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O Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, congratulou-se com a assinatura de um acordo entre a Administração de Transição das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET) e o Governo da Indonésia para cooper- ação em questões legais, judiciais e de direitos humanos. Uma declaração emitida em Roma, a 6 de Abril, pelo porta-voz do Sr. Annan afirmou que o acordo iria facilitar o trabalho conjunto das Nações Unidas e Indonésia nas investigações e apresentação em tribunal dos respon- sáveis pela violência, no ano passado, em Timor Leste. “O Secretário-Geral deseja expressar o seu reconhecimento ao Presidente Abdurrahmann Wahid e ao Procurador-Geral Marzuki Darusman por terem dado este passo importante para cumprir a sua obrigação de fazerem justiça em relação aos crimes cometidos em Timor Leste”, dizia a declaração. De acordo com o Protocolo de Acordo, que foi assinado no primeiro aniversário da data de um dos piores massacres perpetrados pelas milícias em Timor Leste, tanto a Indonésia como a UNTAET se comprometeram a apresentar os detidos para que testemunhem ou colaborem nas investi- gações, a assegurar que serão cumpridos os mandados judiciais e a realizar detenções, buscas e apreensões. As duas partes acordaram também em facilitar as transferências de pes- soas de uma jurisdição para outra, permitir que peritos médico-legais par- ticipem nas exumações, garantir que os representantes das duas autoridades possam participar nos procedimentos legais e fornecer informações, provas e documentos relevantes. Num encontro com a imprensa, a 7 de Abril, na sequência do anúncio do acordo, o chefe da Divisão de Assuntos Políticos da UNTAET, Embaixador Peter Galbraith, afirmou que o documento “excede as expectativas da UNTAET em termos do nível de cooperação que prevê”. O acordo põe em vigor um mecanismo amplo que permite que a infor- mação seja partilhada e salvaguardada para servir de base a procedimentos criminais, na Indonésia, contra os responsáveis pelos crimes do ano transac- to, afirmou o Embaixador Galbraith. 17 - 30 Abril 2000 Vol. I, No. 5 Tais Timor é um serviço de informação da Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET) Massacre de Liquiçá recordado No primeiro aniversário do pior massacre perpetrado pelas milí- cias em Timor Leste, foi celebrada uma missa fúnebre em Liquiçá. A 6 de Abril de 1999, membros da milícia Besi Merah Puti (BMP) cercaram o recinto da igreja, para onde tinham fugido 1000 pessoas em busca de refúgio após ataques anteriores. Os membros da milícia atacaram famílias inteiras com armas de fogo, machetes e facas. O número preciso de pessoas mortas continua por determinar, embora a Igreja católica tenha fornecido uma lista de 61 nomes. Os relatos de testemunhas oculares situam esse número perto de 200. Até agora, foram exumados 23 corpos. O Secretário - Geral Annan saúda o acordo sobre questões jurídicas e direitos humanos com a Indonésia Pondo mãos à obra em Baucau Sarwar Sultana (à direita), Administradora do Distrito de Baucau, em visita ao local onde ficará instalado o campo desportivo de Vemasse, um Programa de Emprego de Transição da UNTAET. B aucau, a segunda maior cidade de Timor Leste, foi poupada a muita da destruição que assolou a maior parte do país, no ano passado. No entanto, para além da sua confortável arqui- tectura portuguesa, tem muitos dos problemas da nação: uma infra-estrutura deteriorada, de que fazem parte edifícios e mercados em ruínas, e um alto nível de desemprego, especialmente dentro do perímetro urbano e entre os jovens, que, compreensivelmente, andam agitados por não terem nada que fazer. Baucau tem também alguns residentes que se perguntam por que razão a UNTAET parece tão lenta a responder às suas reivindicações e por que não existem mais sinais visíveis de progresso no distrito. “As pessoas precisam de compreender que a UNTAET não podia começar, logo no primeiro dia, a ajudar a reconstruir o país”, disse a Sr.ª Sarwar Sultana, a Administradora de Distrito da UNTAET em Baucau, que aqui chegou no início de Dezembro do ano passado. “As coisas têm de ser feitas por fases”, afirma. “E, de início, foram as questões humanitárias que tiveram priori- dade”. A maior parte do trabalho humanitário terminou em Fevereiro. A Sr.ª Sultana, que é desde há muito fun- cionária do PNUD, trabalhou anteriormente na Nigéria e em vários outros países, antes de vir para Baucau com o seu marido, o Dr. S. M. Haq, que trabalha na Timor Aid. Afirma também que, juntamente com outros organismos das Nações Unidas e organizações não governamentais, a UNTAET deu os passos necessários, nos últimos seis meses, para que as vítimas da fome no distrito de Baucau recebessem arroz e outro auxílio alimentar, bem como abrigo. “Também ajudámos os agricultores”, acrescenta, fornecendo-lhes sementes de legumes e plantas novas para a nova colheita de arroz. Ao longo das estradas de Baucau, uma importante região pro- dutora de arroz, os arrozais estão florescentes e formam um vistoso tapete verde. A Sr.ª Sultana também atribui à UNTAET o mérito de ter ajudado a reconstruir e pôr em fun- cionamento as escolas primárias de Baucau. “A UNICEF acordou pagar a cada professor um salário mensal de 150 000 rupias. O PAM ofere- continua na página 2 Foto: OCPI-UNTAET Foto: OCPI-UNTAET Abre a academia nacional de polícia A Escola de Polícia de Timor Leste abriu em Díli, tendo a primeira turma de 50 cadetes iniciado o seu curso de formação de três meses, nas instalações de Comoro. Vestidos com camisas brancas, calças de cáqui e bonés azuis com o logótipo das Nações Unidas, 39 homens e 11 mulheres receberam as boas vindas, a 27 Março, do Comissário da Polícia Civil das Nações Unidas, Carlos Coelho Lima, na hora de enfrentarem “um novo desafio”. “Se estiverem determinados e empenhados em respeitar os direitos de todo o povo, independente- mente de raça, cor, religião, política, terão uma influência importante na instauração da democracia no vosso país”, afirmou o Comissário Lima. Na sua alocução aos cadetes, o Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello, O oficial da CivPol Ingemar Eriksson saudando o primeiro curso de cadetes, quando da inauguração da Escola de Polícia de Timor Leste. continua na página 6 Foto: OCPI-UNTAET Timorenses a lerem um dos Painéis de Afixação de Informações da UNTAET, mesmo à porta da Catedral de Díli. Os Painéis estão colocados nas Sedes de Administração de Distrito em todo o país. Estão a ser elaborados planos para a instalação de mais oito, noutras localidades em redor da cap- ital, e outros 56, em Sedes de Administração de Subdistrito em todo o território de Timor Leste. Pondo em dia as notícias locais e nacionais

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OSecretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, congratulou-se com aassinatura de um acordo entre a Administração de Transição das Nações

Unidas em Timor Leste (UNTAET) e o Governo da Indonésia para cooper-ação em questões legais, judiciais e de direitos humanos.

Uma declaração emitida em Roma, a 6 de Abril, pelo porta-voz do Sr.Annan afirmou que o acordo iria facilitar o trabalho conjunto das NaçõesUnidas e Indonésia nas investigações e apresentação em tribunal dos respon-sáveis pela violência, no ano passado, em Timor Leste.

“O Secretário-Geral deseja expressar o seu reconhecimento ao PresidenteAbdurrahmann Wahid e ao Procurador-Geral Marzuki Darusman por teremdado este passo importante para cumprir a sua obrigação de fazerem justiçaem relação aos crimes cometidos em Timor Leste”, dizia a declaração.

De acordo com o Protocolo de Acordo, que foi assinado no primeiroaniversário da data de um dos piores massacres perpetrados pelas milíciasem Timor Leste, tanto a Indonésia como a UNTAET se comprometeram aapresentar os detidos para que testemunhem ou colaborem nas investi-gações, a assegurar que serão cumpridos os mandados judiciais e a realizardetenções, buscas e apreensões.

As duas partes acordaram também em facilitar as transferências de pes-soas de uma jurisdição para outra, permitir que peritos médico-legais par-ticipem nas exumações, garantir que os representantes das duas autoridadespossam participar nos procedimentos legais e fornecer informações, provas edocumentos relevantes.

Num encontro com a imprensa, a 7 de Abril, na sequência do anúncio doacordo, o chefe da Divisão de Assuntos Políticos da UNTAET, EmbaixadorPeter Galbraith, afirmou que o documento “excede as expectativas daUNTAET em termos do nível de cooperação que prevê”.

