179768

Upload: paulo-henrique-damasceno

Post on 02-Mar-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/26/2019 179768

    1/120

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

    ANLISE DE FORAS NO FRESAMENTO DE TOPO CONVENCIONAL E COM

    ALTAS VELOCIDADES DE CORTE

    DISSERTAO SUBMETIDA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DE SANTA CATARINA PARA A OBTENO

    DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA MECNICA

    SRGIO EDUARDO MORENO MACEDO

    FLORIANPOLIS, MARO DE 2001

  • 7/26/2019 179768

    2/120

    ANLISE DE FORAS NO FRESAMENTO DE TOPO CONVENCIONAL E COM

    AL TAS VELOCIDADES DE CORTE

    SRGIO EDUARDO MORENO MACEDO

    ESTA DISSERTAO FOI JULGADA PARA OBTENO DO TTULO DE

    MESTRE EM ENGENHARIA

    ESPECIALIDADE ENGENHARIA MECNICA E APROVADA EM SUA FORMAFINAL PELO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

    Pi rand Schroeter, Dr. Eng.Orientador

    Prof. Walter Lindolfo Weingaertner, Dr.-lng.Co-orientador

    Coordenador da Ps-Graduao

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Armando Albertazzi Gonalves Jr., Dr. Eng.Presidente

    Prof. Joo Carl< ' sFerreira, Ph. D.

    Prof. Carlos^Hnrique Ahrens, Dr. Eng.

  • 7/26/2019 179768

    3/120

    Aos meus pais,

    meu alicerce.

  • 7/26/2019 179768

    4/120

    Agradecimentos iv

    Agradecimentos

    Ao Prof. Dr. Eng. Rolf Bertrand Schroeter pela orientao, pacincia, apoio e

    amizade, sem os quais este trabalho no poderia ser concludo.

    Ao Prof. Dr.-Ing. Walter Lindolfo Weingaertner tambm pela orientao, apoio e

    amizade demonstrados desde meus primeiros dias do curso de graduao.

    Ao Prof. Dr.-Ing. Gerhard Petuelli por ter aberto as portas do LWZM (Labor fr

    Werkzeugmaschinen - Universitt - GH Paderborn Abteilung Soest) e dado todas as

    condies para a realizao dos ensaios com altas velocidades de corte, alm do

    indescritvel apoio pessoal durante minha estadia em Soest, Alemanha.Aos colegas LWZM, em especial ao Herr Hulsbeck, Herr Rtering, Herr Mller e

    Herr Heinemann, que tambm deram grande apoio profissional e pessoal.

    CAPES pelo apoio financeiro para a realizao deste trabalho, atravs de

    concesso de bolsa de estudos.

    firma Walter AG, Alemanha, por ter doado as ferramentas utilizadas nos

    ensaios de alta velocidade.

    firma Indufresa Comercial Ltda., na pessoa do Sr. Srgio Paolino, que doou asfresas de topo reto e se mostrou sempre disposto a auxiliar trabalhos de pesquisa.

    Aos colegas do LMP pela amizade e auxlio durante nossos anos de trabalho

    conjunto. Agradeo especialmente aos amigos que direta ou indiretamente deram sua

    contribuio a este trabalho: Cleiton Rodrigues Teixeira, Milton Pereira, Haroldo Osis,

    Joel Martins Crichigno Filho, Claudia Heusi Silveira, Henrique Brggmann Mhle,

    Walmir Markus, Oliver Odebrecht, Jefferson de Oliveira Gomes, Pablo Deivid Valle,

    Pablo Ricardo de Castro, Carlos Alberto Bork, Cristiano Markus, Hlio Irineu Jos,

    Moacir Eckhardt, Alexandre Magno, Maria Guilhermina Salasrio.

    Aos meus pais Ldia Moreno Macedo e Waldemar Macedo, pelo apoio

    incondicional em todos os momentos da minha vida, mesmo quando o que fao no

    de seu agrado.

    minha esposa Grasiella Maria da Silva Macedo pelo amor, apoio e

    companheirismo, mantendo-se sempre ao meu lado nesta nossa caminhada.

    Aos colegas de curso e professores da Engenharia Mecnica da UFSC.

    A todos que, direta ou indiretamente, contriburam para a realizao deste

    trabalho.

  • 7/26/2019 179768

    5/120

    Sumrio v

    Sumrio

    Simbologia ______________________________________________________________ vii

    Resumo__________________________________________________________ x

    Abstract____________________________________________________________ xi

    1. Introduo____________________________________________________________ 1

    2. Estado da A rte____________________________________________________ _ 52.1. O Processo de Fresamento__________________________________________5

    2.2. Fresamento de Topo_______________________________________________ 8

    2.3. Excentricidade e Deflexo da Fresa___________________________________9

    2.4. Vibraes no Fresamento___________________________________________11

    2.5. Foras no Fresamento_____________________________________________ 15

    2.6. Fresamento com Altas Velocidades de Corte___________________________25

    2.7. Desgaste da Ferramenta___________________________________________30

    2.8. Materiais para Fresas______________________________________________32

    2.9. Fluidos de Corte__________________________________________________ 34

    3. Planejamento Experimental_____________________________________________37

    3.1. Fresamento de Topo Reto Convencional______________________________38

    3.1.1. Ensaios de fora ______________________________________________ 41

    3.1.2. Ensaios de desgaste___________________________________________42

    3.2. Fresamento de Topo Esfrico com Altas Velocidades de Corte___________ 44

    4. Anlise dos Resultados_________________________________________________ 49

    4.1. Ensaios de Fresamento de Topo Reto Convencional ___________________50

    4.1.1. Efeito da excentricidade da fresa nas foras_______________________50

    4.1.2. Efeito da vibrao auto-excitada nas foras________________________56

    4.1.3. Influncia dos parmetros de corte (d, z, ae) nos ensaios de fora_____59

    4.1.4. Resultados dos ensaios de desgaste______________________________67

    4.2. Ensaios de Fresamento de Topo Esfrico com Altas Velocidades de

    Corte___________________________________________________________ 73

  • 7/26/2019 179768

    6/120

    Sumrio vi

    5. Concluses e Sugestes para Futuros Trabalhos___________________________82

    5.1. Concluses_______________________________________________________ 82

    5.2. Sugestes para Futuros Trabalhos __________________________________85

    6. Referncias Bibliogrficas_______________________________________________ 87

    7. Anexos______________________________________________________________ 97

    7.1. Caractersticas dos Equipamentos e Produtos Utilizados________________97

    7.1.1. Fresadora vertical convencional__________________________________97

    7.1.2. Fresadora vertical de alta velocidade_____________________________ _ 97

    7.1.3. Sistema de medio de foras___________________________________987.1.4. Sistema de aquisio de imagens_______________________________101

    7.1.5. Equipamentos para avaliao geomtrica das fresas_______________102

    7.1.6. Sistema de minimizao de fluidos de corte______________________102

    7.1.7. Descrio dos fluidos de corte utilizados__________________________103

    7.2. Composio Qumica das Ferramentas de Ao-Rpido e Corpos de

    Prova Utilizados____________________________________- ________ 103

    7.3. Mdias e Desvio-Padro de Fxy e 0 para os Ensaios de Fora EF________ 1047.4. Mdias e Desvio-Padro do Desgaste do Flanco Principal para os

    Ensaios de Desgaste ED_________________________________________ 107

    7.5. Comparaes entre os Ensaios com Altas Velocidades de Corte________ 108

  • 7/26/2019 179768

    7/120

    Simbologia vii

    Simbologia

    Letras maisculas

    F N Fora de usinagem

    F ax N Fora na direo axial

    Fc N Fora de corte

    Fe N Fora de ensaio

    Fr N Fora na direo radial

    Fx N Fora na direo xFy N Fora na direo y

    Fz N Fora na direo z

    F xy N Resultante das foras no plano xy (Fxy = Fx + Fy)

    KT mm Profundidade da cratera

    Ra um Rugosidade mdia aritmtica

    Rt j_im Profundidade mxima de rugosidade

    Rt ter f m Profundidade mxima de rugosidade tericaRz fim Rugosidade mdia

    VB mm Largura da marca de desgaste de flanco

    Letras minsculas

    ae mm Profundidade de corte radial (penetrao detrabalho, largura de usinagem, incremento lateral,

    largura de engajamento)

    ap mm Profundidade de corte axial (penetrao passiva)

    apcr mm Profundidade de corte axial crtica

    3Pcr min mm Profundidade de corte axial crtica mnima

    br mm Distncia entre linhas

    d mm Dimetro da fresa

    f mm Avano por rotao

    f Hz Freqncia

  • 7/26/2019 179768

    8/120

    Simbologia viii

    fz mm Avano por dente

    hc mm Espessura de usinagem

    m - Nmero inteiro positivon min'1, rpm Rotao por minuto

    Vf m/min Velocidade de avano

    Vfh m/min Velocidade de avano na direo horizontal

    vc m/min Velocidade de corte

    vcm m/min Velocidade de corte mdia

    z - Nmero de dentes da fresa

    Letras gregas

    i graus ngulo de inclinao longitudinal

    t graus ngulo de inclinao transversal

    A - Diferena

    8 mm Deflexo da fresa de topoyf graus ngulo de sada radial

    Yp graus ngulo de sada axial

    9 graus ngulo de rotao

    9 graus ngulo de fase

    X graus ngulo de posio do dente de referncia

    0 graus Direo da fora resultante Fxy

    p mm Excentricidade da fresa de topo

    Abreviaturas e smbolos qumicos

    A/D

    ASMECAD

    Analgico/Digital

    The American Society of Mechanical EngineersComputer Aided Design

  • 7/26/2019 179768

    9/120

    Simbologia ix

    CAM Computer Aided Manufacturing

    CBN Nitreto de Boro Cbico

    CIRP Collge International pour l'Etude Scientifique desTechniques de Production Mcanique (International

    Institution for Production Engineering Research)

    CNC Computerized Numerical Control

    CVD Chemical Vapour Deposition

    FSO Full Scale Operation

    LABSOLDA Laboratrio de Soldagem - UFSC

    LMP Laboratrio de Mecnica de Preciso - UFSCM.U. Mechanical Units (por exemplo N, bar, g)

    NC Numerical Control

    NURBS Non-Uniform Rational B-Splines

    PC Personal Computer

    PCBN Nitreto de Boro Cbico Policristalino

    PCI Peripheral Component Interconnect

    PVD Physical Vapour Deposition

    RAM Random Access Memory

    RWTH Rheinisch Westflische Technische Hochschule

    S3N4 Nitreto de Silcio

    TiN Nitreto de Titnio

    TU Technische Universitt

    UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

    VDI Verein Deutscher Ingenieure

    VGA Video Graphics Array

  • 7/26/2019 179768

    10/120

    Resumo x

    Resumo

    f

    Neste trabalho so apresentadas caractersticas da resultante de fora Fxy, seu ngulo

    de direo 0 e, em alguns casos, as componentes Fx, Fy e Fz em dois modos de

    fresamento: topo reto com velocidades de corte convencionais e topo esfrico com

    altas velocidades de corte. No primeiro modo foram avaliados os efeitos da

    excentricidade, da vibrao auto-excitada e de parmetros de corte (d, z e ae).

