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O acionista da Dell Carl Icahn propôs à empresa que pague US$ 15,7 bilhões num dividen- do especial, tornando-se o mais recente grande investidor a se opor ao plano do fundador Michael Dell de fechar o capi- tal da terceira maior fabricante de computadores do mundo. Icahn, conhecido por inter- vir na administração das em- presas em que investe, escre- veu à diretoria da Dell para pro- por uma recaptalização alavan- cada e disse que o acordo de US$ 24,4 bilhões para fechar o capital da companhia a “desva- loriza substancialmente”. Na carta, datada de 5 março e publicada ontem num comu- nicado feito pelo Comitê Espe- cial da mesa diretora da Dell, Icahn disse que detinha signifi- cativa participação na compa- nhia, mas não revelou o valor exato. A CNBC, citando fontes anô- nimas, noticiou na quarta-fei- ra que Icahn havia acumulado cerca de 6% das ações da Dell. Isso o tornaria o terceiro maior acionista, atrás da Sou- theastern Asset Management e do próprio Michael Dell, consi- derando os dados disponíveis. A Southeastern Asset Mana- gement, administrada pelo in- vestido Mason Hawkins, tam- bém se opõe ao acordo e disse que a Dell poderia fazer em- préstimos para recomprar ações majoritórias, ou ainda di- vidir a companhia e vender se- paradamente algumas unida- des. Icahn propôs um dividendo especial de US$ 9 por ação. CONFLITO Bracher deixa conselho do Pão de Açúcar Acionista da Dell recusa proposta de fechar capital Produzir mais, de forma eficaz e com redução de custo. Essa é a receita dos sonhos de qual- quer empresa. O que desde sempre tem sido perseguido pe- los empresários é na verdade um modelo de gestão que nas- ceu nos anos 40, no Japão, em uma pequenina fábrica de auto- móveis chamada Toyota. Je- ffrey Liker, um dos maiores es- pecialistas nesse modelo, bati- zado de Lean, esteve no Brasil nesta semana e falou ao BRASIL ECONÔMICO sobre as vantagens do sistema. “É o modelo que ajudou a transfor- mar a Toyota na lí- der mundial de mercado”, diz. Liker é professor de engenharia in- dustrial e operacio- nal na University of Michigan, copro- prietário da consul- toria Optiprise, presidente da Toyota Way Academy e tem dez livros publicados sobre o te- ma. Ele revela que o Lean é uma ferramenta versátil. “E po- de ser aplicado em diversos de- partamentos dentro de uma empresa, alguns deles dão o su- porte para o desenvolvimento dos demais, mas é preciso que todos estejam comprometidos com o sistema. Para isso, inves- tir no desenvolvimento das pes- soas é fundamental”, diz. Ele explica que o processo, responsável por alavancar não só o desempenho, mas a quali- dade dos veículos fabricados pe- la Toyota, vem sendo aprimora- do constantemente, de acordo com os desafios do mundo mo- derno, como a crise europeia que afetou a Toyota e os recalls de seus veículos. “O Lean aju- dou a empresa a enfrentar esses desafios de forma rápida e efi- caz. Como estavam preparados para equilibrar custo e produti- vidade, com foco na qualidade, se recuperaram e voltaram à li- derança do mercado”, avalia. Para ele, o Brasil está se pre- parando para ser uma potência, mas tem alguns de- safios . Levanta- mento do Penn World Table (banco de dados do Centro para Comparações Internacionais de Produção, Renda e Preços da Universi- dade da Pensilvâ- nia), mostram queda de 15% da produtividade da indústria bra- sileira entre 1980 e 2008. Ele enxerga a Embraer como o melhor caso brasileiro de apli- cação do Lean com sucesso. “É um companhia que produz com qualidade, mesmo com os desa- fios da economia, entrega com eficiência, sem deixar a desejar a nenhum outro concorrente es- trangeiro”. Para ele, o próximo passo do Brasil para melhorar a competitividade é a inovação. “A Embraer é o melhor exem- plo de inovação”, diz. Por aqui, bons resultados já aparecem. Antonio Sérgio Con- te, presidente do Lean Construc- tion Institute, explica que os be- nefícios do modelo tem auxilia- do empresas a reduzir gastos. “Fizemos o projeto de um hotel em Belo Horizonte, que deveria ficar pronto até a Copa. Com o sistema, houve economia de 30% na média homens/hora e o hotel já está pronto”, diz. Na Hominiss, consultoria es- pecializada na aplicação do mo- delo, bons exemplos não fal- tam. Um deles, está no Institu- to do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho e fez com que o tempo de espera dos pacientes para iniciar a quimioterapia caísse de cerca de 30 dias para uma semana. “Trabalhamos o processo junto com os profissio- nais, entendendo a rotina, iden- tificando lacunas e organizan- do as etapas para tornar o pro- cesso mais equilibrado”,diz Thiago Bertani, consultor. Ele explica que o maior desa- fio da implantação da ferramen- ta é a questão cultural. “Chegar em um lugar para aplicar um no- vo processo é um desafio. É pre- ciso trabalhar em parceria com os envolvidos, mostrando os be- nefícios na melhora da qualida- de do trabalho que prestam.” Carl Icahn sugere o pagamento de um dividendo especial no valor total de US$ 15,7 bilhões Cândido Bracher renunciou ontem ao conselho de administração do grupo Pão de Açúcar. A empresa diz não ter sido comunicada, mas fontes confirmam a saída de Bracher e dizem que está ligada ao fato de ele exercer função de comando no Itaú. Bracher foi citado em fevereiro por Abilio Diniz. Abilio — criticado pelo sócio Jean Charles Naouri pelo interesse em comandar o conselho da BRF — disse que Bracher também estava presente em mais de uma empresa e que não vê nisto um conflito. Juliana Ribeiro [email protected] EMPRESAS Eduardo Anizelli/Folhapress Fotos: divulgação Modelo Lean nasceu com a Toyota e se tornou referência em gestão eficaz Tony Avelar/Bloomberg Jeffrey Liker, maior especialista sobre o assunto, veio ao Brasil falar sobre as vantagens do sistema O modelo ajudou a transformar a Toyota em líder mundial de mercado Sruthi Ramakrishna Reuters Michael Dell: dificuldades imprevistas para fechar capital da empresa Liker: o melhor exemplo de inovação e aplicação do modelo Lean no Brasil está na Embraer 22 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 8, 9 e 10 de março, 2013

