1€¦  · web viewesse ponto de vista é descartado por goldratt (1997) ... (excel) para...

135
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES PROPOSIÇÃO DE UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE CUSTEIO PARA AUXILIAR NA CONCEPÇÃO DA ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES ANDRÉ CARDOSO DUPONT Trabalho de Diplomação Cláudio José Müller

Upload: truongnhu

Post on 03-May-2018

215 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

PROPOSIÇÃO DE UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE CUSTEIO PARA

AUXILIAR NA CONCEPÇÃO DA ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO DAS

ORGANIZAÇÕES

ANDRÉ CARDOSO DUPONT

Trabalho de DiplomaçãoCláudio José Müller

Porto Alegre

2008

Page 2: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

PROPOSIÇÃO DE UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE CUSTEIO PARA

AUXILIAR NA CONCEPÇÃO DA ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO DAS

ORGANIZAÇÕES

ANDRÉ CARDOSO DUPONT

Trabalho de Diplomação para a obtenção do título de Engenheiro de Produção

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia de Produção e Transportes

Cláudio José Müller

Porto Alegre

2008

Page 3: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

3

Resumo: A necessidade de responder eficientemente às pressões do mercado para manter a competitividade da empresa, torna o papel do gestor cada vez mais importante, uma vez que é por meio das decisões tomadas por esses gestores, seja na definição da estratégia de produção da empresa ou na tomada de decisão de curto prazo, que a organização irá ser guiada ao longo do tempo. Esse cenário torna fundamental fornecer ferramentas para que esses gestores possam tomar decisões ou formar estratégias que aumentem o resultado econômico-financeiro da empresa. Com esse intuito, o presente trabalho propõe a utilização de um sistema de custeio para auxiliar esse processo decisório e de concepção da estratégia de produção da empresa, utilizando ainda o conceito de unidades estratégicas de negócios para potencializar os ganhos desta ferramenta, uma vez que se passa a enxergar diferentes negócios dentro da empresa. Assim, o gestor pode alavancar a competitividade através de ações eficazes para as diferentes unidades. Para ilustrar os desenvolvimentos propostos no trabalho, o projeto será aplicado em uma empresa do setor automotivo analisando as potencialidades de resultados da proposição inicial do trabalho. Espera-se que esse trabalho forneça uma ferramenta robusta para que as organizações possam melhorar seu processo decisório e, conseqüentemente, seu desempenho econômico-financeiro.

Palavras-chave: estratégia de produção, unidades estratégicas de negócios, análise gerencial de custos.

Abstract: The necessity of respond efficiently to the pressions of the market to maintain the competitive of the enterprise gets the paper of the manager each time more important, once that is by the decisions of these managers, be is the production strategy definition of the enterprise or taking decisions in a short period, that the organization will be guide through the time. This scenery makes elemental to supply instruments for these mangers take decisions or create strategies to augment the enterprise’s economic-financial result. With this intention, this work proposes the utilization of a defrayal system to help this decisive process and production strategy conception of the enterprise using the thought of strategies business units to potentize the profit of this instrument, once that you start to see different business inside of this enterprise. In this manner, the manager can improve the competitive through efficient actions to the different units. To make illustrious the developments proposed in the work, the project will be employed in an enterprise of the automotive sector analyzing the potentiality of results of the beginner proposition of the work. I hope that this work supplies a robust instrument to the organizations can improve its decisive process and, consequently, its economic-financial performance.

Key-words: production strategy, business unit strategy, defrayal system

Page 4: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................71.1 Comentários Iniciais.....................................................................................................71.2 Tema e objetivo............................................................................................................81.3 Justificativas...............................................................................................................101.4 Método de pesquisa....................................................................................................111.5 Delimitação do trabalho.............................................................................................121.6 Estrutura do trabalho..................................................................................................12

2. REFERENCIAL TEÓRICO..........................................................................................142.1 Estratégias Organizacionais.......................................................................................14

2.1.1 Competição Empresarial.........................................................................................152.1.2 Gestão Estratégica da Produção.............................................................................172.1.3 Níveis Estratégicos...................................................................................................182.1.4 Estratégia de Produção...........................................................................................192.1.5 Estratégias Genéricas de Produção........................................................................202.1.6 Critérios Competitivos.............................................................................................22

2.2 Unidades Estratégicas de Negócios (SBUs)...............................................................252.3 Análise Gerencial de Custos......................................................................................28

2.3.1 Classificação de Custos...........................................................................................292.3.2 Sistemas de Custeio..................................................................................................312.3.3 Escolha do sistema de custeio adequado.................................................................39

2.4 A Economia da Estratégia..........................................................................................403. METODOLOGIA...........................................................................................................43

3.1 Descrição do cenário..................................................................................................433.1.1 Apresentação Inicial................................................................................................433.1.2 Mercado de atuação................................................................................................453.1.3 Estrutura interna da empresa estudada...................................................................46

3.2 Procedimentos Metodológicos...................................................................................483.2.1 Procedimento de Pesquisa.......................................................................................493.2.2 Procedimento de projeto..........................................................................................50

4. RESULTADOS...............................................................................................................554.1 Diagnóstico da Situação Atual...................................................................................55

4.1.1 Estratégia de produção/tomada de decisão na empresa A......................................574.1.2 Sistema de Custeio...................................................................................................574.1.3 Escolha sobre o sistema de custeio para empresa A...............................................584.1.4 Coleta de dados........................................................................................................62

4.2 Análise dos dados coletados.......................................................................................624.2.1 Validação das unidades estratégicas de negócios...................................................634.2.2 Cálculo das margens de contribuição dos produtos................................................644.2.3 Classificação dos centros de custos.........................................................................654.2.4 Histórico de quantidades vendidas..........................................................................674.2.5 Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE)...................................................674.2.6 Relatórios.................................................................................................................70

4.3 Apresentação dos resultados obtidos..........................................................................735 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............77

5.1 Conclusão...................................................................................................................77

Page 5: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

5

5.2 Recomendações para trabalhos futuros......................................................................786 REFERÊNCIAS..............................................................................................................80APÊNDICE..............................................................................................................................84

Apêndice A – Roteiro Geral para Entrevistas.......................................................................85

Page 6: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

6

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 – Matriz de crescimento-participação do BCG..........................................................16Figura 2 - Forças que Dirigem a Concorrência na Empresa.....................................................17Figura 3 - Os três níveis estratégicos da empresa.....................................................................20Figura 4 - Estratégias Genéricas de Produção..........................................................................22Figura 5 - Relação entre as estratégias competitivas e os critérios competitivos da produção 25Figura 6 – Unidades estratégicas de negócios e unidades de manufatura................................27Figura 7 – A divisão dos custos em fixos e variáveis...............................................................31Figura 8 – Relacionamento entre as classificações de custos...................................................32Figura 9 – Relação entre o custo da obtenção das informações e o benefício advindo dessas.33Figura 10 – Matriz de Custos....................................................................................................37Figura 11 – Distribuição dos custos segundo os direcionadores de custos...............................38Figura 12 – Linhas de produtos comercializados pela empresa A............................................45Figura 13 – Estrutura organizacional resumida........................................................................48Figura 14 – Planta baixa e fluxo do processo produtivo...........................................................49Figura 15 – Etapas do procedimento de pesquisa.....................................................................52Figura 16 – Divisão da empresa A em unidades estratégicas de negócios e unidades de manufatura................................................................................................................................57Figura 17 – Alocação dos itens de custos pela classificação de acordo com o sistema de custos proposto para empresa A..........................................................................................................61Figura 18 – Modelo de DRE desenvolvido pela equipe de projeto..........................................61Figura 19 – Modelo de relatório desenvolvido pela equipe de projeto.....................................62Figura 20 – Níveis estratégicos da Empresa A.........................................................................65Figura 21 – Cálculo da margem de contribuição unitária dos produtos...................................66Figura 22 – Classificação dos centros de custos.......................................................................67Figura 23 – Classificação dos centros de custos da empresa A................................................68Figura 24 – Quantidades vendidas nos últimos 14 meses pela empresa A...............................69Figura 25 – Demonstrativo do Resultado do Exercício Empresa A.........................................70Figura 26 – Influência das UEN no resultado global da empresa A.........................................72Figura 27 – Matriz de posicionamento de UEN para a empresa A..........................................73Figura 28 – Matriz de posicionamento de produtos da UEN axial da empresa A....................74Figura 29 – Plano de ação para atividades futuras do projeto..................................................76

Page 7: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

7

1. INTRODUÇÃO

1.1 Comentários Iniciais

Após a crise internacional do petróleo dos anos 70, as relações comerciais no mercado

mundial sofreram fortes modificações, visto que a procura por bens passou a ser menor do

que a oferta, o que não ocorria anteriormente. A gestão econômico-financeira das

organizações sofreu fortes modificações, passando de uma lógica em que a empresa poderia

definir seus preços (tendo em vista os custos incorridos e a margem de lucro desejada) para

uma abordagem em que o preço era uma variável controlada pelo mercado, cabendo à

companhia reduzir seus custos para maximizar seus lucros (CORIAT, 1988).

Com isso, um dos temas centrais no prisma da gestão organizacional atual é a busca

por melhorias contínuas nos negócios em geral e, particularmente, nos sistemas produtivos.

Essa importância acentua-se na medida em que se observa um incremento acentuado da

competitividade no ambiente organizacional, que está diretamente relacionado ao fenômeno

da internacionalização da economia (KLIPPEL, 2005). Conforme o autor, esta procura

incessante por sistemas de produção completos, eficazes e enxutos vem fazendo com que as

organizações industriais tendam a se defrontar com um conjunto de dificuldades relacionadas

com as suas estratégias, mais particularmente no que diz respeito a sua concepção,

implantação e gerenciamento.

Para assegurar a competitividade e, conseqüentemente, a sobrevivência, as empresas

necessitam aprimorar os processos envolvidos no sistema de produção. Sob outra ótica, esta

sobrevivência pode ser assegurada através de estratégias corporativas que guiem a

organização na direção de sua meta central, ocasionando o aumento dos resultados

econômico-financeiros, que representa o fator fundamental para a continuidade da atividade

organizacional (PORTER, 1980).

A Tabela 1, apresentada posteriormente, apresenta a evolução da escala de produção

da indústria automobilística. Percebe-se um crescimento do volume produzido lento frente a

uma elevada diversificação dos produtos durante os anos 90. Essa diversificação fica mais

acentuada ainda a partir do ano de 1997 quando ocorre a entrada de sete novas montadoras no

Brasil. No entanto, a partir do ano 2000 percebe-se um aumento gradativo do crescimento

desta indústria, com a elevada diversidade. Isso pode acarretar em incremento da competição

entre as empresas do setor, para aproveitar esse momento de expansão. É importante destacar

Page 8: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

8

que, embora a escala de produção apresente uma taxa de crescimento positiva, esse índice é

muito inferior se comparado com outros países em desenvolvimento como a China.

Tabela 1 – Evolução da escala de produção a indústria automobilística

ANO AUTOMÓVEIS COMERCIAIS LEVES CAMINHÕES ÔNIBUS TOTAL CRECIMENTO

1990 663.084 184.754 51.597 15.031 914.466 -9,75%1991 705.303 182.609 49.295 23.012 960.219 5,00%1992 815.959 201.591 32.025 24.286 1.073.861 11,84%1993 1.100.278 224.387 47.876 18.894 1.391.435 29,57%1994 1.248.773 251.044 64.137 17.435 1.581.389 13,65%1995 1.297.467 239.399 70.495 21.647 1.629.008 3,01%1996 1.458.576 279.697 48.712 17.343 1.804.328 10,76%1997 1.677.858 306.545 63.744 21.556 2.069.703 14,71%1998 1.254.016 247.044 63.773 21.458 1.586.291 -23,36%1999 1.109.509 176.994 55.277 14.934 1.356.714 -14,47%2000 1.361.721 235.161 71.686 22.672 1.691.240 24,66%2001 1.501.586 214.936 77.431 23.163 1.817.116 7,44%2002 1.520.285 179.861 68.558 22.826 1.791.530 -1,41%2003 1.505.139 216.702 78.960 26.990 1.827.791 2,02%2004 1.862.780 318.351 107.338 28.758 2.317.227 26,78%2005 2.009.494 365.648 117.892 35.266 2.528.300 9,11%2006 2.092.003 379.221 106.001 33.809 2.611.034 3,27%

Fonte: Anuário ANFAVEA 2008

A partir do exposto pode-se perceber que vários elementos promovem a complexidade

e a criticidade no que tange a gestão de um sistema de produção. Esse conjunto de elementos

internos tende a se associar a elementos ligados ao ambiente externo de mercado. Entre os

aspectos que devem ser considerados na definição e concepção da estratégia podem-se citar: i)

a relação entre demanda e oferta global; ii) o nível de concorrência (normas da concorrência);

iii) a estrutura econômico-financeira das diversas unidades estratégicas de negócio da empresa

e iv) entrantes potenciais tanto com capital nacional, quanto internacional.

1.2 Tema e objetivo

1.2.1 Tema

A partir do exposto no item anterior, parece importante focar as ações do trabalho nas

questões relacionadas à análise e definição da(s) estratégia(s) de produção da organização,

levando em conta as questões genéricas que dizem respeito à empresa como um todo e as

questões específicas que estão relacionadas com cada unidade de negócios em particular.

Page 9: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

9

Além disso, entende-se como algo fundamental a consideração das informações e análises

advindas do sistema de custos da empresa que podem, se estruturadas de forma gerencial,

apresentar artifícios importantes no entendimento das peculiaridades e potencialidades de

cada linha de produtos.

Em termos de sistemas de custeio, busca-se profundidade nas discussões para

proposição de um sistema de custos que possa auxiliar, simultaneamente, a concepção da

estratégia de produção, o gerenciamento da produção e a tomada de decisão.

É importante destacar que o trabalho objetivará fornecer às organizações uma

ferramenta para auxiliar no processo de construção da estratégica. Ou seja, todas as demais

práticas existentes não devem ser desconsideradas neste processo, uma vez que a proposição

do projeto é apresentar algo aditivo e não exclusivo.

Em suma, o presente trabalho busca analisar a seguinte questão: como as

características econômico-financeiras e mercadológicas de cada unidade de negócios podem

contribuir para a definição da(s) estratégia(s) das organizações em conjunto com os aspectos

genéricos à mesma?

1.2.2 Objetivos

Os objetivos geral e específicos do presente trabalho são os seguintes.

1.2.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral da monografia consiste em analisar e propor uma ferramenta que

auxilie na definição da(s) estratégia(s) de produção da empresa com o auxilio do sistema

gerencial de custos e o referencial teórico das unidades estratégicas de negócios.

1.2.2.2 Objetivos específicos

São os seguintes os objetivos específicos do trabalho: i) fazer uma revisão

bibliográfica sucinta dos conceitos de estratégia organizacional, partindo do modelo de

análise proposto por Hayes et al. (2005) intitulado de Estratégia Corporativa de Produção,

para analisar empresas com linhas de produtos diferenciadas à luz dos conceitos e da teoria da

Page 10: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

10

estratégia de produção; ii) fazer uma revisão bibliográfica sobre o tema das unidades

estratégicas de negócios; iii) fazer uma revisão bibliográfica dos sistemas de custeio

(princípios, métodos e escolha do sistema de custeio), para identificar uma proposta de

sistema de custeio voltado à análise gerencial de custos e ao processo decisório das empresas;

iv) propor uma ferramenta que auxilie na concepção da estratégia de produção com o auxílio

das informações advindas do sistema de custos e das peculiaridades mercadológicas das

unidades de negócios; v) Avaliar a aplicabilidade da proposta em uma empresa fornecedora

da indústria automobilística localizada em Porto Alegre (RS); vi) Realizar uma análise crítica

dos resultados obtidos pela Organização pesquisada, tendo como referência a aplicação do

instrumento desenvolvido.

1.3 Justificativas

Em termos de justificativa do desenvolvimento desta proposta, apresentam-se os

pressupostos que sustentam o trabalho proposto, que podem ser resumidos nos seguintes

pontos gerais que são trabalhados nos próximos parágrafos.

O mercado automobilístico, setor em que a empresa estudada está inserida, é um

exemplo claro dos efeitos do acirramento da competição intercapitalista dos últimos anos.

Segundo Seidel (2003), é importante destacar o fato de que o Brasil é o País com o maior

número de montadoras instaladas no mundo, responde por apenas 2,9 % da produção mundial

de veículos e que as capacidades instaladas de produção de automóveis são superiores à

demanda. Somando-se isso ao recente crescimento de demanda neste setor, pode-se inferir

que a concorrência pelas diferentes fatias de mercado se acirrou muito nos últimos seis anos.

Resumindo, as conclusões necessárias para a compreensão das normas de concorrência no

Brasil hoje são: i) observa-se uma baixa escala de produção no país se comparado com os

padrões dos países desenvolvidos (Estados Unidos, Alemanha e Japão); ii) as capacidades

instaladas totais das montadoras - oferta agregada - são, hoje, superiores à demanda agregada;

iii) existe um forte acirramento da concorrência no país em termos da indústria

automobilística, o que leva à necessidade das empresas instaladas no Brasil de incrementarem

sistematicamente a variedade de produtos ofertados; iv) este incremento de variedade total de

produtos nas montadoras implica em um aumento nas variedades ao longo de toda a cadeia de

suprimento da Indústria automobilística nacional. Desta forma, torna-se fundamental a

Page 11: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

11

formulação de uma estratégia organizacional voltada para o aumento do resultado econômico-

financeiro das empresas para que as mesmas possam sua competitividade.

Em termos de desenvolvimento teórico, considera-se pertinente a exposição da

estrutura de custos das unidades de negócios, para concepção da estratégia da empresa e,

aliado a isso, o conceito de unidades de negócios para que a organização possa formar

diferentes estratégias de acordo com as peculiaridades de cada linha de produtos (SKINNER,

1974).

Em termos práticos quanto à aplicação da abordagem com relação à formação

estratégica, parece que existe uma carência no que tange o desenvolvimento de trabalhos

práticos e teóricos em Engenharia de Produção que levem em consideração as empresas que

fabricam linhas de produtos diferenciadas, suas estruturas econômico-financeiras e

peculiaridades mercadológicas.

1.4 Método de pesquisa

Realizou-se uma pesquisa bibliográfica intensiva nos seguintes assuntos básicos: i)

estratégias organizacionais; ii) unidades estratégicas de negócios; iii) sistemas de custeio.

Para o presente trabalho, o método utilizado contém elementos da pesquisa-ação.

Neste procedimento o projeto de estudo é realizado em paralelo com a execução da pesquisa

requerida. Para isso, serão realizadas atividades em três distintas etapas que serão descritas na

seqüência. Além disso, esse método de trabalho contém abordagens tanto qualitativa, visto

que serão consideradas as entrevistas com profissionais da empresa e impressões do autor

para analisar a organização, quanto quantitativa, pois serão utilizadas informações numéricas

para montar a ferramenta proposta.

Primeiramente serão realizadas visitas in loco na empresa para realizar um diagnóstico

situacional das questões estudadas: i) forma de concepção e definição das estratégias da

empresa; ii) sistema de custeio existente na organização e sua usabilidade para questões de

cunho gerencial e processo decisório; iii) entender a lógica de produção da empresa e as

possíveis unidades estratégicas de negócios contidas na mesma, assim como as peculiaridades

e potencialidades de cada uma delas.

Após isso, serão realizadas novas visitas in loco para realizar coletas de dados para

adequar o sistema de custeio para análise gerencial de custos. Com essas informações

Page 12: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

12

colhidas será apresentada uma proposta de estruturação da empresa em unidades estratégicas

de negócios e uma estruturação de uma ferramenta baseada em um sistema de custeio para

apoiar o processo de formação de estratégia da empresa e a tomada de decisão gerencial. Por

fim será proposta uma reunião com os gestores da organização para apresentar as propostas

estruturadas anteriormente e gerar um procedimento preliminar para utilização do sistema de

custeio para suportar o processo de formação de estratégia da organização.

1.5 Delimitação do trabalho

Em primeiro lugar não faz parte do escopo da presente pesquisa analisar ou discutir a

definição da Estratégia Corporativa da Empresa nem do Grupo Empresarial, uma vez que

essas são definidas pelo Planejamento Estratégico da Empresa.

Enquanto uma segunda delimitação do presente estudo tem-se a amplitude dos

sistemas de custeio a serem considerados. Nesse caso, o projeto terá o enfoque em um sistema

de custeio focado em análise gerencial de custos que será definido após a análise dos sistemas

de custeio existentes e dos recursos disponíveis na empresa estudada.

Além disso, o projeto não pretende explorar profundamente as ramificações advindas

do conceito das unidades estratégicas de negócios, tendo em vista que o objetivo do trabalho é

utilizar o conceito para estruturar a ferramenta de auxilio à formação da estratégia

organizacional.

Outra delimitação importante do trabalho dar-se-á na aplicação da ferramenta

proposta, em que não se almeja discutir profundamente as ferramentas utilizadas pela empresa

para formação da estratégia da mesma e sim, compreender as peculiaridades da organização,

as suas características econômico-financeiras e mercadológicas para propor uma solução que

possa auxiliar no processo já existente para concepção e definição da estratégia.

Ao abordar as questões mercadológicas da empresa, não serão utilizadas ferramentas

de análise de mercado e previsões de vendas. As análises serão pautadas em análises de dados

históricos e entrevistas com integrantes da companhia.

1.6 Estrutura do trabalho

O trabalho possui a estrutura geral discutida a seguir.

