15º boletim informativo por outras palavras janeiro 2013

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POR OUTRAS PALAVRAS Boletim Informativo Temático XENOFOBIA IN OTHER WORDS é um projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação) vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita. Boletim Informativo Selecção de Notícias publicadas entre Janeiro de 2012 e Dezembro de 2012. Foram monitorizados 10 jornais de referência: 3 de âmbito regional (Campeão das Províncias, Diário As Beiras e Diário de Coimbra) e 7 de âmbito nacio- nal (Diário de Notícias, Jornal I, Jornal de Notícias, O Expresso, O Público, Primeiro de Janeiro e Sol). Nesta edição: 1 - Editorial 2 - Definição de Racismo 3-15 Nótícias e Análise 16. Entrevista SOS Racismo 17. SOS Racismo, Sugestões de Leitura, Na Internet, Créditos N.º 15, Janeiro 2013 POR OUTRAS PALAVRAS? No decorrer de um ano de monitorização e de análise de notícias na impren- sa escrita foram analisadas 39 notícias sobre questões relacionadas com a xenofobia. Este boletim informativo reúne estas notícias, marcando os seus pontos essenciais, designadamente nas 10 linhas de análise desenvolvidas que, sumariamente, apontam para: discursos sobre imigração iminentemen- te securitários e xenófobos, constituindo o imigrante como ‘transgressor’; uma constante menção da nacionalidade dos indivíduos, quando se trata de notícias relativas a criminalidade; a ideia de que há uma ‘criminalidade imigrante ’específica; a ideia de que os imigrantes são perigosos e represen- tam uma ameaça latente ao ‘bem-estar’ dos portugueses; a ideia de que há uma Europa necessariamente mobilizada contra o crime, sem que nunca se discuta a própria ideia de Europa, na sua relação com o fenómeno da imi- gração e as suas políticas; a proliferação de uma visão institucional sobre a questão da imigração; a existência de um enfoque no(s) ‘agente(s)’ da notí- cia; a objectificação dos imigrantes uma vez que lhes é vetado qualquer direito à representação discursiva; a reafirmação da multi-discriminação e a utilização de vocabulário e recursos estilísticos que (re)produzem uma nar- rativa que contribui o (re)ancoramento da identidade portuguesa no colonia- lismo, naturalizando-o e contribuindo para o silenciamento de uma discus- são sobre este processo colonial e os seus legados.

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15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Boletim Temático - XENOFOBIA Janeiro 2013

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Page 1: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

POR OUTRAS PALAVRAS

Boletim Informativo Temático

XENOFOBIA

IN OTHER WORDS é um projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação)

vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.

Boletim Informativo

Selecção de Notícias publicadas entre Janeiro de

2012 e Dezembro de 2012.

Foram monitorizados 10 jornais de referência: 3 de

âmbito regional (Campeão das Províncias, Diário

As Beiras e Diário de Coimbra) e 7 de âmbito nacio-

nal (Diário de Notícias, Jornal I, Jornal de Notícias,

O Expresso, O Público, Primeiro de Janeiro e Sol).

Nesta edição:

1 - Editorial

2 - Definição de Racismo

3-15 Nótícias e Análise

16. Entrevista SOS Racismo

17. SOS Racismo, Sugestões de Leitura,

Na Internet, Créditos

N.º 15, Janeiro 2013

POR OUTRAS PALAVRAS? No decorrer de um ano de monitorização e de análise de notícias na impren-

sa escrita foram analisadas 39 notícias sobre questões relacionadas com a

xenofobia. Este boletim informativo reúne estas notícias, marcando os seus

pontos essenciais, designadamente nas 10 linhas de análise desenvolvidas

que, sumariamente, apontam para: discursos sobre imigração iminentemen-

te securitários e xenófobos, constituindo o imigrante como ‘transgressor’;

