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96 www.backstage.com.br ILUMINAÇÃO A fumaça é fundamental no processo da concepção da luz, pois é ela que vai fazer o registro de todos os efeitos criados durante um show. Os iluminadores sabem que o uso da fumaça tem de ser estudado também como conceito, pois faz parte da iluminação cênica. Mas o que acontece quando há reclamações sobre a causa de irritação ou alergia em função do contato com a fumaça? Saiba como anda essa questão Karyne Lins [email protected] Cuidado com a fumaça rimeiro é importante entender que tipo de material os iluminadores encontram para produzir fumaça. São vá- rios líquidos com toda espécie de densidade e aromas, sendo que muitos não oferecem o registro do químico responsá- vel por sua fabricação. É com essa preocupação que os entrevis- tados fazem um alerta em relação aos líquidos de fumaça exis- tentes no mercado. “Há líquidos fabricados de forma quase caseira que obvia- mente não uso por não me sentir seguro quanto à segurança do P produto”, diz Luiz Nobre, diretor da empresa Confraria da Luz (PR) e presidente da AbrIC (Associação Brasileira de Ilumina- ção Cênica). Ozair Guimarães, que trabalha com iluminação para eventos corporativos, prefere utilizar o líquido do tipo neu- tro, pois ajuda a evitar cheiro de queimado que alguns aromas acabam provocando nas máquinas de grande porte, como a F 100, PRO 2000, ZR 33, entre outras. Existem líquidos à base de glicerina (fluído) que origi- nam uma fumaça mais espessa ou à base de água, o que tor- Fotos: Karyne Lins / Divulgação

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Sobre cuidado, tipos e opiniões de músicos e cantores sobre a fumaça no palco >> Para contato: midia_radicalteen@hotmail .com

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Page 1: Cuidado com a fumaça

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ILUMINAÇÃO

A fumaça é fundamental no processo da concepção da luz, pois é ela quevai fazer o registro de todos os efeitos criados durante um show. Osiluminadores sabem que o uso da fumaça tem de ser estudado tambémcomo conceito, pois faz parte da iluminação cênica. Mas o que acontecequando há reclamações sobre a causa de irritação ou alergia em funçãodo contato com a fumaça? Saiba como anda essa questão

Karyne Lins

[email protected]

Cuidadocom a fumaça

rimeiro é importante entender que tipo de material osiluminadores encontram para produzir fumaça. São vá-rios líquidos com toda espécie de densidade e aromas,

sendo que muitos não oferecem o registro do químico responsá-vel por sua fabricação. É com essa preocupação que os entrevis-tados fazem um alerta em relação aos líquidos de fumaça exis-tentes no mercado.

“Há líquidos fabricados de forma quase caseira que obvia-mente não uso por não me sentir seguro quanto à segurança do

Pproduto”, diz Luiz Nobre, diretor da empresa Confraria da Luz(PR) e presidente da AbrIC (Associação Brasileira de Ilumina-ção Cênica). Ozair Guimarães, que trabalha com iluminaçãopara eventos corporativos, prefere utilizar o líquido do tipo neu-tro, pois ajuda a evitar cheiro de queimado que alguns aromasacabam provocando nas máquinas de grande porte, como a F100, PRO 2000, ZR 33, entre outras.

Existem líquidos à base de glicerina (fluído) que origi-nam uma fumaça mais espessa ou à base de água, o que tor-

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na a fumaça mais dissipável e rala,além da Haze machine, que possuium fluído específico para criar umatextura invisível de fumaça sem per-der o desenho da luz.

Os entrevistados explicaram que hámuitos tipos de líquidos e misturas paraprodução de fumaça, desde o tradicionalRosco, Martin, até as mais diversas mistu-ras de álcool com glicerina encontradasem qualquer farmácia. A opção mais‘barata’ tem seus problemas relacionadosà durabilidade, resíduos na máquina eaté diferenças de temperatura da quei-ma, provocando aquele inconfundívelcheiro de queimado.

