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INTRODUÇÃO À CIÊNCIA SAGRADA Programa Agartha FEDERICO GONZALEZ Com a colaboração de Francisco Ariza e la de Fernando Trejos e José Manuel Río L. Herrera, Mª. V. Espín e Mª. A. Díaz Tradução em português: Igor Silva

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  • INTRODUÇÃO À CIÊNCIA SAGRADA

    Programa Agartha

    FEDERICO GONZALEZ

    Com a colaboração de Francisco Ariza

    e la de Fernando Trejos e José Manuel Río

    L. Herrera, Mª. V. Espín e Mª. A. Díaz Tradução em português: Igor Silva

  • INTRODUÇÃO À CIÊNCIA SAGRADA

    Programa Agartha Federico González

    e colaboradores

    ÍNDICE DE CONTEÚDOS

    PREFÁCIO Baxar os arquivos

    Módulo I

    1 A TRADIÇÃO HERMÉTICA 45 CABALA: O Nome divino é inefável. 2 O EXOTÉRICO E O ESOTÉRICO 46 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO: As 4 fases. 3 A VIA SIMBÓLICA 47 O SÍMBOLO DO CORAÇÃO 4 ARITMOSOFIA 48 MOISÉS 5 O CÍRCULO 49 HERMES 6 CABALA: A Árvore da Vida Sefirótica. 50 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO 7 MÚSICA 51 PITÁGORAS 8 ASTRONOMIA-ASTROLOGIA 52 O SIMBOLISMO DO TEMPLO 9 CABALA: As dez sefiroth. 53 O SÍMBOLO DO LABIRINTO 10 ALQUIMIA 54 PLATÃO 11 CABALA: Divis ão da Árvore. 55 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO 12 A TRÍADA 56 ARTES E ARTESANATOS 13 MITOLOGIA 57 ÍSIS 14 NOTA: Conceitos inabituais. 58 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO: Com Atsiluth. 15 HÉRACLES-HÉRCULES 59 BIOGRAFIAS 16 CABALA: O descenso das energias. 60 AS MUSAS 17 ETIMOLOGICAS 61 MAGIA: A vida como magia e rito. 18 CABALA: Analogias com as sefiroth. 62 TROPEÇOS E DIFICULDADES 19 EXERCÍCIO PRÁTICO: Sobre a Árvore Sefirótica. 63 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO: Com Beriyah. 20 ASTROLOGIA: Os sete planetas. 64 DANÇA 21 ALQUIMIA: Os quatro elementos. 65 A NAVE 22 CABALA: Os quatro planos da Árvore. 66 AS COLUNAS E A PORTA

  • 23 A INICIAÇÃO 67 CABALA: A Árvore, As colunas, A porta. 24 A ANALOGIA 68 EXERCÍCIO RESP.: Com Yetsirah e Asiyah. 25 ALQUIMIA: Guia da Ciência Sagrada. 69 MITOLOGIA CABALÍSTICA 26 A ÁRVORE DA VIDA: As tríades sefiróticas. 70 A MONTANHA E A CAVERNA 27 ASTROLOGIA: Zodíaco e elementos. 71 O SÍMBOLO DA PEDRA 28 FILOSOFIA 72 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO 29 CABALA: Os quatro mundos ou planos . 73 ARQUITETURA 30 ALQUIMIA: A Arte alqu ímica. 74 A HIERARQUIA 31 ARITMOSOFIA E GEOMETRIA 75 ARTES MARCIAIS 32 A RODA E A CRUZ 76 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO 33 CONSTRUÇÃO DA ÁRVORE 77 CIÊNCIA 34 A HORIZONTAL E A VERTICAL 78 O ALTAR 35 OS TRÊS GUNAS 79 OS SONHOS 36 A RESPIRAÇÃO: Aspir-expir. 80 REALIDADE OU FICÇÃO? 37 ASTROLOGIA: Os signos zodiacais. 81 MITOLOGIA: Os deuses e os homens. 38 RESPIRAÇÃO: OS CICLOS 82 ASTROLOGIA: Domicílio, exílio, exaltação. 39 ASTROLOGIA: Fechas de los signos. 83 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO 40 ALQUIMIA: O Atanor. Alquimia e iniciação. 84 CABALA: Macroprosopos e Microprosopos 41 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO: Sincronizar. 85 AS PEREGRINAÇÕES 42 O CICLO LUNAR E A RESPIRAÇÃO 86 ASTROLOGIA: Aspectos planetários 43 CABALA: Silêncio, estudo, meditação. 87 EXERCÍCIO RESPIRATÓRIO 44 LITERATURA 88 O RITO

    Módulo II

    1 RECORDAÇÃO 55 O SIMBOLISMO DA ESPADA 2 NOTA: I Ching ou "Livro das Mutações". 56 TARÔ: CARTA Nº VIIII 3 CABALA: O En Sof. 57 O JANTAR 4 O NÍVEL E O PRUMO 58 A LIRA DE APOLO E A FLAUTA DE ORFEU 5 IMAGENES E SÍMBOLOS 59 NOTA: Momentos de "calmaria". 6 O SÍMBOLO DA ESCADA 60 TARÔ: CARTA Nº X 7 O SÍMBOLO DA ESVÁSTICA 61 OS QUADRADOS MÁGICOS 8 TARÔ 62 EXERCÍCIO DE SOM: Mantra letra A. 9 CABALA: As 22 letras do alfabeto hebraico 63 TARÔ: CARTA Nº XI

    10 ALGUNS EXERCÍCIOS PRÁTICOS 64 A LUZ 11 SIMBOLISMO VEGETAL I 65 ALIMENTAÇÃO E SAÚDE 12 SIMBOLISMO VEGETAL II 66 NOTA: Aprofundar e ampliar os temas.

  • 13 ALQUIMIA: Os signos dos 4 elementos. 67 TARÔ: CARTA Nº XII 14 SIMBOLISMO ANIMAL I 68 DEUS EXISTE? 15 SIMBOLISMO ANIMAL II 69 ESPIRITU-ALMA-CUERPO 16 NOTA: A origem sagrada da cultura. 70 NOTA: Releitura do Programa. 17 A COROA 71 TARÔ: CARTA Nº XIII 18 O MENOR É O MAIS PODEROSO 72 ALQUIMIA: A putrefação ou nigredo. 19 TARÔ 73 O NASCIMENTO DA HIST ÓRIA I 20 TARÔ: CARTA Nº I 74 O NASCIMENTO DA HIST ÓRIA II 21 A CIDADE CELESTE I 75 TARÔ: CARTA Nº XIIII 22 A CIDADE CELESTE II 76 AS SETE ARTES LIBERAIS I 23 O COMPASSO E O ESQUADRO 77 AS SETE ARTES LIBERAIS II 24 CABALA: A letra Iod e a letra Alef. 78 NOTA: Estreitar v ínculos com Agartha. 25 NOTA: A For ça do mito segue presente. 79 TARÔ: CARTA Nº XV 26 TARÔ: CARTA Nº II 80 QUADRADOS MÁGICOS 27 MITOLOGIA: Sentidos diversos dos mitos. 81 NOSSO PROGRAMA 28 CABALA: Os 22 caminhos na Árvore. 82 TARÔ: CARTA Nº XVI 29 EXERCÍCIOS DE PACIÊNCIA 83 O BOSQUE 30 EXERCÍCIOS DE SILÊNCIO 84 ASTROLOGIA: Signos, elementos, homem. 31 TARÔ: CARTA Nº III 85 MOMENTOS DE INCERTEZA 32 CABALA: O Tetragrama e as 10 sefiroth. 86 TARÔ: CARTA Nº XVII 33 O AMOR 87 NÔMADES E SEDENTÁRIOS 34 METAFÍSICA 88 AS TRÊS GRAÇAS 35 TARÔ: CARTA Nº IIII 89 ARITMOSOFIA: Núms. triangul. e quadrados. 36 GEOGRAFIA SAGRADA 90 TARÔ: CARTA Nº XVIII 37 A ASTROLOGIA E AS DEIDADES 91 MAGIA 38 APRENDER A LER 92 TARÔ: CARTA Nº XVIIII 39 TARÔ: CARTA Nº V 93 OS CICLOS E A HISTÓRIA 40 A BELEZA 94 JANO 41 GEOGRAFIA SAGRADA 95 GRAMÁTICA, DIALÉTICA E RETÓRICA 42 NOTA: O Paraíso e o coração. 96 TARÔ: CARTA Nº XX 43 VISÃO 97 CABALA: A teoria da Tsim-Tsum. 44 TARÔ: CARTA Nº VI 98 ASTROLOGIA: Signos posit., negat., e neutros. 45 A ANALOGIA 99 CONFU. ENTRE METAFISICA E ASCETISMO 46 O ARTISTA 100 TARÔ: CARTA Nº XXI 47 NÃO É POR MUITO MADRUGAR… 101 OS CICLOS E OS RITMOS 48 TARÔ: CARTA Nº VII 102 ANGEOLOGIA I 49 HISTÓRIA SAGRADA 103 A TRADIÇÃO UNÂNIME

  • 50 A TRADIÇÃO 104 TARÔ: CARTA Nº XXII 51 GEOGRAFIA SAGRADA 105 ARITMOSOFIA: Os números proporcionais 52 NOTA: Relembrar os ensinamentos do curso. 106 ASTROLOGIA: Signos zodiacais e pedras. 53 TARÔ: CARTA Nº VIII 107 TARÔ: INDICAÇÕES PARA SEU USO 54 ASTROLOGIA: Precessão dos equinócios 108 MEMORANDUM

    Módulo III 1 TARÔ: 16 Cartas de a Corte. 52 SOBRE O TRABALHO INTERNO 2 AS QUATRO IDADES 53 ALQUIMIA: Os Quatro Elementos. 3 ARITMOSOFIA: Magnitudes lineares. 54 NOTA: RECORDAÇÃO, CENTRO E PERIFERIA 4 ALGUMAS ADVERT ÊNCIAS BÁSICAS 55 OS ASPECTOS DA ALMA 5 NOTA: A esta altura dos Ensinamentos. 56 AS CASTAS 6 O MESTRE 57 CIÊNCIA 7 EGITO 58 CIÊNCIA I 8 PERFEIÇÃO OU PERFECCIONISMO? 59 ALFABETO E ESCRITURA 9 O TRABALHO 60 CIÊNCIA II 10 CABALA: 3 letras mães, 7 duplas, 12 simples. 61 NOTA: SOBRE A MELANCOLIA 11 A ALMA 62 AS QUATRO LEITURAS DA REALIDADE 12 GRÉCIA 63 ALQUIMIA 13 ROMA I 64 ANGEOLOGIA II 14 AS MUSAS II 65 EXERCÍCIO PR ÁTICO: Ler em voz alta. 15 MITRA 66 MINUTA 16 EXERCÍCIO PRÁTICO: Meditação em ação. 67 O HOR ÓSCOPO 17 JESUS 68 NOTA 18 ROMA II 69 CABALA: Talismã numérico. 19 ALEXANDRIA 70 GEOMANCIA 20 O HERMETISMO ALEXANDRINO 71 FILOSOFIA PERENE 21 ÉTICA ALEXANDRINA 72 SIMBOLISMOS DE PASSAGEM 22 A IDADE MÉDIA 73 AS TRADIÇÕES ARCAICAS 23 O HERMETISMO MEDIEVAL I 74 ASTRONOMIA-ASTROLOGIA 24 DIONÍSIO AREOPAGITA 75 AS TRADIÇÕES 25 O SIMBOLISMO HERÁLDICO 76 A PORTA 26 ARQUEOLOGIA 77 O SÍMBOLO DO CORAÇÃO II 27 ALFONSO X, O SABIO I 78 OS CICLOS I 28 A CIZÂNIA 79 O FIM DOS TEMPOS