    Confirmou-se que a principal causa da excentricidade a montagem da fresa, e suas

    conseqncias foram a sobrecarga sofrida por alguns dentes, alm do deslocamento

    do contedo de freqncias do sinal de fora da freqncia de entrada de dentes para a de rotao. A vibrao auto-excitada foi extremamente prejudicial ao processo,

    causando forte sobrecarga e podendo danificar ferramenta e pea. Foram

    apresentadas caractersticas da influncia dos parmetros citados que podem ser

    utilizadas no planejamento do fresamento. Nos ensaios com vc convencional tambm

    foram avaliadas a influncia do fresamento a seco, com emulso, com minimizao de

    fluido de corte, alm da vc e do uso de 5% de cobalto no ao-rpido na evoluo de Fxy

    com o desgaste. O uso da emulso aumentou a vida da fresa em mais de 6 vezes ereduziu Fxy final em 25%. O aumento em 2 vezes de vc no foi suficiente para que o

    ensaio com emulso apresentasse o mesmo desgaste do ensaio a seco. O uso da

    minimizao teve o mesmo efeito da adio de cobalto, dobrando a vida e reduzindo

    em 25% a Fxy, em comparao com o ensaio a seco. Nos ensaios com alta vc, devido

    limitao da freqncia de ressonntia do dinammetro piezeltrico, analisou-se

    somente a componente esttica de Fxy, medida para vrias inclinaes da fresa em

    relao superfcie fresada, no fresamento concordante, discordante e combinado.

    Obtiveram-se padres de comportamento que podem ser utilizados na determinao

    de estratgias de fresamento. A intensidade de Fxy para as diversas condies foi

    semelhante e somente 0 apresentou diferenas de acordo com a geometria do corte. A

    atuao do gume transversal da fresa foi bastante prejudicial ao processo, promovendo

    sobrecargas e esmagamentos de material da pea.

  • 7/26/2019 179768

    11/120

    Abstract xi

    Abstract

    This work presents the characteristics of the resulting force Fxy, its direction angle 0,

    and in some cases, the components Fx, Fy and Fz in two ways of milling: flat end milling

    with normal cutting speed and ball end milling with high-speed cutting. The first way of

    milling evaluated the effects of eccentricity, chatter vibration and the cutting parameters

    (d, z and ae). The main source of the eccentricity, which is the mounting condition of the

    mill, was verified, and its consequences were the overload of certain teeth and the

    shifting of the content of the force signal away from the tooth passing frequency to the

    spindle rotational frequency. The chatter vibration was very damaging to the process, overloading the mill and leading to possible damage of the tool or workpiece. The

    influences of the cutting parameters stated earlier were presented, which may help

    future planning of the end milling process. The influence of milling with emulsion,

    minimal amount of cutting fluid, dry cutting, two different cutting speeds and the addition

    of 5% Cobalt in the HSS were evaluated relating the force Fxy and the wear of the mill

    for the experiments with normal cutting speed. Milling with emulsion increased tool life

    by more than 6 times and decreased the final Fxy by 25%. The cutting speed was then doubled, but it was not enough to have the same wear as the dry cutting experiment.

    The end milling process with minimal amount of cutting fluid had the same effect as

    using a 5% Co tool, doubling the tool life and decreasing the final Fxy by 25%, compared

    to the dry process. The experiments with high-speed cutting were limited by the

    resonance frequency of the piezoelectric dynamometer, and only the static content of

    the force Fxy signal was evaluated. The conditions were different angles between the

    tool and the milled surface for the up milling, down milling, and combined up and down

    milling. Some standards of behaviour for future use in planning strategies of the high

    speed cutting milling were obtained. The intensity of the Fxy was similar for many

    conditions of the experiments, and only the angle 0 was different according to the

    geometry of the cutting process. The centre cutting edge was very damaging for the

    process when in contact with the workpiece, and caused overloading and crushing of

    the workpiece material.

  • 7/26/2019 179768

    12/120

    1. Introduo 1

    1. Introduo

    O fresamento um dos mais universais, ainda que complexo, processos de

    usinagem, tendo a maior variao em tipos de mquinas e ferramentas utilizadas e

    movimentos da pea que qualquer outro mtodo bsico de usinagem. As vantagens

    mais importantes so a alta taxa de remoo de material, a capacidade de produo de

    superfcies com elevada qualidade e a grande variedade de ferramentas disponveis.

    As aplicaes do processo incluem a produo de superfcies planas, contornos,

    rasgos, ranhuras, cavidades e roscas, entre outras [1-4].Um dos mtodos de fresamento o fresamento de topo. Este o mais comum e

    amplamente utilizado mtodo, sendo bastante verstil e possuindo o maior nmero de

    tipos padronizados, formas e tamanhos de fresas. As fresas de topo so utilizadas para

    facear, ranhurar, executar cavidades, rebaixos, matrizes, gravaes, rasgos de todos

    os tipos e tamanhos e fresar contornos. Um problema comum em fresas de topo a

    baixa preciso de giro e a possibilidade de vibrao devido deflexo [1, 2, 5, 6]. A

    ocorrncia da excentricidade praticamente inevitvel, e atribui-se isso principalmentea erros na montagem da ferramenta [7-10]. Em virtude da fresa de topo estar fixa por

    uma nica extremidade e devido sua caracterstica de falta de rigidez surgem

    tambm deflexes pela ao das foras de usinagem [8, 11].

    Tambm comum no fresamento de topo o surgimento de vibraes auto-

    excitadas, principalmente quando o processo apresenta altas taxas de remoo. As

    principais conseqncias so a piora na qualidade superficial e dimensional da pea, o

    desgaste excessivo ou a quebra da ferramenta e a limitao da produtividade do

    processo [12-14].

    A utilizao de altas velocidades de corte reduz as foras na usinagem,

    proporciona que o calor gerado no processo seja removido em grande parte pelo

    cavaco, produz superfcies com melhor acabamento e menos afetadas termicamente,

    permite a usinagem em regies de estabilidade, livres de vibraes auto-excitadas e

    reduz a formao de rebarbas. Desta forma, o fresamento com altas velocidades de

    corte, de 5 a 10 vezes maior que o utilizado convencionalmente, tem como um dos

    maiores potenciais a fabricao de moldes e matrizes [15-21].

  • 7/26/2019 179768

    13/120

    1. Introduo 2

    Moldes e matrizes geralmente so constitudos de muitas superfcies complexas

    que podem ser usinadas, sem danificar o contorno, por fresamento em trs eixos ou

    cinco eixos com fresa de topo. A utilizao de altas velocidades de corte tem comoconseqncia o aumento na mesma proporo da velocidade de avano, permitindo

    melhor e mais rpida aproximao do perfil final da pea, considervel reduo do

    tempo de trabalho final manual, reduo de tempos e custos e aumento de qualidade

    das peas [15-18, 20-22].

    A principal limitao do processo de usinagem com altas velocidades de corte

    o acentuado desgaste da ferramenta, principalmente para o corte de aos, ferros

    fundidos e ligas de baixa usinabilidade. Entretanto, a escolha adequada do tipo de estratgia a ser utilizada tem conseqncia direta na vida da ferramenta e tambm na

    qualidade dimensional do componente usinado [15-21, 23].

    Na anlise do processo de usinagem em termos quantitativos, a caracterizao

    das foras envolvidas no corte de fundamental importncia para a pesquisa e o

    desenvolvimento de modelos, para a otimizao, o monitoramento e o controle do

    processo. Em virtude de sua relativa facilidade de medio e sua relevncia fsica, as

    foras so, freqentemente, elementos-chave para o entendimento da cinemtica e da

    dinmica de mquinas-ferramentas e processos de usinagem. O conhecimento da

    grandeza e direo da fora de usinagem de importncia no projeto dos elementos

    de mquinas-ferramentas, na determinao dos parmetros de corte, no conhecimento

    dos fenmenos que ocorrem durante o processo de corte, no esclarecimento dos

    mecanismos de desgaste e na estimativa da preciso de usinagem atingvel [1, 4, 5,

    24-27].

    As pesquisas na rea da engenharia de fabricao, principalmente no ramo da

    usinagem, tm dado forte nfase a sistemas de manufatura totalmente automatizados,

    integrados e auto-ajustveis que so capazes de usinar diversas peas e controlar o

    processo sem a superviso ou a interveno humana. Para atingir tal objetivo, devem

    ser criados sistemas simples e robustos de monitoramento de usinagem que garantam

    segurana e eficincia na remoo de material, podendo detectar quebra de

    ferramenta, desgaste, vibraes, sobrecargas e outras muitas anomalias indesejadas.

    Entre os recursos disponveis para os sistemas de monitoramento, um dos mais

    utilizados a medio de foras durante a usinagem, pois essas podem ser

    relacionadas com a mecnica do processo [28-37].

  • 7/26/2019 179768

    14/120

    1. Introduo 3

    O objetivo geral deste trabalho foi medir as foras durante o processo de

    fresamento de topo, sob diversas condies, para buscar padres de comportamento

    que possam ser utilizados em sistemas de monitoramento do processo, nadeterminao das condies de usinagem mais adequadas para um determinado caso

    e na avaliao das influncias de alguns parmetros de corte nas foras.

    O desenvolvimento do trabalho foi dividido em dois grupos de pesquisa com

    objetivos especficos, estabelecidos em funo do tipo de ferramenta e condio de

    velocidade de corte. No primeiro grupo esto as anlises do fresamento de topo reto

    com velocidades de corte convencional e no segundo grupo o fresamento de topo

    esfrico com altas velocidades de corte.

    No primeiro grupo o objetivo foi analisar o comportamento das componentes de

    fora Fx, Fy e Fz no fresamento de rasgos com fresas de topo reto em condies

    normais, com elevada excentricidade e com vibrao auto-excitada. Esta anlise

    buscou identificar padres de comportamento para que estas anomalias possam ser

    detectadas em sistemas de monitoramento em processo, fornecer subsdios para o

    estudo destes fenmenos e evitar seu surgimento.

    Ainda neste grupo foram avaliadas as caractersticas da resultante das foras Fx

    e Fy (plano xy), denominada Fxy e tambm o ngulo de direo (0) desta resultante.

    Esta avaliao foi efetuada para diferentes condies de trabalho, alterando-se

    parmetros de usinagem tais como dimetro da fresa (d), nmero de dentes (z) e

    profundidade de corte radial (ae). Novamente o que se buscou foram padres de

    comportamento das foras e informaes que possam ser utilizadas na determinao

    da melhor condio de fresamento para determinada aplicao.

    Por fim avaliou-se o comportamento das foras com o desgaste da fresa para

    alguns fluidos de corte, velocidades de corte e material de ferramenta. Neste item a

    nfase foi dada mais para a evoluo das foras com o desgaste do que para a forma

    de desgaste propriamente dita.

