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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________

PrlogoEste guia includo no presente CD-Rom, com o intuito de facultar aos Formadores HST, algum suporte extra para ministrar o mdulo de Primeiros Socorros. de primordial importncia levar em conta que, a simples leitura do mesmo, no habilita prtica do Primeiro Socorro e muito menos ao seu ensino. Para tanto, requerida a formao adequada e respectiva certificao emitida por entidades idneas. Como auxiliares pedaggicos complementares, o presente texto deve ser concomitantemente utilizado com recurso ao banco imagens anexo, o qual pode ser usado em apresentaes multimdia ou simplesmente na elaborao de transparncias. De igual forma, foi includo um conjunto de pequenos vdeos ilustrativos de algumas das tcnicas descritas. A equipe do sub-projecto HST do DELFIM, deseja a todos os Colegas um Bom Trabalho.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________

INTRODUOPrimeiro Socorro , por definio, o conjunto de medidas tomadas na presena de um acidente ou doena sbita, no sentido de melhorar ou pelo menos estabilizar o estado da(s) vtima(s). fundamental que o Socorrista interiorize um conjunto de tcnicas, que lhe permitam intervir rapidamente numa situao de emergncia, de forma correcta. Estas tcnicas, constituem o... Plano de Actuao do Socorrista - Proceder a uma rpida anlise da situao (primeira triagem) - Prevenir (ou proteger) o local e as vtimas, evitando o agravamento da situao - Providenciar o ALERTA das entidades de socorro - Socorrer o(s) sinistrado(s) O Alerta, dever ser preferencialmente efectuado para uma das seguintes entidades: - Nmero Nacional de Emergncia (I.N.E.M.) (112) - Bombeiros - C.V.P. - P.S.P. / G.N.R. - Outras

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________

AO EFECTUAR O ALERTA, NO ESQUEA:

Referir o tipo de situao Indicar o local exacto, com pontos de referncia Indicar o nmero de vtimas e o respectivo estado provvel Referir a existncia de situaes especiais (vtimas encarceradas, combustveis derramados, situaes de socorro prioritrio, etc.) Indicar o seu nmero de telemvel, ou outro para confirmao do alerta, ou contacto em caso de necessidade S DESLIGAR A CHAMADA DEPOIS DA CONFIRMAO DO CENTRALISTA Dever-se- ainda em todas as situaes: Afastar o perigo da(s) vtima(s) ou a(s) vtima(s) do perigo. Proceder ao desaperto de roupas ao nvel do pescoo, trax e abdmen, a fim de permeabilizar as vias areas.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Examinar periodicamente e manter / repor Funes Vitais. MUITO IMPORTANTE: SE NO SABE, NO MEXA, NEM DEIXE MEXER NAS VTIMAS, SALVO SE APARECER UM TCNICO CREDENCIADO.

EXAME GERAL DA VTIMA E SINTOMATOLOGIA Aos dados que o Socorrista pode verificar directamente na vtima, d-se o nome de sinais. Tudo aquilo de que a vtima se queixa, so os sintomas. Ao conjunto de sinais e sintomas, d-se o nome de sintomatologia e atravs desta e eventualmente dos antecedentes clnicos da vtima, que ns poderemos avaliar aproximadamente o seu estado. A pesquisa dos parmetros indicados, bem como da presena de hemorragias, choque, ou traumatismos mais ou menos bvios, constitui o chamado Exame Primrio da Vtima. Para alm deste, dever ainda ser efectuado o Exame Secundrio, que consta da busca de possveis leses em qualquer parte do corpo da vtima (da cabea aos ps).

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________

O Socorrista no se deve deixar confundir pelo termo exame secundrio. Ele de facto muito importante e, se por um lado por vezes no existem condies para o efectuar no local do sinistro, na primeira oportunidade deve ser posto em prtica.

O Exame Geral da vtima, inicia-se com a pesquisa das...

FUNES VITAIS: As Funes Vitais (ou Parmetros Vitais), so cinco e devem ser avaliadas na seguinte ordem: 1 - ESTADO DE CONSCINCIA Estimule a vtima, chamando por ela e tocando-lhe nos ombros. Conforme a resposta, ela encotrar-se- consciente ou inconsciente (se inconsciente, colocar na posio de Trendelenburg - cabea mais baixa que o resto do corpo ou, em alternativa, pernas elevadas a cerca de 30 cm do solo, salvo em situaes que o impeam, como o traumatismo craniano, choque cardiognico, deficincias ventilatrias, etc.); caso no recupere a conscincia, ser de considerar a colocao em Posio Lateral de Segurana (P.L.S.).

2 VENTILAO

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Entrada e sada de ar, atravs dos movimentos inspirao e expirao. Ao conjunto destes dois movimentos d-se o nome de Ciclo Ventilatrio. Devem ser pesquisadas: Frequncia: rpida ou lenta Amplitude: superficial ou profunda Como referncia, tenha em conta que um adulto de estatura mdia, ter em repouso, uma frequncia ventilatria de aproximadamente 12 a 15 c.p.m. (ciclos por minuto). J uma criana pequena, nas mesmas circunstncias, rondar os 25 c.p.m.

3 - PULSO Traduz a actividade do corao e deve ser palpado com os 2 e 3 dedos da mo (indicador e mdio) e nunca com o polegar. A referida palpao, efectua-se preferencialmente nas cartidas (pulso central), ou nas artrias radiais (pulso perifrico). Da completa pesquisa seguintes parmetros: do pulso, resultam os

Frequncia (nmero de pulsaes por minuto): rpido ou lento Amplitude: forte ou fraco Ritmo: rtmico ou arrtmico Simetria: simtrico ou assimtrico

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ 4 - TEMPERATURA A temperatura corporal deve ser mantida to prxima quanto possvel dos seus valores normais (36.5 / 37 C). Quaisquer alteraes considerveis destes valores, para mais ou para menos, podero provocar leses diversas, pelo que a temperatura deve em todos os casos ser pesquisada e mantida / reposta. Poder-se- apresentar: Elevada: hipertermia Baixa: hipotermia

5 - PRESSO ARTERIAL

Embora no possa ser correctamente medida sem o auxlio de um aparelho prprio para o efeito (esfigmomanmetro), no pode deixar de ser referida como fazendo parte das funes vitais, j que, da conjugao dos valores obtidos, se podero tirar importantes concluses acerca do estado da vtima. Elevada: hipertenso Baixa: hipotenso

Para alm das funes vitais, outros parmetros e condies devem ser pesquisados, a saber:

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Na pele, alm da temperatura, dever tambm ser verificada a cor, que poder ser plida, cianosada ou ruborizada e ainda o grau de humidade (transpirao). Nos olhos, devero ser analisadas as pupilas (menina do olho), as quais se podero encontrar dilatadas (midrase) ou contradas (miose). Podero ainda estar simtricas ou assimtricas e ter ou no reaco luz. Deve-se tambm, em simultneo, procurar sinais evidentes de Choque, Hemorragias considerveis, ou Traumatismos Graves. A vtima dever ainda ser questionada quanto s principais queixas que apresenta, bem como ao seu historial clnico, principais alergias e medicao que esteja a seguir.

VALORES DE REFERNCIA:

Relativamente verificao dos parmetros relativos ao pulso, ventilao ou presso arterial, torna-se necessrio que o Socorrista saiba aquilo que so considerados os valores padro, para que possa determinar os desvios da normalidade. As tabelas abaixo, traduzem esses valores, contudo, ateno pois os parmetros variam de pessoa para pessoa. Um atleta de alta competio, por exemplo, tem em repouso as suas frequncias ventilatria e cardaca normalmente abaixo das consideradas padro.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________TABELA DE FREQUNCIAS VENTILATRIAS PADRO

ESCALO ETRIO

Adulto Adolescente Criana Infante

FREQUNCIA VENTILATRIA (Ciclos Por Minuto) 12 a 20 CPM 15 a 25 CPM > 25 CPM

TABELA DE FREQUNCIAS CARDACAS PADRO

ESCALO ETRIO Adulto Adolescente Criana Infante

FREQUNCIA CARDACA (Pulsaes Por Minuto) 60 a 100 PPM 100 a 120 PPM > 120 PPM

Omitimos intencionalmente a tabela referente a presso arterial, dado que neste caso as variaes so normalmente considerveis de pessoa para pessoa e no vemos grande utilidade prtica na sua incluso neste captulo. Um Socorrista deve ter sempre presentes algumas normas pelas quais dever reger a sua conduta. Eis o que deve e igualmente importante o que no deve fazer e que chamaremos de...

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________

OS 10 MANDAMENTOS DO SOCORRISTA:

1- O Socorrista no possui suporte legal para determinar bitos, pelo que, no deve, salvos casos muito excepcionais, partir do pressuposto que determinada vtima se encontra biologicamente morta. 2- A obrigao legal e moral de um Socorrista promover a manuteno de vida. No deve pois, confrontar-se com a dvida se valer ou no a pena recuperar determinada vtima. 3- O Socorrista deve em quaisquer circunstncias, procurar pesquisar, vigiar e manter as Funes Vitais das vtimas.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ 4- No seguimento do ponto anterior, toda e qualquer vtima necessita de manter as suas vias areas perfeitamente libertas, pelo que, quaisquer peas de roupa devero ser desapertadas aos nveis do pescoo, trax e cintura (gravatas, colarinhos, soutiens, cintas, etc.). 5- Salvo as devidas excepes devidamente referenciadas, no devem ser administrados s vitimas quaisquer tipos de alimentos ou bebidas, sob pena de agravar o seu estado. 6- Salvo em casos muito pontuais de urgncia e gravidade extremas, o Socorrista no deve sob qualquer pretexto, exceder os limites da sua competncia, fazendo uso de tcnicas para as quais no esteja devidamente treinado e habilitado. 7- O Socorrista deve ter presente que em primeiro socorro dificilmente lhe surgiro 2 situaes perfeitamente idnticas, pelo que, cada caso deve ser analisado de per si, e tratado como tal. 8- S um treino frequente permite adquirir um nvel aceitvel de tecnicidade, pelo que, o Socorrista deve aproveitar as oportunidades que lhe surjam para pr em prtica as tcnicas que apreendeu no curso. 9-. As tcnicas de primeiro socorro esto em constante aperfeioamento e so esquecidas quando no praticadas. O Socorrista deve, portanto, respeitar com rigor os prazos previstos para reciclar a formao. 10- Porque no ir encontrar 2 situaes iguais, sobre tudo o que for ensinado nos cursos, deve prevalecer o bom senso.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________