Page 13: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

13

No capítulo 1 é feita a Introdução deste trabalho. Nesse estão incluídos a introdução

propriamente dita, a contextualização do tema, a justificativa, os objetivos, a apresentação do

método de pesquisa, a delimitação e a estrutura desta dissertação.

No capítulo 2 é apresentado o referencial teórico utilizado para elaboração do trabalho,

através de apresentação dos princípios, conceitos e técnicas relevantes para o

desenvolvimento da presente pesquisa.

No capítulo 3 é apresentada uma proposta estruturada de aplicação do projeto de

trabalho. Nesse ponto, pretende-se apresentar: a empresa e as características principais da

mesma, os procedimentos de pesquisa e o cronograma para realização do estudo de caso.

No capítulo 4 são apresentados e discutidos os resultados obtidos pela aplicação da

metodologia apresentada no capítulo anterior à luz do referencial teórico proposto no capítulo

2.

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões e possibilidades de desdobramento das

proposições do trabalho.

Page 14: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

14

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O presente capítulo tem o intuito de apresentar a sustentação teórica para o

desenvolvimento da metodologia a ser aplicada no caso estudado. Para tanto, segue-se uma

linha de raciocínio, buscando construir uma metodologia que englobe os conceitos relevantes

dentro do escopo deste projeto para formação da estratégia das organizações com apoio do

sistema de custeio e o conceito de unidades estratégicas de negócios.

Inicialmente são apresentadas apreciações sobre as estratégias nas organizações,

descrevendo algumas questões relevantes associadas com a competitividade industrial e com

a gerência estratégica de produção. Além disso, são descritos pontos preliminares acerca da

estratégia de produção, relacionando questões genéricas sobre os níveis estratégicos, evolução

e conceituação da estratégia de produção, estratégias genéricas, dimensões/critérios

competitivos e categorias de decisão.

Na seqüência, dentro do contexto do trabalho, são introduzidos os conceitos referentes

ao tema de unidades estratégicas de negócios ou fábricas focalizadas. Ainda são feitas

considerações sobre custos industriais e os sistemas de custeio em que serão discutidos: i) as

classificações dos custos; ii) os princípios ou filosofias de custeio; iii) os métodos de custeio e

iv) as variáveis associadas a escolha do sistema de custeio. Por fim, será apresentada uma

abordagem de estratégia que visa utilizar esses três conceitos anteriores.

2.1 Estratégias Organizacionais

Essa seção tem como objetivo apresentar os conceitos centrais no prisma das

estratégias organizacionais, particularmente das estratégias de produção. Para isso, divide-se

essa seção em seis subseções, cada uma com temas mais específicos. Na primeira subseção

são apresentadas as questões referentes à competitividade industrial no meio em que as

empresas estão inseridas. Na segunda subseção são expostos os conceitos de gestão

estratégica de produção e sua importância na estratégia organizacional. Na terceira subseção,

são tratadas as questões envolvendo os níveis estratégicos, em que se identificam os diferentes

níveis em que se podem formar estratégias e a importância desta segmentação. Na quarta

subseção o conceito de estratégia de produção é discutido de forma histórica para entender

seu significado atual. Ainda na subseção cinco esse conceito de estratégia de produção é

Page 15: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

15

aprofundado nas estratégias genéricas de produção. Por fim, na subseção seis são abordados

os conceitos referentes às dimensões/critérios competitivos, suas relações com os trade-offs e

a formação da estratégia das empresas.

2.1.1 Competição Empresarial

O termo estratégia é algo que remonta aos antigos gregos e às táticas militares de

combate (GHEMAWAT, 2007). No entanto, apesar da longínqua data de surgimento, esse

tema surgiu no mundo acadêmico apenas no início do século passado.

Dentre as diversas contribuições acadêmicas para esse assunto, surgiram algumas

contribuições advindas de consultores. Dentro desse espectro, pode-se destacar o trabalho do

Boston Consulting Group (BCG), que desenvolveu, inicialmente a curva de experiência para

tentar explicar o comportamento de preços e competitividade em segmentos de grande e veloz

crescimento. Porém, uma contribuição significativa dessa organização para o tema abordado

deu-se com a chamada Matriz BCG (Figura 1). Essa abordagem pode auxiliar as organizações

no planejamento de portfólio, ou seja, analisar de forma distinta diferentes produtos ou

unidades estratégicas de negócios (tema da seção 2.2).

Figura 1 – Matriz de crescimento-participação do BCG

Fonte: Adaptado de Ghemawat (2007)

Page 16: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

16

Essa análise é feita a partir do entendimento da unidade estratégica de negócio sob

dois prismas: i) a tendência de crescimento do mercado em que a mesma está inserida e; ii) a

participação que a empresa possui neste mercado. Com isso, as unidades são posicionadas

dentro dos quadrantes da matriz (estrela, vaca leiteira, abacaxi e interrogação) que auxiliam na

formação de estratégias para as mesmas.

Em termos de rivalidade industrial, pode-se dizer que a criação de uma vantagem

competitiva através da produção requer um entendimento sobre como a Função de Produção

contribui para o crescimento da produtividade (KLIPPEL, 2005).

Porter (1980) ressalta que é essencial relacionar a organização com o seu meio

ambiente para formular uma estratégia competitiva para mesma, principalmente no que diz

respeito ao estudo do conjunto de empresas em competição no mercado.

Dito isto, é oportuno apresentar as cinco forças competitivas básicas a partir do prisma

clássico de Porter (1980) no que se refere ao grau de concorrência de uma empresa. A Figura

2 apresenta estas forças:

CONCORRENTES NA INDÚSTRIAFornecedores

Entrantes Potenciais

Substitutos

Compradores

Figura 2 - Forças que Dirigem a Concorrência na Empresa

Fonte: Adaptado de Porter (1980)

A Figura 2 representa teoricamente as forças que determinam a competição entre as

empresas que concorrem na prática. O ponto (1) da Figura 1 consiste na rivalidade entre as

empresas existentes, ou seja, é o mercado com as empresas já estabelecidas competindo entre

Page 17: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

17

si. Essa rivalidade é conseqüência da interação de vários fatores estruturais: i) concorrentes

numerosos ou bem equilibrados; ii) crescimento lento da empresa; iii) custos fixos ou de

armazenamento altos; iv) ausência de diferenciação ou custos de mudança; v) capacidade

aumentada em grandes incrementos; vi) concorrentes divergentes; vii) grandes interesses

estratégicos; viii) barreiras de saída elevadas.

Por sua vez, o ponto (2) identifica o vínculo entre fornecedores e empresas

concorrentes no mercado, tendo o poder de negociação dos fornecedores como uma das cinco

forças competitivas. Já o ponto (3) consiste na ameaça de novos entrantes no mercado

competitivo, sendo que estes novos concorrentes se juntariam aos existentes, enrijecendo mais

ainda a competição no mercado.

O ponto (4) representa o poder de negociação dos compradores. Porter (1980) afirma

que os compradores competem com a empresa forçando os preços para baixo, barganhando

por melhor qualidade ou mais serviços e desta forma jogando os concorrentes uns contra os

outros.

Por fim, o ponto (5) consiste na ameaça de produtos ou serviços substitutos, ou seja,

esta força sugere o desenvolvimento de alternativas para os produtos já existentes.

2.1.2 Gestão Estratégica da Produção

Corrêa e Corrêa (2004) definem a gestão de produção como sendo a gestão dos

recursos e processos produtivos que produzem o pacote de serviços entregue ao cliente. As

funções e processos envolvidos com esta tarefa processam insumos, utilizando recursos de

transformação com a finalidade de proporcionar saídas, que basicamente são um composto de

serviços e bens físicos que consistem no pacote de valor entregue ao cliente. Desta forma, a

gestão de produção preocupa-se basicamente na maneira pela qual estas funções e processos

são gerenciados. Por outro lado, os autores afirmam que a estratégia de produção preocupa-se

menos com processos individuais e detalhados e mais com o processo global da função

produção do negócio como um todo.

Desta forma, a estratégia de produção trata da criação de competências que

possibilitem a geração e manutenção de níveis sustentáveis de vantagem competitiva para a

organização, isto é, ela analisa basicamente com as questões de desenvolvimento no longo

prazo dos recursos e processos.

Page 18: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

18

A importância dos temas gestão da produção e estratégia de produção serem tratados

de maneira sinérgica e não concorrentes aumenta uma vez que algumas decisões no ambiente

produtivo impactam de maneira diferente no resultado que a estratégia organizacional visa

(KLIPPEL, 2005). A gerência estratégica de operações tem por objetivo focar os recursos, as

habilidades e as energias da produção na busca da construção de uma posição de

vantagem competitiva sobre a concorrência. Essa vantagem [...] pode estar associada

a uma operação de menor custo, a um produto de maior desempenho, a serviços

superiores ou a produtos mais inovadores. (FLEURY; PROENÇA, 1993, p. 7).

A formulação da estratégia de produção é base de sustentação para a gerência

estratégica de produção, visto que a partir da concepção da estratégia de produção serão

definidos os objetivos das decisões de cada uma das categorias componentes da organização.

Conforme Hayes et al. (2005), o método funciona da seguinte forma: i) A unidade de negócio

(firma ou divisão) estabelece sua estratégia de produto-mercado e qual que tipo de vantagem

competitiva buscarão; ii) define-se qual o perfil esperado dos resultados do sistema de

produção relativamente ao leque de dimensões competitivas. Este conjunto de dimensões

competitivas pode ser ajustado de acordo com a lógica de produção estabelecida; iii) a

gerência pode definir as políticas relacionadas ao conjunto de decisões que forjarão o sistema

de produção.

2.1.3 Níveis Estratégicos

Conforme Hayes et al. (2005), em geral pode-se contextualizar as estratégias

relacionadas com a gestão em três níveis: i) estratégia corporativa; ii) estratégia de negócio e;

iii) estratégia funcional.

A estratégia corporativa considera decisões a respeito dos segmentos industriais e

mercados em que a empresa participa e como a empresa está estruturada objetivando crescer

nestes mercados e discutir como são obtidos e alocados os recursos corporativos chaves para

as diversas atividades da organização. Em suma, a estratégia corporativa é entendida como a

estratégia do grupo empresarial como um todo. Além disso, é importante destacar que o

ambiente no qual o grupo empresarial está envolvido, considerando suas forças e fraquezas, é

considerado na estratégia corporativa.

Page 19: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

19

A estratégia de negócio está pautada com cada uma das unidades estratégicas de

negócios1 (SBU – Strategic Business Unit) da corporação, normalmente sendo representadas

por uma divisão subsidiária ou linha de produto, ou seja, esse nível estratégico concebe a

estratégia de uma empresa do grupo, de uma unidade ou divisão de negócios. Através das

aptidões e deficiências da unidade de negócios, pode-se definir o que se conhece por

competência distintiva. Esse conceito significa identificar a competência pela qual uma

determinada unidade de negócios se distingue das demais e que, portanto, merece análise

diferenciada na concepção da estratégia, visto que pode alavancar sua competitividade.

O reconhecimento da competência distintiva de cada unidade de negócios apresenta as

informações necessárias para se elaborar a estratégia de negócios para a unidade estudada

(PAIVA et al., 2004). Além disso, o sucesso da estratégia de negócios pode ser avaliado

considerando-se quatro aspectos (RUMELT et al. apud PAIVA et al., 2004): i) consistência:

deve representar metas e políticas consistentes entre si; ii) consonância: deve representar uma

resposta adaptativa ao ambiente externo e às mudanças críticas nele ocorridas; iii) vantagem:

deve permitir a criação e a manutenção de uma vantagem competitiva no setor que a

organização atua; iv) viabilidade: deve ser factível dentro dos recursos existentes e não deve

criar problemas insolúveis.

Por fim surgem as estratégias funcionais que se relacionam com os setores da unidade

estratégica de negócios da empresa para suportar o tipo de vantagem competitiva pretendido.

Em suma, pode-se sinteticamente entender os níveis estratégicos como se os

predecessores fossem pré-requisitos dos posteriores, ou seja, os níveis mais altos embasam a

estratégia dos níveis mais baixos. A Figura 2 apresenta os três níveis estratégicos discutidos.

ESTRATÉGIA CORPORATIVA

ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS

ESTRATÉGIAS FUNCIONAIS

Figura 3 - Os três níveis estratégicos da empresa

Fonte: Adaptado de Paiva et al. (2004)

1 As Unidades Estratégicas de Negócios – SBU são discutidas em maiores detalhes e em conjunto com a noção de Fábricas Focalizadas no item 2.2 deste capítulo.

Page 20: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

20

Cabe ressaltar ainda que em uma organização com diferentes unidades estratégicas de

negócios existe a possibilidade de existirem estratégias de negócios distintas dentro da mesma

estratégia corporativa. Da mesma forma, podem existir estratégias funcionais diferentes entre

as diversas unidades.

Entretanto, quando uma organização trata o negócio como um todo, ou seja, sem o

conceito de unidades estratégicas de negócios, é bastante provável que a estratégia corporativa

seja igual à estratégia de negócios.

2.1.4 Estratégia de Produção

O conceito da estratégia de produção foi desenvolvido pelos pesquisadores da Havard

Business School entre os anos 70 e os anos 80, através de um trabalho desenvolvido por

alguns professores baseados nos trabalhos originais de Wickham Skinner. Esse projeto

destacava que os gestores de organizações poderiam utilizar as capacidades de suas indústrias

para alavancar a competitividade da organização através de suas estratégias (CHASE et al.,

2004).

A estratégia da produção consiste no estabelecimento de políticas e planos amplos

para utilizar os ativos de uma empresa, visando uma melhor sustentação de sua estratégia

competitiva no longo prazo. Ainda de acordo com Chase et al. (2004), a estratégia da

produção pode ser vista como parte de um processo de planejamento que coordena os

objetivos operacionais com os objetivos mais amplos das organizações, que sendo bastante

dinâmicos, impõem a problemática de previsão das necessidades futuras à estratégia de

produção. Um exemplo de ação para auxiliar nesta flexibilidade das organizações está nas

capacitações de produção de uma empresa, visto que essas tornam os processos de melhoria

contínua mais eficazes.

Ainda, Chase et al. (2004) exemplificam a partir do ponto de vista histórico da

estratégia da produção, mais especificamente na era pós-Segunda Guerra Mundial, que as

empresas americanas passaram por grandes demandas de consumo que haviam sido

encerradas durante a guerra. Como resultado, a manufatura nos Estados Unidos enfatizou a

entrega de grandes volumes para satisfazer esta demanda. Em contraste, durante o mesmo

período, as empresas japonesas de manufatura focaram na qualidade de seus produtos. As

Page 21: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

21

prioridades para se manterem competitivos eram diferentes para empresas diferentes em

países diferentes.

2.1.5 Estratégias Genéricas de Produção

Após uma breve apresentação histórica e contextual da estratégia de produção,

apresenta-se o que os autores costumam chamar de Estratégias Genéricas de Produção,

buscando iniciar uma discussão acerca das diferenças e particularidades em termos de

estratégias de produção, considerando-se as características específicas de cada situação.

Segundo o modelo apresentado por Porter (1986), podem ser identificadas três

estratégicas genéricas de operações (ou produção): i) estratégia de liderança em custos pura;

ii) estratégia de diferenciação pura; iii) estratégia de custo e diferenciação.

A Figura 4 apresenta graficamente as estratégias genéricas de produção (operações).

DiferenciaçãoPura

Diferenciaçãoe Custos

Nenhuma EstratégiaPretendida

Liderança emCustos Pura

BAIXA ALTA

BAIXA

ALTA

DIFERENCIAÇÃO

EFICIÊNCIA EM CUSTOS

Figura 4 - Estratégias Genéricas de Produção

Fonte: Adaptado de Kim e Lee apud Paiva (2004)

Conforme Paiva et al. (2004), a estratégia de diferenciação pura consiste na estratégia

que procura atingir e manter certa variedade e qualidade dos produtos bem como o nível de

entrega elevado. A estratégia pura de liderança em custos requer investimentos de capital,

habilidades em processos de engenharia, supervisão intensiva do trabalho, baixos custos de

distribuição e movimentação, entre outros. A estratégia combinada de diferenciação e custo se

tornou possível, a partir dos avanços tecnológicos e basicamente, quando os mesmos

Page 22: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

22

equipamentos podem produzir vários produtos existe uma potencial obtenção de economias

de escopo. A economia de escopo se dá quando são fabricados vários produtos com menores

custos de forma combinada ao invés de uma produção separada.

Ainda cabe ratificar que uma estratégia de produção é definida pelas decisões

atualmente vigentes (o que é feito) e não pelo que os documentos corporativos dizem sobre

esta estratégia. Embora decisões individuais sejam normalmente focadas e embasadas em

tópicos específicos, a principal função de uma estratégia de produção é guiar o negócio,

focando o conjunto de capacitações operacionais que permitirão perseguir a estratégia

competitiva escolhida, no longo prazo.

Conforme Corrêa e Corrêa (2004), os conceitos e princípios originalmente propostos

por Skinner e desenvolvidos ao longo das últimas três décadas deixam claro que não há uma

melhor forma de se gerenciar a produção. Esta afirmação surge do fato de que existem vários

aspectos importantes e levados em conta pelo cliente, que certamente necessitam ser

considerados em termos de estratégia de produção. Estas questões são definidas como

dimensões ou critérios competitivos e buscam fornecer maior precisão sobre o que focalizar

quando da busca pela valorização das necessidades e exigências do mercado.

2.1.6 Critérios Competitivos

Os critérios competitivos possibilitam uma melhor análise sobre o posicionamento dos

produtos e bens frente às exigências do mercado e dos clientes. Segundo Davis et al. (2001), o

entendimento desses critérios e a priorização dos mesmos amplia a percepção do mercado do

valor agregado pela organização. Essa compreensão de como gerar e ampliar o valor para os

clientes é a chave para o desenvolvimento de uma estratégia de produção.

Inicialmente foram identificadas por autores tradicionais como Skinner (1974) quatro

dimensões competitivas básicas: custos, qualidade, entrega e flexibilidade, que são utilizadas

para identificar se uma empresa agrega valor aos produtos que fornece aos clientes.

No entanto a evolução do conceito de critérios competitivos culminou na identificação

de uma nova dimensão competitiva: a inovatividade, que é habitualmente conceituado como a

habilidade da empresa em lançar novos produtos e/ou serviços em curto espaço de tempo.

Assim, Paiva et al. (2004) identificam cinco critérios competitivos que se relacionam com a

Page 23: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

23

estratégia de negócios da organização: custos, qualidade, desempenho de entrega,

flexibilidade e inovatividade.

Ainda segundo Paiva et al. (2004), uma empresa que procurar valorizar a dimensão

competitiva custo deve buscar uma redução de seus custos ao máximo, baseando-se em três

conceitos clássicos: economias de escala, curva de experiência e produtividade. Já a dimensão

qualidade pode ser subdividida em oito outras dimensões (GARVIN, 1992): desempenho,

características secundárias, confiabilidade, conformidade, durabilidade, serviços agregados,

estética e qualidade percebida. Dentro deste conjunto de dimensões da qualidade, pode se

identificar uma ou mais dimensões para a empresa competir. Quanto ao critério competitivo

flexibilidade, os autores afirmam que esta parece ser uma dimensão que vem assumindo cada

vez mais um papel importante nas prioridades competitivas das empresas em virtude do

acirramento da competitividade industrial que leva as empresas a aplicar a gama de produtos

comercializados pelas mesmas sem, no entanto, ampliar significativamente seus recursos

disponíveis. Desta forma, parece cada vez mais importante a capacidade de adequar-se às

variações de demanda do mercado, ou seja, torna-se essencial a flexibilidade das empresas.

No que tange o critério competitivo desempenho de entrega, Paiva et al. (2004)

identificam que esse pode-se tratar da capacidade da organização ser confiável nessa entrega,

ou seja, produzir de acordo com a especificação solicitada, dentro do prazo estipulado e com

possibilidade de correção imediata caso haja eventuais problemas, ou então pode estar

relacionada a velocidade da entrega, isto é, a empresa possui prazos de entrega inferiores ao

da concorrência. Portanto, a velocidade de entrega pode ser relacionada com o tempo de

atravessamento (lead-time) dos produtos da empresa, visto que quanto menor o tempo de

atravessamento dos produtos, maior a flexibilidade com relação ao sistema produtivo e ao

atendimento do mercado.

Resta ainda detalhar o critério competitivo que se apresenta como fundamental para a

competitividade das empresas: a inovatividade. Isso se deve ao fato de que esse critério pode

exercer influência sobre as demais dimensões competitivas. Basicamente, distingue-se entre

dois tipos de inovação, em relação aos: i) produtos e; ii) processos. Paiva et al. (2004)

salientam que quando se considera uma inovação que leva a uma melhoria no desempenho de

dimensões como qualidade, custo, flexibilidade e entrega, refere-se à inovação de processo.

Por outro lado, quando se pensa em inovação do produto, a dimensão competitiva

inovatividade é central para a empresa.

Page 24: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

24

Ainda no que diz respeito à inovação, cabe destacar as idéias propostas por

Schumpeter (1982). O autor apresenta uma relação de vários tipos de inovações: i) introdução

de um novo produto ou alteração em produto existente; ii) inovação de processo que seja uma

novidade para a indústria; iii) abertura de um novo mercado; iv) desenvolvimento de novas

fontes de suprimentos de matérias-primas; v) mudanças na organização industrial. Esse último

tipo proposto pelo autor trata da discussão da gestão do sistema produtivo, despertando para a

utilização de novos princípios, conceitos, teorias e técnicas para a melhoria contínua na

organização, entre as quais pode-se citar a aplicação sistêmica e sistemática dos conceitos,

princípios e técnicas da Teoria das Restrições e do Sistema Toyota de Produção.

