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Informativo do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher - NUDEM Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul Nudem ANO 5 - 18ª Edição. Tema: Violência doméstica como fenômeno social | Mai/Jun/Jul 2018 Editorial A seção em destaque deste boletim é o artigo da doutora Zaira de Andrade Lopes, que explica com propriedade o tema “Violência doméstica como fenômeno social”. O objetivo de invertermos a ordem do periódico é convidar as(o)s leitoras(es) a fazer a reflexão: se a violência é doméstica, não é do espaço público, que não é social, então o ditado deve prevalecer? (”Em briga de marido e mulher não se mete a colher!”) No , destacamos a atuação da Defensoria Pública de Defesa da Mulher no júri, a continuidade do projeto da Violência Obstétrica, com as palestras diretamente às mulheres gestantes e outros eventos. No , destacamos a palestra ministrada pelo defensor público substituto, Fábio Luiz Sant’ana de Oliveira, na Aldeia Branca em Nioaque. Na seção , reprisamos aquelas que valem a pena deixar registradas em nosso informativo. Nos , abordamos o tema sororidade. Agradecemos a colaboração da equipe do NUDEM que participou desta edição na realização dos eventos publicados ou na própria confecção do informativo. E, registramos nossa gratidão às colaboradoras externas, a Dra. Zaira que cedeu o artigo, a Moema que fez a organização e correção. Desejamos uma ótima leitura! NUDEM na Capital interior notícias mitos Edmeiry Silara Broch Festi Coordenadora do NUDEM "Quem soube de mim em outros tempos já não sabe de mim agora pois quando me quebraram meus pedaços foram arrumando novos lugares mais lindos e mais fortes pra se encaixar nessa mulher que hoje escreve com punhos firmes e nenhuma culpa de existir como bem quer". Poema de Ryane Leão, encontrado no livro "Tudo Nela Brilha e Queima".

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Informativo do Núcleo Institucional de Promoção e Defesados Direitos da Mulher - NUDEM

Defensoria Públicade Mato Grosso do Sul

NudemANO 5 - 18ª Edição. Tema: Violência doméstica como fenômeno social | Mai/Jun/Jul 2018

Editorial

A seção em destaque deste boletim é oartigo da doutora Zaira de Andrade Lopes,que explica com propriedade o tema“Violência doméstica como fenômeno social”.O objetivo de invertermos a ordem doperiódico é convidar as(o)s leitoras(es) a fazera reflexão: se a violência é doméstica, não édo espaço público, que não é social, então oditado deve prevalecer? (”Em briga de maridoe mulher não se mete a colher!”)

No , destacamos aatuação da Defensoria Pública de Defesa daMulher no júri, a continuidade do projeto daViolência Obstétrica, com as palestrasdiretamente às mulheres gestantes e outroseventos.

No , destacamos a palestraministrada pelo defensor público substituto,Fábio Luiz Sant’ana de Oliveira, na AldeiaBranca em Nioaque.

Na seção , reprisamos aquelas quevalem a pena deixar registradas em nossoinformativo. Nos , abordamos o temasororidade.

Agradecemos a colaboração da equipe doNUDEM que participou desta edição narealização dos eventos publicados ou naprópria confecção do informativo. E,registramos nossa gratidão às colaboradorasexternas, a Dra. Zaira que cedeu o artigo, aMoema que fez a organização e correção.

Desejamos uma ótima leitura!

NUDEM na Capital

interior

notícias

mitos

Edmeiry Silara Broch FestiCoordenadora do NUDEM

"Quem soube de mim em outros temposjá não sabe de mim agora

pois quando me quebrarammeus pedaços foram arrumando

novos lugaresmais lindos e mais fortes

pra se encaixar nessa mulherque hoje escreve

com punhos firmes e nenhuma culpade existir como bem quer".

Poema de Ryane Leão,encontrado no livro

"Tudo Nela Brilha e Queima".

Artigo

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Violência doméstica como fenômeno social

ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

02

"Se essa mulher fosse minha / Eu tirava do samba já, já / Dava uma surra nela / Que elagritava: Chega / Chega / Oh meu amor / Eu vou-me embora da roda de samba eu vou"

(Martinho da Vila, 1972)

Os fragmentos de duas músicas, comsignificativo sucesso de público no país,colocadas como epígrafe para abrir esseartigo nos revelam a naturalização daviolência contra a mulher, uma violência queocorre no âmbito privado de uma relaçãoafetiva, mas que é resultado de processospsicossociais públicos, mais precisamenteconstituídos histórica e coletivamente e queestá presente cotidianamente na vida dequalquer pessoa por meio da cultura, e estasvão exatamente mediar a formação dasubjetividade humana. Ou seja, os processosmentais que nos caracterizam como humanose nos definem na maneira de agir, ser e estarna sociedade, em poucas palavras, pode-sedizer que trata do conjunto de característicaspessoais e sociais que se complementam e seconfiguram de maneira particular para cadaindivíduo, constituídas nas relações sociais.

As músicas em questão estão distantes,temporalmente, por quatro décadas e meia,mas ainda assim, apresentam o mesmonúcleo de pensamento: controle do homemsobre a mulher. “Te tiro do samba e te dar umasurra” ou “vai namorar comigo sim[...]”,enquanto uma letra declara vai dar uma surra,a outra informa que não adianta reclamar,deixando evidente quem detém o poder derealizar a própria vontade. O sucesso dasduas letras musicais pode nos dar indicativosdos elementos que sustentam os altos índices

"Tô a fim de você. E se não tiver, cê vai ter que ficar [...] Vai namorar comigo, sim! Vai por mim,igual nós dois não tem. Se reclamar, cê vai casar também. Com comunhão de bens (Nicolas

Damasceno, Diego Silveira, Rafael Borges, Lari Ferreira, 2017)"

LOPES, Zaira de Andrade1

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da violência doméstica, bem como, darsentido ao título desse artigo que a apresentacomo um fenômeno social.

Para Lopes (2009) o problema da violênciacontra a mulher não é recente, no entantopermaneceu invisível ao longo da história,dada a naturalização com a qual erapercebida, e, nos dias atuais, o debateapresenta-se em desenvolvimento, seja noâmbito dos movimentos sociais, enquantoreivindicação, seja no campo acadêmico,como categoria de análise. As investigaçõescolocaram o problema em evidência,possibilitando a ampla discussão e osurgimento de propostas para a intervenção.

Lopes (2009) cita que os primeirostrabalhos, publicados ainda nas últimasdécadas do século XX, versavam sobre aviolência domést ica, sexual, f ís ica,psicológica, entre outras formas de agressãodirigidas à mulher. De acordo com Holtzworth-Munroe et al. (1997), somente em 1980 foipublicado o primeiro estudo representativo daviolência conjugal nos Estados Unidos.

Outras autoras identi f icadas pelapesquisadora Lopes, em seu estudo que tratada violência de gênero, foram Sokoloff eDupont (2005) que ressaltaram que aspesquisas sobre violência doméstica – aindaque com diferentes perspectivas teórico-metodológicas quanto aos enfoques de raça,classe social e gênero – deram voz evisibilidade às mulheres agredidas, uma vezque estas eram consideradas comosegmentos excluídos e ignorados. Mais quetornar público o fenômeno, tais estudospossibilitaram identificar suas raízes sob orecorte de gênero, permitindo fomentar edefinir políticas públicas direcionadas a suascausas estruturais.

Pesquisas realizadas antes de 1999, em 35países, comprovaram que entre 10 e 52% dasmulheres haviam sofrido algum tipo deagressão física de seus maridos, em algummomento de suas vidas e de 10 a 30% foramvítimas de abuso sexual. (GARCIA-MORENO

et al., 2005), dados que, ainda hoje como foipossível identif icar, são demasiadospreocupantes.