Para as máquinas mais comuns co-nhecidas como Fog, eles recomendam olíquido do fabricante Rosco, por possuiruma mistura mais leve, o que dá à má-quina um melhor aproveitamento daconversão da energia elétrica em calor.As máquinas conhecidas como Hazenão utilizam calor na produção do efeitofinal que é a neblina e não fumaça e uti-lizam uma mistura especial.

A fumaça “fria” utiliza o velho méto-do de mergulhar um bloco de gelo secoem um “tonel” de água aquecida com o

auxílio de serpentinas de alta potência.Porém há hoje no mercado um acessórioque, acoplado a qualquer máquina defumaça comum, “esfria” a fog tornando-

a mais pesada e obtendo o mesmo resul-tado do gelo seco.

Qual é a reclamaçãoTonn Carvalho, que hoje trabalha no

segmento de música sertaneja, definiuem poucas palavras o que causa este mal-estar no artista. “O que provoca um chei-ro desagradável é o resíduo de glicerinaque fica dentro da máquina. Num próxi-mo show, ele produz um cheiro meio ar-dido que irrita a garganta e os olhos. Porisso sempre é bom fazer uma limpeza namáquina após cada trabalho. Além disso,o perigo está com certeza na substânciausada (glicerina de má qualidade ou defarmácia misturada com água)”, denun-cia Tonn.

Luiz Nobre acha que os artistas recla-mam da quantidade de fumaça coloca-da no espetáculo ou show, e, quando issoacontece com ele, a reclamação é emrelação às essências usadas. “Indepen-dente da quantidade usada ou da subs-tância, acho que muita fumaça, mesmoque seja para desenhar melhor sua luz,pode causar a sensação de sufoco no ar-tista e se a substância não for de qualida-de comprovada o perigo é o mesmo”.

Ozair Guimarães diz que geralmentea maior parte das reclamações feitas pormúsicos e artistas é relacionada aoressecamento da garganta e ardêncianos olhos. Isso acontece quando são usa-dos líquidos de procedência duvidosa echeiros enjoativos de alguns aromas. Por-tanto, o perigo está na utilização inade-

quada do líquido quando se dilui o pro-duto com qualquer outra substância.“Não se deve alterar o conteúdo do líqui-do de forma alguma, pois ele pode se tor-

nar prejudicial à saúde”, alertou Ozair.Marcos Franja (Nação Zumbi, Fer-

nanda Porto, Yamandú Costa) explicaque os líquidos menos prejudiciais seriamaqueles que usam a água como base,apesar de as necessidades do show seremdeterminantes para esta escolha. As re-clamações ficam por conta dos bolos queo excesso de fumaça pode causar fazen-do com que a banda sucumba a umanuvem de fumaça, bem como o maudirecionamento que projeta o jato da fu-maça diretamente no vocal. Ele aconse-lha também a evitar o uso de essências(odores) misturadas ao líquido.

A opinião dos músicosMuita ou pouca fumaça? O saxofonis-

ta Zé Canuto gosta de muita fumaça,

Tonn Carvalho sabe da responsabilidade de utilizarlíquidos de qualidade para gerar fumaça

Para Luiz Nobre os técnicos não estão maisutilizando substâncias duvidosas

A opção mais ‘barata’tem seus problemas

relacionados àdurabilidade,

resíduos na máquina eaté diferenças detemperatura da

queima

“Muita fumaça, mesmoque seja para desenharmelhor sua luz, podecausar a sensação de

sufoco no artista e se asubstância não for de

qualidade comprovada operigo é o mesmo”

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mas só se ele estiver na platéia. Por outrolado, quando está tocando, prefere a fuma-ça de uma forma mais moderada. O músi-co Luiz Carlos Sá diz que para fazer efeitotem que ser muita, senão o show fica pobre.

“Para mim, quanto menos fumaça,melhor. Pois, além de atrapalhar a minhacomunicação visual com os outros músi-cos no palco, dependendo do tipo da fu-maça, ela molha minha bateria, e os pe-dais ficam escorregadios”, declarouLellei Pinheiros, baterista da cantoragospel Pâmela.

Em relação à alergia que alguns mú-sicos dizem ter quando têm contatocom a fumaça, Zé Canuto disse queem seu caso a fumaça não causa irrita-ção, principalmente porque o materialque é utilizado evoluiu bastante, mas é

imprescindível o cuidado com a quan-tidade, especialmente perto dos músi-cos de sopro.