  • 29 GEOMETRIA 80 MARSÍLIO FICINO 30 ALFONSO X, O SABIO II 81 A TRADIÇÃO HERMÉTICA 31 A TRADIÇÃO E A MENSAGEM 82 OS SIGNOS DA RENÚNCIA 32 O HERMETISMO MEDIEVAL II 83 O ATRAVESSAR AS ÁGUAS 33 METATRON 84 A INICIAÇÃO 34 HISTÓRIA SAGRADA 85 A TÁBUA DE ESMERALDA 35 O NOME I 86 NOTA: Árvore da Vida e chakras. 36 ASTROLOGIA 87 EXERCÍCIO PRÁTICO: Nomes sephiroth. 37 HISTÓRIA SAGRADA: O RENASCIMENTO I 88 O OCTÓGONO 38 HISTÓRIA SAGRADA: O RENASCIMENTO II 89 PICO DE LA MIRANDOLA 39 NOTA: MAGIA 90 O HERMETISMO RENASCENTISTA I 40 MAGIA E ARTE 91 O HERMETISMO RENASCENTISTA II 41 CABALA: O NOME II 92 ALQUIMIA 42 O LABOR COTIDIANO 93 A ESCALA 43 QUIROLOGIA 94 A TRADIÇÃO PRÉ-COLOMBIANA 44 CABALA: Inversão de polaridade de energias. 95 O RENASCIMENTO ELISABETANO 45 A ESTRELA E A ESPIGA 96 NOTA: DOUTA IGNORÂNCIA? 46 ALQUIMIA 97 O MOVIMENTO ROSA-CRUZ 47 VIRGÍLIO-DANTE I 98 OS CICLOS II 48 O MÉTODO FUNDAMENTAL 99 AGARTHA 49 DANÇA: EXERCÍCIO PRÁTICO 100 O ESOTERISMO CONTEMPORÂNEO 50 VIRGÍLIO-DANTE II 101 FIM DE CICLO 51 EXERCÍCIOS PRÁTICOS: Outros horários. 102 ALQUIMIA: A REMINISCÊNCIA

  • INTRODUÇÃO À CIÊNCIA SAGRADA

    Programa Agartha

    FEDERICO GONZALEZ e colaboradores

    PREFÁCIO

    O Agartha é um Programa, uma didática, um curso gradual que, seguindo com fé e concentração produz os resultados previstos por aqueles que o criaram, pois suas próprias experiências no trabalho interno e no conhecimento do Si Mesmo se encontram nele expressadas. É um Ensinamento que requer paciência e vontade para desenvolver a energia chamada inteligência; isto é igual a querer aprender verdadeiramente a pensar, para o qual é necessário um treinamento, que o Programa brinda. Requer-se do aluno estudo e dedicação e, sobretudo, da entrega à sua sensibilidade e a seu reto juízo. Agartha é um compêndio que traduz hoje em dia a Doutrina e a Tradição de todos os povos e tempos sob a forma da Tradição Hermética. Seu curso está especificamente desenhado para promover o Conhecimento pela efetividade de sua realização. No conjunto de suas lições e temas, tratam-se os veículos Herméticos (Tarot, Alquimia, Aritmosofia, Cabala, Astrologia, Simbolismo), bem como Filosofia, Metafísica, Cosmogonia, Mitologia, e de maneira particular os símbolos universais e as artes liberais. Também se refere à Arte como forma de ver (poesia, literatura, música, teatro, dança, arquitetura, artes plásticas), à História (sagrada) e à (autêntica) Ciência. Este método, ou melhor, este meio, inclui igualmente figuras e gravuras; o visual tem um papel importante nele. Como se poderá observar, o entrecruzamento rítmico, periódico, cíclico e harmonioso destes temas produz uma série de inter-relações, o que nos obriga a estabelecer vínculos insuspeitados entre eles, que se vão complementando uns aos outros e ampliam e alumiam nosso meio, a par que se desperta a consciência. Os exercícios e práticas que esta Introdução oferece coadjuvam à conquista de suas realizações. Por isso, os que participam dela estão seguros de obter resultados positivos com pessoas que se interessam por descobrir os mistérios que levam

  • dentro de si mesmos e que também observam no mundo. Esta transmissão de idéias-força, de Conhecimento, liga os integrantes do Programa Agartha, homens e mulheres de muitas nacionalidades, pessoas que vivem em distintos países e que entre elas não se conhecem, mas que trabalham unidos por esse vínculo invisível expressado neste manual. Não somos uma seita, nem realizamos cerimônias, nem estamos organizados de maneira pseudo-religiosa nem de nenhuma outra forma, mas cremos que, em razão dos tempos obscuros aos quais nos tocou viver, esta Introdução à Ciência sagrada cumpre neste momento uma função transcendente relacionada com o renascimento dos valores adormecidos no homem contemporâneo. Os seres atuais funcionamos com apenas uma mínima parte das possibilidades que se lhe entregaram ao ser humano. Portanto vivemos uma vida que está por debaixo de nós mesmos. Resgatar as potencialidades individuais, hoje praticamente esquecidas, é a função desta Introdução, pondo especial ênfase na regeneração do ser, o que dá por fruto um mundo mais harmonioso e digno de ser vivido tal qual se lhe brindou ao homem na liberdade de sua natureza e que este desconhece na agitação da existência cotidiana. Você se ligou com o Agartha e tem neste momento a oportunidade de começar uma nova etapa, inteiramente diferente, e de conhecer um mundo maravilhoso, desgraçadamente quase que totalmente ignorado pela generalidade dos que nos rodeiam. Você está se pondo em comunicação com a Ciência sagrada e deste modo com a energia-força que a constitui, cujas emanações fizeram possível à realização de Mestres, Instrutores e Iniciados em todos os tempos e lugares. Você pode realizar algo incrível consigo mesmo, ainda que neste momento não o veja com clareza ou não disponha dos elementos e do método para efetuá-lo. A Ciência sagrada é a ponte entre a realidade já conhecida e outra desconhecida, face à qual nossas fantasias mais audazes se apequenam. Agartha é revolucionário, pois propõe uma transformação, uma autêntica transmutação interior que faça possível o nascimento das potencialidades adormecidas do Homem Verdadeiro. Esta nova aprendizagem tem de ser gradual e ordenada. E o aspirante percorrerá um caminho, participará de um processo, que se refletirá em si mesmo e nas pessoas e coisas à sua volta de uma maneira quase mágica. O mundo misterioso dos símbolos será nosso guia neste percurso paulatino, e eles se manifestarão também em nosso pensamento e nas ações e fatos de nossa vida diária, fazendo-nos viver um mundo mais rico, feliz e assombroso, que cada homem ou mulher, sem discriminação de idade, raça ou condição, pode adquirir, pois se trata de descobrir o que leva dentro, ainda que o desconheça ou apenas o suspeite. Para este fim nos valeremos dos símbolos fundamentais da Arte e da Ciência sagrada, tal qual no-los legou a Tradição Hermética, com a vantagem de que estes veículos e técnicas poderão ser aprendidos e praticados sem necessidade de mudar o ritmo da existência cotidiana. Como já se disse, alguns dos métodos e meios de que se vale este Programa para transmitir o Ensino e o Conhecimento de outra realidade à que se aspira são: Cabala, Aritmosofia, Alquimia, Astrologia, Cosmogonia, Metafísica, Teurgia, etc. Mesmo assim, faz-se especial empenho no vínculo com a Arte (Música, Dança,

  • Plástica, Arquitetura, Literatura, etc.) como forma de Conhecimento e tomada como veículo apto para a contemplação da Beleza. Igualmente se insiste numa relocação quanto às ciências modernas. Tudo isto gera outra dimensão do espaço e do tempo que, no entanto, está ocorrendo aqui e agora no mais oculto do coração do homem; o que constitui seu autêntico Ser, sua Identidade, o Alfa e o Ômega destes estudos e trabalhos. A estes efeitos, brinda-se ao leitor uma preparação teórico-prática, alternando as distintas disciplinas de forma gradual e em ordem analógica. Recomenda-se especialmente a meditação sobre os textos e a realização de determinadas práticas e exercícios, cuja singeleza, pois, são desde todo ponto de vista inofensivos, não os fazendo, por isso, menos efetivos, já que são capazes de atuar como despertadores de nossa consciência adormecida. A gota d’água fura a pedra. Esta Introdução à Ciência sagrada sintetiza uma enorme bibliografia Hermética que corresponde à voz da Sabedoria de todos os tempos e espaços geográficos, encarnada em Mestres que guiam e fundamentam os Ensinamentos do Agartha. O Programa também age como uma terapia, ordenando nossa psique e dando sentido a nossa vida, para todos aqueles que se abrem a seu entendimento e trabalham em sua realização. Crescer é uma oportunidade e um direito que todos os homens possuímos. Se tudo está na mente e no coração do homem, é muito importante que este reconheça sua própria natureza e aja de acordo com ela. A seu nível, não há nada mais importante do que o próprio homem. E conhecendo este suas infinitas possibilidades, e também suas limitações, poderá achar paz para si, fortuna em seu trabalho e alegria geral. Queremos lembrar aqui algumas noções fundamentais que René Guénon expressa em sua Aperçus sur l'Initiation: – ...todo conhecimento é essencialmente uma identificação... – ...este conhecimento só é possível porque o ser, que é um indivíduo humano num certo estado contingente de manifestação, é também outra coisa ao mesmo tempo... – Todo conhecimento, ao qual se possa chamar verdadeiramente iniciático, resulta de uma comunicação estabelecida conscientemente com os estados superiores [do ser]... – O conhecimento direto da ordem transcendente, com a certeza absoluta que implica, é evidentemente, em si mesmo, incomunicável e inexprimível; toda expressão, sendo necessariamente formal por definição mesma e, por conseguinte, individual, é-lhe por isso inadequada e não pode dar dele (...) mais do que um reflexo na ordem humana... – ... todo conhecimento exclusivamente 'livresco' não tem nada em comum com o conhecimento iniciático, inclusive contemplado em seu estado simplesmente

  • teórico... Afirmando como uma das condições da iniciação: – O trabalho interior, pelo qual este desenvolvimento será realizado gradualmente, cabe-se com o auxílio de 'adjuvantes' ou de 'suportes' exteriores, sobretudo nos primeiros estágios, fazendo passar o ser, de degrau em degrau, através dos diferentes estados da hierarquia iniciática, para conduzi-lo ao objetivo final da 'Liberação' ou da 'Identidade Suprema'.

    O propósito do Programa é espiritualizar a matéria e materializar o espírito. Para esse fim, convém pôr-se à faina sem dilação e ir diretamente à prática dos veículos e exercícios Herméticos que oferece a presente Introdução, começando pelo nível mais singelo: a memorização e familiarização com símbolos e ritos. Com o seu desenvolver, ir-se-á relacionando a prática com a doutrina. Este Programa de ensino compreende três módulos de um semestre cada um, relacionados com três graus ou níveis de estudo. Os capítulos estão numerados para seguir sua ordem didática determinada –em vermelho à margem esquerda. Ao final de cada Módulo se inclui seu índice. Nota. Pela mesma natureza "virtual" do meio através do qual se difunde este Ensino, recomenda-se a impressão em papel destes textos, o que favorecerá seu estudo, a concentração e a meditação necessários.