O acordo põe em vigor um mecanismo amplo que permite que a infor-mação seja partilhada e salvaguardada para servir de base a procedimentoscriminais, na Indonésia, contra os responsáveis pelos crimes do ano transac-to, afirmou o Embaixador Galbraith.

17 - 30 Abril 2000 Vol. I, No. 5

Tais Timor é um serviço de informação da Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET)

Massacre de Liquiçá recordadoNo primeiro aniversário do pior massacre perpetrado pelas milí-

cias em Timor Leste, foi celebrada uma missa fúnebre em Liquiçá.A 6 de Abril de 1999, membros da milícia Besi Merah Puti (BMP)

cercaram o recinto da igreja, para onde tinham fugido 1000 pessoasem busca de refúgio após ataques anteriores. Os membros da milíciaatacaram famílias inteiras com armas de fogo, machetes e facas.

O número preciso de pessoas mortas continua por determinar,embora a Igreja católica tenha fornecido uma lista de 61 nomes. Osrelatos de testemunhas oculares situam esse número perto de 200.Até agora, foram exumados 23 corpos.

OO SSeeccrree ttáárr iioo-GGeerraa ll AAnnnnaann ssaaúúddaa ooaaccoorrddoo ssoobbrree qquueess ttõõeess jjuurr íídd ii ccaass eeddii rree ii ttooss hhuummaannooss ccoomm aa IInnddoonnééss iiaa

PPoonnddoo mmããooss ààoobbrraa eemm BBaauuccaauu

Sarwar Sultana (à direita), Administradora do Distrito deBaucau, em visita ao local onde ficará instalado o campodesportivo de Vemasse, um Programa de Emprego deTransição da UNTAET.

Baucau, a segunda maior cidade de TimorLeste, foi poupada a muita da destruição que

assolou a maior parte do país, no ano passado.No entanto, para além da sua confortável arqui-tectura portuguesa, tem muitos dos problemasda nação: uma infra-estrutura deteriorada, deque fazem parte edifícios e mercados em ruínas,e um alto nível de desemprego, especialmentedentro do perímetro urbano e entre os jovens,que, compreensivelmente, andam agitados pornão terem nada que fazer. Baucau tem também

alguns residentes que se perguntam por querazão a UNTAET parece tão lenta a responder àssuas reivindicações e por que não existem maissinais visíveis de progresso no distrito.

“As pessoas precisam de compreender que aUNTAET não podia começar, logo no primeirodia, a ajudar a reconstruir o país”, disse a Sr.ªSarwar Sultana, a Administradora de Distrito daUNTAET em Baucau, que aqui chegou no iníciode Dezembro do ano passado. “As coisas têm deser feitas por fases”, afirma. “E, de início, foramas questões humanitárias que tiveram priori-dade”. A maior parte do trabalho humanitárioterminou em Fevereiro.

A Sr.ª Sultana, que é desde há muito fun-cionária do PNUD, trabalhou anteriormente naNigéria e em vários outros países, antes de virpara Baucau com o seu marido, o Dr. S. M. Haq,que trabalha na Timor Aid.

Afirma também que, juntamente com outrosorganismos das Nações Unidas e organizaçõesnão governamentais, a UNTAET deu os passosnecessários, nos últimos seis meses, para que asvítimas da fome no distrito de Baucau recebessemarroz e outro auxílio alimentar, bem como abrigo.“Também ajudámos os agricultores”, acrescenta,fornecendo-lhes sementes de legumes e plantasnovas para a nova colheita de arroz. Ao longo dasestradas de Baucau, uma importante região pro-dutora de arroz, os arrozais estão florescentes eformam um vistoso tapete verde.

A Sr.ª Sultana também atribui à UNTAET omérito de ter ajudado a reconstruir e pôr em fun-cionamento as escolas primárias de Baucau. “AUNICEF acordou pagar a cada professor umsalário mensal de 150 000 rupias. O PAM ofere-

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AEscola de Polícia de Timor Leste abriu em Díli,tendo a primeira turma de 50 cadetes iniciado o

seu curso de formação de três meses, nas instalaçõesde Comoro.

Vestidos com camisas brancas, calças de cáqui ebonés azuis com o logótipo das Nações Unidas, 39homens e 11 mulheres receberam as boas vindas, a27 Março, do Comissário da Polícia Civil das NaçõesUnidas, Carlos Coelho Lima, na hora de enfrentarem“um novo desafio”.

“Se estiverem determinados e empenhados emrespeitar os direitos de todo o povo, independente-mente de raça, cor, religião, política, terão umainfluência importante na instauração da democraciano vosso país”, afirmou o Comissário Lima.

Na sua alocução aos cadetes, o Chefe daAdministração de Transição, Sérgio Vieira de Mello,

O oficial da CivPol Ingemar Eriksson saudando o primeirocurso de cadetes, quando da inauguração da Escola dePolícia de Timor Leste.

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Timorenses a lerem um dos Painéis de Afixação de Informações da UNTAET, mesmo à porta daCatedral de Díli. Os Painéis estão colocados nas Sedes de Administração de Distrito em todo o país.Estão a ser elaborados planos para a instalação de mais oito, noutras localidades em redor da cap-ital, e outros 56, em Sedes de Administração de Subdistrito em todo o território de Timor Leste.

Pondo em dia as notícias locais e nacionais

17 - 30 Abril 2000 Tais Timor

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JJooggaa aa bboollaa!!De início, é um pouco difícil de imaginar. É um campo enorme que fica pertoda estrada principal que liga Díli a Baucau, na vila de Vemasse. Rodeado porpequenas casas com telhados de colmo, o espaço está coberto de cabras, porcose galinhas, que pastam e esgravatam. Mas, em breve, os sons dos animais irãoser substituídos pelos dos jogadores de futebol, de voleibol e até de basquete-bol, numa competição exuberante.

“O que aconteceu”, diz a Sr.ª Sultana, “é que as notícias correm céleres”.Segundo ela e o chefe do subdistrito da UNTAET, Saihou Njai, um gambiano,os aldeões ouviram dizer que a UNTAET estava a aceitar propostas de projec-tos que possam empregar habitantes locais e beneficiar a comunidade.

“Combinámos as coisas na vila e, depois, apressei-me a apanhar um auto-carro para Baucau, para ir falar com a Sr.ª Sultana”, diz o chefe da vila.Afirmou que a comunidade queria um campo de jogos para poder dar aosjovens algo que fazer. Segundo a Sr.ª Sultana, foi curta a demora para aaprovação do projecto, que é financiado pela USAID através do seu programaPET. A Timor Aid contribuiu com a proposta do projecto e com a responsabi-lização.

“O projecto foi em frente porque já existia o apoio da comunidade”, diz aAdministradora do Distrito de Baucau. A USAID está a financiar uma equipade cinco pessoas durante 5 dias, sendo que seis são mulheres e 14 homens.Começaram por limpar o espaço, libertando-o de pedras e cascalho e do matoem redor das margens e, depois, delimitaram um campo de futebol, bem comocampos de basquetebol e voleibol.

A USAID está a pagar também o equipamento desportivo - redes e postesde baliza e similares - e até o cimento para o revestimento dos campos. O pro-jecto inclui também uma verba para pagar aos treinadores desportivos,durante os primeiros dois meses. “Espero que consiga desenvolver-se como umclube”, diz o chefe da Vila de Vemasse, que também é treinador. “Depois, ire-mos conseguir reunir, localmente, o dinheiro suficiente para o manter em fun-cionamento. Entretanto, a comunidade está à procura de uma forma de finan-ciar umas belas chuteiras e uniformes para a equipa de futebol”.

ceu também um saco de 50 quilos de arroz”. Desde 1 de Abril, o paga-mento de todos os professores do ensino primário em Baucau passou aser assumido pela UNTAET. Em cooperação com o CNRT e a Igreja, aUNTAET está também a pôr em execução um inquérito aos professores,que abrange todo o distrito e que inclui uma avaliação da sua experiên-cia e habilitações e das matrículas dos alunos.

A administradora do distrito afirma que algumas das coisas que aUNTAET fez são, pura e simplesmente, tarefas que não têm visibilidade.“Temos estado a pagar inúmeros salários”, afirma, “a pessoas que super-visionam o abastecimento de electricidade e de água e, agora, ao pessoalde saúde”. De improviso, refere cerca de 36 empregados de serviçospúblicos desse tipo que puderam continuar a desempenhar funções cru-ciais em Baucau devido ao apoio da UNTAET. Também faz questão emreferir que, desde 31 de Março, Baucau tem electricidade vinte e quatrohoras por dia, e não apenas durante algumas horas da noite, como acon-tecia nos meses anteriores.