    O objetivo do segundo grupo dos ensaios foi avaliar o comportamento de Fxy no

    fresamento de topo esfrico com altas velocidades de corte para diversas inclinaes

    da fresa em relao superfcie a ser usinada no fresamento concordante, discordante

    e combinado. Buscou-se com estes experimentos simular as muitas condies a que a

    fresa submetida durante a usinagem de uma cavidade complexa, como as existentes

    em moldes e matrizes. O objetivo foi obter informaes para a elaborao de

  • 7/26/2019 179768

    15/120

    1. Introduo 4

    estratgias de usinagem que reduzam o desgaste da fresa, que crtico em altas

    velocidades, e tambm minimizem deflexes indesejadas da ferramenta e da pea.

    Este trabalho apresenta no Captulo 2 o embasamento terico bsico no qualtodo desenvolvimento efetuado est fundamentado. No Captulo 3 tem-se as

    informaes necessrias para o entendimento de como os experimentos foram

    realizados. A apresentao e anlises dos resultados obtidos nos ensaios, as

    conseqncias para o processo e as relaes com a teoria esto no Captulo 4. O

    Captulo 5 apresenta as concluses finais e sugestes para a elaborao de futuros

    trabalhos. A referncias bibliogrficas e informaes adicionais esto nos captulos 6 e

    7, respectivamente.

  • 7/26/2019 179768

    16/120

    2. Estado da Arte 5

    2. Estado da Arte

    2.1. O Processo de Fresamento

    Fresamento um processo de usinagem para remoo de material por

    movimento relativo entre a pea e uma ferramenta rotativa, normalmente de mltiplos

    gumes, denominada fresa. Em algumas aplicaes a pea permanece fixa enquanto a

    ferramenta rotativa se movimenta sobre essa a uma determinada velocidade. Em

    outras aplicaes tanto a pea quanto a fresa se movem uma em relao outra e emrelao mquina-ferramenta. Contudo, freqentemente a pea se movimenta com

    uma velocidade de avano pequena em relao fresa, que possui uma rotao

    relativamente alta. Uma caracterstica do processo que cada gume da fresa remove

    uma poro de material da pea na forma de pequenos cavacos individuais [1-3, 38].

    Praticamente toda operao de fresamento consiste em corte interrompido, onde cada

    gume atua num tempo inferior metade do necessrio para a ferramenta completar

    uma revoluo. Em conseqncia do duplo movimento, rotao da fresa e avano dapea, a espessura do cavaco varia constantemente [1, 5].

    As operaes de fresamento so efetuadas em diferentes mquinas-

    ferramentas. Desde que a fresa e a pea possam se movimentar relativamente entre si,

    independentemente ou em combinao, uma grande variedade de operaes podem

    ser efetuadas por fresamento. As aplicaes do processo incluem a produo de

    superfcies planas, contornos, rasgos, ranhuras, cavidades e roscas, entre outras [1-4].

    O fresamento um dos mais universais, ainda que complexo, processos de

    usinagem. O processo tem a maior variao em tipos de mquinas utilizadas,

    movimentos da pea e tipos de ferramentas que qualquer outro mtodo bsico de

    usinagem. As vantagens mais importantes so a alta taxa de remoo de material, a

    capacidade de produo de superfcies com elevada qualidade e a grande variedade

    de ferramentas disponveis. Os gumes das fresas podem ser produzidos para formar

    muitos tipos de superfcies complexas [1-3]. Por outro lado, comparando-se com outros

    processos, o fresamento pode apresentar desvantagens em determinadas condies.

    O aplainamento possui um custo inferior de mquina e ferramental, o brochamento

  • 7/26/2019 179768

    17/120

    2. Estado da Arte 6

    externo mais econmico para grandes lotes e a retificao, apesar da menor taxa de

    remoo de material, gera melhores caractersticas geomtricas e superficiais [4],

    Os mtodos de fresamento podem ser divididos em dois grupos principais:perifrico ou tangencial, e frontal [1-4, 24, 38]. Outros mtodos de fresamento que

    existem podem ser considerados variaes desses dois e dependem do tipo de pea e

    ferramenta utilizados [1, 24].

    No fresamento perifrico, ou tangencial, a superfcie usinada gerada por

    gumes ou insertos posicionados na periferia da fresa, e geralmente um plano paralelo

    ao eixo da ferramenta. Operaes para produo de relevos ou perfis esto includos

    nesse mtodo. A seo transversal da superfcie fresada corresponde ao contorno da fresa ou combinao de fresas utilizadas [1-4, 24, 38].

    No fresamento frontal a superfcie usinada resulta da ao combinada dos

    gumes localizados na periferia e na face frontal da fresa, esta geralmente em ngulo

    reto ao eixo da ferramenta. Normalmente a superfcie fresada plana, sem qualquer

    relao com o contorno dos gumes [1-4, 24, 38].

    De acordo com a direo de corte e de avano, distinguem-se ainda o

    fresamento concordante e o fresamento discordante. No fresamento concordante os

    movimentos de corte e de avano tm, em mdia, o mesmo sentido, iniciando-se o

    corte com a espessura mxima de cavaco. No fresamento discordante os movimentos

    de corte e avano tm, em mdia, sentidos opostos, iniciando-se o corte com a

    espessura mnima de cavaco. No caso do eixo da fresa interceptar a pea, tem-se o

    fresamento concordante e discordante combinados. Isto ocorre geralmente nos

    processos de fresamento frontal e de topo (figura 2.1) [1-3, 5, 38, 39].

    No fresamento discordante a espessura inicial de corte teoricamente zero.

    Assim, inicialmente uma camada de material deformada elstica e plasticamente pela

    compresso da ferramenta. Somente quando atingida uma espessura mnima de

    corte que se inicia a remoo de material [1-3, 5, 39]. O resultado disso o desgaste

    abrasivo sofrido pelo flanco principal da fresa que atrita sobre uma superfcie de

    material que pode estar endurecido pelo gume anterior, reduzindo assim a vida da

    ferramenta. Alm disso, cavacos ficam ocasionalmente aderidos ao gume da fresa,

    podendo provocar sua quebra quando entrar novamente no corte [1-3].

  • 7/26/2019 179768

    18/120

    2. Estado da Arte 7

    Discordante

    Figura 2.1 - Fresamento discordante, concordante e combinado [1, 2, 5]

    As vantagens do fresamento concordante so as seguintes [1, 2]:

    A fora de corte empurra a pea contra a mesa da mquina e contra a

    fixao, minimizando a possibilidade de vibraes;

    Menor desgaste e por conseqncia maior vida da ferramenta;

    Melhor qualidade superficial obtida;

    Menor fora e potncia de avano;

    Menor caminho percorrido pelo gume na pea.

    Embora no seja algo bvio, a reduo de caminho percorrido , em mdia, da

    ordem de 3%, com reduo correspondente de desgaste. Essa diferena de percurso

    funo do dimetro da fresa, do avano por rotao e da profundidade de corte radial,

    sendo igual a: 2ae(f/7td)[(d/ae)-1]1/2. Atravs de uma anlise cuidadosa da figura 2.1

    percebe-se que no fresamento discordante, em funo do movimento em direes

    opostas, o gume permanece um tempo maior em contato com a pea [1, 2, 38, 40].Apesar das vrias vantagens do fresamento concordante existem casos em que

    no se pc^le utiliz-lo, como por exemplo [1, 2]:

    Quando existem folgas no fuso da mesa da mquina-ferramenta;

    Quando a superfcie da pea tiver resduo de areia de fundio, for

    proveniente de processo de forjamento ou for muito irregular.

  • 7/26/2019 179768

    19/120

    2. Estado da Arte 8

    2.2. Fresamento de Topo

    Muitos mtodos de fresamento podem ser classificados de acordo com oconceito de fresamento perifrico ou frontal. Entretanto, alguns so relacionados com o

    tipo de pea usinada ou a caracterstica da ferramenta empregada. Entres estes

    mtodos est includo o fresamento de topo. As fresas de topo possuem gumes tanto

    na sua periferia quanto na sua face. Este tipo de fresa a mais comum e amplamente

    utilizada, sendo bastante verstil e possuindo, entre todos os tipo de fresa, o maior

    nmero de tipos padronizados, formas e tamanhos. Podem ser produzidas com topo

    simples ou duplo, haste e corpo cilndricos ou cnicos, em diversos dimetros e comprimentos, possuir dois, trs, quatro, seis ou mais canais, sendo que na maioria

    estes so helicoidais e, em alguns casos, retos. O topo pode ser reto ou esfrico [1].

    Construtivamente as fresas de topo podem ser inteirias, com insertos ou gumes

    soldados ou ainda com insertos intercambiveis. Os insertos soldados so de ao-

    rpido ou, na maioria das vezes, metal-duro, e os intercambiveis so geralmente de

    metal-duro. As fresas inteirias so feitas normalmente de ao-rpido ou metal-duro

    (figura 2.2) [1,6],

    11

    t

    r y m i p|| rT 22

    Figura 2.2 - Tipos gerais de fresas de topo [6, 15]

    Nas operaes de fresamento perifrico o dimetro da fresa determina a mxima

    profundidade de corte radial, e nas operaes de fresamento frontal o comprimento

    axial dos gumes determina a mxima profundidade da corte axial [1]. Essas fresas so

    utilizadas para facear, ranhurar, executar cavidades, rebaixos, matrizes, gravaes,

    rasgos de todos os tipos e tamanhos e fresar contornos [1, 2, 5, 6].

  • 7/26/2019 179768

    20/120

    2. Estado da Arte 9

    As combinaes de corte com fresas de topo so numerosas. A experincia tem

    mostrado que quando a face da fresa atua no processo de usinagem o sentido de

    rotao e o sentido da hlice devem ser os mesmos. A combinao das componentesradial, axial e tangencial de fora sobre a fresa podem produzir deflexes que levam a

    ferramenta tanto para fora quanto para dentro da pea, conforme a intensidade dessas

    componentes. Contudo, para o mesmo sentido da rotao e da hlice, a fora axial

    tende a puxar a fresa do fuso da mquina. Tambm nesse caso danos podem ocorrer

    quando a usinagem for executada com a face e um grande comprimento da periferia da

    fresa simultaneamente. Isto ocorre porque o sentido da hlice fora a ferramenta contra

    a pea, podendo danificar seriamente a pea, a fresa ou a mquina. Neste caso deve- se providenciar uma fixao de ferramenta bastante segura para que possveis danos

    sejam evitados. Para operaes onde a face da fresa no atua deve-se utilizar um

    sentido contrrio entre a rotao e a hlice. A fora axial contrria ao fuso ir promover

    uma garantia adicional de fixao da ferramenta em sua posio [1, 2].

    2.3. Excentricidade e Deflexo da Fresa

    Um problema comum em fresas de topo a baixa preciso de giro e a

    possibilidade de vibrao devido deflexo [1]. O ideal seria que o centro de rotao

    coincidisse com o centro geomtrico da ferramenta, produzindo-se desta forma

    cavacos com a mesma espessura para todos os dentes. Define-se ento

    excentricidade (p) como sendo a distncia entre o centro de rotao e o centro

    geomtrico da fresa, junto com o menor ngulo positivo (X)formado pela linha que liga

    os centros e uma linha do centro geomtrico a um dente tomado como referncia

    (figura 2.3) [7-10].

