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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN) CAMPUS AVANÇADO PROF.ª MARIA ELISA DE A. MAIA (CAMEAM) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO (PPGE) CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ENSINO (CMAE) MARIA FRANCILENE CÂMARA SANTIAGO INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO: SABERES NECESSÁRIOS À FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA PAU DOS FERROS - RN 2016

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN)

CAMPUS AVANÇADO PROF.ª MARIA ELISA DE A. MAIA (CAMEAM)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO (PPGE)

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ENSINO (CMAE)

MARIA FRANCILENE CÂMARA SANTIAGO

INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO: SABERES NECESSÁRIOS À

FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

PAU DOS FERROS - RN

2016

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MARIA FRANCILENE CÂMARA SANTIAGO

INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO: SABERES NECESSÁRIOS À

FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ensino – PPGE da Universidade do

Estado do Rio Grande do Norte – UERN, como

requisito para obtenção do título de Mestre em

Ensino, área de concentração: Educação Básica, linha

de pesquisa: Ensino de Ciências Humanas e Sociais.

Orientador: Prof. Dr. Ivanaldo Oliveira dos Santos

Filho

PAU DOS FERROS - RN

2016

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A dissertação INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO: SABERES NECESSÁRIOS À

FROMAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA, de autoria de MARIA FRANCILENE CÂMARA

SANTIAGO, foi submetida à Banca Examinadora, constituída pelo PPGE/UERN, como requisito

necessário à obtenção do grau de Mestre em Ensino, outorgado pela Universidade do Estado do Rio

Grande do Norte – UERN.

Dissertação defendida e aprovada em _______ de ____________________ de 2016.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Prof. Dr. Ivanaldo Oliveira dos Santos Filho

(Presidente)

_________________________________________________

Prof. Dr. Felipe de Azevedo Silva Ribeiro

(1º Examinador)

_________________________________________________

Profa. Dra. Maria Lúcia Pessoa Sampaio

(1ª Examinadora)

_________________________________________________

Profa. Dra. Simone Cabral Marinho dos Santos

(Suplente)

PAU DOS FERROS - RN

2016

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A Deus, meu inspirador e condutor maior na

organização das minhas ideias para a

construção deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em especial, ao professor orientador Prof. Dr. Ivanaldo Oliveira dos Santos Filho,

pela sua orientação segura, presença, atenção, confiança e compromisso. Sua maneira peculiar

me conduziu a refletir sempre no meu progresso. Agradeço a amizade e apoio em todos os

momentos, sua disponibilidade e incentivo para a organização e reestruturação das minhas

ideias, sem as quais esta dissertação não teria sido escrita.

À Profa. Dra. Simone Cabral Marinho dos Santos e ao Prof. Dr. Cícero Nilton Moreira, pelas

valiosas contribuições, disponibilidade e colaboração, fundamentais para a consecução deste

trabalho.

A todos os professores e professoras do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGE) que,

nos estudos teóricos e atividades práticas, fizeram-nos perceber a necessidade de termos um

novo olhar sobre o ensino e a pesquisa.

Aos meus colegas de turma, com quem compartilhei momentos de aprendizagem e evolução.

Aos professores da Educação Básica que aceitaram aplicar a pesquisa, e aos alunos que dela

participaram pelo compromisso com a ciência.

Aos meus pais, exemplos de sabedoria.

Em especial, aos meus filhos e esposo que muitas vezes entenderam minha dedicação aos

estudos, sem limites de horários, dias ou períodos.

À Universidade Estadual do Rio Grande do Norte/UERN, pela oportunidade concedida.

Enfim, ao um Deus que me inspira, me renova, me motiva e me conduz a buscar sempre

novas descobertas a cada amanhecer.

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A ciência cresce, evolui e transforma

conhecimentos em verdades provisórias e

suscetíveis a novas descobertas e revoluções que

vão surgindo [...].

(SANTIAGO; SANTOS FILHO & SANTOS,

2015, p. 22)

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar os resultados alcançados nos projetos de pesquisas

dos alunos do Ensino Médio, de modo a identificar os saberes profissionais dos professores ao

orientarem esses trabalhos. De modo mais específico, esta pesquisa atende aos seguintes

propósitos: (i) analisar de quais saberes os professores da área de ciências humanas se

apropriam ao orientar os projetos científicos de estudantes do Ensino Médio; (ii) compreender

de que forma o professor concebe a pesquisa científica e sua preparação para exercê-la, bem

como as condições e os estímulos para a sua realização; e, (iii) investigar as dificuldades que

professores enfrentam para orientar os projetos científicos. O estudo desenvolvido parte de

uma reflexão sobre o processo de orientação e de acompanhamento dos projetos de iniciação

científica que fazem parte das atividades do Ensino Médio em escolas públicas do Oeste

Potiguar. A discussão teórica sobre os saberes e sua importância para a formação humana se

apoia nos estudos de Tardif (2013), Charlot (2013), além de outros, fazendo uma discussão

sobre os projetos de feiras científicas no Brasil e no estado do Rio Grande do Norte. O estudo

se caracteriza nos princípios da pesquisa qualitativa, utilizando com instrumento de coleta de

dados a análise de documento e a aplicação de um questionário junto a três professores e oito

alunos envolvidos no Projeto de Iniciação Científica para a realização da Feira de Ciências de

duas escolas que compõem a jurisdição da 13ª Diretoria Regional de Educação e Cultura,

sediada em Apodi/RN. Com os dados analisados, identificamos que o trabalho de orientação

dos projetos não é feito apenas com os saberes acadêmicos construídos pelo professor na

Universidade, havendo recorrência a outros sabres, quais sejam: experienciais, empíricos,

científicos e outros. O trabalho pedagógico, por meio dos projetos de iniciação científica,

permite uma maior articulação entre alunos e professores e, ao mesmo tempo, possibilita uma

mobilização para o processo de ensino e de aprendizagem, conforme indicam os

colaboradores. A pesquisa aponta para a importância da realização das feiras de ciências nas

escolas, não como uma atividade desarticulada das questões sociais, mas como uma estratégia

pedagógica que permite ao aluno a discussão das problemáticas locais no contexto da escola.

Palavras-chaves: Iniciação científica. Saberes. Formação humana.

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ABSTRACT

This paper aims to analyze the results achieved in research projects of high school students in

order to identify the professional knowledge of teachers who guide the work. More

specifically, this research meets the following purposes: (i) to analyze what knowledge

teachers of the human sciences borrow to guide scientific projects of high school students; (ii)

to understand how the teacher conceives the scientific research and his preparation to carry it

out, as well as the conditions and incentives for its effectuation; and (iii) to investigate the

difficulties that teachers face to guide the scientific projects. The study developed was

originated from a reflection on the process of guidance and monitoring of scientific projects

that are part of high school activities in public schools in the west of the state. The theoretical

discussion about knowledge and its importance to human development is based on studies by

Tardif (2013), Charlot (2013), among others, discussing about the projects of science fairs in

Brazil and in the state of Rio Grande do Norte. The study is characterized by the principles of

qualitative research, using as a data collection instrument the document analysis and the

application of a questionnaire with three teachers and eight students involved in the Scientific

Initiation Project for the realization of the Science Fair of two schools that make up the

jurisdiction of the 13th Regional Directorate of Education and Culture, headquartered in

Apodi / RN. With the data analyzed, we found that the orientation of the projects is not done

only with academic knowledge built by the professor at the University, with recurrence to

other kinds of knowledge, which are: experiential, empirical, scientific and others. The

pedagogical work, through scientific initiation projects, allows greater interaction between

students and teachers and, at the same time, allows a mobilization for the process of teaching

and learning, as indicated by the collaborators. The research emphasizes the importance of the

realization of science fairs in schools, not as a disjointed activity of social issues, but as a

pedagogical strategy that allows the student to discuss local issues in the school context.

Keywords: Scientific initiation. Knowledge. Human formation.

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LISTA DE SIGLAS

UFERSA-Universidade Rural Federal do Semiárido Potiguar

DIRED-Diretorias Regionais de Educação, Cultura e Desporto

SEEC-Secretaria de Educação e da Cultura

RNCIENCIA-Projeto de Extensão de Iniciação Científica no Ensino Médio no Rio Grande do

Norte

UERN-Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

PROEMI- Programa Ensino Médio Inovador

RRCOP-Feira Regional de Ciência do Oeste Potiguar

CAPES-Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

UNESCO-Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

PIBIQ-Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

IC-Iniciação Científica

CNPq-Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

ACDA-Associação Desportiva Apodiense

CAMEAM-Campus Avançado Profª Maria Elisa de Albuquerque Maia (CAMEAM)

FAEP-Programa de Apoio a Eventos no País

FEMMIC- Feira dos municípios e Mostra de Iniciação Científica

FEBRACE- Feira Brasileira de Ciências e Engenharia

CIENTEC- Ciência, Tecnologia e Cultura

FENECIT- Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia

MILSET-Movimento Internacional para o Recreio Científico e Técnico

EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

PPGE-Programa de Pós-Graduação em Ensino

CMAE-Curso de Mestrado Acadêmico em Ensino

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LISTA DE QUADRO E TABELAS

Tabela I – Número de projetos e de escolas participantes da FCOP ....................................... 16

Tabela II – Quantidade e abrangência dos projetos expostos na Feira de Ciências ................ 63

Tabela III – Identificação dos colaboradores/discentes da pesquisa ....................................... 77

Quadro I: Informações sobre os professores investigados ...................................................... 74

LISTA DE GRÁFICO E MAPA

Gráfico I: Escolha da temática do projeto de iniciação científica ........................................... 83

Mapa I: Distribuição das DIRED no RN ................................................................................. 13

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13

2 HISTÓRICO DAS CONCEPÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DOS SABERES

CIENTÍFICOS E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO HUMANA ......................... 25

2.1 Saberes empíricos ............................................................................................................... 25

2.2 Saberes científicos .............................................................................................................. 27

2.3 Saberes necessários à formação docente ............................................................................ 28

2.4 Formação para educação científica na escola ..................................................................... 34

2.5 A pesquisa na educação básica e o campo das ciências sociais .......................................... 35

2.6 Educação científica na escola ............................................................................................. 42

2.7 Saberes profissionais dos professores de ciências sociais na educação básica .................. 50

3 FEIRAS CIENTÍFICAS .................................................................................................... 55

3.1 Histórico das feiras de ciências no Brasil ........................................................................... 55

3.2 Histórico das feiras de ciências em Apodi/RN de 2011 a 2014 .......................................... 57

3.2.1 A parceria Universidade e o Projeto Feira de Ciências na região de Apodi/RN ............. 67

4 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA ......................................................... 70

4.1 A Pesquisa qualitativa como opção de estudo .................................................................... 71

4.2 Contexto de realização da pesquisa .................................................................................... 71

4.2.1 Sobre as escolas pesquisadas ........................................................................................... 72

4.2.2 Sujeitos da pesquisa ......................................................................................................... 74

4.3 Instrumentos de coleta de informações .............................................................................. 75

5 OS PROJETOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E OS SABERES DOS

PROFESSORES: UMA ANÁLISE SOBRE A REALIDADE INVESTIGADA ............... 77

5.1 Análise dos questionários ................................................................................................... 77

5.1.1 Quem são os alunos e o que eles dizem? ......................................................................... 78

5.1.2 Quem são e o que dizem os professores? ........................................................................ 00

5.2 Algumas considerações sobre os dados da pesquisa ........................................................ 106

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 109

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 112

APÊNDICES ......................................................................................................................... 117

Apêndice A: Termo de Consentimento Livre Esclarecido

Apêndice B: Instrumento de pesquisa com o professor

Apêndice C: Instrumento de pesquisa com o aluno

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1 INTRODUÇÃO

A produção do conhecimento é uma possibilidade de que a escola dispõe quando

trabalha com a proposta de iniciação científica. Nesse processo, os alunos tornam-se

autônomos na construção de saberes, e os professores, orientadores das pesquisas, criam

estratégias para que estes possam avançar no universo das perguntas e na busca de respostas

que contemplem o objeto a ser investigado. Esse diálogo deve ser mantido até o percurso

final, constituindo, como resultado, grandes achados e conclusões.

A parceria entre a Universidade Rural Federal do Semiárido Potiguar (UFERSA),

localizada no município de Mossoró/RN, e as 06 (seis) Diretorias Regionais de Educação,

Cultura e Desporto (DIRED), localizadas no Médio Oeste Potiguar, a saber: 8ª DIRED, em

Angicos; 11ª DIRED, em Assú; 12ª DIRED, em Mossoró; 13ª DIRED, em Apodi; 14ª DIRED,

em Umarizal; e, 15ª DIRED, em Pau dos Ferros, possibilitou a implementação, desde 2011, do

Projeto de Extensão Ciência para Todos no Semiárido Potiguar. Esse projeto tem como

objetivo elevar o nível de ensino das escolas e criar uma política do trabalho com a pesquisa

científica, acreditando que esses caminhos podem gerar uma ação pedagógica transformadora.

O ensino e a pesquisa na escola da educação básica têm possibilitado a melhoria da

prática da pesquisa nas escolas estaduais do ensino médio, localizadas no Médio Oeste

Potiguar. Em fevereiro de 2011, a UFERSA e as DIRED iniciaram esse trabalho de

sensibilização e implementação da metodologia científica nas escolas do Semiárido Potiguar.

A Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte (SEEC/RN) entrou

como parceira do projeto, assegurando recursos financeiros para as escolas desenvolverem

suas pesquisas de campo e apresentarem os projetos selecionados nas feiras e eventos

científicos.

A SEEC/RN é subdividida em 16 DIRED, em que cada uma atende a um determinado

agrupamento de municípios, levando em consideração a proximidade destes com cada

regional. A 13ª DIREC está localizada no município de Apodi/RN e atende a vinte e oito

escolas localizadas na zona rural e urbana, distribuídas em 07 (sete) municípios circunscritos:

Apodi, Caraúbas, Felipe Guerra, Itaú, Severiano Melo, Rodolfo Fernandes e Tabuleiro

Grande, como demostra o mapa abaixo.

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Mapa 1: Distribuição das DIRED no RN

Fonte: IBGE, 2013. Adaptado pela autora (SANTIAGO, 2015).

Os trabalhos expostos nas feiras de ciências das escolas de Ensino Médio resultam de

toda ação realizada por cada escola participante durante todo o ano letivo, quando a equipe

responsável pelo Projeto de Extensão de Iniciação Científica no Ensino Médio no Rio Grande

do Norte, intitulado RNCIÊNCIA, representada pelas Universidades UFERSA e UERN, e

pela equipe da SEEC, representada nas DIRED, elaboram o calendário de atividades que é

composto das seguintes etapas: atividades da formação continuada para os professores, datas

das Feiras Regional e Estadual. A definição da data para a realização da Feira Escolar fica a

critério da escola. Os projetos de pesquisas desenvolvidos nas escolas são apresentados em

três momentos distintos: na Feira Escolar, na Feira Regional, em Apodi/RN, e na Feira

Estadual realizada em Mossoró/RN, além da participação em outros eventos científicos, de

abrangência nacional e internacional.

No desenvolvimento do trabalho com a metodologia científica, a 13a DIRED

acompanha e monitora os trabalhos das escolas, busca parcerias com instituições públicas e

privadas para realização de algumas atividades de pesquisa, especialmente quando as escolas

necessitam fazer uso dos laboratórios mais sofisticados. Através de relatórios mensais os

bolsistas da UFERSA repassam para a DIRED o resultado das visitas nas escolas, como

proposta de um trabalho coletivo e integrador. Ressaltamos também sua relevância para o

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desenvolvimento de práticas transformadoras no ensino, uma vez que as atividades

possibilitam aos atores envolvidos assumirem uma postura crítica sobre o conhecimento

teórico, visando a encontrar respostas para as situações reais da vida em sociedade, pautando-

se pelo viés da prática interdisciplinar. Nos quatro anos de realização da Feira de Ciência do

Oeste Potiguar, que compreende os 07 municípios circunscritos na 13ª DIRED, tal atividade

já faz parte do calendário letivo das instituições de Ensino Médio.

Com o objetivo de reestruturar o currículo do Ensino Médio, o Ministério da

Educação, em 09 de outubro de 2009, publicou a Portaria nº 971, que traz uma proposta

diferenciada para tornar o currículo mais integrador e dinâmico, denominada de Programa

Ensino Médio Inovador (PROEMI). Nessa nova estrutura aparecem as atividades integradoras

fundamentadas em eixos temáticos e oito macrocampos, sendo que o coletivo da escola pode

optar sobre quais os mais importantes a serem trabalhados e integralizados ao currículo

escolar mediante as necessidades de aprendizagens dos alunos. Dentre os macrocampos

definidos na proposta do PROEMI, encontramos o de Iniciação Científica e Pesquisa. Nesse

caso particular, entendemos que se a escola fez a seleção deste macrocampo não pode se

eximir da responsabilidade do trabalho com pesquisa científica. É sabido, por outro lado, que

a simples escolha desse macrocampo não garante que as atividades sejam trabalhadas para o

desenvolvimento científico. Na 13a DIRED, dentre as onze escolas do Ensino Médio, duas

trabalham com a proposta do ensino médio inovador, destas duas, uma não desenvolve a

pesquisa científica, sua participação na feira é mínima e os alunos que desenvolvem

atividades do macrocampo Iniciação Científica nunca participaram da Feira de Ciência do

Oeste Potiguar.

As escolas contempladas com essa nova proposta, ainda não adotada por todas as

instituições escolares do Ensino Médio do Rio Grande do Norte, devem trabalhar com

atividades complementares de acordo com os macrocampos selecionados. Essas atividades de

ensino e de pesquisa propostas nessa reestruturação curricular devem acontecer

fundamentando-se em cada eixo norteador definido pelos sujeitos em suas escolas. Esse

incentivo do Governo Federal ao trabalho com a iniciação científica no Ensino Médio

fortalece o princípio de que não é responsabilidade apenas das universidades o dever de

desenvolver o espírito investigativo do aluno e que cada escola tem autonomia para despertar

nos seus discentes o interesse de construir novas aprendizagens através da pesquisa científica.

Para a maioria dos professores, a orientação dos projetos de iniciação científica se

apresenta como um grande desafio, uma vez que em muitas situações a pesquisa requer

conhecimentos que vão além do saber disciplinar. Alguns professores enfatizam que, na sua

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formação inicial na universidade, não aprenderam a desenvolver essa atividade de orientar

projetos de iniciação científica e que o acúmulo de atividades, a orientação dos projetos e suas

atividades semanais, próprias da sua carga horária, dificultam, mas não impede que possam

buscar esses conhecimentos e planejar exercícios extras, além dos previstos para a sala de

aula. É bastante significativo o número de professores que ainda não desenvolvem pesquisas

científicas na escola e que apresentam esses argumentos como justificativa.