Quanto às críticas locais de que o processo de reconstrução pareceum pouco atrasado, a Sr.ª Sultana sublinha que o processo de desen-volvimento de projectos não pode ser realizado de um dia para o outro.“Têm de ter presente que a Conferência de Doadores, em Tóquio, só serealizou em Dezembro”. Essa foi a reunião onde as nações acordarampela primeira vez contribuir com o dinheiro necessário de modo que osgrandes esquemas de reconstrução pudessem passar para a fase deplaneamento formal e execução.

A Sr.ª Sultana está confiante em que esses projectos irão arrancardentro de alguns meses e, então, haverá não só sinais visíveis de pro-gresso - estradas reparadas, edifícios recuperados e empresas privadasa reabrirem - mas também um aumento do número de pessoas empre-gadas no distrito.

“Neste momento, estamos envolvidos em muitos projectos”, afirma,descrevendo contrato da UNTAET para reparação de estradas, financia-do com ajuda britânica, que foi outorgado à Timor Asphalt Resources.Vai contratar 200 residentes em Baucau para a ajudarem na tarefa.Descreve também um projecto financiado pelo governo japonês e desti-nado a cortar a erva alta nas beiras das estradas entre Vemasse eBaucau.

A Sr.ª Sultana leva um visitante a ver um sinal muito tangível deprogresso mesmo no centro da cidade de Baucau. Tal como todos os pro-jectos da UNTAET no Distrito de Baucau, foi concebido pela comunidadelocal, incluindo o CNRT e a igreja e o seu contributo está presente emtodo ele. Trata-se de um projecto para renovar o Mercado Municipal deBaucau, no alto da colina, acima do local onde se encontra a maioria dosantigos departamentos do governo.

O mercado, em si mesmo, foi destruído em Setembro passado e con-

Pondo mãos à obra em Baucau...continuação pág.1

stitui um amontoado de bancadas retorcidas de folha ligadas por uma estradacom sulcos profundos e suja. Mas com um financiamento dos Projectos deEmprego de Transição (PET) fornecido pelo Organismo dos Estados Unidospara o Desenvolvimento Internacional (USAID) através da UNTAET, e super-visionado pelo Departamento de Obras Públicas de Baucau, o mercado está aser reconstruído, estrutura a estrutura.

O PET está a pagar os salários de 20 operários locais, um supervisor e umarquitecto que estão a trabalhar há cerca de três meses para renovar e con-struir estruturas e para melhorar a drenagem, o fornecimento de água e osaneamento em geral. Os progressos já são evidentes com um grande conjuntode retretes quase pronto na orla do mercado.

Timorenses vão ser nomeados para pos-tos-chave na Administração de

Transição das Nações Unidas e serão envi-dados também todos os esforços para recru-tar 7000 empregados, até ao final do ano,para a função pública do país, anunciou ochefe da missão.

O Representante Especial do Secretário-Geral, Sérgio Vieira de Mello, afirmou,numa conferência de imprensa em Díli, que

decidira nomear, nas próxi-mas semanas, timorensespara AdministradoresAdjuntos em cada um dos 13distritos do país e para sub-chefes de secção no seio daAdministração de Transiçãodas Nações Unidas emTimor Leste (UNTAET).

O Sr. Vieira de Mellorealçou que os candidatospara ambos os cargos iriamser escolhidos pela recém-constituída Comissão daFunção Pública com basenas suas “qualidades pes-soais, competência e integri-

dade” e não pela sua proeminência ou filiaçãonum determinado partido político. “Essaspessoas irão servir a nação, o povo e nãointeresses particulares”, afirmou.

O Chefe da Administração de Transiçãoacrescentou que os adjuntos iriam ter poder“de tomar decisões, poderes executivos”.“Estes adjuntos terão muitos funcionáriosinternacionais, muitos funcionários daUNTAET sob a sua autoridade”, afirmou o

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O Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello, numa conferênciade imprensa recente, em que anunciou a sua decisão de nomear timorenses parapostos de adjuntos na UNTAET e nas Administrações de Distrito.

Sr. Vieira de Mello. “Estou certo de que setrata de um passo em frente significativo”.

Sobre uma questão relacionada comesta, o Sr. Vieira de Mello anunciou que oConselho Consultivo Nacional - o mais altoórgão de tomada de decisões do país -aprovara a criação de AssembleiasConsultivas Distritais num esforço paramelhorar o relacionamento entre a UNTAETe os Timorenses e os envolver mais naadministração do país.

O Sr. Vieira de Mello afirmou que iriadar instruções aos Administradores deDistrito para criarem as Assembleias comuma ampla representação dos partidospolíticos, da Igreja católica, e de grupos demulheres e de jovens.

As Assembleias constituirão um fórumregular para a troca de pontos de vista entrea UNTAET e os representantes dos distritose permitir-lhe-ão conhecer melhor as preocu-pações da população. Os pontos fulcraisserão o desenvolvimento, a lei e a ordem e amelhoria das infra-estruturas e da agricul-tura. Entre os outros temas, incluem-se osserviços públicos, as questões humanitáriase o regresso dos refugiados.

Timorenses vvão sser nnomeados ppara ppostosimportantes dda UUNTAET aa nnível dde ddistrito

Tais Timor 17 - 30 Abril 2000

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U m ss e c t o r pp r i v a d o ee m cc r e s c i m e n t o ee s t á aaa j u d a r aa rr e a n i m a r aa ee c o n o m i a dd e TT i m o r LL e s t e

Eddie Taylor veio de Bali para Timor Leste,em Novembro passado, para fundar a sua

própria empresa de construção.O Sr. Taylor começou por contratar um

motorista, mas em breve passou a contratarcarpinteiros, operários, canalizadores,mestres de obras, capatazes, pessoal de logís-tica, cozinheiros, pessoal de restaurante,secretárias, pessoal de limpeza e guardas desegurança.

Hoje em dia, emprega 127 timorenses queo ajudam a gerir uma empresa de construção,um restaurante, uma empresa de fornecimen-to de refeições e uma loja de ferragens.

Empresários como o Sr. Taylor fazemparte de um número crescente de empresas

comerciais pri-vadas chegadas aTimor Leste, nosúltimos meses,dando um impulsoe gerando oportu-nidades deemprego para aeconomia destruí-da.

Desde 20 deJaneiro, data emque uma nova leiveio exigir o regis-to de todas asempresas junto daA d m i n i s t r a ç ã oTransitória dasNações Unidas em

Timor Leste, 772 empre-sas — na sua maior parte geridas por indiví-duos — vieram engrossar os registos e, o que émais importante, mais de 87% são empresasde Timor Leste, segundo Shuja Shah, Chefe doGabinete de Negócios e Comércio daUNTAET.

Embora não existam números fiáveisquanto à quantidade de empregos geradospelas empresas privadas, há um consensoquanto ao facto de as pequenas e médiasempresas estarem a assumir o principal papelna criação de emprego, na economia de TimorLeste.

“Penso que o aumento do número de regis-tos de empresas privadas mostra que uma

economia de mercado plenamente funcional éa chave para inverter os problemas de desem-prego, sem fomentar a dependência do traba-lho no sector público ou na administração”,afirmou o Sr. Shah.

A 11 de Abril, a UNTAET e o BancoMundial assinaram um acordo para apoiar odesenvolvimento do sector privado em TimorLeste através de um projecto de 10 milhões dedólares, com uma duração de dois anos, quefornece crédito às pequenas e médias empre-sas.

A primeira prestação do subsídio, que seráadministrada pelo banco português BancoNacional Ultramarino (BNU), foi no valor de4,8 milhões de dólares e constituiu umadoação do Governo português.

Espera-se que, mediante a concessão deempréstimos, que variam entre 500 e 50 000dólares, a esse tipo de empresas, estas tenhama possibilidade de criar linhas de crédito, acapacidade para participarem em programasde reconstrução económica e comecem afornecer bens e serviços locais.

O empresário chinês Kivi Lay, cujo avôchegou a Timor Leste há 100 anos, tem estadoa renovar várias das suas propriedades nosarredores de Díli, incluindo um armazém deequipamento eléctrico e mobiliário.

O Sr. Lay, que também importa e exportaprodutos alimentares, tem cerca de 40 empre-gados e 50 subcontratantes. Afirmou que esta-va empenhado em fazer o melhor que pudessepara “fazer feliz o povo de Timor Leste e ver onegócio prosperar”.

Operários ajudam a limpar os destroços de um edifício de Díli, que se destina a ser a sede deuma nova empresa gerida por timorenses.