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Clipping - Jeffrey Liker - Brasil Econômico

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Page 1: 130307_Clipping_GrupoA

O acionista da Dell Carl Icahnpropôs à empresa que pagueUS$ 15,7 bilhões num dividen-do especial, tornando-se omais recente grande investidora se opor ao plano do fundadorMichael Dell de fechar o capi-tal da terceira maior fabricantede computadores do mundo.

Icahn, conhecido por inter-vir na administração das em-

presas em que investe, escre-veu à diretoria da Dell para pro-por uma recaptalização alavan-cada e disse que o acordo deUS$ 24,4 bilhões para fechar ocapital da companhia a “desva-loriza substancialmente”.

Na carta, datada de 5 marçoe publicada ontem num comu-nicado feito pelo Comitê Espe-cial da mesa diretora da Dell,Icahn disse que detinha signifi-cativa participação na compa-nhia, mas não revelou o valorexato.

A CNBC, citando fontes anô-nimas, noticiou na quarta-fei-ra que Icahn havia acumulado

cerca de 6% das ações da Dell.Isso o tornaria o terceiro

maior acionista, atrás da Sou-theastern Asset Management edo próprio Michael Dell, consi-derando os dados disponíveis.

A Southeastern Asset Mana-gement, administrada pelo in-vestido Mason Hawkins, tam-bém se opõe ao acordo e disseque a Dell poderia fazer em-préstimos para recomprarações majoritórias, ou ainda di-vidir a companhia e vender se-paradamente algumas unida-des.

Icahn propôs um dividendoespecial de US$ 9 por ação. ■

CONFLITO

Bracher deixa conselho do Pão de Açúcar

Acionista da Dell recusa proposta de fechar capital

Produzir mais, de forma eficaze com redução de custo. Essa éa receita dos sonhos de qual-quer empresa. O que desdesempre tem sido perseguido pe-los empresários é na verdadeum modelo de gestão que nas-ceu nos anos 40, no Japão, emuma pequenina fábrica de auto-móveis chamada Toyota. Je-ffrey Liker, um dos maiores es-pecialistas nesse modelo, bati-zado de Lean, esteve no Brasilnesta semana e falou ao BRASILECONÔMICO sobre as vantagensdo sistema. “É o modelo queajudou a transfor-mar a Toyota na lí-der mundial demercado”, diz.

