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PÓLEN APICOLA: PERFIL DA PRODUÇÃO NO BRASIL Barreto, L.M.R.C. (1) ; Funari, S.R.C .(2) ; Orsi, R.O. (2) Universidade de Taubaté (1) ; Universidade Estadual Paulista-Campus de Botucatu (2) Rua 4 de março, 432, Taubaté, São Paulo, cep 12020-270, telefone (12) 36353603 [email protected] Resumo Com o objetivo de realizar o levantamento de dados que caracterizem o perfil da produção do pólen apícola brasileiro, realizou-se a coleta de dados sobre produção, processamento e comercialização do produto no Brasil, através de informações fornecidas por produtores de pólen e Associações Apícolas dos Estados Brasileiros. Os resultados mostraram a existência de dois importantes pólos produtivos no país: a região Sul, tendo Santa Catarina como principal Estado produtor, e o Nordeste, tendo a Bahia como principal produtor. Pôde-se verificar que ainda existem regiões brasileiras não produtoras de pólen, porém com alto potencial produtivo como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará. Esses Estados apresentaram, ao longo do ano, grande estocagem de pólen nos alvéolos das áreas de cria, levando os apicultores a instalarem coletores de pólen somente para retirá-lo. Quanto à tecnologia de processamento, encontraram-se desde as mais remotas formas artesanais de processamento até o emprego de uma tecnologia básica, indicando o amplo espaço a ser desenvolvido nesse segmento da cadeia apícola. Finalmente, o preço do produto no Brasil é um desafio, uma vez que o quilo do produto apresentou variações no atacado, sendo entre R$ 10,00 a 15,00 para o pólen não processado, R$ 15,00 a 40,00 o pólen processado e entre R$ 40,00 a 150,00 no varejo (2003). Palavras-chave: cadeia apícola, pólen, produção, tecnologia. BEE POLLEN: THE BRAZILIAN POLLEN PRODUCTION PROFILE Abstract In order to know the Brazilian pollen production profile surveys were developed from formularies answered by pollen producers and Brazilian states leaders. It was found out a lot of information about production, process and selling of this product in Brazil. The results identified that the South region, regards for Santa Catarina, and Northeast region, regards for Bahia, are the two most productive areas in the country and It also showed there are many regions where pollen production haven’t been developed yet such as Mato Grosso Mato Grosso do Sul and Ceará. The high productive potential of those areas is due to during the whole year the honey bee combs is concentrated in pollen areas stock growth, when beekeping set up pollen collectors only to solve this “problem”. It is known that some producers use the pollen collected for feeding their swarm, but the majority of beekeping doesn’t make good use of it. About the process technology, the survey pointed out the technology ranges from artesian to basic process, which opens a huge opportunity for process development in this segment. Finally the formation of prices is going to be the next important challenge because the kilogram cost varies from R$ 10,00 to 15,00 (pollen not processed), R$ 15,00 to 40,00 (processed pollen) at wholesale business and R$ 40,00 to 150,00 at retail. Key words: pollen, production, technology

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PÓLEN APICOLA: PERFIL DA PRODUÇÃO NO BRASIL Barreto, L.M.R.C.(1); Funari, S.R.C.(2); Orsi, R.O. (2)

Universidade de Taubaté(1); Universidade Estadual Paulista-Campus de Botucatu(2)

Rua 4 de março, 432, Taubaté, São Paulo, cep 12020-270, telefone (12) 36353603 [email protected]

Resumo Com o objetivo de realizar o levantamento de dados que caracterizem o perfil da produção do pólen apícola brasileiro, realizou-se a coleta de dados sobre produção, processamento e comercialização do produto no Brasil, através de informações fornecidas por produtores de pólen e Associações Apícolas dos Estados Brasileiros. Os resultados mostraram a existência de dois importantes pólos produtivos no país: a região Sul, tendo Santa Catarina como principal Estado produtor, e o Nordeste, tendo a Bahia como principal produtor. Pôde-se verificar que ainda existem regiões brasileiras não produtoras de pólen, porém com alto potencial produtivo como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará. Esses Estados apresentaram, ao longo do ano, grande estocagem de pólen nos alvéolos das áreas de cria, levando os apicultores a instalarem coletores de pólen somente para retirá-lo. Quanto à tecnologia de processamento, encontraram-se desde as mais remotas formas artesanais de processamento até o emprego de uma tecnologia básica, indicando o amplo espaço a ser desenvolvido nesse segmento da cadeia apícola. Finalmente, o preço do produto no Brasil é um desafio, uma vez que o quilo do produto apresentou variações no atacado, sendo entre R$ 10,00 a 15,00 para o pólen não processado, R$ 15,00 a 40,00 o pólen processado e entre R$ 40,00 a 150,00 no varejo (2003). Palavras-chave: cadeia apícola, pólen, produção, tecnologia.