Nos quatro anos de edição da Feira de Ciência do Oeste Potiguar, já foram

desenvolvidos e apresentados, nas Feiras Regionais, 239 projetos de iniciação científica, todos

eles elaborados, majoritariamente, por alunos de Ensino Médio de várias escolas de área de

abrangência da 13ª DIRED, como apresentado na Tabela 01. Nas edições de 2013 e 2014, a

feira incorporou trabalhos de alunos do ensino fundamental (8º e 9º ano).

Tabela I – Número de projetos e de escolas participantes da FCOP

Ano Nº Escolas Nº Projetos Crescimento em

relação a 2011 em %

2011 11 32 -

2012 10 46 43.75

2013 10 69 115.62

2014 09 92 187.50

Fonte: Arquivos da 13ª DIRED (2014).

De acordo com a amostragem apresentada, a cada ano a Feira Regional de Ciência do

Oeste Potiguar (FRCOP) cresce e surgem novas descobertas científicas como, por exemplo, o

projeto “Uso da cera de abelhas no revestimento de frutos”, que foi destaque nacional, por

tratar-se de uma descoberta de relevância econômica, principalmente para os agricultores que

produzem e vivem da agricultura familiar.

Do período compreendido entre 2011 e 2014, em que o Projeto da

FRCOP/Apodi/RN vem sendo trabalhado nas escolas da Educação Básica, os professores

orientadores a cada ano se apropriaram da metodologia científica, e isso é evidente no êxito

obtido nos referidos eventos, bem como no cotidiano dessas escolas. De acordo com as

publicações resultantes da realização das Feiras de Ciências, como livros e revistas com os

trabalhos produzidos, percebemos que o programa anual de formação continuada que a

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UFERSA realiza com os professores tem contribuindo para que estes constituam

competências para o processo de orientação. Sendo assim, é possível afirmar que os saberes

constituídos numa pesquisa ultrapassam o conteúdo disciplinar, aspecto que a escola, nas

práticas cotidianas e em muitas situações, costuma fragmentar e compartimentalizar.

Percebemos que para os professores romperem com a prática da pesquisa tradicional

(que não ultrapassava os limites da assimilação de informações), a fim de trabalhar com a

pesquisa científica, orientando seus alunos para respeitar todas as etapas do método científico,

há grandes desafios a serem transpostos no exercício docente. É uma nova etapa da vida

profissional, constroem-se saberes que se complementam com seus saberes constituídos ao

longo do tempo. Mesmo que a pesquisa esteja determinada por uma área de conhecimento,

não significa que o professor encontre na sua disciplina fundamentação teórica para

consolidar a orientação da pesquisa do aluno. Esses saberes diferenciados de que o professor

precisa se apropriar para orientar uma pesquisa fundamenta, mobiliza a necessidade de novos

estudos e conduz ao entendimento de que o saber interdisciplinar é que traz a base teórica

para o objeto a ser pesquisado. Logo, os sujeitos envolvidos na pesquisa, sejam eles

professores ou alunos, precisam estudar e se apropriar de conhecimentos que tragam

condições de progresso na pesquisa e que o aluno possa caminhar com autonomia para fazer

suas análises e comparações do objeto pesquisado.

Compreendemos que o saber se constitui no momento em que o ser humano é capaz

de estabelecer com o mundo uma relação de interpretação e de evolução do conhecimento, ou

seja, o saber faz parte da construção humana pela busca da renovação das formas de viver e

de estar no mundo. Ao mesmo tempo em que é o saber é construído através da ciência, ele

também pode ser refutado, questionado e analisado, num processo gradual e contínuo, nunca

estanque, já que ele vai criando possibilidades de reformulação e novas descobertas a partir

das reflexões e ações humanas. Por essa razão, os saberes escolares, produzidos e constituídos

por professores e alunos quando desenvolvem pesquisas científicas, são mobilizados na

tomada de decisões e na gestão de situações complexas.

A partir da nossa vivência, tendo em vista que participamos como técnica nas

atividades de coordenação junto as escolas jurisdicionada a 13ª DIRED, que participam da

FRCOP, no período de 2012 a 2014, observando e acompanhando os resultados positivos das

avaliações dos projetos dos alunos, entendemos que estes ainda não são suficientes para

comprovarem o nível de produção de saberes elaborados pelos professores no processo de

orientação dos projetos de iniciação científica. Desse modo, o interesse pelo presente objeto

de pesquisa surgiu a partir de três princípios básicos, quais sejam: (i) o pessoal, a partir das

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nossas experiências como coordenadora da FRCOP; (ii) o segundo princípio é o social, que

está fundamentado na análise da qualidade da pesquisa de iniciação científica no Ensino

Médio e da atuação e formação dos professores orientadores; (iii) e, por fim, o científico, que

em nossa concepção contribui para as reflexões sobre o processo formativo dos envolvidos no

ensino e na aprendizagem. Nossa investigação tem como objetivo analisar os resultados

alcançados nos projetos de pesquisas dos alunos do Ensino Médio, de modo a identificar os

saberes profissionais dos professores ao orientarem esse trabalho. Suscitou-se a curiosidade

de investigarmos como acontece esse processo do ensinar e do aprender, considerando a

relação dos saberes elaborados pelos professores orientadores e os alunos pesquisadores nas

experiências desenvolvidas anualmente com a metodologia científica.

A metodologia científica, muitas vezes, tem como referência os saberes espontâneos

produzidos socialmente pelas experiências humanas que estão relacionadas com os

fenômenos da natureza. Estabelecer vínculos entre esses saberes proporciona aos

pesquisadores o desafio de desvendar a própria realidade e, consequentemente, compreender

melhor as razões das transformações da vida em sociedade.

A crítica ao ensino tradicional, em que o saber sempre ocupou um lugar

incontestável, pode explicar o abandono pelas questões relacionadas à interpretação e análises

dos saberes a serem ensinados, pois, não existia uma discussão articulada com entre o saber

culturalmente tradicional com os conhecimentos ou saberes do cotidiano do aluno. Nesse

contexto, o sentido dos saberes não era discutido no processo de ensino-aprendizagem, de

modo que os saberes eram transmitidos em sala de aula sem o viés da formulação de novas

hipóteses e dos questionamentos. Para Villarddi (2002, p. 135), “O ato de ensinar pressupõe o

conhecimento por parte daquele que ensina, o que transforma a pesquisa numa necessidade

intrínseca ao ensino. Seja qual for o tipo de pesquisa que se dedique.” Tendo isso em conta, o

requisito básico para o professor mediar o ensino em sala de aula é o questionamento e análise

dos conhecimentos, esse percurso se efetiva pela pesquisa, porque todo pesquisador tem

curiosidade e busca soluções para os problemas identificados.

Nesse contexto de pesquisa e de ensino, os professores orientadores dos projetos

científicos da FRCOP desenvolvem, inicialmente, suas atividades de ensino a partir da

orientação para elaboração dos projetos de pesquisas dos alunos. Nesse momento, o professor

orientador tem papel fundamental no processo de sistematização, organização,

direcionamento e condução da pesquisa.

Para conduzir a elaboração dos projetos de pesquisa é recomendado ao professor

mediar essa orientação fundamentando-se no rigor científico, característica essencial para

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levar o aluno ao desvendamento da realidade. Para consecução desse propósito, o próprio

professor precisa mobilizar saberes experienciais, disciplinares e científicos necessários para

orientar os projetos científicos dos alunos. Diante dessa condição, temos como

questionamento orientador desta pesquisa: Que saberes científicos os professores de ciências

humanas se apropriam ao orientarem os projetos de iniciação científica dos alunos no ensino

médio? A partir dessa questão inicial, nosso objetivo geral pretende: Analisar os resultados

alcançados nos projetos de pesquisas dos alunos do Ensino Médio, de modo a identificar os

saberes profissionais dos professores ao orientarem esse trabalho. A fim de operacionalizar

esse propósito maior, nossos objetivos específicos são: (i) analisar de quais saberes os

professores da área de ciências humanas se apropriam ao orientar os projetos científicos de

estudantes do Ensino Médio; (ii) compreender de que forma o professor concebe a pesquisa

científica e sua preparação para exercê-la, bem como as condições e os estímulos para a sua

realização; (iii) e, por fim, investigar as dificuldades que professores enfrentam para orientar

os projetos científicos. Buscamos refletir sobre o processo de aplicação do desenvolvimento

da iniciação científica na educação básica e os saberes que os professores mobilizam para

orientar os projetos dos alunos.

Nessa perspectiva de investigação, compreendemos que a realização de uma prática

educativa fundamentada na produção do conhecimento científico é um grande desafio

enfrentado pelos professores da educação básica no ensino público do Estado do Rio Grande

do Norte, em especial no Médio Oeste Potiguar, região onde é desenvolvida a Feira de

Ciências. Orientar os estudantes do Ensino Médio a produzirem saberes científicos, em um

processo respaldado no domínio do saber, na autonomia, no posicionamento crítico e na

criatividade, traz para esses profissionais da educação novas possibilidades para ampliar sua

formação. De acordo com Silva (2005, p. 9),

A metodologia científica é o caminho, o percurso seguido para se chegar aos

objetivos da investigação. Requer a elaboração de passos que são

reinventados a cada etapa. Trata-se de algo que não necessita apenas de

regras, mas de criatividade e imaginação, fazendo com que as perguntas

definidas na problemática possam ser respondidas pelo método escolhido.

Entendemos, a partir do que foi posto pela autora, que a pesquisa científica é um

processo que conduz ao domínio do saber, tornando-se de fundamental importância para a

formação da percepção crítica e ativa dos atores envolvidos nesse processo, sejam eles

professores orientadores ou alunos. Conforme lembra Demo (2010), a pesquisa como um

princípio educativo é um dos caminhos mais profícuos para se chegar a aprender. Na mesma

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direção, Hernandez e Ventura (1998) também valorizam a pesquisa no âmbito escolar e

consideram que a busca de informações favorece a autonomia dos alunos . E o papel do

professor, neste ponto , e o de estabelecer relações e comparações que os ajudem a tornar

significativa a aprendizagem.

As pesquisas de iniciação científica têm se consolidado como uma prática contínua

nos calendários letivos de 10 escolas do Ensino Médio, coordenadas pela 13ª DIRED, sediada

em Apodi/RN, conforme mencionado anteriormente. Essa prática da metodologia científica

tem fortalecido a realização anual das FRCOP. A feira de ciência vem criando momentos de

compartilhamento de saberes para os jovens pesquisadores que, ao vivenciarem a pesquisa de

iniciação científica na escola, estão refletindo sobre os problemas sociais, pensando e criando

possibilidades para fazer descobertas que favoreçam o melhoramento de suas localidades,

seus municípios e, quem sabe, do país. Considerando tais expectativas, uma vez que a ciência,

ao longo dos anos, buscou resolver os problemas da vida em sociedade, concordamos com

Portilho e Almeida (2008, p.19) quando dizem que:

Sem dúvida a pesquisa escolar e um relevante instrumento metodológico de

ensino aprendizagem, sendo que, atraves dela e possível desenvolver ações

que levem a interdisciplinaridade, palavra de ordem no atual contexto

educacional. Sua utilização induz ao desenvolvimento de competências e

habilidades indispensáveis a formação do educando. Sua prática permite que

o aluno aprenda ao transformar informação em conhecimento.

Os autores nos brindam com a reflexão de que a pesquisa científica nos possibilita

uma análise sobre o processo de ensino e de aprendizagem, conduzindo-nos a realização de

uma prática capaz de contribuir para o processo de construção do conhecimento de forma

significativa, com uma utilização para a vida em sociedade.

Nesse sentido, percebemos que o Projeto de Extensão de Ciências presente nas

escolas de Ensino Médio das cidades que compõem o Médio Oeste Potiguar, vem

desenvolvendo atividades de incentivo à pesquisa na escola, em parceria com a UFERSA,

UERN e DIRED. Mas a ação do Programa não se limita à realização das feiras de ciências.

Há, na verdade, um conjunto de ações formativas que são desenvolvidas nas escolas no

decorrer do ano letivo, tendo como foco o trabalho com o método científico.

A primeira etapa do trabalho da metodologia científica nas escolas do ensino médio é

o momento da formação inicial ou continuada para os professores/orientadores que acontece

anualmente (neste último ano, aconteceu em março). Durante a formação, os professores

recebem as orientações sobre a metodologia científica, especificamente sobre as etapas do

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método científico para a realização das pesquisas.

A segunda fase acontece nas salas de aula, quando os professores orientam os alunos

a pensarem e refletirem sobre os problemas que poderão ser transformados em objetos de

pesquisa. Esse é o momento de o aluno pensar, questionar, refletir sobre as coisas da natureza

sem censuras e sem bloqueios. Pensando em sua proposta (que denominamos de

“Aprendendo a pensar”, já que se trata do instante das descobertas), um grupo de 03 alunos

discute sobre os problemas da sociedade e, sem preconceitos, elaboram suas primeiras

perguntas para discutir posteriormente com o professor/orientador até chegar a definição do

tema da sua pesquisa científica. De acordo com Azevedo (2015, p. 03.), “o que existe em

comum entre todos os cientistas é uma grande curiosidade pela natureza ao seu redor. É a

capacidade de formular questões e tentar respondê-las através de hipóteses que podem ser

testadas, por meio de uma investigação detalhada”.

Na terceira etapa, os professores/orientadores participam do segundo momento de

formação, denominado de “Oficina”, com a equipe do Programa de Extensão Ciência Para

Todos no Semiárido Potiguar – Ciência/RN, da UFERSA. Nessa ocasião, os professores

socializam para os demais participantes da formação algumas propostas de temas e de

hipóteses formuladas pelos alunos em sala de aula. Mediante as ideias inicias apresentadas

pelos professores, a equipe de formação, mais uma vez, reflete e orienta como essas perguntas

podem se tornar mais científicas dentro da perspectiva da investigação científica. Ao

retornarem para a escola, os professores reúnem-se novamente com os alunos para definirem

melhor o tema e dar início a produção do projeto de pesquisa.

A quarta etapa corresponde aos projetos de pesquisa com os resultados finais que são

apresentados nas feiras das escolas, na Feira de Ciência do Oeste Potiguar (etapa regional),

realizada em Apodi/RN, e na Feira de Ciências do Oeste Potiguar (etapa estadual), realizada

em Mossoró/RN.

Mediante essa experiência, é necessário reconhecer a importância do trabalho da

pesquisa de iniciação científica na formação e atuação dos professores/orientadores, bem

como a consolidação e apropriação de análise de conhecimento para sua atuação profissional

na condição de pesquisador. Outro aspecto que merece atenção é a relevância de entender

como essa proposta vem se consolidando na escola.

Considerando a importância do domínio do saber, da evolução e desenvolvimento do

professor e do aluno, que se torna capaz de produzir saberes, procuramos identificar e

evidenciar o sentido das práticas de orientações desenvolvidas pelos professores e como têm

sido determinados e fixados os limites da relação orientador-orientando, ou mestre-aprendiz.

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Daí o porquê de nossa investigação procurar discutir sobre a relação entre os saberes

presentes na ação pedagógica dos professores das áreas humanas, em especial, na área do

Ensino da Sociologia, componente curricular do Ensino Médio, no processo de orientação e

acompanhamento das atividades dos projetos das Feiras de Ciências.

Para isso, buscamos quais as áreas discutidas durante as Feira de Ciência do Oeste

Potiguar, e identificamos as seguintes áreas: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências

da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais e Aplicadas. O

campo de pesquisa selecionado para nossas análises será as escolas da rede estadual do ensino

médio e terá como foco as duas escolas que mais desenvolveram projetos de iniciação

científica na área de Ciências Humanas1, na perspectiva dos estudos de Silveira e Ghiradelli

(2004) que discutem sobre as áreas das ciências humanas, não como uma área do humanismo,

mas como uma área que possibilita uma ação crítica ao humanismo e mais especificamente na

disciplina de Sociologia.

A escolha pela área de Ciências Humanas deve-se ao fato de entendermos que as

pesquisas desenvolvidas na escola, nesta área, fomentam o desejo do aluno por conhecer os

problemas da humanidade, exercitarem seu pensamento para refletir sobre o ser humano e

suas relações sociais, podendo, com isso, ampliar a compreensão para o exercício da

cidadania. Precisamos investigar sobre a humanidade, discutir os problemas que enfrenta,

buscar as possíveis soluções para resolvê-los e alcançar o entendimento das práticas sociais.

Quando falamos sobre pesquisa científica ainda existe a ideia, considerada por

alguns professores, de que os projetos de iniciação são mais fáceis de serem desenvolvidos

quando tratam, por exemplo, das Ciências Exatas. Com isso, algumas disciplinas, como é o

caso das que integram a área das Ciências Humanas, são rotuladas como impossíveis de se

desenvolver projetos. Mesmo que essas disciplinas ainda não ocupem um lugar de destaque

no desenvolvimento dessas pesquisas, entendemos que elas podem favorecer uma formação

importante tanto para os professores como para alunos que precisam entender o mundo a sua

volta e as consequências da ação humana, sejam elas positivas ou negativas.

Diversas são as pesquisas sobre a realização de feira de ciências, de modo a

contribuir para uma reflexão sobre o processo de construção do conhecimento na Educação

Básica. Em consulta ao banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), utilizando o descritor “ciência no ensino medio” no

1 As ciências humanas distinguem-se das Ciências Sociais disciplinas que tratam dos aspectos do homem, como

indivíduo e como ser social. Refere-se somente àquelas ciências que tem o ser humano como seu objeto de

estudo ou o seu foco, em outras palavras, as ciências humanas consistem nas profissões e carreiras que tratam

primariamente dos aspectos humanos.

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período de 2011 a 2012, identificamos a existência de seis trabalhos que discutem o fazer

ciência no Ensino Médio. Dentre eles, temos quatro a nível de mestrado acadêmico, um no

mestrado profissional e um a nível de doutorado, nas áreas das ciências humanas e exatas.

Ainda consultando sobre banco de dados de artigos publicados em revistas

especializadas, com o descritor “Iniciação científica no Ensino Medio”, identificamos cerca

de dez mil e cem trabalhos que discutem sobre a iniciação científica nas escolas de Ensino

Médio. Nessa consulta, um dos trabalhos que se aproxima com as nossas discussões propostas

neste trabalho é a pesquisa intitulada concepções da iniciação científica no Ensino médio:

uma proposta de pesquisa, de autoria de Cristina Araripe Ferreira, publicada na Revista

Trabalho, Educação e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, em 2003.

Tendo isso em conta, nosso trabalho se alinha às discussões que vêm sendo

realizadas por diversos pesquisadores, sobre a iniciação científica no Ensino Médio, de modo

a possibilitar o fazer ciência nesse segmento de ensino da Educação Básica.

Este estudo deve contribuir para com as discussões sobre o ensino na Educação

Básica do país, em especial para o Estado do Rio Grande de Norte e, de modo particular, para

com a região do semiárido potiguar. Como também, para as áreas das ciências humanas, as

quais vem se constituindo e ganhando espaço de discussão nos diversos temas dos projetos

realizado nas feiras de ciências.