Mais recentemente, o Mapa da Violência noBrasil de 2015 (WAISELFISZ, 2015), que trazos dados de Homicídio de Mulheres no Brasil,revela que a taxa de mulheres assassinadasno país entre os anos de 2006 e 2013,aumentou 12,5%, chegando a 4,8 vítimas dehomicídio em cada 100 mil mulheres.Somente em 2013 foram registrados 4.762homicídios de mulheres no ano, ou 13assassinatos por dia, em média.

A cada dois segundos uma mulher é vítimade algum tipo de violência, conformeregistrado no site do relógio da violência(http://www.relogiosdaviolencia.com.br/) doInstituto Maria da Penha.

Dossiê Violência contra as Mulheres(http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossies/violencia/) aponta que a cada 2 minutosuma mulher é espancada e, a cada duas horasuma mulher é alvo do feminicídio.

Assim, este artigo se propõe trazer algunselementos que nos permitem afirmar que aviolência doméstica se constitui um fenômenosocial e, como tal, a sua eliminação ouredução também se constitui uma tarefa docoletivo. Tomando como referência acompreensão da categoria subjetividade daciência psicológica para compreender comocada ser humano se constitui, forma seupensamento e como essa constituição vaievidenciar seu modo de ser, pensar e agir nasociedade.

Para se falar de violência doméstica,caracterizada fenômeno ou processo social,entendo ser imprescindível compreender oque é a violência doméstica e como talfenômeno está, de certo modo ligado aoprivado, mas se apresenta como resultado dosocial. E outra tarefa que também seapresenta é decifrar essa violência adjetivadado termo doméstica, que nos reporta aoprivado e que deve, no entanto, ser enfrentadana perspectiva do social. Porque isso? Se édoméstica, podemos pensar que não é doespaço público, que não é social. Em umaprimeira vista o público e privado sãoincompatíveis, ou até contrários, não émesmo? No entanto, precisamos entender oque é esse social. E como ele vai constituir a

A constituição histórica da violência comofenômeno social

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existência da violência no privado e nocontexto do doméstico.

A pesquisadora e grande estudiosa damulher e da violência Heleieth Saffioti (2004)afirmava que a ruptura da violência domésticademandava, via de regra, uma intervençãoexterna, ainda que esta violência ocorresseem uma relação afetiva. Saffioti (2004)apontava que violência efetivamente contra amulher envolvia não apenas aquela cujosperpetradores são parentes ou conhecidosvivendo sem nenhuma relação estabelecidacom a vítima. A pesquisadora alertava que“violência doméstica apresenta caracterís-ticas específicas” (SAFFIOTI, 2004, p.85),sendo que a mais relevante delas seria a suarotinização (SAFFIOTI, 1997c, apudSAFFIOTI, 2004, p.85), processo quecontribui para a co-dependência e oestabelecimento da relação fixada, ou seja,constituindo em uma verdadeira prisão,dificilmente abandonada pela pessoa alvo daviolência, ainda para essa autora, a violênciadoméstica é uma expressão que costuma serempregada como sinônimo de violênciafamiliar e, não raramente, de violência degênero. Neste sentido, “o próprio gêneroacaba por se revelar uma camisa de força: ohomem deve agredir, por que o macho devedominar a qualquer custo; a mulher devesuportar agressões de toda ordem, por queseu ‘destino’ assim o determina. (SAFFIOTI,2004, p.85)

Atente-se também que na sociedade oespaço público ainda tem como destinatário o

masculino, sendo o doméstico o lugardestinado ao feminino, desse modo comoassinala Saffioti (2004), a mulher tem a vidamais reclusa, estando portanto, mais expostaa sofrer com a violência doméstica; por outrolado, o campo público torna-se o espaço noqual o masculino está mais exposto aoimpacto das agressões.

É preciso então identificar inicialmente oque é violência. Teorias dividem-se nacompreensão da categoria violência: algumasdefendem seu caráter natural, universal e a-histórico; outras apontam para a formaçãocultural; outras, como resultante da divisãosocial das classes, enfocando o componenteideológico; outras, ainda, a entendem comofenômeno individual.

Neste artigo assume-se a concepção daviolência como um fenômeno psicossocial,complexo, de caráter não biológico e que seexpressa na dialética da vida em sociedade, eesta, sendo o espaço dinâmico no qual éproduzida e desenvolvida, tal como nosaponta a pesquisadora Minayo (1994).

Out ro e lemento impor tan te paracompreender a violência doméstica comosocial refere-se à concepção de Gênero. Paratanto, é necessário identificar as articulaçõesexistentes entre gênero e violência. Tanto oprimeiro quanto o segundo são processos ouconstructos históricos e sociais. Aqui utiliza-sea concepção de Scott, para quem gênero deveser entendido em dimensão ampla, no planodas relações sociais e estas, sob o enfoque degênero, desse modo são concebidas em suaconstituição histórica e social. Identifica-se,para tanto, o caráter cultural, histórico e socialdo referido conceito. É importante salientarainda que, para Scott (1991), gênero é umaforma primordial de significar as relações depoder, aspecto também pode ser identificadono âmbito da violência.

Conforme Scott (1991), a constituição danoção de gênero envolve quatro elementosinterligados, que não operam isoladamente esão percebidos como relação: 1) os símbolosculturais, que permeiam as representaçõesdos indivíduos na sociedade; 2) os conceitosnormativos, que permitem a elaboração designificados; 3) as organizações e instituiçõessociais, isto é, o contexto em que asrepresentações binárias se desenvolvem e seconcretizam; por fim, 4) a identidade subjetiva.Essa identidade subjetiva, constituída nasrelações sociais, no âmbito da cultura, vai, decerto modo, designar como os masculinos e

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femininos devem se situar, ser e viver nasociedade. E a constituição das hierarquias depoder entre os masculinos e femininos sãoobviamente estabelecidas e desencadeiam adominação do feminino pelo masculino, dadaa cultura regida pela ideologia do patriarcadoque ainda se perpetua na sociedade.

Aperspectiva de gênero para Scott (1991) éde que esta é uma categoria de análiseconstruída na diferenciação social entrehomens e mulheres, articulando-se com aatribuição de características fundadas pelosexo biológico. Esta categoria constrói-se emanifesta-se no e pelo contexto da linguagem,da cultura e das representações sociais(MOSCOVICI,2003), sendo envolvida pelasquestões da política e das relações de poder.O conceito evidencia-se nas relações deprodução e de troca sob as formas ideológicase filosóficas, em torno, ou por meio das quaisas sociedades organizam suas normas evalores.

Quando se fala em gênero, fala-se alémdas definições estabelecidas sob o ponto devista gramatical e além do sentido biológico dediferenciação entre os sexos. O conceito,estabelecido para referir-se às relações entrehomens e mulheres, surgiu no âmbito da lutade mulheres, como forma de superar odeterminismo biológico que se impunha nacompreensão das relações entre estas e oshomens e, principalmente, para suplantar asteorias essencialistas que buscavam explicaras diferenças entre essas duas dimensõesdos seres humanos. O debate sobre essasrelações sociais girava em torno das relaçõesde poder e, para tanto, o conceito serviu comoforma de melhor explicitá-las.

Os debates que envolvem essa categoria,como constitutivo das relações sociais,promoveram a inserção e a visibilidade dof e m i n i n o n o e s p a ç o p ú b l i c o e ,fundamentalmente, demonstraram osequívocos e contradições de teoriasexistentes para explicar as desigualdadesentre homens e mulheres. Na perspectiva dogênero como relacional, fica evidente oentendimento de que os processosidentitários são formados por meio dareferência “do outro”. A violência contra amulher também é delineada sob o prisma das“identidades” masculinas e femininashistoricamente desenvolvidas.

