13 de maio - agência ecclesia...a fé na família, qual igreja doméstica, abre horizontes...

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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte,Rui Jorge Martins, Sónia Neves.

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.

Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.:218855472; Fax: 218855473. [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Sandra Costa Saldanha06 - Foto da semana07 - Citações08-09 - Nacional10-15 - Fátima: 13 de maio16- Opinião D. José Cordeiro18- A semana de José Carlos Patrício20-37- Dossier Semana da Vida20: Entrevista: Coordenadores do DNPF

38-41 - Internacional42 - Cinema44 - Multimedia46 - Estante48 - Vaticano II50 - Agenda52 - Liturgia54 - Programação Religiosa55 - Por estes dias56 - Fundação AIS58 - Luso Fonias

Foto da capa: Agência EcclesiaFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

13 de maio

Fátima acolheu centenas demilhares na consagração dopontificado[ver+]

Semana da VidaEntrevistas e comentários deresponsáveis da Pastoral Familiar[ver+]

O Papa e a criseAlertas de Francisco em discurso noVaticano[ver+]

D. José Cordeiro | Padre Tony Neves

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A moda da Arte Sacra

Sandra Costa Saldanha

“Entre as mais nobres atividades doespírito humano estão, de pleno direito,as belas artes, e muito especialmente aarte religiosa e o seu mais alto cimo,que é a arte sacra”.Constituição Sacrosanctum Conciliumsobre a Sagrada Liturgia (n. 122)

A vastidão e relevância do património artísticoproduzido pela Igreja Católica ao longo dosséculos, tem-se traduzido numa gritanteproliferação de “eventos” de Arte Sacra.Perfilhada pelo mais variado tipo de organismose géneros culturais, desde museus, instituiçõesacadémicas, visitas turísticas e até casascomerciais, nem sempre tem sido fácil equilibrara especificidade das obras com as inúmerassolicitações da sociedade atual. Com efeito,contrariando o carácter eminentemente sagradodestes objetos, uma imensa arbitrariedade severifica no emprego do termo, submerso numaatitude trivial de confronto da Fé com a merafruição de lazer.Obras ao serviço do culto, de sumapreponderância litúrgica, a generalização da ArteSacra, por vezes até a sua apropriação, desdelogo entronca na própria definição do conceito emissão específica das peças. Não basta, pois,que a obediência ao religioso ocorra pelaidentificação de determinada temática mais oumenos piedosa.

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Genuinamente destinadas àcelebração e à liturgia, é necessárioque sejam inteligíveis ecatequéticas, expressando o divinoe fomentando a contemplação.Adulterando o que se oferece àveneração dos fiéis, seja peladescontextualização, seja pelamediocridade das obras, sãoinfelizmente esquecidas muitasdestas diretrizes, às quais, desdetempos longínquos, a Igreja tãodiligentemente se dedica.

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Fátima, 12 de maio de 2013 © Arlindo Homem

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"É um desperdício não acreditar. É oque nos dá sabor à vida. O queseriamos nós sem Deus?", Sofia deNunes Brito, peregrina de 79 anos acompletar a sua 41ª peregrinação apé a Fátima, in Agência Ecclesia, 9de maio

"Desejo é que traga para Portugal ataça da Liga Europa, que já tivemosa felicidade de ganhar. E faço votossinceros disso", Jorge Pinto daCosta, in Porto Canal, desejando avitória do Benfica, 11 de maio

"Assim vos consagramos Senhora,vós que sois Mãe da Igreja, oministério do novo Papa: enchei oseu coração da ternura de Deus,que vós experimentastes comoninguém, para que ele possaabraçar todos os homens emulheres deste tempo com o amordo vosso Filho Jesus Cristo”, D.José Policarpo na consagração doPapa Francisco a Nossa Senhora, inAgência Ecclesia, 13 de maio

"A geração grisalha não podeasfixiar a geração nova como temfeito até aqui", Henrique Monteiro, inExpresso, sobre cortes nas pensõesmais altas, 15 de maio

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Vaticano II e as saídas para criseO responsável pela Pastoral daCultura no Porto, JoaquimAzevedo, acredita que osdocumentos do Concílio Vaticano IIpodem “inspirar” a saída da criseque Portugal atravessa e a Igrejadeve estar “na linha da frentenessa reflexão”. “É com essainspiração que devemos olhar paraa sociedade de hoje, para oscristãos que estão hoje ativos,vivos e aqui”, disse o presidente doCentro Regional do Porto daUniversidade Católica Portuguesa(UCP) à Agência ECCLESIA,apresentando o terceiro e últimociclo de conferências Ecce Homo,que está a decorrer, sob o tema«O Sínodo para a NovaEvangelização nos 50 anos doConcílio Vaticano II».Para o professor catedrático, aIgreja tem “particularresponsabilidade” propondo umolhar para o “presente não apenaspara o futuro”.“Há problemas de pessoasconcretas nos quais temos de agircom uma perspetiva de muitadedicação e ai fazer nascersementes de esperança,

porque nada está perdido, há querefazer caminhos, reorientar açõesacalentar sonhos diferentes e novose a nova geração que ai está é bemcapaz de fazer isso, de uma formadiferente dos mais velhos”, realça.«Sede de Deus», «A sede dohomem» e «O encontro das sedes»são os temas que conduzem esteúltimo ciclo de conferências ‘EcceHommo’.Para Joaquim Azevedo, este é umtema “interpelador” pois a sociedadeportuguesa está “sequiosa deencontrar horizontes e perspetivas”no meio da “incerteza e angústia”.

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Diocese de Aveirorecordou Santa Joana Princesa

A Diocese de Aveiro reuniu milharesde pessoas, entre sábado edomingo, para a celebração da suapadroeira, Santa Joana Princesa,ocasião em que o bispo local, D.António Francisco dos Santos,recordou a necessidade de oscatólicos abraçarem, “com aaudácia dos discípulos de Cristo”, atransmissão do Evangelho e adefesa dos mais desfavorecidos.O prelado sublinhou a vontade daIgreja em “assumir as dores de umpovo magoado pelas injustiçassociais, ofendido pela pobreza eameaçado pelo desempregocrescente”.No dia 11 de maio, a jornadadedicada à memória de Santa JoanaPrincesa (1452-1490) com o lema“Um dia vou peregrinar… Hoje é oDia” foi a

celebração mensal do programa daMissão Jubilar que decorre emAveiro, no âmbito do 75.ºaniversário da restauração dadiocese.“A Peregrinação não termina aqui.Há muito caminho a percorrer”,salientou D. António Francisco dosSantos.O bispo destacou ainda “otestemunho de amor a Deus e deserviço a Aveiro” deixado pelaprincesa Joana.O programa da Missão Jubilar, quevai prolongar-se até 11 dedezembro, tem como objetivo levaros fiéis a serem “mensageiros daalegria e rosto da esperança nomeio de crises e de dores” queassolam atualmente a sociedade.

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Carinho de Fátima naconsagração do Pontificado

O cardeal-patriarca de Lisboa, D.José Policarpo, consagrou no dia 13de maio o pontificado do Papa àVirgem Maria, em Fátima,respondendo a um pedido domesmo, e disse que Francisco vaienfrentar “provações” no seuministério. “Dai-lhe o dom dodiscernimento para saber identificaros caminhos da renovação daIgreja; dai-lhe coragem para nãohesitar em seguir os caminhossugeridos pelo Espírito Santo;amparai-o nas horas duras desofrimento, a vencer, na caridade,as provações que a renovação daIgreja lhe trará”, referia a oraçãodirigida pelo presidente daConferência Episcopal Portuguesa(CEP) à Senhora de Fátima,

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no final da peregrinaçãointernacional aniversária de maio.D. José Policarpo, um dos cardeaisque participou na eleição dosucessor de Francisco, recordouque três dos últimos Papas (PauloVI, João Paulo II e Bento XVI)visitaram a Cova da Iria. “Só vós,Senhora, no vosso amor maternal atoda a Igreja, podeis pôr no coraçãodo Papa Francisco o desejo de serperegrino deste Santuário. Não éalgo que se lhe possa pedir poroutras razões”, frisou.O patriarca de Lisboa realçou que“só a cumplicidade silenciosa” entrea Virgem Maria e o Papa pode fazerque estes se sinta “atraído por estaperegrinação na certeza de queserá acompanhado por milhões decrentes”.Após o momento de consagraçãodo pontificado, no final da missa, obispo

de Leiria-Fátima, D. António Marto,leu uma mensagem endereçadapela Nunciatura Apostólica emPortugal. “O Santo Padremanifestou o seu agrado pelainiciativa e profundo reconhecimentopela satisfação do seu desejo emunião de oração com todos osperegrinos de Fátima, aos quais, decoração, concede a bênçãoapostólica propiciadora de todos osbens”, referia o texto.A peregrinação foi presidida peloarcebispo do Rio de Janeiro, D.Orani Tempesta, que trouxe consigoa intenção de consagrar à Senhorade Fátima a próxima JornadaMundial da Juventude, marcadapara o mês de julho, na cidadebrasileira.“Ó Virgem de Fátima, comoperegrino em terras portuguesas ecom o coração repleto de alegria,venho consagrar ao vossoImaculado Coração, todos os jovensque estão preparando-se para aJornada Mundial da Juventude, noRio de Janeiro. Humildemente vospedimos, rogai pelo comitéorganizador local e por todos osvoluntários empenhados nos maisvariados serviços em preparação aeste momento”, rezou o arcebispo,na celebração da vigília.