uma constante menção da nacionalidade dos indivíduos, quando se trata de

notícias relativas a criminalidade; a ideia de que há uma ‘criminalidade

imigrante ’específica; a ideia de que os imigrantes são perigosos e represen-

tam uma ameaça latente ao ‘bem-estar’ dos portugueses; a ideia de que há

uma Europa necessariamente mobilizada contra o crime, sem que nunca se

discuta a própria ideia de Europa, na sua relação com o fenómeno da imi-

gração e as suas políticas; a proliferação de uma visão institucional sobre a

questão da imigração; a existência de um enfoque no(s) ‘agente(s)’ da notí-

cia; a objectificação dos imigrantes uma vez que lhes é vetado qualquer

direito à representação discursiva; a reafirmação da multi-discriminação e a

utilização de vocabulário e recursos estilísticos que (re)produzem uma nar-

rativa que contribui o (re)ancoramento da identidade portuguesa no colonia-

lismo, naturalizando-o e contribuindo para o silenciamento de uma discus-

são sobre este processo colonial e os seus legados.

Page 2: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Visita ao parceiro da Estónia, Tallinn University

Página 2 POR OUTRAS PALAVRAS

definição de racismo

‘O racismo, resultando do projeto da modernidade, tem sido

reconfigurado na inter-relação de processos, estruturas e ideo-

logias que ativam e reproduzem relações desiguais de poder,

condicionando o acesso a recursos socioeconómicos, culturais e

políticos pelas populações etnicamente marcadas como infe-

riores em relação a ideias/práticas de ser europeu. Esta condi-

ção de inferioridade é interpretada como o modo de ser dessas

populações, a ser “corrigido” por políticas públicas com vista à

sua assimilação/integração.

Considerar uma abordagem política e histórica ao racismo é

fundamental no contexto atual de crise, dado que é nestas conjunturas que são ativadas

narrativas despolitizadoras das relações de poder, conduzindo a uma interpretação do

racismo como uma questão de preconceito, de reação à diferença, validando os contextos

históricos e políticos que produziram tais atitudes. A raiz desta conceção hegemónica de

racismo situa-se no contexto pós-Holocausto e dos debates da UNESCO sobre o estatuto

científico do conceito de “raça”, que evadiram a relação entre “raça”, processos de forma-

ção nacional, condições pós-coloniais e de cidadania na Europa.

O entendimento sobre o racismo não pode portanto ser separado das abordagens políticas

e académicas dominantes que o têm constituído. Nesse sentido, os debates atuais sobre a

integração/inclusão social das minorias étnicas e imigrantes são cruciais para compreen-

der os padrões duradouros de racismo. Alimentando o pressuposto da homogeneidade

nacional, estes debates têm conduzido mais à discussão sobre a presença de imigran-

tes/minorias e as suas características (i.e., contrastes e inadequações culturais) do que à

problematização do próprio racismo. É neste contexto que as alternativas que a luta

antirracista coloca passam pela contestação radical de ideias excludentes do “nós” nacio-

nal, baseadas na afirmação de uma história que converte em natural o que foi e é parte

do projeto político específico moderno/colonial/racial.’

(Araújo & Maeso, 2012: Dicionário das Crises e das Alternativas, Coimbra, Almedina-CES, 174-175)

Page 3: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

N.º 15, Janeiro 2013 Página 3

No decorrer da monitorização e análise da imprensa escrita efectuada foi cons-

tituído um conjunto de linhas de análise que melhor informam sobre as repre-

sentações mediáticas dominantes na imprensa sobre a imigração. A partir de

um trabalho sistemático, denota-se que:

a) a visibilização mediática da imigração acontece, essencialmente, em notícias que repor-

tam questões relacionadas com as políticas de imigração (e.g. legislação), o controlo das

fronteiras e de imigração irregular (e.g. Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) e criminali-

dade (e.g. assaltos). Neste sentido, os discursos sobre imigração nos média são iminente-

mente securitários e xenófobos, uma vez que insistem em constituir o imigrante como

