18 a 20 agosto 2012

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NÚMERO 42 DATA 18 a 20/08/2012 ANO I

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NÚMERO

42

DATA18 a

20/08/2012

ANO

I

Flávia Ayer

Ligada ao oxigênio, Bárbara, de 17 anos, assiste aos Teletubbies, programa de que mais gosta, enquanto recebe a dieta por gastrosto-mia, abertura feita no estômago. A enfermeira está sentada na poltrona do quarto decorado em tons de rosa e observa todos os movimentos da garota. Desde um mês de idade, ela apre-senta convulsões diárias, num quadro raro de epilepsia refratária grave. O clima de aparente tranquilidade na casa do Bairro Betim Indus-trial, em Betim, na Grande BH, se contrapõe à corrida empreendida pela família de Bárbara e o Ministério Público (MP) estadual para ten-tar evitar que, em duas semanas, a estrutura do home care, assistência de saúde domiciliar, seja retirada e a jovem volte a peregrinar pelos hospitais da região metropolitana, o que fez por grande parte da vida.

O pai de Bárbara, Juarez da Silva Chaves, de 39, foi demitido há dois anos de uma trans-portadora de Betim e, em maio, venceu o prazo legal no qual a família teria direito a continuar com o plano de saúde empresarial. A família conseguiu por meio de uma liminar judicial em-purrar a prorrogação para 1º de setembro, mas já recebeu o aviso de que a retirada da estrutura será feita em 31 de agosto. Para continuar com o benefício, Juarez e a esposa, Júnia Mara de Souza Chaves, de 37, teriam que desembolsar R$ 3 mil por mês, valor do plano particular e duas vezes a renda mensal da família. O MP estuda instrumentos para conseguir que o mu-nicípio arque com o atendimento.

Depois de uma cirurgia no cérebro há quatro anos, conseguida também graças à Justiça, Bárbara teve indicação médica para receber os cuidados domiciliares. Ela ficou no hospital por mais de um ano em recuperação e há 2 anos e oito meses tem o home care. Além dos equipamentos como bombas de oxigênio, o serviço cobre os custos de quatro enfermeiras que se revezam em turnos de 12 horas e do aten-dimento de profissionais como fonoaudiólogo, fisioterapeuta e médico. A equipe dá toda a as-sistência e acompanha de perto a garota, que apenas no mês passado teve 42 convulsões. O quadro de saúde levou Bárbara a ter sequelas

neurológicas e dificuldade na fala e nos movi-mentos.

A mãe, Júnia Mara, afirma que a filha teve uma melhora expressiva depois dos cuidados domiciliares e fica preocupada em pensar que pode perder o benefício. “A Bárbara só foi in-ternada três vezes depois do home care. Antes, ela não ficava nem um mês em casa sem ir ao hospital. Já moramos no Felício Rocho, na San-ta Casa, no Hospital Belo Horizonte. Tirando a assistência, a doença pode se agravar nova-mente”, afirma Júnia.

COMPLEXIDADE

Promotora de Justiça de Saúde de Betim, Giovanna Carone Nucci afirma que o caso é delicado e o MP tentará fazer com que o gov-erno do estado e do município continuem pres-tando os cuidados domiciliares. “Vamos pleite-ar que o plano de saúde mantenha a assistência até conseguirmos resolver junto ao estado e ao município. A questão é que um caso como o da Bárbara nunca ocorreu. Ela tem uma doença complexa, está estabilizada e vamos tentar que o tratamento seja mantido”, afirma Giovanna. O pai da menina, Juarez da Silva Chaves, de 39, agora trabalha como motorista em um órgão público, mas, de acordo com ele, não tem assistência médica. “É muito complicado. Nenhum plano de saúde aceita a gente, pois fica muito caro para eles”, afirma Júnia.

Advogado da Good Life, operadora do plano de saúde da família, Lucas Silva Pedra Martins informou que a orientação da empresa é cumprir a determinação judicial e interromp-er a prestação do home care em 31 de agosto. “Não recorremos da liminar e entendemos que era necessário o tempo de assistência de maio a agosto, tempo que a família teve para pro-curar alternativas. Nos dispomos a continuar a atendê-la pelo plano particular, pois a Lei nº 9.656 dava prazo de permanência de dois anos da família no plano empresarial”, afirma Mar-tins. A Prefeitura de Betim informou que estará presente em audiência marcada pelo MP e que conta com um programa de assistência domi-ciliar voltado para pacientes de baixa e média complexidade.