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Eu creio na Vida e na Família

D. José CordeiroBispo de Bragança-Miranda

A semana da vida, sob o tema ‘dá mais vida à tuavida’, decorre de 12 a 19 de Maio, na felizcoincidência entre as solenidades da Ascensãodo Senhor e do Pentecostes. Em muitascomunidades diocesanas celebra-se também odia da família, em torno do dia 15 de maio, ajornada internacional da família, conforme adisposição da ONU desde 1994. A família épatrimónio espiritual da humanidade e bênção deinestimável valor, qual santuário da vida, comotem afirmado o magistério da Igreja, vezes semconta.Segundo o evangelho de Lucas, o mistério daAscensão é acompanhado por uma bênção:«enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foielevado ao Céu». A liturgia da Igreja, acolhe abênção de Cristo que se eleva ao céu como domda sua presença de uma forma nova e queproduz ainda mais vida. Entre a terra e o céu avida é mais forte que a morte e que as feridas dosofrimento.A solenidade do Pentecostes, no 50º dia daPáscoa, celebra um acontecimento de salvação,que consiste sobretudo no dom do EspíritoSanto, Senhor que dá a Vida. Hoje como sempre,não podemos viver sem o Espírito, no qualretoma a vida e se renova a face da terra. Umaspeto fundamental da ação do Paráclito é a suapotência criadora, por isso invocamos: «enviai,Senhor, o vosso Espírito, e renovai a face daterra».

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Sem fé não existe vida humana.Como seria possível viver sem fiar-se de alguém? Nós humanizamo-nos por relações de confiança, apartir dos nossos pais, a começarpela mãe.A vocação e missão da família éabrir-se à vida. A tal propósito aConferência Episcopal Portuguesareflete numa nota sobre ‘a força dafamília em tempos de crise’:«Poderá parecer irrealista salientara importância desta abertura à vidano atual contexto social, em que odesemprego e a precariedadelaboral atingem de modo particularos jovens. Este facto deve levar-nosa não nos resignarmos com estasituação, como se ela fosseinevitável, como se a economia nãodevesse estar ao serviço da pessoahumana, e fosse a pessoa humanaa dever sujeitar-se às exigências daeconomia», e acrescenta «É claro obem que representa hoje a maiorlongevidade, o facto de os idososviverem mais tempo do que noutrasépocas. O que é problemático não éisso; não há idosos “a mais”, porqueestes são sempre uma riqueza, enunca um peso.

O que é problemático e causadesequilíbrios é que não nasçamcrianças».A fé na família, qual Igrejadoméstica, abre horizontes divino-humanos, no dizer de Alda Merini:«a fé é uma mão que te toma asvísceras e te faz dar à luz». Naverdade, como escreve um grandeautor não crente: «“em nome dopai”: inaugura o sinal da cruz. Emnome da mãe se inaugura a vida»(E. de Luca).Eu creio na vida e na famíliageradora de vida, como os cristãosdos primeiros séculos acreditavamnela desde a sua conceção: «cadaqual habita a sua pátria, mas vivemtodos como de passagem, em tudoparticipam como os outros cidadãos,mas tudo suportam como se nãotivessem pátria. Toda a terraestrangeira é sua pátria, e toda apátria lhes é estrangeira. Casam-secomo toda a gente e geram filhos,mas não se desfazem dos recém-gerados», como se lê na Carta aDiogneto. A vida é dom tão inapreciável que édoado em abundância por JesusCristo: «Eu vim para que tenhamvida e a tenham em abundância»(Jo 10,10).

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Juventude perdida

José CarlosAgência Ecclesia

O realizador norte-americano Francis FordCoppola lançou há 30 anos dois filmes sobreuma juventude sem rumo, devido à exclusão ediscriminação social, à falta de condiçõeseconómicas e à desestruturação das famílias. Na tradução portuguesa, um é conhecido como“Os Marginais” (The Outsiders) e o outro“Juventude Inquieta” (Rumble Fish), dois títulosque vão muito ao encontro da conjuntura quetomou conta das gerações mais novas emPortugal.Neste ambiente de crise, são cada vez mais osjovens que não se conseguem enquadrar,sentem-se perdidos porque não encontram umcaminho que lhes permita concretizar asexpetativas que criaram à volta do seu futuro.Existem duas situações particularmente nocivaspara o desenvolvimento e integração dos maisnovos:Primeiro, a falta de bases educativas sólidas e devalores que apontem mais para o humano doque para o material - a forma como a própriasociedade está atualmente organizada,sobretudo em termos

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laborais, rouba também tempo eespaço à família e faz com que osprogenitores não consigam cumpriro seu papel junto dos filhos.Depois, uma sociedade cada vezmais injusta, na distribuição dariqueza e no acesso ao emprego,que obriga (quem pode) a recorrerà emigração e deixa quem tem deficar (porque não tem meios) àmercê da revolta, do desespero eda delinquência.Até agora, os governantes nãoencontraram antídoto para ocrescimento do desemprego jovem,que no nosso país se cifraatualmente em cerca de 42 porcento (mais de 160 mil pessoas),nem para a falta de um programaescolar verdadeiramente orientadopara as capacidades dos jovens epara as necessidades do mercadode trabalho.No entanto, se em parte ainsatisfação e a revolta dos maisnovos tem razão de existir, há casosem que elas parecem ter apenasorigem numa cultura importadaatravés dos media.

O ambiente escolar é um caso sérioa refletir: Em vez de serem espaçode crescimento humano e social, emalguns casos as escolas euniversidades transformaram-se emlocais onde o crime, a droga e oálcool convivem lado a lado com oslivros.Aqui os meios de comunicaçãosocial, em termos formativos,também estão a falhar, porquefuncionam mais vezes como umveículo de promoção da violência,do desafio à autoridade, da procurade uma vida fácil edescomprometida, do que comotransmissores de valores quepotenciem o melhor de cadapessoa.Perante estes cenários, que futuro éque está reservado aos nossosjovens? E como é que a IgrejaCatólica, que por estes dias está aassinalar a Semana da Vida, podeajudar a dar voz e a encontrarsoluções para este problema?Nos dois filmes de Coppola, odesfecho é trágico para algumasdas personagens. Mas é apenasficção, não é a realidade, pois não?

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Famílias chamadas a caminharjuntasna construção de um futuro melhorCasal coordenador do Departamento da Pastoral Familiar da IgrejaCatólica em Portugal apresenta a Semana da Vida 2013, iniciativa quedecorre até ao próximo domingo

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Agência ECCLESIA (AE) – Em queé que consiste a Semana da Vida,iniciativa dinamizada peloDepartamento da PastoralFamiliar?Luís Lopes (LL) – A Semana daVida nasceu em 1994 por iniciativado Santo Padre João Paulo II parachamar a atenção sobretudo paraas questões ligadas à vida,nomeadamente o aborto e aeutanásia, mas também a situaçãodas famílias e a necessidade derepensarmos a vida.Este ano a Semana da Vida temcomo lema “Dá mais vida à tuavida”, no sentido em que é precisofazer um esforço para a Pastoralda Família e também realçar aimportância dasfamílias na nossa sociedade que,com esta crise estão a ser tãoafetadas.E portanto queremos redescobrirforças neste amor que nos une,das famílias, para que possamostransmitir uma mensagem maispositiva, um olhar mais positivosobre a vida, e ter mais esperança,sobretudo porque

estamos a celebrar o Ano da Fé,também quisemos ligar a isso.A renovação do Concílio, agoratambém a eleição do novo Papa,Francisco, há imensos motivos. EstaSemana da Vida tem caraterísticasmuito especiais, porque é no mês demaio, porque está sempre ligada aodia 15, que é o dia internacional dasFamílias, mesmo no centro de ummês muito especial, mês de coração,mês de Maria, dias depois do 13 demaio, num quadro litúrgico muitoimportante que é a Páscoa, este anocomeçou no dia 12 da Ascensão eque vai terminar no dia 19, dia dePentecostes. AE – Acaba por ser um tempo devida.LL – Exatamente.