PRIORIDADES DE SOCORRO: Nem todas as situaes de Primeiro Socorro so igualmente importantes no que respeita urgncia e gravidade da situao. Como tal e para que o Socorrista saiba sempre por onde comear,

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ consideraremos 5 situaes designadas de Socorro Prioritrio e que so as seguintes: Urgncias cardio-respiratrias Choque Hemorragias graves Intoxicaes agudas Traumatismos graves Ou, se preferirmos, podemos ainda basear-nos no conhecido acrnimo ACHET: Asfixia Choque Hemorragias Envenenamentos Traumatismos Graves As restantes situaes que no sejam de alguma forma relacionveis com as anteriores, sero consideradas de Socorro No Prioritrio. Como temos: exemplos de situaes no prioritrias,

Feridas superficiais Queimaduras ligeiras Fracturas simples Pequenas hemorragias Etc

Mas ateno: Quando no socorridas devidamente, estas situaes podero transformar-se em Socorro Prioritrio, pelo que no devem ser menosprezadas. No invulgar que um paciente com leses aparentemente sem importncia, venha a entrar em choque e eventualmente a morrer por falta de acompanhamento adequado.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ EMERGNCIAS CARDIO-RESPIRATRIAS SUPORTE BSICO DE VIDA

NOES DE ANATOMIA E FISIOLOGIA O ar atmosfrico um componente fundamental para a vida do Ser Humano. O ar, um elemento gasoso que, na sua composio, tem diversos gases, em propores equilibradas de forma a garantir a nossa sobrevivncia, a saber : Oxignio (O2)...........................21% Dixido de Carbono (CO2)....0.04% Azoto (N)..................................78% Gases raros e vapor de gua ..............quantidade desprezvel Dos gases acima referidos, so os dois primeiros e muito especialmente o Oxignio, que desempenham papel de fundamental relevo no nosso organismo, j que todas as nossas clulas necessitam de receber Oxignio para que a funo de respirao celular se possa dar , eliminando Dixido de Carbono, enfim, para viverem. Basicamente, cada vez que inspiramos, o ar introduzido nos nossos pulmes, passando o O2, para o sangue, que por sua vez o distribui por todas as clulas do corpo, captando o CO2 a produzido, e levando-o para os pulmes para ser eliminado na expirao. Quando este fornecimento dificultado ou interrompido, quer devido a um bloqueio das vias areas, quer por outro motivo inerente ao

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ funcionamento da ventilao, passados alguns segundos, o corao comea a funcionar deficientemente e se o problema no for corrigido, ao cabo de 3 a 6 minutos sem O2, o crebro comea a sofrer leses que dentro de pouco tempo sero irreversveis. Assumindo portanto desde j a forte relao existente entre os Aparelhos Respiratrio e Circulatrio daremos conta em seguida de breves noes anatmicas e fisiolgicas de cada um deles, bem como da sua patologia.

APARELHO RESPIRATRIO - VENTILAO

Ventilao = entrada e sada de ar nos pulmes. Ventilao = inspirao + expirao = ciclo respiratrio

Respirao o fenmeno que se passa dentro da clula, e que implica a troca de Oxignio por Dixido de Carbono, e a essncia da vida a nvel celular. Durante o movimento inspiratrio, o ar segue o seguinte percurso : FOSSAS NASAIS: orifcios providos de pelos que filtram o ar, mucosas que o humedecem e um percurso sinuoso que o aquece. Existem ainda Quimioreceptores que reconhecem a qualidade do ar inalado. (O ar pode tambm entrar pela boca, mas tal no apropriado, j que aqui no aquecido, humidificado ou filtrado). A boca e cavidade oral so

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ auxiliares de aparelho respiratrio, mas so na verdade parte integrante dos aparelhos digestivo e fonador. FARINGE: pode subdividir-se em naso-faringe (a poro mais prxima do nariz) e oro-faringe (mais prxima da boca). LARINGE: estrutura cartilagnea de forma piramidal, de que fazem parte as cordas vocais, cuja vibrao origina sons que, devidamente articulados, nos permitem falar. A laringe faz o desvio entre o ar que se dirige para a traqueia e os lquidos e slidos ingeridos e que se dirigem ao esfago. TRAQUEIA: estrutura cartilagnea tubular, composta pela sobreposio de semi-anis. Na sua extremidade inferior, a traqueia divide-se em duas estruturas tubulares denominados BRNQUIOS. BRNQUIOS: dividem-se sucessivamente brnquios cada vez de menor calibre. em

BRONQUOLOS: so os brnquios terminais antes de se dividirem em pequenos sacos , dispostos de forma similar a pequenos cachos de uva - os alvolos pulmonares. ALVOLOS: constituem a Unidade Funcional Pulmonar. nos alvolos que o ar inspirado (rico em O2), atravs de um processo de difuso, passa para a circulao sangunea enriquecendo o sangue em O2. , portanto, nos alvolos que se do as trocas gasosas entre o ar inspirado e o sangue. Os pulmes, afinal constitudos essencialmente por brnquios, bronquolos e alvolos pulmonares, so revestidos externamente por uma membrana

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ dupla denominada Pleura. A pleura tem dois folhetos, o visceral (que fica adjacente vscera - o pulmo) e o parietal (o que fica adjacente caixa torcica). Entre os dois folhetos o espao virtual, tem presso negativa e tem como funes principais a manuteno da expanso pulmonar e o deslizamento sem atrito. Sendo desprovidos de tecido muscular, os pulmes no poderiam s por si contrarem-se ou expandir. Para tal dependem do auxilio de diversos msculos (msculos respiratrios), sendo o mais importante, o diafragma. Outros msculos relevantes na funo respiratria so, os intercostais (msculos entre os arcos costais). Em resumo, no movimento activo da ventilao -a inspirao-, o diafragma e os msculos intercostais contraem-se, expandindo a caixa torcica e permitindo a entrada do ar, j que, encontrando-se os pulmes ligados quelas estruturas, acompanham o seu movimento, dilatando-se tambm. O que se passa na verdade, que ao dilatarem-se os pulmes, cria-se um ligeiro vcuo no seu interior, j que a presso decresce. Assim, a presso atmosfrica torna-se superior existente no interior dos pulmes. Como sabemos, as presses tendem a igualar-se ( os gases movem-se sempre de uma zona de presso mais alta para uma de presso mais baixa at se igualarem ), entrando ento o ar dentro dos pulmes, at se igualarem as presses interna e externa. Na expirao d-se o processo inverso, sendo este movimento passivo, j que no requer esforo muscular. O controlo da respirao feito por centros respiratrios localizados em reas especficas do

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ crebro, funcionando com sensores que detectam a qualidade do gases que circulam difundidos no sangue. Esta deteco feita a partir do teor de CO2 existente no mesmo. Quando o teor de CO2 demasiado elevado, o crebro envia impulsos nervosos atravs da espinal medula para o diafragma e msculos intercostais, provocando a sua contraco, forando a inspirao e portanto a renovao do ar. Quanto mais alto o teor daquele gs no sangue, mais fortes so os impulsos emanados pelo crebro, levando a inspiraes mais profundas e maior quantidade de inspiraes por minuto ( polipneia ). Existe ainda um mecanismo de recurso que permite efectuar o controlo da ventilao. Embora menos eficazes que os anteriores, mas em funcionamento em determinadas circunstncias, existem outros sensores localizados no crebro, nas paredes da Aorta e nas cartidas, que detectam baixos nveis de O2, estimulando a ventilao em casos de hipoxmia (O2 baixo). PARMETROS DE UMA VENTILAO NORMAL Uma ventilao normal , deve ocorrer de forma ritmada, sem esforo, com uma quantidade regular de ar inalado e expirado, sons bem audveis auscultao em ambos os pulmes e movimento regular do trax e abdmen. Embora a frequncia respiratria varie de pessoa para pessoa e possa ser influenciada por factores diversos como o esforo fsico, etc..., necessitamos conhecer os valores padro, como referncia para o exame de uma vtima. Assim, podemos considerar

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ como normais , as seguintes frequncias (em ciclos por minuto): Adultos..................12 a 20 (C.P.M.) Crianas ...............15 a 20 (C.P.M.) Bebs....................+ de 25 (C.P.M.) NOTA: Outros valores podem ser encontrados noutros manuais. Note-se contudo que estamos a referir-nos a valores padro, que variam de pessoa para pessoa. Sempre que procedermos ao exame de uma vtima, deveremos analisar a sua frequncia ventilatria, na medida do possvel sem que ela se aperceba que o estamos a fazer, j que tal poderia falsear o resultado. Aps este exame, poderemos constatar se a frequncia se encontra acima ou abaixo dos valores padro, (taquipneia e bradipneia, respectivamente).A amplitude dos movimentos respiratrios tambm um dado importante, podendo ter uma ventilao superficial ou uma ventilao profunda. Sinais indicadores de que algo de errado se pode passar com a ventilao para alm da observao da frequncia e amplitude, so: Cor da pele : palidez ou cianose Humidade da pele : pele seca ou hmida. Retraces musculares : acima da clavcula intercostais Adejo nasal (dilatao das fossas nasais).

,

Tratando-se de uma funo vital, sempre que um doente esteja em paragem ventilatria ou esta seja ineficaz, a pronta actuao do Socorrista fundamental

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A rapidez de actuao fundamental dado que, quanto mais tempo a vtima se encontrar sem ventilar, menores so as probabilidades de recuperao.

Tempo sem ventilao: Efeitos: At 1 minuto irritabilidade cardaca At 4 minutos fortes probabilidades de recuperao sem leses cerebrais. de 4 a 6 minutos possibilidade de existirem danos cerebrais de 6 a 10 minutos leses cerebrais altamente provveis + de 10 minutos leses cerebrais irreversveis

PERMEABILIZAO / DESOBSTRUO DAS VIAS AREAS Permeabilizar, manter, desobstruir, libertar... qualquer destes termos pode ser utilizado para traduzir os procedimentos que iremos descrever em seguida. O que conta, termos presente que, por vezes, problemas respiratrios que podem ir de um simples engasgamento total paragem da funo respiratria, pode ser prontamente solucionado com a aplicao de uma simples manobra como as que passaremos a descrever.