Outra relevância dessa temática é a contribuição para com o Programa de Pós-

graduação em Ensino da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), uma das

parcerias na realização do Projeto de Extensão em Iniciação Científica no Ensino Médio,

porque possibilita que o referido programa possa ampliar as discussões sobre a necessidade do

caráter científico na ação docente dos professores da Educação Básica.

Para a concretização desse feito, o trabalho está estruturado em cinco capítulos. No

primeiro, fazemos a apresentação e discussão sobre a importância da temática em estudo,

objetivos, questão norteadora, além de outros aspectos considerados relevantes para a

compreensão deste estudo. O segundo capítulo que traz uma discussão sobre os saberes

presentes e necessários para a formação humana e profissional na realização de um fazer

docente que oportunize a inserção do fazer científico no espaço da sala de aula. O terceiro

capítulo aborda mais especificamente sobre a realização das Feiras de Ciências no contexto

nacional, e em particular na região do semiárido potiguar, de modo a possibilitar no estudo

proposto neste trabalho. O capitulo seguinte, discute sobre os aspectos metodológicos da

pesquisa, onde apresentamos tipo de pesquisa adotada, a qual assume os princípios da

pesquisa qualitativa, o espaço de investigação, sujeitos colaboradores na pesquisa e, os

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instrumentos de coleta de dados. O último capítulo apresenta os achados da pesquisa, ou seja,

os dados identificados no estudo, com as nossas reflexões e análises sobre o objeto

investigado. A última parte deste trabalho que se intitula como as considerações finais, traz

uma breve discussão sobre a realização da pesquisa, abordando sobre alguns desdobramentos

futuros e sua contribuição para com o meio acadêmico, para o ensino e para o meio social.

É nesse viés de discussão que nosso trabalho se fundamenta, de modo a possibilitar

aos professores da Educação Básica uma reflexão sobre a importância da realização de um

ensino capaz de contribuir para o fazer científico na escola e na sua ação docente.

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2 HISTÓRICO DAS CONCEPÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DOS SABERES

CIENTÍFICOS E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO HUMANA

Nessa parte do trabalho, fazemos uma discussão sobre os saberes científicos,

discussão essa que pautará a construção de nossas análises e, para a compreensão sobre que

saberes são considerados como relevantes pelos professores que participam diretamente do

processo de orientação de Projetos de Iniciação Científica durante a Feira de Ciências das

escolas de Ensino Médio do Oeste Potiguar do Rio Grande do Norte.

2.1 Saberes empíricos

Os conhecimentos espontâneos são provenientes das experiências pessoais, ou seja,

um conhecimento que se forma no cotidiano a partir de ideias e crenças culturais construídas

nas vivências diárias dos sujeitos sociais. Estes, por sua vez, não deixam de criar

possibilidade de serem referenciados na consolidação do saber científico. Sabemos que a

apropriação do conhecimento científico requer mudanças conceituais do senso comum,

porém, é importante que o aluno apresente atividades sensoriais diferentes dos saberes

espontâneos, e esse conhecimento seja sistematizado no percurso da sua formação através do

entendimento mais complexo das teorias e das finalidades que elas propõem à vida humana.

Desde o início dos tempos, a humanidade utiliza os saberes espontâneos para resolver

seus problemas do cotidiano e, mesmo hoje, vivendo na modernidade, alicerçada pela

evolução da tecnologia e pela era da informação, ainda existem situações em que esses

saberes continuam sendo referenciados para tomada de decisões na vida em sociedade.

Podemos inferir que o saber comum se solidifica através dos acontecimentos e das atitudes

cotidianas. Entretanto, essas concepções intuitivas e espontâneas podem distanciar o ser

humano dos saberes científicos se ele nunca tiver oportunidade de evoluir. Quando o ser

humano tem como referências para suas atitudes e anseios apenas suas concepções do saber

comum, pode atrapalhar o processo de evolução e de transformação do conhecimento

espontâneo para o conhecimento científico.

Muitas pessoas ainda se sentem despreparadas para interagir e integrar esse mundo

das descobertas científicas e tecnológicas. A dificuldade de ultrapassar essa etapa do saber

comum para o científico é a comprovação de que a educação escolar, que tem a finalidade de

transformar informações em conhecimento, precisa preparar as pessoas para oportunidades

iguais, em que todos possam ter suas ideias formuladas e reformuladas a partir do

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posicionamento crítico, da interação social e do domínio do saber científico.

Sendo assim, analisar os fatos apenas referenciados nos saberes espontâneos pode

causar alienação, pois numa sociedade que a base científica é a alternativa mais eficiente para

resolução dos problemas, os sujeitos precisam se apropriar desses saberes fundamentados na

evolução científica.

Os saberes espontâneos se manifestam por meio de atitudes concretas possibilitando

a interação do homem em sociedade. Embora essa interação tenha certos limites, cada um vai

demonstrando seu modo de vida e suas concepções para pensar, formular hipóteses e

estabelecer relações informais do conhecimento.

Na relação existente entre o ser humano e a natureza, surge um saber prático. Tais

experiências se organizam de forma simultânea e interativa, em que a natureza afeta a espécie

humana e esta, por sua vez, também causa transformação no meio que habita. Temos, pois,

seres sociais que interagem e trocam experiências com seus pares e com o mundo e destas

interações a vida vai se modificando e criando um novo sentido. O saber espontâneo é

superficial e assistemático, pois são os sujeitos que organizam suas experiências de acordo

com suas vivências.

Na história da humanidade os seres humanos sempre foram curiosos, e a curiosidade

provocou descobertas de grandes artefatos para melhorar sua forma de viver. Tais

conhecimentos são resultantes do senso comum. Nem tudo podia ser explicado pelo viés da

ciência. Um agricultor, por exemplo, sabia o momento certo do cultivo da terra, de semear

para colher e não sofrer com as pragas que atacavam suas lavouras. Conhecia também os tipos

de solo e o que plantar para colher sem prejuízos financeiros. Esses saberes foram

denominados empíricos, pois foi a necessidade de viver melhor e desenvolver-se que fez a

humanidade evoluir e não apenas contemplar a natureza, mas retirar dela recursos para

transformá-la, adequando-a às suas carências.

A humanidade não usou seus saberes empíricos apenas para sobrevivência, pela

incorporação das experiências e conhecimentos repassados de geração para geração, foi

ampliando e conseguindo superar suas maiores necessidades, conforme vemos em Tardif

(2013), que destaca a necessidade da relação entre os saberes para a realização da prática

docente dos professores. Esse conhecimento proveniente do saber comum fez o homem

evoluir a partir das suas experiências cotidianas, considerado como superficial, subjetivo e

sensitivo, pois não se fundamentava em um modelo científico de comprovação.

Durante muito tempo, os indivíduos sobreviveram com seus saberes experiências e,

fundamentados no senso comum, desenvolviam estratégias para resolver os problemas que

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poderiam limitar o progresso da vida em sociedade. Na era da modernidade, o conhecimento

científico é fundamental para o homem permanecer vivo. Os avanços da ciência, por exemplo,

trazem para os indivíduos a cura das doenças. Mesmo com algumas controvérsias de que a

ciência trouxe para a humanidade determinados problemas, a vida hoje não pode ser reduzida

a um saber comum. E, na tentativa de sanar ou pelo menos amenizar os problemas da

sociedade, que a cada dia se tornam maiores, os indivíduos precisam desenvolver outros

níveis de saberes além dos empíricos, pois se nem a ciência consegue resolver todas as

aflições que cercam o homem, imagine os demais conhecimentos constituídos culturalmente

pela humanidade.

Conforme Vygotsk (1993, p. 50),

A formação de conceitos é o resultado de uma atividade complexa em que

todas as funções intelectuais básicas tomam parte. No entanto, o processo

não pode ser reduzido à associação, à atenção, à formação de imagens, à

inferência ou às tendências determinantes. Todas são indispensáveis, porém

insuficientes sem o uso do signo, ou palavra, como o meio pelo qual

conduzimos as nossas operações mentais, controlamos o seu curso e as

canalizamos em direção à solução do problema que enfrentamos.

Em Vygotsky, percebemos que a vida dos sujeitos é associada a muitos significados e

cada um deles é construído no mundo e para o mundo e tem sua importância em cada etapa da

sua evolução. Esses conhecimentos incorporados vão criando outros significados e

constituindo sua importância à medida que a humanidade evolui e se transforma.

Compreendemos a necessidade da relação de diversos saberes em nossa formação,

para que, a esta maneira, possamos realizar uma ação docente que contribua para a formação

do aluno em seus diversos aspectos, emocional, cognitivo, social e outros. Tendo isso em

conta, a seção seguinte, procura fazer uma discussão sobre os saberes científicos, a partir da

necessidade de tal saber assume para o ensino da ciência na escola de Ensino Médio.

2.2 Saberes científicos

A humanidade transforma a natureza fundamentada em comprovações das ciências.

Essas novas configurações de conceber o conhecimento trouxeram para o mundo grandes

mudanças. As grandes revoluções da ciência são analisadas de várias formas, é consenso que

trouxeram benefícios, mas nem tudo que foi desenvolvido e descoberto pela ciência serviu

exclusivamente para o bem comum.

A ciência baseada nas pesquisas e nos métodos associada aos saberes científicos

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produzidos socialmente serviram para transformar a vida do homem, os grandes avanços da

tecnologia, da engenharia e da robótica são exemplos da revolução científica, um fenômeno

que acontece uma vez e leva séculos para acontecer novamente. Os saberes científicos se

afirmam com definição e são pensados na perspectiva de a humanidade resolver seus

problemas. É um saber teoricamente comprovado e provisório, pois ele avança através de

tentativas, erros e acertos. A ciência, por este prisma, é desenvolvida a partir de

procedimentos analíticos e pela comprovação dos fatos.

A esse respeito, Oliveira & Filgueira (2014, p. 45) fazem a seguinte observação:

A produção desse conhecimento exige: esforço intelectual, disposição física,

sagacidade, poder de discernimento, tenacidade e perseverança. Não surgiu

de uma forma para outra, mas seguiu um processo lento e progressivo

tentando explicar com mais eficiência os fenômenos da natureza e da

sociedade. Os equívocos e os erros foram e continuam inevitáveis. O homem

é o seu autor, portanto, limitado apesar de seu universo potencial, intelectual,

racional e intuitivo.

A reflexão das autoras nos mostra que a ciência evoluiu, mas os erros continuam

sendo inevitáveis, e isso se deve à própria natureza da ciência que depende, em muito, dos

experimentos. Por essa razão, a ciência sempre será uma verdade provisória. E a

universalidade do conhecimento científico traz para os indivíduos a possibilidade de serem

autores da sua própria história, mas isso exige esforço e disciplina, bem ainda desmistificar a

máxima de que só os grandes cientistas podem fazer descobertas científicas.

A busca pelas verdades e pela evolução do conhecimento vai criando pontes entre o

saber tradicional e saber científico, e os processos de investigação vão se transferindo da

sabedoria popular, produzida pela humanidade, para o agir sobre o mundo. O saber

espontâneo aliado ao saber científico configura-se como importante aspecto para a ciência

desvendar os fatos, esclarecer e comprovar novas verdades.

2.3 Saberes necessários à formação docente

As teorias do ensino nos fazem refletir sobre a necessidade de a escola adotar novos

paradigmas educacionais que venham possibilitar ao professor o desenvolvimento de novas

práticas. Desta forma, o aluno poderá ultrapassar a categoria de passivo para se tornar ativo no

processo de ensino e de aprendizagem. As pesquisas científicas sobre a prática dos

professores comprovam a importância do desenvolvimento das novas competências e

habilidades fundamentais para que estes possam ter progresso na sua vida pessoal e

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profissional. Com isso, surgem novas propostas de formação inicial e continuada que

favoreçam momentos de reflexão entre os professores, restabelecendo uma reflexão sobre o

que é preciso saber como forma de tornar possível a efetivação de saberes que sequenciem

novas práticas.

De acordo com Rué (2003, p. 22),

[...] para que as práticas docentes se modifiquem e a cultura profissional se

transforme não se pode insistir no mesmo erro histórico: acreditar que basta apenas

reorganizar o currículo no papel, oferecer aos profissionais informações

proporcionadas por peritos, ou elaborar novas listas de conteúdos, modificar livros

didáticos e sobretudo constranger os profissionais com novas formas de regulação

externa ou burocrática de seu trabalho e dos conteúdos de ensino, via Diário Oficial

ou de outras maneiras como a inspeção. De fato, nenhuma dessas medidas será

suficiente para atender profundamente as novas demandas de formação.

Analisar as iniciativas de propostas de formação continuada dos professores e os

erros, identificados anteriormente nesse percurso, vivenciados pelos docentes em cada

momento, possibilita-nos compreender que muitas práticas desenvolvidas foram inadequadas

e ineficientes. Os processos de formação dos professores mostram que não existe um modelo

que contemple todas as suas necessidades profissionais. As instituições de ensino devem

buscar instrumentos avaliativos das práticas docentes para, a partir delas, definir uma proposta

de formação continuada fundamentada no núcleo de interesse profissional de cada instituição

de ensino. Pode ser elaborando um programa de conhecimentos que tenha significado e

campo de aplicação para os docentes desenvolverem em sala de aula.

Na história da educação brasileira, são perceptíveis as inúmeras tendências que

sinalizam para a importância de uma formação inicial e continuada dos docentes. Desse

modo, as pesquisas sobre esses processos têm destacado a necessidade de se analisar a

questão da formação para a funcionalidade prática como algo relevante ao desenvolvimento

da capacitação e habilitação profissional.

Os estudos realizados nessa área apontam para uma revisão da compreensão da

prática pedagógica do professor, em que eles não podem mais ser vistos apenas como atores

preparados para representar mecanicamente um saber produzido por especialistas, mas como

pessoas que aprendem, produzem e modificam seus saberes mediante a evolução do

conhecimento e sua prática pedagógica. Esta prática, por seu turno, deve sempre estar

fundamentada no progresso e na evolução do saber. Trata-se de um pensamento centrado na

concepção educacional da Pedagogia Histórico-Crítica, que compreende o homem como um

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ser histórico. Demandam desse cenário os novos desafios na sua atuação profissional, entre

eles, tornar-se um eterno pesquisador, que sempre estará incompleto.

Com isso, confirmamos que, em sua trajetória profissional, o docente constrói,

reconstrói seus conhecimentos e suas estratégias didáticas num processo dialógico, conforme

vão surgindo suas necessidades, seus percursos formativos, suas experiências de vida e sua

profissionalização.

Precisamos, além das reflexões fomentadas pelos grandes teóricos e demais

profissionais da educação, compreender as lacunas existentes na formação inicial dos

professores e, para isso, necessário se faz pensar nas reformulações curriculares das

universidades, de modo a facilitar uma revisão da compreensão da prática pedagógica do

professor, que deve ser visto como mobilizador de saberes profissionais. “Disso, podemos

deduzir que a função do professor não é apenas acompanhar os alunos [...] mas também [...]

por em circulação significações desconhecidas pelo aluno” (CHARLOT, 2013, p. 25).

O professor precisa receber uma formação inicial que alicerce seu fazer profissional,

principalmente no que se refere às questões didáticas. Muitos educadores iniciam sua atuação

profissional e chegam à sala de aula com uma formação universitária referente aos saberes

disciplinares da sua área de atuação. Porém, como afirma Tardif (2013), existem outros

saberes que são mobilizados na sua atuação profissional quando se deparam com situações

inusitadas em sala de aula e se valem dessa sabedoria advinda construída em outros

ambientes. É comprovado que no cotidiano escolar os professores muitas vezes, quando se

deparam com problemas no processo de ensino e de aprendizagem, precisam de outros

saberes que não foram trabalhados nas universidades. Com isso, apropriam-se, de

experiências diversas, tais como: saber cultural, senso comum, aprendizagem adquirida pela

vivência. Sobre isso Tardif (2013, p. 38) ressalta que os professores:

[...] no exercício de suas funções e na prática de sua profissão, desenvolvem saberes

específicos, baseados em seu trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio.

Esses saberes brotam da experiência e são por ela validados. Eles incorporam-se à

experiência individual e coletiva sob a forma de hábitos e de habilidades, de saber-

fazer e de saber-ser. Podemos chamá-los de saberes, experiências ou práticos.

A discussão sobre os saberes profissionais é complexa e muitas teorias vêm se

opondo à finalidade de uma formação inicial que separe as abordagens da formação prática

cotidiana, reduzindo a profissão docente a um conjunto de competências técnicas. Sabemos

que uma formação técnica não atende mais a complexidade do ensino hoje. Cada dia se torna

mais evidente que o papel da escola na aprendizagem dos alunos não se resume a ensinar o

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aluno a ler, a escrever e a resolver problemas matemáticos, mas o saber escolar deve

contemplar aspectos da vida cotidiana dos sujeitos, especificamente no que se refere a uma

formação, fundamentada na emancipação humana.

Com a expansão do saber, muitas atribuições foram imputadas à prática docente. O

professor, independente da sua área de atuação, precisa desenvolver novas habilidades e

competências, a saber: dominar as novas tecnologias da informação e comunicação,

administrar sua formação continuada se tornando um eterno aprendiz.

Nesse contexto da necessidade de novas propostas e metodologias de trabalho, o

professor precisa se tornar um pesquisador, ser mobilizador e mediador de aprendizagens,

saber dialogar com seus pares e com seus alunos, saber trabalhar com as diferenças e, acima

de tudo, buscar novos enfoques e paradigmas para compreender e fundamentar sua prática

pedagógica. Todos esses aspectos serão necessários para mobilizar os saberes pedagógicos e

epistemológicos relativos à sua formação e ao conteúdo escolar a ser ensinado e aprendido.

Dessa forma, se consideramos a complexidade da prática pedagógica, os saberes

docentes, e o papel do professor na atualidade, vamos entender a importância de se pensar

numa formação além da academia, que contemple o desenvolvimento pessoal, profissional e

organizacional da profissão docente. Essa diversidade de saberes mobilizada pelos docentes

no ato de ensinar precisa ser reorganizada, valorizada e constituída como premissa básica da

sua identidade profissional. Tardif (2013, p. 39) diz que o professor ideal “e alguem que deve

conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos

relativos às ciências da educação e à pedagogia desenvolver um saber prático baseado em sua

experiência cotidiana com os alunos”.

Não podemos mais compreender que uma única formação possa ser considerada

completa para a atuação dos professores; a evolução das informações e a produção do

conhecimento comprovam que as práticas profissionais são fundamentadas por várias teias de

saberes que se complementam e se efetivam em consonância com seus fazeres em salas de

aulas. Vale ressaltar que estes profissionais são sujeitos de um saber e de um fazer que deve

ser construído num processo de mudanças, de formação, de experiências e de atuação

profissional e, acima de tudo, considere o professor como um profissional que adquire e

desenvolve conhecimentos a partir da prática e no confronto com as condições da profissão

(TARDIF, 2013).

