1449 jornal do vestibulando ensino, … – desde quando você pensa em fazer en-genharia? victor...

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JV – Desde quando você pensa em fazer En- genharia? Victor – Na Federal de São Paulo, onde fiz o Ensino Médio, fiz também o curso técnico em Informática. Eu ia bem nas provas de Matemá- tica e o pessoal falava que eu devia fazer Enge- nharia. Resolvi pesquisar sobre os cursos que existem na USP e realmente Engenharia é o que mais se enquadra comigo. Além da Fuvest, você foi aprovado em qual vestibular? Pelo Enem, fui aprovado na UFSCar para Enge- nharia de Produção. Você prestou Fuvest direto ao terminar o Ensino Médio na Federal? Prestei. Para falar a verdade, eu não estudava nada, mas até que não fui tão mal, acertei 52 na 1 a fase da Fuvest. Não deu para Engenharia, mas em outros cursos até que eu passaria. Como você conheceu o Etapa? É um círculo natural: Federal, Etapa, USP. Na Poli eu encontro veterano da Federal, o cara também fez Etapa. Tenho três amigas que pas- saram na São Francisco. O Etapa passa todo mundo. Você estava confiante quando começou a estudar aqui no ano passado? Entrei confiante: “Vou fazer cursinho e vou di- reto para lá” . Passado um tempo, vi que não era tão simples assim. Vêm os simulados, você tira C mais, C menos, e tem de ralar, porque per- cebe que para passar vai ter de estudar muito. ENTREVISTA Victor Pereira Gomes 1 CONTO Vinte anos! Vinte anos! – Machado de Assis 3 1449 JORNAL ETAPA – 2013 • DE 28/03 A 10/04 Jornal do Vestibulando ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA Não é fácil, é muito concorrido. A USP todo mundo quer. Que dificuldades você enfrentou em sua preparação? Ter disciplina para estudar. Abrir mão de balada foi o mais difícil. Eu saía todo fim de semana com os amigos. Mas eu tinha de abrir mão e hoje não me arrependo, porque vale muito a pena. Em quais matérias você melhorou no cur- sinho? Passei muitas horas aqui estudando todas as matérias. Acho que esse foi um ponto bom: como eu não tinha base em nenhuma maté- ria, estudei todas com a mesma gana. Não fui desleixado com nenhuma. Foquei em todas porque sabia que estava defasado em todas. Estudei no mesmo ritmo o ano inteiro. Não teve uma época em que peguei mais pesado ou relaxei. Em que matérias você tinha mais dificulda- de? Geografia e Português. Na Federal eu não tinha professor de Geografia. No Etapa, acho que vi umas três vezes cada apostila de Geografia. Consegui acertar tudo na 2 a fase. Se eu não tivesse me dedicado muito, não ia conseguir, não. E nas matérias de Exatas, como você esta- va? As de Exatas eu pegava mais fácil. Mas em Ma- temática, por incrível que pareça, tive de suar bastante, tive de prestar bastante atenção na aula, ir ao plantão. Como era seu método de estudos? No começo, ia para a Sala de Estudos do Etapa. Depois passei a estudar em casa. Se surgia alguma dúvida, como você procu- rava resolver? Tentava resolver sozinho. Quando via que não dava mesmo, usava o Plantão de Dúvidas, que é muito bom. Ou perguntava para os amigos. Em que matéria você recorria mais ao Plan- tão de Dúvidas? Matemática. De vez em quando, História e Quí- mica. Quantas horas por dia você estudava? Variava muito. Tem gente que diz estudar oito, dez horas por dia. Tentava fazer isso também, mas não rendia. As primeiras ho- ras rendiam. Em média, começava a estudar às duas horas da tarde e ia até umas dez ho- ras da noite. Mas com vários intervalos. Es- tudava umas três horas seguidas, dava uma parada e depois voltava. Em dia que estava rendendo muito eu não parava. Mas não era todo dia. Você estudava no fim de semana? Sábado eu pegava para descansar. É importan- te descansar. Se não estiver com a cabeça des- cansada, a mente leve, você não vai absorver. No domingo eu estudava bastante. ENTREVISTA “Fui para a 2 a fase achando que não ia passar de jeito nenhum...” Victor Pereira Gomes Em 2012 – Etapa Em 2013 – POLI – USP Victor Pereira Gomes veio de escola pública. Teve de aprender muitas matérias no cursinho. Estudou como nunca havia feito antes. Ao passar para a 2 a fase da Fuvest, sua posição não era muito boa. Ficou no corte, no final da lista dos 2 316 chamados da carreira Engenharia. Mas na 2 a fase a situação inverteu. Acabou passando à frente de 80% dos examinados. Hoje está na Poli e aqui conta sua experiência aos novos alunos do Etapa. ARTIGO A mão do homem 5 SERVIÇO DE VESTIBULAR Inscrições 7 VOCÊ SABIA QUE... As grandes navegações 4 ARTIGO Pioneiro do jornalismo científico no Brasil é homenageado em livro 8