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AE – Esta semana nasceu, comodisse, muito ligada à defesa da vida,no seu início e no seu fim. Ocontexto de crise, o contexto atual,faz com que esta dinâmica dedefesa da vida tenha de incidirsobretudo em outros momentos daexistência?LL – O aborto e a eutanásiacontinuam a ser problemasgravíssimos, mas hoje a questão danatalidade, o inverno da natalidadeé muito preocupante, esta rutura dafamília tradicional, naturalchamemos-lhe assim, para outrasformas artificiais, e também estacultura de morte onde vivemos,onde estão a pôr em perigo o futuroda humanidade.Temos de equacionar e tambémapresentar soluções, pela positiva,para esses problemas novos.

AE - Esta inspiração num quadrolitúrgico, num quadro de fé, ajuda aque alguns horizontes maissombrios que possam existir para avida, para a família, possam serultrapassados?Fátima Lopes (FL) – Penso que sim,porque a Semana da Vida realça asboas práticas das famílias e essa éa nossa intenção, dar a conhecer,mobilizar as famílias.Bento XVI dizia que as famíliastinham de se mobilizar numa culturae numa política da família e que istotinha de ser feito de uma formaorganizada. O nosso pequenocontributo é de começar a organizarum bocadinho estas boas práticas.

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AE – Quais são essas boas práticas,em que é que consistem?FL – Coisas muito simples, que asfamílias fazem, rezar em família,terem um jantar de família, visitar osidosos.LL – Ou se não for visitar, contactaros idosos, porque há 80 por centode idosos que estão em lares quenão são visitados. Como dizia Jesus,temos de ir aos doentes, aos queestão na prisão, aqueles que estãocativos, os vizinhos em casa que nãopodem sair à rua, visitá - los, tambéma Semana da Vida é feita com estesgestos.

FL – Essas boas práticas são umincentivo a outras famílias, coisasmuito simples que muitas vezesfazem sair daquilo que écircunstancial. Nós muitas vezes, emtermos das famílias, temos muitaspreocupações, a educação dosfilhos, as questões financeiras,económicas, que hoje estamos apassar.E isto dá um bocadinho dealternativa, é uma pequena luz paraas pessoas poderem dizer: podemoscelebrar as coisas de uma outraforma e dar um sentido à nossa vida– dar mais vida à nossa vida, isto émuito importante.

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AE – A temática da vida é propostapara que se reflita precisamente noespaço familiar?LL – Sim mas não só, é a primeiravez que, como responsáveis dodepartamento, estamos a levar istopara a frente, com uma enormeajuda das dioceses e de muitosmovimentos, e portanto nósquisemos tocar as váriasdimensões.Dar mais vida à tua vida, ou seja, oindivíduo é fundamental nestahistória da salvação, mas depois afamília, depois a paróquia, osmovimentos, as dioceses, háimensas iniciativas em todas asdioceses, em quase todas temosnotícia de iniciativas, muitasparóquias estão a pegar nassugestões que demos, o mês demaio também é o mês do rosário eportanto muitos grupos fazem aoração do terço.Podem aproveitar as sugestões quetambém damos no guião, que pensoque está a ser noticiado. Esse guiãoestá disponível na página daConferência Episcopal e na dodepartamento.

AE – São conteúdos que estãodisponíveis no site www.leigos.ptLL – Exatamente. Portanto quisemosque todo o panorama da vida,desde o individual ao coletivo, aocomunitário, ao paroquial, fossetocado. AE – Que capacidade existe, comestas ou outras iniciativas, paraintervir ou para transformar porexemplo famílias que estão nodesemprego há muito tempo, queestão afetadas pelo contexto quevivemos, onde a sobrevivênciaacaba por ser a palavra de ordem?

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LL – Creio que a fé movemontanhas, portanto nós somospessoas de fé, temos de fortalecer anossa fé. AE – Também ajuda a conquistaremprego…LL – Também e de facto temos depedir muita ajuda a Deus para quenos ajude a encontrar outra luz paraque possamos caminhar edesenvolver essa sensibilidade aopróximo, ao vizinho que está apassar por dificuldades, porquemuitas das vezes essasdificuldades são envergonhadas.Nós apelamos nesta semana davida

sobretudo que olhem para essassituações, que as encontrem.É evidente que a solução não vemsó dos responsáveis, muitas vezesnós confiamos demasiado nasinstituições internacionais, muitograndes, a família pode encontrarboas soluções e entre as famíliaspodem - se encontrar boassoluções.Nós aqui também damos atenção àquestão da prevenção e daformação dos noivos, dosnamorados, e apelamos muito aosjovens, em colaboração com osdepartamentos da educação e dajuventude.A Semana da Vida não é só umaquestão da pastoral familiar, é umaquestão para ser vivida por toda aIgreja, queremos que a Igreja sejauma família de famílias e que sereúna a celebrar esta Semana daVida.

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FL – Parece-me que é importantesublinhar a experiência dovoluntariado na família, que elaprópria pode ser voluntária empequenas experiências dessas, emque se conhece um ou outro casalque vive com dificuldades.Muitas vezes nós dizemos que hámuita pobreza envergonhada, mastambém há muita que é evidente eque nós não chegamos lá, ficamosindiferentes.E eu acho que é cada vez maisnecessário envolver a família nesteespirito voluntário em cadeia defazer o bem uns aos outros, issocomeça a ser fundamental porque éna medida em que damos aosoutros que percebemos aqui osentido da vida, a nossa vida ganhamais sentido.

Aquele caráter às vezes egoísta dovoluntariado, em que nos sentimostão bem que nos damos aos outros,é extremamente importante e afamília pode fazer essa prática, seajudar, como nós fazemos duranteesta semana, a estabelecer esteslaços entre as pessoas. Depois épara continuar. AE – Esta iniciativa e outras quedesenvolvem podem ajudar tambéma uma própria reorientação dasprioridades no interior da família. Osentido que se pode dar àexistência pode ser a grande mais-valia.LL – Exatamente, por isso mesmoestes materiais que fizemos, tambémé bom

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dizê-lo, foram uma receita caseira, ocartaz, o guião, tudo nasceu dainiciativa dos elementos dodepartamento, com essa perspetivae com a ajuda do Espirito Santo,claramente.Mas se dermos profundidade aomais, à Cruz, percebemos que avida também tem a ver com opegarmos na nossa cruz eajudarmos os outros a levarem asua cruz.

E portanto, é esse o convite quefazemos, de nos ajudarmos uns aosoutros e buscarmos as receitascaseiras, não só para o jantar de dia15, Dia Internacional da Família,mas também outras receitascaseiras para, na paróquia, nasfamílias amigas, na sua própriafamília, não estarem à espera dereceitas vindas do céu ou dogoverno ou de quem quer que seja.

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AE – A semana termina na festa doPentecostes.LL – Esperamos que de facto estasemana da vida também seja oarranque para uma caminhada defé. Estamos no Ano da Fé e quetemos como horizonte em outubro aperegrinação a Roma, porque asfamílias de todo o mundo vãoreunir-se em Roma com o PapaFrancisco, a 26 e 27 de outubro, eestamos já a propor uma caminhadade fé para que as famíliascontinuem a aprofundar a sua fé.

AE – Até que ponto é que estasiniciativas têm de ser vividas emligação com o trabalho, com aescola. A família não é umainstância isolada, está emrelacionamento com as estruturasdo dia-a-dia, onde estão pais, filhos,avós, etc. Que mais valia é queestes contributos têm para avalorização da família?FL – Acho que é muito importante,até porque a família tem deaprender a educar-se, em todas asinstâncias em que vive, em todas asdimensões, e

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sobretudo a família tem de começara inquietar-se com asociedade onde vive,nomeadamente as famílias cristãs,que muitas vezes reclamam, dizendoque a sociedade está desta oudaquela forma, é preciso começar aser interveniente na sociedade.Os cristãos têm propostas, novaslógicas de humanidade, a Igreja emPortugal tem um sentido, umaprestação de serviço muito grandepara a sociedade e os cristãos nãopodem silenciar este direito a vivercom mais vida. AE – É a luta contra a indiferença…FL – Lutar contra a indiferença esobretudo afirmar aquilo em queacreditamos, porque é muito mauquando sabemos coisas que sãomuito importantes, que fazem aspessoas mais felizes, e não asdivulgamos. AE – No texto introdutório ao guiãoda semana fala-se de um quadrocultural que é reconhecidamentedesfavorável a esta cultura da vida.Que radiografia é que fazem nessesentido?LL – Já várias vezes dissemos queesta economia não é amiga dafamília. As pessoas andampreocupadas com outras coisas eàs vezes esquecem o fundamental,a pedra angular.