Ao discutirmos a questão dos saberes docentes e da formação e atuação dos

professores, não poderíamos deixar de referenciar a qualidade do seu trabalho, que muitas

vezes não é considerada pelas pesquisas acadêmicas, como também não tem servido como

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parâmetro para comprovar que, mesmo diante dos fragmentos da sua formação e de todas as

dificuldades que enfrentam no cotidiano escolar, ainda conseguem conduzir e mediar o

processo formativo dos alunos fundamentado na sua emancipação humana. Charlot (2013)

destaca o fato de os discursos negativos e as pesquisas atuais sobre educação e prática do

professor serem predominantes e, por isso, o professor é sempre visto ou como vítima ou

como herói. Dificilmente se percebe as contradições, pois, teoricamente, as pesquisas se

prendem tanto nas receitas para uma boa prática que esquecem de abordar temáticas que

enfatizem as boas experiências. Disso provem a dicotomia de que o professor e “Por um lado

o herói da pedagogia. Por outro, a vítima, mal paga e sempre criticada”. (CHARLOT, 2013, p.

106).

Se fizermos pesquisas para comprovar as experiências exitosas e os resultados

qualitativos que muitos professores conseguem alcançar na aprendizagem dos alunos, com

certeza teremos muitas histórias de sucesso para contar. Para isso, precisamos nos livrar das

concepções rotuladoras, segundo as quais tudo que os professores fazem é reproduzir

tecnicamente e mecanizar o ensino. Precisamos pensar numa pesquisa empírica que comprove

os sucessos dos professores e dos alunos dentro e fora da escola e que estes saberes docentes e

discentes vão sendo construídos e se modificando, à medida que o professor articula e planeja

estratégias didáticas que, juntamente com seus alunos, fundamentam o ensino e aprendizagem

baseados na autonomia, na criatividade, na produção, na interpretação, na resolução dos

problemas e na produção dos novos conhecimentos.

O trabalho de orientação das pesquisas de iniciação científica pode ser um caminho

significativo para contribuir com a evolução da formação continuada dos professores. Tal

proposição se justifica pelo fato de que, para orientar um projeto de pesquisa, muitas vezes os

professores se apropriam de outros saberes para tirar as dúvidas dos estudantes e, para isso,

recorrem às outras áreas de ensino e a outros colegas. Essa troca de experiências torna

evidente que o saber se constrói e se efetiva através do processo coletivo e interdisciplinar,

uma vez que no momento da pesquisa muitos saberes são questionados, mobilizados e

socializados no grupo de professores, em busca de novas respostas. Nessa dinâmica,

professores e alunos aprendem juntos e compreendem que o processo de ensino e de

aprendizagem se efetiva de forma autônoma e dialógica, em que todos podem ensinar e

aprender na construção ativa e participativa do conhecimento.

Quando falamos sobre formação de professores, não podemos deixar de refletir sobre

uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos docentes: conciliar seus estudos com as

atividades práticas na escola, distribuídas em 40h semanais. Muitos professores argumentam

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que não sobra tempo na sua carga horária para estudos de formação continuada e que essa

formação complementar, tão discutida e necessária na atuação docente, capaz de relacionar

teoria e prática e trazer novos rumos para a atuação profissional, acaba se tornando um

sacrifício, do qual nem todos estão dispostos a participar. Por essa razão, a escola precisa

definir no seu coletivo um calendário de formação continuada para que todos estejam

empenhados no mesmo objetivo, aprimorar a prática docente por meio das novas teorias de

ensino que se relacionem com a proposta pedagógica da escola.

Muitas teorias discutem os saberes docentes, apresentam caminhos para que os

professores encontrem afirmação profissional e o sentido que move sua ação, frente à

evolução e complexidade do conhecimento e a transformação da sociedade. São muitas

propostas para esse fim, cada teoria faz uma afirmação. Uma certeza nos parece unânime: não

podemos limitar o processo de formação dos professores ao nível técnico condicionado pelas

necessidades de mercado. Faz-se necessário valorizar os saberes que emergem das

experiências da atuação docente e suas histórias profissionais e seu saber plural devem ser o

ponto de partida nesse novo percurso de construir saberes e desenvolver competências.

É nessa mesma direção que recorremos a Tardif (2013, p. 16, grifos do autor),

quando afirma:

[...] o saber dos professores parece estar assentado em transações constantes

entre o que eles são (incluindo as emoções, a cognição, as expectativas a

história pessoal deles, etc.) e o que fazem. O ser e o agir, ou melhor, o que Eu

sou e o que Eu faço ao ensinar, devem ser vistos aqui não como dois polos

separados, mas como resultados dinâmicos das próprias transações inseridas

no processo do trabalho escolar.

O autor nos faz refletir sobre a íntima relação entre o que os professores são e o que

fazem. Toda formação, seja ela inicial ou continuada, deve ter como princípio norteador as

experiências dos professores, considerando sua natureza individual e social, que nunca podem

ser vistas separadamente.

Desta forma, Tardif (2013) reforça a ideia que temos defendido de que os saberes dos

professores são originados de toda sua trajetória de vida, incluindo suas experiências

escolares, sua família, a universidade, os programas das instituições que desenvolve sua

prática, os cursos de formação continuada, as trocas com outros professores, a cultura, entre

outros. Portanto, essa diversidade de saberes que o professor adquire na sua trajetória de vida

é o ponto de partida para formação de saberes e transformação da prática docente.

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2.4 Formação para educação científica na escola

Todo processo de formação continuada deve estar baseado nas experiências dos

professores, tendo em vista que a formação docente não pode ser pensada numa visão de

aplicabilidade conceitual fundamentada em técnicas padronizadas. Os professores sentem,

pensam, elaboram suas concepções e emitem opiniões mediante suas experiências de

aprendizagem, sejam elas formais ou não. Por essa razão, os problemas concretos da

formação e atuação docente devem ser analisados sob a ótica de desenvolvimento do saber

profissional e da capacidade de solucionar os problemas da ação docente.

Quando o professor inicia o trabalho na escola do ensino básico com a metodologia

científica, sabe que vai necessitar estudar para orientar os alunos nos princípios de uma

pesquisa científica. Muitos profissionais terminaram suas graduações e não desenvolveram

pesquisas para elaboração de monografias ou Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e, por

essa razão, trabalhar com a pesquisa científica é uma ponte para novas aprendizagens.

Discutir a importância, a necessidade e a viabilidade de introduzir a metodologia

científica na educação básica, como uma ferramenta para melhorar a qualidade do ensino e

com possibilidades de alcançarmos grandes descobertas dentro da iniciação científica, é uma

das questões que deve estar relacionada ao ensino.

Entendemos que as pesquisas de iniciação científica podem estimular o processo de

formação continuada dos professores e, aos alunos, oferecer a oportunidade de se tornarem

profissionais da ciência e da tecnologia, com possibilidades de avançarem no conhecimento

existente. Uma vez que a pesquisa possibilita esse avanço do saber, mesmo que seus achados

não comprovem as hipóteses esperadas, o processo em si traz avanços significativos na

formação do ser humano.

Dentro desse contexto, destacamos a Feira de Ciência do Oeste Potiguar, que conta

com a participação de 42 professores, num universo de 145 professores do Ensino Médio,

pertencentes a 07 municípios que estão sob a responsabilidade da 13a DIRED.

No primeiro momento do processo de formação continuada, os professores

conhecem a metodologia que será desenvolvida para orientação dos projetos de iniciação

científica. Cada etapa é explicada detalhadamente pelo professor mediador da UFERSA e os

princípios do método científico são tratados de forma que os professores compreendam que

qualquer área de ensino é possível de ser investigada e questionada pelos alunos. Esse

momento é importante para sensibilizar o professor a tirar suas dúvidas e compreender a

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importância do papel do professor/orientador na realização de uma pesquisa científica.

O segundo momento da formação continuada para os professores orientadores dos

projetos de iniciação científica é denominado de capacitação. Mais uma vez, através da

UFERSA/Mossoró/RN, os docentes se aprofundam nos critérios da ciência que está

fundamentada na delimitação do objeto a ser pesquisado e na elaboração dos projetos de

pesquisas dos alunos do ensino médio. Nessa etapa, os professores são orientados sobre a

estrutura do projeto e do modo como trabalhar para que seus alunos pesquisadores estruturem

suas ideias e definam o material teórico para referendar suas análises.

Após essas duas etapas com a equipe de formação da universidade, os professores

começam suas atividades de orientação na escola e, de acordo com as necessidades, a escola

desenvolve momentos de discussão, estudos e análises para que o grupo possa discutir suas

dúvidas, compartilhar ideias e dar continuidade ao trabalho de orientação através da

intervenção dos colegas e das experiências anteriores desenvolvidas com os projetos.

O exercício da prática docente, baseado na evolução do conhecimento e no processo

de mediar o ensino numa perspectiva emancipatória, traz para o professor grandes desafios,

tanto no que se refere a efetivação da sua formação continuada como no exercício de sala de

aula. Valorizar os conhecimentos dos alunos, adquiridos fora da escola e fazer deles o alicerce

de sistematização do saber escolar, é uma tarefa importante que deve ser conduzida com

muita eficiência.

O surgimento de novas propostas para conduzir o processo de ensino e de

aprendizagem com diferentes possibilidades de mediar o ensino pode trazer para a escola

novos rumos, baseados na apropriação e reflexão do saber. Sabemos que para um país

avançar nos seus níveis de desenvolvimento econômico, social e tecnológico a educação

também precisa evoluir e acompanhar todo o progresso da ciência através das grandes

descobertas e da produção de saberes.

2.5 A pesquisa na educação básica e o campo das ciências sociais

A metodologia de iniciação científica na escola abre caminhos para lidar com o saber

de forma diferenciada e desconhecida por muitos atores escolares que nunca participaram

efetivamente de uma pesquisa científica. Além disso, faz com que os professores e alunos se

apropriarem de um amplo movimento de ideias, estimulando a aptidão reflexiva e criativa do

espírito humano.

No que concerne a experiência do trabalho realizado com a Feira de Ciência do

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Oeste Potiguar de 2011 a 2014, com a metodologia científica nas escolas do Ensino Médio,

dos municípios de Apodi, Caraúbas, Severiano Melo, Rodolfo Fernandes, Itaú e Tabuleiro

Grande, constatamos, por meio da observação exploratória, que o número de professores que

se envolvem na metodologia científica ainda é pequeno, mas percebemos que vem tendo um

crescimento significativo em relação ao número de projetos apresentados nas Feiras de

Ciência do Oeste Potiguar.

Inicialmente, um levantamento de dados indica que, dos quarenta e dois professores

que trabalham com a metodologia de iniciação científica, quinze pertencem a uma escola do

município de Caraúbas/RN. No geral, temos um percentual de aproximadamente 29% de

professores que orientam anualmente os projetos de iniciação científica dos alunos. Os

professores que não desenvolvem projetos científicos argumentam que o cronograma diário

não permite uma nova atividade além do que já fazem na escola.

Recentemente foi divulgado no Portal da Folha de São Paulo um estudo da

Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), informando

que no Brasil mais de 60% dos alunos do quarto ano do Ensino Fundamental têm

desempenho entre muito ruim e regular, em leitura e matemática. O que não é diferente em

ciências, conforme divulgado pela UNESCO, pois em relação aos alunos do 7º ano do Ensino

Fundamental, 84% têm conceitos de 'muito ruim' a 'regular'. E somente um a cada seis tem

desempenho bom ou muito bom, nessa mesma área curricular. Apenas 15,66% dos estudantes

conseguiram conceitos bom e muito bom. A maioria (84,34%) ficou entre muito ruim

(5,20%), ruim (34,45%) e regular (44,69%). Esses dados das avaliações por organismos

internacionais comprovam o baixo desempenho dos alunos do ensino básico e que a educação

precisa encontrar novos caminhos e alternativas para melhorar o ensino.

A iniciação científica no ensino básico pode ser o primeiro passo para conseguirmos

mudar esse quadro das evidências constatadas dos baixos desempenhos dos estudantes.

Pensar em fazer descobertas que venham melhorar a formação humana é discutir os

problemas locais. Criar estratégias para solucioná-los traz para os estudantes novos

pensamentos e atitudes que favorecem aspectos importantes na evolução da sua

aprendizagem.

Massi e Queiroz (2010, p.174) relatam que a iniciação científica

[...] pode ser considerada como o primeiro passo do percurso de novos

pesquisadores na busca do aprendizado para a prática da pesquisa. É o

momento em que os estudantes começam a conhecer os procedimentos

metodológicos que são utilizados em processos investigativos. Torna-se uma

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experiência inicial pela qual é possível adquirir segurança e reconhecimento

da comunidade científica na área de atuação em que novo pesquisador

adentra. Pode ainda oferecer diferentes benefícios para o desenvolvimento

do indivíduo, pois possibilita o contato com novas descobertas sobre o

conhecimento.

A iniciação científica, entre outros aspectos, permite que os alunos sejam criativos e

inovadores, que tenham como ponto de partida princípios baseados em questionamentos e

atitudes. A possível articulação entre ensino e pesquisa no trabalho do professor e dos alunos

da educação básica é algo que merece atenção das pesquisas sobre o ensino. Nesse cenário, a

produção de saberes pode ser uma realidade presente nas escolas do ensino básico, que tem

fundamentado suas práticas em produção e descobertas científicas que aparentemente passam

despercebidas no cenário educacional, mas que têm gerado produção de saberes precisam ser

analisadas para verificação da sua relevância na qualidade do ensino.

Desse modo, discutir o valor da metodologia da iniciação científica na educação

básica provoca a curiosidade de como esse processo vem acontecendo e de quais resultados

são relevantes para a formação dos professores e alunos, bem como para o trabalho

desenvolvido com metodologia científica.

O trabalho com a pesquisa na escola do ensino básico cria uma nova abordagem para

o ensino, os alunos são orientados pelos professores a buscar suas próprias respostas,

aprender de forma autônoma e questionadora. Além disso, essa inovação possibilita que os

alunos sejam orientados a chegar a novas fontes de conhecimento. De acordo com Bagno

(2008, p. 15)

Ensinar a aprender, então, é não apenas mostrar os caminhos, mas também

orientar o aluno para que desenvolva um olhar crítico que lhe permita

desviar-se das “bombas” e reconhecer, em meio ao labirinto, as trilhas que

conduzem às verdadeiras fontes de informação e conhecimento.

A pesquisa científica possibilita aos professores essa experiência de orientar projetos

de pesquisa que levem o aluno a aprender efetivamente a pesquisar. Esse processo acontece

por questionamentos e hipóteses levantadas para explicar suas dúvidas e aumentar seu

conhecimento em relação ao objeto investigado.

Em consonância com esse pensamento, o Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação Científica (PIBIC) visa ao apoio da política de Iniciação Científica, desenvolvida

nas Instituições de Ensino e/ou Pesquisa, por meio da concessão de bolsas de Iniciação

Científica (IC). O referido programa também vem fortalecendo o aprofundamento das

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pesquisas dos estudantes do ensino médio através das universidades integradas à pesquisa

científica.

As bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), conquistadas anualmente pelos alunos das escolas estaduais que desenvolvem suas

pesquisas de iniciação, têm favorecido incentivos para o aprofundamento dos seus objetos de

estudo, visto que cada grupo de 03 (três) alunos, renovado anualmente, sabe que é

responsável para dedicar-se, durante 01 (um) ano, à sua pesquisa, contando com o

acompanhamento do seu orientador e coordenador do projeto de extensão. Com isso, muitos

projetos são premiados nas Feiras Regionais e nas Feiras Estaduais, pelos resultados

alcançados no aprofundamento das suas pesquisas.

Outro aspecto relevante e que merece ser destacado na iniciação científica refere-se à

complexa relação entre o professor da educação básica e a prática de pesquisa. Ao serem

informados pela equipe gestora e pedagógica da escola sobre a necessidade da realização da

metodologia de iniciação científica na escola, os professores que aceitam o desafio sabem

que, para orientar os projetos dos alunos, necessitam se aprofundar teoricamente nas etapas

do método científico. Essa necessidade se justifica uma vez que as dúvidas dos estudantes e

os entraves encontrados são recorridos ao orientador, que deve tentar encontrar possíveis

soluções para que a pesquisa possa continuar em andamento.

A criação de instituições capazes de produzir conhecimentos científicos e produtos

tecnológicos e a difusão desta competência em toda a sociedade é privilégio dos que já

conseguiram se modernizar e racionalizar de forma mais abrangente. Nesse contexto, a escola

precisa acompanhar essa evolução e difusão deste saber, preparando as pessoas para os

desafios que o mundo lhes impõe. Essa preparação não deve ser apenas técnica, para criar e

operar instrumentos e artefatos modernos de alta tecnologia, mas, necessariamente, passa pela

formação humana; um ser humano que deve perceber, entre outras coisas, os problemas

sociais e sentir-se parte deles. Esse indivíduo deve ainda perceber a ciência como ferramenta

na busca de respostas para o bem comum, do mais complexo ao mais simples. O que

caracteriza a modernidade, nesta perspectiva, não é só o conhecimento e o comando destas

tecnologias, que é privilégio de poucos, mas a convivência, a exposição a elas e o que fazer

com essas descobertas. Devemos considerá-los enquanto conjunto capaz de fazer a educação

acompanhar a evolução do conhecimento, privilégio que continua sob o comando de uma

minoria.

A pesquisa da metodologia científica desenvolvida nas escolas estaduais do ensino

médio se efetiva mediante as etapas que apresentamos a seguir. É a junção de informações

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necessárias para encontrar respostas a uma pergunta e chegar à solução de um problema,

permitindo a reflexão e a transformação da realidade.

O primeiro passo de inserção do indivíduo na pesquisa é a elaboração de seu projeto

de pesquisa, é a mola propulsora para o bom desenvolvimento dela. Para isso, o pesquisador

precisa delimitar seu tema, sua pergunta inicial e definir o objeto a ser pesquisado. É um

processo que se reveste de importância, tanto para o desenvolvimento científico, como

pessoal e profissional, pois aprimora o referencial teórico permitindo o domínio da área em

que se propõe inserir, de igual maneira, contribui fortemente para disciplinar o pesquisador a

conduzir bem os caminhos inerentes a tal processo. Com isso, podemos dizer que a pesquisa

científica tem impactos altamente positivos, uma vez que está imersa em muitos estudos

teóricos e atividades experimentais.

O desenvolvimento de um projeto de pesquisa representa um instrumento

sistematizado, para uma investigação com vistas a solucionar inquietações ou responder a

problemas identificados na sociedade; este se torna um instrumento de percepção de novos

saberes na vida de professores e alunos, que se propõem a se tornar um pesquisador.

Assim, de acordo com Goldemberg (2013, p. 74),

[...] a construção do projeto de pesquisa é uma etapa importante e delicada

da pesquisa científica. É a partir deste projeto que se delimita o problema

que será estudado. É o que se chama de recorte do objeto, pôr em ordem nas

próprias ideias, sistematizar as questões que serão estudadas.