Gênero, como constructo social, coloca emrelevo a perspectiva da desnaturalização dosatributos conferidos às diferenças sexuais e

revela a autonomia da cultura frente aosimpos i t i vos b io lóg icos . Nega-se odeterminismo natural utilizado para explicar ejustificar as diferenças entre os sexos. Saffioti(1999) assinala que esse conceito não selimita apenas a uma disposição de análise,mas que se afirma como categoria histórica.Para Saffioti (1999), apoiando-se em Laurentis(1987), essa categoria é concebida comoaparelho semiótico, uma vez que envolve aconstrução de significados para as relaçõeshistóricas e sociais entre homens e mulheres.

Lopes (2009) citando Heise (1994),assinala que as raízes da violência contra amulher têm como substrato as relações depoder baseadas no gênero, bem como asexualidade e as instituições sociais. E, ainda,a imagem que cada pessoa faz de si mesma eque se configura como processos identitários.Segundo Lopes (2009), corroborando Heise,em diversas sociedades, a masculinidade traz,em sua essência, o direito de o homemdominar a mulher.

A violência contra a mulher na sociedadeatual mantém-se mediada pela ideologiapatriarcal, todavia configura-se em relaçõessociais de gênero, as quais envolvemconstructos históricos e sociais processadosno decorrer da história da humanidade. Nopatriarcado ocorre uma imposição de medo. Eeste, na maioria das vezes, ocorre de modovelado e subliminar, de forma que o oprimidonão percebe sua submissão. Essa situaçãopermite o controle e a posse do dominado. Opatriarcado, compreendido como a imposiçãod o m a s c u l i n o s o b r e o f e m i n i n o ,desencadeando a opressão de gênero,referenda a ideologia da supremacia domacho, perpetuada por meio da tradição e daatribuição de papéis, características econdições para cada um dos gêneros. Nasrelações patriarcais, as regras e o poder sãoinstituídos pelo masculino e legitimados portodos as pessoas que compõem a sociedade.

Para concluir, é então possível conferirassim, que a violência doméstica desferidacontra a mulher, no âmbito do privado, traz asmarcas da cultura e do social. Ela é resultantede normas sociais, culturais e dos sentidoselaborados entre e pelos indivíduos que aoconstituíram suas subjetividades o fazemtrazendo os significados sociais que permitem

A violência doméstica com as marcas dosocial e da cultura

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a socialização e as relações sociais. E,consequentemente, gênero e patriarcado sãocategorias teóricas que possibil i tamcompreender os espaços atribuídos àsmulheres e aos homens na sociedade e nasrelações sociais. Dito isso, concebe-se que aviolência então se constitui no social e semanifesta no privado, no âmbito das relaçõessociais, inclusive nas amorosas e dada a suarelação com o poder implícita no fenômenoque leva a violência, esta então, constitui-seno e pelo social, e é a partir deste que se deveproceder a intervenção.

Para Saffioti (2004) o patriarcado é umarelação civil e não uma relação privada, vistoque a perspectiva patriarcal extrapola oâmbito das relações privadas e está presenteem todas as dimensões da sociedade. Épreciso, principalmente, pensar nosprocessos educativos formais e informais paraque novos conhecimentos e representaçõessociais constituam as subjetividades naperspectiva do respeito às diferenças seconfigure como a marca das relações entre aspessoas e lembrando o que nos ensina opesquisador Boaventura Santos, todas aspessoas tem direitos à igualdade quando adiferença as inferioriza, da mesma formacomo “temos direito a ser diferentes sempreque a igualdade nos descaracteriza.”(SANTOS, 2006, p. 316).

(1) ZAIRA DE ANDRADE LOPES – Possuigraduação em Psicologia - Faculdades UnidasCatólicas de Mato Grosso, Mestrado emEducação - Universidade Federal de Mato Grossodo Sul e doutorado em Psicologia - Universidadede São Paulo. Atualmente é professora Adjunta naUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul,UFMS no curso de psicologia e no Programa dePós Graduação em Psicologia. Coordenadora doGrupo de Estudos e Pesquisa AspectosPsicossociais, Históricos e Culturais naC o n s t i t u i ç ã o d a S u b j e t i v i d a d e -GEPAPHCS/UFMS e do Grupo de Estudos deGênero e Psicologia (GENPSI), Integrante doGrupo de pesquisa Observatório de Violência ePráticas Exemplares – USP. Atua nas áreas dePsicologia Social, Educação e políticas Públicasdesenvolvendo pesquisas nos seguintes temasRepresentações Sociais, Relações de Gênero,processos Identitários, cultura e diversidadesexual, promoção da saúde, sexualidade,violência, violência de gênero e demais temáticasreferentes às populações em situação devulnerabilidade e excluídas.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Senado Federal. Panorama da violênciacontra as mulheres no Brasil [recurso eletrônico]:indicadores nacionais e estaduais. - N. 1 (2016)-.Brasília : Senado Federal, Observatório da Mulhercon t ra a Vio lênc ia , 2016 - .d i spon i ve l em<http://www.senado.gov.br/institucional/datasenado/omv/indicadores/relatorios/BR.pdf>, acesso em 02 dedez 2017.

GARCIA-MORENO C, JANSEN, HA, ELLSBERGM, WATTS C.H. WHO multi-country study on women´shealth and domestic violence against women: initialresults on prevalence, health outcomes and women´sresponse. Geneva: World Health Organization; 2005.

HEISE, L. Gender- based abuse: the globalepidemic. Cadernos de saúde pública, v. 10, supl.n. 1,p.135-145, 1994.

HOLTZWORTH-MUNROE, A.; BATES, L.;SMUTZLER, N.; SANDIN, E.. A brief review of theresearch on husband violence: Part I: Maritally violentversus nonviolent men. Aggression and ViolentBehavior, v. 2, Issue 1, Spring 1997.

LAURENTIS, T. de. Technologies of gender: essayon the theory, film and fiction. Bloomington: IndianaUniversity Press, 1987.

LOPES, Z. A. Representações sociais acerca daviolência de gênero: significados das experiênciasvividas por mulheres agredidas. Tese de doutorado,apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências eLetras de Ribeirão Preto / USP – Dep. de Psicologia eEducação. Ribeirão Preto, 2009.

MINAYO, M. C. de S. A violência sob a perspectivada Saúde Pública. Cadernos de saúde Pública, Rio deJaneiro, v. 10, suplem.1, p. 7-18, 1994.

SAFFIOTI, H. I. B. Gênero, patriarcado, violência.São Paulo: Fundação PerseuAbramo, 2004.

_____. Já se mete a colher em briga de marido emulher. São Paulo Perspectiva, São Paulo, v. 13, n. 4,dez. 1999.

SANTOS, B.S. A construção intercultural daigualdade e da diferença. In: SANTOS, B.S. A gramáticado tempo. São Paulo: Cortez, 2006.

SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil paraanálise histórica. Recife: SOS Corpo, 1991.

SOKOLOFF N.; DUPONT, I. Domestic violence atthe intersections of race, class, and gender. ViolenceAgainst Women, v. 11, n. 1, p. 38-64, January 2005.

WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2015homicídio de mulheres no Brasil. 1ª Ed. Brasília- DF,Diagramação All Type Assessoria Editorial Ltda, 2015.Disponível em <http//www.mapadaviolencia.org.br>Acesso em 15 de dezembro 2016.

7ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Nudem na Capital

Pioneira no cumprimento da assistênciajudiciária à mulher em situação de violênciadoméstia, nos termos do artigo 27 e 28 da Lei11.340/2006, as Defensorias Públicas deDefesa da Mulher da Capital também atuam noTribunal do Júri.