  • INTRODUÇÃO À CIÊNCIA SAGRADA

    Programa Agartha MÓDULO I

    1 A TRADIÇÃO HERMÉTICA

    As verdades eternas, conhecidas unanimemente e expressadas por sábios de todos os tempos e lugares, plasmaram-se no Ocidente no pensamento de culturas estreitamente inter-relacionadas, que em distintos momentos floresceram em regiões localizadas entre o Oriente Médio e a Europa, durante esta quarta e última parte do ciclo, à qual se chamou Kali Yuga ou Idade do Ferro, e que sempre se vinculou com o Oeste. Antiqüíssimos conhecimentos, patrimônio da Tradição Unânime, foram revelados aos sábios egípcios, persas e caldeus. Eles se valeram da mitologia e do rito, do estudo da harmonia musical, dos astros, da matemática e geometria sagradas, e de diversos veículos iniciáticos que permitem acessar os Mistérios para recriar a Filosofia Perene, desenhando e construindo um corpus de idéias, que foi o gérmen do pensamento metafísico do Ocidente, conhecido com o nome de Tradição Hermética, ramo ocidental da Tradição Primordial. Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande, dá nome a esta tradição. Na verdade, Hermes é o nome grego de um ser arquetípico invisível que todos os povos conheceram e que foi nomeado de distintas maneiras. Trata-se de um espírito intermediário entre os deuses e os homens, de uma deidade instrutora e educadora, de um curandeiro divino que revela suas mensagens a todo verdadeiro iniciado: o que passou pela morte e a venceu. Os egípcios chamaram Thot a esta entidade iniciadora, que transmitiu os ensinos eternos a seus hierofantes, alquimistas, matemáticos e construtores que, com o auxílio de complexos rituais cosmogônicos, empreenderam a aventura de atravessar as águas que conduzem à pátria dos imortais. Autores Herméticos relacionaram Hermes com Enoch e Elias, que seriam, para os hebreus, a encarnação humana desta entidade supra-humana que identificam com Rafael, o arcanjo, também guia, sanador e revelador. Esta tradição judaica, que se considerou sempre como integrante da Tradição Hermética, conviveu com a egípcia antes e durante a cativeiro (Moisés é fruto desta convivência) e em tempos dos reis David e Salomão durante a construção do Templo de Jerusalém; faz ao redor de três mil anos, estes pensamentos se consolidaram numa arquitetura revelada que permitiu, uma vez mais, a criação de um espaço vazio ou arca interior capaz de albergar em seu seio a divindade. No século VI antes de Cristo, que é o mesmo século da destruição do Templo de Jerusalém, e contemporânea de Lao Tsé na China, de Buddha Gautama na Índia e do profeta Daniel na Babilônia, nasce a escola de

  • Pitágoras que, também herdeira dos antigos mistérios revelados por Hermes, alumiará posteriormente à cultura grega, tanto aos pré-socráticos como a Sócrates e Platão. Este pensamento hermético exerceu sua influência notavelmente na cultura romana, nos primeiros cristãos e gnósticos alexandrinos, nos cavaleiros, construtores e alquimistas da Europa medieval e nos filósofos e artistas renascentistas, nutrindo-se ao mesmo tempo dos conhecimentos cabalísticos e do esoterismo islâmico. Logo florescem estas idéias hermético-iniciáticas no movimento rosa-cruz, que se desenvolve na Alemanha e na Inglaterra da época Elisabetana, tendo sido depositados estes antigos ensinos, posteriormente, na Franco-Maçonaria. Esta Ordem, que em sua aparência exotérica não pôde escapar à degradação e dissolução promovidas pela humanidade atual, conserva, no entanto, em seus ritos e símbolos esse gérmen revelado e revelador, ativo no seio de umas poucas lojas que conseguiram se subtrair às modas inovadoras que ameaçam a Ocidente com sucumbir, e mantêm esse vínculo regenerador com o eixo invisível da Tradição que se dirige sempre para o verdadeiro Norte, origem e destino da humanidade, do qual esta tradição nunca se separou. Hermes e a Tradição Hermética vivem atualmente. Sua presença é eterna.

    2 O EXOTÉRICO E O ESOTÉRICO

    Todos os símbolos sagrados, tanto os expressados pela natureza como os adquiridos pelos homens mediante revelação divina, sejam estes gestuais, visuais ou auditivos, numéricos, geométricos ou astronômicos, rituais ou mitológicos, macro ou microcósmicos, têm uma face oculta e uma aparente; uma qualidade intrínseca e uma manifestação sensível, quer dizer, um aspecto esotérico e outro exotérico. Enquanto o homem profano (que é tal por seu estado de queda) unicamente pode perceber o exterior do símbolo, pois perdeu a conexão com sua origem mítica e sua realidade espiritual, o iniciado procura descobrir nele o mais essencial, o que se encontra em seu núcleo, o que não é sensível, mas sim inteligível e cognoscível, a estrutura invisível do Cosmo e do pensamento, sua trama eterna, ou seja, o esotérico, que constitui também o ser mais profundo do próprio homem, sua natureza imortal. Ao tomar contato e identificar-se com essa condição superior de si mesmo e do Todo, constata que signos e estruturas simbólicas aparentemente diversas são, no entanto, idênticas em significado e origem; que um mesmo pensamento ou idéia pode ser expresso com distintas linguagens e roupagens sem se alterar, de modo algum, seu conteúdo único e essencial; que as idéias universais e eternas não podem variar, ainda que na aparência se manifestem de modo passageiro. O Cosmo, a criação inteira, contém uma face oculta: sua estrutura invisível e misteriosa, que o faz possível e que é sua realidade esotérica, mas que, ao se

  • manifestar, reflete-se em miríades de seres de variadíssimas formas que lhe dão uma face exotérica, sua aparência temporal e mutável. No homem sucede o mesmo: o corpo e as circunstâncias individuais são as que constituem seu aspecto exotérico e aparente, sendo o espírito o mais esotérico, a única Realidade, sua origem mais profunda e seu destino mais alto. Se os cinco sentidos humanos são capazes de mostrar o físico, a realidade sensível, esse sexto sentido da intuição inteligente e da perscrutação interna, que se adquire pela Iniciação nos Mistérios, permite Ver mais além; dá acesso a uma região Metafísica na qual os seres e as coisas não estão sujeitos já ao devir, nem marcados pela morte. Essa visão esotérica identifica ao homem com o “Si Mesmo”, ou seja, com seu verdadeiro Ser, sua essência imortal da qual toma consciência graças ao Conhecimento e ao lembrar de Si. Enquanto o exotérico nos mostra o múltiplo e passageiro, o esotérico nos leva para o único e imutável. Com um olhar esotérico, que se irá abrindo gradualmente em nosso caminho interior, iremos compreendendo e realizando que o espírito do Pai, seu Ser mais interno, é idêntico ao espírito do Filho. Esta consciência de Unidade é a meta de todo trabalho de ordem esotérica e iniciática bem entendido. Para Ela se dirigem todos nossos esforços; nEla colocamos nosso pensamento e nossa concentração interior.

    3 A VIA SIMBOLICA

    O símbolo é a pegada (ou o gesto) visível de uma realidade invisível ou oculta. É a manifestação de uma idéia que assim se expressa a nível sensível e se faz apta para o entendimento. Num sentido amplo, toda a manifestação, toda a criação, é simbólica, como cada gesto é um rito, seja isto ou não evidente, pois constitui um sinal significativo. O símbolo nomeia as coisas e é uno com elas, não as interpreta nem define. Em verdade, a definição é ocidental e moderna (ainda que nasça na Grécia clássica) e poderia ser considerada como a porta à classificação posterior. O símbolo não é só visual, pode ser auditivo, como é o caso do mito e da lenda, ou absolutamente plástico e quase inapreensível como sucede com certas imagens fugazes que, no entanto, marcam-nos. Na época atual, costuma-se-lhe associar mais com o visual, porque a vista fixa e cristaliza imagens em relação com estes momentos históricos de solidificação e anquilosamento1 mais ligados ao espacial que ao temporal. O símbolo é o intermediário entre duas realidades, uma conhecida e outra desconhecida e, portanto, o veículo na busca do Ser, através do Conhecimento. Dali que os distintos símbolos sagrados das diferentes tradições (e por certo também os símbolos naturais) se entreteçam e se

  • vinculem entre si constituindo uma Via Simbólica para a realização interior, a saber: para o Conhecimento, ou seja, o Ser, dada a identidade entre o que o homem é e o que conhece. O mesmo é válido para os ritos que promove este manual, começando pelo estudo e a meditação e seguindo por todos os exercícios práticos. Por isso é necessário que o leitor tenha uma visão o suficientemente clara da Cosmogonia, arquitetura do universo reproduzida no homem, para utilizar o modelo da Árvore da Vida, chamado também Sefirótico, localizar-se e transcendê-lo, mediante a aceitação de uma Ordem capaz de nos mostrar o que está mais além dele. Estamos nos referindo à mobilização de todo nosso ser que os símbolos, como intermediários, procuram, à viagem ou navegação pelas sutis entretelas da consciência, à surpresa de perceber mundos novos que permaneciam invisíveis e, no entanto, são-nos familiares, feitos todos estes que balizam o processo mágico de Iniciação, caracterizado pelos graus de Conhecimento de outras realidades espaço temporais, ou melhor, de outra forma de perceber a realidade. O metafísico, essa região desconhecida e misteriosa, manifesta-se no mundo sensível por intermediação do símbolo. Graças a este, é possível o Conhecimento para o ser humano; imagens e símbolos nos permitem tomar consciência do mundo que nos rodeia, do que este significa e de nós mesmos. Os símbolos sagrados, revelados, foram depositados em todas as tradições verdadeiras. Os sábios de diferentes povos, por meio da Ciência e da Arte, promoveram sempre o conhecimento desses mundos sutis que os próprios símbolos testemunham. Eles permitem que aquelas realidades superiores toquem nossos sentidos e possibilitam que o homem, a partir desta base sensível, eleve-se a essas regiões que constituem seu aspecto mais interno: seu verdadeiro Ser. A via simbólica que este Programa propõe, com todas as experiências que ela implica, poderá nos levar de uma maneira ordenada e gradual para esse Conhecimento. O símbolo plasma uma força, uma energia invisível, uma idéia. O que ele expressa e o que contém em seu interior se correspondem em perfeita harmonia. Não deve nunca se confundir com a alegoria, já que esta se correlaciona mais com substituições e suposições e, portanto, carece de conexão clara com o interno e com o verdadeiro. Também é importante apontar que os símbolos aos quais nos referimos não são meras convenções inventadas pelos homens; eles são "não-humanos", encontram-se na própria estrutura do Cosmo e do homem. Ao serem os intermediários entre o invisível e o visível, promovem a consciência de mundos superiores e regiões supracósmicas. É muito notável o fato de que os símbolos principais se repitam de modo unânime em todos os povos da terra em distintos momentos e lugares. Muitas vezes esta identidade é inclusive formal, ainda que, como já se disse, amiúde poderemos encontrar símbolos de diferentes formas, mas idênticos significados. Em todo caso, todos se correspondem com um arquétipo único

  • e universal do qual cada um desses povos extraiu seus símbolos particulares. Os símbolos sagrados são capazes de revelar esse modelo único, seu Criador, e ainda o incriado; mas às vezes velam essas realidades superiores e se cobrem de uma roupagem formal, ainda que conservem sempre seu aspecto interno e invisível. 1 N.T. - Anquilosamento (do grego ankylósis) - é a imobilidade ou garroteamento de um membro para que permaneça imobilizado.

