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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO PAULO ARTHUR MAURO FINANÇAS E SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO: COMPARAÇÃO DE GRANJAS DE SUINOCULTURA COM DIFERENTES NÍVEIS DE BEM-ESTAR ANIMAL GAIOLAS DE GESTAÇÃO E BAIAS COLETIVAS RIO DE JANEIRO 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

PAULO ARTHUR MAURO

FINANÇAS E SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO:

COMPARAÇÃO DE GRANJAS DE SUINOCULTURA COM DIFERENTES NÍVEIS

DE BEM-ESTAR ANIMAL – GAIOLAS DE GESTAÇÃO E BAIAS COLETIVAS

RIO DE JANEIRO

2015

PAULO ARTHUR MAURO

FINANÇAS E SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO:

COMPARAÇÃO DE GRANJAS DE SUINOCULTURA COM DIFERENTES NÍVEIS

DE BEM-ESTAR ANIMAL – GAIOLAS DE GESTAÇÃO E BAIAS COLETIVAS

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Administração, Instituto COPPEAD de

Administração, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Administração.

ORIENTADOR: PROF. CELSO FUNCIA LEMME

COORIENTADORA: DRA. CHARLI BEATRIZ LUDTKE

RIO DE JANEIRO

2015

Mauro, Paulo Arthur

M457f Finanças e sustentabilidade no agronegócio:

comparação de granjas de suinocultura com

diferentes níveis de bem-estar animal – gaiolas

de gestação e baias coletivas / Paulo Arthur

Mauro. -- Rio de Janeiro, 2015.

184 f.

Orientador: Celso Funcia Lemme.

Coorientadora: Charli Beatriz Ludtke.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de

-Gradua

Administração, 2015.

1. Investimentos -

Sustentabilidade. 3. Suinocultura. 4.

Administração. I. Lemme, Celso Funcia, orient. II.

Ludtke, Charli Beatriz, coorient. III. Título.

PAULO ARTHUR MAURO

FINANÇAS E SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO:

COMPARAÇÃO DE GRANJAS DE SUINOCULTURA COM DIFERENTES NÍVEIS

DE BEM-ESTAR ANIMAL – GAIOLAS DE GESTAÇÃO E BAIAS COLETIVAS

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de

Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Administração.

Aprovada por:

_____________________________________________

Prof. Celso Funcia Lemme, D.Sc. – Orientador

(COPPEAD/UFRJ)

____________________________________________

Prof. Iran José Oliveira da Silva, D.Sc.

(ESALQ/USP)

_____________________________________________

Prof. Luiz Felipe Jacques da Motta, Ph.D.

(IAG/PUC-Rio)

Rio de Janeiro

2015

AGRADECIMENTOS

“Toda verdade provém da observação da natureza.”

Provérbio dos Nômades dos Himalaias

Ao Professor Celso Funcia Lemme, muito obrigado pela orientação. O trabalho com os

temas de sustentabilidade, bem-estar animal e com a indústria de alimentos me abriu

horizontes que eu jamais havia considerado. Certamente suas ideias inspiradoras e exemplo

de profissionalismo terão impactos em minha carreira que vão muito além dos resultados

acadêmicos.

À World Animal Protection, muito obrigado pela parceria. A realização deste trabalho não

teria sido possível sem o incentivo, a organização e a orientação da Dra. Charli Ludtke. À

Coordenadora Juliana Ribas e ao Gerente José Rodolfo Ciocca, muito obrigado pela paciência

com as diversas dúvidas e consultas feitas ao longo dos meses de trabalho.

A todos da Fazenda Miunça, muito obrigado pela receptividade. Ao Dr. Rubens

Valentini, obrigado pela abertura para realização do estudo de caso, por me receber em sua

residência de maneira bastante hospitaleira e por ser mais um “c ” b h

Suas experiências, acadêmica e como produtor, me ajudaram a enquadrar melhor o projeto.

Aos gerentes Marco Antônio e Wilson Silva, obrigado pela paciência com a coleta dos dados

e pelas verdadeiras aulas de suinocultura que vocês me deram. Ao pessoal de manejo dos

suínos, muito obrigado pela paciência e pela receptividade até mesmo nos jogos de dominó.

Aos Professores Iran Oliveira e Luiz Felipe Jacques da Motta, muito obrigado por

aceitarem o convite para a banca e pelas contribuições dadas. A experiência de vocês é de

grande valor para enriquecer o trabalho realizado.

Aos colegas de trabalho, muito obrigado pelo apoio. À Profa. Julia Eumira e à Patrycia

Sato, obrigado pela paciência, pelas explicações, pelo companheirismo e pela descontração

durante as visitas a campo.

Aos meus amigos do COPPEAD, obrigado pelas ideias, pela força nos momentos de

desânimo e pela paciência por me ouvirem contar, repetidas vezes e com a mesma

empolgação, histórias sobre suínos.

Aos colaboradores da secretaria, da biblioteca, da cantina, da limpeza e da segurança do

COPPEAD, obrigado por darem todo o suporte necessário aos alunos.

À minha família e aos meus amigos pessoais, muito obrigado pela compreensão durante

os anos de mestrado.

RESUMO

MAURO, Paulo Arthur. Finanças e sustentabilidade no agronegócio: comparação de

granjas de suinocultura com diferentes níveis de bem-estar animal – gaiolas de gestação

e baias coletivas. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado em Administração) –

COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A presente dissertação teve como objetivo criar um modelo para avaliar a

sustentabilidade das granjas de suinocultura que enfrentam mudanças nos processos

produtivos buscando melhorias nos níveis de bem-estar animal. Assim, buscou-se construir

diretrizes e ferramentas que ajudam a mensurar o impacto das mudanças em cada uma das

perspectivas financeira, social e ambiental.

Dada a materialidade do tema de gestação de suínos para o contexto brasileiro, foi

realizado um estudo de caso com aplicação do modelo construído para comparar a

sustentabilidade de duas granjas: uma com alojamento em gaiolas individuais e outra com

gestação em baias coletivas.

O estudo de caso, além de testar o modelo proposto, traz resultados que servem de

referência para avaliar a instalação da gestação coletiva no Brasil. Consequentemente,

possibilita-se que os produtores e demais atores da cadeia façam a migração dos sistemas de

produção com movimentos mais conscientes.

Palavras-chave: sustentabilidade; suinocultura; bem-estar animal; análise de investimento

ABSTRACT

MAURO, Paulo Arthur. Finanças e sustentabilidade no agronegócio: comparação de

granjas de suinocultura com diferentes níveis de bem-estar animal – gaiolas de gestação

e baias coletivas. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado em Administração) –

COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

This study set out to assess the sustainability of pig farms that face changes in their

production processes due to animal welfare advancements. A set of guidelines and tools were

developed with the intent to help measure the impact of these changes in the respective

financial, social and environmental perspectives.

Given the materiality of the sows gestation crate topic to the Brazilian farming context, a

case study was conducted with the application of the proposed model to compare and verify

the sustainability of two different farms: one with sows housing in individual gestation crates,

and the other with a group housing gestation scheme.

In addition to testing the proposed model, this study also brings forth results that can help

verify the impacts generated by the application of group gestation housing systems in

Brazilian pig farms. Consequently it provides domestic farmers and other value chain

stakeholders with insights into how to adjust their productions systems in a more

conscientious way.

Key words: sustainability; pig farming; animal welfare; investment analysis.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cadeia de Valor da Produção de Suínos ................................................................................. 8

Figura 2 - Curva de Kuznets Teórica para o Bem-Estar Animal .......................................................... 27

Figura 3 - Ilustração dos Sistemas de Produção Comparados ............................................................... 43

Figura 4 - Vista de Satélite da Unidade de Suínos da Fazenda Miunça ................................................ 61

Figura 5 - Modelos de Gestação nas Granjas Miunça e ECO-BEA ...................................................... 61

Figura 6 - Processos Produtivos nas Granjas Miunça e ECO-BEA ...................................................... 62

Figura 7 - Estrutura Organizacional da Fazenda Miunça ...................................................................... 64

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Histórico e Previsão de Consumo de Carnes Global ............................................................ 1

Gráfico 2 - Histórico e Previsão do Consumo de Carnes no Brasil ........................................................ 2

Gráfico 3 - Produção Mundial de Suínos em 2014 ................................................................................. 3

Gráfico 4 - Participação do Agronegócio no PIB Brasileiro ................................................................... 3

Gráfico 5 - Exportação Mundial de Suínos em 2014 .............................................................................. 4

Gráfico 6 - Contribuição da Exportação de Carnes para a Balança Comercial ....................................... 4

Gráfico 7 - Sensibilidade ao Preço: VPL por Matriz do Plantel ......................................................... 114

Gráfico 8 - Impacto da Cotação em Dólar das Máquinas de Alimentação no VPL ............................ 115

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Métodos de Avaliação para Impactos Ambientais da Agropecuária .................................. 10

Quadro 2 – Indicadores Ambientais para Comparação de Produções Convencionais e Orgânicas ...... 15

Quadro 3 - Quadro Resumo de Itens de Relevância para Dimensão Ambiental na Suinocultura......... 17

Quadro 4 - Quadro Resumo de Itens de Relevância para Dimensão Social na Suinocultura ............... 22

Quadro 5 - Protocolo para Avaliação de Bem-Estar de Matrizes e Leitões .......................................... 26

Quadro 6 - Legislações Europeias de Bem-Estar Animal ..................................................................... 34

Quadro 7 - Melhorias de BEA e impactos no preço dos alimentos ....................................................... 40

Quadro 8 - Resumo dos Itens de Relevância para Sustentabilidade Econômica na Suinocultura ........ 44

Quadro 9 - Método de aferição dos itens de relevância social .............................................................. 50

Quadro 10 - Modelo para tratamento das entrevistas da perspectiva social .......................................... 52

Quadro 11 – Exemplo de Cálculo do FCLE e FCLS ............................................................................ 54

Quadro 12 - Diferenciação das Granjas Miunça e ECO-BEA .............................................................. 62

Quadro 13 - Trechos de Entrevistas do Tema: Percepção da Comunidade Sobre as Granjas .............. 70

Quadro 14 - Trechos de Entrevistas do Tema: Enriquecimento do Trabalho no Campo ...................... 73

Quadro 15 - Trechos de Entrevistas do Tema: Geração de Emprego, Renda e Retenção nas Áreas Rurais 76

Quadro 16 - Trechos de Entrevistas do Tema: Relação Afetiva com os Animais e Estresse 1 de 2 ..... 78

Quadro 17 - Trechos de Entrevistas do Tema: Relação Afetiva com os Animais e Estresse 2 de 2 ..... 80

Quadro 18 - Trechos de Entrevistas do Tema: Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas 1 de 2 .... 82

Quadro 19 - Trechos de Entrevistas do Tema: Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas 2 de 2 .... 84

Quadro 20 - Trechos de Entrevistas do Tema: Eficiência no Manejo ................................................... 86

Quadro 21 - Trechos de Entrevistas do Tema: Desgaste Físico ............................................................ 88

Quadro 22 - Trechos de Entrevistas do Tema: Saúde e Segurança do Trabalhador ............................. 89

Quadro 23 - Trechos de Entrevistas do Tema: Satisfação e Engajamento no Trabalho ....................... 90

Quadro 24 - Trechos de Entrevistas do Tema: Imagem do Setor.......................................................... 92

Quadro 25 - Trechos de Entrevistas Relativos a Orientações Sobre Novas Granjas ............................ 94

Quadro 26 – Resumo da Avaliação Comparativa das Questões Sociais: ECO-BEA vs. Miunça ......... 96

Quadro 27 – Estrutura Resumida para Cálculo do FCLE em Granjas de Suinocultura ........................ 97

Quadro 28 - Detalhamento das Contas de Receita ................................................................................ 98

Quadro 29 - Detalhamento das Contas de Custos e Despesas .............................................................. 98

Quadro 30 - Detalhamento das Contas de Investimentos ...................................................................... 99

Quadro 31 - Estrutura Completa para Cálculo do FCLE em Granjas de Suinocultura ....................... 101

Quadro 32 - Taxas Livre de Risco ...................................................................................................... 103

Quadro 33 - Betas Desalavancados ..................................................................................................... 104

Quadro 34 - Prêmio de Risco de Mercado .......................................................................................... 104

Quadro 35 - Inflação Esperada ............................................................................................................ 105

Quadro 36 - Cenários Utilizados na Avaliação Financeira das Granjas ............................................. 108

Quadro 37 - Comentários Sobre os Princípios de BEA da OIE .......................................................... 168

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação de Índices de Produtividade para Granjas Brasileiras ..................................... 38

Tabela 2 - Comparativo de Produtividade entre Gaiolas e Baias com Alimentadores Eletrônicos ...... 38

Tabela 3 - Aumento de Preços nos Suínos pela Adoção de Padrões Acima da Legislação .................. 41

Tabela 4 - Índices de Produtividade das Granjas ................................................................................ 109

Tabela 5 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (Perpetuidade, i = 7%) ................ 109

Tabela 6 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (Perpetuidade, i = 8%) ................ 110

Tabela 7 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (Perpetuidade, i = 9%) ................ 110

Tabela 8 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (10 Anos, i = 7%) ....................... 111

Tabela 9 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (10 Anos, i = 8%) ....................... 111

Tabela 10 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (10 Anos, i = 9%) ..................... 111

Tabela 11 - Indicadores Financeiros dos Fluxos de Caixa dos Quatro Cenários ................................ 112

Tabela 12 - Custo Estimado do Leitão Nascido Vivo ......................................................................... 113

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABCS - Associação Brasileira de Criadores de Suínos

ABIPECS - Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína

APV - Adjusted Present Value / Valor Presente Ajustado

BEA - Bem-estar Animal

CAPM - Capital Asset Pricing Model / Modelo de Precificação de Ativos Financeiros

CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

EBIT / LAJIR - Earnings Before Interest and Taxes / Lucro Antes dos Juros e Imposto de

Renda

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations / Organização das Nações

Unidas para Alimentação e Agricultura

FCD - Fluxo de Caixa Descontado

FCLE - Fluxo de Caixa Livre da Empresa

FCLS - Fluxo de Caixa Livre dos Sócios

IFB - Instituto Federal de Brasília

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MOD - Mão-de-Obra Direta

NOPAT - Net Operating Profit After Taxes / Lucro Operacional Após os Impostos

NOPLAT - Net Operating Profit Less Adjusted Taxes / Lucro Operacional Menos Impostos

Ajustados

OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development / Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OIE - Office International des Epizooties / Organização Mundial da Saúde Animal

ROI - Return on Investment / Retorno sobre Investimento

TIR - Taxa Interna de Retorno

USDA - United States Department of Agriculture / Departamento de Agricultura dos Estados

Unidos

USP - Universidade de São Paulo

VPL - Valor Presente Líquido

WACC - Weighted Average Cost of Capital / Custo Médio Ponderado de Capital

WAP - World Animal Protection / Proteção Animal Mundial

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1

1.1. Objetivo da Pesquisa ........................................................................................................................ 6

1.2. Delimitação ...................................................................................................................................... 6

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................................... 7

2.1. Caracterização dos Sistemas de Produção de Suínos ...................................................................... 7

2.1.1. Impactos Ambientais da Produção de Suínos ............................................................................. 10

2.1.2. Impactos Sociais na Produção de Suínos .................................................................................... 18

2.2. Bem-Estar Animal (BEA) .............................................................................................................. 23

2.2.1. Definição de Bem-Estar Animal ................................................................................................. 23

2.2.2. Métodos para Aferição do Nível de Bem-Estar Animal ............................................................. 25

2.3. Forças de Mudança na Cadeia de Produção de Suínos .................................................................. 28

2.3.1. Consumo Consciente ................................................................................................................... 28

2.3.2. Legislações de Bem-Estar Animal .............................................................................................. 33

2.4. Integração de Sustentabilidade, BEA e Avaliação Financeira ...................................................... 36

2.4.1. Estudos Relacionados à Viabilidade Técnica e Produtividade .................................................... 37

2.4.2. Estudos Relacionados a Impactos Monetários e Preço ............................................................... 39

3. MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................................................... 47

3.1. Atores Envolvidos na Pesquisa ...................................................................................................... 47

3.2. Compreensão e Tratamento do Aspecto Operacional .................................................................... 48

3.3. Análise das Três Perspectivas de sustentabilidade ......................................................................... 49

3.3.1. Análise da Perspectiva Ambiental ............................................................................................... 49

3.3.2. Análise da Perspectiva Social ..................................................................................................... 49

3.3.3. Análise da Perspectiva Financeira ............................................................................................... 53

3.4. Limitações do Método .................................................................................................................... 58

4. APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO .................................................................................. 60

4.1. Procedimento de Coleta e Tratamento de Dados ........................................................................... 64

5. RESULTADOS ................................................................................................................................. 67

5.1. Resultados do Pilar Ambiental ...................................................................................................... 67

5.2. Resultados do Pilar Social ............................................................................................................. 67

5.2.1. Modelo para Avaliação do Aspecto Social em Granjas de Suinicultura ..................................... 67

5.2.2. Resultado do Pilar Social para o Estudo de Caso ........................................................................ 69

5.3. Resultados do Pilar Financeiro ....................................................................................................... 97

5.3.1. Modelo para Avaliação do Pilar Financeiro ................................................................................ 97

5.3.1.1. Fluxo de Caixa Livre da Empresa para Granjas de Suinocultura ............................................. 97

5.3.1.2. Período de Projeção de Fluxos de Caixa Livre para Granjas de Suinocultura ....................... 102

5.3.1.3. Taxa de Desconto para Fluxos de Caixa de Granjas de Suinocultura .................................... 103

5.3.2. Resultado do Pilar Financeiro para o Estudo de Caso ............................................................... 107

5.3.2.1. Caracterização dos Cenários Estudados ................................................................................. 107

5.3.2.2. Resultados dos Cálculos Financeiros do Estudo de Caso ...................................................... 109

5.3.2.3. Geração de Valor na Granja ECO-BEA ................................................................................. 112

5.3.2.4. Análise de Sensibilidade dos Resultados ............................................................................... 114

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 119

APÊNDICE I: Roteiro de Entrevista para Aspectos Sociais ............................................................... 125

APÊNDICE II: Projeção de Fluxos de Caixa com Perpetuidade – Miunça AS-IS ............................. 127

APÊNDICE III: Projeção de Fluxos de Caixa com Perpetuidade – Miunça Modernizada ................ 130

APÊNDICE IV: Projeção de Fluxos de Caixa com Perpetuidade – ECO-BEA AS-IS ...................... 133

APÊNDICE V: Projeção de Fluxos de Caixa com Perpetuidade – ECO-BEA Cobre e Solta ............ 136

APÊNDICE VI: Projeção de Fluxos de Caixa com Terminação no Ano 10 – Miunça AS-IS ........... 139

APÊNDICE VII: Projeção de Fluxos de Caixa com Terminação no Ano 10 – Miunça Modernizada 142

APÊNDICE VIII: Projeção de Fluxos de Caixa com Terminação no Ano 10 – ECO-BEA AS-IS ... 145

APÊNDICE IX: Projeção de Fluxos de Caixa com Terminação no Ano 10 – ECO-BEA Cobre e Solta . 148

APÊNDICE X: Fluxo e Avaliação Financeira do Endividamento pelo Programa INOVAGRO ....... 151

APÊNDICE XI: Detalhamento dos Itens de Fluxo de Caixa .............................................................. 152

ANEXO I: Princípios de BEA da OIE ................................................................................................ 168

1

1. INTRODUÇÃO

Em 2014, a publicação Meat Atlas alertou para o crescente consumo de carne no mundo

em uma taxa superior ao crescimento populacional. Dentre os principais impulsionadores

desse aumento está o maior hábito de ingestão de proteína animal entre os moradores de áreas

urbanas – com destaque para o aumento das classes médias dos países em desenvolvimento

(CHEMNITZ; BECHAVA, 2014).

As expectativas da Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD)

e da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) são de que este

consumo continuará crescendo, com participação mais expressiva das carnes de suínos e aves,

por serem opções melhores para criações em grande escala, dado que são animais menores e

mantidos em grupos. Os peixes, apesar de representarem a maior quantidade de proteína

consumida globalmente, são em sua maior parte capturados e não produzidos em piscicultura.

Estas previsões estão compiladas no Gráfico 1.

Gráfico 1 - Histórico e Previsão de Consumo de Carnes Global

Fonte: OECD e FAO (2014)

Este potencial de crescimento do mercado de suínos, ganhou destaque em 2013, com o

valor de U$ 4,72 bilhões pagos pela gigante chinesa Shuanghui International Holdings para

aquisição da Smithfield Foods Inc., maior produtora global de carne suína (SINGH;

JEFFREY, 2013).

No Brasil, a ordem de preferência pelas proteínas animais é diferente. Os suínos, que têm

grande parcela do mercado internacional, ainda apresentam consumo modesto. Em 2015 serão

consumidas 10,6 milhões de toneladas de aves, 8,7 milhões de toneladas de bovinos e apenas

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3,1 milhões de toneladas de suínos – o que coloca o país como quinto colocado na lista de

consumidores globais em quantidade absoluta deste alimento. As quantidades consumidas

para peixes e ovinos são ainda menores, como pode ser visto no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Histórico e Previsão do Consumo de Carnes no Brasil

Fonte: OECD e FAO (2014)

Contudo, a Associação Brasileira de Produtores de Suínos (ABCS) vê espaço para

alavancagem do consumo interno da carne, que ainda é limitado pela hábito e por um

preconceito histórico. Por meio de uma pesquisa de marketing, a entidade identificou as cinco

principais restrições ao incremento do consumo de carne de suínos no Brasil, sendo eles: (1)

preconceito com relação ao impacto sobre a saúde do consumidor; (2) cortes pouco práticos,

segundo a perspectiva do cliente; (3) cortes volumosos, associados a eventos festivos; (4)

apresentação inadequada nos pontos-de-venda, quase sempre associada a gordura; e (5) preço

elevado (ABCS, 2014) BCS v b h p j “U N v O h b

C Suí ”, que pretende atuar sobre toda a cadeia de valor para alterar a percepção do

consumidor sobre o produto.

Ainda assim, apesar do baixo consumo interno, o Brasil se coloca como quarto maior

produtor mundial de suínos, contribuindo para três por cento da quantidade global em peso –

como visto no Gráfico 3.

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Ovinos: Brasil

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Gráfico 3 - Produção Mundial de Suínos em 2014

Fonte: USDA (2014b)

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína

(ABIPECS) o bom potencial para criação de suínos do Brasil é propiciado pelos seus recursos

naturais, pela disponibilidade de grãos, pela existência de uma cadeia de produção integrada,

pelo status sanitário e pelo investimento existente em tecnologia (NETO, 2012).

A vocação do Brasil para a agropecuária se reflete em sua parcela do produto interno

bruto nacional, como pode ser visto no Gráfico 4. A cadeia completa, englobando insumos,

produção agrícola, indústria e distribuição totalizou 22,45% do PIB em 2013 – último dado

divulgado pelo CEPEA. A fatia da pecuária somente, também considerando a cadeia

completa, atingiu 6,87% do PIB no mesmo ano, levando em conta bovinos, suínos, aves e

outras carnes.

Gráfico 4 - Participação do Agronegócio no PIB Brasileiro

Fonte: CEPEA – ESALQ / USP 1

1 PIB CEPEA: http://cepea.esalq.usp.br/pib/ - Acesso em: 02/04/2015

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Deve-se considerar, ainda, que nem todo o valor do PIB da pecuária se destina ao

consumo interno. Em 2014, da produção brasileira de suínos, 83% se destinaram ao consumo

nacional e o restante foi encaminhado para exportação – principalmente na forma de cortes.

Este desempenho colocou o Brasil como quarto maior exportador de suínos, com uma fatia de

8% do mercado internacional – como pode ser visto no Gráfico 5.

Gráfico 5 - Exportação Mundial de Suínos em 2014

Fonte: USDA (2014b)

Com este quadro, a indústria de carne suína, tal como a de proteína animal como um

todo, vem contribuindo para a obtenção de uma balança comercial favorável para o país. Em

2014, quando a Balança Comercial brasileira apresentou seu primeiro déficit desde o ano

2000, as exportações totais de carne e de suínos continuavam seu crescimento – Gráfico 6.

Gráfico 6 - Contribuição da Exportação de Carnes para a Balança Comercial

Fonte: Ministério do Desenvolvimento - Secretaria de Comércio Exterior2

2 SECEX: http://www.mdic.gov.br//sitio/interna/interna.php?area=5&menu=4861&refr=1161

33% 31%

17%

8%

4% 2% 2% 1% 1% 0,3% 0,1% 0,5% 0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

Valores em 1.000 Toneladas Equivalente Carcaça - % de Participação

-10

0

10

20

30

40

50

Bil

es (

US

$ F

OB

)

Saldo da Balança

Comercial

Exportação Total

de Carnes

Exportação de

Carne Suína

5

Vista a relevância do setor de proteína animal para o Brasil, e dentro dele do setor de

suínos, torna-se importante a identificação de questões condicionantes para o sucesso da

indústria.

Fatores de competitividade como custo da mão de obra, preço dos grãos, e taxa de

câmbio são intrínsecos aos negócios e velhos conhecidos das empresas do setor. Dados da

Interpig apresentados por Neto (2012b), por exemplo, mostram que em 2010 o custo da mão-

de-obra brasileira deixou de ser um fator de vantagem e passou a representar de 9% a 10% do

custo de produção, igual à média global. O Real depreciado, por sua vez, foi apontado em

2014 como um fator de vantagem para a exportação de carne de suínos (USDA, 2014a).

No entanto, mais recentemente, a cadeia de produção de carnes vem sofrendo novas

pressões para adotar padrões mais sustentáveis – que levem em consideração aspectos sociais,

ambientais e de bem-estar animal. Estas forças, que afetam o paradigma da indústria como um

todo e pedem uma mudança no atual modelo de negócio utilizado, têm sua origem no

crescimento do consumo consciente. Chemnitz e Bechava (2014) explicam o consumo

consciente com “c p u ” cu h h u p c p

consumidor de ir além de um papel passivo e se tornar um influenciador do processo

p u v U “c p u ” é u stakeholder na cadeia de alimentos que demanda

informações e baseia suas decisões de compra de acordo com quem produz e como produz,

Assim, pela demanda, ele pressiona a cadeia de valor.

A visão dos consumidores, então, se consolida na forma de legislações. No tangente às

pressões por bem-estar animal, diversas leis já foram feitas. Na União Europeia, por exemplo,

foram banidas as criações de vitelo em celas e as gaiolas de bateria para galinhas poedeiras. O

confinamento de matrizes suínas em gaiolas foi banido no Reino Unido, na União Europeia,

no Canadá, em nove estados americanos, e deve ser encerrada na Nova Zelândia e na

Austrália em 2015 e 2017, respectivamente.

Este novo cenário, que coloca restrições para os atuais modelos de negócio da pecuária,

traz a necessidade de adequações imediatas, mas também oportunidades de sucesso. Como

antecipação às legislações e resposta às maiores pressões do mercado, a Arcos Dorados,

f qu McD ’ é c L c u em 2014 aos seus maiores

fornecedores de carne suína que apresentassem, em dois anos, planos documentados para

limitar o uso de celas de gestação, adotando o sistema de criação coletiva como alternativa. O

movimento em busca do maior bem-estar animal afeta bastante o Brasil, por ser um dos

maiores mercados da empresa, e segue em h c u McD ’ E

Unidos – que visa eliminar o uso das celas em suas redes de suprimentos até 2022 (GLOBO

6

RURAL, 2014). A BRF também vem agindo no mesmo sentido e tem solicitado aos seus

fornecedores que as expansões das granjas sejam construídas no modelo de gestação em baias

coletivas (BASTOS, 2014).

Como empresa que já opera com sucesso segundo as novas demandas por bem-estar

animal podemos destacar, no Brasil, a companhia Korin, que possui uma ampla linha de

produtos que inclui proteína animal de aves e ovos (PERIN, 2012). Nos Estados Unidos, a

empresa Stonyfield Farm, iniciada em 1983 com apenas sete vacas, é hoje a terceira maior

marca de iogurtes e sorvetes orgânicos do país – com 360 milhões de dólares em vendas em

2010 – tendo 85% de suas ações vendidas para a Danone entre 2001 e 2003. Em entrevista

para a Bloomberg, o fundador e CEO da empresa Gary Hirshberg afirma que com a produção

de orgânicos não somente as companhias, mas também os acionistas, os fazendeiros, as vacas,

os consumidores e os empregados podem ganhar (HIRSHBERG, 2010).

1.1. OBJETIVO DA PESQUISA

Este trabalho tem como objetivo propor um modelo para avaliação de sustentabilidade no

campo do agronegócio, com destaque para os aspectos social e financeiro. Especificamente,

pretende-se construir um modelo genérico que sirva de guia para comparação entre granjas de

suinocultura convencionais e granjas que alteraram sua proposta de valor pela adoção de

métodos produtivos que melhoram o bem-estar animal.

Como objetivo adicional, buscou-se realizar um estudo de caso para comparar dois

métodos de criação de suínos: um com gestação individual em gaiolas e outro com gestação

em baias coletivas. Esta aplicação serve ao propósito de testar o modelo e também dá um

direcionamento para os produtores brasileiros à respeito da questão – dada a materialidade

que o tema de bem-estar animal tende a ganhar no país.

1.2. DELIMITAÇÃO

O presente trabalho possui duas delimitações de maior relevância: execução temporal e

escopo geográfico. O estudo foi realizado em contexto brasileiro no ano de 2014, sem

avaliação de perspectiva histórica ou comparação com outras localidades e granjas de suínos.

7

2. REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura está organizada em quatro blocos. O primeiro descreve o processo

de criação de suínos em diversos níveis de agregação. Assim, parte-se da visão geral da

cadeia de valor da carne de suínos para explicações mais detalhadas dos processos produtivos,

e estudos dos principais impactos ambientais e sociais. O segundo bloco apresenta o conceito

de bem-estar animal – relatando estudos específicos da área de veterinária que mostram o seu

caráter científico, independente de considerações éticas. Neste bloco estão listados, também,

os principais aspectos de bem-estar animal relacionados especificamente à produção de

suínos. O terceiro bloco caracteriza as duas forças que atualmente alteram o paradigma da

indústria de produção de carne suína e, assim, estão dedicadas uma seção ao tema de consumo

consciente e outra aos tópicos de legislações brasileiras e internacionais. Por fim, o quarto

bloco enfoca na integração dos aspectos de sustentabilidade no agronegócio, bem-estar animal

e avaliação financeira, buscando as interações destes conceitos já relatadas na literatura e

possíveis propostas metodológicas para avalições no agronegócio e em suinocultura.

2.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Em 1956, Davis (1956) cunhou o termo “ gronegócio” – quando, segundo ele, as

operações de marketing e a agricultura haviam se aproximado de tal maneira que se tornaram

interdependentes. Os métodos de produção nas fazendas haviam se alterado não somente nas

operações, mas também em toda a sociedade rural de maneira física, social, educacional,

política, organizacional, moral e até mesmo espiritual.

O fazendeiro do século XIX fazia a maior parte de seus suprimentos, fazia o

processamento, armazenava e vendia seus produtos. Contudo, na agropecuária moderna, a

fazenda é inseparável das firmas que manufaturam suprimentos de produção e que vendem os

produtos. Assim, o agronegócio seria, por definição, o conjunto de todas as operações de

distribuição dos suprimentos, de fazenda, de manufatura e processamento, distribuição e

armazenagem (DAVIS, 1956).

Como um dos ramos do agronegócio, a cadeia de valor da carne e dos derivados de

suínos é composta por três macroprocessos – Fazenda, Processamento e Revenda – como

mostrado na Figura 1 (Q-PORKCHAINS, 2014a). Cada um destes macroprocessos é

composto por diversos processos de transformação, como produção de leitões, abate, desossa

e venda nos atacadistas ou varejistas. Estes processos podem ser totalmente verticalizados e

realizados por uma única empresa, principalmente nas etapas de Fazenda e Processamento,

contudo, é mais comum que haja divisão e especialização (DEFRA, 2010) – como no caso

8

dos Produtores Integrados, onde os fazendeiros recebem insumos e orientação técnica de

empresas e vendem seus produtos para um frigorífico especificado (EMBRAPA, 2000).

Figura 1 - Cadeia de Valor da Produção de Suínos

Fonte: Adaptado de Q-Porkchains (2014a)

Sem perder de vista a cadeia de valor completa, são de maior interesse deste trabalho as

etapas que ocorrem no macroprocesso de Fazenda, pois compreendem os processos nos quais

os animais passam a maior parte de suas vidas. Assim, é importante entender mais

detalhadamente os processos de genética, multiplicação, produção de leitões e engorda.

A primeira etapa da cadeia, relativa ao desenvolvimento genético, envolve a criação de

raças puras de suínos. Existem poucas granjas que trabalham com raças puras, as chamadas

granjas núcleo, que fornecem machos e fêmeas de boa linhagem para as demais granjas. A

segunda etapa da cadeia se refere ao cruzamento de diferentes raças puras para que resultem

em suínos com boa capacidade reprodutiva – geradores de leitões com bom crescimento e

especificações fisiológicas corretas para o mercado. As granjas que trabalham com

cruzamentos entre raças são chamadas de multiplicadoras. Os suínos gerados pelas

multiplicadoras e por granjas núcleo são, então, fornecidos para que sejam reprodutores em

granjas comerciais, atuando na produção de leitões para engorda e abate (DEFRA, 2010).

É importante notar que a cadeia de produção de suínos tem uma estrutura piramidal –

com poucas granjas núcleo, um número maior de granjas multiplicadoras e muitas granjas

comerciais – geradoras do produto destinado ao consumo final (DEFRA, 2010). No Brasil,

estas muitas granjas comerciais formam o elo mais fraco da cadeia, dado o número de

propriedades, sua dispersão geográfica, seu baixo grau de profissionalização e consequente

dificuldade de organização (EMBRAPA, 2000).

Com um olhar micro, das atividades na fazenda, o processo de criação de suínos para

abate leva em torno de 170 dias a partir do nascimento. Ele se inicia com a inseminação

artificial das matrizes, que permanecem 114 dias gestantes. Após nascidos os leitões, há um

período de aproximadamente vinte e três dias até o desmame – quando as matrizes voltam

para o início do ciclo e são inseminadas novamente após cinco dias. As leitegadas seguem

Atacadista

Varejista

Abate Desossa

Carne In Natura

Carne Processada

Consumidor

Cidadão

Genética Multiplicação

Produção de

Leitões Engorda

Fazenda Processamento Revenda Demanda

Suprimento de Bens e Serviços

9

então para a creche, onde permanecem por 40 dias com uma atenção maior e, após este

período, vão para a etapa de terminação, onde engordam e são encaminhados para o abate

(RECORD RURAL, 2009).

Dentro da cadeia de valor da produção de suínos (Figura 1), a sustentabilidade nas etapas

de Fazenda ganha especial importância, visto que a maior parte dos impactos e externalidades

geradas são consequências da produção primária e dos insumos relacionados. Quando uma

unidade de carne sai da fazenda para processamento e venda ao consumidor, ela já cumpriu a

maior parte do seu ciclo de vida (NGUYEN; HERMANSEN; MOGENSEN, 2012). Contudo,

é necessário se atentar para o fato de que a sustentabilidade na agropecuária não pode ser

entendida somente como uma questão ambiental, mas sim holística, que considera também as

perspectivas econômica e social (CASTELLINI et al., 2012; PAYRAUDEAU; VAN DER

WERF, 2005) – com efeitos em escala local, regional e global (PAYRAUDEAU; VAN DER

WERF, 2005).

Seguindo esta abordagem mais ampla, alguns autores realizaram avaliações de

sustentabilidade na agropecuária considerando diferentes dimensões. Castellini et al. (2012)

conduziram uma análise geral de sustentabilidade para criação de frangos com base em

indicadores ambientais, financeiros e sociais, adicionando ainda uma quarta dimensão, a

qualidade do produto.

Para suínos, Gomes et al. (2014) propuseram um modelo para avaliação das práticas de

sustentabilidade das granjas com base em quatro dimensões de sustentabilidade com pesos

diferentes: Dimensão Ambiental (com peso 0,4), Dimensão Econômica (com peso 0,3),

Dimensão Político-Espacial (com peso 0,2) e Dimensão Social (com peso 0,1). Já Casagrande

(2006) se utilizou do Método de Avaliação de Sustentabilidade (MAIS) de Oliveira (2002

apud CASAGRANDE, 2006), que avalia quatro dimensões de sustentabilidade: Dimensão

Ambiental, Dimensão Social, Dimensão Cultural e Dimensão Econômica. Cabe destacar que

apesar dos dois métodos de avaliação citados para suinocultura possuírem quatro perspectivas

cada um, as perspectivas político-espacial e cultural podem ser encaradas como

detalhamentos ou vertentes de perspectivas sociais.

Considerando a abordagem holística de sustentabilidade como englobando aspectos

ambientais, sociais e econômicos – cabe uma discussão, não exaustiva, sobre os trabalhos já

realizados nestas áreas. Os tópicos ambiental e social serão apresentados em seguida – e o

tópico econômico será discutido com maior detalhamento no item 2.4 - Integração de

Sustentabilidade, BEA e Avaliação Financeira.

10

2.1.1. Impactos Ambientais da Produção de Suínos

Do ponto de vista ambiental, a agricultura é sustentável se suas emissões poluentes e seu

uso de recursos naturais podem ser suportados pela natureza no longo prazo

(PAYRAUDEAU; VAN DER WERF, 2005), por isto, é tão importante que seus impactos

sejam aferidos.

Os métodos de avaliação de impactos ambientais, segundo Petit e Van Der Werf (2003),

geralmente se baseiam em cinco grandes fases principais: (i) definição de um objetivo global

– c “ v p c b ”; (ii) definição do(s) objetivo(s) específicos –

c “ u qu ” u “u ”; (iii) definição dos indicadores

para cada objetivo; (iv) medição dos indicadores; (v) análise e interpretação dos dados.

Payraudeau e Van der Werf (2005) concordam que os indicadores são a base para

avaliação dos impactos ambientais, e os classificam em três níveis. Indicadores de meio, por

exemplo, avaliam as entradas de um sistema, como a quantidade de água consumida.

Indicadores de emissão avaliam a contribuição para poluição, como nitratos emitidos.

Finalmente, indicadores de impacto dão informações diretamente sobre o impacto gerado –

podendo ser intermediários, como equivalente de CO2 (dióxido de carbono) emitido, ou

finais, como danos a qualidade do ecossistema. Contudo, esses indicadores finalísticos são de

altíssima complexidade para serem calculados. Assim, há um trade-off entre a utilização dos

indicadores de meio, de emissão e de impacto. Os de meio se apresentam como os mais

viáveis e os menos relevantes em termos ambientais; os de impacto, como os mais relevantes

e os menos viáveis; estando os de emissão em um nível intermediário.

Sobre as bases de indicadores, se apoiam diversos métodos de mensuração de impactos

ambientais da atividade agropecuária. Payraudeau e Van der Werf (2005) conduziram uma

revisão de seis métodos bastante utilizados que estão resumidos no Quadro 1.

Quadro 1 - Métodos de Avaliação para Impactos Ambientais da Agropecuária

Método Breve Descrição

Mapeamento de

Riscos Ambientais

Mapeia, seleciona e avalia riscos ambientais como, por exemplo, o vazamento de nitrato

ou pesticidas. Os risco são, então, caracterizados por uma combinação de variáveis,

simulações e indicadores, e têm seus perfis traçados.

Avaliação de

Impactos

Ambientais

Tem como objetivo avaliar o impacto ambiental de uma nova prática agrícola em uma

determinada região. Assim, o estudo se baseia no conceito de que o impacto de uma

atividade humana depende não somente das emissões, mas também da sensibilidade do

ambiente a sua volta. Este método pode englobar, ainda, questões sociais e econômicas.

Sistemas

Multiagente

Visa determinar se o uso de um recurso por um determinado grupo é sustentável. Assim, a

interação entre os diversos agentes e o recurso é modelada e analisada – podendo, além do

aspecto ambiental, englobar as perspectivas social e econômica. Pode-se avaliar, por

exemplo, o impacto das práticas de gestão de resíduos da suinocultura no uso de água.

11

Programação

Linear Múltipla

Busca maximizar, com modelos matemáticos, a produção de uma determinada região em

relação a suas aspirações econômicas, respeitando restrições sociais e ambientais.

Quaisquer impactos ambientais, sociais ou econômicos podem ser incluídos, desde que

seus indicadores sejam modelados matematicamente.

Indicadores

Agroambientais

Caracteriza o impacto ambiental de um sistema de fazenda de maneira geral a partir de

uma série de indicadores que estão listados em frameworks conceituais pré-definidos.

Análise do Ciclo

de Vida

Tem como objetivo avaliar o impacto da produção, do uso e do descarte de um

determinado produto. Combinam-se as poluições emitidas e os recursos consumidos em

um pequeno número de indicadores – podendo ser aferidos impactos locais, regionais e

globais.

Fonte: Adaptado de Payraudeau e Van der Werf (2005)

A Análise do Ciclo de Vida se coloca como um dos métodos mais utilizados. Payraudeau

e Van der Werf (2005) colocam que há um aumento de seu uso para culturas de vegetais, e

Reckmann, Traulsen e Krieter (2012) concordam que ela é uma ferramenta poderosa para

quantificar, avaliar e comparar bens e serviços em termos de impactos ambientais.

Casagrande (2006), atribuindo igual importância, mostra a Análise do Ciclo de Vida de

produtos e serviços como um dos itens do Método MAIS.

Nguyen, Hermansen e Mogensen (2012) foram além e adaptaram a Análise de Ciclo de

Vida com atribuição de valores monetários aos impactos gerados, avaliando os custos

ambientais da produção de suínos. Os dois primeiros passos, de inventário e caracterização

dos impactos – são comuns à Análise do Ciclo de Vida. No passo de inventário uma lista dos

recursos utilizados e das emissões associadas com todo o ciclo de vida é construída. E na

caracterização, os resultados dos inventários são agrupados e classificados em categorias de

impacto, como por exemplo: aquecimento global, acidificação, eutrofização, toxicidade

humana, uso de energia, uso da terra, etc. Por fim, o último passo diferencia os métodos ao

representar esses impactos em termos monetários.

Há, contudo, algumas restrições no método de Análise do Ciclo de Vida. Em primeiro

lugar, por ser um estudo intensivo em dados, há limitações relacionadas às conclusões que se

pode tirar. Especialmente no caso de suínos, os problemas existentes na coleta de dados

podem gerar perda de acurácia. Em segundo, a comparabilidade entre estudos distintos é

limitada. E em terceiro, as escolhas metodológicas e premissas são subjetivas (RECKMANN;

TRAULSEN; KRIETER, 2012). Nguyen, Hermansen e Mogensen (2012) adicionam, ainda,

ressalvas quanto aos métodos que buscam monetizar as externalidades, dado que há alta

incerteza quanto aos valores atribuídos aos diferentes impactos ambientais, com chances de

haver incompletude, pois nem todos os impactos ambientais relevantes são monetizáveis.

12

Vista a breve introdução aos métodos para avaliações de impactos ambientais e suas

principais restrições, é importante que sejam vistos alguns estudos realizados no campo de

sustentabilidade ambiental da produção de suínos e seus resultados.

Basset-Mens et al. (2007), com a mesma preocupação de Chemnitz e Bechava (2014)

para a emissão de gases de efeito estufa, compararam a performance ambiental de emissão de

gases de amônia e carbono em três modelos diferentes de criação de suínos: a agricultura

convencional (com animais criados em alta densidade, confinados, com piso ranhado), o

modelo de produção orgânica (correspondente às normas europeias de produção orgânica), e

o modelo de bem-estar Label Rouge – utilizado na França. Nos últimos dois modelos os

suínos são nascidos e criados ao ar livre até o desmame, quando são colocados em instalações

com frente aberta e palha.

A conclusão dos autores é dependente da escala de produção. Quando a emissão dos

gases foi avaliada por quilo de suíno produzido, o modelo tradicional apresentou as menores

emissões para a maior parte dos gases; enquanto o modelo orgânico apresentou as maiores.

Contudo, quando olhadas as emissões por hectare utilizado, o quadro se inverte, ficando o

melhor desempenho para o modelo orgânico, e o pior para o modelo tradicional. O modelo

Label Rouge fica intermediário em ambos os casos (BASSET-MENS et al., 2007).

Reckmann, Traulsen e Krieter (2013), por sua vez, estudaram o perfil ambiental das

produções de suínos na Alemanha com base em uma Análise do Ciclo de Vida que englobou

desde a produção de alimentos para os suínos até o abate e processamento dos cortes –

terminando antes da embalagem e revenda. Eles olharam três impactos principais: potencial

de aquecimento global, relativo ao aumento na temperatura causada por emissão de gases de

efeito estufa na atmosfera (medido em CO2-eq.); o potencial de eutrofização, relativo à

quantidade de nutrientes despejados no ambiente (medido em PO4-eq.); e o potencial de

acidificação, relativo à redução dos valores de pH no ambiente dada a liberação de

substâncias acidificantes (medido em SO2-eq.). As medidas foram expressadas sobre o peso

da carcaça.

É interessante observar os inventários de emissões da cadeia feitos por Reckmann,

Traulsen e Krieter (2013). A etapa de pré-produção dos suínos envolveu o uso de fertilizantes,

combustíveis fósseis e outros insumos para plantio dos grãos. Já o inventário para produção

dos suínos listou itens desde a produção até a fase de terminação com 120kg. Foram

considerados a quantidade de alimento consumida, as emissões da gestão dos dejetos, o

consumo de eletricidade para luzes, ventilação e alimentação, o uso de calor para os leitões, o

consumo de água, a disposição de carcaças de animais mortos, e o combustível fóssil para o

13

transporte. O inventário para o processo de abate, enfim, envolve o consumo de calor,

eletricidade, água, transporte e produz emissões para água e ar.

A avaliação final mostrou que, por quilo de suíno produzido, um potencial de

aquecimento de 3,22kg de CO2-eq./, um potencial de eutrofização de 23,3g de PO4-eq., um

potencial de acidificação de 57,1g de SO2-eq., sendo que o maior impacto em potencial de

aquecimento global advém da produção de alimentos; os maiores potenciais de eutrofização

são relacionados à alimentação e à produção de urina; e o maior potencial de acidificação

advém da emissão de amônia da gestão de dejetos dos suínos.

Em outro estudo, Nguyen, Hermansen e Mogensen (2012) calcularam o custo das

externalidades da produção de suínos na União Europeia por meio de uma Análise do Ciclo

de Vida, que englobou desde a produção dos alimentos até o envio do animal para o abate,

incluindo o tratamento e a aplicação do estrume. A análise dos autores foi separada em quatro

blocos. O primeiro referente à criação dos animais, o segundo à gestão dos dejetos, o terceiro

à produção de alimentos e o último relativo aos serviços de transporte e produção de calor e

eletricidade.

Do inventário completo utilizado no estudo merecem destaque, com foco apenas na etapa

de criação dos animais em granja, os seguintes itens: uso de energia elétrica, uso de calor e

emissões provenientes dos animais e da gestão de dejetos (NGUYEN; HERMANSEN;

MOGENSEN, 2012).

O mais interessante do estudo de Nguyen, Hermansen e Mogensen (2012) é que foi

encontrado um custo de externalidade de €1,9/kg de carne produzida, maior do que o preço

privado de mercado da carne, cotado em €1,4/kg. Assim, os autores sugerem que é importante

uma discussão a respeito da implantação de impostos ambientais para a produção da carne de

suínos – que seriam uma forma de compensação pelos danos gerados e não cobrados dos

produtores ou consumidores.

O estudo de Gomes et al. (2014), por sua vez, coloca que a sustentabilidade ambiental

das granjas de suínos começou a se tornar um problema com as criações intensivas, quando o

solo local deixou de absorver o grande volume de dejetos produzidos. Assim, os autores

lembram que os dejetos da suinocultura são geralmente manejados na forma líquida, com o

uso de pisos ripados para coleta, e acabam se tornando grande fonte poluidora de solos

agriculturáveis e recursos hídricos, além de emitirem fortes odores (SILVA; SILVA;

MELLO, 2010 apud GOMES et al., 2014).

Com esta ênfase, no modelo de avaliação de sustentabilidade criado por Gomes et al.

(2014), a dimensão ambiental dá destaque à produção e ao tratamento dos dejetos, ao

14

consumo e ao reaproveitamento de água, à contaminação do solo e do ar, e adicionalmente a

possíveis distâncias a serem percorridas com veículos a combustão.

O estudo de Peruzatto (2009), na mesma linha, chama atenção para o consumo de água e

para a produção de dejetos. Segundo o autor, o consumo de água para uma matriz na

maternidade, por exemplo, pode variar entre 20-35l/dia, e um suíno em engorda com peso de

50kg a 100kg pode beber de 5-10l/dia. Ainda, além do grande volume consumido pelos

animais, há a necessidade do uso de água para diluir a concentração das fezes e urinas

produzidas recentemente e tratá-las como resíduos líquidos, tornando seus manejos mais

fáceis. A quantidade de água utilizada na diluição é variável com o tipo de instalação e

hábitos do criador, mas varia de 5 a 10 litros / suíno / dia (SILVA, 2000 apud PERUZATTO,

2009).

Em outro estudo, na Bretanha, região que concentra o maior número de granjas de suínos

na França, Petit e Van der Werf (2003) coletaram a opinião de sete grupos de stakeholders

sobre as produções locais. Foram contemplados (1) os próprios produtores de suínos, (2)

fornecedores dos produtores de suínos, (3) indústria de transformação e varejo, (4) oficiais do

governo envolvidos com impactos ambientais de suínos, (5) cientistas envolvidos no tema, (6)

ativistas do meio ambiente e de consumo, e (7) consumidores.

Os stakeholders listaram a importância relativa de cinco itens em uma lista de nove

questões ambientais e sociais que foram dados como de responsabilidade dos fazendeiros de

suínos. Houve diferença entre o colocado pelos participantes, entretanto, 51% dos

respondentes listaram qualidade da água em primeiro ou segundo. Qualidade do solo foi

colocada em primeiro e segundo por 27% dos respondentes, e segurança do produto e

qualidade do ar vieram em terceiro e quarto respectivamente. Questões como qualidade da

paisagem, biodiversidade natural e da agricultura, sabor do produto e bem estar-animal foram

consideradas menores. (PETIT; VAN DER WERF, 2003)

Os stakeholders avaliaram, em seguida, o quão responsáveis os fazendeiros de suínos são

sobre determinadas questões ambientais. Odores desagradáveis vem em primeiro lugar como

atribuíveis aos fazendeiros de suínos (estando em primeiro ou segundo por 80% dos

respondentes), qualidade da água (65%) e poluição do solo (65%) em segundo e terceiro. A

responsabilidade pela deterioração do ambiente, redução dos recursos naturais e da paisagem

vieram depois – assim como aquecimento global. É interessante, além disso, notar a diferença

média de valores com os quais se atribuem os problemas aos fazendeiros. Os ativistas são

mais enfáticos, seguidos dos consumidores, da indústria de suprimentos e, por último, dos

fazendeiros em si. (PETIT; VAN DER WERF, 2003)

15

Petit e Van der Werf (2003) sugerem, então, que em pesquisas futuras sobre impactos

ambientais, objetivos específicos sobre qualidade do solo e do ar são essenciais, objetivos

sobre a qualidade da água e odores são em seguida os mais importantes e que não há

necessidade de se traçarem objetivos sobre ruídos.

O estudo de Tuomisto et al. (2012) utilizou indicadores para uma meta-análise de

comparação entre produções agropecuárias orgânicas e convencionais. Cabe destacar que a

comparação não envolvia somente produções de suínos, contudo, a listagem – colocada no

Quadro 2 – auxilia como base para identificação de pontos críticos da agropecuária em geral.

Quadro 2 – Indicadores Ambientais para Comparação de Produções Convencionais e Orgânicas

Indicadores Descrição Agrupamento

Biodiversidade Perda de biodiversidade dada a alteração dos

habitats e paisagens naturais.

Utilizado para medir o impactos /

emissões diretas das fazendas somente

Emissão de oxido

nitroso

Especialmente importante para a pecuária, pois

pode se originar na aplicação e gestão do

estrume. O gás contribui para o efeito estufa e

mudanças climáticas.

Utilizado para medir o impactos /

emissões diretas das fazendas somente

Emissões de

amônia

Advinda principalmente da gestão do estrume, a

amônia é o principal poluente acidificante da

agricultura.

Utilizado para medir o impactos /

emissões diretas das fazendas somente

Lixiviamento de

nitrogênio

Gera a contaminação de lençóis freáticos,

u f z c p ’ u

emissões de oxido nitroso.

Utilizado para medir o impactos /

emissões diretas das fazendas somente

Perda de fósforo Quando retirado do solo, o fósforo contribui para

a eutrofização dos lençóis freáticos.

Utilizado para medir o impactos /

emissões diretas das fazendas somente

Uso de matéria

orgânica do solo

Se refere a qualidade do solo, como estrutura,

grau de erosão, nível de carbono, etc.

Utilizado para medir o impactos /

emissões diretas das fazendas somente

Emissão de gases

de efeito estufa

Se refere aos principais gases emitidos, como

dióxido de carbono, metano e óxido nitroso,

medidos em equivalente-CO2.

Utilizado para compilação de emissões

do Ciclo de Vida como um todo

Potencial de

acidificação

Os principais poluentes são a amônia (NH3) e o

dióxido sulfúrico (SO2) – sendo medido em

equivalente SO2.

Utilizado para compilação de emissões

do Ciclo de Vida como um todo

Potencial de

eutrofização

Eutrofização se refere ao enriquecimento de

habitats aquáticos e terrestres com nutrientes

para vegetais, o que pode gerar um crescimento

elevado de altas e plantas – o que pode alterar os

ecossistemas.

Utilizado para compilação de emissões

do Ciclo de Vida como um todo

Uso de energia Uso direto e indireto em diversas etapas,

incluindo eletricidade e combustíveis fósseis.

Utilizado para compilação de emissões

do Ciclo de Vida como um todo

Uso da terra Área de recurso limitado requerida para

produção.

Utilizado para compilação de emissões

do Ciclo de Vida como um todo

Fonte: Adaptado de Tuomisto et al. (2012)

16

Os resultados mostraram que a agropecuária orgânica na Europa possui impactos

ambientais geralmente menores por unidade de área do que a agropecuária convencional, mas

nem sempre por unidade de produto. Assim, os autores colocam que não existe um melhor

modelo de fazenda para todas as circunstâncias (TUOMISTO et al., 2012).

Como último estudo a ser apresentado, Casagrande (2006) avaliou os impactos

ambientais e sociais gerados pela atividade de suinocultura no município de Toledo – Paraná,

comparando granjas com o uso do sistema convencional de tratamento de dejetos

(esterqueiras) com granjas que se utilizam de um Biossistema Integrado. Biossistemas

Integrados procuram maximizar o desenvolvimento sustentável, aplicando métodos e técnicas

que eliminam os resíduos produzidos em determinado processo produtivo, transformando-os

em matéria prima para outros processos. (CASAGRANDE, 2006).

