10 livros essenciais da literatura brasileira

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Page 1: 10 livros essenciais da literatura brasileira

10 livros essenciais da literatura brasileira

Nome: Ana Paula Sales Nº:05 1ºEMA

Page 2: 10 livros essenciais da literatura brasileira

1) Morangos Mofados - Caio Fernando Abreu.

2) A Paixão Segundo G.H. Laços de Família - Clarice Lispector

3) O Pagador de Promessas - Dias Gomes

4) Vidas Secas - Graciliano Ramos

5) Harmada - João Gilberto Noll

6) Invenção de Orfeu - Jorge de Lim

7) Tremor de Terra - Luiz Vilela

8) Poesias - Olavo Bilac

9) Sermões - Padre Antônio Vieira

10) Inocência - Visconde de Taunay

10 livros essenciais da literatura brasileira

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Morangos Mofados é o quinto livro de Caio Fernando Abreu, escritor gaúcho (1948-1996) que deu à literatura brasileira, com sua forma lírica e densa de escrever, uma nova direção. Destacando-se nos contos, pequenas obras que cristalizavam por um instante todos os sentimentos e sentidos que um ser humano poderia viver, Caio Fernando Abreu destacou-se na década de 80 como um dos grandes contistas do Brasil.Considerado o melhor livro de 1982 pela revista Isto É, Morangos Mofados é um livro onde as histórias se aproximam pelo sentir presente em cada personagem, as situações corriqueiras transbordadas de pequenos significados, a busca frenética por um sentido em um mundo onde o sentido parece não existir.Caio Fernando retrata os anos 80 das metrópoles, dos relacionamentos modernos, suas formas de começar, de acabar e de nunca terem existido são descritas de forma humana o bastante para prender o leitor numa viagem para o de-dentro (como Caio costumava dizer) e descobrir que as angústias, pressões, alegrias e tristezas são as mesmas, agora ou há quase trinta anos atrás.O livro mostra como o homem pode ser decadente e, mesmo assim, soberbo. Começando com uma busca angustiante e sem fim para descobrir-se e descobrir o outro em ?Diálogo? até o conto homônimo ao livro, que de maneira redentora alivía-nos de todas as pequenezas cotidianas que sufocam a vontade de viver.A sinceridade em sentir dor, raiva, amor, ódio e tudo mais do que somos feitos é que nos faz diferentes, e pela diferença Morangos Mofados brilha entre os grandes livros de conto da literatura brasileira.

Morangos Mofados - Caio Fernando Abreu.

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A Paixão Segundo G.H. Laços de Família

- Clarice Lispector

A Paixão segundo G. H., romance de 1964 de Clarice Lispector, é uma obra inquietante, angustiante e, ao mesmo tempo, intrigante. Nesse romance, Clarice Lispector consegue transmitir ao leitor as preocupações de ordem emocional da personagem G. H., uma mulher bem-sucedida profissionalmente, mas que não conhece a sua própria identidade e, por isso, vai em busca do conhecimento interior. É através de um universo de questionamentos e reflexões que o leitor toma contato com a atmosfera de instabilidade emocional em que G. H. se encontra, nela mergulhando conforme apresenta a narradora no início da narrativa: "[...] estou procurando. Estou tentando entender". É em um pequeno quarto, estimulada pela visão de uma desprezível, nojenta e escatológica barata que se desencadeia, em G.H., todo um processo interno de reflexão e de busca de identidade. Ela experimenta, diante da barata viva, aquilo que considera a sua pior descoberta: "a de que o mundo não é humano. E de que não somos humanos". A narrativa foge ao padrão convencional ao tratar dos problemas do ser consigo mesmo e com o mundo, resultando daí o chamado romance introspectivo. Os pensamentos são transcritos conforme eles surgem à cabeça da personagem – técnica que recebe o nome de fluxo de consciência. Assim, a literatura introspectiva e intimista de Clarice Lispector fixa-se na crise do próprio indivíduo. Tal forma de narrar é um convite para que o leitor se atire nessa atmosfera que busca, acima de tudo, a compreensão do ser humano. A inquietação, marca da personagem e da linguagem da obra, é percebida logo no início da narrativa, no momento em que a narradora está começando a escrever. Ela bate várias vezes a mesma tecla da máquina, o que, de certa forma, revela o estado inquietante de espírito. Esse primeiro contato demonstra preocupação e incerteza diante daquilo que ela quer contar e cujo sentido não se esgota exclusivamente nas palavras, mas depende do que não está sendo dito, daquilo que está escrito nas entrelinhas, daquilo que é indizível.