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Uma das grandes causas de acidentes relacionados com problemas respiratrios, a obstruo das vias areas, quer seja um simples bloqueio causado pela lngua, quer se trate da entrada de um corpo estranho para as vias areas. Vrias so as formas possveis de efectuar a desobstruo, devendo no entanto, ser utilizada aquela ou aquelas que melhor se adequarem situao. Desobstruo das vias areas Tosse - acto reflexo que interveno de Socorrista. no necessita da

Desaperto de roupas a nvel do pescoo, trax, e abdmen. Hiperextenso da cabea - Com uma vtima inconsciente, os msculos relaxam. A lngua, enquanto msculo, tambm relaxa, podendo deslocar-se para trs e para baixo, causando obstruo das vias areas, especialmente se a vtima estiver em decbito dorsal, como se pode ver na figura. Ao realizar esta manobra, a mandbula puxada para cima e com ela a lngua, libertando assim o canal respiratrio. Esta manobra, tem como inconveniente a possibilidade de causar ou agravar hipotticas leses a nvel cervical, bem como obrigar o Socorrista a manter a posio. Extenso da cabea - manobra idntica anterior mas menos pronunciada, no incorrendo tanto no risco de causar ou agravar leses cervicais.

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Traco da mandbula : para casos em que existem suspeitas de leso cervical, tornando contra-indicado o uso do mtodo anterior. Esta manobra, sendo mais difcil de executar que a anterior e mais penalizante para o Socorrista, permite no entanto elevar a mandbula e a lngua sem mobilizar o pescoo. Limpeza da boca / orofaringe : o Socorrista retira objectos estranhos da boca ou orofaringe da vtima. ( pedaos de alimentos, prteses dentrias, etc..), com os dedos em pina ou em colher. Nota: A fim de evitar incidentes em que os dedos do socorrista poderiam ser mordidos, por exemplo se a vtima fizer um espasmo, sempre que seja necessrio aceder boca, mantendo-a aberta, pode utilizar-se a tcnica dos dedos cruzados. Posio lateral de segurana ( PLS ) - Posio de decbito lateral, impede a obstruo das vias areas por queda da lngua, vmito, sangue ou secrees. (Esta posio encontra-se descrita noutro captulo do manual). Manobra de Heimlich : Esta clebre manobra, adequada para desalojar corpos estranhos que se encontrem ao nvel da laringe ou da traqueia. O Socorrista, posiciona-se por trs da vtima em posio equilibrada e coloca o seu punho fechado sobre o diafragma da vtima ( cerca de 3 dedos abaixo do apndice xifoide ou ponta do esterno ). Com a ajuda da outra mo, exerce cerca de 6 a 10 compresses bruscas, forando o ar a sair para o exterior e arrastando consigo o objecto estranho.

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Esta manobra pode ser tambm aplicada a vtimas sentadas ou deitadas, sendo que, neste ltimo caso, as compresses sero feitas com a base da mo. O uso da manobra de Heimlich est contraindicado em grvidas, obesos e bebs. Nestes trs casos, em vez de compresses abdominais, sero efectuadas compresses torcicas. A Manobra de Heimlich, pode ser efectuado pela prpria vtima, com recurso, por exemplo, s costas de uma cadeira. Pancadas intercostais ou interescapulares ao contrrio do que vulgarmente se pensa, esta manobra pouco eficaz por si s, podendo mesmo nalguns casos, fazer descer ainda mais o objecto da obstruo. contudo til quando usada em conjunto com a manobra de Heimlich, dado que ajuda os objectos a deslocar-se. Compresses torcicas - Igualmente pouco eficaz neste contexto, contudo o nico mtodo substituto da Manobra de Heimlich quando esta no pode ser utilizada (grvidas, obesos, crianas pequenas). Drenagem brnquica - Manobra pouco relevante pode ser de alguma utilidade em vtimas de afogamento. Bastante semelhante PLS, com a variante da colocao de um objecto ( por exemplo uma toalha enrolada ) a comprimir a regio do diafragma, ajudando assim a expulsar alguma gua. COM APARELHOS :

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Aspirao de secrees - A asfixia por existncia de material a obstruir a via area comum. Para que isto no acontea com sangue, vmito, secrees, etc., pode-se aspirar a orofaringe com aspiradores prprios. Existem diversos tipos de aspiradores, podendo estes ser manuais, elctricos, ou por vcuo. O princpio de funcionamento comum a todos eles : introduz-se uma sonda apropriada na boca, at orofaringe e em movimentos rotativos e rpidos, aspira-se o contedo que ficar alojado num recipiente vulgarmente chamado copo. Este copo, dever conter alguma gua, a fim de evitar que as secrees sequem no seu interior, facilitando a sua limpeza.

O calibre da sonda a utilizar, fundamentalmente seleccionado em funo do tamanho da vtima ( adulto, criana ) e sobretudo das caractersticas e densidade do material a aspirar. Tubo orofarngeo ( = tubo de Guedel ou tubo de Mayo ) ver figuras. Permite uma libertao da via area, fazendo a conteno da lngua. Ateno: o tubo introduz-se at meio com a concavidade para cima, aps o que se roda 180, a fim de que a concavidade fique virada para baixo, alojando a lngua. Conforme se pode verificar na figura abaixo, o comprimento do tubo a usar, idntico distncia entre a comissura labial (canto da boca) e o lbulo da orelha. Obturao esofgica Tcnica avanada. No permite regurgitao do contedo gstrico.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Entubao endotraqueal - Mtodo avanado, eficaz para uma ventilao artificial obstruindo a via area simultaneamente passagem de contedo gstrico ou estranho. Traqueotomia / cricotirotomia - Mtodos bastante eficazes, so contudo da exclusiva responsabilidade mdica e com indicaes muito precisas.

APARELHO CARDIOVASCULAR - CIRCULAO Como vimos atrs, fundamental o ar que se respira, o ar que chega aos alvolos, para a nossa sobrevivncia. De seguida, necessrio levar o Oxignio a todas as clulas do organismo, e isto acontece transportado pelo sangue, atravs dos vasos sanguneos. (Artrias, Capilares e Veias). O aparelho circulatrio essencialmente constitudo pelo Corao (msculo constitudo por quatro cavidades - aurcula e ventrculo direitos e aurcula e ventrculo esquerdos), pelas Artrias , vasos que saem do corao e se dirigem quer aos pulmes (Artria Pulmonar que sai do ventrculo direito), quer a todo o restante organismo (Artria Aorta que sai do ventrculo esquerdo). As artrias medida que se vo afastando do corao vo-se dividindo em vasos progressivamente de menor calibre, at atingirem calibre inferior espessura de cabelos (capilares) onde se do as trocas gasosas (quer entre os capilares e os alvolos pulmonares , quer entre capilares e qualquer clula que compe o

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ organismo). Estes vasos capilares depois de se realizarem as trocas gasosas, vo-se fundindo em outros vasos de calibre progressivamente maior (Veias), para levarem o sangue de volta ao corao, entrando neste pelas aurculas. O percurso ser ento assim : O sangue que vem da circulao sistmica, aps descarregar-se de Oxignio nas clulas do organismo, torna ao corao carregado de Dixido de Carbono e nos capilares pulmonares acontece precisamente o contrrio, ou seja, o sangue esvaziase do excesso de Dixido de Carbono e satura-se de Oxignio. Este sangue renovado, (arterializado) , entra na aurcula esquerda, passa para o ventrculo esquerdo, que contraindo-se (sstole ventricular), o empurra para a circulao sistmica e vai alimentar todas as clulas do organismo. Os pulsos que palpamos para nos certificarmos dos batimentos cardacos no so mais do que a transmisso das contraces cardacas atravs das artrias, podendo-se palpar em artrias principais que sejam relativamente superficiais em relao pele. Assim, podemos palpar entre outros: Pulso carotdeo - sobre as artrias cartidas Pulso radial - sobre as artrias radiais Palpao de pulso central (carotdeo) Palpao pulso perifrico (radial)

de

Na ausncia de pulso, poderemos constatar que estamos perante um doente em Paragem Cardaca.

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CONCEITO DE MORTE

A paragem cardaca e/ou respiratria foi considerada durante muitos anos, como sinnimo de Morte. Com a investigao cientfica e a prtica diria, verificou-se que, se houver uma paragem respiratria, a actividade cardaca ainda permanece durante algum tempo, e se for possvel substituir a ventilao, a actividade cardaca pode manter-se em boas condies. Por outro lado, a paragem cardio-respiratria ( PCR ), no considerada sinnimo de Morte, porque o que regula esta definio a actividade cerebral e esta pode estar conservada por alguns minutos aps PCR. Da que , perante qualquer doente em PCR o Socorrista tem por obrigao fazer as manobras de Suporte Bsico de Vida, at chegada de quem possa decidir e fazer procedimentos que conduzam Reanimao ou declarao de Morte desse doente.

SUPORTE BSICO DE VIDA Ventilao Assistida vs R.C.P.

SUPORTE BSICO DE VIDA - Considera-se ( SBV), a manuteno da via area e o suporte da ventilao e circulao sem o recurso de equipamentos, a no ser simples aparelhos para manuteno da via area.

A sobrevivncia aps paragem cardaca significativamente maior quando esta

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ testemunhada, e quando a ressuscitao iniciada imediatamente !

Sequncia de Ressuscitao

O esquema abaixo, indica basicamente a actuao de um Socorrista, perante uma vtima com aparente ausncia de vida. Plano de Actuao para avaliao inicial e gesto de uma vtima aparentemente sem vida.