Realmente, a família precisa decondições, de um ambiente socialfavorável, de uma cultura de vidapara poder ser estável, educar osseus filhos, ter uma certaestabilidade.Estamos num tempo de grandesmudanças, mas se não há coisasestáveis, coisas sólidas, é tudogasoso, de facto as coisas não têmsustentabilidade e nós corremosesse risco, de vermos a implosão daEuropa, de uma economia, eportanto para salvaguardar issotemos de fazer esta pedagogia, estaprevenção, e portanto reforçar oslaços de família, fazer os jovensacreditar que o casamento é umacoisa maravilhosa, - é das coisasmais bonitas viver um grande amor - e para isso é preciso trabalhar.Também é um dos temas que vamoscontinuar a trabalhar porque vem doencontro mundial de milão, dedicadoà festa e ao trabalho, e nós noprimeiro ano fizemos sobre a festa,sobre a eucaristia, e agora vamossobre a dignidade do trabalho.Aqui nós temos de trabalhar querprofissionalmente mas também naeducação dos filhos, trabalharcomunitariamente, pormo-nos aajudar, a encontrar soluções e astais receitas caseiras podem trazermuitas ajudas para estes tempos decrise.

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A unidade familiarcomo força para vencer a crise A crise que temos atravessado nos últimos anos é,

além de uma crise económica, uma crise de desilusãoe de justiça. É crise de desilusão porque tantas vezesfomos aliciados ou nos deixámos cair na ideia de queo futuro seria sempre promissor, com bem-estargarantido, um futuro no qual o desenvolvimento só nospoderia trazer um mundo cada vez melhor. É crise dejustiça, também, porque a crise económica parece nãoatingir todos da mesma maneira, dando a sensação deque há aqueles que sofrem sempre e se encontramdesprotegidos por contraposição a outros que,aconteça o que acontecer, parecem imunes àsdificuldades.Sentimentos como a desilusão e a injustiça são,quando vividos individualmente, perigosos. Quantomais isolados dos demais nos encontramos, maior é asensação de isolamento, de deceção e de tristeza. Aspreocupações são tão maiores quanto nosdistanciamos dos demais, parecendo que os nossosproblemas são sempre mais profundos do que osdaqueles que estão ao nosso lado. Há quase umaespécie de egoísmo quando nos isolamos nas nossaspreocupações, por vezes ansiando a atenção dosoutros sem a querer pedir, e simultaneamenteprocurando que essa atenção seja, apenas, umaforma de aumentar o nosso ego.A família, célula fundamental da sociedade, é umacriação natural de Deus, que nos fez homens emulheres, também, por considerar não ser “bom que ohomem esteja só”.

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Desta vontade divina de nos criarhomem e mulher, de nos constituiroriginalmente como família, deriva aforça dos laços familiares, forçaessa que radica na entrega total eincondicional do marido à mulher evice-versa. Essa doação transmite-se em família, primeiro pela entregaque os pais fazem de si mesmos aosfilhos e, depois, pela retribuiçãodestes quando lhes seja pedido quese entreguem aos seus pais. Ocombate à solidão faz-se, portanto,ao contrário daquele egoísmo quesurge do isolamento, através daentrega ao outro, do viver para ooutro e em função do outro. E essaprimeira experiência de entrega éaquela que se aprende em família.Por essa razão, vencer a crisepassa, em grande medida, porfortalecer os laços familiares.Como católicos, não podemosdeixar de encontrar na família deNazaré o melhor exemplo desuperação de crises. Também aconceção de Jesus foi uma gravidezinesperada. Também aquela famíliateve que suportar

uma emigração forçada, causadapela perseguição levada a cabo porHerodes. Também aqueles paissofreram quando perderam o filhodurante a peregrinação aJerusalém. Também Jesus e Sua Mãe terãovivido um terrível momento de dorquando S. José faleceu. Do poucoque sabemos da infância e dajuventude de Jesus, há algo que,definitivamente, sabemos: os mausmomentos foram passados emfamília.Aprendendo, pois, com o exemploda Sagrada Família, devemos fazerdeste tempo de crise um motivopara nos unirmos mais como família,para nos entregarmos e nosapoiarmos mais uns aos outros. Aunidade familiar, ainda que nãopossa acabar magicamente com osmaus momentos, é um amparo quepermite que a força do seu impactoseja menor. Possibilita, ainda, que,com verdadeiro sentido degratuidade, possamos acudiràqueles que estão a passar porsituações mais críticas do que anossa.

Pamela e Francisco Faure

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Dar resposta às famílias

Alexandra e JorgeTeixeiraPastoral da Famíliade Braga

Ontem comemorou-se o Dia Internacional da Família.Talvez nunca nas últimas décadas Portugal tenhaprecisado de celebrar com reflexão e consciência estedia como no presente ano. Veja-se a situação dasfamílias em Portugal com um olhar genérico mas muitorealista. O desincentivo à maternidade, a falta deestrutura de apoio à vida nascente, aos mais idosos emais vulneráveis, o desemprego que arrasta consigofamílias inteiras com a cumplicidade de grande partedos poderes políticos, a carga fiscal e os encargosque pesam sobre as famílias…Em Portugal conseguiu-se encobrir a situaçãodramática em que muitas famílias viviam .... a pobrezaenvergonhava-se e poucos davam a cara, pedia-se àsescondidas, a família ia cobrindo com discrição anecessidade dos seus filhos, dos seus netos. Hoje acorda está a rebentar. Quem ajudava agora tambémprecisa de ser ajudado, já não há maneiras deencobrir a necessidade, a fome, as rendas por pagar...A crise material que atravessamos só veio comprovaro que já se sabia. Que eram as famílias que seajudavam entre si e umas às outras. Ao seremagravadas de impostos, descontos e outras medidasde austeridade, deixam de ter capacidade real deserem um meio de ajuda para os seus membros.

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A conferência episcopal preocupadapublicou uma nota sobre afamília...quem está no terreno dizque faltam meios, que as palavrasnão chegam aos governantes nem aquem está no limite dasobrevivência e da dignidade. Quemnas Igrejas, Conferências,Instituições dá coração e apoioangustia-se perante tantos dramasque não se conseguem resolver....Gostávamos de ter uma palavra deesperança e de incentivo para asfamílias que neste momento estão aviver com dificuldades. Conhecemosalgumas. Sofremos com situaçõesque conhecemos e nos vãochegando em pedidos de ajuda epara os quais também não temossolução.Continuamos a acreditar na Família,temos a certeza que é através delaque se terão de operar as grandestransformações que a nossasociedade e o nosso país precisam.Mas as famílias não se fazemsozinhas, não se dinamizamsozinhas, não têm sozinhascapacidade elástica de

resolver problemas tão graves e quenão lhes competem só a elasresolver.Pedimos a todos os que têm poderde decisão que olhem com olharrealista e isento para as famíliasportuguesas, que pensem aspolíticas sociais de modo a protege-las e a dotá-las de meios mínimospara que possam continuar a ser agrande Instituição que vai dandoestabilidade ao país.Pedimos a todos os que são Igrejaque dilatem o coração de forma apoder dar às famílias o conforto e aatenção, as respostas e os apoiosmateriais e humanos de que estão anecessitar. Pedimos aos nossosBispos e aos nossos sacerdotes quecontinuem a colocar-se comcoragem ao lado das famíliasportuguesas, que dediquem tempopara falar com as famílias, que paraelas encontrem formas inovadorasde encontro e de atenção. Talvezassim no próximo ano consigamosuma celebração mais alegre eotimista do Dia Internacional daFamília.

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O Papel da família no contexto dacriseAna e FernandoNeves

Nunca a sociedade esteve tão fragilizada como agora!Os actuais problemas económicos, em que o flagelodo desemprego aparece em destaque, estão aprovocar a derrocada de toda a estrutura em que asociedade tal como a conhecíamos assentava e estesefeitos notam-se na célula principal e estruturante queé a Família.As dificuldades económicas do Pais repercutiram-se'com estrondo' e de forma devastadora, no dia-a-diade todos nós. O tecido empresarial na sua maioria baseado empequenas e médias empresas começou de repente amostrar as suas enormes fragilidades e dificuldadesem subsistir e manter-se produtivo, pois o consumodas famílias baixou abruptamente e a capacidadeprodutiva instalada começou a revelar-se assim, muitosuperior á necessidade, provocando enormes custosfinanceiros, insuportáveis na maioria dos casos, tendoa falência de muitas empresas surgido comoinevitável.Quer pelo fecho destas quer por reestruturaçõesinternas, como último esforço de manutenção dalaboração, o número de trabalhadores despedidos éenorme, e a possibilidade de encontrarem outraalternativa de trabalho é praticamente inexistente.O sustento das famílias, em alguns casos dos doiselementos do casal é posto de repente em causa! Oorçamento familiar, também este em muitos casos,gerido já com muitas dificuldades, revela-se agoraimpossível de cumprir! Eventuaisdividas\compromissos financeiros

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assumidos e baseados empressupostos que deixaram deexistir, surgem como problemas deimpossível resolução imediata,levando estes casais a suspender orespectivo projecto de vida familiar eem alguns casos a retornarem àscasas de origem familiar. Mas quer por este movimento deretorno quase imposto, quer quandoeste não é necessário, mas em quea vivência da família se reveste degrandes dificuldades, verifica-seque o apoio das famílias de origemé fundamental.Como em tudo na vida e também navida familiar pode haver leituras ecomportamentos distintos consoantea capacidade intrínseca de respostaàs dificuldades que a família celularou alargada tenha.