BEE POLLEN: THE BRAZILIAN POLLEN PRODUCTION PROFILE

Abstract

In order to know the Brazilian pollen production profile surveys were developed from formularies answered by pollen producers and Brazilian states leaders. It was found out a lot of information about production, process and selling of this product in Brazil. The results identified that the South region, regards for Santa Catarina, and Northeast region, regards for Bahia, are the two most productive areas in the country and It also showed there are many regions where pollen production haven’t been developed yet such as Mato Grosso Mato Grosso do Sul and Ceará. The high productive potential of those areas is due to during the whole year the honey bee combs is concentrated in pollen areas stock growth, when beekeping set up pollen collectors only to solve this “problem”. It is known that some producers use the pollen collected for feeding their swarm, but the majority of beekeping doesn’t make good use of it. About the process technology, the survey pointed out the technology ranges from artesian to basic process, which opens a huge opportunity for process development in this segment. Finally the formation of prices is going to be the next important challenge because the kilogram cost varies from R$ 10,00 to 15,00 (pollen not processed), R$ 15,00 to 40,00 (processed pollen) at wholesale business and R$ 40,00 to 150,00 at retail.

Key words: pollen, production, technology

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Introdução

Segundo a Normativa n.º 03 de 19 de Janeiro de 2001 do Ministério de Agricultura e do Abastecimento (Brasil, 2001), define-se pólen apícola como o resultado da aglutinação do pólen das flores, efetuada pelas abelhas operárias, mediante néctar e suas substâncias salivares, o qual é recolhido no ingresso da colméia. O pólen apícola é coletado por uma grade de retenção, caindo em um recipiente coletor, conjunto este denominado de coletor de pólen. No final da coleta encontram-se reunidas as bolotas de grãos de coloração variável, indicando as diversas comunidades botânicas colecionadas pelas abelhas, formando uma mistura conhecida por “mix” polínico, sendo esse material removido pelo apicultor para o beneficiamento, comercialização e consumo animal e humano.

No Brasil, a produção de pólen apícola iniciou-se de forma modesta no final da década de 80. Atualmente, o mercado favorável ao consumo de produtos naturais, complementares à dieta ou com efeitos terapêuticos, vem estimulando e promovendo essa modalidade da cadeia produtiva apícola. Se, por um lado, a procura e o consumo pelo produto vêm aumentando, por outro não se constata que a produção científica brasileira sobre o tema tenha se ampliado com a mesma velocidade. Diversas são as ações benéficas do pólen apícola à saúde humana (LIGEN, 1989; ROCHA et al. 2002; ANDRÉS et al.,1993; ROMAN,1976 a,b; PEREIRA et al.,1994), porém, há questões básicas pendentes a serem esclarecidas visando assegurar a qualidade do produto para o consumo, a partir do monitoramento da produção, elaboração e armazenamento do mesmo.

Um dos primeiros países a estabelecer normas para a padronização do pólen apícola foi a Espanha, pois a carência de normativas específicas sobre a qualidade do pólen apícola espanhol resultou na expansão da comercialização de produtos de baixa qualidade e conseqüente perda do mercado europeu (Buena, 1991).

Os primeiros trabalhos brasileiros sobre a caracterização, processamento, coleta, preparo e comercialização de pólen foram realizados por Wiese (1982), Funari et al. (1994), Sampaio (1994), Schause (1994), Alves (1995), Moreti (1995), Funari (1997), Funari et al. (1998), Salomé & Salomé (1998), Barreto et al. (2000), Reis (2001), Barreto (2002), Rocha et al.(2002) e Barreto & Funari (2003).

Por se tratar de uma modalidade recente na cadeia apícola brasileira, a produção do pólen passa por estudos que objetivam adaptar a técnica de produção à realidade de uma apicultura de clima tropical com abelhas africanizadas, ou seja, escolha do melhor equipamento, ajuste de medidas das telas retentoras, manejo, conhecimento da flora polinífera, conhecimento do comportamento de coleta de pólen na flora brasileira, processamento e armazenamento (Funari et al., 1994; Alves, 1995; Moreti, 1995; Funari, 1997; Salomé & Salomé,1998, Barreto & Funari, 2003). Frente a necessidade de informações, o presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento de dados para a formação do perfil da produção de pólen apícola no Brasil. Objetivo

Frente a necessidade de informações, o presente trabalho teve como objetivo

realizar o levantamento de dados para a formação do perfil da produção de pólen apícola no Brasil.

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Material e Métodos - Obtenção de Dados

A obtenção dos dados foi realizada por meio de: a) Questionários distribuídos aos Apicultores

-1770 malas diretas, utilizando-se os arquivos pertencentes à Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) e ao Centro de Estudos Apícolas da Universidade de Taubaté (CEA-UNITAU)

-120 correios eletrônicos, utilizando-se os arquivos pertencentes ao CEA-UNITAU

-700 correios eletrônicos da lista de discussão em Apicultura coordenada pela Associação Paulista de Apicultores de Abelhas Melíficas Européias (APACAME).

b) Informações dos Representantes de Entidades Apícolas Federativas dos Estados Brasileiros e da Confederação Brasileira de Apicultura (CBA).

