1454 jornal do vestibulando ensino, informaÇÃo e cultura a igreja do diabo – machado de assis 3...

2
ENTREVISTA Marcílio Leite Neto 1 CONTO A igreja do Diabo – Machado de Assis 3 1454 JORNAL ETAPA – 2013 • DE 06/06 A 19/06 Jornal do Vestibulando ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA ENTREVISTA “Você precisa abrir mão das coisas para alcançar o que quer.” Marcílio Leite Neto Em 2012: Etapa Em 2013: Direito – USP Marcílio Leite Neto só prestou Fuvest e está na São Francisco. Antes, ele estudou Direito no Mackenzie, até a metade do 3° ano, mas deixou a faculdade por não conseguir conciliar o estudo com o trabalho. Depois de “repensar a vida”, como diz, decidiu prestar Fuvest, veio para o cursinho, licenciou-se do trabalho e foi bem-sucedido no vestibular. Pretende seguir carreira diplomática. SERVIÇO DE VESTIBULAR Inscrições 7 ENTRE PARÊNTESIS No metrô 5 ARTIGO Pesquisadores procuram sinais de uma nova Física 6 POIS É, POESIA Olavo Bilac 8 JV – Por que escolheu Direito como carreira? Marcílio – Como meu pai era advogado, sem- pre tive contato com a área do Direito. Eu achava interessante, achava legal, achava que estudando Direito eu conseguiria fazer muito pela sociedade. Por isso prestei vestibular e entrei no Mackenzie em 2008. Estudei lá dois anos e meio. Como você tinha escolhido o Mackenzie? O Mackenzie é uma boa faculdade e ficava pró- ximo do meu trabalho. Qual era seu trabalho? Trabalhava com informática. Eu terminei o colegial em 2006. Em 2007, ainda na Fundação Bradesco, fiz curso técnico em Informática. Mas, desde os 16 anos, no 2 o colegial, eu trabalhava nessa área. Por que deixou o Mackenzie? Fiquei no Mackenzie até meados de 2010. Eu não estava conseguindo conciliar a fa- culdade com o trabalho e acabei priorizando o trabalho. Tranquei o curso e, no segundo semestre de 2010, só trabalhei. Em janeiro de 2011 fui para Toronto, no Canadá, onde fiquei um mês. Foi uma viagem para repen- sar, refletir um pouco sobre a vida. Fiz um curso de Inglês também, para não ficar só passeando. Na volta, você retomou o curso de Direito no Mackenzie? Voltei para o curso, fiquei três meses e vi que não ia ter mesmo como conciliar a faculdade com o trabalho. Aí cancelei minha matrícula. Tudo isso por questão de trabalho? Sim. No ano passado eu me matriculei no Eta- pa, em maio. Mas ainda não conseguia conciliar o trabalho com o estudo. Por isso, em agosto, tirei uma licença não remunerada do trabalho, por seis meses, de agosto a fevereiro. Com a licença você conseguiu se dedicar à preparação para o vestibular? Isso. Como foi o desenvolvimento de seus estudos no ano passado? Para falar a verdade, dei uma desanimada no primeiro simulado Fuvest, em maio. Fiz 65 pon- tos e fiquei no C menos. Não foi uma nota ruim, mas não era a nota que eu esperava. Esse pri- meiro choque do simulado foi muito importante para eu ver que precisava me dedicar mais. O que mudou depois que você se licenciou no trabalho? Mudou o foco porque falei: “Tenho de passar” . Acordava todo dia as 5 e meia da manhã, vinha para o Etapa, assistia a todas as aulas, ia para casa almoçar, dormia uma hora, uma hora e meia para descansar e estudava até umas 9, 10 horas da noite. Foquei mais em Exatas, em que tinha mais dificuldade. Por isso também fazia o Reforço para Engenharia, em vez do Reforço para Direito. Você estudava a matéria do dia? Eu pegava sempre a matéria do dia, principal- mente as matérias em que eu tinha mais dú- vidas. Só que sempre deixava Português por último. No fim das contas acabei sem estudar Português e vi o resultado disso na 2ª fase: foi minha pior matéria. Em quais matérias você tinha mais dificuldade? Matemática e Física. No fim das contas, fiquei melhor que nas matérias em que eu julgava que ia melhor: Química, História e Geografia. No RPE, você conseguia acompanhar bem as aulas? Conseguia. O Reforço foi legal por me ajudar a revisar. Antes da Revisão, eu revisei pelo RPE. Exercícios da 2ª fase, por exemplo, envolvem muito conceito, que às vezes eu não sabia. Ape- sar de entender a explicação e conseguir fazer, eu falava: “Isto aqui eu preciso ver” . Tinha alguma matéria de que você não gosta- va e aqui passou a gostar? Eu tinha dificuldade, apesar de sempre ter ido bem, em Biologia. Tinha algumas coisas em Biologia que eu não conseguia ir muito bem. Biologia é uma das matérias de que passei a gostar mais por causa do Etapa. No fim de semana, o que você fazia? No sábado, depois de fazer o Reforço, às ve- zes ficava na Sala de Estudos. Depois, estudava mais um pouco em casa. No domingo, às ve- zes tinha palestra ou simulado. Mas a partir das 5 horas da tarde eu me dava um tempo livre. Você usava o Plantão Virtual? Usava. Entrava para tirar dúvida, via o exercício resolvido lá. Às vezes estava sem computador, entrava pelo celular.

