influente e marcante neste velho mundo, e o Espírito Santo foi designado para preencher a sua vaga. Nada a não ser uma Pessoa. Nenhuma simples influência seria suficiente.

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Há o perigo de limitarmos nossa idéia de personalidade a manifestações físicas. Parece difícil concebermos a idéia de personalidade separada de uma tangível forma humana corporal, uma existência assim limitada. Mas personalidade e tal corporalidade devem ser nitidamente distintas, embora freqüentemente se confundam. A personalidade não exige as limitações da humanidade. Quanto a isso, fala-nos novamente o Espírito de Profecia:

Desejado de Todas as Nações pág. 644. ed. popular (669 no grande)

“O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da personalidade humana, e dela independente. Limitado com a humanidade, Cristo, não poderia estar em toda parte em pessoa. Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o espírito como Seu sucessor na terra. Ninguém poderia ter então vantagem devido a sua situação ou seu contato pessoal com Cristo. Pelo Espírito Santo, o Salvador seria acessível a todos. Nesse sentido, estaria mais perto deles do que se não subisse ao alto.”

Deus o Espírito não deve ser medido por padrões humanos. Não podemos expressar o infinito em termos finitos. Não se pode definir de maneira concisa e cabal o Espírito Santo. Não nos é necessário resolver o mistério de Sua natureza, e contra isso somos especificamente advertidos:

Atos dos Apóstolos, págs. 51 e 52

“Não é essencial que sejamos capazes de definir exatamente o que seja o Espírito Santo. Cristo nos diz que o Espírito é o Consolador, o ‘Espírito de verdade, que procede do Pai’. Declara-se positivamente, a respeito do Espírito Santo, que em sua obra de guiar os homens em toda verdade, ‘não falará de Si mesmo’, S. João 15:26; 16:13.

“A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a igreja. Com relação a tais mistério – demasiado profundos para o entendimento humano – o silêncio é ouro.”

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Eis outro importante conselho:

Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, pág. 336

“Íntima ligação com Deus deve ser mantida por todos os nossos professores. Se Deus enviasse seu Santo Espírito a nossas escolas para moldar corações, elevar o intelecto, e dar aos estudantes sabedoria divina, pessoas há que, em seu estado atual, se interporiam entre Deus e os que necessitam de luz. Não compreenderiam a obra do Espírito Santo; jamais a compreenderam; ela lhes foi, no passado, um tão grande mistério como eram as lições de Cristo para os judeus. A operação do Santo Espírito de Deus não é criar curiosidade. Não compete aos homens decidir se porão as mãos nas manifestações do Espírito de Deus. Devemos deixar o Senhor operar.”

A mesma instrução inspirada estabelece uma vez por todas as verdades quanto a Sua personalidade. Ele é a “Terceira Pessoa da Divindade.”

“O mal se vinha acumulando por séculos e só poderia ser restringido e resistido pelo eficaz poder do Espírito Santo, a terceira Pessoa da Divindade, que viria com não modificada energia, mas na plenitude do poder divino.”—Testemunhos para Ministros, pág. 392.

Há “três pessoas viventes” no trio celestial:

“O Pai é toda a plenitude da Divindade corporalmente, e invisível aos olhos mortais.

“O Filho é toda a plenitude da divindade manifestada. A Palavra de Deus declara que Ele é a ‘expressa imagem de Sua pessoa’. ‘Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça mais tenha a vida eterna.’ Aí se manifesta a personalidade do Pai.

“O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e crêem em cristo como um Salvador pessoal. Há três pessoas; em nome destes três grandes poderes—o Pai, o Filho e o Espírito Santo—os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo.”—Evangelismo, pág. 614 e 615.

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Peço ao que estão vivendo no próprio coração da obra que recapitule, as experiências de anos e vejam se o “bem estar”(Mat. 25: 21) pode com justiça ser dito a seu respeito. Convido os professores em nossas escolas a considerarem cuidadosamente e com oração: Tenho individualmente vigiado minha própria vida como quem está cooperando com Deus para a purificação de todos os seus pecados e de sua inteira santificação? Pode você, por preceito e exemplo, ensinar aos jovens a santificação, por meio da verdade, que resulta de fato em santidade?

Ou você tem medo do Espírito de Deus? Ás vezes esse Espírito tem vindo com a mais completa e penetrante influencia á escola de Battle Creek e de outros lugares. Já percebeu isso? Atribuiu-Lhe a honra devida a um mensageiro celestial? Quando parecia estar o Espírito lutando com os jovens, sugeriu você: “Ponhamos de lado todo estudo, pois é evidente que temos entre nós um Hospede celestial. Vamos dar glórias a Deus”? Com o coração contrito, inclinou-se você em oração com seus estudantes, suplicando as bênçãos que o Senhor lhe estava apresentando?