Se o réu tem direito a assistência jurídica,inexiste motivo para negar assistência jurídicaa vítima de tentantiva de feminicídio ou afamília da vítima quando o crime é consumado.E, a atuação na defesa da vítima difere daatuação do órgão acusador, como tem seefetivado.

No mês de abril, foram duas as atuações doNUDEM no Tribunal do Júri.

Na primeira, realizada no dia 10/04/2018 noTribunal do Júri de Campo Grande, a assistidaR. C. R., vítima de tentativa de feminicídio, foiacompanhada desde o inquérito policial até aseção de julgamento no Tribunal do Júri. Com ahabiltação à assistência a acusação, ainda nafase de inquérito policial, foi possível instruir oprocesso com provas dos prejuízos materiais,arrolar testemunhas e requerer a condenaçãodo réu em indenização pelos danos materiais emorais causados à vítima, nos termos do artigo387, inciso IV, do Código de Processo Penal.

E, após o Conselho de Sentença ter dado overedito condenatório, o Juíz Presidenteacolheu os pedidos da assistência à vítima,condenando o réu ao pagamento deindenização civil (mínima) à vítima à título dedanos morais, além do valor correspondenteaos danos materiais.

A segunda atuação foi em sessão realizadano dia 25/04/2018, também no Tribunal do Júride Campo Grande, e o réu foi condenado àpena de 18 anos e 6 meses de reclusão emregime fechado.

Como declarou a defensora pública dedefesa da mulher Graziele Carra, “atuando naassistência à acusação junto ao Tribunal doJúri garantiu-se os direitos da vítima, que temsua memória e personalidade preservadas, e,

Direitos garantidos para ambos:

réu e vítima com atuação da Defensoria Pública

em julgamento junto ao Tribunal do Júri

jamais causará conflito na defesa do réu, quemantém intacto o seu direito à defesa”.

Obsevar-se a necessidade de se qualificar ocrime como feminicídio e a Defensoria Públicaao atuar pela vítima além de chamar atençãopara a especificidade, também cumpre comseu dever constitucional de atender apopulação que no caso, está em situação demaior vulnerabilidade.

Importante destacar uma parte dasustenção oral feita pela defensora públicaGraziele Carra na seção do Júri, que remete aestudos científicos de comportamento socialque fogem àqueles que operador do direitocostuma acessar, entretanto, que levam asociedade refletir:

“Não só a Pamella, mas muitas mulheresaceitam, elas demoram cerca de 10 anos parase livrar do ciclo da violência doméstica em queestão inseridas. E por que isso? Por váriosmotivos: por dependência financeira, amorosa,por acreditar que o réu iria mudar, por querernão desfazer a família, por pensar que emalgum momento ele fosse ser melhor, mas elenão era melhor. Sabe como acabou o ciclo deviolência da Pamella? Com a morte dela. Comele, em uma atitude fria, de desprezo pela mãede sua filha. Ele desprezava a condição delacomo mulher. Isso não é amor, o que ele sentiapela Pamella era ódio”.

8 ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Nudem na Capital

O Projeto sobre violência obstétrica foiidealizado pela defensora pública de defesada mulher Thaís Dominato que acredita que“empoderar as mulheres, tirando o tema dainvisibilidade e informar sobre os seus direitosé a prioridade”. A equipe do NUDEM, formadapor psicóloga, assistente social e assessorasjuríd icas, não mede esforços paradesenvolver o projeto. As palestras estãosendo realizadas nos bairros da Capital e nascomarcas do interior para combater aviolência obstétrica. Os parceiros como aSecretaria Municipal de Assistência Social deCampo Grande e a Superitendência deProteção Social Básica, além do interesse deoutros defensores faz com que sigamos firmescom o propósito.

Ao lado, fotos da defensora pública ThaísDominato Silva Teixeira e a assistente socialElaine de Oliveira França com grupos degestantes no CRAS da Vila Nasser.

Os temas abordados são os direitos dasmulheres durante a gestação, parto e pós-parto e as consequências jurídicas da práticada violência obstétrica.

A violência obstétrica é um tipo de violênciacontra a mulher praticada pelos profissionaisda saúde e que se caracteriza, em regra, pelodesrespeito, abusos e maus-tratos durante agestação e /ou no momento do parto, seja deforma psicológica ou física.

Causa a perda de autonomia e capacidadedas mulheres de decidir livremente sobre seuscorpos e sexua l idade, impactandonegativamente na qualidade de vida.

A violência obstétrica contribui para amanutenção dos altos índices de mortalidadematerna e neonatal no país. Toda mulher tem odireito de ser protagonista na hora do parto eter autonomia total sobre seu próprio corpo,tendo suas vontades e necessidadesrespeitadas.

Projeto Ciclo de Palestras

sobre violência obstétrica

9ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Nudem na Capital

II Encontro de Mulheres da Congregação

das Irmãzinhas da Imaculada Conceição

Entre os dias 18 e 20 de maio CampoGrande (MS) sediou o II Encontro de Mulheresda Congregação das Irmãzinhas daImaculada Conceição, com o tema “Mulheressuperando a violência” e o lema “Em defesa davida, construindo a paz”. O evento contou coma presença de 32 pessoas, entre irmãs eleigas, que trabalham com mulheres emsituação de violência nos Estados de: MatoGrosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, SantaCatarina, São Paulo, Ceará, Bahia, Goiás eMinas Gerais.

O NUDEM (Núcleo Institucional dePromoção e Defesa dos Direitos da Mulher) foiconvidado pela Congregação para ministrar

palestras no encontro que reuniu mulheresdos vários Estados brasileiros, e, toda aequipe do Núcleo foi mobilizada para atendero Encontro.

No dia 18, a defensora pública ecoordenadora do NUDEM Edmeiry SilaraBroch Festi deu início às palestras para exporos deveres constitucionais e legais daDefensoria Pública e do Núcleo com relaçãoao atendimento às mulheres em situação deviolência e enfrentamento às diversasviolências e apresentou a equipe.

Na sequência, a defensora pública ThaísDominato Silva Teixeira trouxe o tema“violência obstétrica”.

10 ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

No período vespertino os temas daspalestras foram: “Histórico dos direitos dasmulheres e as conquistas até o surgimento daLei Maria da Penha”, “Ciclo da Violência,Construção Social de Gênero”, sendopalestrantes a assistente social Elaine deOliveira França e a psicóloga Keila de OliveiraAntônio.

No dia 19, o momento foi de troca deexperiências, uma roda de conversa onde asparticipantes relataram suas experiências detrabalho realizados em seus Estados, com aconclusão pela equipe do NUDEM, que falouda importância da rede de enfrentamento eatendimento à violência contra mulher. Foramdistribuídas às participantes a Cartilha da LeiMaria da Penha, nas Línguas Portuguesa,Guarani e Terena e o folder da ViolênciaObstétrica. A notícia também foi veiculada nosite da organização religiosa:

http://ciic.org.br/mulheres-reunem-se-em-campo-grande-ms-para-refletir-sobre-a-superacao-da-violencia/

11ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Nudem na Capital

Lançamento do Concurso

de Redação do NUDEM

A Defensoria Pública de Mato Grosso doSul, por meio do Núcleo Institucional dePromoção e Defesa dos Direitos da Mulher(Nudem), lançou no dia 29/05/2018 oConcurso de Redação para alunos de escolaspúblicas com o tema “Direitos das mulheres:com igualdade e sem violência”.

A solenidade de lançamento ocorreu naDefensoria Pública-Geral do Estado e contoucom a presença do Defensor Público-Geral doEstado Luciano Montali, a coordenadora doNudem e defensora pública Edmeiry SilaraBroch Festi, o coordenador de PolíticasEspecíficas para a Educação da Secretaria de

Estado de Educação e professor AlfredoAnastácio Neto e a secretária-adjunta daSecretaria Municipal de Educação eprofessora Soraia Campos.

