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Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena: reclusão, de 1(um) a 4(quatro) anos, e multa. Furto 1

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Page 1: 155 e 156

Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa

alheia móvel:

Pena: reclusão, de 1(um) a 4(quatro) anos, e

multa.

Furto 1

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Furto

Modalidades

Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Furto Qualificado (art. 155, § 4º, do CP)

Furto de Coisa Comum (art. 156 do CP)

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Tipo Objetivo

Modalidades de subtração

O ladrão pega o bem sem autorização da vítima;

Posse vigiada: a vítima entrega o bem ao ladrão, sem autorização para que ele deixe o recinto com o objeto.

Ex.: Tícia vai a uma loja e deixa sua bolsa com Gregória, vendedora, enquanto Tícia experimenta as roupas. Tícia continua vigiando a bolsa. Gregória sai da loja com a bolsa sem a autorização de Tícia, e leva a bolsa embora. Neste caso há furto.

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel

Pena: reclusão de 1 a 4 anos, e multa

A posse ou detenção é vigiada

Ex.: exemplo anterior, da vendedora e da cliente

Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção

Pena: reclusão de 1 a 4 anos, e multa

A posse ou detenção não é vigiada

Ex.: patrão que manda o seu empregado levar R$ 1.000,00 para um fornecedor. O empregado pega o valor para ele.

Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Apropriação indébita (art. 168, caput, do CP)

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

O que é coisa móvel?

É aquela que pode ser transportada de um lugar para o outro.

É elemento objetivo do tipo de furto.

É possível furto de aviões e de embarcações?

Sim. Embora a lei civil trate, para alguns fins, aviões e embarcações como imóveis, trata-se de mera ficção, que não exclui a possibilidade de furto de tais bens.

É possível furto de semovente (boi, vaca, porco, lhama)?

Sim, já que estes constituem espécie do gênero móvel.

O que é o abigeato?

É o furto de gado.

Como se chama a subtração de sêmen de reprodutores?

A Exposição de Motivos do Código Penal a chama de furto de energia genética.

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Por qual crime responde aquele que:

Capta clandestinamente a energia junto à rede pública ou de algum imóvel vizinho por meio de gatos ou gambiarras? Furto. O art. 155, § 3º, do CP equipara à coisa móvel a energia

elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Usuário regular da empresa fornecedora de energia elétrica, altera o relógio para pagar valor menor? Estelionato (art. 171, caput, do CP).

Capta clandestinamente de sinal de TV (a cabo ou via satélite), ou de sinal de telefonia? Furto.

O art. 35 da Lei nº 8.977/95 coloca que “constitui infração penal a interceptação ou recepção clandestina de sinal de TV a cabo”. A jurisprudência entendeu que este crime é o de furto.

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

O que é coisa alheia?

É a coisa de titularidade (domínio) de outra pessoa.

É elemento normativo do tipo de furto

É verificável a partir do caso concreto.

Ex.: Todas as motos são móveis (elemento objetivo do tipo). Não obstante, só é possível saber se a moto 53 de placa BTI é do João da Silva com a análise do caso concreto (elemento normativo do tipo).

Por não terem dono, não podem ser objeto de furto:

res nullius: coisa de ninguém. Ex.: sol, lua, estrelas.

res derelicta: coisa abandonada

As coisas perdidas têm dono?

Sim.

Só se considera juridicamente coisa perdida aquela que foi extraviada em local público ou local acessível ao público.

Quem encontra coisa alheia perdida e não a restitui ao dono ou às autoridades no prazo de 15 dias incorre no crime de apropriação de coisa achada do art. 169, parágrafo único, II, do CP.

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

As coisas de uso comum (ar, água) têm dono?

Elas passam a ter dono a partir do instante em que são captadas.

Ex.: desvio de água encanada.

Qual crime pratica o credor que subtrai bem do devedor para se ressarcir de dívida não paga?

Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP).