Podemos definir pesquisa como "o procedimento racional e sistemático que tem

como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos" (GIL, 1998, p. 19). A

pesquisa científica é fruto de um trabalho realizado pelo pesquisador, devendo obedecer a

padrões previamente estabelecidos, sobretudo seguindo formas específicas de composição. Já

o projeto de pesquisa, ainda de acordo com Gil (1998, p. 21), é "o processo sistematizado,

mediante o qual se pode conferir maior eficiência à investigação para em determinado prazo

alcançar o conjunto das metas estabelecidas". Para o desenvolvimento de projeto de pesquisa

precisamos seguir alguns passos fundamentais, sem estes provavelmente a pesquisa não será

bem-sucedida. Equivale afirmar que um mau projeto pode prejudicar o fim da pesquisa. No

projeto, são previstos os instrumentos técnicos, os recursos humanos, materiais e financeiros,

apresentando-se os roteiros das ações a serem desenvolvidos na pesquisa.

Assim, de acordo com Bagno (2008, p. 21),

Como é fácil perceber, a pesquisa é, mesmo, uma coisa muito séria. Não podemos

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tratá-la com indiferença, menosprezo, ou pouco caso. Se quisermos que nossos

alunos tenham algum sucesso na sua atividade futura- seja ela do tipo que for:

científica, artística, comercial, industrial, técnica, religiosa, intelectual [...], é

fundamental e indispensável que aprendam a pesquisar. E só aprenderão a pesquisar

se os professores souberem ensinar.

Bagno, ao discutir sobre a seriedade da pesquisa, leva-nos a compreender que o fazer

ciência se efetiva com comprometimento, seriedade e compromisso com o pesquisado. Logo,

pesquisar não é algo tão simples, exige do pesquisador coerência e articulação com as

informações identificadas e analisadas.

Vejamos a seguir as etapas de elaboração do projeto de pesquisa que as escolas

utilizam para desenvolver a pesquisa de iniciação científica: o primeiro aspecto é a escolha do

tema, que surge dos problemas, das inquietações e da curiosidade dos alunos. Posteriormente,

são selecionados, através dos estudos preliminares, artigos que tratam de assuntos

relacionados à pesquisa em foco; esse momento retira o pesquisador da visão de senso

comum, através de críticas e sugestões proporcionadas pelos especialistas da área com os

quais ele entra em contato através de livros e artigos.

O segundo aspecto é a formulação do problema. Este deve ser prático, claro e

preciso; empírico e suscetível de solução para dar respostas que subsidiem uma determinada

ação, com vistas a testar a teoria específica. O terceiro aspecto é reservado para a elaboração

das hipóteses, é de caráter obrigatório. Tais hipóteses devem apresentar uma relação de

associação entre as variáveis, independentes (pré-requisitos) e dependentes (efeitos), e

precisam aparecer de forma afirmativa, funcionando como bússola da pesquisa.

O quarto aspecto, que determina uma pesquisa científica do ensino médio, é a

apresentação da justificativa que pretende responder às questões referentes à relevância da

pesquisa, tanto nos campos da teoria quanto nos da prática. No quinto, temos a definição dos

objetivos, que se dividem em gerais e específicos, e devem indicar o alvo ou o fim que se

pretende atingir com a pesquisa, trazendo consigo o sentido que guia a pesquisa, ou seja,

define a natureza do trabalho.

Nessa sequência, a metodologia corresponde ao sexto aspecto presente no projeto da

pesquisa e detalha as etapas que os pesquisadores vão percorrer para fazer sua investigação.

Já o sétimo, compreende o cronograma de desenvolvimento das etapas do projeto, e oitavo é o

orçamento que detalha todos os custos para que a pesquisa venha ser finalizada.

O último aspecto do projeto de pesquisa é o quadro teórico de referência, espaço

dedicado à apresentação dos principais autores, livros e artigos referenciados para a sua

formulação. Para concluir, os alunos pesquisadores elaboram um relatório apresentando o

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resultado final da sua pesquisa e os caminhos percorridos para validação desses resultados.

O projeto de pesquisa é um instrumento que define os caminhos que o pesquisador

pretende percorrer no processo da sua investigação, e sempre será suscetível de modificações

e reformulações. Como afirma Morim (2010, p. 59), “Conhecer e pensar não e chegar a uma

verdade absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza”. Cabe ao pesquisador elaborá-lo

de uma forma clara e fundamentado no percurso acadêmico de uma pesquisa científica.

De acordo com Gonzalez Rey (2010, p. 83),

O projeto de pesquisa está orientado a avaliar a representação do pesquisador

sobre o que estudará e a forma com que pretende acessar as pessoas que

serão analisadas. O projeto também deve explicar o início da rota crítica da

metodológica a ser empregada pelo pesquisador. Mais que uma sequencia

rígida de etapas, na qual uma é condição da outra, o projeto representa um

instrumento prático de orientação, pois facilita o começo da pesquisa [...].

Dessa forma, um pesquisador precisa ser cauteloso para que seu percurso de

investigação atenda às etapas do método científico. Para isso, seu projeto de pesquisa deve

obedecer a uma sequência científica e às orientações. As fases definidas devem, portanto, ser

o princípio da sua investigação.

A pesquisa na educação básica, no campo das ciências sociais, traz muitas

contribuições para a formação do aluno. As categorias de análise de uma pesquisa,

desenvolvida em ciências sociais facilitam a compreensão da vida humana. Questionar os

fatos sociais, os comportamentos, as intervenções e as invenções do viver em sociedade,

possibilita aos alunos pesquisadores refletir na busca de obter respostas aos problemas da

coletividade. Entender o mundo, debater e refletir sobre as estruturas do poder contribuem

para o desenvolvimento das comunidades, já que na medida em que as pessoas entendem

profundamente essas estruturas sociais, sua compreensão vai superando o senso comum e

desenvolvendo uma visão crítica e racional do mundo.

A partir dessa observação, de acordo com Santos (2008, p. 71),

A concepção humanística das ciências sociais enquanto agente catalisador da

progressiva função das ciências naturais e ciências naturais coloca a pessoa,

enquanto autor e sujeito do mundo, no centro do conhecimento, mas ao

contrário das humanidades tradicionais, coloca o que hoje designamos por

natureza no centro da pessoa.

O papel das ciências sociais é exatamente proporcionarem que os alunos

desenvolvam uma compreensão nova, original e científica sobre o conhecimento numa visão

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humanista, e a pesquisa científica se alia como possibilidade de criar condições para uma

análise sobre a vida, a humanidade e as informações relativas ao mundo. Ao tratar

especificamente da humanidade, dos problemas sociais e atuar com as informações de forma

que adquiram sentido, as ciências sociais e a pesquisa científica conduzem o entendimento da

condição humana no mundo, considerando sua complexidade. Sendo assim, o ensino deve

subsidiar o entendimento indivíduo/sociedade, possibilitando compreender as esferas culturais

e sociais vividas em cada contexto, sua relação em cada momento histórico e suas

consequências para libertar ou oprimir a humanidade.

De acordo com Carvalho (2004, p. 16),

Semelhantes e diferentes, universais e particulares, dependentes e interdependentes,

produzimos diferenças locais que não são ilhas incomunicáveis de um arquipélago,

mas um continente de objetos complexos, cercados de emergências e dissipações,

saturado de uma universalidade construída ao longo de um processo evolutivo não

linear, que envolveu perdas e ganhos, avanços e recuos, intolerâncias e

solidariedades.

O ensino através da pesquisa científica analisa seus objetos e pode chegar ao

entendimento da natureza na consolidação das verdades que movem a vida humana. Quando

os alunos, através das ciências humanas, conseguem fazer essas análises sob os vários

aspectos que constituem a aquisição dos conhecimentos, tornam-se capazes de criar novas

formas de entendimento do mundo, fazendo a relação entre as proposições do passado, futuro

e presente.

2.6 Educação científica na educação básica

Ao tentar elaborar respostas e soluções às dúvidas e problemas que levem a

compreensão de si e do mundo, a ciência não se resume ao controle prático do homem sobre a

natureza. Fazer do mundo uma provocação é tornar a prática científica inerente ao cotidiano,

uma vez que oportuniza a observação, o questionamento e a compreensão da realidade social.

E integrá-la ao cotidiano da escola é, antes de tudo, transformar o conhecimento em algo não

reprodutivo, mas criativo, bem como melhorar as condições de permanente aprendizagem,

estimulando a aplicação prática de reflexões teóricas por meio de intervenções efetivas na sala

de aula. Para tanto, a curiosidade natural e a criatividade do aluno devem ser estimuladas. É

importante que este compreenda os fenômenos que ocorrem ao seu redor, possibilitando assim

a produção de novos conhecimentos sob condições de permanente aprendizagem.

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O interesse do aluno em trabalhar com a pesquisa científica implica novas formas de

pensar e de aprender sobre o conhecimento, visto que ter acesso à ciência, e de como o

método científico é aprendido e construído no espaço escolar, proporciona saberes

importantes para sua formação. É fundamental, pois, que a prática da pesquisa se torne uma

atividade que esteja integrada ao currículo escolar como princípio educativo e enquanto

processo em formação, tanto para os professores orientadores como também para os alunos.

Entendemos com isso que o método científico se materializa não só pelo saber, mas pelo fazer

ciência. Mais do que um campo, puramente disciplinar para constar no currículo do aluno, a

ciência deve ser a base para a tomada de decisões de forma crítica e criadora.

Sem experiências com o uso do método científico na escola, tradicionalmente, as

aulas têm se transformado num exercício enfadonho de transmissão de conceitos e

procedimentos de pesquisa longe de serem abstraídos da prática. A dificuldade ainda é maior

quando o ensino é dissociado da pesquisa, não envolvendo professores e alunos no desejo de

conhecer, criar, refletir, compartilhar, produzir e avaliar resultados numa efetiva interação com

o mundo que os cerca.

Muito se tem dito sobre as possibilidades de a pesquisa melhorar o ensino. Mas como

ignorar a falta de atenção dos atores envolvidos no processo educativo sobre ciência e

pesquisa científica? Ou como os educadores podem orientar seus alunos quando em seu

currículo nada lhe foi oferecido como atividade de pesquisa, quando muito, uma disciplina,

muitas vezes, apenas para constar no currículo? O desafio, então, está posto: ensinar a

aprender, base para a tomada de decisões de forma crítica e criadora.

Sendo o método científico inerente à prática pedagógica, a construção dessa

perspectiva deve ser pautada desde a educação básica. Nesse contexto, há um fluxo de

conhecimentos que garante uma formação cidadã favorecendo o viés coletivo e

transdisciplinar nas áreas do desenvolvimento humano. O professor, cuja formação inicial não

oferece espaço para a prática e o desenvolvimento científico, tende a ficar alheio aos

processos do cotidiano da ciência em suas diferentes abordagens e práticas.

A pesquisa científica associada ao ensino na educação básica é essencial para que o

professor se aproprie de novos conhecimentos, a fim de melhorar o seu exercício docente.

Com esse desafio, ele contribuirá para o avanço do nível de conhecimento dos seus egressos,

uma vez que media o saber científico na educação básica ao requerer novas competências e

habilidades profissionais. Espera-se que ele desenvolva habilidades criativas e sistematize

suas ideias de forma inovadora, numa efetiva interação e articulação com as diferentes áreas

do conhecimento. Portanto, é objetivo desse texto apresentar, de forma introdutória, mas

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provocadora de reflexões, uma breve discussão sobre a relação entre ensino e iniciação

científica na educação básica.

É fato que a ciência evolui com o tempo. Sua evolução integra-se ao arsenal da

compreensão do homem sobre o Universo. Em certas situações transcende aos limites da vida

humana, afetando cada vez mais os padrões do pensamento humano e seus interesses

culturais, políticos e sociais. Neste sentido, a ciência tem fins e é um campo de disputa da

própria sociedade. Em Bernal (1965), compreendemos que a ciência é uma micro sociedade

que está dentro do macro social, processo dialético homem/sociedade. E a sociedade interfere

na ciência, por isso não existe ciência totalmente neutra. Ainda em, Bernal (1965, p. 31)

vemos que a “[...] ciência e muito mais que a simples soma dos factos, leis e teorias,

criticando e muitas vezes destruindo tanto como constrói. No entanto, o edifício geral da

ciência jamais cessa de crescer: está, por assim dizerem reparações permanentes, as sempre

em uso”. Compreendemos, portanto, o processo de inacabamento da ciência, como um

elemento em constante discussão e investigação.

Em Kuhn (2003), quando trata sobre a história do fazer ciência, da sua evolução e

suas diferenças, podemos perceber que são examinadas as diferenças do progresso da ciência

em relação a outras áreas e a existência de certa hierarquia na sua consolidação e seu acesso à

humanidade. Ele nos mostra que temos aspectos da Introdução a Ciência em nível elementar,

sendo trabalhados na escola comum quando se aprende, por exemplo: adequações básicas da

matemática, regras universais das ciências, dos métodos e dos experimentos. Existe a Ciência

Normal, que é a ciência das coisas que funcionam no cotidiano, ou seja, já consolidada e, bem

ou mal, já está presente na sociedade. É a partir desta ciência que vamos ter outros tipos de

ciências, como a Ciência Inovação, que trabalha com novos produtos e novas descobertas,

como cura de doenças, por exemplo. E por último, a Ciência de Revolução, aquela ciência

que, quando acontece é uma vez na história da humanidade, mas que muda a história do

homem. São artefatos que, quando ocorrem, provocam grandes revoluções na humanidade. E

essa nova forma de ciência pode esperar até 200 anos, para chegar ao homem comum.

A partir dessas observações, retomamos Kuhn (2003, p. 29), quando afirma que:

Ciência normal significa a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais

realizações científicas passadas. Essas realizações são reconhecidas durante

algum tempo por alguma comunidade científica específica como

proporcionando os fundamentos para sua prática posterior. Embora

raramente na sua forma original, hoje em dia essas realizações são relatadas

pelos manuais científicos elementares e avançadas.

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Para o filósofo, não existe um período determinado para a passagem da Ciência de

Inovação para a Ciência Normal. Existem situações em que as descobertas da Ciência de

Inovação dificilmente passarão a ser Ciência Normal. Sendo assim, o homem comum muitas

vezes não é atingido pelas novas formas de ciência, denominadas de Ciência da Revolução.

Tomando como parâmetro os avanços da ciência, constatamos também que suas

grandes evoluções bem como as descobertas científicas, que deram origem aos artefatos que

temos no cotidiano, são provenientes da indústria militar, para combates de guerras. Podemos

perceber que essas descobertas que a ciência fez nem sempre foram realizadas com a

finalidade do bem comum, mas com interesses de certa sociedade ou um grupo com

propósitos individuais.

A ciência cresce, evolui e transforma conhecimentos em verdades provisórias

suscetíveis a novas descobertas e revoluções que vão surgindo, tais modificações fazem o

progresso científico. Contudo, os pesquisadores não podem negligenciar os achados

revolucionários que mudaram a história da humanidade. O homem contemporâneo perdeu de

vista a noção do todo, vivemos numa sociedade fragmentada. Essa fragmentação também está

presente nas escolas quando os saberes são tratados em caixinhas separadas e uniformizadas,

e são classificados por disciplinas. Cada professor/especialista deve ensinar o que convém a

sua disciplina e o aluno compreender as especificidades como se fosse possível entender tanta

separação e especificidades tratadas isoladamente.

Abordar os conhecimentos de forma interdisciplinar é uma possibilidade de

ultrapassar os limites que as disciplinas apresentam isoladamente e tornar possível o

entendimento entre as áreas do conhecimento, onde os conteúdos se complementam e se

integram criando sentido.

A prática da iniciação científica possibilita a integração disciplinar, pois uma única

disciplina dificilmente dará conta de responder a um objeto de pesquisa na sua totalidade. O

movimento interativo entre os conhecimentos fortalece a pesquisa e fundamenta teoricamente

a investigação. Por essa razão, é de suma importância que os professores dialoguem entre sim

quando estão orientando os projetos de iniciação científica dos alunos.

Trabalhar com a ciência na educação básica precisa passar necessariamente por essas

reflexões, em que professores e alunos devem compreender todas as etapas de consolidação

de como a ciência se fez e se faz na atualidade. É importante para os alunos compreenderem

quais foram as finalidades dos artefatos da ciência ao longo da sua história, e como podemos

usá-la na escola para trazer benefícios para a vida humana, seja ela local ou global. É

relevante, pois, aguçar a curiosidade do aluno, promovendo uma educação científica mediante

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o acesso e a produção de significados sobre os conhecimentos científicos e dos processos

referentes à aprendizagem e à prática social da ciência.

Em comum acordo com Furman (2009, p. 7),

[...] quando falo de estabelecer as bases do pensamento científico estou falando de

“educar” a curiosidade natural dos alunos para hábitos do pensamento mais

sistemáticos e mais autônomos. Por exemplo, orientando-os a encontrar

regularidades (ou raridades) na natureza que os estimulem a se fazer perguntas

ajudando-os a elaborar explicações possíveis para o que observam e a imaginar

maneiras de colocar em prova sua hipótese; e ensinando-lhes a trocar ideias com

outros, fomentando que sustentem o que dizem com evidências e que as busquem

por trás das afirmações que escutam.

Mesmo com as evidências do papel da educação científica na evolução da

aprendizagem dos alunos e da sua importância para o desenvolvimento científico, existem

escolas da educação básica, enfrentando problemas para o tratamento pedagógico e didático

de algumas ciências. Existem situações em que, durante o ano inteiro, por falta de professores,

os alunos não têm aulas nas áreas de física, matemática, química, etc. Essa problemática da

falta de professores acaba trazendo prejuízos para os alunos. Vale mencionar que os

problemas do ensino são identificados, mas permanecem na escola como impossíveis de

serem solucionados.

Valorizar os conhecimentos dos alunos, constituídos fora da escola, é fazer destes o

alicerce de sistematização do saber escolar, é uma tarefa importante que deve ser conduzida

com muita eficiência. O surgimento das novas propostas para guiar o processo de ensino e

aprendizagem com diferentes possibilidades de mediá-lo pode trazer para a escola novos

rumos, baseados na apropriação e reflexão do saber.

A escola é um espaço de interpretação e produção de saberes, bem como de

sistematização do conhecimento pela mediação e orientação do trabalho docente. A educação

básica constitui apenas uma etapa da formação escolar, porém fundamental para definir as

condições de acesso ao ensino posterior. Nesse processo de formação, os alunos precisam

adquirir capacidade de analisar e refletir sobre os conhecimentos e, a partir daí, reformular

seus conceitos através das suas interpretações. O ensino baseado no uso do método científico

na educação básica ultrapassa o ensino fundamentado em certezas e na aquisição de

informações e acumulações de conteúdos, para se tornar conhecimento reformulado que

avança em verdades sempre provisórias.