    4 ARITMOSOFIA

    Os números possuem uma realidade mágico-teúrgica que os homens de nossos dias esquecemos, e que trataremos de recuperar. Eles são módulos harmônicos e medidas que relacionam o microcosmo (homem) com o macrocosmo (universo), e respondem a vibrações secretas, que encontram suas correspondências em todas as coisas. Desde os acontecimentos mundiais aos acontecimentos locais e individuais, os quais formam parte da harmonia universal, que se expressa também através de números e medidas, semelhante a uma grande sinfonia. Dali a conexão com a música, e particularmente com os ritmos e os ciclos. Portanto o número é uma linguagem universal conhecida por todos os povos, que sempre foi considerada como um símbolo revelado, capaz de sintetizar e ordenar o universo, e como um magnífico veículo apto para estabelecer relações entre as coisas, entretecendo as variadas ordens da existência e os graduais mundos ou planos da realidade. Ainda que a sociedade moderna parecesse crer que os números fossem uma invenção humana, produto do progresso, muito úteis para fazer cálculos estatísticos, bem como para medir, classificar e em geral contar objetos de toda índole, percebendo a série numérica como uma sucessão indefinida e horizontal (numa só dimensão), carente em absoluto de outro significado, nas sociedades tradicionais, pelo contrário, os números são concebidos como deidades ordenadoras, como intermediários, portadores de energias e Idéias superiores que eles mesmos plasmam no Cosmo inteiro. Os números se correspondem de modo preciso com as figuras da geometria e as notas musicais, como dissemos, em perfeita harmonia com as leis da Astrologia e a ordem do universo. O percurso que fazem os números desde o um até o dez (do quase imanifestado à manifestação) nos ensinará como empreender o caminho de retorno, a partir da realidade física, em busca da Unidade Metafísica. O número, como todos os símbolos, é suscetível de ser observado sob dois aspectos: exterior e interior. Desde o ponto de vista externo os símbolos numéricos expressam meramente quantidades; desde o interno, manifestam qualidades do ser. Nosso Programa fará ênfase na visão qualitativa, que é a

  • principal, já que desde nosso ponto de vista o quantitativo é secundário e derivado do qualitativo. Esta visão esotérica da Numerologia foi transmitida ao Ocidente por meio da Escola Pitagórica, ainda que se a encontre, também, em todas as culturas ligadas à Tradição Primordial. Segundo os pitagóricos todas as coisas se sintetizam nos nove primeiros números; estes, por sua vez, podem se resumir nos três primeiros; e eles estão contidos na unidade. Os trabalhos numéricos e geométricos que sugerimos promovem um trabalho de síntese, sempre na busca da unidade de nós mesmos; da unidade do Cosmo; da Unidade do Ser.

    5 O CÍRCULO

    Dentre os símbolos fundamentais comuns a todos os povos, o círculo é sem dúvida o mais generalizado e o que aparece mais freqüentemente em todas as manifestações humanas conhecidas. Isto se deve, com efeito, à própria natureza que a forma circular significa, já que tudo na vida e no mundo tende a realizar este movimento, presente tanto nas expressões naturais como nas humanas. Aliás, uma reta, ou sucessão de pontos, que progride indefinidamente, descreve um movimento circular, que a curvatura do espaço faria regressar a seu ponto de origem. Em forma de círculos se expandem as radiações de energia, e esses redemoinhos ou espirais conformam as estruturas de céu e terra, como bem pode observar-se no sideral e no molecular. O círculo, junto com seus símbolos associados é, pois, uma das imagens básicas do conhecimento simbólico e voltaremos uma e outra vez sobre o tema.

    Pode-se perceber na figura precedente que não há circunferência sem um ponto interior que a gere, pois ela extrai sua forma, assim a tracemos com compasso ou cordel, de um centro existente previamente. Conjuntamente, circunferência e centro conformam a circularidade. O centro geralmente é invisível, ou tácito, ou se acha outras vezes especificamente assinalado como elemento constitutivo. Este ponto original é o que emana sua energia a todos os pontos da circunferência, que são um reflexo de sua potencialidade num plano definido e limitado. Essas emanações são representadas como irradiações do centro e formas de conexão entre este e a periferia. A mais

  • singela e notável destas figurações é a seguinte:

    Este é também o símbolo do quaternário, ou seja, o da maneira “quatripartida” em que se produz toda manifestação. Os exemplos mais claros desta divisão são os quatro pontos cardeais no espaço, as quatro estações do dia ou do ano no tempo, a interação dos elementos que em ordem mutável, configuram a matéria, as quatro idades na vida de um homem, etc. Ou seja, que este número caracteriza a todo o criado. A cruz é, pois, o símbolo do número quatro em seu aspecto dinâmico e generativo, que recebe sua energia original da quintessência central, do ponto que é a origem da irradiação, e ao que esta tem de voltar necessariamente num espaço curvo. Advertências: a) Deve se considerar, da mesma forma, o círculo como uma esfera. Ou seja, adicionar volume, ou tridimensionalidade, às figuras simbólicas planas com as quais iremos trabalhando. b) Não se tem que se considerar aos símbolos como exteriores a nós, pois se deve ter em conta que a esfera do universo nos envolve. Estamos dentro dela, somos unos com ela.

    6 CABALA

    Pouco a pouco iremos desenvolvendo diferentes métodos Herméticos, entre eles o da Cabala judaica, utilizada também pelos cristãos a partir do Renascimento. "Cabala" significa literalmente "Tradição", e se refere tanto ao legado da doutrina que foi revelada aos antigos patriarcas e profetas do povo judeu, como à recepção e vivificação dessa doutrina que provém –como todo Ensino verdadeiro– da Grande Tradição Unânime. Baste-nos por agora dizer que trabalharemos especialmente com o símbolo da Árvore da Vida Sefirótica. Este diagrama é um mapa do Cosmo, um modelo do universo, e é válido tanto para o homem como para a criação inteira.

  • Os centros e correntes de energia que conformam este diagrama estão em relação com os números e as letras sagradas, a Astrologia, a Alquimia (ou Arte das transmutações), as lâminas do jogo do Tarô, a simbólica da música e da geometria, manifestações todas da construção harmônica da mansão interna. Este modelo é, pois, um mandala, um jogo de símbolos, um intermediário sintético entre nós e o desconhecido, através de uma série de espíritos, ou deidades, que se articulam balizando um caminho mágico evolutivo, que todos os povos do mundo conheceram, que constituía o fundamento de sua cultura, e ao que guardavam como seu mais apreciado segredo. Estamos nos referindo aos Mistérios da Iniciação.

    7 MÚSICA

    Sabe-se que antes de o fazer pelo ar, o som se propaga pelo éter; este quinto elemento ou quintessência Hermética é a origem dos quatro restantes. Por sua extrema rarificação imaterial, superior à do fogo, com o qual às vezes se identifica, o éter é o veículo por excelência da luz inteligível e do som inaudível, cuja natureza vibratória faz serem todos os elementos uma só e mesma coisa, antes de se diversificar através dos sentidos até o mundo exterior. Por sua extrema plasticidade, pureza, e receptividade absolutas, a Tradição também assimilou simbolicamente este elemento à água, à substância universal. Por isso a concha marinha, cuja forma nos lembra ao yoni feminino e à orelha humana, é o representante unânime (como as conchas de água benta dos templos cristãos) do poder purificador, produtivo e "generativo" deste supra-elemento divino. É de sobra conhecida a lenda que faz das conchas as conservadoras do som do mar. Esta propagação se realiza em forma ondulatória, da qual a espiral é símbolo por excelência. Diremos, ademais, que este símbolo está estreitamente vinculado ao logaritmo pentagramático do crescimento dos seres vivos, o que explica a estrutura espiral própria das conchas e caracóis, bem como a do ácido desoxirribonucléico que preside a corrente genética, e também outros muitos exemplos que omitiremos por enquanto.

  • A medicina pitagórica atribuía à música um poder terapêutico por excelência. Disso também nos dá referência a Alquimia, quando faz coincidir os centros musicais com os centros sutis, e estes com as oitavas do microcosmo humano. Assim vemos como a música, encarada desde uma perspectiva sagrada, é muito mais do que parece. E também que as naturezas do tempo e do espaço, da água e o fogo, unidas indissoluvelmente no éter, origem de sua vida, sendo fundamentalmente distintas, tocam-se num ponto onde, sem se confundirem, fundem-se numa Harmonia Única e Universal. Sócrates, nas palavras de Platão, confirma as Musas como as primeiras protetoras da arte da música, de quem ela recebeu seu nome. Como já afirmamos, o tempo e o espaço se relacionam mutuamente através do movimento, e este não é senão a expressão dinâmica ou rítmica de uma harmonia cujos modelos são os números. Ritmo e proporção, semelhantes respectivamente ao tempo e ao espaço, são a métrica pela qual ambos ficam reciprocamente ordenados, conformando a presença viva daquela mesma harmonia que se dá por igual no céu e na terra. A própria geometria (geo = terra, metria = medida), que ordena idealmente o espaço, está virtualmente implícita na música como relação métrica de seus intervalos. Harmonia, número e movimento são, pois, termos equivalentes e mutáveis entre si, quanto se referem a uma mesma realidade, seja à arquitetura sutil e musical do Cosmo, ao ritmo respiratório, às pulsações do coração ou ao compasso alternado das fases diurna e noturna do dia. O homem especialmente recebe com mais intensidade do que qualquer outro ser terrestre o ritmo pulsatório da existência, o que, num sentido, converte-o no mais capaz de reproduzi-lo. De natureza musical está feita a alma humana e sua inteligência, já que são elas as que captam as sutis relações entre as coisas; a maravilhosa articulação que a todas mantém unidas, com seus matizes, num todo indivisível que se vai revelando à medida que a unidade e a harmonia se impõem a nosso caos particular. No homem, como num pequeno instrumento em mãos de um músico invisível, segundo se nos diz no hermetismo antigo e do Renascimento, encontram-se todas as potências, virtudes e ritmos do universo, homologadas ou em diapasão com a natureza de seu estado. No entanto, nem sempre se é consciente disso, já que seu diapasão particular não está, em geral, afinado com o tom universal.

  • fig. 1

    8 ASTRONOMIA-ASTROLOGIA

    Queremos nos aproximar ao tema da Astrologia como ciência cosmogônica e veículo de realização. Damos aqui os símbolos dos planetas e dos signos zodiacais, para aquele que ainda não está familiarizado com eles. Se não os conhecer, é oportuno também tratar de os desenhar e, sobretudo, de os identificar. Começaremos a tratar esta ciência cosmogônica, eminentemente simbólica, pois ela constitui um dos caminhos mais importantes para o conhecimento espacial e temporal da realidade na qual estamos inscritos. Para isso começaremos com algo tão singelo como os nomes e signos dos sete planetas tradicionais, assimilados a deuses, e a suas andanças pelo espaço celeste, só limitado pelo cinturão zodiacal.

    É muito provável que você conheça os nomes e signos zodiacais, mas queremos repeti-los nesta introdução. Talvez devamos nos desculpar por isso, mas em toda Introdução há que se começar pelo princípio.