As granjas sustentáveis estudadas por Casagrande (2006) eram equipadas com

biodigestores para geração de biogás (basicamente metano) a partir da fermentação da

biomassa – processo que pode reduzir em torno de 60% a carga de poluentes dos resíduos. O

material sólido retirado do biodigestor pode ser utilizado para fertilizantes, pois se encontra

em forma assimilável pelas plantas e sem cheiro ou bactérias nocivas. Já a parte líquida, se

destina a criação de algas para alimentação de peixes.

O estudo de Casagrande (2006), contudo, difere dos demais apresentados pois o método

MAIS utilizado pelo autor não pretende mensurar emissões e tampouco de quantificar

monetariamente os impactos ambientais das granjas, mas sim comparar as granjas em termos

de aplicação de boas práticas de gestão de sustentabilidade organizacional. Como exemplo,

avalia-se o grau no qual a granja realiza a análise do ciclo de vida de seus produtos – mas não,

efetivamente, o resultado destas análises. O resultado da aplicação do método por Casagrande

(2006) mostrou uma maior sustentabilidade na granja com biossistema integrado, enquanto a

outra mostrou- “ bu c u b ”

Vistos estes diversos estudos, é possível construir um quadro resumo que liste os

principais impactos ambientais relacionados à suinocultura. Pelo escopo deste trabalho, foram

colocados no quadro somente os impactos da criação dos suínos e tratamento dos dejetos

referentes ao Macroprocesso Fazenda (Figura 1). Impactos que seriam considerados em uma

análise completa do ciclo de vida, como contaminação por fertilizantes industriais na

produção do milho, não foram incluídos, pois quaisquer mudanças no sistema de produção de

fazenda não afetariam este tipo de contaminação de maneira relevante – a não ser pela

quantidade de ração ingerida pelos animais.

17

O Quadro 3 apresenta o resumo com os principais impactos, uma breve descrição do por

quê ocorrem, que tipos de indicadores são utilizados para medi-los, e que autores tratam do

tema em suas análises, mesmo que parcialmente.

Quadro 3 - Quadro Resumo de Itens de Relevância para Dimensão Ambiental na Suinocultura

Itens de Relevância

Ambiental Descrição Autores

Água (uso) O uso de água na criação de suínos ocorre

majoritariamente por três motivos: consumo de água

pelos animais, lavagem e desinfecção dos galpões e

tratamento dos dejetos de forma líquida.

O uso da água geralmente é medido com indicadores

de meio.

(CHEMNITZ;

BECHAVA, 2014;

GOMES et al., 2014;

PERUZATTO, 2009;

RECKMANN;

TRAULSEN; KRIETER,

2013)

Energia (uso) A energia consumida na criação de suínos pode advir

da eletricidade ou de combustíveis fósseis. O consumo

de energia elétrica acontece principalmente nos

equipamentos utilizados, como lavadoras,

escamoteadores, refrigeradores de ambiente, etc. Por

sua vez, os combustíveis fósseis são majoritariamente

consumidos no transporte dos animais, mas também

podem alimentar equipamentos como escamoteadores a

gás.

O uso de combustíveis fósseis geralmente é medido

com indicadores de meio.

(GOMES et al., 2014;

NGUYEN;

HERMANSEN;

MOGENSEN, 2012;

RECKMANN;

TRAULSEN; KRIETER,

2013; TUOMISTO et al.,

2012)

Terra (uso) O uso da terra se refere a área ocupada para criação dos

suínos e tratamento dos dejetos. Cabe neste item,

também a alteração da paisagem natural – que envolve

possíveis desmatamentos e alterações no local com

possíveis impactos no ecossistema local.

O uso de área de terra geralmente é medido com

indicadores de meio. Já para alteração da paisagem

natural, o indicador de meio é uma medida qualitativa.

Contudo, medidas de impactos no ecossistema podem

ser aferidas.

(CHEMNITZ;

BECHAVA, 2014;

PETIT; VAN DER

WERF, 2003;

TUOMISTO et al., 2012)

Água (contaminação) c c p ’ u p x c

suinocultura pode ocorrer pelo vazamento de efluentes

contaminados, pelo descarte incorreto de resíduos

sólidos, ou até mesmo pela aplicação errada de

fertilizantes derivados do estrume.

A contaminação pode ser estimada por indicadores de

emissão, como volume de dejetos líquidos gerado; ou

por indicadores de impacto, como o potencial de

eutrofização avaliado, por exemplo em termos de PO4-

eq.

(CHEMNITZ;

BECHAVA, 2014;

PERUZATTO, 2009;

PETIT; VAN DER

WERF, 2003;

RECKMANN;

TRAULSEN; KRIETER,

2013; TUOMISTO et al.,

2012)

18

Ar (contaminação) A contaminação do ar em criações de suínos tem duas

origens principais: a emissão direta por parte dos

animais, e as emissões provenientes do

armazenamento, transporte e tratamento dos dejetos.

Dentre os gases emitidos, são de grande importância os

geradores de efeito estufa, como o metano (CH4) e

oxido nitroso (N2O). Estas emissões são bastante

variáveis dependendo do método utilizado, mas

dificilmente são extintas. Um impacto paralelo a

emissão de gases são os odores provenientes das

criações de suínos – que acabam por ter também um

importante impacto social.

A contaminação do ar pode ser mensurada com

indicadores de emissão, que avaliam as quantidades

liberadas de substâncias específicas; ou com

indicadores de impacto como potencial de aquecimento

global mensurado em CO2-eq.

(BASSET-MENS et al.,

2007; CHEMNITZ;

BECHAVA, 2014;

GOMES et al., 2014;

NGUYEN;

HERMANSEN;

MOGENSEN, 2012;

PETIT; VAN DER

WERF, 2003;

RECKMANN;

TRAULSEN; KRIETER,

2012, 2013; TUOMISTO

et al., 2012)

Terra (contaminação) A contaminação do solo pode ocorrer seja por

vazamento de efluentes líquidos, pelo descarte

incorreto de resíduos sólidos e matéria seca ou pelo uso

errado de fertilizantes derivados dos dejetos.

A contaminação do solo pode ser mensurada com

indicadores de emissão; ou com indicadores de impacto

como o potencial de acidificação medido em SO2-eq.

(GOMES et al., 2014;

NGUYEN;

HERMANSEN;

MOGENSEN, 2012;

PETIT; VAN DER

WERF, 2003;

RECKMANN;

TRAULSEN; KRIETER,

2013; TUOMISTO et al.,

2012)

Uma última ressalva é importante a respeito dos impactos ambientais, principalmente

para a realização de comparações entre sistemas. A unidade funcional, utilizada como

denominador das análises, pode afetar de maneira significativa o resultado. Como exemplo,

no estudo de Basset-Mens et al. (2007), a classificação de sustentabilidade dos modelos de

produção de suínos orgânico, convencional e Label Rouge era invertida para as unidades

funcionais quilo de suíno produzido ou hectare utilizado. Da mesma maneira, o estudo de

Tuomisto et al., (2012) também mostrava que a agropecuária orgânica possuía melhores

resultados por unidade de terra utilizada, mas não por unidade de produto.

2.1.2. Impactos Sociais na Produção de Suínos

De acordo com o tripé de sustentabilidade, é importante que sejam vistos os impactos

sociais da suinocultura e, especificamente para este trabalho, impactos relativos ao

Macroprocesso Fazenda (Figura 1). Contudo, após a revisão de diversos estudos, concluiu-se

que pela natureza do objeto os impactos sociais têm suas fronteiras mais difusas do que os

impactos ambientais e, assim, suas origens e consequências são mais difíceis de serem

identificadas. De toda maneira, buscou-se organizar os itens de relevância social para análise

de sustentabilidade em granjas de suínos em dois grupos: impactos gerados pela granja que

19

afetam as comunidades no entorno e impactos gerados pela granja que têm efeitos

majoritariamente dentro de suas fronteiras, principalmente em seus empregados e gestores.

Olhando inicialmente os impactos gerados pelas fazendas de suínos nas comunidades do

entorno, cinco itens foram identificados: o sentimento da comunidade em relação as granjas, a

emissão de odores, os investimentos em inovação, o enriquecimento do trabalho no campo e a

geração de emprego, renda e retenção nas áreas rurais.

O primeiro item, referente à percepção e ao sentimento da comunidade ao redor sobre a

granja, ganha destaque no método MAIS (CASAGRANDE, 2006) e foi medido na pesquisa

realizada por Petit e Van der Werf (2003) com os stakeholders da produção de suínos na

Bretanha – França. Os autores avaliaram se os stakeholders consideravam a indústria de

suínos local como um ativo ou como uma desvantagem. Assim, descobriram que 93% dos

produtores de suínos e 100% dos seus fornecedores consideram as fazendas de suínos como

um ativo da região. Por outro lado, 58% dos cientistas, 78% dos ativistas e 54% dos

consumidores veem a mesma indústria como uma desvantagem para a área (PETIT; VAN

DER WERF, 2003).

O segundo item, relativo aos odores emitidos pelas criações, foi um dos aspectos citados

na pesquisa de Petit e Van der Werf (2003). E, apesar de colocado como um impacto maior

nas comunidades ao redor, afeta também alguns trabalhadores de granja, que se mostram

permanentemente preocupados com o cheiro que carregam e tem medo que este cheiro não

seja retirado com banhos e interfira em suas vidas pessoais (PORCHER, 2010).

O terceiro item, referente ao investimento em inovação, ganha relevância na Dimensão

Político-Espacial do modelo de Gomes et al. (2014). Segundo os autores, o desenvolvimento

tecnológico dos métodos utilizados contribui para o aumento na produção de alimentos e gera

oportunidades de ocupação e renda no meio rural. Assim, podemos vê-lo como um precursor

que nos leva ao quarto e ao quinto itens, também inspirados em Gomes et al. (2014).

O enriquecimento do trabalho no campo vem em quarto lugar, com a ressalva de que foi

listado separadamente da inovação pois entende-se que o enriquecimento do trabalho pode

advir mas não está necessariamente ligado a novas tecnologias. Sua origem pode estar nas

alterações simples do manejo e na mudança de consciência e responsabilidades do

trabalhador.

O último item, relacionado à geração de emprego, renda e retenção nas áreas rurais, além

de ser dado por Gomes et al. (2014) como uma consequência do desenvolvimento

tecnológico, também é apontado por Casagrande (2006) como importante para a avaliação

social da suinocultura.

20

Ainda sobre a retenção em áreas rurais, Coleman et al. (2000) usam uma ótica diferente –

não relacionada à disponibilidade de emprego ou aumento da renda. Os autores testaram a

eficácia de treinamentos com o objetivo de alterar a atitude e o comportamento dos

trabalhadores em relação aos animais. Foi analisado no estudo, também, se os treinamentos

gerariam o mesmo resultado em granjas comerciais médias e grandes, nas quais os efeitos das

pressão dos pares e a consequente homogeneidade dos comportamentos pode alterar a

efetividade do programa. Foram encontrados resultados que independem do tamanho das

granjas, com melhoria da atitude dos empregados, redução do medo dos suínos em relação

aos tratadores, melhoria na produtividade e, ainda, maior retenção dos que haviam recebido

treinamento – sendo 61% contra 47% de um grupo de controle seis meses após o treinamento.

Alterando o foco para o segundo grupo de impactos, que têm maior influencia dentro das

próprias fronteiras das granjas, outros sete itens foram vistos em estudos que tangenciam a

sustentabilidade social na suinocultura: relação afetiva com animais e estresse, treinamento e

desenvolvimento de pessoas, eficiência no manejo, desgaste físico, saúde e segurança do

trabalhador, satisfação e engajamento no trabalho e imagem do setor.

A relação entre os animais e os trabalhadores é tratada por Porcher (2010), que coloca

que o envolvimento afetivo é inevitável e é um componente necessário do trabalho com

animais – sendo um estado de bem-estar no qual o trabalhador está confortável com os

animais e os animais estão confortáveis com os trabalhadores. Contudo, o autor ressalta que a

u z f z v v “ p u ” uz u

múltiplos racionais do trabalho com animais a um único: o racional técnico-econômico de

“p uz qu qu cu ” O u p c c ô cos, especialmente os relacionais

e de afetividade foram reprimidos, gerando uma deterioração das relações homem-animal.

Assim, o sofrimento dos animais pode se espalhar para os trabalhadores, que reprimem seus

sentimentos, podendo, por isso, ter inúmeras patologias físicas e mentais (PORCHER, 2010).

Em resposta ao sofrimento, os trabalhadores desenvolvem mecanismos de defesa individual

que bloqueiam o processo de pensamento sobre questões que considerariam imorais, como o

corte de rabos e a morte de leitões pela agressão contra superfícies rígidas, tornando estas

práticas toleráveis. (PORCHER, 2010)

Por sua vez, a pesquisa de Coleman et al. (2000), que alterou a visão dos empregados em

relação aos suínos com treinamentos, avaliou percepção dos trabalhadores sobre os suínos

com questionamentos relacionados a higiene, gula, inteligência, humor e potencial dos bichos

para brincadeira e serem animais de estimação. Os autores questionaram, inclusive, a

21

frequência com a qual os trabalhadores acariciavam e conversavam com os animais. Com

estas perguntas, pode-se inferir o gosto pelos suínos.

Por fim, é interessante a colocação de Porcher (2010) em relação a diferença entre

homens e mulheres no tangente à relação afetiva com os animais. Segundo o autor, as

mulheres são mais conectadas aos animais e relutam em bater nos animais ou matá-los –

enquanto os homens estão mais interessados nos resultados técnicos.

O segundo item de relevância para a dimensão social dentro das fronteiras da granja se

refere ao treinamento e desenvolvimento de pessoas – com destaque para o trabalho de

Coleman et al. (2000) que tem aspecto como tema central. Os autores, em sua avaliação sobre

o impacto do experimento nos trabalhadores, fazem questionamentos relativos ao

conhecimento técnico e à vontade de aprender. São colocadas perguntas sobre o quanto os

empregados conversam sobre métodos de trabalho nas pausas, se eles fariam cursos nas folgas

se fossem disponíveis e o quanto sabem sobre doenças e fatores que afetam a reprodução de

suínos.

Gomes et al. (2014) e Casagrande (2006) também concordam sobre a importância do

tema e colocam o investimento em capacitação e desenvolvimento de pessoas em seus

métodos de avaliação de sustentabilidade para suinocultura – dado que afetam o dia a dia e a

qualidade do trabalho nas granjas. O que influencia, inclusive, no terceiro item de relevância

identificado, a eficiência no manejo, definida por Coleman et al. (2000) como sendo a

resposta comportamental dos suínos aos humanos e avaliada com questões relativas à

dificuldade percebida para mover os animais.

O quarto e quinto itens apontados na literatura, desgaste físico e saúde e segurança do

trabalhador, se tangenciam. A p u uí é c c “ x u v ”

“ ”, e o caráter manual e o ambiente compartilhado com os animais levam a muitas

lesões nas costas, braços, mãos, problemas de audição e respiratórios. O estresse, por sua vez,

é gerado pela pressão sobre os trabalhadores para lidarem com uma produção enxuta – e

podem até mesmo transpassar regras de segurança, como não lavar as maternidades entre

lotes diferentes (PORCHER, 2010).

Nestes temas, novamente Gomes et al. (2014), Casagrande (2006) e Coleman et al.

(2000) estão de acordo. Eles destacam a necessidade de critérios para prevenção de acidentes

na Dimensão Social, levando em consideração as condições de trabalho e a qualidade do ar.

A satisfação e o engajamento dos empregados no trabalho, por sua vez, são destacados

por Coleman e Bow (2014). Segundo os autores, para que os empregados cuidem dos animais

e os valorizem, são necessários mais do que treinamentos técnicos – e defendem a criação de

22

u “Círcu Cu ” qu c c o dono da fazenda, que valoriza seus supervisores

e cuida dos mesmos, que repassam esta atitude aos empregados, que repassarão aos animais.

Assim, eles colocam que é necessário que os tratadores sejam emocionalmente engajados na

atividade de criação de suínos. Para avaliar este engajamento, Coleman et al. (2000) se

utilizaram de questões sobre o tédio no trabalho, a crença em permanência na indústria e o

anseio pelo intervalo de almoço e final do expediente.

Por fim, o sétimo item de impacto dentro das fronteiras da granja com relevância para a

dimensão social de sustentabilidade se refere à imagem do setor, como apontado no Método

MAIS (CASAGRANDE, 2006). A suinocultura vem sofrendo fortes ataques relacionados aos

temas de bem-estar animal (COLEMAN; BOW, 2014; PETIT; VAN DER WERF, 2003;

PORCHER, 2010), problemas ocupacionais dos trabalhadores (PORCHER, 2010) e impactos

ambientais (PETIT; VAN DER WERF, 2003). Assim, os produtores estão cada vez mais

preocupados com a imagem negativa da indústria junto ao público em geral (PETIT; VAN

DER WERF, 2003), que pode impactar o moral de seus trabalhadores.

Vistos os estudos, o Quadro 4 apresenta um resumo dos principais impactos e itens de

relevância para análise do pilar social de sustentabilidade na suinocultura. Estes itens estão

separados de acordo com sua maior influência: comunidades ao redor (com marcadores C), ou

internamente nas próprias granjas (com marcadores G).

Quadro 4 - Quadro Resumo de Itens de Relevância para Dimensão Social na Suinocultura

Itens de Relevância

Social Descrição Autores

Impactos sobre as comunidades ao redor

[C1] Percepção da

comunidade sobre as

granjas

Se refere à percepção das comunidades ao redor. Se as

granjas são vistas como um ativo ou um malefício local.

(CASAGRANDE, 2006;

PETIT; VAN DER

WERF, 2003)

[C2] Emissão de odores Os odores gerados pelas criações de suínos podem se

propagar e atingir as comunidades do entorno, gerando

incômodo.

(PETIT; VAN DER

WERF, 2003;

PORCHER, 2010)

[C3] Investimento em

inovação

Se refere ao investimento em inovação colocado nas

granjas, seja em inovações tecnológicas, de manejo ou de

gestão.

(GOMES et al., 2014)

[C4] Enriquecimento do

trabalho no campo

O enriquecimento do trabalho é relativo ao aumento da

complexidade das funções, que podem ganhar maior

responsabilidade e necessitar de requisitos técnicos mais

elevados para preenchimento das vagas.

(GOMES et al., 2014)

[C5] Geração de

emprego, renda e

retenção nas áreas rurais

Se refere a oferta de empregos, aos níveis salariais e a

intenção de permanecer no emprego e no campo dos

trabalhadores da suinocultura.

(CASAGRANDE, 2006;

COLEMAN et al., 2000;

GOMES et al., 2014)

23

2.2. BEM-ESTAR ANIMAL (BEA)

A relevância do tema de bem-estar animal para animais de produção é colocada por

Broom e Molento (2004), que ressaltam que no mundo há mais animais de produção do que

animais domésticos. Assim, considerando a gravidade do problema e o número de animais

afetados, os ferimentos nas patas dos frangos de corte e galinhas poedeiras ocupam o primeiro

lugar na lista de severidade, seguidos pelo confinamento de matrizes suínas em gaiolas

(BROOM; MOLENTO, 2004).

Para melhor explicação a respeito do tema, o segundo bloco da revisão de literatura está

dividido em dois tópicos: o primeiro relativo à definição geral e o segundo relacionado aos

métodos propostos para mensuração do nível de bem-estar animal.

2.2.1. Definição de Bem-Estar Animal

O bem-estar de um individuo é seu estado e seu esforço em relação às tentativas de lidar

com o ambiente (BROOM, 1991). Um ambiente ruim requer muito esforço para que seja

suportado – gerando um bem-estar muito pobre; um ambiente bom, requer praticamente

nenhum esforço, gerando um elevado bem-estar. Entre estes extremos há um contínuo de

possíveis estados (BROOM, 1988). De maneira mais específica, quando um animal tem uma

necessidade, há uma reação comportamental ou fisiológica para que esta necessidade seja

sanada. Estas respostas buscam manter a estabilidade do animal e podem ser bem sucedidas

Impactos internos as granjas

[G1] Relação afetiva

com os animais e

estresse

Percepção dos empregados sobre os animais e sobre o

trabalho com animais.

(COLEMAN et al.,

2000; PORCHER, 2010)

[G2] Treinamento e

desenvolvimento de

pessoas

Se refere aos treinamentos e capacitações necessários

não somente para realização do manejo, mas também que

propiciem um entendimento mais amplo dos

trabalhadores sobre a suinocultura.

(CASAGRANDE, 2006;

COLEMAN et al., 2000;

GOMES et al., 2014)

[G3] Eficiência no

manejo

Facilidade no manejo dos animais no sistema de

produção utilizado.

(COLEMAN et al.,

2000)

[G4] Desgaste físico Esforço físico necessário para realização do trabalho –

não considerando lesões ou doenças decorrentes do

trabalho.

(PORCHER, 2010)

[G5] Saúde e segurança

do trabalhador

Acidentes e doenças decorrentes do trabalho – como

lesões por esforço repetitivo e doenças respiratórias dada

a exposição a gases.

(CASAGRANDE, 2006;

COLEMAN et al., 2000;

GOMES et al., 2014;

PORCHER, 2010)

[G6] Satisfação e

engajamento no trabalho

Grau de engajamento dos empregados com o trabalho e

perspectivas de crescimento.

(COLEMAN et al.,

2000; COLEMAN;

BOW, 2014)

[G7] Imagem do setor Se refere aos impactos que os ataques e críticas ao a

suinicultura podem ter sobre seus trabalhadores – em

termos de percepção sobre os animais, satisfação e

engajamento.

(CASAGRANDE, 2006;

COLEMAN; BOW,

2014; PETIT; VAN

DER WERF, 2003;

PORCHER, 2010)

24

facilmente, com grande dificuldade ou não gerarem o resultado esperado. O bem estar do

animal, então, é claramente afetado pela falha ou dificuldade em lidar com as respostas

necessárias ao ambiente (BROOM, 1991).

Tendo o esforço como o que caracteriza o bem-estar, uma observação interessante pode

ser feita em relação aos ambientes naturais. Nem sempre eles geram as melhores condições de

bem-estar, dado que podem existir problemas maiores, como predação, condições físicas

extremas e doenças. O bem-estar de animais de cativeiro pode ser elevado, mas deve ser

baseado nas medidas corretas e não em ideias pré-concebidas sobre ambientes que achamos

que acolherão bem os animais (BROOM, 1988).

Ainda, é importante diferenciar o bem-estar de sofrimento. O sofrimento se refere aos

sentimentos subjetivos do animal e frequentemente acontece junto com um estado de bem-

estar ruim, contudo, o bem-estar é um termo mais amplo. O bem-estar pode ser pobre na

ausência de sofrimento, durante o sono do animal – por exemplo – quando a experiência

subjetiva do sofrimento cessa. Além disso, não é desejável cientificamente que o bem-estar

animal seja definido em termos de experiências subjetivas (BROOM, 1991).

Assim, cientificamente, algumas medidas objetivas de bem-estar são: indicadores

fisiológicos de prazer; indicadores comportamentais de prazer; extensão com a qual

comportamentos preferidos são mostrados; variedade de comportamentos normais mostrados

ou suprimidos; grau de normalidade dos processos fisiológicos e anatômicos; aversão a

comportamentos; tentativas fisiológicas de adaptação ao ambiente; imunossupressão;

prevalência de doenças; tentativas comportamentais de adaptação ao ambiente; patologias

comportamentais; alterações cerebrais; prevalência de mudanças no corpo; habilidades de

crescer e reproduzir; expectativa de vida (BROOM, 2011).

Como exemplos relacionados ao bem-estar animal na produção de suínos podemos citar

a apatia e as estereotipias. Matrizes suínas com maior bem-estar são mais responsivas e notam

mais o ambiente e as mudanças em sua volta, enquanto matrizes em gaiolas são mais apáticas.

O comportamento estereotipado, ou estereotipia, também é uma resposta comportamental das

matrizes confinadas. A estereotipia é uma sequência repetitiva de movimentos que acontece

tão frequentemente em um dado contexto que não pode ser considerada como parte do

funcionamento normal do organismo do animal. Algumas estereotipias comuns em suínos são

a mordedura de barras, o acionamento dos bebedouros sem beber, balançar a cabeça e a

mastigação simulada – quando é feita a ação de mastigar sem nenhum alimento na boca.

(BROOM, 1988)

25

Broom (1991) lista, então, algumas implicações da definição de bem-estar: (1) o bem

estar é uma característica do animal e não algo que se provê; (2) o bem estar pode variar em

um contínuo de muito bom a muito ruim; (3) o bem estar pode ser medido de maneira

científica independente de considerações morais; (4) medidas de falha ou dificuldade em lidar

com o ambiente são medidas de bem-estar pobre; (5) o conhecimento das preferências do

animal dá informações sobre as condições que lhe geram bem estar; (6) os animais podem

usar uma variedade de métodos para lidar com o ambiente.

Em linha com este raciocínio, o Farm Animal Welfare Committee, do governo do Reino

Unido, coloca que o bem-estar dos animais engloba seu estado físico (saúde) e mental

(sensação) e deve ser considerado em termo das Cinco Liberdades (FAWC, 2011). Estas

liberdades, criadas em 1965 com o Relatório Brabell, representam os estados ideais a serem

atingidos – e não padrões mínimos aceitáveis.

São elas: (1) liberdade de fome e de sede: acesso à água fresca e a uma dieta saudável;

(2) liberdade de desconforto: ambiente adequado com abrigo e lugar para descanso; (3)

liberdade de dor, ferimentos ou doenças: prevenção ou tratamento rápido; (4) liberdade para

expressar o comportamento normal: com a provimento de espaço e acomodações adequados e

a companhia de animais da mesma espécie; (5) liberdade de medo e estresse: garantindo

condições e tratamento que não gerem sofrimento mental (FAWC, 2011)

A definição de padrões mínimos aceitáveis de bem-estar animal, por sua vez, é uma

decisão moral a ser tomada. Contudo, esta decisão de meta não influencia a medida; a

avaliação do nível de bem-estar é científica, o quanto se aceita é moral (BROOM, 1988).

Caso um animal seja morto por um tiro repentinamente, sem dor e de maneira

instantânea, há uma questão moral sobre esta morte, mas não uma questão de bem estar – pois

não houve o emprego de esforço para lidar com o ambiente. Da mesma maneira, pode-se criar

um animal com bem-estar até a hora do seu abate para que vire alimento (BROOM, 1988).

2.2.2. Métodos para Aferição do Nível de Bem-Estar Animal

Broom e Molento (2004) ressaltam que uma avaliação de bem-estar deve ser realizada de

forma completamente separada de questões éticas, apesar de prover informações para que

decisões éticas sejam tomadas em relação à situação avaliada. Além disto, diversas medidas

devem ser consideradas, e não apenas uma medida individual (BROOM, 1988). Definindo de

maneira mais precisa, existem quatro etapas em estudos relacionados a animais de produção.

A primeira etapa envolve considerações éticas e envolve a verificação de que existe um

problema. A segunda e a terceira etapas, envolvem a coleta e a análise dos dados de bem estar

26

animal – elas devem ser o mais científicas e objetivas possíveis. Por fim, o último passo

envolve a apresentação dos resultados e tomadas de decisão – que podem ser carregadas de

questões éticas (BROOM; MOLENTO, 2004).

Um exemplo para método científico de mensuração de bem-estar animal é o Protocolo

para Avaliação da Qualidade de Vida de Suínos, desenvolvido pelo Welfare Quality

Consortium (2009) – que conta com a participação de quarenta instituições europeias e quatro

latino-americanas. O método busca padronizar a avaliação, gerando uma pontuação final

global a partir de medidas majoritariamente aferidas do animal. Sua aplicação pode ser feita

para matrizes suínas, para leitões em crescimento e na fase de terminação.

O protocolo se organiza de maneira encadeada, sendo a avaliação final baseada em

quatro princípios, desdobrados em doze critérios, aferidos em aproximadamente trinta

medidas. As medidas são interpretadas e sintetizadas para produzirem a pontuação do critério,

que pode variar em uma escala de zero a cem. Sendo zero a pior situação possível, cinquenta

uma situação neutra, e cem a melhor situação – quando não é mais possível melhorar o bem-

estar.

Para avaliação de matrizes e leitões, por exemplo, o protocolo mostrado no Quadro 5 é

proposto:

Quadro 5 - Protocolo para Avaliação de Bem-Estar de Matrizes e Leitões

Critérios de Bem-Estar Medidas

Boa Alimentação 1

Ausência de

fome prolongada

Matrizes: Pontuação de condição do corpo

Leitões: Idade do desmame

2 Ausência de

sede prolongada

Matrizes e leitões: Suprimento de água

Bom Alojamento 3

Conforto para

descanso

Matrizes: Bursite, feridas nos ombros

Matrizes e leitões: Ausência de estrume no corpo

4 Conforto

térmico

Matrizes e leitões: Estado ofegante, amontoamento

5 Facilidade de

movimentação

Matrizes: Existência de espaço, uso de gaiolas

Boa Saúde 6

Ausência de

ferimentos

Matrizes e leitões: Manqueira

Matrizes: Feridas no corpo, lesões na vulva

7

Ausência de

doenças

Matrizes e leitões: Mortalidade, tosse, espirro, respiração

pesada, prolapso retal, diarreia

Matrizes: Constipação, metrite, mastite, prolapso uterino,

condições da pele, rupturas e hérnias, infeções locais

Leitões: Desordem neurológica, abertura de pernas

8

Ausência de dor

produzida pelo

manejo

Matrizes: Colocação de brincos no nariz, corte de rabo

Leitões: Castração, corte de rabo, e aparamento de dentes

Comportamento

Apropriado 9

Expressão dos

comportamentos

sociais

Matrizes: Comportamento social

10 Expressão de Matrizes: Estereotipias, comportamento exploratório

27

outros

comportamentos

11 Boa relação

homem animal

Matrizes: Medo de humanos

12

Estado

emocional

positivo

Matrizes e leitões: Avaliação comportamental qualitativa

Fonte: Adaptado de Welfare Quality Consortium (2009)

Cada medida proposta traz detalhada uma descrição de método para sua pontuação e

classificação exata. Por exemplo, para classificação do estado ofegante, delimita-se que

matrizes com uma taxa acima de vinte e oito respirações por minuto podem ser consideradas

ofegantes. São utilizados, então, critérios pré-definidos de conversão das medidas para

pontuações.

As pesquisas científica sobre bem estar animal culminaram, então, no lançamento dos

dez Princípios Gerais para o Bem-Estar de Animais em Sistemas de Produção pela

Organização Mundial da Saúde Animal – OIE. Estes princípios, que podem ser vistos no

Anexo I, focam o animal como primeira preocupação, sendo as melhorias na produtividade e

eficiência benefícios correlacionados, e servem de base para a criação de padrões específicos

para pecuária de diversas espécies de animais (FRASER et al., 2013).

Por fim, para uma avaliação das perspectivas futuras a respeito do bem-estar animal,

Frank (2007) testou a possibilidade da existência de uma Curva de Kuznets relacionada o

tema. Desta maneira, haveria uma expectativa de que o bem-estar geral dos animais fosse

reduzido em um primeiro momento de crescimento econômico, mas que aumentasse após um

ponto de saturação – retornando ao patamar inicial, mas com evolução econômica alta – como

visto na Figura 2.

Figura 2 - Curva de Kuznets Teórica para o Bem-Estar Animal

Fonte: Adaptado de Frank (2007)

O conceito testado por Frank (2007) se apoia sobre a ideia de que, em algum momento, o

crescimento econômico se apoiará ou será acompanhado de melhorias no bem-estar dos

Danos aos

Animais

Crescimento Econômico

Curva de Kuznets

para o BEA

28

animais. O que vai contra ideologias tradicionais de que o capitalismo estaria inevitavelmente

amarrado a exploração de animais em larga escala.

A hipótese de Frank (2007) considera, também, animais de laboratório e de estimação.

Contudo, com foco na agropecuária, a piora no nível de bem-estar animal teria ocorrido

incialmente com o uso de animais para transporte e força no campo e teria sido agravada pela

criação das técnicas intensivas de pecuária. Uma melhoria esperada, contudo, seria decorrente

do fato de que as preocupações altruístas quanto ao bem-estar animal podem ser consideradas

como algo que surge para rendas mais elevadas – o que, segundo o autor, estaria de acordo

com a teoria de hierarquia das necessidades de Maslow, que coloca as realizações altruístas

em níveis muito acima dos níveis básicos. O aumento da renda tende a permitir, ainda, que

mais organizações de proteção aos animais existam e façam mais pressão social (FRANK,

2007).

As evidências testadas são mistas e não podem garantir a existência de uma Curva de

Kuznets para o bem-estar animal. Entretanto, o aumento das legislações relativas ao tema, a

atual atenção da mídia para o assunto e a crescente abordagem da disciplina na academia

parecem ser positivamente relacionadas com a renda e sugerem que há pressão para que a

curva se concretize (FRANK, 2007).

2.3. FORÇAS DE MUDANÇA NA CADEIA DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Na revisão de literatura, foram identificadas duas principais forças que atuam sobre a

cadeia de produção de suínos: o aumento do número de consumidores conscientes e o

surgimento de legislações que proíbem determinadas práticas de criação. É importante notar,

contudo, que ambas as forças são correlacionadas – sendo o surgimento das regulações uma

derivação legal dos desejos da população.

2.3.1. Consumo Consciente

A urbanização e as propagandas da mídia de massa fizerem com que os consumidores

formassem uma visão romântica dos sistemas de produção agrícola (KRYSTALLIS et al.,

2012), contudo a percepção de qualidade sobre os alimentos está mudando (BROOM, 2010).

Aos antigos fatores de análise para compra, como sabor, aparência, segurança e nutrição, se

adicionaram novos fatores como o bem-estar dos animais de produção, os impactos

ambientais, o pagamento justo aos produtores e a preservação das comunidades locais

(BROOM, 2010).

Glynn, Olynk e Wolf (2009) apontam que há um interesse crescente dos consumidores

em relação ao processo produtivo de seus alimentos e, com um olhar na produção de suínos,

29

especialmente a respeito do uso de gaiolas de gestação, dado que alguns grupos de

consumidores consideram crueldade esta prática que limita a mobilidade dos animais. Assim,

com o aumento da consciência dos consumidores, maior é a probabilidade de que eles

influenciem o mercado para uma compatibilidade com o que desejam – tanto na escolha do

produto, quanto da marca e dos canais de distribuição (SEBASTIANI; MONTAGNINI;

DALLI, 2012).

Esta influência já é vista em países desenvolvidos, onde os consumidores de carne estão

mais céticos quanto aos sistemas de produção e entendem o impacto da indústria no meio

ambiente, na saúde humana e no bem-estar animal. Como consequência disto, a demanda por

produtos feitos organicamente está aumentando e, em grandes cidades, novas redes de varejo

e seções especializadas nos supermercados estão começando a surgir (CHEMNITZ;

BECHAVA, 2014).

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2006, 2010 e 2012 pelo Instituto Akatu com o

objetivo de verificar o comportamento sustentável dos consumidores mostrou que nos três

anos apenas 5% da população poderia ser classificada como consumidora consciente. É

interessante notar, também, que a pesquisa não identificou diferenças significativas para esta

proporção em segmentações geográficas e socioeconômicas – apesar da ligeira tendência de

maior adesão entre universitários das classes A, B, e pessoas acima de 45 anos (MATTAR,

2013).

Outra pergunta da mesma pesquisa, ainda, pode ser de grande relevância para o setor de

produtores de carnes. Os consumidores foram questionados sobre os critérios que consideram

mais importantes para desempate na compra entre produtos com os mesmos preço e

qualidade. O critério com o maior grau de importância atribuído foi a ausência de maus tratos

u p u b c 5 % “Mu I p ” 35%

“I p ” E u p c c é b c c u

proteção ambiental, empresa comprometida com redução do consumo de energia e selo de

garantia de boas condições de trabalho (MATTAR, 2013).

Olhando para o Brasil, China e União Europeia, Krystallis et al. (2012) avaliaram se as

atitudes dos consumidores para com a sustentabilidade em geral se refletia em sua atitude para

com os sistemas de produção de suínos. Os autores encontraram que apenas em pequenos

grupos sociais específicos esta paridade é verdadeira e que os consumidores mais regulares de

carne suína são também os mais indiferentes aos modelos de produção. Assim, o consumo de

carne é reduzido conforme os consumidores se caracterizam como mais sustentáveis e

apoiadores de fazendas de pequeno porte e bem-estar animal (KRYSTALLIS et al., 2012).

30

É interessante notar, ainda, que nos três locais pesquisados foram encontradas diferenças.

No Brasil e na União Europeia, fatores como o alojamento dos suínos e esforços para redução

de impacto ambiental geraram maior influência na opinião dos entrevistados. Na China, dado

que a maior parte da produção se dá em pequenas fazendas familiares, a questão de segurança

do alimento ganhou destaque (KRYSTALLIS et al., 2012). Vale lembrar, então, que o

consumidor ético não deixa de considerar critérios como preço e qualidade, mas adiciona

outros critérios ao processo decisório. São motivos que podem ser políticos, religiosos,

espirituais, sociais, relacionados ao meio ambiente, entre outros – ele se preocupa com o

efeito que a compra tem sobre o mundo em que vive (HARRISON ET AL., 2005 apud DE

SOUZA, 2011).

Entretanto, ap p u c “é c ” c c

diversos autores identificaram que os consumidores frequentemente não agem como declaram

– o que é caracterizado como uma falha atitude-comportamento (SEBASTIANI;

MONTAGNINI; DALLI, 2012). O pensamento dos consumidores dos suínos em relação aos

sistemas de produção, por exemplo, não parece influenciar sua decisão de compra

(KRYSTALLIS et al., 2012).

Sebastiani, Montagnini e Dalli (2012) ressaltam alguns atributos que impactam a falha

atitude-comportamento: os preços mais altos dos produtos, a potencial perda de qualidade, o

esforço adicional para selecionar estes produtos, a falta de informações sobre os atributos

éticos e a oferta limitada de produtos em revendas tradicionais. Assim, para os produtores, as

atitudes dos cidadãos podem ser mais importantes em termos de sua licença para trabalhar no

longo prazo do que em termos de venda de seus produtos no curto prazo. Isto pois, enquanto

as atitudes influenciam fracamente as decisões de compra, elas formam um debate que pode

ser relevante na alteração das políticas públicas (KRYSTALLIS et al., 2012).

A crescente onda de consumo consciente, contudo, gera também oportunidades. Como

colocado pelo projeto Q-Porkchains (2014b), as pessoas percebem a carne suína de duas

perspectivas diferentes: como cidadãos e como consumidores. Como cidadãos, elas notam os

diversos estágios envolvidos nos sistemas de produção – incluindo a criação, o abate e o

transporte. Elas, então, reagem a estes estágios baseadas em suas atitudes, experiências

pessoais e valores – e podem ter um desejo de participar do debate sobre a produção agrícola

e de alimentos (desejo de agir). Como consumidores, elas focam em critérios como qualidade

do produto, aspectos nutricionais, conveniência, variedade, entre outros. Contudo, a

propensão a pagar por um produto é influenciada pelas duas perspectivas – com os valores

pessoais influenciando a propensão a pagar.

31

Esta visão está em linha com o colocado por McInerney (2004), de que o bem-estar

animal possui algum valor econômico que independe do valor de uso do animal – esta parcela

se chama valor de existência. As pessoas contribuem financeiramente para causas das quais

não tirarão nenhum proveito apenas por saber que qu “ ” c x p

contribuições para salvar as baleias azuis (MCINERNEY, 2004). Na mesma lógica, a

propensão extra a pagar por produtos relacionados ao bem-estar animal ocorre por saber que a

criação foi feita da maneira apropriada. Desta forma, para os produtores, caso o custo das

melhorias possa ser compensando, há justificativa para aplicação de recursos (MCINERNEY,

2004).

Tully e Winer (2013) realizaram uma meta-análise de oitenta e três artigos para avaliar a

propensão a pagar por produtos socialmente responsáveis, que incluem produtos de limpeza

seguros, café de comércio justo e frutos dos mar sustentáveis. Os autores encontraram que,

em média, 60% dos consumidores estão dispostos a pagar um prêmio por produtos

sustentáveis, com este prêmio tendo uma média de 17,3%. Também, a disposição a pagar

variava de acordo com os atributos do produto. Atributos que beneficiam humanos (e.g.

práticas trabalhistas) receberam prêmios mais elevados do que os que beneficiam os animais

(e.g. gaiolas maiores) e o meio ambiente.

A propensão a pagar por produtos socialmente responsáveis se altera, também, de acordo

com a localidade do comprador e a origem do produto. Europeus e australianos têm uma

propensão a pagar por produtos socialmente responsáveis maior do que norte-americanos, e

significativamente maior do que sul-americanos e asiáticos (TULLY; WINER, 2013). E

Glynn, Olynk e Wolf (2009), ao estudarem a propensão a pagar dos consumidores por suínos

produzidos em modelos sem gaiolas de gestação encontraram uma evidência interessante. Os

autores avaliaram se esta propensão se alterava, também, de acordo com a origem da carne.

Para a pesquisa realizada em Michigan, os consumidores declararam uma propensão a pagar

maior para carne canadense, seguida da americana, e colocaram o maior desconto sobre a

carne brasileira.

As oportunidades que surgem com o aumento do consumo consciente, todavia, não se

restringem à maior propensão a pagar. Sebastiani, Montagnini e Dalli (2012) olharam o

consumo ético e seu impacto na indústria de alimentos e colocam que a demanda e a oferta de

produtos sustentáveis podem interagir para criar novos modelos de negócio desde a

idealização – transpassando a perspectiva tradicional de reação a demanda. Os autores citam o

exemplo do supermercado gourmet Eataly, que nasceu a partir de uma parceria entre o setor

32

privado e o movimento social Slow Food – que tem como bandeira o consumo de alimentos

bons, limpos e justos.

Nilsson, Tunçer e Thidell, (2004), por sua vez, veem oportunidades no uso dos selos de

certificação, que além de gerarem expectativas de um prêmio maior (NILSSON; TUNÇER;

THIDELL, 2004; TULLY; WINER, 2013), também criam vantagem competitiva e

diferenciação dos outros produtos no mercado (NILSSON; TUNÇER; THIDELL, 2004).

Alguns exemplos de selos de certificação são:

O Label Rouge3 que assegura determinados padrões de qualidade e características de

produção, foi estabelecido em lei, na França, no ano de 2006 pelo Ministério de

Agricultura do país. Uma diversa gama de produtos pode receber o selo, tal como

farinhas e pães, aves, laticínios, frutas e legumes, carnes e charutaria, e até mesmo

produtos elaborados – como raviólis, pizzas e mousses de chocolate. Para carnes, são

colocadas exigências de produção, de transporte, de abate e de comercialização.

O selo Freedom Food4, do Reino Unido, tem foco mais específico e se propõe a

assegurar o bem-estar animal de acordo com os padrões da Sociedade Real de Prevenção

à Crueldade contra Animais (RSPCA – sigla em inglês). As especificações se referem à

alimentação, disponibilidade de água, ambiente, manejo, saúde, transporte e abate

hu N R U McD ’ j c c uína com

certificação Freedom Food.

No Brasil, o selo Produto Orgânico Brasil5 garante que o bem atende a todas as

especificações colocadas pela certificadora privada nacional IBD. O selo pode ser

aplicado na agricultura, pecuária, aquicultura, cosméticos, vinhos e produtos processados

e de limpeza.

Vistos alguns exemplo de selos, Nilsson, Tunçer e Thidell (2004) sugerem que a grande

gama de certificações existentes no mercado, contudo, gera dúvida sobre sua confiabilidade.

Assim, os autores avaliaram a cred b “ c - ” c f c c

base em uma pesquisa de 58 selos.

Eles afirmam que os atributos que adicionam valor e dão credibilidade aos selos são

relacionados à estrutura de governança/controle do selo, ao diálogo da organização

responsável com stakeholders para criar critérios aceitos por todos, aos critérios de garantia de

3 Label Rouge: http://www.labelrouge.fr - Acesso em 03/04/2015

4 Freedom Food: http://www.freedomfood.co.uk - Acesso em 03/04/2015

5 Produto Orgânico Brasil: http://ibd.com.br/pt/IbdOrganico.aspx - Acesso em 03/04/2015

33

qualidade, à rastreabilidade da qualidade e do produto, à penetração no mercado, e à

transparência (NILSSON; TUNÇER; THIDELL, 2004). Contudo, apesar dos diferentes

esquemas existentes no mercado, as tentativas parecem não atingir seus objetivos – pois

pequenos grupos de consumidores ficam satisfeitos com alguns selos, mas a maior parte deles

não dá credibilidade quanto à qualidade do produto. Assim, Nilsson, Tunçer e Thidell (2004)

concluem que isto ocorre principalmente dada a falta de objetivos e valores claros, a falta de

terceiros que ajudem a definir critérios e garantam o compliance e a falta de uma cobertura

mais extensa que certifique os diversos atores da cadeia de suprimentos do alimento.

De Souza (2011) lembra que estes selos ainda são raros no Brasil e complementa

afirmando que eles surgem como uma antecipação para atender as demandas dos

consumidores em relação às questões regulatórias. Utilizados como canal de comunicação e

informação com os consumidores, os selos (ou value based labels) possibilitam, de inicio, a

segmentação do mercado e, ao longo do tempo, a mudança de condutas coletivas e processos

produtivos.

Glynn, Olynk e Wolf (2009), por sua vez, se contrapõem a De Souza (2011), tomando os

selos de certificação não como antecipações de legislações, mas como substitutos que

garantiriam um maior bem-estar dos consumidores pela permanência do poder de escolha.

Para os autores, a imposição de legislações que proíbam os métodos de criação – como as

gaiolas de gestação em suínos – restringem a escolha de uma população inteira e há dúvidas

sobre o desejo popular de tais regulações, sendo, assim, um sistema de certificação voluntária

mais adequado.

2.3.2. Legislações de Bem-Estar Animal

A segunda força que impacta na cadeia de produção de suínos, legislações e

regulamentações de bem-estar animal, já é uma realidade ao redor do mundo. Ao contrário de

Lawrence e Stott (2009), que acreditam que as iniciativas de mercado podem superar as leis

no incentivo ao desenvolvimento do bem-estar animal, Bennett, Kehlbacher e Balcombe

(2012) e Raineri et al. (2010) consideram que as intervenções do governo são importantes e

necessárias, pois os maus tratos aos animais são, na realidade, uma externalidade negativa

decorrente do uso de animais para fins econômicos. Assim, o bem-estar é um bem-público,

não é um bem de mercado; mesmo que alguns produtos tenham este atributo, ele não é

totalmente traduzível ao mercado.

34

Hoje, a União Europeia lidera a criação destas normas e serve como referência, tendo

vigentes cinco diretivas e duas regulamentações sobre bem-estar animal – como visto no

Quadro 6.

Quadro 6 - Legislações Europeias de Bem-Estar Animal

Regulamentações:

Foco Principais Impactos

Diretiva 98/58/EC:

Todos os animais de

produção

- Define os atores e animais sob as legislações de proteção.

- Define responsabilidades dos Estados e produtores sobre o bem-

estar animal

- Coloca recomendações gerais de BEA que regem sobre todos os

animais de produção

Diretiva 1999/74/EC:

Galinhas poedeiras

- Forçou os produtores a gradativamente abandonarem as gaiolas

de bateria tradicionais e sem enriquecimento

Diretiva 2008/119/EC:

Bezerros

- Proibiu as baias individuais, a amarração e manutenção no escuro

- Exige uma alimentação balanceada com ferro e fibras

Diretiva 2008/120/EC:

Suínos

- Proibiu, a partir de janeiro de 2013, a gestação em gaiolas

individuais

- Define o espaço mínimo por animal

- Exige a colocação de materiais para fuçar e enriquecimento

- Busca o fim voluntário da castração de suínos até 2018

Diretiva 2007/43/EC:

Frangos

- Define a densidade máxima específica para criações e exige

cursos de treinamento para produtores e manejadores.

Regulamentação 1/2005:

Transporte de animais

- Rege sobre requisitos de competência de quem transporta

- Regula a aprovação dos veículos

- Define intervalos de descanso em jornadas longas

- Coloca métodos e práticas que devem ser seguidos

Regulamentação 1099/2009:

Abate

- Define os procedimentos de operação a serem seguidos

- Dá as competências necessárias para realizar os procedimentos

- Há ainda um trabalho em andamento para garantir status de

equivalência para as carnes importadas pela União Europeia – o

que pode vir a afetar os produtores brasileiros.

Fonte: Adaptado de Dalla Villa (2013)

Muitas legislações relacionadas à produção de animais foram criadas por pressão popular

em votações, mas têm impactos que ultrapassam as fronteiras (BROOM, 2010), dado que

podem alterar a posição competitiva da indústria local no comércio internacional

(MAJEWSKI et al., 2012). Na Europa, os produtores apontam que as melhorias no bem-estar

dos animais podem gerar custos que não incorrem sobre seus concorrentes – e pressionam

para que as mesmas exigências sejam feitas para todos os que fornecem àquele mercado

(MOLENTO, 2005). Como exemplo, podemos citar a produção de vitelo, que quando foi

banida no Reino Unido, ainda permitia que os consumidores comprassem o mesmo tipo de

carne importada da Europa Continental. Assim, se desfavoreceu a indústria local sem

35

necessariamente reduzir o número de bezerros submetidos ao sistema de produção de vitelo

(MOLENTO, 2005).

A influência sobre o Brasil ficou evidente em fevereiro de 2013, quando foi assinado um

Acordo de Cooperação entre a União Europeia e o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA) para estabelecer um intercâmbio regular de cooperação técnica para

o bem-estar de animais de produção. Assim, se busca o diálogo para troca de informações

técnico-científicas, a facilitação de futuras negociações sobre questões de BEA, a discussão

de impactos mútuos no comércio, e a coordenação de atividades e projetos (DALLA VILLA,

2013).

É interessante, ainda, notar que há menção à importação de alimentos na Diretiva

2008/120/EC da União Europeia, referente aos padrões para a criação de suínos. O Artigo 9

do documento coloca que a importação de animais para a Comunidade Europeia deve estar

sujeita a certificados emitidos por órgãos do país de origem, assegurando um tratamento aos

animais no mínimo equivalente ao imposto pela Diretiva (THE COUNCIL OF THE

EUROPEAN UNION, 2009).

Apesar do movimento em busca de acordos com a União Europeia e das possíveis

ameaças à importação, as legislações no Brasil ainda são mais brandas. A primeira legislação

brasileira relativa a animais foi o Decreto No 24.654 de 10 de Julho de 1934 – que definiu

como punição multa e prisão para aquele que realizar maus-tratos contra os animais. O

Decreto, que não está mais em vigor, lista trinta e um itens que são considerados maus-tratos

aos animais como, por exemplo, mantê-los em locais que lhes impeça o movimento ou fazer

um animal trabalhar por mais de seis horas sem descanso (BRASIL, 1934).

A Instrução Normativa No 56 de Novembro de 2008, do Ministério da Agricultura

Pecuária e Abastecimento (MAPA), estabelece procedimentos gerais de boas práticas de bem-

estar para animais de produção e de interesse econômico – o que abrange também aqueles

utilizados para esporte e trabalho. Contudo, somente é colocado que deve haver cautela no

manejo, com respeito aos animais, tratamento e dietas satisfatórias na criação e no transporte.

Não há recomendações explicitas, como nas diretivas europeias, tais como metragem exigida

(BRASIL, 2008).

Também do MAPA, a Instrução Normativa No 46 de Outubro de 2011, por sua vez,

estabelece um regulamento técnico para sistemas de produção animais e vegetais orgânicos.

Este documento traz normas técnicas claras para produção de bovinos, caprinos, suínos, aves,

entre outros animais. Como requisito para a produção de orgânicos, a Seção III da Instrução

Normativa se destina apenas à discussão do bem-estar animal – exigindo que sejam

36

respeitadas as cinco liberdades: nutricional (hunger), sanitária (desease), psicológica

(distress), ambiental (movement), e comportamento (behave naturally). Para suínos

especificamente, há a exigência de que seja oferecida uma cama com material manipulável,

como palha ou serragem, não sendo permitido o uso de piso ripado. Para orgânicos, ainda, o

Artigo 34 torna proibida a retenção permanente de animais em gaiolas, galpões, ou qualquer

outro método restritivo – devendo ser facultada aos animais a possibilidade de saída para área

externa por pelo menos seis horas no período diurno (BRASIL, 2011).

2.4. INTEGRAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE, BEA E AVALIAÇÃO FINANCEIRA

A revisão de literatura aponta que a integração de sustentabilidade, bem-estar e avaliação

financeira ocorre majoritariamente por meio de dois canais: impactos em viabilidade técnica e

produtividade, e impactos diretos em valores monetários – como investimentos, custos e

alterações no preço – que podem atuar a favor ou contra os produtores. A maior propensão a

pagar dos consumidores, por exemplo, discutida no item 2.3.1 - Consumo Consciente, mostra

um possível aumento da lucratividade. Contudo, a ABIPECS aponta a inovação em bem-estar

animal como um fator que possivelmente aumentará os custos das granjas de suínos (NETO,

2012b).

Olhando a integração dos conceitos, Molento (2005) coloca que existe um conflito de

interesses entre o mínimo custo possível e a qualidade de vida dos animais. Na visão de

Gameiro (2007), esta tensão ocorre pois os sistemas de criação nos quais há maior bem-estar

animal geralmente se utilizam mais de fatores de produção escassos, como trabalho e recursos

naturais e consequentemente apresentam custos de produção mais elevados do que os

sistemas convencionais.

Por isso, os produtores de suínos são compreensivelmente relutantes em melhorar o bem-

estar animal, a não ser que o prêmio que eles extraiam exceda o aumento de custo incorrido

(SEIBERT; NORWOOD, 2011). Os sistemas com bem-estar animal para alojamento de

matrizes suínas na maternidade, por exemplo, na opinião de Guy et al. (2012) somente serão

adotados caso melhorem a lucratividade ou sejam neutros em custo para os fazendeiros – na

ausência de legislações. Lawrence e Stott (2009) se posicionam sobre esta mudança

reconhecendo o dilema, mas colocam que suas análises econômicas mostram que o impacto

na performance física e financeira não é tão diferente – e que assim, o sistema seria adotado.

Contudo, Christensen et al. (2012) colocam que há um limite para as melhorias feitas

pelos fazendeiros com base em oportunidades de mercado, sem exigências legais. Este limite

se dá por dois motivos principais: primeiramente, em dado momento, as melhorias de baixo

37

custo ou até mesmo lucrativas são todas implantadas – pois são as mais consensuais entre os

stakeholders – mas não são suficientes; em segundo lugar, o comércio internacional gera uma

competição que dificulta a implantação regional de uma melhoria custosa.

Assim, qualquer política designada para melhorar o bem-estar dos animais precisa de

uma avaliação econômica dos custos e benefícios associados (BENNETT; KEHLBACHER;

BALCOMBE, 2012) para que sejam implantados sistemas que atendam às necessidades de

bem-estar animal, que satisfaçam às expectativas do mercado e que mantenham a

sobrevivência econômica do produtor (WOOD, 2003).

