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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA MARA FERREIRA VENTURA E SILVA REFLEXÕES SOBRE O TRÂNSITO DO BAIRRO DO PECHINCHA E ADJACÊNCIAS, JACAREPAGUÁ, CIDADE DO RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

MARA FERREIRA VENTURA E SILVA REFLEXÕES SOBRE O TRÂNSITO DO BAIRRO DO PECHINCHA E ADJACÊNCIAS,

JACAREPAGUÁ, CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro 2015

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MARA FERREIRA VENTURA E SILVA

REFLEXÕES SOBRE O TRÂNSITO DO BAIRRO DO PECHINCHA E ADJACÊNCIAS, JACAREPAGUÁ, CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Monografia de Conclusão apresentada ao CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA, pós-graduação, lato sensu da Escola Politécnica da UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Certificado de Especialista em Engenharia Urbana.

Rio de Janeiro 2015

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Ficha Catalográfica

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica. Curso de Especialização em Engenharia Urbana

Título do Trabalho. Cidade do Rio de Janeiro

por Mara Ferreira Ventura e Silva – Rio de Janeiro, 2015.

91 p. Trabalho de Conclusão – 2015

1. Mobilidade Urbana 2. Pechincha, Jacarepaguá. 3. Saturação do Trânsito

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MARA FERREIRA VENTURA E SILVA

REFLEXÕES SOBRE O TRÂNSITO DO BAIRRO DO PECHINCHA E ADJACÊNCIAS, JACAREPAGUÁ, CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro 2015

___________________________________________________ Orientador, Prof. Rosane Martins Alves, D. Sc. PEU/Poli/UFRJ

_____________________________________________________ Coordenador, Prof. Rosane Martins Alves, D. Sc. PEU/Poli/UFRJ

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Engarrafamento na Avenida Geremário Dantas no Largo da Freguesia flagrado

pela câmera de Monitoramento da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro,

em 2012.....................................................................................................................................14

Figura 2 – Mapa Francês do Rio de Janeiro da época do descobrimento do Brasil

1555...........................................................................................................................................19

Figura 3 – Cartão Postal da Pedra do Galo com o Morro da Penna, vista da Igreja Nossa

Senhora da Penna no topo e a Matriz de Nossa Senhora do Loreto mais

abaixo........................................................................................................................................20

Figura 4 – Igreja Nossa Senhora do Loreto e ao fundo Avenida Geremário Dantas

1960...........................................................................................................................................21

Figura 5 – Praia D. Manuel e Cais Pharoux em 1840 na Praça XV........................................23

Figura 6 – Inauguração da Estrada de Ferro de D. Pedro II 1858 (atual Estrada de Ferro

Central do Brasil)......................................................................................................................24

Figura 7 – Marinheiros e um bonde puxado a burros em 1908...............................................25

Figura 8 – Autoridades, inclusive o Presidente Marechal Floriano Peixoto na Inauguração do

1° Bonde Elétrico do Rio de Janeiro em 12 de outubro de 1892..............................................27

Figura 9 – Bonde Carioca recebe Juscelino Kubitschek em 1958...........................................27

Figura 10 – Vista da Avenida Geremário Dantas e Linha Amarela nos bairros da Freguesia e

Pechincha..................................................................................................................................31

Figura 11 – Mapa da Região destacando o trecho descrito.....................................................32

Figura 12 – Divisão do Projeto de Estruturação Urbana – PEU Taquara, 2004 entre as

Unidades Espaciais de Planejamento UEPS 42 e 43................................................................35

6

Figura 13 – Divisão do Zoneamento dos Usos Urbanos do Projeto de Estruturação Urbana –

PEU Taquara, 2004 para as Unidades Espaciais de Planejamento UEPS 42 e

43...............................................................................................................................................36

Figura 14 – Vista do adensamento de edifícios na região da Freguesia e Pechincha,

destacando ao centro a Estrada do Tindiba...............................................................................43

Figura 15 – Mapa demonstrativo das vias de acesso da região estudada,

2015...........................................................................................................................................53

Figura 16 – Mapa destacando os nós e PGT’s do trecho estudado, 2015................................54

Figura 17 – Foto da Saída 1A da Linha Amarela na chegada a Avenida Geremário

Dantas........................................................................................................................................55

Figura 18 – Calçadas no bairro da Freguesia tomadas por ambulantes...................................62

Figura 19 – Foto da fumaça do incêndio ocorrido no ônibus dentro do túnel da Covanca na

Linha Amarela, 2011.................................................................................................................64

Figura 20 – Motoristas saem de seus carros no trânsito parado na Freguesia,

2014...........................................................................................................................................66

Figura 21 – Auto Estrada Grajaú-Jacarepaguá (Futura Avenida Menezes Cortes) Final da

década de 1940..........................................................................................................................67

Figura 22 – Obras da Geo-Rio na Avenida Menezes Cortes (Auto Estrada Grajaú-

Jacarepaguá), 2010....................................................................................................................69

Figura 23 – Carros estacionados na lateral da via e morador da comunidade trafegando pela

pista na Avenida Menezes Cortes (Auto Estrada Grajaú-Jacarepaguá),

2013...........................................................................................................................................70

Figura 24 – Linhas Policromáticas do Plano Doxíadis elaboradas para planejamento

urbanístico realizado em 1960 para o Rio de Janeiro...............................................................71

7

Figura 25 – Construção do túnel da Linha Amarela e paisagem ao fundo do bairro da

Freguesia com a Igreja Nossa Senhora da Penna no topo da Pedra do Galo,

1997...........................................................................................................................................72

Figura 26 – Construção do túnel da Linha Amarela e paisagem ao fundo do bairro da

Freguesia, 1997.........................................................................................................................72

Figura 27 – Seção tipo para implantação do BRT TransCarioca também adotado no BRT

TransOeste, 2009......................................................................................................................74

Figura 28 – Percurso realizado pelo sistema BRT TransCarioca, 2011..................................76

Figura 29 – Ônibus articulado no Terminal Alvorada com destino Terminal Tanque utilizado

em primeira viagem no sistema BRT Transcarioca, 2014........................................................78

Figura 30 – Esquema de demonstração das conexões entre modais e linhas alimentadoras,

2015...........................................................................................................................................78

Figura 31 – Imagem do entroncamento da Avenida Geremário Dantas e a Rua José Silva,

2015...........................................................................................................................................81

Figura 32 – Sugestão esquemática para mudança no trânsito da Rua Lopo Saraiva,

2015...........................................................................................................................................84

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Índices Urbanos aplicados ao Uso do Solo para a XVI-RA Jacarepaguá,

2000...........................................................................................................................................33

Tabela 2 – Índices Urbanos aplicados ao Uso do Solo para os bairros da XVI-RA

Jacarepaguá, 1999.....................................................................................................................34

Tabela 3 – Índices Populacionais da AP-4, XVI-RA Jacarepaguá,

2010...........................................................................................................................................39

Tabela 4 – Índices sobre a tipologia residencial da AP-4, XVI-RA Jacarepaguá,

2013...........................................................................................................................................40

Tabela 5 – Característica dos moradores da AP-4, XVI-RA Jacarepaguá,

2010...........................................................................................................................................41

Tabela 6 – Faixa salarial dos chefes de domicilio da AP-4, XVI-RA Jacarepaguá,

1991...........................................................................................................................................42

Tabela 7 – Comparativo de 2003 x 2012 para viagens segundo o modo motorizado e não

motorizado do Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro,

2013...........................................................................................................................................56

Tabela 8 – Comparativo 2003 x 2012 divisão modal das viagens motorizadas do Plano

Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2013............................................................57

Tabela 9 – Distribuição das viagens por modo de transporte segundo a macrozona de origem

do Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2010.............................................58

Tabela 10 – Distribuição das viagens por modo de transporte segundo o domicílio de origem

por macrozona no Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro,

2010...........................................................................................................................................59

9

Tabela 11 - Comparativo 2003 x 2012 viagens diárias por habitante da Região Metropolitana

do Rio de Janeiro do Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro,

2013...........................................................................................................................................60

Tabela 12 – Tempo total de viagem por modo de transporte em valores percentuais do Plano

Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2010............................................................63

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................12

1.1 Contextualização do problema............................................................................................13

1.2 Objetivo...............................................................................................................................14

1.3 Justificativa.........................................................................................................................15

1.4 Metodologia........................................................................................................................16

1.5 Estrutura do Trabalho..........................................................................................................16

2. ÁREA DE ESTUDO – BAIRROS: TANQUE, PECHINCHA, FREGUESIA......................17

2.1 Histórico do Bairro - de Jacarepaguá aos atuais bairros do Tanque, Pechincha e

Freguesia.............................................................................................................................17

2.2 Características do Bairro.....................................................................................................31

2.2.1 Uso e Ocupação do Solo..................................................................................................31

2.2.2 Conexão entre Bairros.....................................................................................................38

2.2.3 Características da Habitação e População.......................................................................38

2.2.4 Valorização Imobiliária na Região..................................................................................42

3. MOBILIDADE URBANA E TRANSPORTES.....................................................................43

3.1 Mobilidade e Acessibilidade Urbana..................................................................................49

3.2 Rede de Vias.......................................................................................................................52

3.3 Principais Meios de Transporte na Região.........................................................................55

3.3.1 Pedestres e Ciclistas.........................................................................................................61

3.3.2 Transportes Coletivos......................................................................................................62

11

3.3.3 Veículos Individuais........................................................................................................63

3.4 Marcos de Colapso Urbano no Tráfego da Região.............................................................64

4. IMPACTOS DAS INTERVENÇÕES EXECUTADAS NO BAIRRO E ENTORNO..........66

4.1 Implantação da Auto Estrada Grajaú-Jacarepaguá.............................................................67

4.2 Implantação da Via Expressa Linha Amarela.....................................................................70

4.3 Implantação do Sistema BRT TransCarioca.......................................................................73

5. SUGESTÕES DE MELHORIAS VIÁRIAS..........................................................................79

6. CONCLUSÕES......................................................................................................................84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................85

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1. INTRODUÇÃO

O bairro de Jacarepaguá, por ser historicamente um bairro produtor, possuía sua região

predominantemente ocupada por grandes fazendas, que posteriormente foram substituídas por

residências unifamiliares.

Atualmente a população dos bairros do Tanque, Pechincha e Freguesia, foco desse

estudo, sofrem com uma malha urbana cujo dimensionamento não acompanhou o crescimento

urbano acelerado e o consequente elevado número de veículos nas ruas. O desenvolvimento

do bairro com novos edifícios comerciais e empreendimentos residenciais multifamiliares,

ocorreu sem o devido planejamento em termos de infraestrutura, e suas vias permanecem com

as dimensões ultrapassadas, o que por vezes obriga a população a trafegar por vias sub-

dimensionadas.

Em um bairro com suas principais vias obsoletas, recebendo além do fluxo de veículos

gerados por sua população residente, mas também sendo responsável pela conexão de bairros

adjacentes de importantes localidades, como Taquara, Barra da Tijuca, Grajaú, Praça Seca e

outros, vemos que durante os horários de pico são freqüentes a ocorrência de

engarrafamentos, não sendo apenas pelo volume de veículos, mas também pela falta de

adequação de paradas de ônibus, cruzamentos e sinais de pedestres.

Para atender a mobilidade diária da população no âmbito de seus deslocamentos entre

a residência e o trabalho, e também para o lazer, a modernização de vias são necessárias para

possibilitar maior qualidade de vida à população. O dimensionamento obsoleto não favorece a

implementação de melhorias no transporte. Sendo necessário um planejamento pensado de

forma macro em que haja integração dos modais e a identificação de modernização das vias

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para que seja realmente efetiva a mudança, e o impacto seja positivo de forma a minimizar os

congestionamentos priorizando cada vez mais o uso do transporte coletivo de massa, e meios

sustentáveis de menor impacto ao meio ambiente.

1.1 Contextualização do problema

Por muitos anos o crescimento espontâneo dos bairros foi algo constante em

Jacarepaguá, ficando a cargo dos donos de terras a abertura de vias, criação de lotes e praças

como ocorreu na região do Vale do Maringá ou Largo do Asseca, atual Praça Seca, realizado

pelo Barão da Taquara. Entretanto, esse tipo de crescimento traz conseqüências que se

prolongam através dos anos e se tornam problemas até os dias atuais.

Visando demonstrar os impactos e conseqüências sofridos no dia-a-dia da população

residente da região devido a esse crescimento desordenado e a falta de investimento público

no que tange os meios de deslocamento da população dos bairros do Tanque, Pechincha e

Freguesia, o presente estudo busca apresentar os dados levantados referente aos bairros em

questão e as sugestões pertinentes para melhorias dos mesmos de acordo com as diretrizes dos

dados analisados e os conceitos de mobilidade e sustentabilidade urbana.

14

Figura 1 – Engarrafamento na Avenida Geremário Dantas no Largo da Freguesia Fonte: Câmera de Monitoramento da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro, 2012

1.2 Objetivo

Este estudo busca identificar as mudanças ocorridas no bairro do Tanque, Pechincha e

Freguesia nas ultimas décadas e os impactos gerados no cotidiano da população, devido ao

seu crescimento não ter sido acompanhado pela adequação das vias urbanas da região e de seu

entorno.

A proposta do presente trabalho busca através do mapeamento de informações, a

identificação das necessidades locais, proporcionando embasamento para proposição de

soluções que trariam à população da região maior qualidade de vida.