Existem fenómenos que nos têmvindo a preocupar como sociedadee em especial sobre o futuro desta,e para os quais temos assistido avariadíssimos debates, sem noentanto ter surgido algo deimplementação\transformaçãoefectiva. São eles: - O acompanhamento das crianças - O acompanhamento dos idosos - A desertificação de algumas zonasdo país - A fraca natalidadeOra este ‘regresso’ às origens,dando relevo aos valoresfundamentais da família pode ser aoportunidade para que a sociedadese reconstrua e reinvente de modomais sustentado, mais solidário,mais coerente com as reaiscapacidades das famílias e que ofaça de preferência baseada nosverdadeiros valores cristãos.

Ao longo desta semana, o Programa ECCLESIA na Antena 1 temapresentado histórias ligadas à Semana da Vida e Pastoral da Família.Para ouvir, de segunda a sexta, às 22h45, e em www.ecclesia.pt/radio/

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A Família num Novo Ciclode Conversão e Libertação

Luís Reis Lopes,DepartamentoNacional daPastoral Familiar

Vivemos tempos muito especiais, marcados porimportantes mudanças ou ambientes, que exigemgrandes alterações a nível social, económico epolitico.Apesar do esforço que a humanidade tem feito parase libertar dos constrangimentos provocados pelanatureza, continuamos muito influenciados por ela.Não somos indiferentes aos ciclos, aos aniversários,aos ritmos, daí a importância de percebermos queestamos no final de um ciclo civilizacional e no iníciode um novo ciclo marcado por certos valores evetores.Ao fim de 12 meses dizemos que temos um novo ano.Porque não dizer que ao fim de 12 anos temos umnovo ciclo? Neste ano de 2013 temos razões maisfortes para o afirmar. Sempre associámos o 13 à sorteou ao azar mas, considero mais correto associá-lo àmudança. Mudança que pode ser boa ou má, positivaou negativa, mais libertadora ou escravizante.No que toca à família vivemos tempos muito difíceis,em que a família foi e é muito atacada. O número dedivórcios é enorme, os nascimentos fora docasamento também, os conflitos e a violênciadoméstica a mesma coisa e por fim as agressões aosmenores, um verdadeiro escândalo. É difícil imaginarpior cenário e por isso

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quase impossível mudar para pior. Anossa esperança é que este cicloque se inicia em 2013 traga boasnotícias para as famílias.Mas é possível promover a famílianeste quadro de instabilidadeeconómica, social, politica? Com afalta de emprego, sem perspetiva devida e realização pessoal o modelode família cristã, como aconcebemos, poderá sobreviver? Aminha resposta é: só por milagre.Creio que, nem a sociedade nem aIgreja, perceberam a gravidade domomento que vivemos e daurgência de encontrar soluções. Afamília tem sido esquecida pelosgovernantes e por essa novadivindade que são os mercados.Assim como a natureza que ébajulada em discursos ecompromissos internacionais edepois é destruída no dia-a-dia, afamília também é muito elogiadamas pouco

apoiada, protegida, incentivada.Os números saltam à vista: maismortes que nascimentos, maisdivórcios que casamentos. Nãoserão estes os sinais que fazemredobrar os sinos?Acordar as consciências para arealidade da família é também umaobrigação dos agentes da pastoralfamiliar. Perceber novos fenómenossociais e culturais que influenciam aformação de uma família e quetambém as podem pôr em risco énossa obrigação.É urgente mudar de caminho ereconhecer que ainda existecapacidade para contrariar as atuaistendências. O sal ainda não perdeua sua força e o fermento tem de semisturar com a massa. Sobretudoem Portugal onde as famíliaspossuem um património espiritual,religioso, cultural maravilhoso.

Texto na íntegra

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Finanças: Pessoas em vez demercadosO Papa Francisco lançou hoje noVaticano várias críticas ao atualsistema financeiro, num discursocom alertas para o perigo de umaeconomia “sem rosto” que esqueceas pessoas e agrava asdesigualdades.“Enquanto o rendimento de umaminoria cresce de formaexponencial, o da maioria diminui:este desequilíbrio deriva deideologias que promovem aautonomia absoluta dos mercados ea especulação financeira”, declarou,numa intervenção dirigida a umgrupo de novos embaixadores naSanta Sé.Segundo o Papa, é preciso que osEstados tenham capacidade decontrolar estes mercados, casocontrário “instaura-se uma novatirania invisível, por vezes virtual,que impõe unilateralmente as suasleis e as suas regras”.Para Francisco, a crise mundial veiomostrar “a deformidade” e a “gravefalta de perspetiva antropológica”das finanças e da economia que“reduzem o homem a apenas umadas suas exigências, o consumo”.

“Pior ainda, o ser humano é elemesmo considerado como um bemde consumo que se pode usar edeitar fora”, advertiu.O Papa disse que a solidariedade,“tesouro dos pobres”, passou a serconsiderada como“contraproducente”, contrária à“racionalidade financeira eeconómica” e que o endividamentotem afastado os países “da suaeconomia real”.A tudo isto, acrescentou, soma-se“uma corrupção tentacular e umaevasão fiscal egoísta queassumiram dimensões mundiais”.“Criamos novos ídolos, a adoraçãodo antigo bezerro de ouro encontrouuma nova e inesperada imagem nofetichismo do dinheiro e na ditadurada economia sem rosto nem objetivoverdadeiramente humano”,observou.Francisco lamentou que apesar detodos os progressos registados nasúltimas décadas, a maior parte dahumanidade continue a viver “numaprecariedade quotidiana” comconsequências "nefastas",

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consequências “funestas”, como oaumento da violência e da pobrezaou a perda da “alegria de viver”.O Papa colocou como causa dacrise a “recusa da ética, a recusa deDeus” e a divinização do dinheiro edo poder.Neste sentido, convidou os políticosa entender que

“o dinheiro deve servir e nãogovernar, exortando ao “regresso daética em favor do homem narealidade financeira e económica”.“O Papa ama todos, ricos e pobres,mas tem o dever, em nome deCristo, de recordar ao rico que deveajudar o pobre, respeitá-lo, promovê-lo”, referiu.

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Jornada mundialde movimentos e associaçõesCerca de 120 mil representantes demovimentos e associações de leigosligados à Igreja Católica vãoencontrar-se este sábado edomingo com o Papa Francisco, noVaticano, no âmbito do Ano da Fé.De acordo com as últimasindicações do Conselho Pontifíciopara a Nova Evangelização (CPNE),veiculadas pela Sala de Imprensada Santa Sé, a iniciativa intitulada“Eu creio, mas aumenta a nossa fé”contará com a participação deelementos integrados em “150movimentos” laicais.O presidente do CPNE, D. RinoFisichella, destacou a importânciaque assumem hoje grupos laicais eeclesiais como o Movimento dosFocolares, a ComunidadeNeocatecumenal e a Comunhão eLibertação. “Muitos jovens, homense mulheres redescobriram nessesgrupos não só a fé que perderamalgures no caminho ou a crença quese tinha tornado estéril eindiferente, mas o caminho para averdadeira conversão de vida”,salientou.

O programa da iniciativa prevê nosábado de manhã umaperegrinação ao túmulo de SãoPedro e à tarde um encontro com oPapa, na Praça de São Pedro, apartir das 15h00 (menos uma emLisboa).À noite, durante a Vigília dePentecostes, Francisco vai rezardiante da imagem da Virgem Maria(Salus Popoli Romani), protetora dopovo de Roma, e vai estar àdisposição dos participantes pararesponder a algumas perguntas.Num momento direcionado para aapresentação de testemunhos ereflexões, o escritor e editor irlandêsJohn Waters e o cirurgiãopaquistanês Paul Batthi, irmão doMinistro para as Minorias daquelepaís, assassinado em março de2011, vão partilhar com os gruposalgumas das suas experiências devida, relacionadas com aevangelização.

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Papa renova apelo em defesa da vida

O Papa Francisco renovou estaquarta-feira no Vaticano a apelo quetinha lançado este domingo emdefesa da vida desde a suaconceção, manifestado o seu apoioa uma manifestação públicapromovida por católicos da Polónia.“Esta iniciativa recorda a todos anecessidade de promover edefender a vida humana desde aconceção ao seu declínio natural”,declarou, na audiência públicasemanal que reuniu dezenas demilhares de pessoas na Praça deSão Pedro.Francisco voltaria ao tema numamensagem dirigida aos seus maisde seis milhões de seguidores narede social Twitter. "É Deus que dáa vida. Respeitemos e amemos avida humana, especialmente a vidaindefesa no ventre de sua mãe",pediu, num texto divulgado em novelínguas, incluindo o português.