Neste sentido, Gameiro (2007) sugere que sejam realizadas análises financeiras

tradicionais, como Taxa Interna de Retorno (TIR), payback, Valor Presente Líquido (VPL) e

Retorno sobre o Investimento (ROI) – complementadas por aspectos qualitativos do sistema.

Gomes et al. (2014) vão no mesmo sentido, sugerindo a avaliação de lucratividade da granja,

dos custos das instalações e dos sistemas de tratamento de dejetos. Por sua vez, Castellini et

al. (2012), sugerem que sejam utilizados três indicadores: lucro líquido por quilo, receita por

quilo e horas trabalhadas por cabeça de animal.

A importância da avaliação econômica dos custos e benefícios associados ao sistemas de

bem-estar animal fica evidente, também, com a pesquisa de Raineri et al. (2010). Os autores

compilaram setenta e um artigos brasileiros sobre bem-estar animal e verificaram que eles

abordam os seguintes temas: (i) comportamento do consumidor; (ii) viabilidade técnica e

econômica; (iii) regulamentação pública; (iv) políticas privadas de certificação.

Especificamente sobre suínos, foram identificados até 2010 treze artigos; sendo um relativo a

políticas públicas, cinco envolvendo abordagens diversas e sete relativos a viabilidade técnica

e/ou econômica.

Assim, torna-se pertinente investigar os dois canais que integram sustentabilidade, bem-

estar e avaliação financeira; olhando primeiramente os estudos relacionados a viabilidade

técnica e produtividade, e em seguida os referentes aos impactos majoritariamente

monetários. Por fim, algumas considerações serão adicionadas.

2.4.1. Estudos Relacionados à Viabilidade Técnica e Produtividade

Relacionado à viabilidade técnica e produtividade, Ludtke et al. (2012) e Ketchem e Rix

(2014) compararam os índices de produção de granjas de suínos que possuem modelos de

gestação convencional em gaiolas, contra granjas com gestação em baias coletivas e

alimentadores automáticos. O estudo de Ludtke et al. (2012) comparou duas granjas no Brasil,

38

e encontrou que os índices de produtividade por fêmea da granja com gestação coletiva se

mostraram iguais ou melhores, como visto na Tabela 1.

Tabela 1 - Comparação de Índices de Produtividade para Granjas Brasileiras

Variável Gestação em grupo de matrizes Gestação individual (gaiolas)

Aborto 0,961 ± 0,272 1,141 ± 0,207

Desmamados 12,077 ± 0,185 12,091 ± 0,174

Desmame/fêmea/ano 30,557 ± 0,243 29,591 ± 0,372

Mortes/desmame 7,639 ± 0,984 8,787 ± 0,263

Mumificados 2,706 ± 0,235 2,379 ± 0,168

Nascidos totais 14,726 ± 0,196 14, 598 ± 0,199

Natimortos 7,110 ± 0,378 6,947 ± 0,654

Partos/fêmea/ano 2,529 ± 0,023 2,477 ± 0,011

Peso/desmamados 6,243 ± 0,174 6,083 ± 0,055

Peso/nascidos/total 14,726 ± 0,196 14,596 ± 0,201

Repetição de cio 4,339 ± 0,851 4,500 ± 0,413

Taxa de parição 91,985 ± 1,056 91,604 ± 0,776

Fonte: Adaptado de Ludtke et al. (2012)

Ketchem e Rix (2014), por sua vez, encontraram resultados diferentes. Os autores

fizeram seus cálculos a partir de uma base de dados com informações de produtividade de

diversas granjas nos EUA – sendo utilizadas 565 fazendas com gestação convencional e 17

com gestação coletiva. Cabe a ressalva de que as fazendas com baias coletivas diferiam na

área disponível por animal, número de fêmeas por baia e número fêmeas por alimentador. Os

resultados principais estão resumidos na Tabela 2.

Tabela 2 - Comparativo de Produtividade entre Gaiolas e Baias com Alimentadores Eletrônicos

Nascidos Vivos /

Barrigada

Desmamados /

Barrigada

Leitões Desmamados

Ano / Fêmea

% Repetição

de Cio

Perda de Fêmea

por Morte

Gaiolas de Gestação (dados de 565 fazendas)

Máximo 14,47 13,31 33,63 24,0% 21,5%

Média 12,55 10,80 25,72 7,1% 7,5%

Mínimo 10,17 8,33 20,63 0,0% 1,5%

Baias Coletivas (dados de 17 fazendas)

Máximo 14,31 12,59 30,97 21,3% 10,6%

Média 12,37 10,15 24,08 7,1% 7,9%

Mínimo 10,07 8,87 21,07 1,5% 2,4% Fonte: Adaptado de Ketchem e Rix (2014)

Os índices de produtividade para a gestação em gaiolas se apresentam, na média, apenas

ligeiramente melhores, com exceção da repetição de cio. Vale destacar, contudo, a grande

variação nas taxas de produtividade entre e intra-modelos de granjas. Assim, a decisão sobre

39

qual modelo de granja adotar deve levar em consideração as diferenças de investimento e

qualquer variação de valor existente no produto final das granjas. (KETCHEM; RIX, 2014)

Outro estudo realizado por Ludtke e Dalla Costa (2007) tem foco na etapa de abate dos

suínos e olha a produtividade em termos da qualidade do produto. Segundo os autores, a

qualidade da carne a ser consumida é dependente do manejo no pré-abate e de fatores

estressantes (uso de bastões de choque, densidade no transporte) podem alterar o produto

resultando em perdas econômicas. O toucinho e o pernil, por exemplo, podem ter seu valor

reduzido até a quinta parte caso apresentem hematomas (CHEVILLON; LÊ JOSSEC 1996

apud LUDTKE; DALLA COSTA, 2007) e baixos índices de bem-estar podem resultar em

uma carne pálida mole e exsudativa.

Assim, Ludtke e Dalla Costa (2007) apontam as necessidades de melhoria do manejo e

de treinamento dos empregados, que vivem rotinas exaustivas perdendo a sensibilidade frente

ao comportamento do animal. O aumento dos custos aos produtores contudo, garante uma

possibilidade de exportação caso a Comunidade Europeia e outros países condicionem a

compra de produtos externos à aplicação de manejos diferenciados (LUDTKE; DALLA

COSTA, 2007).

2.4.2. Estudos Relacionados a Impactos Monetários e Preço

O segundo canal que integra os conceitos de bem-estar animal, sustentabilidade e

avaliação financeira é o impacto direto em itens monetário. Assim, para ilustrar este canal,

serão expostos seis estudos relacionados, mas com objetos diferentes.

O primeiro estudo, de McInerney (2004), afirma que o bem-estar pode ser elevado sem

aumento de custos em uma fase inicial, mas que não é surpresa nem inaceitável que um

aumento significativo venha em troca de algum custo econômico, dado que bens não podem

ser gerados sem algum uso adicional de recursos. A questão importante é o quão grandes são

os custos ou perdas de produtividade decorrentes da melhoria do bem-estar animal

(MCINERNEY, 2004).

McInerney (2004) coloca, então, que medir os custos das melhorias no nível de bem-

estar animal é algo que se faz de maneira direta. Primeiramente, deve-se fazer uma definição

clara do sistema de criação e dos recursos alterados para que os níveis de bem-estar sejam

atingidos; e, em segundo lugar, deve ser feita uma quantificação dos recursos utilizados e dos

resultados alterados – juntamente com uma avaliação econômico-financeira das mudanças.

Um efeito maior nos custos de produção pode ocorrer quando mudanças da legislação de

bem estar-animal impactam um sistema de produção inteiro, com a proibição de um método

40

ou práticas específicas que levam ao reajuste de como o rebanho é mantido. Estes são os

casos típicos nos quais grandes elementos de capital fixo precisam ser alterados, com

reinvestimentos ou custos de modificação (MCINERNEY, 2004). Alguns exemplos destes

impactos podem ser vistos no Quadro 7.

Quadro 7 - Melhorias de BEA e impactos no preço dos alimentos

Modificação Efeito estimado no

custo de produção (%)

Efeito em nível de varejo

Produto Alteração de preço (%)

Limitar transporte a 8

horas +3 Todas as carnes +1,44

Banir gaiolas para

matizes suínas gestantes +5

Carne suína

Embutidos

+1,9

+1,3

Banir confinamento de

frangos +30 Carne de frango +13,2

Banir gaiolas tipo

bateria +28 Ovos +17,9

Fonte: Adaptado de McInerney (2004)

Deve-se ter em mente, contudo, que o aumento dos custos de bem-estar animal impacta

somente a produção de matéria prima primária da cadeia de valor dos alimentos – e não todos

os estágios da cadeia. O cálculo do custo da melhoria para o consumidor, como visto na

última coluna do Quadro 7, requer uma análise mais complexa (MCINERNEY, 2004).

Um segundo estudo, conduzido por Majewski et al. (2012), apresenta uma análise de

custo-efetividade para avaliar as consequências financeiras de se elevar o nível de bem-estar

animal nas fazendas além das exigências públicas existentes na União Europeia. A

justificativa para a implantação de sistemas mais rígidos do que a legislação se baseia nas

diversas iniciativas privadas que regulam aspectos da criação de animais em fazenda,

transporte e abate. Estes padrões privados geralmente são mais rígidos do que as legislações

existentes (MAJEWSKI et al., 2012).

Foram avaliados três níveis diferentes de restrições: a base exigida pela legislação

europeia, uma restrição privada moderada com boa chance de adoção pelas fazendas e uma

restrição privada premium – similar às produções orgânicas – que seria aplicável a um número

restrito de pequenas fazendas (MAJEWSKI et al., 2012).

Assim, Majewski et al. (2012) construíram um modelo em planilha e colocam que há seis

áreas distintas nas quais melhorar o bem-estar animal pode resultar em melhoria das receitas

ou redução de custos (benefícios), ou ao contrário, pode gerar redução das receitas ou

aumento dos custos de produção: custos veterinários, de trabalho, mortalidade dos animais,

requerimento de alimentos, produtividade e necessidade de investimentos.

41

Os autores concluíram que o avanço do bem-estar além da legislação básica sempre gera

mais custos do que benefícios para os produtores – com o avanço para o modelo premium

sendo o mais custoso. Vale ressaltar, também, que os custos líquidos variam entre países –

dadas as alterações nos custos do trabalho, juros e preços de insumos. Países mais

desenvolvidos neste sentido se utilizam, também, de menos investimentos para se adequarem

a situação pretendida (MAJEWSKI et al., 2012).

Apesar do cálculo de Majewski et al. (2012) ter sido realizado também para vacas

leiteiras e gado de corte, os autores encontraram que a melhoria no bem-estar dos suínos é a

mais custosa a se fazer. Com um cenário que supõe 80% de adoção de avanço moderado e

20% de avanço premium, o aumento de preço gerado pode ser visto na Tabela 3.

Tabela 3 - Aumento de Preços nos Suínos pela Adoção de Padrões Acima da Legislação

Polônia Holanda Suécia Inglaterra Espanha Alemanha Macedônia Itália

18,39% 36,21% 21,85% 15,03% 30,46% 36,32% 15,47% 19,60%

Fonte: Adaptado de Majewski et al. (2012)

Leite et al. (2001), por sua vez, realizaram a avaliação econômica do Sistema Intensivo

de Suínos Criados ao Ar Livre (SISCAL), instalado na Paraná. A escolha por este tipo de

sistema se deu pois o aumento das exigências dos consumidores de carne suína vem

obrigando os produtores a mudarem seus sistemas de criação, contudo, a situação

socioeconômica exige que os novos sistemas reduzam os custos de produção, não demandem

altos investimentos e possibilitem a obtenção de bons índices de produtividade (LEITE et al.,

2001).

É interessante observar a metodologia utilizada por Leite et al. (2001). Inicialmente, os

autores fazem uma detalhada descrição do local de criação (com referência as construções,

equipamentos utilizados e fábrica de rações), das raças de matrizes e reprodutores

selecionados, assim como dos métodos de manejo. Leite et al. (2001), então, calcularam os

custos de implantação e produção do sistema. Os custos de implantação envolvem materiais

(instalação hidráulica, cerca elétrica, cabanas e abrigos, comedouros e fábrica de rações),

equipamentos (equipamentos da fábrica de rações), mão de obra e custo de pastagem. Os

custos de operação foram separados em custos fixos e custos variáveis. Nos custos fixos

foram considerados a depreciação de instalações e equipamentos, e os juros sobre capital

médio, capital reprodução e sobre animais em estoque. Nos custos variáveis, colocou-se

alimentação, mão de obra, produtos veterinários, transporte, energia e combustível,

manutenção e conservação e INSS.

42

É importante notar que o custo da terra não foi considerado – dado que a relevância se

encontra em comparar diferentes usos da terra em uma mesma área (LEITE et al., 2001). Por

fim, foram encontrados um custo de implantação de U$ 490,20 por matriz instalada e um

custo de produção de 0,62 U$/kg – considerados baixos, o que torna o sistema viável para

produção.

Seddon et al. (2013) trabalharam, em outro estudo, com a produção de suínos sem o uso

de gaiolas de parição na maternidade. Seu movimento prevê uma expansão da legislação da

União Europeia, que atualmente proíbe as gaiolas de gestação e que pode atingir as gaiolas de

maternidade. Desta forma, os autores buscam auxiliar os produtores, os formadores de

políticas públicas e outros stakeholders em momentos de decisão antes de investirem em

novos modelos de granja.

Para isto, Seddon et al. (2013) desenvolveram um modelo para simulação financeira que

estima o custo de produção de suínos em seis sistemas de produção diferentes: um modelo

convencional com maternidade em gaiola e cinco sistemas sem gaiola de parição. O modelo

está disponível online6 e sua utilização depende somente da entrada do tipo de acomodação

previsto (alojamento, piso, sistema de alimentação, etc.) e de dados de produtividade. Então,

com parâmetros pré-programados, são calculados os custo de produção de leitões de 8kg com

quatro semanas de idade.

Para construção do modelo, Seddon et al. (2013) fizeram uma pesquisa em fazendas do

Reino Unido com o objetivo de identificar os tipos de alojamento para matrizes na

maternidade existentes e em uso no mercado. Os custos de investimento foram avaliados de

acordo com cotações de diversas empresas especializadas na construção de fazendas, e os

custos de manutenção foram obtidos como um percentual do investimento em fazendas em

funcionamento. Por sua vez, custos unitários relacionados a alimentação, trabalho e

maquinário foram definidos utilizando um guia de custos para negócios. A validade do

modelo foi feita, por fim, pela comparação dos valores estimados por cálculo com as

performance reais de produtividade e financeira de fazendas existentes (SEDDON et al.,

2013).

Guy et al. (2012), trabalhando no mesmo tema, conduziram o quinto estudo apontado,

com o objetivo de comparar cinco sistemas de parição diferentes. Os itens financeiros

ressaltados pelos autores foram relativos a: forragem, tratamentos veterinários e

6 Modelo de Avaliação de Seddon et al. (2013): http://www.ncl.ac.uk/afrd/research/project/4378 - Acesso em:

12/07/2014

43

medicamentos, trabalho, utilidades, tratamento de dejetos, custos de construção e da terra, e

custos de alimentação – sendo este último o mais relevante.

Assim, considerando os investimentos, os custos de operação, as taxas de sobrevivência

dos leitões e facilidade de operação e gestão da fazenda, foram encontrados custos mais altos

para os sistemas sem gaiolas (GUY et al., 2012).

Por fim, no sexto estudo sugerido, Seibert e Norwood (2011) compararam quatro

sistemas de produção de suínos. O primeiro, mais utilizado, envolve o uso de gaiolas em todas

as etapas do processo. O segundo, traz a existência de pequenas baias na etapa de gestação. O

terceiro envolve um sistema de confinamento com ambiente enriquecido – com os suínos

soltos. E o último envolve a criação em pastagens abertas. Para melhor compreensão, vide a

Figura 3.

Figura 3 - Ilustração dos Sistemas de Produção Comparados

Fonte: Adaptado de Seibert e Norwood (2011)

Seibert e Norwood (2011) não apresentam uma lista detalhada de custos de produção a

serem considerados, sendo destacados apenas o investimento e os custos de trabalho e

alimentação. As estimativas totais de custo foram feitas das seguintes maneiras: para o

sistema de gaiolas de confinamento, os autores se utilizaram de orçamentos prontos – dado

44

que é o sistema mais adotado nos Estados Unidos. Para as baias, os autores estudaram os

custos de construção e conversão de sistemas de gaiolas com a manutenção dos galpões com

base em um software de orçamentação de granjas. Para o sistema de confinamento

enriquecido, o autor coletou informações de duas fazendas. E, por fim, para o último sistema,

foram utilizados custos amplamente disponíveis de produções orgânicas.

É importante ressaltar a diferença do modelo de baias avaliado por Seibert e Norwood

(2011) e os sistemas mais modernos que vem sendo adotados com alimentadores automáticos.

Os autores olharam um sistema com competição por alimento e, por isso, com grupos de no

máximo seis fêmeas, o que evitaria o excesso de lesões por brigas para formação de

hierarquia.

Os resultados de Seibert e Norwood (2011) mostram que em um cenário fictício, no qual

todos os suínos dos Estados Unidos fossem transferidos de gaiolas de gestação para baias

coletivas, os custos de transição seriam modestos. Assim, haveria um aumento de custos de

9% no nível das fazendas e de 2% no nível do varejo – caso tudo fosse repassado para o

consumidor. Em termos absolutos, isto representaria um aumento de US$ 0,0065 por onça de

carne. As migrações para os outros sistemas teriam custos aproximados elevados em 18% na

fazenda e 5% no varejo (SEIBERT; NORWOOD, 2011).

Seibert e Norwood (2011) fazem uma ressalva quanto às expectativas existentes sobre os

custos do bem-estar animal. Os autores colocam que o prêmio de preço para carnes com selos

de certificação encontradas hoje no mercado chegam a 200-300%, o que é incompatível com

os custos encontrados no estudo e apontam dois motivos para isto. O primeiro é referente às

margens colocadas pela cadeia, dado que estes alimentos têm sido vendidos em lojas

especializadas mais caras. Em segundo lugar, a distribuição eficiente de superlojas como o

Wal-Mart ainda não ganhou escala nos produtos do tipo. Assim, há aumento de custo não

relativo ao bem-estar animal que também está embutido no preço.

O Quadro 8 apresenta um resumo do canal de integração monetário entre bem-estar

animal, sustentabilidade e avaliação financeira.

Quadro 8 - Resumo dos Itens de Relevância para Sustentabilidade Econômica na Suinocultura

Estudo Método sugerido Itens monetários listados Autores

Efeito de melhorias

específicas de BEA

para diferentes

espécies no custo e

preço dos produtos

1) Definição do sistema de

criação

2) Listagem e quantificação

dos recursos alterados

3) Listagem e quantificação

dos outputs alterados

4) Avaliação econômico-

financeira das mudanças

--- (MCINERNEY

, 2004)

45

Nível de elevação

dos preços dos

produtos com

aumento dos

padrões de BEA

além da legislação

--- Seis áreas distintas a serem avaliadas:

Custos veterinários; Trabalho;

Mortalidade dos animais;

Produtividade; Alimentação;

Investimentos

(MAJEWSKI et

al., 2012)

Análise dos custos

de implantação e

de operação para

criação de suínos

ao ar livre

1) Descrição detalhada da

unidade, animais e manejo

2) Cálculo dos custos de

implantação e operação

Custos de implantação:

Materiais (instalação hidráulica, cerca

elétrica, cabanas e abrigos, comedouros

e fábrica de rações); Equipamentos

(equipamentos da fábrica de rações);

Mão de obra; Pastagem

Custos fixos de operação:

Depreciação de instalações e

equipamentos; Juros

Custos variáveis de operação:

Alimentação; Mão de obra; Produtos

veterinários; Transporte; Energia;

Combustível; Manutenção;

Conservação; INSS

(LEITE et al.,

2001)

Modelo para

cálculo do custo de

produção de suínos

com diferentes

sistemas de

maternidade

Para construção do modelo:

1) Pesquisa dos tipos de

alojamento utilizados no

mercado

2) Levantamento dos

investimentos com empresas

especializadas na construção

de granjas

3) Levantamento dos custos

de operação em guias de

negócio

4) Validação do modelo por

comparação dos resultados

com fazendas reais

O modelo está disponível online em:

http://www.ncl.ac.uk/afrd/research/proj

ect/4378

Último acesso em 3 de julho de 2014

Uma lista extensa e completa de itens

de relevância monetária pode ser

encontrada no Excel preparado pelos

autores.

(SEDDON et

al., 2013)

Cálculo de

diferença no custo

de criação de

suínos com

diferentes sistemas

de maternidade

---

Os seguintes itens são destacados:

Forragem; Tratamentos veterinários;

Medicamentos; Trabalho; Utilidades;

Tratamento de dejeto; Custos de

construção e da terra; Alimentação

(GUY et al.,

2012)

Comparação de

impactos nos

preços para quatro

sistemas de

produção de suínos

diferentes

--- São destacados apenas os seguintes

itens:

Investimento; Trabalho; Alimentação

* A lista completa de itens utilizados

foi solicitada por e-mail para os autores

(SEIBERT;

NORWOOD,

2011)

Apresentados estes estudos, duas ressalvas finais são importantes. A primeira, a respeito

da priorização de mudanças e existência de incentivos, e a segunda referente à presença do

bem-estar animal na pauta dos investidores.

Vistos os custos que podem ser incorridos no desenvolvimento do bem-estar animal, a

definição de prioridades destas melhorias é necessária pois os recursos existentes para isso

46

são escassos. Desta maneira, caso os stakeholders se movam em direções diferentes, pode

haver aplicação ineficiente destes recursos. Encarando o bem-estar animal como um bem, a

aplicação dos recursos deve ser priorizada em dois níveis diferentes: o primeiro relativo a

quanto de recursos deve ser aplicado à melhoria do bem-estar animal frente a outros bens e o

segundo – dentro de bem-estar animal, quais iniciativas merecem a aplicação de recursos

(CHRISTENSEN et al., 2012).

Os responsáveis pela gestão pública devem, então, ajustar os incentivos existentes para

que facilitem a execução das principais prioridades. Em mudanças de sistema nas quais há

uma situação ganha-ganha, não há necessidade de incentivos – como ocorre com a retirada de

suínos doentes para tratamento em outra área, o que reduziu a mortalidade dos animais.

Contudo, há investimentos para os quais os custos são incorridos pelo setor de suínos, mas os

benefícios são para os animais e para a população, então, devem ser dados incentivos que

façam valer a mudança interessante (CHRISTENSEN et al., 2012).

Por fim, cabe ressaltar que a discussão de bem-estar animal tem sido negligenciada no

tangente a investimentos socialmente e ambientalmente responsáveis – quando comparada a

pontos como mudanças climáticas ou direitos humanos (SULLIVAN; NGO; AMOS, 2012).

Sullivan, Ngo e Amos (2012) apontam que os filtros utilizados pelos fundos são muito

mais relacionados aos selos de segurança dos alimentos do que relativos a bem-estar animal e

que alguns motivos podem ser causadores desta atenção limitada: a percepção de que é uma

questão ética não relacionada ao negócio; o fato de somente afetar a indústria de alimentos;

falta de familiaridade dos investidores com o tema de bem-estar animal; falta de informação

pública sobre o assunto; uma percepção de que a população crescente exige práticas de

criações intensivas; falta de ferramentas para avaliação relativa de performance das empresas;

e a percepção de que práticas de bem-estar animal resultam em custos financeiros maiores

para as empresas (SULLIVAN; NGO; AMOS, 2012)

47

3. MÉTODO DE PESQUISA

O método utilizado na construção do modelo para comparação de granjas de suinocultura

será apresentado em quatro itens neste capítulo. O primeiro item mostra os diversos atores

envolvidos e os papéis que cumpriram no trabalho. O segundo apresenta a abordagem

utilizada para compreensão e tratamento do aspecto operacional da criação de suínos –

necessária para construção do modelo. O terceiro, então, descreve os métodos utilizados para

trabalhar cada uma das perspectivas de sustentabilidade consideradas – financeira, social e

ambiental. Por fim, são expostas as limitações do método.

3.1. ATORES ENVOLVIDOS NA PESQUISA

A criação de um modelo para avaliação de sustentabilidade em granjas de suinocultura

com considerações sobre bem-estar animal exige conhecimentos das áreas de administração,

veterinária e zootecnia. Desta maneira, este projeto só se tornou possível por estar inserido em

um ambiente de colaboração de diversos grupos de pesquisa e de uma unidade produtiva para

realização do estudo de caso. A interação entre as diversas instituições de pesquisa ocorreu

majoritariamente em reuniões realizadas por Skype e pela troca de arquivos via e-mail para

que fossem feitas as leituras, críticas, sugestões e validações. A interação com a Fazenda

Miunça, por sua vez, ocorreu em duas visitas a campo que serão descritas mais

detalhadamente no item 4.1 - Procedimento de Coleta e Tratamento de Dados, e pela troca de

arquivos e informações por e-mail.

Os atores envolvidos, seus papéis e responsabilidades serão descritos a seguir:

World Animal Protection (WAP)

A WAP é uma Organização Não Governamental (ONG) de proteção ao animais que

conta com uma linha da ação especializada na melhoraria do bem-estar dos animais de

produção. Além de idealizadora do projeto, a ONG foi responsável por formar o elo de

colaboração entre os diversos grupos de estudo envolvidos na pesquisa e por viabilizar a

entrada na Fazenda Miunça – essencial para realização do estudo de caso, construção e

validação do modelo.

Os profissionais da organização auxiliaram este trabalho com um amplo conhecimento

técnico em operações de criação de suínos, seus impactos, e sua relação com o bem-estar

animal. Este apoio foi essencial para o desenvolvimento e validação de determinadas etapas,

como o cálculo do número de gaiolas necessárias nas granjas.

48

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) – USP

Os pesquisadores da ESALQ contribuíram com conhecimentos técnicos a respeito da

criação de suínos, seus impactos e questões relacionadas ao bem-estar animal. Foi importante,

também, o acompanhamento feito por uma pesquisadora da ESALQ em ambas as visitas

realizadas para o estudo de caso, auxiliando na coleta de dados, no entendimento dos

processos produtivos e nas principais questões de bem-estar animal.

Instituto Federal de Brasília (IFB):

IFB contribuiu com conhecimento técnico a respeito dos métodos de produção de suínos,

seus impactos e bem-estar animal. Durante ambas as visitas a campo, uma pesquisadora do

instituto esteve presente e orientou a coleta de dados, assim como a realização de alguns

passos do trabalho. Esta pesquisadora desenvolveu um trabalho na Fazenda Miunça

relacionado à produtividade da gestação com cobre e solta em baias coletivas – que deu

origem a um dos cenários financeiros avaliados.

Fazenda Miunça

A Fazenda Miunça, localizada na Região de Planaltina, no Distrito Federal, teve um

papel de grande importância para realização desta dissertação. Como um dos expoentes da

mudança nos sistemas de criação de suínos no Brasil, seu proprietário permitiu livre acesso

aos dados financeiros e de produtividade da fazenda – viabilizando a realização de um estudo

de caso que apoiou o desenvolvimento e o teste do modelo em uma unidade produtiva real.

O estudo de caso está melhor descrito no item 4, mas cabe deixar explícito neste ponto

que a Fazenda Miunça tem duas instalações separadas de produção de suínos. A primeira, que

trataremos neste documento como Granja Miunça, é um modelo convencional de produção

industrial em gaiolas. A segunda, chamada de Granja ECO-BEA, é uma criação com gestação

em baias coletivas e alimentação individual automatizada.

3.2. COMPREENSÃO E TRATAMENTO DO ASPECTO OPERACIONAL

O primeiro passo para desenvolvimento desta dissertação foi um esforço para

compreensão dos processos de criação de suínos e das diferenças entre as práticas

convencional e em baias coletivas.

Inicialmente, os especialistas do grupo de pesquisa disponibilizaram diversos materiais

de leitura e vídeos. Estes materiais foram estudados e as dúvidas foram respondidas por

diversos integrantes do grupo de pesquisa. Ganharam destaque entre os materiais, o Manual

49

Brasileiro de Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos (ABCS; EMBRAPA,

2011), e a reportagem do programa de televisão Globo Rural7 realizada na Fazenda Miunça,

que explica ambos os modelos de criação de suínos. A construção do aspecto operacional foi

finalizada somente com a realização do estudo de caso – dado que durante as visitas à

Fazenda Miunça foram vistas as operações das granjas e as medidas de desempenho que são

acompanhadas pelos gestores.

Assim, como resultado, foram criados a representação gráfica dos processos e uma lista

final de indicadores de produtividade comumente acompanhados no setor. Ambos passaram

por um crivo dos gerentes da fazenda e dos especialistas do grupo de pesquisa.

3.3. ANÁLISE DAS TRÊS PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE

O modelo proposto para avaliação de sustentabilidade em granjas de suinocultura se

apoia sobre três perspectivas: ambiental, social e financeira. Por serem perspectivas com

naturezas específicas, métodos diferentes foram utilizados para construção dos critérios que

avaliam cada uma individualmente. Contudo, em comum entre as três abordagens, pode ser

citada a especial atenção dada aos aspectos que podem diferenciar a sustentabilidade de

unidades produtivas em decorrência de alterações nos níveis de bem-estar animal.

3.3.1. Análise da Perspectiva Ambiental

A construção do pilar referente à avaliação do desempenho ambiental se apoiou apenas

sobre a revisão da literatura, que pode ser vista no item 2.1.1. Isto ocorreu por impossibilidade

técnica de se aferir os itens de impacto e por falta de informação durante a realização do

estudo de caso.

Assim, buscou-se, a partir dos artigos lidos, identificar os principais itens de relevância

ambiental no funcionamento das granjas de suínos, mas sem uma análise exaustiva e

detalhada a respeito destes impactos. Estes itens estão detalhados no Quadro 3 e englobam:

uso de água, uso de energia, uso da terra, contaminação da água, contaminação do ar e

contaminação da terra.

3.3.2. Análise da Perspectiva Social

A definição dos itens a serem avaliados na dimensão social das granjas de suínos se

iniciou com a revisão de literatura – que pode ser vista no item 2.1.2. Foram considerados

como relevantes para a análise os temas mais recorrentes e com maiores impactos, resumidos

7 Globo Rural – Fazenda Miunça: http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/fazenda-no-df-adota-

principios-de-bem-estar-animal-durante-prenhez-das-porcas/2423084/ - Acesso em 28/03/2014

50

no Quadro 4. É importante destacar que buscou-se contemplar itens que possam ter sua

diferenças decorrentes da mudança nos sistemas de produção implantados – apesar deste não

ser um fator exclusivo. Explicando melhor, a mudança do relacionamento dos empregados

com os animais pode ser influenciada pelo sistema de produção empregado. Contudo, não se

pode garantir que o sistema de produção é a único motivo pelo qual o relacionamento se

altera, dado que ele pode ser influenciado por treinamentos, por exemplo.

Para cada item listado no Quadro 4 foi pensada uma maneira de aferição possível – tais

como aferição direta dos valores ou indireta, por conversas com os empregados, especialistas,

gestores ou comunidade local – como vistas no Quadro 9. Por motivos didáticos, os itens de

relevância social foram numerados com um código entre colchetes – indicando C para os itens

relacionados às comunidades, e G para itens internos às fronteiras das granjas.

Quadro 9 - Método de aferição dos itens de relevância social

Itens de Relevância

Social Descrição Aferição

Impactos sobre as comunidades ao redor

[C1] Percepção da

comunidade sobre as

granjas

Se refere a percepção das comunidades ao

redor se as granjas são vistas como um

ativo ou um malefício local.

Indireta: Entrevista com comunidade

local e/ou empregados da granja

[C2] Emissão de odores Os odores gerados pelas criações de suínos

podem se propagar e atingir as

comunidades do entorno, gerando

incômodo.

Indireta: Entrevista com comunidade

local e/ou empregados da granja

[C3] Investimento em

inovação

Se refere ao investimento em inovação

colocado nas granjas, seja em inovações

tecnológicas, de manejo ou de gestão.

Direta: Valor investido no uso de

novas tecnologias de criação

Indireta: Entrevista com empregados

da granja e/ou especialistas em

produção, veterinária ou zootecnia

[C4] Enriquecimento do

trabalho no campo

O enriquecimento do trabalho é relativo ao

aumento da complexidade das funções,

que podem ganhar maior responsabilidade

e necessitar de requisitos técnicos mais

elevados para preenchimento das vagas.

Direta: Verificação dos requisitos

formais para preenchimento de vagas

Indireta: Entrevista com empregados

da granja

[C5] Geração de

emprego, renda e

retenção nas áreas rurais

Se refere a oferta de empregos, aos níveis

salariais e a intenção de permanecer no

emprego e no campo dos trabalhadores da

suinocultura.

Direta: Verificação do número de

empregados, salario médio e

benefícios

Indireta: Entrevista com empregados

da granja

Impactos internos às granjas

[G1] Relação afetiva

com os animais e

estresse

Percepção dos empregados sobre os

animais e sobre o trabalho com animais.

Indireta: Entrevista com empregados

da granja e/ou especialistas em

produção, veterinária ou zootecnia

[G2] Treinamento e

desenvolvimento de

pessoas

Se refere aos treinamentos e capacitações

necessários não somente para realização

do manejo, mas também que propiciem um

entendimento mais amplo dos

trabalhadores sobre a suinocultura.

Direta: Verificação das práticas

gerenciais da granja

Indireta: Entrevista com empregados

da granja e/ou especialistas em

51

Para aferição dos itens com necessidade de entrevista foi consultada uma especialista em

comportamento do consumidor e pesquisas qualitativas, que sugeriu que um roteiro de

perguntas fosse construído utilizando como referência teórica os Capítulos 7 e 8 do livro

Qualitative interviewing: the art of hearing data (RUBIN H.; RUBIN I., 2005). Preferiu-se a

realização de entrevistas abertas ao invés de questionários de múltipla escolha pela riqueza de

assuntos e detalhes que as conversas poderiam trazer. O guia, então, foi construído somente

para as perguntas principais, enfocando uma entrevista do tipo Árvore e Galhos – na qual

existe uma questão central de pesquisa que é quebrada em diversos temas abordados

separadamente, apesar de logicamente relacionados. Isto faz sentido pois, caso

perguntássemos aos entrevistados como eles avaliam o desempenho de cada granja em termos

de impactos sociais, p v v b í p “ h ” f

identificados na revisão de literatura e estão resumidos no Quadro 9. As perguntas de

acompanhamento (follow-up) e sondagens (probes) foram utilizadas mais livremente durante

as conversas dependendo das respostas dos entrevistados.

O guia completo para as entrevistas pode ser visto no Apêndice I e foi pensado com foco

nos empregados de granjas de suinocultura, pois são os entrevistados capazes de responder a

todos os itens de avaliação indireta. Os códigos entre colchetes do Quadro 9 podem ser

visualizados ao lado das perguntas do Apêndice I para indicar o tema que se espera abordar

com cada questão. Por serem temas correlacionados pode-se esperar mais de um tema na

mesma pergunta, mas garantiu-se que cada tema fosse abordado ao menos uma vez. A

condução das entrevistas no estudo de caso está descrita com maiores detalhes no item 4.1 -

produção, veterinária ou zootecnia

[G3] Eficiência no

manejo

Facilidade no manejo dos animais no

sistema de produção utilizado.

Indireta: Entrevista com empregados

da granja e/ou especialistas em

produção, veterinária ou zootecnia

[G4] Desgaste físico Esforço físico necessário para realização

do trabalho – não considerando lesões ou

doenças decorrentes do trabalho.

Indireta: Entrevista com empregados

da granja

[G5] Saúde e segurança

do trabalhador

Acidentes e doenças decorrentes do

trabalho – como lesões por esforço

repetitivo e doenças respiratórias dada a

exposição a gases.

Direta: Verificação dos índices de

acidente e afastamento

Indireta: Entrevista com empregados

da granja

[G6] Satisfação e

engajamento no trabalho

Grau de engajamento dos empregados com

o trabalho e perspectivas de crescimento.

Indireta: Entrevista com empregados

da granja

[G7] Imagem do setor Se refere aos impactos que os ataques e

críticas ao a suinicultura podem ter sobre

seus trabalhadores – em termos de

percepção sobre os animais, satisfação e

engajamento.

Indireta: Entrevista com empregados

da granja

52

Procedimento de Coleta e Tratamento de Dados, mas cabe destacar aqui um aspecto

importante. Rubin H. e Rubin I. (2005) colocam que quando as perguntas têm um tom

acusatório ou de julgamento, mesmo que não intencional, os entrevistados podem fazer

fachada (front), tentando passar uma imagem correta ou se justificar. Os autores citam o

exemplo de garçons entrevistados que tentavam passar uma imagem exagerada de extrema

cortesia com os clientes. Assim, dado que o bem-estar animal ainda é um tema polêmico,

houve bastante cautela na construção das perguntas, e principalmente durante a condução das

entrevistas para evitar que os entrevistados ficassem constrangidos a dar respostas

consideradas politicamente corretas.

As entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas de maneira fiel ao falado pelos

entrevistados, como exemplo, expressões regionais ou jargões da área foram mantidos. Para o

modelo, propõe-se que o tratamento das entrevistas seja feito por meio de uma planilha, na

qual se dispõem os temas nas linhas e as falas dos entrevistados nas colunas. Desta maneira, é

possível que se analise e se faça uma síntese das opiniões dos diferentes entrevistados a

respeito de um mesmo tema. O Quadro 10 ilustra o tipo de tratamento dado para as

entrevistas.

Quadro 10 - Modelo para tratamento das entrevistas da perspectiva social

Entrevistado

1

(Granja A)

Entrevistado

2

(Granja A)

Entrevistado

3

(Granja B)

Entrevistado

4

(Granja B)

Síntese das

Percepções

(Granja A)

Síntese das

Percepções

(Granja B)

[C1]

Percepção da

comunidade

sobre as

granjas

Opinião do

entrevistado

1 sobre o

tema C1

Opinião do

entrevistado

2 sobre o

tema C1

Opinião do

entrevistado

3 sobre o

tema C1

Opinião do

entrevistado

4 sobre o

tema C1

Síntese das

opiniões dos

entrevistados

1 e 2

Síntese das

opiniões dos

entrevistados

1 e 2

... ... ... ... ... ... ...

[C5] Geração

de emprego,

renda e

retenção nas

áreas rurais

Opinião do

entrevistado

1 sobre o

tema C5

... ... ... ... ...

[G1] Relação

afetiva com

os animais e

estresse

Opinião do

entrevistado

1 sobre o

tema G1

... ... ... ... ...

Por fim, cabe ressaltar que além dos temas identificados previamente para avaliação e

comparação do desempenho social das granjas (incluídos no guia de entrevista), durante a

etapa de estudo de caso e análise das entrevistas verificou-se a possibilidade de surgimento de

53

temas ainda não levantados. Estes temas, caso considerados relevantes, seriam incluídos no

modelo final para avaliação de sustentabilidade das granjas de suinocultura.

3.3.3. Análise da Perspectiva Financeira

A construção do pilar para análise do desempenho financeiro das granjas de suinocultura

passou por duas etapas que serão detalhadas a seguir: a escolha do método de avaliação mais

adequado para atender aos objetivos do trabalho e a definição dos parâmetros e customização

do método para aplicação em granjas de suinocultura.

A primeira etapa se iniciou com uma revisão sobre os métodos disponíveis para

avaliações de empresas e projetos – cada um com suas especificidades e aplicações

recomendadas. Os métodos mais utilizados estão brevemente descritos a seguir; para um

aprofundamento no assunto recomenda-se a leitura de Koller, Goedhart e Wessels (2010) e/ou

Martelanc, Pasin e Pereira (2010).

Método Contábil/Patrimonial: estima o valor da empresa pelo seu patrimônio liquido

contábil, pelo seu valor de liquidação, de reposição ou do patrimônio liquido ajustado.

Assim, este método é indicado para casos muito específicos, quando o valor da empresa é

maior com a sua terminação do que em funcionamento. Ou seja, quando os ativos em si

forem mais rentáveis do que o valor presente líquido (VPL) dos rendimentos futuros

(MARTELANC; PASIN; PEREIRA, 2010).

Método dos Múltiplos: se baseia na ideia de que ativos semelhantes devem ter preços

semelhantes. Assim, ao identificar uma empresa idêntica ou parecida já avaliada, sugere-

se que sejam utilizados parâmetros comparativos para avaliar a empresa alvo. Por

exemplo, o valor da empresa A dividido por um indicador de referência – que pode ser o

lucro dessa empresa – gera um múltiplo que pode ser aplicado ao lucro da empresa B

para obter seu valor (MARTELANC; PASIN; PEREIRA, 2010).

O uso de múltiplos é recomendado quando o avaliador possui apenas alguns dados

básicos de uma empresa – tal como lucro liquido ou faturamento – e não há outra saída

ou para comparação com outros métodos. Contudo, algumas desvantagens são: a chance

de existirem diferenças nos fundamentos das empresas comparadas, a baixa qualidade das

informações, a especificidade de cada transação e o efeito manada caso um setor inteiro

esteja sub ou superavaliado (MARTELANC; PASIN; PEREIRA, 2010).

Método de Fluxo de Caixa Descontado (FCD): é o mais utilizado por consultorias,

bancos de investimento e é amplamente difundido no mercado financeiro. Nele o valor da

54

empresa é determinado pelo fluxo de caixa projetado, descontado a uma taxa que reflita o

risco associado ao investimento (MARTELANC; PASIN; PEREIRA, 2010).

Há essencialmente dois caminhos para avaliar um negócio pelo fluxo de caixa

descontado: a avaliação da participação dos acionistas somente (equity) e a avaliação da

empresa como um todo (firm) (MARTELANC; PASIN; PEREIRA, 2010) – sendo que

esta última pode ser feita diretamente pelo custo médio ponderado de capital (WACC),

ou pelo método do valor presente ajustado (APV) (KOLLER; GOEDHART; WESSELS,

2010).

No primeiro caminho de avaliação, focando somente no capital próprio, se utilizam os

fluxos de caixa livres para os sócios (FCLS), após a dedução de todas as despesas e

pagamentos dos juros e principal das dívidas, descontados pela taxa exigida pelos

investidores sobre o capital – devendo esta taxa ser coerente com o nível de alavancagem

da empresa.

No segundo caminho, o valor da empresa é obtido descontando-se os fluxos de caixa

esperados para a firma (FCLE) – ou seja, após a realização de todas as despesas

operacionais e impostos, mas antes do pagamento das dívidas. Este desconto pode, então,

ser feito pelo custo médio ponderado de capital (WACC) – quando a relação de dívida e

capital próprio é estável; ou pelo método APV, com o desconto feito a taxa exigida pelos

acionistas sem alavancagem, adicionando-se o valor presente do benefício fiscal pelo

endividamento – o que mantém o fluxo de caixa da estrutura de capital isolado

(KOLLER; GOEDHART; WESSELS, 2010).

Um exemplo genérico para o cálculo do FCLE e do FCLS é mostrado no Quadro 11.

Quadro 11 – Exemplo de Cálculo do FCLE e FCLS

Determinação do FCLE e do FCLS

Fluxo de Caixa Ano Exemplo

Receita Bruta 120.000

(-) Impostos sobre receita (18.000)

(-) Custos (48.000)

(-) Despesas (incluindo a depreciação) (24.000)

Ebit/Lajir 30.000

(-) Imposto de Renda / Contribuição Social sobre Ebit (34%) (10.200)

(=) Lucro operacional após IR (Nopat) 19.800

(+) Depreciação 5.500

(-) Investimentos (5.000)

(-) Variação do capital de giro (2.100)

(=) FCLE 18.200

(-) Juros (9.000)

55

(+) Imposto de Renda / Contribuição Social sobre os juros 3.060

(-) Amortizações de dívidas (3.000)

(=) FCLS 9.260

Fonte: Martelanc, Pasin e Pereira (2010)

Koller, Goedhart e Wessels (2010) ressaltam que a avaliação da empresa como um

todo pode até ser feita utilizando o WACC mesmo que haja alteração na estrutura de

capital, mas isso requer o ajuste da taxa a cada mudança – o que torna o processo mais

difícil.

( )

Onde (D) é o capital de terceiros em valor de mercado; ( ) é o custo do capital de

terceiros; (E) é o capital próprio em valor de mercado; ( ) é o custo do capital próprio;

( ) é o imposto marginal.

Vistos os métodos possíveis, buscou-se aquele mais adequado para o modelo de

avaliação financeira da suinocultura. Assim, o método deveria permitir a diferenciação de

criações com técnicas diferentes – o que exclui a abordagem por múltiplos; e deve ser usado

para avaliar a operação das granjas – o que não torna recomendável análises

contábeis/patrimoniais. Por fim, é interessante que o método permita a simulação com

diferentes estruturas de capital, dado que existem diversas linhas de financiamento do

governo focadas no desenvolvimento da agropecuária. Desta maneira, foi escolhido como

mais adequado o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) e mais especificamente a

abordagem pelo Valor Presente Ajustado (APV). Esta escolha está em linha com o

recomendado por Gameiro (2007) – que sugere a realização de análises pelos cálculos de

Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Retorno sobre o Investimento

(ROI) e payback – e com o trabalho realizado por Perin (2012), que avaliou a produção de

ovos também com o uso de FCD.

Feita a escolha pela abordagem do APV, vale o alerta de Martelanc, Pasin e Pereira

(2010) de que apesar dos métodos de avaliação serem essencialmente quantitativos, o

processo de avaliação contempla muitos aspectos subjetivos inseridos nas premissas. Por isto,

devemos analisar as premissas cuidadosamente, pois são fundamentais para a qualidade do

método e para a confiabilidade dos resultados.

Este alerta nos leva à segunda etapa da construção do pilar de avaliação financeira –

relativa à definição dos parâmetros e customização do método de avaliação para aplicação nas

granjas de suinocultura. Foram definidos na segunda etapa: (a) a lista de itens de receita,

56

custos e despesas que compõem o cálculo do Fluxo de Caixa Livre para granjas de

suinocultura; (b) o tratamento a ser dado para a inflação no modelo; (c) o grau de

alavancagem do projeto a ser utilizado nas projeções do estudo de caso; (d) o tempo de

projeção a ser utilizado no modelo; (e) as taxas de desconto a serem utilizadas no estudo de

caso; (f) as avaliações de sensibilidade sugeridas no modelo e aplicadas no estudo de caso.

(a) Lista de itens de receita, custos e despesas para cálculo do Fluxo de Caixa Livre

A definição dos itens que compõem o Fluxo de Caixa Livre para granjas de suinocultura

se iniciou antes da entrada deste autor pra o grupo de pesquisa – e, assim, um primeiro esboço

das linhas que comporiam uma possível avaliação financeira já havia sido previamente

preparado.

O primeiro passo dado no escopo deste trabalho, então, foi a lapidação destas linhas

com base no modelo do Quadro 11 e na revisão de literatura a respeito do tema – como

mostrado no item 2.4. O Quadro 8 apresenta um resumo dos itens considerados relevantes –

com destaque para a planilha criada por Seddon et al. (2013) que traz uma listagem detalhadas

de itens.

Esta lista de itens foi, então, enviada e discutida com o grupo de pesquisa, para que os

especialistas dessem suas contribuições sobre o que deveria ser ajustado. Contudo, a etapa

final para fechamento dos itens ocorreu durante a realização do estudo de caso, melhor

descrita no item 4.1. Durante a visita as granjas pode-se observar e conversar com os gestores

e empregados sobre os itens que exigiam investimentos ou que geravam receita e custos no

processo produtivo. Nesta etapa foi também realizado um levantamento do valor destes itens

para que o teste do modelo fosse realizado.

(b) Tratamento da inflação

Para o modelo proposto seguiu-se a recomendação de Martelanc, Pasin e Pereira (2010)

e, por simplicidade, os fluxos foram projetados em moeda constante/real com incidência igual

da inflação sobre todos os itens.

(c) Grau de alavancagem utilizado no estudo de caso

Para teste do modelo, optou-se por realizar o estudo de caso das granjas levando-se em

consideração dois níveis de alavancagem diferentes: somente capital próprio dos investidores

e com financiamento por um programa do governo.

Esta abordagem é interessante pois, além de testar o modelo, tem a capacidade de

mostrar o impacto dos programas de incentivo na lucratividade de diferentes modelos de

suinocultura. Para isto, utilizou-se como base o Programa de Incentivo à Inovação

57

Tecnológica na Produção Agropecuária (INOVAGRO)8

do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – que será melhor explicado a seguir.

O programa, que tem como clientes produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas e

cooperativas de produção, apresenta como objetivo:

Ap v c c p v c c

p p u v u p u v b p c

agropecuárias e de gestã p p u c p v

produtores rurais nos diferentes mercados consumidores.

Assim, são financiáveis os itens que estejam em conformidade com os Sistemas de

Produção Integrada PI-Brasil e Bem-Estar Animal – tais como construções, maquinários e

equipamentos para automação e adequação das instalações de diversas culturas, inclusive a de

suínos. A participação máxima do BNDES no projeto é de 100%, com limite de

financiamento de R$ 1 milhão por cliente individual ou R$ 3 milhões por empreendimento

coletivo, respeitado o limite individual por participante. O prazo máximo para pagamento do

empréstimo é de 10 anos – com 3 anos de carência – e uma taxa de juros de 4% a.a.. O

esquema de amortização envolve pagamentos semestrais ou anuais do principal, com os juros

pagos na mesma data da amortização9.

Visto isso, para o estudo de caso considerou-se um investidor individual que toma R$ 1

milhão de financiamento e o paga em 10 anos, sem o uso da carência.

(d) Tempo de projeção a ser utilizado no modelo

Não existem regras definidas sobre o horizonte de projeção do empreendimento,

contudo, Martelanc, Pasin e Pereira (2010) colocam que três variáveis devem ser consideradas

na definição deste prazo: o risco do empreendimento – quanto maior o risco menor o

horizonte do projeto que se sabe estimar de maneira confiável, o período transiente – tempo

necessário para que os fluxos entrem em estabilidade e as limitações de vida útil – tempo útil

do ativo principal ou predeterminação do prazo do projeto, como em concessões.

Assim, o método para definição do horizonte de projeção – tanto no modelo sugerido,

quanto no estudo de caso – se apoia sobre as três variáveis sugeridas por Martelanc, Pasin e

Pereira (2010), sobre a opinião de especialistas, e sobre constatações feitas com base nos

fluxos de caixa a partir do estudo de caso.

8 Inovagro BNDES: http://www.bndes.gov.br/ SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Pro

gramas_e_Fundos/inovagro.html – Acesso em 05/04/2015 9 Circular Inovagro BNDES: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arqu

ivos/produtos/download/circulares/2015/15Circ001_AGRIS.pdf – Acesso em 05/04/2015

58

(e) Definição das taxas de desconto a ser utilizada no modelo

Para avaliação considerando fluxos de caixa livres para a empresa no modelo APV, deve-

se utilizar a taxa de desconto real exigida pelos acionistas sem alavancagem. Então, para

garantir consistência na taxa utilizada, sua estimativa foi realizada com o uso do CAPM de

três maneiras diferentes: duas estimativas a partir do mercado doméstico brasileiro e outra a

partir das taxas do mercado americano – com um modelo híbrido sugerido por Leal (2012).

Esta verificação é justificável pois segundo Martelanc, Pasin e Pereira (2010) o cálculo

do prêmio de risco para o Brasil não é recomendado, dado que não existem séries históricas

longas, a economia é turbulenta, há baixa representatividade de ações ordinárias na bolsa e

baixo disclosure. Assim, os autores recomendam a utilização dos valores das bolsas norte-

americanas em vez dos valores da Bovespa.

Por fim, é importante ter em mente que a escolha de uma taxa de desconto não é uma

ciência exata. Por isso, após as estimativas feitas, os fluxos de caixa foram descontados não

somente a uma taxa fixa, mas em um intervalo determinado.

(f) Avaliações de sensibilidade

Além disto, com base no resultado da aplicação do modelo no estudo de caso, foram

verificados os principais itens que impactavam os resultados dos diferentes sistemas de

produção. Assim, foram investigados índices de produtividade das granjas, o preço do suíno

no mercado, e a taxa de câmbio para importação de equipamentos.

3.4. LIMITAÇÕES DO MÉTODO

O método utilizado para construção do modelo para avaliação de sustentabilidade da

suinocultura apresenta algumas limitações que podem afetar os resultados obtidos. Uma

limitação geral é que o trabalho foi conduzido com estudo de caso em uma única fazenda e,

por isto, podem existir aspectos que seriam pertinentes para um modelo geral mas que não

foram visualizadas na fazenda visitada.

Para o pilar social, a primeira limitação se dá pois os assuntos abordados nas entrevistas

foram baseados nos artigos encontrados. Assim, podem existir aspectos importantes que não

foram abordados durante as conversas, mesmo mantendo as entrevistas um pouco abertas.

Outro ponto importante, em análise posterior das gravações, é que pode-se notar erros durante

a condução das entrevistas, com a colocação de exemplos na apresentação das perguntas

quando os entrevistados não iniciavam voluntariamente as respostas. Isto pode ter limitado a

liberdade de resposta e possivelmente incitado a criação de fachadas (fronts). Ainda, na

59

analise dos resultados feita como mostrado no Quadro 10 – há a aplicação de juízo de valor

do próprio autor na análise dos resultados.

Por fim, para o pilar financeiro, na realização do estudo de caso pode existir perda de

acurácia – dado que algumas aproximações e rateios foram utilizados. Estas aproximações

serão destacadas ao lado de cada item no capítulo 5 - Resultados, contudo, é importante ter

em mente que elas afetam somente o resultado comparativo entre as granjas do estudo de

caso, mas não o modelo em si.

60

4. APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

A lapidação e teste do modelo para comparação de granjas de suinocultura, foi feita com

um estudo de caso que foi viabilizado pela WAP, como visto no item 3.1. A Fazenda Miunça,

que abriu suas porteiras para realização do estudo, é de propriedade do Sr. Rubens Valentini,

ex-presidente da ABCS (Associação Brasileira de Criadores de Suínos), e está localizada no

município de Planaltina, na área do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal

(PAD-DF) – iniciado em 1977.

A propriedade tem uma área de 300 hectares e começou suas atividades com o cultivo de

limão e a criação de caprinos para produção de leite e queijos. Os resultados não se

mostraram atrativos, e a fazenda migrou para a atividade de piscicultura, com a venda de

alevinos. Novamente, não houve sucesso comercial e a produção de peixes foi descontinuada

– dando lugar a criação de suínos – que é a atividade principal do produtor há mais de 20

anos.

A granja de suínos ocupa uma área de aproximadamente 10 hectares da propriedade, e

está dividida em dois sítios de produção. O primeiro sítio, chamado aqui de Granja Miunça, é

o mais antigo – em operação há mais de 20 anos – e se utiliza de um modelo convencional de

produção com o uso de gaiolas de gestação. O segundo sítio, chamado de Granja ECO-BEA,

está em operação desde 2011 e emprega o modelo de gestação em baias coletivas. A expansão

da unidade produtiva para um modelo de baias coletivas se deu pela tendência de mercado

que o produtor percebeu na Europa e por incômodo da própria família Valentini com o fato

das matrizes passarem suas vidas em gaiolas. A Fazenda Miunça é pioneira neste tipo de

criação no Brasil.