  • Os sete planetas giram simbolicamente ao redor do Sol, sendo interiores a este Vênus, Mercúrio, Lua e Terra, e exteriores os mais altos: Marte, Júpiter e Saturno. A palavra Zodíaco, que pode se traduzir como “Roda da Vida” (também como Roda animal), é a seqüência das doze constelações que se encontram de um e de outro lado da eclíptica, ou seja, do plano curvo imaginário no qual o Sol percorre num ano a totalidade da esfera celeste. Em seus percursos os astros desenham formas diretamente ligadas à sorte da Terra e de seus habitantes, os homens, membros ativos do sistema. Estas condições nos marcam e nos servem para conhecer nossos limites, determinados primeiramente pelo lugar e pelo tempo de nosso nascimento e, a partir de tais limites, poderemos optar pelo ilimitado como fundamento de toda ordem verdadeira. Desde o começo dos tempos, os astros escrevem no céu uma dança contrapontística e harmônica de formas e ritmos computáveis para o ser humano que, sumido no caos de um movimento sempre passageiro, toma essas pautas como mais fixas e estáveis no decorrer constante de noites e dias que tende a se confundir num amorfo sem significado. Estas pautas condicionam sua vida, tal qual a cultura em que nascemos, sujeita ao devir histórico e à determinação geográfica, também não alheios à sutil influência de planetas e estrelas. Trata-se de conhecer não só o mapa do céu como introdução ao entendimento da Cosmogonia, senão também de considerar a importância que estes têm em nossa vida individual e em relação à integração dela no macrocosmo, sem cair em jogos meramente egóticos ou simplistas senão, pelo contrário, com o objetivo de encontrar nos planetas e no zodíaco pontos de referência para conciliar as energias anímicas de nossa personalidade, equilibrando-as de modo tal que o estudo da Astrologia seja um auxiliar precioso do Processo de Conhecimento, fundamentado na experiência que os astros e seus movimentos produzem no ser individual e sua existência, e que podem ser manejadas de acordo às pautas benéficas e maléficas que sua própria energia-força dual manifesta no conjunto cósmico. Nota: Utilizaremos os sete planetas tradicionais da Antigüidade, com exclusão dos modernos Urano, Netuno e Plutão. Já demos os símbolos e os nomes, para que o aspirante se familiarize com eles e os aprenda.

  • 9 CABALA

    Continuamos novamente com a Árvore da Vida Sefirótica, à qual adicionamos o nome de cada uma das sefiroth ou "numerações", ou seja, dos dez círculos (esferas no volumétrico) ou "cifras" que a compõem.

    Ainda que para fins didáticos a dividamos em esferas, planos e colunas, é importante lembrar sempre que esta Árvore constitui uma unidade indissolúvel e indivisível e que todas suas partes são aspectos inseparáveis dessa unidade A primeira sefirah, Kether (palavra que significa "Coroa") é a realidade única, o mistério absoluto, a essência pura da qual emanam as restantes sefiroth. A número dois, Hokhmah, a emanação primeira, é a Sabedoria divina pela qual a deidade se conhece a Si Mesma, e permite a todo ser reconhecer a Unidade em seu interior. A terceira esfera, Binah, a Inteligência, é a Grande Mãe ou Matriz Universal, geradora de todos os mundos e seres, aos que discrimina e forma só para devolvê-los novamente ao Um. Estas primeiras três sefiroth são em realidade uma só: Kether é o Conhecimento, Hokhmah o sujeito que conhece (ativo) e Binah o objeto conhecido (passivo). A quarta sefirah, Hesed, é a Graça, o Amor ou a Misericórdia que se irradia a toda a criação; a quinta (Gueburah ou Din) é o Rigor ou Juízo divino que nega tudo o que não é o Um; e Tifereth, a sexta, é a Beleza que entrelaça

  • todas as sefiroth entre si. Netsah, a número sete, a Vitória, é a energia que produz todos os mundos manifestados; e a oito, Hod, a Glória, encarrega-se de reabsorver estes mundos aparentes novamente na Unidade; Yesod, a nona, é o Fundamento que equilibra as duas anteriores; e finalmente Malkhuth, a número dez, o Reino, constitui o descenso de Kether ao mundo material e representa a Onipresença e Imanência divina em todas as coisas. Cada uma destas sefiroth tem uma face oculta e outra visível. É receptiva com respeito à anterior e ativa com relação à seguinte. É importante fazer notar que em toda sefirah pode-se ver uma Árvore Sefirótica completa e, em cada sefirah desta Árvore, outra mais, e assim até o infinitamente pequeno. E vice-versa, qualquer Árvore por maior que a imaginemos é só uma sefirah de outra Árvore maior, que por sua vez é só outra sefirah de uma ainda maior, também ad infinitum, como é a estrutura do espaço e do tempo, que contém mundos dentro de mundos e ciclos dentro de ciclos, ou seja, a de uma esfera arquetípica dividida em dez numerações (ou pequenas esferas) que se reproduzem indefinidamente.

    10 ALQUIMIA

    Outra das artes herméticas é a Alquimia. Assim se chamava na Antigüidade a ciência das transmutações, minerais ou vegetais, da natureza. Estas operações têm uma réplica no homem, que pode se ver nelas como num espelho que refletisse seu próprio processo de desenvolvimento e simbolizam a possibilidade da regeneração. Ou seja, a de mudar de condição e de forma, a tal ponto que a substância com que se trabalha –neste caso a psique humana nos primeiros níveis– passe a ser uma coisa distinta da que conhecemos atualmente. Esta busca e achado do Ser é, em suma, a autêntica Liberdade, não empanada por nenhum preconceito, e pode ser equiparada a um novo nascimento. A Alquimia do medievo europeu, que trabalha com as transmutações dos metais (e minerais em geral), utiliza também a notação astrológica para designar as qualidades simbólicas que distinguem determinados metais.

    Esta associação entre os astros (deidades e energias celestes) e os metais, não é de nenhum modo arbitrária, pois há uma correspondência constante entre o alto e o baixo, e são análogas às forças e energias dos céus (deidades urânicas) e as da terra (deidades ctônicas), ainda que seja imprescindível

  • assinalar que se acham invertidas umas com relação às outras.

    No entanto estas forças são complementares e não poderiam ser o Universo e o homem sem ambas, pois elas constituem a dinâmica rítmica, a dialética, em que se produzem todas as coisas. Por esse motivo, o trabalho alquímico, ou hermético, realiza-se com estas duas energias, harmonizando-as, sem excluir nenhuma delas. Pois como já veremos é o homem que as religa, o verdadeiro intermediário entre céu e terra. E é por essa mesma razão que nas tradições antigas, a Iniciação era e é tomada como uma visita do ser humano às entranhas da terra, ou uma viagem ao país dos defuntos, quando não um descenso aos infernos de nosso ignorante psiquismo, imprescindível para uma posterior e triunfal ascensão aos céus. Na continuidade, são apresentados os nomes dos três princípios alquímicos e os signos com que se os representa:

    A interação destes princípios e sua constante conjugação produzem todas as coisas e, portanto, acham-se presentes nelas. O Enxofre é ativo (+), enquanto o mercúrio é passivo (-). O Sal, terceiro princípio que liga os precedentes, pode-se qualificar de neutro (N). O Atanor é o forno, ou cozinha alquímica, onde se transformam estes princípios continuamente, bem como os elementos minerais que eles originam, que igualmente levam em si esta divisão tripartite. O que acontece no interior do Atanor do mesmo modo acontece no interior do ser humano, especialmente em sua psique, primeiro passo no trabalho hermético, onde estas energias se opõem, contradizem-se e se unem, provocando uma dialética permanente de equilíbrios e desequilíbrios que conformam a harmonia universal. Esta dinâmica é uma dialética na qual os opostos não se excluem, senão que constantemente confluem na união para poderem se separar.

    11 CABALA

    O modelo da Árvore da Vida, espelho e síntese do homem e do Cosmo, divide-se em 3 colunas ou pilares, conforme a figura a seguir:

  • Esta divisão tradicional em três colunas, está em estreita vinculação com o expressado anteriormente acerca dos Princípios alquímicos. Como se pode observar, uma das colunas é ativa (+) –ou positiva, ou masculina–, e a outra é receptiva (–) –ou passiva, ou feminina–, enquanto a terceira, ou eixo central, eqüidistante de ambas, é neutra e permanentemente as conjuga. À energia ativa corresponde a Coluna da Força, composta, como podemos ver, pelas sefiroth Hokhmah (2), Hesed (4) e Netsah (7). À energia passiva, a Coluna da Forma, que está composta pelas sefiroth Binah (3), Gueburah (5) e Hod (8). A coluna ou pilar central ou axial, constituída pelas sefiroth Kether (1), Tifereth (6), Yesod (9) e Malkhuth (10), é neutra, e perenemente realiza a assimilação dos contrários, dando lugar a novas possibilidades de desenvolvimentos indefinidos. É chamada pilar ou Coluna do Equilíbrio. Esta é a imagem da ordem permanente da Criação, segundo a Cabala.

    12 A TRÍADE

    A forma geométrica do triângulo eqüilátero também pode simbolizar o dito anteriormente sobre a Alquimia e a Árvore Sefirótica, pois toda idéia manifestada pelo símbolo pode ser expressada não só pelas figuras geométricas e pelos números, mas também por um ritmo, um gesto ou um som. Os Princípios Universais, representados pela tríade superior da Árvore, estão sintetizados também pela figura do triângulo eqüilátero, pois ela mostra instantaneamente as energias-força contidas na Idéia, revelando-nos assim seu conhecimento e as indefinidas sugestões a que dá lugar.

    Este triângulo pode igualmente ser transposto aos conceitos de Criação,

  • Conservação e Destruição (ou melhor, Transformação), presentes em todas as cosmogonias tradicionais, por exemplo, na tradição hindu, onde esses Princípios conformam a Trimûrti, manifestada por Brahmâ, Vishnu e Shiva.

    Também no símbolo da roda encontramos uma triunidade1 de conceitos, expressados da seguinte maneira:

    Este mesmo pantáculo (ou "pequeno todo") manifesta, localiza e valida o homem na criação, como intermediário e vínculo das energias cósmicas:

    Referente diretamente à Árvore da Vida, damos este outro diagrama, que de um só golpe de vista nos mostra a irradiação do Princípio no seio da criação, ou seja, a das energias que a Árvore Sefirótica simboliza, adotando o Centro, ou ponto virtual do círculo, como o imanifestado, e a circunferência, ou periferia, como sua manifestação:

    1 N.T. – A palavra “triunidad” em espanhol não tem correspondentes em português. Por este motivo foi traduzida como “triunidade” para que não se perdesse sua significação mais profunda.