O Papa referiu que “a verdade deCristo”, oferecida pelo Espírito, dizrespeito “para sempre e totalmente”à vida quotidiana.A catequese recuperou aspreocupações manifestadas porBento XVI sobre o “relativismo” e o“ceticismo” da sociedade atual, atendência de se entender que “nãohá nada de definitiva” e que averdade chega por “consenso”.

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República de MininusNum futuro incerto, algures emÁfrica, uma reunião do conselho depresidência é subitamenteinterrompido por um forte tremor deterra. Cada um procura salvar a suapele, mas o que resta de um cenárioapocalíptico de decadência é umbando de meninos deixado à suasorte.Reféns de um menino soldado, quesubjuga os demais à sua vontade, orestante grupo consegue organizar-se para finalmente se libertar da suaprepotência e da ameaça da armaque aquele empunhava. Juntos,seguem um caminho incerto atéchegarem a uma cidadeinteiramente governada porcrianças.Aqui, reinam a paz e a concórdia,com cada um a desempenhar umatarefa específica em prol de todos.Exausto, o bando errante é bemacolhido e tratado, mas para poderpermanecer, além dos três dias detolerância concedido a forasteiros,os seus membros devem provar queaprenderam a viver sob a lei do bemcomum: cuidar de si e dos outros emanterem-se unidos, como um só.

O mais reconhecido cineastaguineense, Flora Gomes está devolta com esta sua ‘República deMininus’, dois anos após termospodido aceder, ainda que apenas nocircuito cultural em sala e na RTP,ao documentário ‘As Duas Faces daGuerra’ - co-realizado com DianaAdringa sobre duas perspetivas, ade luta de libertação para uns,guerra colonial para outros, de umamesma guerra.‘República de Mininus’ é um contode uma ingenuidade tocante que,mesmo aquém do domínio estéticode ‘A Minha Voz’ (Prémios Signis,Cidade de Amiens e LanternaMágica em Veneza), da forçasimbólica de ‘Pau de Sangue’ ou daagilidade de ‘Os Olhos Azuis deYonta’, carrega em si a simplicidadee profundidade de uma mensagemde esperança para África e para oMundo colocada nas mãos dageração do futuro. Aquela a que senão faltassem, ao cabo de umpercurso de experiência econhecimento feito, o ímpeto, apureza e a simplicidade da infância,seria capaz de renovar a face

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da terra, aplicando comextraordinária facilidade, por meiode um conjunto de regras queobservassem o princípio do bemcomum, justiça e equidadecomunitárias.Em parte, essa ausência deexperiência e domíniocinematográfico já comprovado,poderia ser justificado peloeventual propósito de conceberuma obra quase ‘de crianças paracrianças’, o que não deixando de oser, desde já recomendado pelo seucaráter pedagógico,

não se excluiigualmente comocumprimento de um cinema paraadultos.Um cinema que não encherá o olhopela sua vertente técnica mas capazde evocar um tempo e um espaçoem que nós, agora ‘demasiadocrescidos’ e presos à complexidadedos nossos impossíveis,resolvíamos os males do (nosso)mundo de formaextraordinariamente fácil, possível...e real.

Margarida Ataíde

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Apostolado Mundial de Fátima

www.worldfatima.com/ Na semana em que o santuário de Fátima vive um dosseus momentos altos do ano e em pleno mês de maio,sugerimos uma visita ao sítio do Apostolado Mundialde Fátima (AMF). Esta associação Católicainternacional de direito pontifício, fundada em 1947,“nos Estados Unidos da América, pelas mãos doPadre Harold Colgan e do Sr. John Haffert, cresceurapidamente e instalou-se pelo mundo inteiro,transformando-se num grande movimentointernacional”, que conta atualmente com milhões demembros e vários centros nacionais.Os seus objetivos principais passam pela “promoçãoda autêntica doutrina da Igreja Católica, a adesão aosprincípios básicos do Evangelho; a santificaçãopessoal dos membros através do fiel cumprimento damensagem de Nossa Senhora de Fátima e apromoção do bem comum, através da difusão destamesma mensagem”.Ao digitarmos o endereço www.worldfatima.comentramos num espaço onde os conteúdosinformativos são o foco mais forte que ilumina estesítio. Na página principal encontramos os habituaisdestaques, dando naturalmente maior ênfase àperegrinação internacional anual de 12 e 13 de maio,bem como à consagração do pontificado do PapaFrancisco à Nossa Senhora de Fátima.Na opção “quem somos”, encontramos uma breveexplicação sobre este movimento, a sua história,

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missão, equipa e ainda odocumento pontifício datado de 7 deoutubro de 2010, onde se confirmao AMF como associação públicainternacional de fiéis, compersonalidade jurídica. Em “gruposde oração”, dispomos deinformações sobre este gestoconcreto associado a estemovimento, que pretende ser “umencontro espiritual que se realizanormalmente uma vez por semana,em frente do SantíssimoSacramento ou em casa de um dosmembros”.Caso pretenda conhecer mais sobrea mensagem de Fátima e sobretemáticas fortemente ligadas a estetipo de apostolado que podem servirpara melhor conhecer o sentido dasua missão, basta clicar emformação.Em “centros regionais”, facilmentepercebe que nos cinco continentes já

se encontra alguma representaçãodeste movimento, pois “cadacontinente tem um ou mais centrosregionais, os quais servem comoponto de referência para o grupo depaíses que a ele pertencem”.Por último destacamos apenas asferramentas multimédia que seencontram presentes neste espaçovirtual. Seja através dadisponibilização de fotos e vídeosque mostram a diversidade dotrabalho feito pela AMF, bem comopela existência de um canal de TVonline disponível emwww.worldfatimatv.com quepretende, acima de tudo, divulgar amensagem de Nossa Senhora deFátima.

Fernando Cassola [email protected]

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Visitas Pastorais de D. Maurílio deGouveiaUm livro assinado pelo cónegoFrancisco Senra Coelho,historiador do Instituto Superior deTeologia de Évora, está a dar aconhecer o trabalho que D.Maurílio de Gouveia realizou juntodas comunidades católicas daarquidiocese, entre 1981 e 2008.Segundo o prelado, tratou-se de“uma experiência muito rica” queajudou à criação de “laços deamizade” com as pessoas e àtransmissão da mensagem doEvangelho.Com o título ‘Visitas Pastorais eNova Evangelização’, a obra foidesenvolvida com o apoio docónego Mário Tavares, do padreRicardo Lameira e de Luís Simões.As narrativas e descrições contidasna publicação sãocomplementadas com fotografiasilustrativas de vários momentosque compuseram as visitas de umarcebispo que sempre se mostroucomprometido com a NovaEvangelização. “Uma das grandes tarefas daIgreja tem sido renovar e incentivara visita pastoral e o ConcílioVaticano II lembrou novamenteessa importância.

A D. Maurílio coube-lhe viver naArquidiocese de Évora aimplementação do Concílio, entrandoa 8 de dezembro de 1981”, recorda ocónego Senra Coelho.O lançamento da obra, com achancela da editora Principia, surgenuma altura em que passam 30 anosda primeira visita pastoral doarcebispo emérito, na Vigararia deAlcácer do Sal.D. Manuel Clemente, bispo do Porto ehistoriador, apresentou a obra emÉvora e destacou o impacto que asvisitas pastorais provocaram juntodas populações alentejanas,sobretudo numa altura marcada porvárias “convulsões” sociais epolíticas, nos anos posteriores àrevolução de 25 de abril de 1974.

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O silêncio de Maria

«Maria tinha vivido, na vertical,uma intimidade sem precedentescom Deus. Essa intimidade vaiabri-la para uma comunhão,também sem precedentes, comtodos nós».«Mãe do Silêncio e daHumanidade, tu vives perdida eencontrada, no mar sem fundo domistério do Senhor. Faz-noscompreender que o silêncio não édesinteresse pelos irmãos, masfonte de energia e irradiação; nãoé encolhimento mas projeção. Faz-nos compreender que, paraderramar, é preciso encher-se.Envolve-nos no teu manto desilêncio e comunica-nos a fortalezada tua fé». Título: O Silêncio de Maria.Conhecer de perto, amar melhorAutor: Ignacio LarrañagaEditora: Paulinas EditoraColeção: MariologiaPáginas: 264Formato: 14x2x21PVP: € 12,00

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Do imperador Constantinoao II Concílio do Vaticano