    Em condies normais de usinagem a ocorrncia da excentricidade

    praticamente inevitvel, e atribui-se isso principalmente a erros na montagem da

    ferramenta [7-10]. Segundo o trabalho realizado por ARMAREGO e DESHPANDE [7], a

    excentricidade causada por erros na fabricao da fresa de aproximadamente 2 um,

    pois seu processo de retificao executado normalmente entre centros. Em

    contrapartida, a excentricidade verificada com a ferramenta montada na fresadora

    consideravelmente maior (18 a 20 fim) [7]. Alm disso, a excentricidade tende a variar

    cada vez que a fresa montada no seu sistema de fixao [8].

  • 7/26/2019 179768

    21/120

    2. Estado da Arte 10

    Figura 2.3 - Excentricidade na fresa de topo [9]

    Uma fresa de topo excntrica pode ser representada por uma ferramenta com

    raio varivel girando em torno do eixo de rotao e, desta forma, tem-se que a

    espessura do cavaco no igual para todos os dentes. Numa condio crtica pode

    ocorrer que um dente no remova material nenhum. Sendo assim, a excentricidade

    um importante fator que contribui para a alterao no perfil esperado de fora de

    fresamento [7-10], A excentricidade altera as foras mdias e os picos mximos e

    mnimos do perfil instantneo de foras de diversas maneiras, dependendo das

    condies de corte, da geometria do corte e da natureza e intensidade da

    excentricidade. Isto pode levar a problemas de quebra e desgaste excessivo da

    ferramenta, erros geomtricos na pea e alteraes no comportamento dinmico do

    processo de corte e da mquina-ferramenta. Existe a tendncia do contedo de

    freqncias das foras deslocar-se da freqncia de entrada de dentes para a de

    rotao da fresa [9],

    Em virtude da fresa de topo estar fixa por uma nica extremidade e devido sua

    caracterstica de falta de rigidez surgem deflexes pela ao das foras de usinagem

    (figura 2.4) [8, 11]. Tambm so defletidas, mas em propores consideravelmente

    menores, a fixao da fresa, da pea e a mquina-ferramenta [41]. As deformaes da

    pea a ser usinada devem ser consideradas crticas quando se tratar de paredes finas

    com baixa rigidez [42, 43]. O aumento da rigidez e a reduo da deflexo da fresa

    podem ser obtidos pelo aumento do dimetro e pela reduo do comprimento livre da

    fresa. A deflexo diretamente proporcional ao cubo do comprimento livre e

    inversamente proporcional quarta potncia do dimetro, sendo tambm afetada pelo

    nmero de gumes que atuam simultaneamente na pea. Fresas com tamanho de canal

    reduzido podem ser utilizadas para diminuio da deflexo, mas desta forma o espao

  • 7/26/2019 179768

    22/120

    2. Estado da Arte 11

    para armazenamento de cavacos ficar tambm reduzido. Algumas fresas para

    trabalho pesado possuem ainda ncleo cnico [1].

    A inclinao da ferramenta produzida por sua deflexo causa diferentesespessuras de cavaco no sentido axial, prejudicando o acabamento da pea,

    restringindo a produtividade e gerando esforos no-uniformes sobre os gumes.

    Algumas destas caractersticas so comuns excentricidade, entretanto, no caso da

    deflexo, existe a diferena de espessura de cavaco no sentido axial, sendo que este

    problema se torna mais crtico quanto maior for a profundidade de corte axial [25].

    Figura 2.4 - Deflexo da fresa de topo causada pela fora de usinagem [16]

    Apesar de indesejvel por diversos aspectos, a flexibilidade da ferramenta temcomo vantagem a reduo de sobrecargas em situaes transientes e sob vibrao

    auto-excitada [42]. Deve-se notar tambm que a deflexo da ferramenta tem a

    propriedade de atenuar os efeitos da excentricidade [8, 41, 43, 44]. Quando, devido

    excentricidade, a espessura de cavaco a ser removida por um gume maior do que a

    terica, as foras na usinagem tambm sero maiores, conduzindo a uma maior

    deflexo. No entanto, caso a espessura de cavaco seja menor do que a terica, o

    inverso ocorre [43]. Desta forma tem-se que os picos mximos de fora so atenuados

    e os mnimos elevados [8, 41, 43,44].

    2.4. Vibraes no Fresamento

    As vibraes que surgem durante um processo de usinagem podem ser

    divididas em dois tipos para melhor compreenso do fenmeno: vibrao externamente

    excitada e vibrao auto-excitada [45, 46]. As vibraes externamente excitadas

    ocorrem devido a foras transmitidas atravs da fundao da mquina, danos ou

    imperfeies em elementos de mquinas gerando desbalanceamento, falhas em

  • 7/26/2019 179768

    23/120

    2. Estado da Arte 12

    mancais e choques em engrenagens [12, 45, 47]. Tambm pertencem a essa categoria

    as variaes de fora devido mudana de direo e ao corte interrompido no

    fresamento, com freqncia igual de passagem dos dentes. Tambm os choques causados pelos impactos dos dentes da fresa contra a pea so causadores de

    vibraes externamente excitadas [45-47].

    A caracterstica principal da vibrao externamente excitada, tambm conhecida

    como vibrao forada, que o sistema ir oscilar na freqncia de excitao. Neste

    caso, as amplitudes sero particularmente elevadas se esta freqncia for prxima, ou

    at mesmo idntica, a uma das freqncias naturais do sistema [45-47]. Estas

    consideraes so obviamente vlidas para excitaes peridicas. Para impulsos eexcitaes transientes o sistema tender a oscilar em uma ou mais das suas

    freqncias naturais e a amplitude de vibrao ir decair exponencialmente [45, 47].

    As vibraes auto-excitadas, ou vibraes regenerativas, tm como

    caracterstica a oscilao do sistema em uma ou mais freqncias naturais, sem a

    interferncia de foras externas. Existem diversas fontes desse tipo de vibrao, sendo

    a maioria de pouca relevncia [12, 45]. A fonte principal de vibrao regenerativa

    ocorre no processo de corte devido a um mecanismo de auto-excitao durante a

    formao do cavaco. No fresamento, foras com espectro de excitao de banda larga

    excitam de forma relevante uma, e em alguns casos at mais, das freqncias naturais

    do sistema. Devido obviamente vibrao natural desse sistema, produz-se na pea

    uma superfcie ondulada que dever ser removida pelo gume subseqente. Passe

    aps passe a vibrao pode ser atenuada ou ampliada, dependendo da fase entre a

    vibrao natural da fresa e a ondulao produzida na pea. No limite de estabilidade a

    magnitude de vibrao permanece constante, no caso de instabilidade a vibrao

    amplificada e no caso estvel a vibrao atenuada (figura 2.5) [45, 46, 48-50].

    Figura 2.5 - Modelo dinmico da superfcie produzida por fresamento [50]

  • 7/26/2019 179768

    24/120

    2. Estado da Arte 13

    Esse fenmeno ocorre principalmente quando o processo apresenta altas taxas

    de remoo. As principais conseqncias so a piora na qualidade superficial e

    dimensional da pea, o desgaste excessivo ou a quebra da ferramenta e a limitao daprodutividade do processo [12-14]. A ocorrncia ou no de vibrao auto-excitada

    depende das seguintes variveis [48]:

    Estrutura da mquina e pea (rigidez, amortecimento e massa);

    Orientao dos modos de vibrao do sistema;

    Condies de corte: material da pea, avano, velocidade de corte,

    profundidade de corte radial e axial, nmero de dentes da fresa.

    Modelos ou ensaios para avaliao da vibrao na usinagem podem ser

    executados e, com os resultados, preparados diagramas que indicam regies de

    estabilidade e instabilidade em funo da rotao da ferramenta (n) e da profundidade

    de corte axial (ap), sendo que muitos autores concentraram esforos neste tipo de

    trabalho [13, 14, 24, 45, 46, 48-57]. Um exemplo desse tipo de diagrama para uma

    condio de usinagem especfica est apresentado na figura 2.6. A curva deste

    diagrama indica a profundidade de corte crtica em funo da rotao multiplicada pelo

    nmero de dentes da fresa, dividindo-se desta forma as regies de estabilidade e

    instabilidade. Profundidades de corte acima da curva resultaro em instabilidade do

    processo, abaixo da curva o processo estvel. A varivel m um nmero inteiro

    positivo relacionado quantidade de ondulaes produzidas por um gume em cada

    passagem. Operaes normais de fresamento apresentam m

  • 7/26/2019 179768

    25/120

    2. Estado da Arte 14

    Figura 2.6 - Diagrama de estabilidade de um processo de usinagem [45, 50]

    Convm observar que esse diagrama apenas apresenta os limites de

    estabilidade, no levando em considerao a amplitude de vibrao [46]. A figura 2.7

    exemplifica tendncias qualitativas da amplitude de vibrao para o fresamento frontal

    em funo da profundidade de corte. Deve-se considerar que as foras dinmicas so

    proporcionais ao comprimento do gume. Sendo assim, as amplitudes da vibrao

    externamente excitada, causada pelos impactos dos gumes contra a pea, so

    diretamente proporcionais largura do cavaco. Nas vibraes auto-excitadas observa-

    se uma tendncia de crescimento da amplitude similar ao anterior para valores

    pequenos de ap. Ao ser atingido o limite de estabilidade (ap Cr) o processo torna-se

    instvel e a amplitude de vibrao eleva-se abruptamente [45].

    excitada

    3pcr

    Profundidade de corte ap Profundidade de corte ap

    Figura 2.7 - Variao da amplitude de vibrao em funo da profundidade de corte

    para vibraes externamente excitadas e auto-excitadas [45]

  • 7/26/2019 179768

    26/120

    2. Estado da Arte 15

    2.5. Foras no Fresamento

    Para deformar um material durante a usinagem e lograr a remoo de cavacos, a ferramenta empregada deve atuar com uma determinada fora sobre a pea usinada

    [26]. Na anlise do processo de usinagem em termos quantitativos, a caracterizao

    das foras envolvidas no corte de fundamental importncia para a pesquisa e o

    desenvolvimento de modelos, para a otimizao, o monitoramento e o controle do

    processo. Em virtude de sua relativa facilidade de medio e sua relevncia fsica, as

    foras so, freqentemente, elementos-chave para o entendimento da cinemtica e da

    dinmica de mquinas-ferramentas e processos de usinagem [25]. O conhecimento da grandeza e direo da fora de usinagem, respectivamente suas componentes Fc, Fr e

    Fax ou Fx, Fy e Fz (figura 2.8), de importncia no projeto dos elementos de mquinas-

    ferramentas, como acionamentos, guias, mancais, sistemas de fixao das ferramentas

    e dispositivos de fixao das peas, na determinao dos parmetros de corte para o

    planejamento dos trabalhos de usinagem, no conhecimento dos fenmenos que

    ocorrem durante o processo de corte, no esclarecimento dos mecanismos de desgaste

    e na estimativa da preciso atingvel durante a usinagem sob determinadas condies

    de corte [1, 4, 5, 24, 26, 27].

