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ENTREVISTA
Victor Nogueira Correa 1CONTO
A nova Califórnia – Lima Barreto 3
1472
JORNAL ETAPA – 2014 • DE 08/05 A 21/05
Jornal do VestibulandoENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
ENTREVISTA
“Tinha de pegar tudo do zero.
Coisas que eu nunca tinha visto antes.”
Victor Nogueira Correa
Em 2013: Etapa
Em 2014: Poli – USP
Victor Nogueira Correa viu sua nota na 1ª fase da Fuvest subir
21 pontos depois do cursinho. Entrou em Engenharia Naval,
carreira que elogia muito e na qual vê grandes possibilidades
de atuação profissional. Não entrou na primeira lista. Chegou
mesmo a recomeçar o cursinho este ano – até que foi chamado
para a Poli. Aqui ele conta como conseguiu superar o que
chamou de “buracos” em sua formação no Ensino Médio.
ENTRE PARÊNTESIS
Jogo de palavras 8
JV – Quando você fez a opção por ser enge-
nheiro?
Victor – Eu sempre gostei muito da parte de consul-
toria, pegar um projeto, analisar cada um dos seus
parâmetros, ver onde pode melhorar, onde está dan-
do errado. Desde pequeno gostava muito de ver no
Discovery Chanel aqueles programas de construção,
como montar as coisas. Conversando com meu ir-
mão mais velho, que também fez cursinho no Eta-
pa e entrou em Administração na FEA, ele falou que
Engenharia é uma das melhores carreiras para você
fazer consultoria.
Além da Fuvest, você prestou quais vestibulares?
Unicamp, também para Engenharia de Produção, e
Enem. Na Poli minha primeira opção era Produção.
Entrei na Engenharia Naval.
Está satisfeito com a Naval?
Estou extremamente feliz. As pessoas acabam mui-
tas vezes não conhecendo o curso, mas Engenha-
ria Naval tem muito a ver com logística e tem um
amplo mercado de trabalho. Você pode trabalhar em
consultoria, banco, estaleiro. Se eu pudesse prestar
Fuvest de novo, minha primeira opção seria Naval. Te-
nho amigos que entraram na Poli e prestaram Fuvest
outra vez para tentar entrar na Naval.
Você conheceu o Etapa pelo seu irmão?
Conheci o Etapa pelo meu irmão mais velho. Ele tam-
bém estudou na Escola Federal de São Paulo e veio
para o cursinho. Entrou em Administração na FEA.
Hoje trabalha com consultoria.
Você já tinha feito vestibular?
No ano anterior, prestei direto do 3º ano.
Quantos pontos você fez?
Fiz 49 pontos. Com o bônus de escola pública foi para
54.
Como você sentia suas chances de aprovação
quando entrou no cursinho?
Como a nota de corte da Poli fica, em média, em 62,
63, pensei que se conseguisse consertar os buracos
do Ensino Médio poderia dar certo. Eu tinha feito dois
anos do Ensino Médio na Federal, junto com o Técni-
co em Informática. No 3º ano mudei para a Escola
Técnica Camargo Aranha.
Você conseguiu tapar esses buracos?
Consegui. Quando terminei o cursinho eu estava
com minha base muito sólida. Em todas as matérias.
No cursinho, como era seu método de estudo?
Eu entrei no cursinho no período da tarde. Comecei
pensando em estudar a matéria do dia e fazer os
exercícios. Sempre estudei na Sala de Estudos. No
começo do ano eu tentei estudar em casa, não es-
tava dando certo. Falei: “Vou estudar no Etapa para
ver como me saio”. Percebi que meu aproveitamento
aqui era muito melhor. Estudava umas três horas por
dia, às vezes quatro horas.
Era suficiente para você?
Para o começo é tranquilo. Se você vem de uma
rotina em que não estudava nada e passa a estudar
quatro horas por dia, todo dia, você sente um choque
e às vezes precisa de um pouco de tempo para pegar
o ritmo. Com o tempo você vai conseguindo pegar o
ritmo do cursinho.
Você estudava à noite ou de manhã?
Principalmente à noite, porque eu ficava muito aqui
para o vôlei que tinha mais tarde. Saía da aula, ia es-
tudar. Terminava de estudar, ia jogar vôlei. De manhã
estudava mais um pouco. No segundo semestre,
passei para o período da manhã. Aí ampliei meu tem-
po de estudo. Passava o dia inteiro no Etapa, parecia
minha casa. Em alguns dias ficava estudando até as
8 e meia da noite. Depois jogava vôlei. Mas mudei
mesmo meu ritmo de estudos na Revisão para a 1ª
fase. Estudava todo dia até 9, 10 horas da noite. Es-
tudava cerca de 8, 9 horas por dia. Consegui manter
esse ritmo até a prova da Fuvest. Focava muito nos
exercícios. Como a 1ª fase da Fuvest é teste, foquei
em aprender a fazer teste. Precisa de uma técnica
para fazer teste. Acho que consegui pegar isso muito
bem com os simulados e a bateria de exercícios.
