18 a 21 de agosto de 2015 foz do iguaçu/pr -...
TRANSCRIPT
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
CARACTERIZAÇÃO DO LASTRO FERROVIÁRIO DEGRADADO VISANDO SEU EMPREGO
EM CAMADA DE BASE DE PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS
Bárbara Elis P. Silva
Instituto Militar de Engenharia
Antônio Carlos R. Guimarães
Instituto Militar de Engenharia
Virlene Leite Silveira
Instituto Militar de Engenharia
RESUMO
O presente trabalho apresenta a caracterização de um lastro degradado obtido após a
operação de desguarnecimento de uma ferrovia da região Norte do país. O lastro é a
primeira camada do pavimento ferroviário e é constituído de rochas britadas,
tradicionalmente de forma angular. O material da pesquisa, por ser desguarnecido, é
constituído de agregados graúdos e uma parcela de finos. Através de ensaios físicos e
mecânicos foi possível conhecer o agregado graúdo e montar um traço de mistura solo –
lastro utilizando um solo da mesma região de onde o lastro degradado foi coletado. O
objetivo é trazer a conhecimento as características desse material degradado e fomentar
a utilização do mesmo como material de base estabilizada granulometricamente.
Fazendo uso de um solo dos arredores de onde o lastro degradado foi coletado, espera-
se que o traço proposto neste trabalho possa ser utilizado como camada de base em
pavimentos de baixo custo naquela região.Os resultados indicaram tratar-se de um
material viável para aplicação em camadas de pavimentos.
Palavras-chave: lastro, ferrovia, agregado alternativo, pavimentação
ABSTRACT
This paper presents the characteristics of a degraded ballast obtained after stripping
operation of a railroad in the North of the country. The ballast is the first layer of
Railway Pavement and it consists of hard rocks and stones crushed traditionally
angularly. The researched material, has been stripped from the railway so it consists of
coarse aggregate and a fine portion. Through physical and mechanical tests it was
possible to know the coarse aggregate and set up a soil mixture of trace - ballast using a
soil of the same region where the degraded ballast was collected. The goal is to bring
the knowledge the characteristics of this degraded material and encourage its use as a
stabilized base material, making use of a soil from that region where the degraded
ballast was collected, so that the stroke proposed in this paper can be used as a base
layer in low-cost flooring in the region.
Key-words: ballast, railway, alternative aggregate, paving
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
1. INTRODUÇÃO
O uso exagerado dos recursos naturais e agressões ao meio ambiente tornaram-se
preocupações de ordem mundial há pouco mais de três décadas. Segundo a Global
Footprint Network, uma organização internacional pela sustentabilidade, parceira
global da WWF, até o mês de agosto de 2014, a humanidade .teria usado todos os
recursos naturais do planeta disponíveis para aquele ano. O cálculo é feito
anualmente pela organização e para chegar a este resultado é feito um rastreamento
do que a humanidade demanda em termos de recursos naturais (alimentos,
matérias-primas e gás carbônico) e compara-se com a capacidade de reposição
destes recursos pela natureza e de absorção de resíduos. Ou seja, o homem tem
utilizado mais recursos naturais do que dispõe. Por este motivo, centenas de países
iniciaram uma busca por alternativas á exploração desses recursos e a novas idéias
para a destinação dos resíduos produzidos em seu território.
No Brasil, diversas universidades, em parceria com empresas privadas desenvolvem
pesquisas de técnicas de reaproveitamento de resíduos e aplicações para as mesmas
em diversos segmentos, a citar COSTA(2013), SANTOS(2013) e ALECRIM(2009).
A reutilização como agregados alternativos em obras de pavimentação mostra-se
uma alternativa útil e viável, uma vez que o transporte rodoviário é o mais utilizado
no território brasileiro. De acordo com o Relatório Executivo do Plano Nacional de
Logística e Transportes, publicado em 2007, o modal rodoviário representava 58%
da matriz de transportes brasileira seguido pelo ferroviário, com uma participação de
25% na época da publicação. Em 2012, os novos valores seriam 52% para o
rodoviário e o modal ferroviário já teria atingido 30%, segundo matéria publicada
pelo site Transporta Brasil. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento e o
PNLT(Plano Nacional de Logística e Transportes) prevêm investimentos bilionários
na infraestrutura dos transportes brasileiros, com o principal objetivo de reduzir essa
disparidade no uso dos modais e permitir melhoria na logística do transporte de
cargas até o interior do país e do interior até os portos. Para o modal ferroviários os
projetos contemplam criação de novos trechos e duplicação de alguns já existentes.