Exposto isso, pode-se integrar esses critérios competitivos com as estratégias

competitivas genéricas de Porter. Esta relação é apresentada na Figura 5.

Inovatividade

Estratégia competitiva

Menor custo Diferenciação

Custo Qualidade Flexibilidade Entrega

Critérios Competitivos

Figura 5 - Relação entre as estratégias competitivas e os critérios competitivos da produção

Fonte: Adaptado de Pires apud Paiva et at. (2004)

Além disso, uma consideração importante com relação aos fatores ou dimensões

competitivas consiste na distinção entre fatores ganhadores de pedidos e fatores

qualificadores.

Critérios ganhadores de pedidos são os que direta e significativamente contribuem

para a realização de um negócio, para conseguir um pedido. São considerados pelos

consumidores como razões-chave para comprar o produto ou serviço. (SLACK et

al., 1997, p. 95).

Page 25: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

25

Em suma, esses critérios são atributos que levam o cliente à decisão de comprar ou

não um produto e resultam em mais pedidos ou melhora a possibilidade de se ganhar mais

pedidos. Por sua vez, os critérios qualificadores não serão os principais determinantes do

sucesso competitivo da organização, porém sem esses critérios em um determinado nível,

possivelmente, a empresa não será nem mesmo considerada como potencial fornecedor do

cliente.

Ainda é importante destacar a questão dos trade-offs como um ponto importante que

precisa ser abordado, ou seja, a análise das incompatibilidades entre dois ou mais critérios

competitivos. Havendo uma situação de trade-off entre dois critérios, é observado que a

melhoria de um critério significa um impacto negativo no outro critério. Paiva et al. (2004)

salienta que esta situação de trade-off reforça mais ainda a necessidade de priorização dos

critérios competitivos, uma vez que a empresa precisa avaliar se é possível atingir bons

resultados em duas dimensões competitivas simultaneamente.

Desta forma, as noções de objetivo e trade-offs do sistema produtivo são essências

para concepção da estratégia de produção, uma vez que, segundo essa abordagem, uma

operação não pode ter um desempenho máximo em todas as dimensões competitivas. Assim,

a gestão da organização deve decidir quais critérios competitivos devem ser priorizados para

alavancar a competitividade da empresa, para então formar a estratégia da mesma (CHASE et

al., 2004).

Por exemplo, se uma empresa optar por focar na velocidade da entrega, então ela não

pode ser muito flexível em termos de sua habilidade em oferecer uma variedade ampla de

produtos. Da mesma forma, uma estratégia de custo baixo pode não ser compatível com a

velocidade da entrega e nem com a flexibilidade. Alta qualidade também é vista como um

trade-off para o custo baixo. Porém, cabe ressaltar que existem aspectos peculiares que devem

ser considerados em todas as situações. Por exemplo, se a empresa deseja focar na velocidade

de entrega e adota o conceito de Troca Rápida de Ferramentas por todo o sistema produtivo

(apresentando baixos tempos de setup), nada impede que mesmo assim esta empresa possa

ofertar uma ampla variedade de produtos para o mercado. Assim, também poderia ser flexível

neste aspecto.

Contudo, atualmente esta particularidade envolvendo os trade-offs é alvo de

contestação, visto que alguns autores questionam a impossibilidade de uma empresa competir

em vários critérios competitivos ao mesmo tempo, ainda mais com a criação e

Page 26: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

26

desenvolvimento dos sistemas enxutos de produção, baseados no Sistema Toyota de

Produção. Com esse enfoque, diversas empresas japonesas ultrapassaram concorrentes

americanos em diversas dimensões competitivas, alcançando menores custos, maior qualidade

e flexibilidade, ao mesmo tempo (HAYES; PISANO, 1996).

Enfim, todos esses fatores discutidos anteriormente corroboram a percepção de que

existem diversas variáveis envolvidas na definição da estratégia das organizações, em especial

a estratégia de produção. Entretanto, essas variáveis podem ser analisadas de forma mais

simplificada quando se supera a esfera de organização e se passa a visualizar a empresa como

um conjunto de unidades estratégicas de negócios.

2.2 Unidades Estratégicas de Negócios (SBUs)

A definição do conceito de unidades estratégicas de negócios (SBU – Strategic

Business Unit) é relevante para o desenvolvimento deste trabalho, uma vez que propõe-se que

as estratégias sejam definidas no nível de negócios para entender as peculiaridades de cada

unidade e priorizar as dimensões competitivas fundamentais em cada uma delas. Esse

conceito foi desenvolvido por Skinner (1974) que o denominou de Fábricas Focalizadas2.

Segundo essa proposta, em empresas com grandes instalações fabris, as linhas de produtos

diferentes devem ser alocadas em diferentes locais dentro do parque industrial, para que, com

isso, cada uma delas desenvolva suas próprias estratégias de produção de acordo com as suas

características relevantes. Desta forma, dependendo das características de cada linha de

produto pode-se analisar se uma deve apresentar uma estratégia de produção diferenciada.

Portanto, pode-se definir mais contemporaneamente que unidades estratégicas de negócios

são os locais da empresa que produzem um determinado mix de produtos que possuem

relação direta com o mercado, ou seja, são comercializados com o mercado. Além disso,

pode-se ampliar esse conceito generalizando que os sistemas produtivos são constituídos de

unidades de manufatura, que são os locais da empresa destinados a atividades que resultam

em entradas para as unidades estratégicas de negócios, como é apresentado da Figura 6.

2 Do inglês focused factory, ocorre quando as instalações existentes são divididas, organizacional como fisicamente, em fábricas (mini-fábricas) dentro da fábrica original. Cada mini-fábrica deve possuir suas próprias instalações, mão-de-obra, sistema de controle da produção, estrutura organizacional e assim por diante. O termo também é conhecido por: mini-fábricas semi-autônomas, sub-fábricas, fábricas-dentro-de-fábrica, plant-within-a-plant.

Page 27: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

27

MERCADO

Unidade deNegócio 2

Fornecedores

Fornecedores

Unidade deManufatura 1

Unidade deManufatura 2

Unidade deNegócio 3

Unidade deNegócio 1

Figura 6 – Unidades estratégicas de negócios e unidades de manufatura

Fonte: Autor

Essa divisão das empresas em unidades estratégicas de negócios ou fábricas

focalizadas potencializa uma série de benefícios às organizações, e essas pequenas fábricas

apresentam como características: i) excelente comunicação; ii) gerentes e executivos

industriais controlam a fábrica no próprio pavimento em que se localiza; iii) quadro

administrativo enxuto e localizado na própria fábrica; iv) executivos, gerentes e supervisores

desempenham diferentes funções; v) serviços de apoio industrial são normalmente executados

por operadores de máquinas e montadores; vi) pessoal de apoio administrativo é mínimo e

intimamente familiarizado com a operação da fábrica, produção e posição de estoques; vii)

todos na organização se sentem diretamente envolvidos em todos os aspectos do

aprovisionamento e produção; viii) pequenas fábricas contam com disponibilidade limitada de

recursos financeiros e financiamentos (HARMON; PETERSON, 1991).

Skinner (1974) ressalta também que uma fábrica que foca em um menor mix de

produtos para um nicho de mercado particular deve exceder o desempenho de uma fábrica

convencional, que por sua vez atenta para uma ‘vasta missão’. Da mesma forma, uma vez que

os equipamentos e recursos, sistemas de apoio e procedimentos estão focados para um

conjunto menor de produtos e clientes, os custos e as despesas gerais tendem a ser menores do

que nas fábricas convencionais.

Page 28: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

28

Além disso, segundo Harmon (1993), percebe-se um movimento nas empresas líderes

de mercado que reafirma a importância do conceito de fábricas focalizadas, uma vez que essas

organizações têm reestruturado suas fábricas em múltiplas fábricas menores – denominadas sub-

fábricas – dentro das instalações existentes. O principal objetivo desta reorganização é restabelecer o

estilo de gerência empresarial em cada pequena sub-fábrica, através de mudanças físicas na disposição

da fábrica e nos equipamentos e da descentralização das funções burocráticas e de apoio.

É importante destacar que os estudos de Skinner (1974) demonstram que as fábricas

focalizadas apresentam eficiências maiores, custos produtivos menores e maior rapidez no

alcance da vantagem competitiva em comparação com as fábricas tradicionais, muito mais

complexas.

Essa focalização apresenta também vantagens fundamentais do prisma gerencial e da

melhoria contínua, podendo ser resumidas em: i) gerenciar uma fábrica pequena é muito mais

simples do que gerenciar uma fábrica grande; ii) a comunicação interna é muito melhor em

uma fábrica pequena do que em uma grande; iii) em uma fábrica menor, os níveis

hierárquicos podem ser diminuídos e desta forma o controle sobre o chão-de-fábrica pode ser

melhorado; iv) a motivação de uma equipe pequena de pessoas é muito mais fácil do que uma

grande equipe; v) a implementação de técnicas e programas de engenharia industrial como

Troca Rápida de Ferramentas e Operação-Padrão é facilitada; vi) a gestão relacionada ao setor

de PCP é simplificada (ANTUNES; ALVAREZ, 1995).

Percebe-se, no entanto, que o conceito tradicional de fábricas focalizadas está muito

mais relacionado às questões físicas da empresa. Por isso, é preciso extrapolar esse conceito

para abranger além do processo produtivo (parte física), ou seja, é necessário trabalhar-se com

a definição de unidades estratégicas de negócios para envolver na análise questões referentes

à aspectos administrativos e de mercado.

Conforme citado anteriormente, Hayes et al. (2005) afirmam que as unidades

estratégicas de negócios estão associadas ao segundo nível estratégico, ou seja, a estratégia de

negócios. Cada unidade pode ter sua própria estratégia de negócios, especificando: i) o escopo

do negócio e a relação do mesmo com a corporação como um todo; ii) como se propõe a

posição da unidade dentro de um segmento industrial específico buscando alcançar e manter

uma vantagem competitiva.

Uma unidade estratégica de negócio pode alcançar uma vantagem competitiva

defensável de várias maneiras, incluindo algumas genéricas tais como: alto volume/baixo

Page 29: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

29

custo, inovação de produto e características únicas ou serviços customizados em nichos de

mercado selecionados. Para ser eficaz esta vantagem, deve se conhecer as necessidades

importantes dos clientes, levar em consideração os pontos fortes e os pontos fracos dos

concorrentes e ser sustentável em termos das características da unidade.

Exposto isso, é importante ressaltar que o conceito de unidade estratégica de negócio

pressupõe uma quebra do paradigma tradicional das organizações, propondo a criação de

diversas empresas dentro da mesma organização, tendo em vista as características de cada

uma delas. Desta forma, é essencial que a organização possa definir estratégias diferentes para

cada uma das unidades e gerenciá-las singularmente também, já que isso está intimamente

relacionado com as dimensões competitivas prioritárias em cada uma delas. Por isso, torna-se

fundamental a utilização de um sistema de avaliação de desempenho econômico-financeiro de

cada uma das unidades de negócios que possa auxiliar a empresa no na concepção da

estratégia, gestão e controle das mesmas. Em suma, é importante utilizar um robusto sistema

de custeio para sustentar esse modelo de gestão proposto.

2.3 Análise Gerencial de Custos

Após o advento da Revolução Industrial surgiu a contabilidade de custos como uma

ferramenta para auxiliar as empresas industriais a calcular seus custos. Isso porque, antes

desse evento histórico, as pessoas jurídicas eram constituídas de empresas comerciais que,

simplesmente, compravam os artigos produzidos por artesãos e os vendiam ao público em

geral. Desta forma, os custos dessas empresas eram de fácil apuração, visto que se tratavam

dos custos de compra dos itens (BORNIA, 2002).

Ainda segundo Bornia (2002), com o surgimento das indústrias, a complexidade

inerente à apuração dos custos dos produtos aumentou significativamente, já que foram

incluídos os custos de transformação. Assim, a importância da utilização das informações

econômico-financeiras das empresas como auxílio gerencial tanto para o controle quanto para

a tomada de decisão impulsionou o desenvolvimento dos sistemas de custeio.

Essa seção tem o intuito de apresentar os principais tópicos relacionados à

problemática da utilização dos custos industriais como ferramenta de apoio ao processo

decisório da empresa, particularmente da concepção das estratégias de produção. Para isso,

divide-se essa seção em três subseções mais específicas. Na primeira subseção são

Page 30: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

30

apresentadas as questões referentes à classificação dos custos empresariais para solidificar o

conhecimento básico para utilização de sistemas de custeio. Esses sistemas de custeio, os

princípios de custeio e métodos de custeio existentes, são abordados na segunda subseção.

Posteriormente, são apresentados conceitos referentes à escolha dos sistemas de custeio na

terceira subseção.

2.3.1 Classificação de Custos

Um artifício fundamental para utilização dos sistemas de custeio é a diferenciação dos

tipos de custos. Uma tipificação elementar refere-se ao volume. Os custos podem ser: i)

unitário: custo para produzir uma unidade do produto; ii) total: montante despendido para

fabricação de todos os itens (BORNIA, 2002).

Além dessa classificação inicialmente exposta, os itens de custo podem ser divididos

pela variabilidade ou pela facilidade de alocação.

2.3.1.1 Classificação pela variabilidade

Segundo Bornia (2002), partindo-se do prisma da relação com o volume produzido, os

custos podem ser tipificados em: i) fixos: independente do nível de atividade da organização,

no curto prazo, permanecem inalterados, como, por exemplo, os custos de mão-de-obra; ii)

variáveis: tem seu montante relacionado ao volume de produção da empresa, ou seja, quanto

maior a produção maiores os custos variáveis, como, por exemplo, a matéria-prima. Essa

divisão é representada na Figura 7.

Page 31: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

31

Custo Fixo

Custo Variável

Volume de Produção

$

Figura 7 – A divisão dos custos em fixos e variáveis

Fonte: Adaptado de Bornia (2002)

2.3.1.2 Classificação pela variabilidade

Bornia (2002) ainda destaca a classificação dos custos em diretos e indiretos, de

acordo com a facilidade de alocação dos mesmos, como uma importante informação para

tomada de decisões.

Os custos diretos são facilmente relacionados com as unidades de alocação de custos

(produtos, processos, unidades estratégicas de negócios, etc.). Já os custos indiretos não

podem ser facilmente alocados a essas unidades.

2.3.1.3 Relacionamento das classificações

Apresentadas algumas importantes classificações possíveis aos custos industriais,

torna-se fundamental entender a relação entre essas classificações, uma vez que todos os itens

de custos das organizações devem estar contidos nessas tipificações. Esse cruzamento entre as

classificações auxilia no entendimento da problemática, que será apresentada posteriormente,

dos princípios e métodos de custeio. A Figura 8 ilustra as possibilidades advindas desses

Page 32: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

32

cruzamentos entre as classificações utilizando como unidade de alocação as unidades

estratégicas de negócios.

Fixos Variáveis

Conceito: Fazem parte da estrutura fixa e são facilmente identificados com determinada família de produtos.

Conceito: Sofrem variações de forma proporcional ao volume produzido e são facilmente identificados com determinada família de produtos.

Exemplo: Custo referente a mão-de-obra e maquinário de uma Unidade de Negócio específica da empresa.

Exemplo: Custo referente a matéria-prima de um produto.

Conceito: Fazem parte da estrutura fixa e não possuem relação direta com nenhuma família de produtos.

Conceito: Sofrem variações de forma proporcional ao volume produzido, mas não possuem relação nenhuma família de produtos.

Exemplo: Custo referente as Unidades de Manufatura da empresa ou áreas de apoio. Ex: Setor de Manutenção.

Exemplo: Custo referente a fretes, quando esses são feitos de forma agrupada para todos os produtos da empresa.

VARIABILIDADE

FAC

ILID

AD

E D

E A

LOC

ÃO Diretos

Indiretos

Figura 8 – Relacionamento entre as classificações de custos

Fonte: Adaptado de Bornia (2002)

2.3.2 Sistemas de Custeio

Segundo Bornia (2002), um sistema de custeio pode ser analisado sob dois pontos de

vista. Primeiramente, analisa-se a adequabilidade das informações geradas às necessidades da

empresa, ou seja, avaliam-se objetivos do sistema de custos. Essa abordagem de análise é

denominada Princípio de Custeio. Por outro lado, podem-se examinar as questões

operacionais deste sistema, isto é, a forma como os dados são processados para executar a

idéia central do princípio de custeio. Esse enfoque é chamado de Método de Custeio.

Um Sistema de Custeio, portanto, é formado pela atuação sinérgica de princípios e

métodos de custeio. A escolha de um sistema de custeio para uma empresa depende,

fundamentalmente, de dois pontos: i) Análise das necessidades estratégicas da organização no

que diz respeito a custos, visto que diferentes estratégias empresariais definem diferentes

Page 33: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

33

visões de custeio (SHANK; GOVINDARAJAN, 1997); ii) Avaliação da questão custo-

benefício do sistema, ou seja, é preciso avaliar o custo para obter determinada acuracidade de

informações e os benefícios advindos desse nível de certeza (KAPLAN; COOPER, 1998). A

Figura 9 apresenta essa relação de forma gráfica.

Custo das informações$

Benefício das informações

Quantidade de informações

Figura 9 – Relação entre o custo da obtenção das informações e o benefício advindo dessas

Fonte: Adaptado de Bornia (2002)

Desta forma, não existem melhores ou piores sistemas para mensurar custos. O que

existe é uma melhor ou pior adequação das informações geradas às necessidades da empresa.

Portanto, as informações fornecidas pelo sistema de custeio devem estar alinhadas aos

objetivos estratégicos da empresa e à sua capacidade de gerar tais informações (REZLER,

2003). Rezler (2003) também destaca que, apesar de alguns métodos de custeio estarem mais

associados historicamente a determinados princípios de custeio, qualquer um dos métodos

pode ser aplicado com qualquer um dos princípios.

2.3.2.1 Princípios de Custeio

Os Princípios de Custeio são filosofias fundamentais a serem seguidas pelos sistemas

de custos. Simplificadamente, pode-se dizer que os princípios norteiam a forma como o

sistema trata os custos fixos. São três os princípios de custeio: custeio variável, custeio por

absorção integral e custeio por absorção ideal (BORNIA, 2002).

Page 34: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

34

2.3.2.1.1 Custeio variável

No custeio variável, ou direto, apenas os custos variáveis são relacionados aos

produtos, sendo os custos fixos considerados como custos do período. Esse princípio de

custeio variável está relacionado com a utilização de custos para o apoio a decisões de curto

prazo (BORNIA, 2002).

Segundo Norren et al. (1995), o princípio do custeio variável e a Contabilidade de

Ganhos da Teoria das Restrições (TOC) não possuem diferenças significativas conceituais. As

diferenças podem surgir na definição de custos variáveis, visto que, tradicionalmente, o

custeio variável considera a mão-de-obra como custo variável. Esse ponto de vista é

descartado por Goldratt (1997) que considera esses custos como Despesas Operacionais (ou

custos fixos). No entanto, neste texto essas correntes serão citadas como sinônimos, pois se

entende que, atualmente, a maior parte da mão-de-obra é fixa.

Os defensores mais radicais deste princípio de custeio, como Norren et al. (1995),

dizem que a Contabilidade dos Ganhos elimina os problemas criados pelos Sistemas de

Custos baseados nos princípios de custeio por absorção (ideal e total) como, por exemplo, o

conceito de ‘Custo do Produto’. Além disso, a Contabilidade de Ganhos torna a organização

mais robusta no que diz respeito à tomada de decisões e aos incentivos aos processos de

melhorias.

Por outro lado, segundo Kliemann e Müller (19983 apud Rezler, 2003), o princípio de

custeio variável funciona bem no curto prazo. Assim, a empresa corre o risco de transformar

uma lógica de curto prazo em uma lógica de longo prazo, principalmente se for utilizada

como base para formação de preço dos produtos, pois pode haver prejuízos para a imagem da

empresa, dificuldades na retomada dos preços normais, entre outros problemas.

2.3.2.1.2 Custeio por absorção integral

Segundo Bornia (2002), no custeio por absorção integral, ou total, a totalidade dos

custos (fixos e variáveis) é alocada aos produtos. Este sistema se relaciona com a avaliação de

3 KLIEMANN, F. J; MÜLLER, C. J. Análise Gerencial de Custos – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Caxias do Sul: UFRGS, 1998.

Page 35: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

35

estoques, ou seja, com o uso da contabilidade de custo como apêndice da contabilidade

financeira.

Conforme pode ser visto em Tatikonda (1988), o Custeio por Absorção Integral foi

desenvolvido para medir os custos e suportar decisões gerenciais em um ambiente industrial

caracterizado por: i) custo baixo do fator trabalho; ii) capital investido em máquinas pequeno

relativamente ao custo do fator trabalho; iii) os custos de produção variando em função dos

volumes; iv) muitos custos fixos possuíam alta correlação com o custo da mão-de-obra; v)

produtos altamente padronizados; vi) longos ciclos de desenvolvimento e de vida dos

produtos e mudanças pouco freqüentes do catálogo de produtos; e viii) competição

internacional pouco significativa. Assim, não tem, em geral, aplicabilidade no ambiente

competitivo atual, apesar de ser exigido pela legislação brasileira.