Em Popper (1972, p. 305) vemos que:

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A ciência não é um sistema de enunciados certo ou bem estabelecido, nem

um sistema que avance continuamente em direção a um estado de finalidade.

Nossa ciência não é conhecimento (episteme): ela jamais pode proclamar

haver atingido a verdade ou um substituto da verdade, como a probabilidade.

O crescimento da ciência possibilita a formação de novas teorias, amplia a visão dos

seres humanos sobre a vida e ultrapassa as certezas “epistêmicas” do conhecimento absoluto.

No caso da escola, o método científico é, muitas vezes, desconhecido por muitos sujeitos

escolares que nunca participaram efetivamente de uma pesquisa científica. Os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) nos levam a refletir sobre a necessidade da consolidação de

novas práticas educativas frente ao desafio do

[...] ensino descontextualizado, compartimentalizado e baseado no acúmulo

de informações. Ao contrário disso, buscamos dar significado ao

conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitar a

compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade; e incentivar a

capacidade de aprender. (BRASIL, 1999, p. 13).

Fica evidente que as reflexões propostas nos PCN sobre a necessidade de reformas

no ensino não podem mais passar despercebidas na escola, uma vez que se apresentam como

alternativas para romper com as concepções e paradigmas educacionais que inibem o

desenvolvimento do aluno.

Se analisarmos as manifestações de estudantes de educação básica sobre o processo

de ensino e aprendizagem em Ciências podemos verificar que esse foi fundamentado, em

parte, em aprendizagens de conceitos. Em muitos casos, esse aprendizado se deu de forma

linear, sem acesso a experiência de laboratório, sem domínio, mesmo que precário, da relação

teoria e prática.

Com isso, o saber, mesmo o saber já consolidado ao longo dos séculos, perde quase

que totalmente o caráter de novidade, de descoberta. Num contexto de se rediscutir e até

mesmo de se redescobrir o ensino de ciências na Educação Básica, é preciso perceber o saber

como algo a ser descoberto e modificado e encoraja os alunos a questionar, interagir,

modificar, analisar e descobrir processos de inovações importantes para sua formação e

desenvolvimento do indivíduo, da sociedade e da cultura.

A formação científica deve ser um componente central da educação escolar em todas

as áreas do conhecimento. Tradicionalmente, o ensino de ciências na escola sempre esteve

vinculado às áreas de exatas e naturais, ficando de fora o campo das linguagens e

humanidades, como se estas não produzissem ciência. O fato é que a ciência está em todas as

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áreas enquanto prática e método. Ela está na história, na sociologia, na geografia, dentre

outras, ao desenvolver a capacidade criativa dos estudantes para analisar os problemas sociais,

buscar soluções, entender o funcionamento do mundo na sua complexidade. Portanto, a escola

tem o dever de educar em e para ciência.

O exercício da prática científica na educação básica deve ser fundamentado na

pesquisa, nas descobertas, nos experimentos e nas análises dos conhecimentos produzidos em

diferentes áreas com a finalidade de entender como esses princípios têm funcionalidade na

formação humana. Faz-se necessário proporcionar aos alunos o desejo de dialogar com o

conhecimento, para que se sintam capazes de refazer algo já existente e constituído ou

produzir algo novo, tendo em vista que o conhecimento pode ser questionado, modificado e

transformado pela ação humana.

A ciência na escola pode e deve ser desenvolvida com rigidez, seriedade e

fundamentada nos princípios científicos. Alicerçados pela investigação, sem entrar no mérito

da discussão sobre o caráter mais profundo de pesquisa, o aluno deve ser colocado diante dos

desafios da ciência, tanto do ponto de vista de uma ciência clássica, já consolidada, como

também de algum nível de ciência de inovação e de questionamento, do método científico e

da prática e das diversas consequências, positivas e negativas, do fazer científico.

A escola deve ir além da oferta de informação, porque o professor às vezes pensa

estar inovando e proporcionando aprendizagem para o aluno, quando segue as orientações

contidas nos livros didáticos e pede para os discentes fazerem “experimentos”. Sem

questionar a validade, refletir, pensar, ter suas próprias ideias, os alunos exercitam e

demonstram os conhecimentos científicos já descobertos e fazem as feiras de ciências na

escola sem, de fato, haver produção científica, descobrimentos, análises e experimentos que

fundamentam uma pesquisa científica.

É imperativo que a escola considere os conhecimentos do senso comum, que os

sujeitos adquirem de sua cultura local e, a partir deste parâmetro, devem ser tratados e vistos

como importantes na construção dos conhecimentos científicos, principalmente se

considerarmos que hoje, e cada vez mais, as crianças, desde muito pequenas, têm contato e

interagem com informações relacionadas às Ciências, conhecem os problemas mundiais e

locais, assim como o avanço da tecnologia e suas funções na vida humana. Não podemos mais

desconsiderar o fato de que os alunos, ao entrarem na escola, já trazem um conhecimento

substancial do mundo, sobre o qual se pode construir para desenvolver a compreensão de

conceitos científicos e que os conhecimentos estão presentes na sua forma de entender e

compreender esses novos saberes construídos, no desenvolvimento da pesquisa com seus

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métodos e experimentos. Sobre isso nos faz refletir Japiassu (1984, p. 19):

Não sendo estudada e ensinada historicamente, a ciência se converte em

objeto de estudo e de ensino dogmático. No entanto creio termos o direito de

duvidar desses postulados. Exprimem uma ideia que, apesar de justa, na

medida em que postula que os cientistas precisam elaborar conhecimentos

racionais rigorosos e objetivos, de forma alguma cola com a realidade

histórica. O mínimo que podemos é que a ausência e a recusa da história das

ciências correspondem a uma concepção idealista do saber. Ademais,

correspondem a uma concepção cientificista e tecnocrata da atividade dos

pesquisadores.

Na prática da iniciação científica, o pensar livremente é condição necessária no

processo de identificação dos problemas, posto que o desenvolvimento de habilidades

experimentais e de resolução de problemas também vai requerer que os professores

orientadores compreendam o método científico, para além da transmissão de saberes

científicos, permitindo que os alunos se tornem autores dos próprios processos de construção

e apropriação desse tipo de conhecimento através da problemática e das hipóteses que são

levantadas inicialmente.

Diante dessa realidade, vemos em Carvalho e Perez (2001, p. 114-115), que o

professor sabe

[...] que aprender é também apoderar-se de um novo gênero discursivo, o

gênero científico escolar: para isso, ele precisa saber fazer com que seus

alunos aprendam a argumentar, isto é, que eles sejam capazes de reconhecer

as afirmações contraditórias, as evidências que dão ou não suporte as

afirmações, além da capacidade de integração dos méritos de uma afirmação.

Este ambiente é próprio para que os alunos passem a refletir sobre seus

pensamentos, aprendendo a reformulá-los através da contribuição dos

colegas, mediando conflitos através do diálogo e tomando decisões coletivas.

Portanto, essa troca de experiências entre professores orientadores e alunos

pesquisadores torna a formação de ambos um processo que se constrói e se reconstrói na

dialética da descoberta e da produção dos conhecimentos, porque o processo de investigação e

a comprovação de um determinado objeto pesquisado requer algo a mais do que já está posto

e construído. Adotando esse procedimento, professores e alunos aprendem juntos e

compreendem que o processo de ensino e de aprendizagem se efetiva de forma autônoma e

dialógica, em que todos podem ensinar e aprender na construção ativa e participativa do

conhecimento.

A produção do saber não requer apenas o domínio de regras, mas de criatividade e de

imaginação, já que a pesquisa, como um princípio educativo, é um dos caminhos mais

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profícuos para se chegar a aprender (DEMO, 2010). A busca de informações favorece a

autonomia dos alunos . Sendo assim, o papel do professor , neste ponto, e estabelecer relações

e comparações que os ajudem a tornar significativa a aprendizagem.

O processo de construção do conhecimento científico desenvolvido hoje, em vários

espaços de aprendizagem, é também proveniente da realização das feiras de ciências. As feiras

de ciências vêm criando momentos de compartilhamento de saberes para os jovens

pesquisadores que, ao vivenciarem a pesquisa de iniciação científica na escola, estão

refletindo sobre os problemas sociais, pensando e criando possibilidades de fazer descobertas

para sua localidade, seu município e, quem sabe, para o país. Uma vez que a ciência, ao longo

dos anos, buscou melhorar a vida em sociedade.

2.7 Saberes profissionais dos professores de ciências sociais na educação básica

Quando falamos dos saberes profissionais dos professores nos referenciamos aos

saberes e práticas que se constituíram em cada contexto histórico. Os estudos mostram que os

paradigmas educacionais que fundamentam a ação docente acabam contribuindo para atingir

os princípios da ordem social vigente. Sejam eles tradicionais ou sócio construtivistas estão

compostos por concepções ideológicas. Logo, cabe aos professores de ciências sociais, que

tratam dos princípios da formação e ação humana, fazerem escolas epistemológicas para

mobilizar saberes que fortaleçam a reflexão sobre os problemas da humanidade tomando, para

isso, uma postura de transformação da prática e da evolução do ser humano.

O ensino de ciências sociais na escola de Ensino Médio deve ser entendido como

alternativa para reflexão sobre a realidade. Com isso, capaz de mobilizar saberes importantes

à formação educativa do aluno, levando-o à consciência de si mesmo e do mundo em que

vive. Mesmo sendo de fundamental importância na formação humana, fica evidente que as

disciplinas da área de Ciências humanas, entre elas sociologia, não ocupam um lugar

prioritário no currículo do Ensino Médio, ao contrário das disciplinas na área de Ciências

Exatas, que sempre estiveram em destaque na formação escolar. Disciplinas como matemática

e língua portuguesa sempre receberam prioridades na carga horária escolar.

Com relação ao ensino de sociologia na escola, este sempre foi questionado,

principalmente quando passou a fazer parte do currículo como disciplina obrigatória. Tal

questionamento se deve ao fato de essa disciplina não ser considerada importante para a

formação do aluno. Essa mudança envolveu o aumento considerável de carga horária e,

consequentemente, a diminuição do tempo curricular de outras disciplinas consideradas mais

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relevantes, causando insatisfações para muitos atores escolares.

Considerando o fato de que vivemos num contexto de rápidas mudanças sociais, em

que as pessoas, a cada dia ficam mais inseguras e não sabem como lidar com os inúmeros

problemas que afetam a sociedade em âmbito global, a escola pode contribuir para a

compreensão desses valores e saberes constituídos e formalizados socialmente. A prática dos

professores de Ciências Humanas, em meio às transformações da vida humana e dos

problemas existentes, tem como finalidade provocar os alunos para que tenham consciência

crítica sobre os fatos sociais e assim possam compreender o que está ocorrendo em meio a sua

própria realidade social. O ensino da sociologia, para Schall (1965, p. 296), compreende:

Nossos objetivos são conseguir uma valorização real de valores e problemas

humanos, sua origem, desenvolvimento e possível solução, para alcançar

uma apreciação significativa e compreensão da nossa própria cultura, nossos

pontos fortes, pontos fracos, problemas atuais, e possível futuro, [e] para

alcançar uma compreensão significativa da interdependência e

vulnerabilidade de todos os povos em um mundo encolhido em uma era

atômica.

A relevância do ensino da sociologia está alicerçada na possibilidade das

transformações da vida social humana, identificando os princípios que norteiam o

comportamento humano e governam a vida em sociedade, considerando cada contexto

histórico. A sociologia, portanto, estuda os processos de transformações sociais e desenvolve

explicações racionais para os problemas da humanidade. Com as finalidades apresentadas ao

ensino da sociologia, não podemos esquecer a relevância desse componente curricular para a

formação dos alunos do ensino médio.

A SEEC torna pública a Estrutura Curricular 2015 para o Ensino Médio, em que

torna obrigatório o ensino de sociologia com carga horária anual de 120 horas; distribuídas,

semanalmente, em 01 (uma) hora-aula para cada série do ensino médio. Podemos analisar a

importância dada a este componente curricular ao compará-lo com outros que chegam a ter

semanalmente uma carga horária de 12 horas semanais e 480 anuais.

Entendemos ser de fundamental importância que os alunos do Ensino Médio

compreendam os processos de ação humana e que os problemas da humanidade podem ser

discutidos e entendidos através do ensino da sociologia, disciplina que traz à tona a discussão

sobre os processos de transformação social e a possibilidade de compreensão e explicação

racionais para esses problemas.

Os saberes dos professores para o ensino das ciências sociais nas séries finais da

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educação básica compreendem um processo de reflexão constante sobre a prática, a vida em

sociedade e seus processos de transformação. Especificamente esses professores devem

buscar o entendimento das diferenças e desigualdades sociais, para que possam fazer o aluno

refletir sobre os princípios do conhecimento humano que consolidaram as transformações que

guiam a vida social. Em cada época, os professores vão construindo saberes que fundamentam

suas concepções de ensino e direcionam suas ações práticas em sala de aula.

Sobre os saberes dos professores e ressignificação da ciência ao ensinar, Pimenta

(1997, p. 71) faz a seguinte explanação:

As recentes modificações nos sistemas escolares, e especialmente na área de

formação dos professores, configuram uma “explosão didática”. Sua re-

significação aponta para um balanço do ensino como prática social, das

pesquisas e das transformações que têm provocado na prática social ao

ensinar.

Os saberes profissionais se caracterizam, se consolidam, se transformam e se

edificam na existência de saberes comuns e interações humanas. Esse processo se

particulariza pela formação continuada e pelos diálogos, já que todos os docentes pertencem

ao campo da educação e lidam com a prática do ensino que dá origem a troca de experiências

contribuindo, de maneira particular, para o aprofundamento do debate sobre teoria e prática e,

essencialmente, sobre os valores que caracterizam a vida humana. Dessa maneira, os

professores reformulam suas práticas e suas aprendizagens, ensinam e aprendem em

interações constantes estabelecidas com seus pares, seus alunos e o conhecimento.

No processo de desenvolvimento humano, faz necessário que as percepções dos

professores se ampliem sobre a realidade construída socialmente. Na escola, o processo do

ensinar e do aprender não pode estar separado dos elementos históricos e sociais que

caracterizam o mundo vivido pelos sujeitos. Esse processo se efetiva quando os professores

conseguem conduzir o saber escolar para estar a serviço das necessidades humanas. Quando

falamos sobre o papel da escola na formação dos sujeitos, das interações, das relações e das

cooperações que estabelecem para seu progresso social, não podemos deixar de enfatizar a

importância da cultura científica. Portanto, para compreensão e transformação do mundo é

importante salientar o papel da ciência para o progresso do homem em sociedade.

Um dos caminhos para compreender e transformar o ser humano é a formação

escolar. É possível dizer que no processo educativo o professor de Ciências Humanas assume

um papel fundamental na formação do aluno para a interpretação e compreensão do mundo

real. As outras áreas do conhecimento muitas vezes se limitam a cumprir o programa de sua

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disciplina, limitando o aluno a transmissão de conteúdos práticos e desvinculados da

realidade, e tornando-o um ser passivo ao executar tarefas propostas em sala de aula. Ao lidar

com o conhecimento em sala de aula, o professor das Ciências Humanas deve ser inteligente

ao ponto de ter um olhar diferenciado na sua atuação profissional, transformar suas aulas em

celeiros de interpretações, questionamentos e intervenções educativas para que o aluno

ultrapasse a categoria de passivo passando a questionar e elaborar suas próprias conclusões.

De acordo com Esclarín (2006, p. 74):

A inteligência supõe capacidade se compreender, de compreender os outros e

compreender o mundo, para assim poder-se comprometer na própria

realização e na recriação permanente da realidade e da vida para torná-las

mais humanas. É, consequentemente, capacidade crítica, analítica, produtiva,

criativa, de resolução de problemas e apresentação de novas ideias e

propostas.

No mundo de tantas transformações e intervenções, precisamos despertar nossa

capacidade criativa e dialógica para transformar o que aprendemos em conhecimento novo

que nos liberte para recriar a vida. O exercício docente, nesta perspectiva, assume um papel

fundamental quando recebe a missão de preparar os alunos para dialogarem com o

conhecimento, para refletir sobre a prática e para buscar o novo conhecimento que direcione a

vida para um novo sentido.

Em Rios (2001, p.46-7, grifos da autora), vemos que a reflexão sobre a realidade a

ser investigada

[...] implica sempre uma análise do trabalho que realizamos. Se estamos

fazendo uma reflexão sobre nosso trabalho, estamos questionando sua

validade, o significado que ele tem para nós e para os sujeitos com que

trabalhamos, e para a comunidade da qual fazemos parte e que estamos

construindo. A resposta às questões que nos propomos só pode ser

encontrada em dois espaços: no da nossa prática, na experiência cotidiana da

tarefa que procuramos realizar, e no da reflexão crítica sobre os problemas

que essa prática faz surgir como desafios para nós.

Refletindo sobre a atuação dos professores no ensino médio podemos entender a

necessidade de mudar a estrutura curricular que determina as concepções de ensino com viés

burocrático e técnico. Sendo assim, defendemos que o ensino e a pesquisa precisam caminhar

juntos para que a prática seja entendida como processo de conhecimento teórico, que tem

sentido quando busca resolução para os problemas do cotidiano. A relação que faz os

professores questionarem suas experiências cotidianas em busca de novas propostas para o

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ensino pode trazer mudanças significativas para os estudantes e para os professores. Desse

modo, o professor das Ciências Humanas precisa estar preparado para trabalhar com as

questões relacionadas à humanidade, aos problemas e às causas que devem ser discutidos e

refletidos com base nos princípios da cidadania e da evolução dos indivíduos. Romper com a

visão, segundo a qual os problemas que afligem a humanidade como, por exemplo, a miséria,

fazem parte da vontade divina é algo que precisa ser discutido em sala de aula. Com isso, o

papel do professor é questionar os saberes e as informações para que o conhecimento

sistematizado em sala de aula possibilite ao aluno uma visão crítica e analítica das

consequências das ações humanas, sejam elas voltadas para o bem comum ou para benefícios

individuais.

As disciplinas das ciências sociais devem ter como propósito formar os alunos para

exercer a sua cidadania através do diálogo com o conhecimento; se estes desenvolverem sua

criticidade sobre os saberes escolares, poderão adquirir uma formação humana capaz de fazê-

los entender o mundo, na sua complexidade e evolução. Até aqui, algumas indagações foram

levantadas sobre a atuação dos professores de ciências sociais no Ensino Médio, como

também a reflexão sobre o papel que estes desempenham em sala de aula para a formação do

aluno ativo, crítico e participativo.

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3 FEIRAS CIENTÍFICAS

Nesta parte fazemos uma discussão e apresentação sob um viés histórico acerca do

surgimento das feiras de ciências no Brasil, como elemento ou estratégia para a inserção do

fazer científico na escola de educação básica. Apontamos, sobre a sua institucionalização nas

escolas por meio do Projeto de Extensão de Iniciação Científica, promovida pela UFERSA,

UERN e em parceria com a SEEC/RN, nos municípios do semiárido potiguar.