ESTADO DE MINAS - ON LINE - 18.08.2012 TRATAMENTO

Prazo para salvar Bárbara Família de jovem de 17 anos portadora de epilepsia refratária grave e Ministério Público tentam na Justiça evitar que assistência domiciliar provida por plano de saúde seja retirada

hOjE EM DIA - MG - P. 25 - 18.08.2012

Elian GuimarãesMais uma instituição passa a

compor a rede de transplantes de órgãos em Minas Gerais. O Hospi-tal Life Center recebeu sinal verde do Ministério da Saúde e já realizou dois transplantes de fígado em sua unidade do Bairro Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O primeiro ocorreu em maio. Segun-do o cirurgião do aparelho digestivo e coordenador de transplantes de fí-gado da unidade hospitalar, Agnal-do Soares Lima, a cirurgia foi resul-tado de um ano de planejamento.

O Sistema Único de Saúde (SUS) custeia todos os tipos de transplantes realizados no país, e segundo o diretor do MG Trans-plantes (MGTX), Charles Simão Filho, recentemente foi publicada nova tabela com acréscimo que va-ria de 30% a 60% para hospitais que se habilitem a realizar transplante de mais de um órgão sólido ou de medula óssea.

Ainda segundo Simão, o hospi-tal que realiza vários tipos de trans-plantes recebe, entre honorários médicos e a parte hospitalar, em tor-no de R$ 110 mil, por exemplo, no caso de transplante de fígado (parte desse valor é destinada à equipe).

Mesmo tendo todos os custos de um transplante bancados pelo SUS, o receptor que tenha condi-ções de pagar pela intervenção ci-rúrgica pode escolher sua equipe e entrar na lista do Sistema Nacional de Transplantes sem qualquer privi-légio. A lista é única e independe de o paciente ser do setor público ou privado.

Outra boa notícia, anunciada pelo diretor do MG Transplantes, é que a fila para pacientes à espera de

córnea está sendo zerada. Ela, que chegou a contabilizar mais de 1.500 receptores, registrava 252 no início de julho. No caso de pessoas mais idosas, quase não há mais espera.RIM

A doação de órgãos não se re-sume a ato solidário entre doador e receptor. Ela envolve inúmeros fa-miliares, amigos, equipes médicas e precisão científica. O primeiro transplante realizado com sucesso no mundo foi o de rim, entre gême-os idênticos, em 1954, em Boston, EUA. Mas o primeiro relato de um transplante de órgão é datado do sé-culo 2 a.C. , na Índia. Desde aque-la época já se transplantava pele de uma região para outra do próprio corpo, no tratamento de queimadu-ras ou ferimentos graves.

Em Minas, praticamente todos os órgãos podem ser transplantados: pulmão, coração, rim, pâncreas, rim e pâncreas, fígado, córneas, medula óssea. O estado conta com um ban-co de tecidos. Mas ainda não são re-alizados transplantes multivisceral e de intestino.

O multivisceral é o transplante de todos os órgãos abdominais de uma só vez. É uma técnica basea-da no entendimento de que quando existe uma doença intestinal asso-ciada a outra pancreática, que aco-mete mais de um órgão, é mais sim-ples transplantar tudo do que cada órgão isoladamente. A compatibili-dade entre doador e receptor varia conforme o órgão, mas deve chegar em torno de 80% a 90%, segundo Simão. “O ideal é 100%, e nesse caso, o paciente recebe o órgão, in-dependentemente de seu lugar na fila.”

O organismo humano reconhe-

ce e combate células e moléculas estranhas que o invadem e considera que tudo o que vem de fora é poten-cialmente fatal. A chamada rejeição do transplante nada mais é do que nosso sistema de defesa destruindo um órgão transplantado por não dis-tinguir o que é perigoso ou benéfico. Existe um grupo de genes nos hu-manos, chamado HLA, da sigla em inglês Helen Langridge Associates, que é o responsável por essa dife-renciação entre o que é do corpo e o que é estranho a ele. O grande desa-fio da medicina é impedir a rejeição do órgão, sem atrapalhar o sistema de defesa contra germes invasores.