O crime não é o de furto, pela ausência de intenção de locupletamento ilícito, que é requisito subjetivo do crime de furto.

Qual crime pratica aquele que subtrai cadáver ou partes dele?

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver (art. 211 do CP).

E se o cadáver pertencer a uma universidade, um instituto de pesquisas ou um museu?

Neste caso a subtração caracteriza furto, pois o cadáver é tido como coisa alheia móvel.

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Qual crime pratica aquele que subtrai órgão ou tecido de cadáver para fins de transplantes?

Crime previsto no art. 14 da Lei dos Transplantes (9.434/97).

Qual crime pratica aquele que subtrai objetos enterrados com o cadáver?

Há duas correntes:

Furto, pois os bens constituem coisa alheia. Caso ocorrido o arrombamento, o furto será qualificado;

Violação de sepultura (art. 210 do CP), pois estes objetos equiparam-se à coisa abandonada, já que os herdeiros não têm interesse em tê-los de volta, não havendo redução em seu patrimônio.

Há uma tendência majoritária da jurisprudência em aderir esta segunda corrente.

Qual crime pratica aquele que corta os cabelos da vítima, sem a sua autorização, para fins de comercialização?

Lesão corporal.

O ser humano e suas partes não caracterizam coisa.

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Elemento subjetivo

Dolo

animus furandi: dolo de furtar

animus rem sibi habendi : é o elemento anímico específico do tipo, traduzido na intenção especial de se comportar como dono da coisa, ou seja, de se locupletar da coisa alheia.

Sujeito ativo

Qualquer pessoa, exceto o dono.

Trata-se de crime comum.

Sujeito passivo

É o dono do bem.

Caso o possuidor ou detentor sofra um prejuízo econômico no caso concreto, também serão tratados como vítimas do furto.

Ex.: carro adquirido pela vítima por meio de alienação fiduciária. Neste caso, o detentor do bem não é o seu proprietário, mas também será vítima.

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Consumação

Teoria da inversão da posse: o crime é consumado

quando o agente obtém a posse tranquila do bem, ainda

que por pouco tempo, após tê-lo tirado da esfera de

vigilância do dono.

Para a posse tranquila do bem é necessário que:

O bem seja retirado do local; e

O agente se desvencilhe do perseguidor, ainda que por

apenas algum tempo.

Tentativa

É possível

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Crime impossível

A existência de alarmes ou sistemas de corta-

correntes ou corta-combustíveis nos automóveis

caracteriza crime impossível em relação ao furto

destes veículos?

Não. Trata-se de sistemas de defesa utilizados pela

vítima, e não obstáculos intransponíveis por parte do

agente.

Se a consumação de furto é evitada por um deles, o

agente responde por tentativa.

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

O furto de uso é punido no Brasil?

Não no CP!

Embora o CP nada mencione a respeito (Atenção – Art. 241 do CPM), a doutrina e a jurisprudência são unânimes em reconhecer a atipicidade do furto de uso quando presentes dois requisitos:

Requisito subjetivo: intenção de usar momentaneamente a coisa alheia, por algumas horas ou por alguns poucos dias.

Requisito objetivo: efetiva e integral restituição do bem.

Se o agente abandona o bem em local diverso responde pelo crime, mesmo que tenha usado o bem por pouco tempo.

Se o agente devolve o principal, mas antes disso retira uma peça ou acessório, responde por furto em relação a essas.

O mesmo ocorre quando o agente devolve o carro, que subtraiu sem autorização, com muito menos combustível, hipótese em que responde pelo furto de combustível.

Não se admite furto de uso quando a intenção é usar o bem para fim criminoso, hipótese em que haverá concurso material do furto com outro delito.

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Causa de Aumento de Pena (art. 155,

§ 1º, do CP)

Furto noturno (art. 155, § 1º, do CP)

A pena será aumentada de 1/3 se o furto for cometido durante o repouso noturno.