Apesar dos problemas se mostrarem recorrentes em regiões metropolitanas, como

pontos de tráfego complicados e/ou totalmente saturados, o foco da pesquisa será limitado aos

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bairros do Largo do Tanque, Pechincha e Freguesia em Jacarepaguá, para viabilizar maior

aprofundamento na coleta de dados e desenvolvimento da temática. Entretanto, entende-se

que qualquer intervenção sugerida no bairro, impactará nos bairros adjacentes como Taquara,

Praça Seca, Barra da Tijuca e outros, por ser esse um dos principais meios de ligação entre os

mesmos e acessos a outras localidades da cidade através das Avenidas Carlos Lacerda (Linha

Amarela), Avenida Menezes Cortes (Auto Estrada Grajaú-Jacarepaguá).

A pesquisa não busca solucionar as problemáticas do transporte publico da região

especificamente, entretanto o foco do tema a ser estudado refletirá o assunto de forma

complementar ao tema, ciente de que benefícios serão gerados pelas modificações propostas

ao tráfego de modo geral. E assim sendo, através da compilação de dados e identificação das

deficiências locais, poderá a comunidade cientifica mais bem preparada dar continuidade a

pesquisa iniciada.

1.3 Justificativa

Através da identificação de cenários e esclarecimentos da problemática, buscam-se

soluções possíveis, de forma a minimizar o problema, com o intuito de proporcionar

melhorias no trânsito da região e, respectivamente na qualidade de vida da população do

bairro.

Por ser uma região de conexão entre bairros importantes, e de ligação entre corredores

expressos como a Linha Amarela e o BRT TransCarioca, a região possui um grande fluxo de

pessoas e, conseqüentemente, as intervenções a serem realizadas na região, trarão benefícios

não somente diretamente aos bairros estudados, mas também aos adjacentes, assim como a

toda a população local ou passante da região.

16

1.4 Metodologia

O tema será estudado e desenvolvido através da leitura de textos já publicados com

estudos sobre a região, e baseado em dados levantados de fontes como IBGE – Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, Armazém de Dados do Governo do Estado do Rio de

Janeiro, Jornais renomados como O Globo, Extra e Jornal do Brasil, Portal Eletrônico da

Prefeitura do Rio de Janeiro, SETRERJ – Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários

do Estado do Rio de Janeiro e publicações sobre a história, evolução e quantitativos sobre os

bairros do Tanque, Pechincha e Freguesia, sendo também consideradas e inclusas as

informações relevantes sobre bairros próximos ou intervenções históricas que afetaram a

região.

As propostas a serem apresentadas ao final deste estudo, apesar de buscar estarem de

acordo com as necessidades identificadas e através do embasamento dos dados coletados e

normativas aplicáveis, não possuem a intenção de ser um trabalho técnico completamente

desenvolvido, mas sim uma fonte para a elaboração dos mesmos futuramente.

1.5 Estrutura do Trabalho

O capítulo um apresenta a introdução e contextualização do tema a ser desenvolvido,

assim como seus objetivos e justificativas, além da metodologia aplicada para o

desenvolvimento do mesmo.

O capítulo dois traz destacado a área foco do presente estudo, detalhando as

informações sobre a história dos bairros, suas características técnicas como uso e ocupação do

solo, habitação, população, além de informações relativas a valorização imobiliária da região

e a relação entre os bairros limítrofes.

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O capítulo três aborda sobre o tema da mobilidade urbana e os transportes, trazendo

mais detalhes sobre a região de estudo no que diz respeito à tipologia dos transportes,

estatísticas e características do tráfego da região, além de destacar marcos do colapso urbano

local.

O capítulo quatro apresenta as intervenções urbanas realizadas na região ao longo dos

anos e seus impactos sobre a mesma e sua população.

O capítulo cinco toma como base os dados coletados e explanados nos capítulos

anteriores e faz uma breve análise, bem como sugestões de melhorias para o sistema viário da

região.

O capítulo seis trata da conclusão e comentários relativos ao trabalho desenvolvido.

Por fim são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas para a elaboração do

presente trabalho.

2. ÁREA DE ESTUDO: BAIRROS TANQUE, PECHINCHA, FREGUESIA

2.1 Histórico do Bairro - de Jacarepaguá a atuais bairros do Tanque, Pechincha e Freguesia

Com o descobrimento do Brasil, Portugal passou a ser a única proprietária do que aqui

se encontrava e com o poder de dividir o que possuía com quem bem lhe aprouvesse, o que

ocorreu entre seus vassalos que ganharam pedaços de terra em nome da agricultura, e as assim

chamadas sesmarias, terras doadas pelo rei de Portugal para que fossem cultivadas.

A cidade do Rio de Janeiro fundada em 1565 foi palco de sangrenta guerra contra os

franceses, na qual perdeu o seu fundador Estácio de Sá, cujo tio e então governador-geral do

Brasil, Mem de Sá foi responsável pela definitiva expulsão dos franceses. Ao final da batalha,

18

Mem de Sá regressou a capital Salvador, e nomeou então outro sobrinho para governar o Rio

de Janeiro, Salvador Correia de Sá.

Durante o período que governou (1567 a 1572 e 1578 a 1598), Salvador Correia de Sá

doou aos portugueses, que lutaram para combater os franceses, porções de terra a serem

administradas para que as tornassem produtivas, as sesmarias, dentre as quais estavam às

terras da futura Jacarepaguá que foram doadas a Jerônimo Fernandes e Julião Rangel em

1567.

Entretanto, em 1594 os filhos do governador, Gonçalo Correia de Sá e Martim Correia

de Sá contestaram que se passava quase 30 anos e os portugueses Jerônimo e Julião não

haviam tomado posse das terras recebidas. Assim sendo, fizeram uma petição para que as

duas sesmarias fossem destinadas a si próprios, onde achando justa a pretensão, em 9 de

setembro de 1594, concedeu a seus filhos duas sesmarias na região de Jacarepaguá, sendo

assim redigida a carta que outorgara as terras aos filhos do governador em 1594, a qual foi

confirmada pelo Rei Felipe II em 1597.

A Gonçalo Correia de Sá foi concedida a sesmaria cujas terras estavam compreendidas

da Barra da Tijuca, Freguesia e Taquara até o Campinho. E ao seu irmão Martim Correia de

Sá foi designada a sesmaria correspondente as terras do Camorim até o Recreio dos

Bandeirantes, inclusive a faixa litorânea. Tendo Martim se dedicado prioritariamente a

política enquanto Gonçalo assumiu sua sesmaria e fundado engenhos de açúcar no mesmo

ano de concessão, temos assim a diferença de desenvolvimento das duas sesmarias que se

refletem até os dias atuais.

19

Figura 2 – Mapa Francês do Rio de Janeiro de 1555

Fonte: ARAUJO, 2008

Na época da colonização e descobrimento era característica da região da Baixada de

Jacarepaguá as lagoas povoadas por jacarés. Foi na Porta D’Água, atual região da Freguesia,

que foram fundados os primeiros engenhos de açúcar e consequentemente a primeira

localidade a surgirem habitações, que em virtude da proximidade das lagoas passara ser

chamado de Jacarepaguá.

“O toponômio Jacarepaguá deriva-se de três palavras do tupi-guarani: yakare (jacaré),

upá (lagoa) e guá (baixa) – a baixa lagoa de jacarés.” (COSTA, 1986, p.4)

Nas primeiras décadas do século XVII, Gonçalo Correia de Sá desmembrou parte da

sua sesmaria em foros, fazendo surgir às grandes propriedades da região e cujas imediações já

possuíam razoável povoamento em virtude dos arrendamentos feitos.

Em 1614 aconteceu a chegada dos primeiros escravos no Rio de Janeiro e sua maioria

foi para os foros que surgiam na região de Jacarepaguá. Nas terras de Gonçalo tínhamos

Rodrigo da Veiga, um dos principais foreiros da época, que em 1616 criou o Engenho

D’Água, enquanto Gonçalo Correia de Sá fundou o Engenho do Camorim somente em 1622.

20

Em 1625, três anos após sua fundação, foi erguida no Engenho do Camorim a Capela

de São Gonçalo do Amarante e somente mais tarde na fazenda Padre Manuel de Araújo

construída a Igreja de Nossa Senhora da Pena no alto da Pedra do Galo.

Figura 3 – Cartão Postal do Morro da Penna com a Igreja Nossa Senhora da Penna no topo e a Matriz de Nossa Senhora do Loreto mais abaixo

Fonte: Cartão Postal, Final Século XX. ARAUJO, 2008

Sendo o lugar conhecido na época como Porta D’Água, o atual Largo da Freguesia, é

considerado o primeiro núcleo populacional de Jacarepaguá surgido aos pés da Pedra do Galo.

A região ficou conhecida por esse nome devido ao encontro entre rios da região, inclusive

dando origem a atual Estrada dos Três Rios.

Em 6 de Março de 1661, graças ao desenvolvimento local, foi criada a Freguesia de

Nossa Senhora do Loreto e Santo Antônio, considerada como a data para fundação de

Jacarepaguá, e construída em 1664 aos pés da Igreja Nossa Senhora da Pena, a Matriz da

Freguesia de Nossa Senhora do Loreto pelo Padre Manuel de Araújo.

21

Figura 4 – Igreja Nossa Senhora do Loreto e ao fundo Avenida Geremário Dantas Fonte: Nylton Lago, 1960

Em 1634, após a morte de Gonçalo Correia de Sá, sua esposa D. Esperança e sua filha

D. Vitória venderam suas terras ao sobrinho, o General Salvador Correia de Sá e Benevides,

filho de Martim Correia de Sá. Com o falecimento do pai em 1636, Salvador Correia de Sá e

Benevides tornou-se único proprietário das duas sesmarias de Jacarepaguá, e passou a morar

na casa grande do Engenho D’água, sendo essa a sede de todas as propriedades visto que

naquele tempo Jacarepaguá já estava bastante dividida em foros.

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Na região que abrangia o trecho onde hoje fica o Hospital Cardoso Fontes e a Serra

dos Pretos Forros até a atual Avenida Geremário Dantas, incluindo parte da Freguesia,

Pechincha, Barro Vermelho e Covanca, era a Fazenda do Engenho da Serra, que até 1634

fazia parte das terras de Salvador Correia de Sá e Benevides, que as desmembrou e vendeu a

Jorge Souza Coutinho. Dentro da Fazenda do Engenho da Serra havia a estrada que seguia até

o entroncamento com a atual Avenida Geremário Dantas, que por passar em trecho da

propriedade vasto de árvores do tipo Pau-Ferro, esse caminho ficou conhecido como Estrada

do Pau-Ferro. Nesse encontro entre as duas estradas surgiu o até hoje conhecido Largo do

Pechincha, que ganhou essa denominação graças ao dono da primeira venda de secos e

molhados, José Pechincha, que ali se estabeleceu na primeira metade do século XVII.

No decorrer do século XVIII, a família Teles Barreto de Meneses expandiu seus

domínios em Jacarepaguá de modo que, ao final do século, eram os maiores proprietários de

terras da região, que passou a ser conhecida como a planície dos onze engenhos, que eram

fábricas de açúcar. Em 1797, documento emitido pelo sargento-mor Sebastião José Guerreiro

França contabilizava na Freguesia de Jacarepaguá 252 residências e população de 1.905

habitantes (437 homens, 562 mulheres e 906 escravos), e o comércio caracterizado por 3 lojas

de fazenda (armarinhos), 5 açougues e 70 vendas e mercearias.

Com os engenhos de Jacarepaguá e a necessidade de levar as produções até a

Freguesia de São Sebastião (atual Centro da cidade do Rio de Janeiro), os viajantes e

fazendeiros viram que o acesso feito exclusivamente pelo mar e lagoas os tornava dependente

de embarcações com calados suficientes para navegação de alto mar, e para por fim a essa

dependência e facilitar o comércio das produções da região, foram abertos caminhos em terra

cruzando o Vale do Maringá (atual bairro da Praça Seca) até o porto fluvial que existia na

Freguesia de Irajá (atual bairro de Irajá), de onde as mercadorias poderiam seguir em

pequenas embarcações pelo Rio Irajá e Baía da Guanabara até o atual cais da Praça Quinze.

23

Figura 5 – Praia D. Manuel e Cais Pharoux em 1840 na Praça XV

Fonte: ARAUJO, 2008

E graças a isso foram abertos os principais logradouros criados a mais de 300 anos

pelos colonizadores, e que permanecem até os dias atuais. Como é o caso da Estrada de

Jacarepaguá, que apesar de inicialmente só ser considerado Jacarepaguá nos arredores da

Igreja de Nossa Senhora do Loreto, com o passar do tempo as regiões vizinhas cortadas pela

via, também passaram a fazer parte de Jacarepaguá. A estrada era passagem obrigatória para

tropeiros e carruagens vindas da Freguesia do Loreto em direção a Freguesia de Irajá ou a

Freguesia de São Sebastião, que estavam ligadas pelo caminho da Fazenda de Santa Cruz

através do entroncamento existente na altura da Fazenda do Campinho, onde surgiu o Largo

do Campinho existente até os dias atuais.