Apresentamos todo o contexto de iniciação da Feira de Ciências nas escolas

jurisdicionada a 13ª DIRED, Apodi/RN, com a finalidade de fazer um resgate histórico sobre

a realização da Feira de Ciência e como vem sendo efetivada no contexto das escolas de

Ensino Médio da região.

Tais contextos são discutidos no texto que segue, de modo a possibilitar a nossa

compreensão sobre a importância da realização de uma pesquisa, que se preocupara com as

vivências e os cotidianos das práticas escolares que vem sendo desenvolvida, com vistas à

iniciação do fazer ciência na escola básica.

3.1 Histórico das feiras de ciências no Brasil

Em um contexto mais amplo, não nos reportando apenas ao Estado brasileiro, as

feiras de ciências surgiram ainda no século passado, a partir de atividades didático-

pedagógicas, nas quais os professores americanos iniciavam uma discussão sobre a realização

de atividades junto aos alunos, buscando orientá-los na elaboração de projetos científicos

individuais e apresentassem para os colegas.

Nesse sentido, recuperamos dos documentos oficiais uma parte desse percurso:

A primeira Feira de Ciências data do início do século passado, quando um

grupo de professores americanos incentivou seus alunos para que iniciassem

projetos científicos individuais e os expusessem depois para seus colegas de

turma e de estudo. Entretanto, é somente após a II Guerra Mundial que elas

começam a ser disseminadas. Em 1950, na Filadélfia (EUA), foi organizada

a primeira Feira Científica, que expôs trabalhos de outras feiras organizadas

pelo país. A partir de então, este evento foi ganhando notoriedade e atraindo

um número cada vez maior de expositores. A ideia ganhou o mundo,

surgindo as primeiras Feiras Científicas Internacionais (BRASIL, 2006,

p.35).

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A apresentação do contexto histórico das feiras de ciências no Brasil faz-se

necessário para que possamos entender o processo de preparação dos professores para o

trabalho com metodologia científica e como essa proposta foi inserida no currículo escolar.

Bastante populares durante a década de 1990, as feiras de ciências estudantis têm uma

tradição de mais de cinco décadas, acontecendo no Brasil e América Latina desde a década de

1960 como uma oportunidade para estudantes apresentarem trabalhos desenvolvidos pelo

ensino de ciências. A proposta de trazer para o Brasil uma metodologia diferenciada para o

ensino de ciências fundamentou-se no método científico e na pesquisa experimental. Os

docentes faziam seus experimentos nos laboratórios de ciências da escola e os alunos

aprendiam o passo a passo para posteriormente executá-los.

Na década de 1960, o Governo Federal trouxe, para ser adaptada ao currículo das

escolas brasileiras, a proposta do projeto norte-americano que tinha como objetivo melhorar o

ensino de ciências no país. A finalidade dessa proposta era introduzir nas aulas de ciências o

uso de laboratórios. Os professores foram treinados para desenvolver experimentos, e ao

aluno coube a opção de demonstrar que tinha aprendido, ao executar determinadas tarefas, o

que lhe foi ensinado. Dos experimentos trabalhados nas aulas de ciências não resultaram

modificações significativas ao ensino de ciências no Brasil, posto que, na realidade, todo

processo da metodologia científica estava aliado aos exercícios prescritos nos livros didáticos

e aos comandos dos professores de ciências e biologia.

Sob esse aspecto, Raw (1970, p. 112) assinala:

Na verdade, todo o ensino de ciências deve ser realizado de um modo

totalmente convincente para uma criança, ao invés do método usual de se

transmitir um dogma. Tome o exemplo da existência de vermes e micróbios.

Por que deveria uma criança aceitar a palavra do professor da existência de

algo tão pequeno que ela não consegue enxergar? Algo que é apresentado

para ela da mesma forma que fantasmas são apresentados às pessoas. Será

nossa sociedade atual científica? [...] Pergunte à maioria dos adultos por que

eles acreditam em coisas do tipo micróbios, ou mesmo vírus? Eles

simplesmente aceitam estas coisas do mesmo modo que nossos antepassados

aceitavam os miasmas. Se em vez deste método eu faço uma criança montar

um pequeno microscópio, e deixo que ela descubra um verme dentro de um

pulmão de um sapo [...] e leve o pequeno microscópio para casa, ela

convencerá toda sua família.

Seguindo o pensamento do autor, é possível refletir sobre a importância de o aluno

realizar suas próprias descobertas. Além disso, possibilita a avaliação de que os saberes

fundamentados em dogmas e certezas absolutas não facilitam que tenham oportunidade de

elaborar e questionar o conhecimento e possam desenvolver a habilidade de aprender a

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aprender.

De acordo com Mancuso e Filho (2006, p.11)

A primeira Feira Nacional de Ciência (I FENACI) ocorreu no período de 22

a 29 de setembro de 1969, no Rio de Janeiro, no Pavilhão de São Cristóvão,

reunindo 1.633 trabalhos de todos Estados e Territórios brasileiros e 4.079

alunos de todo o Brasil23, sob a coordenação e patrocínio do Ministério da

Educação e Cultura e apoio de entidades governamentais tais como as

Secretarias de Educação e Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado da

Guanabara, CNPq, Comissão Nacional de Energia Nuclear. Instituto Militar

de Engenharia, e IBECC.

A década de 1960 foi um momento importante para o contexto histórica das feiras de

ciências no Brasil, pois marca a territorialização da discussão científica no país. A feira de

ciências deve ser entendida como um espaço de transformação da prática educativa que

desenvolve nos alunos a curiosidade de indagar, contribuindo para sua formação científica.

Todo o processo de descobertas, questionamentos e interpretação que fundamenta uma

pesquisa científica conduz o aluno para se tornar ativo e criativo na busca de conquistas sobre

o conhecimento e possibilita a interação com a comunidade.

3.2 Histórico das Feiras de Ciências em Apodi/RN de 2011 a 2014

A realização anual da Feira de Ciência do Oeste Potiguar teve início em 2011,

através de um Projeto de Extensão da UFERSA, coordenado pela professora Dra. Celicina

Azevedo Borges. O evento científico acima referido é realizado anualmente no segundo

semestre de cada ano letivo. Para apresentar seus projetos na Feira Escolar, na Feira Regional

e na Feira Estadual os alunos são orientados pelos professores a realizarem pesquisas nas mais

diversas áreas do conhecimento. O que vai determinar quem vai orientar esses alunos é a

categoria a qual os projetos mais se assemelham e suas relações com cada área de ensino.

Dessa maneira, só depois que os objetos de pesquisas são delimitados é que os professores são

distribuídos para orientar os alunos.

Através de uma atividade de elaboração de perguntas, que o professor realiza na sala

de aula, os alunos são desafiados a pensar sem bloqueios sobre os problemas locais sem a

preocupação de que estas estejam certas ou erradas.

A tempestade de ideias é o momento em que o professor, em sala de aula, instiga os

alunos a pensarem sobre problemas que a sociedade enfrenta no seu cotidiano e a fazerem os

registros desses problemas em forma de perguntas. Posteriormente, eles são estimulados a

fazerem essas reflexões sem censuras do professor e dos colegas. Após esse momento, o

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professor/orientador vai discutir com a turma como melhorar a problemática para se tornar

uma pesquisa científica e, a partir das delimitações e dos temas dos projetos, acontece uma

reunião entre os professores para definir quem vai orientar cada projeto.

Após a definição dos temas os projetos são distribuídos com os professores que se

propõem a orientar os alunos. Na sequência, iniciam suas investigações e a busca de possíveis

descobertas pela sistemática de conhecimentos sobre a natureza biológica, social e

tecnológica, visando a apresentar soluções para a melhoria da qualidade de vida dos

indivíduos. Para isso, desenvolvem seus projetos de iniciação científica dentro dos critérios

estabelecidos pela ciência, que são apresentados na Feira de Ciência Escolar (FCE) e na Feira

Regional de Ciência do Oeste Potiguar (FRCOP) e demais eventos científicos que os projetos

são selecionados.

Estruturar o processo de ensino e de aprendizagem para que seja capaz de romper

com o ensino técnico e enciclopédico, que condicionava os alunos a serem meros receptores e

memorizadores de informações, modelo ultrapassado na sociedade que vivemos hoje, posto

que a produção das informações se estabelece e se efetiva de forma assustadora, é a meta

central dessa nova proposta. Assim, de acordo com os PCN (2001, p. 126):

O projeto é uma estratégia de trabalho em equipe que favorece a articulação

entre os diferentes conteúdos da área de Ciências Naturais e desses com os

de outras áreas do conhecimento, na solução de um dado problema.

Conceitos, procedimentos e valores apreendidos durante o desenvolvimento

dos estudos das diferentes áreas podem ser aplicados e conectados, ao

mesmo tempo em que novos conceitos, procedimentos e valores se

desenvolvem.

As Feiras de Ciências do Oeste Potiguar têm se tornado eventos de fundamental

importância às práticas interdisciplinares de sala de aula. Além de facilitar a incorporação do

saber científico, traz oportunidades para que os professores dialoguem, para que as pesquisas

sejam finalizadas com êxito e, aos alunos, dá a oportunidade de construírem seus próprios

conceitos que facilitam a efetivação das novas aprendizagens. A escola define no seu

calendário anual o momento em que os alunos devem fazer as apresentações dos seus

trabalhos. Essas atividades ocupam várias horas de estudo e investigação, em que buscam

informações, reúnem dados e os interpretam, sistematizando-os para comunicá-los a outros.

Neste momento, eles apresentam seus achados e explicam o passo a passo percorrido para

chegar às conclusões do seu objeto de pesquisa que, de forma prática, buscaram soluções

técnicas e metodológicas para os problemas que se empenharam em resolver.

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A Feira de Ciências hoje tem assumido um papel importante na formação e atuação

dos professores e alunos no ensino médio, pois tem se tornado uma forma de a escola criar

oportunidades para os alunos integrarem conteúdos de diferentes disciplinas curriculares.

Quando o projeto de extensão Feira de Ciências do Oeste Potiguar foi apresentado

nas escolas, o cotidiano escolar também ganhou um sentido novo, pois até então, nas 11

escolas do Ensino Médio circunscritas a 13ª DIRED não havia registro de trabalhos

desenvolvidos com a metodologia científica. A cada ano, a Feira de Ciências tem se tornado

uma atividade ainda mais significativa e constante no currículo escolar e, ao mesmo tempo,

constitui oportunidades de socialização e interação entre a escola e a comunidade.

Foram realizadas muitas reuniões para apresentar o projeto, capacitações e oficinas

de formação para que os professores entendessem melhor como desenvolver a metodologia

científica na educação básica, uma vez que, as referências e experiências anteriores que eles

tinham, no que se refere a realização das feiras de ciência nas escolas, era mais fundamentada

na representação dos conhecimentos, ou seja, os projetos dos alunos orientados pelos

professores eram para demonstrar as descobertas da ciência ao longo da história.

Após esse momento das informações, orientação e formação, os professores

iniciaram seus trabalhos na escola e com a realização das primeiras atividades de orientações

junto com os alunos puderam selecionar as ideias que deram origem às primeiras

investigações científicas que constituíram os primeiros projetos científicos das escolas

estaduais da 13ª DIRED.

Na primeira edição da Feira Regional de Ciência do Oeste Potiguar, realizada em

2011, das onze escolas estaduais do Ensino Médio, oito participaram do evento e algumas

realizaram suas feiras escolares, mas todos os projetos apresentados neste momento, em cada

escola, foram reapresentados na feira acima citada. A feira regional aconteceu no dia 16 de

novembro de 2011, na Associação Desportiva Apodiense - ACDA, no período das 8h às 17h,

com 32 projetos, 32 professores e 96 alunos. Os critérios de avaliação foram: criatividade e

inovação, clareza e objetividade na exposição dos projetos e profundidade na pesquisa. Foram

classificados e premiados com medalhas, atribuídas pelos professores avaliadores voluntários

das universidades estaduais e federais, os três melhores projetos. Deste evento, foram

selecionados 12 projetos para participarem da Feira Estadual do Semiárido Potiguar, realizada

em Mossoró/RN.

Na segunda edição, no ano de 2012, a Feira Regional de Ciência do Oeste Potiguar

superou os resultados esperados, as escolas já haviam se apropriado da metodologia científica,

com isso tivemos escolas que desenvolveram até vinte e cinco projetos de pesquisa.

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Novamente fizemos os momentos de formação com as equipes escolares sob a coordenação e

orientação dos idealizadores do projeto e a equipe da UFERSA/RN. Algumas escolas

novamente realizaram suas feiras escolares e como não tínhamos espaço físico para a

apresentação de todos os projetos, cada instituição fez uma seleção dos melhores projetos.

Sendo assim, a segunda edição da feira contou com 46 projetos, 46 professores e 138 alunos.

Em sua terceira edição, no ano de 2013, a Feira de Ciência do Oeste Potiguar

continuou mantendo sua característica regional, se estruturou e, em parceria com a UERN,

Campus Avançado Profª Maria Elisa de Albuquerque Maia (CAMEAM), estendeu a ideia do

uso da metodologia científica em projetos de ciências nas escolas, incluindo alunos do n 8o e

9o anos do ensino fundamental. Foram inscritos 68 projetos de ciência de escolas públicas

estaduais e um de escola pública municipal. Esse número de projetos pertence às onze escolas

distribuídas na área de abrangência da 13ª DIRED: Apodi, Felipe Guerra, Caraúbas, Severiano

Melo, Rodolfo Fernandes, Itaú e Tabuleiro Grande. Realizaram a inscrição no evento 207

alunos da educação básica, sendo 162 do ensino médio e 45 alunos do ensino fundamental, da

rede pública estadual e municipal de ensino, somando um total de 69 projetos de ciência.

Por fim, ultrapassando os limites de evento pontual para consolidar-se no calendário

escolar, essa terceira edição contou com importante financiamento do Programa de Apoio a

Eventos no País (PAEP/CAPES), do CNPq e da SEEC/RN.

Na sua IV edição, a Feira de Ciências do Oeste Potiguar, realizada em Apodi/RN,

foram desenvolvidos 92 Projetos de Iniciação Científica contabilizados na realização das

feiras escolares. Do total geral foram 61 projetos do ensino médio e 31 do fundamental, sendo

08 da rede municipal de ensino. Na quarta edição da Feira de Ciência do Oeste Potiguar,

realizada no dia 17 de setembro de 2014, foram apresentados 75 projetos, o que resultou na

seleção de 30 trabalhos para participação na Feira de Ciências do Semiárido Potiguar – Etapa

Estadual, realizada em Mossoró/RN, no período 05 a 07 de novembro de 2014. Dessa

participação, foram obtidas as seguintes premiações: pré-seleção para o Fórum London

internacional Youth Science, em 2015, Credencial para FEMMIC 2015, Vaga na FEBRACE

2015, Credencial para Movimento Científico Norte–Nordeste 2015 e participação no

Movimento Internacional Para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico Expor

MILSET/Brasil, que acontecerá de 26 a 30 de maio em Fortaleza/CE.

A ciência não se resume ao controle prático do homem sobre a natureza, pois ao

elaborar hipóteses, buscar respostas e soluções para as dúvidas e problemas que levem a

compreensão de si e do mundo, os alunos se tornam criativos e críticos, possibilitando a

produção de novos conhecimentos sob condição permanente de aprendizagem. Entendemos a

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importância da prática científica como eixo norteador para a produção de novos

conhecimentos, tornando os alunos ativos no processo de aprendizagem. Fazer do mundo

uma provocação é tornar a prática científica inerente ao cotidiano, uma vez que cria

oportunidades para a observação, o questionamento e a compreensão da realidade social.

Integrá-la à prática científica e ao cotidiano desperta a curiosidade natural e a criatividade do

aluno que deverão ser estimuladas, para que compreendam os fenômenos que ocorrem ao seu

redor mediante a produção do conhecimento.

Nessa perspectiva, discutir a Feira de Ciências como estratégias que contribuem para

a realização do processo de ensino e aprendizagem, Pereira (2000, p. 38) nos mostra que:

Como estratégia de ensino, as Feiras de Ciências são capazes de fazer com

que o aluno, por meio de trabalhos próprios, envolva-se em uma

investigação científica, propiciando um conjunto de experiências

interdisciplinares, complementando o ensino-formal. Como empreendimento

social-científico, as Feiras de Ciências podem proporcional que os alunos

exponham trabalhos por eles realizados à comunidade, possibilitando um

intercâmbio de informações.

Com isso, acreditamos que as Feiras de Ciências do Oeste Potiguar se configuram

como ambientes de socialização e troca de experiências entre alunos expositores, professores

orientadores e comunidade em geral. Também possibilitam uma ampliação da visão do

mundo, seus problemas e possíveis soluções para expositores, avaliadores e visitantes da feira.

Neste ambiente diverso e heterogêneo são divulgados os resultados das pesquisas de iniciação

científica, através das exposições e troca de experiências como fundamente para a validação e

divulgação do conhecimento descoberto.

No contexto de inovação e evolução do conhecimento faz necessário garantir uma

educação de qualidade em que os atores envolvidos no processo educativo possam,

constantemente, atualizar-se através da pesquisa e do acesso a novos conhecimentos. Estes

diálogos devem viabilizar o crescimento pessoal e profissional de forma permanente de todos

os envolvidos no processo de ensinar e aprender.

O ensino através da pesquisa e das Feiras de Ciência tem desenvolvido a curiosidade

investigadora dos alunos, privilegia a opção por conteúdos socialmente significativos,

contribui para a elaboração constante do conhecimento, proporciona a reconstrução e permite

solucionar problemas reais. Ademais, exige dos professores e alunos a tomada de decisões,

proporciona desenvolvimento pessoal e profissional, desenvolve a habilidade de aprender a

aprender e promove a formação e transformação emancipatória do sujeito.

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A partir da realização anual da Feira de Ciências do Oeste Potiguar, os sujeitos

escolares começaram a entender como deveriam ser desenvolvidos os projetos dentro da

metodologia científica e que aquela forma de realizar as Feiras de Ciência, em que os projetos

eram apresentados mais com um caráter demonstrativo de algo já descoberto e produzido,

precisava ser reformulada para uma nova metodologia científica que estimulasse o aluno a

pensar, refletir, elaborar, criar, experimentar e produzir novos conhecimentos.

E foi assim, no decorrer dos anos, que cada escola foi elaborando suas ideias,

construindo e desenvolvendo seu trabalho de pesquisa, seguindo as etapas do método

científico, construindo suas pesquisas e fazendo suas descobertas.

Com a realização das Feiras de Ciências do Oeste Potiguar de 2011 a 2013, momento

em que as escolas fizeram as apresentações dos seus projetos, inicialmente nas Feiras

Escolares e posteriormente nas Feiras de Ciência em níveis Regional e Estadual, foi possível

verificar a evolução dessas instituições ao longo desse período. Tal verificação fica evidente

na apresentação dos dados expostos na Tabela II. Nele constam os anos de realização das

feiras e apresentados em nível Regional e Estadual e o número de projetos

Tabela II – Quantidade e abrangência dos projetos expostos na Feira de Ciências

Ano Quantidade de Projetos na Feira Regional Número de Projetos na Feira Estadual

2011 32 03

2012 46 12

2013 69 23

2014 92 25

Fonte: Questionário aplicado. (SANTIAGO, 2015).