A Figura 4 apresenta uma vista de satélite da unidade produtiva, marcadas as duas

granjas. À esquerda da Granja Miunça é possível ver as lagoas para tratamento de dejetos –

utilizadas por ambas as unidades. Os lagos vistos na parte inferior da foto são remanescentes

da produção de alevinos.

61

Figura 4 - Vista de Satélite da Unidade de Suínos da Fazenda Miunça

Fonte: Adaptado de Google Maps

Na Figura 5 estão fotos das instalações de gestação, que são a principal diferença entre as

unidades.

Figura 5 - Modelos de Gestação nas Granjas Miunça e ECO-BEA

A Fazenda Miunça trabalha com mais de uma raça de suíno, atuando como granja

comercial que produz leitões para engorda e abate, e como granja multiplicadora – com foco

na venda de matrizes para outras granjas e na produção para uso próprio. Por isto existem, em

meio as instalações da Granja Miunça, dois barracões compartilhados por ambas as unidades

Granja Miunça

Granja ECO-BEA

Granja Miunça Modelo de Gestação em Gaiolas

Granja ECO-BEA Modelo de Gestação em Baias Coletivas

62

onde funcionam a creche e a recria das leitoas selecionadas. Cabe destacar que não há

engorda dos leitões na Fazenda Miunça em nenhuma das granjas. Os leitões destinados ao

abate são transferidos para engorda em outra fazenda parceira e o ganho da venda dos suínos

terminados é repartido entre ambos os empreendedores. Para melhor compreensão do

funcionamento da fazenda, os processos produtivos estão representados na Figura 6.

Figura 6 - Processos Produtivos nas Granjas Miunça e ECO-BEA

É importante destacar o atual modo de funcionamento das etapas de gestação na ECO-

BEA. Após a cobertura, as matrizes são mantidas em gaiolas nos quarenta primeiros dias de

gestação e passam os setenta dias seguintes nas baias coletivas – antes de serem

encaminhadas para a maternidade. Este modelo é considerado um modelo cauteloso de

migração, pois existia o temor de que a soltura nas baias coletivas logo após a cobertura

pudesse gerar índices elevados de aborto. Contudo, experimentos mais recentes mostram que

não há diferenças significativas de perdas e, provavelmente, predominará no mercado um

modelo com cobertura e soltura direta nas baias coletivas – chamado de Cobre e Solta (CS). O

Sr. Rubens Valentini, inclusive, declarou em conversa que caso construísse uma nova granja

com foco em bem-estar animal, provavelmente a faria no modelo CS.

Continuando a caraterização de ambas as granjas, o Quadro 12 resume as principais

diferenças existentes em termos de infraestrutura para cada etapa de produção.

Quadro 12 - Diferenciação das Granjas Miunça e ECO-BEA

Etapa Miunça ECO-BEA

Flushing e

Cobertura

O flushing (estímulo ao cio) e a

cobertura (inseminação) são realizados

nos mesmos galpões que as etapas de

O flushing e a cobertura são realizados no mesmo

galpão que os 40 dias iniciais de gestação.

Flushing e

Cobertura

Gestação

(40 dias)

Gestação

(Restante)

Creche

Instalações Miunça

Instalações ECO-BEA

Gaiolas Gaiolas Gaiolas Gaiolas

Gaiolas Gaiolas Baias Coletivas Gaiolas

Flushing e

Cobertura

Gestação

(40 dias)

Gestação

(Restante)

Aguardo do

1º Flushing

Treinamento

Primíparas

Instalações Compartilhadas

Gaiolas

Baias Baias

Leitoas

selecionadas

para matriz

Venda de leitões

para engorda

Venda de leitões

para engorda

Baias Coletivas

Maternidade

Maternidade

Venda de leitoas

como matrizes Recria

63

gestação.

Gestação

(40 Dias)

Existem seis galpões de gestação na

Granja Miunça – totalizando 1840

gaiolas. Nestes galpões, há cochos no

chão que servem como comedouros e

bebedouros. Para alimento, os cochos

são abastecidos manualmente todas as

manhãs por funcionários que utilizam

carrinhos e pás para servirem as

porções de cada animal. Os chocos são,

posteriormente limpos, e a água é

aberta periodicamente para consumo

dos suínos.

Um único galpão mantém 580 gaiolas, com cochos no

chão que servem como bebedouros e comedouros. As

porções de alimentos dos animais são colocadas nos

cochos de manhã por meio de dutos de ração e drops

que estão conectados diretamente aos silos de

armazenamento. A água é aberta periodicamente para

completar os cochos com água fresca.

Gestação

(Restante)

O galpão de baias coletivas conta com bebedouros do

tipo nipple e um comedouro automático individual

para cada 80 matrizes. Os comedouros são abastecidos

por dutos conectados diretamente aos silos.

Maternidade Existem três galpões de maternidade,

totalizando 440 gaiolas. Para as

matrizes e para os leitões existem

comedouros em pote e bebedouros do

tipo nipple. Todos os comedouros são

abastecidos manualmente pelos

funcionários com carrinhos e pás.

Para conforto térmico dos leitões, há

escamoteadores feitos com lâmpadas

incandescentes.

O galpão de maternidade conta com 270 gaiolas. Os

comedouros e bebedouros das matrizes e leitões são

em pote e do tipo nipple, respectivamente, Para as

matrizes, os comedouros são abastecidos por meio de

drop e duto conectado diretamente ao silo de

armazenamento. Para os leitões, a ração é colocada

manualmente. Para conforto térmico, há um soprador

de ar fresco sobre a cabeça das matrizes, e

escamoteadores de placa no piso aquecidos com água

quente proveniente de um aquecedor a GLP.

Creche As leitoas são mantidas em piso elevado, e ficam distribuídas em grupos por sete salas. Cada sala

conta com dois comedouros em funil abastecidos manualmente pelos funcionários. Os

bebedouros são do tipo nipple, e há escamoteadores de lâmpada incandescente para conforto

térmico.

Recria As leitoas são abrigadas em baias com poucos animais, com comedouros em cocho e bebedouros

do tipo nipple. Os cochos são abastecidos manualmente pelos funcionários. Vale destacar que nas

baias são colocadas correntes e sacos pendurados para que as leitoas possam brincar.

Treinamento

Primíparas

As primíparas são mantidas em baias coletivas com

bebedouros do tipo nipple e uma máquina tonta de

alimentação que inicialmente funciona com as portas

abertas, depois entreabertas e por fim fechadas – para

que elas aprendam a se alimentar.

Aguardo do

1o Flushing

O aguardo do primeiro cio é feito nas

gaiolas de inseminação.

O aguardo do primeiro cio é feito nas gaiolas de

inseminação.

Há, ainda, infraestrutura compartilhada por ambas as granjas além dos galpões

finalísticos de creche e recria. Devem ser citados: o galpão dos cachaços e o laboratório para

preparação do sêmen, a fábrica de rações, os escritórios, os refeitórios, a oficina de

manutenção, a lavanderia para limpeza dos uniformes, os vestiários e o alojamento para

funcionários. Também compartilhado entre as granjas é o software de gestão das granjas, que

contém diversas informações quanto a produtividade e consumo de recursos. Este programa

foi essencial para a coleta de dados descrita no item 4.1.

Por fim, é importante que seja explicitada a estrutura organizacional e o quadro de

funcionários da granja. A Figura 7 resume a situação em junho de 2014.

64

Figura 7 - Estrutura Organizacional da Fazenda Miunça

É importante destacar a diferença de demanda por trabalho existente entre ambas as

operações das granjas, sendo a Miunça, por ser um modelo mais antigo com trato manual,

muito mais intensiva em mão-de-obra do que a ECO-BEA.

4.1. PROCEDIMENTO DE COLETA E TRATAMENTO DE DADOS

Duas visitas à Fazenda Miunça foram feitas para realização do estudo de caso. É

importante ressaltar que estas visitas não tiveram como objetivo somente a coleta de dados

para teste do modelo, mas também a observação das operações de suinocultura para que se

pudesse construir e refinar o modelo proposto.

A primeira visita foi realizada no período de 24 a 28 de março de 2014 – com a presença

de especialistas da ESALQ e da WAP. O primeiro dia da visita foi utilizado para

familiarização com as instalações e conhecimento dos processos de produção. Uma visita

guiada foi realizada com o Gerente de Unidade Produtiva e as dúvidas foram sanadas com as

especialistas. Nos dias que se seguiram observou-se pela granja o consumo de recursos

existente, e foram coletados os dados de produtividade e consumo no software de gestão. A

coleta de dados no sistema contou com o apoio das duas funcionárias do Escritório da

Unidade Produtiva – que auxiliaram ensinando a mexer no software e extraindo informações

específicas.

Nesta primeira visita, foi lapidada a lista de itens que compõem a avaliação financeira –

contudo, os valores monetários destes itens não foram coletados. Não foi realizado, também,

nenhum passo da dimensão social, dado que a falta de proximidade com os trabalhadores

geraria um desconforto em responder às perguntas.

Empreendedor

Gerente Geral

de Produção

Gerente de

Unidade Produtiva

Gestação

Miunça

Maternidade

Miunça

Gestação

ECO-BEA

Maternidade

ECO-BEA

Escritório Central

Escritório da

Unidade Produtiva

Serviços de

Suporte da UP

Fábrica de Ração Fazenda Parceira

para Terminação

Serviços de

Suporte da Fazenda

Composteira Lavanderia

Refeitório Parte Externa e Jardim

Manutenção

1 supervisor 2 funcionários

1 supervisor 10 funcionários

1 supervisor 10 funcionários

1 supervisor 21 funcionários

65

A segunda visita à fazenda, realizada de 19 a 25 de maio, teve como objetivos principais:

aperfeiçoar os itens coletados na primeira visita, coletar os valores monetários para os itens da

avaliação financeira pendentes na primeira visita, e conduzir a parte relativa avaliação social

da granja. Durante a segunda visita, estiveram presentes especialistas da ESALQ e do IFB.

A coleta dos valores monetários para os itens de avaliação financeira foi realizada com

um funcionário do Escritório Central da fazenda – responsável pelas compras e pelos

pagamentos a serem realizados. Um item de especial dificuldade foi o custo da ração – que

precisou ser estimado a partir de relatórios da fábrica. Após uma primeira tentativa de

construção dos fluxos de caixa (já após a segunda visita), valores com suspeita de erro foram

verificados com o proprietário da fazenda – todas as dúvidas foram sanadas por e-mail e em

uma reunião via Skype.

Para a vertente social do modelo, inicialmente validou-se o questionário a ser utilizado

com o Sr. Rubens Valentini, que autorizou seu uso com os funcionários e recomendou uma

conversa com a responsável por Recursos Humanos da fazenda. Ela, além de validar as

perguntas a serem feitas, também deu orientações a respeito do clima organizacional da

fazenda – levantando pontos que poderiam ser sensíveis, como o conflito entre dois

funcionários específicos. Cabe ressaltar que tanto o proprietário da granja quanto a

responsável pelo RH não alteraram nenhuma pergunta proposta na guia de entrevistas.

A seleção dos funcionários a serem entrevistados não foi feita com base em critérios

estatísticos e, assim, não se primou por um número mínimo de entrevistados e tampouco por

conseguir uma amostra aleatória. Buscou-se entrevistar os funcionários indicados pelos

gerentes como sendo os mais aptos a responder às perguntas (com base no seu tempo de casa,

no número de posições já ocupadas e na possibilidade de ter trabalhado em ambas as granjas).

Além disto, foi levado em consideração que as entrevistas não poderiam atrapalhar o

andamento das atividades da fazenda – o que impediu que todos os funcionários fossem

consultados.

Foram, então, seguindo o modelo apresentando no Apêndice I, realizadas as seguintes

entrevistas. No nível de gestão, foram consultados o Gerente Geral da Granja e o Gerente de

Unidade Produtiva, ambos técnicos em agropecuária. Na área de gestação da Granja Miunça

foi entrevistado o supervisor e dois funcionários de manejo – sendo que dois dos três são

formados na escola técnica de agropecuária. Já na área de maternidade da mesma granja

foram entrevistados o supervisor e três funcionários de manejo, sendo apenas um dos quatro

formado como técnico em agropecuária. Já na granja ECO-BEA, para a área de gestação

foram entrevistados o supervisor e dois funcionários de manejo, todos técnicos em

66

agropecuária. Para a maternidade também foram entrevistados o supervisor e dois

funcionários de manejo, nenhum deles com formação técnica. Ainda, olhando todo o grupo de

entrevistados, podem acrescentar que a idade média foi de 28 anos, sendo o entrevistado mais

jovem com 19 anos e o mais velho com 43 anos.

Cabe destacar que foi feita uma entrevista desconsiderada e não contabilizada na área de

gestação da granja Miunça. O funcionário, a pedido do seu supervisor, se apresentou para

conversa em uma sala ao lado do refeitório, mas não se sentiu à vontade para responder às

perguntas e a conversa foi encerrada rapidamente. Assim, esta entrevista foi desconsiderada

das análises e substituída por outra. A partir deste momento, alterou-se a estratégia de

realização das entrevistas e para que os funcionários ficassem mais confortáveis em responder

as perguntas, todas foram realizadas no local de trabalho, junto aos galpões. Todas as

entrevistas válidas foram gravadas.

É importante notar que o pilar ambiental não foi mais elaborado durante a pesquisa de

campo. Como apontado no item 3.3.1 não houve capacidade de aferição dos indicadores de

impacto ambiental – dada a ausência de conhecimentos técnicos e de instrumentos de

medição que permitissem, por exemplo, a aferição das emissões de amônia (NH3) em cada

sistema. A própria fazenda visitada também não dispunha, de imediato, destas medições.

Assim, com falta de informações, este pilar se resumiu à revisão de literatura.

Por fim, é importante ressaltar que em ambas as visitas diversas conversas foram

realizadas com o proprietário da fazenda Sr. Rubens Valentini. O produtor contribuiu de

maneira significativa para o enquadramento e condução do trabalho de campo, assim como

propôs e criticou análises que deveriam ser feitas em busca de um melhor modelo para

avaliação de granjas de suinocultura.

67

5. RESULTADOS

Este trabalho gerou dois resultados principais: um modelo preliminar para avaliação

social e financeira de granjas de suinocultura e a aplicação do modelo em um estudo de caso

considerando granjas com níveis diferentes de bem-estar animal. Além disto, foi feita uma

compilação dos itens que caberiam a um modelo para avaliação ambiental das granjas – sem

maior desenvolvimento.

Assim, a apresentação dos resultados está dividida em três itens, relacionados a cada um

dos pilares avaliados. Para cada um dos itens (social, financeiro e ambiental), pode-se ver a

explicação do modelo e um exemplo prático de uso que aponta as diferenças existentes entre

as Granjas Miunça e ECO-BEA.

5.1. RESULTADOS DO PILAR AMBIENTAL

A construção do pilar ambiental está apoiada somente sobre a revisão de literatura. Desta

maneira, o modelo de avaliação relativo a este aspecto se reduz à proposta de itens listados no

Quadro 3. Sua aplicação requer que cada um dos itens levantados – uso de água, uso de

energia, uso da terra, contaminação da água, contaminação do ar e contaminação da terra –

seja mensurado para a granja avaliada.

Contudo, a aferição dos itens levantados não foi possível durante estudo de caso pela

inexistência de informações previamente disponíveis na fazenda e pela impossibilidade

técnica de aferição dos itens. Entretanto, sem evidências científicas, há suspeita por parte dos

especialistas em suinocultura de que não há diferenças ambientais relevantes entre as granjas

Miunça e ECO-BEA em decorrência da mudança de gaiolas individuais para baias coletivas.

A instalação das máquinas de alimentação não representa um aumento significativo no

consumo de energia elétrica e fatores como uso de água e gasto de energia com

escamoteadores e sopradores não estão ligados diretamente ao abandono das gaiolas.

5.2. RESULTADOS DO PILAR SOCIAL

5.2.1. Modelo para Avaliação do Aspecto Social em Granjas de Suinicultura

Para avalição do aspecto social da sustentabilidade, recomenda-se a avaliação dos itens

do Quadro 9 por meio de entrevistas com os funcionários das granjas e a aferição direta dos

itens passíveis. O Apêndice I complementa como guia para entrevistas e o Quadro 10 sugere a

estrutura para análise das entrevistas.

Cabe destacar que durante a realização das entrevistas do estudo de caso, foram obtidos

aprendizados relacionados à execução do trabalho. Estes também compõem o resultado do

68

pilar social e podem auxiliar pesquisas futuras que venham a conduzir entrevistas com

trabalhadores da suinocultura.

Os tópicos abaixo resumem brevemente as dificuldades vividas e recomendações feitas

para projetos futuros:

Abordagem para Realização das Entrevista: Para entrevista com os trabalhadores da

produção, solicitou-se aos gerentes da granja que indicassem as pessoas mais aptas para

responder às perguntas – seja por maior tempo de casa, experiência em diversas áreas,

ou por se sentirem mais confortáveis em conversar. Assim, com a lista em mãos, os

supervisores de maternidade e gestação da ECO-BEA e Miunça explicaram brevemente

o projeto aos trabalhadores e os pediram que conversassem com o pesquisador.

Para a primeira entrevista, o supervisor de gestação da Miunça chamou um de seus

funcionários para que fosse entrevistado em uma sala mais confortável e reservada ao

lado do refeitório. A sala dispunha de mesa, cadeiras e era mais silenciosa do que os

galpões dos suínos. Durante a conversa, ficaram presentes na sala o funcionário e o

pesquisador. A entrevista, no entanto, não foi bem sucedida. Pela estranha situação de

ser intimado para conversar com um desconhecido que desejava gravar a conversa em

uma sala separada, o funcionário, compreensivelmente, não se mostrou à vontade para

responder a nenhuma das perguntas. Desta maneira, a entrevista foi encerrada na

terceira pergunta e invalidada. Para que isto não ocorresse novamente, as demais

entrevistas foram conduzidas de maneira mais informal, de pé, em meio aos galpões dos

animais – local de trabalho. Todos pareceram mais confortáveis para responderem às

perguntas e permitiram sem hesitação a gravação das conversas. Assim, para pesquisas

futuras, dois pontos de atenção devem ser considerados. Primeiramente, uma boa

comunicação deve ser feita aos funcionários sobre o objetivo do trabalho antes que

sejam convocados para as entrevistas. No estudo de caso, esta comunicação ficou a

cargo dos supervisores, que podem tê-la feito de maneiras diferentes. Em segundo lugar,

é importante que a situação das entrevistas gere conforto para os trabalhadores. No

estudo de caso, a conversa realizada no local de trabalho foi mais natural do que a

necessidade de se colocar em uma sala a parte.

Aproximação dos Entrevistados Antes da Coleta: Um acerto na condução do estudo

de caso foi a realização das entrevistas somente na segunda visita à Fazenda Miunça.

Isto deu ao pesquisador a chance de se familiarizar com o ambiente e com as pessoas da

granja antes de qualquer contato para pesquisa, e deu aos trabalhadores o conforto de já

o terem visto em outras situações que não a da entrevista. Para isto, foi favorável

69

também a realização de todas as refeições na cantina da granja – aumentando o contato

com o pessoal e o aprendizado pelo convívio.

Gravação das Entrevistas em Locais com Ruídos: A condução das entrevistas em

meio aos galpões acabou gerando muitos ruídos nas gravações – tornando diversos

trechos completamente ou parcialmente inaudíveis. As gravações foram realizadas com

um aparelho de telefonia celular, que ficou ligado dentro do bolso da camisa do

entrevistador – após a autorização dos entrevistados. Assim, para pesquisas futuras,

sugere-se uma maior aproximação do aparelho, ou o uso de aparelhos com microfone

direcional.

5.2.2. Resultado do Pilar Social para o Estudo de Caso

Para cada item de relevância para o aspecto social na suinocultura foi realizada uma

análise como mostrada no Quadro 10. Buscou-se compreender como os trabalhadores da

operação das granjas e seus gestores veem cada um dos temas – com especial atenção para

possíveis diferenças de percepção que possam ter origem nos modelos de produção distintos

das granjas Miunça e ECO-BEA. Contudo, é necessária certa parcimônia na generalização

destes resultados dado método utilizado: a amostra não foi aleatória e tampouco teve o

número de entrevistados definido com significância estatística.

Para melhor compreensão das análises, primeiro estão dispostos os resultados individuais

de cada item, com a exibição de interpretações das entrevistas, seguidas dos trechos

relacionados ao tema que permitiram tais conclusões. Foram utilizadas falas do funcionários

de manejo e dos gestores da organização. Para preservação dos entrevistados, apenas a

identificação da área foi feita – pois é necessária para avaliar possíveis diferenças geradas

pelas tecnologias de produção. Por fim, e após as análises individuais de cada item, uma

compilação geral sobre as questões sociais de ambas as granjas é construída.

[C1] Percepção da Comunidade Sobre as Granjas

Os funcionários das granjas Miunça e ECO-BEA, em sua maioria, consideram a fazenda

conhecida na região e, pelo seu discurso, podemos inferir que a comunidade a tem como um

ativo. Este status à propriedade foi gerado principalmente pela sua oferta de empregos e pela

fama que adquiriu por tratar seus empregados de maneira justa, com salários elevados e bons

benefícios complementares. Estes itens, no entanto, são dependentes de decisões de gestão, e

não do modelo produtivo, por isso não geram diferenciação entre as granjas.

Todavia, a criação da ECO-BEA alavancou a reputação da fazenda pela exposição da

mídia, o que atraiu os moradores da região. Assim, mesmo que novo modelo produtivo não

70

tenha trazido benefícios diretos para a comunidade e não seja gerador de apreciação, a

gestação em baias acabou por aumentar o conhecimento dos moradores a respeito da fazenda,

gerando orgulho para os empregados que trabalham na propriedade, considerada famosa por

ser moderna.

É importante ressaltar, contudo, que este efeito de aumento da reputação ocorrido na

Fazenda Miunça, por ser uma precursora do bem-estar animal no Brasil, não necessariamente

se propagará em outras propriedades, caso o sistema de gestação coletiva se torne mais

comum. Ou, possivelmente, ocorrerá em blocos com a modernização de cada primeira granja

em uma determinada região.

O Quadro 13 traz os trechos de entrevistas que embasaram as conclusões relativas à

percepção das comunidades sobre as granjas.

Quadro 13 - Trechos de Entrevistas do Tema: Percepção da Comunidade Sobre as Granjas

Gestores

“Eu acho que o que está pesando mais são as condições de trabalho. Esse fato de estar nas revistas e na

Globo, tudo isso gera uma curiosidade do pessoal que está de fora conhecer. Mas a maioria vem porque a

primeira coisa que falam é “na Miunça é muito bom de trabalhar, é o melhor salário da região, é a melhor

comida da região e lá o gerente almoça com a gente”.”

“Hoje ela é considerada na forma de tratamento de funcionários... Você pode procurar um funcionário, é uma

das empresas que melhor o funcionário ganha. (...) Ela é muito bem vista hoje na região, tanto é que tem 400

caras querendo entrar. (...) [O bem-estar] ajudou. Também ajudou. É um diferencial. A mídia, essa coisa, fez

ser reconhecida, né. Teve a reportagem e teve gente que me ligou no dia "te vi, você está aí até hoje",

entendeu?”

“...um dos focos, voltando um pouquinho e começando a fazer esse trabalho de gestão, era justamente

transformar a Miunça em um dos melhores lugares para se trabalhar na região até 2017. E não sendo a maior

porque nós temos empresas do lado que contratam 2000, outras 800, outras 1000 funcionários na época de

safra, não é isso? Mas ser um lugar bom de se trabalhar, agradável, justo, transparente e ao mesmo tempo que

as pessoas consigam falar “é um lugar que eu possa me identificar, que eu possa ganhar meu pão, que eu

possa crescer profissionalmente aqui.” (...) a tecnologia de gestação coletiva trouxe a mídia. Mas trouxe a

mídia e a mídia reportou que tem isso no Brasil funcionando. Beleza. E aí as pessoas falam "quero ver", e as

pessoas vieram e o que elas viram? Viram pessoas extremamente motivadas, trabalhando e mantendo o sistema

funcionando.”

“O tratamento é único e indiferente e o que muda e o que motiva e diferencia uma granja da outra é o nível de

tecnologia pelo tempo de construção. (...) Então naquela época o que tinha de tecnologia era aquilo ali

[Miunça] e o que tem hoje de tecnologia é isso [ECO-BEA]. Então tem isso, mas muitas vezes eu vejo o pessoal

lá [Miunça] motivado, só de ver que o nome é vinculado e teve muita reportagem relacionada a granja e bem-

estar e tal, mas acaba fazendo bem para o conjunto todo...”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

"Tem uns que já saiu daqui e que falam até bem. Aqui

é outro serviço diferente porque o resto é tudo

lavoura. Então o povo procura coisa mais diferente,

se ficar só em lavoura enjoa e foi uma oportunidade

aqui e vem para cá mesmo. (...) Eu acho que [ficou

famosa pelo] trabalho mesmo, nem tanto pela

tecnologia porque quem usa mais aqui é só 3 pessoas

então é pouca gente.”

"...ela foi a primeira no Brasil né nesse bem-estar aí.

E todo mundo da escola agrícola vem visitando e vai

falando para os outros né, a pessoa já vai puxando..."

"O que destaca mais é a ECO-BEA, não é nem por

causa do salário, porque o salário não passa na

televisão, o que passa é a ECO-BEA. Isso é o que faz

ser o que ela é hoje. Antes ninguém sabia o que era,

71

"O pessoal fala bem. Foi a primeira granja que

implantou essa criação coletiva aqui e muita gente

sabe. Se você for conversar, tem muito colega meu

que sabe que essa foi a primeira. Acho que é a

primeira granja da região que fez isso, ai o pessoal...

(...) já teve reportagem, muita gente sabe."

"...ela foi um granja mundial há alguns tempos atrás,

então essa historia correu em internet e tal. Acho que

através disso que teve mais divulgação."

depois que criou a ECO-BEA, divulgou bem."

"Quando eu cheguei aqui a Miunça não era tão

conhecida, porque as pessoas que vinham trabalhar

geralmente vinham de fora e moravam aqui. Agora

hoje não, a Miunça já tem um ônibus que traz as

pessoas da cidade. Então hoje ela já é bastante

conhecida. (...) por crescer, ter bom resultados, gerar

emprego."

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

"Bom, veio muitos visitantes de fora, mas

normalmente se você chegar lá em Alphaville e falar

"sabe a granja Miunça?" poucos sabem. Conversar

com um e com outro poucos sabem o que é granja

Miunça, é todo por fora que não conhece aqui. Agora

tem toda uma pessoa, vamos supor suinocultores e

todos eles vem justamente para visitar a ECO-BEA

porque é top. Então é a melhor, mas pessoas comuns

e normais não sabem e não conhecem.”

"Também [é pela tecnologia], mas tem a estrutura do

funcionário também. Nós temos os nossos transportes

que pega nós, leva e traz, o café da manhã nosso.

Sobre essa parte de estrutura de funcionário, o

almoço também é muito bom. Nós temos diálogo com

o gerente e em outras empresas é difícil você ter um

diálogo com o gerente frente a frente. Nós aqui

podemos chegar com ele, é fácil de conversar com

ele, de ver ele, nas outras já não é tão fácil assim. Eu

conheço pessoas que trabalham em outros lugares e

eles dizem que o gerente é intocável, você

praticamente nem vê."

"... aqui na região a Miunça é muito [conhecida], é

bem falada. Na faixa salarial também é muito falada,

muito questionada (…) Então assim, na região, sim,

ela é famosa sim."

"Eu acho que [é conhecida] sim porque pela

entrevista que eles fazem aqui de vez em quando

passa no Globo Rural, a maioria da minha família lá

conhece e o pessoal da onde a gente trabalha tem

muita gente que assiste de manhã cedo, e não assistia

e agora já passa a assistir para conhecer mais aqui."

[C2] Emissão de Odores

Durante as entrevistas foram feitos comentários sobre os odores existentes no interior da

granja e sobre a dificuldade de adaptação que alguns funcionários apresentam. Entretanto, a

emissão de odores que possivelmente incomodariam comunidades vizinhas não foi citada por

nenhum entrevistado. Quando perguntado sobre o assunto, o proprietário da fazenda ressaltou

que a área é muito isolada e que, por este motivo, esta questão não era relevante neste caso

específico. Há suspeitas, contudo, de que a produção de dejetos seja semelhante em ambos os

sistemas – e que, desta maneira, a emissão de odores não seja diferenciada pela introdução de

práticas de bem-estar animal. É provável, todavia, que diferentes práticas de tratamento de

dejetos, não relacionadas ao bem-estar animal, possam alterar as emissões.

72

[C3] Investimento em Inovação

O tema de Investimento em Inovação não foi abordado em nenhuma entrevista realizada

por dois motivos. Primeiramente, a Pergunta 20 (“Ex f

c qu p c v ?”) acabou por não ser feita

em nenhuma das conversas, pois parecia senso comum que tanto o entrevistador quanto o

entrevistado conheciam ambas as granjas. Assim, a realização da pergunta soaria artificial nas

entrevistas e foi considerada desnecessária. A u 1 (“V cê ch qu é u p c

importante para quem vem traba h j ?”) gerou respostas relevantes.

Se pode suspeitar, por esses resultados, que para a maior parte dos trabalhos na qual o

entrevistador tenha familiaridade com os sistemas a Pergunta 20 não será feita. Assim como

não será feita caso os entrevistados não conheçam a granja que está sendo comparada – pois

não teriam embasamento para fazê-lo. Possivelmente, isto indica que para mensuração do

Investimento em Inovação é mais interessante que sejam feitos estudos e conversas prévias

com especialistas, assim como aferições diretas. Neste estudo de caso, o investimento em

inovação está mensurado de maneira direta para ambas as granjas no investimento do Fluxo

de Caixa visto no item 5.3 - Resultados do Pilar Financeiro.

[C4] Enriquecimento do Trabalho no Campo

O emprego de tecnologia na Granja ECO-BEA parece gerar para os funcionários maior

interesse pela atividade e maior enriquecimento do trabalho. Contudo, isto ocorre com

intensidade diferentes na maternidade e na gestação. Em ambas as áreas há enriquecimento

pelo emprego de tecnologias não relacionadas ao bem-estar animal – como o sistema de

distribuição de ração – que eliminam a realização de serviços mais simples, como o transporte

de alimento em carrinho e a distribuição com pás. Na gestação, todavia, este enriquecimento

vai além, com um impacto direto da alimentação individualizada, que permite aos

funcionários tratar os animais pelo acompanhamento de sua alimentação e com um impacto

indireto da redução do quadro de funcionários. Os que trabalham na gestação, apesar de terem

mais cobranças e responsabilização, também acabam se tornando mais multifuncionais – o

que é considerado interessante pelos funcionários. Além disto, a novidade do maquinário e o

método de produção ainda incomum no Brasil geram empolgação.

Este enriquecimento maior existente na gestação da ECO-BEA fez com que um

funcionário da área até mesmo declarasse que a formação em técnico é um pré-requisito para

o trabalho – pois acredita ser uma pecuária mais moderna e observa que todos os funcionários

73

da área são técnicos agrícolas – mesmo este não sendo um pré-requisito confirmado pelos

gestores para preenchimento das vagas.

Por fim, é importante notar que os funcionários da Granja Miunça, no geral, também

veem o serviço na ECO-BEA como melhor para os trabalhadores – não somente da gestação.

Isso gera um ciúme por parte dos trabalhadores da Miunça, que acham difícil aceitar

comparações em relação à ECO-BEA e acabam por ter a impressão de que o trabalho na outra

granja é mais fácil – alegando que, pelas instalações, há obrigação que os resultados sejam

muito melhores.

Este sentimento existente na Fazenda Miunça, onde as granjas e os funcionários

coexistem – com os mesmo gerentes, mesma área de almoço, mesmos vestiários – pode trazer

à tona uma reflexão a respeito do processo de mudança organizacional. Este aspecto será

melhor explorado no item [G6 - Satisfação e Engajamento no Trabalho], contudo não há

desejo por parte dos trabalhadores de migrar da Miunça para a ECO-BEA, o que pode sugerir

um medo da maior cobrança ou somente um temor natural pelo trabalho diferente.

Assim, para granjas que pretendam realizar uma migração faseada do modelo de

gestação convencional para a coletiva, pode ser interessante a implantação de programas de

job rotation para que todos os funcionários se adequem e entendam o sistema que um dia

predominará.

O Quadro 14 exibe os trechos de entrevistas que suportam as conclusões a respeito do

enriquecimento do trabalho no campo.

Quadro 14 - Trechos de Entrevistas do Tema: Enriquecimento do Trabalho no Campo

Gestores

“[Não técnicos podem fazer o trabalho da ECO-BEA] antes era gente assim [que não é técnico]. Para você

ver, teve um menino que foi embora da gestação da ECO-BEA, por questão de namorada. Nenhum técnico,

nem o supervisor, ninguém nunca atingiu o resultado dele. E ele tem o primeiro ano e aprendeu com a gente na

prática.”

“... tem uma diferença muito grande no conceito do projeto. Então eu tenho pessoas treinadas especificamente

para aquela planta [Miunça] e tem gente treinada especificamente para essa planta [ECO-BEA]. São coisas

distintas. O negócio é em cultura, mas a forma de trabalhar e o manejo é diferente. (...) [Na ECO-BEA] eu

consigo canalizar mais as pessoas para aquilo que faz diferença. (...) As pessoas chegam de manhã lá na

Miunça e ficam preocupadas que tem que tratar da forma mais rápida possível, porque pega um barracão de

400 matrizes lá e aí tem que colocar 03 quilos, por exemplo, para cada fêmea. E a caneca pesa 01 quilo. Então

estou falando de 04 quilos. Então aquilo começa e a caneca dele está pesando 01 quilo. E quando ele chega lá

no final essa caneca está pesando não sei quantos quilos no braço dele, e ele tem horário para acabar aquilo

rápido porque as fêmeas estão lá gritando e pedindo alimento o tempo inteiro. Aí quando ele termina de tratar

imediatamente ele já tem que começar com água, porque as fêmeas têm que tomar água. E na ECO-BEA o cara

chega, ele vai olhar no computador quantas fêmeas não se alimentaram no dia anterior e olhar primeiro o que

ele tem que fazer. Ai olha, tem 10 porcas, 05, 02 e aí ele anota onde que estão essas fêmeas e pega o PDA

[equipamento de leitura dos brincos] e vai levantar as fêmeas e olhar uma por uma e ver como está. Se tem

alguma machucada, se alguma morreu, se tem alguma com um comportamento diferente e tal. O ritmo é

totalmente diferente. Então o foco aqui [ECO-BEA] é no animal, e não estou preocupado em alimentá-lo, a

74

máquina faz isso pra mim. Lá embaixo [Miunça] não, eu estou focado na tarefa, que eu tenho que tratar, tenho

que tratar, tenho que tratar...”

“Se eu vou lá e falo alguma coisa assim "a Miunça consegue X resultado e a ECO-BEA consegue X

resultado"... Vou citar um exemplo de agora, desses dias. Nós temos a maternidade da Miunça com 26% de

mãe de leite. De 100 porcas, 26 são jogadas para a frente para ser mãe. De excesso, de refugo, de alguma

coisa de leitão que sobra. A ECO-BEA tem 11% "porque a instalação da ECO-BEA ajuda", aí o supervisor não

aceita ser comparado. Você tem 1.7 leitão a mais por porca na ECO-BEA, tem um consumo de 8kg por fêmea

na ECO-BEA e tem 7kg na Miunça. Tem 1kg a mais de consumo na ECO-BEA, mas tem 1.7 leitão a mais na

ECO-BEA. A relação é para cada leitão 0,5kg de ração. Então, o que tem na ECO-BEA mais de leitão, é o

consumo a mais de leitão que ela tem. Só que o peso da ECO-BEA é 6.3kg e na Miunça 5kg. Ela "tem erro, tem

alguma coisa", não aceitam. Tem essas coisas "ECO-BEA tem que dar muito mais".”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

"...para essa área aqui eles contratam técnico.

Exclusivamente para essa área aqui da ECO-BEA.

(...) Porque aqui é uma suinocultura mais moderna."

"Quando cheguei aqui e o gerente me apresentou

tudo, gostei mais ainda. Eu não sabia que vinha

trabalhar direto nesse setor aqui, que tem as coisas

mais modernas da granja. Gostei demais das

máquinas. Mexer com máquinas modernas como

essas daqui é algo a mais né."

"Quando chegou para nós também era uma novidade,

agora a gente já acostumou [com as máquinas] só é

outro detalhe. A gente acostuma porque tem outros

serviços para gente fazer. Agora nós já acostumamos

com ela aí, já passa, já olha e já está pensando em

outro serviço."

"[O funcionário da gestação da ECO-BEA] tem que

fazer mais tarefas, por isso que ele tem que aprender

o que acontece tudo aqui. Ele tem que saber o que

acontece nos 2 barracões, nós 3 temos que saber. Se

não souber como é que eu faço? Eu preciso do cara

aqui e como é que eu vou fazer? (…) [O trabalho]

fica mais interessante, porque o cara sabe de tudo, se

você ficar só naquilo você fica meio... desiste, fica só

numa coisa. Aqui a gente separa um pouco."

"[O pessoal da ECO-BEA] gosta, eles se acham

porque trabalham na tecnologia. Quando eu

trabalhava lá em cima era desse jeito, porque na

ECO-BEA você não pega nada, é tudo no

computador. (…) Existe [ciúmes], ainda mais quando

a pessoa trabalha aqui e sobe para lá. (...) a ração,

vem no duto, você só puxa a cordinha e já tratou, é

fácil demais."

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

"Todo mundo que vem acha curioso e quer saber

como funciona, e vê uma novidade a mais do que eles

tem. Principalmente quem está na Miunça que vem

para a ECO-BEA e vê como é completamente

diferente o jeito das instalações, fica realmente mais

curioso."

"É tudo diferente, é tudo automatizado, o negócio é

assim e as porcas passam, comem a ração e saem.

Vem outra, é bom demais."

"[Na Miunça] é uma coisa antiga, aí já pensa que

não é eficiente, mas aqui não quer dizer que não é

eficiente. Lógico que tem uma eficiência maior [na

ECO-BEA], tem uma qualidade melhor e nem só no

animal, mas também o trabalhador, ele tem melhores

condições de trabalho também. Por exemplo, aqui

tem funcionário, lá pouco funcionário consegue fazer

o serviço. Aqui não tem arraçoamento, é só no

carrinho, lá já tem o maquinário para isso. Então até

a qualidade do serviço para o trabalhador é melhor.

[C5] Geração de Emprego, Renda e Retenção nas Áreas Rurais

Relacionado a este tema, os entrevistados apontaram questões a respeito da atração de

mão-de-obra e da retenção dos funcionários na empresa. Segundo os trabalhadores de ambas

75

as granjas, existe uma quantidade grande de pessoas da região interessadas em trabalhar nas

granjas e não parece existir diferença de atratividade em relação a Miunça ou ECO-BEA – o

que é corroborado pelos gestores, com exceção de um. Este gestor acredita que o modelo

diferente de produção da ECO-BEA é mais atraente para os jovens. Contudo, esta ideia não é

facilmente suportada pela principal percepção existente em relação à Fazenda (como

analisada no item [C1 - Percepção da Comunidade Sobre as Granjas]), tampouco pela ênfase

em atratividade gerada pela remuneração na fala de outro gestor. Possivelmente a ECO-BEA

se torna mais atraente quando há decisão de trabalho entre as granjas, mas provavelmente não

é geradora de maior aplicação de currículos para a fazenda.

Foram levantados outros dois aspectos importantes em relação à atratividade e aos novos

entrantes. A escala de trabalho, que envolve folga de um final de semana a cada duas semanas

de serviço, parece ser um fator desestimulante para possíveis candidatos – que tem buscado

um trabalho menos exigente. Além disto, quando iniciam seu trabalho na granja, há indícios

de que existe uma primeira barreira a ser vencida em relação ao odor da criação e às tarefas

envolvendo dejetos dos suínos.

Em relação à retenção, também não existe diferença aparente entre as granjas Miunça e a

ECO-BEA. A maior parte dos empregados pretende ficar e os que têm intenção de sair não

declaram a insatisfação com o trabalho como motivo principal, mas sim questões familiares

ou o desejo por estilos de vida que são incompatíveis com a escala de trabalho existente – tais

como voltar para a terra natal ou o curso de universidades mais distantes.

Foram citadas, em duas respostas, o aspecto de migração da mão de obra rural para as

cidades. Contudo, este ponto permaneceu inconclusivo, com duas opiniões diferentes. Um

gerente acredita que há intenção de migrar, mas um dos funcionários coloca que quem

trabalha neste tipo de serviço não pretende sair.

Por fim, além dos aspectos de atração de mão-de-obra e retenção dos funcionários

abordados pelos entrevistados, é importante analisar a geração de emprego e renda. A granja

ECO-BEA, por ser intensiva em tecnologia, acaba gerando menos empregos, apesar de mais

enriquecidos. Este enriquecimento, entretanto, também não se reflete no salário e nos

benefícios, que são decisões de gestão. No caso da Fazenda Miunça, todos os funcionários se

enquadram nas mesmas faixas salariais.

O Quadro 15 reúne as passagens que permitiram as conclusões sobre o tema.

76

Quadro 15 - Trechos de Entrevistas do Tema: Geração de Emprego, Renda e Retenção nas Áreas Rurais

Gestores

“Eu posso te mostrar, a gente deve ter uns 400 currículos, então aqui tem dia que eles vão preencher a ficha, é

a gente mesmo que preenche. Tem dias que você tem que falar “volta na segunda porque tem muita coisa para

fazer” e ficamos só preenchendo ficha e o pessoal ligando. Eles sabem onde a gente mora e vai na nossa casa,

descola o telefone da casa, o celular particular e ficam pedindo. Eles brincam que para entrar aqui está pior

que concurso público, tem que ter muita sorte porque a fama foi crescendo e a gente fala “a rádio peão” é a

melhor, então eles mesmos que fazem a propaganda aqui da fazenda.”

“... para a geração nova, principalmente, [a ECO-BEA] é um trabalho que chama mais atenção e que encanta

mais porque as pessoas estão o tempo todo mexendo com tecnologia, com informática e estão tomando decisão

e analisando número, estão pensando e estão sendo críticas. Então isso atrai os jovens e isso mantém o espírito

de busca, de conhecimento aguçado.”

“Eu não acredito que a tecnologia que traz isso. Tem alguns que escolhem "eu quero aprender". Tem uns

preferem uma tecnologia melhor, então o cara "eu queria conhecer a ECO-BEA". Tem uns que não. Chega e

fala "não, para mim aqui está bom, está ótimo". Já teve vários funcionários de chegar para mim "eu queria ir

para a ECO-BEA". Se fosse para medir quantidade de funcionários que entraram e pediram pra mim que

queria ir para a ECO-BEA, é maior. Nunca vi um falar um falar assim "eu queria ir para a Miunça". Agora,

para a ECO-BEA já ouvi falar.”

“... como as pessoas nos últimos tempos estão migrando cada dia mais para a cidade, e mexer com suínos e

raspar bosta, falando o português que se usa, não é um negócio interessante para ninguém – o pessoal não

quer trabalhar com suinocultura. E quando você coloca tecnologia e mostra que é possível, que é um trabalho

digno, que é possível você ganhar um dinheiro, é possível comprar um carro, uma casa, como a grande

maioria dos nossos funcionários hoje tem carro, ganham dinheiro. Eles gostam do que fazem e colocam nas

redes sociais que “aqui é o lugar que eu trabalho”.”

“Quando eles chegam, eles assustam, a questão é que tem que acostumar com o cheiro. Eram acostumados

com o chiqueiro que tinham na casa, chegam lá e a quantidade de animais reunidos... Então assusta. A

primeira fase, a primeira semana é bem complicado para eles, mas depois eles pegam amor pelos animais e

não querem ir embora.”

“Quem vai [embora] mesmo é por algum problema sério, a maioria das pessoas é problema de família. Mas

não saem pelos animais e sim por problemas pessoais deles. Você pode perguntar, eles falam “eu quero ficar

aqui até quando eles quiserem”. Na região tem muitas oferta de emprego, só que é aquela coisa assim de

contrato, 3 meses e para. E hoje eles têm essa mentalidade que quanto mais tempo de casa tiver, melhor para

eles, eles podem se programar e planejar aqui, nas outras empresas na região não tem como.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

"Tem uns colegas lá em Marajó que estão querendo

vir e eu falo para eles, vai lá no escritório e faz o

cadastro lá para ver se vocês passam ou não."

"Eu conheço sim [gente interessada em trabalhar na

granja], até porque uns colegas técnicos agrícolas

estão vindo pra cá, e tenho até que comentar com o

gerente se eles podem contratar eles.”

"[Quem faz esse tipo de trabalho] pretende ficar,

porque se a pessoa for pensar e for para a cidade

hoje oitava série nem se fala mais, segundo grau não

vale nada também. (…) Pelo menos técnico. Daqui

uns dias também técnico não vai valer nada.”

“... muitos que eu conheci em Marajó eles falam

assim, arruma serviço lá para mim.”

“Tem, só que tem muita gente que vem e não

consegue ficar. (...) Porque não aguenta, tem gente

que não tem o estomago forte. A pessoa que é

estomago fraco, na hora que chega aqui e começa a

limpar as merdas, ela vai embora na hora. Tem uns

que nem almoça.”

“Sempre a gente ouve as pessoas perguntando se tem

vaga, sempre tem pessoas procurando.”

“Eu acho que me adaptei bastante e vou ficar com o

suíno. Eu gosto de trabalhar com eles…”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“Que eu conheça são poucos e a maioria vê a parte

financeira e não por questão de gostar e mexer com

“Uma coisa que eu acho, não só aqui, mas para a

suinocultura eu acho que pesa muito a escala de

77

suíno (...) vem pelo salário.”

“Conheço [gente interessada] sim. Tem pessoas que

moram com a gente em Marajó que se interessam em

trabalhar aqui e que inclusive já fizeram entrevista,

só que tem que esperar oportunidade, tem que ter

vaga.”

trabalho que é um pouco puxada né. Não é que é

puxada, você acaba folgando, se você for ver, você

folga toda semana, só que os dias são acumulados.

(...) A cada duas semanas trabalhadas, você folga

dois dias (...) as pessoas hoje elas estão buscando

mais trabalhar de segunda a sexta, é o que eu mais

ouço falar, o único questionamento, um ponto que

acaba sendo negativo nesse ponto é essa questão de

trabalho sábado e domingo, sabe. Só que é uma coisa

que eu acho inviável de ter alguma mudança por se

tratar de animal, não tem como.”

“Muita gente já me perguntou se não tinha vaga aqui

e eu falo que primeiro eu tenho que ver com o

gerente, se ele está contratando para depois eu dar a

resposta para vocês. (...) Tem uns que falam que é por

causa do salário, porque a aqui eles pagam bem, mas

têm outros que querem conhecer a granja também

porque nunca trabalhou mexendo com suíno, eles

trabalham mexendo com outra coisa e quer conhecer

como é aqui dentro, e sentem vontade de vir trabalhar

aqui.”

“[O gerente] deixou claro que se nós quiséssemos

crescer era só motivação, mostrar interesse, mostrar

serviço, mostrar que sabe e que queria crescer. Eu

acho que se a pessoa querer a oportunidade sempre

aparece. Tenho em mente isso, tendo a

oportunidade.”

[G1] Relação Afetiva com os Animais e Estresse

A relação afetiva com os animais e o estresse relacionado passam por quatro aspectos

principais abordados nas entrevistas. Por ser um item muito extenso, contudo, para facilitar a

compreensão, sua análise foi separada em dois blocos: o gosto pelos animais e a percepção de

docilidade, e a opinião sobre a qualidade de vida dos animais e a concordância com as

práticas de manejo realizadas.

Os funcionários da fazenda, de um modo geral, declaram que gostam dos suínos e os

veem como animais dóceis, que apenas reagem de maneira agressiva caso sejam tratados

indevidamente. Além disto, em sua maior parte, relatam que acreditam que animais possuem

sentimentos e que os tratam bem, apesar de algumas controvérsias. A despeito do pregado

pela gerência, alguns trechos de entrevistas com gestores e empregados mostram que, por

vezes, os funcionários acabam tratando os animais de maneira agressiva – mesmo conscientes

de que não é a forma correta de realizar o manejo.

Dois comentários de funcionários da Gestação e da Maternidade da granja Miunça

ganharam destaque entre os demais. Um dos funcionários relatou que, às vezes, acaba batendo

nos animais – mesmo sabendo que não deveria; outro colocou que prefere não pensar nos

78

animais como seres com sentimentos, mas que os vê como produtos que não podem ser

machucados para não perder valor. Apesar destes funcionários serem ambos da Miunça, pela

contraposição dos outros funcionários da mesma granja, não é possível afirmar que há uma

diferença de questões afetivas, tampouco de tratamento em comparação com a ECO-BEA de

maneira unânime. Assim, entende-se que a mudança do método de produção não altera o

gosto dos empregados pelos os animais, nem sua maneira de tratá-los – e que estes pontos

estão mais relacionado à cultura construída pela organização e à conscientização dada pelos

gestores para os funcionários, que são iguais no caso da Miunça e ECO-BEA.

O Quadro 16 mostra os trechos de entrevistas relativos a opinião dos funcionários quanto

ao gosto pelos animais e à percepção de docilidade.

Quadro 16 - Trechos de Entrevistas do Tema: Relação Afetiva com os Animais e Estresse 1 de 2

Gestores

“Eles [os funcionários] têm a consciência de que eles [os suínos] vão ficar por um certo período e depois vão

embora. Enquanto está embaixo da asa deles tem que fazer de tudo, tem que cuidar bem. (...) É lógico que toda

regra tem sua exceção, tem gente que tem dias que está meio nervoso, principalmente na hora de transferir as

porcas de baia, da gestação para a maternidade ou vice versa, aí que falam alguma coisa ou batem, mas se

alguém ver, se o colega ver, eles chamam atenção, falam “Opa, assim não. Você brigou com sua esposa?”.”

“O interessante é você colocar, e acho fundamental e trabalho muito isso com os meus funcionários, que o

funcionário sensibilize ele e a família com o animal e tenha dó do animal. Porque na hora que você tem dó do

animal, você vai tratar do animal na produção com mais carinho. E isso não quer dizer que você não vá comer

carne, não é isso, você está me entendendo? Mas que você proporcione ao animal uma vida digna. (...) É ter

uma produção sem sofrimento. Então eu acho fundamental isso porque é proteína. Nós precisamos produzir

alimento para o mundo. Não tem jeito.”

“Acho que em partes tem [afeto]. A menina que foi embora "morro de saudades das minhas porquinhas", você

vê sinceridade. Acho que boa parte tem um afeto pelo o que faz, pelos animais, o cuidado. Gostam dos animais,

mas uma medida para te falar, não sei te falar. Isso não posso dosar, não sei. Por mais que você conheça as

pessoas, você não conhece 100% o íntimo da pessoa. Aqui a gente prega muito... Eu falo assim "gostar é uma

palavra... Eu amo o que faço". Eu posso falar isso com brilho no olho, amo o que faço. (...) Pelo o que consigo

coletar tem pessoas em todos os setores que gostam e tem pessoas... Não é que não gosta, mas não consigo

perceber em que medida ele gosta. Se ele faz aquilo porque tem um salário no fim do mês e não tem outro

jeito.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“Ele é dócil, eu acho o suíno bem inteligente e tem

hora que tem aquele mais nervoso mesmo que quer

atacar e quebrar tudo, mas ele é dócil.”

“...pega uma porca e solta, ela sai correndo, você vê

o tipo. O jeito do animal se demonstrar que está livre,

sai pulando, fica animado, solta ela no corredor e ela

vem pulando.”

“A equipe aqui nossa faz as atividades certinhas, não

vê ninguém estressado, xingando. Não vou mentir pra

você. Tem hora que você se estressa um pouquinho.

Mas você não vê ninguém batendo. O pessoal tem um

compromisso com o que faz e gosta do que faz.”

“Depende o jeito que você chega nele. Se você chegar

meio bravo com ele, ele vai responder bravo também.

Mas ele é dócil né.”

“Ele só se estressa se a gente estressar eles.

Dependendo do jeito que você chega na porca e ela

assusta, ela se estressa. Se você chegar com calma e

devagarzinho, ela não estressa não.”

“Pelo que eu vejo, pelo menos na gestação aqui, todo

mundo gosta de mexer com as porcas. Tem um que

até conversa com as leitoa e com as porca que parece

que é com uma pessoa. O cara gosta mesmo.”

“É, tem uns que gostam, uns que batem. Quando eu

79

“Quando você bate neles uma vez, apesar de sermos

racionais, estamos sendo animais com eles também.

Acho que todo ser vivo tem algum sentimento,

devemos tratar com jeito.”

me estresso eu bato mesmo, eu confesso. Quando não

estou estressado, eu não gosto de nada não. Não

estou nem aí. Mas quando não estou estressado eu

fico tranquilo. (...) Acho que elas tem [sentimentos],

se apegam a gente. Se você trata elas com carinho,

elas se apegam. Não sei se elas se acostumam ou se

apegam, mas tem sentimentos sim.”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“Para te falar a verdade eu acho que se existisse mini

porco pra mim criar um de estimação eu acho que

tinha um. (…) O animal só estressa a pessoa se a

pessoa primeiro estressar ele. E um animal desses te

estressa? Se tu ir lá e dar um tapa na bunda dele ele

estressa, não estressa? Aí ele vem te cutucar porque

tu está estressando ele, mas do normal você olhando

aqui, não estressa ninguém entendeu?”

“Ela não quer andar e a gente vai dando uma

batidinha e ela vai estressando. E isso você pode ver

quando a gente está trocando [de galpão], tem umas

que ficam irritadas com essa troca e quando vai subir

tem umas que são bem brutas.”

“... se você vai ali todos os dias e se dedica àquele

leitãzinho pequenininho, eles criam um certo afeto e

parece que eles já colocam "opa está vindo alguém

para me ajudar para eu poder mamar e para poder

engordar um pouquinho". E se você não liga ele fica

triste "meu Deus será que ninguém vai se lembrar de

mim?" e isso eu coloco que é a parte de sentimento

deles.”

“...como você falou do animal ter sentimento, você fez

essa pergunta, eu acredito sim, todos os animais são

assim. Esses animais brutos... Têm que ter um

carinho, não tem como um animal estar doente na

baia, você tem que pegar um remédio para ele porque

ele não vai sair para pegar o remédio, tem que ter

isso.”

“Quem faz o bicho ser dócil é a gente, porque o

animal ele não pensa, ou seja, ele não vai entender

que você quer tirar ele da gaiola. Agora se você

enfiar o dedo no olho dele, ele vai sair? Não vai. Se

você enfiar um saco na cabeça dele de uma vez ele

vai sair? Puxar ele pelo rabo, bater? Ele só vai ficar

mais agressivo.”

“...tem porca ali que tem gente que fala que ela não

pensa, mas ela tem hora que é a defesa dela mesmo.