O Papa Francisco apelou, dia 15 de maio, aorespeito pelo direito à “expressão pública” da fé decada pessoa, numa mensagem que assinalou o1700.º aniversário do Édito de Milão, que trouxeliberdade religiosa aos cristãos.Num texto dirigido ao cardeal Angelo Scola,arcebispo de Milão (Itália), o Papa argentino pediupara que seja respeitado “em todos os lugares odireito à expressão pública da própria fé e sejaacolhido sem preconceitos o contributo que oCristianismo continua a oferecer à cultura e àsociedade do nosso tempo”, lê-se no texto que oPapa eleito, no último mês de março, escreveu aoarcebispo milanês. O édito que decretou a “liberdadereligiosa para os cristãos” foi assinado peloimperador romano Constantino, que nasceu em 274e faleceu em 337.Quando teve o seu início, em outubro de 1962, o IIConcilio do Vaticano foi saudado como o fim daépoca constantiniana. Para o teólogo Chenu este eraum objetivo do concílio, formulado em conferênciadas jornadas de estudo das «InformationsCatholiques», de 1961. (Ver: CONGAR, Y. – UnConcile pour notre temps. Paris : Cerf, 1961, 59.)O cardeal e teólogo Walter Kasper, no seu recentetratado de eclesiologia, antecipa esse declínio, aoafirmar: “a longa época constantiniana (IV-XVIII)

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e os efeitos produzidos na épocaburguesa, […] acabaram com aprimeira e depois, em medidacompleta, com a segunda Guerramundial. Acaba assim também aépoca “cristã” da Europa. O fim daépoca constantiniana significa o fimdo Corpus Christianum, da épocana qual o cristianismo eraclaramente maioritário na Europa,podia contar com o poder políticocomo braço secular e podiainfluenciar em larga medida a vidasocial”. Considera Kasper que aIgreja de velho estilo estádefinitivamente no passado, com o“fim da era constantiniana”.Numa conferência proferida naUniversidade Católica Portuguesa,em Lisboa, o bispo e historiadorportuguês, D. Carlos Azevedo,sublinhou que o II Concilio doVaticano é, “depois do pré-primeiroaberto por são Pedro, de facto oprimeiro concilio fora do ritmoconstantiniano, pois o Papa dotempo do I Concilio do Vaticanoainda dependeu, na sua eleição, doveto das potências”.Um observador “atento do processoconciliar”, como

D. António Ferreira Gomes, bispo doPorto e um dos padres conciliares,comentava, nos anos 60, que “osprogressistas podiam ser acusadosde querer matar a idadeconstantiniana da cristandade. Masnão. Apenas verificam que essamorte aconteceu, “superficialmentecontra a Igreja «encarnada», massem grande pena nem glória docristianismo”. (Ver: «Pareceu aoEspírito Santo… e a nós?!» Porto,Fundação Spes, 2000.)“Apesar da certidão de óbitopassada pelo Concílio, o modelo dacristandade constantiniana é comoente querido, que, mesmo morto,alguns guardam no coração. Mas oque é doentio é querer ressuscitá-lopara morrer de susto,definitivamente”, disse D. CarlosAzevedo na sua intervenção sobre«Constantino: persistência de umparadigma na Igreja de hoje» naUCP a 11 de maio de 2012.A mensagem do Papa Francisco falanuma “decisão histórica” (o Édito deMilão) que abriu caminho “de formadecisiva ao nascimento dacivilização europeia”.

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maio 2013

Dia 18* Braga - Salão São Frutuoso - Encontro arquidiocesano demovimentos laicais.* Vaticano - Vigília de Pentecostespresidida pelo Papa Francisco. * Beja - Igreja de Nossa Senhorados Prazeres - Conferência «Umahistória do Contraponto: do Góticoàs Vanguardas», pelo musicólogoRui Vieira Nery integrada no 9.ºFestival Terras Sem Sombra. * Lisboa - Museu Nacional de ArteAntiga (18h00) - Abertura daexposição «A Encomendaprodigiosa. Da Patriarcal à CapelaReal de São João Baptista» com apresença de D. José Policarpo.

* Fátima - Museu de Arte Sacra eEtnologia - Inauguração daexposição temporária «Sentir,Pensar e Criar...» integrada no DiaInternacional dos Museus. * Funchal - Escola APEL - Jornadadiocesana da família com o tema«Viver e transmitir a fé na família».* Coimbra - Convento de SantaTeresa - Exibição da peça «IrmãLúcia - uma oração».* Lisboa - Sé (21h30m) - Vigília dePentecostes promovida Serviço daJuventude do Patriarcado de Lisboa.* Lisboa - Salão paroquial da Igrejade Nossa Senhora do Cabo(20h00m) - Noite de fados solidáriapara ajudar famílias e criançascarenciadas.* Aveiro - Encontro anual daassociação dos antigos alunos doSeminário de Aveiro.* Aveiro - Sever do Vouga (Auditóriodo Centro das Artes do Espetáculo)- Iniciativa «Dia da Vida» integradana Missão Jubilar.

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* Porto - Senhora da Boa Hora(Refugio do Peregrino) (14h00m) -Delegação do Porto da «AssociaçãoEspaço Jacobeus» organiza ainiciativa «Os Caminhos de Santiagode Compostela» (exposição deartesanato, uma queimada jacobeia,uma palestra e uma sessão deautógrafos com o jornalista CarlosFerreira, autor do livro “Alguma dorcura a alma”).* Lisboa - Cavalariça do PestanaPalace - Celebração dos 10 anos deabertura da «Casa de SantaIsabel», Casa de AcolhimentoTemporário onde o Ponto de Apoio àVida. * Viana do Castelo - Caminha(Pavilhão Desportivo de Caminha)-Espetáculo musical dedicado aobeato João Paulo II organizadopelos jovens da diocese de Vianado Castelo.* Lisboa - Terreiro do Paço - Bênçãodos finalistas. * Porto - Casa diocesana de Vilar - Encontro «Espaços “NaFÉ” – ONosso Aprofundamento na Fé»sobre «Momento de Oração»promovido pela JOC.* Porto - Gaia (Santa Marinha) - XEncontro nacional decolecionadores de objectosescutistas. (18 e 19)

* Fátima - Peregrinação da FamíliaSalesiana ao Santuário de Fátimacom a presença do reitor-mor dosSalesianos, padre PascoalChávez. (18 e 19)* Vaticano - Praça de São Pedro - Jornada mundial dos movimentos eassociações laicais. (18 e 19)*Setúbal - Almada (Galeria Municipalde Arte) - Exposição coletiva deartes visuais «Visão do Infinito – OsArtistas e a Fé». (18 a 27 de julho) Dia 19* Porto - Regiões pastorais dadiocese - Peregrinação dos frágeis. * Setúbal - Seixal (Pavilhão) - Tardede desporto solidário com apresença de vários clubes. * Lisboa - Oeiras (Igreja de Queijas)- III Ciclo Mariano de Música Coral.* Braga - São Pedro de Rates (Igrejaromânica) - Concerto de músicasacra «A música sacra no séculoXX» por Kempisch Kamerkoor-Holanda.* Viana do Castelo - Paredes deCoura (Santuário de Nossa Senhorada Pena) - Festa da Família. * Porto - Cucujães (Quinta doSeminário) - Festa Missionáriapromovida pelos Missionários daBoa Nova.

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Ano C – Solenidade de Pentecostes

Obrigado,Senhor, peloteu Espírito

Neste domingo da Solenidade do Pentecostes,obrigado, Senhor, pelo teu Espírito, que é Santo.Estamos juntos, na Igreja que geraste.Hoje cumpres a promessa de ficar em nós no teuEspírito,que nos renova e nos transforma em discípulos teus.Os símbolos do vento e do fogo manifestam a tua obraem nóse também o que Tu desejas fazer em nós. O teu Espírito soprou sobre os apóstolos,varrendo o seu medo e abrindo as portas da casa edo seu coração.O medo mantinha-os escondidos, mas com o teusopro começaram a falar.Dirigiram-se à multidão vinda a Jerusalém de todas asnações.Como um fogo que ilumina, aquece e se espalha,o teu Espírito fez com que eles proclamassem as tuasmaravilhas.Com a tua força, acenderam em todos os coraçõeso fogo do teu amor neles derramado pelo teu Espírito.O teu Espírito levou-os a fazerem-se entender emtodas as línguas.