‘transgressor’;

notícias e análise

in Diário de Notícias, 05/04/2012

Page 4: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 4 POR OUTRAS PALAVRAS

notícias e análise

Diário de Notícias, 16/07/2012

Diário de Notícias, 16/07/2012

Page 5: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

N.º 15, Janeiro 2013 Página 5

notícias e análise

in Jornal de Notícias, 03/02/2012 in Público, 08/10/2012

in Público, 27/03/2012 in Público, 29/06/2012

Page 6: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 6 POR OUTRAS PALAVRAS

b) há uma menção constante da nacionalidade dos indivíduos, quando se trata de notícias

relativas a criminalidade. Estes discursos estabelecem uma relação sistemática entre crime

e imigração, demarcando uma fronteira entre um ‘eles’ e um ’nós’, em que o/a ‘outro/a’ é sis-

tematicamente representado e demarcado como um corpo distinto, um perigo no percurso

da sociedade nacional. No mesmo lance, contribui para a ideia de que os problemas de cri-

minalidade existentes são, de certa forma, alheios ao espaço da nação imaginada, das polí-

ticas económicas e dos governantes, o que contribuiu para um silenciamento e/ou uma

‘recondução’ das discussões, o que é sempre útil à classe política - acima de tudo numa épo-

ca de crise económica;

notícias e análise

in Diário de Notícias, 20/10/2012

in Diário das Beiras, 07/02/2012 in Jornal de Notícias, 15/01/2012

in Diário de Notícias, 22/01/2012

Page 7: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 7 POR OUTRAS PALAVRAS

notícias e análise

in Jornal de Notícias, 13/06/2012

in Jornal de Notícias, 15/10/2012

Page 8: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 8 POR OUTRAS PALAVRAS

c) é fabricada a ideia de que há uma ‘criminalidade imigrante’ específica (e.g. casamentos

ilegais, falsificação de documentos e criminalidade itinerante), que se estenderá no tempo e

no espaço, motivado por disposições e contextos externos à acção política e às condicionan-

tes económicas, em Portugal;

notícias e análise

in Diário de Notícias, 16/07/2012

in Público, 08/10/2012

in Público, 29/06/2012 in Jornal de Notícias, 03/02/2012

Page 9: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 9 POR OUTRAS PALAVRAS

d) é (re)produzida a ideia de que os imigrantes são perigosos e representam uma ameaça

latente ao ‘bem estar’ dos portugueses. Considera-se que a menção da nacionalidade de

determinados indivíduos indiciados por cometerem crimes, reifica a ideia de que os

‘estrangeiros’ são sistematicamente posicionados pelos media do outro lado da linha, na

transgressão. Essa criminalidade é sistematicamente retratada como uma teia de redes

organizadas. Atente-se que, num contexto económico e político em que a imigração tem sido

legalmente cada vez mais criminalizada e o policiamento em torno das comunidades tem

aumentado, é alarmante que os meios de comunicação contribuam activa e (des)

politizadamente para o debate;

notícias e análise

in Diário de Notícias, 15/10/2012

in Jornal de Notícias, 12/03/2012

in Diário de Notícias, 05/04/2012

in Diário de Notícias, 16/07/2012

in Expresso, 20/10/2012 in Jornal de Notícias, 22/01/2012

Page 10: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 10 POR OUTRAS PALAVRAS

e) se fomenta a ideia de que há uma Europa necessariamente mobilizada contra o crime,

sem que nunca se discuta a ideia de Europa, o fenómeno da imigração e as políticas que

estabelecem a relação formal entre ambas. Este fenómeno é multiplicador de imagens anta-

gónicas entre a Europa e os seus imigrantes que contribuem para a (re)produção do entre

as categorias politicamente construídas ´nós´ e eles´´;

notícias e análise

in Diário de Notícias, 04/05/2012 in Primeiro de Janeiro, 29/10/2012

in Diário de Notícias, 05/04/2012

Page 11: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 11 POR OUTRAS PALAVRAS

f) a proliferação de uma visão institucional sobre a questão da imigração, designadamente