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JV – Desde quando você pensa em fazer En-genharia?

Victor – Na Federal de São Paulo, onde fiz o Ensino Médio, fiz também o curso técnico em Informática. Eu ia bem nas provas de Matemá-tica e o pessoal falava que eu devia fazer Enge-nharia. Resolvi pesquisar sobre os cursos que existem na USP e realmente Engenharia é o que mais se enquadra comigo.

Além da Fuvest, você foi aprovado em qual vestibular?

Pelo Enem, fui aprovado na UFSCar para Enge-nharia de Produção.

Você prestou Fuvest direto ao terminar o Ensino Médio na Federal?

Prestei. Para falar a verdade, eu não estudava nada, mas até que não fui tão mal, acertei 52 na 1a fase da Fuvest. Não deu para Engenharia, mas em outros cursos até que eu passaria.

Como você conheceu o Etapa?

É um círculo natural: Federal, Etapa, USP. Na Poli eu encontro veterano da Federal, o cara também fez Etapa. Tenho três amigas que pas-saram na São Francisco. O Etapa passa todo mundo.

Você estava confiante quando começou a estudar aqui no ano passado?

Entrei confiante: “Vou fazer cursinho e vou di-reto para lá”. Passado um tempo, vi que não era tão simples assim. Vêm os simulados, você tira C mais, C menos, e tem de ralar, porque per-cebe que para passar vai ter de estudar muito.

ENTREVISTA

Victor Pereira Gomes 1

CONTOVinte anos! Vinte anos! – Machado de

Assis 3

1449

JORNAL ETAPA – 2013 • DE 28/03 A 10/04

Jornal do VestibulandoENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

Não é fácil, é muito concorrido. A USP todo mundo quer.

Que dificuldades você enfrentou em sua preparação?

Ter disciplina para estudar. Abrir mão de balada foi o mais difícil. Eu saía todo fim de semana com os amigos. Mas eu tinha de abrir mão e hoje não me arrependo, porque vale muito a pena.

Em quais matérias você melhorou no cur-sinho?

Passei muitas horas aqui estudando todas as matérias. Acho que esse foi um ponto bom: como eu não tinha base em nenhuma maté-ria, estudei todas com a mesma gana. Não fui desleixado com nenhuma. Foquei em todas porque sabia que estava defasado em todas. Estudei no mesmo ritmo o ano inteiro. Não teve uma época em que peguei mais pesado ou relaxei.

Em que matérias você tinha mais dificulda-de?

Geografia e Português. Na Federal eu não tinha professor de Geografia. No Etapa, acho que vi umas três vezes cada apostila de Geografia. Consegui acertar tudo na 2a fase. Se eu não tivesse me dedicado muito, não ia conseguir, não.

E nas matérias de Exatas, como você esta-va?

As de Exatas eu pegava mais fácil. Mas em Ma-temática, por incrível que pareça, tive de suar

bastante, tive de prestar bastante atenção na aula, ir ao plantão.

Como era seu método de estudos?

No começo, ia para a Sala de Estudos do Etapa. Depois passei a estudar em casa.

Se surgia alguma dúvida, como você procu-rava resolver?

Tentava resolver sozinho. Quando via que não dava mesmo, usava o Plantão de Dúvidas, que é muito bom. Ou perguntava para os amigos.

Em que matéria você recorria mais ao Plan-tão de Dúvidas?

Matemática. De vez em quando, História e Quí-mica.

Quantas horas por dia você estudava?

Variava muito. Tem gente que diz estudar oito, dez horas por dia. Tentava fazer isso também, mas não rendia. As primeiras ho-ras rendiam. Em média, começava a estudar às duas horas da tarde e ia até umas dez ho-ras da noite. Mas com vários intervalos. Es-tudava umas três horas seguidas, dava uma parada e depois voltava. Em dia que estava rendendo muito eu não parava. Mas não era todo dia.