2.3.2.1.3 Custeio por absorção ideal

Finalmente, no custeio por absorção ideal, todos os custos também são computados

como custos dos produtos. Contudo, os custos relacionados com insumos de forma não-

eficiente (desperdícios) não são alocados aos produtos. Esse tipo de custeio se adapta à

empresa que trabalha com processo de melhoria contínua (BORNIA, 2002).

Esse Princípio é defendido por autores favoráveis à corrente que busca uma solução a

partir do corpo teórico tradicional da Contabilidade de Custos. Cooper (1990) propõe a

utilização do Custeio por Absorção Ideal associado a um método de custos para repasse dos

custos fixos aos produtos – como, por exemplo, o ABC (Custeio Baseado em Atividades),

criado por Cooper e Kaplan (1988) – para construção de um Sistema de Custos que seria

utilizado de forma mais proveitosa que o Custeio Variável, principalmente no que diz respeito

à tomada de decisão em médio e longo prazo.

2.3.2.2 Métodos de custeio

Os Métodos de Custeio executam a operacionalização das idéias do princípio de

custeio utilizado (BORNIA, 2002). São técnicas que objetivam o repasse/alocação dos itens

de custo da empresa aos produtos. São abordados neste trabalho os quatro métodos mais

difundidos nas organizações nacionais: i) Custo Padrão (descrito como método, embora

Page 36: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

36

possua características mais próximas a princípios); ii) Centros de Custos (RKW); iii) Custeio

Baseado em Atividades (ABC) e iv) Método das Unidades de Esforços de Produção.

2.3.2.2.1 Método do custo padrão

Segundo Bornia (2002), o principal objetivo da metodologia do custo-padrão é

suportar o controle de custos da empresa. O conceito básico deste método é definir quais

seriam os custos padrões para determinados itens de custo e, ao final de determinado período,

poder comparar os custos realmente ocorridos com os previstos pelo modelo, visto que essas

diferenças são evidenciadas e analisadas. Assim, pode-se dizer que o método do custo-padrão

consiste em: i) fixar um custo-padrão, que servirá de referencia para análise dos custos; ii)

determinar o custo realmente incorrido; iii) levantar a variação ocorrida entre o padrão e o

real; iv) analisar a variação, a fim de auxiliar na procura das causas (motivos) que levaram aos

desvios.

O método do custo-padrão, portanto, auxilia na fixação de modelos de comportamento

esperados e na determinação e descrição das discrepâncias verificadas, guiando a empresa

para a procura das causas (BORNIA, 2002).

2.3.2.2.2 Método dos centros de custos (RKW)

O método dos centros de custos ou método RKW teve sua origem na Alemanha no

início do século XX. Trabalha apenas com os custos de transformação, não sendo apropriado

para os custos de matéria-prima (BORNIA, 2002).

A divisão da organização em centros de custos é a principal peculiaridade deste

método. Os custos são alocados aos centros através de bases de distribuição e repassados aos

produtos por unidades de trabalho (BORNIA, 2002).

Ainda conforme Bornia (2002), a determinação dos centros de custos pode ser feita

através de diversas classificações (localização física, responsabilidade e homogeneidade),

todavia, quanto mais homogêneo for o centro de custo, melhores serão os resultados obtidos

pelo método. É importante ressaltar que os centros de custos podem ser diretos ou indiretos,

isto é, setores de produção ou de apoio à manufatura, respectivamente. Assim, como os

centros de apoio não possuem relação direta com os produtos, o método propõe que os custos

Page 37: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

37

desses centros sejam distribuídos aos centros diretos para que esses distribuam seus custos aos

produtos. Desta forma, faz-se a alocação em múltiplos estágios, conforme Figura 10.Itens de

Custo Valor Bases de Distribuição

Centro Indireto 1

Centro Indireto 2

Centro Direto 1

Centro Direto 2

Distribuição primáriaDistribuição secundária Totais

Figura 10 – Matriz de Custos

Fonte: Adaptado de Bornia (2002)

Portanto, pode-se sintetizar os procedimentos do método dos centros de custos em

cinco fases: i) separação dos custos em itens; ii) divisão da empresa em centros de custos; iii)

identificação dos custos com os centros (distribuição primária); iv) redistribuição dos custos

dos centros indiretos até os diretos (distribuição secundária); v) distribuição dos custos dos

centros diretos aos produtos (distribuição final) (BORNIA, 2002).

Bornia (2002) também destaca que a acuracidade do método está diretamente ligada à

homogeneidade dos centros de custos definidos. Por isso, é possível afirmar que esse método

de custeio funciona melhor em organizações tradicionais com poucos movimentos em direção

à produção enxuta, visto que sistemas enxutos de produção busca trabalhar com leiautes

celulares o que não caracteriza um centro de custo homogêneo. Então, a aplicação deste

método em fábricas celularizadas tende a apresentar resultados pouco precisos.

Segundo Rezler (2003), o RKW tem muita relação com o custeio integral, podendo

também ser utilizado em conjunto com o custeio ideal. Sua técnica de tratamento e

distribuição dos custos indiretos (rateio) em muito se assemelha a alguns casos específicos do

método de custeio ABC, que busca rastrear os custos ao invés de meramente rateá-los.

2.3.2.2.3 Método do custeio baseado em atividades (ABC)

Este método visa basicamente estabelecer uma forma mais lógica de repassar os custos

indiretos fixos aos produtos, através da noção de atividades. Para Bornia (2002), a idéia básica

do ABC é tomar os custos das várias atividades da empresa e entender seu comportamento,

encontrando bases que representem as relações entre os produtos e essas atividades. Seus

Page 38: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

38

procedimentos são parecidos com as etapas do método dos centros de custos (RKW) na

medida em que o RKW também aloca os custos aos produtos por meio de bases de relação.

Assim, pode-se, de maneira simplificada, estabelecer quatro fases para o cálculo dos

custos dos produtos pelo ABC: i) mapeamento das atividades; ii) alocação dos custos às

atividades; iii) redistribuição dos custos das atividades indiretas até as diretas; iv) cálculo dos

custos dos produtos (BORNIA, 2002). A Figura 11 apresenta de forma gráfica essas fases.

1

2

3

4

n

1

4

3

n

Recursos Direcionadores de Custos

Centro de Atividades

Direcionadores de Custos Produtos

Figura 11 – Distribuição dos custos segundo os direcionadores de custos

Fonte: Adaptado de Cogan (2002)

Kliemann e Müller (19983 apud Rezler, 2003) afirmam que, resumidamente, o ABC

trata os custos indiretos como se fossem diretos, identificando as atividades que consomem

esses recursos e relacionando os produtos com essas atividades.

O ABC mede consumo e não gastos. No curto prazo, mudanças nas atividades podem

não ter impactos significativos no consumo de recursos. No longo prazo, entretanto, podem

ser realizadas melhorias no sentido de aproximar os gastos do consumo. Assim, é correto

afirmar que o ABC é um método mais apropriado para a análise de longo prazo (REZLER,

2003).

Além disso, segundo Bornia (2002), o ABC identifica-se mais com o princípio do

custeio ideal em virtude da preocupação com a melhoria contínua.

Page 39: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

39

2.3.2.2.4 Método das Unidades de Esforços de Produção (UEP)

Difundido principalmente na região sul e sudeste do Brasil, este método de custeio,

desenvolvido por engenheiros, claramente privilegia os setores produtivos das organizações,

uma vez que o método trabalha apenas com custos de transformação, sendo que os custos de

matéria-prima não são analisados pelo mesmo, devendo ser tratados separadamente

(BORNIA, 2002).

Conforme Bornia (2002), a lógica da UEP propõe analisar o sistema produtivo como

um conjunto de esforços de fabricação (esforço material, esforço humano, esforço de capital)

que necessita de uma unidade de medida. Esses esforços representam todo o esforço

despendido no sentido de transformar a matéria-prima em produtos acabados. Allora (1995)

enfatizam o objetivo do método dizendo que assim como fenômenos como a temperatura ou

força possuem escalas de serem compreendidos e comparados, o fenômeno produção também

necessita de sua própria escala de medição. Essa unidade é a UEP.

Rezler (2003) destaca que para encontrar esta unidade de medida, o UEP baseia-se em

três premissas básicas: i) princípio do Valor Agregado; ii) principio das Relações Constantes;

iii) princípio das Estratificações.

Conforme destacado anteriormente, pelo princípio do Valor Agregado, a UEP

determina que a matéria-prima não seja considerada como custo de fabricação. Isso porque

deve ser visto como um objeto de trabalho, cujo custo intrínseco deve ser repassado ao preço

de venda. Portanto, para a UEP o que importa é a adição de trabalho sobre a matéria-prima,

dividindo os custos desta forma em diretos e indiretos (fábrica e administrativos).

O princípio das Relações Constantes indica que quando definido o valor da UEP de

cada posto operativo, esse valor permanece constante. Isto é, se determinado posto gasta 4

UEPs/h e outro gasta 2 UEPs/h, a relação entre ambas será sempre igual a dois.

Por fim, a UEP separa o consumo de recursos em consumo direto, indireto e custo de

capital. O tratamento dos dois últimos é feito através de rateio simples, tal qual o método de

Centro de Custos. Portanto, pode-se dizer que a UEP a um método de custeio bastante

apropriado para indústrias de transformação multiprodutoras, mas não trata adequadamente a

questão dos custos indiretos (REZLER, 2003).

Bornia (2002) identifica cinco etapas básicas para implantação deste método de

custeio: i) divisão da empresa em postos operativos; ii) cálculo dos índices de custos; iii)

Page 40: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

40

escolha do produto-base; iv) cálculo dos potenciais produtivos; v) e determinação dos

equivalentes dos produtos.

A primeira consiste na divisão da fábrica em postos operativos, que é um conjunto de

operações de transformação homogêneas, ou seja, é um conjunto formado por uma ou mais

operações produtivas elementares que apresentam a característica de serem semelhantes para

todos os produtos que passam pelo posto. Assim, é importante ressaltar que o posto operativo

pode ser composto por mais de um posto de trabalho ou até mesmo um posto de trabalho pode

ser mais de um posto produtivo, no entanto, procura-se fazer com que o posto de trabalho

coincida com o posto operativo.

O cálculo dos índices de custos é a determinação dos custos horários ($/h) dos postos

operativos, denominados foto-índices. Esses índices são calculados de acordo com o gasto de

insumos por parte dos postos operativos em funcionamento.

A terceira etapa, a escolha do produto base, caracteriza-se pela escolha de um produto

para que, a partir dos tempos de utilização dos postos operativos pelo mesmo, calcule-se o

custo deste item, denominado foto-custo-base.

Os passos dois e três servem de entrada para etapa quatro, cálculo dos potenciais

produtivos, que, dividindo o primeiro pelo segundo, definindo a máxima produção ou a

capacidade do posto operativo por unidade de tempo em UEP do produto base.

Finalmente, a quinta etapa determina o custo produtivo de cada produto através da

multiplicação da capacidade de cada posto operativo (em UEP) pelos quais o produto em

questão passa pelo seu tempo de processamento em cada posto.

Esta é a mecânica básica do método da UEP e uma das vantagens em se utilizá-lo é

que, uma vez quantificados os custos de cada posto operativo, determinados os consumos de

UEPs para cada produto e colocado os dados em formato digital, pode-se manter os custos

atualizados de forma bastante simples. Basta corrigir o valor de uma UEP e todos os demais

custos estarão automaticamente atualizados (REZLER, 2003).

A desvantagem do método é a sua abordagem de rateio aos custos indiretos, isso o

identifica muito com o princípio de custeio por absorção integral. Muito provavelmente uma

empresa que se interessasse pela simplicidade do UEP teria melhores resultados se deixasse

para tratar os custos administrativos sob uma ótica de ABC, por exemplo, reservando ao UEP

apenas os custos operacionais diretos (BORNIA, 2002).

Page 41: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

41

2.3.3 Escolha do sistema de custeio adequado

Os conceitos expostos anteriormente reforçam a sinergia entre os princípios e os

métodos de custeio, visto que, muito embora todos métodos possam ser utilizados com todos

os princípios, existem métodos mais relacionados com determinados princípios, ou seja, a

escolha de um acaba determinando ou então influenciando a escolha do outro. Assim, com

esses dois temários detalhados anteriormente, pode-se analisar as variáveis para escolha do

sistema de custos adequado para cada organização.

A partir da análise desenvolvida anteriormente, percebe-se que as empresas que

estiverem procurando um Sistema de Custos que suporte a tomada de decisão gerencial e

estimule ações de melhorias contínuas encontram duas correntes: Custeio Variável e Custeio

por Absorção Ideal.

Com essa delimitação é preciso analisar as peculiaridades da empresa para escolher

qual sistema se adapta melhor as condições da empresa.

Conforme Bornia (2002), o Custeio por Absorção Ideal em conjunto com o método

ABC tem um resultado mais robusto que o Custeio Variável, principalmente no que diz

respeito a ações de melhoria continua e à tomada de decisão em médio e longo prazo.

Entretanto, a robustez deste resultado depende de uma base de dados sólida e constantemente

atualizada que será fundamental para utilização dos chamados ‘direcionadores de custos’ para

a operacionalização do ABC.

Consoantes com essa opinião, Kaplan e Cooper (1998) consideram que a

Contabilidade de Ganhos é ‘uma excelente aproximação da realidade’ para o problema que se

propõe a resolver: decisões de curto prazo.

Em contrapartida, conforme Orstein (1972), a lógica de apuração de custos pelo

custeio variável seria mais correta do que a apuração de custos pelos métodos tradicionais

associados ao Princípio do Custeio por Absorção, devido aos ‘direcionadores de custos’.

Além disso, ele defende que o Custeio Variável permite extrair conclusões mais claras e

corretas no que tange a decidir quais produtos privilegiar na produção e se aplicaria com

vantagens nos casos em que se torna necessário determinar a maior lucratividade tendo em

vista alguma restrição, como, por exemplo, um recurso gargalo.

Page 42: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

42

Corbett (2002) argumenta que a lógica do ABC pressupõe que a maximização da

utilização de todas as atividades (isto é, altas eficiências locais) irá levar a uma maior

lucratividade (ótimo global). Por outro lado, a Contabilidade de Ganhos, alinhada com a TOC,

preconiza que é necessário ter altas eficiências locais nos pontos restritivos para ampliar o

ótimo global.

Em suma, é preciso analisar a questão custo-benefício e a estratégia da empresa para

decidir pela utilização do Custeio por Absorção Ideal ou do Custeio Variável.

2.4 A Economia da Estratégia

A partir dos conceitos expostos anteriormente, procura-se uma forma de conectar os

mesmos sob o ponto de vista teórico. Essa procura parece findada ao analisarmos o material

desenvolvido por Besanko et al. (2006). Nesta obra denominada A Economia da Estratégia,

os autores apresentam a visão de estratégia organizacional ou tomada de decisões com uma

abordagem econômica.

Sucintamente, o trabalho apresenta o tema estratégia de acordo com os autores

tradicionais e ampliam essa visão por meio de alguns estudos de casos. Para isso, é importante

entender a finalidade de um negócio como a criação de um cliente (DRUCKER4, 1973 apud

BESANKO ET AL., 2006). Isso pode ser feito através da criação e da entrega de valor

econômico,

Segundo Besanko et al. (2006), essa percepção de valor econômico gerado e

fundamental para formação da estratégia da empresa, visto que para se tornar mais

competitiva no mercado as organizações devem ampliar seus resultados econômico-

financeiros. Assim, pode-se entender que a benefício visto pelo consumidor em determinado

produto representa a quantia máxima que este está disposto a pagar pelo mesmo. Desta forma,

a diferença entre esse valor percebido pelo cliente e os custos associados a confecção deste

bem, geram o lucro para organização.

Desta forma, pode-se utilizar esses conceitos para ampliar o escopo da abordagem de

estratégia genérica de produção proposta por Porter (1980) pode-se entender que a empresa

deve, independente da estratégia genérica adotada, posicionar-se estrategicamente. Isto

4 DRUKER, P. F., Management: Task, Responsabities, Pratices, New York, HaperBusiness, 1973, p.61.

Page 43: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

43

significa que a gestão deve compreender que a estratégia genérica escolhida deve ser pautada

de alguns pressupostos econômicos para ser bem sucedida.

Para estratégias de diferenciação por custos, deve-se compreender que a empresa deve

o benefício que ela oferece ao cliente deve ser semelhante ao dos concorrentes porém a um

preço menor, para que ela possa alavancar vendas, ou então, ela precisa oferecer um benefício

semelhante com preços semelhantes, mas custos menores, para ampliar as suas margens e sua

competitividade neste mercado.

Por outro lado, a empresa pode optar por diferenciar-se em benefícios, ou seja, ela

deve oferecer benefícios superiores à concorrência e cobrar preços semelhantes aos mesmos –

aumento do resultado por aumento das vendas – ou então, ela pode oferecer benefícios

superiores aos concorrentes e cobrar um preço Premium por isso – aumento do resultado por

aumento de margens –.

Fica claro que essa decisão não é algo simples e deve ser tomada levando em conta as

peculiaridades de cada empresa e do seu mercado, pois esse tem papel decisivo no

posicionamento da organização. Isso porque, existem situações em que fica evidente a

necessidade de trabalhar-se numa lógica de liderança em custos: i) a natureza do produto

limita as oportunidades para alavancar seu benefício percebido; ii) os consumidores são

sensíveis a preços e não pagarão um prêmio por qualidade, performance ou imagem do

produto e; iii) o produto é uma mercadoria de busca – os atributos do mesmo podem ser

avaliados antes da compra – e não de experiência – a qualidade só pode ser avaliada depois do

uso –. Em contrapartida, existem situações em a necessidade de atuar com liderança de

benefícios fica aparente: i) consumidor pagará preço premium por um maior benefício; ii) as

economias de escala são significativas e as empresas já estão explorando-as; ii) o produto é

uma mercadoria de experiência e não uma de busca (BESANKO ET AL., 2006).

Os pontos acima não significam que em qualquer setor há uma posição estratégica

ideal para todas as empresas. Mais do qualquer outra coisa, a capacidade de uma empresa

tornar-se mais competitiva que seus concorrentes vem da sua capacidade de suplantá-los em

termos de valor econômico percebido pelo mercado consumidor. Entretanto, independente

disso, uma empresa jamais deve tornar uma stuck in the middle (Porter, 1980), ou seja, ela não

deve ser uma organização que não tem vantagem de custos nem de benefícios, pois essas

companhias tornam-se tipicamente menos rentáveis do que as concorrentes que assumiram

posições claras de liderança.

Page 44: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

44

Em suma, é preciso compreender bem seu macro-ambiente e a economia de cada uma

das suas unidades estratégicas de negócios para formatar a melhor forma de atuação em cada

mercado.

Page 45: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

45

3. METODOLOGIA

3.1 Descrição do cenário

3.1.1 Apresentação Inicial

A Holding X é a controladora das empresas do grupo. Desta forma, sua principal

responsabilidade é a concepção e definição do planejamento estratégico do grupo. As

empresas que formam esse grupo são as seguintes: A: empresa estudada que fabrica

componentes para indústria automotiva; B: distribuidora de auto-peças; C: oficina mecânica;

D: exportação de componentes automotivos.

Dito isto, a empresa A será o foco do trabalho. Ela está sitiada em Porto Alegre (RS) e

foi fundada em 1996 com o intuito de atender as necessidades de um mercado emergente, o de

auto-peças, uma vez que neste período o setor automotivo nacional entrava em uma nova fase

com a inserção de sete novas montadoras no mercado.

A principal atividade-fim da empresa é a produção e comercialização de componentes

dos sistemas de direção e suspensão de veículos de passeio pertencentes ao mercado

automotivo. Cabe ressaltar que a linha de produtos da empresa não está restrita apenas aos

veículos de montadoras com operações no mercado nacional. Componentes para diversas as

montadoras mundiais e veículos das mesmas são produzidos, sendo que os pertencente a

veículos que não circulam no Brasil são vendidos no mercado de reposição do exterior através

da empresa D do grupo que faz a exportação dos componentes automotivos.

Entre os itens atualmente comercializados pela empresa destacam-se: i) acoplamento

de direção: a linha foi desenvolvida para complementar o sistema de direção, transmitindo o

movimento da articulação da coluna de direção para a caixa de direção dos veículos; ii)

guarda pó: produzido para manter e proteger os mecanismos da direção, aumentando a

durabilidade dos mesmos; iii) terminais de direção: essa linha de produtos foi lançada em

2005 e é utilizada para manter a ligação entre a barra de direção e as rodas; iv) pivô de

suspensão: une a suspensão ao montante da roda; v) articulação da coluna de direção:

transmite os movimentos do volante para caixa de direção; vi) braço auxiliar de direção:

transfere os movimentos da barra de direção e; vii) articulação axial: esse é atualmente o core

Page 46: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

46

business da organização, tem como função transmitir os movimentos axiais da caixa de

direção às rodas. A figura 11 apresenta exemplos ilustrativos do catálogo da empresa.

Terminal de Direção

ArticulaçãoAxial

Guarda-pódireção

Pivô daSuspensão

Braço deDireção

AcoplamentoDireção

Articulação Coluna de Direção

Figura 12 – Linhas de produtos comercializados pela empresa A

Fonte: Documentação interna da empresa A

A operação da empresa A é realizada em uma unidade fabril instalada na região norte

de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul. A planta possui cerca de 9 mil metros

quadrados, possuindo um parque industrial de aproximadamente 4 mil metros quadrados de

área construída. Além disso, a empresa conta com cerca de 120 colaboradores, sendo desses

23 trabalhando nas áreas indiretas (administrativo, financeiro, recursos humanos, engenharia,

programação da produção, manutenção e outros) e os demais trabalhando na manufatura dos

bens produzidos pela empresa. A fábrica, atualmente, opera em um turno, com exceção da

área de usinagem, atual restrição da empresa, que opera em três turnos.

