174323 argilas moles: um problema para a engenharia … · 2016. 12. 15. · instituto de pesquisas...
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COMUNICAÇÃO TÉCNICA ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
174323
Argilas moles: um problema para a engenharia geotécnica
José Maria de Camargo Barros
Palestra apresentada na Semana das Engenharias, 4., 2016, Sorocaba .
A série “Comunicação Técnica” compreende trabalhos elaborados por técnicos do IPT, apresentados em eventos, publicados em revistas especializadas ou quando seu conteúdo apresentar relevância pública. ___________________________________________________________________________________________________
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SOLOS MOLES
•Processo de deposição: fluvial ou marinha.
•Solos sedimentares argilosos, de deposição recente, saturados, com
valores de SPT 4 e coesão não drenada 25kPa
•Encontrados em região litorânea, manguezais, estuários, vales,
várzeas
•Espessura dos depósitos: de 1 a 7 m (aluvião fluvial) ou até 70 m
(solos marinhos).
•Elevada compressibilidade (recalques significativos) e muita baixa
resistência.
•Frequentemente impregnados de húmus cor escura, cheiro
característico.
argila mole Hi
RECALQUES EM ARGILAS MOLES POR CARREGAMENTO APLICADO NA SUPERFÍCIE
aterro
argila mole argila mole argila mole
aterro
Hf
argila mole Hi Hi argila mole
peso da areia empuxo
peso da areia
RECALQUES EM ARGILAS MOLES POR REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
peso efetivo: peso areia - empuxo (carga aumenta)
EVOLUÇÃO DOS RECALQUES COM O TEMPO
A camada de argila mole, abaixo do N.A. está “saturada”. Todos os vazios entre
as partículas de argila estão preenchidos de água
O recalque ocorre porque com a aplicação do carregamento parte da
água é expulsa dos vazios.
tempo
recalq
ue
A ocorrência dos recalques não é instantânea; demanda bastante tempo para
ocorrer.
Em razão da muito baixa permeabilidade da argila, o escoamento da água
e também o recalque demanda tempo.
CIDADE DO MÉXICO
•Bombeamento de água do aquífero
subjacente à argila (para consumo)
rebaixou o lençol freático da cidade.
•Velocidade de recalque no centro da cidade:
•de1900 to 1920: 3 cm/ano;
•Década de 50: 26 cm/ano
•Situação atual:
• 2/3 do suprimento de água da cidade provém do aquífero
•10 cm/ ano;
•próximo dos poços mais novos: 30 cm/ ano
•Construída pelos astecas sobre um antigo lago.
•Os espanhóis drenaram o lago e construíram a cidade em seu lugar
(séc. XVI).
•Recalque total nos últimos 100 anos: de 8 a 10 m em algumas
áreas.
•Espessura de até 50m de argila orgânica
Amsterdam • Construída num pântano (11 m de
turfa)
• Construções apoiadas em estacas de
madeira (12 a 20 m de comprimento/
10 milhões)
• Causas • Reformas ou adição de um andar
extra provocam desequilibrio de
cargas
• Sótãos das casas: armazenagem de
mercadorias
• Mercadorias içadas da rua (fachada
inclinada).
• Longos períodos de tempo seco -
apodrecimento das estacas.
Segundo Burland, J.B.; Jamiolkowski,M. e Viggiani, C.. 2003, Stabilization of the Leaning Tower of Pisa.
Torre de Pisa
Os engenheiros que estabilizaram a torre
Michele Jamiolkowski
John Burland
Carlo Viggiani
Roma – Torre das Milícias Torre Torta de Burano (Itália)
Torre inclinada de Nevyansk – Rússia
Torre da Igreja de Bad Frankenhausen –
Alemanha
Outras torres inclinadas
Roma – Torre das Milícias Torre Torta de Burano (Itália)
Torre inclinada de Nevyansk – Rússia
Huqiu Tower – China
Torre de Suurhusen, Alemanha Huqiu Tower – China
Torre inclinada de Bedum – Holanda Torres de Bolonha
Outras torres inclinadas
O CASO DE SANTOS
Dois ciclos de sedimentação no Quaternário:
•Pleistoceno (120mil anos) – argilas transicionais (AT). Há 15 mil anos (última
glaciação), o N.M. abaixou 130m, com intenso processo erosivo.