Dentro deste contexto, o presente trabalho apresenta um breve estudo do material
de lastro ferroviário degradado e portanto, inservível para a ferrovia, visando seu
emprego como agregado alternativo em camadas de pavimento ferroviário.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No Brasil existe hoje um total de 30.051 km de linha férrea, distribuídos pelas
regiões Sul, Sudeste e Nordeste, atendendo parcialmente o Centro-Oeste e a região
Norte do país. Desse total, 28.614 km são destinados ao transporte ferroviário de
cargas e os 1.437 km restantes são referentes a malhas locais, operadas por trens
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
urbanos e trens turísticos de passageiros. (CNT,2011). Esse número tende a
aumentar uma vez que atualmente existem diversos projetos federais que
contemplam ações em investimentos públicos na área de infraestrutura. O principal
objetivo deles é o desenvolvimento de uma logística integrada nacionalmente,
vislumbrando a ligação de diversas áreas produtivas e potencialmente produtivas do
país. Para o modal ferroviário, prevêem ampliação das ferrovias existentes e criação
de novos trechos.
2.1 O pavimento ferroviário
O pavimento ferroviário, assim como o rodoviário, é composto por camadas, que
têm como função suportar os esforços gerados pelos veículos que por ele trafegam.
A figura 1 permite visualizar um pavimento ferroviário, com seus componentes.
Figura 1. Componentes de uma via férrea (KLINCEVICIUS,2010)
A camada de lastro é a primeira camada a contar a partir dos dormentes, é formada
por pedras britadas, dimensionadas de acordo com especificações normatizadas. A
norma brasileira que apresenta exigências para o material a ser utilizado como
lastro- padrão é a 5564/91 – Via Férrea: Lastro-padrão. Algumas ferrovias
brasileiras adotam especificações da norma americana AREMA (American Railway
Engineering and Maintenance of Way Association). Ambas indicam materiais como
granito, basalto, gnaisse e também alguns tipo de escória de aciaria para serem
empregados nessa camada. SELIG & WATERS(1994) define como principais
funções do lastro a capacidade de resistir verticalmente, lateralmente e
longitudinalmente às forças aplicadas aos dormentes, mantendo a uniformidade da
via; fornecer resiliência à via; permitir drenagem da água que penetrar pela camada;
reduzir as tensões recebidas a níveis aceitáveis para os matérias das camadas
subjacentes.
Com o passar do tempo, a degradação mecânica sofrida pelo lastro devido às
operações de manutenção e aos esforços impostos pelas cargas, associada ao
intemperismo químico ocasionado pelas mudanças climáticas e ainda a queda de
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
partículas finas do material transportado preenchendo os vazios entre as britas leva a
uma alteração na sua granulometria. Quando isso acontece o lastro enrijece e
começa a perder capacidade de exercer suas principais funções, tendo que ser
trocado por material de lastro novo. O processo de retirada do material de lastro
inservível e a substituição por outro recebe o nome de desguarnecimento. O material
de lastro desguarnecido é, portanto, aquele lastro com granulometria fora da
especificada e com grande presença de finos, que perdeu a elasticidade necessária
para suportar os impactos e sua capacidade de drenagem.
2.2 Agregados para pavimentação rodoviária
Segundo o Manual de Pavimentação (DNIT,2006), os agregados utilizados em obras
de pavimentação podem ser divididos em três grandes grupos, segundo sua
a)natureza, b)tamanho e c) distribuição dos grãos
Quanto á natureza, Bernucci et al(2010) classifica os agregados em:
Natural: São aqueles que tem fontes de ocorrência natural e são obtidos por
processos convencionais de desmonte, escavação e dragagem. Ex: pedregulhos,
britas, seixos e areias. Esses agregados podem ser empregados na pavimentação
na forma e tamanho como se encontram na natureza
Artificial: São os agregados proveniente de resíduos de processos industriais ou
fabricados especificamente com o objetivo de alto desempenho, como é o caso
da argila calcinada (BERNUCCI et al 2010 apud CABRAL,2005). Como
exemplo de resíduos de processos industriais tem-se as escórias de aciaria e de
alto forno.
Reciclado: Enquadram-se nessa categoria aqueles provenientes de reuso de
materiais diversos Ex: revestimentos asfálticos reciclados e o resíduo de
construção civil
O material utilizado neste artigo enquadra-se na categoria de agregados reciclados.
Quanto ao tamanho, os agregados dividem-se em graúdos, miúdos e de enchimento.