através do debate sobre transposições de Directivas Europeias para o contexto nacional;

notícias e análise

in Primeiro de Janeiro, 19/01/2012

in Público, 27/03/2012 in Sol, 18/01/2012

Page 12: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 12 POR OUTRAS PALAVRAS

g) a existência de um enfoque no(s) ‘agente(s)’ da notícia. Esta escolha contribui para a

alteração do assunto que a notícia pretensamente trata, uma vez que se deixa de falar

sobre a acção e se passa a falar sobre os sujeitos da acção (e.g. a notícia deixa de ser sobre a

situação que pode ter conduzido a um aumento do número de assaltos no país e passa a ser

sobre um grupo (abstracto) e o fenómeno que o origina) – colocando-o sob escrutínio da opi-

nião pública. Neste sentido, as notícias não se limitam a mencionar a nacionalidade, pelo

contrário, fazem da nacionalidade a questão central da notícia;

notícias e análise

in Diário de Notícias, 16/07/2012

Page 13: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 13 POR OUTRAS PALAVRAS

h) a objectificação dos imigrantes, uma vez que lhes é vetado qualquer direito à representa-

ção discursiva;

notícias e análise

in Público, 27/03/2012 in Jornal de Notícias, 07/05/2012

in Jornal de Notícias, 25/10/2012

Page 14: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 14 POR OUTRAS PALAVRAS

i) a reafirmação da multi-discriminação, designadamente através da conjunção de discrimi-

nação de género e nacionalidade;

notícias e análise

in Diário de Notícias, 22/09/2012

Page 15: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 15 POR OUTRAS PALAVRAS

j) a utilização de um vocabulário e de um conjunto de recursos estilísticos que (re)produz

um tipo de narrativa que, em tom saudosista do período colonial, contribui para um cons-

tante (re)ancoramento da identidade portuguesa no colonialismo, naturalizando-o e contri-

buindo para o silenciamento de uma discussão sobre o processo colonial e os seus legados

no mundo contemporâneo. No mesmo lance, através da insistência na ideia do pioneirismo,

da ideia de 'diáspora’ e de 'epopeias marítimas' é invisibilizada a violência inerente ao pro-

cesso colonial (português), designadamente a opressão exercida sobre um conjunto de popu-

lações, o tráfico de escravos e o racismo. Esta despolitização do passado, impede uma dis-

cussão dos legados destas instituições na contemporaneidade e, consequentemente a sua

perpetuação.

notícias e análise

in Jornal de Notícias, 27/02/2012

Page 16: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

Página 16 N.º 15, Janeiro 2013

Página 16 POR OUTRAS PALAVRAS Página 16 POR OUTRAS PALAVRAS

1) A ULAI completa um ano de existência. Que balanço faria do projecto, designadamente, da

metodologia aplicada e do tipo de análise que tem sido elaborada?

Tratou-se de uma iniciativa muito enriquecedora, em que foi possível conjugar experiências pessoais

diversificadas e entidades associativas com modos diferentes de olhar a realidade social, embora conver-

gentes numa ação continuada contra as discriminações. A metodologia aplicada foi eficaz e proveitosa

porque permitiu articular muito bem o trabalho organizativo e dinamizador das técnicas do IEBA, sobre-

tudo da Carla Duarte e da Patrícia Silva, a ação exigente de pesquisa e promotora de debate aberto da

Rita e os contributos esclarecidos de todos e todas os/as parceiros/as. O tipo de análise realizado e os

resultados elaborados, sem se enredarem em procedimentos demasiado formais, mostraram que a refle-

xão crítica e o empenhamento cívico se alimentam mutuamente.

2) Em que medida considera que o projecto tenha contribuído para ampliar o campo de discussão no espaço

público, no geral, e da entidade que representa, em particular?

Contribuiu alguma coisa, mas, na minha opinião, por razões certamente alheias à vontade dos participantes, não tanto

quanto desejaríamos – uma questão a analisar em eventuais futuras ações desta natureza.

