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18° EDIÇÃO– MARÇO-ABRIL SONHOS Essa noite eu tive um sonho onde eu procurava, dentre tantas coisas deste mundo, algo que me desse alegria, um sono tranquilo. Saí pela rua andando e olhando a Lua crua, procurando o rosto da mulher amada. Não consigo lembrar-me ao certo de seu semblan- te, mas a sensação interna de sua presença me arrebata para um outro espaço-tempo dentro de mim mesmo. Tantas quadras e não a vejo, será amigo meu esse desejo? Me perdi dentro dos meus pensamentos relembrando seu cheiro. Daí veio um simples desejo: ensejo lunar, vontade de amar, mas não posso parar, pois acabo de acordar de um sonho que não pude evitar. Fico a pensar e percebo que sonho acordado. Não que- ro parar de sonhar. Não sei se volto a dormir ou se me lanço na vi- gília lúcida do meu corpo a pulsar. Percebo que não tem jeito, lá se vai a Lua e já vem o Sol me convocar... Tenho contas a pagar. Valéria, Fabiano, Carlos, Ronaldo, Marquinhos, André e Clara Ilustração: Jesurine

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1 8 ° E D I Ç Ã O – M A R Ç O - A B R I L

SONHOS

Essa noite eu tive um sonho onde eu procurava, dentre tantas

coisas deste mundo, algo que me desse alegria, um sono tranquilo.

Saí pela rua andando e olhando a Lua crua, procurando o rosto da

mulher amada. Não consigo lembrar-me ao certo de seu semblan-

te, mas a sensação interna de sua presença me arrebata para um

outro espaço-tempo dentro de mim mesmo. Tantas quadras e não

a vejo, será amigo meu esse desejo?

Me perdi dentro dos meus pensamentos relembrando seu

cheiro. Daí veio um simples desejo: ensejo lunar, vontade de amar,

mas não posso parar, pois acabo de acordar de um sonho que não

pude evitar. Fico a pensar e percebo que sonho acordado. Não que-

ro parar de sonhar. Não sei se volto a dormir ou se me lanço na vi-

gília lúcida do meu corpo a pulsar. Percebo que não tem jeito, lá se

vai a Lua e já vem o Sol me convocar... Tenho contas a pagar.

Valéria, Fabiano, Carlos, Ronaldo, Marquinhos, André e

Clara

Ilustração: Jesurine

P Á G I N A 2

DIA DOS FUZILEIROS NAVAIS

Os fuzileiros navais são treinados para a guerra

Eles batalham pelo mar, terra e ar. Vivem ou morrem pela

nação .

Os navios vigiam os limites litorâneos. Os jatos, o aeró-

dromo. Assim como também faz os helicópteros de comba-

te.

O Dia dos Fuzileiros Navais é 8 de março. Eu sou fuzi-

leiro Naval e tenho muito orgulho de ser um.

Helton

DEUS É TUDO

Qual de nós nunca se perguntou se Deus

existe?

Acredito que todos, em algum momento da

vida, devem ter feito essa pergunta. Confesso que

durante muito tempo busquei provas da sua exis-

tência sem perceber que elas estavam ao meu re-

dor.

Deus é o sol que nasce, é a nuvem no céu, é

a noite que cai, é o fruto que alimenta quem tem

fome, é a água que mata quem tem sede, é a casa

que nos abriga do frio e da chuva, é a própria chu-

va e o próprio frio. Deus é tudo o que nos cerca; e

nós também somos um pouco de Deus.

Muitos acreditam que, após a morte, Deus

irá nos julgar.

Não compartilho desse pensamento porque

Deus é o passado, presente e futuro. E, ao contrá-

rio de nós, conhece cada passo que iremos dar em

nossa jornada.

Carlos

Ilustração: Tércia

P Á G I N A 3

1 8 ° E D I Ç Ã O – M A R Ç O - A B R I L

JOGOS DE AZAR OU SORTE

Hoje joguei xadrez e ganhei do Wagner, do ciclano e do fulano... ontem

joguei tênis de mesa com o Luiz e também ganhei. E do Rodrigo, e do meu ir-

mão...

Por que tenho essa necessidade de ganhar sempre? Será que perdi algu-

ma coisa no passado? O que foi? Ou será que alguém me chamou de perdedor

e eu me apeguei a essa frase? O que eu ganho vencendo os jogos? Títulos?

Elogios? Será que foi isso tudo que eu não tive na minha infância ou adoles-

cência?