Se você for pegar um leitão dela, ela morde,

dependendo do lugar onde você está ela morde. É a

mesma coisa de uma mãe com um filho, se for bater

em um filho dela, ela não vai gostar, é mesma coisa

se você vai pegar o leitão daquele ali, mesmo que

você vai cortar o rabinho, vai medicar e é para o bem

dele, ela está achando que você vai fazer alguma

coisa. Ela não sabe o que é, e está defendendo o que é

dela.”

“Ele pode até ter sentimento, eu não penso nisso não.

Mas antes nós que ele. É melhor nós não passarmos

fome, é melhor ele passar fome. (…) É lógico que o

funcionário não pode chegar e espancar o animal,

não é porque eu acho que animal tem que ser

espancado, ele não tem que ser porque senão ele vai

produzir menos, essa é a questão.”

“Na hora de colocar o leite, você tem que trocar o

leite, não deixar o leite azedo e você já tira por isso

aí. Você lava o cocho bem lavadinho e coloca o leite,

ele toma aquele leite e você vê que ele sai satisfeito,

para ele está bom. Agora você deixa aquele leite

azedo lá ele chega e sai de perto, nem lá ele quer ir

mais. Eles têm o sentimento deles, se você toda dia

troca o leite ele sempre vai estar alegre ali na baia,

você vai ver que cresce, engorda e está aquela

felicidade.”

A visão sobre a qualidade de vida dos animais da fazenda não é distinta para os

trabalhadores da granja ECO-BEA e da Miunça. Contudo, há uma diferença importante de

percepção que depende da lente utilizada pelo entrevistado para avaliar este aspecto. Alguns

empregados, quando questionados, focaram suas reflexões no atendimento das necessidades

básicas dos suínos, e acreditam que eles tem uma boa qualidade de vida em ambas as

unidades, com vantagens para a ECO-BEA dada a inexistência de gaiolas e o uso de outras

tecnologias, como o soprador sobre a cabeça das matrizes na maternidade. Outro grupo de

80

empregados, entretanto, enfocou a qualidade de vida dos animais com uma lente que avalia

sua trajetória de vida com destinação de abate e, assim, não acredita que os suínos tenham

uma vida boa.

Quanto ao manejo, os funcionários da gestação não citaram nenhuma prática que os

incomodasse. Contudo, funcionários da maternidade – tanto da Miunça quanto da ECO-BEA

– colocaram que mexer nos animais em excesso é algo que não deve ser feito. Na Miunça foi

citada, ainda, a extinta prática de castração física e na ECO-BEA a cesariana foi citada por

dois entrevistados e enfatizada pelo comentário de um gestor.

Pode-se concluir, no geral, que não há diferença de afeto ou maneira de tratamento dos

animais em decorrência dos modelos de produção, mas que há um reconhecimento por parte

dos empregados de que os animais têm uma vida melhor na ECO-BEA. Possíveis estresses

emocionais podem ocorrer mais provavelmente na maternidade, especificamente com a

realização das cesarianas – o que está ligado à práticas de bem-estar animal, mas não

diretamente à implantação das baias coletivas.

O Quadro 17 mostra a percepção dos funcionários sobre a qualidade de vida dos animais

e sobre as práticas de manejo realizadas.

Quadro 17 - Trechos de Entrevistas do Tema: Relação Afetiva com os Animais e Estresse 2 de 2

Gestores

“Depois que conhecem o novo sistema [ECO-BEA], ficam com dó das de lá de baixo [Miunça]. Lá elas não

comem a hora que querem, (...) só passa de manhã e depois é só água. Então eles têm essa consciência com os

animais.”

“Acho que é boa [a qualidade de vida]... Se eu me considerasse uma porquinha, acho que não...”

“A porca não tem condição de parir, hoje não temos treinamento para fazer uma cesariana sem sacrificar a

porca. A gente faz um anestésico local ali... (...) Se você perguntar para os funcionários, 100% não gostam de

fazer. Eu faço, mas acho horrível. “Não vou fazer”, aí você perde a porca, perde o leitão, perde tudo.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“É uma vida boa. Tem água, alimentação,

medicação, a gente fica atento. Eu sei que não é só

isso né. Mas nesse ponto a gente sempre está

correndo atrás para deixar o melhor. Mas se

comparar aqui [ECO-BEA], essa área aqui com lá

debaixo [Miunça], esse daqui tem uma vida bem mais

tranquila porque está solto, né. Lá é gaiola.”

“Eu acho que os animais tem uma vida boa,

principalmente aqui na coletiva, tem espaço amplo.

Apesar que a comida, a ração ser controlada, mas

tem um espaço bem mais amplo do que nas gaiolas,

que não pode se mexer.”

“A diferença que tem é porque aqui elas estão soltas,

aqui elas ficam mais livres. (...) Parece que elas ficam

“Come, dorme, mas só que assim, só de ela ficar na

gaiola presa, ela já tem um stress né. Essas gaiolas aí

estressam. Às vezes você passa e elas estão mordendo

as grades lá, agitadas, aquilo é um stress porque não

tem nada para ela fazer né, tem que ocupar o tempo

com alguma coisa. “

“[A gaiola] estressa, porque elas brigam. A de lá

briga com essa, e a de cá briga com a outra. Se as

duas baterem na do meio ela fica doida. Ai ela

quebra a corrente e sai fora. (...) Pelo jeito é

tranquila a vida deles. Se não fosse tranquilo, eles

estariam todos estressados e gritando.”

“A vida deles não é muito boa não... Ficar preso aí,

se machuca o pé e não levanta mais, tem que

81

até mais animadas. Eu acho que essa é a diferença.” sacrificar porque não presta mais, se repetir já é

descarte. Se descartou já era, não presta mais não.

Por esse lado não é muito bom. Mas como na ECO-

BEA, lá é legal, lá eles tem a vida boa.”

“A vida deles é muito boa. A gente luta para que

ninguém agrida eles porque no passado eu já vi coisa

muito feia, já vi gente enfiar o dedo no olho de

animal, hoje não acontece isso mais, bater com

vassoura, isso no passado a gente via, é uma coisa

que sempre foi cobrada, mas no passado acontecia

mais.”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“Eu acho que [a vida dos suínos é boa] sim. E pela

adaptação da ECO-BEA, eu acho que eles tem toda

uma vida tranquila e calma. Tanto que aqui na

gestação [coletiva] você tem uma prova viva disso.

Olha, estão todos quietinhos de boa e tranquilos e

acho que ele tem uma boa vida sim.”

“Como a gente falou no início, é a estrutura, aqui

[ECO-BEA] nós temos ar, tem placa para esquentar,

tem o ar frio, não é um ar condicionado, mas é um ar

frio o tempo todo. Aqui é muito melhor. Já lá

[Miunça] não tem [ar frio], o calor é insuportável,

tem salas lá que o calor é tanto que as porcas não

param. Ficam em pé o tempo todo batendo.”

“Bom, vida de porco não é boa não. Coitadinho, os

bichinhos produz e tudo. (...) E se tem uma na sala

que ela não dá conta de parir, aí já entrou em

processo de parto e ela não conseguir parir, eles

sacrificam ela. Mete a faca e corta com tudo, e tira os

leitões e salva os leitões. Porque em mulher eles

fazem a cesariana e tira o bebê, tudo normal. Na

porca não, sacrifica o animal para salvar os filhotes.

Em porca eu não sei se tem essa técnica ainda para

salvar a mãe e os filhotes. A cesariana daqui é bem

louca, é matar mesmo.”

“Eu particularmente não gosto de fazer cesariana

(...) mas infelizmente nós precisamos, ou a gente

salva um ou a gente salva o outro. Eu não gosto. Eu

acho muito sofrimento, mas a gente precisa fazer.”

“... eu acho que quando a gente fica mexendo muito

com eles incomoda sim. E tem algumas porcas que

ficam irritadas na troca e incomoda sim.”

“[A gaiola incomoda] um pouco. Porque quando

você trabalha com um número maior de porca mais

velha como é o caso daqui, você tem porcas

grandes…”

“Eu acho que se eu fosse um animal era frustrante.

Por exemplo, o animal vive preso no caso, por isso

que é melhor pensar que ele não tem sentimento, para

não afetar. (...) Eu acho que lá em cima na ECO-BEA

tem uma qualidade [de vida] melhor porque o animal

não passa pelo estresse que passa aqui [Miunça],

porque aqui tem vários sistemas diferentes, tem uma

sala que é de um jeito e outra sala que é de outro,

sala velha com uma tecnologia muito antiga. (...) Só

que eu não estou preocupado com o estresse do

animal, eu estou preocupado se ele produz menos, os

resultados.”

“[Na ECO-BE] a porca tem mais espaço, o leitão tem

mais espaço né, o número de esmagado lá é menor

porque tem mais espaço dentro da baia. A instalação

no tempo de calor tem um canudo de um ar frio na

nuca dela que ajuda a refrescar bastante, então não

fica uma porca cansada né. Então é uma granja onde

você consegue manter a qualidade da porca e a

qualidade do leitão durante o ano todo.”

“O manejo quanto menos você mexer na leitegada,

mexer na porca, mexer nos leitões, você ganha.”

“Tem quase um ano que eles tiraram, porque aqui

castrava, é uma coisa que eu fazia que eles pediam,

mas eu não gostava. (...) Cortando mesmo no bisturi,

depois eu vou te mostrar ali, tem uma lâmina e tem o

corte do bisturi, tem uma mesinha e você colocava ele

virado para lá, colocava bunda dele para cá e você

passava a navalha nos cocos e puxava. Aquilo se

fosse da minha vontade eu não fazia, porque aquilo

machuca.”

[G2] Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas

As perguntas relacionadas ao treinamento e ao desenvolvimento de pessoas levantaram

temas como o nível de conhecimento necessário para admissão de um funcionário e a maneira

82

de treinar os funcionários; e as possibilidades de crescimento e desenvolvimento do pessoal

dentro da granja. Assim como o item [G1 - Relação Afetiva com os Animais e Estresse], este

tópico também se revelou bastante extenso e os dois primeiros temas serão abordados

inicialmente, com o aspecto de crescimento tratado em seguida.

Os funcionários da Miunça, da ECO-BEA e da gestão concordam sobre o primeiro tema

citado, colocando que não são necessários conhecimentos técnicos para que se possa ser

admitido na granja. É até mesmo preferível que não haja experiência anterior em suinocultura

para que se evite a aplicação de práticas de manejo inadequadas e que possam ser trazidas de

trabalhos anteriores.

O conhecimento estudado pelos técnicos, contudo, é considerado como positivo, apesar

de insuficiente para a realização do trabalho. Para todos, o trabalho da granja se aprende em

treinamentos realizados on the job, com a orientação dos supervisores e de outros

funcionários mais experientes. Por isto, os funcionários geralmente iniciam seu trabalho com

tarefas mais simples de limpeza e seguem observando para, posteriormente, assumirem o

manejo dos animais.

Esta ausência de diferença entre as granjas ECO-BEA e Miunça ocorre principalmente

por uma decisão dos gestores, que buscam igualar o tratamento dos funcionários de ambas as

unidades independente da tecnologia de produção – como pode ser visto em seu discurso. É

interessante notar, então, que os empregados acabam por colocar como pré-requisito fatores

mais humanos relacionados à aprendizagem do que o conhecimento em si: interesse,

companheirismo, paciência, gosto por roça e por animais, e inexistência de nojo em relação

aos trabalho.

O Quadro 18 mostra os trechos de entrevistas que tratam sobre nível de conhecimento

necessário para admissão de um funcionário e os treinamentos.

Quadro 18 - Trechos de Entrevistas do Tema: Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas 1 de 2

Gestores

“A ideia é treinar aqui. Eles têm preferência que não tenha trabalhado em outra granja para não ter nenhum

vicio.”

“... tem empresas que preferem o cara pronto, tem empresas que preferem fazer. A tendência nos últimos anos,

as granjas preferem fazer porque você faz o cara de acordo com aquela necessidade especifica.”

“Não interessa para qual setor, qualquer granja eu faço a mesma coisa. Não é excluído, não tem um

treinamento diferenciado.”

“Nosso treinamento é bom? Não é ruim. Você pode ir em qualquer funcionário (...) perguntar para ele, tenho

certeza que ele vai responder correto. Saber, eu tenho certeza que ele sabe. Se ele não responder é porque está

camuflando. Ele sabe.”

83

“... queremos aprofundar mais nessa questão de bem estar animal não só pela ECO-BEA, mas por causa do

sistema como um todo para produzir um suíno de boa qualidade, embarcar bem o suíno e chegar uma carne

com sabor interessante lá para o cliente no final. Porque se você produz o suíno com 110 quilos mais ou menos

em 160 dias e na hora de embarcar você vai lá e agride o animal, não fazendo o jejum alimentar correto, o

animal é embarcado estressado, e chega lá, abate esse animal e a carne vai estar ruim. E você perde todo o

processo que você fez aí em 09 meses desde a inseminação de uma porca quando você vendeu o suíno lá na

ponta. Então ele está a cada dia mais buscando enraizar essa questão do bem estar animal por isso, na cadeia

como um todo, mas aqui na ECO-BEA trabalhamos isso, como trabalhamos na Miunça.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“...ter interesse já é bom, não precisa conhecer muito

de suíno não, quando ele chega aqui nós mandamos

ele para treinamento mesmo, a pessoa ensina mesmo.

Não tem que vir com experiência, não.”

“Tem que ter companheirismo, diálogo,

conhecimento, interesse, tudo isso ajuda muito no dia

a dia.”

“É bom [algum conhecimento], principalmente os

técnicos que estudam para isso, já vem sabendo.”

“Fora o técnico de agropecuária, lá no colégio que

eu fiz tinha uma granjinha pequena para nós estudar,

ai pegava lá, fazia parto. Ai tinha uma noção. (...) A

maioria aprendi aqui, foi muito pouco que eu aprendi

durante os cursos, mas aprimorei os conhecimentos

na área de suína foi aqui mesmo.”

“Aqui na granja quando comecei a trabalhar, ele me

ensinou trabalhando. Tudo que a gente foi fazer... Até

hoje ele sempre "faz desse jeito que é melhor". Não

sei se você já viu, a gente faz uns caminhos com uns

baldes, com gaiolas... Você vai aprendendo, né. Logo

de cara não colocam você para mexer. Eu comecei a

fazer limpeza e ia olhando, depois eles... Quando

você começa aqui, logo de cara você não... Sempre o

superior está no seu pé também.”

“O cara primeiramente tem que gostar de roça,

porque assim, aqui a gente procura muita gente que

pega que não tem profissão nenhuma né assim e você

acaba fazendo dele um suinocultor né. Mas se o cara

não gostar de roça...”

“Tem que gostar de mexer com criação, se não gostar

não adianta.”

“O cara vem, aí ele já vem e aprende na prática,

tudinho. Aí já ensina para ele, eu preciso dessa

função aqui, aí você vai aprendendo e vai vendo o

que o cara pode te ajudar no setor né. Esse tem bom

estudo, aquele ali sabe falar bem, aquele tem mais

atenção, aí você vai jogando ele num serviço mais

certo e treinando ele para aquilo né.”

“É no dia a dia. Vamos pegar assim, vou transferir

para aquela baia, daí você já vai com o cara, o

responsável por isso aqui, aí você já vai com o cara,

eu explico tudinho para ele, tem que sair assim, tem

que virar o corredor ali, tem que ir para o outro lado,

você não pode ficar na frente, você não pode puxar o

rabo na hora que ela estiver saindo, então você vai

explicando né. E dentro disso o cara vai anotando.

Vamos supor que você falou “você vai virar, passa na

frente dela aqui e vai cercar ela para ela virar para

cá”. Aí se o cara estiver fazendo errado, você já

chama, corrige, “não fica aí assim não porque pode

acontecer isso, isso”...”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“Eu acho no meu ponto de vista ele tem que entrar

para conhecer para depois dizer se realmente dá para

mexer com isso ou não.”

“Mexer com animal é complicado. Não é fácil mexer

com animal, você tem que saber, você tem que

começar como todos nós começamos do zero e ir

lapidando até você chegar em um conhecimento.

Porque você tem que perceber quando ele está

adoecendo, às vezes ele está afastado dos outros

leitões então já é alguma coisa.”

“Bom assim saber, saber eu acho que quando vem, a

gente não sabe de nada, mas a gente tem que ter

mesmo paciência porque os bichinhos dão trabalho

viu.”

“Treinamento sim, quando nós chegamos aqui eles

“... a pessoa ela chega praticamente nunca viu o

porco na panela né, muitas… (…) Então a pessoa

chega aqui achando que o tratamento é a mesma

coisa de porco caipira, você larga lá, deixa lá que o

bicho vai, e não é né.”

“Primeira coisa, ele tem que conhecer como é feito o

trabalho aqui dentro. Se ele vier e ninguém não

explicar nada, ele praticamente vai fazer tudo errado,

tem que conhecer passo a passo.”

“Quando você entra a gente vai ver qual vai ser a

função que ele vai fazer, mas de princípio quem entra

vai direto para o parto porque o parto é onde exige

mais. (...) Aonde a pessoa não pode ter frescura. Tem

que pegar no leitão mesmo, tem que tirar aquela

secreção que para muitos é nojento, tem que mexer

com sangue, tem que lidar com placenta. Então

84

pegam um funcionário mais antigo para dar

instruções para nós e aos pouquinhos vão soltando,

conversando muito praticando também na mesma

intensidade e depois vai soltando a gente aos

poucos.”

“... quando nós entramos aqui normalmente é para

olhar sala, aquela coisa básica e vai aprendendo a

olhar a sala e conforme vai pegando jeito eles vão

liberando, aí é interesse do funcionário também.”

assim, a parte do parto é a parte mais complicada

que tem. Se a pessoa passa pelo parto bem, ele dá

conta bem, entendeu? Então assim, o parto é um dos

treinamentos que mais exige.”

“Teve [treinamento para lidar com os porcos] porque

tem gente que quando chega você vai tocar o

leitãozinho para entrar lá para dentro e tem gente

que bate com vassoura, toca com o pé e você não

deve fazer isso porque machuca. (...) Aí ele ensinou

uma maneira mais fácil.”

O crescimento e o desenvolvimento de pessoal devem ser olhados em separado – dado

que o primeiro está ligado à carreira e o segundo ao aprendizado. Em relação ao crescimento,

a maior parte dos funcionários indica que há oportunidades caso haja esforço e desejo por

parte dos empregados; um gestor e um funcionário da gestação da Miunça inclusive citam

seus casos pessoais. Contudo, dois empregados da maternidade da ECO-BEA têm um

discurso de oposição. Esta contraposição, na realidade, não sugere diferença entre as granjas,

mas sim que os demais funcionários podem não ter sido sinceros, dando respostas que

considerariam corretas. Desta maneira, há incerteza sobre a percepção dos empregados quanto

às chances de crescimento. Esta inferência contrapõe o alegado pela gerência, de que existem

oportunidades e que elas são iguais para ambas as granjas, mas é coerente com a estrutura

organizacional horizontal de quarenta e dois funcionários, quatro supervisores e dois gerentes

– na qual o funil para crescer é bastante estreito.

Em termos de aprendizado todos parecem satisfeitos, mas parece existir diferença entre

as granjas ECO-BEA e Miunça, mesmo com os treinamentos sendo dados da mesma maneira,

e com a gerência aplicando igual tratamento em ambas as unidades. Isto ocorre pela redução

de quadro e maior enriquecimento dos cargos da ECO-BEA, principalmente na área de

gestação, como visto no item [C4]. Assim, os funcionários mais multifuncionais são

impelidos a se desenvolverem mais rapidamente para que possam integrar a equipe.

No Quadro 19 estão dispostos os trechos de entrevistas que possibilitaram as conclusões

relacionadas ao crescimento e ao desenvolvimento do pessoal dentro da granja

Quadro 19 - Trechos de Entrevistas do Tema: Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas 2 de 2

Gestores

“O cara fala assim "vou embora porque aqui não me dá oportunidades". Eu falo toda hora para os meninos

assim, que é mentira. Eu sou exemplo disso. Se eu não tivesse oportunidades, eu não estaria onde estou, como

gerente. Tem horas que me perguntou "estou há 12 anos numa empresa só, será que acomodei?". O cara fala

"nossa, 12 anos", mas eu fico tremendamente satisfeito porque eu cresci com a empresa. A empresa cresceu. A

empresa hoje é um patamar totalmente diferente do passado e eu vejo que eu cresci junto a ela, com a

confiança do gerente, dos diretores. Eu cresci junto e fico super feliz.”

85

“É igual [oportunidade de crescimento na Miunça e na ECO-BEA]. Na minha visão é. Talvez na visão deles

não. Mas eu acho igual. Se a pessoa tem oportunidade de crescimento... Independente do setor hoje, nós temos

gente que trabalhou na Miunça e veio supervisionar aqui em cima. (...) Oportunidades são iguais. Eu não

concordo de modo algum de quem falar "não tem...". Tem dias que a gente senta para conversar e, as vezes, a

gente erra mais de confiar em alguém... Não é nem confiar, é dar oportunidade para o cara e depois o cara não

tem a bagagem, não tem experiência para tocar. As vezes, até uma retroação nesse sentido, mas pecando mais

por dar oportunidade do que por não dar.”

“Eles falam que o conhecimento que eu tenho aqui, qualquer outra granja que eu for trabalhar, ou se eu for ter

minha própria granja, ou uma granja de galinha, principalmente a questão da sanidade, eles têm muita

consciência e acham importante. É porque tudo que faz na granja tem um porque, então tem a consciência do

porque está fazendo.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“Tem muito treinamento específico, isso depende

também não só dos treinadores, mas também do

aprendiz. Tem muita expectativa de oportunidade de

crescimento.”

“Acho que foi mais rápido [o desenvolvimento do

pessoal].”

“Aqui é o lugar para aprender. Porque eu cheguei

aqui e meu conhecimento era muito pouco. Aqui você

consegue... Os caras dão espaço, liberdade para você

aprender muito.”

“... eu vim para cá, eu fui aprendendo e teve

oportunidade sim. Poucos meses eu passei para

auxiliar de supervisão, na verdade antes era

encarregado e depois quando a granja cresceu né

teve oportunidade de crescimento também, aí passei

para supervisor.”

“Se a pessoa quiser continuar e subir de cargo, sobe.

Mas se quiser continuar que nem a gente está ai só

tratando e medicando pode também.”

“...tem bastante oportunidade, depende do interesse

da pessoa, se a pessoa quiser conhecer, as

oportunidades sempre surgem.”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“Eu acredito que tenha [chance de crescer], mas é

limitado né. Não é algo que abrange. Tem o seu

gerente, o seu encarregado, você pode almejar muito

conhecimento, como eu gosto. Aí você aprende, é

ilimitado, mas almejar algo meu mesmo já tive graças

a Deus proposta aí, mas eu nem... Conhecimento

porque eu sei que eu vou aprender um bocado, mas

em termos de coisas assim não.”

“É muito pouca [chance de crescer] assim... para te

dizer... porque assim, do tempo que eu estou aqui eu

ainda não vi nenhum dos meus colegas assim "é isso,

isso" e continua na mesma, é muito pouco. Então na

mesma.”

“Tem muitos que eles dão chance. Depende da

pessoa, da força de vontade, do seu querer. (…) Tem

gente que fica com um pé atrás e fica com medo de

querer pegar um cargo de mais responsabilidade e

não dar conta, aí depende dele.”

“... aqui eles investem em palestras, eles investem em

você. Aqui para não crescer só quem não quiser

mesmo né”.

[G3] Eficiência no Manejo

Nas maternidades da Miunça e ECO-BEA não parece existir diferença no manejo, que

apresenta a mesma dificuldade e eficiência. A complexidade do manejo nas maternidades se

dá pela maior delicadeza requerida para cuidar dos leitões recém nascidos – que são animais

mais frágeis.

Nas áreas de gestação da Miunça e ECO-BEA, contudo, há indicação de que os manejos

se diferenciam em decorrência dos modelos de produção. Pelas entrevistas, podemos inferir

que no sistema em baias coletivas as matrizes são mais dóceis, mas o manejo requer maior

86

paciência por parte do trabalhador, dado que os animais estão soltos. Na Miunça, entretanto, a

dificuldade do manejo se encontra no fato dos animais serem mais ariscos e na necessidade de

tratamento individual de cada gaiola – sem o ganho de comportamento em grupo que é

sugerido em uma das falas, apontando que na ECO-BEA as matrizes tendem a seguir as

outras.

É interessante notar, todavia, que um dos funcionários da gestação coletiva acredita que

seu manejo é mais difícil, enquanto dois funcionários da Miunça acreditam que o manejo em

baias é mais fácil. Esta aparente contradição parece ser normal – com as pessoas tendendo a

apontar o seu trabalho como mais complicado do que o trabalho alheio. Assim, recorrendo ao

comentário do gestor, pode-se resumir que há ganhos e perdas com a mudança do sistema,

tendo matrizes mais dóceis por um lado e com capacidade de movimento de grupo, mas

também sem grandes limitações de movimento, caso desejem se mover – o que exige mais

paciência.

Por fim, todos concordam que a prática torna o manejo mais fácil e que os suínos são

animais que aprendem rápido, o que facilita o trabalho. Uma última ressalva, que independe

do modelo de produção, é que os funcionários podem muitas vezes seguir os padrões sem

entender os motivos – como apontado pelo funcionário da maternidade da Miunça e

exemplificado pelo da ECO-BEA, que comenta não ser possível bater nos animais pelas

normas da empresa.

Os comentários relacionados a este tema estão colocados no Quadro 20.

Quadro 20 - Trechos de Entrevistas do Tema: Eficiência no Manejo

Gestores

“Não tem como não ser [diferente o trabalho]. Ele é suíno, mas tem procedimentos. E vamos falar um pouco

mais técnico, tem procedimentos que são totalmente diferentes. Por exemplo, a leitoa aqui entrou, selecionou.

E quando ela vai para a Miunça ela já entra em box, em gaiola, e aí ela entra em um ante flush e até chegar a

idade dela para a inseminação e continua inseminando, e ela continua em gaiola e ela vai estar em gaiola até

70, 80 dias de gestação para depois passar por um período só de baia de gestação coletiva e nem 100% da

produção consegue passar em baia de produção coletiva. Aqui na ECO-BEA não, ela já chega selecionada e

entra na máquina tonta, já na gestação coletiva, aprende a comer no equipamento, sem automatização. Depois

ela fica 21 dias e depois ela vai para a máquina automatizada. Não tem como você ter o mesmo procedimento

operacional padrão lá e aqui. São totalmente diferentes.”

“É [a porca na ECO-BEA é menos estressada do que a da Miunça]. Isso tenho certeza. Até o campo [ímpeto]

de fuga dela é menor. (...) Quando você vai conduzir ela [na ECO-BEA], você pode colar nela que ela não se

movimenta. Já lá [Miunça] tem um poder [ímpeto]de fuga maior. Você tem um limite de fuga, que você pegou,

ela foge. Você tem um animal mais dócil aqui [na ECO-BEA], mas quando você vai conduzir tem uma

dificuldade maior. Você tem que ter paciência, um manejo próprio para aquele setor. (...) Não é mais difícil. Se

você tem uma porca muito agressiva, repelente à você também não é legal.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“É mais complicado, eu manejo muito mais do que

eles...”

“É fácil quando você aprende, antes de você

aprender é complicado. Eu me machucava era muito.

87

“Tranquilo. É um animal que aprende as coisas

rápido.”

“Na maternidade eu acho mais difícil porque é muito

delicado, tem que saber o momento certo de tirar e

colocar. A gestação é mais tranquila. Você sabe mais

como funciona. Mas na gestação precisa de jeito. Se

você não tiver jeito ela te joga no chão.”

“Tem as raças. Aqui trabalhamos muito com a DB

que é uma raça bem mais dócil do que a Large White,

que são brutas. É um animal muito curioso, você

tanto ensina quanto aprende com eles, isso é muito

interessante.”

Eu ia tentar cercar, mas não sabia cercar ela. Muitas

vezes você pega no queixo dela e levanta, ela perde a

força e você faz o que quer com ela, vira ela. Mas se

você não souber pegar, você põe a mão, levanta a

cabeça dela e ela perde o jeito.”

“[Nas baias] abriu o portão, uma saiu e a tendência

é acompanhar, porque na gaiola você tem que tirar

uma por uma. Lá na baia não, você abriu o portão,

começou a sair, as outras seguem a primeira que está

saindo. Esse aqui não, você abre a gaiola, tira

aquela, tira a próxima, é uma por vez.”

“É, bem mais fácil [nas baias] comparando com aqui

embaixo [Miunça].”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“Não é fácil de lidar não, você não pode estar

batendo, como eu te falei, às vezes a gente trabalha

com animal bruto e pesado, boi, vaca, cavalo e a

gente tem que arrochar senão não vai. E aqui eles

são brutos, mas a gente não pode estar arrochando

neles. (...) É por conta que você não pode estar

batendo, porque é norma da empresa, você não pode

bater como alguns fazem com colher, com cabo de

vassoura.”

“Não é tão fácil [o manejo], é regular e nem fácil e

nem difícil. Depende porque tem uns que são mais

bravos e outras já são mais dóceis, é como se fosse

gente e tem gente que eu acho que é mais fácil de

lidar com animal do que com pessoas entendeu? Eu

acho.”

“Eu acho que o mais difícil seria a pessoa entender o

que está fazendo, mas lá no fundo ela não faz isso, ela

faz um padrão. A empresa passa o padrão para ela e

ela vai fazer esse padrão. Por exemplo, tem que

levantar as porcas 3 horas, então fica fácil, você faz

no padrão que passa e o resto a gente pega na

prática mesmo.”

“Quando você chega é um pouco difícil, mas com o

passar do tempo você vai pegando a prática e fica

mais fácil você trabalhar com ele. (...) Quando eu

cheguei lá eu não sabia, e o menino tinha vez que me

pedia ajuda, eu falei “eu não ajudo porque eu não sei

ainda, vai ficar mais complicado ajudar você, pede

ajuda para quem já sabe que fica melhor.”

[G4] Desgaste Físico

Não há concordância dos empregados quanto nível de desgaste físico do trabalho. Alguns

o consideram leve e outros cansativo. Todavia, há diferenças aparentes entre as quatro áreas:

gestações e maternidades da Miunça e ECO-BEA.

O trabalho na gestação da ECO-BEA parece ser menos desgastante do que na Miunça.

Os funcionários apontam que o serviço é mais corrido e com maior responsabilidade

distribuída por um número pequeno de pessoas. Contudo, os serviços mais braçais – de

arraçoamento com carrinhos, por exemplo, foram eliminados pela introdução dos dutos e

máquinas de alimentação.

Nas áreas de maternidade o quadro se inverte, parecendo a maternidade da ECO-BEA

mais cansativa do que a da Miunça. Isto ocorre pelo número reduzido de funcionários em

decorrência do sistema de arraçoamento automático. Assim, apesar da eliminação do trabalho

com carrinhos de mão, há menos folga de capacidade e o número de gaiolas e salas que

precisam ser olhadas por empregado aumenta.

88

De maneira mais geral, dois aspectos interessantes surgiram nas entrevistas. A escala de

trabalho, com doze dias de serviço para dois de folga é um fator que parece aumentar o

cansaço. E funcionários oriundos de lavoura geralmente consideram o trabalho leve, pela

comparação com antigos serviços no sol e sem horário definido.

Os comentários relacionados ao desgaste físico podem ser lidos no Quadro 21.

Quadro 21 - Trechos de Entrevistas do Tema: Desgaste Físico

Gestores

“Isso, exige mais [na Miunça]. As salas são mais distantes, as vezes pela estrutura mesmo, eles tentam pular

para poder andar mais rápido porque eles tem um sentido aguçado de saber o que é aquele grito ou aquele

choro do leitão. Então tem hora que ele precisa ir rápido e tem que correr porque senão o leitão morre. Devido

a estrutura, é bem mais tranquilo na ECO-BEA.”

“... mesmo com a estrutura lá embaixo sendo bem antiga, o resultado também não deixa a desejar. Então lá é

mais gente, é mais complicado, é mais difícil, mas mesmo assim eles fazem acontecer, querem atingir o

resultado.”

“Não [é cansativo]. A Ana pesquisou, 90% dos nossos funcionários são satisfeitos, felizes aqui dentro. Tinha

alguns até com proposta melhor e falou se deixaria "não".”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“Eu acho [a ECO-BEA mais tranquila do que a

Miunça]. Tem mais cobrança, mas eu acho bem mais

tranquilo. (...) Acho que é o trabalho. Até o

equipamento de alimentação de suínos, não tem

aquela correria toda de empurrar caminho e tal. Os

maquinais já funcionam legal, então isso facilita

muito.”

“...o serviço avança mais [na ECO-BEA]. Por

exemplo, porque são menos pessoas e tem uma

máquina que ajuda a gente, mas cada pessoa tem que

ter mais responsabilidade, eu não posso deixar a

pessoa só para fazer uma coisa.”

“Na lavoura você não tem horário, né. Era para ser o

contrário, né. Como isso daqui é criação viva e não

pode esperar, tem que comer todo dia... Eu prefiro

trabalhar aqui porque é mais tranquilo.”

“... é um trabalho tranquilo. É uma rotina, mas é uma

coisa tranquila. De manhã é mais pesado, tratar e

transferir. Agora na parte da tarde é só medicar e

subir as porcas para a maternidade.”

“Cansativo é, mas só no começo, depois você vai

pegando o ritmo e fica fácil. Não sei se é porque eu

sou novo, mas não é muito cansativo não.”

“É cansativo, não é fácil não. Ainda mais que são

quinze dias direto, você começou na segunda, aí

passa o final da semana e na outra sexta-feira para

você folgar ainda. Então é bem puxado.”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“É cansativo. Eu digo sempre, “gente se tem uma

mulher gordinha e ela quer perder energia vem

trabalhar aqui que vai ficar magrinha”.”

“É um pouco [cansativo] sim, na ECO-BEA eu vim

cansar mais do que na Miunça. Como aqui na ECO-

BEA é reduzido, são poucas pessoas, e lá na Miunça

não. [Na Miunça] se faltar um você tem como suprir

e aqui [ECO-BEA] se faltar um funcionário que seja,

ao invés de olhar 2 salas você já olha 3 e parte para

fazer outras coisas. Aqui faltou um funcionário você

cansa, e trabalha no sábado e no domingo e folga o

outro e um fim de semana é mais arrochado porque é

menos funcionário ainda e é um pouco

“Aqui é um trabalho aonde, assim, você trabalha com

o corpo, mas mais ainda com a mente porque tudo

você tem que planejar. Você tem que planejar a porca

que você vai desmamar, você tem que planejar peso

de leitão porque o leitão não pode sair pequeno, você

tem que planejar se uma pessoa do nada não vem

trabalhar, sabe. Então assim, eu acredito que a parte

física é cansativa, mas você cansa mais a parte

mental.”

“... lá só o fato de você não precisar mexer com

sacaria, tipo você pegar um saco de 40 quilos, para

uma mulher né é mais puxado. Então lá o trato é

direto do silo já vem para a linha e já cai no cocho, é

89

sobrecarregado.” só regular a quantidade que você quer que ela

coma.”

“... eu acho até que o serviço é bem leve.”

“Aqui não é pesado. Onde eu trabalhava era pesado,

porque descarregava caminhão.”

[G5] Saúde e Segurança do Trabalhador

De maneira geral, há concordância em toda a fazenda de que os acidentes graves são

raros – e são minimizados por treinamentos e maior atenção. Não há diferença entre as

granjas e pequenas escoriações são consideradas normais – como pode ser visto nos trechos

de entrevistas selecionados para o Quadro 22.

Quadro 22 - Trechos de Entrevistas do Tema: Saúde e Segurança do Trabalhador

Gestores

“É muito difícil acontecer [acidente de trabalho]. Para te falar a verdade, eu trabalho aqui há três anos e

foram dois acidentes só. Um não teve nada a ver com os animais e o da Jaqueline [estagiária da WSPA que

quebrou o dedo] (...) foi um vacilo dela que deixou a mão.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“... de vez em quando a gente raspa o dedo aqui, mas

não tem mais porque a gente já fala para não

acontecer, a gente vê o perigo antes de acontecer. Eu

vou tirar uma porca, eu treino o caboclo antes para

não acontecer acidente, porque senão acontece. Eu

mesmo quando eu cheguei, o suíno pegou eu com a

grade aqui jogou em cima das grades, esse braço

aqui ficou lá embaixo, desceu, saiu do lugar. Mas

ninguém me falou nada, só falou “pega a grade e sai

aqui na frente”. Hoje em dia não, o caboclo chega aí

e eu falo para ele “é assim, assim”.”

“Era para ter muito acidente porque o tanto de

gaiola de ferro que tem, mexe com vassoura, rodo,

mas não tem acidentes. É um animal que você

aprende a... Ele está parado, depois que você aprende

a mexer com ele é tranquilo, um animal como

qualquer outro.”

“É tranquilo. Só assim que às vezes a gente vai

encostar na parede assim, só de a gente bater na

parede assim já arranca... A gente não mexe com

serviço pesado, então qualquer coisinha que você

esbarra já, mas é só... Mas acidente dos anos que eu

estou aqui, foram poucos.”

“Já teve um que estava na ECO-BEA, a porca bateu

o rabo no olho dele e ele ficou ruim da vista. Ele foi

rapar o traseiro da porca na maternidade, e bateu o

rabo no olho dele. Que eu conheço é só isso. Só um

machucadinho as vezes, mas é irrelevante, não se

machuca de verdade.”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“Não, eu acho muito raro. Esses tempos atrás um

menino tomou um escorregão aí, mais nada e foi só

superficial mesmo. Mas dizer acidente não, é muito

raro.”

“Aqui mesmo não, de vez em quando é normal mesmo

que bate no ferro porque é ferro para todos os lados,

mas nada de acidente, é basicamente tranquila.”

“Tipo, você está transferindo uma porca e você não

bater o joelho em uma gaiola, sabe, essas coisas

assim acontecem. Mas acidente, acidente mesmo

muito difícil.”

“É coisa pequena, corte no dedo, um machuca e bate

a perna, mas nada grave, eu não vi nada grave ainda

não, o dedo [quebrado pela estagiária da WSPA] foi

o máximo.”

90

[G6] Satisfação e Engajamento no Trabalho

A satisfação e o engajamento no trabalho são temas relacionados ao item [C5 - Geração

de Emprego, Renda e Retenção nas Áreas Rurais]. Durante as conversas com os funcionários

de manejo e gestores da fazenda, foram abordados aspectos como: trabalho em equipe,

rivalidade existente entre as granjas, gosto pelo trabalho e intenção de permanecer.

O trabalho na granja é visto por todas as áreas como um trabalho em equipe e parece

existir uma melhor integração na equipe de gestação da ECO-BEA decorrente da redução de

quadro fruto do uso de tecnologia – dado que a área tem somente três funcionários. Há,

contudo, uma rivalidade apontada pelo gestor entre as granjas Miunça e ECO-BEA que foi

reforçada pelo discurso de um dos funcionários da ECO-BEA, alegando que ninguém gostaria

de mudar de granja. Pode-se inferir que esta rivalidade tem sua origem na medição de

resultados de ambas as granjas, que acaba por comparar o desempenho das unidades, o que

pode não ser bem aceito, como também visto no item [C4 - Enriquecimento do Trabalho no

Campo].

Tal aspecto sugere uma discussão em torno dos processos de divulgação de resultados e

responsabilização dos supervisores por tais números. Estes pontos não foram estudados no

decorrer do trabalho, mas possivelmente uma melhoria na maneira de comunicação pode

atenuar esta questão. Cabe ressaltar, contudo, que os modelos de produção diferentes podem

aumentar a competitividade, mas que ela possivelmente existiria mesmo com granjas iguais,

caso os resultados sejam calculados separadamente. Um esquema de job rotation para granjas

que convivam com modelos em paralelo, como visto no item [C4 - Enriquecimento do

Trabalho no Campo] pode ser proveitoso para que todos conheçam as dificuldades e

benefícios de ambas as unidades.

Em relação à satisfação com o trabalho e intenção de permanecer, não parece existir

diferença entre as granjas ou as áreas. Os funcionários estão satisfeitos e os que pretendem

sair não declaram descontentamento – mas sim questões pessoais.

O Quadro 23 compila os comentários relacionados à satisfação e ao engajamento no

trabalho.

Quadro 23 - Trechos de Entrevistas do Tema: Satisfação e Engajamento no Trabalho

Gestores

“[As equipes de ambas as granjas] funcionam muito parecidas, mas está muito no supervisor que comanda,

por isso que eu estou trabalhando muito a padronização.”

“Nos dois setores eu acredito que há uma rivalidade. (…) Por mais que a gente tente administrar, mas tem. É

tudo igual. O gerente é o mesmo, temos até questão de ter o mesmo gerente para ter o mesmo perfil. (...) Eu

tento administrar, já tentei criar algumas coisas, mas nunca anulei a zero essa rivalidade.”

91

“Quem está na Miunça não quer vir para a ECO-BEA, quem está na ECO-BEA não quer ir para a Miunça.

Pode perguntar lá, se quiser fazer uma pesquisa. Quantos funcionários você falar lá, quantos querem vir para

a ECO-BEA. E pode fazer aqui, quantos querem ir para a Miunça. Se você tiver 10%... Acho que você não vai

conseguir nenhuma, mas se você quiser fazer e testar para ver... O que está lá tem um vínculo com o

supervisor... Acho que o principal é a rivalidade entre os supervisores, isso transmite para a equipe. Não é da

equipe. Esse é o ponto essencial. Se o supervisor dissemina aquilo para a equipe dele... Se um dissemina e

começa a competir com o outro, o outro já revida também e começa... É igual maternidade e gestação, mesmo

na Miunça maternidade e gestação tem uma certa competitividade (...) são clientes internos.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

"Uma equipe menor igual a nossa aqui, acho que

você tem mais responsabilidade. Você tem que fazer

aquilo. Numa equipe maior talvez você fique mais...

Não tem tanta responsabilidade."

"... se você for trabalhar sozinho, geralmente você

não vai conseguir fazer nada. Eu trabalho nesse

galpão e sempre preciso deles para passar uma

porca, descer, tirar... Então ajuda muito, até

desenvolve mais."”

"Por enquanto eu pretendo continuar no suíno

mesmo."

"Quero continuar com suínos. Agricultura trabalhei 4

anos, soja, milho e outras coisas, mas é cansativo.

Aqui é menos cansativo. Aqui é questão de horário,

tem horário para chegar e horário para sair. Se você

parar para pensar aqui é ralação você não para, aqui

a gente trabalha até o último minuto. Aqui é criação

viva, né. Soja e milho pode esperar um pouquinho.

Aqui não. Tem que comer. Se tiver 10 porcos para

comer, tem que colocar os 10 porcos para comer.

Mas eu gostei."

“A gestação é equipe e é todo mundo unido. O

serviço da gente tem que sair sempre perfeito ou

quase perfeito, então a gente trabalha em equipe para

não deixar nada atrapalhar.”

“É porque em granja para ter um resultado você não

faz resultado sozinho, para você ter um resultado

você depende do resultado do outro. Por exemplo,

hoje eu estou na gestação, mas eu já estive na

maternidade, então quando eu estava na maternidade

eu recebia as porcas da gestação, hoje é o contrário,

hoje eu recebo bastante maternidade. Se o pessoal da

maternidade não cuidar bem da porca quando ela

chegar na gestação ela não vai ter condição de ser

inseminada. Então é aonde exige a equipe. Da mesma

forma nós da gestação hoje nós estamos mandado as

porcas, mas se eu não fiz um trabalho bom a

maternidade vai receber umas porcas ruins, não vai

dar o número de leitão que era para dar, vai dar um

peso baixo, que eles não vão atingir o peso do

desmame.”

“Acho que vou ficar um bom tempo aqui. É um lugar

tranquilo de se trabalhar, apesar da rotina, tudo que

você fez hoje, amanhã você vai fazer a mesma coisa,

mas não tem a dor de cabeça que você tinha lá fora.”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“... aqui a gente é bem parceiro e um a um está

sempre ajudando o outro.”

“É trabalho em equipe sim, tem as suas partes

individuais, mas no todo é a somatória de um com um

que dá o resultado, mas tem individual também, se

você não fizer a equipe sente.”

“... aqui eu aprendi a gostar muito da suinocultura,

de estar mexendo com os animais, eu já mexia com

animais, mas como suíno é uma coisa nova então eu

me entusiasmo e continua me entusiasmando. Mas eu

não pretendo ficar aqui não, porque eu pretendo

voltar para a minha terra.”

“Eu te falo com toda sinceridade, eu amo o que eu

faço e vejo o futuro entendeu? Enquanto eles

precisarem do meu serviço eu vou estar aqui e quero

aprimorar, se tiver mais palestras, se tiver mais

treinamento.”

“Lógico que toda equipe tem os seus altos e baixos

né, só que a gente procura sempre fazer. A gente

procura o máximo minimizar o trabalho individual,

lógico que buscando fazer com que eles, mostrar a

importância do trabalho individual que cada um

também tem que fazer a sua parte, mas sempre

buscando fazer um trabalho unido. Assim, um

depende do outro aqui.”

“[É equipe] sim e muito. Há um tempo atrás não era

nem tanto, era mais cada um era cada um, ele fazia o

dele e o outro tinha que fazer o dele, mas hoje não.

Hoje todo mundo ajuda todo mundo. Um está

apertado e o outro via lá e ajuda, eu nunca deixei ele

na mão.”

“Eu escolhi trabalhar assim nisso que eu gosto, que

eu amo o que eu faço, eu amo animal, amo minha

profissão. Uma coisa que antes eu achava muito

difícil era você transformar pessoas, hoje eu acho que

cada pessoa que eu consigo transformar um pouco

92

“... se falar para vir para lá [Miunça] acredito que

mais de 90%, quase 100% não quer vir trabalhar

aqui [ECO-BEA] de jeito nenhum. (...) Eu acredito

que também não [alguém da ECO-BEA ir para a

Miunça], mesmo aqui sendo uma correria muito

grande, eu tenho quase certeza que aqui nenhum vai

para lá também.”

para mim já é uma vitória muito grande, sabe.”

[G7] Imagem do Setor

Quando colocadas questões que incitavam discussões sobre a imagem do setor, surgiram

comentários relacionados ao tema em duas esferas distintas: a visão que ativistas possuem

sobre a suinocultura e a opinião sobre a suinocultura que é emitida no cotidiano dos

trabalhadores por pessoas de seus círculos sociais e convívio.

A esfera mais ampla, dos ativistas, critica a suinocultura por seus métodos de produção, e

acaba por atingir os funcionários da fazenda pelos meios de comunicação, principalmente

pelas redes sociais. Estas críticas parecem afetar de maneira igual aos funcionários de ambas

as granjas, dado que se sentem envolvidos em ambos os sistemas, mas podem ser amenizadas

pela alteração do modelo convencional para a produção em baias coletivas. Isto fica evidente

no discurso de um dos gestores e no de um funcionário da maternidade da Miunça em

referência à ECO-BEA.

A visão e as críticas emitidas por pessoas dos círculos sociais dos trabalhadores também

afetam igualmente a todos e não sofrem mudança dado o modelo de produção. Existe um

preconceito quanto ao trabalho nas fazendas de suínos – principalmente no tangente ao odor –

e que pode estar ligado ao desconhecimento das fazendas, como pode ser notado no

comentário de um funcionário da gestação da Miunça, que cita surpresa de pessoas externas

ao verem imagens reais da fazenda. Os trabalhadores da fazenda Miunça, contudo, parecem

estar criando maior orgulho do local que trabalham e se tornando mais imunes aos

comentários emitidos.

O Quadro 24 compila os comentários dos funcionários que tratam da imagem do setor.

Quadro 24 - Trechos de Entrevistas do Tema: Imagem do Setor

Gestores

“Esses dias eu estava em rede social (...) e uma amiga minha colocou logo de manhã (...) uma foto de uma

matriz. (...) E estava uma matriz muito bonita, com uns leitões muito bonitos na maternidade amamentando.

Ela colocou assim "me desculpe, logo de manhã colocar uma imagem tão chocante” e era uma porca mesmo

dentro de uma gaiola. E achei linda a foto e fantástica, e muito bem alimentados e bonitinhos e tal. Depende

muito da forma que se vê, o ponto de vista, você está me entendendo? Dentro da norma de bem-estar e de

produção os animais são muito bem tratados assim e bem alimentados. Quando eu falo assim bem tratados não

estou falando só do manejo com as pessoas, mas estou falando de sanitário, estou falando de nutrição.”

“Hoje nas redes sociais você não tem noção do que chega para eles. (…) Afeta [a equipe] e o nosso papel

93

como gestores e defensores da atividade é mostrar para eles que aquilo que está sendo colocado tem um

fundamento por trás, por isso até a parceria com a WSPA. Então tem um fundamento por detrás. Então vamos

buscar produzir o animal e não vamos parar de produzir animal. Nós fazemos um negócio muito bonito que é

produzir alimentos, e não podemos parar de fazer, mas fazendo de uma maneira correta, da melhor forma.”

“Existe [preconceito] da parte deles mesmo, do funcionário que tinha vergonha de falar. “Você trabalha

aonde?”; “Eu trabalho na granja”; “É granja de que?”; e demorava para responder. E hoje não. Hoje eu

acho que com todo esse trabalho que a gente vem fazendo eles tem orgulho de falar “Trabalho na granja de

suíno”; “Suíno? O que é suíno?”; “É de porco”; “Ah tá!”; “Mas porco, porco eu posso dizer que somos nós.

Porque lá eles têm veterinários, têm nutricionista e têm pessoas 24h cuidando deles.”; eu estou falando coisas

que eu ouço nas pesquisas. Isso é a consciência deles..”

“Um cara que está lá fora, ele tem um preconceito do suíno pelo cheiro "você trabalha naquele local?". Eu

tenho maior orgulho de falar "eu trabalho com suínos". Se alguém falar mal, eu me defendo. Eu me sinto

amargurado por dentro quando falam.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“Tem preconceito, principalmente quem mora há

bastante tempo na cidade tem esse preconceito. Você

pode ver que a maioria que está aqui hoje

trabalhando na granja é da zona rural. Por quê?

Porque você manda gente da zona urbana trabalhar

com granja, só quem trabalha na zona rural que

trabalha na granja e tem pouca gente na zona rural e

tem muito serviço, tem muita lavoura. Por isso a

tecnologia está aumentando, porque não está tendo

mão de obra.”

"Lá fora tem gente que pergunta "não fede muito?".

Tem muita gente, mas é a minoria."

"Quando eu digo do trabalho para os meus amigos,

eles têm um preconceito “fede demais”, mas isso é

gostar. Muitos têm essa visão negativa aos suínos."

“Aí eu fui para lá passear uns dias lá e aí um cara

falando assim “a granja lá assim, o chiqueiro, não

sei o que”. Falei “não, vou te mostrar”. Aí tinha um

vídeo, “não, é isso aqui”. Aí o cara ficou assim, “isso

aqui que é lá...”.

“Os que eu conheço não gostariam de trabalhar aqui

porque falam que é com porco, é nojento e fedido.

Mas se você vir trabalhar mesmo, você vai ver que

não é tudo isso que pensam. Quando eu comecei aqui,

eu vi uma placenta e falei “não vou pegar na

placenta, negócio nojento”, mas é só acostumar. (...)

Preconceito é quando a pessoa não precisa, mas

quando ela está precisando, não tem preconceito.”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

Feitas as mesmas perguntas, nenhum funcionário da

Maternidade da ECO-BEA fez comentários

relacionados à Imagem do Setor.

“Com certeza ainda é muito mal vista a suinocultura

no Brasil, mesmo tendo crescido muito eu acho que

mesmo assim continua. Não fala que trabalha na

suinocultura, fala que trabalha com porco, é um

campo muito mal visto ainda.”

“A ECO-BEA é muito bem vista por causa desse bem-

estar animal, a carne pode ter um preço maior, pode

ter um mercado maior para essa carne, então faz

diferença sim.”

[Não específica] Orientações para Novas Granjas

Quando perguntados sobre que dicas dariam para alguém que pretende abrir uma granja,

os entrevistados abordaram os seguintes temas: instalações, seleção genética dos animais e

equipe. A respeito das instalações, há uma concordância geral de que o modelo da ECO-BEA

é preferível, pois foca no bem-estar animal, aparenta ser mais eficiente e é o modelo que

predominará no mercado. Sobre a seleção genética dos animais, há sugestão de que haja a

94

escolha da raça dependendo do objetivo da granja – pois está diretamente ligada as

especificações do produto final. Por fim, o tema mais enfatizado foi relacionado à equipe.

Fica claro no discurso dos funcionários que as instalações e a tecnologia auxiliam no

atingimento do resultado das granjas, no entanto o trabalho em equipe e o modo de manejo

são diferenciais. Assim, qualquer novo empreendimento deve focar em uma seleção de

funcionários com paciência para lidar com os animais, realizar treinamentos não somente

focados em produtividade mas também no bem-estar dos suínos e contar com gerentes e

sistemas de gestão que motivem as equipes. Esta opinião dos funcionários, que é igual na

ECO-BEA e Miunça, pode ser vista no Quadro 25 e é coerente com os índices produtivos das

unidades – que superam índices de outras fazendas com igual tecnologia e seleção genética.

Quadro 25 - Trechos de Entrevistas Relativos a Orientações Sobre Novas Granjas

Gestores

“Hoje a gente vê a empresa Miunça num grande legado de comando, perfil de equipe, nesse sentido de

treinamento. Mas se ele deixar a equipe treinada com o propósito de fazer resultado, pensando nesse lado de

bem estar e não só como produção, mas como tratamento também, isso cria um clima legal, entendeu? Encarar

a suinocultura como um negócio de oportunidade e correr atrás, gostar. Se é alguém que vá trabalhar

diretamente, tem que gostar daquilo que vai fazer. Esse é o grande legado que temos aqui.”

ECO-BEA Gestação Miunça Gestação

“Já visitei varias granjas e a melhor instalação que

já conheci foi essa aqui. Em termos de bem estar,

espaço... Acho que aqui é um bom exemplo.”

“Em questão de funcionários... fazer entrevistas,

pegar caras bem pacientes. O cara que você vê que é

estressado, você fala "esse cara não serve". Tem que

pegar uns caras com paciência porque tem que ter

paciência para mexer com o bicho, muita paciência.

Não estou falando que o animal estressa, é que se

você pegar um cara estressado, ele vai machucar o

bicho e vai se machucar.”

“... agora hoje assim fora tem lugar que já não aceita

mais gaiola né. Então se eu fosse abrir, eu já abriria

no bem-estar porque no futuro vai querer trabalhar

só com isso né, então você tem que pensar para frente

também, porque granja é muito tempo né. Não vai

montar uma hoje para daqui dez anos você fechar né.

Você pretende montar uma hoje e ir produzindo

direto. Então como no mundo já tem muito isso de

bem estar, se tiver condição é melhor você montar...

Agora não tem condição, só tem condição para

montar a granja convencional, então não tem jeito

né.”

“Acho que as porcas em baias seria ideal, mas tinha

que ter um lugar de gaiola para você inseminar

elas.”