3) De que forma considera que a monitorização e o estudo da discriminação nos media (designadamente, na

imprensa escrita) se revela importante para debater discursos e práticas políticas?

Revela-se seguramente muito importante para promover uma opinião pública mais crítica. Foi prudente circunscrever a

monitorização a um universo restrito e significativo de órgãos de comunicação social escrita, na área informativa e noti-

ciosa. Contudo, o comentário e a opinião, publicados na imprensa em suporte de papel, bem como os universos das rádios,

das televisões e da escrita online deixam-nos um campo muito vasto a explorar, o que, evidentemente, só poderá ser feito

com outros meios.

4) Qual lhe parece ser o discurso dominante nos media sobre as questões do racismo (ciganofobia e xenofo-

bia)?

Por aquilo que detetámos, o discurso dominante continua a gerar e a alimentar discriminações e a promover leituras acrí-

ticas da realidade social nas situações acima referidas. Saliento os casos das comunidades imigrantes, do racismo e da

ciganofobia. Contudo, aqui e ali, devido a várias intervenções públicas das organizações de cidadãos e do meio académico,

as coisas podem estar a mudar no melhor sentido, embora devagarinho.

5) No geral, o que lhe parece mais problemático no discurso da imprensa escrita analisada em Portugal?

Será talvez, em tempos de crise social e do alastramento do desemprego, da pobreza e da marginalização, o acirramento

de pulsões segregacionistas, xenófobas e inimigas da coesão social.

6) De que forma gostaria que os media trabalhassem as temáticas e as iniciativas ligadas à causa que a sua

entidade defende?

Seria muito positivo que os media as noticiassem e comentassem de forma plural, apresentando, tanto quanto possível, as

diversas perspetivas em presença, sobretudo quando as realidades oferecem zonas pouco nítidas, que não são tanto a pre-

to e branco, como, muitas vezes, se faz crer. As diversas associações cívicas que intervêm no terreno deveriam ser chama-

das a pronunciar-se na comunicação social em casos problemáticos. Mesmo quando se pretende consultar personalidades

do meio académico, seria bom que se procurassem pessoas que tivessem um papel pedagógico e que não embarcassem em

dogmatismos pouco esclarecedores e pouco críticos.

entrevista SOS RACISMO

José João Lucas

Representante do

SOS Racismo na

ULAI

Page 17: 15º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013

SOS Racismo

sugestões de leitura

Página 17 N.º 15, Janeiro 2013

- Araújo, Marta; Maeso, Sílvia; Guiot, Olivier (2010), “(Anti-)racism in portuguese policies and institutions: the ‘integration’ and

‘accountability’ of immigrants/ minorities as solution”, Centro de Estudos Sociais, Novembro. Disponível em < http://www.ces.uc.pt/

projectos/tolerace/media/Working%20Paper%202/1%20CE%20-%20%28Anti%29racism%20in%20Portuguese%20policies%20and%

20institutions %20the %20lsquointegrationrsquo%20an.pdf > (Consultado a: 5 Janeiro 2013).

- Dias, Bruno Peixe; Dias, Nuno (org.)(2012), Racismo e Imigração em Portugal: o lugar do outro, Lisboa: Le Monde Diplomatique.

- Hesse, Barnor; Sayyid, Salman (2005), “Narrating the Postcolonial Political and the Immigrant Imaginary”, in N. Ali, V. Kalra & S. Say-

yid (eds.), A Postcolonial People: South Asians in Britain. London: Hurst.

na internet

Visite o website do projecto IN OTHER WORDS em: http://www.inotherwords-project.eu/

No Facebook, GOSTE de nossa página em: http://www.facebook.com/PorOutrasPalavras

Conheça a política e actividades da Comissão Europeia na área da Justiça em: http://ec.europa.eu/justice/index_en.htm

créditos Edição: IEBA Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais, Janeiro 2013

Revisão: ULAI Unidade Local de Análise de Imprensa - APPACDM Coimbra, APAV, GRAAL, NÂO TE PRIVES, SOS RACISMO

Contactos: IEBA Parque Industrial Manuel Lourenço Ferreira, Lote 12 - Apartado 38, 3450-232 Mortágua, [email protected]

- Estabelecemos uma acção concertada, com

as diversas associações de direitos huma-

nos, de imigrantes e anti-racistas;

- Alertamos para que os imigrantes e mino-

rias étnicas conheçam e reivindiquem os

seus direitos.