FFaazzeennddoo qquuee aass ccooiissaass aaccoonn-tteeççaamm:: DDoonnaattiivvooss ffiinnaanncciiaamm aarreeccoonnssttrruuççããoo ddee TTiimmoorr LLeessttee

Fundo de Afectação Especial para TimorLeste para lançar três projectos de desembol-so de fundos através de estruturas das comu-nidades e não governamentais. (ver páginas4 e 5)

Entre os programas, incluem-se oProjecto de Autonomização da Comunidade,que cria conselhos locais para gerirem projec-tos de recuperação. O primeiro projecto dessetipo teve início em Liquiçá, a 13 de Abril.

Um segundo programa chama-se Projectode Geração de Emprego da Comunidade deDíli, que já proporciona trabalho a 180operários em Díli e que acabará por empregar600, em Maio.

O Projecto Pequenas Empresas concedeempréstimos a pequenas empresas timo-renses. Já estão disponíveis formulários decandidatura para este projecto.

Ao mesmo tempo, a UNTAET, outrosorganismos das Nações Unidas e o BancoMundial, bem como os peritos técnicos timo-renses e representantes dos maiores paísesdoadores, estão a planear actualmenteestratégias a mais longo prazo para a saúde,educação e agricultura.

Chegar a acordo quanto a estratégias econcepções pormenorizadas de projectospode, por vezes, demorar entre nove meses edois anos, assinalou a Sr.ª Cliffe, mas, no casode Timor Leste, esse prazo foi encurtado paraoito semanas.

Depois de concluídos os pormenores doprojecto, o Banco Mundial negoceia o projectocom representantes de Timor Leste e da

UNTAET, é assinado um acordo de subsídioe o projecto está pronto para ser posto emexecução.

“Não esperamos pelas contribuições dosdoadores para começarmos a preparar o pro-jecto”, afirmou a Sr.ª Cliffe. “Pomo-lo emandamento e, à medida que chegam as con-tribuições dos doadores, assinamos os acor-dos de projecto”. O Fundo de AfectaçãoEspecial do Banco Mundial dispõe actual-mente de 23 milhões de dólares, estando 21milhões já comprometidos em projectos.

Para pôr em execução esses projectos,em especial os de grande escala como a con-strução de estradas ou outras obras degrandes infra-estruturas, a UNTAET tem depedir propostas de várias empresas, umprocesso que — dado o carácter de urgênciano caso de Timor Leste — foi condensado emdois meses, assinalou a Sr.ª Cliffe.

Primeiro, são preparadas as especifi-cações técnicas e os documentos para o con-curso, processo que pode demorar entre duase quatro semanas. Depois, as empresas têmum prazo de entre 30 e 45 dias para apre-sentarem as suas propostas. Por fim, as pro-postas são analisadas numa semana e étomada a decisão de outorgar o contrato.

Está planeado que os projectos dasgrandes obras rodoviárias comecem em mea-dos de Maio e os do âmbito da saúde e daeducação, em Junho ou Julho. Entretanto, osprojectos a curto prazo estão a ajudar a criaremprego, recuperar as infra-estruturaslocais e injectar fundos na economia local.

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Quando os doadores se reuniram emTóquio para obter fundos para a recon-

strução de Timor Leste, muitos apareceramcom bolsas cheias e carteiras abertas.

Ao final do dia, foram prometidos maisde 520 milhões de dólares para ajudar areconstruir Timor Leste, sendo mais de 70%desse valor destinados à reconstrução e aodesenvolvimento durante os primeiros trêsanos. Mas muitas pessoas, em Timor Leste,perguntam-se por que razão é a actividadede reconstrução e desenvolvimento emgrande escala ainda não é visível, sobretudodesde a chegada da UNTAET, em Outubropassado.

Uma das razões é Timor Leste ter sofri-do a pior destruição de infra-estruturas emcomparação com situações semelhantes depós-conflito noutros países, afirmou SarahCliffe, chefe do escritório do Bando Mundialem Timor Leste.

“Isso torna-se um condicionamentoimportante em termos da rapidez com quepodem reiniciar-se os serviços sociais bási-cos e atingir-se o crescimento económico”,disse.

Para pôr as coisas em andamento acurto prazo, o Conselho ConsultivoNacional (CCN) acordou em usar verbas do

RReessttaabbeelleecceennddoo aavviiddaa ee ooss mmooddooss ddeevviiddaa eemm TTiimmoorr LLeessttee

CONCEBENDO UMA ESTRUTURA

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Pequenos Empréstimos para Grandes Ideias

Há uma grande variedade de programas deempréstimos já em vigor ou prestes a serem

implementados e que visam proporcionar àspequenas e médias empresas bem como aosempresários timorenses o capital de que necessi-tam para iniciarem operações e prosperarem emtermos económicos - uma condição essencialpara se gerarem empregos em todo o país.

Projecto Pequena EmpresaPara ajudar ao reinício da actividade económicano sector privado, em Timor Leste, foi lançadoem Abril um programa de empréstimos a peque-nas empresas, financiado pelo Fundo deAfectação Especial para Timor Leste administra-do pelo Banco Mundial, que será posto em exe-cução em todo o país pelo Banco NacionalUltramarino (BNU).

Serão concedidos empréstimos de valoresentre 500 e 50 000 dólares a indivíduos e empre-sas, incluindo importadores, comerciantes, fabri-cantes e prestadores de serviços. Espera-se queos empréstimos sejam utilizados prioritariamente,embora não em exclusivo, para o restabelecimen-to de stocks e a compra de meios de produção,

No cerne da formação do novo governo

está a criação de uma Função Pública

moderna e profissional. Pertencem à Função

Pública aqueles que dirigem os programas

e serviços do governo; por exemplo, os pro-

fessores, enfermeiros, liquidadores trib-

utários, chefes de departamento e de

secção e os engenheiros que supervisionam

o abastecimento de energia e de água, e o

saneamento.

Uma vez instalada definitivamente, nos

próximos dois anos, a Função Pública terá

um total de 12 000 empregados. Só neste

ano, espera-se que sejam criados sete mil

novos postos de trabalho. O número total

de empregados da Função Pública da futu-

tanto importados como locais, incluindo a com-pra de miniautocarros, camiões e equipamento.A maior parte dos empréstimos será concedida a36 meses, a uma taxa de juro de 10%, embora ataxa venha a ser reavaliada com base no inquéri-to ao custo de vida e na inflação. De momento,encontram-se disponíveis fundos que totalizam4,8 milhões de dólares e, nos próximos doisanos, deverão atingir os 10 milhões.

Actualmente, a única agência que administraos fundos encontra-se em Díli, mas o BNUplaneia instalar agências distritais quer no gabi-nete de cada Administrador de Distrito, quer emigrejas locais. Os empréstimos serão distribuídosigualmente por todos os distritos, de modo a queDíli não absorva uma quota desproporcionada.

O BNU espera dar alguma formação de baseem contabilidade aos contraentes dos emprésti-mos. O programa emprega mais de uma dezenade antigos bancários timorenses que falam flu-entemente tétum, bahasa e português e está acriar também um manual padronizado deempréstimos que explica pormenorizadamente oprocesso de candidatura.

Reconstruindo as Estradas e PortosVários projectos de reparação de estradas estão a

empregar operários especializados e não especial-izados timorenses. O PNUD tem estado a empregar maisde 150 timorenses na melhoria das estradas entre Tibar eErmera, Aileu e Maubisse e Díli a Aileu.

Um grande projecto no valor de 29,8 milhões dedólares, que será financiado pelo Fundo de AfectaçãoEspecial para Timor Leste e administrado pelo Banco

Asiático para o Desenvolvimento (ABD), irá ter inícionos próximos meses. Irá reconstruir a infra-estrutura detransportes do país, incluindo estradas, portos e sistemade fornecimento de energia. Para além de gerarinúmeros postos de trabalho para timorenses, o enormeprojecto de recuperação tem como objectivo criar o tipode infra-estruturas de qualidade que irá atrair capital deinvestimento a Timor Leste.

É Favor Afixar na Vossa Comunidade em Local Visível - na Escola, na Igreja, no Hospital, no Mercado ou em Qualquer Local onde as Pessoas se Reunam.

É Favor Afixar na Vossa Comunidade em Local Visível - na Escola, na Igreja, no Hospital, no Mercado ou em Qualquer Local onde as Pessoas se Reunam.

ra Administração de Timor Leste — que a

UNTAET está a criar — é bastante menor

do que o da função pública indonésia,

que outrora empregava mais de 32 000

pessoas em Timor Leste. Pretende-se que

seja um quadro especializado e profission-

al que possa prestar o tipo de serviços

capaz de criar o clima adequado para as

empresas privadas e os empresários timo-

renses prosperarem.