A correspondência encaminhada continha uma carta de esclarecimento e sensibilização para a importância da contribuição e de formulário para a aquisição dos dados (Tabelas 1, 2 e 3).

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TABELA 1: Formulário enviado aos Produtores de Pólen Nome: Endereço Completo e E-mail: Número de colméias de produção de pólen: Quais os meses de produção de pólen: Quais as possíveis plantas responsáveis pela produção do pólen: Qual a produção média mensal de pólen por colméia: Qual o tipo de coletor usado? Se não souber o nome, descreva resumidamente: Qual recipiente utilizado para transporte do pólen fresco até a sede? Tem o hábito de congelar o pólen fresco para desidratá-lo? Qual o tipo de Estufa utilizada para desidratação?, Caso não use estufa, descreva o método para desidratação. Como realiza a limpeza do pólen após sua desidratação? Quais destas estruturas possui em seu apiário para produção de pólen: ( ) Freezer ( ) Estufa ( ) Câmara de Jato Seco ( ) Bandeja plástica ( ) Bandeja metal ( ) Cuba inox ( ) Pinça, ( ) Peneira classificadora metálica ( ) Peneira classificadora plástica, ( ) Coletor de Pólen frontal ( ) Coletor de pólen intermediário ( ) outro_________________________ ( ) Sala de beneficiamento exclusivo p/ pólen ( ) Sala de Beneficiamento em comum com outros produtos apícolas Possui registro ?______ Qual? ( ) SIF ( ) Serviço Estadual ( ) Serviço Municipal Participa de alguma entidade da Classe Apícola ? ( ) Associação ( ) Cooperativa ( ) Federação Qual o tipo de venda que pratica para o pólen apícola ? ( ) Atacado. Valor por kg R$___________ ( ) Varejo. Valor por kg R$_________ Tipo e capacidades de embalagem utilizada. ( ) Vidro Transparente ( ) Vidro Âmbar ( ) Potes Plástico Transparente ( ) Sacos Plástico Atóxico Quanto a comercialização de pólen: ( ) Compra de outros estados. ( ) Compra de outros países ( ) Vende para outros estados ( ) Vende para outros países

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TABELA 2: Formulário enviado aos Representantes das Entidades Apícolas dos Estados Brasileiros.

Nome: Endereço p/ correspondência e E- mail: Entidade Apícola e Cargo: Quantas associações dispõem seu estado? Número de Colméias no Estado: Número de Colméias destinadas a produção de pólen: Produção Média anual por colméia: Produção média anual do estado: A federação dispõe de programa estadual para produção de pólen?: Tecnologia empregada na produção, processamento e armazenagem do Pólen: Quais as possíveis espécies botânicas responsáveis pela produção de pólen?: Preços praticados em seu estado: Preço Kg atacado: Preço kg varejo: Quanto a comercialização de pólen no seu estado: ( ) Compra de outros estados. ( ) Compra de outros países_____________ ( ) Vende para outros estados ( ) Vende para outros países____________ Existe produção de pólen em áreas de cultivares geneticamente modificados:

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TABELA 3: Formulário enviado ao Presidente da Confederação Brasileira de

Apicultura (CBA). Nome e Cargo: Endereço p/ correspondência e E- mail: Quantas e quais são as Federações das Associações Apícolas ativas no Brasil? Qual a estimativa da produção de pólen no Brasil? Quais os Estados produtores de pólen apícola no Brasil? Os produtores brasileiros de pólen possuem infra-estrutura para processamento do produto? Existe produção de pólen em áreas de cultivares geneticamente modificados? A Confederação dispõe de programa para produção de pólen? A produção do pólen apícola é uma atividade rentável para os produtores brasileiros? Existe importação de pólen apícola pelo Brasil? Se afirmativo, quais são os países fornecedores ? Como está atuando a barreira sanitária para esse produto?

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Resultados e Discussão 1. Estados Participantes

De acordo com o levantamento dos dados (Tabelas 4 à 10), foram obtidas respostas aos formulários enviados aos apicultores e à Federação do Estado do Rio Grande do Sul, somente apicultores dos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Sergipe e Bahia; Maranhão (Empresa Apícola), e apicultores do Distrito Federal, das Federações de Apicultura dos Estados do Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Pará e da Confederação Brasileira de Apicultura. Verifica-se que não estão presentes todos os Estados da Federação, fato justificado pela inexistência de Entidades Apícolas representativas e, principalmente, pela ausência de produção do pólen apícola. 2. Dados da Produção de Pólen 2.1. Número de colméias

O número de colméias, destinadas à produção de pólen nos Estados analisados, foi de 1737, sendo os Estados da Bahia (600 colméias), Santa Catarina (480 colméias) e Paraná (300 colméias), os que apresentaram maior número (Tabela 4).