    Muitos autores tm dedicado um grande esforo no trabalho de criao de

    modelos e simulao das foras no fresamento de topo reto ou esfrico. Os modelos

    so desenvolvidos considerando-se parmetros especficos como a geometria da fresa

    e do corte, o material da pea, os parmetros de corte, a excentricidade e as deflexes

    estticas e dinmicas da ferramenta, pea e mquina, as vibraes externa e auto-

    excitadas, entres outros. Ressalta-se que cada um deste autores considera somente

    algumas daquelas variveis em seus trabalhos e no todas ao mesmo tempo [7-10, 41,

    43, 44, 61, 63-78],

  • 7/26/2019 179768

    27/120

    2. Estado da Arte 16

    (3.H / \

    Figura 2.8 - Componentes da fora de usinagem segundo os sistemas de coordenadas

    na ferramenta e na pea [17]

    As foras nos processos de usinagem em geral so influenciadas por diversosfatores, sendo que os principais so apresentados na figura 2.9 [1, 4, 5, 24, 26, 62], A

    grandeza e direo da fora de usinagem so basicamente influenciadas por fatores

    quase-estticos e, alm disto, o processo de usinagem marcado por componentes de

    fora irregulares e de alta dinmica, causadas por problemas de preciso na

    movimentao do fuso, caractersticas do material da pea e as vibraes relativas

    entre pea e ferramenta causadas por estes fatores [26].

    /-----------------\Ferramenta

    material,desgaste,geometria,excentricidade,deflexo,...

    V J

    f------- ;----------\Fluido de

    Corte

    refrigerao,lubrificao,...

    v ____ -/

    < 7

    Materialda Pea

    dureza,estrutura,propriedadestrmicas,...

    Foras naUsinagem

    Figura 2.9 - Fatores de influncia sobre a fora de usinagem [1, 4, 5, 24, 26, 62]

  • 7/26/2019 179768

    28/120

    2. Estado da Arte 17

    Durante o fresamento cada dente ou inserto da fresa est sujeito a uma carga de

    impacto quando entra na regio de corte. A magnitude desta carga depende do

    material da pea, da posio da ferramenta, dos parmetros de usinagem e dageometria da ferramenta. As foras no fresamento so cclicas e fortemente

    proporcionais espessura de corte em cada posio [1-3, 5, 38]. A figura 2.10 mostra

    a influncia do nmero de dentes da fresa no perfil instantneo de fora na direo y

    [45]. No fresamento concordante a componente da fora na direo do avano tende a

    puxar a pea contra a ferramenta, resultando em baixa potncia necessria para o

    avano. No fresamento discordante a componente na direo do avano tem sentido

    contrrio a este [1],

    Nmero de dentes z = 12

    1,5

    1 , 1,0>.

    LL

    CU

    0,5o

    LL

    0,0

    YTnrYYN

    0 90 180 270 360ngulo de rotao (p []

    1,5

    1, 1,0L>>

    0,5o

    0,00 90 180 270 360

    ngulo de rotao

  • 7/26/2019 179768

    29/120

    2. Estado da Arte 18

    deflexo com respeito ao instante de gerao de superfcie. Tome-se como exemplo a

    fresa de topo de dentes retos da figura 2.11. A deflexo da fresa ser proporcional

    fora de corte instantnea e a superfcie usinada ser formada pela soma das pequenas regies usinadas quando um dente encontra-se na posio A. Somente as

    deflexes da ferramenta neste instante sero impressas na superfcie, pois para

    qualquer outro momento a deflexo ficar registrada na poro de material que ser

    removida pelo dente seguinte, no afetando a superfcie final. Na primeira parte da

    figura 2.11 a profundidade de corte radial (ae) tal que somente o dente 1 est em

    contato com a pea no ponto A. Como a espessura da cavaco zero no h fora de

    corte e deflexo e, conseqentemente, erro dimensional. Com o aumento progressivode ae a situao no instante de formao da superfcie no muda at que um segundo

    dente entre no corte. Nesta condio, mostrada na parte central da figura, tem-se a

    deflexo causada pela fora registrada no ponto A. O erro dimensional no muda at

    que o valor de ae seja tal que um terceiro dente participe do processo. Desta forma o

    erro aumenta na forma de degraus discretos de acordo com o nmero de dentes que

    participam da usinagem [63].

    Figura 2.11 - Fresamento de topo em diferentes profundidades de corte radial [63]

    O desenvolvimento de sistemas de manufatura integrados e auto-ajustveis que

    so capazes de usinar diversas peas sem a superviso ou assistncia de operadores

    um dos principais objetivos atuais na pesquisa de processos de usinagem. Para isso,

    faz-se necessrio que existam sistemas de monitoramento da operao capazes de

    garantir segurana e eficincia na remoo de material, tomando as medidas

    necessrias para correo das aes na ocorrncia de distrbios ou falhas. As tarefas

    normais dos sistemas de monitoramento durante o processo so: detectar o desgaste e

    a quebra da ferramenta, detectar e evitar a vibrao auto-excitada, controlar os

    esforos de usinagem para obteno da mxima remoo e controlar a preciso

  • 7/26/2019 179768

    30/120

    2. Estado da Arte 19

    geomtrica do componente. Destas atividades, uma das mais importantes deteco

    da quebra da ferramenta que, a menos que seja imediatamente reconhecida e

    corrigida, poder ocasionar danos irreparveis pea e at mesmo mquina-ferramenta. As pesquisas de monitoramento de quebra fazem uso principalmente de

    medies de emisso acstica, corrente eltrica do fuso ou motor de avano, vibrao

    e foras na usinagem. Este ltimo recurso um dos mais utilizados, pois pode ser

    relacionado com a mecnica do processo. Sendo assim, a proposta do sistema de

    monitoramento detectar variaes bruscas no sinal de fora que tanto podem ser

    causadas por quebra quanto por condies de corte transientes, tais como entrada e

    sada da pea, sendo que a diferenciao destas duas causas um dos problemas aser solucionado na concepo do sistema em questo [28-34].

    O desenvolvimento de mtodos de usinagem completamente automatizados

    invivel sem que sejam tambm criados mtodos prticos e robustos para detectar o

    desgaste da fresa. Este recurso permite que se melhore a qualidade da pea usinada,

    assegurando que as especificaes superficiais e geomtricas estejam dentro das

    tolerncias, alm de possibilitar o aumento da velocidade de corte, com conseqente

    reduo do tempo de usinagem, e a reduo nos tempos de troca de ferramenta. Aqui

    tambm o monitoramento das foras na usinagem fornece bons subsdios para tal

    controle [28, 35-37].

    O fresamento de topo amplamente utilizado na usinagem de superfcies

    complexas tais como moldes e peas de aplicao aeroespacial. Dependendo da

    geometria a ser usinada os esforos aplicados na ferramenta podero ter

    caractersticas irregulares durante seu percurso, e devero ser limitados a valores que

    evitem danos na ferramenta e na preciso da pea. Muitos autores tm proposto a

    utilizao de sistemas de controle durante a usinagem que limitam principalmente as

    foras aplicadas na fresa. O objetivo destes sistemas controlar e otimizar condies

    variveis ou imprevistas durante o processo atravs de mudanas em parmetros de

    corte, principalmente avano e velocidade de corte. Atravs de mudanas a cada

    instante nestes dois parmetros pode-se continuamente atingir objetivos previamente

    determinados, obtendo-se uma melhor utilizao da mquina-ferramenta e,

    conseqentemente, aumento de produtividade [79-85].

    Um problema desse tipo de controle que a correo do avano ou rotao

    feita atravs de medies de fora efetuadas num instante anterior, permitindo

  • 7/26/2019 179768

    31/120

    2. Estado da Arte 20

    sobrecargas quando o aumento da seo do cavaco sbito. Se o limite de fora

    estabelecido for prximo ao limite de resistncia da fresa tem-se a sua ruptura. Como o

    processo de produo de componentes utilizando-se esses sistemas de controle normalmente auxiliado por trajetrias para mquinas NC geradas em sistemas

    CAD/CAM, ALTINTAS e SPENCE [86, 87] propuseram um mtodo no qual as foras de

    usinagem so previamente simuladas no CAD/CAM. Examinando-se as interaes

    entre a pea e a ferramenta, a largura e espessura de corte podem ser calculadas em

    qualquer trecho da trajetria. Nas regies passveis de sobrecarga a geometria pode

    ser suavizada e informada ao sistema de controle do processo antes de sua

    ocorrncia, permitindo-se a correo dos parmetros de forma segura [86, 87].Esses sistemas de controle em processo enfrentam algumas dificuldades para

    sua plena aceitao na indstria, quais sejam [80]:

    Entendimento limitado do processo de corte;

    Variaes nas caractersticas do processo de usinagem e estratgias de

    controle inadequadas para enfrentar tais variaes;

    Falta de sensores confiveis e adequados para utilizao em ambiente de

    produo;

    Limitado conhecimento em variaes de usinabilidade, desgaste de

    ferramenta e propriedades do material da pea;

    Altos custos extras de manuteno da mquina-ferramenta, pois esta ir

    operar mais freqentemente carregada e sujeita a altos esforos em geral.

    A medio das foras na usinagem pode ser feita de forma direta ou indireta. A

    medio indireta realizada atravs do deslocamento de molas, sendo os meios de

    medida mecnicos, eltricos, pneumticos e hidrulicos. Na medio direta utiliza-se

    princpios piezeltricos e da magneto-elasticidade [1, 24]. Em sistemas que utilizam

    sensores piezeltricos para a medio de foras aproveitada a propriedade que

    certos materiais, como quartzo, turmalina, algumas cermicas e outros materiais

    apresentam de, sob a ao de uma fora, tornarem-se eletricamente carregados. A

    carga eltrica proporcional a esta fora e de sinais opostos nas superfcies do

    elemento, sendo sua soma algbrica nula. Essa carga pode ser medida, amplificada e

  • 7/26/2019 179768

    32/120

    2. Estado da Arte 21

    transformada num sinal analgico de tenso proporcional fora que foi aplicada sobre

    o sensor [1, 24, 26, 88].

    Uma desvantagem dos sistemas piezeltricos que, por se tratar de um sistemade medio ativo, no permite medies estticas reais tais como possvel com

    extensmetros. No entanto, esse tipo de sistema no apenas adequado a medies

    puramente dinmicas, sendo que isto verdadeiro para dinammetros com elementos

    piezeltricos de cermica. A utilizao de elementos de quartzo combinados com

    modernos amplificadores de carga oferece uma excelente capacidade de medio

    quase-esttica. Tem sido prtica comum por mais de trinta anos a calibrao esttica

    de transdutores de quartzo, e so incontveis as suas aplicaes para medirfenmenos quase-estticos, que duram de minutos a, at mesmo, horas [88].

    O emprego de elementos piezeltricos tem-se revelado, at o momento, como o

    mais adequado maioria das aplicaes na usinagem. As principais vantagens de

    dinammetros que utilizam transdutores de quartzo so [26, 88]:

    Faixa de medio extremamente ampla (a relao entre a faixa de medio e

    a mnima carga pode ser maior que 106);

    Extremamente linear, alta estabilidade e baixa histerese;

    Baixa interferncia inerente entre os canais (tipicamente abaixo de 1%);

    Alta rigidez (deflexes de medio de poucos micrometros);

    Alta freqncia natural (tipicamente em torno de 1 kHz ou maior);

    Fcil operao (sem balanceamento de circuitos de ponte);

    Sem fadiga nem mudana do zero sob carregamento dinmico;

    Ampla faixa de temperatura de trabalho.