    13 MITOLOGIA

  • Os mitos, junto com os símbolos e com os ritos, constituem a trilogia sagrada e reveladora com que os povos arcaicos e as civilizações da Antigüidade expressaram toda sua cultura, seu próprio ser. Se o símbolo representa a "fixação", numa determinada substância, de um Pensamento ou Idéia arquetípica, e o rito não faz senão pôr em movimento através do gesto ritmado e generativo a energia do símbolo, o mito evoca o tempo das origens primordiais e sacras dos povos, bem como as gestas e façanhas dos heróis e deuses civilizadores que os criaram. Na origem de qualquer civilização, religião ou cultura, sempre existe um Ser mítico, um deus feito homem ou um homem transfigurado em deus, que lhes revela as ciências e as artes sagradas. Sendo assim, e segundo nos diz a Tradição Unânime e Universal, o relato mítico é um ensino que transmite, utilizando a linguagem emotiva da poesia, uma história "exemplar", uma história-modelo a ser imitada pelos homens. Neste sentido, diremos que todo relato mítico desperta uma emoção intelectiva que aflora das profundidades mais recônditas de nosso ser, transladando-nos, por seu intermédio, a um tempo onde o profano, linear e sucessivo não existe. O tempo mítico é em verdade um não-tempo, no sentido ao menos em que o computamos de ordinário, o que quer dizer que está ocorrendo sempre, neste mesmo instante, pois na realidade do Ser Universal também existem origens atemporais. Viver o mito é voltar a recuperar a "memória" de nossa origem não-humana (a anamnesis ou reminiscência Platônica) onde tudo é novo e virginal, e a idéia de anterior e posterior fica anulada por um presente sem duração cronológica possível. Utilizando a analogia simbólica, frente ao poder destruidor e dissolvente do tempo horizontal, que vem num fluxo e refluxo perene, o acontecimento mítico possibilita uma ponte vertical que se enlaça com uma ordem de realidade diferente, supra-histórica por sua própria natureza. A mensagem que se desprende dos mitos é, pois, algo relacionado com o processo cosmogônico, com a criação do mundo a partir de um caos primitivo. Em nosso próprio trabalho interno, podemos advertir este processo arquetípico no ordenamento que se vai implantando em nossa confusa psique quando se produz o entendimento das Idéias expressadas pelo ensino da Ciência sagrada, levando-as posteriormente à sua efetivação prática, vivenciando-as e as experimentando na própria cotidianidade. Advirtamos, por último, que as lendas iniciáticas e esotéricas, e num grau menor, os contos e fábulas que pervivem no folclore popular, são outras tantas formas que adota o relato mítico para expressar verdades universais.

    14 NOTA:

    Talvez haja conceitos que por inabituais nosso leitor rejeite. No entanto, insista neles e trate de relacioná-los com outros presentes nesta mesma Introdução. Quiçá em outras ocasiões lhe resulte estranho a linguagem em que se encontram expressados, já que a analogia se representa por imagens e configura uma poética sempre presente. Trate de assimilar e fazer sua esta linguagem própria do discurso da vida, da arte e da magia. Pense na possibilidade de que por meio deste trabalho possa aceder às raízes das coisas e ao seu entendimento cabal, a par que amplia seu panorama interno

  • através de uma atitude de acréscimo, cultivo e superação de suas possibilidades pessoais. Por outra parte, esta atitude, que se refletirá inconscientemente em outros âmbitos de você mesmo, igualmente lhe ajudará a triunfar sobre os momentos em que se apresenta, como uma crua realidade, sua solidão. Ou você se permita sentir compaixão de si mesmo.

    15 HERACLES-HÉRCULES

    Esta figura, protótipo do herói triunfante, do homem que através de uma série de esforços e aventuras consegue "divinizar-se", ou melhor, retornar a suas origens divinas (já que é filho de Zeus-Júpiter), é talvez a mais importante e exemplificadora da Antigüidade greco-latina. Sua simbólica inclui não só os doze famosos trabalhos e provas em que deve realizar as exigências de Hera-Juno, a contraparte feminina de Zeus-Júpiter (este último, símbolo do espírito fecundador), senão igualmente uma série de fabulosas vitórias que correm casadas com suas nutridas fraquezas. Esta oposição entre as energias masculinas, celestes e espirituais, e as femininas, terrestres e materiais, prefiguradas pelo casal olímpico Zeus-Hera (Júpiter-Juno para os romanos), marcará a vida de Heracles-Hércules, nascido humano e que, por meio dos combates purificadores de toda sua existência, é recebido no Olimpo como o filho preferido de seu Pai celestial, em razão do continuado sacrifício mediante o qual não só venceu a inumeráveis inimigos externos, senão que pôde sair vitorioso dos combates internos contra suas indefinidas tendências para a densidade, reflexo de seus inumeráveis egos, antes de aceder ao conhecimento e à paz, emblemas da imortalidade da alma e da vida eterna que finalmente consegue por seu espírito combativo, sublimado pela busca constante do Espírito e da Verdade, através de um percurso limitado por erros, retificações e conquistas. Narrar os trabalhos, façanhas e aventuras deste herói levaria pelo menos um volume. Limitar-nos-emos a dar aos leitores alguns dos elementos da rica simbólica deste personagem mítico, lembrando que todos seus infortúnios e quedas são provocados por Hera, imagem de seus impulsos destruidores e descendentes, já que esta divindade lhe amaldiçoou pelo fato de ser filho de seu esposo Zeus (o espírito ascendente), que lhe foi infiel ao procriar a Heracles fora de seu olímpico casamento, razão pela qual o herói humano deve ser objeto de sua vingança e sua nefasta influência. É importante lembrar que o nome Heracles significa "a glória de Hera". Assinalaremos que todos estes "trabalhos" ou combates têm o discurso de um poema continuado e se referem à purificação do espírito graças à vitória sobre os escuros impulsos "materiais", ou seja, entre a oposição e a complementação do mais sutil e do mais denso. Em suas primeiras ações Heracles domina o javali de Erimanto, vence ao touro de Creta e afoga ao leão de Nemea. Todos estes animais simbolizam as forças vivas das paixões, às quais o herói deve se impor sem as negar, já que as deve enfrentar como obstáculos em seu caminho. Igualmente subjuga a rainha das amazonas, ou seja, a sua parte passiva e escura, um de seus egos inestáveis. Também mata a hidra de Lerna, imagem desses egos serpentinos

  • aos que é quase impossível cortar a cabeça, trabalho que se lhe facilita por ter anteriormente limpado do esterco as cavalariças de Augias. Logo, impor-se-á sobre o gigante Gerião e sobre Anteu e Diomedes, símbolos da bestialidade e do antiespiritual, e pode assim caçar os emissários celestes, os pássaros do lago de Estinfalo, o que lhe permitirá obter vivo ao veado dos pés de bronze, imagem da ligeireza, leveza e rapidez. Finalmente, chega ao jardim das Hespérides, onde obtém o fruto áureo de seus esforços, o que lhe facilita dominar o cachorro-monstro de três cabeças, Cérbero, guardião do Tártaro (como o dragão em outras tradições), último de seus obstáculos no caminho da reintegração ao Si Mesmo.

    fig. 2

    16 CABALA

    A Cabala ensina que as energias percorrem a Árvore da Vida desde a Unidade, Kether, marcada pelo número um, até a manifestação formal e substancial, o mundo e a matéria tal qual os conhecemos e os percebem os sentidos. Estes fluxos de energias, ou vibrações, quase imperceptíveis, são chamados emanações, e conformam qualquer manifestação, seja qual for o gênero, a espécie, forma, o tipo ou a dimensão em que ela se expresse. As energias das sefiroth –todas elas invisíveis, menos Malkhuth, síntese e recipiente de toda a Árvore– realizam um caminho descendente sucessivo desde a unidade (1), Kether, até a década, a Terra, ou o Mundo, Malkhuth (10), que é um reflexo invertido de Kether (10=1+0=1). As demais sefiroth, ou numerações, são tomadas como intermediárias entre a imanifestação e a manifestação. E se as considera como os distintos aspectos, ou atributos, de uma só e mesma energia, tal qual as formas que tomasse um fio de água ao baixar da montanha (manancial, ribeiro, remanso, cascata, afluente, rio, etc.) até chegar ao mar.

  • 17 ETIMOLÓGICAS

    Um tema de interesse, e que amplia nosso campo investigativo, é o da etimologia das palavras. As origens culturais são sagradas, já que um deus ou uma deusa patrocina e revela sempre as artes, as ciências, as indústrias, a organização, etc., e isto é unânime para todos os povos. Também a linguagem foi ensinada aos homens num tempo mítico. Por isso, ao homem foi dada a potestade de nomear, ou seja, de recriar, já que os nomes, para a Cabala e o esoterismo em geral, designam a essência das coisas; e esta potestade do Verbo se encontra implícita em toda linguagem. Isto quer dizer que não há dissimilitude entre a coisa e seu nome, já que este significa a realidade da coisa, a energia que esta representa e que o nome confirma e revela. Não é, pois, a língua uma convenção, nem as palavras jogos artificiais ou primitivos balbucios, que manifestam exclusivamente necessidades "físicas" ou utilitárias. As origens das palavras são importantíssimas e iluminadoras, pois as raízes de onde provêm, bem como os diferentes sentidos que elas têm, ou podem ter, e as relações a que estas analogias nos levam, configuram um estudo revelador acerca dos conceitos de onde elas derivam, que por seu uso profano se desgastaram e perderam assim seu imenso valor evocador e anímico, até se fazerem consumíveis e insignificantes. Um simples dicionário que traga a etimologia das palavras é tudo o que precisamos para começar nossa busca de raízes e origens, que nos proporcionará mais de uma bela e agradável surpresa. Também, e em outro sentido, averiguar o significado de nosso nome profano, o porque o levamos, e a biografia daquele ou daqueles que se chamaram com o mesmo símbolo apelativo. Por outra parte, na vida cotidiana há concatenações de palavras relacionadas com a Astrologia, a Alquimia, a Cabala, a Magia, a Metafísica, etc. Os dias da semana constituem um exemplo evidente: Segunda-feira (lunes) = Lua, Terça-feira (martes) = Marte, Quarta-feira (miércoles) = Mercúrio, Quinta-feira (jueves) = Júpiter, Sexta-feira (viernes) = Vênus,

  • Sábado = Saturno, Domingo = Sol (em inglês Sunday) (*). (*) N.T.: Os nomes dos dias da semana, em espanhol, fazem a evocação referida pelo Autor. Tal característica, contudo, se perde na tradução em português. Contudo, entre parênteses, foram mantidos os nomes em espanhol para a devida comparação.

    18 CABALA

    O modelo da Árvore da Vida Sefirótica ordena de maneira prototípica as forças verdadeiras que constantemente produzem o fato criacional, ou seja, o descenso das emanações espirituais que conformarão posteriormente aquilo que vulgarmente chamamos matéria, ou plano físico, ou hylico. Portanto, graças à familiarização com estas energias, ou seja, com sua apreensão, pode se tecer o sentido analógico de vibrações e correspondências que mantêm, entre si, ligado o Universo em seus aspectos visíveis e invisíveis, materiais ou imateriais, com o propósito de ascender a outros planos de identificação com o Ser Universal por meio dos veículos Herméticos e da doutrina tradicional. Na continuidade, oferecemos outras correspondências astrológicas e alquímicas do diagrama. Também incluímos nele o En Sof (Sem Fim), que se acha acima de Kether, simbolizando o Não-Ser, o autenticamente metafísico e supra-cósmico, inclusive o não manifestado nem sequer como Princípio.