TABELA 4: Número de colméias utilizadas na produção de pólen nos Estados

Brasileiros que se dispuseram a colaborar com a pesquisa

Estados Número de Colméias Número de Apicultores Rio Grande do Sul 70 2 Santa Catarina 480 15 Paraná 300 2 São Paulo 90 3 Minas Gerais 60 6 Tocantins 15 1 Distrito Federal 42 1 Sergipe 80 2 Bahia 600 10 Total 1737 41 2.2. Período de Produção de Pólen e Flora Apícola

O período de produção de pólen foi diversificado e variou entre os Estados (Tabela 5). Foram observadas variações entre regiões de um mesmo estado, como a Bahia, onde foram obtidas informações sobre apiários que permaneceram produtivos durante todo o ano, produzindo pólen de forma intermitente.

Em um País com grandes dimensões como o Brasil, uma diversificada flora polínica faz-se presente e, certamente, inúmeras espécies botânicas ainda não foram observadas pelo produtor apícola ou descritas na literatura científica. Na Tabela 5 estão relacionadas as espécies vegetais de acordo com o nome popular e regional e que contribuem para a produção de pólen. Pode-se observar que a flora polínica disponível varia entre os Estados analisados e está relacionada com o clima e o solo de cada região. Entretanto, essas diferenças tornam o Brasil capaz de produzir o pólen apícola ao longo do ano, podendo ser uma fonte de renda extra para a apicultura nacional.

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TABELA 5: Período de Produção e Flora Apícola nos Estados Brasileiros informado pelo produtor

Estados Período de Produção

Flora Apícola

Rio Grande do Sul Setembro a Abril Uva - do - Japão, Angico, Coqueiros, Vassoura, Eucalipto, Aroeira, Maria-mole, Pitangueira, Abacateiro, Carqueja, Erva Santa, Açoita Cavalo, Erva de Santa Maria, Nabo Forrageiro, Soja

Santa Catarina Agosto a Abril Guapuruvu, Palmeiras, Carquejas, Maria mole, Vassouras, Arueira, Vassourão, Unha de Gato, Bracatinga, Jerivá, Nabo Forrageiro, Guarapeva, Santa Maria, Pessegueiro Branco, Mamica de Cadela, Camboatã

Paraná Agosto a Março Bracatinga, Guaçatonga, Aroeira, Miguel Pintado

São Paulo Janeiro a Maio Setembro a Dezembro

Aricurana, Vassourinha, Brachiaria, Jerivá,

Minas Gerais Março a Maio Cosmos Branco, Amarelo e Roxo, Paineira, Canudo-de-Pito

Tocantins Junho a Agosto *

Distrito Federal Maio a Outubro Lixeira, Jaú, Gonçalo Alves, Malva, Palmáceas, Pombeiro, Cipó Caboclo, Cipó-Uva,

Sergipe Janeiro a maio Agosto a Dezembro

Palmáceas, Jurema Preta, Colombi, Flora Típica da Caatinga, Restinga e Mata Atlântica Litorânea

Bahia Janeiro a Dezembro Palmeiras, Camaçari, Cajá , Palmeira de Dendê

* Não Informado 2.3. Produção Mensal de Pólen por Colméia e o Tipo de Coletor Utilizado

No que se refere à produção média de pólen por colméia/mês, esta variou de 900 g (Rio Grande do Sul) a um extraordinário recorde, registrado no município de Canavieiras / BA, de 48 kg, proporcionado pela florada de cajá e camaçari (Tabela 6).

Quanto aos tipos de coletores utilizados pelos produtores, não existiu um consenso nacional para o equipamento, variando de Estado ou de produtor para produtor (Tabela 6). O equipamento que se pode destacar no momento é uma variação do Tipo Tropical Africanizado, o Tipo Tropical Africanizado Baiano (Figura 1c), desenvolvido no sul da Bahia. Nesse tipo de coletor, a tela de retenção no alvado é posicionada de maneira inclinada e a caixa receptora das bolotas de pólen atinge dimensão quase três vezes maior que a do coletor original.

Outro coletor em fase de teste pelo Centro de Estudos Apícolas da Universidade de Taubaté e pelo Setor de Apicultura da Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu, é um modelo em plástico que permitirá uma melhor higienização do

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equipamento de coleta, contribuindo diretamente para a qualidade do produto em questão (Figura 1b).