Você estudava também nos fins de semana?
Sim, principalmente quando tinha matéria atrasada.
No início fazia o RPE [Reforço para Engenharia] no
sábado de manhã. Depois que fui para o período da
manhã, passei a fazer o RPE durante a semana. Eu
fazia os simulados na sexta-feira, e no sábado geral-
mente os revisava. Rever simulado é estudo, só que
mais leve. Achei que combinava muito mais com o
fim de semana, porque eu começava a nova semana
mais tranquilo.
Como ajudou o RPE?
As aulas do RPE focavam mais em coisas especí-
ficas, que muita gente não vê normalmente, então
você acaba passando um pouco à frente. Ou, às ve-
zes, você aprende um jeito mais rápido, uma melhor
resolução para problemas normais.
SERVIÇO DE VESTIBULAR
Inscrições 8
ARTIGOPesquisadores brasileiros desenvolvem modelo sobre a origem da água na Terra 6
POIS É, POESIA
Olavo Bilac 7
ENTREVISTA2
Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura
REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP
JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343Jornal do Vestibulando
Quais foram as principais dificuldades que
você teve no ano passado?
Acho que foram as matérias que eu nunca tinha vis-
to, porque na escola, durante o Ensino Médio havia
o princípio de que o Curso Técnico vem em primeiro
lugar. Eu tive toda a matéria de Física no 1º ano por-
que o curso técnico precisava dessa parte. No 3º
ano, quando mudei de escola, revi as matérias. Para
mim, matérias como Matemática, Física e Química
eram como se não tivessem existido. Sentia dificul-
dades – tinha de pegar tudo do zero. Coisas que eu
nunca tinha visto antes.
Quais foram as matérias que você não viu?
Em todas as áreas, um pouquinho de cada.
Como você treinava Redação ao longo do
ano?
Eu fazia as redações que eram indicadas. Fazia
alguns temas do “Fique Esperto” e outros temas
sobre os quais eu gostava de escrever. Fazia a Re-
dação, via o que tinha feito de errado, o que podia
melhorar, reescrevia e depois levava para o planto-
nista. Foi o que fiz em todas as provas. Eu escrevo
rápido. Fiz a Redação, reli e refiz. A mesma Reda-
ção, mais bem escrita.
Nos simulados, quais eram os seus resulta-
dos?
Geralmente era C mais, C menos às vezes. De vez
em quando, B. Nunca tirava uma nota menor do que
tinha tirado no simulado anterior. Eu achava isso óti-
mo porque as provas iam ficando mais difíceis e mi-
nha nota nunca piorava.
Como você via esses resultados?
As notas dos simulados eram o reflexo do meu
estudo. Ia adaptando minha rotina de estudo aos
resultados nos simulados.
Qual foi a importância da prática no simu-
lado?
Essa prática me ajudou a achar a melhor maneira de
estudar para as provas.
Você ia ao Plantão de Dúvidas?
Principalmente em Matemática, porque eu sem-
pre fazia os exercícios que os professores pediam,
mas, a partir da Revisão, passei a ir um pouco além.
Pegava os exercícios mais difíceis. E, às vezes, os
exercícios eram muito difíceis. Então ia ao Plantão.
Na área de Exatas tem vários jeitos de resolver um
exercício, ficava tentando achar sempre o melhor.
Especialmente, o mais rápido.
Como você se preparou para as questões so-
bre as obras literárias obrigatórias?
Procurei ler algumas obras. Li os resumos e foquei
principalmente nas palestras. Não consegui ir a to-
das as palestras, mas assisti a todas na Internet,
mais de uma vez. Se tinha dificuldade, revia a pales-
tra. Melhorou? Tudo bem. Não melhorou, procurava
me aprofundar na obra.
O que você fez nas férias de julho?
Dei uma revisada em uma coisa e outra, um pou-
quinho. Depois viajei. Eu pensei assim: “A partir de
agosto vou ter de rachar, tenho de entrar zero bala
para poder levar até o final do ano. Vou segurar ago-
ra um pouco e voltar 100%”.
Você tinha alguma atividade que ajudava a
relaxar?
Para desestressar, eu dormia. No fim de semana,
quando não estava estudando, estava dormindo. Às
vezes eu saía para dar uma relaxada.
Quantos pontos você fez na 1ª fase da Fuvest?