  • Com o objetivo de ir "carregando" às esferas da Árvore da Vida com idéias que sirvam de suporte à meditação e promovam a realização, queremos adicionar alguns elementos referentes a suas relações astrológicas, que nos ajudarão a compreendê-los melhor. Elas estão vinculadas com as nove esferas da Cosmogonia tradicional, sete delas correspondentes aos planetas. En Sof, o Não-Ser, assimilado pelos cabalistas muitas vezes ao Nada supra-essencial, ou seja, à Vacuidade, encontra-se além do firmamento, e a ele se chega atravessando Kether, a quem se pode atribuir o simbolismo da estrela polar, como Porta dos Deuses, verdadeira pedra filosofal da qual pende o prumo do Arquiteto do Universo. Este astro reina no empíreo, lugar do fogo puro e eterno, lugar do céu em que os arcanjos, anjos e bem-aventurados gozam da presença perene da Suprema Deidade, pois nele converge o eixo central, sendo as estrelas fixas e incorruptíveis assimiladas a Hokhmah. A Binah se lhe relaciona com Saturno ou Cronos, o Tempo Vivo e sempre presente, que devorando seus filhos, a criação inteira, regenera-a perenemente e faz possível que os seres manifestados regressem a sua imanifestada morada eterna, sendo este o pai de Zeus ou Júpiter –Rei do Olimpo– que como Hesed governa e legisla a Criação inteira. Gueburah, o rigoroso destruidor, é assimilado a Marte, deus guerreiro. E Tifereth, a Beleza divina, Centro dos Centros, relaciona-se claramente com o Sol, doador da vida, luz e calor, através do qual acedemos àqueles mundos superiores. Os três planetas interiores, que se encontram, com relação à Terra, mais próximos do que o Sol, e cujos ciclos são mais rápidos, são colocados no mundo de Yetsirah, e se relacionam com as esferas deste plano. Netsah, como já sabemos, corresponde a Vênus, deusa do Amor, amante de Marte, a quem "desarma" pelo delírio passional. Ela, como as Musas e as Graças, é inspiradora dos artistas, e dá a vitória aos que a compreendem, sendo então emissária da beleza e da união. Hod é relacionado com Hermes-Mercúrio, o rápido mensageiro alado dos deuses, que distribui na Terra seus ensinos e sinais. É representado com asas nos pés, que se referem a sua velocidade e a sua relação com o que voa. E, por isso mesmo, com o símbolo do Caduceu, as duas serpentes que ascendem pelo eixo vertical, que têm um par de asas que nos indicam seu aspecto volátil. Este último passou a ser o símbolo da medicina, pois como dissemos Hermes-Mercúrio –e os deuses, anjos e espíritos que se lhe relacionam– foi sempre considerado como um médico de corpos e almas, o curandeiro divino, promotor dos ritos e da morte iniciática, graças à qual recuperamos a saúde. Finalmente, a Yesod se lhe relaciona a Lua, a rainha da noite que, unanimemente, foi vinculada com a mãe celeste, a ilusão das formas as águas inferiores e os mares –bem como com todos os líquidos– e sobretudo com a fecundação e a fertilidade que se concretiza na Terra.

    19 EXERCÍCIO PRÁTICO:

  • Desenhe uma Árvore Sefirótica. Carregue-a com concentração e paciência, ou seja, trabalhe-a utilizando os conhecimentos e energias rudimentares que obteve até agora. É oportuno dizer que os símbolos "despertam" quando se os começa a invocar, e que as energias latentes neles começam a se revelar em nós na medida em que estamos construindo uma via entre nosso ser e as realidades que eles expressam. Por outra parte o símbolo, como expressão da Idéia arquetípica, tem uma realidade própria, revelada àqueles que puderam compreendê-lo, que por sua vez carregam a este símbolo com a própria vivência. A vivificação do símbolo tem também uma leitura terapêutica em cada um dos níveis em que se expressa: físico, psíquico e intelectual-espiritual.

    20 ASTROLOGIA

    Vêem-se aqui algumas características a respeito dos sete planetas que, como já vimos, articulam-se perfeitamente no diagrama cabalístico:

    SATURNO: Saturno é o planeta mais afastado da terra, mas também o mais elevado. Na astronomia judiciária (Astrologia) costuma-se vê-lo como lento (efetivamente o é) e pesado (a Alquimia o equipara ao chumbo) e, portanto, é associado à velhice em seus aspectos negativos, em oposição com a agilidade e ductibilidade de mercúrio. No entanto, e pese que as vibrações deste astro são percebidas psicologicamente como um estado de melancolia e desassossego espiritual, é o preâmbulo de realizações profundas, ligadas ao que está mais além, ao mais elevado, misterioso e oculto. A experiência e a inteligência são alguns de seus atributos que devemos relacionar igualmente com a velhice, e inclusive com a Antigüidade. Todos os planetas têm um aspecto maléfico e outro benéfico, tal como cada uma das sefiroth: uma metade luminosa que olha para Kether, e outra escura que olha para Malkhuth. JÚPITER: Entidade benéfica e generosa; Pai dos deuses e filho de Saturno, esta precedência nos está dando não só a idéia de energias que se estabelecem hierarquicamente, senão também a de uma ordem invariável. Alimenta constantemente a fogueira da vida, e seus eflúvios regeneradores procriam continuamente novos seres, idéias e coisas, sem mais limitações do que o exercício que às vezes provê com sua arma: o raio. MARTE: Marte destrói no palco do Mundo tudo o que já é inútil e desnecessário, ainda que a simples vista não seja sempre claro seu papel regenerador. Deus da guerra, imprescindível para uma perpétua renovação universal, sua influência pode advertir-se não só nas lutas humanas senão igualmente nas perpétuas batalhas macrocósmicas. SOL: É o intermediário direto entre o imanifestado e a manifestação. Sua energia, extraída do mais oculto das possibilidades do céu, é projetada sobre o plano da criação, produzindo todas as coisas manifestadas, das quais é o

  • Pai a nível criacional, incluído o homem. Sua energia radiante e sua localização central são imprescindíveis para a vida, à qual sela e conforma.

    VÊNUS: Conhecida deusa do Amor, encarrega-se nada menos que unir aos fragmentos dispersos do ser e do universo. Em seu aspecto mais alto se relaciona com os mistérios espirituais e místicos do amor, e o coito com os deuses. Seu aspecto mais baixo se acha em relação com a personalidade e se expressa pela posse do outro e a energia genital. MERCÚRIO: Emissário dos deuses, suas energias são assimiladas pelos mortais como revelações que sua versatilidade imprime na inteligência. É, portanto, um iniciador e sua rapidez mental –prata viva– permite-lhe valorações intuitivas imediatas, que às vezes podem nos complicar; lembre-se que, por isso mesmo, é o númen de charlatões, comerciantes, e inclusive ladrões. LUA: Astro evidente e noturno, está relacionado com a Terra –da qual ela é uma imagem celeste–, com a fecundação e com a potência essencial dos eflúvios vitais. Sua identificação com as águas e com a obscuridade resultam singelas de compreender. Preside a noite, e sua débil luz, e a periodicidade de seus ciclos, anunciam-nos a presença de outras realidades ocultas, mais além dos fenômenos psíquicos que constituem seu reinado. TERRA: Nela amadurecem as energias dos astros que concretizam a "matéria" do mundo. Portanto, é símbolo da densidade e da atração da gravidade para “baixo”. Em seu seio bulem energias análogas às das estrelas e em sua cratera se cozinham as coisas mais evidentemente substanciais..

    21 ALQUIMIA

    Os 4 Elementos - É conhecida a divisão em quatro elementos que a Antigüidade greco-romana estabeleceu em suas cosmogonias. Como nossos leitores sabem eles são Fogo, Ar, Água e Terra, e se encontram presentes em tal ou qual proporção em tudo aquilo que consideramos como matéria. Aliás, estes elementos formam uma corrente, ou série sucessiva, já que o Fogo se equipara ao princípio vital que o Ar transporta e a Água difunde, até se concretizar na Terra. Há, por isso mesmo, distintas relações entre estes elementos, a ponto de que a série pode alterar sua ordem, inclusive invertê-la. E assim vemos que a Terra, equiparada ao sólido (gelo) pode se liquidificar, para logo se evaporar e transformar-se em Ar (hálito vital) emanado diretamente do Fogo (elemento radiante), verdadeiro agente criacional, mediante sua dupla manifestação: luz e calor. Deve-se apontar que estes elementos encontram em sua ronda um denominador comum ao qual se referem e que é a sua essência, da qual dependem. Esse elemento misterioso do qual os princípios radiante, aéreo, fluídico e compacto dependem –já que é sua origem perpétua–, e que por sua vez os sintetiza, é chamado pelos alquimistas quintessência. Aliás, o Fogo é seu primeiro

  • representante, já que toda ação cozinhada no Atanor ou cratera, tanto do macro como do microcosmo, precisa de sua participação, capaz de gerar e também de destruir, às vezes completamente. Pelo que um uso atinado e, sobretudo, regulado deste elemento é imprescindível em qualquer operação alquímica, já que todas elas, divididas em dois grandes temas, dissolver e coagular, efetuam-se a partir da quantidade de fogo (luz e calor) utilizada ou não em diferentes procedimentos transmutatórios. Deve-se acentuar que estes "elementos" aos quais nos referimos não são estritamente materiais, senão símbolos de Princípios Universais e não substâncias concretas tomadas em sentido literal. Devemos esclarecer que isto também é válido para os sete metais, identificados com os sete planetas astrológicos, com os quais a Alquimia trabalha, já que tanto o ferro como o mercúrio, etc., excedem os limites de sua designação com relação ao que ordinariamente se entende por estas nomenclaturas.

    Também se costuma combinar amiúde os três princípios alquímicos, Enxofre, Mercúrio e Sal, com os quatro elementos, e de diversa forma. Em Aritmosofia isto se expressa assim: 3 + 4 = 7; 3 x 4 = 12. Resulta óbvio que esta formulação está ligada à simbologia astrológica e, portanto, também a ritmos e ciclos que da mesma forma obedecem a Princípios Universais.

    22 CABALA

    Quando nas diversas tradições se fala de deuses, nomes divinos, arcanjos e anjos, em realidade se está fazendo referência a determinadas energias intermediárias que, de modo escalonado, situam-se entre a Unidade Suprema, verdadeiramente imanifestada, e a variedade indefinida de suas manifestações fenomênicas. Na Cabala, estas energias, ou atributos divinos como já vimos, são as sefiroth, cujo desenvolvimento constitui o que se costuma chamar de “Doutrina das Emanações”. Como sabemos, as sefiroth percorrem a Árvore da Vida de cima para baixo, do mais sutil ao mais denso e grosseiro, conformando a própria estrutura do Cosmo, dividida em quatro planos ou níveis hierarquizados, que o homem pode vivenciar em si mesmo através de sua realidade física, psicológica e espiritual. Estes quatro planos começam com o mais alto, Olam Ha Atsiluth, que significa Mundo das Emanações, e a ele pertencem as sefiroth Kether (1), Hokhmah (2) e Binah (3). Esta triunidade de princípios compreende às realidades ontológicas, referidas ao conhecimento do Ser Universal, precedendo, portanto, à manifestação e progressiva solidificação de todas as coisas. As energias mais invisíveis e profundas emanam desta tríade suprema, que começa a se manifestar a partir do Mundo da Criação, Olam Ha Beriyah, constituído pelas sefiroth Hesed (4), Gueburah (5) e Tifereth (6). Como seu próprio nome indica, neste Mundo são geradas as primeiras formas criacionais em seu aspecto mais sutil e informal, manifestadas através