Outros tipos de coletores foram o Frontal modelo ICEAL (Figura 1a), Interno Intermediário (Figura 1d), entre outros. TABELA 6: Produção Mensal de Pólen por Colméia e Tipo de Coletor de Pólen

Utilizado nos Estados Brasileiros e Distrito Federal Estados Produção (g)

Mensal/Colméia Tipo de Coletor de Pólen

Utilizado Rio Grande do Sul 900 a 2.200 II Santa Catarina 930 a 4.000 II Paraná 1.200 a 1.900 TTA São Paulo 2.000 a 3.500 TTA, F, II Minas Gerais 2.000 a 3.000 II, TTA Tocantins * F Distrito Federal 1.800 F

Sergipe 1.000 a 1.800 F, TTABa Bahia **2000 a 4000

*** 30.000 a 48.000 F, TTABa

II – Interno Intermediário, TTA –Tipo Tropical Africanizado, F- Frontal, TTABa Tipo Tropical Africanizado Baiano, * produção doméstica, dados sem estimativas. ** Produção média rotineira, ***produção recorde de cajá

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a) Tipo Frontal b) Coletor Plástico Injetado (em teste)

c) Tipo Tropical Africanizado-Baiano d) Intermediário Interno FIGURA 1: Coletores de pólen utilizados nos estados brasileiros. 3. Processamento do Pólen Apícola 3.1. Recipiente de Transporte do Pólen Fresco, Congelamento e Desidratação do

Pólen e Uso de Soprador ou Câmara de Jato Seco

O processamento do pólen apícola ocorre através de práticas artesanais até emprego de tecnologia utilizada em diversos países produtores.

Para o transporte do pólen fresco (recém colhido) ao setor de processamento, foram utilizados sacos plásticos, caixa receptora de pólen, baldes plásticos, caixas plásticas organizadoras retangulares com base larga e baixa altura (Tabela 7), sendo essa última, recomendada por Salomé & Salomé (1998) pelo fato de permitir maior distribuição das bolotas de pólen com menor sobreposição do mesmo, evitando o esmagamento do pólen fresco e o comprometimento da qualidade.

No que se refere ao congelamento do pólen apícola antes do processo de desidratação, somente em Tocantins encontrou-se o processo imediato de desidratação sem o congelamento prévio. Certamente trata-se de uma pequena produção artesanal de

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consumo imediato e familiar, pois, na atualidade, pelo limite tecnológico, em uma produção de escala comercial, dificilmente o apicultor teria condições de desidratar grandes volumes do produto de forma imediata sem que a qualidade do mesmo não fosse comprometida. Nos demais Estados brasileiros, o congelamento do pólen é realizado utilizando-se freezer doméstico (Tabela 7 e Figura 2h). Segundo Salomé & Salomé (1998) o congelamento do pólen é obrigatório, pois este processo funciona como agente destruidor de ácaros, ovos e larvas de traça.

No processo de desidratação observou-se a utilização de “estufas” de ventilação improvisadas, como a exposição do pólen fresco sobre bandejas teladas, ventiladores e lâmpadas com ventoinha e ventilação com secadores de cabelo (Figura 2c). A utilização improvisada da secadora de roupas também foi registrada nessa pesquisa (Tabela 7). Todos esses processos de desidratação do pólen são utilizados, sobretudo por pequenos apicultores, sendo que na escala comercial são utilizados equipamento com tecnologia recente (Figura 2 a).

Para a remoção de partículas leves como fragmentos de abelhas, pernas, asas dentre outros, utilizam-se sopradores. Nesse levantamento, encontrou-se pequenos produtores utilizando o secador de cabelos e registra-se também um método semelhante ao de ventilação de grãos sendo utilizado como ventilação do pólen desidratado (Figura 2d), sendo que produtores profissionais utilizam-se de sopradores próprios nessa etapa do processamento (Tabela 7 e Figura 2b).

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TABELA 7: Recipiente de Transporte do Pólen Fresco, Congelamento, Estufa de

Desidratação e Soprador (Câmara de Jato Seco) utilizados nos Estados Brasileiros

Estados Recipiente Congelamento Desidratação Soprador Rio Grande do Sul Balde plástico Freezer Tipo Ballardin,

Adaptada com secador de

cabelos

Não utiliza

Santa Catarina Caixa organizadora

Freezer Tipo Ballardin Caixa de madeira com lâmpada e

ventoínha

Secador de cabelos. Câmara

de jato seco

Paraná Caixa plástica organizadora

Freezer Tipo Ballardin Câmara de jato seco

São Paulo Balde plástico caixa plástica organizadora

no próprio coletor sobre

bandeja galvanizada

Freezer Tipo Ballardin, Caixa de madeira com lâmpada e

ventoínha

Secador de cabelos, Soprador

Minas Gerais Balde plástico Freezer Tipo Ballardin, Exposição ao sol

Não utiliza

Tocantins Saco plástico Não realiza Bandeja e ventilador

Não utiliza

Distrito Federal Caixa plástica organizadora

Freezer Tipo Ballardin Secador de cabelos

Sergipe Pote plástico Freezer Modelo Scharly Soprador Scharly

Bahia Baldes plástico

Freezer Tipo Ballardin, caixa de madeira com lâmpada e

ventoínha, Tipo Laboratório

Secador de cabelos. Câmara

de jato seco

3.2. Uso de Peneiras Classificatórias, Limpeza do Pólen (Catação) e Sala de

Beneficiamento do Pólen O jogo de peneiras classificatórias (Figura 2e) é um instrumento que separa as