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O Pagador de Promessas – Dias Gomes

Encenada pela primeira vez a 29 de julho de 1960, no Teatro Brasileiro de Comédia (São

Paulo), essa peça marca o início da segunda fase do teatro de Dias Gomes e sua consagração

como um dos mais destacados dramaturgos contemporâneos do Brasil. Considerada por

Anatol Rosenfeld como uma tragédia, no sentido clássico do termo, O Pagador de Promessas,

segundo o próprio Dias Gomes, “é a história de um homem que não quis conceder - e foi

destruído”.

A peça é dividida em três atos, sendo que os dois primeiros ainda são subdivididos em dois

quadros cada um. Após a apresentação dos personagens, o primeiro ato mostra a chegada do

protagonista Zé do Burro e sua mulher Rosa, vindos do interior, a uma igreja de Salvador e

termina com a negativa do padre em permitir o cumprimento da promessa feita. O segundo

ato traz o aparecimento de diversos novos personagens, todos envolvidos na questão do

cumprimento ou não da promessa e vai até uma nova negativa do padre, o que ocasiona,

dessa vez, explosão colérica em Zé do Burro. O terceiro ato é quando as ações recrudescem, as

incompreensões vão ao limite e se verifica o dramático desfecho

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Vidas Secas – Graciliano Ramos

O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém, o primeiro, "Mudança", e o último, "Fuga", devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam uma ligação que fecha um ciclo. "Mudança" narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto que em "Fuga" os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Assim, pode-se dizer que a miséria em que as personagens vivem em Vidas Secas representa um ciclo. Quando menos se espera, a situação se agrada e a família é obrigada a se mudar novamente. Fabiano é um homem rude, típico vaqueiro do sertão nordestino. Sem ter frequentado a escola, não é um homem com o dom das palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes. Empregado em uma fazenda, pensa na brutalidade com que seu patrão o trata. Fabiano admira o dom que algumas pessoas possuem com a palavra, mas assim como as palavras e as ideias o seduziam, também cansavam-no. Sem conseguir se comunicar direito com as pessoas, entra em apuros em um bar com um soldado, que o desafiaram para um jogo de apostas. Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de todas as formas. O pobre vaqueiro aguenta tudo calado, pois não conseguia se defender. Até que por fim acaba insultando a mãe do soldado e indo preso. Na cadeia pensa na família, em como acabou naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com todos e pensando na família como um peso a carregar. Sinha Vitória é a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa, ajudava o marido em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava ao marido sobre os trapaceiros que tentavam tirar vantagem da falta de conhecimento de Fabiano. Sonhava com um futuro melhor para seus filhos e não se conformava com a miséria em que viviam. Seu sonho era ter uma cama de fita de couro para dormir. Nesse cenário de miséria e sem se darem muita conta do que acontecia a seu redor, viviam os dois meninos. O mais novo via na figura do pai um exemplo. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. Um dia ouviu a palavra "inferno" de alguém e ficou intrigado com seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas recebeu uma resposta vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o ignora. Volta a questionar sua mãe, mas ela fica brava com a insistência e lhe dá um cascudo. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, só consegue buscar consolo na cadela Baleia.