As primeiras drogas para com-bater a rejeição surgiram ainda na década de 1950 – os corticoides (cortisona) e a azatioprina –, abrin-do espaço para a evolução do trans-plante entre indivíduos diferentes. Nos anos 1980 houve evoluções na descoberta de medicamentos. Antes disso, os órgãos eram, em sua maio-ria, perdidos em até um ano depois de transplantados.COMPATIBILIDADE

No caso do rim, o candidato a receptor deixa em laboratório uma espécie de impressão digital bioló-gica, a chamada HLA, que é con-frontada com a do doador, para aná-lise da compatibilidade. Se houver alguém na fila de espera com com-patibilidade de 100%, passa à frente de outros com índice inferior. Outra situação (de fura-fila) é aquela em que o receptor está no momento de urgência, não tendo mais nenhuma condição de processar hemodiálise ou diálise peritonial. Se não receber um órgão para filtrar seu sangue vai a óbito e esses casos também são prioridade.

ESTADO DE MINAS - ON LINE - 19.08.2012SAÚDE

Transplantes mais acessíveis Fila de pacientes à espera de córnea, que chegou a ter mais de 1.500 receptores, caiu para 252 pessoas em

julho. Por outro lado, cresce número de instituições aptas a realizar o procedimento

Pode-se estar na fila de rim há vários anos por questões diversas, como um sistema imunológico muito ativado, seja por transfusões de sangue, seja por transplante que já tenha recebido e rejeitado. A reação imunológica pode in-viabilizar a aceitação pelo organismo.

Para transplante de fígado, recebe pri-meiro quem estiver em estado mais gra-ve. Há um modelo de pontuação para doen-tes hepáticos. Aquele que tiver mais pontos receberá primeiro.

Nos transplantes de coração e pulmão a capacidade é anatômi-ca. Um paciente que pesa 100 quilos não pode receber coração de doador de 40 quilos, e vice-versa. O órgão não cabe na cavidade ou é insuficiente. Um coração muito grande em caixa torácica pe-quena comprimirá os pulmões. O cirurgião precisará também co-nectar artérias com diâmetros muito dife-rentes.

Em transplan-tes de tecidos, como córneas, os pacientes obedecem à ordem de inscrição. Minas tem dois grandes bancos de olhos, em Belo Ho-rizonte e Juiz de Fora. Há córneas que são usadas em caráter tem-

porário e o paciente se adapta tão bem que não quer mais trans-plantar. São chamados tectôncios, curativos emergenciais.

Outra inciativa é o CTBio, que está crian-do bancos de outros tecidos: musculares, ossos e pele que aten-derão outras necessi-dades, como tumores ósseos, perda de par-tes moles, queimados. Deve ser entregue nos próximos dois anos.

Cerco à venda de órgãos

A doação intravi-vos tem outro aspec-to. Receptor e doador devem ser parentes de até 2º grau ou cônju-ge. Segundo o diretor do MGTransplantes, situações fora disso precisam ser avaliadas pela comissão de ética e pela equipe técnica de transplantes. É exi-gida ainda uma autori-zação judicial. “É uma forma que a lei brasi-leira encontrou para impedir a comerciali-zação de órgãos.”

Os riscos para doadores e receptores são basicamente os inerentes a cada uma das situações. Para o doador, o risco é muito pequeno. Mas, segun-do Charles Simão, não se pode falar de cirur-gia sem risco, poden-do ocorrer infecção ou uma complicação.

“Mas é uma ex-

cessão.” Já o receptor está mais vulnerável, trata-se de um pacien-te grave e, portanto, o risco é mais elevado.

A princípio, não há limite de idade para se doar ou receber ór-gãos. O último regis-tro norte-americano de doação de coração foi de doador acima de 65 anos. A tendência, diante da dificuldade de captação de órgãos, é aumentar esses ex-tremos, segundo Si-mão.

O tempo que o órgão permanece res-friado, até ser intro-duzido no organismo do recpetor, varia de acordo com cada ór-gão e suas condições. Segundo Simão, exis-tem pesquisas com objetivo de aumentar o tempo de preserva-ção do órgão retirado. Há vários dispositivos, como máquinas que ir-rigam o sangue e oxi-genador. “Um coração pode durar, resfriado, no máximo quatro horas; um fígado, no máximo seis ou oito horas, dependendo do tempo de isquemia fria. Fora do corpo, ele é resfriado.” Ele acredita que o futuro será de xenotransplan-te, com órgãos retira-dos de outras espécies animais e que poderão ser utilizados por sua semelhança com o hu-mano.

ESTADO DE MINAS - ON LINE - 19.08.2012

ESTADO DE MINAS - P. 09- 19.08.2012

hOjE EM DIA - P.10 - 20.08.2012

O TEMPO - P.11 - 20.08.2012

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METRO - Bh - MG - P. 06 - 20.08.2012