Não basta que o furto ocorra à noite (ausência de luz solar). É necessário que ocorra durante o repouso noturno, período em que os moradores de determinada região costumam dormir.

Há entendimento de que, se o furto for qualificado, torna-se inviável o aumento referente ao furto noturno, porque o legislador, ao prevê-lo no parágrafo primeiro, quis restringir sua incidência ao furto simples. At.: (o STJ modificou esse entendimento nos últimos julgados! - ver HC 306.450/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014, DJe 17/12/2014 – Info 554 STJ)

Apesar da divergência havida no passado, existem atualmente muitos julgados no STJ reconhecendo o furto noturno quando o crime ocorre na ausência dos moradores, ou até mesmo em loja fechada durante a madrugada.

Não se aplica o aumento quando se trata de crime praticado na rua, onde continua havendo movimentação à noite.

Ex.: furto de carro estacionado em via pública.

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Causa de Diminuição de Pena (art. 155,

§ 2º, do CP)

Requisitos

Primariedade do réu

A lei exige primariedade, mas não exige bons antecedentes.

Pequeno valor da coisa subtraída

Critério objetivo: pequeno valor é aquele que não ultrapassa um salário mínimo da data dos fatos.

Efeitos

Substituição da pena de reclusão por detenção; OU

Redução da pena privativa de liberdade de 1/3 a 2/3; OU

Aplicação apenas da pena de multa.

Furto qualificado-privilegiado?

O STJ firmou o entendimento de que é possível aplicar sobre o furto qualificado o privilégio do § 2º do art. 155 (HC 306.450/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014, DJe 17/12/2014 – Info 554).

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Furto Simples (art. 155, caput, do CP)

Furto famélico

Trata-se de subtração de pequena quantidade de alimento para saciar a própria fome ou de seus familiares, por parte de quem não tinha outra forma de obter o alimento.

Não é considerado crime, ante a caracterização de estado de necessidade.

Furto de bagatela (Princípio da Insignificância)

A conduta é considerada atípica por aplicação do Princípio da Insignificância, que decorre do Princípio da Intervenção Mínima, segundo o qual não se justifica a movimentação da máquina judiciária quando a lesão ao patrimônio for mínima;

Era inicialmente aceito para valores próximos de zero;

Atualmente, o STF reconhece o furto de bagatela para valores muito mais expressivos, próximos a 20% do salário mínimo;

O STF entende que, se o fato em si revestir-se de uma gravidade diferenciada, não pode ser aplicado o Furto de Bagatela, ainda que o valor seja pequeno.

Ex.: agente que furta bolsa do carro, quebrando o vidro do veículo, com o passageiro dentro. Neste caso, não se fala em roubo, mas em furto, pois a violência é contra a coisa (não contra a vítima).

A doutrina costuma afirmar que se o bem tem valor sentimental para a vítima, fica inviabilizado o Princípio da Insignificância.

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Furto Qualificado (art. 155, § 4º, do CP)

A pena é de reclusão de 02 a 08 anos, e multa, se o crime for praticado:

Mediante o rompimento ou destruição do obstáculo à subtração da coisa (inciso I);

O art. 171 do CPP exige perícia no obstáculo para constatar o dano.

Rompimento: dano parcial do obstáculo. Ex.: arrombamento de portas e trincos.

Destruição: dano total do obstáculo. Ex.: quebra da vidraça da janela.

Obstáculos passivos: portas, janelas, cofres, cadeados e outros.

Obstáculos ativos: alarmes, cercas elétricas, câmeras de segurança e outros.

Desligar alarme para furtar objetos da casa caracteriza furto qualificado?

Não, pois é necessário que haja alguma danificação no obstáculo.

Há furto qualificado quando o obstáculo é integrante do bem furtado, como no exemplo do agente que arromba a porta do carro para furtá-lo?

Não.