Upload: buidien

Post on 24-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ENTREVISTA

Marcílio Leite Neto 1

CONTO

A igreja do Diabo – Machado de Assis 3

1454

JORNAL ETAPA – 2013 • DE 06/06 A 19/06

Jornal do VestibulandoENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

ENTREVISTA

“Você precisa abrir mão das coisas para alcançar

o que quer.”

Marcílio Leite NetoEm 2012: EtapaEm 2013: Direito – USP

Marcílio Leite Neto só prestou Fuvest e está na São Francisco.

Antes, ele estudou Direito no Mackenzie, até a metade do 3° ano,

mas deixou a faculdade por não conseguir conciliar o estudo

com o trabalho. Depois de “repensar a vida”, como diz, decidiu

prestar Fuvest, veio para o cursinho, licenciou-se do trabalho e foi

bem-sucedido no vestibular. Pretende seguir carreira diplomática.

SERVIÇO DE VESTIBULAR

Inscrições 7ENTRE PARÊNTESIS

No metrô 5

ARTIGOPesquisadores procuram sinais de uma nova Física 6

POIS É, POESIA

Olavo Bilac 8

JV – Por que escolheu Direito como carreira?

Marcílio – Como meu pai era advogado, sem-pre tive contato com a área do Direito. Eu achava interessante, achava legal, achava que estudando Direito eu conseguiria fazer muito pela sociedade. Por isso prestei vestibular e entrei no Mackenzie em 2008. Estudei lá dois anos e meio.

Como você tinha escolhido o Mackenzie?

O Mackenzie é uma boa faculdade e ficava pró-ximo do meu trabalho.

Qual era seu trabalho?

Trabalhava com informática. Eu terminei o colegial em 2006. Em 2007, ainda na Fundação Bradesco, fiz curso técnico em Informática. Mas, desde os 16 anos, no 2o colegial, eu trabalhava nessa área.

Por que deixou o Mackenzie?

Fiquei no Mackenzie até meados de 2010. Eu não estava conseguindo conciliar a fa-culdade com o trabalho e acabei priorizando o trabalho. Tranquei o curso e, no segundo semestre de 2010, só trabalhei. Em janeiro de 2011 fui para Toronto, no Canadá, onde fiquei um mês. Foi uma viagem para repen-sar, refletir um pouco sobre a vida. Fiz um curso de Inglês também, para não ficar só passeando.

Na volta, você retomou o curso de Direito no Mackenzie?

Voltei para o curso, fiquei três meses e vi que não ia ter mesmo como conciliar a faculdade com o trabalho. Aí cancelei minha matrícula.

Tudo isso por questão de trabalho?

Sim. No ano passado eu me matriculei no Eta-pa, em maio. Mas ainda não conseguia conciliar o trabalho com o estudo. Por isso, em agosto, tirei uma licença não remunerada do trabalho, por seis meses, de agosto a fevereiro.

Com a licença você conseguiu se dedicar à preparação para o vestibular?

Isso.

Como foi o desenvolvimento de seus estudos no ano passado?

Para falar a verdade, dei uma desanimada no primeiro simulado Fuvest, em maio. Fiz 65 pon-tos e fiquei no C menos. Não foi uma nota ruim, mas não era a nota que eu esperava. Esse pri-meiro choque do simulado foi muito importante para eu ver que precisava me dedicar mais.

O que mudou depois que você se licenciou no trabalho?