A inscrição deve ser feita pela direção dae s c o l a n o s i t e d a d e f e n s o r i a(www.defensoria.ms.def.br), no menu “Para ocidadão/concurso de redação”, no período de1º a 30 de junho de 2018.

O Edital do Concurso de Redação foipublicado no Diário Oficial n. 9.662, de24/05/2018, páginas 102/103.

12 ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Nudem no Interior

Para promover a Educação em Direitospara a população indígena, a DefensoriaPública de Mato Grosso do Sul realizou naaldeia Água Branca em Nioaque, que fica a145 quilômetros da Capital, palestras sobre osdireitos da mulher indígena.

O evento, que conta com a parceria doCentro de Referência de Assistência Social(Cras) de Nioaque, reuniu também mulheresde aldeias próximas, como Taboquinha eBrejão. Ao todo, mais de 40 pessoasparticiparam do encontro e puderam receberorientações a respeito da Lei Maria da Penha,por exemplo.

O defensor público Fábio Luiz Sant’ana deOliveira, um dos organizadores do evento,disse que outros encontros com a populaçãodevem ser promovidos pela DefensoriaPública.

Palestra aborda direitos das mulheres indígenas

em aldeia de Nioaque

O NUDEM segue com o projeto deEducação em Direitos durante todo o ano.

Para sol ic i tação de palestras oucapacitações envie-nos um e-mail para:[email protected].

Fonte: Site da Defensoria Pública/MS

13ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

03/05 – Palestra sobre ViolênciaObstétrica.

18/05 e 19/05 - Palestra com tema:“Mulheres superando a violência ”.

29/05 – Lançamento do Concurso deRedação do Nudem, com o tema: Direitosdas mulheres: com igualdade e semviolência.

11/06 – III Workshop – Por uma escolamais democrática: Aspectos sociais ejurídicos

10/08 – Entrega da Premiação doConcurso de Redação

31/08 – Palestra do Nudem, com o tema:Atuação da Defensoria para efetivação daLei Maria da Penha e Núcleos com políticainstitucional.

Público: Grupo de mulheres gestantes.Local: Cras Vila Nasser.Horário: 8h.

Público: Grupo de mulheres da igrejacatólica.

Local: CNBB.Horário: 7h30 às 17h.

Local: Auditório Pantanal, na DefensoriaPública-Geral do Estado, Parque dosPoderes, Bloco IV.

Horário: 9h.

Público: Professores da rede municipal deCampo Grande.

Local: Escola Superior da DefensoriaPública – Rua Raul Pires Barbosa nº 1.519 –Bairro Cachoeira.

Horário: 13h30 às 16h30.

Local: Escola Superior da DefensoriaPública – Rua Raul Pires Barbosa nº 1.519 –Bairro Cachoeira.

Horário: 9h.

Público: Defensores Públicos e assessoresLocal: Escola Superior da Defensoria

Pública – Rua Raul Pires Barbosa nº 1.519 –Bairro Cachoeira.

Horário: 13h30 às 16h30.

Agenda Filme

Livro

“– O documentário conta a história, com

o lado profissional e a vida pessoal, de GloriaAllred, uma advogada americana feministaque lutou contra alguns dos maiores nomes dapolítica e dos negócios. Ela sempre sedestacou por seus casos muitas vezespolêmicos, principalmente os que envolvemproteção aos direitos das mulheres.

Primeiro livrof e m i n i s t a d ap r o f e s s o r a ,e s c r i t o r a efilósofa Márcia Tiburi, o qual ela discute ofeminismo como o desejo e a via para umademocracia radical voltada à luta por direito de“todas, todes e todos”, que padecem sobinjustiças sistematicamente armadas pelapatriarcado. A autora procura mostrar como opatriarcado é um sistema profundamenteenraizado na cultura e nas instituições. Suaestrutura é baseda na crença de uma verdadeabsoluta, que sustenta a ideia de haver umaidentidade natural, dois sexos consideradosnormais, a diferença entre os gêneros, asuperioridade masculina e a inferioridade dasmulheres.

Gloria Allerd – Justiça para todas”,

(2018)

“Feminismoe m c o m u m :p a r a t o d a s ,todes e todos”

(Ed. Rosa dosTempos, 2018)

14 ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Quadrinhos

O Coletivo de Mulheres da Fisengepublicou no dia 16 de abril, um mês após oassassinato da vereadora Marielle Franco,uma história em quadrinhos sobre a violênciade gênero e raça em notícias falsas, aschamadas "fake news". De acordo com aengenheira e a diretora da mulher daFederação, Simone Baía, a tirinha tem oobjetivo de alertar sobre a violação de direitoshumanos em crimes contra a honra. “As redessociais são importantes instrumentos deinformação. Por outro lado, há um vastocampo de difusão de notícias falsas,

atentando contra a dignidade das pessoas.Muitas vezes, o imediatismo do botão‘compartilhar’ retrai a nossa capacidade deapuração da veracidade”, disse Simone,alertando sobre o caso de Marielle: “avereadora, uma exemplar defensora dosdireitos humanos, foi injustamente caluniada edifamada. Não podemos permitir a destruiçãode trajetórias políticas e reputações demulheres lutadoras dessa forma. Esperamosque as investigações solucionem este casoque abalou o Brasil e o mundo”.

Violência de gênero e raça em quadrinhos

15ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Notícias

Estadão -22/05/2018

Mulheres ficarão com pelo menos 30% do

fundo eleitoral e do tempo da propaganda,

decide TSE. Por unanimidade, TribunalSuperior Eleitoral também decidiu que apropaganda gratuita no rádio e na TV deveráobedecer à proporção de candidatos homense mulheres. Por unanimidade, o TribunalSuperior Eleitoral (TSE) decidiu nesta terça-feira (22) que as campanhas de mulheresdeverão receber pelo menos 30% do volumede recursos do Fundo Especial deFinanciamento de Campanha (FEFC),estimado em R$ 1,7 bilhão. Os ministrostambém decidiram que a propaganda eleitoralgratuita no rádio e na televisão deveráobedecer à proporção de candidatos homense mulheres, reservando o mínimo de 30% dotempo para candidaturas femininas. A CorteEleitoral firmou o entendimento sobre adestinação de recursos do Fundo Eleitoral e adistribuição de tempo de propaganda aoanalisar uma consulta formulada por um grupode oito senadoras e seis deputadas federais.

“A autonomia partidária não justifica otratamento discriminatório entre candidaturasde homens e mulheres. O respeito à igualdadenão se aplica somente à esfera pública”, dissea relatora do caso, ministra Rosa Weber, queencerrou a leitura do voto sob aplausos dopúblico.

Em março, o Supremo Tribunal Federal (STF)determinou que pelo menos 30% do total derecursos do Fundo Partidário reservados acampanhas eleitorais devem ser destinadosàs candidaturas femininas, considerando quea legislação eleitoral prevê que os partidostêm de reservar pelo menos 30% das vagasem eleições para mulheres.

“A participação das mulheres nos espaçospolíticos é um imperativo do Estado. Aqui nãoestamos a substituir o Supremo Tribunal, mastão somente de aplicar o que decidiu o STF

(em relação ao Fundo Partidário) ao casosubmetido à consulta (sobre o fundoeleitoral)”, ressaltou Rosa.

Depois do julgamento no STF, um grupoliderado pelas senadoras Vanessa Grazziotin(PCdoB-AM) e Lídice da Mata (PSB-BA)questionou o TSE se o patamar legal mínimode 30% para candidaturas femininas tambémdeve ser aplicado para a distribuição derecursos do FEFC e do tempo na propagandaeleitoral gratuita no rádio e na televisão. ACorte Eleitoral entendeu que sim, apesar deuma manifestação da área técnica do próprioTSE recomendar a rejeição da consulta. Asessão desta terça-feira contou com apresença da procuradora-geral da República,Raquel Dodge, que encaminhou parecerfavorável à consulta das parlamentares,conforme antecipou o Estado.