Tudo isto faz parte de uma estratégia

económica dinâmica para criar um novo

tipo de estado em Timor Leste e reflecte-se

nos regulamentos já aprovados pelo

Conselho Consultivo Nacional (CCN).

Trata-se de um estado que não está

dependente do emprego público como

motor da criação de postos de trabalho

mas sim da livre empresa e da iniciativa

privada.

LLiimmppeezzaa ee RReeccuuppeerraaççããoo ddaass CCoommuunniiddaaddeessqquuee PPõõeemm aass PPeessssooaass aa TTrraabbaallhhaarr

Através de vários esquemas com grandeutilização de mão-de-obra, a UNTAET

está a trabalhar com assembleias locais, até aonível de aldeia e suco, para empregar timo-renses na limpeza de ruas dos bairros e pararetirar dos edifícios os destroços provocadospela destruição do ano passado. Também estáa aprovar empréstimos e subsídios para queempresários timorenses criem novas empre-sas, reabram as antigas e comprem artigoslocais e, em alguns casos, até importados.

Programa de Autonomização da ComunidadeCom verbas do Fundo de Afectação Especialpara Timor Leste, administrado pelo BancoMundial, os habitantes das aldeias estão acriar assembleias de dirigentes e a conceber ea pôr em execução os seus próprios projectos,projectos que trazem de novo à vida a econo-mia da aldeia e põem os habitantes a trabal-har. Existe inclusive um programa especial desubsídios da comunidade que tem como alvosos grupos vulneráveis, como as viúvas, osdeficientes e os idosos.

Tais projectos têm o potencial de gerar umgrande número de postos de trabalho em cadaaldeia de Timor Leste, durante os próximostrês anos. Na verdade, o trabalho já começou:em Liquiçá, por exemplo, mais de 75% dasassembleias de aldeia criaram Projectos deAutonomização da Comunidade e estão a dis-tribuir fundos. Outros estão a ser criados nosDistritos de Aileu, Ainaro, Ermera eManatuto e, de futuro, irão funcionar nosrestantes oito distritos.

O Programa de Emprego de Transição (PET)é outro desses programas com grande utiliza-ção de mão-de-obra que irá gerar até 1000novos postos de trabalho em cada distrito deTimor Leste, entre Abril e Junho. Financiadospelo Organismo dos Estados Unidos para oDesenvolvimento Internacional (USAID) ecoordenados directamente pelosAdministradores de Distrito da UNTAET,com a igreja, o CNRT e a comunidade, os tra-balhadores estão a ser pagos para restauraremos seus próprios bairros, reparando estradas esistemas de drenagem, embelezando os mer-cados e instalações desportivas da comu-

nidade. Para além de fornecer os saláriosdestes trabalhadores, a USAID está afornecer novas ferramentas, equipamentodesportivo e outros materiais utilizados nosprojectos. Até agora, os projectos PET cri-aram 6000 postos de trabalho em todo o país.

Projectos de Impacte Rápido (PIR)Os PIR destinam-se a satisfazer a necessi-dade urgente de pôr as pessoas a trabalhar denovo e de limpar as comunidades. São pro-jectos com grande utilização de mão-de-obraque reconstroem infra-estruturas e ajudam arecuperar serviços públicos e equipamentoscolectivos. Incluem também pequenos esque-mas de geração de rendimentos que benefici-am a comunidade e injectam dinheiro naeconomia.

O financiamento dos PIR provém doFundo de Afectação Especial da UNTAET ede duas organizações das Nações Unidas, oOCHA (a componente humanitária daUNTAET) e o ACNUR. O valor dasdotações disponíveis para os três fundos dosPIR é considerável — a UNTAET destinou 1milhão de dólares, o OCHA autorizou maisde 150 000 dólares e o ACNUR cerca de 300000 explicitamente para projectos que aju-dam os refugiados regressados no âmbito dahabitação e para diminuir o fosso entreauxílio e desenvolvimento.

Os fundos da UNTAET e do OCHA sãoadministrados directamente através doAdministrador de Distrito, com a colabo-ração da comunidade, da igreja e do CNRT,enquanto os fundos do ACNUR irão seradministrados através de parceiros de organ-ismos das Nações Unidas.

O valor dos PIR da UNTAET vai dos5000 aos 50 000 dólares; os do OCHA de2000 a 5000 dólares e os do ACNUR de 500a 1000 dólares. Cerca de um terço dos finan-ciamentos dos PIR da UNTAET já está a serutilizado em projectos distritais: já foramaprovados 32 PIR da UNTAET, estandomuitos já em execução. No caso do OCHA,já foram aprovados mais de 50. Os projectosdo PIR já estão a empregar mais de 3000timorenses, em todo o país.

Tanto o Banco Mundial como a USAID tambémtêm programas importantes em zonas urbanas.

O Projecto de Geração de Emprego da Comunidadede Díli é um projecto financiado pelo BancoMundial e administrado pelo PNUD que pagasalários a trabalhadores locais não especializadospara recolherem detritos e resíduos sólidos em todaa capital. O projecto, no valor de 499 000 dólares,irá empregar cerca de 600 pessoas, entre Abril e

Devolvendo oo BBrilho aa DDíliAgosto, em 25 aldeias de Díli. Um programaPET financiado pela USAID também tem previs-tos 2000 trabalhos de curto prazo em Díli, emMaio e Junho, com recrutamento e supervisão anível de aldeia. Os timorenses estão a ser pagospara executarem trabalhos de drenagem e sanea-mento, para limpeza de bermas das estradas,limpeza de edifícios públicos e para o embeleza-mento de parques e instalações públicos.

Praticamente todos os projectos referidosaqui irão funcionar em todo o país. Os

timorenses que vivem fora de Díli podemobter informações junto dasAdministrações de Distrito e de Subdistritoda UNTAET.

A assembleia da comunidade, a igrejae o CNRT também são, muitas vezes,locais úteis para saber dos programas emcurso e daqueles que poderão ter início nofuturo.

Quanto ao Recrutamento para aFunção Pública, a informação de caráctergeral estará disponível, periodicamente,nos Painéis de Afixação de Informações daUNTAET. Existe pelo menos um paineldesses em cada Distrito - geralmente àporta da Sede da Administração de Distrito

Como SaberMais Sobre…

ou perto da Igreja local. Está planeada acolocação desses painéis de informaçãoem todos os Subdistritos do país. O TaisTimor dir-vos-á, quando forem colocados.

Também os iremos mantendo informa-dos - através dos Painéis de Afixação e doTais Timor - acerca de quaisquer cursos delínguas e de formação profissional eminformática, gestão administrativa, mecâni-ca, etc., que possam ir começando.

É Favor Afixar na Vossa Comunidade em Local Visível - na Escola, na Igreja, no Hospital, no Mercado ou em Qualquer Local onde as Pessoas se Reunam.

É Favor Afixar na Vossa Comunidade em Local Visível - na Escola, na Igreja, no Hospital, no Mercado ou em Qualquer Local onde as Pessoas se Reunam.

Afixando as notícias: A última edição do Tais Timor colocadanum painel de afixação de um suco - uma boa forma de conscien-cializar as comunidades do que se está a passar a nível nacional.

17 - 30 Abril 2000 Tais Timor

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Aileu: Perto de 60 timorenses, ex-membros dasforças armadas indonésias (TMI), e suas famíliasregressaram aos seus lares na primeira semana deAbril, o que constitui o maior grupo de ex-soldadosrepatriado até à data.

Cerca de 450 pessoas regressaram ao distrito,um mês depois de terem deixado os campos da zonade Kupang, em Timor Ocidental.

Dado que a maior parte dos retornados era dodistrito, um local de acantonamento das FALINTIL,o seu regresso exigiu negociações prolongadas queenvolveram os antigos combatentes da guerrilha,dirigentes da comunidade e representantes daUNTAET, incluindo a Polícia Civil e a Força deManutenção de Paz.

Baucau: O Comandante dos Bombeiros encontrou-se com o Administrador do Distrito para discutir afutura integração na Função Pública Timor Leste demais de 30 bombeiros recrutas.

Como primeiro passo, o Comandante concordouem ter uma reunião com os Administradores dos trêsdistritos onde os Bombeiros estão a realizar trabalhode formação a fim de delinear uma estratégia paradeterminar as necessidades de cada distrito em ter-mos de combate aos incêndios.

Covalima: Financiados pelo Projecto de Emprego deTransição (PET), jovens de ambos os sexos deCovalima começaram a limpar campos de jogos ecampos de futebol e a Associação Desportiva deCovalima entrou em funcionamento. A secção deAssuntos Sociais da UNTAET no distrito ajudou acriar torneios de futebol e voleibol entre aldeias,tendo o primeiro jogo sido realizado em 8 de Abril,entre Camenasa e Suai Loro.