Sei que gosto de jogar, mas percebo que preciso dar chance aos outros

também para que se sintam bem. Talvez eles (os adversários) são ruins em jo-

gos de raciocínio mas são bons em outros jogos da vida. E isso é o que vale,

pelo menos para mim... pode ser que eles sejam felizes em outros aspectos;

tenham famílias sólidas, uma renda satisfatória, um bom convívio social...

Nesse jogo eu me considero um perdedor.

Tenho muito o que aprender para chegar ao empate.

Então eu me pergunto: pra quê ganhar em jogos e não na vida?

Valério

Ilustração: M

P Á G I N A 4

DISSERAM QUE EU DEVERIA PARAR DE ME CRITICAR TÃO SEVE-

RAMENTE Como isso pode ser feito sem considerar o que me faz ser a Mariana de hoje?

Pois bem. Eu sempre fui vista pelos outros como uma pessoa bonita e inteligente. Al-

guém com “tudo na vida”. Sendo assim, aos olhos dos outros, não poderia recla-mar. Os outros sempre tinham razão.

Tinham razão quando me elogiavam, mas também quando me criticavam: “Mariana é incapaz, é louca, é nervosa demais.” Acreditei nas vozes. O espelho, co-mo bom amigo que deveria ser – e ressaltar nossas qualidades, veja só - nem sem-pre cumpria o seu papel. Eu o olhava e achava apenas o lado negativo que habitava em mim.

Tentei cometer suicídio em um sábado qualquer. Um dia normal. A cadela deitada na minha cama, a família resolvendo a própria vida e eu só pensando em dar um fim na minha vida. Queria morrer. Sentia um cansaço sem fim... tomei as pílulas e esperei.

Me internaram em uma clínica de saúde mental. De início, não entendi o motivo. Já havia tentado desistir outras vezes. Achava que era apenas uma crise. “Vai passar logo”, pensei. Meu pai – como bom crítico que é – havia dito que eu fazia isso apenas pra chamar a atenção. Deveria estar certo, afinal, ele é meu pai. Minha figura de referência.

Espera... não mais. Meu pai – aquele que deveria ser referência para mim – é um daqueles que me criticam. É do tipo de pessoa que diz que você sempre pode fazer melhor – mesmo que já tenha se esforçado o suficiente.

Eu demorei pra entender que relações tóxicas podem surgir de qualquer lu-gar: de dentro da família, em um relacionamento amoroso, numa amizade. No meu caso, veio de onde eu menos esperava. Do meu pai. Da minha família toda, como um todo. Falo dele no momento porque é quem mais me toca.

Lembro de sempre ter tido dificuldade com matemática. Meu pai contratou uma professora particular (que me fazia tremer de medo!) pra me ajudar com a matéria. Estudei pra caramba e consegui tirar 9,5 na prova de recuperação. Fiquei na porta do colégio, nervosa, esperando ele vir me buscar. Queria mostrar que eu tinha dado conta. Dada a hora, pulei na janela e mostrei minha nota. Fui recebida por ele com um sorrisinho e um: “Nâo fez mais do que a sua obrigação”.

“Não fez mais do que a sua obrigação.” (...) Tá bom. Hoje eu resolvi me afastar dele. Não sei se é a melhor opção. Não sei se é

uma decisão tomada pro resto da vida, mas sei que é o que me faz bem no momen-to.

Hoje eu tento me perdoar pelas coisas que fiz comigo mesma no passado. Eu, como dona do meu corpo, aprendi que tenho dever de amá-lo e respeitá-lo. Me amar significa ouvir os sinais do meu corpo e aceitá-los; significa respeitar o meu tempo; ouvir e falar com o coração.

Me amar significa ser Mariana e ter orgulho disso. Mariana

P Á G I N A 5 1 8 ° E D I Ç Ã O – M A R Ç O - A B R I L

Ilustração: Mariana

P Á G I N A 6

NÓS ESTAMOS NA CLÍNICA SER...

Nós estamos na Clínica Ser, ela vai crescer e se expandir.

Aqui a galera é legal, bonita e gente boa. Tem até uns coroas

gente fina que estão conquistando seu lugar.

Lugar de amor, respeito e compreensão, todos dão as

mãos. Estamos unidos e somos compreendidos. Aqui todo mun-

do é zen! Tem meditação, terapia ocupacional, academia, kara-

okê, pingue-pongue, internet, nutricionista e médicos de plan-

tão. O bom é que as atividades acontecem de manhã; a tarde e a

noite são para os “crazy”.

Só tem um porém: podemos pegar até treze cigarros por

dia. Entendi que é pra manter a saúde e controlar a ansiedade,

mas que também é uma forma de disciplina que nunca vai sair

da nossa vida.