O Grande Mestre em Pessoa estava entre vocês. Vocês O honraram? Ou era Ele um estranho para alguns dos educadores? Houve necessidade de mandar buscar alguém supostamente autorizado para saudar ou repelir esse mensageiro do Céu? Embora invisível, Sua presença podia ser percebida ente vocês. Ou será que foi expresso o pensamento de que na escola o tempo deve ser dedicado ao estudo, e que para tudo há o momento oportuno, como se as horas dedicadas ao estudo comum fossem demasiado preciosas para serem abandonadas em favor da operação do mensageiro celestial?

Quando o Espírito Santo revela Sua presença nas salas de aula, digam aos estudantes: “O Senhor indica que tem para nós hoje uma lição de origem celestial, de mais valor do que nossas lições comuns”. Ouçamos: curvemo-nos diante de Deus e busquemo-Lo d e todo coração.”

O mensageiro do Senhor veio para convencer do pedad o e abrandar os corações endurecidos pelo longo afastam ento de Deus . (8 T pág. 61-62).

Deus não é um homem magnificado ou sublimado. Somente Deus tem perfeita personalidade, existente desde os dias da eternidade, muito antes que um único ser humano, com suas limitações, viesse a existir. Há quatro predicados que caracterizam a personalidade: (1) vontade, (2)

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inteligência, (3) poder, (4) capacidade de amar. A personalidade, portanto, envolve a consciência de si mesmo, o conhecimento próprio, a vontade própria e a autodeterminação.

Uma pessoa é um ser acessível, no qual se pode confiar ou não, e que pode ser amado ou odiado, adorado ou insultado. Tais características essenciais da personalidade são limitadas e imperfeitas no homem, mas ilimitadas e perfeitas em Deus. Não se pode, portanto, confinar a personalidade do Espírito Santo a comparações com a personalidade humana.

Far-nos-á bem ouvir o que Jesus diz sobre este assunto nos capítulos 14 e 16 de S. João. Nenhuma de Suas palavras indica que o Espírito Santo seja simplesmente uma influência. Cristo Se dirige a Ele e O trata como pessoa. Chama-O Paracleto, título cabível somente a uma pessoa.

A idéia de personalidade domina a construção gramatical das sentenças de Cristo. Nos capítulos 14, 15 e 16 de S. João, cerca de vinte e quatro vezes, aparecem pronomes pessoais aplicados ao Espírito Santo. (Note-se, por exemplo, S. João 15:26 e 16:13.) Não que as pessoas da Divindade sejam masculinas e não femininas, mas sim pessoais e não impessoais. Em certos textos mantém-se subordinada a personalidade do Espírito a fim de que sejam postas em evidência outras de Suas características. Cristo apresenta o Espírito como alguém que ensina, fala, dá testemunho, guia, escuta e declara. Isto implica inteligência, discriminação e, portanto, personalidade.

Qualidades, ações e referências pessoais Lhes são atribuídas. Não são mãos e pés que constituem as marcas da personalidade, mas sim conhecimento, sentimento, vontade e amor.

1 CONHECIMENTO

“Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está assim também as coisas de Deus ninguém as conhece senão o Espírito de Deus.” I Cor.2:11. O Espírito Santo é a Pessoa qualificada para lidar com seres pessoais de modo consciente e inteligente, fazendo-os conhecer o que há no coração de Deus para eles, e também o que há em seus próprios corações. É absurdo atribuir a uma energia, influência ou força tal entendimento.

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2 VONTADE

“Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” I Cor. 12:11 (Almeida antiga). Eis aqui a maior prova de personalidade. A vontade é o elemento que mais distingue uma personalidade.

3 MENTE

“E Aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que Ele intercede pelos santos.”Romanos 8:27. Em grego isto implica pensamento e propósito. Atos 15:28 esclarece: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais.” Lemos: “Mediante o poder do Espírito Santo, toda obra designada por Deus deve ser elevada e enobrecida e levada a testificar em favor do Senhor. Deve o homem colocar-se sob o controle da mente infinita, cujos ditames lhe cumpre obedecer em todo particular.”—Conselhos Sobre Saúde pág. 524.

4 AMOR

“Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor.” Rom. 15:30. O Espírito Santo não é uma força cega, mas uma Pessoa que ama com a mais terna afeição.