Os telhados de quatro escolas da área deCovalima também estão a ser reconstruídos com fun-dos do PET e materiais fornecidos pela UNICEF.Trata-se de uma acção de formação no exercício daprofissão para timorenses que estão a aprendercarpintaria ao mesmo tempo que reconstroem os tel-hados.

Díli: Mais de 100 estudantes, na sua maioria mul-heres, começaram a remodelar uma piscina adja-cente à igreja de Motael, durante a primeira semanade Abril, como parte de um Projecto de Emprego deTransição (PET), patrocinado pela UNTAET, quevisa criar empregos a curto prazo para os desempre-gados.

Resumo de Notícias dos DistritosDurante a primeira fase do projecto, as 100 mul-

heres e 10 homens pintaram, repararam e limparama área em redor da piscina, usando equipamentofornecido pela UNTAET e financiado pelo Organismodos Estados Unidos para o DesenvolvimentoInternacional (USAID).

Ermera: A USAID outorgou um contrato para amanutenção e reparação do Salto de Launa na estra-da Ermera-Atsabe. O programa PET continua com ostrabalhos de drenagem e desobstrução da estrada,que tem salvado muitas estradas das recentes chu-vadas abundantes.

Manatuto: O Conselho Consultivo Provisórioreuniu-se para trocar ideias sobre oito PET, que irãoser iniciados nos subdistritos de Manatuto, Laclo,Soibada e Laclubar. O projecto inicial irá empregar550 jovens de ambos os sexos na desobstrução deestradas, mercados e instalações desportivas.

Oecussi: Os Transportes Aéreos de Timor Leste fiz-eram um voo experimental entre Díli e Oecussi, antesde iniciarem o serviço comercial regular. O voo deensaio realizou-se a 15 de Abril.

Same: Vários Projectos de Impacte Rápido (PIR)entraram em funcionamento ou estão em faseavançada de planeamento. No subdistrito deNularan, uma fábrica de tijolos iniciou a produção em1 de Abril. Este projecto emprega onze pessoas.

Uma mulher e dois homens foram recrutadostambém para um projecto de ferramentas manuais,na cidade de Same. As ferramentas, que sãoguardadas num armazém, serão emprestadas parauso pessoal na reparação de casas e limpeza de edifí-cios.

Dois representantes do Governo dos TerritóriosSetentrionais visitaram Manufahi, a vila de Betano ea aldeia de Salehasan para oferecerem redes e anzóisaos pescadores. Fizeram também um pequenoinquérito para determinar se havia possibilidade deobter rendimentos através da indústria da pesca.

Entretanto, está planeado um festival de músi-ca, para Junho. Os subdistritos de Manufahi eHatudo receberão os concursos preliminares e osfinalistas de cada zona actuarão em Same.

O Governo dos Territórios Setentrionais planeiareceber o grupo vencedor em Darwin, para fazer umespectáculo na Exposição dos TerritóriosSetentrionais, a 12 de Julho.

exortou-os a manterem um desempenho e um com-portamento exemplares, dado que ambos seriamcruciais para a criação da confiança nas instituiçõesdo estado.

“Não vai ser uma tarefa fácil”, afirmou o Sr.Vieira de Mello. “Nos últimos 24 meses, osTimorenses foram testemunhas de abusos, fre-quentes e trágicos, perpetrados pelas instituições doestado, e a própria polícia não constituiu excepção”.

O Chefe da Administração de Transição tam-bém apelou aos cadetes para que defendessem,sempre, “os mais elevados valores de uma políciaindependente; uma polícia que apenas respondeperante o poder judicial, homens e mulheres querespondem apenas perante as suas consciências enão perante forças políticas, nem grupos de pressão,nem o que quer que seja que se encontre fora daestrutura de um estado democrático, e que terão, nofuturo, a responsabilidade de supervisionarem astarefas da força de polícia de Timor Leste”.

Os cadetes terão três meses de aulas na acade-mia, a que se seguirão mais três meses de formaçãoem exercício de funções. Ao fim de mais seis mesesde avaliação, será tomada uma decisão definitivaquanto às suas aptidões.

Durante a formação, os candidatos irão apren-der os conceitos de direitos humanos e policiamentoda comunidade, princípios básicos de direito penal,técnicas de polícia, regras de trânsito, técnicas deinvestigação e condução de veículos.

Prevê-se que o recrutamento de 3000 agentespara a Força de Polícia de Timor Leste (FPTL)demore cerca de três anos.

Academia de polícia...continuação pág.1

NNoottíícciiaass ddooFFuutteebbooll EEuurrooppeeuuQUARTOS DE FINAL DA TAÇA DOSCAMPEÕES (1ª volta)

Surpresa EspanholaAlguns grandes clubes tiveram uma sur-presa durante os quartos de final da Taçados Campeões, que foram jogados a 4 e 5 deAbril, dado que os dois primeiros desafiosterminaram em empates e duas equipasespanholas tiveram resultados difíceis.

O Bayern Munique empatou no campodo Futebol Clube do Porto por 1-1, quandoPaulo Sérgio marcou, aos 78 minutos,depois de o Porto ter inaugurado o mar-cador com o golo do artilheiro Mário Jardel,no início da segunda parte.

No segundo jogo, “El Real” Real Madridapenas conseguiu impor um empate semgolos ao Manchester United deixando o MUmelhor colocado para as meias finais, seconseguir vencer o segundo jogo, no OldTrafford Stadium. Um empate do MU ouuma vitória do Real Madrid na segundavolta poderia pôr o MU fora da competição,com base nas regras da UEFA.

O dínamo espanhol, o Barcelona,sofreu uma derrota às mãos do Chelsea,por 1-3. Com os dois gigantes espanhóis emluta, o modesto Valência teve o seu grandemomento ao derrotar o Lazio, o único rep-resentante italiano na Taça, por 5-2.

As meias finais serão disputadas em 2e 3 Maio, sendo a final em 24 de Maio, emParis.

MEIA FINAL DA TAÇA UEFA

Confronto entre adeptos britânicos eturcosOs dois clubes favoritos ingleses, LeedsUnited e Arsenal, estavam na corrida parauma “final inglesa”. Depois de um dos seusadeptos ter sido morto num confronto entreespectadores britânicos e turcos, o Leedsnão conseguiu capitalizar e levar a melhor,perdendo por 0-2 contra o Galatasaray.

A derrota torna mais remotas as esper-anças da equipa de David O'Leary quanto àmanutenção na Taça. O Leeds vai ter devencer na segunda volta com pelo menostrês golos e de esperar impedir que aequipa turca marque um golo no AllanRoad Stadium.

O Arsenal marcou um golo, por DennisBergkamp, que lhe dá a hipótese de chegaràs finais da Taça, bastando para tal umempate no próximo jogo. De outro modo, oRC Lens será a equipa que irá defrontar ovencedor do jogo Leeds-Galatasaray.

Vamos esperar para ver o que aconte-cerá nesse jogo. Será que os jovens britâni-cos sobrevivem ou o que o Galatasarayentrará para a história como o primeiroclube turco a estar presente na final daTaça UEFA? Irão os britânicos realizar oseu sonho de uma final britânica, emCopenhaga, a 17 de Maio?

Campeonatos Nacionais Europeus pág. 7

UNITED NATIONS NATIONS UNIES

UNTAETAdministração Transitória das Nações Unidas

em Timor Leste

Gabinete de Saneamento e Águas"Água para todos"

Aágua é um recurso raro e precioso, porfavor não a desperdice. Se a água for der-

perdiçada através das torneiras da sua casa oude canos com fugas, isso significa que outrascasas terão menos água. Caso necessite deligar a água da sua casa ao sistema de fornec-imento de água de Dili, por favor contacte osnossos funcionários do Gabinete deSaneamento e Águas da UNTAET no Paláciodo Governador. A instalação será feita pelosnossos funcionrios e é gratuita. Garantimosum bom trabalho e ligações sem fugas. Estaligação gratuita incluirá um cano de 6 metroscom ligação directa ao cano principal. Não sejaegoísta, não desperdice água, garanta aexistência de "Água para todos".

Comunicação Pública

Tais Timor 17 - 30 Abril 2000

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RReessuummoo ddee nnoottíícciiaassAs crianças regressam às escolas: Quase150 000 crianças de Timor Leste regressaramà escola primária, o que corresponde a cercade 92% das que frequentaram as aulasdurante o ano lectivo 1998-1999.