A comida daqui é variada, cada dia tem uma coisa gostosa

diferente; isso conquista a gente. O suco é natural, por isso não

faz mal. Sexta-feira é dia de pizza, supera nossas expectativas.

No auditório tem grupos terapêuticos com vários psicólo-

gos. O que eu mais gosto é o da Dra. Luíza porque ela é rica – eu

não tô falando de dinheiro – e sim de aprendizagem e atenção,

que servem para a nossa recuperação.

Tem missa uma vez por mês – eu sou freguês! – pois eu

gosto de rezar e alimentar a minha fé. Você cuida do espiritual e

do psicológico, isso é ótimo.

Agora abriu um espaço novo, mais incrementado, com

mais atividades e distrações. Tem uma vista surreal da BR-020

para o Colorado, por isso tem de ser amado. Tem uma horta

cheia de plantinhas, onde os pássaros se alimentam porque a

natureza está presente e me deixa muito contente.

Aqui o pessoal vem pra somar, e não pra dividir, por isso a

Clínica nunca vai cair. Ela é a melhor do Brasil! Aqui nós somos

bem tratados. Não é por acaso que eu estou aqui. Estou na Ser,

que só vai crescer. Estamos num caminho só, em busca da recu-

peração, recebendo carinho e atenção para a nossa ressocializa-

ção.

Adson

“Lugar de

amor,

respeito e

compre-

ensão...”

P Á G I N A 7 1 8 ° E D I Ç Ã O – M A R Ç O - A B R I L

Ilustração: Adson

SÃO JORGE

O Santo Guerreiro

São Jorge nasceu em 275 D.C. na antiga Capadócia – hoje a região é chama-

da de Turquia.

O pai de Jorge era militar e faleceu em uma batalha. Após a sua morte, ele e

sua mãe mudaram-se para a Terra Santa. A mãe de Jorge era originária da Palesti-

na. Era uma mulher culta e possuía muitos bens. Ela conseguiu dar ao filho uma

ótima educação.

Ao atingir a adolescência, Jorge seguiu a carreira de muitos jovens da época

e ingressou para a carreira militar, pois tinha um temperamento naturalmente

combativo, tanto que logo tornou-se capitão do exército romano.

Jorge tinha grandes habilidades com as armas e era muito dedicado. Por

causa dessas habilidades, o Imperador Diocleciano deu a ele o título nobre de

Conde da Capadócia. Assim, com apenas 23 anos, passou a morar na alta corte de

Nicomédia. Durante esse tempo, ele exerceu o cargo de tribuno militar.

Quando sua mãe faleceu, Jorge recebeu a herança que lhe cabia e foi enviado para um nível mais alto à corte do imperador. Porém, quando começou a ver a crueldade que os cristãos eram tratados pelo Império Romano, mudou logo seu pensamento. Ele já conhecia o cristianismo por causa da influência de sua mãe e da Igreja de Israel. Então deu o primeiro passo de fé – distribuiu todos os seus bens aos pobres. Mesmo sendo membro do mais alto escalão do exército, ele quis a verdadeira salvação prometida pelo evangelho.

Em 302 D.C., Diocleciano foi influenciado por Galério a publicar um édito

que mandava prender todo soldado romano cristão; todos os outros deveriam ofe-

recer sacrifícios aos deuses romanos. Jorge foi ao encontro do imperador para

contestar, e perante a todos, declarou-se cristão. Não querendo perder um de seus

melhores tribunos, o imperador tentou dissuadi-lo oferecendo-lhe terras, dinheiro

e escravos.

Como Jorge se mantinha fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo de-sistir da fé torturando-o de vários modos e, após cada tortura, ele era levado pe-rante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os deuses romanos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo o seu martírio ganhado notorie-dade. Muitos romanos tomaram as dores daquele jovem soldado, inclusive a pró-pria mulher do imperador, que se converteria ao cristianismo posteriormente.

Diocleciano, vendo que não conseguiria persuadir Jorge de sua fé, mandou

que ele fosse executado (degolado). Era o dia 23 de abril de 303 D.C., na cidade de

Nicomédia, na Ásia Menor. Os restos mortais de São Jorge foram transportados

para Lídia, cidade em que crescera com sua mãe. Lá, ele foi sepultado e mais tarde

o imperador cristão Constantino mandou erguer um oratório aberto aos fiéis para

devoção ao santo.

P Á G I N A 8

Pelo século V já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jor-

ge. Só no Egito, nos primeiros séculos após a sua morte, construíram quatro igre-

jas e quarenta conventos, todos dedicados ao Mártir.