    O sistema de medio deve ser capaz de seguir as variaes de fora impostas

    a ele. Caso isso no seja mais possvel o sistema no estar medindo somente o

    processo mas tambm a sua prpria dinmica. Os fabricantes especificam a freqncia

    natural de um dinammetro em condies especiais de laboratrio, sendo que estas

    consideram que o dinammetro est montado numa base de rigidez infinita e livre de

    vibraes [27, 89]. No trabalho realizado por DAMARITRK [89] constatou-se que um

    dinammetro piezeltrico, cujo fabricante especifica uma freqncia natural de 4 kHz,

    apresenta valores de freqncia natural de 1,5 kHz para a montagem na mesa da

  • 7/26/2019 179768

    33/120

    2. Estado da Arte 22

    mquina-ferramenta [89]. Para se assegurar a completa transmissibilidade das foras

    de usinagem, a freqncia natural do dinammetro, recomendada no trabalho editado

    por DROZDA e WICK [1], deve ser pelo menos 5 ou 6 vezes maior que a freqncia de excitao qual a ferramenta estar sujeita [1]. Altas freqncias naturais so obtidas

    atravs de elevada rigidez e massa reduzida [1, 27, 89]. A figura 2.12 apresenta a

    relao entre a fora aplicada na direo z num dinammetro piezeltrico e a sua

    resposta. A freqncia de ressonncia deste equipamento est na faixa de 1,2 kHz,

    mas percebe-se que a partir de 0,5 kHz tem-se resultados comprometidos [17].

    Figura 2.12 - Resposta do dinammetro piezeltrico fora aplicada [17]

    Nos processos de usinagem a formao de cavaco um fenmeno peridico,

    inclusive para cavacos contnuos, com fases alternadas de recalque e escorregamento.

    Segundo KETTELER [90], a freqncia de formao de lamelas pode variar de 0,4 a

    100 kHz. Tem-se desta forma o sistema excitado por freqncias que so,

    normalmente, muitas vezes maior que a freqncia de entrada de dentes no

    fresamento [24, 27, 90].

    Devido s altas dinmicas envolvidas neste processo, os limites de medio dos

    sistemas piezeltricos atuais so facilmente atingidos quando se deseja a deteco das

    vibraes nos fenmenos de formao de cavaco, atravs da medio temporal da

    fora de usinagem. Esses sistemas possuem freqncia natural suficientemente alta

    para o estudo da variao das foras, relacionadas entrada dos dentes e mudana da

    espessura de usinagem, no fresamento com velocidades de corte convencionais.Entretanto, a freqncia de entrada de dentes no fresamento com altas velocidades de

    3

    Dinammetropiezeltrico

    10-8 o,5 1,0 1,5 2,0 2,5

    Freqncia [kHz]

  • 7/26/2019 179768

    34/120

    2. Estado da Arte 23

    corte, utilizando-se fresas de pequeno dimetro, pode facilmente alcanar o limite

    dinmico do dinammetro, prejudicando tambm este tipo de anlise. Em resumo, a

    anlise dinmica do processo de formao de cavaco para velocidades de corteconvencionais, ou o estudo do processo de fresamento com altas velocidades, atravs

    do espectro de foras, fortemente limitado pelos sistemas de medio piezeltricos

    atuais [27, 89].

    Os pesquisadores da rea de fabricao tm utilizado algumas solues para

    resolver este problema. A mais simples delas a anlise somente das foras mdias,

    ou a filtragem e aquisio somente dos sinais de baixa freqncia. Este procedimento

    til para diversas aplicaes tais como o estudo do processo de fresamento, o controleem processo da solicitao sobre a ferramenta, a deteco em processo de desgaste e

    quebra. No entanto, ele no permite anlises amplas do espectro de fora, somente da

    componente esttica ou das componentes de baixa freqncia [27, 33, 36, 91, 92].

    Por ser um sistema linear, mesmo que o dinammetro piezeltrico esteja sendo

    excitado na sua freqncia natural ou acima dela, as freqncias nas faixas

    recomendas de medio podero ainda ser analisadas. Do ponto de vista fsico a

    condio necessria para um sistema ser linear a aplicabilidade do princpio da

    superposio, isto , a presena de uma excitao no afeta a resposta devido a

    outras, no havendo assim interaes entre as respostas de diferentes excitaes. A

    anlise do efeito combinado de diversas excitaes num sistema linear pode ser feita

    com o estudo individual do efeito de cada excitao, como se as demais no

    existissem, e ento executada a soma, ou sobreposio, dos resultados [47, 93-95].

    Existe outro aspecto fsico que caracteriza um sistema linear. Se a excitao

    aplicada a tal sistema uma funo altemante no tempo com freqncia f, ento a

    resposta em regime permanente, aps o transiente inicial ter cessado, ser tambm

    alternante com freqncia f. So no-linearidades comumente encontradas nos

    sistemas fsicos: as saturaes dos amplificadores, os atritos secos ou de Coulomb, as

    folgas das engrenagens, a zona morta ou de insensibilidade dos amplificadores, os

    ampliadores a tudo ou nada, grandes compresses ou extenses de molas a ponto das

    espiras perderem sua identidade individual. Devido no-linearidade o princpio da

    superposio no pode ser aplicado e, entre outros fenmenos, surgem freqncias

    acima ou abaixo da freqncia de excitao [47, 93-95].

  • 7/26/2019 179768

    35/120

    2. Estado da Arte 24

    Quando necessria a anlise de componentes do espectro de fora com

    freqncias maiores pode-se adotar outras solues, que normalmente no so

    simples de serem implementadas. Uma delas a construo de um novo dinammetrocom freqncia natural superior aos normalmente encontrados no mercado.

    DAMARITRK [89] construiu um dinammetro com maior rigidez e menor massa

    utilizando uma liga de titnio. A freqncia natural deste novo dinammetro, montando

    em condio de trabalho, est na faixa de 2,5 a 3 kHz, o que claramente melhor do

    que um equivalnte comercial [89].

    Outra soluo, proposta por HERGET [27], a supresso matemtica dos

    efeitos da dinmica do sistema de medio no sinal de fora medido. Pode-se medir as caractersticas dinmicas do sistema completo de medio de fora e, com estas

    informaes, montar uma funo de transferncia, a qual tem como entrada o sinal de

    fora medido e sada o sinal de fora sem os efeitos indesejveis da limitao dinmica

    de medio. Essa soluo apresenta como vantagem a possibilidade de anlise em

    faixas de freqncia superiores ao permitido pelo dinammetro, fato que no possvel

    nas propostas apresentadas anteriormente. A figura 2.13 mostra quatro sinais de fora

    Fy para diferentes rotaes da ferramenta e conseqente freqncia de entrada de

    dentes. Pode-se observar claramente o efeito da dinmica do sistema de medio no

    resultado e tambm a possibilidade deste efeito ser suprimido matematicamente [27].

    u.CO0 1o

    a)

    0,4

    0,2

    0- 0,2

    Rotao n = 2930 min1

    **--- --

    0 5 10 15 20 25 30 35 40Tempo [ms]

    c)

    z 0,4 y

    >*LL 0,2COP'

    0OLL.1oN

    )

    O

    -l

    Rotao n = 18425 min1

    2 4Tempo [ms]

    b)Rotao n = 11050 min1

    d)

    z 0,4 T>*

    LL0 , 2

    CDO 0 >O

    LL - 0 ,2 l

    0

    Rotao n = 29475 min1

    Tempo [ms]

    Figura 2.13 - Supresso matemtica dos efeitos indesejveis da dinmica do sistema

    piezeltrico de medio de fora [27]

  • 7/26/2019 179768

    36/120

    2. Estado da Arte 25

    2.6. Fresamento com Altas Velocidades de Corte

    A definio de usinagem com altas velocidades no simples, pois os valoresde velocidade de corte possveis de serem utilizados dependem de fatores como o

    material da pea, a ferramenta utilizada e o tipo de operao de corte. Alm disso, a

    definio de altas velocidades muda dependendo da tecnologia disponvel. Em geral, a

    velocidade de corte de 5 a 10 vezes maior, comparada com os valores atuais

    convencionalmente praticados [15, 18, 19, 96]. Uma faixa de velocidades de corte para

    diversos materiais de pea foi apresentada por SCHULZ [18, 19] e pode ser observada

    na figura 2.14.

    m m

    Faixa dealta velocidade

    Faixa detransio

    10 100 1000 10000

    Velocidade de corte [m/min]

    Figura 2.14 - Velocidade de corte em funo do material da pea [18, 19]

    Tem-se demonstrado que a utilizao de altas velocidades de corte reduz as

    foras na usinagem, proporciona que o calor gerado no processo seja removido em

    grande parte pelo cavaco, produz superfcies com melhor acabamento e menos

    afetadas termicamente, permite a usinagem em regies de estabilidade, livres de

    vibraes auto-excitadas e reduz a formao de rebarbas. Desta forma as aplicaes

    que mais se beneficiam do fresamento com altas velocidades so [18, 19]:

    Usinagem de grandes volumes de material como ligas leves, plsticos, metais

    no-ferrosos e alumnio, para a indstria aeroespacial ou ao e ferro fundido

    para moldes e matrizes;

    Plstico refoadopor fibras .............. ...........r .....

    Alumnio .........................( v /////m m m m

    Bronze e lato ......................., v /////A m m m

    Ferro fundido ................. !

    Ao

    Titnio .............

    Ligas a basede nquel

  • 7/26/2019 179768

    37/120

    2. Estado da Arte 26

    Fabricao de componentes com paredes finas propensos a deformaes

    trmicas ou por esforo mecnico;

    Usinagem de grafite para fabricao de eletrodos para eletroeroso; O acabamento mecnico de moldes e matrizes;

    Usinagem de materiais com baixa usinabilidade tais como ligas de titnio, de

    nquel, alguns aos de alta liga e aos endurecidos.

    A principal limitao do processo de usinagem com altas velocidades de corte

    o acentuado desgaste da ferramenta, principalmente para o corte de aos, ferros

    fundidos e ligas de baixa usinabilidade. O sucesso da usinagem nesta rea temocorrido em virtude do desenvolvimento de novos materiais, revestimentos e

    geometrias para as ferramentas de corte. Materiais de fcil usinagem podem ter a

    velocidade de corte limitada no pelo desgaste mas pela mquina-ferramenta

    disponvel para o trabalho [18, 19].

    Uma importncia especial atribuda usinagem com altas velocidades devido

    ao fato da crescente exigncia de preciso dos componentes. Normalmente a

    usinagem com altas velocidades no um mtodo de produo de componentes de

    ultrapreciso, podendo no entanto entrar no campo da alta preciso com a fabricao

    de superfcies com 0,2 j m de rugosidade Ra e 3 de Rz [18].