Avaliar a resposta da vtima de Aco A (Conscincia) leses peridica

SIM

Plano verificar avaliao obter ajuda se

necessrio NO PEDIR AJUDA de aco B se h ventilao Plano Posio de segurana Pedir ajuda sem ventilao C com pulso +/- 10 insuflaes Pedir ajuda Continuar ventilao Plano de Aco

ABRIR VIA AREA VERIFICAR VENTILAO

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________VERIFICAR PULSO D RCP sem pulso Plano de Aco telefonar para ajuda +

SEQUNCIA DE RESSUSCITAO 1 . Avaliar a resposta da vtima Abanando os ombros devagar, perguntar alto, Como que se sente? Como se chama?, etc. 2 . Se o doente responde verbalmente ou se mexe : (Plano de aco A) - Deixe-o na posio em que est ( a no ser que corra perigo) e verifique se h alguma leso. - Avalie periodicamente as Funes Vitais e obtenha ajuda se necessrio. 3 . Se no responde : - Gritar para obter ajuda. - Permitir uma via area aberta, fazendo extenso da cabea ou traccionando a mandbula. - Aliviar as roupas ao nvel do pescoo, trax e abdmen. - Remover qualquer bvia obstruo da cavidade oral, incluindo, prteses dentrias soltas. (As prteses que esto bem fixas podem ser deixadas). - Ver, ouvir e sentir se h ventilao :

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ - Ver os movimentos do trax e abdmen - Ouvir perto da boca os sons da respirao - Sentir o ar entrar ou a sair

- Olhar, ouvir e sentir durante aproximadamente 5 segundos antes de decidir que o doente est em paragem respiratria. -Verificar pulsos. O melhor pulso para sentir numa emergncia o carotdeo -Verificar durante 5 a 10 segundos antes de decidir que no tem pulso e que, portanto, o doente est em paragem cardaca 4 . Se o doente respira - ( Plano de Aco B ) - Colocar o doente em Posio Lateral de Segurana, salvo se esta puder agravar alguma leso existente

- Telefonar para pedir ajuda - Manter sob vigilncia apertada , verificando se ventila livremente - Posio lateral de segurana : Quando a ventilao e circulao esto a fazer-se importante manter uma boa via area e assegurar que a lngua no causa obstruo. tambm importante prevenir que o contedo gstrico possa

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ ser aspirado. Por estas razes o doente deve ser posto em Posio Lateral de Segurana o que permite, que a lngua caia para fora mantendo a via area livre. - Retirar objectos pontiagudos ou de grande volume que eventualmente existam nos bolsos - Ajoelhe-se ao lado da vtima e ponha-lhe as duas pernas esticadas lado a lado - Abrir a via area fazendo a extenso da cabea e a traco da mandbula - Coloque o brao mais perto de si para fora fazendo ngulos rectos com o corpo, cotovelo para fora e palma da mo virada para cima - O outro brao, coloca-se pondo a palma dessa mo em cima do ombro contrrio, atravessando o trax - Dobre o joelho da perna que se encontra mais longe de si mantendo a planta do p no cho - Com outra mo agarre o ombro correspondente a perna que dobrou e role a vitima para o seu lado - Ajuste a perna que ficou por cima de modo a ficar com o joelho no cho e a perna fazer ngulos rectos com o corpo - Fazer a extenso da cabea e assegurar que a via area est aberta - Verificar ventilao e pulsos regularmente

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ 5 - Se no respira, mas tem pulso - ( Plano de Aco C )

- Colocar o doente em decbito dorsal. - Fazer extenso da cabea. - Encerrar o nariz com o indicador e o polegar. - Abrir a boca da vtima. - Inspirar profundamente e pr os lbios volta da boca do doente de tal modo que no haja fugas de ar. - Na insuflao, verificar se h expanso do trax. (cada insuflao deve demorar cerca de 2 segundos). - Retirar a boca mantendo a via area aberta (extenso da cabea e traco da mandbula ). Verificar a expirao do doente ( com o trax a voltar posio inicial). - Repetir esta manobra cerca de 10 vezes, o que deve demorar ao todo cerca de 1 minuto e voltar a palpar o pulso. - Se continuar apenas em Paragem Ventilatria, repetir sucessivamente os passos acima, at que ventile espontaneamente. NOTA: Se possvel, use uma mscara apropriada para pr em prtica o mtodo (conforme figura acima). mais higinico e evita riscos de contgios. - Telefonar a pedir ajuda. - Avaliar, estado de conscincia, ventilao e pulso - Se h pulso - manter apenas a ventilao como anteriormente.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ - Se no h pulso - instituir RCP (Ressuscitao Cardio-Pulmonar = ventilao assistida + massagem cardaca ou compresses cardacas externas). 6 - Sem ventilao nem pulso = paragem cardio-respiratria (Plano de aco D) - Telefonar a pedir ajuda. - Colocar a vtima em decbito dorsal sobre um plano liso e duro . - Abrir a via area, fazendo a extenso da cabea e a traco da mandbula. - Fazer 2 insuflaes. - Iniciar massagem cardaca : compresses torcicas (ou compresses cardacas externas). - Deslizar o indicador e 3 dedo (o do meio) ao longo do bordo inferior da grelha costal at ao ponto de juno dos arcos costais, onde deve palpar o apndice xifide.

- Colocar a parte proximal da palma da outra mo mesmo ao lado dos dedos. ( A mo assim assente deve ficar no 1/3 inferior do esterno ). - A mo que se deslocou sobre a grelha costal e que ficou agora livre deve colocar-se sobre a outra mo sobre o esterno entrelaando os dedos de modo a no fazer fora sobre os arcos costais. - A posio do Socorrista deve ser de joelhos ao lado do doente, inclinado sobre ele e com os braos bem

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ esticados. Nesta posio, fazer as compresses de cerca de 4-5 cm. - Aliviar bruscamente a presso e repetir a manobra 80 x / minuto. - Combinar ventilao e compresses cardacas : - Aps 15 compresses, fazer a extenso da cabea, traco da mandbula e fazer 2 insuflaes. - Voltar a colocar as mos imediatamente sobre o esterno, e fazer compresses. Continuar ventilao e compresses numa cadncia de 2:15. ( Se forem dois Socorristas , um ocupa-se da ventilao e outro da massagem cardaca, sendo ento a cadncia de 1:5). NOTAS : VENTILAO Se for bem feita, s se sente uma pequena resistncia entrada do ar, e cada insuflao deve durar 2 segundos. Se a insuflao for muito rpida (mais rpida que dois segundos) , a resistncia entrada do ar maior, e portanto uma menor quantidade de ar entra nos pulmes. A quantidade de ar em cada insuflao ( volume corrente) deve ser de 800-1000 ml num adulto. Esta a quantidade de ar necessria para ver o trax movimentar-se. Espere que o trax baixe completamente durante a expirao antes de fazer outra insuflao. Isto demora cerca de 2-4 segundos. Cada sequncia de

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ 10 insuflaes demora cerca de 40-60 segundos a completar-se. O tempo exacto de expirao no muito importante. Espere que o trax volte posio inicial e ento faa outra insuflao. COMPRESSES CARDACAS essencial combinar ventilao com massagem cardaca, para que o sangue que artificialmente conseguimos que circule, seja oxigenado nos pulmes. As compresses devem ser baixar o esterno 4-5 cm. A presso deve ser aplicada firme e controladamente e a fora deve ser aplicada verticalmente. Uma aco violenta ou errtica perigosa. O tempo de compresso e descompresso sensivelmente o mesmo. Como as chances de restaurar a actividade cardaca efectiva espontnea apenas com o suporte bsico de vida, sem outras tcnicas de reanimao, nomeadamente o suporte avanado de vida (incluindo a desfibrilhao), so diminutas, no se deve perder tempo em verificar a presena de pulsos. Se o doente fizer algum movimento espontaneamente, ou uma inspirao, ento palpar pulso carotdeo para verificar possvel restaurao de actividade cardaca. - esta manobra no deve demorar mais que 5 segundos. Se tal no acontecer NO INTERROMPER AS MANOBRAS. RESUMO : SITUAO PROCEDIMENTO 1 SOCORRISTA 2 SOCORRISTAS

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Paragem Ventilatria Ventilao Assistida 2 insuflaes iniciais + 1 insuflao de 5 em 5 R.C.P. 2 insuflaes + 15 C.C.E. + 2//15 ...

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Paragem CardioPulmonar

R.C.P. 2 insuflaes iniciais + 5 C.C.E. + 1 insufl. + 5 CCE...

O CHOQUE DEFINIO E CAUSAS Por definio simples de CHOQUE, podemos considerar um dficit de sangue e consequentemente de oxignio a nvel dos tecidos com particular incidncia no Sistema Nervoso Central (crebro). Esta situao poder apresentar-se sob diversas formas e so vrias as causas da sua origem, a saber: - Causas Emocionais: podem ser de carcter positivo ou negativo (susto, excelente ou pssima notcia brusca, etc.) - Causas Fsicas: dores violentas, baixas de volmia, alteraes respiratrias ou cardacas, alteraes qualitativas do sangue, etc. - Causas Ambientais: exposio prolongada a temperaturas extremas, etc. Para alm destas, existem, ainda, uma srie de factores, tais como, a idade, a fadiga, a m nutrio, o mau estado fsico geral ou um Primeiro Socorro

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ inadequado, que no conduzindo directamente ao CHOQUE, predispe ao seu aparecimento. O conjunto destas causas e factores, podero provocar tipos diversos de Choque, tais como: Hipovolmico ( hemorrgico ou metablico ) Respiratrio Neurognico Psicognico Sptico Anafiltico Cardiognico

De um modo geral, a sintomatologia traduzida por: - Pulso rpido e fraco ( taquicardia ) - Ventilao superficial - Suores frios e viscosos - Temperatura baixa - Palidez e cianose progressivas - Agitao e ansiedade ou ainda particular nas crianas) - Pupilas dilatadas ( midrase ) - Possvel inconscincia - Outras PRIMEIRO SOCORRO GERAL Identificar e combater as causas do choque Vigiar e manter as Funes vitais ( particularmente a temperatura ) Acalmar a vtima Colocar na posio de Trendelenburg, ou elevar as pernas (mais ou menos 30 cm)

apatia

(em

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ NOTAS: Em casos especficos, tais como no Choque Anafiltico, no Respiratrio ou no Cardiognico, o Primeiro Socorro ir diferir, nomeadamente na posio em que se coloca a vtima que ser de Fowler e no de Trendelenburg. No ser demais voltar a referir que qualquer socorro ser ineficaz se no forem identificadas e combatidas as causas que levaram ao Choque. (Ex.: No caso de um Choque Hemorrgico, de nada adiantar acalmar a vtima, elevar-lhe as pernas e a temperatura, etc., se no for contida a hemorragia). A lipotmia (comum desmaio), ou por excelncia a maioria das situaes de inconscincia, traduzem por si s a presena de Choque. Assim e salvo as devidas excepes, as vtimas inconscientes sero colocadas numa posio segura, que lhes permita manter a permeabilidade das Vias Areas, mantendo a cabea em extenso e a boca virada para baixo, impedindo assim a aspirao de vmitos, sangue, secrees, etc. Trata-se da Posio Lateral de Segurana ( P.L.S. ). A figura abaixo, mostra uma das formas possveis de efectuar a Posio Lateral de Segurana. Note-se que outras variantes so aceitveis, desde que o resultado final seja satisfatrio. Lembramos que esta posio no deve ser utilizada sempre que haja suspeita de traumatismo vertebro-medular. Para estes casos, existe uma variante, mas que no cabe no mbito deste curso.