“Os recursos públicos oriundos do contribuintee destacados do Tesouro Nacional não seincorporam ao patrimônio dos partidospolíticos tornando-se privados, disponíveis,desvinculados e livres de prestações decontas”, disse a procuradora-geral daRepública. “Pelo contrário, os recursos que oPoder Público destina aos partidos políticospodem, sim, ser atribuídos com destinaçãoespecífica, vinculada e com dever deprestação de contas. Sendo inegável que aigualdade formal entre homens e mulheres, noque toca aos direitos políticos, ainda nãoatingiu padrões minimamente visíveis noprotagonismo da cena política brasileira éirretocável o financiamento público indutor deampliação da democracia pelo incentivo àatuação política feminina”, completou RaquelDodge.

Tanto o fundo eleitoral quanto o FundoPartidário são irrigados com verbas públicas.O Fundo Partidário é primordialmentedestinado à manutenção dos partidos – emdespesas como realização de eventos,passagens aéreas de dirigentes e contrataçãode serviços. Para este ano, o valor previsto éde R$ 888,7 milhões. Já o fundo eleitoral de R$1,7 bilhão é destinado exclusivamente aofinanciamento das campanhas.

Capital News – 23/05/2018

“Semana Estadual de Combate ao

Feminicídio” é aprovada na Assembleia

Legislativa.

CNJ Notícias – 24/05/2018

Tr ibunal não pode exigir exame

ginecológico de candidata a cargo de juíza.

Foi aprovado o PL 274/2017, deautoria do Poder Executivo, que institui o ‘DiaEstadual de Combate ao Feminicídio' e a'Semana Estadual de Combate aoFeminicídio' no Estado. A data escolhida foi odia 1º de junho, devido o primeiro feminicídioregistrado em Mato Grosso do Sul, a morte dajovem Isis Caroline da Silva Santos, aos 21anos. O feminicídio é o crime violento que temcomo motivação o ódio, o desprezo e osentimento de perda do controle e dapropriedade sobre as mulheres. A visibilidadea esses crimes que será atingida com acampanha é para o aprimoramento daspolíticas públicas sobre o assunto. O projetosegue agora à sanção do Poder Executivo.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ)acolheu, por unanimidade, pedido feito pelaDefensoria Pública de São Paulo para vetar arealização de exames ginecológicos invasivosnas perícias dos concursos de ingresso nacarreira da magistratura. Relatado peloconselheiro André Godinho, o Pedido deP r o v i d ê n c i a s ( P P ) 0 0 0 5 8 3 5 -71.2015.2.00.0000 foi analisado na 270ªSessão Ordinária, ocorrida nesta terça-feira(24/4).O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) previa, em edital de seleção para juízes,que as mulheres eventualmente aprovadasteriam de se submeter a dois examesginecológicos invasivos: colpocitologia(Papanicolau) e colposcopia (análise do colouterino). A norma foi contestada pelaDefensoria Pública de São Paulo, autora dopedido de providências. A alegação é de que,além de os exames não poderem serrealizados em mulheres virgens, a medida édiscriminatória contra as candidatas do sexofeminino, já que os homens não sãosubmetidos a procedimentos médicossemelhantes. Apesar de ter sido notificado

pelo Núcleo Especializado de Promoção eDefesa dos Direitos da Mulher da Defensoriade São Paulo, o TJ-SP manteve adeterminação sob o argumento de quecandidatas com câncer ginecológico nãoestão aptas a ocuparem cargo demagistradas.Além disso, o tribunal alegou quea Resolução CNJ 75/2009 não especificaquais exames de saúde podem ser solicitados,deixando a critério dos tribunais a formulaçãodos critérios. Por fim, o TJ-SP informou queresolução do Governo de São Paulo semprepreviu os dois exames como obrigatórios paraingresso no serviço público estadual.

Em seu voto, o relator destacou normas legaisque sustentam e dão efetividade ao princípioda dignidade da pessoa humana, a exemploda que Lei nº 9.029/1995, que proíbe a adoçãode qualquer prática discriminatória e limitativapara efeitos admissionais ou de permanênciada relação jurídica de trabalho.“As normasconstitucionais e as regras legais que tratamda questão da inserção da mulher no mercadode trabalho devem ser concretizadas narealização dos concursos públicos e na efetivanomeação das candidatas”, diz Godinho. Oconselheiro informou ainda que vaiencaminhar a decisão à ComissãoPermanente de Eficiência Operacional eGestão de Pessoas do CNJ para que sejamtomadas providências oportunas no tocante àeventual regulamentação da matéria de formaampla para todos os órgãos do PoderJudiciário. “As condições de saúde docandidato aprovado, requeridas nos examesmédicos de admissão em seleções econcursos públicos, devem respeitar a lógicada razoabilidade, atendo-se às exigências elimites legais”, argumentou o relator.

Comoconsequência da violência de gênero, 15mulheres foram mortas entre janeiro e junhodeste ano, em Mato Grosso do Sul. Na maioriados casos, os autores dos crimes são ospróprios companheiros das vítimas. Em

Correio do Estado – 04/06/18

A cada mês, ao menos duas mulheres são

mortas em Mato Grosso do Sul.

16 ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

17ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Campo Grande, três casos foram registradosaté hoje. Conforme estatísticas da Secretariade Estado de Justiça e Segurança Pública(Sejusp), ocorreram 27 casos de feminicídiono Estado no ano passado. De acordo com acoordenadora da Casa da Mulher Brasileira,Tai Loschi, o feminicídio é um crime deextrema gravidade, e por isso tem umtratamento diferenciado, é inafiançável econfigura a comprovação que a mulher éassassinada simplesmente pelo seu gênero.Apena é de 12 a 30 anos de prisão. No entanto,a coordenadora afirma que para ajudar adiminuir a violência contra elas, as políticaspúblicas são essenciais, e já vem fazendo umtrabalho com a sociedade, oferecendoinformações para toda a comunidade.

"A gente espera com esse trabalho,sensibilizar todos que, o feminicídio é umacrime hediondo, motivado pelo ódio contra amulher, o que causa a destruição daidentidade da vítima", disse. Para Loschi, éimportante frisar que o feminício tem a penaaumentada em 1/3 ou metade acrescentadana pena original, em alguns casos específicos.São eles: mulheres gestantes, ou três mesesapós o parto, menores de 14 anos e maioresde 60, mulheres com deficiência, ou quando ocrime é cometido na frente dos filhos.“Temosque colocar um freio nisso, o aumento depolíticas públicas é uma forma para evitaresses crimes contra a mulher”, finalizou.

O dia 6de junho de 2018 ficará marcado na história daANADEP. Durante assembleia geralextraordinária desta quarta-feira, a diretoria eos conselhos deliberaram sobre a mudançado estatuto para contemplar a questão daigualdade de gênero no nome e no estatuto daEntidade, que a partir de agora seráAssociação Nacional das Defensoras e dosDefensores Públicos. O pleito, que foidefendido pela Comissão Especial dosDireitos da Mulher daANADEP e pela ColetivaMulheres Defensoras Públicas do Brasil, foiaprovado por unanimidade pela assembleia.O encontro ocorreu na nova sede da

Anadep – 06/06/18

Anadep agora é associação Nacional das

Defensoras e Defensores Públicos.

Associação Nacional dos DefensoresPúblicos, no Setor Bancário Sul, no EdifícioCarlton Tower, na área central de Brasília.