Liker é professorde engenharia in-dustrial e operacio-nal na Universityof Michigan, copro-prietário da consul-toria Optiprise, presidente daToyota Way Academy e temdez livros publicados sobre o te-ma. Ele revela que o Lean éuma ferramenta versátil. “E po-de ser aplicado em diversos de-partamentos dentro de umaempresa, alguns deles dão o su-porte para o desenvolvimentodos demais, mas é preciso quetodos estejam comprometidoscom o sistema. Para isso, inves-tir no desenvolvimento das pes-soas é fundamental”, diz.

Ele explica que o processo,responsável por alavancar nãosó o desempenho, mas a quali-dade dos veículos fabricados pe-la Toyota, vem sendo aprimora-do constantemente, de acordocom os desafios do mundo mo-derno, como a crise europeiaque afetou a Toyota e os recallsde seus veículos. “O Lean aju-dou a empresa a enfrentar essesdesafios de forma rápida e efi-caz. Como estavam preparadospara equilibrar custo e produti-vidade, com foco na qualidade,se recuperaram e voltaram à li-derança do mercado”, avalia.

Para ele, o Brasil está se pre-parando para ser uma potência,

mas tem alguns de-safios . Levanta-mento do PennWorld Table (bancode dados do Centropara ComparaçõesInternacionais deProdução, Renda ePreços da Universi-dade da Pensilvâ-

nia), mostram queda de 15% daprodutividade da indústria bra-sileira entre 1980 e 2008.

Ele enxerga a Embraer comoo melhor caso brasileiro de apli-cação do Lean com sucesso. “Éum companhia que produz comqualidade, mesmo com os desa-fios da economia, entrega comeficiência, sem deixar a desejara nenhum outro concorrente es-trangeiro”. Para ele, o próximopasso do Brasil para melhorar acompetitividade é a inovação.

“A Embraer é o melhor exem-plo de inovação”, diz.

Por aqui, bons resultados jáaparecem. Antonio Sérgio Con-te, presidente do Lean Construc-tion Institute, explica que os be-nefícios do modelo tem auxilia-do empresas a reduzir gastos.“Fizemos o projeto de um hotelem Belo Horizonte, que deveriaficar pronto até a Copa. Com osistema, houve economia de30% na média homens/hora e o

hotel já está pronto”, diz.Na Hominiss, consultoria es-

pecializada na aplicação do mo-delo, bons exemplos não fal-tam. Um deles, está no Institu-to do Câncer Dr. Arnaldo Vieirade Carvalho e fez com que otempo de espera dos pacientespara iniciar a quimioterapiacaísse de cerca de 30 dias parauma semana. “Trabalhamos oprocesso junto com os profissio-nais, entendendo a rotina, iden-

tificando lacunas e organizan-do as etapas para tornar o pro-cesso mais equilibrado”,dizThiago Bertani, consultor.

Ele explica que o maior desa-fio da implantação da ferramen-ta é a questão cultural. “Chegarem um lugar para aplicar um no-vo processo é um desafio. É pre-ciso trabalhar em parceria comos envolvidos, mostrando os be-nefícios na melhora da qualida-de do trabalho que prestam.” ■

Carl Icahn sugere o pagamentode um dividendo especial novalor total de US$ 15,7 bilhões

Cândido Bracher renunciou ontem ao conselho de administração do

grupo Pão de Açúcar. A empresa diz não ter sido comunicada, mas fontes

confirmam a saída de Bracher e dizem que está ligada ao fato de ele

exercer função de comando no Itaú. Bracher foi citado em fevereiro por

Abilio Diniz. Abilio — criticado pelo sócio Jean Charles Naouri pelo

interesse em comandar o conselho da BRF — disse que Bracher também

estava presente em mais de uma empresa e que não vê nisto um conflito.

Juliana [email protected]

EMPRESASEduardo Anizelli/Folhapress

Fotos: divulgação

Modelo Lean nasceu com a Toyota ese tornou referência em gestão eficaz

Tony Avelar/Bloomberg

Jeffrey Liker, maior especialista sobre o assunto, veio ao Brasil falar sobre as vantagens do sistema

O modeloajudou a

transformar aToyota em

líder mundialde mercado

Sruthi RamakrishnaReuters

MichaelDell:dificuldadesimprevistasparafecharcapitaldaempresa

Liker:omelhorexemplode inovação eaplicaçãodomodelo LeannoBrasil estána Embraer

22 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 8, 9 e 10 de março, 2013