•Holoceno (6 mil anos) – Sedimentos Flúvio Lagunares e de Baías (SFL)
24/11/2016
Perfil
típico
Prof. (m) Solo Propriedades
10
Areia fina
25
Argila marinha mole, sedimento quaternário
NSPT = 0 ~ 3 WL = 85 ~100 PI = 50 ~65 GS = 2,66 kN/m
3
CV = 2 ~ 6 x 10-3
cm2/s
C= 3 ~ 6 %
30 Areia fina
40
Argila marinha mole sobreadensada
52
Areia fina
Solo residual
O CASO DE SANTOS
• De 1946 a 1975:
• Inviável técnica e economicamente a execução de fundações
profundas. (estacas pré-moldadas de concreto até 14m, estacas
Franki, tubulões até 14m)
• construção de algumas centenas de edifícios de grande porte em
fundações diretas apoiadas entre 1,50 e 3 m de profundidade (topo
rochoso encontrado somente acima dos 50 m de profundidade).
• Na década de 60, acentuou-se o crescimento imobiliário. Mesmo
quanto se contou com recursos técnicos para a execução de
estacas com profundidades superiores a 30m, os empreendedores
imobiliários julgavam seu uso inviável economicamente.
• Recalques eram entre 40 cm a 1,20m
• Em 1952, já se tinha pleno conhecimento dos problemas.
Recomendava-se no máximo 10 pavimentos mas face as pressões
do mercado imobiliário o número foi levado para 18.
• Surgimento dos desaprumos: • construção simultânea de edificios vizinhos
• construção de um edificio ao lado de outro mais antigo
• Forma da área carregada (T ou L eram as mais problemáticas)
• Blocos com edificios com diferentes alturas
24/11/2016
Sem problemas quando o edifício A estava só...
Argila marinha
A
Caso dos Edifícios em Santos
Camada indeslocável
Camada areia
Superfície do terreno
12
Camada de argila marinha
mole
Em 1986
Prédios com
mais de 12
andares só com
fundação
profunda
Caso dos Edifícios em Santos
.
• 17 andares
• Inclinação: 2,10 m de diferença entre
a sua base e o topo.
• Primeiros sinais de recalques: 1967
• Primeira tentativa de estabilização:
1978 (estacas raiz no lado mais
adensado), que impediram recalques
por cerca de três meses. Porém, após
esse período, as inclinações voltaram.
Caso do Edifício Núncio Malzoni
350
300
250
200
150
100
50
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
Tempo (dias)
PR-A1
PR-A2
Medidas de recalques - Condomínio Núncio Malzoni
Caso do Edifício Núncio Malzoni
.
• 1995: laudo do IPT aponta gravidade do problema.
• Segurança comprometida se a inclinação atingisse 2,2m.
• De 1998 a 2001:
• Implantação oito estacões em cada lado do edifício, com diâmetros entre
1,00 m e 1,40 m. Estacas com comprimento de 57 m em média.
• Execução de oito vigas de transição para receber os esforços dos pilares e
transmitir às novas fundações.
• Instalação de14 macacos hidráulicos entre as vigas de transição e os
blocos das novas fundações, que sustentaram todo o peso do prédio e
proporcionaram o levantamento do lado mais adensado do edifício e seu
posterior reaprumo. O macaqueamento durou quase três meses .
• Levantamento de 45 cm na fachada lateral esquerda e 25 cm na fachada
posterior, pois o prédio também havia inclinado para trás.
Caso do Edifício Núncio Malzoni
Edificação Torre de Pisa Ed. Núncio Malzoni Bloco A
Construção 9/8/1153 1967
Andares 8 17
Altura 58,5 m 57 m
Peso da estrutura 14,5 t 6,3 t
Inclinação
5,5 graus
2,2 graus
Desalinhamento
4,5 m
2,1 m
Aumento médio do desaprumo
1,2 mm ao ano
1,3 mm ao mês
Diferença entre recalques
1,89 m 0,45 m
Custo da recuperação US$ 25 milhões R$ 1,5 milhão
Recuperação 1997-2001 1995-2000