Você estudava no fim de semana?

Sábado eu pegava para descansar. É importan-te descansar. Se não estiver com a cabeça des-cansada, a mente leve, você não vai absorver. No domingo eu estudava bastante.

ENTREVISTA

“Fui para a 2a fase achando que não ia passar de

jeito nenhum...”

Victor Pereira Gomes

Em 2012 – Etapa

Em 2013 – POLI – USP

Victor Pereira Gomes veio de escola pública. Teve de aprender

muitas matérias no cursinho. Estudou como nunca havia feito

antes. Ao passar para a 2a fase da Fuvest, sua posição não era

muito boa. Ficou no corte, no final da lista dos 2 316 chamados

da carreira Engenharia. Mas na 2a fase a situação inverteu.

Acabou passando à frente de 80% dos examinados. Hoje está na

Poli e aqui conta sua experiência aos novos alunos do Etapa.

ARTIGO

A mão do homem 5

SERVIÇO DE VESTIBULAR

Inscrições 7VOCÊ SABIA QUE...

As grandes navegações 4ARTIGO

Pioneiro do jornalismo científi co no Brasil é homenageado em livro 8

ENTREVISTA2

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura

REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343Jornal do Vestibulando

Quanto tempo você estudava no domingo?

Variava de domingo para domingo, umas três, quatro horas, de vez em quando cinco. Mas não era nada de morrer, era prazeroso. Pegava as matérias em que eu tinha mais facilidade ou pegava História e dava uma lida.

Nos simulados, quais eram seus resulta-dos?

C menos de vez em quando, mas a maioria C mais. Não cheguei a tirar B nem A. Via meus amigos que estudavam para Engenharia, eles tiravam C mais também. Eu sentia que eles estavam num nível bom, mas eu queria tirar mais, queria B.

Você treinava redação?

Treinava. Todas que os professores manda-vam fazer, eu fazia, entregava. Mas sempre tirava nota baixa. E queria saber o porquê, perguntava para o plantonista, para meus amigos, pedia dicas. Eu praticava, mas sa-bia que era bem fraco na técnica. Na hora lembrei de tudo que o professor falava, en-caixou certinho com o que eu tinha para fa-lar. Deu certo.

Você leu os livros indicados pela Fuvest e pela Unicamp?

Não tinha tempo para ler. Não consigo ler em ônibus, no metrô. Talvez em Português eu tenha sido desleixado. Inteiro, só li Vidas se-

cas. Li metade de O cortiço e de Memórias póstumas de Brás Cubas. Os outros livros eu fui às palestras e estudei os resumos. No fim fui bem em todas as provas de Português. Foi uma surpresa para mim.

Como as palestras sobre as obras literárias foram úteis para você?

As palestras são demais. Se não fossem as palestras eu não responderia nada. Tudo que eu sabia era das palestras e dos resumos.

O que você fez nas férias?

Saí com os amigos, fui a shows, balada, dormi bastante, joguei futebol. Não estudei nem um pouco. Tirei para descansar.

Como você voltou das férias e retomou os estudos no segundo semestre?

Em agosto, setembro, eu estava meio chatea-do porque achei que faltava muita coisa ainda para estudar. Fiquei bastante preocupado na-quela época. Aí foi que comecei a estudar o dia inteiro para dar uma recuperada.

Na 1a fase da Fuvest, quantos pontos você fez?

Em cima do corte.

Nos simulados da 1a fase da Fuvest, você fazia quantos pontos?

Uns 70, 68. C mais. De vez em quando, 65, 64. Mas era sempre acima do corte do ano anterior, que tinha sido 63.

O que achou de sua nota na 1a fase?

Fui para a 2a fase achando que não ia passar de jeito nenhum, porque tinha passado no cor-te. Pensei até em não ir fazer. E o primeiro dia da 2a fase, prova de Português, me deu uma desanimada grande.

Qual foi sua nota na prova de Português?

Tirei 50. Metade.

Em Redação, quanto fez?

Metade também. 50%. A média geral em Por-tuguês foi 39,9. Ouvi que para Engenharia eu fui bem.

No segundo dia, qual foi sua nota?