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Harmada - João Gilberto Noll

O romance contemporâneo, como se sabe, tem como uma de suas principais características o modo como se utiliza da própria linguagem. Não se trata apenas de uma metalinguagem, ou de uma exploração da forma (como, digamos, no Concretismo) ou do significado. Há, de maneira patente, a tendência a construí-la incerta, fazê-la dificultosa e por vezes a parecer insuficiente ou mesmo impossível.É por meio desse aspecto, dessa aparente, podemos dizer, fragilidade da linguagem, que tentarei abordar no livro Harmada¹, de João Gilberto Noll, os questionamentos acerca do ser; é possível observar como a linguagem reflete a condição existencial do protagonista e de outros personagens.Em Harmada temos um narrador em primeira pessoa, o protagonista. Iniciemos, então, por uma caracterização desse personagem, o que, por conseguinte, poderá nos levar a uma caracterização do romance em si, já que toda a narrativa, como dito, é em primeira pessoa.A primeira constatação que se pode fazer a respeito dele é a sua falta de nome, isso é importante. Já aqui podemos perceber a linguagem insuficiente, melhor dizendo: a ausência de identidade, na verdade, constitui-se como uma marca do vago ao qual a linguagem se dirige. Um personagem sem identidade independe de uma história, seja ela pretérita ou presente; na condição de sujeito desprovido de algo que o determine – por enquanto substantivos comuns e não próprios, mas também uma descrição física e uma origem (pois sua falta de identidade se estende a estes campos) – ele é tornado muitas vezes incapaz de realizar suas experiências de forma consistente.

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Invenção de Orfeu - Jorge de Lim

Em Invenção de Orfeu, último livro que Jorge de Lima publicou em vida, o autor combina o catolicismo, o elemento onírico e o surrealismo. É o documento literário da natureza barroca do Brasil.A obra não nasceu na planificação da brasilidade; por isso mesmo, na sua força caótica e dispersa, é uma poderosa imagem deste país afro-europeu que carreia uma antiga cultura para enriquecer suas nascentes bárbaras.O texto de Invenção de Orfeu é extremamente complexo e erudito. Apresenta diversas técnicas e faturas: poesias metrificadas e rimadas, outras em metro livre e verso branco, sonetos, canções, baladas, poemas épicos, líricos, poesias de carne e de sangue, poesias de infância, episódios surrealistas, esboços de dramas e de farsas. Propõe uma espécie de teodisséia (= odisséia para Deus) centrada na busca, pelo homem, de uma plenitude sensível e espiritual. ressalta a complexidade do estilo vazado num imenso leque de metros, ritmos e estrofações e em formas de difícil elaboração: oitavas clássicas, tercetos, sextinas etc.Poema épico e subjetivo, longo em dez cantos fragmentários, Invenção de Orfeu une fragmentos de epopéiasclássicas, como a Divina comédia, Eneida, Os Lusíadas e a própria Bíblia a elementos sociais nacionais. O autor constrói uma epopéia moderna e brasileira ao criar uma viagem na qual se depara com o Inferno, o Paraíso e algumas musas.O próprio poeta nos revela seus propósitos, na introdução do poema: - "Eu pretendi com este livro, que é um poema só, único, dividido em 10 cantos, fazer a modernização da epopéia. Uma epopéia moderna não teria mais um conteúdo novelesco. Não dependeria mais de uma história geográfica, nem, dos modelos, clássicos da epopéia. Verifiquei, depois da obra pronta e escrita, que quase inconscientemente, devido à minha entrega completa ao poema, que não só o Tempo como o Espaço estavam ausentes deste meu longo poema e que eu tinha assentado as suas fundações nas tradições gratas a uma epopéiabrasileira, principalmente , as tradições remotamente lusas e camonianas."