São Jorge é um dos maiores santos da Igreja. Ele foi escolhido como padroeiro da

Inglaterra, de Gênova, e de outras localidades do mundo.

Lendas

A famosa lenda do dragão onde São Jorge é representado por um guerreiro

montado em um cavalo branco enfrentando um dragão com uma espada se popu-

larizou pelo mundo. Diz a lenda que havia uma pequena cidade turca que era ata-

cada periodicamente pelo animal se não fosse lhe entregue uma donzela. Quando

chegou a vez da filha do rei ser sacrificada, o jovem guerreiro matou o dragão e se

casou com a princesa. A figura de um guerreiro contra um dragão é uma síntese da

batalha do bem contra o mal.

São Jorge também teria socorrido os cavaleiros da 1ª cruzada em 1098 D.C.

em uma batalha. Em 1190, na 3ª cruzada, o rei Ricardo Coração de Leão nomeou o

santo como protetor de uma das expedições e desenhou uma cruz vermelha no

uniforme dos militares – a cruz de São Jorge – que hoje está presente na bandeira

da Inglaterra. Do território britânico, a história do santo se espalhou pelo resto da

Europa.

A figura de São Jorge é cercada de muitas lendas, o que incomodava boa par-

te da igreja. Como não havia comprovação de boa parte de seus milagres, em 1960

a celebração de São Jorge foi redefinida pelo papa João XIII para apenas uma co-

memoração.

Com a reforma do calendário litúrgico, – realizada pelo papa Paulo VI – em

maio de 1969 – a observância do dia de São Jorge tornou-se facultativa e não mais

de caráter universal. A reforma retirou do calendário os santos que não haviam do-

cumentação histórica, mas apenas relatos tradicionais. Porém, tal expurgo não

atingiu o santo de Capadócia. Falava-se daquele tempo de cassação de santos, no

entanto o fato da festividade de São Jorge ter se tornado opcional não quer dizer

que não seja reconhecido como santo. Isso só fez a devoção para com ele aumentar

ainda mais. Em 2000, com o Papa João Paulo II, ele recuperou o status dentro da

Igreja de figura de máxima importância.

Guerreiro, batalhador, determinado e homem de fé. Esse é São Jorge e é assim

que seus devotos o enxergam. Ele viveu sob o senhorio de Cristo e testemunhou a

Deus e ao próximo. Que ele nos proteja e nos guarde nas horas mais difíceis de

nossas vidas, para que sejamos guerreiros da fé e do amor para Cristo Jesus.

Ronaldo

1 8 ° E D I Ç Ã O – M A R Ç O - A B R I L P Á G I N A 9

REALIDADE BRASILEIRA

No cotidiano todos estão lutando

Mas muitos milionários não estão nem aí

Por isso fico me questionando o que há de

errado no país

Se é a corrupção ou outra praga

Há muita alienação pra pouca informação

Essa é a verdadeira razão da nossa depres-

são

Os políticos não ligam pra nossa nação

Só querem saber de dinheiro nos seus bol-

sos

O favelado não tem opção; ou entra pro trá-

fico ou se corrompe pela sociedade

Muitos garotos querem jogar futebol mas

poucos tem o talento do momento

Se escolherem o caminho errado vão acabar

tomando banho de sol

Inversão de valores

Muitas mães sofrem com as dores, que infe-

lizmente acontece

Mas quando a oportunidade aparece, mui-

tos nem agradecem

Ao nosso Criador, que vale mais que um

doutor

Deus dos deuses, Rei dos reis

Muitos louvam a Zeus

Mas eu prefiro meu Deus

Todo Poderoso

Digno de toda glória e louvor

O nosso Criador nos conhece muito bem

Por isso olho para o céu e digo “amém”

Por cada oportunidade

E por tudo que sinto saudade

Lil César

P Á G I N A 1 0

Ilustração: M

As ilustrações e os textos dessa edição fo-

ram criados por escritores e artistas da

Clínica Ser .

EDITORAS:

Mariana e Estela

FACILITADORES:

André Bizzi -Psicólogo

Clara Alcântara -Terapeuta Ocupacional

P Á G I N A 1 1 1 8 ° E D I Ç Ã O – M A R Ç O - A B R I L

RAP DO GORVENADOR

Brasília não tem prefeito, só governador

Que transforma a cidade em um horror

Saúde, educação, transporte e diversão

Brasília tem boas pessoas

Mas não tem estrutura, não!

A saúde do DF é uma negação

A educação está um papelão

Com o salário atrasado dos professores

Isso não combina não!

Só salva a diversão

Tem música e artistas como referência

Que com transparência falam de amor no coração

Mc Rodrigo