5 COMUNHÃO

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” II Cor. 13:13. Ele é aqui ligado ás supremas personalidades, o Pai e o Filho, na benção apostólica. E só se pode conceber a comunhão com o Espírito Santo numa base de personalidade, que implica parceria e reciprocidade.

6 TRISTEZA

“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual foste selados para o dia da redenção.” Efe. 4:30. Como a compreensão deste pensamento, referindo-se a essa santíssima Pessoa, moldará a vida inteira!.

7 PODE-SE INSULTÁ-LO, TENTÁ-LO E MENTIR-LHE

Notem-se estes textos: “De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho

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de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da Graça?” Heb. 10:29. Tornou-lhe Pedro: “Por que entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí á porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e eles também te levarão.” Atos 5:9. “Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?... Não mentiste ao homem, mas a Deus.” Atos 5:3 e 4. Vemos assim que ele é suscetível a ofensa pessoal.

A mais solene advertência de Cristo ouvida pelos homens, registrada nos quatro evangelhos, declara que aquele que rejeitar o Senhor ou as Suas palavras será perdoado; mas se ofender o Espírito Santo, pecando contra Ele e finalmente recusando seus ensinos, não será perdoado. É inconcebível que alguém peque contra uma influência, força ou energia e assim incorra no perigo do pecado imperdoável.

Repassemos a seguir alguns feitos atribuídos a Ele, os quais somente uma pessoa poderia realizar. Ele inspirou as Escrituras Sagradas, ditou ordens e proibições, designou pastores, fez intercessões e orações, deu ensinos e relevantes atos de uma personalidade inteligente, e que jamais poderiam ser realizadas por uma influência.

O Espírito Santo, porém, é mais do que uma simples personalidade. Ele é uma pessoa divina. É chamado Deus(Atos 5:3 e 4), a “terceira pessoa da Divindade”. Possui atributos divinos: onipotência (S. Lucas 1:35); onipresença (Salmo 139:7-10); vida eterna (Heb. 9:14). Estes atributos que pertencem somente a Deus, são também atributos do Espírito. Ele é maior do que os anjos porque, como representantes de Cristo, dirige todos os anjos na Terra, na luta contra as legiões das trevas.

“Todos os espíritos celestes se acham nesse exército. E mais que anjos estão nas fileiras. O Espírito Santo, o representante do Capitão do exército do Senhor, desce para dirigir a batalha.”—Desejado de Todas as Nações, ed. popular, pág. 334. outro pág. 352.

Além disso, são-lhe atribuídas obras divinas: a criação (Jó 33:4), a regeneração (S. João 3:5-8), a ressurreição (I Ped. 3:18), a autoria das profecias (II Ped. 1:21). Tais obras só poderiam ser realizadas por Deus. Portanto, o Espírito Santo não é simplesmente pessoa, mas uma Pessoa divina. No plano de deus o ministério do Espírito inclui criação,

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inspiração, convicção, regeneração, santificação e preparo para o serviço eficiente.

Isto nos induz a um breve exame da relação do Espírito Santo com as outras Pessoas da Divindade. Em nossa concepção da Trindade, tendemos a pensar em três deuses em vez de um. Nosso Deus é somente um (Deut. 6:4); mas há três Pessoas em uma única Divindade. A nossa dificuldade consiste em procurar conceber seres espirituais em termos de ordem física. Talvez aqui seja interessante uma ilustração muito simples. O triângulo é uma figura, mas com três lados. Assim a Divindade, sendo uma, manifesta-Se como Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” S. João 10:30.

Eis uma citação bem ao ponto: “ ‘Se vós Me conhecêsseis a Mim’, ‘também conheceríeis a Meu Pai; e já desde agora O conheceis e O tendes visto.’ Mas nem então os discípulos compreenderam.’Senhor, mostra-nos o Pai’. Exclamou Filipe, ‘o que nos basta.’

“Admirado de sua falta de compreensão, Cristo perguntou com dolorosa surpresa: ‘Estou há tanto tempo convosco e não Me tendes conhecido, Filipe?’ Será possível que não vejas o Pai nas obras que Ele faz por Meu intermédio? Não crês que vim testificar do Pai? ‘Como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Quem Me vê a Mim vê o Pai.’ Cristo não deixara de ser Deus ao tornar-Se homem. Conquanto Se houvesse humilhado até á humanidade, pertencia-Lhe ainda a divindade.”—O Desejado de Todas as Nações, ed. popular pág. 639-640. Outra ed. 663-664.