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Envia-nos o teu Espírito, Senhor!Renova o Pentecostes na tua Igreja para a salvação do mundo!Como um vento,que o teu Espírito varra tudo o que nos impede de fazer a tua vontade.Que Ele aja e mantenha abertos os nossos corações,tantas vezes fechados em si mesmose fechados aos outros e também a Ti, Senhor!Como uma língua de fogo,que o teu Espírito nos cure dos nossos mutismos e estagnações.Ensina-nos a rezar, a falar, a conversar contigo,ao jeito de uma criança com o seu pai, de um amigo com o seu amigo.Dá-nos a linguagem do amor fraterno com todos,a linguagem do coração que ultrapassa o obstáculo das línguas,a tal linguagem em que o acolhimento e a atenção ao outrodizem mais do que mil palavras. Senhor, envia-nos o teu Espíritopara renovar a face da terra e o mais profundo das nossas vidas,para nos purificar dos pecados que cometemos na tua Igreja,para provocar em nós renovados encontros e novas visitações,levados pelo exemplo de Maria, tua e nossa Mãe.Com o teu Espírito em nós,as portas abrem-se, os medos transformam-se em audácias,as línguas proclamam as maravilhas de Deus!Senhor, ilumina-nos para encontrarmos a porta a abrirpara sairmos de nós mesmos ao encontro dos outros,na família e na comunidade, no trabalho e na escola,no bairro e na cidade, em tantos espaços que habitamos.Ajuda-nos a ultrapassar o medo e o marasmo,para servir a Igreja e a sociedade com ousadia e entusiasmo.Mantém-nos sempre na escuta do teu Espíritoe na procura de respostas aos desafios de hoje,que só podem acontecer em Igreja, em comunidade.Obrigado, Senhor, pelo teu Espírito, que é Santo.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 19 - Osmomentos mais significativosda peregrinação a Fátima nosdias 12 e 13 de maio. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 20 -Entrevista. 90 anos do CorpoNacional de Escutas emPortugal.Terça-feira, dia 21 -Informação e rubrica sobre oConcílio Vaticano II com JoséEduardo Borges de Pinho;Quarta-feira, dia 22 - Informação e rubrica sobreDoutrina Social da Igreja, com Acácio Catarino;Quinta-feira, dia 23 - Preparar uma peregrinação aFátima. Rubrica "O Passado do Presente", com D.Manuel ClementeSexta-feira, dia 24 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 19, 06h00 - Neste domingo dePentecostes o programa Ecclesia dá a conhecer maissobre o sacramento da confirmação e olha para otestemunho de quem o recebeu há pouco tempo. Segunda a sexta-feira, dias 20 a 24, 22h45 - Iniciativasem torno do Concílio Vaticano II neste ano pastoral.

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120 mil pessoas são esperadas no Vaticano, entresábado e domingo, para celebrarem com o PapaFrancisco um Pentecostes especial, marcado peloencontro mundial dos movimentos e associaçõescatólicas, principalmente direcionadas para aintervenção dos leigos, nos cinco continentes. A Paróquia do Campo Grande acolhe na sexta-feira aconferência ‘A cultura da violência e o estilo de vidaurbano - os conteúdos de jogos e programastelevisivos infantis; o papel dos media’, promovidaObservatório Permanente sobre a Produção, Comércioe Proliferação das Armas Ligeiras. A Igreja Católica nos Açores promove em PontaDelgada, São Miguel, dois dias de trabalho sobre otema ‘Resposta à Crise à Luz da Doutrina Social daIgreja’, que reúne vários especialistas convidados peloSecretariado Diocesano da Pastoral Social e daMobilidade Humana. A 18 de maio celebra-se anualmente o DiaInternacional dos Museus, aque em 2013 tem comotema ‘Memória + Criatividade = mudança social’. Opatrimónio que os museus exibem e protegem estáassociado à inventividade e vitalidade que têmcaraterizado o setor nos últimos anos D. Gregório Rosa, amigo de Óscar Romero e bispoauxiliar de San Salvador, vai estar em Lisboa, Porto,Braga e Fátima, de 19 a 26 deste mês, para falarsobre o pensamento e a espiritualidade do arcebispoassassinado há 33 anos.

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Conhecer (ou não) as histórias da Igreja que Sofre

O poder da denúncia

A palavra também constróicomunidade. Gritar ao mundo ashistórias da Igreja perseguida émais do que escrever artigos oupublicar notícias. É evangelizarpelo exemplo. O Padre Werenfried van Straaten,fundador da AIS, foi exemplo decomo a palavra pode denunciar, decomo a denúncia pode comover, ede como a comoção podetransformar o coração. Intuitivo, fezdo poder da palavra a

força da sua obra. A força daFundação AIS. Afinal, não descobriunada de novo… “Olhos que nãovêem, coração que não sente.” Opovo, na sua imensa sabedoria,explica nesta frase a importânciados Meios de Comunicação Socialpara o trabalho de evangelização daIgreja. Todos os dias existem,infelizmente, histórias de martírio, demedo, de perseguição. Histórias daIgreja que sofre.

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Cristãos que não desistemHoje, agora, neste instante, alguémpoderá ser preso por estar a rezar,por ter uma Bíblia consigo, por sersacerdote, por ter aulas decatequese, por… Neste instante,alguém poderáser atirado para o chão de umacela, poderá ser interrogado,poderá ser alvo de tortura. Não seescutam os seus gritos, ninguémouve o choro escondido nas suaslágrimas. Mas gritam, choram.Rezam. E até têm medo. Sãopessoas como nós. Comuns. Massão cristãos que não desistem de oser apesar das adversidades, dasperseguições, do sofrimento.

Sementes de féPara a Fundação AIS, estes cristãossão semente de fé, a razão de serda Instituição. São tudo. É por elesque a Fundação existe. Apoiar osMeios deComunicação Social da Igreja é maisdo que publicar jornais, emitirprogramas de rádio ou de TV. Émais do que ter uma página naInternet. É dizer aos cristãosperseguidos que eles nunca estãosós, mesmo quando julgam queninguém sabe das lágrimas queescorrem nos seus rostos quandoestão fechados nas celas dasprisões.

Saiba mais emwww.fundacao-ais.pt

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Lusofonias

O belo e o trágico em fotos

Tony Neves “Pode ouvir o programaLuso Fonias na rádioSIM, sábados às 14h00,ou em www.fecongd.org.O programa Luso Foniasé produzido pela FEC –Fundação Fé eCooperação, ONGD daConferência EpiscopalPortuguesa.”

A celebração do Dia Internacional dos Museusatirou-me para o Museu da Electricidade, emBelém, junto ao Tejo.Lá está, até 26 de Maio, a ‘World Press Photo13’, uma exposição que percorre o mundomostrando as fotografias escolhidas por um júrimundial que olhou para revistas e jornais. Visita-la, olhar com o coração uma a uma, ler aslegendas que explicam cada foto, leva-nos aviver por dentro o melhor e o pior que osfotógrafos gravaram nas suas máquinas.Aperta o coração olhar para a foto premiada:mostra com crueldade pessoas a caminhar comduas crianças mortas, numa manifestação derepúdio contra os ataques aéreos de Israel naFaixa de Gaza. No mesmo bombardeamento,morreram o pai e dois filhos menores. A guerraentre israelitas e palestinianos tem direito a oitofotos de terror.A Síria também é contemplada com muitasfotografias da guerra feroz que lá continua amatar: são doze, a mostrar mortos, feridos emuita destruição.Do Afeganistão chegaram imagens da miséria efalta de futuro que a guerra e a prolongadaocupação estrangeira ali geraram. Do Irão, háfotos de uma mulher e filhos com rostosdesfigurados por ácido atirado pelo marido e pai.Da América há imagens de bairros negros dasperiferias de Nova Iorque onde a violência é frutoda pobreza e exclusão social que ali se vive. Adroga e a morte tomaram conta das favelas doRio de

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Janeiro, cidade que vai acolher aJornada Mundial da Juventude(2013), o Mundial de Futebol (2014)e os Jogos Olímpicos (2016).O extremo oriente oferece imagensde crianças a ter como escola aproteção dos pilares de uma ponteem Nova Dehli, bem como as que osavós têm de cuidar nas aldeiaschinesas, quando os cerca de 220milhões de deslocados por causa dotrabalho ali as abandonam.A África mostra os catadores nalixeira de Nairobi, onde dez milpessoas vivem á custa do lixo. Hátambém fotos de soldados mortosno Sudão, na guerra pelo petróleoque tem gerado confrontossangrentos entre os do norte e osdo sul. Mostra ainda mulheres daSomália a jogar basquete, correndoo risco de, como castigo, lhecortarem as mãos ou os pés.A Itália e a Dinamarca têm direito a

fotos da prostituição que ali sepratica.Mas há também fotos positivas:sobre o trabalho que asConferências de S. Vicente de Paulofazem com os sem abrigo nos EUA,bem como uma reportagem deRoma sobre umamulher que acompanhou até ao fimo marido com Alzheimer. Há fotosbelas da natureza e do desporto.Queria deixar para o fim a foto queganhou o concurso português:jovens jogam á bola, descalços, nomeio da poeira, na Guiné-Bissau. Ébela porque os rostos transmitemuma felicidade que garante futuro,apesar dos tempos de pobreza einstabilidade que o país atravessa.Um Museu pode ser um espaçointeressante por onde passammuitas vidas e muitas histórias. É ocaso do Museu da Electricidade queaconselho a visitar.

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«Mesmo por entre dificuldades e incertezas, todo o homemsinceramente aberto à verdade e ao bem pode, pela luz darazão e com o secreto influxo da graça, chegar a reconhecer,na lei natural inscrita no coração (cf. Rm 2, 14-15), o valorsagrado da vida humana desde o seu início até ao seu termo,e afirmar o direito que todo o ser humano tem de verplenamente respeitado este seu bem primário. Sobre oreconhecimento de tal direito é que se funda a convivênciahumana e a própria comunidade política»(João Paulo II, in Evangelho da Vida)

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