Até 1858 os meios de transporte mais comuns para se chegar à cidade pela Estrada

Real Santa Cruz eram as carruagens, diligências, tropas de cargas e solitários ou grupos de

cavaleiros, após 1858 com a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II (rebatizada em 1889

após a Proclamação da República como Estrada de Ferro Central do Brasil), o trem passa a

ser a melhor opção para a população de Jacarepaguá com a inauguração também da estação de

Cascadura, que apesar de haverem apenas dois horários de trem na época, o que hoje

24

pareceria pouco, representava grande evolução e possibilitava a população que antes iria à

cidade apenas por necessidade, frequentá-la também por lazer. Como por exemplo, frequentar

o Jockey Club que foi fundado em 1868 pelo Conde de Herzeberg, junto à estação São

Francisco Xavier, e que anos mais tarde faria o Barão da Taquara com sua família utilizar o

trem para acompanhar as corridas de cavalo realizadas no local.

Figura 6 – Inauguração da Estrada de Ferro de D. Pedro II 1858 (atual Estrada de Ferro Central do Brasil)

Fonte: ARAUJO, 2008

Após a expansão do café na província do Rio de Janeiro, foram criadas muitas

fazendas de cultivo do mesmo na região de Jacarepaguá inclusive nas terras dos antigos

engenhos de açúcar. Onde a partir de 1831, as fazendas foram subdivididas e surgiram mais

propriedades menores também produtoras.

Feito pelo Ministro da Justiça, em 1838 foi realizado recenseamento para a região de

Jacarepaguá, sendo indicada a população de 7.302 habitantes dos quais 4.491 eram escravos.

Segundo esse censo, a freguesia de Jacarepaguá possuía a maior população escrava do

município da corte.

Em 25 de Outubro de 1839 nasceu Francisco Pinto da Fonseca Teles, que em 1882

teve outorgado pelo imperador D. Pedro II o título de Barão da Taquara. Esse pode ser

considerado o Patriarca de Jacarepaguá, pois além de possuir a maioria das terras da região,

25

também doou partes a seus empregados e amigos, manteve escolas e a conservação de

logradouros públicos, como a antiga Estrada de Jacarepaguá.

Em Março de 1875, com a implantação dos bondes de tração animal pela Companhia

Ferro-Carril de Jacarepaguá por Etiene Campos, o acesso de Jacarepaguá a estação de

Cascadura melhorou bastante visto que os mesmos faziam o trajeto via a Estrada de

Jacarepaguá, sendo que inicialmente era apenas o trecho de Cascadura ao Tanque, entretanto

futuramente viu-se a necessidade de prolongamento até a Freguesia e a Taquara.

Figura 7 – Marinheiros e um bonde puxado a burros em 1908

Fonte: ARAUJO, 2008

No mesmo ano de 1875, o até hoje conhecido Largo do Tanque, firmou seu nome ao

ser construído enorme tanque/bebedouro para que os burros dos bondes de tração saciassem

sua sede antes de dar continuidade na viagem até a Porta D’Água ou a Taquara. Desde os

tempos coloniais o local já era conhecido como ideal para o descanso e bebedouro de animais,

onde o antes conhecido pelo Rio Itatindiba passava e que hoje tornou-se apenas um córrego

conhecido como Tindiba. O bairro foi de grande importância para Jacarepaguá no século

passado, chegando a ter a administração pública de Jacarepaguá, foi instalada a primeira

delegacia de segurança pública do bairro, e a agência da Prefeitura Municipal. (FONTE, )

26

Foi em 1890 que o Barão da Taquara, através de loteamento de parte da Fazenda do

Macaco situada na região do Campinho, participou do processo de arruamento da região.

Sendo abertas três novas ruas que homenageavam seus familiares, com os nomes que são

mantidos até os dias atuais, são elas: Rua Comendador Pinto (Comendador Francisco Pinto da

Fonseca, pai do Barão), Rua Ana Teles (Ana Teles Rudge, sua filha) e Rua Pinto Teles (Dr.

Francisco Pinto da Fonseca Teles, seu filho). Mais tarde, próximo a atual Praça Seca, foram

abertos trechos das atuais Rua Barão, Baronesa, Albano (Albano Raimundo da Fonseca

Marques, seu genro e esposo de D. Emília) e Emília (Emília Joana, sua filha, porém

atualmente chama-se Rua Florianópolis em homenagem ao Senador Lauro Severiano Muller

importante figura política que viveu na região e que após a sua morte foi homenageado dando

a rua o nome de sua cidade de nascimento).

Durante 1906 a 1909, o Barão da Taquara realizou o projeto de loteamento elaborado

por Bernardino Marques da Cunha, onde foram realizados loteamentos de grandes terrenos e

ampliação e criação de novas ruas, tendo inclusive uma recebido o nome de Rua Dr.

Bernardino em homenagem ao engenheiro.

A Companhia de Bondes de Etiene Campos foi vendida em abril de 1911, a

Companhia Light e foi eletrificada por esta. Sendo desativadas as linhas em 1964 no Governo

de Carlos Lacerda.

27

Figura 8 – Autoridades, inclusive o Presidente Marechal Floriano Peixoto na Inauguração do 1° Bonde Elétrico

do Rio de Janeiro em 12/10/1892 Fonte: ARAUJO, 2008

Figura 9 – Bonde Carioca recebe Juscelino Kubitschek em 1958

Fonte: ARAUJO, 2008

28

O Barão da Taquara veio a falecer no dia 30 de Agosto de 1918 aos 78 anos de idade,

deixando para os filhos de seu primeiro casamento a região da Praça Seca e para sua atual

esposa, a Baronesa da Taquara e seus filhos as terras da Taquara, Freguesia e o resto da

planície de Jacarepaguá. (COSTA, 1986 p.7)

No início do século XIX, o português Mateus José Nunes adquiriu o Engenho Novo e

a Fazenda Boa Vista, sendo a primeira da região de planície ao redor da atual Estação de trem

do Engenho Novo e a segunda região de serra onde temos atualmente a Estrada Grajaú-

Jacarepaguá. Como caminho que levava da Porta D’Água aos domínios do português, surgiu

a Estrada dos Três Rios, que antes conhecida como o caminho de Mateus seguia pela atual

Avenida Menezes Cortes (popularmente conhecida como Grajaú-Jacarepaguá), porém seu

traçado na época seguia logo após a cabana da Serra um desvio e a descida era feita para o

Engenho Novo pelas atuais ruas Sincorá e Maria Luiza no Lins de Vasconcelos. Em 1927 o

Presidente Washington Luís construiu a parte da Estrada Grajaú-Jacarepaguá até a Cabana da

Serra (onde hoje há um campo de futebol). O projeto apenas foi retomado em 1941 pelo

Departamento de Estrada de Rodagem, que avançou um pouco mais em direção ao Grajaú,

sendo realizada a conclusão somente no governo de Ângelo Mendes de Morais em 1950,

ainda assim em terra batida o que dificultava bastante o tráfego em dias de chuva. Somente na

década de 1960 foi feito o asfaltamento, quando também passou a ser chamada de Avenida

Menezes Cortes em homenagem ao político e militar Geraldo Menezes Cortes falecido em

1962 em um acidente aéreo.

Dentre as homenagens feitas a figuras importantes do bairro, tem-se dentre os mais

expressivos o jornalista, escritor e político Geremário Dantas que ocupou os cargos de

intendente (vereador) e Secretário de Fazenda do Antigo Distrito Federal do Rio de Janeiro.

Falecido vítima de Leucemia em 1935 em Petrópolis, foi homenageado em 1936 quando parte

da antiga Estrada de Jacarepaguá, que após o entroncamento no Tanque passava a ser a

29

Estrada da Freguesia, passou a ser chamada de Avenida Geremário Dantas. O engenheiro

Edgard Werneck que, alem de importante personalidade para a cidade graças ao seu trabalho

na Estrada de Ferro Central do Brasil, foi também amigo próximo de Geremário Dantas, e

após sua trágica morte foi homenageado dando seu nome a antiga Estrada da Banca Velha,

que liga a Cidade de Deus a Freguesia esquina com a Avenida Geremário Dantas. Edgard

realizou um trabalho primoroso na Estrada de Ferro Central do Brasil e foi convidado a

trabalhar em Recife, onde foi assassinado após desmantelar e denunciar bando que roubava da

companhia férrea local.

Durante o Governo de Carlos Lacerda, foi dado maior foco a região, sendo elaborado

o Plano Doxíadis, que dentre as vias expressas planejadas no plano Policromático do grego

Constantínos Apóstolos Doxíadis, trouxe a linha expressa amarela que liga a Barra da Tijuca

e baixada de Jacarepaguá as demais localidades da zona norte da cidade até a Ilha do Fundão,

que somente seria executada 30 anos após a elaboração do projeto. O Governador Carlos

Lacerda também foi responsável pelo inicio da construção do que originalmente seria um

conjunto residencial para funcionários públicos do antigo estado da Guanabara, a Cidade de

Deus, mas que somente foi finalizada durante o governo de Francisco Negrão de Lima,

sucessor de Lacerda. Passando por problemas de enchentes e tragédias com milhares de

desabrigados, causados por grande temporal ocorrido na época, Negrão de Lima abriu a

Cidade de Deus à ocupação de parte da população atingida, entretanto a medida que seria

provisória acabou tornando-se definitiva e com o tempo ocorreram invasões e construções

ilegais se expandindo e crescendo desordenadamente até o formato da Cidade de Deus que

conhecemos hoje.

A partir do decreto de 1981 ficou determinada a Área de Planejamento AP-4 da cidade

do Rio de Janeiro, e essa é composta por três Regiões Administrativas: XVI-RA Jacarepaguá,

XXIV-RA Barra da Tijuca e XXXIV-RA Cidade de Deus. Atualmente o bairro de

30

Jacarepaguá esta menor do que na época de seu surgimento, pois a XVI-RA que pode-se

considerar que se compõe da sesmaria referente às terras de Gonçalo Correia de Sá, está hoje

dividida em 10 bairros, são eles: Jacarepaguá, Anil, Gardênia Azul, Curicica, Freguesia,

Pechincha, Taquara, Tanque, Praça Seca e Vila Valqueire; e de acordo com o Censo 2000,

distribuídos por uma área de 293,79 Km² que corresponde a 24% da área da cidade.

Ainda de acordo com o Censo 2000, sua população de 682.051 habitantes equivale a

11,6% da população e, no período de 1991/2000 houve um crescimento populacional de

29,6% na AP-4, o equivalente a um acréscimo de 155.749 novos moradores, onde 80.380

habitantes foram registrados na XVI-RA de Jacarepaguá. Dentro desse mesmo período, o

fluxo migratório trouxe a AP-4 38.379 pessoas, o que correspondeu a 17% do total migratório

calculado para o município, onde dentro o percentual calculado, Jacarepaguá foi responsável

por 60,7% do índice.

Com a velocidade dessa ocupação e conseqüente urbanização da região alguns pontos

foram postos de lado como a preservação das condições naturais da região e o adequado

planejamento de seu crescimento.

De acordo com pesquisa realizada em 2012 pela empresa Lopes Rio, que realiza

intermediação e consultoria de imóveis do Brasil, no período de 2009 a 2012, a região de

Jacarepaguá recebeu 51 novos empreendimentos residenciais totalizando 7.569 unidades,

estando dentre os bairros mais explorados a Taquara, Praça Seca e Pechincha, e sendo

avaliado o bairro da Freguesia como o metro quadrado menos atrativo, chegando a até

26,64% mais alto que a média dos demais bairros da XVI-RA de Jacarepaguá, se assimilando

aos valores aplicados a bairros como Recreio dos Bandeirantes, que recebem

empreendimentos de alto padrão.

31

2.2 Características do Bairro

Para compreender a predominante tipologia a ser apresentada para a mobilidade

urbana do bairro em estudo, é importante conhecer o uso do espaço e sua população, tanto

residente como passante.

Figura 10 – Vista da Avenida Geremário Dantas e Linha Amarela nos bairros da Freguesia e Pechincha

Fonte: Eduardo Naddar, 2011

2.2.1 Uso e Ocupação do Solo

O trecho, objeto do presente estudo, está o compreendido entre os bairros do Tanque,

Pechincha e Freguesia, dando foco para as localidades impactadas pelo alto fluxo de tráfego

de veículos e fluxo de pessoas nas seguintes vias: Avenida Geremário Dantas, do

entroncamento com a Avenida Nelson Cardoso, no bairro do Tanque, até seu encontro com a

Avenida Governador Carlos Lacerda (Linha Amarela – Saída 1B) na Freguesia; Estrada do

Tindiba, do entroncamento com a Rua Lopo Saraiva, no Tanque, até o cruzamento com a

Avenida Geremário Dantas, no Pechincha por onde segue a Estrada do Pau-Ferro até o

encontro com a Avenida Governador Carlos Lacerda (Linha Amarela – Saída 1A) na

Freguesia.

32

Figura 11 – Mapa da Região destacando o trecho descrito Fonte: Google Maps e edição do autor, 11 setembro de 2015

De acordo com os dados estatísticos da Prefeitura coletados em 1999, a XVI-RA de

Jacarepaguá é caracterizada por ser predominantemente residencial com aproximadamente

81% de sua área total construída destinada para esse tipo de uso do solo.