E mais uma vez, ao falar sobre a vinda do Espírito Santo, Cristo disse: “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador. ... O Espírito da verdade. .. Não vos deixaria órfãos, voltarei para vós outros.” S. João 14:16-18. “Meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.”Verso 23.

Assim a presença do Espírito Santo envolve a presença de Jesus e do Pai. Em outras palavras, é mediante o Espírito Santo que a plenitude da Divindade, nesta dispensação, está presente e opera no mundo. O Espírito Santo é, por assim dizer, o outro eu de Jesus. E é assim que Jesus faz sua morada permanente e universal em todo o Seu verdadeiro caráter, e O recebem no coração, têm vida eterna. É por meio do Espírito que Cristo habita em nós; e o Espírito de Deus, recebido no coração pela fé, é o princípio da vida eterna. ”— Idem, pág. 370 (no outro pág. 388)

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Antes de Cristo vir como homem, o Pai era a Pessoa mais notável no horizonte da Divindade; quando Jesus veio, a segunda Pessoa ocupou o horizonte; e nesta dispensação do Espírito, a terceira Pessoa é quem o ocupa, culminando assim as progressivas provisões de Deus.

Na dispensação do Pai, destacava-se o padrão da lei; na dispensação do Filho, adiciona-se a reconciliação; na dispensação do Espírito, acrescenta-se poder santificante e habilitador. Essas dispensações são, portanto, cumulativas, cada uma reforçando e suplementando a outra.

Em cada dispensação a espiritualidade da Igreja tem sido condicionada a sua adesão á principal verdade revelada para o seu tempo. O padrão de justiça foi erguido, foram manifestos os meios de reconciliação e expiação, por último, o agente que aplica esses benefícios ao homem salienta-se agora de maneira notável.

Os três grandes testes históricos da fé em relação com a divindade são: Primeiro no período anterior á encarnação, o teste de “um Deus” versus politeísmo, e o direito de Deus de governar tendo a lei como padrão o sábado como sinal; segundo, se, no primeiro advento de Cristo, aqueles que passaram no primeiro teste aceitariam Jesus como Filho de Deus e Redentor; terceiro, tendo passado nos dois primeiros testes, submeter-nos-íamos plenamente ao Espírito Santo para que torne eficaz em nós tudo o que foi feito por nós.

Estes fundamentos são amplos e abarcam tudo que é vital ao divino plano da salvação.

Encontra-se em Gênesis 1:26 a primeira indicação da pluralidade da Divindade. Deus disse: “Façamos o homem á nossa imagem”. O Pai é a fonte, o filho é o intermediário, e o Espírito Santo é o meio pelo qual a criação veio á existência.

A trindade da divindade é várias vezes inferida no Velho Testamento. Em Números 6:24-27 lemos: “Assim porão o Meu nome sobre os filhos de Israel”(v.27). Antes a expressão “O Senhor.. o Senhor.. “O Senhor..” aparece três vezes, não quatro nem duas. “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o Seu rosto, e te dê a paz.”

Esta tríplice repetição assemelha-se precisamente á benção apostólica do Novo Testamento em II Coríntios 13:13: “A graça do senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com

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todos vós.” Em Números o nome do Espírito é associado com o Pai e o Filho no único nome de Deis.

Além disso, lemos em Isaias 6: 1-3:

“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dEle; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; toda a Terra está cheia da Sua glória.”

Encontramos assim outra tríplice atribuição de louvor a uma só Pessoa. E novamente em Isaias 48:16:

“Chegai-vos a Mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo tenho estado lá. Agora o Senhor Deus Me enviou a Mim e o Seu “Espírito.”

Aqui encontramos o “Senhor”, e o “Espírito”, e “Me” – Aquele que viria. Tão logo Jesus andou na Terra, como um indivídou entre os homens, tornou-se inevitável que as distinções na Divindade fossem nitidamente reconhecidas. Não há razão bíblica para aceitar a deidade e personalidade do Pai e do filho, que não estabeleça igualmente essas mesmas características do Espírito Santo.

Quando Jesus foi batizado (S. Mateus 3:16 e 17), a voz do Pai anunciou o seu prazer no filho, e este foi então ungido pelo Espírito Santo. Aqui vemos uma nítida distinção entre os três na mesma ocasião. Também na grande comissão evangélica ( S. Marcos 28:19)a fórmula batismal contém o nome do Espírito no mesmo nível de igualdade com o do Pai e o Filho. Em seu sermão pentecostal, Pedro declarou:

“Exaltado, pois, á destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.”