Isso acaba gerando injustiças: arrombar a porta do carro para furtar o carro é furto simples, mas arrombar a porta do carro para furtar o CD player é furto qualificado.

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Furto Qualificado (art. 155, § 4º, do CP)

Com abuso de confiança (inciso II, primeira figura)

Requisitos

Que a vítima deposite especial confiança no agente

A confiança deve ser grande, diferenciada

O crime de furto praticado por empregado é chamado de famulato

Se não havia uma especial confiança do patrão naquele empregado, o furto é simples

Que o agente se aproveite de alguma facilidade decorrente da relação de confiança para cometer o crime.

Ex.: saber a combinação do cofre da empresa, ou ter livre acesso ao interior da casa da vítima.

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Furto Qualificado (art. 155, § 4º, do CP)

Com o emprego de fraude (inciso II, segunda figura)

Fraude é qualquer artimanha utilizada pelo agente para, de alguma maneira, viabilizar a prática do furto.

Furto mediante fraude X estelionato

No furto mediante fraude o agente emprega fraude para que a vítima lhe entregue a coisa com posse vigiada

Ex.: Falso manobrista que recebe as chaves do carro para estacioná-lo, ou do falso comprador, que pede para fazer um teste drive e desaparece com o automóvel.

No estelionato o agente emprega fraude para que a vítima lhe entregue a coisa sem posse vigiada. A vítima autoriza o agente a deixar o local na posse da coisa.

Ex.: Pessoa que se faz passar por outra para receber dinheiro do caixa do banco.

Se o crime é praticado mediante escalada (inciso II, terceira figura) Escalada: é o acesso ao lugar do bem por via anormal.

Pressupõe esforço considerável por parte do agente, ou utilização, por ele, de objetos consideráveis.

Ex.: pular o muro, entrar pelo telhado, entrar pela sacada de um prédio; etc. A escavação de túnel é via de acesso anormal, recaindo na qualificadora.

Art. 171 do CPP exige perícia no local para que se demonstre como ocorreu a escalada.

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Furto Qualificado (art. 155, § 4º, do CP)

Se o crime é praticado mediante destreza (inciso II, quarta figura)

Destreza é a habilidade física ou manual que permite ao agente subtrair objetos que a vítima traz consigo sem que ela perceba. Ex.: batedor de carteiras (punguista).

Se o crime é praticado com o uso de chave falsa (inciso III)

Cópia clandestina: cópia feita sem a autorização do dono;

Qualquer instrumento capaz de abrir a fechadura, que não seja a chave verdadeira;

Objetos confeccionados especificamente para servir como chave falsa, conhecidos pelo nome de mixa ou gazua.

Se o crime é praticado mediante o concurso de duas ou mais pessoas (inciso IV)

É possível a aplicação da qualificadora ainda que o juiz condene uma só pessoa, desde que existam provas do envolvimento de outra.

A qualificadora aplica-se tanto para casos de co-autoria quanto de participação.

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Furto Qualificado (art. 155, § 5º, do CP)

A pena é de reclusão de 03 a 08 anos:

Se o furto for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior (§ 5º);

Requisitos

Que desde o momento do crime já exista a intenção de levar o bem para outro Estado ou País; e

Que o agente consiga cruzar a divisa ou a fronteira em poder do veículo subtraído.

Se alguém já furtou um veículo há algumas horas e inicia o transporte, mas o veículo acaba sendo apreendido no mesmo Estado, ele responde por furto consumado, porque já estava na posse tranquila do bem, mas sem a qualificadora do § 5º, porque não conseguiu cruzar a divisa.

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Furto de Coisa Comum (art. 156 do CP)

“Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio,

para si ou para outrem, a quem legitimamente a

detém, a coisa comum:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,

ou multa.

§ 1.º Somente se procede mediante representação.

§ 2.º Não é punível a subtração (lícita) de coisa

comum fungível, cujo valor não excede a quota a

que tem direito o agente.” (Ex.: sacas de café)

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