“Primeiro você tem que escolher uma raça que seja

boa, que produza bem, porque tem raça que não

produz bem. Aqui se você vai produzir carne ou se

você vai produzir matrizes, se você for produzir para

vender para frigorífico você vai produzir leitão que

tem mais carne, menos carcaça.”

“... primeiro você tinha que ter uma gerência bem

boa né e entender do negócio, porque às vezes você

“ah vou montar uma granja ali” mas não tem

ninguém que entende... “vou mexer, mas não

entendo”, você tem que ter uma teoria bem forte, uma

prática, pessoa que entende mesmo, se você não tiver

essa pessoa que entende, não adianta. E não deixaria

95

de fazer esse treinamento com as pessoas, motivação,

essas coisas são importantes na empresa.”

ECO-BEA Maternidade Miunça Maternidade

“Eu acho que eles estariam bem instalados e pra mim

qualquer empresário que for querer investir eu acho

que tem que pensar no bem-estar animal.”

“Se você fosse abrir não só uma granja, mas

qualquer negócio você tinha que lapidar as pessoas

que ia estar com você, isso é o mais importante. Tem

que lapidar porque tem muitas pessoas, mas não vai

ser todas que vai te dar aquele suporte, tem muitas

pessoas que nascem para ser, mas têm outras que

nascem para ser base desses que tem que ser, que te

segura, que te dá o chão quando você está apertado,

te serve de escada. Não tem a importância de ver a

pessoa crescer, ele tem o prazer de ver, tem pessoas

que são assim, tem outras que não. Então se a pessoa

for começar qualquer negócio ela tem que começar

com as pessoas, apesar das tecnologias grandes, o

que faz mover é a gente, nós que colocamos esse

negócio para frente. A ECO-BEA tem essa estrutura,

mas se não for nós ela não vai.”

“... com certeza uma instalação mais nova,

tecnologia mais nova com certeza são eficientes,

ninguém vai produzir um maquinário novo para ser

menos eficiente do que o que ela tem, sempre fez para

ultrapassar.”

“Hoje em dia quanto mais você conseguir reduzir a

mão de obra na sua granja, você ganha. Porque uma

das coisas que mais pesa na suinocultura é a mão de

obra né. E lógico que também você fazer uma granja

moderna também não vai sair muito em conta, mas eu

acredito que você reduzindo a sua mão de obra, você

paga todo o gasto que você teve em fazer. Então

quando você investe em tecnologias, você ganha

muito em não ter muitas pessoas trabalhando.”

“Importante? Uma coisa que é importante mesmo é a

equipe, sabe. Se você não tiver equipe, você não tem

resultado. Você pode ter o melhor salário, você pode

ter o melhor gerente, você pode ser o melhor

supervisor, mas se você não tiver pessoas que te

apoiam e que gostem do que fazem, você não tem

resultado. Você pode investir na melhor tecnologia do

mundo também porque nem tudo a pessoa vai fazer,

nem tudo a máquina vai fazer né. A máquina ela vai

fazer 50, 60%, só que querendo ou não você tem que

ter gente boa trabalhando para você e gente que

quer.”

Resumo da Avaliação Comparativa das Questões Sociais para Sistemas Com e Sem

Ênfase em Bem-estar Animal

Na dimensão social, há indicação de que existe vantagem para a granja ECO-BEA. Em

relação à granja Miunça, o modelo com bem-estar animal tem maior investimento em

inovação, o que gera enriquecimento do trabalho no campo, redução do desgaste físico dos

funcionários e melhoria da imagem do setor frente ao mercado e aos ativistas. Há, contudo, a

menor geração de emprego e renda no campo – dado que a tecnologia torna o negócio menos

intensivo em mão-de-obra sem aumentos salariais para os cargos mais enriquecidos. Contudo,

como contrapartida, a redução das equipes gera um desenvolvimento mais acelerado e

completo dos empregados.

O detalhamento de todos os itens avaliados pode ser visto no Quadro 26 que mostra, para

cada um dos itens do estudo de caso, o posicionamento da ECO-BEA em relação à Miunça e

um breve resumo da situação identificada nas análises individuais de cada tópico.

96

Quadro 26 – Resumo da Avaliação Comparativa das Questões Sociais: ECO-BEA vs. Miunça

Itens de Relevância

Social

ECO-BEA

/ Miunça Resumo da Situação

Impactos sobre as comunidades ao redor

[C1] Percepção da

comunidade sobre as

granjas =

A comunidade percebe a fazenda como um ativo, independente do

modelo de produção da granja, dada a geração de empregos e a fama

de tratar bem aos seus funcionários. Neste quesito, a ECO-BEA

apenas tornou a fazenda mais conhecida pela atração da mídia,

gerando orgulho para os funcionários.

[C2] Emissão de odores =

Não há diferenciação dos modelos produtivos pela emissão de odores,

que é mais influenciado pela técnica de tratamento de resíduos.

[C3] Investimento em

inovação

O investimento em inovação é maior na ECO-BEA, com aferição

direta vista nos fluxo de caixa do item 4.2.

[C4] Enriquecimento do

trabalho no campo

O enriquecimento do trabalho pela aplicação de tecnologias

relacionadas ao BEA ocorre pelo tratamento dos animais de maneira

individualizada, com acompanhamento de seu comportamento pelo

chip na orelha. Além disso, a redução de quadro de pessoal exige

profissionais multifuncionais e aumenta a complexidade do serviço.

[C5] Geração de

emprego, renda e

retenção nas áreas rurais

Há igual atração e intenção de ficar em ambas as granjas, com salários

também salários iguais. Contudo, pelo uso de tecnologia, há menor

geração de empregos – apesar de mais enriquecidos.

Impactos internos as granjas

[G1] Relação afetiva

com os animais e

estresse =

Não há indícios de que a relação afetiva com os animais e o estresse

sejam diferentes para os trabalhadores dos dois modelos de produção,

apesar de todos concordarem que a qualidade de vida dos animais é

melhor na granja ECO-BEA.

[G2] Treinamento e

desenvolvimento de

pessoas

Não há diferença entre as granjas no tangente ao nível de

conhecimento para contratação, tipos de treinamento ou oportunidades

de crescimento. Contudo, pela maior redução de quadro e

enriquecimento dos cargos, o desenvolvimento dos trabalhadores da

ECO-BEA é mais acelerado.

[G3] Eficiência no

manejo

As dificuldades do manejo parecem diferentes, mas sem definir uma

granja como melhor. Na ECO-BEA, há indicação de que as matrizes

são mais dóceis, mas com uma necessidade maior de paciência pela

inexistência de limites físicos para o movimento dos suínos. Na

Miunça, por outro lado, apesar da limitação de movimentos trazidos

pelas gaiolas, os animais são mais ariscos e é necessário fazer a

movimentação uma a uma, sem o ganho de escala do grupo.

[G4] Desgaste físico

Nas áreas de gestação, que caracterizam a diferença de bem-estar entre

os modelos, sugere-se menor desgaste físico na ECO-BEA. Apesar do

serviço mais corrido pelo menor número de funcionários, a eliminação

do arraçoamento manual melhora o trabalho. Na maternidades,

contudo, que não caracterizam o modelo de bem-estar animal, a falta

de folga da ECO-BEA parece tornar o serviço mais cansativo, pois

apesar de inexistirem as atividades de arraçoamento, os funcionários

precisam olhar mais gaiolas e salas.

[G5] Saúde e segurança

do trabalhador = Não há diferenças entre os sistemas da Miunça e ECO-BEA quanto a

saúde e segurança dos trabalhadores, com baixos índices de acidentes.

[G6] Satisfação e

engajamento no trabalho

=

A satisfação dos trabalhadores, seu engajamento e intenção de

permanecer são iguais em ambas as granjas. Há, contudo, maior

integração da equipe de gestação da ECO-BEA, dado o número

reduzido de funcionários. Como ponto adicional, se ressalta a

competitividade existente as granjas pelo atingimento de metas.

[G7] Imagem do setor

Em uma esfera maior, de críticas de ativistas e do mercado, a granja

ECO-BEA pode melhorar a imagem da fazenda – ainda que os

funcionários se sintam atingidos de uma maneira geral por trabalharem

97

5.3. RESULTADOS DO PILAR FINANCEIRO

5.3.1. Modelo para Avaliação do Pilar Financeiro

O modelo de fluxo de caixa descontado proposto para avaliação de granjas de

suinocultura é constituído por três componentes: a estrutura de contas necessárias para se

encontrar o Fluxo de Caixa Livre da Empresa (FCLE), uma sugestão sobre os períodos de

projeção a serem utilizados e uma sugestão de taxas de desconto. Cada um dos três será

explicado a seguir.

5.3.1.1. Fluxo de Caixa Livre da Empresa para Granjas de Suinocultura

De maneira resumida, o Quadro 27 coloca a estrutura de contas que compõe o fluxo de

caixa livre para granjas de suinocultura.

Quadro 27 – Estrutura Resumida para Cálculo do FCLE em Granjas de Suinocultura

1. Receita Bruta Devem ser consideradas as receitas provenientes da

operação da granja.

(−) ICMS b c

O ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação

de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte

Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) incide

sobre todas as fontes de receita.

(=) Receita Líquida A receita líquida é, então, composta pela receita bruta

retirado o ICMS.

2. (−) Custos e Despesas Os custos de despesas caixa e não caixa da granja são

subtraídas da Receita Líquida.

(=) EBIT Subtraindo-se os custos e despesas da Receita Líquida,

obtém-se o EBIT.

(−) I p R / C bu S c Imposto de Renda e a Contribuição Social incorridos

sobre o EBIT.

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT) Retirando-se o IR e a CS do EBIT, obtém-se o Lucro

Operacional

3. (−) Investimentos

Para adequação da lógica econômica à lógica de fluxo de

caixa todos os investimentos e reinvestimentos devem ser

contemplados no cálculo.

(+) Depreciação

Por fim, é necessário que seja adicionada também a

despesa de depreciação descontada anteriormente, por ser

uma despesa não caixa. Seu único impacto no FCLE deve

ser a redução que gera no pagamento dos impostos.

(=) Fluxo de Caixa Livre da Empresa (FCLE) A partir do NOPAT, com a adição da Depreciação e

subtração dos investimentos, obtém-se o FCLE.

criando suínos. Contudo, em uma esfera reduzida, de críticas dos

amigos e comunidade, a existência da unidade de bem-estar animal

não gera mudanças.

Legenda:

() Desempenho da granja ECO-BEA superior ao da Miunça

( = ) Desempenho da granja ECO-BEA igual ao da Miunça

() Desempenho da granja ECO-BEA inferior ao da Miunça

( ≠ ) Diferente entre as granjas ECO-BEA e Miunça sem relação de superioridade

98

Os Quadros 28, 29 e 30 detalham, respectivamente, os itens de receita, os custos e

despesas e os investimentos que devem ser considerados para adequação da estrutura genérica

a uma avaliação financeira específica de granjas de suinocultura.

Quadro 28 - Detalhamento das Contas de Receita

1. Receita Bruta

Uma mesma granja pode obter receitas de diversas fontes com preços,

volumes, crescimentos e tendências diferentes, sendo necessário assim

que se detalhe cada uma delas. O somatório de todas as fontes de

receita compõe a Receita Bruta total.

(+) Venda de leitões

A venda de leitões para abate ou para que sigam para a fase de

terminação em outras em outras unidades é comum à maior parte das

granjas.

(+) Venda de reprodutores(as)

Granjas núcleo ou multiplicadoras podem ter receita decorrente da

venda de animais para serem utilizados como reprodutores – tanto

machos quanto fêmeas. Estes animais geralmente têm um preço

diferenciado em relação aos leitões vendidos para abate.

(+) Venda de suínos descartados

É comum, também, a receita obtida com a venda de suínos descartados

que são destinados ao abate mas que sofrem um desconto no preço da

carne – por serem animais mais velhos e por não serem castrados.

Um alerta importante relacionado as contas de receita é que estas iniciam seu

crescimento em períodos posteriores ao término dos investimentos na granja. Assim, deve-se

observar o planejamento e o ramp-up de produção e, provavelmente, detalhar as contas de

maneira mensal antes que atinjam estabilidade para previsão anual.

Quadro 29 - Detalhamento das Contas de Custos e Despesas

2. (−) Custos e Despesas Os custos e despesas caixa e não caixa devem ser considerados.

Itens de Consumo Custos com os itens consumidos no processo produtivo.

(−) R Devem ser contabilizados, para cada período, os custos

incorridos com os diferentes tipos de ração utilizados na granja.

(−) M c V c Os medicamentos e vacinas utilizados pelos animais também

devem ter seu custo calculado.

(−) T I f c dos Animais

O custo com tags de identificação deve incluir os brincos

utilizados na orelha dos animais, as tatuagens e o custo com chips

colocados nos animais para leitura por equipamentos.

(−) M p C b u Os materiais para cobertura incluem pipetas, diluentes, etc.

(−) M L p z

Nos materiais de limpeza, devem ser considerados não somente

os gastos com produtos utilizados diretamente na desinfecção das

granjas (como espumante); mas todos os gastos com produtos

necessários para o funcionamento da granja – como vassouras,

rodos, sabão em pó para lavagem dos uniformes, etc.

(−) I u p T D j Deve ser contabilizado, também, o custo com materiais para

tratamento de dejetos – como a palha de arroz

Pessoal Custos e despesas com salários, encargos e benefícios

(−) F h Op

Custo da mão de obra direta utilizada nos processos da granja,

como gestação, maternidade e terminação. Todos os empregados

envolvidos diretamente no processo produtivo devem ter seus

salários, encargos e benefícios contabilizados neste item.

(−) F h Sup Despesa com mão de obra relacionada ao suporte da produção –

como gerência, pessoal de manutenção, cantina, e apoio em geral.

99

Também devem ser colocados os salários, encargos e benefícios

individuais, caso existam.

(−) U f E I

Contabilização da despesa com uniformes e EPIs dos

funcionários – como botas, óculos, toucas e protetores

auriculares.

(−) B fíc

Despesa com outros benefícios possivelmente oferecidos pela

granja que não estão contemplados na folha de pagamento dos

funcionários – tal como transporte coletivo, alojamento, etc.

Utilidades Custo e despesas com utilidades

(−) Á u Custo com água utilizada na granja – tanto no processo produtivo

quanto nos chuveiros, lavanderia, refeitório, etc.

(−) E E é c

Custo com energia elétrica utilizada na granja. No caso de

grandes propriedades, é necessário que se discrimine

corretamente a energia que é utilizada na granja da que é

consumida nas habitações da fazenda, ou em outros cultivos e

criações.

(−) GL

Caso haja utilização de equipamentos que consomem GLP, tais

como aquecedores, é necessário que se contabilize o gasto com

gás.

(−) C u c Os gastos com serviços de comunicação, como internet e

telefonia devem ser incluídos.

(−) V ícu Gastos correntes com carros, caminhões, e tratores, tais como:

manutenção, combustível, seguro.

(−) Equ p C Custo dos equipamentos em comodato utilizados na granja.

Serviços Terceirizados

As granjas podem, ao invés de manter funcionários em seu

quadro e investir em equipamentos, terceirizar alguns serviços –

o que gera despesas recorrentes.

(−) S v v Despesas periódicas com serviços de veterinário terceirizado.

(−) S v u c Despesas com serviços de nutricionista para os animais.

(−) S v í c f

A granja pode ter investimento em caminhões e motoristas no

quadro de funcionários. Contudo, existe a possibilidade de que

serviços de logística e frete sejam contratados – e seu custo deve

ser considerado.

(−) S v c qu

das rações

Análises químicas para controle de qualidade da ração dos

animais geram despesas que devem, também, ser contabilizadas.

(−) Depreciação

Deve, ainda, ser considerada como despesa a depreciação dos

equipamentos e das construções da granja. Para períodos de

depreciação, sugere-se o uso de 25 anos para as construções, de

15 anos para equipamentos de alojamento (como gaiolas) e

alimentação individualizada e cinco anos para outros

equipamentos e veículos.

Cabe ressaltar que, assim como as receitas, os custos e despesas se iniciam após a final

dos investimentos com o início das operações – e há um crescimento de consumo até sua

estabilização. Por isto, é necessário que os anos iniciais de produção estejam com um

detalhamento mensal, permitindo avaliar o crescimento de cada um dos itens.

Quadro 30 - Detalhamento das Contas de Investimentos

3. (−) Investimentos

As contas de investimento têm um alto valor inicial,

decorrente da construção e montagem da granja; e

posteriormente se sustenta em um patamar mais baixo,

relacionado ao reinvestimento necessário para manter a

granja funcionando e a reposição de animais. É preferível

100

que as taxas de reinvestimento sejam estimadas

precisamente, contudo, uma boa aproximação para este

número é o valor da depreciação do ativo.

Animais de Produção Para início de funcionamento, é necessário compor o

plantel da granja, e posteriormente repor os animais.

(−) M z (Fêmeas de reprodução) Investimento na compra de matrizes.

(−) C ch (Machos para reprodução) Investimento na compra de cachaços.

Construção Civil Investimento feito nos prédios da granja.

(−) T

Valor pago no terreno para instalação da granja. É

importante fazer a ressalva de que algumas propriedades

tem área maior do que a área necessária para operação da

granja – por vezes voltadas a outras culturas. Para não

prejudicar a avaliação, deve ser considerada somente a

área relacionada à granja, aos serviços de suporte, e uma

possível margem de segurança.

(−) C u C v Op

Valor investido em construção civil da operação da granja

– considerando os galpões, pisos, etc. Para facilitar

análises futuras e comparações, pode ser interessante que

o valor das construções seja colocado de maneira

separada: gestação, maternidade, terminação, etc.

(−) Construção Civil de Serviços de Suporte

Valor investido na construção civil dos serviços de

suporte da operação, tais como refeitórios, escritórios,

compostagem, etc.

Equipamentos

Investimento estimado para todos os equipamentos

relacionados ao funcionamento da granja. Para facilitar

análises futuras e comparações, pode ser interessante que

os equipamentos sejam listados de acordo com sua

aplicação em gestação, maternidade, creche, terminação.

(−) Equ p j

Valor estimado dos equipamentos utilizados para

alojamento dos animais, tais como gaiolas individuais,

divisórias para gaiolas, escamoteadores, cortinados, etc.

(−) Equ p p

Investimento estimado em equipamentos de alimentação,

como cochos, bebedouros, dutos de transporte de ração e

drops, máquinas de alimentação individualizada, etc.

(−) Equ p C

Investimento estimado para equipamentos utilizados no

controle da granja – como computadores e leitores de chip

dos animais

(−) Ou Equ p Op

Serviços

Outros equipamentos utilizados na granja, como os do

laboratório de preparação do sêmen e as lavadoras de alta

pressão

(−) V ícu Valor estimado dos carros, caminhões e tratores a serviço

da operação da granja

Capital de Giro Líquido

Investimento em capital de giro da operação da granja. É

importante considerar não somente o investimento inicial,

mas também os ajustes no capital de giro – que pode

aumentar ou diminuir dependendo das condições de

produção, venda e compra.

(−) E qu R Valor de mercado do estoque de ração mantido na granja

– estimados os dias necessários de estoque.

(−) E qu M c V c Valor de mercado dos medicamentos e vacinas mantidos

em estoque – estimados os dias necessários de estoque.

(−) E qu T I f c

Animais

Valor de mercado dos tags de identificação mantidos em

estoque dados os dias de cobertura necessários.

(−) E qu de Materiais para Cobertura Valor de mercado dos materiais para cobertura mantidos

em estoque.

(−) E qu M L p z Valor de mercado dos materiais de limpeza mantidos em

estoque.

(−) E qu I u p T Valor de mercado dos insumos para tratamento de dejetos

101

Dejetos mantidos em estoque.

(−) F c c (c

receber)

Estimativa das contas a receber de acordo com o prazo de

financiamento dado aos clientes da granja.

(+) Financiamento por fornecedores (contas a

pagar)

Estimativa das contas a pagar de acordo com o prazo de

financiamento que os fornecedores dão para a granja.

Assim como as receitas e custos, os investimentos também seguem um cronograma de

aplicação – principalmente nas etapas de obras e instalação dos equipamentos. Portanto, para

os períodos iniciais, antes da estabilidade do capital de giro e dos reinvestimentos, pode ser

necessário que os fluxos de caixa sejam construídos mensalmente.

Vistos os detalhamentos e explicações das contas, o Quadro 31 traz um resumo mais

visual da estrutura para cálculo do FCLE em granjas de suinocultura.

Quadro 31 - Estrutura Completa para Cálculo do FCLE em Granjas de Suinocultura

Receita Bruta (−) S v c qu õ

(+) Venda de leitões para terminação (−) Depreciação

(+) Venda de reprodutores(as) (=) EBIT

(+) Venda de suínos descartados (−) I p R / C bu S c

(−) ICMS b c (=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

(=) Receita Líquida (−) Investimentos

(−) Custos e Despesas Animais de Produção

Itens de Consumo (−) M z

(−) R (−) C ch

(−) M c V c Construção Civil

(−) T I f c

Animais (−) T

(−) M p C b u (−) Construção Civil da Operação

(−) M L p z (−) C u C v S v Sup

(−) I u p T

Dejetos Equipamentos

Pessoal (−) Equ p j

(−) F h Op (−) Equipamentos para Alimentação

(−) F h Sup (−) Equ p C

(−) U f E I (−) Ou Equ p Op S v

(−) B fíc (−) V ícu

Utilidades Capital de Giro Líquido

(−) Á u (−) Estoque de Ração

(−) E E é c (−) E qu M c V c

(−) GL (−) E qu T I f c

(−) C u c (−) E qu M p C b u

(−) V ícu (−) E qu M L p z

102

(−) Equipamentos em Comodato (−) E qu I u p T D j

Serviços Terceirizados (−) F c c (c c b )

(−) S v v (+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar)

(−) S v nutricionista (+) Depreciação

(−) S v í c f (=) Fluxo de Caixa Livre da Empresa

É importante ressaltar, contudo, que o uso da guia colocada no Quadro 31 não deve

ocorrer sem ajustes. As operações de diferentes granjas geram fluxos de caixa com perfis e

componentes distintos, o que pode tornar os itens listados mais ou menos relevantes. Como

exemplo, pode-se considerar a diferença existente de uma granja multiplicadora para uma

comercial – com a primeira tendo receitas decorrentes da venda de matrizes e a segunda

somente receitas de venda para abate.

Feita a adequação dos itens que devem ser estimados, restam as definições do período de

projeção e da taxa de desconto a serem utilizadas.

5.3.1.2. Período de Projeção de Fluxos de Caixa Livre para Granjas de Suinocultura

Como visto no item 3.3.3, a definição do período de projeção dos fluxos de caixa deve

levar em consideração as três variáveis sugeridas por Martelanc, Pasin e Pereira (2010): risco

do negócio, período transiente e estabilidade dos fluxos de caixa e limitações de vida útil dos

ativos.

O setor de produção de suínos é um setor de base e não há riscos que justifiquem uma

projeção de curto prazo. Além disto, a vida útil do ativo principal é longa – recaindo a decisão

sobre o período transiente. O elevado investimento nas granjas de suinocultura as

caracterizam como um negócio de retorno a longo prazo, o que foi confirmado pela análise

dos fluxos de caixa no estudo de caso e por conversas com especialistas e com o produtor de

suínos participante do estudo de caso Sr. Rubens Valentini.

Por isto, sugere-se que seja realizada uma avaliação financeira com operação de pelo

menos dez anos, com venda dos ativos no final do período, ou uma projeção com

perpetuidade sem crescimento a partir do último ano de projeção explícita. A seleção de dez

anos como prazo mínimo se baseia no prazo de pagamento concedido pelo BNDES no

Programa Inovagro, utilizado na simulação de alavancagem financeira. Como o programa tem

como objetivo fomentar o setor, pode-se imaginar que ele tenha um prazo de pagamento

compatível com objetivos do produtor. Já a ressalva a respeito do crescimento zero na

perpetuidade foi feita pelo risco de superavaliação de projetos com taxas de crescimento

perpétuas.

103

Um último ponto a ser considerado sobre o período de projeção dos fluxos é que para os

primeiros anos pode ser necessário um detalhamento mensal – dado o cronograma de

investimento e o crescimento gradativo dos custos e receitas.

5.3.1.3. Taxa de Desconto para Fluxos de Caixa de Granjas de Suinocultura

Como visto no método proposto, a definição de uma taxa de desconto não é uma ciência

exata. Por isto, foram feitas três estimativas distintas utilizando o modelo CAPM: duas

considerando fatores puramente domésticos do Brasil, e outra considerando um modelo

híbrido com dados dos EUA e do Brasil, sugerido por Leal (2012).

Para que os cálculos fossem realizados, as variáveis foram estimadas e estão dispostas

nos quadros a seguir. O Quadro 32 apresenta as taxas livres de risco utilizadas.

Quadro 32 - Taxas Livre de Risco

Taxas Livre de Risco:

Brasil Estados Unidos

Taxa livre de risco nominal estimada pela

NTN-F para 2025.10

Taxa livre de risco nominal estimada pela média

aritmética dos retornos anuais do T.Bond de

2005 a 2014.11

O Quadro 33 apresenta os betas desalavancados para os modelos domésticos e hibrido.

Para o Brasil, foram estimados dois betas, pois o primeiro cálculo, feito com base nas

principais empresas de processamento de proteína animal, gerou um valor abaixo de 0,5 – o

que, segundo o especialista consultado, pode apontar estimativas estatísticas pouco

confiáveis. Assim, foi seguida a indicação de Koller, Goedhart e Wessels (2010) que sugerem

um ajuste em direção a média do mercado para betas calculados com base em poucas

empresas. Este ajuste é feito com uma combinação linear dando 33% de peso para o mercado,

e 67% de peso para o valor estimado.

10 Rentabilidade do Tesouro Direto: http://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/rentabilidade_novosite.asp -

Acesso em março de 2015 11

Damodaran Data Page: http://www.stern.nyu.edu/~adamodar/New_Home_Page/data.html - Acesso em março

de 2015

104

Quadro 33 - Betas Desalavancados

Betas Desalavancados:

Brasil Estados Unidos

Beta do setor estimado pela média aritmética dos

betas das seguintes empresas: BRF, Minerva,

JBS e Marfrig. 12

Beta do setor estimado por Damodaran para o

setor de fazendas e agricultura nos Estados

Unidos13

Koller, Goedhart e Wessels (2010) sugerem que

para betas calculados com base em poucas

empresas, se faça um ajuste em direção a média

do mercado considerando um peso de 67% do

Beta calculado.

Os prêmios de risco de mercado utilizados foram baseados na opinião de especialistas e

estão dispostos no Quadro 34.

Quadro 34 - Prêmio de Risco de Mercado

Prêmio de Risco de Mercado

Brasil Estados Unidos

Prêmio de risco de mercado para o Brasil

sugerido pelo especialista Prof. Dr. Ricardo Leal

Prêmio de risco de mercado para os Estados

Unidos sugerido por Koller, Goedhart e Wessels

(2010)

Considerações sobre o Prêmio de Risco de Mercado:

O mercado de capitais brasileiro é possui uma

amostra pequena, com alta concentração e

elevada volatilidade. A média aritmética

Koller, Goedhart e Wessels (2010) apresentam

em seu livro diversos cálculos para o prêmio

dado pelo mercado americano; e apesar das

12 Economática – Acesso em março de 2015

13 Damodaran Data Page: http://www.stern.nyu.edu/~adamodar/New_Home_Page/data.html - Acesso em março

de 2015

105

calculada do retorno anual do Ibovespa é de -

5,62% a.a. (de 2010 a 2014), 11,27% a.a. (de

2005 a 2014) e 20,99% a.a. (de 1995 a 2014).14

O mesmo comportamento se observa para a

média aritmética mensal anualizada –

considerando os mesmos períodos. Por isto, foi

usada a opinião de um especialista.

variações a maior parte dos cálculos gira em

torno de 5% a.a.. Até mesmo durante a crise

americana de 2009, o prêmio de mercado se

manteve relativamente estável.

Para adequação das taxas nominais aos fluxos estimados em moeda real, foi estimada a

inflação esperada para o Brasil – mostrada no Quadro 35.

Quadro 35 - Inflação Esperada

Inflação Esperada

NTN-F – NTN-B

A expectativa de inflação foi estimada com base em duas taxas de títulos de renda fixa do Tesouro

Direto Brasileiro – um com expectativa inflacionaria embutida, e outro indexado ao IPCA.

NTN-F para 2025 = 12,75% a.a. NTN-B para 2024 = 6,35% a.a.

Cálculo 1 do Custo de Capital:

CAPM Doméstico – Beta calculado com base nas empresas do setor sem ajuste

Equação 1: Custo de capital nominal

Moeda BRL

Equação 2: Transformação para taxa real

Moeda BRL

14 Séries Temporais Bacen: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/consultarvalores/telaCvsSelecionarSeries.paint -

Acesso em março de 2015

106

Cálculo 2 do Custo de Capital:

CAPM Doméstico – Beta calculado por combinação linear das empresas e do mercado

Equação 1: Custo de capital nominal

Moeda BRL

Equação 2: Transformação para taxa real

Moeda BRL

Cálculo 3 do Custo de Capital:

CAPM Híbrido – Cálculo do custo de capital para o Brasil a partir do mercado americano

Equação 1: Custo de capital nominal para o setor brasileiro

Moeda USD

Cálculo com base no CAPM para o setor americano adicionado do

risco Brasil

- Taxa do risco país estimada a partir do ratings M y’

disponibilizada por Damodaran15

Esta taxa nominal para o setor brasileiro em dólares precisa ser ajustada para se adequar

aos fluxos projetados em reais. Assim, temos:

Equação 2: Transformação da taxa nominal de USD para BRL

Baseada na diferença de expectativa de inflação entre os países

15,52% a.a.

- Como referência para expectativa de inflação nos EUA foi utilizada a estimativa de

especialistas 16

15 Damodaran Data Page: http://www.stern.nyu.edu/~adamodar/New_Home_Page/data.html - Acesso em março

de 2015

107

Equação 3: Transformação para taxa real em moeda BRL

Os três cálculos indicaram custos de capital em torno de 8% a.a.. Contudo, dado que as

estimativas não são precisas, propõe-se que os projetos sejam avaliados em um intervalo de

taxas de 7% a.a. a 9% a.a..

5.3.2. Resultado do Pilar Financeiro para o Estudo de Caso

Os resultados serão apresentados a seguir de acordo com a seguinte estrutura.

Inicialmente, serão descritos os cenários estudados com base nas granjas da Fazenda Miunça,

assim como os fluxos de caixa que os caracterizam. Em seguida, os resultados dos cálculos

financeiros serão dispostos, trazendo uma análise mais aprofundada a respeito da geração de

valor. Por fim, serão colocadas as análises de sensibilidade feitas.

5.3.2.1. Caracterização dos Cenários Estudados

O estudo de caso foi realizado com base nos sítios de produção da Fazenda Miunça:

Granja Miunça, com gestação em gaiolas e Granja ECO-BEA, com os 40 dias iniciais da

gestação em gaiola e o restante em baias coletivas. Algumas simplificações foram adotadas; e

assumiu-se que todos os leitões produzidos seriam vendidos para terminação em outra

unidade. Foram desconsideradas, também, as fases de recria.

Além disto, apesar de serem apenas duas unidades produtivas, quatro cenários foram

avaliados, dois considerando a situação atual das granjas (AS-IS) e dois realizando ajustes de

modernização. A proposta de avaliar dois cenários fictícios com ajustes de modernização

surgiu pelo fato de que tanto a Granja Miunça quanto a Granja ECO-BEA não são modelos de

ponta atualmente: a Miunça por ser operada majoritariamente de forma manual, e a ECO-

BEA por contar com parte da gestação ainda em gaiola, quando há uma tendência da soltura

das leitoas em baia logo após a cobertura. Assim, simulou-se a existência de uma granja

Miunça Modernizada – com a implantação de sistemas automáticos de distribuição de ração;

e a existência de uma Granja ECO-BEA Cobre e Solta. Este último cenário só foi possível de

16 Financial Times – Capital Markets: http://www.ft.com/intl/cms/s/0/4ab6673a-ecf8-11e4-bebf-00 144feab7de.

html#axzz3eYxhSlAq - Acesso em junho de 2015

108

ser estudado graças ao experimento conduzido por Neves (2015) na fazenda que operou e

registrou os índices de produtividade de diversos lotes de leitoas com soltura nas baias após a

cobertura.

O Quadro 36 aponta as principais diferenças existentes entre os cenários criados e indica

os Apêndices nos quais se encontram os fluxos de caixa completos que os caracterizam. Estes

fluxos de caixa foram construídos a partir de estimativas específicas para cada granja e o

detalhamento de cada item utilizado pode ser encontrado no Apêndice XI.

Quadro 36 - Cenários Utilizados na Avaliação Financeira das Granjas

Miunça ECO-BEA

AS-IS

Considera a granja como

construída

Modernizada

Simula a implantação dos

sistemas de alimentação

para redução da mão de

obra

AS-IS

Considera a granja como

construída

Cobre e Solta (CS)

Simula a granja com todo

o período da gestação em

baias coletivas, com

gaiolas somente para

cobertura

Receita com base nos

índices médios de

produtividade aferidos

na Granja Miunça,

considerando os anos de

2012 e 2013

Receita com base nos

índices médios de

produtividade aferidos

na Granja Miunça,

considerando os anos de

2012 e 2013

Receita com base nos

índices médios de

produtividade aferidos na

Granja ECO-BEA,

considerando os anos de

2012 e 2013

Receita com base nos

índices de produtividade

dos lotes utilizados no

experimento de Cobre e

Solta

Investimento em granja

similar à implantada:

considerando a

distribuição manual de

ração em todos os

galpões

Investimento simulado

considerando o custo de

implantação de um

sistema automatizado de

distribuição de ração

Alteração dos custos

correntes dada a

redução na mão de obra

necessária para

alimentação dos animais

Investimento em granja

similar à implantada:

considerando gaiolas para

40 dias de gestação e

baias coletivas para o

restante do tempo

Investimento simulado

considerando apenas

gaiolas para cobertura e

aumentando o número de

baias para todo o período

de gestação

--- Projeções de Fluxos de Caixa Completas ---

Perpetuidade:

Apêndice II

Venda no Ano 10:

Apêndice III

Apêndice IV

Apêndice V

Apêndice VI Apêndice VII Apêndice VIII Apêndice IX

Os índices de produtividade utilizados para construção das receitas, citados no Quadro

36, estão resumidos na Tabela 4. Todos os dados para cálculo dos índices foram retirados do

sistema de controle da fazenda – mas cabe uma ressalva em relação aos índices calculados

para o cenário da ECO-BEA Cobre e Solta. No experimento, as leitoas eram soltas

diretamente nas baias coletivas após a cobertura e o desempenho de cada etapa era registrado.

109

Após o parto, entretanto, os leitões dos lotes do experimento e de lotes normais eram

u c u z “ ” – e, por isto, optou-se por utilizar uma taxa

única de peso desmamado por nascido vivo.

Tabela 4 - Índices de Produtividade das Granjas

Indicador Valor Estimado ECO-BEA AS-IS ECOBEA Cobre e Solta Miunça AS-IS e Mod.

Input # de Coberturas

Base: # de

coberturas

em 2013

3.350

Base: # de

coberturas em

2013

3.350

Base: Média

de coberturas

em 12/13

5.750

% Partos /

Coberturas Partos Realizados 92,75% 3.107 92,94% 3.113 91,17% 5.242

# Nascidos /

Parto # Nascidos Total 15,84 49.223 16,04 49.940 15,52 81.333

# de Vivos /

Parto # de Vivos 14,24 44.231 14,50 45.141 13,76 72.145

Peso Médio da

Leitegada /

Parto

Peso Total das

Leitegadas

(Kg) 19,34 60.078 19,52 60.787 19,33 101.351

Peso Médio do

Leitão Nascido

Vivo

Peso Total dos

Nascidos Vivos

(Kg) 1,36 60.078 1,35 60.787 1,40 101.351

Peso

Desmamado /

Nascidos Vivos

Peso Desmamado

(Kg) 5,74 253.913 5,74 259.138 5,02 362.225

Por fim, para cada um dos cenários foi considerada a possibilidade de endividamento

pelo programa Inovagro, do BNDES. O fluxo de caixa da dívida e seu impacto nos resultados

do investimento podem ser vistos no Apêndice X.

5.3.2.2. Resultados dos Cálculos Financeiros do Estudo de Caso

Os resultados estão dispostos abaixo, inicialmente considerando-se um horizonte

perpetuidade sem crescimento; e a seguir um horizonte de dez anos de operação com venda

dos ativos pelo valor contábil residual.

(A) Avaliação Financeira das Granjas de Suinocultura com Perpetuidade

Tabela 5 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (Perpetuidade, i = 7%)

Avaliação Financeira (i = 7%) Miunça AS-IS Miunça

Modernizada

ECO-BEA

AS-IS ECO-BEA CS

VPL do FCLE sem Endividamento: R$2.074.093,88 R$2.108.208,89 R$3.017.223,87 R$3.616.756,94

TIR sem Endividamento: 9,2% 9,1% 11,2% 11,9%

TIR Modificada sem Endividamento: 7,0% 7,0% 7,0% 7,0%

110

Payback Simples sem Endividamento: 11,8 anos 11,9 anos 9,9 anos 9,4 anos

Payback Descontado sem Endividamento: 19,9 anos 20,5 anos 14,5 anos 13,2 anos

(+) VPL do Benefício Fiscal da Dívida: R$59.817,29 R$59.817,29 R$59.817,29 R$59.817,29

(=) VPL Total com Endividamento: R$2.133.911,17 R$2.168.026,18 R$3.077.041,16 R$3.676.574,24

Tabela 6 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (Perpetuidade, i = 8%)

Avaliação Financeira (i = 8%) Miunça AS-IS Miunça

Modernizada

ECO-BEA

AS-IS ECO-BEA CS

VPL do FCLE sem Endividamento: R$1.001.224,47 R$963.811,48 R$2.004.280,77 R$2.514.781,92

TIR sem Endividamento: 9,2% 9,1% 9,9 anos 11,9%

TIR Modificada sem Endividamento: 8,0% 8,0% 8,0% 8,0%

Payback Simples sem Endividamento: 11,8 anos 11,9 anos 9,9 anos 9,4 anos

Payback Descontado sem Endividamento: 23,3 anos 24,2 anos 15,8 anos 14,2 anos

(+) VPL do Benefício Fiscal da Dívida: R$58.122,72 R$58.122,72 R$58.122,72 R$58.122,72

(=) VPL Total com Endividamento: R$1.059.347,19 R$1.021.934,20 R$2.062.403,49 R$2.572.904,64

Tabela 7 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (Perpetuidade, i = 9%)

Avaliação Financeira (i = 9%) Miunça AS-IS Miunça

Modernizada

ECO-BEA

AS-IS ECO-BEA CS

VPL do FCLE sem Endividamento: R$171.563,44 R$78.703,98 R$1.220.347,21 R$1.661.856,08

TIR sem Endividamento: 9,2% 9,1% 11,2% 11,9%

TIR Modificada sem Endividamento: 9,0% 9,0% 9,0% 9,0%

Payback Simples sem Endividamento: 11,8 anos 11,9 anos 9,9 anos 9,4 anos

Payback Descontado sem Endividamento: 29,9 anos 32,1 anos 17,6 anos 15,5 anos

(+) VPL do Benefício Fiscal da Dívida: R$56.516,69 R$56.516,69 R$56.516,69 R$56.516,69

(=) VPL Total com Endividamento: R$228.080,13 R$135.220,67 R$1.276.863,91 R$1.718.372,77

Como pode ser observado nas Tabelas 5, 6 e 7, considerando a perpetuidade das granjas,

para todas as taxas de avaliação os negócios se apresentam como viáveis com retorno acima

ou praticamente igual ao requerido. O melhor desempenho financeiro, contudo, se dá nos

cenários com gestação coletiva – tendo a ECO-BEA CS o maior VPL, seguida da ECO-BEA

AS-IS.

A comparação entre os dois cenários da granja Miunça também é interessante. Ambas

têm retornos muito próximos e para a taxa de desconto de 7% a granja modernizada apresenta

um VPL ligeiramente maior, mas esta comparação se inverte para taxas maiores. Este quadro

111

representa que para taxas de desconto menores, vale o investimento em máquinas para

transporte de ração em troca dos ganhos futuros com economias em mão-de-obra, mas isto

não se mantém conforme o custo de capital aumenta. Sobre esta leitura, contudo, cabe a

ressalva de que uma esperada economia de ração com a implantação dos maquinários não foi

contabilizada.

Por fim, cabe destacar os benefícios do endividamento que, se tomado, chegaria a

representar 42% do resultado da Miunça Modernizada – para uma taxa de desconto de 9%.

(B) Avaliação Financeira das Granjas de Suinocultura com Terminação no Ano 10

Tabela 8 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (10 Anos, i = 7%)

Avaliação Financeira (i = 7%) Miunça AS-IS Miunça

Modernizada

ECO-BEA

AS-IS ECO-BEA CS

VPL do FCLE sem Endividamento: R$(479.580,40) R$(633.105,79) R$256.447,16 R$529.345,10

TIR sem Endividamento: 5,6% 5,3% 8,0% 9,0%

TIR Modificada sem Endividamento: 6,1% 5,9% 7,6% 8,2%

Payback Simples sem Endividamento: 10 anos 10 anos 8,5 anos 7,9 anos

Payback Descontado sem Endividamento: Inexistente Inexistente 10 anos 10 anos

(+) VPL do Benefício Fiscal da Dívida: R$59.817,29 R$59.817,29 R$59.817,29 R$59.817,29

(=) VPL Total com Endividamento: R$(419.763,11) R$(573.288,50) R$316.264,45 R$589.162,40

Tabela 9 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (10 Anos, i = 8%)

Avaliação Financeira (i = 8%) Miunça AS-IS Miunça

Modernizada

ECO-BEA

AS-IS ECO-BEA CS

VPL do FCLE sem Endividamento: R$(787.561,15) R$(960.469,81) R$(6.246,52) R$250.446,68

TIR sem Endividamento: 5,6% 5,3% 8,0% 9,0%

TIR Modificada sem Endividamento: 6,5% 6,3% 8,0% 8,6%

Payback Simples sem Endividamento: 10 anos 10 anos 8,5 anos 7,9 anos

Payback Descontado sem Endividamento: Inexistente Inexistente Inexistente 10 anos

(+) VPL do Benefício Fiscal da Dívida: R$58.122,72 R$58.122,72 R$58.122,72 R$58.122,72

(=) VPL Total com Endividamento: R$(729.438,42) R$(902.347,08) R$51.876,21 R$308.569,41

Tabela 10 - Avaliação Financeira dos Cenários do Estudo de Caso (10 Anos, i = 9%)

Avaliação Financeira (i = 9%) Miunça AS-IS Miunça

Modernizada

ECO-BEA

AS-IS ECO-BEA CS

VPL do FCLE sem Endividamento: R$(1.071.418,12) R$(1.262.254,73) R$(248.976,00) R$(7.400,71)

TIR sem Endividamento: 5,6% 5,3% 8,0% 9,0%

112

TIR Modificada sem Endividamento: 6,9% 6,7% 8,4% 9,0%

Payback Simples sem Endividamento: 10 anos 10 anos 8,5 anos 7,9 anos

Payback Descontado sem Endividamento: Inexistente Inexistente Inexistente Inexistente

(+) VPL do Benefício Fiscal da Dívida: R$56.516,69 R$56.516,69 R$56.516,69 R$56.516,69

(=) VPL Total com Endividamento: R$(1.014.901,42) R$(1.205.738,04) R$(192.459,31) R$49.115,98

A avaliação considerando apenas dez anos de operação coloca condições mais severas

para os cenários, possivelmente pelo baixo valor contábil de terminação dos ativos. Como

consequência, nenhuma das granjas apresenta retorno suficiente para cobrir o custo de capital

a 9% – limite superior da faixa estipulada (a TIR do cenário ECO-BEA CS se aproxima com

8,97%). Assim, como na perpetuidade, o desempenho financeiro se ordena crescentemente da

Miunça Modernizada, Miunça AS-IS, ECO-BEA AS-IS e ECO-BEA CS, sendo as granjas

com gestação coletiva as únicas viáveis a uma taxa de desconto de 7% e o modelo com Cobre

e Solta o único viável a taxa de 8%.

5.3.2.3. Geração de Valor na Granja ECO-BEA

Nas análises financeiras realizadas, os dois cenários da granja ECO-BEA superam os da

granja Miunça – o que instiga um questionamento sobre a origem deste valor. A Tabela 11

reúne informações financeiras sobre os Fluxos de Caixa dos quatro cenários, sendo os

investimentos somados de maneira absoluta (desconsiderando descontos dada a distribuição

no tempo pelo cronograma de aplicação) e medidas correntes (como a receita) em

estabilidade.

Tabela 11 - Indicadores Financeiros dos Fluxos de Caixa dos Quatro Cenários

Indicadores Financeiros Miunça AS-IS Miunça

Modernizada

ECO-BEA

AS-IS ECO-BEA CS

Valor Total - - - -

Receita Bruta R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$4.304.946,48 R$4.388.398,62

Margem EBIT (EBIT / Receita Bruta) 32,09% 33,08% 35,01% 36,09%

Custo e Despesa com MOD / Receita Bruta 13,10% 11,56% 7,76% 7,61%

Investimento

(excluindo o investimento no plantel) R$4.665.108,67 R$5.166.754,11 R$3.835.344,97 R$3.919.852,08

FCLE do Negócio em Estabilidade / Receita

Bruta 9,92% 10,58% 13,46% 14,36%

Pelo Número de Matrizes 2150 2150 1280 1280

Receita Bruta / Matriz R$2.885,87 R$2.885,87 R$3.363,24 R$3.428,44

EBIT / Matriz R$926,12 R$954,78 R$1.177,48 R$1.237,48

113

Custo e Despesa com MOD / Matriz R$377,96 R$333,49 R$260,86 R$260,86

Investimento / Matriz

(excluindo o investimento no plantel) R$2.169,82 R$2.403,14 R$2.996,36 R$3.062,38

FCLE do Negócio em Estabilidade / Matriz R$286,30 R$305,22 R$452,72 R$492,32

Podemos notar que o melhor desempenho financeiro da granja ECO-BEA frente a

Miunça (nos casos reais existentes e nos simulados) ocorre por uma combinação de dois

fatores. Nos modelos com bem-estar, o índices de produtividade dos animais são superiores

(Tabela 4), o que se reflete diretamente na receita bruta por matriz. Além disto, no modelo

com baias coletivas há um menor peso da mão-de-obra direta sobre a receita, o que ocorre

pelo maior números de matrizes por empregado – mesmo em comparação com a Miunça

Modernizada. Como consequência destas duas vantagens, a Margem EBIT dos modelos da

ECO-BEA gira em torno de 31%, contra 28% dos modelos Miunça – tendo um maior FCLE

estável por animal que é suficiente para compensar o investimento superior necessário para

fazer os ajustes de bem-estar.

Pode-se ainda, questionar, se o desempenho financeiro dos modelos da ECO-BEA não

ocorre somente pela estrutura mais moderna da maternidade – com escamoteadores de tapete

contra os de lâmpada incandescente da Miunça. Para sanar esta dúvida, foi feita uma análise

do custo da barrigada (parto) para cada cenário.

A Tabela 12 resume os principais custos correntes da etapa de gestação para as granjas

estudadas.

Tabela 12 - Custo Estimado do Leitão Nascido Vivo

Itens de Custeio Miunça

AS-IS

Miunça

Modernizada

ECO-BEA

AS-IS

ECO-BEA

Cobre e Solta

Consumo R$1.399.058,98 R$1.399.058,98 R$922.142,00 R$922.142,00

Ração R$1.279.260,88 R$1.279.260,88 R$830.822,29 R$830.822,29

Medicamentos R$21.097,62 R$21.097,62 R$17.004,31 R$17.004,31

Vacinas R$52.071,92 R$52.071,92 R$31.000,96 R$31.000,96

Brincos R$3.096,00 R$3.096,00 R$17.952,00 R$17.952,00

Material Cobertura R$43.532,55 R$43.532,55 R$25.362,45 R$25.362,45

MOD Gestação R$259.216,59 R$228.720,52 R$80.347,59 R$80.347,59

Investimento (Animais) R$698.612,18 R$698.612,18 R$415.251,40 R$415.251,40

Cachaços R$52.318,68 R$52.318,68 R$30.481,32 R$30.481,32

Matrizes R$646.293,50 R$646.293,50 R$384.770,08 R$384.770,08

Investimento (Depreciação) R$112.060,00 R$134.980,00 R$87.063,68 R$92.328,17

Construção Civil da Operação R$62.208,00 R$62.208,00 R$39.680,00 R$42.240,00

Equipamentos de Controle R$- R$- R$4.979,42 R$7.326,89

Equipamentos de Alimentação R$8.520,00 R$31.440,00 R$32.070,92 R$38.856,75

Equipamentos de Alojamento R$41.332,00 R$41.332,00 R$10.333,33 R$3.904,53

Total R$2.468.947,74 R$2.461.371,67 R$1.504.804,68 R$1.510.069,17

114

Nascidos Vivos 72.145 72.145 44.231 45.141

Custo / Nascido Vivo R$34,22 R$34,12 R$34,02 R$33,45

Os resultados mostram custos por leitão nascido vivo ligeiramente vantajosos para os

cenários da ECO-BEA – com maior destaque para o sistema de Cobre e Solta dada a maior

produtividade. Assim, podemos concluir que a gestação com bem-estar animal se coloca ao

menos em paridade de desempenho financeiro com o método convencional de gaiolas.

5.3.2.4. Análise de Sensibilidade dos Resultados

Foram feitas três análises de sensibilidade para a comparação entre os modelos. A

primeira em relação ao preço dos suínos, a segunda em relação à produtividade das granjas e

a última em relação à cotação do dólar. Por simplificação, as análises foram feitas somente

sobre os cenários com perpetuidade das operações e com taxa de desconto de 8% a.a..

Análise de Sensibilidade: Preço dos Suínos

A análise de sensibilidade em relação ao preço dos suínos foi feita com a utilização do

fator VPL / Matriz do Plantel – dado que a escala de produção das unidades tem

influência sobre a dimensão da receita, que pode alterar a sensibilidade ao preço.

O preço do suíno vivo utilizado como base para cálculo das receitas apresentadas no

item 5.3.2.2 foi de R$3,76/kg, e a sensibilidade foi feita para o intervalo de R$0,00/kg

até R$5,00/kg. O Gráfico 7 apresenta os valores plotados.

Gráfico 7 - Sensibilidade ao Preço: VPL por Matriz do Plantel

Os resultados mostram que para todos os preços de suíno que tornam o negócio viável

(VPL>0), os cenários da granja ECO-BEA apresentam um melhor desempenho. É

interessante observar, também, que os cenários da granja Miunça tem seu break-even

para preços mais elevados – tornando-se inviáveis mais facilmente.

R$(20.000,00)

R$(15.000,00)

R$(10.000,00)

R$(5.000,00)

R$-

R$5.000,00

R$10.000,00

R$- R$1,00 R$2,00 R$3,00 R$4,00 R$5,00

Operações com Perpetuidade - Taxa de Desconto = 8%a.a.

Miunça AS-IS Miunça Mod. ECO-BEA AS-IS ECO-BEA CS

115

Análise de Sensibilidade: Produtividade das Granjas

Nos cenários base construídos, a produtividade aferida diretamente da granja atribuiu

uma produção de 253.913kg anuais para a ECO-BEA AS-IS (com um VPL de R$ 2

milhões), e uma produção de 259.138kg para a ECO-BEA CS (com um VPL de R$

2,5 milhões). Todavia um dos fatores geradores de valor para os cenários de bem-estar

animal é exatamente a produtividade mais alta. Por isto, é interessante observar o que

acontece quando o desempenho dos cenários é reduzido.

Aplicando os mesmos índices de produtividade da Miunça para ambos os cenários da

ECO-BEA, temos uma produção anual de 201.035kg de leitões – o que gera um

resultado de negativo de R$3,24 milhões para o cenário AS-IS e negativo de R$3,37

milhões para o CS. Para que tenham o mesmo desempenho financeiro da granja

Miunça AS-IS no cenário base (VPL = R$1 milhão), a granja ECO-BEA AS-IS pode

perder até 3% de produtividade, produzindo 245.713kg de leitão e a ECO-BEA CS até

5%, produzindo 246.765kg.

Análise de Sensibilidade: Cotação do Dólar

A cotação do Dólar (R$/U$) é um fator de preocupação para os que pretendem adotar

os sistemas com bem-estar animal, dado que as máquinas de alimentação dos animais

são importadas para o Brasil. Contudo, este fator não parece ser impeditivo para a

mudança dos sistemas de produção.

Sabe-se que diversos itens de custo e investimento nas granjas estão atrelados ao

dólar, mas para uma análise que compara somente o diferencial entre os sistemas, cabe

avaliar o Dólar cotado somente para as máquinas de alimentação – mantendo tudo

mais constante. Fazendo isto, vemos que os desempenhos financeiros dos cenários

ECO-BEA somente se equiparam ao Miunça para uma cotação de R$ 6,50/U$. Na

época da cotação para realização dos cálculos (31 de julho de 2014) o valor de um

dólar estava em R$2,27. Assim, mesmo que haja desvalorização do Real frente ao

Dólar, os sistemas com bem-estar animal continuam sendo opções viáveis – como

visto no Gráfico 8.

Gráfico 8 - Impacto da Cotação em Dólar das Máquinas de Alimentação no VPL

R$-

R$1.000.000,00

R$2.000.000,00

R$3.000.000,00

Miunça AS-IS

Miunça Mod.

ECO-BEA AS-IS

ECO-BEA CS

116

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As cadeias de produção de proteína animal sofrem pressões e evoluem de acordo com o

contexto na qual estão inseridas. Em países como a China, a produção e a venda de carnes

ainda ocorre com animais inteiros, ou cortes realizados no próprio local de venda. O próximo

passo previsto para a indústria nestes países leva em conta pressões por questões sanitárias e

de higiene, com o provável aumento da produção e venda de cortes congelados e processados.

No outro extremo, países mais desenvolvidos, como a Inglaterra, apresentam grande avanço

em aspectos sustentáveis, como o bem-estar animal e a relação comercial justa entre os

produtores. Em posição intermediária neste contínuo, o Brasil começa a se movimentar, com

aumento do consumo consciente, da preocupação com o bem-estar animal e com adequação

dos modelos de negócio aos padrões dos mercados mais desenvolvidos.

O consumo doméstico para carnes e ovos advindos de fazendas que consideram o bem-

estar animal ainda é baixo e de nicho, contudo, os atores do ramo de alimentos devem ter em

mente que a demanda imediata não é o maior impacto gerado pelos consumidores, mas sim as

discussões a respeito do tema. Estes debates sinalizam tendências de mercado, oportunidades

de liderança empresarial e se concretizaram em leis que proíbem práticas de criação em

diversos países. Desta maneira, eles podem não reduzir a demanda de forma significativa, mas

se transformam “ c p operar” E p c f c p c uí p b

gaiolas de gestação em diversos países acabou por forçar a adequação dos produtores que não

acompanharam os sinais dados pelos consumidores – mesmo que ainda houvesse demanda

para seus produtos.