P.L.S.- (Posio Lateral de Segurana)

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ 1. O brao da vtima colocado esticado por baixo do corpo desta, a fim de evitar leses do ombro ou do cotovelo durante o rolamento. 2. O Socorrista, segura o antebrao e joelho da vtima do lado oposto em que se encontra e puxa-a para cima dos seus joelhos. 3. J com a vtima em decbito lateral, a cabea colocada em extenso e a mo debaixo da face.

4. O joelho flectido empurrado para cima, por forma a manter o decbito lateral. Ateno manuteno da extenso da cabea e da boca voltada para baixo para drenar possveis vmitos, sangue ou secrees.

Notas: Esta apenas uma das vrias tcnicas possveis para efectuar a PLS. Existem outras igualmente eficazes. Alis outra j foi descrita anteriormente noutro captulo deste manual. Sempre que possvel e a fim de evitar drenagem do contedo gstrico para o esfago, a rotao da vtima dever ser efectuada para o seu lado esquerdo. A PLS no deve ser efectuada menor suspeita de leses de coluna.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ CHOQUE SPTICO E ANAFILTICO Estes dois tipos de choque tm mecanismos e sintomatologias algo diferentes dos restantes, pelo que os procedimentos tambm variam. O choque sptico, deriva de infeces generalizadas, sendo uma situao que ocorre normalmente a nvel hospitalar. Como tal, por ser altamente improvvel que o Socorrista se depare com uma situao deste tipo, no o abordaremos neste manual. Quanto ao choque anafiltico, resultante de uma reaco alrgica do organismo a uma qualquer substncia, podendo ocorrer na sequncia da ingesto de alimentos aos quais a vtima seja sensvel, picada de um insecto, utilizao de frmacos, inalao de substncias, etc. Conforme o produto e a via de introduo, o tempo de resposta do organismo e o tipo de reaco variam. Normalmente aparecem reaces cutneas e inchao generalizado, bem como alteraes ventilatrias. Este , alis, o grande perigo deste tipo do choque, ou seja, a asfixia por aparecimento de edema alrgico da glote. Por outras palavras, o orifcio por onde o ar passa incha de tal forma que a circulao do ar deixa de poder fazer-se, levando a vtima asfixia. A resoluo deste problema, passa normalmente pela administrao de um anti-histamnico ou, na impossibilidade de o fazer, pela criao de uma via area alternativa (traqueotomia ou cricotirotomia) mas, sendo estas manobras consideradas em Portugal actos mdicos, nada mais resta ao Socorrista do que identificar a situao e manter as funes vitais na medida do possvel, at que a interveno do Mdico seja vivel. Tenha no entanto em conta a urgncia desta interveno, j que, se o edema da glote for violento, os mtodos

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ convencionais de suporte bsico de vida deixam de ser eficazes. A figura abaixo, mostra um kit para reverter reaces anafilticas, disponvel no mercado farmacutico em alguns pases.

HEMORRAGIAS As hemorragias constituem uma situao de socorro prioritrio, como tal, devem ser prontamente identificadas e corrigidas pelo Socorrista. Se por um lado as hemorragias externas so na maioria dos casos situaes bvias, o mesmo j no pode ser dito das internas, particularmente as invisveis como adiante veremos. Mas o que afinal, uma hemorragia? Como sabemos, o sangue circula no interior de vasos (artrias, veias e capilares), impulsionado pelo corao. Se por aco directa de uma violncia externa ou outro factor como algumas doenas, um ou mais vasos sofrerem uma ruptura, o sangue tende a sair por esta, extravasando para o exterior do organismo ou alojando-se em cavidades do mesmo, provocando presses em rgos adjacentes. Uma hemorragia pode portanto, definir-se como: - SADA DE SANGUE DO SEU CIRCUITO NORMAL. A volmia (quantidade de lquido circulante) normal de um indivduo, depende de factores

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ diversos, tais como a idade, constituio fsica, etc. Consideremos no entanto que, para um adulto de constituio regular, a volmia ronda os 6 litros e que a perda aguda de 10% desta (600 ml), constitui j uma situao de gravidade j que, no podendo ser imediatamente compensada pelo organismo, conduz ao choque. Considerando ainda que o factor idade predisponente para o aparecimento do choque, as perdas agudas de sangue para as crianas e bebs so graves a partir dos 200~300ml e 25~30 ml respectivamente. Em pessoas saudveis, os valores atrs indicados representam tambm as perdas mximas tolerveis, por exemplo em colheitas de sangue.CLASSIFICAO

Existem diversos tipos de classificao hemorragias, nomeadamente, quanto apresentao e quanto provenincia:

das

No primeiro caso, as hemorragias podero ser internas visveis quando o sangue sai para o exterior do organismo atravs de um orifcio natural do mesmo (fossas nasais, boca, ouvidos, nus, uretra, vagina), ou ainda no caso das equimoses (ndoas negras), em que o sangue, apesar de no ser exteriorizado, visvel sob a pele. Podero tambm ser internas invisveis, nas situaes em que o sangue fica alojado numa cavidade ou acumulado nos tecidos moles (hematoma). Neste caso, a presena de hemorragia diagnosticada atravs da sintomatologia. Finalmente, temos as hemorragias externas, nas quais o sangue se exterioriza atravs de um orifcio no natural (ferida).

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Quanto provenincia, as hemorragias classificam-se em funo do vaso afectado. Podero portanto ser arteriais se forem provenientes de uma artria, apresentando-se o sangue vermelho vivo rutilante (excepto no caso das artrias pulmonares) e em fortes golfadas cadncia das contraces (sstoles) arteriais. Sero venosas, quando provenientes de uma veia, com sangue vermelho mais escuro (excepto no caso das veias pulmonares), saindo em jacto contnuo. Podero finalmente ser capilares, nos casos em que o sangue provier dos vasos capilares, de um vermelho neutro e espalhando-se lentamente pela pele. HEMORRAGIAS INTERNAS INVISVEIS Como atrs foi referido, as hemorragias internas podem subdividir-se em visveis ou invisveis, conforme o sangue se exteriorize por um orifcio natural ou fique alojado dentro do organismo. Neste ltimo caso, porque o sangue no visvel, a presena de hemorragia s diagnosticada pelo Socorrista pela sintomatologia que a vtima apresenta. Esta sintomatologia, no difere muito da do choque, o que alis compreensvel, dado que a partir de determinada quantidade de sangue perdido (aproximadamente acima de 0,5 l), a vtima pode entrar em processo de choque hipovolmico (hemorrgico). Assim temos entre outros, os seguintes sinais e sintomas: Funes Vitais: Conscincia: inconscincia tendncia progressiva para a

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Pulso: progressivamente rpido e (taquicardia) Ventilao: superficial e rpida (taquipneia) Temperatura: baixa (hipotermia) Presso Arterial: progressivamente (hipotenso) Outros Parmetros: Pele: palidez e possvel cianose; suores frios Pupilas: progressivamente dilatadas (midrase) E ainda: Dor (localizada ou no), possvel edema e/ou equimose, perda gradual de viso, zumbidos e muito particularmente, como resposta do organismo baixa de volmia, a presena de sede abundante. Primeiro Socorro: Uma hemorragia interna normalmente uma situao consideravelmente grave e naturalmente no controlvel pelo Socorrista. Assim, o papel deste, embora possa parecer pouco relevante, na verdade factor primordial na evoluo da situao. Desde logo, h que manter a vtima o mais imvel possvel, a fim de evitar a acelerao da circulao e consequentemente maior perda de sangue. A posio da vtima dever ser escolhida em funo da localizao da hemorragia e do estado dos parmetros vitais. O transporte ao hospital prioritrio, mas tal no significa grandes velocidades mas, pelo contrrio, deve procurar-se uma viagem estvel. O uso de sirenes deve a todo o custo ser fraco

baixa

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ evitado. Mesmo que a vtima insista, no lhe deve ser dado nada a beber. Na melhor das hipteses, pode humedecer-lhe os lbios. A reposio de volmia primordial, mas ser efectuada por via sistmica, o que, como j sabemos, no feito pelo Socorrista comum. H ainda que prevenir a instalao do choque, bem como vigiar e manter constantemente as funes vitais. HEMORRAGIAS INTERNAS VISVEIS Estas so de mais fcil diagnstico, uma vez que o sangue se exterioriza por um orifcio natural do corpo. Contudo, no so necessariamente menos graves ou melhor controlveis que as anteriores. Conforme a provenincia e o orifcio de exteriorizao, poderemos denominar estas hemorragias da seguinte forma: Nariz: nasorragias, rinorragias, epistaxis Ouvidos: otorragias Boca: hemoptises, hematemeses nus: rectorragias, melenas Uretra: hematrias Vagina: hematrias, metrorragias, ...