bolotas de pólen que, por ventura, no processo de desidratação, tenham se agrupado. Além disso, separa o pó e possíveis resíduos da parte comercial sendo este o principal fator para tal processo; por fim, acaba por agrupar as bolotas de pólen por tamanho, mesmo sendo a classificação por tamanho de bolotas desnecessária (Figura 2e). No que se refere a utilização de peneiras classificatórias, apenas os Estados de Minas Gerais, Sergipe e o Distrito Federal não as utilizam (Tabela 8).

A catação consiste na coleta de bolotas de própolis e demais partículas estranhas ainda presentes no pólen apícola (Figura 2f). Tal processo ainda é rudimentar e desgastante para o manipulador devido à falta de tecnologia nessa etapa do processamento. No Estado de Santa Catarina foi desenvolvido um sistema de esteira (modelo Ballardin) onde as bolotas de pólen vão sendo transportadas e o manipulador vai removendo as partículas estranhas (Tabela 8 e Figura 2g).

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O único Estado onde se tem registro da utilização de um misturador de pólen (Figura 2i) é o Estado de Santa Catarina (Tabela 8). Trata-se de uma prática que reúne as diversas colheitas de pólen monofloral para a elaboração artificial de uma mistura polínica objetivando evidenciar a formação de um produto colorido ou de sabor agradável caracterizando o pólen “blend”. O aparelho utilizado para essa operação pode ser observado na Figura 2i.

Quanto à sala de processamento do pólen, esta é utilizada, na maioria das vezes, para o processamento de outros produtos apícolas nos Estados analisados, sendo que alguns apicultores profissionais nesses estados dispõem de salas próprias para o processamento.

TABELA 8: Uso de Peneiras Classificatórias, Catação, Mistura de Pólen e Sala de

Beneficiamento do Pólen Utilizados nas Regiões Estudadas. Estados Peneiras

classificatórias Catação Mistura

de pólen Sala de beneficiamento

para pólen Rio Grande do Sul Sim Sim - Comum a outros produtos Santa Catarina Sim Manual em

bandeja até esteira rotativa

Sim Comum a outros produtos até exclusiva

Paraná Sim Sim - Comum a outros produtos São Paulo Sim Sim - Comum a outros produtos

até exclusiva Minas Gerais - Sim - Comum a outros produtos Tocantins Sim Sim - Comum a outros produtos Distrito Federal - Sim - Comum a outros produtos Sergipe - Sim - Exclusiva para Pólen Bahia Sim Sim - Comum a outros produtos

até exclusiva (-) processo não realizado / ou não informado

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a) Estufa Ballardim

b) “Soprador” (aerador) Ballardim

c) Estufa desidratadora de madeira

d) Ventilação rudimentar do pólen

e) Peneira classificatória Ballardim

f) Catação artesanal

g) Esteira de catação Ballardim

h) Pólen de diferentes floradas conservados em

Freezer

i) Misturador de pólen

FIGURA 2: Tecnologia utilizada no processamento do pólen apícola pelos Estados brasileiros.

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4. Comercialização do Pólen Apícola 4.1. Tipo de Registro, Participação em Associações Apícolas e Tipo de

Embalagem para a Comercialização

Com relação à regularização do produtor de pólen no que se refere à inspeção, observou-se que a maioria encontra-se na clandestinidade (Tabela 9), seja por desconhecimento, falta de incentivo ou por encontrar grandes dificuldades na regularização perante os órgãos competentes. Existem relatos de processos no Estado de São Paulo que duraram aproximadamente oito anos para a oficialização de um entreposto para obtenção do Selo de Inspeção Federal (SIF). Como demonstrado na Tabela 10, nos Estados brasileiros analisados, pode-se encontrar desde produtores com registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), bem como sem registro.

Quanto à ligação do apicultor às Associações representativas, observou-se que todos eram participantes (Tabela 10). Torna-se quase impossível ao pesquisador realizar seus levantamentos se não contar com a colaboração das Entidades de classe, que também serão beneficiadas pela pesquisa, demonstrando a necessidade das parcerias entre as instituições.

Quanto aos tipos de embalagens utilizadas para a comercialização, encontrou-se uma variedade de modelos em plástico ou vidro. Os sacos plásticos variaram entre 100g a 4kg de capacidade, os potes plásticos de 100 a 500g e as embalagens de vidro de 70g a 1kg. Observaram-se ainda embalagens de maior capacidade, variando de 30kg a 70kg, latas com revestimento sanitário ou tambor de papelão, ambos contendo sacos plásticos para serem preenchidos e fechados a vácuo (Tabela 9). Este fechamento a vácuo é utilizado, principalmente, para armazenamento do pólen pelo produtor, sem comprometer a qualidade do produto e possibilitando aguardar um período favorável de preço para a comercialização do mesmo.