No Brasil, algumas empresas de processamento de carne e redes de fast food já

perceberam a forte tendência de extinção das gaiolas de gestação de suínos, dando lugar às

criações em baias coletivas. Por isto, solicitaram às suas granjas que apresentassem planos de

adequação dos processos produtivos. Assim, no contexto brasileiro, a pergunta a ser

respondida não é mais se as baias coletivas são o sistema que vigorará na criação de suínos.

As questões que permanecem em aberto são: há um pedágio econômico para os produtores se

adequarem ao novo modelo? Qual a melhor maneira de realizar a migração sem prejudicar os

fazendeiros? Deve ser imposta alguma legislação que acelere o processo? As linhas de

financiamento e fomento são suficientes?

Os objetivos desta dissertação estão diretamente atrelados ao primeiro questionamento:

há pedágio? Qual o impacto econômico da mudança? Assim, como resultado do trabalho, fez-

se um modelo genérico (descrito no item 5.3.1) que serve de guia para comparação de granjas

117

de suinocultura. Com ajustes no modelo para cada realidade, é possível que sejam verificados

os desempenhos financeiro e social de granjas com diferentes níveis de bem-estar animal,

com diferentes escalas, com investimentos em fase pré-operacional ou com reinvestimentos

para mudança dos sistemas de produção.

De maneira adicional, o estudo de caso atendeu ao objetivo complementar trazendo

algumas respostas para a comparação específica de granjas com gaiolas e com gestação

coletiva. Como visto item 5.3.2, quando as instalações são construídas já nos modelos

propostos, sem migração, tanto a análise por fluxo de caixa descontado quanto o cálculo do

custo do leitão nascido vivo apontam na mesma direção: a gestação em baias coletivas tem

desempenho financeiro superior à gestação em gaiolas, não impondo, no estudo de caso,

nenhum pedágio financeiro ao produtor para adequação às novas demandas do mercado. O

modelo de baias apresentou, ainda, ganhos sociais como cargos mais ricos, menor desgaste

físico e maior desenvolvimento dos funcionários.

Por fim, cabem algumas sugestões aos principais stakeholders deste trabalho. Aos

produtores de suínos e empresas processadoras, sugere-se que, independente dos resultados

do estudo de caso, usem os modelos para fazer suas próprias avaliações – considerando os

fatores humanos e o cronograma de desinvestimentos e investimentos mais adequados à sua

realidade. Ainda, após identificadas as necessidades de financiamento para uma transição de

modelos sem grandes impactos, sugere-se que os atores do setor se reúnam para construir uma

proposta única para os órgãos de fomento. De maneira coletiva, o setor tem maior chance de

adequar as linhas de financiamento, como o INOVAGRO, às necessidades de modernização

dos processos produtivos. Aos órgãos de fomento, sugere-se que adequem seus programas

para impulsionar o agronegócio brasileiro em direção ao padrão dos países mais

desenvolvidos.

Aos responsáveis pela regulação e formuladores de políticas públicas, sugere-se que não

seja imposta, em curto horizonte de tempo, nenhuma legislação restritiva ao métodos de

produção utilizados. Tal movimento poderia impactar os produtores menores, que precisam

investir para adequar suas granjas às novas demandas de mercado. O movimento dos

produtores tende a ocorrer de maneira natural, uma vez que há exigência das grandes

empresas de processamento, das cadeias de fast food e possivelmente haverá, também,

pressão por parte de grandes varejistas.

Aos órgãos de incentivo à inovação, cabe uma reflexão relacionada ao desenvolvimento

de tecnologias nacionais. O melhor método de criação em baias coletivas tem como base a

utilização estações eletrônicas de alimentação individual, hoje, importadas. Como visto no

118

estudo de caso, a sensibilidade do projeto ao Dólar não torna inviável a instalação do modelo

– que somente se equipara em rentabilidade à gestação de gaiolas com o Real com uma

improvável desvalorização. Entretanto, considerando que o Brasil é um dos maiores

produtores e exportadores de carne suína do mundo, e que a migração de modelos no país

acarretará na importação de centenas de máquinas, passa a ser uma oportunidade o

desenvolvimento de tecnologias nacionais. Assim, sugere-se a criação de programas que

ajudem o Brasil a se tornar líder não somente na exportação de commodities, mas também nos

bens de capital envolvidos em sua produção.

119

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125

APÊNDICE I: ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA ASPECTOS SOCIAIS

Este apêndice apresenta as perguntas relacionadas aos itens com necessidade de

mensuração indireta por entrevista apresentados no Quadro 9. Antes de cada pergunta, entre

colchetes, estão identificados os temas que abordam.

Vale ressaltar que as entrevistas não devem ser conduzidas de maneira rígida, podendo a

conversa fluir entre diferentes temas de maneira natural.

Ao se dirigir ao entrevistado:

“Mu b p c c c v E f z u b h

administração na Universidade Federal do Rio de Janeiro com o objetivo de contribuir para

melhoria das fazendas de suínos no Brasil. De maneira mais específica, estamos comparando

sistemas de criação tradicionais e sistemas com bem-estar animal para verificarmos aspectos

que possam melhorar a vida dos animais, os resultados da granja e o dia a dia dos

empregados. Por este motivo, te convidamos para conversar.

Dois aspectos importantes antes de começarmos. Primeiro não existem respostam certas

ou erradas para as perguntas. Nossa intenção é apenas ter uma conversa informal, pois

queremos a sua opinião e principalmente queremos aprender com a experiência profissional

que você tem. Segundo, as respostas que você der não serão identificadas, apenas utilizaremos

as ideias principais e suas contribuições. Acredito que nossa conversa deve durar de trinta

minutos a uma hora.”

Nome:__________________________________________________ Idade:____________

Função atual:___________________________________ Tempo na função:____________

Funções anteriores:___________________________________________________________

Tempo total de trabalho na granja:_______________________________________________

Experiência em outras granjas:__________________________________________________

Formação escolar:____________________________________________________________

1) [C5] Como você começou a trabalhar com suinocultura?

2) [C5] Como você veio trabalhar nesta granja específica?

3) [G2] Os empregados têm oportunidade de aperfeiçoamento profissional aqui na granja?

4) [G6] Como é a relação com a equipe?

5) [C5, G6] Quais são seus planos profissionais para o futuro?

126

6) [C1, C2, G7] Da sua convivência com o pessoal da região, as pessoas conhecem e

comentam sobre a granja?

7) [C5] Você conhece pessoas interessadas em vir trabalhar nesta granja?

8) [C4, G2] O que alguém que deseja trabalhar na granja precisa saber?

9) [C4, G2] Há algum treinamento específico que você sugere para quem venha trabalhar

na granja?

10) [C4, G2] Você fez algum treinamento para trabalhar aqui ou aprendeu na prática?

11) [C4, G1, G2] Você passou por algum treinamento sobre a forma de lidar com os suínos

e o seu comportamento?

12) [G1, G3] Como é trabalhar com os suínos? Eles são dóceis? O manejo é fácil?

13) [G4] O trabalho é muito cansativo?

14) [G5] É comum que ocorram acidentes com as pessoas durante o manejo dos suínos? E

doenças decorrentes do trabalho? Neste aspecto você acha que existe diferença entre o

sistema com gaiolas e o coletivo?

15) [G1] O que você acha que os empregados da granja sentem em relação aos suínos?

Sentimentos positivos ou negativos?

16) [G1, G6] Ainda falando dos trabalhadores da granja no geral. Você acha que eles fazem

práticas de manejo que prefeririam não fazer se existissem outras técnicas alternativas?

17) [G1, G7]Como você avalia as condições de vida dos animais na fazenda?

18) [Não específica] Você já trabalhou na outra granja [do modelo a ser comparado] ou em

granja semelhante? Quais são as principais diferenças que você percebe?

19) [Não específica] Comparando os dois sistemas, quais as vantagens e desvantagens para

os animais e trabalhadores?

20) [C3] Existem diferenças em termos de tecnologia e equipamentos entre o sistema de

gaiolas e o coletivo?

21) [C3, C4, C5, G2] Você acha que esse é um aspecto importante para quem vem trabalhar

na granja?

22) [Não específica] Que dicas você daria para alguém que vai abrir uma granja? Quais são

os pontos que você mais vê como positivos? Quais são os pontos que você

recomendaria que melhorassem?

23) [Não específica] Há algo mais que você gostaria de comentar sobre o trabalho nessa

granja ou em outras que tenha conhecimento, principalmente em relação ao tratamento

dado aos animais e sua relação com as condições de trabalho para os empregados?

127

APÊNDICE II: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA COM PERPETUIDADE – MIUNÇA AS-IS

Miunça AS-IS Det. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Perpetuidade

Receita Bruta

R$- R$2.941.096,58 R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$77.557.794,12

(+) Venda de leitões para terminação Det. 1 R$- R$2.741.966,44 R$5.784.532,76 R$5.784.532,76 R$5.784.532,76 R$72.306.659,47

(+) Venda de reprodutores(as) Det. 1 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(+) Venda de suínos descartados Det. 1 R$- R$199.130,14 R$420.090,77 R$420.090,77 R$420.090,77 R$5.251.134,65

(−) ICMS b c Det. 2 R$- R$29.410,97 R$62.046,24 R$62.046,24 R$62.046,24 R$775.577,94

(=) Receita Líquida

R$- R$2.911.685,61 R$6.142.577,29 R$6.142.577,29 R$6.142.577,29 R$76.782.216,18

(−) Custos e Despesas

R$54.830,51 R$2.087.342,36 R$4.151.427,02 R$4.151.427,02 R$4.151.427,02 R$51.892.837,70

Itens de Consumo

R$11.327,79 R$1.229.437,36 R$2.593.538,86 R$2.593.538,86 R$2.593.538,86 R$32.419.235,72

(−) R Det. 3 R$7.722,57 R$894.332,52 R$1.889.350,48 R$1.889.350,48 R$1.889.350,48 R$23.616.880,99

(−) M c V c Det. 4 R$2.496,70 R$289.136,53 R$610.824,54 R$610.824,54 R$610.824,54 R$7.635.306,71

(−) T I f c Det. 5 R$739,56 R$3.239,62 R$3.096 R$3.096,00 R$3.096,00 R$38.700,00

(−) M p C b u Det. 6 R$177,94 R$20.606,33 R$43.532,55 R$43.532,55 R$43.532,55 R$544.156,94

(−) Materiais de Limpeza Det. 7 R$171,41 R$19.850,26 R$41.935,29 R$41.935,29 R$41.935,29 R$524.191,08

(−) I u p T D j Det. 8 R$19,62 R$2.272,10 R$4.800,00 R$4.800,00 R$4.800,00 R$60.000,00

Pessoal

R$4.606,36 R$533.451,07 R$1.126.958,95 R$1.126.958,95 R$1.126.958,95 R$14.086.986,86

(−) F h Op 0 R$3.321,46 R$384.650,35 R$812.605,28 R$812.605,28 R$812.605,28 R$10.157.566,00

(−) F h Sup Det. 10 R$1.093,49 R$126.634,19 R$267.525,06 R$267.525,06 R$267.525,06 R$3.344.063,25

(−) U f E I Det. 11 R$49,17 R$5.693,80 R$12.028,61 R$12.028,61 R$12.028,61 R$150.357,61

(−) B fíc Det. 12 R$142,24 R$16.472,74 R$34.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00 R$435.000,00

Utilidades

R$425,82 R$49.313,67 R$104.179,15 R$104.179,15 R$104.179,15 R$1.302.239,38

(−) Á u Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) E E é c Det. 13 R$241,13 R$27.924,62 R$58.993,03 R$58.993,03 R$58.993,03 R$737.412,88

(−) GL Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

128

(−) C u c Det. 14 R$83,14 R$9.628,03 R$20.340,00 R$20.340,00 R$20.340,00 R$254.250,00

(−) V ícu Det. 15 R$93,19 R$10.792,48 R$22.800,00 R$22.800,00 R$22.800,00 R$285.000,00

(−) Equ p C Det. 16 R$8,36 R$968,54 R$2.046,12 R$2.046,12 R$2.046,12 R$25.576,50

Serviços Terceirizados

R$335,17 R$38.815,07 R$82.000,00 R$82.000,00 R$82.000,00 R$1.025.000,00

(−) S v v Det. 17 R$73,57 R$8.520,38 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$225.000,00

(−) S v u c Det. 17 R$49,05 R$5.680,25 R$12.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$150.000,00

(−) S v í c f Det. 17 R$212,55 R$24.614,43 R$52.000,00 R$52.000,00 R$52.000,00 R$650.000,00

(−) S v c qualidade das rações Det. 17 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Depreciação Det. 18 R$38.135,37 R$236.325,19 R$244.750,06 R$244.750,06 R$244.750,06 R$3.059.375,75

(=) EBIT

R$(54.830,51) R$824.343,25 R$1.991.150,28 R$1.991.150,28 R$1.991.150,28 R$24.889.378,48

(−) I p R / C bu S c Det. 2 R$(18.590,14) R$277.793,65 R$676.991,09 R$676.991,09 R$676.991,09 R$8.462.388,68

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

R$(36.240,38) R$546.549,60 R$1.314.159,18 R$1.314.159,18 R$1.314.159,18 R$16.426.989,80

(+) Depreciação Det. 18 R$38.135,37 R$236.325,19 R$244.750,06 R$244.750,06 R$244.750,06 R$3.059.375,75

(−) Investimentos

R$4.760.342,10 R$1.845.141,08 R$943.362,24 R$943.362,24 R$943.362,24 R$11.792.027,97

Animais de Produção

R$483.424,23 R$1.343.674,71 R$698.612,18 R$698.612,18 R$698.612,18 R$8.732.652,22

(−) M z Det. 19 R$455.224,95 R$1.262.582,86 R$646.293,50 R$646.293,50 R$646.293,50 R$8.078.668,70

(−) C ch Det. 20 R$28.199,27 R$81.091,85 R$52.318,68 R$52.318,68 R$52.318,68 R$653.983,52

Construção Civil

R$2.996.934,93 R$119.293,78 R$123.546,54 R$123.546,54 R$123.546,54 R$1.544.331,75

(−) T Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v Op Det. 21 R$2.453.346,78 R$97.656,11 R$101.137,50 R$101.137,50 R$101.137,50 R$1.264.218,75

Gestação

R$1.499.320,09 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$938.268,09 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v S v Sup Det. 22 R$543.588,15 R$21.637,67 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$280.113,00

Equipamentos

R$1.443.830,02 R$117.031,41 R$121.203,52 R$121.203,52 R$121.203,52 R$1.515.044,00

(−) Equ p j Det. 21 R$1.054.213,88 R$69.640,55 R$72.123,20 R$72.123,20 R$72.123,20 R$901.540,00

Gestação

R$597.703,49 R$- R$- R$- R$- R$-

129

Maternidade

R$445.272,62 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equ p p Det. 21 R$220.426,75 R$14.561,22 R$15.080,32 R$15.080,32 R$15.080,32 R$188.504,00

Gestação

R$123.208,02 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$94.869,02 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equ p C Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

Gestação

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Ou Equ p Op S v Det. 23 R$11.445,16 R$2.220,83 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$28.750,00

(−) V ícu Det. 24 R$157.744,22 R$30.608,81 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$396.250,00

Capital de Giro Total

R$(163.847,07) R$265.141,18 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu R Det. 3 R$316,73 R$8.321,13 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M c V c Det. 25 R$588,94 R$15.472,61 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu T I f c Det. 25 R$2,99 R$78,42 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M p C b u Det. 25 R$41,97 R$1.102,71 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M L p z Det. 25 R$40,43 R$1.062,25 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu I u p T D j Det. 25 R$4,63 R$121,59 R$- R$- R$- R$-

(−) F c c (c a receber) Det. 25 R$- R$245.369,07 R$- R$- R$- R$-

(+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar) Det. 25 R$164.842,77 R$6.386,59 R$- R$- R$- R$-

(=) FCLE

(Anos 0, 1 e Perpetuidade com Referência para i=8%) R$(4.758.447,10) R$(1.062.266,29) R$615.547,01 R$615.547,01 R$615.547,01 R$7.694.337,58

130

APÊNDICE III: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA COM PERPETUIDADE – MIUNÇA MODERNIZADA

Miunça Modernizada Det. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Perpetuidade

Receita Bruta

R$- R$2.941.096,58 R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$77.557.794,12

(+) Venda de leitões para terminação Det. 1 R$- R$2.741.966,44 R$5.784.532,76 R$5.784.532,76 R$5.784.532,76 R$72.306.659,47

(+) Venda de reprodutores(as) Det. 1 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(+) Venda de suínos descartados Det. 1 R$- R$199.130,14 R$420.090,77 R$420.090,77 R$420.090,77 R$5.251.134,65

(−) ICMS b c Det. 2 R$- R$29.410,97 R$62.046,24 R$62.046,24 R$62.046,24 R$775.577,94

(=) Receita Líquida

R$- R$2.911.685,61 R$6.142.577,29 R$6.142.577,29 R$6.142.577,29 R$76.782.216,18

(−) Custos e Despesas

R$59.652,55 R$2.074.628,29 R$4.089.792,85 R$4.089.792,85 R$4.089.792,85 R$51.122.410,63

Itens de Consumo

R$11.324,59 R$1.229.066,91 R$2.592.756,23 R$2.592.756,23 R$2.592.756,23 R$32.409.452,94

(−) Ração Det. 3 R$7.722,57 R$894.332,52 R$1.889.350,48 R$1.889.350,48 R$1.889.350,48 R$23.616.880,99

(−) M c V c Det. 4 R$2.496,70 R$289.136,53 R$610.824,54 R$610.824,54 R$610.824,54 R$7.635.306,71

(−) T I f c Det. 5 R$739,56 R$3.239,62 R$3.096,00 R$3.096,00 R$3.096,00 R$38.700,00

(−) M p C b u Det. 6 R$177,94 R$20.606,33 R$43.532,55 R$43.532,55 R$43.532,55 R$544.156,94

(−) M L p z Det. 7 R$168,21 R$19.479,80 R$41.152,66 R$41.152,66 R$41.152,66 R$514.408,30

(−) I u p T D j Det. 8 R$19,62 R$2.272,10 R$4.800,00 R$4.800,00 R$4.800,00 R$60.000,00

Pessoal

R$4.209,81 R$487.528,23 R$1.029.943,20 R$1.029.943,20 R$1.029.943,20 R$12.874.289,96

(−) F h de Pagamento de Operação 0 R$2.930,70 R$339.397,37 R$717.004,66 R$717.004,66 R$717.004,66 R$8.962.558,24

(−) F h Sup Det. 10 R$1.093,49 R$126.634,19 R$267.525,06 R$267.525,06 R$267.525,06 R$3.344.063,25

(−) U f E I Det. 11 R$43,38 R$5.023,94 R$10.613,48 R$10.613,48 R$10.613,48 R$132.668,48

(−) B fíc Det. 12 R$142,24 R$16.472,74 R$34.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00 R$435.000,00

Utilidades

R$436,95 R$50.602,43 R$106.901,76 R$106.901,76 R$106.901,76 R$1.336.271,98

(−) Á u Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) E E é c Det. 13 R$252,26 R$29.213,37 R$61.715,64 R$61.715,64 R$61.715,64 R$771.445,48

(−) GL Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u c Det. 14 R$83,14 R$9.628,03 R$20.340,00 R$20.340,00 R$20.340,00 R$254.250,00

131

(−) V ícu Det. 15 R$93,19 R$10.792,48 R$22.800,00 R$22.800,00 R$22.800,00 R$285.000,00

(−) Equ p C Det. 16 R$8,36 R$968,54 R$2.046,12 R$2.046,12 R$2.046,12 R$25.576,50

Serviços Terceirizados

R$335,17 R$38.815,07 R$82.000,00 R$82.000,00 R$82.000,00 R$1.025.000,00

(−) S v v Det. 17 R$73,57 R$8.520,38 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$225.000,00

(−) S v u c Det. 17 R$49,05 R$5.680,25 R$12.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$150.000,00

(−) S v í c f Det. 17 R$212,55 R$24.614,43 R$52.000,00 R$52.000,00 R$52.000,00 R$650.000,00

(−) S v c qu õ Det. 17 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Depreciação Det. 18 R$43.346,03 R$268.615,65 R$278.191,66 R$278.191,66 R$278.191,66 R$3.477.395,75

(=) EBIT

R$(59.652,55) R$837.057,33 R$2.052.784,44 R$2.052.784,44 R$2.052.784,44 R$25.659.805,56

(−) I p R / C bu S c Det. 2 R$(20.224,19) R$282.218,55 R$697.946,71 R$697.946,71 R$697.946,71 R$8.724.333,89

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

R$(39.428,36) R$554.838,78 R$1.354.837,73 R$1.354.837,73 R$1.354.837,73 R$16.935.471,67

(+) Depreciação Det. 18 R$43.346,03 R$268.615,65 R$278.191,66 R$278.191,66 R$278.191,66 R$3.477.395,75

(−) Investimentos

R$5.249.153,65 R$1.877.451,37 R$976.803,84 R$976.803,84 R$976.803,84 R$12.210.047,97

Animais de Produção

R$483.424,23 R$1.343.674,71 R$698.612,18 R$698.612,18 R$698.612,18 R$8.732.652,22

(−) M z Det. 19 R$455.224,95 R$1.262.582,86 R$646.293,50 R$646.293,50 R$646.293,50 R$8.078.668,70

(−) C ch Det. 20 R$28.199,27 R$81.091,85 R$52.318,68 R$52.318,68 R$52.318,68 R$653.983,52

Construção Civil

R$2.996.934,93 R$119.293,78 R$123.546,54 R$123.546,54 R$123.546,54 R$1.544.331,75

(−) T Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v Op Det. 21 R$2.453.346,78 R$97.656,11 R$101.137,50 R$101.137,50 R$101.137,50 R$1.264.218,75

Gestação

R$1.499.320,09 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$938.268,09 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v S v Sup Det. 22 R$543.588,15 R$21.637,67 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$280.113,00

Equipamentos

R$1.932.640,82 R$149.321,87 R$154.645,12 R$154.645,12 R$154.645,12 R$1.933.064,00

(−) Equ p j Det. 21 R$1.054.213,88 R$69.640,55 R$72.123,20 R$72.123,20 R$72.123,20 R$901.540,00

Gestação

R$597.703,49 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$445.272,62 R$- R$- R$- R$- R$-

132

(−) Equ p p Det. 21 R$709.237,55 R$46.851,68 R$48.521,92 R$48.521,92 R$48.521,92 R$606.524,00

Gestação

R$454.654,94 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$247.022,24 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equipamentos de Controle Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

Gestação

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Ou Equ p Op S v Det. 23 R$11.445,16 R$2.220,83 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$28.750,00

(−) V ícu Det. 24 R$157.744,22 R$30.608,81 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$396.250,00

Capital de Giro Total

R$(163.846,32) R$265.161,01 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu R Det. 3 R$316,73 R$8.321,13 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu Medicamentos e Vacinas Det. 25 R$588,94 R$15.472,61 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu T I f c Det. 25 R$2,99 R$78,42 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M p C b u Det. 25 R$41,97 R$1.102,71 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu de Materiais de Limpeza Det. 25 R$39,68 R$1.042,43 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu I u p T D j Det. 25 R$4,63 R$121,59 R$- R$- R$- R$-

(−) F c c (c c b ) Det. 25 R$- R$245.369,07 R$- R$- R$- R$-

(+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar) Det. 25 R$164.841,26 R$6.346,95 R$- R$- R$- R$-

(=) FCLE

(Anos 0, 1 e Perpetuidade com Referência para i=8%) R$(5.245.235,99) R$(1.053.996,94) R$656.225,56 R$656.225,56 R$656.225,56 R$8.202.819,45

133

APÊNDICE IV: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA COM PERPETUIDADE – ECO-BEA AS-IS

ECO-BEA AS-IS Det. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Perpetuidade

Receita Bruta

R$- R$2.040.617,50 R$4.304.946,48 R$4.304.946,48 R$4.304.946,48 R$53.811.831,03

(+) Venda de leitões para terminação Det. 1 R$- R$1.922.065,61 R$4.054.845,93 R$4.054.845,93 R$4.054.845,93 R$50.685.574,11

(+) Venda de reprodutores(as) Det. 1 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(+) Venda de suínos descartados Det. 1 R$- R$118.551,90 R$250.100,55 R$250.100,55 R$250.100,55 R$3.126.256,91

(−) ICMS b c Det. 2 R$- R$20.406,18 R$43.049,46 R$43.049,46 R$43.049,46 R$538.118,31

(=) Receita Líquida

R$- R$2.020.211,33 R$4.261.897,02 R$4.261.897,02 R$4.261.897,02 R$53.273.712,72

(−) Custos e Despesas

R$50.098,04 R$1.425.551,44 R$2.754.718,44 R$2.754.718,44 R$2.754.718,44 R$34.433.980,49

Itens de Consumo

R$12.834,27 R$864.870,41 R$1.798.845,68 R$1.798.845,68 R$1.798.845,68 R$22.485.570,94

(−) R Det. 3 R$5.215,65 R$604.012,29 R$1.276.025,29 R$1.276.025,29 R$1.276.025,29 R$15.950.316,11

(−) M c V c Det. 4 R$1.849,69 R$214.207,59 R$452.531,02 R$452.531,02 R$452.531,02 R$5.656.637,79

(−) T I f c Det. 5 R$5.555,01 R$21.876,40 R$17.952,00 R$17.952,00 R$17.952,00 R$224.400,00

(−) M p C b u Det. 6 R$103,67 R$12.005,43 R$25.362,45 R$25.362,45 R$25.362,45 R$317.030,56

(−) M L p z Det. 7 R$90,64 R$10.496,60 R$22.174,92 R$22.174,92 R$22.174,92 R$277.186,48

(−) I u p T Dejetos Det. 8 R$19,62 R$2.272,10 R$4.800,00 R$4.800,00 R$4.800,00 R$60.000,00

Pessoal

R$2.162,97 R$250.488,14 R$529.176,64 R$529.176,64 R$529.176,64 R$6.614.708,02

(−) F h Op 0 R$1.364,80 R$158.054,17 R$333.902,33 R$333.902,33 R$333.902,33 R$4.173.779,13

(−) F h Sup Det. 10 R$638,57 R$73.951,66 R$156.228,92 R$156.228,92 R$156.228,92 R$1.952.861,50

(−) U f E I Det. 11 R$17,35 R$2.009,58 R$4.245,39 R$4.245,39 R$4.245,39 R$53.067,39

(−) Benefícios Det. 12 R$142,24 R$16.472,74 R$34.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00 R$435.000,00

Utilidades

R$510,31 R$59.097,33 R$124.847,93 R$124.847,93 R$124.847,93 R$1.560.599,13

(−) Á u Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) E E é c Det. 13 R$42,55 R$4.927,87 R$10.410,53 R$10.410,53 R$10.410,53 R$130.131,63

(−) GL Det. 13 R$283,06 R$32.780,40 R$69.251,28 R$69.251,28 R$69.251,28 R$865.641,00

(−) C u c Det. 14 R$83,14 R$9.628,03 R$20.340,00 R$20.340,00 R$20.340,00 R$254.250,00

134

(−) Veículos Det. 15 R$93,19 R$10.792,48 R$22.800,00 R$22.800,00 R$22.800,00 R$285.000,00

(−) Equ p C Det. 16 R$8,36 R$968,54 R$2.046,12 R$2.046,12 R$2.046,12 R$25.576,50

Serviços Terceirizados

R$335,17 R$38.815,07 R$82.000,00 R$82.000,00 R$82.000,00 R$1.025.000,00

(−) S v v Det. 17 R$73,57 R$8.520,38 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$225.000,00

(−) S v u c Det. 17 R$49,05 R$5.680,25 R$12.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$150.000,00

(−) S v de logística e frete Det. 17 R$212,55 R$24.614,43 R$52.000,00 R$52.000,00 R$52.000,00 R$650.000,00

(−) S v c qu õ Det. 17 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Depreciação Det. 18 R$34.255,33 R$212.280,50 R$219.848,19 R$219.848,19 R$219.848,19 R$2.748.102,41

(=) EBIT

R$(50.098,04) R$594.659,88 R$1.507.178,58 R$1.507.178,58 R$1.507.178,58 R$18.839.732,22

(−) I p R / C bu S c Det. 2 R$(16.983,61) R$200.735,30 R$512.440,72 R$512.440,72 R$512.440,72 R$6.405.508,96

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

R$(33.114,43) R$393.924,58 R$994.737,86 R$994.737,86 R$994.737,86 R$12.434.223,27

(+) Depreciação Det. 18 R$34.255,33 R$212.280,50 R$219.848,19 R$219.848,19 R$219.848,19 R$2.748.102,41

(−) Investimentos

R$3.848.067,38 R$1.186.255,72 R$635.099,59 R$635.099,59 R$635.099,59 R$7.938.744,91

Animais de Produção

R$287.446,79 R$798.922,05 R$415.251,40 R$415.251,40 R$415.251,40 R$5.190.642,50

(−) M z Det. 19 R$271.017,65 R$751.677,24 R$384.770,08 R$384.770,08 R$384.770,08 R$4.809.626,02

(−) C ch Det. 20 R$16.429,14 R$47.244,82 R$30.481,32 R$30.481,32 R$30.481,32 R$381.016,48

Construção Civil

R$2.069.144,73 R$82.362,85 R$85.299,04 R$85.299,04 R$85.299,04 R$1.066.238,00

(−) Terreno Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v Op Det. 21 R$1.525.556,58 R$60.725,18 R$62.890,00 R$62.890,00 R$62.890,00 R$786.125,00

Gestação

R$956.356,44 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$559.401,03 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Construção Civil de Serviços de Suporte Det. 22 R$543.588,15 R$21.637,67 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$280.113,00

Equipamentos

R$1.590.896,03 R$129.917,66 R$134.549,15 R$134.549,15 R$134.549,15 R$1.681.864,41

(−) Equ p j Animais Det. 21 R$811.278,43 R$53.592,42 R$55.502,97 R$55.502,97 R$55.502,97 R$693.787,07

Gestação

R$149.430,69 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$653.199,63 R$- R$- R$- R$- R$-

135

(−) Equ p p Det. 21 R$585.649,80 R$38.687,57 R$40.066,76 R$40.066,76 R$40.066,76 R$500.834,54

Gestação

R$463.778,73 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$115.628,12 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equ p C Det. 21 R$24.778,40 R$4.808,02 R$4.979,42 R$4.979,42 R$4.979,42 R$62.242,80

Gestação

R$24.002,54 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Ou Equ p Op S v Det. 23 R$11.445,16 R$2.220,83 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$28.750,00

(−) V ícu Det. 24 R$157.744,22 R$30.608,81 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$396.250,00

Capital de Giro Total

R$(99.420,16) R$175.053,16 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu R Det. 3 R$316,73 R$8.321,13 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M c V c Det. 25 R$436,32 R$11.462,92 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu T I f c Det. 25 R$17,31 R$454,74 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M p C b u Det. 25 R$24,45 R$642,45 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M L p z Det. 25 R$21,38 R$561,71 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu I u p T D j Det. 25 R$4,63 R$121,59 R$- R$- R$- R$-

(−) F c c (c c b ) Det. 25 R$- R$170.244,13 R$- R$- R$- R$-

(+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar) Det. 25 R$100.240,98 R$16.755,50 R$- R$- R$- R$-

(=) FCLE

(Anos 0, 1 e Perpetuidade com Referência para i=8%) R$(3.846.926,49) R$(580.050,64) R$579.486,46 R$579.486,46 R$579.486,46 R$7.243.580,77

136

APÊNDICE V: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA COM PERPETUIDADE – ECO-BEA COBRE E SOLTA

ECO-BEA CS Det. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Perpetuidade

Receita Bruta

R$- R$2.080.175,23 R$4.388.398,62 R$4.388.398,62 R$4.388.398,62 R$54.854.982,76

(+) Venda de leitões para terminação Det. 1 R$- R$1.961.623,33 R$4.138.298,07 R$4.138.298,07 R$4.138.298,07 R$51.728.725,85

(+) Venda de reprodutores(as) Det. 1 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(+) Venda de suínos descartados Det. 1 R$- R$118.551,90 R$250.100,55 R$250.100,55 R$250.100,55 R$3.126.256,91

(−) ICMS b c Det. 2 R$- R$20.801,75 R$43.883,99 R$43.883,99 R$43.883,99 R$548.549,83

(=) Receita Líquida

R$- R$2.059.373,48 R$4.344.514,63 R$4.344.514,63 R$4.344.514,63 R$54.306.432,93

(−) Custos e Despesas

R$50.920,58 R$1.430.896,10 R$2.760.535,11 R$2.760.535,11 R$2.760.535,11 R$34.506.688,92

Itens de Consumo

R$12.836,53 R$865.131,79 R$1.799.397,86 R$1.799.397,86 R$1.799.397,86 R$22.492.473,19

(−) R Det. 3 R$5.215,65 R$604.012,29 R$1.276.025,29 R$1.276.025,29 R$1.276.025,29 R$15.950.316,11

(−) Medicamentos e Vacinas Det. 4 R$1.849,69 R$214.207,59 R$452.531,02 R$452.531,02 R$452.531,02 R$5.656.637,79

(−) T I f c Det. 5 R$5.555,01 R$21.876,40 R$17.952,00 R$17.952,00 R$17.952,00 R$224.400,00

(−) M p Cobertura Det. 6 R$103,67 R$12.005,43 R$25.362,45 R$25.362,45 R$25.362,45 R$317.030,56

(−) M L p z Det. 7 R$92,90 R$10.757,97 R$22.727,10 R$22.727,10 R$22.727,10 R$284.088,74

(−) I u p T D j Det. 8 R$19,62 R$2.272,10 R$4.800,00 R$4.800,00 R$4.800,00 R$60.000,00

Pessoal

R$2.162,97 R$250.488,14 R$529.176,64 R$529.176,64 R$529.176,64 R$6.614.708,02

(−) F h Op 0 R$1.364,80 R$158.054,17 R$333.902,33 R$333.902,33 R$333.902,33 R$4.173.779,13

(−) F h Sup Det. 10 R$638,57 R$73.951,66 R$156.228,92 R$156.228,92 R$156.228,92 R$1.952.861,50

(−) U f E I Det. 11 R$17,35 R$2.009,58 R$4.245,39 R$4.245,39 R$4.245,39 R$53.067,39

(−) B fíc Det. 12 R$142,24 R$16.472,74 R$34.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00 R$435.000,00

Utilidades

R$510,31 R$59.097,33 R$124.847,93 R$124.847,93 R$124.847,93 R$1.560.599,13

(−) Á u Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) E E é c Det. 13 R$42,55 R$4.927,87 R$10.410,53 R$10.410,53 R$10.410,53 R$130.131,63

(−) GL Det. 13 R$283,06 R$32.780,40 R$69.251,28 R$69.251,28 R$69.251,28 R$865.641,00

(−) C u c Det. 14 R$83,14 R$9.628,03 R$20.340,00 R$20.340,00 R$20.340,00 R$254.250,00

137

(−) V ícu Det. 15 R$93,19 R$10.792,48 R$22.800,00 R$22.800,00 R$22.800,00 R$285.000,00

(−) Equ p C Det. 16 R$8,36 R$968,54 R$2.046,12 R$2.046,12 R$2.046,12 R$25.576,50

Serviços Terceirizados

R$335,17 R$38.815,07 R$82.000,00 R$82.000,00 R$82.000,00 R$1.025.000,00

(−) S v v Det. 17 R$73,57 R$8.520,38 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$225.000,00

(−) S v u c Det. 17 R$49,05 R$5.680,25 R$12.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$150.000,00

(−) S v í c e frete Det. 17 R$212,55 R$24.614,43 R$52.000,00 R$52.000,00 R$52.000,00 R$650.000,00

(−) S v c qu õ Det. 17 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Depreciação Det. 18 R$35.075,60 R$217.363,78 R$225.112,69 R$225.112,69 R$225.112,69 R$2.813.908,58

(=) EBIT

R$(50.920,58) R$628.477,38 R$1.583.979,52 R$1.583.979,52 R$1.583.979,52 R$19.799.744,01

(−) I p R / C bu S c Det. 2 R$(17.262,37) R$212.068,36 R$538.553,04 R$538.553,04 R$538.553,04 R$6.731.912,96

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

R$(33.658,20) R$416.409,01 R$1.045.426,48 R$1.045.426,48 R$1.045.426,48 R$13.067.831,05

(+) Depreciação Det. 18 R$35.075,60 R$217.363,78 R$225.112,69 R$225.112,69 R$225.112,69 R$2.813.908,58

(−) Investimentos

R$3.927.066,10 R$1.194.625,22 R$640.364,09 R$640.364,09 R$640.364,09 R$8.004.551,08

Animais de Produção

R$287.446,79 R$798.922,05 R$415.251,40 R$415.251,40 R$415.251,40 R$5.190.642,50

(−) M z Det. 19 R$271.017,65 R$751.677,24 R$384.770,08 R$384.770,08 R$384.770,08 R$4.809.626,02

(−) C ch Det. 20 R$16.429,14 R$47.244,82 R$30.481,32 R$30.481,32 R$30.481,32 R$381.016,48

Construção Civil

R$2.131.244,03 R$84.834,73 R$87.859,04 R$87.859,04 R$87.859,04 R$1.098.238,00

(−) Terreno Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v Op Det. 21 R$1.587.655,88 R$63.197,06 R$65.450,00 R$65.450,00 R$65.450,00 R$818.125,00

Gestação

R$1.018.056,85 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$559.401,03 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v S v Sup Det. 22 R$543.588,15 R$21.637,67 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$280.113,00

Equipamentos

R$1.607.795,97 R$132.529,06 R$137.253,65 R$137.253,65 R$137.253,65 R$1.715.670,58

(−) Equ p j dos Animais Det. 21 R$717.309,64 R$47.384,92 R$49.074,17 R$49.074,17 R$49.074,17 R$613.427,07

Gestação

R$56.463,59 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$653.199,63 R$- R$- R$- R$- R$-

138

(−) Equ p p Det. 21 R$684.837,16 R$45.239,81 R$46.852,59 R$46.852,59 R$46.852,59 R$585.657,33

Gestação

R$561.908,77 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$115.628,12 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equ p C Det. 21 R$36.459,79 R$7.074,69 R$7.326,89 R$7.326,89 R$7.326,89 R$91.586,18

Gestação

R$35.318,16 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Ou Equ p Op S v Det. 23 R$11.445,16 R$2.220,83 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$28.750,00

(−) V ícu Det. 24 R$157.744,22 R$30.608,81 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$396.250,00

Capital de Giro Total

R$(99.420,69) R$178.339,38 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu R Det. 3 R$316,73 R$8.321,13 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M c V c Det. 25 R$436,32 R$11.462,92 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu T I f c Det. 25 R$17,31 R$454,74 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M p C b u Det. 25 R$24,45 R$642,45 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M L p z Det. 25 R$21,91 R$575,69 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu I u p T D j Det. 25 R$4,63 R$121,59 R$- R$- R$- R$-

(−) F c c (c c b ) Det. 25 R$- R$173.544,34 R$- R$- R$- R$-

(+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar) Det. 25 R$100.242,05 R$16.783,47 R$- R$- R$- R$-

(=) FCLE

(Anos 0, 1 e Perpetuidade com Referência para i=8%) R$(3.925.648,69) R$(560.852,42) R$630.175,08 R$630.175,08 R$630.175,08 R$7.877.188,55

139

APÊNDICE VI: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA COM TERMINAÇÃO NO ANO 10 – MIUNÇA AS-IS

Miunça AS-IS Det. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 ... Ano 9 Ano 10 Terminação

Receita Bruta

R$- R$2.941.096,58 R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$1.050.226,93

(+) Venda de leitões para terminação Det. 1 R$- R$2.741.966,44 R$5.784.532,76 R$5.784.532,76 R$5.784.532,76 R$-

(+) Venda de reprodutores(as) Det. 1 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(+) Venda de suínos descartados Det. 1 R$- R$199.130,14 R$420.090,77 R$420.090,77 R$420.090,77 R$1.050.226,93

(−) ICMS b c Det. 2 R$- R$29.410,97 R$62.046,24 R$62.046,24 R$62.046,24 R$10.502,27

(=) Receita Líquida

R$- R$2.911.685,61 R$6.142.577,29 R$6.142.577,29 R$6.142.577,29 R$1.039.724,66

(−) Custos e Despesas

R$54.830,51 R$2.087.342,36 R$4.151.427,02 R$4.151.427,02 R$4.151.427,02 R$-

Itens de Consumo

R$11.327,79 R$1.229.437,36 R$2.593.538,86 R$2.593.538,86 R$2.593.538,86 R$-

(−) R Det. 3 R$7.722,57 R$894.332,52 R$1.889.350,48 R$1.889.350,48 R$1.889.350,48 R$-

(−) M c V c Det. 4 R$2.496,70 R$289.136,53 R$610.824,54 R$610.824,54 R$610.824,54 R$-

(−) T I f c Det. 5 R$739,56 R$3.239,62 R$3.096,00 R$3.096,00 R$3.096,00 R$-

(−) M p C b u Det. 6 R$177,94 R$20.606,33 R$43.532,55 R$43.532,55 R$43.532,55 R$-

(−) M Limpeza Det. 7 R$171,41 R$19.850,26 R$41.935,29 R$41.935,29 R$41.935,29 R$-

(−) I u p T D j Det. 8 R$19,62 R$2.272,10 R$4.800,00 R$4.800,00 R$4.800,00 R$-

Pessoal

R$4.606,36 R$533.451,07 R$1.126.958,95 R$1.126.958,95 R$1.126.958,95 R$-

(−) F h Op 0 R$3.321,46 R$384.650,35 R$812.605,28 R$812.605,28 R$812.605,28 R$-

(−) F h Sup Det. 10 R$1.093,49 R$126.634,19 R$267.525,06 R$267.525,06 R$267.525,06 R$-

(−) U f E I Det. 11 R$49,17 R$5.693,80 R$12.028,61 R$12.028,61 R$12.028,61 R$-

(−) B fíc Det. 12 R$142,24 R$16.472,74 R$34.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00 R$-

Utilidades

R$425,82 R$49.313,67 R$104.179,15 R$104.179,15 R$104.179,15 R$-

(−) Á u Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) E E é c Det. 13 R$241,13 R$27.924,62 R$58.993,03 R$58.993,03 R$58.993,03 R$-

(−) GL Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u c Det. 14 R$83,14 R$9.628,03 R$20.340,00 R$20.340,00 R$20.340,00 R$-

140

(−) V ícu Det. 15 R$93,19 R$10.792,48 R$22.800,00 R$22.800,00 R$22.800,00 R$-

(−) Equ p C Det. 16 R$8,36 R$968,54 R$2.046,12 R$2.046,12 R$2.046,12 R$-

Serviços Terceirizados

R$335,17 R$38.815,07 R$82.000,00 R$82.000,00 R$82.000,00 R$-

(−) Serviços de veterinário Det. 17 R$73,57 R$8.520,38 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$-

(−) S v u c Det. 17 R$49,05 R$5.680,25 R$12.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$-

(−) S v í c f Det. 17 R$212,55 R$24.614,43 R$52.000,00 R$52.000,00 R$52.000,00 R$-

(−) S v c qu õ Det. 17 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Depreciação Det. 18 R$38.135,37 R$236.325,19 R$244.750,06 R$244.750,06 R$244.750,06 R$-

(=) EBIT

R$(54.830,51) R$824.343,25 R$1.991.150,28 R$1.991.150,28 R$1.991.150,28 R$1.039.724,66

(−) I p R / C bu S c Det. 2 R$(18.590,14) R$277.793,65 R$676.991,09 R$676.991,09 R$676.991,09 R$353.506,38

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

R$(36.240,38) R$546.549,60 R$1.314.159,18 R$1.314.159,18 R$1.314.159,18 R$686.218,28

(+) Depreciação Det. 18 R$38.135,37 R$236.325,19 R$244.750,06 R$244.750,06 R$244.750,06 R$-

(−) Investimentos

R$4.760.342,10 R$1.845.141,08 R$943.362,24 R$943.362,24 R$943.362,24 R$(2.387.608,07)

Animais de Produção

R$483.424,23 R$1.343.674,71 R$698.612,18 R$698.612,18 R$698.612,18 R$-

(−) M z Det. 19 R$455.224,95 R$1.262.582,86 R$646.293,50 R$646.293,50 R$646.293,50 R$-

(−) C ch Det. 20 R$28.199,27 R$81.091,85 R$52.318,68 R$52.318,68 R$52.318,68 R$-

Construção Civil

R$2.996.934,93 R$119.293,78 R$123.546,54 R$123.546,54 R$123.546,54 R$(1.853.198,10)

(−) T Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v Op Det. 21 R$2.453.346,78 R$97.656,11 R$101.137,50 R$101.137,50 R$101.137,50 R$(1.517.062,50)

Gestação

R$1.499.320,09 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$938.268,09 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v S v Sup Det. 22 R$543.588,15 R$21.637,67 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$(336.135,60)

Equipamentos

R$1.443.830,02 R$117.031,41 R$121.203,52 R$121.203,52 R$121.203,52 R$(436.017,60)

(−) Equ p j Det. 21 R$1.054.213,88 R$69.640,55 R$72.123,20 R$72.123,20 R$72.123,20 R$(360.616,00)

Gestação

R$597.703,49 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$445.272,62 R$- R$- R$- R$- R$-

141

(−) Equ p p Det. 21 R$220.426,75 R$14.561,22 R$15.080,32 R$15.080,32 R$15.080,32 R$(75.401,60)

Gestação

R$123.208,02 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$94.869,02 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equ p C Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

Gestação

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Ou Equ p Op S v Det. 23 R$11.445,16 R$2.220,83 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$-

(−) V ícu Det. 24 R$157.744,22 R$30.608,81 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$-

Capital de Giro Total

R$(163.847,07) R$265.141,18 R$- R$- R$- R$(98.392,37)

(−) E qu R Det. 3 R$316,73 R$8.321,13 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M c V c Det. 25 R$588,94 R$15.472,61 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu T I f c Det. 25 R$2,99 R$78,42 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M p C b u Det. 25 R$41,97 R$1.102,71 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M L p z Det. 25 R$40,43 R$1.062,25 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu de Insumos para Tratamento de Dejetos Det. 25 R$4,63 R$121,59 R$- R$- R$- R$-

(−) F c c (c a receber) Det. 25 R$- R$245.369,07 R$- R$- R$- R$-

(+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar) Det. 25 R$164.842,77 R$6.386,59 R$- R$- R$- R$-

(=) FCLE

(Anos 0 e 1 com Referência para i=8%) R$(4.758.447,10) R$(1.062.266,29) R$615.547,01 R$615.547,01 R$615.547,01 R$3.073.826,35

142

APÊNDICE VII: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA COM TERMINAÇÃO NO ANO 10 – MIUNÇA MODERNIZADA

Miunça Modernizada Det. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 ... Ano 9 Ano 10 Terminação

Receita Bruta

R$- R$2.941.096,58 R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$6.204.623,53 R$1.050.226,93

(+) Venda de leitões para terminação Det. 1 R$- R$2.741.966,44 R$5.784.532,76 R$5.784.532,76 R$5.784.532,76 R$-

(+) Venda de reprodutores(as) Det. 1 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(+) Venda de suínos descartados Det. 1 R$- R$199.130,14 R$420.090,77 R$420.090,77 R$420.090,77 R$1.050.226,93

(−) ICMS b c Det. 2 R$- R$29.410,97 R$62.046,24 R$62.046,24 R$62.046,24 R$10.502,27

(=) Receita Líquida

R$- R$2.911.685,61 R$6.142.577,29 R$6.142.577,29 R$6.142.577,29 R$1.039.724,66

(−) Custos e Despesas

R$59.652,55 R$2.074.628,29 R$4.089.792,85 R$4.089.792,85 R$4.089.792,85 R$-

Itens de Consumo

R$11.324,59 R$1.229.066,91 R$2.592.756,23 R$2.592.756,23 R$2.592.756,23 R$-

(−) R Det. 3 R$7.722,57 R$894.332,52 R$1.889.350,48 R$1.889.350,48 R$1.889.350,48 R$-

(−) M c V c Det. 4 R$2.496,70 R$289.136,53 R$610.824,54 R$610.824,54 R$610.824,54 R$-

(−) T I f c Det. 5 R$739,56 R$3.239,62 R$3.096,00 R$3.096,00 R$3.096,00 R$-

(−) M p C b u Det. 6 R$177,94 R$20.606,33 R$43.532,55 R$43.532,55 R$43.532,55 R$-

(−) M L p z Det. 7 R$168,21 R$19.479,80 R$41.152,66 R$41.152,66 R$41.152,66 R$-

(−) I u p T D j Det. 8 R$19,62 R$2.272,10 R$4.800,00 R$4.800,00 R$4.800,00 R$-

Pessoal

R$4.209,81 R$487.528,23 R$1.029.943,20 R$1.029.943,20 R$1.029.943,20 R$-

(−) F h Op 0 R$2.930,70 R$339.397,37 R$717.004,66 R$717.004,66 R$717.004,66 R$-

(−) F h de Pagamento de Suporte Det. 10 R$1.093,49 R$126.634,19 R$267.525,06 R$267.525,06 R$267.525,06 R$-

(−) U f E I Det. 11 R$43,38 R$5.023,94 R$10.613,48 R$10.613,48 R$10.613,48 R$-

(−) B fíc Det. 12 R$142,24 R$16.472,74 R$34.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00 R$-

Utilidades

R$436,95 R$50.602,43 R$106.901,76 R$106.901,76 R$106.901,76 R$-

(−) Á u Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) E E é c Det. 13 R$252,26 R$29.213,37 R$61.715,64 R$61.715,64 R$61.715,64 R$-

(−) GL Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u c Det. 14 R$83,14 R$9.628,03 R$20.340,00 R$20.340,00 R$20.340,00 R$-

143

(−) V ícu Det. 15 R$93,19 R$10.792,48 R$22.800,00 R$22.800,00 R$22.800,00 R$-

(−) Equ p C Det. 16 R$8,36 R$968,54 R$2.046,12 R$2.046,12 R$2.046,12 R$-

Serviços Terceirizados

R$335,17 R$38.815,07 R$82.000,00 R$82.000,00 R$82.000,00 R$-

(−) S v v Det. 17 R$73,57 R$8.520,38 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$-

(−) S v u c Det. 17 R$49,05 R$5.680,25 R$12.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$-

(−) S v í c f Det. 17 R$212,55 R$24.614,43 R$52.000,00 R$52.000,00 R$52.000,00 R$-

(−) S v c qu õ Det. 17 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Depreciação Det. 18 R$43.346,03 R$268.615,65 R$278.191,66 R$278.191,66 R$278.191,66 R$-

(=) EBIT

R$(59.652,55) R$837.057,33 R$2.052.784,44 R$2.052.784,44 R$2.052.784,44 R$1.039.724,66

(−) I p R / C bu S c Det. 2 R$(20.224,19) R$282.218,55 R$697.946,71 R$697.946,71 R$697.946,71 R$353.506,38

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

R$(39.428,36) R$554.838,78 R$1.354.837,73 R$1.354.837,73 R$1.354.837,73 R$686.218,28

(+) Depreciação Det. 18 R$43.346,03 R$268.615,65 R$278.191,66 R$278.191,66 R$278.191,66 R$-

(−) Investimentos

R$5.249.153,65 R$1.877.451,37 R$976.803,84 R$976.803,84 R$976.803,84 R$(2.554.837,51)

Animais de Produção

R$483.424,23 R$1.343.674,71 R$698.612,18 R$698.612,18 R$698.612,18 R$-

(−) M z Det. 19 R$455.224,95 R$1.262.582,86 R$646.293,50 R$646.293,50 R$646.293,50 R$-

(−) C ch Det. 20 R$28.199,27 R$81.091,85 R$52.318,68 R$52.318,68 R$52.318,68 R$-

Construção Civil

R$2.996.934,93 R$119.293,78 R$123.546,54 R$123.546,54 R$123.546,54 R$(1.853.198,10)

(−) T Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v Op Det. 21 R$2.453.346,78 R$97.656,11 R$101.137,50 R$101.137,50 R$101.137,50 R$(1.517.062,50)

Gestação

R$1.499.320,09 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$938.268,09 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v S v Sup Det. 22 R$543.588,15 R$21.637,67 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$(336.135,60)

Equipamentos

R$1.932.640,82 R$149.321,87 R$154.645,12 R$154.645,12 R$154.645,12 R$(603.225,60)

(−) Equ p j Det. 21 R$1.054.213,88 R$69.640,55 R$72.123,20 R$72.123,20 R$72.123,20 R$(360.616,00)

Gestação

R$597.703,49 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$445.272,62 R$- R$- R$- R$- R$-

144

(−) Equ p para Alimentação Det. 21 R$709.237,55 R$46.851,68 R$48.521,92 R$48.521,92 R$48.521,92 R$(242.609,60)

Gestação

R$454.654,94 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$247.022,24 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equ p C Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

Gestação

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Ou Equ p Op S v Det. 23 R$11.445,16 R$2.220,83 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$-

(−) V ícu Det. 24 R$157.744,22 R$30.608,81 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$-

Capital de Giro Total

R$(163.846,32) R$265.161,01 R$- R$- R$- R$(98.413,81)

(−) E qu R Det. 3 R$316,73 R$8.321,13 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M c V c Det. 25 R$588,94 R$15.472,61 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu T I f c Det. 25 R$2,99 R$78,42 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M p C b u Det. 25 R$41,97 R$1.102,71 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M L p z Det. 25 R$39,68 R$1.042,43 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu I u p T D j Det. 25 R$4,63 R$121,59 R$- R$- R$- R$-

(−) F c c (c c b ) Det. 25 R$- R$245.369,07 R$- R$- R$- R$-

(+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar) Det. 25 R$164.841,26 R$6.346,95 R$- R$- R$- R$-

(=) FCLE

(Anos 0 e 1 com Referência para i=8%) R$(5.245.235,99) R$(1.053.996,94) R$656.225,56 R$656.225,56 R$656.225,56 R$3.241.055,79

145

APÊNDICE VIII: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA COM TERMINAÇÃO NO ANO 10 – ECO-BEA AS-IS

ECO-BEA AS-IS Det. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 ... Ano 9 Ano 10 Terminação

Receita Bruta

R$- R$2.040.617,50 R$4.304.946,48 R$4.304.946,48 R$4.304.946,48 R$625.251,38

(+) Venda de leitões para terminação Det. 1 R$- R$1.922.065,61 R$4.054.845,93 R$4.054.845,93 R$4.054.845,93 R$-

(+) Venda de reprodutores(as) Det. 1 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(+) Venda de suínos descartados Det. 1 R$- R$118.551,90 R$250.100,55 R$250.100,55 R$250.100,55 R$625.251,38

(−) ICMS b c Det. 2 R$- R$20.406,18 R$43.049,46 R$43.049,46 R$43.049,46 R$6.252,51