33

Tabela 1 – Índices Urbanos aplicados ao Uso do Solo para a XVI-RA Jacarepaguá

Fonte: Armazém de Dados do IPP – Instituto Pereira Passos, 2000

Entretanto, para a faixa menor de imóveis comerciais, pode-se observar que possuem

idade média inferior aos residenciais, tendo até 20 anos de construção. Grande maioria desses

imóveis está localizada no Centro de Bairro (CB) da Taquara, sendo o segundo maior índice

significativo a Freguesia. Dentre os bairros foco desse estudo, as estatísticas indicam que a

maioria das salas comerciais possuem até 50m² e as lojas comerciais chegam a medir até

100m².

34 Tabela 2 – Índices Urbanos aplicados ao Uso do Solo para os bairros da XVI-RA Jacarepaguá

Fonte: Armazém de Dados da Prefeitura, 1999

35

O Projeto de Estruturação Urbana – PEU Taquara é a lei complementar ao Plano

Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro para as Unidades Espacial de Planejamento 42

(Freguesia e Pechincha) e 43 (Taquara e Tanque), e determina especificamente para a região

estudada as normas reguladoras urbanísticas, dentre as quais estão as definições para uso e

ocupação do solo, determinando respectivamente itens como zoneamentos residencial,

comercial e/ou serviços para o uso do solo; e gabaritos, afastamentos, taxa de ocupação,

dentre outros para ocupação do solo.

Figura 12 – Divisão entre as UEP´s 42 e 43

Fonte: Projeto de Estruturação Urbana - PEU Taquara, 2004

36

Figura 13 – Divisão do Zoneamento dos Usos Urbanos para as UEP´s 42 e 43 Fonte: Projeto de Estruturação Urbana - PEU Taquara, 2004

E é de acordo com o PEU Taquara que o trecho de estudo encontra-se classificado

como ZR-2 – Zona Residencial II o que permite os seguintes usos:

• Área Residencial I que não possui impacto no tráfego, e Área Residencial II com mais

de 200 unidades habitacionais por lote que induzem a concentração de veículos leves

e/ou acima de 500 unidades que induzem os Pólos Geradores de Tráfego (PGT) que

além da concentração de veículos leves por seu funcionamento e porte causam

impactos no seu entorno imediato devido ao número de viagens criadas.

• Áreas Comercial e Serviços I (Estrada do Capenha – Entre as ruas São José e Estrada

do Pau Ferro) e Comercial e Serviços II (Rua Edgard Werneck; Avenida Geremário

Dantas – Entre a Linha Amarela e início da Rua Alexandre Ramos; Estrada do Pau

Ferro – Entre a Linha Amarela e Avenida Geremário Dantas; Rua José Silva – Entre

Avenida Geremário Dantas e Estrada do Capenha; Estrada do Capenha – Entre Rua

37

José Silva e Avenida Geremário Dantas; Rua Lopo Saraiva; Estrada do Tindiba –

Entre Avenida Geremário Dantas e Rua André Rocha; Largo do Pechincha)

• Áreas Industriais I e de Serviços III não estão contidas na área do objeto desse estudo

e por isso não serão citadas suas características.

• Áreas Comerciais e Serviços com nível de impacto classificado como A – possuem

acima de 300m² de área construída para comércio e serviços e trazem ao local

concentração de veículos leves.

• Áreas Comerciais com nível de impacto classificado como B – possuem acima de

600m² de área construída para o comércio ou prestação de serviços em geral ou acima

de 500m² de área construída para restaurantes e similares; e trazem Pólos Geradores

de Tráfego (PGT) para a região.

• Áreas de Serviços com nível de impacto classificado como B – possuem áreas acima

de 750m² para serviços de saúde com internação e hospedagem; 1000m² para serviços

de armazenagem; 1500m² para serviço de educação; locais de reuniões com mais de

300 lugares; e terrenos com mais de 1000m² de terreno ou área construída; e trazem

Pólos Geradores de Tráfego (PGT) para a região.

• Áreas de Serviços com nível de impacto classificado como C – possuem áreas

construídas de 300m² em estabelecimentos que demandem

carregamento/descarregamento por veículos pesados ou de carga com lentidão de

manobras – que trazem impactos no trânsito pelo fluxo de veículos pesados ou de

carga que inibem a fluidez pela lentidão de manobras desses veículos.

38

2.2.2 Conexão entre Bairros

É evidente a importância da região como conexão entre outros bairros e trajetória de

acesso para deslocamentos pendulares diários como ocorre para os acessos entre a população

residente na Praça Seca com a Freguesia, Barra da Tijuca, Tijuca e Centro da cidade (via

Avenida Carlos Lacerda - Linha Amarela ou Avenida Menezes Cortes – Auto Estrada Grajaú-

Jacarepaguá).

Graças à natureza conectiva e de sua extensão, a Avenida Geremário Dantas, apesar de

possuir suas pistas de rolagem subdimensionadas, ou seja, com uma largura inferior ao

considerado adequado para a velocidade e volume de fluxo recebido, atrai grande parte dos

deslocamentos do bairro e se mostra vital para a ligação com outras vias que se estendem aos

bairros vizinhos. Dentre elas destacam-se as de maior importância por suas ligações alem dos

limites do bairro, sendo vias arteriais primárias que alimentam o fluxo central no escoamento

dos veículos para vias expressas primárias, ligando pólos importantes como Praça

Seca/Cascadura – Av. Candido Benício, Pechincha/Freguesia, Av. Geremário Dantas, Barra

da Tijuca/Centro/Zona Norte – Linha Amarela, Tijuca – Av. Menezes Cortes.

2.2.3 Características da Habitação e População

Com uma população total do município segundo o IBGE 2010 de 6.320.446

habitantes, a AP-4 registra 909.368 habitantes dos quais 572.030 estão na XVI-RA de

Jacarepaguá. Os bairros foco do estudo registram população de 70.511 na Freguesia, 34.709

Pechincha e 37.856 no Tanque, sendo que a maioria da população para os três bairros

encontra-se na faixa etária entre 20 e 49 anos.

39

Tabela 3 – Índices Populacionais da AP-4, XVI-RA Jacarepaguá

Fonte: Armazém de Dados da Prefeitura, 2010

Dados indicam que a maioria populacional da região reside em imóveis unifamiliares,

representando aproximadamente 55% dos imóveis contabilizados na XVI-RA, enquanto 38%

da população reside em imóveis multifamiliares, onde para ambos pode-se identificar que o

maior percentual de imóveis possui idades construtivas de 0 a 20 anos, entretanto para

residências unifamiliares os indicadores mostram que existe alto índice de imóveis com idade

variável até 44 anos. Através de dados coletados em 2013, observa-se que, tanto para a XVI-

RA como para os bairros foco desse estudo, as construções recentes continuam sendo

prioritariamente para imóveis residenciais, entretanto com visível crescimento das

construções multifamiliares.

40

Tabela 4 – Índices sobre a tipologia residencial da AP-4, XVI-RA Jacarepaguá

Fonte: Armazém de Dados da Prefeitura, 2013

Com uma média de três habitantes por residência em 2010, já no ano 2000 foi

identificado que aproximadamente 47% da população de toda a XVI-RA reside em domicílio

com veículo, onde quando analisados os bairros foco do estudo, esse número sobe para 52%

da população dos bairros da Freguesia, Tanque e Pechincha que residem em domicílio com

veículo.

41

Tabela 5 – Característica dos moradores da AP-4, XVI-RA Jacarepaguá

Fonte: Armazém de Dados da Prefeitura, 2010

Relativo à faixa salarial da população da região de estudo, observa-se diferença

significativa entre os bairros, onde enquanto temos para Freguesia e Pechincha

respectivamente 8,2 e 7,1 salários mínimos mensais para os chefes de domicílio, no Tanque

tem-se apenas 4,3 salários de renda mensal, estando assim apenas os dois primeiros acima da

média da XVI-RA de 5,2 salários e da média total do município de 5,8 salários.

42

Tabela 6 – Faixa salarial dos chefes de domicilio da AP-4, XVI-RA Jacarepaguá

Fonte: Armazém de Dados da Prefeitura, 1991

2.2.4 Valorização Imobiliária na Região

A partir da década de 1980, com os investimentos feitos na região como a duplicação

da Avenida Menezes Cortes que dá acesso a Zona Norte da Tijuca, e a construção da Avenida

Carlos Lacerda na década seguinte em 1990 que liga a Barra da Tijuca a Ilha do Governador,

a região tornou-se mais atrativa por sua proximidade com bairros como a Barra da Tijuca,

porém com imóveis com valores mais acessíveis.

Reconhecido por suas belezas naturais, o bairro de Jacarepaguá, também não possuía

tantos problemas sociais como outras regiões da cidade. Apesar de a Cidade de Deus existir

desde a década de 1960, vários movimentos internos na comunidade ao longo de 20 anos

viriam amenizar os impactos de sua existência na região, ações essas como a criação de

43

associações de moradores, programas sociais com envolvimentos artísticos como o samba,

esporte, teatro, dança, igrejas atuantes e movimentos negros, em 2009 a chegada da Unidade

de Polícia Pacificadora (UPP). Esse conjunto de ações possibilitou que hoje bairros limítrofes

como a Freguesia possua o metro quadrado mais caro da XVI-RA de Jacarepaguá, se

equiparando a valores de bairros como Recreio dos Bandeirantes.

Figura 14 – Vista do adensamento de edifícios na região, destaque ao centro para a Estrada do Tindiba Fonte: Zap Imóveis, 2015

3. MOBILIDADE URBANA E TRANSPORTES

O sistema político econômico do país influencia na forma como o sistema urbano irá

se desenvolver, por seu direito democrático e a economia capitalista existem várias

implicações que influem sobre a construção da cidade e de seu sistema de transporte. Dentre

elas, destaca-se a predominância da propriedade privada da terra urbana alterando diretamente

44

a forma de ocupação e uso da cidade, e de igual forma modificando o valor e uso do solo

também se modificam de acordo com a acessibilidade disponível na região.

No Brasil, foi a partir da década de 1970 que se reorganizou o espaço urbano em

função da importância crescente dos veículos e do desenvolvimento econômico.

O sistema viário é composto por uma estrutura mínima formada por calçadas e

passeios, ruas propriamente ditas, equipamentos públicos e sinalização adequada de trânsito.

Para a existência desse sistema em qualquer lugar do mundo é necessário o consumo do

espaço urbano. O que para países como o Japão é um problema grave por sua porção de terra

reduzida, significativa população e terreno pouco favorável as construções; para o Brasil a

dificuldade se inverte, no que tange o cuidado ao qual deve-se ter atenção para que as

distâncias não sejam aumentadas além do necessário, o que traria problemas como maiores

tempos de percurso, maiores consumo de energia e emissão de poluentes.

Os sistemas viários podem trazer consigo alguns problemas como a poluição

atmosférica, produzida pela emissão de gases nocivos gerados pela queima de combustíveis

fósseis; e sonora, produzida pelos ruídos gerados pelo tráfego de veículos, buzinas, trens, e

outros; poluições tão prejudiciais a saúde e ao meio ambiente. Problemas esses são agravados

quando os sistemas encontram-se saturados, onde pesquisas indicam que em velocidades mais

reduzidas são maiores as emissões de monóxido de carbono, um dos principais vilões da

combustão.

No Brasil toda a organização dos sistemas de transporte segue as determinações e

regras que devem ser pré-estabelecidas pelo Governo Federal, que é responsável por rodovias

e ferrovias interestaduais, portos e aeroportos nacionais, e hidrovias; cabendo aos Governos

Estaduais e Municipais regular sobre rodovias, ferrovias e transporte público em seu

território. Além da organização, operação e fiscalização do trânsito no Município, conforme

determinado pelo Código de Trânsito Brasileiro de 1998, também cabe aos Governos

45

Municipais atuar sobre as áreas técnicas do trânsito não somente sob a visão do veículo, mas

também de pedestres, ciclistas e animais, lidando com o planejamento, projeto,

regulamentação e operação adequada do mesmo para o atendimento adequado de todos. As

vias públicas urbanas são de responsabilidade do Governo Municipal, ficando apenas as

calçadas sob a responsabilidade do proprietário do terreno em frente à mesma, entretanto a

falta de fiscalização e punição adequada possibilita que ocorram alguns descasos. Essa

divisão caracteriza o privilégio, a proposta e a preocupação pública de manter o fluxo e a

segurança dos automóveis, deixando em segundo os pedestres que por vezes acabam tendo

estranguladas as calçadas para alargamento de vias de rolagem.

Relativo aos modos de transportes, segundo Vasconcellos (2012, p. 15) é possível

classificá-los de duas formas: individual ou coletivo; e público ou privado. O primeiro se

diferencia pelo direito de propriedade adquirido, a partir do momento que o individuo opta

por realizar sua viagem sozinho e não permite interferência do outro, ou quando opta por

utilizar modos coletivos no qual não pode requerer seu uso exclusivo. Já para o segundo, a

principal modificadora será a questão econômica onde o transporte privado é de propriedade

particular sem restrição de percurso, e o público é um serviço oferecido pelo poder público

mediante pagamento de tarifa com restrição de percurso.

Dentre os modos individuais pode-se ainda dividir entre não motorizados (sem uso de

veículos movidos a motor), que são os deslocamentos realizados a pé ou de bicicletas; e

motorizados (com uso de veículos com motor), que são os automóveis, táxis e motocicletas.