Durante a reunião, representantes daComissão da Mulher just i f icaram anecessidade da mudança de gênero por meiode parecer para destacar que a AssociaçãoNacional tem como missão representar epromover a defesa dos direitos individuais ecoletivos das associadas e associados. “Asexpressões masculinas não são neutras.Fazendo-se necessário, portanto, que hajamudanças no sentido de nomear as mulheres,torna-las visíveis e protagonistas. Éfundamental, nesse sentido, que as práticaslinguísticas nomeadamente na DefensoriaPública, órgão essencial para a promoção depolíticas inclusivas e não discriminatórias,visem a promoção da igualdade de gênero”,aponta o documento.

Para o presidente da ANADEP, a mudança éfundamental e vem ao de encontro do trabalhoda Defensoria Pública. "É mais que a mudançado nosso estatuto. É a ratificação docompromisso da ANADEP com sua atividade-fim, que é a busca pela garantia dos direitos, eda nossa atuação associativa, dando maiorvisibilidade às defensoras públicas queintegram a Defensoria Pública e a nossaAssociação. Queremos, para além damudança do nome, promover debates econstruir projetos sobre a questão daigualdade de gênero e dos direitos dasmulheres. Além do trabalho interno, queremostambém fomentar o necessário debate sobre anossa atuação e, assim, promover políticaspúblicas na área para as usuárias da nossaInstituição", aponta.

No sistema de Justiça, a Instituição tem amaior proporção na igualdade de gênero, pois49% dos cargos são ocupados por mulheres.Na diretoria da ANADEP são 31 cargos,mulheres estão à frente de dez. Além damudança de nome, a diretoria alterou outrospontos no estatuto, como a restruturação daENADEP, a apreciação e votação daprestação de contas e a previsão de decisõesdos conselhos diretor e consultivo via online. AsiglaANADEP será mantida.

18 ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Folha Uol – 09/06/18

Justiça ainda que tardia. Moradora de rua

teve esterilização determinada sem direito

de defesa. Janaina é uma mulher pobre, emsituação de rua, e que tem filhos. Por isso ummembro do Ministério Público entendeu queela deveria ser esterilizada. Como Janainanão consentiu ou voluntariamente seprontificou a realizar a cirurgia, o promotorpropôs duas ações judiciais contra ela e omunicípio de Mococa, com o objetivo deconstrangê-la a realizar um procedimento deesterilização compulsória.

O juiz, sem sequer realizar uma audiência,nomear um defensor, ou exigir documentosque comprovassem o seu consentimento,determinou que a mulher fosse conduzidacoercitivamente à cirurgia. Quando o recursodo município chegou ao Tribunal de Justiça deSão Paulo, a mutilação já havia ocorrido.

O caso é escatológico. Em primeiro lugar opromotor utilizou-se de uma ação civil pública,que é um instrumento voltado a proteção dedireitos difusos, coletivos ou individuaisindisponíveis, para destituir uma pessoa deseu direito à dignidade e à integridade, alémde constranger o município a praticar um atomanifestamente ilegal. Basta lembrar queConstituição expressamente proíbe que oEstado brasileiro interfira “coercitivamente” nadecisão sobre a paternidade (artigo 226,parágrafo 7º.), além do que, a lei 9.263/96, queregula o planejamento familiar, veda o controlede nata l idade que tenha naturezademográfica.

Também causa perplexidade o fato dom a g i s t r a d o , d a d a a c o n d i ç ã o d evulnerabilidade de Janaina, não ter nomeadoum curador especial, no caso um defensorpúblico, que representasse os seus interessesem juízo. Conforme expresso no acórdão doTribunal de Justiça de São Paulo, a decisãoque determinou a cirurgia foi proferida semque Janaina fosse ouvida ou defendida; esequer uma audiência fosse realizada.

Para coroar esse processo bizarro, a Justiça

de primeiro grau determinou que Janainafosse conduzida “coercitivamente” aoprocedimento cirúrgico. Aqui cumpre lembrarque essa é uma medida prevista no Código deProcesso Penal, apenas para testemunhas ouacusados que se neguem a atender intimação.Aliás, por decisão liminar do Supremo, essamedida de natureza processual penalencontra-se suspensa (ADPF 444). Nadadisso foi empecilho para que o magistradoempregasse a condução coercitiva para impora supressão de um direito fundamental dessamulher.

A esterilização coercitiva, com finalidadeseugênicas e apuração da raça, foi largamenteempregada pelo regime nazista. A China fezuso da esterilização coercitiva em massa paraconter a natalidade. Os Estados Unidos aempregavam para punir criminosos. Mesmono Brasil, como foi apontado por umacomissão parlamentar de inquérito, ainda em1991, havia tolerância com políticas deesterilização coercitiva em massa, comfinalidades demográficas.

Esse caso, ainda que possa ser consideradouma aberração jurídica, oferece uma amostrado impacto perverso que a profunda epersistente desigualdade causa sobre oreconhecimento das pessoas como sujeitosde direitos. Embora o princípio da dignidadedetermine que todos devam ser tratados comigual respeito e consideração, a miséria e amarginalização parecem tornar largasparcelas de nossa sociedade moralmenteinvisíveis no dia a dia, perdendo, na realidade,sua condição de sujeitos de direitos.

Que a contundente decisão do Tribunal deJustiça de São Paulo, que infelizmente nãopode fazer o tempo voltar para Janaina, sirvade alerta e inspiração para quem têm porresponsabilidade proteger direitos e não osviolar.

de primeiro grau determinou que Janainafosse conduzida “coercitivamente” aoprocedimento cirúrgico. Aqui cumpre lembrarque essa é uma medida prevista no Código deProcesso Penal, apenas para testemunhas ouacusados que se neguem a atender intimação.Aliás, por decisão liminar do Supremo, essamedida de natureza processual penalencontra-se suspensa (ADPF 444). Nadadisso foi empecilho para que o magistradoempregasse a condução coercitiva para impora supressão de um direito fundamental dessamulher.

A esterilização coercitiva, com finalidadeseugênicas e apuração da raça, foi largamenteempregada pelo regime nazista. A China fezuso da esterilização coercitiva em massa paraconter a natalidade. Os Estados Unidos aempregavam para punir criminosos. Mesmono Brasil, como foi apontado por umacomissão parlamentar de inquérito, ainda em1991, havia tolerância com políticas deesterilização coercitiva em massa, comfinalidades demográficas.

Esse caso, ainda que possa ser consideradouma aberração jurídica, oferece uma amostrado impacto perverso que a profunda epersistente desigualdade causa sobre oreconhecimento das pessoas como sujeitosde direitos. Embora o princípio da dignidadedetermine que todos devam ser tratados comigual respeito e consideração, a miséria e amarginalização parecem tornar largasparcelas de nossa sociedade moralmenteinvisíveis no dia a dia, perdendo, na realidade,sua condição de sujeitos de direitos.

Que a contundente decisão do Tribunal deJustiça de São Paulo, que infelizmente nãopode fazer o tempo voltar para Janaina, sirvade alerta e inspiração para quem têm porresponsabilidade proteger direitos e não osviolar.

de primeiro grau determinou que Janainafosse conduzida “coercitivamente” aoprocedimento cirúrgico. Aqui cumpre lembrarque essa é uma medida prevista no Código deProcesso Penal, apenas para testemunhas ouacusados que se neguem a atender intimação.Aliás, por decisão liminar do Supremo, essamedida de natureza processual penalencontra-se suspensa (ADPF 444). Nadadisso foi empecilho para que o magistradoempregasse a condução coercitiva para impora supressão de um direito fundamental dessamulher.

A esterilização coercitiva, com finalidadeseugênicas e apuração da raça, foi largamenteempregada pelo regime nazista. A China fezuso da esterilização coercitiva em massa paraconter a natalidade. Os Estados Unidos aempregavam para punir criminosos. Mesmono Brasil, como foi apontado por umacomissão parlamentar de inquérito, ainda em1991, havia tolerância com políticas deesterilização coercitiva em massa, comfinalidades demográficas.