Os graúdos são aqueles com dimensões maiores do que 2,0 mm, ou seja, retidos na
peneira #10. Ex: britas, cascalhos e seixos Já os miúdos são aqueles passantes na
peneira #10 e retidos na peneira #200 ( 0,075 mm). Aqueles materiais finos, que
passam pela 0,075mm são os chamados de materiais de enchimento. Como exemplo
tem-se o cimento e a cal hidratada
Quanto à distribuição dos grãos, tem-se:
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
Graduação densa: onde o material é bem graduado e a quantidade de material
fino é suficiente para preencher os vazios entre os agregados maiores;
Graduação aberta: Apresenta graduação contínua e bem graduada, como a
densa, porém difere-se dela pois seus finos são insuficientes para preencher os
vazios existentes entre as partículas maiores
Graduação tipo macadame ou uniforme: os agregados apresentam partículas de
um único tamanho, ou seja, granulometria uniforme.
Na pavimentação rodoviária, a camada de base do pavimento flexível pode ser do
tipo granular ou estabilizada. As granulares constituídas por estabilização
granulométrica são compostas por solos, britas de rocha, escória de alto forno ou da
mistura desses materiais, a que dá-se o nome de mistura solo-agregado. Já as
granulares tipo macadame hidráulico são compostas por britas de graduação aberta
de tipo especial que, após a compressão os vazios são preenchidos com material de
enchimento.
As bases estabilizadas tem processos tecnológicos e construtivos similares às bases
granulares, porém nas estabilizadas adiciona-se pequenos teores de aditivos para
incrementar as propriedades mecânicas do solo utilizado.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O material de lastro degradado utilizado no desenvolvimento deste trabalho foi
recolhido após o desguarnecimento de um trecho que passa pela cidade de
Açailândia/MA. As britas apresentavam granulometria grossa, com o diâmetro
máximo de 38 mm. A figura 2 apresenta a curva granulométrica do material e
considera os limites granulométricos estabelecidos pela Faixa 3 da norma
AREMA.Os limites desta faixa são adotados pela ferrovia em questão. Analisando a
Figura 2 é possível visualizar que todas as faixas estavam fora do estabelecido pela
norma, o que corrobora para o fato deste material ser retirado da via férrea.
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
Figura 2. Granulometria do lastro em comparação com a granulometria da Faixa 3
da norma AREMA.
Para a realização dos ensaios, a amostra passou pelo quarteador de 1”. Além da
análise granulométrica, o material estudado foi submetido a ensaios mecânicos
como a perda ao choque no aparelho Tréton, conforme ME 399/99 (DNER),
determinação da abrasão Los Angeles, conforme ME 35/98 (DNER) e ao ensaio
triaxial de cargas repetidas para obtenção do módulo resiliente, com intenção de
conhecer o comportamento deste material quando recebe aplicação cíclica de cargas,
simulando a aplicação de cargas impostas pelo tráfego dos veículos. As figuras 4 e 5
mostram a execução de dois ensaios.
Fig. 4 Execução do ensaio de perda
ao choque no aparelho Tréton
Fig. 5 Execução do ensaio de abrasão
Los Angeles
Para o ensaio de MR foi feita uma mistura de solo e material de lastro, sendo
composta por 30% de solo e 70% de lastro. O solo utilizado é um laterítico arenoso
proveniente da mesma região onde a amostra de lastro foi coletada e suas
características são apresentadas na Tabela 1. Durante o desenvolvimento deste
trabalho foi denominado “Solo 29”.
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
Tabela 1 Classificação do solo utilizado na mistura
SOLO 29
Umidade ótima
(%)
Massa Esp. Aparente
Seca Máxima (g/cm³)
Limite de Liquidez
Índice de Plasticidade
Classificação MCT
Classificação granulométrica
112,70%
1,94
119,50%
10% LA' Areia grossa
silto - argiloso
Foram moldados quatro corpos de prova, com as dimensões de 10 cm x 20 cm, com
diferentes teores de umidade. O primeiro (CPI) com 3,25%; o segundo (CPII) com
4%; o terceiro (CPIII) com 4,5% e o último (CPIV) com 5% de água. A figura 6
ilustra os corpos de prova moldados para o ensaio de módulo resiliente.
Figura 6. Corpos de prova submetidos ao ensaio triaxial de cargas repetidas: (a) CPI
(b) CPII (c)CPIII (d) CPIV
Na fração fina do material foi feito o ensaio de equivalente de areia, conforme ME
054/97(DNER) e exigência da 141/2010.
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
4. ANÁLISE DE RESULTADOS
A curva granulométrica obtida para a amostra de lastro estudada é apresentada na
figura 7.