O caminhar ou a viagem realizada a pé, é um dos meios mais naturais de

deslocamento. Comumente utilizado para curtas distâncias, pode ser realizado para

complementar percursos como caminhar até o local onde poderá tomar outro modal como

ônibus ou trem. Já a bicicleta é um meio de deslocamento bastante popular no mundo,

inclusive em países de alta renda como Japão, Alemanha e Holanda onde há mais bicicletas

46

que automóveis. No Brasil o crescimento as importações cresceram a partir de 2008,

chegando a se estimar 52 milhões de unidades no país em 2011. Entretanto, apesar de suas

vantagens como o exercício físico proporcionado, operação e manutenção, além da facilidade

de utilização e estacionamento, suas desvantagens estão principalmente relacionadas à

questões de segurança como furtos e roubos, além da falta de segurança no trânsito devido a

estrutura viária do mesmo não ser adequada nem suas sinalizações, bem como o desrespeito

por parte dos motoristas dos veículos.

Vasconcellos (2012, p. 75) indica a largura mínima confortável para a circulação de

pedestres em dois sentidos de dois metros, necessitando ser maior para calçadas com maior

fluxo de pedestres, entretanto em breve observação das cidades, tanto novas como antigas, é

possível notar a existência de calçadas que nem sequer esse mínimo de conforto atendem. E,

como outra dificuldade comum de impacto no uso das calçadas e passeios, tem-se a instalação

de equipamentos urbanos sobre as mesmas como postes, bancas de jornal ou ambulantes e

caixas de correios, que dificultam o trânsito de pedestres e se tornam obstáculos para

deficientes e idosos.

A venda e uso de automóveis teve aumento significativo nas ultimas décadas,

principalmente considerando-se que a partir do ano 2000 os brasileiros passaram a adquirir

mais de 1 milhão de veículos por ano, chegando a 2,47 milhões de automóveis vendidos no

ano de 2009 e uma frota total de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus,

motocicletas) de 44.242.328 milhões. A motocicleta conhecida até a década de 1980 como um

item de esporte da elite, teve suas vendas crescidas exponencialmente e hoje é vista

comumente para uso dos entregadores de mercadorias nas cidades, e por seu baixo custo e

relativa facilidade de trânsito e estacionamento também vem adquirindo novos usuários nos

percursos casa-trabalho-escola. Porém, além de suas vantagens como a rapidez, as

47

desvantagens de uma motocicleta residem principalmente na insegurança, com riscos de

acidentes graves ou fatais até cinco vezes maiores que o de um automóvel.

O táxi possui uma clientela de renda mais alta, por ser uma opção cara de transporte

serve principalmente a turistas e pessoas em viagens de negócios.

Para os meios de transportes públicos, os ônibus são os mais utilizados em todo

planeta, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, seguidos pelos trens e

metros que são transportes de massa com maior capacidade e menos poluentes.

Apesar de, a partir da década de 1980, terem sido desenvolvidos ônibus articulados e

bi-articulados para aumentar a capacidade de transporte, o mais comum são os veículos que

podem transportar entre 22 e 45 passageiros. Sendo o ônibus o meio de transporte de maior

importância no país, sua frota chegou a cerca de 783.000 unidades em dezembro de 2011.

Comumente movidos a óleo diesel, no Brasil vem sendo testadas novas formas de energia

mais limpa para utilização nos ônibus como o gás e os híbridos (diesel-elétricos).

Os trens e metrôs urbanos são veículos considerados coletivos de massa por sua maior

capacidade de transporte de pessoas. Os trens são considerados a forma mais antiga e comum

de transporte de grande capacidade, que se desenvolveu mais na Europa e em suas colônias

asiáticas. Geralmente são construções de superfície e podem ser movidos tanto a eletricidade

como com óleo diesel. No Brasil, progressivamente foram sendo abandonados os trens

urbanos, por falta de recursos para realizar suas modernizações e o alto custo da manutenção

do sistema. Além de que a partir de 1980 a demanda foi absorvida pelos ônibus, e a partir de

1990 foram transferidas do Governo Federal para os Estaduais.

O metrô, apesar de comumente associado ao subterrâneo, é um transporte ferroviário

movido exclusivamente por energia elétrica, podendo realizar seu percurso sob a superfície ou

em pistas elevadas, dependendo apenas da disponibilidade de espaços da cidade que o

abrigará. No mundo, o metrô de Tóquio no Japão é o mais movimentado com 8 milhões de

48

passageiros/dia, sendo o de Xangai o mais extenso com 423 km de comprimento. No Brasil, o

sistema mais expressivo está em São Paulo com 74 km de extensão e 2,7 milhões de

passageiros/dia.

Quando se fala de vias, Vasconcelos (2012, p. 77) as divide em três classificações

básicas de acordo com suas funções, são elas: as vias locais que dão acesso as residências, e

geralmente são estreitas e recebem o fluxo apenas de moradores; as vias coletoras que

recolhem o fluxo das vias locais e as leva até as vias de maior capacidade, ou vice-versa; e por

fim as vias arteriais que percorrem distâncias maiores com maior largura que as anteriores

apresentando assim fluxo mais volumoso.

O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes – DNIT (2010, p. 30-40)

tem de forma mais técnica as seguintes definições relativas aos principais elementos que

compõem o sistema viário, são eles: pistas de rolagem são parte da via para deslocamento dos

veículos, podendo conter uma ou mais faixas de tráfego; as vias locais são as que possuem a

função principal de prover o acesso às propriedades adjacentes; vias coletoras são as vias que

coletam o trafego das vias locais e o canaliza para as vias arteriais, e vice-versa; vias arteriais

primárias são vias de capacidade e velocidade menores que as vias expressas, com traçado

sensivelmente contínuo e interseções predominantemente em nível, atendendo principalmente

à mobilidade do tráfego, podendo, contudo, ser permitido o acesso a propriedades adjacentes,

redistribuindo o tráfego das vias expressas para os seus destinos, até o nível das arteriais

secundárias; vias arteriais secundárias são as vias que complementam e interconectam as vias

do sistema arterial principal, com menor nível de mobilidade que as vias arteriais primárias;

vias expressas primárias são as vias de elevada capacidade e altas velocidades, com pistas

separadas por canteiro central, com pelo menos duas faixas de tráfego em cada sentido, com

controle total de acesso e interseções em desnível; vias expressas secundárias são aquelas de

capacidade e velocidade algo restritas, por ação de eventuais interseções em nível e permissão

49

de acesso a determinados tipos de uso do solo; agulhas são as aberturas em um canteiro lateral

segundo um pequeno ângulo, ligando a via principal a uma pista lateral ou via marginal

paralela.

Os congestionamentos são caracterizados por vias que atingiram sua capacidade de

fluxo projetado, e o mesmo pode ocorrer com passeios e calçadas. Entretanto, pesquisas

comprovam que o aumento da largura da via é reconhecido pelo cérebro como uma zona de

conforto que lhe permite o aumento da velocidade imprimida na via, portanto pode-se

considerar que o simples alargamento de via para melhor a fluidez do transito não deve ser

realizado sem o devido estudo de impacto no transito da região.

Por muitas vezes as necessidades de alargamento de vias ou criação de novas, se

sobrepõe as outras necessidades da cidade, representando prejuízos inclusive para o

Patrimônio Histórico e Arquitetônico, como o ocorrido no Rio de Janeiro com a derrubada do

Morro do Castelo e do Palácio Monroe no Centro da Cidade para abertura de novas vias

durante as reformas realizadas por Pereira Passos.

3.1 Mobilidade e Acessibilidade Urbana

O conceito de acessibilidade em geral é definido como a quantidade e/ou diversidade

de destinos que uma pessoa pode atingir em determinado período de tempo através de algum

tipo de transporte. Ou seja, quanto maior a quantidade, maior são as oportunidades de se

realizar atividades desejadas e tarefas necessárias.

A Lei 12.587 de 03 de Janeiro de 2012, sobre a Mobilidade Urbana, determina os

princípios, diretrizes e objetivos para a Política Nacional de Mobilidade Urbana, dentre elas

pode-se destacar os princípios de acessibilidade universal que garante a todo indivíduo seu

espaço na cidade e acesso a todos os serviços por ela oferecidos; o desenvolvimento

50

sustentável da cidade garantindo o crescimento das áreas social, econômica e ambiental; a

equidade no uso e acesso ao transporte público coletivo e do espaço público de circulação; e

segurança nos deslocamentos das pessoas. A lei também determina que para as cidades com

população acima de 20.000 habitantes que obrigatoriamente deverão ter elaborados seus

Planos Diretores, contemplem de forma integrada com o mesmo um Plano de Mobilidade

Urbana. Enquanto o Plano Diretor estará a cargo de medidas de planejamento urbano tratando

de definições como o tipo de uso apropriado do solo, o planejamento de transportes definirá

os padrões para a infraestrutura necessários a atender as atividades determinadas pelo

planejamento de mobilidade, que define como a estrutura viária será utilizada tendo as

atribuições de legislar sobre as mesmas; a engenharia de tráfego responsável pelo esquema de

circulação das vias; e a fiscalização e controle do respeito às leis de trânsito.

O importante a destacar a esse respeito é que o uso do solo impacta no sistema de

tráfego de modo significativo, um exemplo hipotético disso pode-se ter ao considerar um

imóvel residencial potencialmente gerador de 6 viagens/dia criadas por seus moradores, que

ao ter seu tipo de uso alterado para um pequeno comércio passa a gerar 60 viagens/dia

considerando donos, funcionários, fornecedores e clientes, e que ao se tornar uma instituição

de ensino poderá gerar 600 viagens/dia quando considerados donos, funcionários, professores,

fornecedores, pais e alunos.

Para a mobilidade urbana pode-se considerar três fatores de interferência na tomada de

decisão dos indivíduos, são eles: fatores pessoais, familiares e externos. Os fatores pessoais

podem estar relacionados à idade, renda, etnia e até religião; onde tem-se no fator idade o

exemplo mais claro, pois a partir do mesmo pode-se observar que a quantidade de viagens

realizada por indivíduos muito jovens ou idosos é inferior ao da classe jovem produtiva que

possui maior envolvimento em atividades fora da residência e consequentemente realiza

maior número de viagens. Já os fatores familiares referem-se diretamente as influencias da

51

cultura carreada ao longo dos anos por um grupo social, como por exemplo uma classe social

a qual possui preconceito com o transporte público não achando-o adequado ao grupo, essa

herança histórica também ocorre, inclusive no Brasil, pela visão negativa do transporte

coletivo reforçada pela propaganda de venda de carros. E por fim tem-se os fatores externos,

que são determinados conforme a intenção do elemento modificador, que buscará a melhor

forma de realizar a viagem pretendida, comparando qualidade, quantidade, tempo,

disponibilidade, localização, segurança, dentre outros motivos. Como exemplo pode-se

observar que ao considerar realizar um deslocamento a pé, será determinante se a distancia e o

tempo gasto estão de acordo com o desejado, assim como se as calçadas do percurso a ser

realizado estão em condições adequadas de travessia.

A diferença nas necessidades de cada nicho traz a tona as desigualdades no uso da

cidade que podem ser categorizadas por: condição econômica, idade, gênero e condição física.

É comum e de fácil percepção que as condições econômicas influem na utilização da cidade,

visto que a população mais pobre necessita viver nas regiões mais periféricas, em geral

distantes do trabalho, com pouca ou sem infraestrutura adequada de transporte ou até mesmo

de deslocamentos não motorizados, além de terem de se adaptar as tarifas aplicadas e por

vezes ofertas deficientes de transporte publico. Dificuldades que também sofrem a população

jovem e idosa que prioritariamente utilizam o deslocamento a pé ou de bicicleta e encontram

calçadas e ciclovias deterioradas. Para idosos e pessoas com necessidades especiais, essa

situação é ainda mais alarmante, pois não somente lhes retira a independência no seu

exercício do direito de ir e vir como também pode lhes causar acidentes no percurso. Também

relativo a caminhada, destaca-se uma situação onde em detrimento ao pedestre e em privilégio

aos automóveis não são considerados intervalos maiores para as travessias de vias, que

deveriam garantir a segurança e conforto para pedestres jovens, idosos e pessoas com

necessidades especiais, enfim acessíveis a todos.

52

Fazendo uma analise de dados relacionando os fatores pessoais e a mobilidade,

observa-se que tomando como exemplo a Região Metropolitana de São Paulo de 2007 a

quantidade de viagens/pessoa/dia é diretamente proporcional ao nível de escolaridade, ou seja,

quanto maior a escolaridade maior será o número de viagens realizadas pela pessoa por dia. O

mesmo ocorre quando analisados os dados relativos a renda familiar, que quanto maior a

renda, maior será o número de viagens.

3.2 Rede de Vias

Para os bairros objeto desse estudo tem-se as principais vias de acesso através das Rua

Cândido Benício sentido Praça Seca-Tanque, Avenida Nelson Cardoso sentido Taquara-

Tanque, Estrada do Tindiba sentido Taquara-Tanque, Estrada do Pau-Ferro sentido

Pechincha-Freguesia e Avenida Geremário Dantas sentido Tanque-Freguesia, e Avenida

Governador Carlos Lacerda (Linha Amarela) sentido Barra-Ilha do Fundão, Rua Edgard

Werneck sentido Barra-Freguesia.