É importante destacar que dentre toda gama de itens comercializados pela organização

apenas 3 linhas de produtos são fabricadas internamente: i) articulação axial; ii) terminal de

direção e iii) pivô de suspensão. Os demais itens comercializados pela empresa são

importados e revendidos em outros mercados. No que diz respeito a linha de articulação axial

é importante apresentar a política da empresa sobre a mesma. Como esse ramo é considerado

o core business da organização, a empresa trabalha com uma lógica de transmitir ao mercado

que a articulação axial de qualquer veículo é comercializada pela empresa, ou seja, não

importa qual seja o veículo que o cliente pensar ela possuirá a articulação axial do mesmo.

Essa política tem garantido a liderança do mercado de reposição nesta linha de produtos. Em

Page 47: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

47

contrapartida, a mesma política ocasiona um grande aumento no nível de estoques dentro da

planta fabril, visto que a empresa já produz e mantém estoques de modelos de veículos recém

lançados, mesmos sem esperar por pedidos desses itens, ou seja, para manter a imagem para o

mercado.

3.1.2 Mercado de atuação

A atuação da empresa, conforme destacado anteriormente, dá-se no setor de auto-

peças de veículos de passeio. Entretanto, a empresa trabalha exclusivamente nos mercados de

reposição e exportação, ou seja, a empresa não fornece componentes apenas para as industrias

automobilísticas. Todavia, a expansão da atividade da empresa está intimamente relacionada

com o setor automotivo, isto é, as características da operação da organização são idênticas as

das indústrias automotivas. Em suma, nos últimos anos o mercado de atuação da empresa A

apresenta: i) pequena escala de produção em comparação a outros países; ii) aumento da

diversidade de itens sem aumento expressivo do volume vendido, ou seja, há aumento de mix

sem aumento de vendas; iii) globalização da economia com entrada de novos e fortes

concorrentes estrangeiros e iv) custo de mão-de-obra barato em relação aos países

desenvolvidos, mas caro em relação à China. A figura 12 apresenta a evolução do

faturamento e do investimento da indústria de auto-peças nacional.

Tabela 2 – Faturamento e investimento da indústria de auto-peças

1977 3.347,00$ 73% 2.436,62$ 19% 619,20$ 3% 103,76$ 6% 187,43$ 3251980 5.287,00$ 71% 3.737,91$ 18% 687,78$ 6% 39,89$ 5% 2,03$ 2841985 5.541,00$ 60% 3.341,22$ 23% 751,78$ 13% 95,48$ 5% 4,30$ 2541990 12.244,00$ 58% 7.064,79$ 26% 1.836,84$ 11% 203,89$ 5% 10,60$ 9871991 9.848,00$ 60% 5.859,56$ 22% 1.306,68$ 14% 176,40$ 5% 8,29$ 7641992 10.122,00$ 60% 6.083,32$ 20% 1.234,91$ 15% 186,47$ 5% 8,39$ 7151993 13.222,00$ 62% 8.144,75$ 18% 1.425,33$ 16% 223,78$ 5% 11,64$ 7021994 14.376,00$ 60% 8.683,10$ 19% 1.675,84$ 16% 259,76$ 5% 12,47$ 8831995 16.584,00$ 60% 9.867,48$ 20% 1.953,76$ 15% 293,06$ 6% 16,70$ 1.2471996 16.122,00$ 60% 9.592,59$ 20% 1.870,56$ 15% 273,10$ 6% 17,48$ 1.2961997 17.458,00$ 60% 10.439,88$ 18% 1.868,74$ 15% 274,70$ 8% 20,88$ 1.7981998 14.853,00$ 58% 8.614,74$ 19% 1.636,80$ 17% 278,26$ 6% 16,70$ 1.5801999 11.213,00$ 55% 6.189,58$ 19% 1.151,26$ 21% 238,31$ 6% 13,11$ 1.0202000 13.309,00$ 57% 7.559,51$ 18% 1.322,91$ 20% 264,58$ 6% 15,08$ 1.1002001 11.903,00$ 58% 6.879,93$ 17% 1.190,23$ 19% 223,76$ 6% 13,65$ 7982002 11.309,00$ 55% 6.208,64$ 16% 962,34$ 23% 222,30$ 7% 14,45$ 2602003 13.330,00$ 56% 7.411,48$ 14% 1.059,84$ 24% 249,06$ 7% 16,44$ 5322004 18.549,00$ 59% 10.851,17$ 13% 1.454,06$ 21% 303,90$ 7% 21,88$ 8432005 25.263,00$ 62% 15.587,27$ 12% 1.917,23$ 19% 358,52$ 7% 26,17$ 1.4132006 28.548,00$ 62% 17.557,02$ 12% 2.106,84$ 19% 400,30$ 8% 30,02$ 1.3002007 35.950,00$ 63% 22.792,30$ 13% 2.849,04$ 16% 458,70$ 8% 36,70$ 1.350

Investimento

Valores em Milhões de USDFaturamento

Ano Distribuição por DestinoTotalIndustria Automolística Mercado Reposição Exportações Outros Fabricantes

Page 48: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

48

Fonte: Anuário Anfavea 2008

Analisando-se a figura, percebe-se que do período de 1994 até 2004 o nível de geração

de receita da indústria de auto-peças permaneceu praticamente constante. Considerando-se

ainda que a diversidade de itens aumentou exponencialmente neste período e, ainda, que o

número de fabricantes de auto-peças também cresceu consideravelmente, pode-se entender a

complexidade de atuar competitivamente neste mercado. A empresa em que o projeto será

realizado possui uma receita de aproximadamente 20 milhões de dólares anuais, ou seja, é

uma empresa média neste setor que, segundo fontes internas, possui cerca de 5% do mercado

de reposição de auto-peças. No entanto, quando se trata de produtos como articulação axial a

empresa encontra-se entre as cinco maiores do mercado nacional.

Para completar este quadro sucinto relativo à análise das condições de funcionamento

do mercado parece relevante discutir os aspectos relativos à formação de preço dos produtos.

No passado, em função da importância estratégica da Empresa no mercado brasileiro, havia

uma influência grande, por parte da mesma, no que tange a formação dos preços no mercado.

No entanto, hoje se observa uma forte tendência para que os preços sejam, cada vez mais,

definidos no âmbito do mercado. Um dos fatores que parece influenciar neste sentido é a

globalização cada vez maior dos mercados em termos internacionais. Pode-se dizer que há

uma forte tendência de que os preços dos produtos deste segmento industrial tenham como

referência central as práticas adotadas no mercado internacional.

Sendo assim, gradualmente, existe uma tendência a que este mercado funcione a partir

de uma lógica do chamado “Custo-Alvo”. Isto na medida em que os preços são estabelecidos

a partir do comportamento do mercado, para que as empresas obtenham um lucro considerado

razoável em uma dada linha de produtos, devem chegar ao “Custo-Alvo” que permita a

obtenção dos resultados desejados. Ou seja, a equação que, provavelmente, comandará cada

vez mais o mercado em questão é: Custo = Preço – Lucro.

Ainda cabe ressaltar que, a empresa A pode ser considerada uma empresa seguidora

no mercado, uma vez que dentro do mercado nacional as fornecedoras das montadoras são

responsáveis por definir a maior parte dos padrões de mercado do segmento industrial. Sendo

assim, as demais empresas concorrentes que atuam no mercado de reposição, como a empresa

A, tendem a cumprir o papel de seguidoras das linhas gerais colocadas pelas empresas líderes

de mercado.

Page 49: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

49

3.1.3 Estrutura interna da empresa estudada

A empresa possui uma estrutura organizacional funcional e bastante enxuta no que tange às

áreas de apoio. As diretrizes da empresa partem de um comitê de direção que, por sua vez

possui um dos seus membros como a figura de um diretor industrial da organização. Esse

repassa as responsabilidades e recursos aos gestores funcionais, que possuem uma estrutura

para suportá-los. A figura ilustra esse modelo.

Comitê de Direção

Diretor Industrial

Gerência de Produção

Conselho

Gerência Administrativa

Engenharia

Programação

Coordenação de Produção

Manutenção

Compras

Vendas

Controladoria

Recursos Humanos

Figura 13 – Estrutura organizacional resumida

Fonte: Documentação interna da empresa A

No que diz respeito da produção propriamente dita, a empresa possui um coordenador

de produção por turno que se reporta ao gerente de produção. Ainda existem três líderes de

produção por turno para coordenar as atividades em cada uma das unidades da empresa.

A fábrica pode ser entendida com três mini-fábricas, conforme conceito apresentado

na secção 2.2. Essas seriam: i) fábrica de componentes: beneficia a matéria-prima bruta e

fornece componentes para os setores de montagem; ii) montagem axial: a partir dos

componentes recebidos da fábrica de componentes e de terceiros, monta produtos da linha de

Page 50: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

50

articulação axial e iii) montagem de pivô e terminal: a partir dos componentes recebidos da

fábrica de componentes e de terceiros, monta produtos da linha de pivô de suspensão e

terminal de direção.

A lógica de produção é, em geral, a seguinte: i) a empresa A recebe tubos de aço e

peças fundidas de fornecedores externos; ii) a fábrica de componentes utiliza esses insumos

para produzir componentes que posteriormente serão montados e formarão produtos

comercializados pela empresa, para isso, são feitas operações de usinagem (setor restritivo da

empresa), conformação a frio, fresamento, corte, brunimento, lixamento, conforme

necessidade dos itens; iii) após isso, a maior parte dos itens são transportados e armazenados

em um estoque entre a fábrica de componentes e as montagens finais, entretanto, existe um

conjunto de itens que são expedidos para realizar alguma atividade em terceiros, como, por

exemplo, tratamento térmico, além disso, existem itens que vem diretamente de fornecedores

terceiros para o estoque intermediário, sem passar por operações internas (no caso, são os

usinados em virtude da falta de capacidade do setor em atender à demanda atual); iv) feito

isso, as montagens finais (axial ou pivô-terminal) buscam os itens que necessitam no estoque

intermediário e produzem os itens finais vendidos pela empresa; v) então esses itens são

armazenados na expedição até a sua venda. A figura apresenta esse fluxo produtivo.

Usinagem

Entrada e saída de materiais

Almoxarifado

Montagem

Expedição

Figura 14 – Planta baixa e fluxo do processo produtivo

Fonte: Documentação interna da empresa A

Page 51: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

51

Ainda cabe destacar, que em função da política da empresa, a produção é feito sob

uma lógica Make-to-Stock. Findado os processos produtivos a empresa distribui seus produtos

aos seus clientes. Em geral, esses clientes são oficinas mecânicas e distribuidoras de auto-

peças.

3.2 Procedimentos Metodológicos

Os procedimentos metodológicos do presente trabalho podem ser classificados em

duas partes: i) procedimento de pesquisa e; ii) procedimento de projeto. O procedimento de

pesquisa para elaboração do trabalho foi o da pesquisa-ação. O procedimento do projeto,

construído através das diretrizes advindas do método de pesquisa-ação, procura descrever o

procedimento prático utilizado para executar a trabalho proposto. A seguir apresenta-se o

procedimento de pesquisa.

3.2.1 Procedimento de Pesquisa

No que tange a procedimento de pesquisa, o método utilizado contém elementos da

pesquisa-ação. Esse método caracteriza-se pela pesquisa ser concebida e realizada em estreita

associação com uma ação ou resolução de um problema coletivo (Thiollent, 1986).

Segundo THIOLLENT (1986), nesse tipo de procedimento faz-se fundamental uma

característica de bom relacionamento inter-pessoal e liderança do pesquisador, uma vez que é

de suma importância para o sucesso do projeto um clima de envolvimento cooperativo entre

os pesquisadores e os participantes que convivem com a situação/problema. Ainda é preciso

entender que os pesquisadores precisam apresentar pró-atividade, visto que parte deles a base

teórica para guiar o grupo no equacionamento dos problemas, organização, acompanhamento

e avaliação das ações.

Esse método pressupõe ênfase à análise das diferentes formas de ação. Os temas são

limitados ao contexto da pesquisa com base empírica, voltando-se para a descrição de

situações concretas e para a intervenção orientada em função da resolução dos problemas

efetivamente detectados na coletividade considerada. Embora privilegie o lado empírico,

contrário à pesquisa positivista tradicional na valorização de critérios lógico-formais e

estatísticos, a abordagem parte sempre do quadro de referenciais teóricos, sem o qual, a

Page 52: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

52

pesquisa-ação não faria sentido (THIOLLENT, 1986). Em síntese, como propõe Thiollent

(1986), a pesquisa-ação é uma estratégia metodológica da pesquisa social, na qual existe

ampla e explícita interação entre o pesquisador e as pessoas envolvidas na situação

investigada; dessa interação resulta a priorização dos problemas a serem pesquisados e das

soluções a serem encaminhadas em ações concretas; o objeto de investigação não se constitui

em pessoas, mas sim, em situações sociais e seus problemas; o objetivo da pesquisa-ação é

resolver ou esclarecer os problemas identificados na situação observada; a pesquisa não se

limita à ação, pressupõe um aumento do conhecimento e do “nível de consciência” das

pessoas ligadas à situação e do próprio pesquisador.

De acordo com os princípios da pesquisa-ação, os aspectos práticos de concepção e

organização do trabalho apresentam fases que não são rigorosamente seqüenciais, sendo seu

planejamento flexível e passível de adequação às necessidades do pesquisador e dos

participantes. Entretanto, em linhas gerais, as etapas dessa metodologia são as seguintes: i)

exploração: diagnosticar a realidade, levantamento da situação, eventuais ações, objetivos

gerais; ii) tema: designar o problema e a área de conhecimento, marco teórico, pesquisa

bibliográfica; iii) problematização: definir abordagem, relevância científica e prática da

pesquisa; iv) teoria: quadro de referência teórica que norteará a interpretação de resultados; v)

hipóteses: suposições (não testadas) a respeito de possíveis soluções, caráter de condução do

pensamento; vI) seminário: exame, discussão e tomada de decisões acerca da investigação,

coordenar as atividades dos grupos; vii) comunidade: campo de observação, amostragem e

critérios de representatividade qualitativa; coleta de Dados: entrevistas, questionários,

arquivos, grupos de observação: seminário central; viii) aprendizagem: colaboração entre os

participantes e pesquisadores em perspectiva de intercâmbio; ix) interpretação: descrição do

problema buscando inter-compreensão entre saber formal e informal (Thiollent, 1986).

Exposta essa base conceitual do método de pesquisa escolhido para execução do

trabalho, pode-se conceber e apresentar o método de projeto, que é a descrição das etapas

utilizadas para realizar as atividades propostas.

3.2.2 Procedimento de projeto

O método para execução do projeto contempla oito etapas conforme a Figura 14. É

importante salientar que as etapas um até a quatro foram realizadas previamente. Na etapa

Page 53: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

53

um, definição do escopo do projeto, o autor do trabalho buscou uma situação que entende

como deficiente em algumas organizações e de grande potencial de contribuição da

engenharia de produção nas mesmas. Com isso, foi selecionado o tema e objetivos do trabalho

– proposição da utilização de sistemas de custeio para auxiliar na concepção da estratégia de

produção das organizações, com suporte do conceito de unidades estratégicas de negócios –, o

setor de atuação em que se pretendia executar o trabalho – setor automotivo – e entendeu-se

as relevâncias desse projeto. Essas informações estão disponíveis nas seções 1.1, 1.2 e 1.3.

Na segunda etapa, referencial teórico, foi realizada uma pesquisa detalhada sobre os

grandes tópicos que o trabalho busca abordar – estratégia de produção, unidades estratégicas

de negócios e custos industriais – para formar a base crítica para concepção da estratégia de

atuação do trabalho. Já a etapa número três, definição do local de pesquisa, delimitou-se a

procurar no setor automotivo empresas interessadas em servirem como fonte de dados e

auxilio ao projeto. Essa etapa foi, por basear-se em contatos com as empresas, muito

complicada, uma vez que o setor automotivo possui uma acirrada concorrência e um mercado

muito aquecido atualmente. Com isso, a maior parte das empresas contatadas não dispunha de

interesse e/ou recursos disponíveis para realizar essa atividade dentro do prazo estipulado. No

entanto, o maior receio das organizações consultadas situava-se na divulgação de dados

sigilosos das mesmas. Por isso, todos os dados apresentados nessa pesquisa serão modificados

(mantendo as equivalências percentuais) e o nome da organização será mantido em sigilo.

Definição do Escopo do Projeto

Definição do Local de Pesquisa

Referencial Teórico

Delimitação do Trabalho Prático

Diagnóstico da Situação Atual

Análise dos Dados Coletados

Apresentação das Análises e Propostas de Melhoria

Elaboração do Trabalho

1

2

3

4

5

6

7

8

Figura 15 – Etapas do procedimento de pesquisa

Fonte: Autor

Page 54: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

54

Na etapa quatro, delimitação do trabalho prático, buscou-se entender as limitações de

recursos, informações e tempo da empresa estudada para execução do trabalho, confrontando

isso com a teoria proposta inicialmente como objetivo do projeto. Com isso, em algumas

oportunidades, fizeram-se necessárias algumas modificações e revisões do referencial teórico

– como indica a seta que faz a realimentação da etapa quatro para etapa 2 – para

complementar a teoria proposta e adequar os propósitos teóricos com o desenvolvimento

prático do trabalho. Essa etapa foi extremamente importante, pois garantiu o alinhamento da

pesquisa com os objetivos do trabalho e com as limitações existentes para o mesmo, ou seja,

essa etapa e seus feedbacks potencializaram o sucesso da execução do projeto.

O diagnóstico da situação atual, etapa 5, tem como intuito entender os processos de

tomada de decisão e formação das estratégias de produção da empresa, considerando a

utilização do sistema de custos para tal e analisando a utilidade das informações advindas do

mesmo para isso. Além disso, procurar-se enxergar a organização estudada a partir da ótica de

unidades estratégicas de negócios. Para executar essa etapa, são realizadas as seguintes

tarefas: i) reunião de abertura do projeto com a direção da empresa; ii) reunião de abertura do

projeto com a equipe do projeto; iii) visitas “in loco” para coletar as informações necessárias

para formação da base de dados para as análises; iv) reunião de acompanhamento com a

equipe do projeto.

A reunião de abertura do projeto com a direção da empresa deve servir para apresentar

detalhadamente o objetivo do trabalho, os conceitos envolvidos – estratégia de produção,

unidades estratégicas de negócios e custos industriais –, o macro cronograma de trabalho, os

recursos humanos necessários para suportar o trabalho, as informações necessárias para as

análises, orçamento inicial para o projeto e os resultados esperados do projeto. Por sua vez, a

reunião de abertura com a equipe do projeto é o encontro realizado, com as pessoas

designadas pela empresa para trabalhar na pesquisa, para desmembrar as atividades do

mesmo, detalhando o cronograma e orçamento do projeto. Para elaboração desses documentos

de planejamento do projeto, seão utilizados: i) software de gestão de projeto (similar ao

Microsoft Project), para montar o cronograma do projeto e fazer a gestão do mesmo; ii)

planilha (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto

(Word) para documentação das atas de reunião e planos de ação do projeto.

Para expor as idéias centrais do trabalho aos envolvidos no projeto durante essas duas

primeiras tarefas, são utilizados os conceitos desenvolvidos durante o capitulo 2 deste

Page 55: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

55

trabalho e são apresentados dados sobre o setor e a empresa em si. Como a empresa é de porte

médio e não possui informações substanciais, como pesquisas de mercado, participação de

mercado, pesquisa de satisfação e outros, a principal fonte de dados para essa fase inicial será

o ANFAVEA (Anuário Estatístico da Indústria Automobilística Brasileira) de 2008, que

apresenta diversas informações sobre o setor, como algumas tabelas apresentadas

anteriormente neste trabalho.

Findada a etapa de planejamento do projeto, a equipe parte para fase de execução do

mesmo que, sinteticamente, consiste em coletar dados e analisar a realidade da empresa

através de visitas do autor à mesma. Os dados coletados são principalmente referente ao

sistema de custeio da empresa, pois as demais informações, em virtude da base de dados da

empresa, são obtidas através de reuniões sistemáticas com os gestores da empresa, por meio

de entrevistas semi-estruturadas, descrita por Yin (2001) como entrevista do tipo focal, em

que o respondente é entrevistado por um curto período de tempo, sendo as entrevistas

espontâneas, assumindo um caráter de uma conversa informal. Deve-se salientar que a

duração de cada entrevista compreende um intervalo de 30 minutos a duas horas de reunião.

Porém, cabe ressaltar que é utilizado um conjunto de questões gerais com o objetivo de

nortear a condução das entrevistas. No Anexo A encontram-se as relações das questões gerais

abordadas durante as entrevistas. Além disso, ainda são consideradas as interpretações do

autor durante as visitas à empresa para a concepção das análises. Isso faz mais importante

ainda no que tange a definição das unidades estratégicas de negócios, visto que o

entendimento do processo produtivo, aliado com as informações de estratégia de empresa, é

fundamental para fazer a concepção das mesmas.