Figura 7. Granulometria do lastro degradado em comparação com a granulometria
da Faixa A da norma 141/2010.
O lastro degradado apresentou granulometria densa, com tamanho de grãos que
variavam de 50,8 mm até finos passantes na peneira de 0,075 mm. Comparando a
porcentagem passante do material de lastro degradado com as faixas
granulométricas estabelecidas na norma 141/2010 para serem utilizadas em camadas
de base, o lastro estudado manteve-se próximo do limite estabelecido para a Faixa
A, da referida norma. Tal faixa é indicada para trechos onde N> 5 X106.
O impacto que o material sofre durante o ensaio no aparelho Tréton caracteriza um
esforço de natureza dinâmica semelhante às solicitações impostas pelo tráfego dos
veículos. Ele avalia a resistência mecânica do agregado graúdo a ser utilizado em
camadas de pavimentos. O resultado obtido para o material de lastro é apresentado
na tabela 1 e foi comparado com valores obtidos por COSTA(2013), que ensaiou a
escória de aciaria para emprego em pavimentação e com o resultado obtido por
SANTOS (2013) para a Brita 1, que comumente é utilizada em camadas de
pavimentos rodoviários.
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
Tabela 2 Resultado obtido no ensaio de perda ao choque no aparelho Tréton
Perda ao choque no aparelho Tréton (DNER - ME 399/99)
Amostra 43 Escória de
aciaria ( COSTA,2013)
Brita 1 (SANTOS,2013)
Valor limite (Bernucci et
al,2010)
4,61% 19,90% 17% máx. 60%
Observa-se que o material analisado neste artigo apresentou resultado
consideravelmente menor do que os demais e menor do que o valor limite para este
ensaio, segundo BERNUCCI et al (2010), mostrando-se bem resistente
mecanicamente.
O ensaio de Abrasão Los Angeles mede a resistência à abrasão e o desgaste dos
grãos quando sofrem atrito. A tabela 2 apresenta o resultado obtido para o material
de lastro e compara-o com o resultado obtido por RAMOS(2004) e por PESTANA
(2008). Ramos(2004) estudou as propriedades mecânicas de diversos solos e
materiais britados da cidade do Rio de Janeiro. Os materiais britados são
provenientes de diferentes pedreiras que fornecem britas para obras de
pavimentação. Já Pestana (2008) estudou uma amostra de RCD (resíduo de
construção e demolição) para ser empregado em camadas de base e subbase em
estradas de baixo tráfego.
Tabela 3 Resultado obtido no ensaio de abrasão Los Angeles
Determinação da Abrasão Los Angeles (DNER - ME 035/98)
Amostra 43
Pedreira Vigné ( RAMOS,2004)
RCD (PESTANA,2008)
Valor limite (DNIT
141/2010)
16,51% 20% 44% máx. 55%
De acordo com a norma 141/2010 (DNIT), quando submetidos ao ensaio de abrasão
Los Angeles (DNER-ME 035),os agregados não deverão apresentar desgastes
superiores a 55%, portanto, o valor obtido para o material de lastro estudado
classifica-o como satisfatório considerando este parâmetro.
A fração fina presente no material de lastro tem diferentes fontes. São provenientes
de materiais que sofrem queda durante o transporte na ferrovia, também de
partículas do próprio material de lastro que sofrem ruptura devido às solicitações
impostas pelo tráfego, ainda, finos provenientes do bombeamento das camadas
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
inferiores e por fim, materiais transportados pelo vento. O resultado obtido no
ensaio de equivalente de areia foi 38,40%. A norma 141/2010 especifica que o
equivalente de areia deve ser maior que 30%, portanto este valor é satisfatório.
As leituras obtidas pelo ensaio triaxial de cargas repetidas realizado com a mistura
solo-lastro estão apresentadas na tabela 3. Nela estão representados os valores
mínimo e máximo de MR obtidos para cada corpo de prova e a média de cada um
deles.
Tabela 4. Valores de MR obtidos para os CP’s de mistura solo-lastro
CP Valores de MR (Mpa)
mín máx média (ẍ)
CPI 306 526 369,2
CPII 235 705 323,6
CPIII 280 590 404,7
CPIV 263 518 393,6
Apesar de ser composto majoritariamente por agregado granular (70% de lastro) e
ter sido moldado com um solo arenoso, observou-se após o ensaio, que em nenhum
dos CP’s o módulo resiliente pôde ser representado em função da tensão confinante,
como se é esperado para materiais arenosos e granulares. Por este motivo o modelo
combinado foi o que melhor representou o módulo resiliente obtido para este
material. As figuras de 8 a 11 mostram os gráficos obtidos para cada corpo de prova
considerando o modelo combinado.