Por isso, privilegiamos as seguintes áreas

de intervenção:

- Na área da educação participamos em

projectos educativos relativos à problemáti-

ca do racismo e da xenofobia promovendo a

interculturalidade, nomeadamente através

de formações, workshops e debates em

Escolas.

- O trabalho jurídico foi adquirindo ao longo

dos anos enorme importância na associação

dada a necessidade manifestada pelas

comunidades imigrantes e minorias étnicas

que a nós recorrem. Qualquer pessoa pode

contactar-nos telefonicamente, ou então

através de carta ou e-mail, pedindo infor-

mações, ou informando-nos, por exemplo,

de situações de racismo de que tenham

conhecimento.

- Tomamos posições públicas contra todos

os actos racistas ou que promovam o racis-

mo, quer por parte dos diversos poderes

instituídos, quer por parte dos órgãos de

comunicação social.

- Desenvolvemos acções concretas para

promover os direitos humanos, quer atra-

vés da apresentação de propostas, tendo em

vista a inclusão sócio-económica das mino-

rias étnicas em Portugal, quer pela contes-

tação e pela alteração de leis, relativas a

estrangeiros, que se revestem de teor racis-

ta e xenófobo.

- A participação em debates, colóquios,

campanhas de informação e esclarecimento

é também uma das formas de actuação que

privilegiamos na construção da sociedade

que defendemos.

- Os projectos nacionais e internacionais em

que o SOS RACISMO participa permitem à

associação realizar acções concretas como

actividades em conjunto com as comunida-

des, eventos culturais, edição de publica-

ções e participação em programas de forma-

ção.

- Mantemos ainda um vasto centro de docu-

mentação na sede de Lisboa com os princi-

pais livros publicados por nós ou por outros

sobre as temáticas em que trabalhamos,

bem como o arquivo de imprensa, aberto a

qualquer pessoa que o deseje consultar.

- Sobretudo na área de Lisboa, desenvolve-

mos intervenção comunitária, trabalhando

directamente com a população local de

alguns bairros, promovendo a inserção

escolar e social das crianças, dos jovens e

dos familiares dos residentes, promovendo

e/ou integrando projectos que visam a edu-

cação para a igualdade entre todos os cida-

dãos e cidadãs e ao combate aos preconcei-

tos que discriminam.

Mais informações em:

http://sosracis.wordpress.com

O SOS RACISMO existe desde 1990 e pro-

põe uma sociedade mais justa, igualitária e

intercultural onde todos, nacionais e

estrangeiros, com qualquer tom de pele,

possam usufruir dos mesmos direitos de

cidadania. Constituímos uma associação

sem fins lucrativos, tendo-nos sido atribuí-

do o estatuto de utilidade pública em 1996.

Esforçamo-nos no sentido de colaborar com

outras associações anti-racistas e de imi-

grantes a nível nacional. O SOS RACISMO

desenvolve, igualmente, actividades e

acções em conjunto com outras associações

de países europeus, estando actualmente

activamente envolvido numa rede anti-

racista europeia, em conjunto com vários

países da Europa. Para isso:

- Cooperamos na criação de uma política

concreta de inserção das minorias étnicas

na sociedade portuguesa;

- Lutamos pela concepção de um quadro

jurídico-legal susceptível de punir eficaz-

mente comportamentos racistas e xenófo-

bos;

- Agimos no sentido da consciencialização e

responsabilização das autoridades e popu-

lação portuguesa face à problemática da

discriminação racial e xenófoba;