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TABELA 9: Tipo de Registro, Participação em Associações Apícolas e Tipo de

Embalagem para a Comercialização, nos Estados Brasileiros Estados Registro Participação Tipo de Embalagem Rio Grande do Sul

De nenhum a Municipal

Sim Saco Plástico 100g e 1 kg Potes Plástico 125g e 220g

Santa Catarina De nenhum a Inspeção Federal

Sim Vidro Transparente 150g Potes Plásticos de 100 e 500g Sacos Plásticos duplos 1 e 4

kg Paraná Inspeção Federal Sim Vidro Transparente 150g

Saco Plástico 1 e 2 kg São Paulo De nenhum a

Inspeção Federal Sim Sacos Plástico 2kg

Vidro Transparente 70 e 200gMinas Gerais De nenhum a

Inspeção Federal Sim Vidro transparente 40g

Tocantins Nenhum Sim Saco Plástico Distrito Federal Inspeção Estadual Sim Vidro Transparente 70 e 200gSergipe Nenhum Sim Sacos Plásticos 2kg e 5kg Bahia De nenhum a

Inspeção Federal Sim Potes Plásticos 100 e 500g,

Sacos Plásticos 1 e 2 kg 4.2. Preço de Venda do Pólen Apícola e Tipo de Comercialização

Uma das maiores dificuldades na exploração do pólen apícola será a formação de preço adequado para o produto no Brasil, uma vez que o presente levantamento registrou grande variação nas diversas formas de comercialização. O preço do quilo para o pólen não processado variou entre R$ 10,00 a R$ 15,00. No atacado, o quilo do produto processado foi de R$ 25,00 a R$ 40,00 e, no varejo foi cotado entre R$ 30,00 a R$ 150,00 (Tabela 10).

Este fato chama a atenção para a necessidade das Associações e a Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) desenvolverem programas que ensinem ao produtor, o levantamento de seus custos de produção, bem como a formação de preços fixos para as diversas vias de comercialização.

Quanto a rota de comercialização do pólen apícola, os Estados brasileiros, em sua maioria, produzem para o próprio Estado. O Estado do Paraná, além de vender para o seu próprio território, comercializa pólen principalmente com os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Bahia, da mesma maneira abastece o seu próprio território e exporta pólen para os Estados já citados, e a uma demanda dos Estados de Goiás, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Por outro lado, Santa Catarina, além de distribuir o produto em praticamente todos os Estados do Brasil, conta com um produtor exportando para Colômbia e Uruguai.

No Estado do Ceará existem cerca de 4 a 5 mil pequenos apicultores que possuem em média entre 40 a 50 colméias, trabalhando em sistemas de cooperativas, o que possibilita a utilização de salas comunitárias de beneficiamento. No período chuvoso, principalmente entre março e abril, ocorre um “fenômeno” de congestionamento de alvéolos das áreas de cria, o que impede a postura da rainha. Dessa forma, torna-se prática comum os apicultores instalarem coletores de pólen para conseguirem espaço para o desenvolvimento da colméia. O pólen coletado, na maioria das vezes, é descartado e somente alguns apicultores utilizam tal produto para a

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elaboração de alimento protéico para as abelhas. Ainda no Estado do Ceará, há grande área irrigada de coqueiros que proporciona um grande potencial para a produção do pólen apícola.

No Mato Grosso do Sul, oficialmente não se tem conhecimento de produção comercial de pólen, embora esteja sendo estabelecida a câmara setorial, em parceria com SEBRAE, EMBRAPA Pantanal e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. O Estado compra pólen de Santa Catarina, com o preço no atacado entre R$ 22,00 a R$23,00 e, no varejo, de R$ 45,00 a R$ 50,00 (Tabela 10).

A produção de pólen apícola no Estado do Rio Grande do Sul, não é representativa, sendo o pólen comprado de Santa Catarina.

No Espírito Santo existem oito Associações Apícolas, mas não há dados sobre a produção de pólen no Estado, provavelmente pelo fato do pasto apícola ser voltado principalmente para a produção de mel. A comercialização do pólen apícola não é difundida nesse Estado, sendo realizada a compra de pólen do Estado da Bahia, atingindo preços no atacado de R$ 20,00 (Tabela 10).

No Estado do Maranhão existem cerca de sete Associações Apícolas ativas, embora não se tenha conhecimento de produção comercial de pólen apícola.