Existem 686 escolas registadas em TimorLeste, de acordo com o Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (UNESCO). Os edifí-cios escolares têm sido reparados através dosesforços da Força de Manutenção de Paz daUNTAET, da INTERFET e da Marinha dosEstados Unidos. A UNICEF e os seus par-ceiros distribuíram também 250 toneladasmétricas de materiais para telhados paraescolas primárias espalhadas por todo o país.

Dirigente do CNRT exumada: Os peritosmédico-legais de direitos humanos daUNTAET e os investigadores da Polícia Civil(CivPol) exumaram os restos mortais de AnaLemos, uma dirigente do CNRT que foi alveja-da a tiro e morta em Setembro passado, emErmera.

Na altura do tiroteio, foi enterrado o corpoque se presumia ser de Maria da Costa.Subsequentemente, a Sr.ª da Costa foidescoberta com vida em Timor Ocidental edeterminou-se que os restos mortais eramefectivamente da Sr.ª Lemos.

Os peritos médico-legais exumaram tam-bém seis corpos em Maliana e dois em Balibor,todos vítimas da violência de Setembro. Oscorpos foram levados para a morgue de Díli, afim de serem autopsiados.Até agora, foram exumadas cerca de 170 víti-mas da violência das milícias em Timor Leste.

Abriu a farmácia nacional: O ArmazémCentral de Produtos Farmacêuticos de TimorLeste foi inaugurado no início de Abril, nazona de Campo Alor, em Díli. Recebeu o seuprimeiro carregamento de remédios, no valorde 670 000 dólares, do Organismo deCooperação Internacional Japonês (JICA).

O Armazém é o ponto central de dis-tribuição de remédios em Timor Leste e temespaço de armazenagem para um stock de seismeses de medicamentos. O Armazém, quedepende da Autoridade Interina no Domínioda Saúde, irá comprar, todos os anos, medica-mentos e artigos médicos no valor de 2 mil-hões de dólares.

Série A ItalianaEquipa JD G P E PtJuventus 28 17 3 8 59Lazio 28 16 4 8 56Inter Milão 28 14 7 7 49AC Milão 28 13 5 10 49Parma 28 14 7 7 49

Jogos de 1 e 2 de Abril: Juventus 0, Lazio 1;Fiorentina 2, Bolonha 2; Parma 1, AC Milão, 0; ASRoma 1, Udinese, 1; Inter Milão 1, Reggiana, 1; Verona1, Piacenza 0; Perugia 1, Torino 0; Bari 1, Cagliari 0;Venezia 0, Lecce 0

Primeira Liga InglesaEquipa JD G P E PtMan.United 31 21 3 7 70Leeds Unit 31 19 9 3 60Liverpool 31 17 6 8 59Arsenal 31 17 8 6 57Chelsea 29 15 6 10 55

Jogos de 1 e 2 de Abril: Man United 7, West HamUnited 1; Coventry 0, Liverpool, 3; Leeds United 0,Chelsea 1; Winbledon 1, Arsenal 3; Southampton 1,Sunderland 2; Everton 4, Watford, 2; Newcastle 2,Bradford 0; Derby County 3, Leicester 0; Tottenham 2,Middlesbrough 3

Primeira Divisão EspanholaEquipa JD G P E PtDeportivo 31 18 9 4 58Barcelona 31 17 9 5 56Real Zarag 31 14 5 12 54Real Madrid 28 12 5 14 50Alaves 31 14 9 8 50

Jogos de 1 e 2 de Abril: Real Sociedad 1, Real Madrid1; Sevilla 1, Deportivo Coruña 3; Barcelona 3, Valencia0; Real Zaragoça 1; Real Betis 0; Atletico Madrid 1,Atletico Bilbao 2; Celta Vigo 1, Valladolid 1; Mallorca1, Espanyol 3; Oviedo 2, Malaga 2; Racing Santander 0,Alaves 0; Rayo Vallecano 0, Numancia 0

Liga HolandesaEquipa JD G P E PtPSV 28 21 4 3 66Twente Ens 28 15 2 11 56Heerenven 28 17 8 3 54Feyenoord 25 15 5 8 53Ajax Amst 24 15 7 5 50

Jogos de 1 e 2 de Abril: Den Bosh 1, Willem II 1;Roda JC 3, Ajax 0; Heerenven 1, NEC 0; MVV 0,Vitesse 2; De Graafscap 1, Fortuna 0; PSV 5, AZ 1; FCUtrecht 1, Cambuur 2; Sparta 1, FC Twente 1; RKC 2,Feyenoord 2

Liga FrancesaEquipa JD G P E PtMónaco 28 18 6 4 58Lyon 28 13 9 6 45Paris SG 28 12 8 8 44Sedan 28 12 9 7 43Auxere 28 12 10 6 42

Bundesliga AlemãEquipa JD G P E PtB. Leverkusen 27 16 2 9 57Bayern Munique 27 16 4 7 55Hamburger SV 27 14 4 9 51Werder Bremen 27 11 9 7 40TSV 1860 27 11 9 7 40

Jogos de 1 e 2 de Abril: Freigburg 4, Unterhaching 3;SSV Ulm 0, Duisburg 3; TSV Munique 1, BayerLeverkusen 2; Wolfsburg 1, Bayern Munique 1;Borussia Dormunt 0, Hamburg SV 1; Hertha Berlin 2,Schalke04 1; Eintracht Frankfurt 2, Armenia Bilefeld1; FC Kaiserslautern 1, VFB Stuttgart 2; HansaRostock 1, Werder Bremen 1

Liga PortuguesaEquipa JD G P E PtSporting 28 19 7 2 64FC Porto 28 18 6 4 60Benfica 28 17 6 5 57Guimarães 28 14 4 9 46Boavista 28 12 6 10 42

RReessuummoo ddooss CCaammppeeoonnaattooss NNaacciioonnaaiiss EEuurrooppeeuuss

Agencia dde DDesenvolvimento dde TTimor LLorosa’eInquérito ssobre RRecursos HHumanos

AAgência de Desenvolvimento de Timor Lorosa'e (ETDA) irá realizar, em Maio, um inquérito sobrerecursos humanos, a nível nacional, para identificar as aptidões, qualificações e necessidades futuras,

em termos de formação, dos trabalhadores timorenses.

O inquérito é financiado pelo Banco Mundial e destina-se a constituir uma base de dados que ajudará ospotenciais empregadores no recrutamento de timorenses. Os dados serão postos à disposição de organis-mos governamentais e do sector privado para benefício da comunidade.

A ETDA é uma organização não lucrativa e não governamental, constituída em Abril de 1999 para ajudaros Timorenses a participarem de uma forma mais eficaz no planeamento e execução de projectos dedesenvolvimento.

A participação no inquérito é voluntária. O facto de responder não dá garantias de emprego.

O inquérito será distribuído no início de Maio. Para mais informações, por favor, contacte

• Fabiola Noronha-Melo 0409 217 482• José Barreto 0407 460 302• ETDA Dili Office tel - 322 748, fax- 321 842

Número dde EEmergência da CCivPol dda OONU

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17 - 30 Abril 2000 Tais Timor

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TTiiuu rreessppoonnddee aa ppeerrgguunnttaass ssoobbrree......

Emprego ee ddesempregoCaros leitores, ultimamente muitos de vocês

têm andado a falar de desemprego. Trata-se de uma preocupação séria que afecta asvidas de todos os Timorenses. É também umaquestão que a Administração de Transição dasNações Unidas em Timor Leste (UNTAET)está a fazer todos os possíveis por resolver.

Há algumas semanas, quando grandesmultidões de pessoas à procura de emprego sereuniram em frente à Sede da UNTAET, noPalácio do Governador, o Tiu saiu e foi falarcom elas. Pretendia saber o que pensavam. Eiso que descobri:Tiu: Bom dia, meus amigos. Que se passa?Joaquim: Bom dia, Tiu. Que queres dizer com“que se passa”? Não vês que estamos a falar detrabalho?Tiu: Pois bem, meus amigos, ficaria muitograto se me deixassem participar na vossa dis-cussão.José: Está bem, mas estamos a falar na difícilsituação, em termos de emprego, em TimorLorosa’e. Muitos de nós não têm qualquerforma de ganhar dinheiro. Estamos desejososde um emprego. Podes ajudar-nos a arranjarum?Tiu: Se querem saber a verdade, não há nadaque eu possa fazer para vos ajudar a arranjartrabalho. Arranjar trabalho depende, emgrande medida de vocês e do modo como enca-ram a situação.