(=) Receita Líquida

R$- R$2.020.211,33 R$4.261.897,02 R$4.261.897,02 R$4.261.897,02 R$618.998,87

(−) Custos e Despesas

R$50.098,04 R$1.425.551,44 R$2.754.718,44 R$2.754.718,44 R$2.754.718,44 R$-

Itens de Consumo

R$12.834,27 R$864.870,41 R$1.798.845,68 R$1.798.845,68 R$1.798.845,68 R$-

(−) R Det. 3 R$5.215,65 R$604.012,29 R$1.276.025,29 R$1.276.025,29 R$1.276.025,29 R$-

(−) M c V c Det. 4 R$1.849,69 R$214.207,59 R$452.531,02 R$452.531,02 R$452.531,02 R$-

(−) T I f c Det. 5 R$5.555,01 R$21.876,40 R$17.952,00 R$17.952,00 R$17.952,00 R$-

(−) M p C b u Det. 6 R$103,67 R$12.005,43 R$25.362,45 R$25.362,45 R$25.362,45 R$-

(−) M Limpeza Det. 7 R$90,64 R$10.496,60 R$22.174,92 R$22.174,92 R$22.174,92 R$-

(−) I u p T D j Det. 8 R$19,62 R$2.272,10 R$4.800,00 R$4.800,00 R$4.800,00 R$-

Pessoal

R$2.162,97 R$250.488,14 R$529.176,64 R$529.176,64 R$529.176,64 R$-

(−) F h Op 0 R$1.364,80 R$158.054,17 R$333.902,33 R$333.902,33 R$333.902,33 R$-

(−) F h Sup Det. 10 R$638,57 R$73.951,66 R$156.228,92 R$156.228,92 R$156.228,92 R$-

(−) U f E I Det. 11 R$17,35 R$2.009,58 R$4.245,39 R$4.245,39 R$4.245,39 R$-

(−) B fíc Det. 12 R$142,24 R$16.472,74 R$34.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00 R$-

Utilidades

R$510,31 R$59.097,33 R$124.847,93 R$124.847,93 R$124.847,93 R$-

(−) Á u Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) E E é c Det. 13 R$42,55 R$4.927,87 R$10.410,53 R$10.410,53 R$10.410,53 R$-

(−) GL Det. 13 R$283,06 R$32.780,40 R$69.251,28 R$69.251,28 R$69.251,28 R$-

(−) C u c Det. 14 R$83,14 R$9.628,03 R$20.340,00 R$20.340,00 R$20.340,00 R$-

146

(−) V ícu Det. 15 R$93,19 R$10.792,48 R$22.800,00 R$22.800,00 R$22.800,00 R$-

(−) Equ p C Det. 16 R$8,36 R$968,54 R$2.046,12 R$2.046,12 R$2.046,12 R$-

Serviços Terceirizados

R$335,17 R$38.815,07 R$82.000,00 R$82.000,00 R$82.000,00 R$-

(−) S v v Det. 17 R$73,57 R$8.520,38 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$-

(−) S v u c Det. 17 R$49,05 R$5.680,25 R$12.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$-

(−) S v í c f Det. 17 R$212,55 R$24.614,43 R$52.000,00 R$52.000,00 R$52.000,00 R$-

(−) S v c qu õ Det. 17 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Depreciação Det. 18 R$34.255,33 R$212.280,50 R$219.848,19 R$219.848,19 R$219.848,19 R$-

(=) EBIT

R$(50.098,04) R$594.659,88 R$1.507.178,58 R$1.507.178,58 R$1.507.178,58 R$618.998,87

(−) I p R / C bu S c Det. 2 R$(16.983,61) R$200.735,30 R$512.440,72 R$512.440,72 R$512.440,72 R$210.459,62

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

R$(33.114,43) R$393.924,58 R$994.737,86 R$994.737,86 R$994.737,86 R$408.539,25

(+) Depreciação Det. 18 R$34.255,33 R$212.280,50 R$219.848,19 R$219.848,19 R$219.848,19 R$-

(−) Investimentos

R$3.848.067,38 R$1.186.255,72 R$635.099,59 R$635.099,59 R$635.099,59 R$(1.806.863,04)

Animais de Produção

R$287.446,79 R$798.922,05 R$415.251,40 R$415.251,40 R$415.251,40 R$-

(−) M z Det. 19 R$271.017,65 R$751.677,24 R$384.770,08 R$384.770,08 R$384.770,08 R$-

(−) C ch Det. 20 R$16.429,14 R$47.244,82 R$30.481,32 R$30.481,32 R$30.481,32 R$-

Construção Civil

R$2.069.144,73 R$82.362,85 R$85.299,04 R$85.299,04 R$85.299,04 R$(1.279.485,60)

(−) T Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v Op Det. 21 R$1.525.556,58 R$60.725,18 R$62.890,00 R$62.890,00 R$62.890,00 R$(943.350,00)

Gestação

R$956.356,44 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$559.401,03 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v S v Sup Det. 22 R$543.588,15 R$21.637,67 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$(336.135,60)

Equipamentos

R$1.590.896,03 R$129.917,66 R$134.549,15 R$134.549,15 R$134.549,15 R$(452.951,52)

(−) Equ p j Det. 21 R$811.278,43 R$53.592,42 R$55.502,97 R$55.502,97 R$55.502,97 R$(277.514,83)

Gestação

R$149.430,69 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$653.199,63 R$- R$- R$- R$- R$-

147

(−) Equ p p Det. 21 R$585.649,80 R$38.687,57 R$40.066,76 R$40.066,76 R$40.066,76 R$(200.333,81)

Gestação

R$463.778,73 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$115.628,12 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equ p C Det. 21 R$24.778,40 R$4.808,02 R$4.979,42 R$4.979,42 R$4.979,42 R$24.897,12

Gestação

R$24.002,54 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Ou Equipamentos de Operação e Serviços Det. 23 R$11.445,16 R$2.220,83 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$-

(−) V ícu Det. 24 R$157.744,22 R$30.608,81 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$-

Capital de Giro Total

R$(99.420,16) R$175.053,16 R$- R$- R$- R$(74.425,92)

(−) E qu R Det. 3 R$316,73 R$8.321,13 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M c V c Det. 25 R$436,32 R$11.462,92 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu T I f c Det. 25 R$17,31 R$454,74 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M p C b u Det. 25 R$24,45 R$642,45 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M L p z Det. 25 R$21,38 R$561,71 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu I u p T D j Det. 25 R$4,63 R$121,59 R$- R$- R$- R$-

(−) F c c (c c b ) Det. 25 R$- R$170.244,13 R$- R$- R$- R$-

(+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar) Det. 25 R$100.240,98 R$16.755,50 R$- R$- R$- R$-

(=) FCLE

(Anos 0 e 1 com Referência para i=8%) R$(3.846.926,49) R$(580.050,64) R$579.486,46 R$579.486,46 R$579.486,46 R$2.215.402,29

148

APÊNDICE IX: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA COM TERMINAÇÃO NO ANO 10 – ECO-BEA COBRE E SOLTA

ECO-BEA CS Det. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 ... Ano 9 Ano 10 Terminação

Receita Bruta

R$- R$2.080.175,23 R$4.388.398,62 R$4.388.398,62 R$4.388.398,62 R$625.251,38

(+) Venda de leitões para terminação Det. 1 R$- R$1.961.623,33 R$4.138.298,07 R$4.138.298,07 R$4.138.298,07 R$-

(+) Venda de reprodutores(as) Det. 1 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(+) Venda de suínos descartados Det. 1 R$- R$118.551,90 R$250.100,55 R$250.100,55 R$250.100,55 R$625.251,38

(−) ICMS b c Det. 2 R$- R$20.801,75 R$43.883,99 R$43.883,99 R$43.883,99 R$6.252,51

(=) Receita Líquida

R$- R$2.059.373,48 R$4.344.514,63 R$4.344.514,63 R$4.344.514,63 R$618.998,87

(−) Custos e Despesas

R$50.920,58 R$1.430.896,10 R$2.760.535,11 R$2.760.535,11 R$2.760.535,11 R$-

Itens de Consumo

R$12.836,53 R$865.131,79 R$1.799.397,86 R$1.799.397,86 R$1.799.397,86 R$-

(−) R Det. 3 R$5.215,65 R$604.012,29 R$1.276.025,29 R$1.276.025,29 R$1.276.025,29 R$-

(−) M c V c Det. 4 R$1.849,69 R$214.207,59 R$452.531,02 R$452.531,02 R$452.531,02 R$-

(−) T I f c Det. 5 R$5.555,01 R$21.876,40 R$17.952,00 R$17.952,00 R$17.952,00 R$-

(−) M p C b u Det. 6 R$103,67 R$12.005,43 R$25.362,45 R$25.362,45 R$25.362,45 R$-

(−) M L p z Det. 7 R$92,90 R$10.757,97 R$22.727,10 R$22.727,10 R$22.727,10 R$-

(−) I u p Tratamento de Dejetos Det. 8 R$19,62 R$2.272,10 R$4.800,00 R$4.800,00 R$4.800,00 R$-

Pessoal

R$2.162,97 R$250.488,14 R$529.176,64 R$529.176,64 R$529.176,64 R$-

(−) F h Op 0 R$1.364,80 R$158.054,17 R$333.902,33 R$333.902,33 R$333.902,33 R$-

(−) F h Sup Det. 10 R$638,57 R$73.951,66 R$156.228,92 R$156.228,92 R$156.228,92 R$-

(−) U f E I Det. 11 R$17,35 R$2.009,58 R$4.245,39 R$4.245,39 R$4.245,39 R$-

(−) B fíc Det. 12 R$142,24 R$16.472,74 R$34.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00 R$-

Utilidades

R$510,31 R$59.097,33 R$124.847,93 R$124.847,93 R$124.847,93 R$-

(−) Á u Det. 13 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) E E é c Det. 13 R$42,55 R$4.927,87 R$10.410,53 R$10.410,53 R$10.410,53 R$-

(−) GL Det. 13 R$283,06 R$32.780,40 R$69.251,28 R$69.251,28 R$69.251,28 R$-

(−) C u c Det. 14 R$83,14 R$9.628,03 R$20.340,00 R$20.340,00 R$20.340,00 R$-

149

(−) V ícu Det. 15 R$93,19 R$10.792,48 R$22.800,00 R$22.800,00 R$22.800,00 R$-

(−) Equ p C Det. 16 R$8,36 R$968,54 R$2.046,12 R$2.046,12 R$2.046,12 R$-

Serviços Terceirizados

R$335,17 R$38.815,07 R$82.000,00 R$82.000,00 R$82.000,00 R$-

(−) S v v Det. 17 R$73,57 R$8.520,38 R$18.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00 R$-

(−) S v u c Det. 17 R$49,05 R$5.680,25 R$12.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00 R$-

(−) S v í c f Det. 17 R$212,55 R$24.614,43 R$52.000,00 R$52.000,00 R$52.000,00 R$-

(−) Serviços de controle de qualidade das rações Det. 17 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Depreciação Det. 18 R$35.075,60 R$217.363,78 R$225.112,69 R$225.112,69 R$225.112,69 R$-

(=) EBIT

R$(50.920,58) R$628.477,38 R$1.583.979,52 R$1.583.979,52 R$1.583.979,52 R$618.998,87

(−) I p R / C bu S c Det. 2 R$(17.262,37) R$212.068,36 R$538.553,04 R$538.553,04 R$538.553,04 R$210.459,62

(=) Lucro Operacional Após o IR (NOPAT)

R$(33.658,20) R$416.409,01 R$1.045.426,48 R$1.045.426,48 R$1.045.426,48 R$408.539,25

(+) Depreciação Det. 18 R$35.075,60 R$217.363,78 R$225.112,69 R$225.112,69 R$225.112,69 R$-

(−) Investimentos

R$3.927.066,10 R$1.194.625,22 R$640.364,09 R$640.364,09 R$640.364,09 R$(1.838.725,22)

Animais de Produção

R$287.446,79 R$798.922,05 R$415.251,40 R$415.251,40 R$415.251,40 R$-

(−) M z Det. 19 R$271.017,65 R$751.677,24 R$384.770,08 R$384.770,08 R$384.770,08 R$-

(−) C ch Det. 20 R$16.429,14 R$47.244,82 R$30.481,32 R$30.481,32 R$30.481,32 R$-

Construção Civil

R$2.131.244,03 R$84.834,73 R$87.859,04 R$87.859,04 R$87.859,04 R$(1.317.885,60)

(−) T Det. 21 R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v Op Det. 21 R$1.587.655,88 R$63.197,06 R$65.450,00 R$65.450,00 R$65.450,00 R$(981.750,00)

Gestação

R$1.018.056,85 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$559.401,03 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) C u C v S v Sup Det. 22 R$543.588,15 R$21.637,67 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$(336.135,60)

Equipamentos

R$1.607.795,97 R$132.529,06 R$137.253,65 R$137.253,65 R$137.253,65 R$(442.999,29)

(−) Equ p j Det. 21 R$717.309,64 R$47.384,92 R$49.074,17 R$49.074,17 R$49.074,17 R$(245.370,83)

Gestação

R$56.463,59 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$653.199,63 R$- R$- R$- R$- R$-

150

(−) Equ p p Det. 21 R$684.837,16 R$45.239,81 R$46.852,59 R$46.852,59 R$46.852,59 R$(234.262,93)

Gestação

R$561.908,77 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$115.628,12 R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Equ p C Det. 21 R$36.459,79 R$7.074,69 R$7.326,89 R$7.326,89 R$7.326,89 R$36.634,47

Gestação

R$35.318,16 R$- R$- R$- R$- R$-

Maternidade

R$- R$- R$- R$- R$- R$-

(−) Ou Equ p Op S v Det. 23 R$11.445,16 R$2.220,83 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$-

(−) V ícu Det. 24 R$157.744,22 R$30.608,81 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$-

Capital de Giro Total

R$(99.420,69) R$178.339,38 R$- R$- R$- R$(77.840,33)

(−) E qu R Det. 3 R$316,73 R$8.321,13 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M c V c Det. 25 R$436,32 R$11.462,92 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu T I f c Det. 25 R$17,31 R$454,74 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M p C b u Det. 25 R$24,45 R$642,45 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu M L p z Det. 25 R$21,91 R$575,69 R$- R$- R$- R$-

(−) E qu I u p T D j Det. 25 R$4,63 R$121,59 R$- R$- R$- R$-

(−) F c c (c receber) Det. 25 R$- R$173.544,34 R$- R$- R$- R$-

(+) Financiamento por fornecedores (contas a pagar) Det. 25 R$100.242,05 R$16.783,47 R$- R$- R$- R$-

(=) FCLE

(Anos 0 e 1 com Referência para i=8%) R$(3.925.648,69) R$(560.852,42) R$630.175,08 R$630.175,08 R$630.175,08 R$2.247.264,47

151

APÊNDICE X: FLUXO E AVALIAÇÃO FINANCEIRA DO ENDIVIDAMENTO PELO PROGRAMA INOVAGRO

Benefício do

Endividamento Obs. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10

Valor da Dívida

R$1.000.000 R$900.000 R$800.000 R$700.000 R$600.000 R$500.000 R$400.000 R$300.000 R$200.000 R$100.000 R$-

Amortização

R$- R$100.000 R$100.000 R$100.000 R$100.000 R$100.000 R$100.000 R$100.000 R$100.000 R$100.000 R$100.000

Pagamento de Juros 4% R$- R$40.000 R$36.000 R$32.000 R$28.000 R$24.000 R$20.000 R$16.000 R$12.000 R$8.000 R$4.000

(+) Benefício Fiscal

da Dívida 34% R$- R$13.600 R$12.240 R$10.880 R$9.520 R$8.160 R$6.800 R$5.440 R$4.080 R$2.720 R$1.360

Taxa de Desconto a.a.: 7% 8% 9%

VPL do Benefício Fiscal da Dívida: R$59.817,29 R$58.122,72 R$56.516,69

152

APÊNDICE XI: DETALHAMENTO DOS ITENS DE FLUXO DE CAIXA

Det. 0 - Cronograma de Investimento e Ramp-Up de Produção

Antes de iniciar o detalhamento das contas, é importante explicar a lógica de crescimento

dos fluxos de caixa. O cronograma de investimentos na granja, considerando obras e instalação

do maquinário, não ocorre pontualmente no tempo e nem de maneira homogênea; assim como

não é instantânea a construção do plantel de matrizes, tampouco o crescimento das receitas e dos

gastos.

Por isto, para os dois primeiros anos fez-se uma projeção de fluxo de caixa mensal. O

cronograma de obras e instalação de equipamentos foi baseado no orçamento real de outra granja

em construção na época do trabalho. O exemplo de um cronograma de construção do plantel foi

passado pelo proprietário da fazenda estudada, assim como o crescimento das receitas. O

crescimento dos custos foi colocado acompanhando o crescimento do plantel. Todos os

reinvestimentos, se iniciam após findos os investimentos.

Cabe notar que, apesar do esforço, o cronograma utilizado ainda é uma aproximação da

realidade. O crescimento dos custos acompanhando o aumento do plantel, por exemplo, sugere

que os empregados vão sendo contratados aos poucos – conforme a entrada dos animais – o que

não é verdade. Entretanto, considera-se que as aproximações utilizadas melhoram a avaliação

financeira sem adicionar demasiada complexidade.

Det. 0 Cronograma de Investimentos e Ramp-up de Produção

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Distribuição do Investimento

em Construção e Equipamentos 2,06 4,3 6,05 5,81 12,64 11,12 17,00 11,11 15,87 13,96 - -

Reinvestimento em Construção

e Equipamento - - - - - - - - - - 100 100

Distribuição do Investimento

Inicial em Animais - - - - - - - - - - 15,07 15,07

Reinvestimento em Animais de

Produção - - - - - - - - - - - -

Crescimento Acumulado da

Receita - - - - - - - - - - - -

Crescimento Acumulado dos

Custos e Despesas - - - - - - - - - - 1,49 3,77

Mês 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Distribuição do Investimento

em Construção e Equipamentos - - - - - - - - - - - -

Reinvestimento em Construção

e Equipamento 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Distribuição do Investimento

Inicial em Animais 15,07 15,07 15,07 5,48 5,48 2,74 5,48 0,00 5,48 - - -

153

Reinvestimento em Animais de

Produção - - - - - - - - - 100 100 100

Crescimento Acumulado da

Receita - - - - 20,00 40,00 60,00 80,00 100 100 100 100

Crescimento Acumulado dos

Custos e Despesas 5,20 6,63 8,05 10,27 18,13 30,58 49,07 73,02 97,40 100 100 100

Os detalhamentos a seguir mostram os itens utilizados para previsão dos fluxos de caixa em

seu percentil máximo. Para os itens de investimento, a distribuição foi feita ao longo do período

até que todos os investimentos fossem realizados; e para itens correntes, utilizou-se os

crescimentos acumulados até que os itens atingissem sua totalidade.

Det. 1 - Receita

As receitas com animais novos foram estimadas tomando como base o peso de leitões

gerados em cada cenário, de acordo com os índices de produtividade estimados na Tabela 4. O

preço do cevado foi calculado pela média dos anos de 2013 e 2014 para o mercado de Minas

Gerais (R$ 3,76/kg)17

, e transformado no preço do leitão com um multiplicador de 4,25.

Já as receitas com animais descartados, foram estimadas considerando uma reposição de

40% do plantel por ano, um peso médio de 200kg do animal descartado, e um desconto de 35%

do valor da carne sobre o quilo do cevado. Considerou-se que não há venda de animais como

reprodutores.

Por fim, vale lembrar que as receitas foram aumentadas de acordo com o crescimento

acumulado mostrado no Det. 0.

Det. 1 Receita

Itens de Receita Miunça AS-IS/Modernizada ECO-BEA AS-IS ECO-BEA CS

Quantidade de leitões para terminação (kg) 362.225 253.913 259.138

Preço do leitão para terminação

(425% Cevado) R$15,97 R$15,97 R$15,97

Receita com leitões para terminação R$5.784.532,76 R$4.054.845,93 R$4.138.298,07

Quantidade de suínos descartados vendidos (kg) 172.000 102.400 102.400

Preço do suíno descartado (65% Cevado) R$2,44 R$2,44 R$2,44

Receita com suínos descartados R$420.090,77 R$250.100,55 R$250.100,55

17 Série de Preços do Suíno Vivo CEPEA: http://cepea.esalq.usp.br/suino/#

154

Quantidade de reprodutores(as) vendidos 0 0 0

Preço do(a) reprodutor(a) R$- R$- R$-

Receita com a venda de reprodutores(as) R$- R$- R$-

Total R$6.204.623,53 R$4.304.946,48 R$4.388.398,62

Det. 2 - Impostos

Para ICMS, utilizou-se o regime simplificado para produtores rurais, com a alíquota de 1%

sobre aplicada sobre a receita.

Para Imposto de Renda, utilizou-se a taxa 34% aplicada sobre o EBIT.

Det. 3 - Ração

O consumo de ração foi obtido pelos lançamentos da fazenda – considerando os diversos

tipos de ração dados na fase de gestação, na fase de maternidade e para os cachaços e treinamento

das primíparas nas máquinas de alimentação, por exemplo. O preço médio do quilo dos diversos

tipos de ração, assim com o consumo e custo total em cada fase estão dispostos abaixo. Para os

cenários construídos, considerou-se que não haveria alteração na curva de alimentação – mas um

aspecto importante deve ser ressaltado em relação à Miunça Modernizada.

Com a colocação dos dutos de distribuição de ração na Miunça Modernizada, seria normal se

esperar uma diminuição no desperdício de ração – em comparação com o modelo que considera a

distribuição manual. Contudo, para não se utilizar um fator arbitrário de economia, foi mantido o

mesmo consumo de ração, colocando-se os ganhos somente na economia de mão de obra.

Det. 3a Consumo Anual de Ração

Tipos de Ração Preço

Médio

Miunça AS-IS / Mod. ECO-BEA AS-IS / CS

Consumo (kg) Custo Consumo (kg) Custo

Rações para Gestação R$0,76 1.593.200 R$1.143.076,80 1.005.900 R$750.052,80

Rações para Maternidade R$0,81 769.000 R$610.089,60 562.125 R$445.203,00

Outras Rações (Reprodutor, Reposição) R$0,97 216.153 R$136.184,08 128.463 R$80.769,49

Total 2.578.353 R$1.889.350,48 1.696.488 R$1.276.025,29

Além do consumo anual de ração, verificou-se que as granjas mantinham um estoque

comum de alimentos no valor de R$ 18.000,00. Este estoque foi rateado igualmente entre ambos

155

os sítios, por acreditar-se que existe um ganho de escala, mas sem gerar diferenciação entre as

operações.

Det. 3b Estoque de Ração

Ração Valor do Estoque Critério de Rateio Investimento

Miunça AS-IS / Mod.

Investimento

ECO-BEA AS-IS / CS

Estoque de Ração R$18.000,00 Não Diferenciação R$9.000,00 R$9.000,00

Det. 4 - Medicamentos e Vacinas

O custo anual com medicamentos e vacinas foi obtido junto ao responsável pelas compras da

fazenda, que discriminou todos os itens consumidos, assim como a o sítio de destino de cada

item. Para medicamentos, não foi gerada nenhuma diferenciação entre os cenários atuais e os

cenários simulados.

Det. 4 Custo Anual com Medicamentos e Vacinas

Produtos Miunça AS-IS / Modernizada ECO-BEA AS-IS / CS

Medicamentos R$ 421.952,44 R$ 340.086,24

Vacinas R$ 188.872,10 R$ 112.444,78

Total R$ 610.824,54 R$ 452.531,02

Det. 5 - Tags de Identificação dos Animais

A estimativa dos custos com tags de identificação dos animais foi feita em conjunto com o

responsável pelas compras da fazenda e com o gerente das granjas. Assim, verificou-se a

quantidade de brincos e chips consumidos para reposição – assim como foi feito o cálculo para

investimento inicial com a construção do plantel.

Det. 5 Tags de Identificação dos Animais

Produtos Miunça AS-IS / Modernizada ECO-BEA AS-IS / CS Preço

Reposição Anual de Brincos (un.) 2.580 960 R$1,20

Reposição Anual de Chips (un.) 0 1.200 R$14,00

Total de Reposição R$3.096,00 R$17.952,00

Investimento Inicial em Brincos (un.) 2.150 1.280

Investimento Inicial em Chips (un.) 0 1.280

Total de Investimento Inicial R$2.580,00 R$19.456,00

156

Det. 6 - Materiais para Cobertura

O gasto anual com materiais para cobertura das fêmeas foi coletado com o responsável pelas

compras da fazenda. Como obteve-se somente um valor final para cada componente, foi

necessário realizar um rateio pelo número de coberturas realizado em cada granja.

Det. 6 Gasto Anual com Materiais para Cobertura

Produto Custo Anual Total ECO-BEA AS-IS / CS Miuça AS-IS / Modernizada

# Coberturas Custo Anual # Coberturas Custo Anual

Ampola R$15.080,00 3.350 R$5.551,43 5.750 R$9.528,57

Pipeta Leitoa R$23.400,00 3.350 R$8.614,29 5.750 R$14.785,71

Pipeta Matriz R$20.800,00 3.350 R$7.657,14 5.750 R$13.142,86

Diluente Longa Ação (5l) R$2.100,00 3.350 R$773,08 5.750 R$1.326,92

Diluente Comum (1l) R$675,00 3.350 R$248,49 5.750 R$426,51

Gel R$6.240,00 3.350 R$2.297,14 5.750 R$3.942,86

Manutenção do Laboratório R$600,00 3.350 R$220,88 5.750 R$379,12

Total R$68.895,00 - R$25.362,45 - R$43.532,55

Det. 7 - Produtos de Limpeza

O consumo anual de produtos de limpeza também foi estimado juntamente com o

responsável pelas compras das granjas. Todos os valores foram obtidos sem distinção dos sítios

nos quais eram consumidos. Assim, para os produtos de limpeza utilizados na desinfecção das

granjas foi feito um rateio com base nas áreas de produção; produtos de limpeza geral, como água

sanitária, rodos, vassouras, foram distribuídos igualmente; e produtos de higiene pessoal foram

rateados pelo número de funcionários.

Det. 7 Produtos de Limpeza

Rateio / Itens de Custo ECO-BEA AS-IS ECO-BEA CS Miunça AS-IS Miunça Mod.

Área das Granjas 6.000 6.226 9.700 9.700

Número de Empregados 12 12 34 30

Desinfecção das Granjas R$15.608,29 R$16.160,47 R$24.631,83 R$24.631,83

Limpeza Geral R$4.218,76 R$4.218,76 R$10.651,16 R$10.651,16

Higiene Pessoal R$2.347,87 R$2.347,87 R$6.652,29 R$5.869,67

Total R$22.174,92 R$22.727,10 R$41.935,28 R$41.152,66

157

Det. 8 - Insumos para Tratamento de Dejetos

Alguns dejetos sólidos da produção de suínos são tratados com o uso de palha de arroz. Este

insumo é resíduo de outros processos produtivos e o responsável pelas compras das granjas

estima que são utilizados duas caçambas de caminhão por mês – a um custo unitário de R$

200,00. É difícil estimar o uso da palha de arroz para cada granja, por isto optou-se pela não

diferenciação, dado que este não é um fator decisivo nos processos produtivos avaliados.

Det. 8 Insumos para Tratamento de Dejetos

Produto Consumo Anual Preço Custo Anual

ECO-BEA AS-IS / CS

Custo Anual

Miunça AS-IS / Modernizada

Palha de Arroz 48 R$200,00 R$4.800,00 R$4.800,00

Det. 9 - Folha de Pagamento das Operações

O custo da folha de pagamento das operações das granjas foi coletada diretamente com a

administração. Para o cenário da Miunça Modernizada, impôs-se a redução de custo de 12%,

proporcional ao número de empregados que sairiam com a entrada dos maquinários de

distribuição de ração.

Det. 9 Folha de Pagamento Anual das Operações (Mão de Obra Direta)

Áreas ECO-BEA AS-IS /CS Miunça AS-IS Miunça Modernizada

Total Anual Gestação R$79.189,76 R$255.207,05 R$225.182,69

Salários + Encargos R$74.696,96 R$238.733,45 R$210.647,16

Alimentação R$4.492,80 R$16.473,60 R$14.535,53

Total Anual Maternidade R$254.712,57 R$557.398,23 R$491.821,97

Salários + Encargos R$238.238,97 R$524.451,03 R$462.750,91

Alimentação R$16.473,60 R$32.947,20 R$29.071,06

Total R$333.902,33 R$812.605,28 R$717.004,66

Det. 10 - Folha de Pagamento de Suporte

A folha de pagamento referente aos empregados de suporte às operações também foi

coletada diretamente com a administração da granja, que já passou os valores considerando o

consumo dos recursos por cada sítio.

Det. 10 Folha de Pagamento Anual de Suporte

Áreas ECO-BEA AS-IS / CS Valor Miunça AS-IS / Modernizada

Gerência e Supervisão R$39.794,69 R$61.178,27

Salários + Encargos R$38.614,24 R$59.363,52

158

Alimentação R$1.180,45 R$1.814,75

Manutenção R$60.665,45 R$109.197,81

Salários + Encargos R$57.670,25 R$103.806,45

Alimentação R$2.995,20 R$5.391,36

Apoio R$55.768,78 R$97.148,98

Salários + Encargos R$51.725,26 R$93.105,46

Alimentação R$4.043,52 R$4.043,52

Total R$156.228,92 R$267.525,06

Det. 11 - Uniformes e EPIs

O gasto com uniformes e EPIs está condicionado ao número de funcionários em cada

granja. Assim, o gasto total coletado com o responsável pelas compras foi rateado pelo número

de pessoas.

Det. 11 Uniformes e EPIs

Produtos Consumo Anual Preço Valor ECO-BEA

AS-IS /CS

Valor Miunça

AS-IS

Valor Miunça

Modernizada

Roupa 232 R$32,00 R$1.936,70 R$5.487,30 R$4.841,74

Reparo de Roupas 1 R$1.200,00 R$313,04 R$886,96 R$782,61

Botas 180 R$32,00 R$1.502,61 R$4.257,39 R$3.756,52

Óculos 180 R$6,50 R$305,22 R$864,78 R$763,04

Toalhas 60 R$12,00 R$187,83 R$532,17 R$469,57

Total R$4.245,39 R$12.028,61 R$10.613,48

Det. 12 - Outros Benefícios Coletivos

Nas granjas estudadas, era oferecido um ônibus fretado para transportes dos trabalhadores

para os locais de sua residência. Nem todos faziam uso deste transporte e, para não gerar

diferenciação entres os modelos, o custo mensal do ônibus foi rateado igualmente entre ambas as

unidades.

Det. 12 Benefícios

Produtos Consumo Anual Preço Valor ECO-BEA

AS-IS /CS

Valor Miunça

AS-IS / Modernizada

Transporte (Ônibus Fretado) 12 R$5.800,00 R$34.800,00 R$34.800,00

Total R$34.800,00 R$34.800,00

159

Det. 13 - Energia Elétrica, Água e GLP

Os valores de energia e GLP consumidos na ECO-BEA e Miunça AS-IS foram coletados

com a administração da fazenda, e toda a água utilizada é coletada no em uma nascente local.

Contudo, os ajustes para os cenários de Cobre e Solta e Miunça Modernizada tiveram que ser

realizados.

Para o cenário Cobre e Solta, verificou-se que o consumo de energia das máquinas de

alimentação individual é insignificante – podendo ser utilizado o mesmo valor do cenário atual.

Já para a Miunça Modernizada, fez-se uma estimativa com base nos sistemas de transporte de

ração encontrados nos galpões da ECO-BEA. Foi suposto que cada galpão se utilizaria de seis

motores de 1cv para transporte da ração – sendo os da gestação ligados por quarenta minutos

apenas na parte da manhã, e os da maternidade duas vezes ao dia. Este custo foi adicionado ao

valor de energia elétrica dado pela administração.

Det. 13a Energia Elétrica, Água e GLP

Produtos Valor ECO-BEA 40/CS Valor Miunça As-Is Valor Miunça Modernizada

Água R$- R$- R$-

Energia Elétrica R$10.410,53 R$58.993,03 R$61.715,64

GLP R$69.251,28 R$- R$-

Total R$79.661,81 R$58.993,03 R$61.715,64

Det. 13b Ajustes para a Miunça Modernizada Tarifa Utilizada R$0,21

Item Quantidade de Motores Potência (KW) Horas funcionamento / dia Ajuste

Dutos de Ração da Gestação 36 0,74 0,7 R$1.361,30

Dutos de Ração da Maternidade 18 0,74 1,3 R$1.361,30

160

Det. 14 - Comunicação

Os valores mensais das contas de telefonia e internet utilizadas na granja foram coletadas

com o responsável por compras. Para não gerar diferenciação, e pela dificuldade de definir uma

partilha de uso, o valor foi repartido igualmente entre as granjas.

Det. 14 Comunicação

Produtos Consumo Anual Preço Valor ECO-BEA AS-IS / CS Valor Miunça AS-IS / Modernizada

Internet 12 R$550,00 R$3.300,00 R$3.300,00

Telefonia Fixa 12 R$240,00 R$1.440,00 R$1.440,00

Telefonia Celular 12 R$2.600,00 R$15.600,00 R$15.600,00

Total R$20.340,00 R$20.340,00

Det. 15 - Veículos

O gasto com combustíveis é o único corrente com veículos para as granjas estudadas,

tendo sido estimado juntamente com o responsável por compras da fazenda. Assim como a

comunicação, este gasto é difícil de ser rateado e não é afetado pelos modelos de produção das

granjas estudadas, assim, preferiu-se dividi-lo igualmente.

Det. 15 Veículos

Produtos Valor Total Valor ECO-BEA AS-IS / CS Valor Miunça AS-IS / Modernizada

Combustível Carros (Gasolina) R$21.600,00 R$10.800,00 R$10.800,00

Combustível Tratores (Diesel) R$24.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00

Total R$22.800,00 R$22.800,00

Det. 16 - Equipamentos em Comodato

Verificou-se apenas o equipamento de corte de rabo e vacinação dos leitões como em

comodato. O custo foi alocado para cada uma das granjas.

Det. 16 Equipamentos em Comodato

Equipamento Custo Anual ECO-BEA AS-IS / CS Custo Anual Miunça AS-IS / Modernizada

Máquina de Corte de Rabo e Vacina R$2.046,12 R$2.046,12

161

Det. 17 - Serviços Terceirizados

Os valores pagos pelos serviços terceirizados da fazenda foram divididos igualmente entre as

granjas para não gerarem diferenciação nas análises financeiras. Isto, pois, acredita-se que cada

granja individualmente teria o mesmo gasto com estes serviços, não sendo justo onerar a granja

com maior escala.

Det. 17 Serviços Terceirizados

Produtos Consumo Anual Preço Valor ECO-BEA

AS-IS / CS

Valor Miunça

AS-IS/ Modernizada

Consultoria Nutricional 12 R$2.000,00 R$12.000,00 R$12.000,00

Veterinário 12 R$3.000,00 R$18.000,00 R$18.000,00

Frete para Transporte de Leitões 520 R$200,00 R$52.000,00 R$52.000,00

Total R$82.000,00 R$82.000,00

Det. 18 - Depreciação

A partir dos investimentos estimados, descritos nos detalhamentos que se seguem, foi

calculada a despesa anual com depreciação. Para as construções, estimou-se um período de

depreciação de 25 anos; para os equipamentos de alojamento (gaiolas, divisórias) e de

alimentação (cochos, maquinas de alimentação) foi utilizado um período de 15 anos; e para os

demais ativos, como computadores e veículo, utilizou-se um período de cinco anos.

Vale destacar que, por simplificação, o valor da depreciação foi utilizado como valor de

reinvestimento.

Det. 18 Depreciação Anual

Investimentos Períodos ECO-BEA AS-IS ECO-BEA CS Miunça AS-IS Miunça Mod.

Construção Civil da Operação 25 R$62.890,00 R$65.450,00 R$101.137,50 R$101.137,50

Construção Civil de Serviços de

Suporte 25 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04 R$22.409,04

Equipamentos de Alojamento

dos Animais 15 R$55.502,97 R$49.074,17 R$72.123,20 R$72.123,20

Equipamentos para Alimentação 15 R$40.066,76 R$46.852,59 R$15.080,32 R$48.521,92

Equipamentos de Controle 5 R$4.979,42 R$7.326,89 R$- R$-

Outros Equipamentos de

Operações e Serviços 5 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00 R$2.300,00

Veículos 5 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00 R$31.700,00

Total R$219.848,19 R$225.112,69 R$244.750,06 R$278.191,66

162

Det. 19 - Investimento e Reposição de Matrizes

Para investimento em matrizes suínas, considerou-se a compra de animais com 200kg ao

preço do cevado calculado pela média dos anos de 2013 e 2014 para o mercado de Minas Gerais

(R$ 3,76/kg) – como visto no Detalhamento da Receita. Há um investimento inicial nos animais

para construção do plantel, e posteriormente a compra de matrizes para a reposição prevista de

40% do plantel por ano.

Vale destacar que o investimento inicial no plantel é distribuído ao longo de alguns meses, e

não ocorre todo no mesmo momento. O crescimento do plantel está representado no Det. 0.

Det. 19 Investimento / Reposição de Matrizes

Produtos ECO-BEA

AS-IS / CS

Miunça

AS-IS / Mod. Peso das Marrãs (kg) Preço/kg

Investimento Inicial em Marrãs (# de animais) 1.280 2.150 200 R$3,76

Custo do Investimento em Marrãs R$961.925,20 R$1.615.733,74

Reposição de Marrãs (# de animais) 512 860

Custo da Reposição de Marrãs R$384.770,08 R$646.293,50

Det. 20 - Investimento e Reposição de Cachaços

Assim como nas matrizes, a compra de cachaços também passa por um investimento inicial,

e pela posterior reposição dos animais. O número de animais e os preços foram verificados com o

responsável pelas compras da fazenda.

Det. 20 Investimento Inicial / Reposição de Cachaços

Produtos # de Animais Preço Valor ECO-BEA

AS-IS / CS

Valor Miunça

AS-IS / Mod.

Investimento Cachaços Comerciais (LM Supremo) 12,0 R$13.000,00 R$57.428,57 R$98.571,43

Investimento Cachaços Genética

( LW e Landrace) 6,0 R$400,00 R$883,52 R$1.516,48

Custo do Investimento em Cachaços - - R$58.312,09 R$100.087,91

Reposição Anual Cachaços Comerciais

(LM Supremo) 6,0 R$13.000,00 R$28.714,29 R$49.285,71

Reposição Anual Cachaços Genética

( LW e Landrace) 12,0 R$400,00 R$1.767,03 R$3.032,97

Custo da Reposição de Cachaços - - R$30.481,32 R$52.318,68

Det. 21 - Construção Civil da Operação

O valor da construção civil de cada cenário de operação teve que ser estimado, pois a

administração da Fazenda Miunça não possui um controle detalhado sobre este item, e tampouco

seriam valores atualizados (dada a construção da ECO-BEA em 2011 e da Miunça antes de

163

1995). A partir disto, decidiu-se que ao invés de se estimar o custo das instalações exatamente

existentes, seria interessante orçar as instalações com plantel e produtividades semelhantes.

O primeiro passo, então, foi calcular a quantidade de gaiolas, espaços de baia e

equipamentos necessários para cada cenário (tanto para gestação quanto para maternidade) . Com

o auxílio da especialista em produção de suínos M.Sc. Juliana Ribas, e as variáveis de entrada

foram definidas e os resultados calculados. A definição das áreas necessárias tomou como base a

Diretiva 2008/120/EC da União Europeia.

Variáveis de Entrada Definições

Número de matrizes Cálculo com base no plantel médio da Miunça e ECO-BEA para 2012 e 2013

Perdas gestacionais Calculado para 90% de taxa de parição - dado que os atuais 93% das granjas da Fazenda Miunça

são elevados demais para benchmarking

Período de gestação Baseado na Miunça e ECO-BEA - 117, aproximadamente

Taxa de reposição Padrão utilizado na ECO-BEA e Miunça: 40% do plantel

Idade Entrada na Gaiola Para Miunça, utilizou-se 150 dias, considerando a entrada direto da compra para a gaiola. Na

ECO-BEA, utilizou-se 205, considerando 15 dias para o flushing.

Idade Cobertura Prática utilizada hoje na Miunça e ECO-BEA, inseminação com 7,3 meses ou 220 dias.

Período de permanência na

gestação 42 dias para a ECO-BEA 42, 3 dias para o Cobre e Solta, e 114 dias para a Miunça

Período de adaptação na

maternidade Prática na Miunça e ECOBEA: 3 dias

Dias de lactação 24 dias - Média na Miunça e ECO-BEA

Período de lavação Padrão de 7 dias recomendado pelo Manual de Boas Práticas da Associação de Produtores

Nascidos Totais por Matriz Calculados individualmente a partir dos dados das granjas e do experimento de Cobre e Solta

realizado na ECO-BEA

Mortalidades na maternidade

e nascidos mortos

Calculados individualmente a partir dos dados das granjas e do experimento de Cobre e Solta

realizado na ECO-BEA

Necessidade de Baias e Máquinas

ECO-BEA 42

Gaiolas de Gestação 486 Sólida Ranhada Total

Espaços em baia leitoas 696 Comedouros para Matrizes 9 Área para Matrizes 905 662 1567

Espaços em baia marrãs 79 Comedouros para Marrãs 1 Área para Marrãs 75 54 129

Gaiolas de Maternidade 296 + 1 máquina tonta

ECO-BEA Cobre e Solta

Gaiolas de Gestação 108 Sólida Ranhada Total

Espaços em baia leitoas 1074 Comedouros para Matrizes 14 Área para Matrizes 1396 1020 2416

Espaços em baia marrãs 79 Comedouros para Marrãs 1 Área para Marrãs 75 54 129

Gaiolas de Maternidade 296 + 1 máquina tonta

Miunça

Gaiolas de Gestação 2116

164

Gaiolas de Maternidade 497

Recomendações da Diretiva 2008/120/EC da União Europeia - Artigo 318

“Item 1b: The total unobstructed floor area available to each gilt after service and to each sow when gilts and/or sows are

kept in groups must be at least 1,64 m2 and 2,25 m2 respectively. When these animals are kept in groups of fewer than six

individuals the unobstructed floor area must be increased by 10 %. When these animals are kept in groups of 40 or more

individuals the unobstructed floor area may be decreased by 10 %.”

“Item 2a: for gilts after service and pregnant sows: a part of the area required in paragraph 1(b), equal to at least 0,95 m2

per gilt and at least 1,3 m2 per sow, must be of continuous solid floor of which a maximum of 15 % is reserved for

drainage openings;”

Com as áreas, gaiolas e necessidade de maquinários calculados, utilizou-se o orçamento de

outra granja, em construção na época de realização do trabalho, para estimar os valores dos

cenários propostos. Este orçamento foi gentilmente cedido por um conhecido do Sr. Rubens

Valentini, e continha não somente o valor das obras, como também da maior parte dos

maquinários – como bebedouros, máquinas de alimentação, etc.

Assim, os valores dos prédios foram calculados para cada um dos cenários foi calculado com

base no custo médio da área construída do orçamento de base. Os equipamentos de alojamento

dos animais (gaiolas, escamoteadores, divisores de baias, cortinados, etc.), os equipamentos de

alimentação (cochos, drops, dutos de transporte de ração, máquinas de alimentação, bebedouros,

etc.) e os equipamentos de controle (computadores e leitores de chip) tiveram seu valor individual

coletado e multiplicado pela quantidade necessária.

Det. 21 Construção Civil da Operação

Setores ECO-BEA AS-IS ECO-BEA CS Miunça AS-IS Miunça Mod.

Prédios Gestação

- 1 galpão com 500

gaiolas

- 1 galpão com 10

baias

- 1 galpão com 8

baias e 60 gaiolas

- 1 galpão com 7

baias e 48 gaiolas

- 6 galpões com 355

gaiolas

- 6 galpões com 355

gaiolas

Valor da Construção R$992.000,00 R$1.056.000,00 R$1.555.200,00 R$1.555.200,00

Prédios Maternidade - 1 galpão com 296

gaiolas

1 galpão com 296

gaiolas

- 3 galpões com 166

gaiolas

- 3 galpões com 166

gaiolas

Valor da Construção R$580.250,00 R$580.250,00 R$973.237,50 R$973.237,50

Equipamentos Gestação R$660.960,96 R$678.053,67 R$747.780,00 R$1.091.580,00

18 http://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/PDF/?uri=CELEX:32008L0120&from=EN

165

Equipamentos de Alojamento dos

Animais R$155.000,00 R$58.568,00 R$619.980,00 R$619.980,00

Equipamentos para Alimentação R$481.063,84 R$582.851,20 R$127.800,00 R$471.600,00

Equipamentos de Controle R$24.897,12 R$36.634,47 R$- R$-

Equipamentos Maternidade R$797.482,08 R$797.482,08 R$560.272,80 R$718.096,80

Equipamentos de Alojamento dos

Animais R$677.544,48 R$677.544,48 R$461.868,00 R$461.868,00

Equipamentos para Alimentação R$119.937,60 R$119.937,60 R$98.404,80 R$256.228,80

Equipamentos de Controle R$- R$- R$- R$-

Total R$3.030.693,05 R$3.111.785,76 R$3.836.490,30 R$4.338.114,30

Det. 22 - Construção Civil de Serviços de Suporte

O valor investido na construção civil dos serviços de suporte foi estimado da mesma maneira

do que a operação – com base no orçamento de outra granja construída na época de realização do

trabalho. Entretanto, como estes serviços são partilhados pelas unidades produtivas, seus custos

foram divididos igualmente – pois não se acredita que a eliminação de uma das granjas reduziria

estes custos de maneira significativa. Assim, não se deseja gerar diferenciação a partir dos

serviços de suporte.

Det. 22 Construção Civil de Serviços de Suporte

Setores Valor ECO-BEA AS-IS / CS Valor Miunça AS-IS / Modernizada

Escritório + Cozinha + Lavanderia R$90.376,50 R$90.376,50

Compostagem R$366.151,00 R$366.151,00

Composteira R$21.259,00 R$21.259,00

Transbordo R$66.119,50 R$66.119,50

Galpão para Cachaços + Laboratório R$16.320,00 R$16.320,00

Total R$560.226,00 R$560.226,00

Det. 23 - Outros Equipamentos de Operação e Serviços (Comprados)

Os valores de outros equipamentos de operações e serviços não incluídos como

equipamentos da construção foram orçados individualmente no mercado – com consultas a sites

de lojas especializadas. Os equipamentos compartilhados entre as granjas e com difícil rateio

foram divididos igualmente para não gerar diferenciação entre os modelos.

166

Det. 23 Outros Equipamentos de Operação e Serviços (Comprados)

Equipamento Preço Custo ECO-BEA 40/CS Custo Miunça As-Is/Modernizada

Lavadora de Alta Pressão R$2.000,00 R$2.000,00 R$2.000,00

Equipamentos do Laboratório R$9.500,00 R$4.750,00 R$4.750,00

Microscópio R$2.000,00 R$1.000,00 R$1.000,00

Geladeira R$1.000,00 R$500,00 R$500,00

Balança R$4.000,00 R$2.000,00 R$2.000,00

Estufa R$1.500,00 R$750,00 R$750,00

Banho-maria R$1.000,00 R$500,00 R$500,00

Total R$11.500,00 R$11.500,00

Det. 24 - Veículos

Os veículos utilizados são compartilhados entre ambas as operações – e seus valores foram

estimados com base em pesquisas em diversos sites especializados. Os investimentos foram

divididos igualmente por ser difícil estimar um rateio justo, e para não gerar diferenciações

incertas entre as granjas.

Det. 24 Veículos

Equipamento Preço Custo ECO-BEA 40/CS Custo Miunça As-Is/Modernizada

Carro Passeio Compacto R$25.000,00 R$12.500,00 R$12.500,00

Picape Pequena R$37.000,00 R$18.500,00 R$18.500,00

Trator Agrícola Pequeno R$85.000,00 R$42.500,00 R$42.500,00

Trator Agrícola Pequeno R$85.000,00 R$42.500,00 R$42.500,00

Trator Carregadeira Pequeno R$85.000,00 R$42.500,00 R$42.500,00

R$158.500,00 R$158.500,00

Det. 25 - Políticas de Estoque e Financiamento

Ao contrário do controle de ração, que é feito de maneira mais rigorosa com lançamentos no

sistema, outros itens que compõem o Capital de Giro das granjas não tem seu controle tão

rigoroso. Assim, as políticas de estoque e financiamento foram estabelecidas juntamente com os

gerentes das granjas e com o proprietário da fazenda.

Os seguintes valores foram utilizados no cálculo do investimento necessário.

167

Det. 25 Políticas de Estoque e Financiamento

Política de Estoques

Medicamentos e Vacinas Estoque para 10 dias

Tags de Identificação dos Animais Estoque para 10 dias

Materiais para Cobertura Estoque para 10 dias

Materiais de Limpeza Estoque para 10 dias

Insumos para Tratamento de Dejetos Estoque para 10 dias

Política de Financiamento

Prazo de pagamento concedido aos clientes 15 dias

Prazo de pagamento dado pelos fornecedores 20 dias

168

ANEXO I. PRINCÍPIOS DE BEA DA OIE

Quadro 37 - Comentários Sobre os Princípios de BEA da OIE

Princípios da OIE Colocações de Fraser et al. (2013)

Princípio 1:

A seleção genética deve sempre levar em

consideração a saúde e bem-estar dos

animais.

A seleção genética com foco em aumento de produtividade

pode gerar problemas para os animais, como o caso de

bovinos selecionados para possuírem maior musculatura –

que acabam gerando fetos incompatíveis com o tamanho da

pélvis das vacas.

Princípio 2:

O ambiente físico, incluindo o substrato

(superfície de movimentação, de

descanso, etc.) deve ser adaptado para as

espécies e raças para que minimize o

risco de lesões e transmissão de doenças

ou parasitas para os animais.

Os autores colocam que alguns ambientes onde os animais

são mantidos contribuem diretamente para lesões nos

animais. Como exemplo, são citados os suínos mantidos em

piso de concreto que podem gerar lesões por pressão em

protuberâncias de ossos, como os ombros. Pisos com fendas

para coleta de dejetos também podem gerar lesões nos cascos

dos suínos, especialmente caso as dimensões não sejam

adequadas.

Princípio 3:

O ambiente físico deve permitir um

descanso confortável, seguro e

movimentos confortáveis, incluindo

mudanças normais de postura, e a

oportunidade de realizar tipos de

comportamento natural que os animais

são motivados a realizar.

Alguns tipos de ambientes podem levar a problemas de bem-

estar por restringirem os movimentos básicos e

comportamentos dos animais – o que pode levar a

comportamentos anormais, frustração e estresse psicológico.

Diversos desses problemas são gerados por superpopulação

de animais – tal como maior agressão, lesões e estresse em

matrizes gestantes. Ou pela restrição de movimentos gerada

em gaiolas – como nas galinhas poedeiras que são impedidas

de fazerem ninhos, um comportamento instintivo.

Princípio 4:

O agrupamento social de animais deve ser

gerido para permitir o comportamento

social positivo e minimizar lesões,

estresse e medo crônico.

Animais de produção são, por vezes mantidos em grupos

artificiais que podem, buscar interação social positiva ou

levar a agressões. Matrizes suínas, por exemplo, reconhecem

e respondem em paz a animais familiares, mesmo depois de

semanas de separação. Machos contudo, deixam seus grupos

na natureza quando atingem a maturidade sexual, e caso

sejam confinados com outros machos – isto pode gerar

agressões.

Princípio 5:

A qualidade, temperatura e humidade do

ar em espaços confinados deve suportar a

boa saúde do animal, e não ser aversivos

para os mesmos. Onde condições

extremas acontecem, os animais não

devem ser privados de utilizarem seus

métodos naturais de termo-regulação.

Os autores colocam que em galpões fechados de suínos, a

amônia e outros gases provenientes dos dejetos porem irritar

o trato respiratório dos animais, e o gás sulfídrico que pode

surgir quando o esterco é bombeado pode até mesmo ser

fatal.

Princípio 6:

Os animais devem ter acesso a água e

alimento suficientes, adequados para as

suas idades e necessidades, para manter a

saúde a produtividade e para prevenirem

Muitas décadas de pesquisa nutricional levaram a criação de

alimentos que atendem exatamente as necessidades dos

animais. Contudo, deve-se alertar para falhas como

micotoxinas nos alimentos.

169

fome, sede, desnutrição e desidratação

prolongada.

Princípio 7:

Doenças e parasitas devem ser prevenidas

e controladas o tanto quanto possível pelo

uso de boas práticas de manejo. Animais

com sérios problemas de saúde devem ser

isolados e tratados imediatamente ou

mortos humanamente caso o tratamento

não seja factível ou a recuperação

improvável.

Em sistemas de suínos, por exemplo, práticas rotineiras de

lavagem e desinfecção das acomodações entre lotes (com

esvaziamento total dos galpões para limpeza) podem evitar o

espalhamento de doenças, pois reduzem a concentração de

microrganismos.

Princípio 8:

Onde procedimentos dolorosos não

podem ser evitados, a dor gerada deve ser

tratada até onde os métodos atuais

permitem

Procedimentos como a castração foram identificados como

sendo dolorosos, dada a vocalização, reações físicas e

alterações hormonais nos animais. Em suínos, o lixamento

dos dentes de leitões para que não machuquem as tetas das

matrizes é por vezes feito. Mas sugere-se, por exemplo, uma

realização seletiva, mantendo os dentes dos leitões mais

fracos para que possam competir com os outros pelo leite.

Princípio 9:

O manejo de animais deve buscar uma

relação positiva entre humanos e animais,

e não deve causar lesões, pânico, medo

permanente ou estresse desnecessário.

A melhoria da relação homem animal não somente reduz o

estresse como facilita a alta produtividade em animais de

fazenda. Um manejo ruim pode afetar a saúde dos animais e

em menores taxas de crescimento e reprodução. Vacas

leiteiras, por exemplo, quando sujeitas a um manejo

agressivo, tem uma menor produção total de leite.

Os autores ressaltam ainda, que a seleção dos empregados é

uma importante oportunidade para melhoria do bem-estar e

da produtividade dos animais. Estudos passados mostram que

manejos com atitudes positivas para com os animais

geralmente atingem um desempenho comercial superior.

Ludtke e Dalla Costa (2007) chamam atenção também para a

necessidade de treinamento de pessoal, para que sejam

adotados princípios éticos que respeitem e tragam boas

condições aos animais, até mesmo na fase de pré-abate.

O FAWC (2011) considera que o manejo, treinamentos e a

supervisão são fatores chave o cuidado com os animais. A

organização coloca ainda, que modelos de gestão são

aceitáveis, mas sem o manejo competente o bem-estar dos

animais não pode ser assegurado corretamente.

Princípio 10:

Os donos e empregados que realizam o

manejo devem ter conhecimentos e

habilidades suficientes para garantir que

animais sejam tratados de acordo com

estes princípios.

Pesquisas mostram que o manejo e a produtividade podem ser

melhoradas com programas de treinamento voltados para as

atitudes e o comportamento dos empregados quanto aos

animais – podendo, também, eliminar instrumentos de

manejo como bastões de choque.

Fonte: Adaptado de Fraser et al. (2013)