Fig. 8 Gráfico 3D do modelo combinado
obtido para o CP1
Fig. 9 Gráfico 3D do modelo combinado
obtido para o CPII
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
Fig. 10 Gráfico 3D do modelo combinado
obtido para o CPIII
Fig. 11 Gráfico 3D do modelo combinado
obtido para o CPIV
Acredita-se que a fração fina presente no lastro tenha influenciado
consideravelmente este comportamento. Na ferrovia onde o material deste estudo foi
coletado, o principal produto transportado é o minério de ferro, portanto existe a
presença de óxidos de ferro e óxidos de silício na composição da fração fina deste
material.
5. CONCLUSÕES
Após a realização dos ensaios, conclui-se que, a granulometria do material de lastro
degradado analisado não se enquadrou perfeitamente, mas aproximou-se daquela
estabelecida na norma 141/2010 – Base estabilizada granulometricamente,para
agregados graúdos utilizados em camadas de base de pavimentos rodoviários. Para
garantir um perfeito enquadramento granulométrico este material deverá ser
utilizada em mistura com solo. Os ensaios de perda ao choque no aparelho Tréton e
abrasão Los Angeles apresentaram resultados satisfatórios, mostrando que este
material atende às especificações de resistência mecânicas para materiais
empregados em camada de base estabilizadas granulometricamente. Analisando a
média obtida para cada corpo de prova no ensaio triaxial de cargas repetidas,
conclui-se também que foi superior a 300 MPa , que é um valor considerado
satisfatório para agregados a serem empregados em camadas de base.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR5564: Via Férrea – Lastro
Padrão,1991
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
ALECRIM, A. V. (2009). Estudo do Resíduo de Quartzito Foliado para o Emprego
em Estruturas de Pavimentos. São Paulo, 2009.. Dissertação de Mestrado. Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo.
AMERICAN RAILWAY ENGINEERING AND MAINTENANCE OF WAY
ASSOCIATION – AREMA – Manual for Railway Engineering. Estados Unidos,
2008
BERNUCCI, L. L. B.; MOTTA, L.M.G.; CERATTI, J.A.P.; SOARES, J.B.
“Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros”. Petrobras, ABEDA:
Rio de Janeiro, Brasil,2010
COSTA, K. A.Um Método Para Beneficiamento de Escórias Visando Aplicação em
Pavimentação –Dissertação de Mestrado. Instituto Militar de Engenharia, Rio de
Janeiro 2013.
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Manual de Pavimentação,Rio de
Janeiro,2006
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNER (1999). ME 399,
Agregados – Determinação da Perda ao Choque no Aparelho Tréton.
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNER (1998). ME 35, Agregados
– Determinação da abrasão Los Angeles
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNER (1997). ME 54,
Equivalente de areia
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. DNER (2010) ME 141 -
Pavimentação – Base estabilizada granulometricamente
Planeta no vermelho! Matéria disponível em
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/overshootda
y/
Pesquisa CNT de Ferrovias 2011. Brasília: CNT,2011
Ferrovia já é responsável por 30% da matriz de transportes no país. Disponível em
<http://www.transportabrasil.com.br/2012/11/ferrovia-ja-e-responsavel-por-30-da-
matriz-de-transportes-no-pais/>
KLINCEVICIUS,M.G.Y. Estudo de propriedades, de tensões e do comportamento
mecânico de lastros ferroviários,2010
PESTANA, R. M. M. Contribuição para o Estudo de Comportamento Mecânico de
Resíduos de Construção e Demolição Aplicados em Estradas de Baixo Tráfego –
44ª Reunião Anual de Pavimentação e 18º Enacor
18 a 21 de Agosto de 2015 – Foz do Iguaçu/PR - Brasil
Dissertação de Mestrado – Universidade Técnica de Lisboa – Lisboa – Portugal,
2008
RAMOS, C. R. ; MOTTA, L. M. G. Estudo do Comportamento Resiliente de
Diversos Solos e Materiais Britados do Município do Rio de Janeiro. 35a RAPv Rio
de Janeiro – BRASIL, 2004
SANTOS, G. P. P.Um Estudo Sobre a Utilização da Escória de Ferroníquel em
Pavimentação Rodoviária. Dissertação de Mestrado. Instituto Militar de Engenharia
Rio de Janeiro – Brasil, 2013
SELIG, E.T. e WATERS, J.M. “Track Geotechnology and Substructure
Management”. Thomas Telford Services, London, 1994.