Neste captulo do manual, debruar-nos-emos apenas sobre um tipo de hemorragias nasais as epistaxis pela sua frequncia e especialmente pelos erros comuns de actuao naqueles casos. A epistaxe uma hemorragia em que o sangue se exterioriza pelo nariz e tem origem neste, por razes de ordem diversa. Antes de efectuar qualquer tipo de procedimento, h que descartar a hiptese de o sangue ser proveniente de outros locais (como no

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ traumatismo craniano), ou de a vtima ser hipertensa, casos em que o socorro convencional para a epistaxe, seria inadequado e muito perigoso. Depois, procura efectuar-se a hemostase (estancamento da hemorragia), atravs de um dos seguintes processos: Compresso digital: trata-se do processo mais simples comprimem-se ambas as narinas com os dedos, at que o sangue pare de sair. Tamponamento: consiste em introduzir uma compressa em cada narina e mant-las at completa hemostase. Estas compressas devem ser secas. No entanto, por vezes encontram-se disponveis nas malas de primeiros socorros esponjas hemostticas que substituem as compressas neste fim com vantagens. Nestes casos, as esponjas devero ser embebidas em soro fisiolgico para evitar colagem mucosa nasal. Vasoconstrio: aplicao de frio local (saco de gelo ou pack de frio instantneo) sobre o nariz. Este mtodo pode aplicar-se em conjunto com o anterior. Note-se que foi referido o tamponamento ou compresso digital de ambas as narinas. Isto importante, na medida em que, mesmo que a hemorragia seja unilateral, se evita que o sangue acabe por sair pela outra narina. Tambm a posio da cabea importante. Ela deve manter-se direita e no inclinada para trs como habitualmente feito, para evitar que o sangue seja engolido. Caso a hemorragia persista, de considerar transporte ao hospital.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ HEMORRAGIAS EXTERNAS Estas hemorragias, no sendo forosamente mais graves que as internas, so sem dvida as mais frequentes e tambm aquelas que permitem uma actuao mais eficaz por parte do Socorrista. Nas hemorragias externas de menor importncia, a hemostase (paragem da sada de sangue) d-se de forma expontnea ao cabo de 6 a 10 minutos, devido aos mecanismos de defesa do organismo que geram um processo de coagulao. Os cogulos formados, tapam a ferida, parando assim a sada de sangue. No entanto, existem factores que no permitem em alguns casos a eficcia deste processo, tais como, o grande calibre de alguns vasos, o uso de medicamentos anti-coagulantes como a Aspirina, Heparinas, etc., ou a presena de doenas como a hemofilia. Em situaes deste tipo, a hemostase no se dar, a menos que sejam aplicados mtodos adequados. Destes mtodos, destacam-se por estar ao alcance do Socorrista, os seguintes: - Compresso Manual Directa (C.M.D.): Esta manobra, efectua-se comprimindo directamente a zona afectada, com o auxlio de compressas esterilizadas, ou panos limpos sem plos. As compressas, quando saturadas com sangue, devero ser substitudas por outras, com excepo da que se encontra em contacto directo com a pele. A remoo desta, arrastaria eventuais cogulos j formados, agravando a hemorragia, pelo que, s deve ser removida a nvel hospitalar. O uso desta tcnica, pressupe a inexistncia de objectos encravados, ou leses acessrias no local afectado. Caso se trate de um membro ou extremidade em

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ geral, esta deve ser elevada, dificultando assim o afluxo de sangue zona em questo. - Compresso Manual Indirecta (C.M.I.): Na impossibilidade de utilizar o mtodo anterior, precisamente devido presena de um corpo estranho, fractura, etc., h que evitar a chegada de sangue ao local. Isto consegue-se, atravs da compresso de uma artria proximal contra uma superfcie dura (osso). Esta compresso, no deve ser mantida durante um perodo superior a 15 minutos, j que isso provocaria necrose (morte) dos tecidos distais, por falta de irrigao e consequente anxia (ausncia de oxignio). A seleco da artria a comprimir, deve ter em conta factores como a proximidade do local da hemorragia e deve ser efectuada preferencialmente em locais onde exista apenas um osso. - Garrote ou Torniquete: Tratando-se de um objecto que, usado sem as devidas precaues, se pode tornar extremamente perigoso, aconselha-se o seu uso apenas em ltima instncia. Como exemplo, temos a situao em que um nico Socorrista, se defronta com diversas situaes de socorro prioritrio, sendo uma delas uma hemorragia grave. Como recurso, aplica um garrote nesta, resolvendo-a provisoriamente, podendo assim, dedicar a sua ateno s restantes. O garrote arterial, salvo casos especiais, apenas deve ser usado da extremidade proximal (raiz) dos membros e visa comprimir a artria umeral ou femoral respectivamente contra o mero ou o fmur, impedindo assim a irrigao distal. Pela mesma razo j explicada na C.M.I., o garrote deve ser lentamente aliviado a cada 15 minutos, permitindo

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ a irrigao da zona durante cerca de 1 minuto, aps o que se volta a apertar. NOTA DOS AUTORES: Segundo algumas opinies recentes, um Socorrista no deve aliviar garrotes, devido aos perigos que tal manobra representa, preferindo optar-se pela eventual perda do membro em causa. Na opinio do autor, esta verso discutvel e se em alguns casos por baixa tecnicidade dos Socorristas isto pode ser verdade, se houver bom senso, o risco controlado e pode valer a pena. Sempre que se aplicar um garrote, inscreve-se na testa da vtima um cdigo de 6 dgitos consecutivos, que indica de forma bem visvel a existncia de um garrote e a hora exacta da ltima aplicao. Naturalmente que, cada vez que se proceder ao alvio do garrote, a inscrio ser actualizada. Exemplo: Garrote aplicado meia-noite e trinta e quatro minutos: HG0034 HG - significa Hemorragia Garrotada ou Hora de Garrote 00 - Hora da aplicao 34 Minutos Ao lado, podemos observar a figura de um garrote improvisado com o braal de um esfigmomanmetro (aparelho para medir a presso arterial). No entanto, pode tambm ser improvisado com lenos, ligaduras, cintos, etc.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Consideramos tambm importante referir que, embora a figura represente uma situao de amputao do membro superior, nem sempre estas situaes requerem o uso de garrote. Alis, sempre que possvel, mesmo de evitar, pois normalmente isto reduz as probabilidades de reimplante do membro decepado. A propsito, convm referir que qualquer parte anatmica separada do corpo (membros, dedos, escalpes, etc.), deve ser transportada ao hospital junto com a vtima, a fim de proceder tentativa de reimplante. Regra geral, a pea anatmica deve ser embrulhada e conservada em frio.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________

LESES NA PELE FERIDAS DEFINIO: Soluo da continuidade da pele ( ruptura da pele )

CLASSIFICAES Quanto profundidade: superficiais profundas Quanto aos bordos: incisas contusas perfurantes dilaceraes escoriaes mistas etc.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ CASOS ESPECIAIS Feridas com objectos estranhos encravados (facas, vidros, limalhas, anzis, etc. ) Feridas profundas Feridas em locais sensveis (olhos, mucosas, etc.) Feridas provocadas por armas de fogo Mordedura de animais Etc.

PRIMEIRO SOCORRO FERIDAS PROFUNDAS Cobrir, imobilizar, transportar ao hospital FERIDAS COM OBJECTOS ESTRANHOS ENCRAVADOS Imobilizar o objecto (com sogras ou rodilhas) Se possvel cobrir a ferida e transportar a vtima ao hospital Nota: Os objectos estranhos encravados no devem ser retirados, uma vez que se poderia correr o risco de agravar a leso ou, despoletar uma eventual hemorragia. FERIDAS PROVOCADAS POR DISPARO DE ARMAS DE FOGO Vtimas com feridas deste tipo, requerem um exame secundrio cuidado, pois pode existir orifcio de sada

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ do projctil, que ser particularmente grave e pode Ter hemorragias associadas. FERIDAS SUPERFICIAIS Expor o local afectado Lavar abundantemente com gua corrente e sabo ou soluo detergente germicida (Cetavlon, etc.) Desinfectar com soluo germicida no corante ( Betadine, cuja colorao facilmente removida com lavagem, soluto de Dakin, etc. ) Cobrir com compressas, ligaduras, pensos rpidos, etc. Considerar o reforo de vacinao anti-tetnica, ou outras conforme os casos NOTAS: No socorro de feridas, ainda que superficiais, no usar: lcool germicidas corantes ( mercuriocromo, tinturas, etc. ) pomadas ou outros frmacos de uso estritamente dos foros mdico ou de enfermagem algodo ou tecidos com plos

QUEIMADURAS Queimadura, uma leso provocada pelo calor, agentes qumicos ou radiaes. A gravidade de uma queimadura depende de factores como: Profundidade ou grau Extenso Localizao Idade

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Profundidade: 1 Grau: apenas a camada mais superficial da pele atingida. Caracteriza-se pelo aparecimento de eritema ( pele vermelha, quente, e sensvel ). O primeiro socorro consiste em arrefecer a zona afectada com gua fria durante tanto tempo quanto o necessrio, at que passe a dor. Terminado o arrefecimento ( o que pode demorar uma hora ou mais ), pode considerar-se a hiptese de hidratar a pele com um creme apropriado. 2 Grau: so queimaduras mais profundas que as anteriores, associa eritema ao aparecimento de flictenas ( bolhas contendo soro ). O primeiro socorro consiste tambm no arrefecimento prolongado, mas a posterior hidratao discutvel. Dependendo da extenso e da localizao, poder requerer cuidados hospitalares. 3 Grau ou carbonizao: So queimaduras muito profundas, requerem sempre cuidados hospitalares, independentemente da extenso ou localizao. O primeiro socorro, consiste em cobrir a zona afectada com compressas esterilizadas ou panos limpos, que devero ser molhados independentemente de haver ou no dor (pode no haver dor no 3 grau puro, em que os terminais nervosos sensitivos se encontram destrudos), a fim de arrefecer os tecidos. NOTAS: Qualquer que seja o grau da queimadura, h que prevenir o aparecimento do choque quer devido dor, quer eventual perda de lquidos.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Extenso / Localizao: Uma queimadura tanto mais grave quanto mais extensa for. Por outro lado, a localizao da queimadura tambm um dado importante. A figura ao lado, ilustra a clebre regra de Wallace ou regra dos nove, que divide o corpo em regies com o valor de 9% cada, (ou mltiplos), permitindo assim determinar a extenso de uma queimadura em percentagem, em funo da sua localizao. Nota: esta regra difere ligeiramente nas crianas, mas esta situao no tem grande interesse prtico no mbito deste curso. Em resumo, o socorro de uma queimadura, sejam quais forem as suas caractersticas, resume-se ao seu arrefecimento imediato e prolongado, para contrariar o agente agressivo (o calor) e evitar o agravamento da leso. Em casos de gravidade mdia ou elevada, requer cuidado hospitalar. Em grandes queimados, h frequentemente compromisso de funes vitais, pelo que estas devem ser sempre vigiadas. LESES PROVOCADAS PELO FRIO Semelhantes no seu aspecto final s queimaduras, embora provocadas pela exposio ou contacto com temperaturas muito baixas, podero apresentar-se tambm, sob a forma de 1, 2, ou 3 grau. O socorro consiste no aquecimento gradual da zona afectada, por imerso em gua morna, a qual vai sendo progressivamente aquecida.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Ateno temperatura desta gua, j que a vtima pode no ter sensibilidade trmica na regio afectada. NOTAS: Caso haja congelamento de extremidades, deve ter-se em conta que uma pequena pancada ou frico nestas, poder parti-las, pelo que se devem tomar os cuidados necessrios.