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Tremor de Terra - Luiz Vilela

Tremor de Terra relança os 20 contos de Luiz Vilela, e foi publicado pela primeira vez em 1967, e na sua maioria são em prosa bem acabada e narrativas coesas em sua aparente simplicidade.Nesta obra destaca-se a feição realista de Vilela, nas narrativas memorialistas, focalizando um episódio marcante vivido pelo menino de então e que o narrador adulto recupera em seu discurso do presente. Ainda que não seja um fato extraordinário, ele representou, na vida daquele que narra, um momento de mudança ou de ruptura que alterou uma condição existencial anterior (de inocência, de ingenuidade) e colaborou para a sua formação e seu amadurecimento pessoal, como a morte do avô, no conto "Felicidade", e a conversa do diretor da escola com o menino que o flagrara num ato de pederastia, em "Com os próprios olhos".O herói por excelência das histórias é o ser que tem dificuldade de se encaixar no mundo.No conto "Imagem", o protagonista procura saber de seus conhecidos o que acham dele. A cada opinião percebe que sua imagem no espelho se modifica. Por ficar perdido entre tantas imagens, pois cada uma pensa uma coisa diferente, ele adquire fama de ser uma pessoa instável. Outros personagens que ensaiam contrariar o padrão imposto pela sociedade também sofrem pressão. A personagem tia Lázara de "O Violino" tenta na maturidade aprender a tocar o violino e é repreendida pela família. Feridos nessa busca inútil, os indivíduos fogem para dentro de si. O ponto máximo do recolhimento está em "Buraco", em que o herói cava um buraco onde passa a viver como tatu.Identidade é aquilo que uma pessoa tem de mais próprio, de mais pessoal. Esse é o tema explorado por Luiz Vilela no conto "Imagem", conforme demonstra a seguinte passagem: “Foi aí que eu comecei a busca. Olhava-me dia e noite no espelho, não mais para encantar-me, mas para encontrar-me, para saber quem era aquele que estava ali, no espelho. Aquele era eu – mas quem era eu?”

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Poesias - Olavo Bilac

Estreou em 1888 , com Poesias , livro saudado com entusiasmo, por Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, que formariam, com Bilac, a Trindade Parnasiana. As Poesias, de 1888, além de uma introdução em verso, chamada Profissão de Fé - espécie de manifesto parnasiano- continham três partes distintas: Panóplias: poemas descritivos, obedecendo rigorosamente aos cânones parnasianos, aproveitando sugestões da antiguidade greco-romana, com referências que tendem à superficialidade e ao puramente ornamental. Via Láctea: trinta e cinco sonetos, tematizando o lirismo amoroso platônico, com o aproveitamento de sugestões românticas e clássicas. Obra de inegável êxito junto ao leitor, resvala o kitsch *, reeditando, em tom menor, a lírica de Camões e Bocage. O título Via Láctea, alude a uma constante na poesia de Bilac: as estrelas Via Láctea Ora (direis) ouvir estrelas! Certoperdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,que, para ouvi-las, muita vez despertoe abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda a noite, enquantoa Via Láctea, como um pálido coberto,cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,inda as procuro no céu deserto. Direis agora: Treslocado amigo!Que conversas com elas? Que sentidotem o que dizem, quando estão contigo?E eu vos direi: Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode Ter ouvidocapaz de ouvir e entender estrelas. *kitsch = Diz-se que um artista pratica o Kitsch, quando ele mistura formas e truques para impressionar o apreciador, sugerindo, através de efeitos previamente estudados, conotações prestigiosas, ostentando falsa riqueza ou cultura. O kitsch está na base da chamada indústria cultural, através da reprodução, em série, de obras de arte e objetos raros para deleite da classe média neurotizada pelo status - móveis Luis XV, porcelana inglesa do século XVIII escultura oriental da Dinastia Ming, quadros de grandes mestres, Rembrandt e Di Cavalcanti, lado a lado, peças do artesanato marajoara, nordestino e etc, tudo adquirido no supermercado da esquina).