“Há alguns anos eu estava participandode um show em Curitiba quando umaenorme massa de fumaça me envolveu. Oque aconteceu foi que quando soprei aflauta não saiu uma nota. Isto porque a fu-maça era mais pesada do que o ar que euestava jogando para dentro do instrumen-to. Não deu para competir com a fumaça ea música acabou ficando sem a melodia daintrodução”, conta Zé Canuto.

“Irritação, somente no sentido neuro-lógico, pois fico realmente chateado como fato de não enxergar os músicos, nãoconseguir interagir com eles e em algunsmomentos nem conseguir ler o set list”,disse Lellei Pinheiro.

Acredito que uma má utilização da

fog possa enterrar a luz e a banda jun-

tas. O que procuro observar na hora de

determinar quantidade e posiciona-

mento é o estilo musical, a disposição da

banda e da cenografia e o posicio-

namento e a altura dos praticáveis. Vou

usar como exemplo três artistas com os

quais trabalho:

Nação Zumbi - Som pesado. Dese-

nho de palco com dois praticáveis à mé-

dia altura abertos lateralmente no fundo

(dois fog’s, um embaixo de cada prati-

cável com jatos fracos e intervalos cur-

tos). O objetivo é ter volume de fumaça

constante sem criar bolo.

Fernanda Porto - Eletrônico e MPB.

Banda em semicírculo e vocalista, que

neste caso é também a atração maior. No

centro, utilizo uma fog no fundo e central,

uma vez que o projeto visa dar mais des-

taque em efeitos em cima da vocalista.

Yamandú Costa Trio – Erudito. So-

lista no centro e baixo e batera nas

laterais. Utilizo uma fog no fundo do

palco dentro da coxia com circulador.

Os acionamentos devem estar enco-

bertos por palmas ou momentos de

clímax da música para que possa

abafar o ruído da máquina, ruído este

que não pode ocorrer neste tipo de

apresentação. Muitas vezes, encon-

tramos resistência na música erudita

com relação à utilização da fumaça,

porém se a mesma for bem dosada e

houver sensibilidade para o momento

de acionamento ela pode contribuir

plasticamente com o show.

Marcos Franja e o cuidado com o uso da fumaça

Ozair Guimarães observa que as empresasprecisam se preocupar com a saúde do artista

Zé Canuto aconselha a não projetar fumaça nosmúsicos de sopro

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Como eles resolvemZé Canuto até hoje pede para os

iluminadores apontarem o canhão defumaça numa direção que não seja asua. Luiz Carlos Sá explicou que al-guns líquidos usados causam irritaçãoe outros não. Se durante um show issocomeça a acontecer ele pede para orodie parar, no entanto, o que tem

tido resultado mesmo é experimentarna passagem de som para ver a quali-dade do líquido, podendo este ser usa-do ou não. Para Lellei Pinheiros, ge-ralmente um pequeno ventilador ate-

nua um pouco a fumaça próxima àbateria. “Quando não levo, o proble-ma persiste. Então preciso me “virarnos trinta”. Peço para que os rodiesdirecionem a fumaça para as lateraisdo palco e não tão para o centro. E, aoinvés de sair de trás da bateria, porexemplo, sair um pouco mais ao la-do”, diz Lellei.

Conscientizaçãodos iluminadoresOs entrevistados foram unânimes ao

responder que hoje os iluminadores estãomais atentos e compreensivos quanto àutilização da fumaça e a tendência é só

Fumaça de gelo seco, fumaça de

máquina, fumaça com água fria, fumaça

com água quente, etc. Como cada um

deles se encaixa num espetáculo (show,

teatro, dança, etc)?

A fumaça a base de gelo seco é uma

fumaça muito espessa e pesada com

tendência a se dissipar de forma rastei-

ra. Tem como foco a construção do am-

biente e não o desenho da luz, ou seja,

as indicações que levariam a optar por

este tipo de fumaça estariam mais liga-

das à construção de um ambiente do

que propriamente a visibilidade do fa-

cho de luz.