53

Figura 15 – Mapa demonstrativo das vias de acesso Fonte: Google Maps e edição do autor, 11 setembro de 2015

Pelas características de surgimento das vias e pela saturação do sistema viário

existente na região de estudo, há dificuldade em se classificar as vias de acordo com as suas

funções de forma assertiva com base em suas características técnicas, principalmente

sabendo-se que com certa frequência, devido a insuficiência da rede em atender ao volume de

tráfego local, vias coletoras e ruas locais acabam tomando funções de vias arteriais, e geram

graves e grandes problemas para o fluxo aos veículos, pedestres, acessos às propriedades,

dentre outros, o que impacta diretamente na qualidade de vida local.

Considerando as principais vias de acesso, as vias arteriais de conexão entre os três

bairros e ligação a demais pontos importantes da região como o CB da Taquara (agulha no

54

Tanque para acesso a Taquara), Terminal de transportes BRT TransCarioca, Barra da Tijuca e

a Linha Amarela com a ligação aos demais bairros da Zona Norte e Centro da Cidade,

verifica-se que os principais nós com impacto no tráfego da região ocorrem no entroncamento

dessas vias e se refletem pelas vias secundárias.

Figura 16 – Mapa destacando os nós e PGT’s do trecho estudado

Fonte: Google Maps e edição do autor, 11 setembro de 2015

Além do reflexo de seus cruzamentos naturais como ocorre em qualquer bairro com

um crescimento espontâneo e acelerado, as vias arteriais sofrem em seu horário de pico com o

deságüe de veículos e pedestres provenientes de colégios, shoppings e comércios de rua

presente ao longo de todo o percurso destacado, são alguns deles a Faculdade Estácio de Sá

na Estrada do Capenha; Instituto São José, SENAI Jacarepaguá, Colégio Servita Nossa

55

Senhora Rainha dos Corações, Escola Municipal Embaixador Dias Carneiro e Center

Shopping Rio na Avenida Geremário Dantas; e Supermercados Prezunic na Estrada do

Tindiba.

Figura 17 – Foto da Saída 1A da Linha Amarela na chegada a Avenida Geremário Dantas

Fonte: Site da Igreja da Penna, Agosto de 2015

3.3 Principais Meios de Transporte na Região

Atualmente o sistema de transporte público movimenta 1.159.986 pessoas, sendo que

96,6% utiliza-se do transporte terrestre, dentre o qual a grande maioria com 72,5% utiliza os

ônibus como meio de locomoção, e apenas 13,2% utiliza o metro e 10,9% o trem. Na região

de estudo, identifica-se que não há as opções de trem e metro, exceto através da utilização de

linhas especiais de ônibus para a integração entre os modais.

56

De acordo com o Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Rio

de Janeiro (PDTU 2013) que abrange 20 municípios do estado do Rio de Janeiro, as divisões

modais são classificadas entre viagens motorizadas (sistemas metroviário, ferroviário,

aquaviário, por ônibus, bonde, transporte alternativo, automóvel particular, taxis,

motocicletas, transporte escolar, fretado, caminhão e outras opções não convencionais) e não

motorizadas (feitas a pé ou de bicicletas). E é através dessa classificação que identifica-se que

das viagens totais realizadas 29,4% são feitas a pé, 29,5% são feitas com ônibus municipais e

16,6% em veículos particulares por condutores e passageiros.

Através de dados coletados em 2012, indicadores registram que 89% da frota ativa de

veículos terrestres automotores são de passageiros, total de 2.338.962 veículos e que desse

percentual, 38,6% da população possui veículos particulares.

Quando analisadas apenas viagens motorizadas e não motorizadas, o transporte

motorizado representa 68,2% do total, sendo 48,8% para transporte coletivo e 19,5% para o

transporte individual, e o não motorizado com 31,8%, sendo 29,4% a pé e 2,4% de bicicleta.

Tabela 7 – Comparativo de 2003 x 2012 para viagens segundo o modo motorizado e não motorizado

Fonte: Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2013

57

Considerando-se para analise apenas o transporte motorizado, observa-se que há a

predominância do transporte coletivo com 71,5% do índice contra 28,5% do transporte

individual.

Tabela 8 – Comparativo 2003 x 2012 divisão modal das viagens motorizadas

Fonte: Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2013

Para dados relativos às macrozonas da cidade do Rio de Janeiro, utilizou-se a base de

dados de 2003 do PDTU 2010, onde conforme a tabela abaixo vê-se que os índices se alteram

quando focados especificamente na região da XVI-RA de Jacarepaguá, trecho foco do

presente estudo, que apresenta índices de viagens realizadas de 4,9% para transporte coletivo

e 5,8% para transporte individual.

58

Tabela 9 – Distribuição das viagens por modo de transporte segundo a macrozona de origem

Fonte: Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2010

Por ser uma região em sua maioria ocupada por residências, Jacarepaguá não é

considerada uma zona atrativa para indústrias, comércio e serviços em quantidade expressiva,

o que a caracteriza como uma zona geradora de viagens fornecendo aos pólos a mão de obra

de trabalho e possuindo assim índices maiores quando considerados o domicílio como origem

com 3,7% a pé, 5,9% para coletivos e 6,8% para transporte individual.

59

Tabela 10 – Distribuição das viagens por modo de transporte segundo o domicílio de origem por macrozona

Fonte: Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2010

Quando calculado o índice de mobilidade para o município do Rio de Janeiro, que

corresponde à facilidade de locomoção e deslocamento da população, utiliza-se como base as

12.603.872 viagens diárias e os 6.320.446 habitantes contabilizados em 2012, onde se obtém

o índice de 1.99 viagens/habitante/dia, valor esse considerado alto mas que entretanto quando

analisado apenas para viagens motorizadas é reduzido para 1,62 viagens/habitante/dia.

60

Tabela 11 – Comparativo 2003 x 2012 viagens diárias por habitante da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Fonte: Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2013

Quando partimos para analisar esses números com o foco na XVI-RA de Jacarepaguá,

o índice é mais elevado com 1,98 viagens/habitantes/dia. Através dos demais estudos

complementares relativos à escolaridade e renda média familiar mensal, identifica-se que

quanto maior o nível de escolaridade e a renda familiar, maior o número de viagens

realizadas. Esse fato pode ser facilmente verificado através dos índices de viagens calculados

entre analfabetos com 0,81 viagens/habitantes/dia, e pessoas com nível superior completo

com 2,60 viagens/habitantes/dia e pós graduação com 3,50 viagens/habitantes/dia. Com a

analise sendo feita baseada na renda mensal familiar observa-se que com até 2 salários o

índice será de 1,46 viagens/habitantes/dia, com rendas de 10 a 20 salários tem-se 2,40

61

viagens/habitantes/dia chegando a ter o pico de 4,08 viagens/habitantes/dia para médias acima

de 20 salários.

Estudiosos indicam que esse volume pode ser devido ao poder aquisitivo

relativamente superior as demais regiões, entretanto de acordo com as informações coletadas

pode-se atribuir também a maior necessidade de viagens devido à priorização residencial local

e a busca pelo comércio e necessidades primárias em outras regiões.

3.3.1 Pedestres e Ciclistas

Relativo aos deslocamentos realizados de forma não motorizada, ou seja, feitos a pé

ou de bicicleta, a XVI-RA de Jacarepaguá conforme dados apresentados na tabela 9 (p. 58)

possui percentual correspondente a 3,6% da divisão geral da origem das viagens realizadas

quando analisados os dados a partir das macrozonas.

A região foco do estudo não privilegia o pedestre e o ciclista, sendo comum no trecho

a verificação de calçadas degradadas ou fora do padrão, ausência de recuos para paradas de

ônibus e terminais de embarque e desembarque de passageiros, e inexistência de ciclovias ou

ciclofaixas. Em alguns pontos do trecho destacado têm-se calçadas muito estreitas e

insuficientes para o trânsito de pedestres, enquanto em outros pontos há calçadas largas o

suficiente para a instalação de camelos e comerciantes atuarem de modo informal

estrangulando a passagem de pedestres.

62

Figura 18 – Calçadas tomadas por ambulantes na Freguesia Fonte: Osmar Dutra, Setembro de 2015

3.3.2 Transportes Coletivos

Relativo aos deslocamentos realizados de forma motorizada através dos transportes

coletivos, ou seja, através de ônibus, transporte alternativo, metrô, trem, transporte escolar,

transporte fretado, barcas e bondes, a XVI-RA de Jacarepaguá conforme dados apresentados

na tabela 9 (p. 58) possui percentual correspondente a 4,9% da divisão geral da origem das

viagens realizadas quando analisados os dados a partir das macrozonas.

Quando focada no fator tempo, a analise fala sobre o consumo diário através do termo

“orçamento de tempo” que vem mostrar quanto do tempo disponível das pessoas é investido

em suas viagens diariamente independente dos modais utilizados. Entretanto, há maior

discrepância entre os tipos de modais, embora para viagens não motorizadas tenha-se o gasto

de 22,4% do tempo total o mesmo não é tão expressivo quando comparado ao índice de

58,7% gasto no transporte coletivo contra apenas 19% para transporte individual, que

observa-se ser 1/3 do tempo médio gasto no transporte coletivo.

63

Tabela 12 – Tempo total de viagem por modo de transporte em valores percentuais

Fonte: Plano Diretor de Transporte Urbano do Rio de Janeiro, 2010

No trecho estudado pode-se identificar um total de vinte linhas de ônibus como meio

de deslocamento diário via transporte público, sendo que do total apenas dez linhas utilizam

todo o percurso destacado no estudo, circulando as demais dez linhas apenas em trechos do

mesmo. Sua maioria circula no sentido centro da cidade, sendo que seis delas utiliza-se da via

expressa Linha Amarela, cinco delas a Avenida Menezes Cortes e apenas uma realiza o trajeto

via Barra da Tijuca e zona sul. Apenas duas linhas são destinadas a bairros centrais da tijuca,

sendo que uma o realiza via a zona norte da cidade e a outra via Avenida Menezes Cortes.

Dentre essas, identifica-se que apenas uma das linhas de ônibus que transita no

percurso destacado realiza a integração com o metrô, linha 611 – Del Castilho x Curicica.

Entretanto verifica-se que há outras linhas que poderiam realizar o mesmo tipo de serviço de

integração em destinos distintos, seja para o metro ou trens da Supervia, como é o caso da

linha 601 – Taquara x Sans Pena, que possui ponto final próximo a estação São Francisco

Xavier.

3.3.3 Veículos Individuais

Relativo aos deslocamentos realizados de forma motorizada através dos transportes

individuais, ou seja, condutor e passageiro de veículo, táxis, motocicletas e caminhões, a

XVI-RA de Jacarepaguá conforme dados apresentados na tabela 9 (p. 58) possui percentual

correspondente a 5,8% da divisão geral da origem das viagens realizadas quando analisados

64

os dados a partir das macrozonas. Sendo esse índice superior ao calculado para os transportes

coletivos, é natural que a população recorra a esse tipo de transporte visto que os indicadores

de tempo médio gasto no transporte coletivo pode chegar a ser até três vezes superiores ao

transporte individual.

3.4 Marcos de Colapso Urbano no Tráfego da Região

Acidentes no trânsito costumam trazer transtornos à região onde ocorrem. Entretanto,

para a área, objeto deste estudo, a abrangência dos impactos causados por acidentes, podem

tomar proporções maiores do que deveriam. Com registros frequentes de acidentes nas

principais vias da região, um caso impactante na memória da cidade pelos transtornos

causados, refletidos nos bairros limítrofes e propagados por horas atingindo a população

transeunte em horário de pico do trânsito, foi o incêndio ocorrido em um ônibus no túnel da

Covanca na Avenida Carlos Lacerda em 08/12/2011.

Figura 19 – Foto da fumaça do incêndio no ônibus dentro do túnel da Covanca na Linha Amarela Fonte: Reprodução, TV Globo, 2011

65

O incêndio que se iniciou por volta das 16h30min interditou ambos os sentidos da via

expressa, que somente após aproximadamente 4 horas de trabalhos dos bombeiros e

funcionários da concessionária que administra a via, foi parcialmente liberado o fluxo de

veículos no sentido contrario ao acidente, por volta das 20h08min.

Com isso houveram reflexos em vários pontos da cidade e principalmente nas vias de

acesso e entorno da via expressa, como foi o caso da Avenida Geremário Dantas e a Estrada

do Pau-Ferro, objetos do presente estudo, onde houveram passageiros que optaram por descer

de seus ônibus e terminar o percurso a pé.

O reflexo do acidente ocorrido foi sentido por vários pontos da cidade inclusive na Via

Expressa Presidente João Goulart (conhecida como Linha Vermelha), Avenida Brasil,

Avenida Ayrton Senna, Avenida Dom Hélder Câmara, Alto da Boa Vista, Praça da Bandeira

e Radial Oeste, Auto Estrada Lagoa-Barra e Avenida Menezes Cortes (Auto Estrada Grajaú-

Jacarepaguá) principal rota alternativa a Avenida Carlos Lacerda pelo ponto de interdição

ocorrido na via, conforme mostra a Figura 19.

As vias da região sofrem impacto direto quando há acidentes ou paralisações na

Avenida Carlos Lacerda (Linha Amarela), o que demonstra certa fragilidade e dependência do

bairro para com a mesma. A Figura 20 mostra a situação ocorrida em 2014, quando foi feito o

fechamento da via expressa para a realização de protestos, e os motoristas que tentavam

cruzar o bairro da Freguesia ficaram engarrafados sem outra opção de via para o escoamento

do trânsito e precisaram aguardar o andamento do mesmo.