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INTOXICAES AGUDAS '' Tudo veneno e nada veneno... ...s a dose faz o veneno. (Paracelso) Embora possa parecer exagerada, esta afirmao atribuda a Paracelso, fsico suo do sc. XVI, ainda em grande parte aceite nos nossos dias. Na verdade, dependendo da quantidade, qualquer substncia poder provocar graves danos no nosso organismo e nalguns casos mesmo a morte. Naturalmente que, outros factores so igualmente importantes na classificao dos venenos, tais como o seu grau de toxicidade, rapidez de actuao, etc. Como tal, verifica-se que o estudo dos venenos e das suas consequncias no organismo um tema suficientemente vasto e complexo para poder sofrer uma abordagem aligeirada. Contudo e dado que cada vez mais as estatsticas nos mostram o elevado nmero de vtimas de envenenamento, ocorrido quer de forma acidental, quer propositada, cabe-nos descrever adiante, as mais comuns formas de intoxicao e o seu socorro geral. Vimos atrs que por definio, veneno toda e qualquer substncia que, uma vez introduzida no organismo, passvel de provocar alteraes graves, podendo mesmo culminar na morte do indivduo. Por analogia, envenenamento ser a introduo e consequente actuao do referido veneno no organismo.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Comecemos por destinguir os envenenamentos ou intoxicaes quanto ao tempo de actuao. Neste mbito, poderemos classific-los sob duas vertentes: - Envenenamentos crnicos - Envenenamentos agudos Relativamente aos primeiros, poderemos consider-los de pouco interesse para o Socorrista, sendo na verdade do foro mdico. Isto porque, no s os seus efeitos apenas se fazem sentir gradualmente e ao cabo de bastante tempo, (anos, na maioria dos casos), como no carecem propriamente de um primeiro socorro mas de um acompanhamento mdico prolongado. Como exemplos evidentes de casos destes, podemos citar as pneumoconioses (silicose, asbestose, berilose, etc.) frequentemente presentes nos mineiros, ou outras profisses de risco. J os envenenamentos agudos so de primordial importncia para o Socorrista, dado que so de actuao extremamente rpida e colocam a vida da vtima em risco iminente, pelo que constituem uma situao de socorro prioritrio. portanto a estes ltimos, que dedicaremos a nossa ateno. Antes porm, cabe tecer algumas consideraes acerca das medidas de preveno primria, fundamentais para diminuir o ndice de intoxicaes acidentais: - Guardar os produtos txicos sempre em recipientes devidamente identificados e em locais de difcil acesso. Da referida identificao, dever constar o nome do produto, sua composio e medidas a tomar em caso de intoxicao acidental. O

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ smbolo universal de perigo, (uma caveira com duas tbias cruzadas), dever constar do rtulo de forma bem visvel, por forma a que qualquer pessoa, ainda que no saiba ler, compreenda que se trata de uma substncia perigosa. Evitar tomar medicamentos ou outras substncias perigosas diante de crianas. Estas tendem naturalmente a imitar os adultos, incorrendo assim em acidentes graves. No esquecer ainda que, por vezes, a forma, a cor, o cheiro ou o sabor agradvel de alguns medicamentos, os tornam particularmente atractivos para as crianas, que os tomam por guloseimas. Como tal, o nico local relativamente seguro para guardar medicamentos e substncias perigosas, um armrio prprio fechado chave. Lembre-se: qualquer outro local aparentemente seguro, constitui um desafio imaginao da criana, que tudo far para lhe ter acesso. - Outro mtodo acessrio para lidar com crianas com idade suficiente para o entenderem, ser explicar-lhes pacientemente as razes pelas quais existe perigo em manusear as referidas substncias, pelo que no o devero fazer sem a superviso de um adulto. - Os prprios adultos tendem frequentemente a fazer automedicao, ou seja, tomar medicamentos por iniciativa prpria, sem aconselhamento mdico. No devem faz-lo, pois aquilo que parece uma simples constipao, poder constituir outra situao incompatvel com os medicamentos em questo. No esquecer portanto, que os medicamentos apenas devem ser prescritos pelo mdico e mesmo assim, s aps um exame mais ou menos exaustivo que lhe permita efectuar um diagnstico correcto.

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- Grande parte dos medicamentos, tem inscrita na embalagem uma data limite para consumo. Esta data no deve ser ultrapassada e nalguns casos, vlida apenas enquanto a embalagem est intacta e guardada em determinadas condies de temperatura, humidade e luminosidade. Estas condies existem numa farmcia, mas no dentro de uma gaveta qualquer em nossa casa. Logo, devemos ter o cuidado de destruir os medicamentos que sobram, aps ter parado o seu consumo e nunca guard-los para ocasies futuras. - Nunca consumir alimentos, cujas condies de conservao, preparao ou outras, ofeream dvidas. Ex.: conservas cujas embalagens se encontrem deterioradas, mariscos de provenincia ou conservao duvidosas, frutos ou produtos hortcolas mal lavados, cogumelos ou frutos silvestres desconhecidos (ateno que o grau de toxicidade de alguns cogumelos, depende no s da espcie, mas tambm do local onde crescem), etc. - Nunca utilizar meios de aquecimento por combusto (lareiras, braseiros, etc.) em locais fechados. Da mesma forma, no permanecer em recintos fechados, onde se encontrem motores de combusto em funcionamento (automveis, motos, etc.). Das combustes incompletas, resulta um gs denominado monxido de carbono (CO), o qual, possui uma afinidade com a hemoglobina, muitas vezes superior do oxignio, pelo que as ligaes qumicas com aquela protena so muito estveis, ocupando os pontos de ligao do oxignio e conduzindo anxia. Tratando-se de um gs inodoro, inspido e incolor, afecta as vtimas sem que elas se apercebam, levando-as gradualmente anxia (ausncia de oxignio) e morte.

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- No tentar penetrar em locais onde se suspeite existir determinadas concentraes de monxido de carbono ou outros gases txicos, sem o auxlio de um aparelho respiratrio com mscara full-face ou similar (os filtros convencionais das mscaras de proteco contra fumos, podem no ser eficazes nestes casos). Gases deste tipo, existem tambm em poos, fossas, etc., e passam atravs de filtros, lenos molhados, etc. - Ao atravessar locais onde existam rpteis, insectos ou outros tipos de fauna ou flora venenosas, devero ser tomadas as devidas precaues de segurana, para evitar contactos directos. - Utilizar de forma rigorosa, os meios de proteco e cumprir as normas de segurana, sempre que sejam manuseados produtos txicos (uso de luvas, mscaras e roupas apropriadas. No comer, beber ou fumar durante o seu manuseamento e evitar que os produtos entrem em contacto directo com a pele, olhos ou mucosas).

----------------------------Considerando a diversidade de produtos txicos existente e dado que cada um provoca sintomatologias especficas, torna-se difcil identificar um envenenamento por simples exame da vtima. Torna-se assim necessrio que o Socorrista alie a sua capacidade de bom observador, a um interrogatrio da vtima e/ou pessoas prximas desta.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Que tipo de indcios, podem levar a uma suspeita de envenenamento? Presena junto vtima, de objectos como frascos de medicamentos, embalagens de produtos txicos, seringas e respectivas agulhas, restos de alimentos, etc. Grupos de pessoas apresentando sintomatologias idnticas, normalmente aps terem estado juntas numa festa. Podero apresentar perturbaes digestivas ou outras, (indisposio, vmitos, diarreias, erupes cutneas, alteraes das funes vitais, etc.). Histria de anteriores tentativas de suicdio por parte da vtima, ou observao de ambiente familiar de discrdia, que possa ter levado a tal. Presena de pessoas inconscientes e/ou odores estranhos (gs ou outro) num recinto fechado. -----------------De que formas, pode um txico penetrar no organismo? A introduo de um txico no organismo, pode ocorrer por quatro vias distintas: Digestiva (gastrointestinal): atravs da boca ou do nus Respiratria (inalatria): atravs do aparelho respiratrio Transcutnea / Ocular: atravs da pele, mucosas ou olhos Circulatria: directamente introduzido na corrente sangunea

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Como adiante veremos, a identificao da via de entrada do veneno no organismo, revelar-se- fundamental, para a prestao do primeiro socorro. Uma vez na presena de um envenenamento, deveremos proceder de imediato a uma colheita de informaes, que consistir dos seguintes parmetros: O Qu? (Identificao do veneno) Quanto? (Qual a quantidade introduzida organismo) Quando? (H quanto tempo se deu envenenamento) Como? (Qual a forma e via de introduo) Idade, peso e sexo da vtima no o

Uma vez na posse destes dados, poderemos contactar um organismo denominado C.I.A.V., (Centro Informativo Anti-Venenos), onde o mdico de servio nos indicar o procedimento a adoptar naquele caso especfico. O C.I.A.V., poder ser acedido atravs dos nmeros de telefone 21 795 01 43 / 4 / 6, (rede de Lisboa). O C.I.A.V. existe j em regime experimental no Porto e em Coimbra, pelo que, caso se encontre nestes locais, deve informar-se dos nmeros de acesso. No entanto e como a utilizao do telefone nem sempre uma soluo vivel, o Socorrista dever ter presente a actuao correcta para a generalidade dos casos. Passemos pois a tratar cada um de per si. Primeiro Socorro Geral - Vigiar e manter / repor as funes vitais (pulso, ventilao, temperatura, conscincia)