A máquina de fumaça a base de fluído

produz uma fumaça de espessura seme-

lhante à do gelo seco, porém, bem mais

leve. Esta fumaça tende a subir e se dissi-

par pelo espaço, vagarosamente, dese-

nhando assim os fachos de luz. Os fluídos

a base de água produzem fumaça me-

nos espessa que se dissipa rapidamente.

Existe ainda a Haze que produz uma

fog praticamente invisível com ótimo po-

der de definição dos fachos.

Para entender melhor

Luiz Carlos Sá testa a qualidade da fumaça napassagem de som

Marcos Franja sempre se preocupou com o uso dafumaça nos shows

“Irritação, somente no sentido neurológico, pois ficorealmente chateado com o fato de não enxergar os

músicos, não conseguir interagir com eles e em algunsmomentos nem conseguir ler o set list”

(Lellei Pinheiro)

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usar produtos que não causem irritaçãonem alergia. “Quando o palco está preen-chido aos olhos de cada iluminador é queeles param de colocar fumaça. E tambémtem a questão do artista. Há artistas quenão gostam muito porque são alérgicos oupor qualquer outro motivo, e aí os ilumi-nadores seguram um pouco mais ou atémesmo não utilizam este efeito”, observapositivamente Zé Canuto.

“Apesar de há um tempo muitas pes-soas de teatro usarem o Cloreto deAmônia por dar uma fumaça sem o ba-rulho das máquinas, com a descoberta

dos males do Cloreto de Amônia muitosnão usam mais”, ressaltou Luiz Nobre.Ele lembrou também que hoje as pessoassabem usar melhor a fumaça, ainda

A melhor forma é sempre limpar a

máquina após algum evento, mantendo

assim uma manutenção séria. A limpeza

do aquecedor é fundamental e para

isso é preciso lavá-lo periodicamente

com água destilada sem o uso de qual-

quer tipo de produto químico (somente

água) para seu bom desempenho. Utili-

zar sempre líquido de qualidade e nun-

ca diluir o produto, ou seja, usar sem-

pre como sai da garrafa. Procurar utili-

zar as marcas de fluídos indicadas pelo

fabricante e de boa qualidade, pois es-

ses líquidos podem ficar dentro das má-

quinas sem risco de corrosão ou deteri-

oração dos componentes internos, e

limpeza periódica do tubo condutor

(serpentina). Se você insistir no aciona-

mento da fog e a mesma estiver entu-

pida ou sem líquido, a máquina acaba-

rá queimando. Fábio Jucá diz que o lí-

quido à base de glicerina causa entupi-

mento das vias da máquina, por isso,

limpar a máquina após cada trabalho,

não deixar resíduo de glicerina na estu-

fa da máquina nem deixar derramar lí-

quido na máquina são formas eficazes

de evitar problemas. “Um procedimen-

to perigoso e que, portanto, deve ser

evitado é feito por quem utiliza um líqui-

do ‘barato’, que é limpar sempre o inte-

rior da máquina com álcool colocando-

o dentro do reservatório e deixando a

máquina trabalhar normalmente por um

tempo tomando cuidado para não dei-

xar entrar ar dentro da tubulação. Isso

não pode acontecer, pois se trata de

um líquido inflamável numa máquina

quente. Na dúvida, compre um líquido

decente”, alerta Murilo Campos.

Mantendo o bom funcionamento das máquinas

mais agora que as máquinas em suagrande maioria são em DMX que possi-bilitam o iluminador através do consolede luz controlar a máquina. Já Marcos

Franja acredita que de forma geral exis-ta uma ansiedade com relação à fuma-ça o que muitas vezes acaba resultandono excesso.

Na medida certaNo ato da criação de uma concep-

ção de luz para show, os cuidados como uso de fumaça devem ser tão primor-diais como qualquer outro detalhe nailuminação. “No momento de criaçãoda concepção de luz, nós, ilumina-dores, pensamos sim na fumaça como omeio que vai tornar a luz visível e atécomo efeito em algumas situações. Po-rém o local é que vai determinar se amáquina utilizada vai reproduzir o quepensamos no momento da criação doprojeto. Vento, temperatura e tipo demáquina interferem diretamente noproduto final”, disse Murilo, ilumi-nador da banda Catedral e da cantoraMarina Elali.