Comparando os dados necessários para uma análise de custos industriais e os dados

disponibilizados pela empresa, constatou-se uma deficiência no que diz respeito a dados de

tempos de ciclos dos itens nos recursos produtivos. Assim sendo, o trabalho visualizará isso

como uma limitação para o mesmo são coletados pela equipe do projeto os seguintes dados: i)

estrutura dos produtos da empresa; ii) lista de custos dos materiais da empresa; iii) lista de

custo das operações terceirizadas pela empresa; iv) lista de custo dos itens comprados pela

empresa para posterior venda; v) lista de preço de venda dos itens comercializados pela

empresa; vi) histórico de quantidades vendidas pela empresa nos últimos quatorze meses,

visto que o nível de produção do setor não oscilou muito neste período e; vii) demais itens de

custo da empresa com seus valores nos últimos doze meses. Nessa sub-etapa será muito

Page 56: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

56

importante o uso do sistema de gestão empresarial da empresa (ERP – Enterprise Resource

Planning) para fornecimento dos dados necessários.

Como o trabalho é pautado em uma equipe de projeto, faz-se fundamental que sejam

realizadas reuniões periódicas para acompanhamento do projeto, a partir das atividades a

serem executadas e seus status com os participantes do projeto. Esses encontros são

quinzenais no início do trabalho, podendo ter sua periodicidade modificada de acordo com a

necessidade do projeto. Ainda, a equipe de projeto convida o patrocinador do projeto

(sponsor) para a última reunião de cada mês para que o mesmo possa acompanhar a evolução

do mesmo e a equipe possa garantir que o trabalho está alinhado com a estratégia

organizacional.

A análise dos dados coletados, etapa seis, é iniciada e conduzida em paralelo com a

etapa cinco, para evitar perda de dados, potencializar o poder de interpretação dos mesmos

pela equipe do projeto e reduzir a possibilidade de desalinhamento do projeto. Para essa sub-

etapa são utilizadas planilhas eletrônicas (Excel) para consolidar os dados e gerar informações

que possam auxiliar no processo decisório e de concepção da estratégia de produção da

empresa.

Após realizadas essas análises, os resultados são apresentados para direção da empresa

(etapa sete), juntamente com um plano de melhorias propostas para institucionalização do

modelo proposto para que a análise gerencial de custos sirva de base para a concepção da

estratégia de produção. Nessa reunião, são consideradas as sugestões da direção e podem

haver necessidades de novas análises, conforme mostra a seta que indica a realimentação da

etapa sete para a etapa seis. Consolidado o modelo a ser utilizado pela empresa, é finalizada a

etapa oito, elaboração do trabalho, que será iniciada juntamente com a etapa cinco e será

incrementada ao longo das etapas com as experiências adquiridas.

Finalizado esse trabalho, espera-se que a empresa obtenha uma ferramenta que possa

auxiliar no processo de tomada de decisão e formação da estratégia de produção ao longo do

tempo. Para isso, deverá ser resultado deste projeto: i) diagnóstico do sistema de custos atual

da empresa; ii) diagnóstico do processo de tomada de decisão e concepção da estratégia de

produção atual; iii) definição das unidades estratégicas de negócios e unidades de manufatura

da empresa; iv) concepção de um sistema gerencial de custos; v) definição dos relatórios que

o sistema gerencial de custos deve fornecer para organização e periodicidade dos mesmos; vi)

Page 57: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

57

demonstrativo do resultado do exercício (DRE) pela lógica geral a ser adotada pelo sistema

gerencial de custos.

Page 58: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

58

4. RESULTADOS

O trabalho foi realizado com o apoio de uma equipe de projeto e dentro do prazo

estipulado em virtude do suporte recebido dos profissionais da empresa. É importante destacar

que esse trabalho pode e deve ser aprofundado para ampliar o potencial de resultados

advindos das análises que o mesmo permite.

Desta forma, nesse capítulo serão apresentadas as etapas descritas na metodologia,

bem como os resultados da execução das mesmas, relacionando-os, sempre que possível, com

o referencial teórico que suporta esse trabalho.

4.1 Diagnóstico da Situação Atual

Como planejado, inicialmente foi realizada uma reunião geral com a gestão da

empresa para definição de um grupo multidisciplinar que forneceria suporte ao trabalho

proposto. Para essa equipe foram denominadas 5 pessoas além do autor do trabalho, essas

pessoas eram dos seguintes departamentos: i) custos; ii) engenharia de processo; iii) vendas;

iv) compras e; v) gerência comercial. Além disso, esse grupo era patrocinado pelo gerente

industrial que acompanhava o trabalho periodicamente para guiar o grupo a auxiliar em

possíveis demandas do mesmo. Ainda ficou definido o orçamento do projeto e os resultados

esperados: i) definição de uma ferramenta que possa apoiar à tomada de decisão dos gestores

e; ii) ações futuras necessárias para ampliar o alcance desta ferramenta.

Realizou-se então uma reunião de abertura com a equipe do projeto. Nessa reunião de

abertura, o autor apresentou conceitos sobre os assuntos abordados no projeto proposto

(tomada de decisão/estratégia de produção, unidades estratégicas de negócios e sistemas de

custeio). Essa apresentação conceitual gerou uma série de debates entre a equipe do projeto.

Dentre os resultados obtidos dessa sub-etapa, podem-se destacar: i) mobilização da equipe

para realização do projeto; ii) uniformização da linguagem e nivelamento conceitual do grupo

de trabalho e; iii) definição e validação da divisão conceitual da empresa em unidades

estratégicas de negócios e unidades de manufatura.

Esse último resultado, já foi descrito sinteticamente no capítulo 3 por ter sido resultado

de uma análise prévia do autor em visita às instalações da empresa. No entanto, cabe ressaltar

que a visão da equipe de projeto sobre o assunto aprofundou esse conceito e permitiu uma

Page 59: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

59

ampliação desse entendimento. Assim, o processo produtivo da empresa A pode ser entendido

como um conjunto de três unidades de manufatura – locais da empresa destinados a atividades

que resultam em entradas para as unidades estratégicas de negócios – que produzem

componentes para as unidades de negócios – locais da empresa que produzem um

determinado mix de produtos que possuem relação direta com o mercado -. A Figura 16

apresenta essa definição de acordo com o processo produtivo.

MERCADO

Pivo / Terminal

Beneficiamento Usinagem

ComércioAxial

Corte

Unidades de Negócio

Unidades de Manufatura

Figura 16 – Divisão da empresa A em unidades estratégicas de negócios e unidades de

manufatura

Fonte: Autor

Resumidamente, entende-se que processo produtivo da empresa A ocorre da seguinte

forma: i) a empresa recebe barras de aço dos fornecedores; ii) essas barras são processadas na

unidade de manufatura corte e são repassadas para as unidades de manufatura usinagem e

beneficiamento; iii) essas fazem seus processamentos (às vezes fornecendo componentes

entre si) e passam os resultados disso para as linhas de montagem, neste caso, as unidades de

negócio axial, pivô/terminal e comércio; iv) essas, por sua vez, finalizam a confecção dos

itens que podem, então, ser repassados ao mercado.

Findada essas sub-etapas de consolidação da abertura do projeto, iniciou-se o

diagnóstico propriamente dito. Esse diagnóstico foi realizado em visitas sistemáticas às

instalações da empresa A para coleta de dados e análise dos mesmos com a equipe de projeto.

Page 60: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

60

Nessa fase foram analisados os seguintes pontos: i) formação da estratégia de

produção/tomada de decisão na empresa; ii) sistema de custeio atual e; iii) decisão sobre qual

sistema de custeio melhor se adaptaria às necessidades da empresa neste momento, tendo em

vista as limitações existentes na base de dados da mesma. Esses diagnósticos realizados pela

equipe de projeto foram divididos da seguinte forma: i) pontos positivos: práticas elogiáveis

da empresa que devem ser mantidas para o futuro; ii) pontos a melhorar: ações que

prejudicam ou reduzem a velocidade de sucesso e; iii) recomendações: o que deve ser feito

para alavancar os resultados da empresa nesse tópico.

4.1.1 Estratégia de produção/tomada de decisão na empresa A

Atualmente a empresa A possui um processo de planejamento estratégico bem

definido e executado ciclicamente. Esse processo gera as diretrizes para que a gestão da

empresa possa tomar as decisões necessárias no cotidiano. Entretanto, não foram encontradas

evidências do conceito abordado na seção 2.1.2 denominado gestão estratégica da

produção, que consiste, basicamente, na tomada de decisão orientada pela estratégia de

produção, visto que essas decisões são baseadas, principalmente, no conhecimento empírico

dos gestores da organização.

Entre práticas positivas da empresa podem-se destacar: i) facilidade de comunicação

entre os níveis hierárquicos: operadores, por exemplo, sentem-se à vontade para conversar

com a gestão da empresa; ii) entendimento da gestão da empresa da importância da estratégia

de produção para a sustentabilidade competitiva da organização e; iii) conhecimento, mesmo

que incipiente, dos gestores sobre o tema.

No entanto, existem diversos pontos que podem ser melhorados neste processo de

tomada de decisão: i) não são utilizadas informações econômico-financeiras para sustentar o

processo decisório; ii) não são utilizadas informações de capacidade produtiva para decisão

sobre aquisição de equipamentos; iii) algumas ações, por vezes, vão de encontro a outras

tomadas anteriormente, dificultando a orientação da empresa para o resultado esperado; iv)

não existe a utilização dos conceitos de unidades estratégicas de negócios e unidades de

manufatura para gestão da produção e; v) a base de dados da empresa não fornece dados

consistentes para apoiar esse processo decisório.

Page 61: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

61

Desta forma, entende-se que a empresa deveria, inicialmente, definir quais

informações são consideradas importantes para o processo decisório e tomar as ações

necessárias para que a base de dados existente possa gerá-las. Ainda, é importante oficializar

a gestão a partir dos conceitos de unidades estratégicas de negócios e unidades de manufatura.

4.1.2 Sistema de Custeio

A empresa A possui um sistema de gestão empresaria (ERP) bastante conhecido no

mercado, que é fornecido por uma empresa multinacional. Esse ERP apresenta diversas

funcionalidades que são utilizadas pela empresa, entre eles o módulo de custos, em que

encontra-se o sistema de custeio da organização. Esse sistema de custos é formado pela

atuação conjunta do principio de absorção total, que é exigência da legislação brasileira, –

todos os custos, fixos e variáveis, são alocados aos produtos independente da utilização

eficiente dos mesmos (BORNIA, 2002) – e do método dos centros de custos – os itens de

custos são alocados a centros homogêneo através de bases de rateio e posteriormente aos

produtos (BORNIA, 2002) – para trazer o conjunto de informações para empresa.

Entretanto, uma importante informação necessária para a acuracidade deste tipo de

sistema de custeio é deficiente na empresa A: a empresa não possui base de dados acurada no

que tange a tempos de processamento. Desta forma, a base de rateio que é utilizada para

transferir os custos dos centros homogêneos para os produtos é o custo de matéria-prima do

item, visto que esses dados estão atualizados e são confiáveis. Porém, essa limitação imposta

gera desconfiança nos dados trazidos pelo sistema de custos, uma vez que eles não

representam a realidade da empresa. Assim, essas informações são pouco utilizadas pela

gestão da empresa, tendo como funções principais: i) cumprir a determinação legal do fisco e;

ii) servir como base para a formação de preço de venda, que, no entanto, é fortemente baseada

em pesquisas de mercado.

Dito isso, é importante destacar os aspectos positivos encontrados neste sistema de

custos: i) os dados referentes aos custos variáveis (matéria-prima e serviços de terceiros) são

constantemente atualizados e representam a realidade da empresa; ii) o mapa de custos da

empresa, ou seja, os custos alocados aos centros de custos, apresentam estrutura concisa e

mostram-se bem definidos e; iii) as pessoas responsáveis por esse setor apresentam

Page 62: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

62

conhecimento sobre o assunto e entendem as limitações inerentes ao sistema de custos atual

em função da base de dados existente.

Em contrapartida, entende-se que a empresa A pode melhorar os seguintes pontos: i)

formatação de um sistema de custos gerencial que possa apoiar o processo decisório da

empresa; ii) estrutura esse sistema de forma robusta, para que seus dados sejam confiáveis e

constantemente atualizados e; iii) atualizar o conjunto de informações necessárias para que o

sistema atual de custos possa contribuir melhor para a empresa.

4.1.3 Escolha sobre o sistema de custeio para empresa A

Após a realização deste diagnóstico sobre o processo de tomada de decisão e o sistema

de custos atualmente vigentes na empresa A, o grupo de trabalho apresentou os resultados do

mesmo para o patrocinador do projeto. Nesta reunião de apresentação dos resultados, o

patrocinador validou algumas conclusões do grupo, forneceu subsídios para que o grupo

modificasse outras e, principalmente, propôs uma discussão para escolha de um sistema de

custos a ser formatado para apoiar a gestão da empresa.

Nesta discussão, foram analisados: i) informações existentes na empresa, base de

dados das mesmas, acuracidade e investimentos (tempo e recursos financeiros) necessários

para modificação das necessárias; ii) necessidades da direção da empresa no que tange a

informações para tomada de decisão e; iii) informações que poderiam complementar o

conceito de unidades estratégicas de negócios.

Assim, definiu-se que, pelo menos no curto prazo, o sistema de custeio a ser

implantado e utilizado pela gestão da empresa para apoiar o processo decisório seria um

sistema formado pelo princípio de custeio variável, tendo em vista que os custos variáveis

estão atualizados e são confiáveis, e pelo método do centro de custos para levantar o valor dos

gastos com os centros homogêneos, ou seja, os custos não serão transferidos aos produtos.

Desta forma, utilizando a classificação proposta na seção 2.3.1, o sistema de custos proposto

iria operar da seguinte forma: i) custos diretos e variáveis: serão alocados aos produtos; ii)

custos diretos e variáveis: serão alocados às unidades de negócios; iii) custos indiretos

variáveis e fixos: serão alocados à empresa como um todo. A Figura 17 apresenta essa

definição.

Page 63: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

63

Definido a orientação do sistema de custos a ser implantado na empresa, partiu-se para

o detalhamento do mesmo, tendo em vista as necessidades da direção da organização. Assim,

definiu-se um modelo de demonstrativo do resultado do exercício (DRE) e alguns relatórios

que o sistema deveria fornecer periodicamente.

O DRE definido, conforme Figura 18, apresenta o resultado da empresa A por

Unidade Estratégica de Negócio (UEN). Ele é segmentado da seguinte forma: i) faturamento

bruto: receita obtida no período de análise pela UEN analisada; ii) deduções: basicamente

representada pelos impostos e devoluções de produtos da UEN em questão; iii) faturamento

líquido: resultado da subtração das deduções do faturamento bruto; iv) custos variáveis:

custos de matéria-prima e serviços de terceiros dos produtos da UEN; v) margem de

contribuição total: resultado da subtração dos custos variáveis do faturamento líquido; vi)

custos fixos diretos: custos que são alocados diretamente à UEN, como, por exemplo, salários

dos trabalhadores da mesma; vii) margem fábrica direta: resultado da subtração dos custos

fixos diretos da margem de contribuição total, esse resultado representa a agregação de valor

da UEN; viii) custos fixos indiretos: custos que são alocados às áreas de apoio da empresa e;

ix) lucro operacional: subtração dos custos fixos indiretos da margem fábrica direta.

Fixos Variáveis

Conceito: Fazem parte da estrutura fixa e são facilmente identificados com determinada família de produtos.

Conceito: Sofrem variações de forma proporcional ao volume produzido e são facilmente identificados com determinada família de produtos.

Exemplo: Custo referente a mão-de-obra e maquinário de uma Unidade de Negócio específica da empresa.

Exemplo: Custo referente a matéria-prima de um produto.

Conceito: Fazem parte da estrutura fixa e não possuem relação direta com nenhuma família de produtos.

Conceito: Sofrem variações de forma proporcional ao volume produzido, mas não possuem relação nenhuma família de produtos.

Exemplo: Custo referente as Unidades de Manufatura da empresa ou áreas de apoio. Ex: Setor de Manutenção.

Exemplo: Custo referente a fretes, quando esses são feitos de forma agrupada para todos os produtos da empresa.

VARIABILIDADE

FAC

ILID

AD

E D

E A

LOC

ÃO Diretos

Indiretos

Alocados aos produtos

Alocados às Unidades de

Negócios

Alocados à empresa como um todo

Figura 17 – Alocação dos itens de custos pela classificação de acordo com o sistema de custos

proposto para empresa A

Fonte: Autor

Page 64: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

64

Axial % Pivô/Terminal % Comércio % TOTAL %1. FATURAMENTO BRUTO2. DEDUÇÕES

2.1 Impostos sobre Vendas2.2 Devoluções de Vendas

3. FATURAMENTO LÍQUIDO4. CUSTO VARIÁVEL DE PRODUÇÃO

4.1 Matéria-prima4.2 Serviços de terceiros

5. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO TOTAL6. CUSTOS FIXOS DIRETOS

7.1 Mão-de-obra7.2 Depreciação de Equipamentos7.2 Energia Elétrica

7. MARGEM FÁBRICA DIRETA8. CUSTOS FIXOS INDIRETOS

9.1 Corte9.2 Usinagem9.3 Beneficiamento9.4 PCP9.5 Qualidade9.6 Engenharia9.7 Compras9.8 Vendas9.9 Gerência9.10 Direção

9. RESULTADO OPERACIONAL

UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIO

Figura 18 – Modelo de DRE desenvolvido pela equipe de projeto

Fonte: Autor

A partir dos conceitos expostos na reunião de abertura do projeto, a equipe de projeto,

propôs um relatório para apoio à gestão com base na Matriz BCG. Nessa matriz proposta,

conforme Figura 19, o eixo das ordenadas apresenta a margem fábrica direta (em percentual)

das unidades estratégicas de negócio e o eixo das abscissas apresenta a tendência de

crescimento de mercado para determinar o posicionamento desta UEN. A partir disto, o grupo

visualizou a possibilidade de desdobrar essa idéia de relatório em outras diversas como, por

exemplo: i) por item da UEN: o eixo das ordenadas apresenta a margem de contribuição do

item e o eixo das abscissas apresenta a representatividade de vendas do mesmo e; ii) por

cliente: o eixo das ordenadas apresenta a margem de contribuição do cliente e o eixo das

abscissas apresenta a representatividade de vendas do mesmo.

Page 65: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

65

Tendência de Mercado

Mar

gem

de

Fábr

ica

Dire

ta

Queda Crescimento

Bai

xoA

lto

Unidades Alavancadoras Unidades Estratégicas

Unidades Críticas Unidades de Risco

Figura 19 – Modelo de relatório desenvolvido pela equipe de projeto

Fonte: Autor

Neste formato de análise proposta, percebe-se a importância deste tipo de visualização

por parte da direção da empresa para a formação de estratégias de produção distintas para

cada UEN e para a tomada de decisão. Isso porque, dependendo do quadrante da matriz em

que cada UEN for posicionada, de acordo com as suas características, serão necessárias

diferentes ações para torná-las ou mantê-las competitivas em seus respectivos mercados.

Desta forma, o grupo de trabalho encerrou a parte de planejamento do projeto entendendo-se

preparado para iniciar a coleta de dados e as análises necessárias para executar e

operacionalizar as definições tomadas.

4.1.4 Coleta de dados

O objetivo principal desta etapa consistiu no levantamento de dados para formação de

uma sólida base para as análises a serem realizadas. Por isso, a equipe do projeto decidiu criar

Page 66: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

66

uma lista com todas as informações necessárias para o trabalho. Esse material continha

elementos referentes ao sistema de custeio e questões mercadológicas das unidades

estratégicas de negócios. Entre esses dados estão: i) preço de venda líquido (livre de

impostos) de todos os itens da empresa; ii) custo de matéria-prima dos produtos; iii) custo de

serviços de terceiros; iv) custo mensal dos centros de custo; v) histórico de quantidades

vendidas de todos os produtos; vi) previsão de vendas dos mesmos para o próximo ano e; vii)

relação de clientes para cada unidade estratégica de negócio definida.

Além dessas informações coletadas diretamente do sistema de gestão empresarial da

empresa, cabe destacar que, conforme explicitado no método de trabalho, foram realizadas

algumas entrevistas semi-estruturadas com os gestores da empresa. Essas conversas com a

gestão da organização serviram para reforçar o entendimento do trabalho sobre a visão da

empresa no que diz respeito à relação das unidades estratégicas de negócios com o mercado

consumidor.

Desta forma, a equipe do projeto reuniu um conjunto de informações importantes na

para as análises necessárias. Essas análises foram realizadas à luz dos conceitos expostos na

seção 4.1.3.

4.2 Análise dos dados coletados

A partir dos dados coletados, a equipe de trabalho definiu as etapas a serem realizadas

para a correta análise dos dados: i) validação das unidades estratégicas de negócios; ii) cálculo

das margens de contribuição dos produtos; iii) classificação dos centros de custos; iv) análise

da evolução das vendas nas unidades estratégicas de negócio; v) montagem de um

demonstrativo do resultado do exercício para a empresa; vi) montagem de relatórios.

Essas análises têm como intuito auxiliar no processo de tomada de decisão dos

gestores da empresa. Por isso, ao término delas, o grupo de trabalho marcou uma reunião para

apresentação dos resultados, validação dos mesmos e decisão de encaminhamentos futuros

com a direção da empresa A.

4.2.1 Validação das unidades estratégicas de negócios

Page 67: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

67

Durante o diagnóstico realizado da situação atual o grupo de trabalho havia definido

claramente três unidades estratégicas de negócios: i) Axial; ii) Pivô/Terminal e; iii) Comércio.

Essas unidades validam o conceito exposto na seção 2.2, visto que são locais da empresa que

produzem um determinado mix de produtos que possuem relação direta com o mercado, ou

seja, são comercializados com o mercado.