Lemos ainda nos capítulos em consideração: “E Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco.” “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em Meu nome, Este vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” S. João 14:16 e 26.

“Quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de ver. Ele Me glorificará

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porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é Meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar.” S. João 16:13-15.

A isto deve-se acrescentar a afirmação de S. Paulo: “Porque por Ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito.” Efe. 2:18. e em Hebreus 10:9-15 vemos que a vontade é do Pai, o Filho executa e o Espírito testifica.

A Divindade moveu-se de compaixão pela raça, e o Pai, o Filho e o Espírito Santo deram-Se a Si mesmos ao estabelecerem o plano da redenção. A fim de levarem a cabo plenamente esse plano, foi decidido que Cristo, o unigênito Filho de Deus, Se desse a Si mesmo e oferta pelo pecado. Que linha pode medir a profundidade deste amor? (CSS pág. 222)

No terceiro século, época do florescimento das apostasias, Paulo de Samotrácia apresentou uma teoria que negava a personalidade do Espírito Santo e O considerava simplesmente uma influência, uma expressão de energia e poder divinos, uma influência emanada de Deus e exercida no homem. Quando veio a Reforma Protestante, dois homens, Laelus Socinus e seu sobrinho Fausto Socinus, reacenderam essa teoria e muitos a aceitaram.

Essa influência, que faz baixar a temperatura espiritual, foi sentida em todas as igrejas protestantes. Na Versão Autorizada de 1611(em inglês) o pronome pessoal aplicado por Cristo ao Espírito Santo, em Romanos 8:16 e 26, é traduzido para o neutro it ou itself, o que indica a atitude de pessoas cristãs naquele tempo, referindo-se ao Espírito como coisa(it).

Não somente foi a personalidade do Espírito Santo atacada naqueles tempos, mas também Sua divindade foi posta em dúvida no quarto século por Ário, presbítero de Alexandria. Ensinava ele que Deus era uma Pessoa eterna, infinitamente superior aos anjos, e que Seu unigênito Filho exerceu poder sobrenatural na criação da terceira Pessoa, o Espírito Santo.

A diferença entre essas duas heresias, o socinianismo e o arianismo, consiste em que esta última reconhece a personalidade do Espírito Santo ao passo que nega sua própria divindade. De acordo com Ário, o Espírito Santo é uma pessoa criada. Se é criada, então não é a divindade.

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Reza a Escritura: “Tudo isto disse Jesus por parábolas á multidão.. para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a Minha boca. Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo”. Mat. 13: 34-35. As coisas naturais eram veículos para as espirituais, cenas da Natureza e dá experiência diária de seus ouvintes eram relacionadas com as verdades das Escrituras Sagradas. Guiando assim do reino natural para o espiritual, sãos as parábolas de Cristo, elos na cadeia da verdade que une o homem a Deus, e a Terra ao Céu. (Parábolas de Jesus, pág. 17)

Oseías 12: 10 diz: E falarei aos profetas, e multiplicarei a visão, e pelo ministério dos profetas proporei símiles. Os símbolos possibilitam comparações que tornam as verdades representadas vividas e reais para nós. De fato a Bíblia é um livro constituído em grande parte de diferentes metáforas, símiles, tipos, símbolos, parábolas, alegorias e emblemas. Palavras desprovidas de símbolos são freqüentemente fracos transmissores da verdade, com palavras, porém, revestidas de símbolos – essas figuras de linguagem humana e imaginação terrena – a verdade se tora impressionante e real.

I Cor 2: 14 e 7-9 veja o diz a Bíblia:

14 Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

7 Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;

8 A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.

9 Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.

Por natureza Deus é:

Pessoal, mas presente em toda parte (onipresente) de Seu universo criado Sl 139: 7-12

7 Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?

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8 Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.

9 Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,

10 Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

11 Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.

12 Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa;

Conhecedor de todas as coisas (onisciente) Sl 139: 1-4.

1 SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. 2 Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. 3 Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. 4 Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces.

Todo-Poderoso (onipotente). Mat. 19: 26.

26 E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.

(Eterno) existente de eternidade em eternidade Sl 90: 2.

2 Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus.

Imutável – imutável em Sua natureza e caráter. Mat 3: 6

6 E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.

Bondoso – totalmente justiça e bondade.

Salmos 145: 9 O SENHOR é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras.

Salmos 19

7 A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices.

8 Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro, e ilumina os olhos.

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9 O temor do SENHOR é limpo, e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos juntamente.

Um ser de amor – amor perfeito desinteressado

I João 4: 8

8 Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.