No Estado do Pará não há uma produção comercial de pólen. A Federação Apícola foi criada recentemente, apresentando como objetivo principal atender o consumo interno e, posteriormente, a exportação, explorando principalmente o aspecto da diversidade de ecossistemas, riqueza de aromas, sabores e consistência do produto. A atividade é desenvolvida com base na agricultura familiar, a qual têm recebido apoio para qualificação da mão-de-obra dos programas PANFLOR (Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador) e SETEPS (Secretaria Executiva de Trabalho e Promoção Social). O acesso ao financiamento tem sido realizado pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Outras instituições envolvidas no projeto para o desenvolvimento da Apicultura do Pará são a EMATER, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, Programa Pobreza e Meio Ambiente (POEMAR), Universidade Federal do Pará e Escola Técnica de Castanhal.

No Estado do Rio Grande do Norte, não se tem conhecimento da produção comercial de pólen. O Estado se prepara para uma nova fase da Apicultura, a “Apicultura Racional”, realizando para isso treinamentos com apoio do SEBRAE.

A Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) informou que: Atualmente, a organização da Apicultura Brasileira apresenta dezesseis Federações e Associações Apícolas, compreendendo os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Tocantins, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Paraíba e Ceará. Existem também centenas de Associações distribuídas em todo o território nacional e algumas organizações que acabam por representar seus respectivos Estados. A CBA não dispõe de um programa nacional para produção do pólen apícola, por entender que a referida produção é de caráter regional. A produção de pólen é muito rentável, principalmente se comparada ao mel, o que torna a atividade altamente atrativa. Os números da produção de pólen brasileiro são estimados na ordem de 200 toneladas ao ano, sendo os maiores Estados produtores: Bahia, Santa Catarina, Paraná. Quanto a infra-estrutura para processamento, não são todos os produtores que a possuem. Conforme informações da CBA parece não haver registros da produção de pólen em áreas contendo culturas modificadas geneticamente. O Brasil vem importando pólen da China e da Espanha, sendo que as barreiras sanitárias não apresentam praticamente nenhuma restrição a essa atividade. Isso é visto pela CBA, como a grande dificuldade para evitar a importação de doenças para os apiários brasileiros.

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O Brasil possui um potencial elevadíssimo na área apícola, mas para competir no

mercado nacional e internacional, suas entidades representativas deverão passar por reciclagens em controle de qualidade, formação de preço e mercado (“marketing”) dentre outras e, estabelecer normas para uma legislação global de ação local atingindo os diversos níveis fiscalizadores ou seja, municipal, estadual e federal. TABELA 10: Preço de Venda do Quilo de Pólen Apícola e Tipo de Comercialização,

nos Estados Brasileiros Estados Preço de Venda (R$)

Atacado Varejo Rio Grande do Sul 25,00 a 35,00 40,00 a 50,00 Santa Catarina 25,00 a 40,00 30,00 a 40,00 Paraná 25,00 40,00 São Paulo 25,00 a 35,00 100,00 a 150,00 Minas Gerais * 120,00 Tocantins * * Distrito Federal * 90,00 Sergipe 20,00 * Bahia 15,00 a 30,00 * * não informado

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Conclusões

1. A produção do pólen ainda é pouco explorada no Brasil 2. Foram evidenciados dois importantes pólos da produção de pólen no Brasil:

Santa Catarina e Bahia. 3. Os produtores de pólen na sua maioria, não possuem nem instalações, nem

equipamentos adequados para produção do pólen apícola, permanecendo na clandestinidade quanto ao registro junto aos órgãos fiscalizadores.

4. Não existe um consenso na formação de preços do pólen no atacado e varejo no Brasil.

5. A tecnologia observada, para o processamento do pólen apícola, em sua maioria ainda é rudimentar.

Sugestões • A criação de Programas para Fomento de Produção e Centros de Processamentos

poderá contribuir significativamente para expansão da cadeia produtiva tendo em foco o pólen apícola brasileiro.

• Os Órgãos Representativos devem se aplicar para a elaboração e formação do chamado preço justo do pólen apícola, tanto no atacado como no varejo.

• As representações da apicultura brasileira devem intensificar as ações nas barreiras sanitárias, defendendo o patrimônio apícola nacional das possíveis rotas de entradas de doenças apícolas.

• Que sejam mobilizadas as entidades representativas da cadeia apícola para sensibilizar governo e iniciativa privada para o desenvolvimento de tecnologia de processamento.

• O Brasil apresenta grande potencial produtivo de pólen apícola, pois parece que o clima e a flora potencial, que merece ser ainda identificada nos rigores científicos, não são fatores limitantes para a produção.

• Solucionado esses aspectos, o Brasil deixará de perder toneladas de pólen anualmente disponíveis em sua vasta vegetação polinífera, a política do alimento seguro poderá ser concretizada em relação ao pólen, o reforço protéico na alimentação se concretizará, bem como o ganho de divisas para os Estados pobres com alto potencial polinífero, o que certamente resultará em melhorias da qualidade de vida de muitos cidadãos brasileiros.

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