66

Figura 20 – Motoristas saem de seus carros no trânsito parado na Freguesia Fonte: Júlio José de Pires Lopes, G1 O Globo, 2014

4. IMPACTOS DAS INTERVENÇÕES EXECUTADAS NO BAIRRO E ENTORNO

Jacarepaguá teve seu desenvolvimento fortemente baseado na comercialização de seus

produtos agrícolas, e durante muito tempo sua urbanização foi gerada pela necessidade de

deslocamento desses produtos, sendo por esse motivo abertas as principais vias da região e

pelas próprias obras de loteamento realizadas pelo Barão da Taquara. Com o crescimento da

cidade, novas intervenções foram trazidas para a região como as melhorias realizadas na

Avenida Menezes Cortes (Auto Estrada Grajaú- Jacarepaguá), via que se liga a Zona Norte

pela região do Grande Méier; a implantação da Avenida Carlos Lacerda (Linha Amarela)

fazendo a conexão entre a Barra da Tijuca, Jacarepaguá e bairros da Zona Norte com a Ilha do

Fundão. Mais recentemente houve a implantação do Sistema BRT TransCarioca com a

ligação entre o Terminal Alvorada na Barra da Tijuca e o Aeroporto Internacional Tom Jobim

67

(Galeão) através de corredor expresso para ônibus, atingindo vários bairros da Zona Oeste e

Norte da cidade.

4.1 Implantação da Auto Estrada Grajaú-Jacarepaguá

Assim como a maioria das estradas da região, a Avenida Menezes Cortes surgiu pela

necessidade de escoamento das produções das fazendas e engenhos da região no início do

século XIX. A construção efetiva da via somente foi considerada finalizada na década de

1950, sendo que anterior ao seu término, a via mais utilizada para acessar a região da Baixada

de Jacarepaguá era a Estrada de Furnas pelo Alto da Boa Vista.

Figura 21 – Auto Estrada Grajaú-Jacarepaguá (Futura Avenida Menezes Cortes) Final da década de 1940 Fonte: Site de imagens Skyscrapercity, Agosto de 2015

A Serra do Pretos Forros parte do Maciço da Tijuca, recebeu esse nome em virtude de

escravos fugidos ou alforriados buscarem abrigo e construírem quilombos em sua subida.

Como um divisor natural entre as Zonas Norte (Grande Méier) e Oeste (Jacarepaguá) do Rio

de Janeiro, serpenteando-a nasce na época do império o Caminho de Mateus, hoje nomeada

Avenida Menezes Cortes, que conectava a região do Engenho Novo e Fazenda Boa Vista,

68

terras de Mateus José Nunes, com a Porta D’Água ou Freguesia de Nossa Senhora do Loreto

e Santo Antônio.

Originalmente seu traçado seguia de Jacarepaguá até o trecho mais alto da Serra,

conhecido como Cabana da Serra aonde viria futuramente a ter restaurante homônimo, e

sofria um desvio para que sua descida ocorresse através de ruas do bairro do Engenho Novo,

as Ruas Sincorá e Maria Luiza, hoje consideradas parte do bairro do Lins de Vasconcelos. No

final da década de 1920 com o Presidente Washington Luís foi construído o trecho da Cabana

da Serra, sendo que somente foram retomadas as obras no início da década de 1940 pelo

Departamento de Estradas de Rodagem – DER, sendo concluído o trecho de ligação até o

bairro do Grajaú na década de 1950. Apesar de seu traçado ligando os bairros do Grajaú e

Jacarepaguá estar concluído na década de 1950, a estrada permanecia executada em terra

batida, e somente na década seguinte, 1960, foi realizado seu asfaltamento. Em 1962 com o

falecimento do General Menezes Cortes em desastre aéreo, a via recebeu seu nome como

forma de homenagem a personalidade, passando assim a se chamar oficialmente Avenida

Menezes Cortes, apesar de popularmente conhecida até os dias atuais como Auto Estrada

Grajaú-Jacarepaguá. (COSTA, 1995 p.28)

Na década de 1960, surgiram novos empreendimentos imobiliários na região da

baixada de Jacarepaguá, o que deu foco a região e trouxe melhorias como o asfaltamento da

via, entretanto somente na década de 1980 durante o governo de Chagas Freitas, foi realizada

a duplicação da estrada.

A Avenida Menezes Cortes ao longo dos anos sofria com os períodos de chuvas na

região, que trazia perigo aos motoristas e moradores não só pela via sinuosa e escorregadia,

como também pelos deslizamentos de terras e rochas tão frequentes. Com isso, através da

Fundação Instituto de Geotécnica – Geo-Rio, foram realizadas uma série de obras de

contenção por diferentes técnicas como muros de arrimo, fixação de blocos de rochas e telas

69

de impacto contra a rolagem de pedras, além de obras de recuperação do sistema de drenagem

e pavimentação.

Figura 22 – Obras da Geo-Rio na Avenida Menezes Cortes (Auto Estrada Grajaú-Jacarepaguá) Fonte: Grupo Grande Tijuca, 2010

A principal via de ligação entre o bairro de Jacarepaguá e a Tijuca, ainda hoje sofre

com suas precariedades e peculiaridades. A via que antes era em barro batido e rodeada pela

Mata Atlântica, hoje já em asfalto convive com os moradores da Comunidade do Complexo

do Lins. Precisando de melhorias como acostamentos em suas descidas, a via já evoluiu em

alguns pontos para melhorar a segurança dos transeuntes, como redução e redutores de

velocidade, passarelas para os moradores da comunidade, sinalização eletrônica contendo

informações sobre as condições da via, instalação de cornetas para sinalização sonora do risco

de deslizamentos em dias de fortes chuvas, a instalação de uma Unidade de Polícia

Pacificadora – UPP em 2013 e as constantes obras de contenções realizadas pela Geo-Rio.

Apesar das recentes melhorias na segurança e infraestrutura, a Avenida Menezes

Cortes vem sendo estrangulada pela crescente população que reside em seu entorno, o que por

70

vezes traz problemas e impedimentos a evolução da via para atendimento a demanda de fluxo

desejada. Como exemplos disso, vê-se trechos em que não há a possibilidade de alargamento

da via sem impactos em residências ocupadas; o desrespeito as passarelas que mesmo com

sua existência não são utilizadas e ainda há travessias e trânsito de pedestres e de animais na

via; a utilização de acostamento existente como estacionamento de veículos particulares; além

dos reflexos dos problemas sociais, como tiroteios e confrontos policiais, ainda vividos com

menor intensidade desde a instalação da UPP do Complexo do Lins, mas ainda existentes na

comunidade.

Figura 23 – Carros estacionados na lateral da via e morador da comunidade trafegando pela pista na Avenida

Menezes Cortes (Auto Estrada Grajaú-Jacarepaguá) Fonte: Paula Giolito, 2013

4.2 Implantação da Via Expressa Linha Amarela

Na década de 1960, o então governador Carlos Lacerda, solicitou ao urbanista grego

Constantínos Apóstolos Doxíadis a elaboração do Plano Doxíadis ou o que ficou conhecido,

por sua divisão em linhas policromáticas, Plano Policromático. O Plano Doxíadis consistiu na

elaboração de linhas mestras para a conexão dentro da cidade, através de vias expressas

diferenciando-as através das cores. Dentre elas destacam-se, as linhas vermelha (Centro-Via

Dutra), azul (Barra da Tijuca-Avenida Brasil), verde (Via Dutra-Gávea via Tijuca), marrom

(Centro-Santa Cruz), lilás (Botafogo-Sambodrómo) e amarela (Jacarepaguá-Ilha do Fundão).

71

Figura 24 – Linhas Policromáticas elaboradas pelo plano urbanístico para o Rio de Janeiro

Fonte: Apresentação TransCarioca, 2012

Para o objeto do presente estudo, o foco será exclusivo para a Linha Amarela que

trouxe modificações na paisagem urbana local e desenvolvimento a região estudada. Essa que

foi parte integrante do plano elaborado, somente sairia do papel durante a primeira gestão de

Cesar Maia em 1994, sendo construída e inaugurada em Novembro de 1997, conclui-se a

ligação entre a Baixada de Jacarepaguá e a Ilha do Fundão com mais de 30 anos da elaboração

do plano concluído. Em homenagem ao responsável por sua criação, foi nomeada como

Avenida Governador Carlos Lacerda, entretanto permanece mais conhecida popularmente

como Linha Amarela.

A via expressa possui aproximadamente 15 km de extensão no trecho construído de

1994 a 1997, que se somado ao trecho da Avenida Ayrton Senna (antiga Avenida Alvorada) e

ao trecho da Novo Rio, a extensão da via chega a 25 km. Cruzando 17 bairros da cidade, a

Linha Amarela possui quatro túneis, sendo o túnel da Covanca que atravessa o maciço da

Serra dos Pretos Forros o maior deles, com 2.187 metros é considerado inclusive um dos

maiores túneis em perímetro urbano do mundo.

72

Figura 25 – Construção do túnel da Linha Amarela e paisagem ao fundo do bairro da Freguesia com a Igreja

Nossa Senhora da Penna no topo da Pedra do Galo Fonte: Site de imagens Skyscrapercity, 1997

Figura 26 – Construção do túnel da Linha Amarela e paisagem ao fundo do bairro da Freguesia

Fonte: Site de imagens Skyscrapercity, 1997

73

A construção da Linha Amarela trouxe desenvolvimento aos bairros por ela cortados

através da integração que proporcionou com regiões chave como o Centro e a Ilha do Fundão,

mas principalmente possibilitou a abertura de novos bairros como a Barra da Tijuca e o

Recreio dos Bandeirantes para a habitação, pela integração com as demais regiões.

O trecho estudado está focado justamente no acesso as duas saídas da Linha Amarela,

saída 1A – Pechincha pela Estrada do Pau Ferro e saída 1B – Freguesia pela Avenida

Geremário Dantas, sendo uma constante diária de complicações no trânsito da região nos

horários de maior quantidade de deslocamentos.

4.3 Implantação do Sistema BRT TransCarioca

O sistema de Transporte Rápido por Ônibus (BRT – Bus Rapid Transit) prevê faixas

exclusivas para ônibus articulados à esquerda do fluxo de veículos para evitar os conflitos

como por exemplo as conversões à direita e entrada e saída de residências e estabelecimentos

comerciais. Além disso, com as plataformas elevadas ao nível do acesso aos ônibus garante a

acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, e os guichês de cobrança antecipada

de passagens nas estações garantem um gasto menor de tempo para o embarque e

desembarque dos passageiros.

74

Figura 27 – Seção tipo para implantação do BRT TransCarioca também adotado no BRT TransOeste

Fonte: Apresentação Corredor T5, 2009

Em 2012, foi implantado o primeiro sistema de BRT na cidade do Rio de Janeiro, a

linha TransOeste que liga a Barra da Tijuca no Terminal Alvorada até os bairros de Santa

Cruz e Campo Grande. O objetivo é que sejam construídos inicialmente quatro corredores

expressos, TransOeste e TransCarioca já concluídos, e a TransOlímpica e TransBrasil em fase

de obras com terminais de conexão que permitirão a junção das quatro linhas.

Como elaborado no Plano Doxíadis (Figura 21) a Linha Azul faria a ligação entre os

bairros do Recreio dos Bandeirantes e a Penha, sendo seu projeto básico desenvolvido sob o

nome de Corredor T5 foi concluído em 2005 com a ligação entre o Terminal Alvorada na

Barra da Tijuca e a Penha. No ano de 2009 o prefeito Eduardo Paes cria comissão para

viabilizar o projeto, agora já nomeado como TransCarioca, com as readequações necessárias

do projeto básico como a inclusão de ciclovias, desenvolvimento do plano urbanístico e

detalhamento das obras previstas, além do atendimento a toda a documentação solicitada para

a licença ambiental pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

75

Entretanto verificou-se a necessidade de ampliação de seu traçado até o Aeroporto

Internacional Tom Jobim (Galeão) na Ilha do Governador, sendo os motivos mais

determinantes para essa ampliação de percurso o atendimento a demanda por transportes

públicos gerada pelos grandes eventos na cidade, Copa do Mundo de Futebol 2014 e

Olimpíadas 2016; e a condicional para obtenção do financiamento do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pois estudos mostravam que o acréscimo

beneficiaria e representaria o atendimento a mais 100 mil usuários por dia. Sendo assim, o

trecho foi sub-dividido entre 1° lote que referia-se a ligação entre o Terminal Alvorada e a

Penha, projeto original do Corredor T5, e o 2° lote com a ampliação da linha da Penha ao

Aeroporto Galeão.

76

Figura 28 – Percurso realizado pelo sistema BRT TransCarioca

Fonte: Site Infraestrutura Urbana, 2011

Com as obras iniciadas em 2011 e concluídas em 2014, a maior parte dos recursos

foram repassadas pelo Governo Federal (PAC da Copa-Plano de Aceleração do Crescimento)

e com contra partida de 200 milhões pelos Governo Estadual e Municipal e um investimento

total de 1.833,60 bilhões. A obra de implantação da via expressa envolveu desapropriações,

quilômetros de pavimentação em concreto (mais resistentes ao tráfego intenso), construção de

viadutos, mergulhão e pontes além de suas estações. Com um trajeto de 39 quilômetros, o

percurso possui 47 estações (17 estações com integração as linhas alimentadoras) e interliga

27 bairros, e conecta-se com os trens e metros da Supervia em Madureira (Terminal Paulo da

77

Portela e Madureira Manacéia – integração com os ramais Deodoro, Santa Cruz, Belford

Roxo e Japeri), Penha e Olaria (Estações Brás de Pina, Monsenhor Alves Rocha e Cacique de

Ramos – integração com o ramal Gramacho), Vicente de Carvalho (integração com metro da

linha 2) e cruzando a Avenida Brasil, com previsão de integração com o futuro BRT-

TransBrasil e em Curicica futura integração com a TransOlímpica, com isso mantendo a

concepção de eixos de transportes integrados pela cidade.