Mudou o foco porque falei: “Tenho de passar”. Acordava todo dia as 5 e meia da manhã, vinha para o Etapa, assistia a todas as aulas, ia para casa almoçar, dormia uma hora, uma hora e meia para descansar e estudava até umas 9, 10 horas da noite. Foquei mais em Exatas, em que tinha mais dificuldade. Por isso também fazia o Reforço para Engenharia, em vez do Reforço para Direito.

Você estudava a matéria do dia?

Eu pegava sempre a matéria do dia, principal-mente as matérias em que eu tinha mais dú-vidas. Só que sempre deixava Português por último. No fim das contas acabei sem estudar

Português e vi o resultado disso na 2ª fase: foi minha pior matéria.

Em quais matérias você tinha mais dificuldade?

Matemática e Física. No fim das contas, fiquei melhor que nas matérias em que eu julgava que ia melhor: Química, História e Geografia.

No RPE, você conseguia acompanhar bem as aulas?

Conseguia. O Reforço foi legal por me ajudar a revisar. Antes da Revisão, eu revisei pelo RPE. Exercícios da 2ª fase, por exemplo, envolvem muito conceito, que às vezes eu não sabia. Ape-sar de entender a explicação e conseguir fazer, eu falava: “Isto aqui eu preciso ver”.

Tinha alguma matéria de que você não gosta-va e aqui passou a gostar?

Eu tinha dificuldade, apesar de sempre ter ido bem, em Biologia. Tinha algumas coisas em Biologia que eu não conseguia ir muito bem. Biologia é uma das matérias de que passei a gostar mais por causa do Etapa.

No fim de semana, o que você fazia?

No sábado, depois de fazer o Reforço, às ve-zes ficava na Sala de Estudos. Depois, estudava mais um pouco em casa. No domingo, às ve-zes tinha palestra ou simulado. Mas a partir das 5 horas da tarde eu me dava um tempo livre.

Você usava o Plantão Virtual?

Usava. Entrava para tirar dúvida, via o exercício resolvido lá. Às vezes estava sem computador, entrava pelo celular.

ENTREVISTA2

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura

REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343Jornal do Vestibulando

Quando você teve uma melhora nos simulados?

Consegui um C mais no primeiro simulado de agosto. Mas ainda não era a nota que eu es-perava, continuei por volta dos 65, 68 pontos. Em todos os simulados de 1ª fase que fiz, fi-quei entre 64 e 68. Não passei disso. Mantive C mais, consegui um B. C menos foi só no primeiro.

Na Fuvest, você foi melhor?

Fui melhor.

Você leu os livros indicados pela Fuvest? As-

sistiu às palestras sobre eles?

Assisti a todas as palestras e vi de novo pela Internet. Li todos os livros duas vezes.

Qual é a importância da palestra?

Quando você lê, faz a sua interpretação, mas não tem a visão que o vestibular espera que você tenha. Inclusive, acho que é bom ler os livros antes de ir às palestras, que dão uma visão diferente da que você tem ao ler a obra.

Na parte de Literatura, conseguiu resolver

as questões da Fuvest?

Não tive o menor problema.

Que dificuldades você enfrentou no ano pas-

sado?

Muitas. Além do cansaço no fim do ano, ha-via o pessimismo de muitas pessoas que falavam que não ia dar. Eu não ganhava mal com meu trabalho e muita gente dizia: “Você corre o risco de não passar, não está recebendo salário, e ainda corre o risco de não ter trabalho. Para quê?”. É muito des-gastante enfrentar esse tipo de situação. A gente acha que a opinião dos outros não afeta, mas acaba afetando. O que me aju-dou muito foi o apoio de minha namorada, de meus pais e irmãs.

O que você fazia para relaxar?

Sempre que possível, ia ao cinema.

Como foi seu desempenho na 1ª fase?

Fiz 70 pontos. Sem bônus. [O corte foi 57.]

A nota foi a esperada por você?

Eu gostaria, claro, de ter tirado mais, mas mi-nha meta era 70. Nas duas últimas semanas antes da 1ª fase eu comecei a fazer as provas anteriores. Fiz as cinco anteriores e nelas tirei de 72 a 78. Mas você faz em casa, enfim, não é a prova do dia.

Da 1ª para a 2ª fase mudou alguma coisa no

seu método de estudos?