Fui bem. Tirei 75. Acertei todas as questões de Geografia, achei bem simples. Em Quími-ca, o erro foi numa vírgula – e tinha feito cer-to no rascunho. Errei uma de História e até saberia dar a resposta, mas entendi errado a pergunta.

No terceiro dia você teve Física, Química e Matemática. Como foi?

Errei duas e acertei o resto. Nota 73.

Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pon-tuação?

Ficou em 714,4.

Na sua carreira 2 316 foram para a 2a fase. Como se classificou?

Em 501o lugar.

Como soube de sua aprovação na Fuvest?

Eu estava em casa, no computador, espe-rando a lista. Ficava atualizando, atualizando, não entrava, fui jogar video game. Estava jo-gando quando começou a vir mensagem no Facebook, o pessoal falando, “Parabéns, você passou”. Depois vim para o Etapa. Teve um pessoal que me pintou. Quando saí de casa e já estava pegando o ônibus é que me lembrei de ligar para minha mãe: “Mãe, passei”. Ela fi-cou mais feliz ainda do que eu.

O que você sentiu na hora em que soube que estava na USP?

Não acreditei. Fui olhar o site da Fuvest. “Pas-sei, nossa, não acredito”. E veio a dúvida: UFSCar ou Poli?

Você optou pela USP. Se você não passasse na Poli, iria para São Carlos?

Tranquilo. Tenho amigos que estudam na UFSCar, já fui algumas vezes visitá-los, gosto para caramba de lá. Tenho uma simpatia mui-to grande pela universidade. Iria para lá sem tristeza, numa boa, ia curtir muito. A UFSCar é uma baita universidade.

Você já conhecia a Poli ou conheceu só na matrícula?

Não conhecia nada. Tinha um monte de ami-gos que estudavam lá, mas não conhecia.

Achava que era só aula. Mas eu já sei que tem festa, gincana, um monte de coisas. Tem grupos de extensão, o pessoal constrói avião, robô, tem grêmio, atlética, esporte.

Como foi a matrícula?

Estava com o nariz quebrado, engessado, os caras só jogaram uma tinta na minha orelha. Foi difícil tirar, está aí até hoje. Mas o trote deles é legal, recebem muito bem.

Que matérias você tem neste primeiro se-mestre?

Cálculo, Álgebra Linear, Física, Química, Intro-dução à Engenharia. O pessoal fala que na Poli se estuda mais que no cursinho. Não estou duvidando, vi que é bem puxado.

Do que você mais gostou até agora?

Gostei de tudo. A USP é fantástica. O campus é lindo, o Cepeusp [Centro de Práticas Espor-tivas] é fantástico, a quadra é muito boa, os campos de futebol. A Poli também tem uma estrutura fantástica. Nunca imaginei que uma escola pública ia ter ar-condicionado porque na minha escola eu tinha até goteira. Fiquei ma-ravilhado. E gostei porque tem muita ativida-de para fazer, esportes, grupos de extensão, pode participar do grêmio, você não precisa só estudar e voltar para casa. A USP é um univer-so a ser explorado.

Na Poli, o que mais você pretende fazer?

Intercâmbio. A Poli tem convênios com mui-tas universidades de outros países. É difícil encontrar um lugar que abre tantas portas para o exterior. Eu pretendo ir para a França.

O que você diria a quem vai prestar vesti-bular de novo este ano?

Para não desistir, que vale muito a pena. Eu estudaria tudo de novo porque é muito bom mesmo. No meu caso, você sente que está na melhor faculdade da América Latina, com gente cabeça, interessante. Estude bastante que você vai passar e é muito gratificante.

Você acha que, hoje, está diferente de quan-do entrou no cursinho?

Estou muito mais disciplinado. Não tinha dis-ciplina nenhuma. Aprendi aqui a separar o tempo para estudar. Eu fazia tudo, mas não estudava. Tinha prova na escola, estudava uma hora antes. Aqui eu estudava todo dia. Disciplina mesmo, tudo que aprendi foi aqui.

O que você tira de lição do ano passado?

Ter determinação, saber focar em uma meta. Aqui, foi com o que eu mais me identifiquei. E aprendi a ter disciplina.

Você quer dizer mais alguma coisa para nossos alunos?

Estudem bastante e aproveitem o Etapa, que oferece toda a estrutura, todo o material ne-cessário para vocês entrarem em qualquer faculdade.