Entretanto, é preciso compreender que essa análise conceitual torna-se valida a partir

do momento em que a mesma é utilizada para melhorar o gerenciamento da empresa, isto é,

os gestores da empresa passam a visualizar um conjunto de negócios diferentes dentro da

mesma empresa e passam a gerenciá-los de acordo com as suas peculiaridades. Por isso,

foram realizadas as entrevistas com os gestores da empresa. Esses encontros serviram para

entender como a direção da empresa A visualiza o negócio como um todo.

A visão transmitida pela gestão da empresa validou o trabalho realizado pelo grupo de

projeto, visto que, claramente, a empresa consegue visualizar os três diferentes negócios que

são praticados pela empresa. Essa imagem fica mais clara à medida que se analisa a estrutura

organizacional da empresa e percebe-se que existe uma pessoa responsável pela coordenação

de cada unidade estratégica de negócio. Além disso, essas pessoas possuem reuniões

periódicas com o gerente industrial para apresentação de indicadores de cada UEN.

No entanto, percebe-se uma dificuldade da empresa no que tange à tomada de decisão

por unidade estratégica de negócio. Em geral, as estratégias ou decisões são definidas para

empresa A genericamente e não para cada uma das unidades considerando suas características

e peculiaridades mercadológicas. Por isso, a equipe do projeto analisou essa dificuldade

encontrada pela direção da empresa e, a partir dos conceitos propugnados por Hayes et al.

(2005), decidiu propor para empresa A um processo de formação de estratégia de produção

baseado em níveis estratégicos. Isto significa que a empresa realizará o processo de tomada de

decisão ou formação de estratégia em diferentes etapas: i) estratégia coorporativa – que trata

das questões mais genéricas a organização como um todo; ii) estratégia de negócio – que trata

das peculiaridades de cada negócio da organização e; iii) estratégia de unidade de negócio –

que visualiza as peculiaridades de cada unidade estratégica de negócio. A Figura 20 apresenta

essa formatação para a organização trabalhada.

Page 68: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

68

Estratégiasdas Unidadesde Negócios

Estratégia deNegócios(firma / empresa)

Estratégia Corporativa

Empresa A

Axial

Empresa B Empresa C

Grupo Holding X

Terminal

Empresa D

Comércio

Figura 20 – Níveis estratégicos da Empresa A

Fonte: Adaptado de Klippel (2005)

4.2.2 Cálculo das margens de contribuição dos produtos

A partir da definição do sistema de custeio a ser utilizado no trabalho proposto

(principio de custeio variável + centro de custo simplificado), entende-se que um dos

principais benefícios advindos desta abordagem é o conceito de margem de contribuição.

Segundo Garrison e Norenn (2001), a margem de contribuição é o valor do faturamento de

venda de um produto absorvido pela empresa após a dedução dos custos variáveis. A margem

de contribuição dos produtos é calculada da seguinte forma:

MCUi = PVi - CVi

Onde:

MCUi = Margem de Contribuição Unitária do Produto i;

PVi = Preço de Venda Líquido do Produto i;

CVi = Custo Variável do Produto i.

Desta forma, é importante que a empresa entenda essa relação para seus produtos e

visualize os benefícios que essa análise pode proporcionar nas tomadas de decisões. Além

disso, essa informação é base para qualquer análise do tipo Custo-Volume-Lucro que segundo

Bornia (2002) promove informações essenciais para a tomada de decisões gerenciais a curto

prazo, baseada nos custos variáveis, uma vez que os custos fixos não podem ser eliminados.

Desta forma, foram calculadas todas as margens de contribuição dos itens das

unidades estratégicas de negócio da empresa A. Esse cálculo é exemplificado na Figura 21.

Page 69: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

69

Total M.P. Terceiros

Pivo/Terminal 503055 18,07R$ 9,72R$ 6,89R$ 2,83R$ 8,36R$ 46,24%Pivo/Terminal 503036 11,55R$ 8,39R$ 5,86R$ 2,52R$ 3,17R$ 27,41%Pivo/Terminal 503070 16,60R$ 9,60R$ 5,63R$ 3,97R$ 7,00R$ 42,15%Pivo/Terminal 503111 17,37R$ 11,21R$ 6,57R$ 4,65R$ 6,16R$ 35,45%Pivo/Terminal 503069 19,79R$ 8,45R$ 5,54R$ 2,91R$ 11,34R$ 57,30%Pivo/Terminal 503093 33,30R$ 15,43R$ 11,25R$ 4,18R$ 17,87R$ 53,67%Pivo/Terminal 503067 15,68R$ 7,36R$ 4,53R$ 2,83R$ 8,32R$ 53,05%Pivo/Terminal 503037 13,40R$ 7,67R$ 4,84R$ 2,83R$ 5,72R$ 42,72%Pivo/Terminal 503078 14,80R$ 12,78R$ 8,21R$ 4,56R$ 2,02R$ 13,66%Axial 680003 7,79R$ 6,01R$ 5,60R$ 0,41R$ 1,78R$ 22,88%Axial 680067 11,60R$ 6,22R$ 3,86R$ 2,36R$ 5,38R$ 46,37%Axial 680022 9,90R$ 6,06R$ 5,05R$ 1,01R$ 3,85R$ 38,84%Axial 680029 8,42R$ 5,64R$ 5,05R$ 0,59R$ 2,78R$ 33,06%Axial 680010 10,30R$ 7,59R$ 4,69R$ 2,90R$ 2,71R$ 26,35%Axial 680013 9,87R$ 5,93R$ 5,02R$ 0,91R$ 3,94R$ 39,94%Axial 680027 10,71R$ 7,01R$ 6,33R$ 0,68R$ 3,70R$ 34,57%Axial 680102 11,54R$ 5,59R$ 3,93R$ 1,66R$ 5,95R$ 51,55%Axial 680116 13,78R$ 7,96R$ 3,74R$ 4,22R$ 5,83R$ 42,29%

Linha Produto Item Preço de Venda

Custo Variável Margem de Contribuição

Razão de Contribuição

Figura 21 – Cálculo da margem de contribuição unitária dos produtos

Fonte: Autor

Ainda é possível destacar que outra análise importante que esse conceito permite é a

margem de contribuição horária dos itens. Segundo Noreen et al. (1996), esta análise fornece

informação valiosa para priorizar o uso da restrição da fábrica, para determinar preços e para

tomar decisões sobre aquisições de equipamentos. No entanto, no momento não é possível

realizar essa análise para a empresa A em virtude da escassez de dados sobre tempos de ciclo.

4.2.3 Classificação dos centros de custos

A equipe do projeto definiu que iria trabalhar com o sistema de custos baseado no

princípio do custeio variável e no método dos centros de custos apenas com a distribuição

primária, ou seja, os itens de custos irão ser alocados aos centros de custos não havendo

outras distribuições. Desta forma, ao final do período de análise a empresa terá as seguintes

informações: i) faturamento – resultado da multiplicação das quantidades vendidas pelos

preços de venda dos itens; ii) custo variável – resultado da multiplicação das quantidades

vendidas pelos custos variáveis dos mesmos e; iii) custo dos centros de custos – alocação dos

itens de custo ao centro de custo.

Assim, para que se possa formatar o DRE da empresa A, é necessário que se

classifique os centros de custos em diretos (agregam valor ao produto), indiretos (apóiam os

Page 70: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

70

diretos) e de estrutura (suportam a atividade de gestão da empresa) conforme definido na

seção 4.1.3. A figura 22 apresenta conceitualmente essa classificação.

CUSTOS FIXOS INDIRETOS (ÁREAS DE APOIO DA FÁBRICA)

Ex.: Manutenção, PPCPM, Gerente Industrial, Engenharia, etc...

DESPESAS COM ESTRUTURAEx.: Diretoria, Administrativo,Financeiro, Comercial, etc...

Célula 1 Célula 2 Célula 3 Célula 4 Célula 5

CUSTOS FIXOS DIRETO(FÁBRICA – AGREGAÇÃO DE VALOR)

Ex.: Mão de obra, depreciação de máquinas, etc...

Figura 22 – Classificação dos centros de custos

Fonte: Autor

Então, foram levantados todos os centros de custo já existentes na empresa e

classificaram-se os mesmos conforme definição anterior. Essa segmentação é importante para

que se possa calcular a margem fábrica direta de cada unidade de negócio, isto é, o resultado

direto de cada UEN, ou seja, quanto cada UEN contribui para pagar as despesas gerais da

empresa e gerar lucro para a mesma. A figura 23 apresenta essa classificação.

Page 71: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

71

Centro de Custo ClassificaçãoMontagem Axial DiretoMontagem Pivo DiretoVendas importados DiretoProgramação da Produção e MateriaisDireto e IndiretoComercial EstruturaCompras/Vendas EstruturaControladoria EstruturaDireção EstruturaGerencia Administrativa EstruturaRecursos Humanos EstruturaBeneficiamento IndiretoCorte IndiretoEngenharia da Qualidade IndiretoEngenharia de Processo IndiretoEngenharia do Produto IndiretoExpedição IndiretoGerencia Industrial IndiretoManutenção IndiretoUsinagem Indireto

Figura 23 – Classificação dos centros de custos da empresa A

Fonte: Autor

4.2.4 Histórico de quantidades vendidas

Para que se consiga entender mercadologicamente as unidades estratégicas de

negócios, é preciso analisar a tendência do mercado em que cada uma está inserida. Para isso,

foram levantados os valores vendidos em cada uma das unidades ao longo dos 14 meses

anteriores. A Figura 24 apresenta essa análise.

Sinteticamente, percebe-se uma tendência de queda de vendas na unidade de

articulação axial, um forte crescimento da unidade de pivô/terminal e uma manutenção do

nível de vendas da unidade de comércio. Essa percepção foi validada cbom os analistas de

venda da empresa que confirmam essa tendência para o futuro nas previsões de venda.

Essa análise pode ser muito importante para a formação de estratégia de produção das

unidades estratégicas de negócios, visto que as ações são diferentes em uma unidade em

queda de mercado e outra em crescimento. Porém, ainda é necessário considerar as questões

econômico-financeiras de cada unidade de negócio.

Page 72: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

72

R$ -

R$ 2.000.000,00

R$ 4.000.000,00

R$ 6.000.000,00

R$ 8.000.000,00

R$ 10.000.000,00

R$ 12.000.000,00

R$ 14.000.000,00

R$ 16.000.000,00

R$ 18.000.000,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

ARTICULACAO AXIAL PIVÔ/TERMINAL COMÉRCIO FATURAMENTO TOTAL

Figura 24 – Quantidades vendidas nos últimos 14 meses pela empresa A

Fonte: Autor

4.2.5 Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE)

A partir das definições supracitadas das unidades estratégicas de negócio (UEN), a

equipe do projeto, em consenso com a direção da empresa, definiu que o primeiro resultado

do trabalho a ser apresentado seria um DRE da empresa. Esse documento seria gerado a partir

do conceito de UEN e com os pressupostos inerentes ao sistema de custeio definido. O

modelo genérico deste DRE pode ser visualizado na Figura 18. No entanto, o padrão foi

modificado para adequar-se as características da empresa A.

É importante destacar que no momento em que cita-se DRE, não se refere ao

documento requerido pela legislação brasileira pela Lei das Sociedades por Ações (Lei nº

6.404/1976) no artigo 187. No entanto, utiliza-se o conceito proposto por essa lei para, a partir

de adaptações pertinentes, apresentar o resultado do trabalho desenvolvido pela empresa.

Segundo a lei, a Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo principal

apresentar de forma vertical resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de

operações realizadas num determinado período, normalmente, de doze meses. Assim, o

presente trabalho propôs apresentar uma ferramenta que apresente esse DRE mensalmente e

de forma que forneça subsídios para gestão da empresa tomar decisões estratégicas para as

diferentes UEN. A Figura 25 apresenta o DRE da empresa A para o período de janeiro a

Page 73: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

73

agosto de 2008. Cabe lembrar que os resultados estão multiplicados por um fator de

conversão para não apresentar os dados reais da empresa em virtude de uma solicitação da

mesma.

Terminal/Pivo Axial Comércio TOTAL %1. FATURAMENTO BRUTO R$ 34.740.884,85 R$ 64.395.767,78 R$ 16.631.824,00 R$ 115.768.476,62

% 30,01% 55,62% 14,37% 100,00%2. DEDUÇÕES R$ 7.831.289,79 R$ 13.176.942,70 R$ 3.049.151,00 R$ 21.057.383,49

2.1 Impostos sobre Vendas R$ 6.499.970,53 R$ 10.936.862,44 R$ 2.530.795,33 R$ 17.477.628,302.2 Devoluções de Vendas R$ 1.331.319,26 R$ 2.240.080,26 R$ 518.355,67 R$ 3.579.755,193. FATURAMENTO LÍQUIDO R$ 26.909.595,06 R$ 51.218.825,08 R$ 13.582.673,00 R$ 94.711.093,13 100,00%

% 77,46% 79,54% 81,67% 81,81%4. CUSTO VARIÁVEL DE PRODUÇÃO R$ 14.436.689,28 R$ 42.264.899,28 R$ 12.638.542,00 R$ 69.340.130,57 73,21%

4.1 Matéria-prima R$ 9.466.491,78 R$ 28.049.456,88 R$ 12.107.433,00 R$ 49.623.381,67 52,39%4.2 Serviços de terceiros R$ 3.727.472,54 R$ 12.209.169,95 R$ 186.355,00 R$ 16.122.997,49 17,02%4.3 Comissao de Vendas R$ 1.242.724,96 R$ 2.006.272,45 R$ 344.754,00 R$ 3.593.751,41 3,79%

5 MARGEM DE CONTRIBUICAO TOTAL R$ 12.472.905,77 R$ 8.953.925,79 R$ 944.131,00 R$ 25.370.962,57 26,79%% 46,35% 17,48% 6,95% 26,79%

6. CUSTO FIXO DIRETO R$ 1.160.108,60 R$ 1.648.251,92 R$ 1.467.781,27 R$ 4.276.141,79 4,51%6.1 Montagem Axial R$ 1.132.422,33 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 1.132.422,33 1,20%6.2 Montagem Pivo R$ 0,00 R$ 1.606.722,52 R$ 0,00 R$ 1.606.722,52 1,70%6.3 Vendas importados R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 1.440.095,00 R$ 1.440.095,00 1,52%6.4 Programação da Produção e Materiais R$ 27.686,27 R$ 41.529,40 R$ 27.686,27 R$ 96.901,94 0,10%

7 MARGEM FABRICA DIRETA R$ 11.312.797,18 R$ 7.305.673,87 (R$ 523.650,27) R$ 21.094.820,77 22,27%% 42,04% 14,26% -3,86% 21,91%

8 CUSTO FIXO INDIRETO R$ 5.408.663,01 5,71%8.1 Usinagem R$ 1.361.824,71 1,44%8.2 Engenharia do Produto R$ 893.272,83 0,94%8.3 Corte R$ 110.745,07 0,12%8.4 Engenharia de Processo R$ 596.363,72 0,63%8.5 Engenharia do Produto R$ 666.920,45 0,70%8.6 Expedição R$ 133.745,07 0,14%8.7 Gerencia Industrial R$ 466.920,45 0,49%8.8 Manutenção R$ 229.914,48 0,24%8.9 Engenharia da Qualidade R$ 418.611,27 0,44%

8.10 Beneficiamento R$ 279.914,48 0,30%8.11 Programação da Produção e Materiais R$ 250.430,48 0,26%

9. MARGEM FABRICA TOTAL R$ 15.686.157,76 16,56%10. DESPESAS COM ESTRUTURA R$ 7.694.403,90 8,12%

10.1 Comercial R$ 1.571.202,05 1,66%10.2 Compras/Vendas R$ 1.089.443,14 1,15%10.3 Controladoria R$ 525.037,53 0,55%10.4 Direção R$ 2.192.241,86 2,31%10.5 Gerencia Administrativa R$ 1.634.759,65 1,73%10.6 Recursos Humanos R$ 681.719,67 0,72%11. RESULTADO OPERACIONAL R$ 7.991.753,86 8,44%

UNIDADES ESTRATEGICAS DE NEGOCIO EMPRESA A

Figura 25 – Demonstrativo do Resultado do Exercício Empresa A

Fonte: Autor

Esse formato proposto de DRE por unidade estratégica de negócio apresenta uma

abordagem diferente da tradicional nas empresas, uma vez que possibilita à gestão visualizar

o negócio como diferentes empresas. A importância desta abertura proposta fica mais

aparente na medida em que são encontrados resultados como os apresentados na Figura 25.

Neste documento propõe-se, inicialmente, a análise de três itens: i) resultado operacional; ii)

margem fábrica direta e; iii) margem de contribuição total.

Page 74: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

74

O resultado operacional da empresa A encontra-se dentro da média das indústrias do

setor de autopeças, como, por exemplo, a Fras-le S.A que, segundo o seu release de resultados

do primeiro semestre de 2008 apresentou uma lucratividade de aproximadamente 8,5% após

crescimento em relação ao ano anterior. Por sua vez, a margem de contribuição total (MCT)

por UEN revela as primeiras informações sobre as peculiaridades de cada uma delas: i)

terminal/pivô – apresenta uma MCT acima dos padrões das indústrias de autopeças em que o

custo de material costuma ser bastante grande; ii) axial – a sua MCT está muito abaixo das

médias encontradas no setor (30%) e; iii) comércio – MCT muito baixa em virtude da grande

oscilação cambial (dólar e euro) dos últimos meses. Descontando-se dessa margem de

contribuição total de cada UEN seus custos fixos diretos, encontra-se a margem fábrica direta

(MFD) que representa o valor real agregado da UEN para a organização. Analisando-se esses

valores pode-se chegar a uma conclusão sobre as características econômico-financeiras das

unidades estratégicas de negócio da empresa A.

A unidade de terminal/pivô apresenta um resultado bastante positivo em termos de

MFD (42,04%) que é responsável pelo razoável nível de lucratividade da empresa A no

momento. Já a unidade de axial, foco central da direção da empresa, apresenta uma MFD um

pouco abaixo do esperado e reduz o potencial de competitividade da empresa. E, por fim, a

unidade de itens comercializados apresenta um resultado negativo para a empresa e prejudica

seu resultado.

Essas são análises iniciais, mas que servem de base para que a empresa possa fazer

melhores análises a partir dos relatórios advindos do sistema de custos.

4.2.6 Relatórios

Os relatórios devem servir para simplificar a análise da direção da empresa sobre as

variáveis que a mesma deseja visualizar. Assim, foram desenvolvidos alguns relatórios de

acordo com a visão da direção da empresa: i) influência das UEN no resultado global da

empresa; ii) matriz de posicionamento das UEN e; iii) matriz de posicionamento dos

produtos.

4.2.6.1 Influência das UEN no resultado global

Page 75: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

75

Esse relatório foi desenvolvido para entender sinteticamente o impacto de cada uma

das unidades estratégicas de negócio no resultado da empresa. A Figura 26 apresenta o

resultado deste relatório para o período de janeiro a agosto de 2008.Terminal/Pivo Axial Comércio

FATURAMENTO LÍQUIDO 28,41% 54,08% 14,34%MARGEM DE CONTRIBUICAO TOTAL 49,16% 35,29% 3,72%MARGEM FABRICA DIRETA 53,63% 34,63% -2,48%

Figura 26 – Influência das UEN no resultado global da empresa A

Fonte: Autor

Percebe-se que, embora a unidade axial seja responsável pela maior parte do

faturamento líquido da organização, a grande responsável pelo resultado da mesma, ou seja,

pelo valor agregado, é a unidade de pivô/terminal. A partir disso, pode-se analisar mais

criticamente os motivos pelos quais isso acontece: i) o resultado da unidade de axial é afetado

diretamente pelo elevado custo variável associado a produção dos bens dessa unidade e; ii) o

resultado da unidade de comércio é afetado tanto pelo alto custo variável da mesma

(principalmente em função do câmbio) quanto pelo custo de estrutura direta à unidade que é

bastante elevado comparando-se com as demais unidades e seus respectivos faturamentos.

4.2.6.2 Matriz de Posicionamento das UEN

Esse relatório, conforme destacado anteriormente, foi gerado a partir do conceito

inerente à Matriz BCG. Assim, objetiva-se posicionar as unidades estratégicas de negócio da

empresa A em quadrantes a partir de duas variáveis: i) margem fábrica direta e; ii) tendência

de mercado. Esses quadrantes são os seguintes: i) unidades estratégicas: altas margens fábrica

direta e crescimento de mercado; ii) unidades alavancadoras: altas margens fábrica direta

tendência de queda de mercado; iii) unidades de risco: baixas margens fábrica direta e

tendência de crescimento de mercado e; iv) unidades críticas: baixas margens fábrica direta

tendência de queda de mercado. A Figura 27 apresenta o resultado deste posicionamento para

os valores referentes a 2008.

A partir da visualização deste relatório, a organização deve conseguir entender as

características econômico-financeiras e mercadológicas de cada uma das unidades estratégicas

de negócio e tomar as devidas ações sobre cada uma delas: i) unidades estratégicas: entender

Page 76: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

76

seu comportamento para mantê-lo e melhorá-lo; ii) unidades de risco: estudar maneiras de

ampliar a margem de contribuição dos itens da UEN como, por exemplo, análise crítica dos

materiais utilizados nos produtos; iii) unidades alavancadoras: ampliar participação de

mercado, se houver capacidade, ou ampliar capacidade através de ferramentas de produção

enxuta e; iv) unidades de risco: estudar continuidade da UEN.