Esse caso, ainda que possa ser consideradouma aberração jurídica, oferece uma amostrado impacto perverso que a profunda epersistente desigualdade causa sobre oreconhecimento das pessoas como sujeitosde direitos. Embora o princípio da dignidadedetermine que todos devam ser tratados comigual respeito e consideração, a miséria e amarginalização parecem tornar largasparcelas de nossa sociedade moralmenteinvisíveis no dia a dia, perdendo, na realidade,sua condição de sujeitos de direitos.

Que a contundente decisão do Tribunal deJustiça de São Paulo, que infelizmente nãopode fazer o tempo voltar para Janaina, sirvade alerta e inspiração para quem têm porresponsabilidade proteger direitos e não osviolar.

19ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

Mitos

O que é sororidade?

Por que a sororidade é importante?

Como eu posso ter mais sororidade, naprática?

A sororidade é a união, o respeito e asolidariedade entre mulheres; é tratar as outrasmulheres como suas companheiras e irmãs,evitando rivalidades e estar presente paraestender a mão quando outra mulher precisar dasua ajuda, mesmo que ela não seja a sua melhoramiga.

Sempre fomos ensinadas a ver outras mulherescomo nossas inimigas: isso precisa parar! Nuncaconseguiremos alcançar a igualdade de gênero senão nos unirmos. A sociedade machista sefortalece com nossa desunião e a rivalidadefeminina é uma forma de dominação masculina.

Com isso, a sororidade é importante porquemulheres, unidas, formam uma força maior do quese pode imaginar. Tudo o que conquistamos comogênero, foi através união entre nossas ancestrais,e é mantendo essa sororidade que criaremos umfuturo muito mais brilhante para as próximasgerações de mulheres.

Na teoria parece simples, mas, no nosso dia adia, a sororidade precisa ser praticada. Todasnascemos em um ambiente que tenta domar ofeminino, podando nossos direitos e interesses, eacabamos repetindo comportamentos quemachucam a nós mesmas e a outras mulheres.

A primeira coisa a se praticar é a empatia.

Coloque-se no lugar das outras mulheres, pensenas dificuldades que elas enfrentam. A empatiadeve ser pela sua colega de trabalho, pela amiga,por sua mãe, e até mesmo por aquela mulher narua que você não conhece, por que não? Não caiana armadilha da sororidade seletiva, hein?

Comece por atitudes diárias: apoiando todas asmulheres e parando de estimular o ódio entre agente. Um bom começo é parar de julgar a suacolega — suas roupas, preferências musicais,suas atitudes, suas profissões, entre outrasescolhas que todas as mulheres fazem em suasvidas, por exemplo —, fortalecendo seus vínculosfemininos, inclusive apoiando a força de trabalho eos produtos feitos por mulheres.

Preste mais atenção nos seus pensamentos —será que você caiu no mito da rivalidade feminina?Existe alguma mulher que você considera suainimiga? Pense nos seus motivos para isso. Seráque ela é realmente a sua inimiga ou você foiensinada a pensar assim e sentiu necessidade deconcorrer com ela?

Abra o seu coração para as mulheres à suavolta, mesmo que elas sejam desconhecidas. Aconexão feminina é poderosa, ancestral e capazde mudar o mundo. Isso não significa que vocêprecisa ser a melhor amiga de todas as mulheresque existem, mas sim que você está ali para ouvi-las, ajudá-las e estender a sua mão, caso sejanecessário.

Ter sororidade é entender que estamoscaminhando juntas, mesmo que essa caminhadaseja difícil. É saber que precisamos umas dasoutras para cultivarmos um mundo justo para todasas mulheres. É apoiar umas às outras em uma

sociedade que insiste em nos diminuir.A união feminina é um poder que

temos em nossas mãos! A sororidadepode ser aprendida, treinada, ensinada,e, pode ter certeza: ela vai mudar a suavida. Somos irmãs e, juntas, devemoslutar para um futuro mais justo para todasas mulheres.

E você, já ajudou uma mulher hoje?Compartilhe este conteúdo nas suasredes sociais e ajude a despertar outrasmulheres, fazendo sua parte para criarum mundo com mais sororidade!

FONTE:http://blog.souuniversomulher.com.br/o-que-e-sororidade-saiba-como-

despertar-sua-empatia/

Quantas vezes você já ouviu que mulheres são invejosas, falsas, competem entre si e só querem

ser melhores que as outras? Muitas, não é mesmo? O sistema patriarcal criou o mito da

competitividade feminina e vem alimentando-o há séculos, colocando mulheres umas contras as

outras. Para combater essas opressões, existe algo muito mais ancestral e profundo que o machismo:

Mas, o que é sororidade, afinal? Vamos descobrir como, juntas, podemos ser muito

mais fortes? Confira o texto!

ASORORIDADE.

20

Defensoria Pública de Mato Grosso do SulDefensoria Pública-Geral do Estado

Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da MulherNUDEM

Defensor Público-Geral do Estado.

Primeira Subdefensora Pública-Geral.

Segunda Subdefensora Pública-Geral.

Defensora Pública de Defesa da Mulher.Coordenadora do NUDEM.

Zaira de Andrade Lopes – Psicológa. Mestra em Educação pela UFMS.Doutora em Psicologia pela USP.Edmeiry Silara Broch Festi – Defensora Pública e Coordenadora doNUDEM.Dayane da Silva Souza –Assessora Jurídica.

Moema Urquiza - Escola Superior da Defensoria Pública de MS.

Rua Raul Pires Barbosa, 1.519 - Bairro Chácara Cachoeira79040-150 - Campo Grande-MSEmail: [email protected]: (67) 3317-4427

Rua DoutorArthur Jorge, 779 - Centro79002-440 - Campo Grande-MSEmail: [email protected]: (67) 3313-5801

Rua DoutorArthur Jorge, 779 - Centro79002-440 - Campo Grande-MSFone: (67) 3313-5800

Rua Brasília, S/N, Lote 10A, Quadra 2 - Jardim ImáCampo Grande-MSFone: (67) 3304-7589

Luciano Montalli

Júlia Fumiko Hayashi Gonda

Angela Rosseti Chamorro Belli

Edmeiry Silara Broch Festi

Colaboradores desta edição:

Arte, revisão e diagramação:

Escola Superior da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul

Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da MulherNUDEM

Centro Judiciário de Solução de Conflitos, Núcleo de Mediação

Defensoria Pública de Defesa da Mulher - Casa da Mulher Brasileira

EXPEDIENTE

ANO 5 - 18ª Edição. Tema: | Mai/Jun/Jul 2018Violência doméstica como fenômeno social

JUNHO

04/06 –

09/06 –

21/06 –

28/06 –

25/06 –

Dia Internacional das meninas emeninos vítimas de agressão.

Data da adoção pelo Brasil daConvenção Interamericana para Prevenir,Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher,“Convenção de Belém do Pará” NúcleoEspecializado de Promoção e Defesa dosDireitos da Mulher.

Dia de Luta por uma Educação não-sexista e sem discriminação.

Dia do Orgulho Gay.

Dia da Trabalhadora Rural.

JULHO

AGOSTO

25/07 –

07/08 -

12/08 –

19/08 -

29/08 –

Dia Internacional da Mulher NegraLatino-Americana e Caribenha.

Sanção da Lei 11.340/06 que criamecanismos para coibir a violência domésticae familiar contra a mulher

Dia de Luta contra a Violência noCampo - Marcha das Margaridas.

Dia do Orgulho Lésbico.

Dia da Visibilidade Lésbica no Brasil.

(Lei Maria da Penha).

Datas comemorativas