Os entrevistados se lembraram daimportância em relação ao posiciona-mento da máquina, que depende dealgumas variantes que vão do estilomusical ao mapa de palco. “De qual-quer forma o raciocínio é cobrir a maiorárea possível sem o impacto direto dafog na banda. Vale a pena comentarque o estilo da música associada ao de-senho do palco e demais necessidadescenográficas irão sinalizar para a quan-tidade de máquinas e suas localizaçõesbem como a quantidade de fog por jatoe seus intervalos de acionamento”, ex-plicou Marcos Franja.

No show e na TVExiste uma proporção de uso para

shows que são transmitidos para TV ou

Lellei Pinheiros não gosta de fumaça pois o impedea interagir com os outros músicos no palco

Fábio Juca entende como se deve dosar a fumaçanas gravações de DVD

“O local é que vai determinar se a máquinautilizada vai reproduzir o que pensamos no

momento da criação do projeto. Vento,temperatura e tipo de máquina interferem

diretamente no produto final” (Murilo)

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gravação de DVD. Em ambos os casos,o iluminador tem que chegar a umacordo com o diretor de fotografia, jáque fotografia e muita fumaça nãocombinam. Na iluminação para capta-ção, seja DVD ou TV, é preciso ter ocuidado de manter películas finas defumaça (para estes casos a Haze se tor-na mais indicada) e intervalos distan-ciados de acionamento.

Uma fumaça muito espessa e emgrande volume impossibilita a penetra-ção da câmera, ou seja, esta luz dese-nhada acaba virando uma parede paraa câmera. Dicas como frente mais bai-xa para imprimir bem o fundo e cuida-do com os contrastes e cromas tambémsão recomendados.

De modo geral são utilizadas Haze aoinvés de Fog, pois esta última acaba cri-ando uma resistência na passagem da luzque uma câmera não interpreta automa-ticamente como nosso cérebro e acabatornando a imagem mais pesada e difícilde “focar” com precisão.

“A restrição para o uso da fumaça emgravação de DVD é muito grande. Natransmissão ao vivo a liberdade é maior.Nesses dois casos, geralmente, existe umdiretor de fotografia que define a quan-tidade ideal ou até se vai haver fumaça”,confirmou Fabio Jucá, iluminador dacantora Vanessa da Mata.

Casas fechadase eventos abertosTonn Carvalho explicou que o ideal é

ter fumaça suficiente para definir os fa-chos de luz dos movings ou contraluz em

qualquer ambiente. Em eventos abertosserá necessário um pouco mais. Esse tan-to a mais vai depender das condições cli-máticas do local, lembrando que tam-bém depende do tipo de espetáculo quese está fazendo. Um show de rock permi-te ao iluminador usar mais fumaça, o deMPB um pouco menos. O importante éusar o bom senso.

“Em casas fechadas você pode tra-balhar com pequenos volumes e acio-namentos distanciados. Quando existea possibilidade da mesma sair pelo sis-tema de ar é o ideal. Em locais abertostemos de utilizar grandes volumes comum breve intervalo entre os aciona-mentos e distribuir por ambos os lados(uma vez que não saberemos para quelado o vento irá se deslocar)”, comple-tou Marcos Franja.

Estilos musicaisNum show de rock pesado há liber-

dade para usar mais a fumaça pelo pró-prio conceito musical (considerandoque não se está trabalhando com proje-ções). Porém, num show de MPB, oscuidados devem ser dobrados para queo uso não acabe prejudicando a propos-ta do show.

Deve-se ter cuidado redobrado coma música erudita e a clássica, justamen-te por se tratar de uma música complexaem informação em que o centro deveser o músico e seu instrumento. Nosshows mais teatrais, a expressão facialdo artista, que faz parte de uma deter-minada “cena” da música, não pode serescondida pela fumaça.

“Em casas fechadas você pode trabalharcom pequenos volumes e acionamentos

distanciados. Em locais abertos temos de utilizargrandes volumes com um breve intervalo entre os

acionamentos” (Marcos Franja)