Se bem se lembram, no tempo dosPortugueses, muito poucas pessoas vinhampara Díli em busca de trabalho. A maior parteficava no campo, na agricultura e na pesca. Asgerações anteriores à nossa conseguiam sobre-viver vivendo e trabalhando assim.

Tudo isto mudou durante o tempo dosIndonésios. Começaram a vir muito mais pes-soas para Díli à procura de emprego e muitasencontraram-no em lugares na FunçãoPública. Sabiam que, a determinada altura, 32503 pessoas trabalhavam para o Governoindonésio, como funcionários públicos? Issonão inclui sequer os civis que trabalhavampara o Ministério da Defesa, os próprios mil-itares e a polícia. Na maior parte dos paísescom uma economia saudável, a maior partedas pessoas ganha o seu salário trabalhandopara empresas privadas ou gerindo as suaspróprias empresas.

Agora que estamos a tornar-nos umanação independente, a UNTAET e o ConselhoConsultivo Nacional (CCN) estão a tentarcriar, a partir das cinzas da destruição do anopassado, um tipo muito diferente de país, quedependa menos do governo para o emprego emuito mais do mercado e da concorrênciajusta.

O CCN, nos regulamentos que já aprovou,demonstrou quanto aprova esta atitude. Osmembros do CCN e a UNTAET estão conven-cidos de que, a longo prazo, a empresa privada,apoiada por uma Função Pública eficiente epouco pesada, pode criar muito mais postos detrabalho e uma economia global mais saudáv-el.Mário: Muito bem, Tiu, isso pode parecer bempara algumas pessoas, mas há anos que a

O nome Tais Timor conjura a image do cuidadoso e laboroso processo envolvido na tecelagem do tecido tradicional Timorense usado em todas as ocasiões especiais. Os diferentes “ingredientes” que constituemTimor Leste unem-se durante o tempo de transição para a recontrução do país. Tais Timor tem como objectivo documentar e reflectir todos aqueles eventos que tecem a beleza da tapeçaria que é Timor Lorosa’e.Um serviço público de informação bi-semanal publicado pela Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET). Publicado em tetum, indonésio, português e inglês. Escrito, editado edesenhado pelo Gabinete de Comunicação e Informação Pública. Circulação 50.000.UNTAET-OCPI c/ - PO Box 2436 Darwin, NT 0801 Austrália Telefone: +61-8-8942-2203 Fax +61-8-8981-5157 e-mail [email protected] não é um documento oficial. Apenas para informação.

minha família não cultiva a terra. Não sei nadade agricultura! Além disso, a UNTAET passa avida a dizer que pretende trabalhar lado a ladocom os Timorenses na reconstrução do país. Porisso, estou pronto para trabalhar.Tiu: Está muito bem observado, Mário. Mastens de compreender que o número de postos detrabalho na UNTAET, durante este período detransição, é limitado. E a maior parte dessespostos requer aptidões especiais.

O mesmo se passa com os funcionáriospúblicos que estão a ser contratados para aAdministração de Timor Leste que, um dia, viráa governar Timor Lorosa’e. A nova Comissão daFunção Pública está a tentar encontrar as pes-soas mais qualificadas para funções muitoespecíficas, e não apenas pessoas com bons con-hecimentos de inglês. A pessoa a ser contratadatem de ter boas habilitações e qualificações ouos serviços públicos que nos virão a ser presta-dos, a nós, os cidadãos, serão de má qualidade.Não se trata apenas de contratar uma grandequantidade de pessoas para elas ficarem sen-tadas nas repartições a lerem o jornal oubeberem café durante todo o dia.Joaquim, José e Mário: Isso faz algum senti-do, mas não é em Díli que estão todos os empre-gos?Tiu: Vocês estão um pouco enganados. Não éem Díli que estão todos os empregos - nem hojenem no futuro, já que se fala nisso. E, lembrem-se, a maior parte dos empregos que surgem emDíli vão acabar por ser para residentes locais,como deveria ser.

O conselho que vos dou é que continuem àprocura de trabalho mais perto das vossascasas, no vosso distrito. Tenham um pouco maisde paciência e é provável que tenham uma sur-presa. Por outro lado, não terão de ser neces-sariamente agricultores, porque vão surgir bas-tantes oportunidades de trabalho, por todo opaís, nos próximos meses. Embora a comu-nidade internacional tenha estado a apoiar eincentivar alguns projectos, a maior parte dasnovas empresas que estão a reabrir ou acomeçar são de Timor Leste.

Ouvi dizer que há perto de 800 empresasregistadas junto da UNTAET, e que apenas 100entre elas são detidas por sociedadesestrangeiras. É um sinal muito encorajador,não acham?Joaquim, José e Mário: Esperamos que ten-has razão, e, infelizmente, ainda temos umpouco mais de paciência do que de dinheiro.José: Mas, Tiu, tens de compreender, continu-amos a ter bocas a sustentar. A UNTAET nãotem nenhuns projectos que possam pôr a tra-balhar timorenses como nós?Tiu: Meus bons amigos, já foram criados algunsmilhares de empregos a curto prazo. AUNTAET e os seus muitos parceiros criaramvários projectos que requerem muita mão-de-obra para porem as pessoas a trabalhardurante os próximos dois a quatro meses. Jáforam contratadas mais de 2000 pessoas - nãoapenas em Díli, mas em locais como Aileu,Liquiçá, Ermera, Manatuto e também Lautem -para limparem destroços e detritos nas aldeias,para repararem edifícios e estradas e linhas de

abastecimento de água.A maior parte dos projectos a longo prazo

que irão gerar muitos postos de trabalho - comoa reconstrução de edifícios, a construção deestradas e a recuperação dos pesqueiros - sóestarão em execução dentro de alguns meses. Épor isso que sugiro um pouco mais de paciên-cia.Joaquim: Tiu, não sabíamos nada sobre tudoisso, talvez tenhas razão. Devíamos dizer aosnossos amigos que começassem por procurar ascoisas que irão acontecer nos seus próprios dis-tritos. A situação só vai piorar se todoscomeçarem a correr para Díli à procura deemprego.Tiu: E apenas para ficarem cada vez maisfrustrados, que sei que é como vocês se devemsentir, aí de pé. Se querem a minha opinião, aUNTAET está consciente de que isso está aacontecer e a tenta encontrar maneiras mel-hores de transmitir aos distritos as infor-mações sobre empregos.

Mas, meus jovens amigos, nunca é de maisdizer isto: precisamos de ter paciência e com-preensão. Durante uma reunião recente emDíli, o Vice-Presidente do CNRT, José Ramos-Horta, disse a uma multidão de pessoas queprocuravam trabalho que a situação que TimorLorosa’e enfrenta hoje é semelhante à que ospaíses da Europa enfrentavam no período sub-sequente à Segunda Guerra Mundial.Lembrou-nos a todos que a Europa precisou de20 anos para a reconstrução. Mesmo um paístão pequeno como Timor Lorosa’e precisa detempo para se reerguer, mesmo com todo esteapoio internacional.

No início, vocês perguntaram-me se ospodia ajudar a arranjar emprego e respondique nada podia fazer por vós. Estava errado. Oque posso fazer é sugerir que aproveitem todaa formação a que possam ter acesso, quer issosignifique fazer um curso de línguas, ou apren-der a usar um computador ou até a formaçãopara mecânico. Quanto mais aptidões tiverem,mais oportunidades terão.

Por exemplo, em Same, uma organizaçãoaustraliana está a doar fundos para transfor-mar um antigo banco em biblioteca e centro deeducação de adultos. Os adultos podem ir lá efazer cursos de informática, inglês e portuguêspara melhorarem as suas hipóteses de obteremtrabalho.Joaquim: Bem, Tiu, se houvesse uma pessoacomo tu em todos os locais de Timor para falarao povo, para nos explicar o que está a aconte-cer aqui em Timor Lorosa’e, tenho a certeza deque as pessoas teriam uma opinião diferentesobre o modo como as coisas estão a progredir.Tiu: Meus amigos, vocês são muito simpáticos.Lembrem-se apenas de que também podemobter informações sobre o que a UNTAET estáa fazer através do Tais Timor, dos painéis deafixação e da Rádio UNTAET. Mas nãoesqueçam o meu conselho. Tentem receberalguma formação enquanto estão à espera detrabalho, porque isso irá ajudar-vos muitoquando se candidatarem a um emprego.

Bem, meu amigos, não tenho tempo paramais, porque tenho de me ir embora. Vocês sãoo nosso futuro e, por isso, quero que vocêssejam bem sucedidos pois isso significa queTimor Lorosa’e será bem sucedido. Dêem umaolhada à nova edição do Tais Timor para semanterem actualizados com as últimas infor-mações. Adeus!