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ - Proceder eliminao / neutralizao do txico quando possvel - Manter a permeabilidade das vias areas - Manter a imobilidade da vtima - Tentar reter a absoro do txico - Efectuar transporte assistido a uma unidade hospitalar Primeiro Socorro Especfico Intoxicaes por Via Digestiva (Gastrointestinal): Perante um envenenamento deste tipo, deveremos genericamente tentar quatro manobras em relao ao veneno: - Diluir - Eliminar - Fixar - Neutralizar 1 - O primeiro passo, consistir sempre na diluio do veneno. Esta manobra, consegue-se dando bastante gua a beber vtima (ou leite, no caso do txico ser lipossolvel). 2 - O segundo passo, consiste na eliminao do txico. Por via alta, a eliminao efectua-se atravs do vmito, o que pode ser conseguido de diversas formas: Titilao da vula (tocando com uma esptula ou outro objecto no pontiagudo no fundo da garganta) Administrao de um emtico (xarope de ipeca). Ateno: seguir rigorosamente as indicaes no rtulo

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Administrao de uma soluo hiper-salina (1 copo de gua morna, com forte concentrao de sal) gua albuminosa (gua com claras de ovo). Para alm de induzir o vmito, a gua albuminosa tambm tem efeitos fixantes Outros 3 - Aps ter vomitado, a vtima dever voltar a beber bastante gua e vomitar de novo. Este ciclo ser repetido tantas vezes, at vomitar gua lmpida, sem qualquer outro contedo gstrico. Estar ento eliminada a maior parte do txico que se encontrava no estmago. No caso de j ter decorrido um perodo de tempo considervel desde a ingesto do veneno que j se encontra parcialmente digerido, ou este ter sido introduzido por via digestiva baixa (atravs do nus), h que proceder eliminao por via baixa, administrando um laxante de forte potncia ou um enema (clister). Considerar a recolha de amostras de vmito ou fezes para anlise laboratorial. 4 - Uma vez terminada a eliminao, h que proceder fixao do veneno. Este mtodo consiste em administrar um produto, ao qual as partculas de veneno no eliminadas se vo agregar, minimizando assim o seu efeito no organismo. Como j vimos, a gua albuminosa possui algum poder fixante mas o produto ideal, o carvo vegetal activado. possvel que este produto s consiga ser adquirido sob a forma de pastilhas. Estas devero ser pulverizadas e caso j se encontrem guardadas h bastante tempo, devero ser tambm activadas. A activao ser conseguida colocando-as no forno ou microondas, com a finalidade de retirar a humidade. Em algumas lojas de aquariofilia, possvel encontrar carvo vegetal em p, destinado aos filtros de aqurio. O p de carvo vegetal activado, dever ser ingerido simples (cerca de 4 colheres de sopa), podendo em

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ seguida dar um copo de gua. Nota: no tentar dissolver o carvo em gua, dado este no ser solvel. Contudo, j possvel adquiri-lo sob a forma de suspenso aquosa e nomeadamente em doses individuais, embora esta aquisio de encontre condicionada. NOTA: A manobra acima descrita, pode dificultar alguns actos mdicos subsequentes, como intubaes e afins. Sendo assim, a fixao s ser recomendada nos casos em que o hospital no possa ser alcanado nos minutos mais prximos. 5 - O passo seguinte, consistiria na neutralizao do veneno. No entanto, dado que cada veneno neutralizado com um antdoto especfico, pouco provvel que o Socorrista o consiga obter na altura. Como tal, este passo torna-se normalmente invivel. Nota: dada a grande diversidade de venenos existente, no possvel considerar a existncia de um antdoto universal, ao contrrio do que afirmam alguns manuais antigos. ATENO - EXCEPES: Por razes bvias, h alguns casos em que as tcnicas atrs descritas no podem ser aplicadas. Nestes casos, alm da manuteno de funes vitais e urgente evacuao da vtima para uma unidade hospitalar, pouco mais pode ser feito pelo Socorrista. So as seguintes as excepes referidas: - Vtimas inconscientes ou com alteraes graves do nvel de conscincia

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ - Vtimas com convulses (por exemplo aps a ingesto de um produto convulsivante: beladona, ou outro) - Vtimas muito sonolentas (por exemplo, aps ingesto de barbitricos, hipnticos ou tranquilizantes) - Ingesto de petrleo e alguns dos seus derivados - Ingesto de detergentes ou outros produtos que provoquem espuma - Ingesto de produtos corrosivos (cidos, lcalis) - Ingesto de organofosforados - Outros (a ponderar caso a caso) Intoxicaes por Via Respiratria (Inalatria): Perante uma intoxicao deste tipo, h que considerar a hiptese provvel de a vtima se encontrar num local de atmosfera contaminada. Como consequncia, o primeiro passo do socorro consistir na retirada da vtima desse mesmo local, tendo em conta o perigo de o Socorrista ficar afectado ao penetrar neste. ATENO: Os gases txicos, so na sua maioria e em determinadas concentraes, de muito rpida actuao. Como tal, o Socorrista no deve sob qualquer pretexto, entrar em atmosferas contaminadas, sem o apoio de um aparelho respiratrio como atrs indicado ou, na impossibilidade de utilizar tal aparelho, sustendo a respirao e aps uma ventilao adequada do local. No esquecer que, grande parte destes gases, atravessam filtros respiratrios, tornando-os ineficazes e sendo mais pesados que o ar atmosfrico concentram-se em sentido ascendente, no permitindo a entrada por rastejamento.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Aps a retirada da vtima do local fortemente provvel que esta se encontre em morte aparente ou clnica (paragem ventilatria ou cardio-pulmonar) e consequentemente, o primeiro socorro consistir na aplicao dos mtodos respectivos (ventilao assistida ou ressuscitao cardio-pulmonar). De referir que, na maioria dos casos, o Socorrista no corre o risco de ficar contaminado pela aplicao directa destes mtodos, j que os gases no so expelidos no ar expirado pela vtima, uma vez que se encontram na corrente sangunea. A administrao de O2 de considerar, dependendo a sua concentrao do tipo de gs inalado. Tomemos como exemplo o Monxido de Carbono (CO): Como atrs foi referido, o CO tem uma afinidade com a hemoglobina cerca de 200 vezes superior do O2, bloqueando a capacidade de transporte deste aos diversos tecidos. A expulso do CO, apenas conseguida por transfuso total, ou colocao da vtima numa cmara de recompresso (hiperbrica) idntica s utilizadas em situaes relacionadas com os mergulhadores. Enquanto uma destas situaes no for possvel, resta-nos fornecer altos dbitos de O2 vtima (normalmente 15 l/min), com mscara, na expectativa que algum deste O2 possa ser transportado na corrente sangunea. Intoxicaes por Via Transcutnea ou Ocular: Determinados produtos, podero ser absorvidos pelo nosso organismo por simples contacto directo com a pele, mucosas ou olhos, alm do que, podem ter grande poder destrutivo, a exemplo dos cidos, lcalis, etc., provocando leses idnticas a

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ queimaduras, ou inchao, ardor, comicho, irritao da pele, etc.. O socorro destas situaes, tem a ver com a remoo do produto, o que deve ser feito com gua corrente. O Socorrista deve rodear-se das precaues necessrias para que a sua prpria pele no contacte com o produto em questo e ter em conta que determinados produtos (como a soda custica, cidos, etc.) reagem violentamente ao contacto com a gua. Nestes casos e sem prejuzo da posterior remoo com gua corrente, a maior parte do produto deve ser previamente removida a seco. Em qualquer dos casos, refira-se uma vez mais que a remoo feita com gua corrente e no com banho de imerso, j que isso espalharia o produto. Estes procedimentos de remoo so normalmente mais eficazes do que a tentativa de neutralizao do produto pelo que no se deve perder tempo a tentla. No caso de contacto directo com os olhos, a remoo uma vez mais efectuada com gua corrente e abundante, sempre no sentido do canto interno para o canto externo. Uma lavagem ocular eficaz, deve durar cerca de 20 minutos. Intoxicaes por Via Circulatria: Finalmente o txico pode ainda ser introduzido directamente na corrente sangunea, por injeco, picada de insecto, ou mordedura de animal (cobras, etc..). Esta constitui obviamente a via mais rpida de absoro de veneno, dado que ele directamente injectado no sangue.

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SOCORRISMO: Leitura Complementar ________________________________________________________ Perda de foras (astenia), nuseas e vmitos, inchaos, febre e alteraes da conscincia, constituem o quadro sintomatolgico mais bvio destas vtimas. Tendo em conta a impossibilidade de diluir ou eliminar estes venenos, o seu nico socorro seguro, consistiria na neutralizao. No entanto e dado que esta tem de ser feita com o antdoto especfico, torna-se quase sempre invivel. Alm do mais, a administrao de soros anti-ofdicos, por exemplo, pode levar a vtima a um choque anafiltico, com consequncias obviamente dramticas se no se possuir a noo exacta dos procedimentos adequados. O socorro geral, consistir ento em permeabilizar as vias areas, manter a vtima imvel a fim de retardar a circulao, proceder vasoconstrio por aplicao de frio local e considerar (caso se trate de um membro), a aplicao de um garrote venoso pouco apertado imediatamente acima da picada para retardar a circulao de retorno (ateno: esta manobra pode ser perigosa e a sua eficcia depende da rapidez de actuao). Deve certificar-se que a circulao arterial no est garrotada por palpao do pulso perifrico distal. Porque poder aparecer inchao local ou generalizado, todos os adornos (anis, pulseiras, relgios, etc..), devem ser retirados. Raramente de considerar a suco do veneno, mas a faz-lo, nunca utilizar mtodos orais, pois existem fortes probabilidades de o Socorrista contrair envenenamento ou doenas por contacto com o sangue contaminado da vtima.

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