  • do Mundo das Formações, Olam Ha Yetsirah, constituído por sua vez pelas sefiroth Netsah (7), Hod (8) e Yesod (9). Esse processo de emanação finaliza no Mundo da Concreção Material, Olam Ha Asiyah, constituído só pela sefirah Malkhuth (10), que de toda a Árvore é a única visível e perceptível aos sentidos, sendo a partir dela que começa nosso processo ascendente de retorno à Unidade. Na continuação, vê-se a Árvore Sefirótica dividida nos quatro mundos cabalísticos, relacionados igualmente com os elementos alquímicos recentemente tratados:

    Estes quatro mundos, planos ou níveis, podem igualmente ser considerados como três, já que Beriyah (Mundo ou Plano da Criação) e Yetsirah (Mundo ou Plano das Formações) podem ser tomados como um só. Beriyah corresponderia ao que a Antigüidade denominou “Águas Superiores”, e Yetsirah às “Águas Inferiores”, que estão separadas –e unidas– pela “superfície das águas”, tal e qual aparece no gráfico. As primeiras se vinculam com o elemento ar e são consideradas como constitutivas da abóbada celeste, e as segundas com o elemento água, conformando os rios e os oceanos, unidas ambas na linha do horizonte. Estes dois planos podem ser tomados como um único nível e correspondem à intermediação entre o primeiro (Atsiluth) e o último (Asiyah). É neles onde se realiza todo o trabalho interno e hermético. Por isso mesmo, estas seis sefiroth chamadas em Cabala de "construção cósmica", correspondem-se no ser humano com seu psiquismo superior (Beriyah) e o inferior (Yetsirah). Desta forma, deve se ter presente que em cada plano há uma Árvore Sefirótica completa: uma no mundo de Asiyah, outra no de Yetsirah, outra mais em Beriyah, e finalmente outra no de Atsiluth. Nossa visão da Árvore Cabalística adquire então tridimensionalidade, ou seja: podemos visualizá-la (sem que por isso perca sua unidade essencial) em quatro níveis de leitura, que estão em todas as coisas, inclusive em nós mesmos. Também os textos sagrados e revelados de todas as tradições admitem ser lidos desta maneira. Ditos níveis são, pois, graus hierarquizados de conhecimento. Por agora,

  • trabalharemos com a Árvore no nível de Asiyah, ou seja, da sefirah Malkhuth, o plano físico e da concreção material, que é o do homem condicionado por suas identificações egóticas e de seus sentidos, e daí, invocando Kether, ascenderemos gradualmente por distintos mundos, do mais grosseiro ao mais sutil, da casca ao núcleo, o que nos permitirá conhecer outros estados de nossa consciência, que desta maneira vai se universalizando, até sua plena identificação com o Ser, o Adam Kadmon ou Adão Primordial. Nota: É de rigor, e como exercício importante, aprender e memorizar estes nomes em hebraico e português, bem como a disposição das sefiroth que constituem a Árvore. Desenhe este diagrama várias vezes sobre o papel e trate de reter uma imagem clara do mesmo.

    23 A INICIAÇÃO

    A Iniciação nos Mistérios supõe uma completa transmutação que terá de se operar gradualmente no adepto, em diversos níveis, durante o caminho para o conhecimento de si mesmo; é uma via gradual na qual se conhecerão, pouco a pouco, os distintos estados do ser. O termo "iniciação", derivado do latim initium, significa "começo" e também "entrada". Por um lado, supõe o início de um processo de conhecimento da realidade Metafísica e, por outro, o ingresso num caminho verdadeiramente espiritual que terá de conduzir a uma real "deificação" daquele que o possa empreender e continuá-lo até o fim. O iniciado deverá morrer para o mundo profano e ilusório e perder a falsa identidade com seus aspectos puramente individuais, passageiros e mortais, e simultaneamente ressuscitará para um mundo sagrado e verdadeiro que lhe identificará melhor com o real e imutável, com aquela essência pura e imortal que constitui seu verdadeiro Ser. Este percurso supõe uma viagem interior, e irá acompanhado do conhecimento de outros mundos que estão aqui e agora, mas que a mente ordinária nem sequer pode imaginar. Para que a Iniciação ocorra, será necessário que o adepto permita que os símbolos e ritos sagrados, proporcionados pela doutrina da Tradição Unânime, penetrem em seu interior e operem essa transformação integral, que terá que se produzir quando estes instrumentos despertadores da consciência ordenem a inteligência e toquem as fibras mais sutis e imperceptíveis que se conectam com as verdades eternas. Ela comporta um desenrolar de potencialidades ocultas e misteriosas, que jazem em nossa própria interioridade, e um desenvolvimento das possibilidades verdadeiramente espirituais, que no estado ordinário se encontram adormecidas. O estudo dos códigos simbólicos tradicionais –como aqueles que são proporcionados por nosso Programa–, bem como a meditação e a concentração –e a prática dos rituais iniciáticos–, serão veículos adequados para que esta transmutação e despertar da consciência sejam produzidos e se substituam progressivamente os apegos e as falsas identificações por aquilo

  • que se denomina a Suprema Identidade. Este processo, simbolizado claramente pela transmutação dos metais que propõe a Alquimia, bem como pelas diversas etapas contempladas no simbolismo construtivo, supõe duas fases: a primeira delas é chamada iniciação virtual e vai desde o começo da Obra até a consecução do estado de "homem verdadeiro", passando por diversos graus que suporão a superação de provas que terão de determinar se o candidato está qualificado; a segunda –chamada Iniciação real ou efetiva– supõe o conhecimento e a experimentação de estados supra-humanos e atingir o estado de “homem transcendente". O candidato à Iniciação é como uma semente que, contendo todas as possibilidades de desenvolvimento e procriação, não as poderá plasmar enquanto não penetrar o interior da terra –a caverna iniciática–, descendo aos infernos e morrer, para nascer de novo. É por isso que o recém iniciado é chamado "neófito", ou planta nova (neo = nova; fito = planta), pois já venceu a primeira morte e está pronto para empreender seu desenvolvimento vertical e ascendente. Esta morte comporta uma completa dissolução dos estados anteriores, que deverá ser repetida cíclica e gradualmente –em diversos níveis cada vez mais sutis e elevados– durante o curso do processo iniciático, até que renasça o homem novo, o homem verdadeiro, totalmente regenerado, que terá desenvolvido o leque de suas possibilidades humanas e estará pronto para transcender aos estados supra-individuais e recobrar seu verdadeiro Ser. Terá assim retornado ao estado virginal das origens, à pátria celeste. Não queremos terminar sem dizer algo muito importante para se ter em conta no processo iniciático ou de conhecimento: o de não confundir o plano psicológico com o espiritual, erro que é muito freqüente hoje em dia. Isto acontece porque o espiritual foi negado ao se fazer uma diferença cortante entre alma e corpo, outorgando-se-lhe então a tudo o que não é material, ou corporal, uma categoria espiritual, ou pseudo-espiritual.

    24 A ANALOGIA

    O Selo Salomônico. A realidade, sendo una e universal, apresenta-se, no entanto, a nossos olhos como múltipla e fragmentária, particular, efêmera e limitada. Esta visão de "superfície" implica, aliás, numa dualidade que convém resolver, já que como tal não poderia realmente subsistir, estando em si mesma dividida. As analogias e correspondências simbólicas são os laços que permitem articular, dentro de uma mesma esfera inteligível, duas realidades, estados ou mundos aparentemente díspares e inconexos. A conhecida figura do Selo Salomônico, ou Estrela de David, sintetiza esotericamente esta realidade, o desenrolar integral do Cosmo através da cópula indissolúvel dos dois aspectos polarizados e complementares de uma mesma entidade Universal. A projeção triangular dos princípios universais do Ser (triângulo superior) no "espelho das águas" ou substância universal

  • (triângulo inferior) produz a "reflexão cósmica" de todas suas possibilidades existenciais, o mundo em sua indefinida variedade e continuidade.

    No caso do símbolo da cruz, a oposição dos dois triângulos que, no fundo, é uma complementação onde se resolvem as contradições, produz-se de duas em duas, dando lugar às leis da simetria no homem e no Cosmo.

    As inter-relações dos símbolos entre si promovem processos mentais, nos que se geram códigos para a comunicação, vale dizer para a recepção e transmissão de mensagens, dando lugar ao discurso do mundo e do homem. Assinalaremos também que o Selo Salomônico se encontra presente em tradições tanto do Oriente como do Ocidente, e na Tradição Hermética é um dos símbolos que melhor grafam a conhecida sentença da “Tábua de Esmeralda”, fundamento das leis da analogia e das correspondências: "o que está acima é como o que está abaixo, o que está abaixo é como o que está acima". Deve-se ter em conta, ainda, uma preeminência hierárquica do de cima (o Céu) com respeito ao de baixo (a Terra), pois como dissemos, o triângulo inferior (invertido) é um reflexo do triângulo superior (direito). Cabalisticamente o valor numérico deste símbolo é 6 (3 + 3), o que o põe em relação com a sefirah Tifereth que, como sabemos, constitui o coração e o centro da Árvore da Vida, pois nela confluem, entrelaçam-se e se equilibram as energias das sefiroth restantes. Por isso, também é considerado um símbolo da harmonia e da síntese, que se fazem presentes em nosso interior quando nos abrimos às verdades eternas e nos deixamos fecundar por elas. Lembraremos, neste sentido, que o triângulo invertido deste "Selo" é precisamente um dos símbolos do coração e da copa, recipiendários dos eflúvios celestes.

    25 ALQUIMIA

    Já dissemos que toda a transmutação alquímica, seja material, psicológica ou espiritual, é produzida pelo fogo. Quem aspira ao Conhecimento tem de saber que seu fogo interior –a sede pela Verdade e seu amor a ela– tem que ser constante e contínuo, ou seja, que não se acenda tanto que por sua causa

  • arda e se perca nosso ânimo, e também que não diminua a ponto de se apagar. É o delicado jogo dos equilíbrios de que falavam os alquimistas medievais e renascentistas, os quais também aconselhavam que em todas as operações deviam prevalecer as virtudes da paciência e da perseverança. Na manutenção desse fogo e no controle natural de sua potência, radicam os princípios fundamentais da Alquimia. Não obstante, para harmonizar essas energias é imprescindível conhece-las e experimentá-las, sem negá-las nem dá-las por supostas. Muito pouco sabe o homem ordinário do conhecimento de outras realidades e de si mesmo, mesmo no mais elementar. Considera que sua "personalidade" (quer dizer, seus egos, fobias e manias) é sua verdadeira identidade, sem perceber que extraiu esses condicionamentos do meio, de modo imitativo, carente de significado e de transcendência. A Ciência Sagrada representa uma guia e um caminho que existe para canalizar nosso processo para o Conhecimento. O aprendiz alquimista tem de compreender que a mente condicionada não pode consigo mesma, e que é necessário reconhecer nossa ignorância, que muitas vezes não é senão afeição a descrições da realidade puramente ilusórias, por meio das quais organizamos nossa existência. A Doutrina Tradicional constitui uma garantia neste sentido, pois facilita e concentra a manutenção desse fogo interno através do entendimento gradual que em nossa aprendizagem vamos obtendo de seus ensinos.

    26 A ÁRVORE DA VIDA

    Queremos aqui insistir sobre o mandala da Árvore Sefirótica com a qual trabalhamos. Sugere-se efetuar ritualmente a construção de uma nova árvore por sua mão e carregar nela todos os elementos que foram mencionados até o momento. Igualmente tem que se buscar memorizar os nomes, sua tradução, as equivalências entre distintas disciplinas, e se exercitar nelas. Tome lápis e papel e se concentre neste trabalho. Pode também levá-lo ao t