Com um trajeto que passa por vias importantes de fluxo intenso como a Avenida

Ayrton Senna na Barra da Tijuca, Avenida Nelson Cardoso e Rua Cândido Benício em

Jacarepaguá, Avenida Edgar Romero em Madureira, Avenida Vicente de Carvalho em

Vicente de Carvalho, Avenida Brás de Pina na Penha, Rua Ibiapina em Olaria e Avenida dos

Campeões em Ramos, sua implantação trás impactos diretos no trecho foco desse estudo.

A proposta de implementação do BRT TransCarioca foi com a visão de incluir uma

conexão transversal entre as zonas Oeste e Norte, visando atender e atentar ao princípios

sustentáveis reduzindo a quantidade de ônibus e veículos individuais através do fornecimento

de transporte mais rápido e integrado com os demais modais da cidade.

O sistema criado em 1974 pelo arquiteto Jaime Lerner, que enquanto prefeito da

cidade de Curitiba, no Paraná, proporcionou mudanças na capital com um sucesso urbano

reconhecido mundialmente, não é focado exclusivamente na implantação do sistema BRT

mas também envolve uma série de projetos agregados como zonas de pedestres, espaços

verdes e projetos sociais, servindo de exemplo para outras grandes cidades brasileiras como

São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

A implantação do sistema, e mais especificamente a estação Terminal Tanque

instalada no entroncamento entre a Avenida Nelson Cardoso, Rua Cândido Benício e Avenida

Geremário Dantas, trouxe muitos impactos ao trecho foco do estudo, principalmente relativo

ao transporte público da região, que com a nova opção de transporte muitas linhas de ônibus

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que realizavam o percurso na região foram retiradas de circulação ou substituídas por linhas

alimentadoras que se conectam com os terminais do BRT Alvorada e Tanque.

Figura 29 – Ônibus articulado no Terminal Alvorada com destino Terminal Tanque

Fonte: Bruno Gonzalez, 2014

Figura 30 – Esquema de demonstração das conexões entre modais e linhas alimentadoras

Fonte: Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento - ITDP, 2015

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5. SUGESTÕES DE MELHORIAS VIÁRIAS

Apenas a implantação de novos modais em uma região, não transformará por

completo o uso do veículo individual que está embutido na cultura do brasileiro, que por

décadas vê na aquisição do veículo próprio um significado de status e crescimento pessoal.

Além disso, o fato da oferta do transporte público de massa ser deficiente na qualidade de

serviços gera em grande parte da população insatisfação. E assim como Jaime Lerner que

idealizou o sistema BRT para a cidade de Curitiba, mostrou que inserir praticas sociais e

educacionais à população e modificações na paisagem urbana local são parte do processo de

evolução da cidade, e que apenas a inclusão do BRT em uma cidade não seria capaz de mudar

sua paisagem, resolver os problemas de mobilidade e torná-la um exemplo mundial como o

ocorrido com Curitiba. São necessárias ações por muitas vezes simples e óbvias, outras nem

tanto, políticas públicas contidas no conceito da cidade sustentável, mudanças de hábito da

população. São medidas tomadas em conjunto para se alcançar a eficiência do sistema viário

urbano e a modificação do espaço urbano buscando-se um melhor uso e ocupação do solo.

E é com essa visão e baseado nos dados coletados e discorridos ao longo desse

trabalho, que se faz as seguintes sugestões para melhorias cabíveis ao trecho, objeto deste

estudo, e que, por sua vez, poderiam contribuir em desafogar o trânsito da região, que se

desdobraria refletindo-se em bairros vizinhos, e proporcionando aos moradores e aos usuários

passantes, melhor qualidade de vida também em relação ao tempo gasto no trânsito que seria

melhor utilizado para outros fins.

1- Conscientização da população

Um dos pilares da sustentabilidade são os programas realizados junto à sociedade, que

aqui são cabíveis para humanizar o trânsito cada dia mais complicado na região.

Conscientizar motoristas, ciclistas e pedestres que são parte de um sistema único e que para a

80

preservação da vida, todos precisam desenvolver seus papeis e seguir as regras pré-

determinadas. Comum em países desenvolvidos, a educação no trânsito não é apenas uma

atitude civilizada e moderna, mas algo a ser desenvolvido desde as bases da sociedade através

de crianças e adolescentes. A conscientização dos jovens ainda sem vícios do dia-a-dia,

permitirá que no futuro tenham-se melhores e mais respeitosos pedestres, ciclistas e

motoristas.

2- Retificação do dimensionamento de Vias

Com suas vias subdimensionadas se faz urgente a atualização das mesmas, visto que,

para vias arteriais como a Avenida Geremário Dantas e a Estrada do Pau-Ferro, quando a

distância entre os veículos na faixa de rolagem está abaixo da distancia considerada

recomendável, torna-se desconfortável ao motorista essa proximidade, o que faz com que o

mesmo reduza sua velocidade durante o percurso, o que consequentemente diminui a

velocidade desenvolvida na via, tornando o trânsito lento e ficando excessivamente abaixo da

velocidade máxima permitida.

Além do fato que o ajuste dimensional da via traria mais segurança aos motoristas e

pedestres da região, que além de melhorar a fluidez, auxiliará na redução do número de

acidentes, trazendo reflexos para a redução de casos de engarrafamentos constantes na região.

3- Sincronismo de Semáforos

Como uma das medidas passíveis de serem adotadas para melhorias no trânsito da

região, cita-se a viabilização de avaliação para melhora no sincronismo dos semáforos, onde

não somente os mesmos poderão melhorar o fluxo de veículos na via, como também poderão

ser ajustados para garantir maior segurança ao pedestre através da adequação do tempo gasto

pelo transeunte para cumprir a tarefa da travessia como um todo e eliminar casos como o que

81

ocorre no entroncamento entre a Rua José Silva com a Avenida Geremário Dantas, conforme

mostra a Figura 31, onde se privilegia o cruzamento de veículos com conversões à esquerda e

somente após essa ação dos veículos a via é liberada para a travessia de pedestres. Essa

situação se torna agravada com os constantes engarrafamentos na região e desrespeito as

sinalizações de piso como as faixas de retenção e de pedestres.

Figura 31 – Imagem do entroncamento da Avenida Geremário Dantas e a Rua José Silva

Fonte: GoogleMaps StreetView, 18 de Setembro de 2015

As sinalizações através da pintura no piso também auxiliam as travessias de pedestres,

e no percurso estudado há trechos da via que não contemplam as mesmas. Uma sinalização

importante e necessária que por muitas vezes não encontram-se indicadas no trecho estudado

são as demarcações para não fechamento do cruzamento, fato que ocorre com freqüência em

períodos de engarrafamentos, e juntamente com a imprudência de alguns motoristas coloca

em risco a vida do pedestre e prejudica ainda mais a fluidez do trânsito.

4- Implantação de Ciclovias ou Ciclofaixas

Por todo o percurso estudado não há ciclovias ou ciclofaixas, mesmo após a conclusão

do sistema BRT TransCarioca, e a retirada ou substituição de linhas de ônibus que realizavam

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trajetos ao longo das vias foco do estudo, não foi realizada conexão entre os bairros e o

sistema implantado através do uso de ciclovias ou ciclofaixas, que privilegiam trajetos de

curta distancia a serem realizados por ciclistas ou pedestres. Por seu caráter sustentável, a

medida não somente agrega valor ao novo sistema implantado como também provê aos

moradores e população usuária da região qualidade de vida, além dos efeitos ambientais com

a redução da emissão de gases poluentes à atmosfera e redução da emissão de ruídos.

De acordo com as definições do Departamento Nacional de Infraestrutura e

Transportes – DNIT (2010, p. 31), as ciclovias são pistas próprias destinadas à circulação de

ciclos, separada fisicamente do tráfego comum; e as ciclofaixas são parte da pista de

rolamento destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica.

Considerando as características do percurso que pode ser realizado entre o Terminal

BRT TransCarioca no Largo do Tanque e os Largos do Pechincha e Freguesia, e as definições

de ciclovias e ciclofaixas, o mais indicado seria o uso da ciclofaixa, pois esta possui melhor

segregação durante o percurso entre os pedestres usuários de passeios e calçadas e dos

veículos trafegando nas vias; além de sinalização independente e sincronizada ao fluxo de

veículos e pedestres, garantindo melhor segurança para ambos transeuntes.

5- Tratamento para nós e agulhas da região

Como em todo sistema viário, entroncamento entre vias caracterizam redução na

velocidade do fluxo de veículos, trazendo retenções e congestionamentos em seus horários de

pico e sendo fonte de impactos no trânsito de uma determinada região. Isso ocorre no trecho

foco desse estudo, conforme mostrado na Figura 16, predominantemente em três pontos:

encontro entre a Avenida Geremário Dantas, a Avenida Nelson Cardoso e Rua Cândido

Benício no Largo do Tanque; entroncamento entre a Avenida Geremário Dantas, Estrada do

Tindiba e Estrada do Pau-Ferro no Largo do Pechincha; e na agulha de retorno na Avenida

83

Geremário Dantas esquina com a Rua Lopo Saraiva. Sendo essa ultima objeto de analise,

visto que observa-se que a mesma possui duas agulhas, uma em seu acesso na Avenida

Geremário Dantas e a outra em sua saída na Estrada do Tindiba, causando assim uma retenção

em um curto trecho. Essa via, que nos horários de pico apresenta altos níveis de

congestionamento, ou seja, o tráfego é extremamente intenso, acarretando grandes retenções

na região por sua característica de ligação entre duas vias arteriais do bairro, inclusive

possuindo em uma de suas duas pistas de rolagem um ponto de ônibus que não foi

contemplado com recuo para embarque e desembarque de passageiros.

De acordo com os conceitos estudados, propõem-se verificar a possibilidade de

retirada dessas duas agulhas da Rua Lopo Saraiva através do desvio do trânsito da Avenida

Geremário Dantas no sentido Taquara e/ou retorno para a Freguesia, para ser realizado pela

Rua Laura Telles, assim como o fluxo da Avenida Geremário Dantas sentido Freguesia

também propõem-se ser desviado pela Rua Laura Telles, que assim passaria a ter apenas um

sentido de fluxo desaguando na Rua Marques de Jacarepaguá onde seria possível optar pelo

sentido Taquara pela própria Rua Marques de Jacarepaguá ou pela Estrada do Tindiba para

ambos os sentidos, Taquara ou Freguesia, tornando também a Estrada do Tindiba uma via de

sentido único a partir do seu entroncamento com a Rua Marques de Jacarepaguá.

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Figura 32 – Sugestão esquemática para mudança no trânsito da Rua Lopo Saraiva

Fonte: Google Maps e edição do autor, 18 setembro de 2015

6. CONCLUSÕES

O sistema de transporte da cidade do Rio de Janeiro está em fase de crescente

evolução, com a implantação de vias expressas de ônibus - BRTs, readequação de linhas de

ônibus, expansão do metrô, dentre outras ações. Parte dessas modificações vem ocorrendo na

região Oeste da cidade, entretanto é importante destacar que não sejam esquecidas as vias já

existentes, e que essas recebam as adequações necessárias para que juntamente com os novos

sistemas implantados, possam fornecer a população melhorias na mobilidade de forma a

atender os desejos e necessidades, visando premissas de serem cidades cada vez mais

sustentáveis. Mantendo-se o foco da sustentabilidade, enquadra-se a cidade do Rio de Janeiro

de forma que possa ser considerada como um território de uso mais equilibrado em relação a

todos os seus subsistemas de infraestrutura, e também no que diz respeito à mobilidade tão

necessária ao desenvolvimento urbano, de forma que possa evoluir para prover a sua

população melhor qualidade de vida, não somente no que tange às suas belezas naturais, mas

também pelo que uma população que vive em melhores condições pode proporcionar a sua

85

cidade. Lembrando que melhorias em uma região não só agregam valor aos bens materiais,

mas também a população que dela usufrui. Gerando na comunidade da região o sentimento de

cor no cenário local, melhorando a paisagem, que propicia à população a sensação de posse e

de cuidar do que é seu, diminuindo a possibilidade de degradação ao meio ambiente.

Mesmo a análise sendo realizada sobre um pequeno trecho dos bairros do Tanque,

Pechincha e Freguesia, as deficiências observadas são recorrentes em várias cidades do Brasil,

não somente no Rio de Janeiro, e seu tratamento é cada vez mais necessário. Atualmente, o

tema cidade sustentável está cada vez mais em pauta nas discussões entre os profissionais da

área da engenharia, sendo esses capacitados para, através de seus conhecimentos, desenvolver

projetos de forma adequada para proporcionar uma cidade acessível a todos. Entretanto, esses

profissionais precisam que os órgãos reguladores e a população, ambos cumpram sua parte

para que que as mudanças ocorram e de forma a manter com boas práticas o que já foi

realizado.

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