    A reduo da fora de usinagem com o aumento da velocidade de corte

    atribuda ao amolecimento do material da pea devido ao aumento de temperatura

    durante o processo de formao de cavaco. Alguns trabalhos reportam que esta

    reduo no ocorre indefinidamente [19, 97], SUTTER et al. [97] descreve o

    decrscimo de fora no corte ortogonal para velocidades de 600 a 2400 m/min e, a

    partir disto, a fora de corte passa a aumentar principalmente devido a efeitos de

    inrcia relacionados mudana de momento das partculas passando da pea para o

    cavaco [97], Convm ressaltar que o aumento de fora descrito no trabalho de

    SUTTER et al. [97] no evidente, podendo as diferenas estarem dentro das

    incertezas do processo, que no so apresentadas pelos autores, sendo que estes se

    apoiaram fortemente em trabalhos de outros pesquisadores.

    O processo de fresamento com altas velocidades deve ser considerado uma

    tecnologia independente, e no somente a mesma tecnologia de usinagem utilizada de

    forma mais rpida. O requisito de alta velocidade gera uma cadeia de conseqncias

  • 7/26/2019 179768

    38/120

    2. Estado da Arte 27

    que tem como ponto inicial a necessidade de um fuso de alta rotao. Na seqncia

    desta cadeia tem-se o aumento das velocidades de avano, a necessidade de novos

    acionamentos e controles de alta velocidade, eixos com alta dinmica e altaacelerao, massas mveis reduzidas e comandos CNC com funes como leitura

    prvia de comandos (look aheacf) e interpolao de geometrias. Sendo assim, a

    simples instalao de um fuso de elevada rotao, como muitos fabricantes fazem, no

    converte uma mquina convencional em mquina de alta velocidade. A tecnologia atual

    produz mquinas convencionais com rotao na faixa de 15000 rpm e velocidades de

    avano entre 20 e 25 m/min, o que em muitos casos permite a usinagem com altas

    velocidades de aos, ferros fundidos e ligas especiais. A utilizao de componentes e conceitos voltados para altas velocidades de usinagem tem permitido o

    desenvolvimento de mquinas com velocidade de avano superiores a 100 m/min e

    acelerao de 30 m/s2 [18-20, 96].

    Um dos maiores potenciais do fresamento de alta velocidade a fabricao de

    moldes e matrizes. Este tipo de pea geralmente constitudo de muitas superfcies

    complexas que podem ser usinadas, sem danificar o contorno, por fresamento em trs

    eixos com fresa de topo esfrico ou em cinco eixos com fresa de topo reto. Neste

    ltimo caso o eixo da ferramenta constantemente adaptado curvatura da superfcie

    com um ngulo de inclinao apropriado (figura 2.15) [15-17, 20, 21].

    Figura 2.15 - Fresamento em trs e cinco eixos [15-17, 21]

    O resultado da usinagem tanto em trs eixos como em cinco eixos uma

    superfcie ondulada que aproximada da superfcie final. Este perfil ondulado deve ser

    removido, normalmente por trabalho manual, a fim de se obter a rugosidade final e

    corrigir desvios dimensionais. Tal operao manual bastante trabalhosa, de alto custo

  • 7/26/2019 179768

    39/120

    2. Estado da Arte 28

    e normalmente representa um gargalo no processo de produo de moldes e matrizes.

    A usinagem tem contribuio peremptria nos custos dos moldes, sendo relevante a

    participao de custo da ajustagem e polimento final [15, 16, 18, 20].A quantidade de retrabalho fortemente determinada por o quo prxima est a

    superfcie ondulada da final. Utilizando-se uma fresa esfrica de um determinado

    dimetro, a profundidade mxima da rugosidade substancialmente funo das

    distncias entre as linhas (br), como mostra a figura 2.16 [15, 16, 18, 20].

    Figura 2.16 - Influncia da distncia entre as linhas na profundidade mxima de

    rugosidade [15, 16, 18, 20]

    Neste contexto o fresamento com altas velocidade de corte tem uma funo

    preponderante. Por trabalhar com velocidades de corte de 5 a 10 vezes maior, a

    velocidade de avano pode ser aumentada pelo mesmo fator e o nmero de linhas

    reduzido tambm pelo mesmo fator. Para o trabalho final manual, isso significa um

    perfil melhor aproximado, reduo de tempos e custos e aumento da qualidade deste

    acabamento. Quando no h a necessidade de reduo da distncia entre linhas, o

    aumento da velocidade de avano permite uma grande reduo no tempo de

    fresamento final. Normalmente busca-se uma soluo de compromisso entre estas

    duas situaes. A figura 2.17 mostra um exemplo geral da reduo de tempo de

    produo de um molde ou matriz. Desde o projeto at a montagem uma parcela

    importante de tempo reduzida com o auxlio de sistemas CAD/CAM, sendo que estes

    so pr-requisitos indispensveis para a aplicao de novas tecnologias de usinagem

    com altas velocidades [15, 16,18, 20, 22].

  • 7/26/2019 179768

    40/120

    2. Estado da Arte 29

    Tempo fabricao [h]

    Operao Convencional

    AltaVelocidade

    a - Pr-acabamento mecnico 0 10b - Acabamento mecnico 36 30c - Remoo manual linhas 20 0d - Ajustagem manual 30 4e - Polimento manual 20 10Tempo Total 106 54

    Figura 2.17 - Exemplo da reduo do tempo de produo de moldes e matrizes atravs

    da usinagem com altas velocidades de corte [22]

    Fresas de topo esfrico so comumente utilizadas neste acabamento de

    superfcies complexas de moldes e matrizes. Este tipo de ferramenta tem uma

    caracterstica que influi fortemente no resultado do processo de usinagem: a velocidade

    de corte varivel ao longo do gume. Em operaes de acabamento a profundidade de

    corte normalmente pequena e, como conseqncia, o dimetro ativo da ferramenta

    tambm pequeno. Desta forma, mesmo com uma alta rotao do fuso, a velocidade

    de corte efetiva no gume poder no estar na faixa de alta velocidade e sim numa

    regio de transio. O extremo desta situao o centro da ferramenta, que tem

    velocidade zero e mnimo espao para cavacos. Caso esta rea esteja em contato com

    a superfcie, podem ocorrer problemas de qualidade superficial e lascamentos em

    ferramentas de material menos tenaz. Sendo assim, a utilizao de estratgias de

    fresamento em cinco eixos bastante adequada para solucionar tais problemas, pois

    pode-se manter a ferramenta inclinada com um ngulo predefinido em relao normal

    da superfcie, evitando o contato do centro da fresa. A escolha adequada do tipo de

    estratgia a ser utilizada tem conseqncia direta na vida da ferramenta e tambm na

    exatido dimensional do componente [15-18, 20, 21, 23].

  • 7/26/2019 179768

    41/120

    2. Estado da Arte 30

    2.7. Desgaste da Ferramenta

    Durante a usinagem a cunha da ferramenta submetida a um desgaste que depende da forma de solicitao e da durao de utilizao da ferramenta. Na prtica,

    os desgastes mais medidos e mais verificados so o desgaste de flanco e o desgaste

    de cratera, que so empregados como critrio de fim de vida. As condies de atrito na

    regio de contato da ferramenta podem ser comparadas com as do atrito seco no

    vcuo. O desgaste da ferramenta, numa regra geral, relativamente rpido devido s

    solicitaes trmicas e mecnicas elevadas. Os diversos mecanismos de desgaste em

    geral agem simultaneamente, de forma que tanto sua causa como seu efeitodificilmente podem ser distinguidos entre si. Discrimina-se normalmente as seguintes

    causas de desgaste [1, 5, 24, 62]:

    Danificao do gume por solicitaes trmicas e mecnicas excessivas;

    Adeso;

    Difuso;

    Abraso mecnica;

    Oxidao.

    medida que a ferramenta vai se desgastando, observam-se variaes mais ou

    menos profundas no processo de usinagem. A temperatura se eleva progressivamente,

    a fora de corte e a potncia consumida aumentam, as dimenses da superfcie

    usinada se alteram e a qualidade superficial piora. Com ferramentas de ao-rpido,

    ocorre um sobreaquecimento do gume, que amolece e fica com aspecto de queimado.

    Em ferramentas de metal-duro o aumento das foras de corte, no caso de um desgaste

    excessivo, provoca o lascamento e a destruio total do gume. A utilizao de uma

    ferramenta at este ponto de todo desaconselhvel, pois ser necessrio um longo

    trabalho de reafiao com a remoo de uma extensa camada de material de corte,

    antes que se possa restabelecer um gume adequado [62].

    A determinao do ponto representativo do fim da vida de uma ferramenta

    fundamental no estudo da usinabilidade. So utilizados na prtica e nos ensaios de

    laboratrio diversos critrios para determinar este ponto, dependendo a escolha, em

  • 7/26/2019 179768

    42/120

    2. Estado da Arte 31

    grande parte, das exigncias da usinagem (preciso de medidas, grau de acabamento)

    e do material da ferramenta [62]. Entre esses critrios pode-se citar [1, 24, 62]:

    Falha completa da ferramenta;

    Falha preliminar da ferramenta;

    Largura da marca de desgaste de flanco (VB);

    Vibraes intensas da pea ou da ferramenta, rudos fortes por vibraes da

    mquina;

    Profundidade da cratera (KT);

    Deficincia de qualidade superficial; Formao de rebarbas;

    Alteraes de dimenso da pea;

    Comportamento das foras, do torque ou da potncia;

    Aumento da fora de avano;

    Aumento da temperatura do gume.

    O processo de fresamento possui particularidades que influem diretamente no

    desgaste ou na quebra da ferramenta. Quando cada dente entra no corte, ele

    submetido a uma carga de choque mecnico que depende do material da pea, da

    posio da ferramenta, dos parmetros de corte e da geometria da fresa. O calor

    gerado proporcional espessura do cavaco e fora de corte, ambos de carter

    cclico, alm de ser funo do material da pea e da ferramenta. As rpidas mudanas

    na gerao de calor submete o material da fresa a severas solicitaes que podem

    levar fadiga trmica da parte cortante da ferramenta. Em virtude da constante

    interrupo do corte, o tipo de contato de entrada do gume na pea tem grande

    influncia sobre o desgaste e os lascamentos da ferramenta [1, 2, 5, 6, 39].

    A escolha adequada da geometria da fresa e da profundidade de corte radial

    permite que contatos desfavorveis, principalmente o contato S, sejam evitados (figura

    2.18). Na fabricao de rasgos, com profundidade de corte radial igual ao dimetro

    (ae = d), a carga de coliso relativamente pequena devido espessura inicial do

    cavaco igual a zero. Contudo, neste caso, o gume pode sofrer um desgaste abrasivo

    quando a fresa atrita uma superfcie de material endurecido pelo dente anterior. Para

  • 7/26/2019 179768

    43/120

    2. Estado da Arte 32

    valores de ae menor do que d a quina muito solicitada e muitas vezes ocorre a quebra

    total do gume [1, 2, 5, 6, 39].