50,00%45,00%40,00%35,00%30,00%25,00%20,00%15,00%10,00%

5,00%0,00%

-5,00%-10,00%-15,00%

Comércio

Unidades Alavancadoras Unidades Estratégicas

Unidades Críticas

Mar

gem

Fáb

rica

Dire

ta

Axial

Unidades de RiscoCrescimentoQueda

Tendência de Mercado

Terminal/Pivô

Figura 27 – Matriz de posicionamento de UEN para a empresa A

Fonte: Autor

Analisando-se a Figura 27, percebe-se que a UEN terminal/pivô foi classificada como

uma unidade estratégica, ou seja, sugere-se que a empresa estude os motivos deste resultado

para mantê-lo e melhorá-lo. Já a UEN axial foi qualificada como unidade crítica, ou seja,

sugere-se que a empresa analise possibilidades de ampliar a participação no mercado e reduzir

os custos variáveis da mesma. Por sua vez, a UEN comércio foi posicionada entre crítica e

risco, mas como trata-se de uma UEN com margem fábrica direta negativa, deve-se analisar a

continuidade da mesma, pois ela possui baixa margem de contribuição nos produtos e um

elevado custo associado ao sua estrutura direta.

4.2.6.3 Matriz de Posicionamento dos Produtos

Esse relatório segue a mesma lógica do apresentado na seção 4.2.6.3 e foi

desenvolvido a partir da Matriz BCG. O intuito do mesmo é possibilitar que a partir da matriz

Page 77: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

77

de posicionamento de UEN o gestor possa extrapolar a análise da UEN para o âmbito dos

produtos, ou seja, permitir que a gestão da empresa visualize quais produtos levam o

desempenho da UEN para onde o mesmo está. Para formar o mesmo, são analisadas as

seguintes variáveis relacionadas aos produtos: i) razão de contribuição dos produtos da UEN

e; ii) representatividade de vendas na UEN.

Os produtos são posicionados nos seguintes quadrantes: i) itens estratégicos: possuem

alto volume de venda e altas razões de contribuição; ii) itens alavancadores: possuem altas

contribuições marginais necessitando aumento de vendas; iii) itens de risco: precisam ter a

razão de contribuição aumentada (aumento de Preço de Venda – valor percebido pelo cliente,

ou redução dos Custos Variáveis – trabalho em materiais) e; iv) itens críticos: não contribuem

para o resultado da empresa efetivamente. A Figura 28 apresenta esse relatório desenvolvido

para os vinte itens de maior comercialização pela UEN axial.

70,00%65,00%60,00%55,00%50,00%45,00%40,00%35,00%30,00%25,00%20,00%15,00%10,00%5,00%0,00%

-5,00%-10,00%-15,00%-20,00%-25,00%-30,00%

Raz

ão d

e C

ontr

ibui

ção

Participação nas VendasClasse B e C Classe A

Itens Alavancadores

Itens Críticos Itens de Risco

Itens Estratégicos

Figura 28 – Matriz de posicionamento de produtos da UEN axial da empresa A

Fonte: Autor

Essa visualização permite entender que o resultado da UEN axial (classificada como

unidade de risco) está associado à venda dos itens classificados como de risco. Portanto,

Page 78: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

78

existem itens que possuem grande potencial para posicionar a UEN axial de melhor forma

caso sejam melhores explorados.

4.3 Apresentação dos resultados obtidos

Os resultados obtidos pelo trabalho possibilitaram ao grupo de trabalho uma nova

visão sobre a empresa A, isto é, neste momento era possível enxergar três diferentes negócios

no mesmo local físico. Com essa nova abordagem de gerenciamento e as informações

analisadas, foi realizada uma reunião com a direção da empresa para que o grupo pudesse

apresentar os resultados obtidos neste trabalho.

Nesta reunião, apresentaram-se rapidamente os conceitos inerentes ao trabalho

(estratégia de produção, unidades estratégicas de negócio e sistemas de custos) para que os

conceitos estivessem nivelados. Após essa introdução teórica, foi apresentado o diagnóstico

realizado na realidade atual da empresa destacando os pontos positivos encontrados e os

pontos a melhorar. Então, a proposta de sistema de custos com a abordagem por unidade

estratégica de negócio foi apresentada juntamente com os relatórios desenvolvidos a partir

deste sistema. Por fim, o grupo lembrou que esse trabalho foi desenvolvido com o intuito de

criar uma ferramenta que possa auxiliar no processo de formação de estratégia de produção e

no processo decisório.

Após isso, a direção da empresa mostrou-se bastante satisfeita com o resultado do

projeto e vislumbrou diversas aplicações para o mesmo, como por exemplo: i) análise de

cenários para formação de estratégias; ii) análise de investimentos; iii) análise dos resultados

advindos de melhorias no processo produtivo e; iv) gerenciamento por unidade estratégica de

negócio com foco no resultado das mesmas.

O grupo ainda ressaltou a direção da empresa A que o trabalho foi montado a partir de

uma visão de sistema de custos baseado no principio de custeio variável. Essa definição foi

feita em função da restrição de dados na empresa para que se pudesse utilizar um sistema de

custeio com direcionadores de custos. Por isso, é importante destacar que esse sistema de

custos não contempla todo o problema da organização e deve ser parte de uma solução em

conjunto com outros sistemas de custos.

Page 79: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

79

Assim, foi criado um plano de ação para manter o controle das ações futuras que

devem ser contempladas para que o trabalho fique completo. Esse plano de ação foi montado

a partir da lógica 5W1H preconizada por Shingo (1996) como uma ferramenta para o

planejamento de todas as ações necessárias para se atingir um resultado esperado em um

processo de melhoria contínua. Esse plano de ação é formado por seis itens de controle: i) o

quê fazer; ii) porque fazer; iii) onde fazer; iv) quem fará; v) quando deve estar concluído e; vi)

como será feito. A figura 29 apresenta o plano de ação desenvolvido pela equipe do projeto

para as atividades futuras recomendadas à empresa para que a ferramenta desenvolvida fique

o mais completa possível.DATA : 30/09/2008

ELABORADO POR:

Equipe de Projeto

ATUALIZAÇÃO : 01/10/2008

O Que Fazer (What)

Porque Fazer(Why)

Onde Fazer(Where)

Quem Faz (Who)

Quando(When)

Como(How)

Implantar sistema de custos com base no

absorção ideal com o método ABC

Auxiliar a tomada de decisão de longo

prazo

Sistema de Gestão da Empresa Equipe do projeto mai/09

Levantando as necessidades de

dados e customizações no

sistema

Desenvolver base de dados referente a

tempos de processamento

Possibilitar cálculo dos ganhos advindos

com as melhorias

Chão-de-fábrica e Sistema de Gestão

da Empresa

Engenharia de processo mar/09

Tomada de tempo nas máquinas e

atualização da base de dados

Desenvolver método de gerenciamento

por unidade estratégica de

negócio

Aumentar potencial de competição das

unidades estratégicas de

negócio

Manual de trabalho da empresa

Equipe do projeto e Gerência Industrial jan/09 Escrever método

Status

Previsto

Em Andamento

Em Andamento

EMPRESA APLANO DE AÇÃO

Áreas de Manufatura

Melhorias relativas à Sistema de Custeio

Figura 29 – Plano de ação para atividades futuras do projeto

Fonte: Autor

As ações requeridas são para importante para a sedimentação da ferramenta

desenvolvida. Sugere-se a implantação de um sistema de custos com base no princípio de

absorção total com o método ABC para pautar decisões de longo prazo, uma vez que o

sistema desenvolvido pode ser muito útil no curto prazo. A utilização sinérgica entre os

sistemas de custeio que utilizamos método ABC e o princípio de custeio variável tem sido

defendida por autores que acreditam que a junção dessas duas metodologias traz benefícios

maiores que a utilização de cada uma de por si. No que se refere à questão de que

metodologia utilizar, nas operações de curto-prazo e de longo-prazo, existe um consenso entre

autores, de que o custeio variável deve ser aplicado no curto-prazo, e o custeio ABC, a

metodologia a ser utilizada no longo-prazo (COGAN, 2006).

Page 80: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

80

A atividade de desenvolvimento de uma base de dados referente a tempos de

processamento é importante para diversas atividades, como mensuração de capacidade versus

demanda da fábrica para programação da produção, mas faz-se importante para a ferramenta

desenvolvida, visto que essa informação serve de base para cálculos de resultados de

melhorias na produção e análise de investimentos para propostas de melhorias. Além disso, a

noção de tempos de processamento é importante para entender qual o melhor mix de

produção para aumentar o resultado da organização – margem de contribuição por unidade de

tempo – (GOLDRATT, 1997).

Por fim, o desenvolvimento de um método para gerenciamento por unidade estratégica

de negócio a partir da ferramenta desenvolvida durante o trabalho é interessante na medida

em que é preciso definir métodos e padronizar as atividades antes de visualizar e executar

qualquer tipo de melhoria (SHINGO, 1996).

Page 81: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

81

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Neste capítulo serão apresentadas as principais conclusões do trabalho desenvolvido e

as recomendações para trabalhos futuros.

5.1 Conclusão

O presente trabalho propôs-se a analisar como o entendimento das características

econômico-financeiras e mercadológicas de cada unidade de negócios pode contribuir que as

organizações possam competir de forma diferente em cada negócio e ampliar sua

competitividade dentro do mercado. Além disso, o principal objetivo proposto pelo trabalho

foi o desenvolvimento de uma ferramenta que pudesse ser utilizada com base para esse

processo.

Analisando os conceitos abordados durante o Capítulo 2 percebe-se que os conceitos

possuem relevância dentro do contexto das organizações atuais e podem ser utilizados em

sinergia para ampliar o potencial de efetividade do processo decisório dentro das empresas. É

importante destacar o conceito apresentado como A Economia da Estratégia que apresenta

uma abordagem de estratégia que interliga os conceitos propostos pelo trabalho.

No que tange a sistemas de custeio para análise gerencial de custos, a principal

conclusão do trabalho é que os mesmos não são definitivos, ou seja, das características

mercadológicas em que a organização está inserida (ambiente, estrutura interna, logística,

suprimentos) depende a linha filosófica (princípio de custeio) e a forma de proceder (método

de custeio) da empresa em relação aos seus custos e preços (REZLER, 2003). Conforme

Cogan (2006), analisando-se as premissas do ABC e do custeio variável, percebe-se que as

diferentes abordagens propostas por cada sistema está pautada no diferente horizonte de

tempo que o mesmo utiliza (ABC – longo-prazo, custeio variável – curto prazo). Desta forma,

não faz sentido definir um princípio de custeio como superior a outro. Com isso, pode-se

concluir que os sistemas de custeio podem e devem ser utilizados de maneira complementar

pelas organizações para gerenciar seus processos e auxiliar na tomada de decisão.

Page 82: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

82

A partir da realização das atividades propostas, pode-se concluir que o método de

pesquisa utilizado é de grande relevância na gestão de operações, uma vez que, grande parte

dos problemas nas organizações são situações complexas e não-estruturadas. A pesquisa-ação,

como base para o de condução de pesquisas amplamente utilizada em áreas humanas (ciências

sociais, ensino e outras), facilita a compreensão da interação dos aspectos técnicos com os

aspectos humanos em administração.

Levando-se em consideração o caso apresentado durante o texto, pode-se dizer que o

objetivo do trabalho – desenvolver uma ferramenta baseada em um sistema de custos com

uma abordagem por unidade estratégica de negócio para auxiliar no processo de concepção de

estratégia de produção e de tomada de decisão – foi atingido satisfatoriamente. Percebe-se que

o sistema desenvolvido, tendo em vista as limitações da empresa, forneceu aos gestores da

empresa a possibilidade de uma nova abordagem de gestão e decisão sobre as diferentes

unidades estratégicas de negócio da empresa.

Em suma, o trabalho realizado garantiu a mudança de visão dos gestores da empresa

sobre o negócio da organização e as possíveis formas de competir em cada um deles. A

melhoria do desempenho econômico-financeiro da empresa ainda não pode ser percebida,

mas espera-se que isto aconteça a partir da concretização dos planos de ação e de processos

decisórios mais pautados por informações mais cientificas e menos empíricas.

5.2 Recomendações para trabalhos futuros

Durante o trabalho desenvolvido, a equipe de projeto deparou-se com diversas

limitações de informações por parte da empresa estudada que reduziram o escopo da pesquisa

realizada. Dentre essas limitações pode-se citar: i) sistema de custos atual da empresa; ii)

tempos de processamento e; iii) métodos de trabalho.

O sistema de custos atual da empresa apresenta bases de rateio totalmente arbitrárias.

Isso dificulta a utilização de um sistema de custos com um método que utilize rateios na

medida em que isso seria conviver com dados pouco acurados para tomada de decisão. Assim,

a equipe de projeto conseguiu desenvolver a ferramenta baseada em apenas um princípio de

custeio.

A falta de tempos de processamento dificulta o trabalho de justificar investimento e

apresentar os resultados de uma decisão tomada a partir do sistema desenvolvido. Por fim, a

Page 83: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

83

falta de um método de trabalho definido dificulta a execução de um projeto, visto que o

sucesso do mesmo está pautado na padronização de atividades.

Assim, como recomendação para trabalhos futuros, sugere-se que o trabalho

desenvolvido tenha como objetivo principal o desenvolvimento de um método para

gerenciamento da organização por unidade estratégica de negócio. Nesse método, a

ferramenta desenvolvida no presente trabalho poderia ser um dispositivo utilizado pelo

mesmo. Sobre essa ferramenta, recomenda-se que seja desenvolvida com base em, pelo

menos, dois sistemas de custeio (ABC e custeio variável) para visualizar qualquer horizonte

de tempo. Além disso, aconselha-se que esses sistemas de custos desenvolvidos possuam

relatórios que utilizem tempos de processamento para auxiliar no processo decisório e na

avaliação de desempenho.

Outra sugestão para pesquisas futuras seria a aplicação desta ferramenta e metodologia

(a ser desenvolvida) em empresas de outros ramos de atividade que não o setor de autopeças.

Nestes casos, podem ser obtidos resultados diferentes que validem ou não a aplicabilidade da

metodologia proposta.

Page 84: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

84

6. REFERÊNCIAS

ALLORA, F.; ALLORA, V. UP: unidade de medida da produção para custos e controles gerenciais das fabricações. Sao Paulo: Pioneira, 1995.

ANFAVEA. Anuário Estatístico da Indústria Automobilística Brasileira. Disponível em: <http://www.anfavea.com.br>. Acesso em: 15.mar.2008.

ANTUNES, J.; ALVAREZ, R. Fábricas Focalizadas: Um Estudo de Caso. In: Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração – XIX ENANPAD, 1995, João Pessoa. Anais.

BORNIA, A. Análise Gerencial de Custos: Aplicações em Empresas Modernas. Porto Alegre: Editora Bookmann, 2002.

CHASE, R.; JACOBS, F.; AQUILANO, N. Operations Management for Competitive Advantage. Nova York: Editora McGraw Hill, 2004.

COGAN, S. Custos e preços: formação e análise. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

COGAN, S. Modelos de Custeio na Integração das Operações de Curto- e Longo-Prazo das Empresas. In: 6º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 2006, São Paulo. Anais.

CORBETT, T. Throughput Accounting and Activity-Based Costing: the driving factors behind each methodology. Journal of Cost Management, p. 37-44, Jan./Feb. 2000.

CORIAT, B. Automação programável: novas formas e conceitos de organização da produção, 1988. In: SCHMITZ, H.; CARVALHO, R. Q. Automação, competitividade e trabalho: a experiência internacional. São Paulo: Hucitec, 1988.

Page 85: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

85

CORRÊA, L.; CORRÊA, C. Administração de Produção e Operações. São Paulo: Atlas, 2004.

DAVIS, M.; AQUILANO, N.; CHASE, R. Fundamentos da Administração da Produção. Porto Alegre: Editora Bookman, 2001.

FLEURY, P.; PROENÇA, A. Competitividade industrial e a gerência estratégica de operações. Revista de Administração, São Paulo, v. 28, n. 2, p. 3-21, 1993.

GARRISON, R.; NOREEN, E. Contabilidade Gerencial. Rio de Janeiro: LTC, 2001.

GARVIN, D. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 1992.

GHEMAWAT, P. A Estratégia e o Cenário dos Negócios. Porto Alegre: Bookman, 2007.

GOLDRATT, E.; COX, J. A Meta. São Paulo: Educator, 1997.

GOLDRATT, E. Corrente Crítica. São Paulo: Nobel, 1998.

HAYES, R.; PISANO, G.. Manufacturing Strategy: At the Intersection of Two Paradigm Shifts. Production and Operations Management, v. 5, n. 1, p. 25-41, jun. 1996

HAYES, R. et al. Produção, Estratégia e Tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2005.

KAPLAN, R.; COOPER, R. Custo e Desempenho: administre seus custos para ser mais competitivo. São Paulo: Futura, 1998.

Page 86: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

86

KLIPPEL, M. Estratégia de Produção em Empresas com Linhas de Produtos Diferenciadas: Um Estudo de Caso. São Leopoldo, 2005. Dissertação (mestrado em administração) – Programa Pós-Graduação em Administração, Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

MONDEN, Y. Sistema de redução de custos, custo-alvo e custo-kaizen. Porto Alegre: Editora Bookmann, 1999.

NOREEN, E. et al. A Teoria das Restrições e suas Implicações na Contabilidade Gerencial. São Paulo: Educator, 1995.

ORSTEIN, R. Aspectos Atuais do Método do Custeio Direto. Revista de Administração de Empresas (RAE), v. 12, n. 1, p. 7-21, 1972.

PAIVA, E.; CARVALHO JUNIOR, J.; FENSTERSEIFER, J. Estratégia de Produção e de Operações: Conceitos, Melhores Práticas e Visão de Futuro. Porto Alegre: Bookman, 2004.

PORTER, M. Estratégia competitiva: Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1980.

PORTER, M. Vantagem Competitiva: Criando e sustentando um desempenho superior. 27. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1986.

REZLER, L. A. Utilização Conjunta do ABC e TOC para Otimização dos Resultados de Empresas: o caso de uma gráfica de jornais. Porto Alegre, 2003. Dissertação (mestrado em engenharia) - Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

SEIDEL, A. No Sentido da Implementação de um Programa de Troca Rápida de Ferramentas (TRF): Um Estudo de Caso de uma Empresa Fornecedora de Componentes

Page 87: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

87

para Montadoras da Indústria Automobilística Nacional. São Leopoldo, 2003. Dissertação (mestrado em administração) – Programa Pós-Graduação em Administração, Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

SCHUMPETER, J. Teoria do Desenvolvimento Econômico: Uma investigação Sobre Lucros, Capital, Crédito, Juro e o Ciclo Econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

SKINNER, W. The Focused Factory. Harvard Bussiness Review, v. 52, n. 3, p. 113-121, May-June, 1974.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1997.

SHANK, J.; GOVINDARAJAN, V. A revolução dos custos: como reinventar e redefinir sua estratégia de custos para vencer em mercados crescentemente competitivos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

SHINGO, S. Sistemas de Produção com Estoque Zero: O Sistema Shingo para Melhorias Contínuas. Porto Alegre: Editora Bookman, 1996.

TATIKONDA, M. V. Just-In-Time and Modern Manufacturing Environments: implications for Cost Accounting. Production and Inventory Management Journal, v. 29, n. 1, p.1-5, 1988.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1986

YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

YAMASHINA, H. JOT: Just-On-Time, no Tempo Certo, Quantidade Certa e Qualidade Certa, com Sincronismo Total. São Paulo: IMC Internacional, 1988.

Page 88: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

88

APÊNDICE

Page 89: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

89

Apêndice A – Roteiro Geral para Entrevistas

Nome do Entrevistado:________________________Cargo:________________________________

Data:___/___/_______

1. Sobre a organização:

a. Como está estruturada a empresa em termos de setores (organograma geral)?

b. Quais são os principais clientes da empresa?

c. Como podemos classificar as linhas de produtos vendidos pela empresa?

d. Como está estruturada a gestão da produção da empresa? Existe a figura de supervisores de produção na fábrica em setores específicos?

e. Como é o processo de tomada de decisão na fábrica?

f. Como é o processo de tomada de decisão na área de vendas (qual mix de produtos comercializar)?

g. Como é o processo de definição da estratégia de produção?

h. Existem estratégias diferenciadas para diferentes linhas de produtos ou mercados?

i. Quais as dimensões competitivas que os clientes da empresa A buscam ao escolhê-la como fornecedora (custo, prazo de entrega, atendimento no prazo, flexibilidade, qualidade ou inovação)?

j. Quais as informações são consideradas no processo de tomada de decisão no chão-de-fábrica?

k. Quais as informações são consideradas na concepção da estratégia de produção?

l. A empresa A possui unidades estratégicas de negócios e/ou unidades de manufatura?

m. Existe alguma linha de produto ou mercado que a empresa pretenda investir para ampliar mais fortemente a sua participação nos próximos anos?

2. Sistema de Custos:

a. O sistema de custos fornece informações acuradas?

Page 90: 1€¦  · Web viewEsse ponto de vista é descartado por Goldratt (1997) ... (Excel) para consolidação dos custos orlados para o projeto; iii) documentos de texto (Word)

90

b. As informações fornecidas por ele são utilizadas para fins gerenciais (tomada de decisão)?

c. Algum tipo de informação do sistema de custos é utilizada para a concepção da estratégia da empresa?

d. Quais as informações que a empresa deveria obter pelo sistema de custos?

e. Quais são as maiores dificuldades para operacionalização do sistema de custos?