Saí de turma de Exatas e mudei para a turma de Humanas, que era mais focada nas maté-rias que eu teria na 2ª fase. Foi importante ir para Humanas, tinha mais aulas de Geografia e História, por exemplo.

Quais foram suas notas na 2ª fase?

No primeiro dia, prova de Português, fui mal. Com 49,4 pontos, foi meu pior dia. Na Reda-ção, tirei 46,25. Eu percebi que fugi do tema e tive de refazer a Redação em 20 minutos. Nem era um tema muito difícil, mas acabei me perdendo.

No segundo dia, na prova geral, como você foi?

Tirei 62,5. Não foi uma nota ruim. E foi mais ou menos o que eu esperava. A prova em si foi uma surpresa. Uma curiosidade da minha segunda prova: tinha uma questão de Matemática que era muito fácil, estava tão fácil que eu não acre-ditei na resposta. Eu tinha de olhar um gráfico e responder. Tão simples que eu achei que não tinha entendido o que estava sendo pedido. Dei-xei em branco para voltar depois. Mas não deu tempo de voltar e a questão foi deixada sem resposta.

E na terceira prova, das matérias prioritá-rias da carreira?

Tirei 68,75. Foi minha melhor nota.

Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pon-tuação?

646 pontos.

E a classificação na carreira?

424.

Como ficou sabendo de sua aprovação na Fuvest?

Eu vim para cá ver a lista. Mas acabei vendo pelo celular que tinha passado.

Qual foi sua reação nessa hora?

Fiquei sem palavras. Aí fui olhar na lista mes-mo, ver se tinha visto certo. Mas foi legal, é diferente você ver daqui e ver da sua casa. Depois o pessoal da São Francisco veio aqui pegar o pessoal que tinha passado.

Você já conhecia a São Francisco?

Eu não tinha ido ainda à faculdade. Conheci no dia da matrícula.

Qual foi sua primeira impressão?

Quando cheguei lá fiquei impressionado, é muito bonita a faculdade. Embora as salas não sejam tão cuidadas como em uma facul-dade particular, elas transpiram história. A fa-culdade surgiu em 1827. É muita história que tem lá.

Você está estudando em que período, matu-tino ou noturno?

À noite.

Que matérias você tem neste primeiro semes-tre?

Comecei tendo sete matérias: Direito Civil, Introdução ao Direito Penal, Introdução ao

Estudo do Direito, Teoria Geral do Estado, Direito Romano, Direito Constitucional, tem mais uma matéria que não estou lembrando agora. Eu pedi para eliminar matérias que já tive antes.

O que você destaca na São Francisco?

Todo dia tem campanha, votação. Lá tudo é po-lítica. É outro mundo. É um mundo dentro dela mesmo. Mas é muito legal esse engajamento dos alunos.

Que atividades extracurriculares você destaca?

A Atlética, por exemplo. Eles são muito enga-jados na parte de esportes. Logo que você faz a matrícula já tem a barraquinha da Atlética, você se inscreve no esporte que quer. Eu, por exemplo, comecei a treinar atletismo.

Algum ponto negativo?

Uma parte negativa é a biblioteca da faculda-de. Não consigo comparar com a biblioteca do Mackenzie, que é muito mais organizada.

Na carreira, o que você pretende fazer?

Pretendo seguir Diplomacia quando me for-mar. Esta é uma das coisas em que pensei quando escolhi o curso.

Você está estagiando?

Faço estágio em escritório de Direito ban-cário. É muito esquisito, de líder de equipe, voltar para estagiário. Mais uma vez tenho de ter foco.

Qual é a importância do estágio?

É para você ter contato com a aplicação do que estuda. É a prática. No meio do ano vou começar a fazer francês. Espanhol também. Vou precisar de inglês, francês e espanhol fluentes.

Já aprovado na Fuvest, você retornou ao emprego do qual tinha se licenciado?

Voltei para o trabalho em fevereiro, fiquei um tempo, mas não tinha mais a ver com minha área, então saí.

Do que você mais gostou no Etapa?

Os professores dão uma aula muito legal e o ambiente aqui ajuda muito você a se interes-sar pelo estudo.

Como fica marcado para você o ano passado?

Um ano de dedicação.

Você acha que, hoje, está diferente de quan-do começou no cursinho?

No cursinho você acaba crescendo. Você tem uma evolução sempre.

O que você tira de lição dessa experiência?

A importância de persistir. Você tem sempre de seguir em frente. Você precisa abrir mão das coisas para alcançar o que quer.