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Sermões - Padre Antônio Vieira

Os Sermoens são a obra pela qual o jesuíta Antônio Vieira (1608-1697) ficou conhecido, sendo depois considerado por suas prédicas impressas o “Imperador da língua portuguesa”, na expressão recorrentemente lembrada de Fernando Pessoa.Em vida, os Sermoens circularam impressos simultaneamente tanto como sinal de sua autoridade e fama de pregador quanto veículo de afirmação dessa autoridade – sua e, por decorrência, da ordem jesuítica. Teriam sido impressos, segundo consta em cartas, contra sua própria vontade, a pedido de seus superiores de ordem, para servir como modelo de pregação. Preferiria ficar trabalhando nos seus tratados proféticos, nos quais propunha um Quinto Império do mundo, tratados e projeto que chamava de seus “altos palácios” diante das “pequenas choupanas” dos sermões.Não obstante, como ele indica no prefácio do primeiro tomo, também começou a organizá-los para combater os volumes não autorizados que foram editados em castelhano, impressos já na década de 1660 e que circularam não só na península Ibérica e na Europa, mas eram a versão lida em muitos lugares das Américas. Sinal do prestígio do pregador e da sua importância como modelo de sermonista, estas edições foram feitas à sua revelia, sem sua autorização, por meio de cópias falhas ou mesmo de textos “alheios”, inventados, alguns completamente diferentes do que havia proferido. Por isso, a importância de ordenar, rever e preparar para edição os seus sermões, segundo os seus critérios. Publicar sua versão escrita dos sermões era, assim, uma marca da sua autoridade como exemplo de pregador e, ao mesmo tempo, um sinal da defesa da sua autoria sobre aqueles textos. Os Sermoens começaram a sair em 1679, quando ainda estava em Lisboa, e o último volume organizado por ele que veio a lume foi estampado um ano após sua morte em Salvador, na Bahia. Obra do final da vida, iniciada aos 71 anos, os 12 volumes organizavam, em alguns casos, atualizavam uma vida de pregador que se iniciara antes mesmo da sua ordenação em 1636, no colégio dos jesuítas na capital do Estado do Brasil. Dos 12 tomos, dois reúnem prédicas dedicadas a Ns. Sra. do Rosário, entre os quais estão os famosos sermões aos homens pretos, e um é dedicado a S. Fco. Xavier. Afora a organização por homenagem a figuras santas desses três volumes, como ele próprio afirma, os outros nove não parecem seguir nenhuma ordenação, talvez obedecendo ao ritmo de preparação e término dos originais do próprio autor. Além desses, compõem a coleção um volume de sermões de ação de Graças, impresso em 1692 – e entendido por Vieira como livro separado e diverso dos Sermoens, mas contabilizado entre os volumes dos Sermoens no séc. XVIII –, e quatro volumes organizados postumamente, entre 1710 e 1748, contendo sermões, cartas, poemas e discursos vários, sendo depois, dois deles, adicionados à conta de 15 volumes de Sermoens. Ao total, são mais de 200 sermões que cobrem as décadas de 1630 a 1690, proferidos em Salvador, Lisboa, São Luís, Cabo Verde, Roma, entre outros lugares.

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Inocência - Visconde de Taunay

Sertão de Santana do Paranaíba, 1860. Pereira ( Martinho dos Santos Pereira ) vive na fazenda com Inocência, sua filha de 18 anos. Seu pai exige-lhe obediência total, num regime antigo e educada longe do mundo. Escolhe para ela o noivo, Manecão, um homem criado no sertão bruto, de índole violenta.

Maria Conga é uma preta, escrava de Pereira. Tico é o guarda da moça Inocência, bastante fiel apesar de ser mudo. Um dia, Pereira encontrou-se com um rapaz que percorria os caminhos do sertão a medicar. Havia feitos estudos no colégio do Caraça e iniciado Farmácia em Ouro Preto. Chamavam-no de "doutor", título que não menosprezava. Seu nome era Cirino Ferreira dos Santos ( Dr. Cirino ).

Inocência estava doente de "uma febre braba" e o "doutor" curou-a . Os dois apaixonaram-se mais tarde: eram demasiados os cuidados que o "doutor" tinha para com ela. Amavam-se às escondidas e o laranjal era local de encontros proibidos. Pensavam que ninguém poderiam desconfiar... mas Tico, o anãozinho mudo, estava atento... Nesse ínterim, Pereira andava é desconfiado do Dr. Meyer, um caçador de borboletas, que por lá aparecera!