Minha nota foi 70. Com o bônus, 79. O corte
ficou em 60. Sem o bônus, acertei 21 questões
a mais do que na primeira vez em que prestei
Fuvest.
Você esperava esse resultado?
Achei que meu desempenho foi muito bom. Eu
esperava um pouco menos porque nos simulados
minha média era 66, 65. Pensava: “Se a Fuvest for
mais difícil, minha nota fica em 63”. Foi mais difícil,
só que eu acabei indo melhor.
Mudou alguma coisa em seus estudos para
a 2ª fase?
Mudou o jeito de estudar. Para a 2ª fase não basta
saber a resposta, você precisa escrever certo. Eu
treinava essa parte de como escrever a questão,
como justificar a questão.
Quais foram suas notas na 2ª fase?
Eu tirei praticamente a mesma nota todos os dias.
No primeiro dia, minha nota foi 53,13 – na Redação
eu tirei 61,25, que achei uma nota boa. No segundo
e no terceiro dia minhas notas foram iguais, 56,25.
Fiquei surpreso, porque eu achava que tinha ido me-
lhor no terceiro dia do que no segundo. Mas na so-
matória geral foi mais ou menos o que eu esperava.
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontua-
ção na Fuvest?
No total, 681,5.
Em que posição se classificou na carreira?
Fiquei na posição 815.
Como soube de sua aprovação para a Poli?
Não passei na primeira lista, fui chamado na sétima.
Enquanto esperava as listas, cheguei a começar as
aulas aqui este ano. Numa sexta-feira, depois da
aula, fui para casa, sabia que ia sair a lista, vi que
fui aprovado. Foi na sexta-feira da primeira semana
de aulas na USP.
Qual foi sua reação ao saber que era um ca-
louro da USP?
Eu quase não acreditei. Só caiu a ficha quando fiz a
matrícula. Mas fiquei superfeliz, liguei para minha
família inteira: “Gente, um pouquinho tarde, mas
passei”.
Você já conhecia a Poli?
Não conhecia. Gostei muito, bem grande, enorme, me perdi lá.
Do que você mais gostou até agora na Poli?
Principalmente da parte da integração. Comecei mais tarde, pensei: “Vou ter um pouco de problema para entrar no ritmo, me integrar”. Só que tive mui-ta sorte porque na Poli cada área tem seu Centro Acadêmico. Logo que entrei comecei a frequentar o Centro Acadêmico da Engenharia Naval e o pes-soal é muito receptivo. Os veteranos me receberam muito bem, as pessoas da minha sala me ajudaram. Em uma semana já estava integrado, tranquilo.
Quais matérias você tem neste primeiro se-
mestre?
Cálculo, Álgebra Linear, Geometria, Introdução à Engenharia, Química Teórica e Laboratorial, Física 1 e Computação.
De qual matéria você está gostando mais até
agora?
A matéria de que eu mais gosto é Introdução à En-genharia, que faço junto com o pessoal de Enge-nharia de Produção e de Engenharia Mecânica.
O que você vê de mais interessante na Enge-
nharia Naval?
A parte da Naval mesmo, estaleiro, que é uma coisa que gostaria de fazer. E eles têm laboratórios de pes-quisa que a gente visitou. Lá eles têm um simulador de navio e de porto, sensacional. Tem um tanque de ondas que é um dos mais avançados do mundo. Gostei muito do curso em geral. É muito amplo. Consigo ver vários lugares onde eu me encaixaria para trabalhar.
Você tem uma ideia da área que quer seguir?
No princípio era consultoria. Depois eu gostei da parte de estaleiro. Agora imagino algo como consul-toria para estaleiros.
O mercado de estaleiros no Brasil é bom?
Agora, com o pré-sal, tem muito projeto para plata-forma de petróleo. Mas eu pretendo trabalhar fora, Japão, Coreia do Sul. No Japão, o mercado naval é muito desenvolvido.
Que dicas você tem para o pessoal deste ano?
Primeiro, ir às aulas, estudar a matéria do dia, procurar não ficar com a matéria atrasada, fazer muitos exercí-cios. Segundo, usar o Plantão de Dúvidas, assistir às palestras, aproveitar tudo que o Etapa tem para ofere-cer, porque é um curso feito para ajudar a passar no vestibular. Eles estão ajudando você, aceite a ajuda.
Qual o significado do esforço que você fez no
ano passado?
Eu amadureci muito. O ano de cursinho me ensinou muitas coisas, me ensinou a ter um pouco mais de controle, a saber que, se quero uma coisa, eu tenho que correr atrás, que preciso me esforçar. A lição para mim foi nunca perder a esperança e estudar bastante. Vale a pena.