    PeaFresa

    Yf > 0 AJMH PYp> 0 Inserto

    Plano dereferncia Contato S

    Figura 2.18 - Exemplos de tipos de contato de entrada do gume na pea [5, 6]

    2.8. Materiais para Fresas

    Em funo das solicitaes mecnicas e trmicas alternantes, os materiais para

    fresas devem ter alta tenacidade, alta resistncia solicitao trmica cclica e alta

    resistncia do gume. Na usinagem de aos so empregadas ferramentas de ao-rpido

    e metal-duro de elevada tenacidade do grupo P15 a P40, e para ferros fundidos, metais

    no-ferrosos, plsticos e aos temperados emprega-se o grupo K10 a K30. O

    desenvolvimento do metal-duro e da tecnologia de revestimentos permite hoje autilizao de ferramentas revestidas no fresamento de aos e ferros fundidos. No

    desbaste de ferro fundido cinzento com altas taxas de remoo utiliza-se a cermica

    no-xida (S3N4) ; para o acabamento de ferro fundido cinzento, fundidos duros, aos

    para beneficiamento e aos para ferramentas utiliza-se cermicas xida e mista; para

    aos endurecidos e para ferramentas utiliza-se tambm o PCBN. Cermets tm

    aplicao no acabamento fino de aos. A usinagem de alumnio, plsticos e grafite para

    eletrodos tipicamente feita com diamante policristalino [5].

  • 7/26/2019 179768

    44/120

    2. Estado da Arte 33

    A fabricao de moldes e matrizes ainda utiliza bastante ferramentas de ao-

    rpido em virtude da grande variedade de formas de ferramentas, facilidade de afiao

    e menor custo em relao a outros materiais. A elevada tenacidade do ao-rpidopermite ainda a utilizao da fresa em condies desfavorveis de vibrao. Materiais

    mais resistentes ao desgaste, como por exemplo o metal-duro, so mais sensveis

    vibrao e o resultado pode, muitas vezes, ser prejudicado. Fresas inteirias de ao-

    rpido so as de menor custo e disponveis na maior variedade de tipos e tamanhos.

    So adequadas a uma ampla gama de aplicaes, com a possvel exceo usinagem

    de materiais de baixa usinabilidade. Normalmente esse tipo de fresa a melhor para

    pequenos dimetros e pequena produo. Uma desvantagem a reduo da dureza

    dos gumes com o aumento da temperatura de fresamento. Pode-se utilizar tambm

    ao-rpido com adio de at 10% de cobalto, aumentando a resistncia a quente e ao

    desgaste. Contudo, este tipo de ferramenta tem custo mais elevado e, por ser mais

    frgil, exige fixao mais cuidadosa. Existem tambm fresas de ao-rpido produzidas

    por metalurgia do p ou com revestimento [1, 5, 6].

    Fresas de topo inteiria de metal-duro, em comparao com o ao-rpido, so

    mais duras, mais resistentes abraso e menos afetadas pelas altas temperaturas de

    usinagem. Podem ser utilizadas com velocidades de 3 a 10 vezes maior, tendo

    geralmente vida superior. Devem ser empregadas em altas produes, com mquinas

    de potncia suficiente e fixao rgida. O metal-duro particularmente bem adequado

    para usinagem de materiais no-metlicos, metais no-ferrosos e materiais de alta

    abrasividade e baixa resistncia tais como alumnio, ligas de zinco e plsticos. So

    utilizadas tambm no fresamento de muitos aos e ferros fundidos, sendo para isso

    necessrio elevada rigidez. O alto custo dessa ferramenta pode ser considerado uma

    desvantagem [1, 5].

    Ferramentas com corpo de ao e insertos ou gumes brazados ou parafusados

    so amplamente utilizados a um custo inferior. Especificamente no caso de fresas com

    insertos intercambiveis, opera-se com altas velocidades e avanos, alm da

    possibilidade do uso de mltiplos gumes sem necessidade de reafiao. A utilizao de

    fresas de topo com insertos intercambiveis flexibiliza a adaptao do material da fresa

    com o material pea a ser usinada. Como desvantagens pode-se citar a produo de

    acabamento ruim e a indisponibilidade de fresas com pequeno dimetro [1, 5].

  • 7/26/2019 179768

    45/120

    2. Estado da Arte 34

    A escolha do material da ferramenta para o fresamento com altas velocidades de

    corte deve considerar os mecanismos de desgaste em altas temperaturas, as tenses

    causadas por choques trmicos e as tenses mecnicas alternantes na fresa. O metal-duro demonstra ser o material mais verstil para aplicaes com altas velocidades em

    funo da boa relao entre dureza e tenacidade. No fresamento de acabamento de

    aos, fresas de Cermet proporcionam bons resultados [18, 19, 96].

    Em geral utiliza-se o metal-duro da classe P devido sua maior dureza em altas

    temperaturas comparado com a classe K. Revestindo-se o metal-duro com TiN atravs

    do processo PVD obtm-se caractersticas mais favorveis de desgaste. O uso do CBN

    e de cermicas xidas vantajoso no fresamento de aos endurecidos. A utilizao demetal-duro revestido e Cermet produz bons resultados no fresamento de ferro fundido

    com velocidades de corte de at 1000 m/min e, acima disso, ferramentas de S3N4 e

    CBN so mais adequadas. Para o fresamento de ligas de alumnio, magnsio e cobre

    so empregadas fresas de metal-duro da classe K, cermica no-xida e diamante

    policristalino, sendo que o ltimo tambm muito utilizado na usinagem de grafite e

    plsticos reforados com fibras [18, 19, 96].

    2.9. Fluidos de Corte

    As funes dos fluidos de corte no fresamento so as mesmas de outras

    operaes de usinagem: refrigerao e lubrificao da ferramenta e da pea, transporte

    dos cavacos, controle e preveno de gumes postios e preveno da corroso. A

    temperatura tem uma influncia decisiva na dureza da ferramenta e,

    conseqentemente, na sua vida. Num exemplo dado por FERRARESI [24], a vida de

    uma ferramenta de ao-rpido passou de 10 para 60 minutos com a reduo de

    aproximadamente 50 C na temperatura de usinagem de um ao carbono [1, 3, 5, 6,

    24, 62].

    O fresamento, entretanto, possui caractersticas que podem causar problemas

    para a utilizao dos fluidos. A natureza intermitente do processo, as variaes de

    espessura de cavaco, alm da ao centrfuga da fresa tornam a aplicao de meios

    refrigerantes difcil de ser efetuada sem que ocorram choques trmicos. No fresamento

    de aos e ferros fundidos, as fresas de metal-duro tm a tendncia de lascar ou

    quebrar devido a esses choques trmicos. Ligas de alumnio, cobre e outros materiais

  • 7/26/2019 179768

    46/120

    2. Estado da Arte 35

    moles so beneficiados com a utilizao de fluidos de corte, pois o risco de falha da

    ferramenta menor devido s menores temperaturas e choques trmicos, o transporte

    de cavacos favorecido e o acabamento melhorado. Em alguns casos, como nofresamento de topo, pode se fazer necessrio o uso de fluidos para remoo dos

    cavacos. Nestes casos deve-se aplicar o fluido copiosamente a fim de evitar grandes

    choques trmicos. As ferramentas de ao-rpido so favorecidas com a utilizao dos

    fluidos em funo da sua maior tenacidade e menor dureza a quente, quando

    comparadas com o metal-duro [1, 3, 6, 24, 62].

    Nos ltimos anos tem crescido a importncia dada aos fatores negativos

    relacionados com a utilizao dos fluidos de corte. Por razes econmicas, ecolgicas e de novas leis tem-se tentado reduzir a aplicao destes fluidos nos processos de

    usinagem. Os custos relacionados introduo e ao tratamento dos fluidos de corte

    podem atingir o dobro dos custos com as ferramentas. O investimento e o espao

    necessrio para os equipamentos so altos e o custo de descarte tem crescido

    progressivamente. Os fluidos de corte so um problema para o meio ambiente e uma

    srie de leis, em diversos pases, tm que ser observadas no seu uso. Eles constituem

    um perigo para a sade das pessoas, podendo causar doenas de pele, pulmo, olhos,

    estmago e at mesmo cncer [5, 18, 98, 99].

    Na usinagem a seco as funes dos fluidos de corte tm que ser substitudas. A

    falta de refrigerao aumenta a temperatura na usinagem, causando

    conseqentemente maior desgaste da ferramenta, tenses residuais, erros

    dimensionais e de forma na pea, alm do aquecimento de componentes da mquina

    que podem levar a mais desvios. Sem o efeito de lubrificao o atrito aumenta,

    favorecendo a adeso e tambm a formao de gumes postios. A no remoo dos

    cavacos pelo fluido pode levar ao entupimento dos espaos para cavaco na

    ferramenta, danificao de superfcies j usinadas e aquecimentos localizados na

    mquina devido ao acmulo de material removido [5, 18, 98, 99].

    Os problemas relacionados usinagem a seco vo depender da combinao

    entre material da pea e processo de usinagem, sendo portanto distintas as diferenas

    encontradas nos diversos casos de usinagem com fluido ou a seco. No fresamento de

    aos com fresa de metal-duro freqentemente se observa o aumento da vida da

    ferramenta na usinagem a seco, sendo ainda recomendado, nestes casos, o uso de

    ferramentas revestidas. Para ligas de alumnio, que apresentam desgaste normalmente

  • 7/26/2019 179768

    47/120

    2. Estado da Arte 36

    pequeno, existe uma forte de adeso, que pode ser reduzida atravs da utilizao de

    quantidades mnimas de fluido de corte. Por quantidade mnima de fluido de corte

    entende-se aplicao de uma nvoa (meio lubri-refrigerante atomizado por um jato de ar comprimido) com consumo de fluido de corte inferior a 50 ml/h. Utiliza-se tambm o

    termo quantidade reduzida de fluido de corte quando a vazo for menor que 2 l/min

    para processos de geometria definida. A reduo ou minimizao da quantidade de

    fluido de corte utilizado pode ser uma alternativa para o sucesso da usinagem nos

    casos onde necessria sua manuteno [5, 18, 98, 99].

  • 7/26/2019 179768

    48/120

    3. Planejamento Experimental 37

    3. Planejamento Experimental

    Os experimentos realizados neste trabalho foram divididos e executados em dois

    grupos distintos, com condies e equipamentos diferentes. A primeira parte referiu-se

    aos ensaios de fresamento de topo reto, com velocidade de corte convencional, e a

    segunda aos ensaios de topo esfrico, com altas velocidades de corte. As descries

    detalhadas dos equipamentos citados esto nos anexos.

    O objetivo principal dos experimentos foi a medio das componentes de fora

    Fx, Fy e Fz em diversas condies de usinagem. Foi necessrio, para isso, a definio de um sistema de coordenadas unificado que pudesse ser aplicado em todas as

    condies, e que facilitasse a anlise dos resultados. Durante a realizao dos ensaios

    poderia ter sido adotado o sistema de coordenadas da mquina-ferramenta ou o

    sistema do dinammetro piezeltrico. Considerou-se, entretanto, que ambos os

    sistemas de coordenadas eram inadequados, porque as medies foram feitas com

    movimentos em diversos sentidos e direes e, alm disso, no segundo grupo de

    experimentos foi utilizado um dinammetro inclinado com diferentes ngulos emrelao ferramenta. Desta forma seria possvel, por exemplo, uma fora Fx ora

    positiva, ora negativa, para os mesmos parmetros de ensaio, o que uma

    incoerncia. Optou-se ento por criar um terceiro sistema de coordenadas, aplicvel

    em todas as con