A expansão exposta fez percebermos que seria necessária a elaboração de um

regimento e, a partir de 2013, ele foi construído e colocado em prática para que todas as

escolas pudessem estudar e conhecer os critérios estabelecidos para sua participação neste

evento.

Com a realização das feiras nos anos seguintes e com a expansão e nível dos projetos

científicos pensamos em editar os anais e, após a realização da III Feira de Ciência no Oeste

Potiguar 2013, eles foram editados. O conteúdo desses anais é composto pelos resumos de

cada projeto apresentado na referida feira.

Em Barcelos e Jacobucci (2010, p. 03) encontramos na Feira de Ciências elementos

mobilizadores que contribuem para com o processo de ensino e aprendizagem ao estabelecer

que:

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As Feiras de Ciências se constituem palco para um trabalho baseado no

ensino por projetos. Por ser um evento institucional, implica a mobilização

de muitas pessoas da comunidade escolar e de outros espaços para sua

realização. Como qualquer outra atividade de ensino-aprendizagem que

envolve criatividade e investigação na busca de soluções para uma situação

problematizadora, a realização de uma Feira Científico-cultural requer um

pré-projeto, visto que um evento dessa natureza depende de uma série de

medidas e providências que devem ser pré-programadas.

Para acompanhar a evolução do conhecimento e ser capaz de transformar a teia

gigantesca de informações em saberes é necessário que o aluno esteja preparado e sinta-se

estimulado para produzir fundamentos, interpretar criticamente as informações e, acima de

tudo, ser um agente reflexivo da sua aprendizagem. Essa tem sido a finalidade da realização

das Feiras de Ciência, estimular a criatividade dos alunos através da elaboração dos seus

projetos de pesquisas, para que estes se tornem pesquisadores, produtores de novos

conhecimentos e criem autonomia para interpretar e dialogar com o professor na busca

constante da sistematização dos sentidos.

Fundamentados nessas ideias, podemos comprovar a importância de conceber o

processo de ensino-aprendizagem como espaço de interações, negociações, mediações entre

sujeitos que se relacionam e se constituem a partir de um processo educativo, mas também,

social, cultural e político. Com isso, é importante delinear perspectivas analíticas interessantes

com relação ao desempenho das funções inerentes aos papéis que lhes são reservados e

esperados. A instituição escolar está em processo contínuo de criação intersubjetiva de

significados que, por sua vez, pode gerar novas possibilidades de relação entre professores e

alunos.

A falta de significado dos conhecimentos escolares pode ser uma das razões pela

quais os alunos, a cada dia, demonstram menos interesse em estarem na sala de aula e a

desligarem, por qualquer razão, sua atenção dos ensinamentos e orientações dos professores.

Com isso, a escola precisa fundamentar sua prática educativa numa perspectiva

emancipatória, possibilitando que os conhecimentos discutidos e apresentados em sala de aula

tenham significado para os alunos, para que sirvam de parâmetro de sistematização do saber

e, consequentemente, para a formação e atuação profissional.

No que se refere aos resultados exitosos obtidos em cada ano de realização da Feira

Regional de Ciência do Oeste Potiguar, podemos citar que em sua primeira versão (2011),

conseguimos classificar 03 projetos para a participação na II Feira Estadual do Semiárido

Potiguar e a participação de 03 projetos na Ciência, Tecnologia e Cultura- CIENTEC/RN.

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No ano de 2012, a II Feira de Ciência do Oeste Potiguar conseguiu classificar 12

projetos de iniciação científica para a III Feira Estadual do Semiárido Potiguar. Dos projetos

participantes neste evento conseguimos uma vaga para a Feira Brasileira de Ciências e

Engenharia FEBRACE/SP, uma premiação para visita ao Centro de Lançamento da Barreira

do Inferno, em Natal/RN. É interessante mencionarmos que, na oportunidade, os alunos

assistiram ao lançamento de um foguete espacial. Dos projetos apresentados na II edição da

Feira Regional, 03 projetos foram escolhidos para participarem da CIENTEC/RN e dos 10

classificados neste evento conseguimos primeiro, segundo e nono lugares. Os três projetos

premiados na CIENTEC/RN receberam como premiação uma visita a Estação de Cabo

Branco, em João Pessoa/PB. Tivemos também a aquisição de 16 bolsas para os alunos, pelo

CNPq, 03 como premiação da Feira Estadual e as demais pela CIENTEC/ FAPERN.

Na FEBRACE/2012, conseguimos com o projeto “O uso da Cera de Abelha no

revestimento de frutos”, as seguintes premiações: troféus FEBRACE e medalhas do primeiro

lugar em Ciências Agrárias, categoria grupo, publicação de um artigo na Revista de pré-

iniciação científica IN Ciências, uma assinatura gratuita de 06 meses para cada participante do

projeto da pesquisa da Revista Pesquisa, uma vaga para participar da Feira Nordestina de

Ciências e Tecnologia - FENECIT/Recife/PE e uma vaga para participar do Movimento

Internacional para o Recreio Científico e Técnico – MILSET/Brasil, em Fortaleza/CE.

No Movimento Internacional para o Recreio Científico e Técnico – MILSET/Brasil,

em Fortaleza/CE, conseguimos novamente, com o projeto “O uso da Cera de Abelha no

revestimento de frutos”, duas premiações: 2º Lugar em Ciências Agrárias e a participação no

Movimento científico Norte Nordeste/MOCIM/PE.

Os resultados apresentados acima comprovam que o evento da Feira Regional de

Ciências do Semiárido Potiguar não tem um fim em si mesmo, na verdade ele é um momento

de culminância das aprendizagens e dos saberes produzidos e compartilhados ao longo das

atividades que são desenvolvidas e apresentadas pelos alunos sob a orientação e

acompanhamento dos professores.

Na III edição da Feira Regional do Semiárido Potiguar, em 2013, a expansão foi

bastante significativa: tivemos a participação de 69 projetos de iniciação científica do Ensino

Fundamental 6o e 9

o anos e do Ensino Médio. Dos projetos apresentados na referida feira, 23

foram selecionados para participarem da IV Edição da Feira Estadual do Semiárido Potiguar,

realizada anualmente em Mossoró/RN pela UFERSA. Fomos contemplados em nível regional

como feira afiliada a FEBRACE/SP com uma vaga para apresentar um projeto de destaque.

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Também recebemos, através do CNPq, 03 bolsas de iniciação científica para os alunos

continuarem suas pesquisas na escola.

Na IV Feira Estadual do Semiárido Potiguar, conseguimos a seguinte premiação: 1º

lugar como destaque em Energia Renovável com o projeto “O uso da casca de castanha como

fonte de energia para indústria de cerâmicas, no município de Apodi/RN”. Uma pré-seleção

do projeto “O uso de cera de abelha no revestimento de frutos”, para participar do London

Internacional Youth Science Fórum 2014, em Londres. Vaga para o MOCIM 2014, em João

Pessoa/PB. Prêmio destaque em Profundidade da Pesquisa, prêmio em destaque em Ciências

Sociais, prêmio em destaque em Cultura Regional, prêmio destaque em Energia e o prêmio de

Honra ao Mérito.

Nas inscrições individuais dos projetos em participação nas Feiras científicas

conseguimos os seguintes resultados: classificação de mais um projeto para a

FEBRACE/2014, classificação na Expor/MILSET/Brasil 2014, classificação de 04 projetos

para a MOCINN/JP e a classificação de um projeto para a Feira dos Municípios e 3ª Mostra

de iniciação científica da Bahia.

O projeto que pesquisa “O uso de cera de abelha no revestimento de frutos” foi

reconhecido, nacionalmente, quando selecionado para participar do Programa da Rede Globo

de Televisão, Caldeirão do Hulk, no quadro “Jovens Cientistas”. Na oportunidade, os alunos

receberam a premiação máxima na categoria relevância social. A Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária EMBRAPA/CE, convidou os estudantes para dar continuidade a

pesquisa e os 03 (três) discentes seguem com os estudos, agora com o apoio e orientação dos

engenheiros especializados do órgão acima referido.

As histórias de sucesso desses projetos, a cada ano, vêm comprovar a importância da

realização anual da Feira Regional do Oeste Potiguar. Cada ano temos mais projetos e

alcançamos melhores resultados, com isso, compreendemos a relevância da iniciação

científica na Educação Básica.

Para que nossa proposta de metodologia científica, nas escolas do ensino médio

circunscrita a 13ª DIRED, obtivesse, anualmente, resultados significativos, algumas ações

foram desenvolvidas, entre elas destacamos: a elaboração do Regimento da Feira de Ciência

do Oeste Potiguar, a realização de Jornadas Pedagógicas com palestras que trataram do tema

da metodologia científica no ensino médio para as equipes escolares (gestores, alunos,

coordenadores e supervisores pedagógicos e professores), parceria com a UERN, Campus

Avançado “Profª Maria Elisa de Albuquerque”, em Pau dos Ferros/RN, atraves do Programa

de Pós-Graduação em Ensino (PPGE) do Curso de Mestrado Acadêmico em Ensino (CMAE)

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para produção de artigos científicos; Publicação em Anais com os resumos dos projetos

desenvolvidos nas escolas. Além disso, conseguimos nos afiliar à Feira Brasileira de Ciências

e Engenharia (FEBRACE), que acontece anualmente em São Paulo, garantindo 01 (uma) vaga

para levar o projeto do 1º (primeiro) lugar da Feira de Ciência do Oeste Potiguar,

conseguimos também, anualmente, recursos financeiros da CAPES/ PAEP, para realização da

Feira de Ciência do Oeste Potiguar e, em 2015, recursos financeiros para publicação de um

livro com as experiências dos projetos de pesquisas selecionados nos três primeiros lugares da

feira, entre 2011 e 2014.

Os resultados apresentados comprovam que a sala de aula precisa tornar-se um

espaço privilegiado de negociações e de produção de novos sentidos e significados a respeito

do que os alunos já sabem e conhecem e do que precisam aprender, conforme ressalta

Perrenoud (2002). Esse processo deve acontecer em uma rede de conhecimentos interativa e

complexa, na qual professores e alunos se tornem atores que se mobilizem para sistematizar

um saber que servirá para sua formação cidadã e emancipatória, contemplando as várias

dimensões das suas vidas.

Nesse contexto Histórico das Feiras de Ciências em Apodi/RN, no período de 2011 a

2014, inúmeros projetos foram elaborados e apresentados nas feiras de ciências da região do

Oeste Potiguar. As temáticas desenvolvidas nesse período nos mostram uma relação com as

questões problemáticas do cotidiano local, em que os alunos e a escola estão inseridos.

Azevedo et al (2015) discorrem sobre a contribuição dos programas de extensão

científica na região do semiárido potiguar, apontando para a necessidade de possibilitar o

conhecimento científico para todos.

Essas possibilidades do saber científico a todos, das Feiras de Ciências realizadas

pela 13ª DIRED do município de Apodi/RN, buscam atender as necessidades da demanda e,

ao mesmo tempo, contribuir para a formação de saberes científicos por meio de projetos de

iniciação científica nas escolas de Ensino Médio. Portanto, foram desenvolvidos estudos nas

quatro etapas que viesse contribuir para o desenvolvimento regional e para a construção do

conhecimento científico.

Acerca da contribuição dos projetos desenvolvidos nas feiras de ciências,

encontramos os estudos de Rocha; Linhares; Gomes & Monteiro (2015) que trata de uma

discussão sobre os húmus na região da caatinga no município de Caraúbas/RN, uma

problemática presente na localidade, pois devido a altas temperaturas e chuvas irregulares

existem grandes problemas para a sobrevivência. Assim, a discussão sobre os húmus

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possibilitaria uma estratégia para enfrentar a problemática oriundas das altas temperaturas e

ausência de chuvas.

Outro estudo, desenvolvido na Feira de Ciências foi à pesquisa realizada por

Oliveira; Gurgel; Silva; Costa & Câmara (2015) sobre o sistema de produção da tilápia em

tanques com as aguas da barragem e Santa Cruz no município de Apodi/RN.

Outra problemática muito presente nos municípios da região Oeste Potiguar, tornou-

se discussão do projeto, que foi a questão do lixo. Na mesma direção, as pesquisas de

Fernandes; Ferreira; Filho & Cunha (2015) traz uma discussão sobre os problemas e desafios

enfrentados pelo município de Itaú/RN advindos do lixo, colocado a céu aberto, prejudicando

toda a população.

Outros estudos também foram realizados a partir das questões locais como mostra

Santiago; Santos Filhos & Santos (2015), ao discutirem sobre o saber científico na escola,

como desenvolvimento e popularização da ciência na escola.

Vemos assim, que o período de 2011 a 2014 foi marcado por um grande movimento

de popularização da ciência nas escolas de Ensino Médio do semiárido potiguar e na educação

básica.

3.2.1 A parceria Universidade e o Projeto Feira de Ciências na região de Apodi/RN

A pesquisa é uma estratégia importante para aproximar a universidade da educação

básica. Esse debate é o fio condutor da educação científica no espaço escolar, com

implicações diretas na concepção do professor como pesquisador. Trata-se de estimular e

desenvolver a prática da pesquisa no trabalho docente desde a educação básica,

imediatamente incidindo na formação do professor. Na prática, seu limite está na própria falta

de vivência do método científico e acesso aos espaços de formação e investigação na escola.

Embora, hoje, seja uma discussão na pauta da comunidade acadêmica, em se tratando

do alcance do exercício da pesquisa pelos professores da educação básica, sua prática, muitas

vezes, é puramente teórica, baseada principalmente em leituras e resolução de questionários,

sem atividades investigativas e de caráter científico. Sob a perspectiva de mudar essa

realidade no espaço escolar, a convite da professora Celicina Azevedo, a UERN/CAMEM foi

motivada a participar do Projeto Feira de Ciências do Semiárido Potiguar, em 2013, grande

entusiasta da popularização da ciência e pioneira no desenvolvimento de projetos de educação

científica na escola, por meio da organização de feiras de ciência no RN. Inicialmente, o

convite era para contribuir na articulação e organização das feiras regionais, principalmente,

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nos momentos de avaliação de projetos e de formação de professores. Foi realizada pela

Professora Simone Cabral Marinho dos Santos diversas oficinas em escolas em Mossoró,

Apodi, Alexandria, Umarizal, Caraúbas e Pau dos Ferros.

Em seguida, a professora foi inserida na equipe de organização da feira estadual

atuando na equipe de organização de avaliadores. Aliás, uma das equipes estratégicas e mais

desafiadora, por ser responsável por avaliar a qualidade do trabalho e o nível de compreensão

que os alunos possuem sobre sua pesquisa. Com essa atividade, participou de reuniões e

encontros formativos sobre a dinâmica de desenvolvimento do projeto e estabelecemos

contatos e novas parcerias com professores e alunos de pós-graduação da UERN, IFRN e

UFERSA, dos campi de Pau dos Ferros e Apodi, que foram se agregando, de forma

voluntária, a equipe de avaliação, mas também de formação nas diferentes feiras regionais.

Umas das preocupações da equipe é o estimulá-lo a continuidade da iniciação

científica na educação básica, por meio do fortalecimento das feiras escolares e regionais.

Tendo em vista a importância de pleitear recursos por meio de editais e estabelecer parcerias

para organização da feira, passando a incentivar a equipe local a pleitear recursos do

PAEP/CAPES e CNPq. Com essa diretriz, houve uma dedicação as feiras regionais da 15ª e

13ª DIRED, com participação na elaboração de projetos para fins de captar recursos para feira

de ciências.

Atualmente, as IES têm concentrado suas atividades do projeto na feira regional da

13ª DIRED, a Feira de Ciências do Oeste Potiguar, em função do acúmulo de trabalho. Desde

quando a UERN iniciou suas atividades nesse projeto, em 2013, já na sua terceira versão,

onde foi aprovado recursos no edital do CNPq para financiamento de feiras e mostras

científicas, bem como PAEP. Esses recursos têm garantindo a continuidade do projeto,

contribuindo para a qualidade do evento, em termos estruturais e formativos, bem como

ampliado o alcance da comunicação dos trabalhos apresentados, seja por meio de

financiamento a participação em feiras estaduais e nacionais, seja na publicação de livro e

anais. Em 2013, pela editora Queima Bucha, foi publicado os Anais da II e III Feira de

Ciências do Oeste Potiguar; em 2015, pela editora CRV, publicou-se ainda o Livro Ciência na

escola: fazendo, vivendo e experimentando, sobre o desenvolvimento de práticas

extensionistas de popularização da ciência em uma estreita relação com o ensino na educação

básica e a pesquisa de graduação, e os achados de pesquisas realizadas por alunos de ensino

médio e fundamental, sob orientação dos seus professores da educação básica, de escolas

situadas na 13ª DIRED. Para 2016, será publicado os Anais da IV e V feira de Ciências do

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Oeste Potiguar e outro livro com os achados das pesquisas de alunos e equipe envolvida no

projeto. Ambos, também com financiamento da CAPES e CNPq.

A parceria da Universidade junto à educação básica tem sido fundamental para o

apoio na elaboração de projetos de captação de recursos e na sistematização de conhecimento

via publicações. É tarefa, prospectar parcerias nos diversos segmentos no intuito de viabilizar

esse projeto.

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4 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA

Nesta parte do trabalho, apresentamos o caminho metodológico percorrido durante o

processo de investigação, de modo que tenhamos clareza no processo de análises dos

resultados identificados. Procuramos discutir sobre o tipo de pesquisa adotada, os sujeitos

colaboradores da pesquisa, o espaço de investigação e os instrumentos e ou técnicas que

facilitaram a aquisição dos dados acerca de nosso objeto de estudo, o qual se configura com o

estudo sobre a realização das Feiras de Ciências como elemento de iniciação científica nas

escolas de Ensino Médio.

4.1 A pesquisa qualitativa como opção de estudo

O trabalho que realizamos, com já mencionado em outra parte deste estudo, remete-

nos a fazer uma reflexão acerca da relação dos saberes dos professores das áreas das ciências

humanas no processo orientação e de acompanhamento dos projetos desenvolvidos nas feiras

de Ciências realizadas nas escolas de Ensino Médio. Como forma de contemplar os nossos

objetivos e, ao mesmo tempo, se articular com a temática desenvolvida, optamos pela

realização de uma pesquisa de natureza qualitativa, o qual nos permite uma investigação mais

de perto com os sujeitos investigados.

Nessa perspectiva, a pesquisa qualitativa que adotamos nesse estudo, devido estar

intrinsicamente articulada com as nossas discussões teóricas. De acordo com Chizzotti (2006,

p. 26), o estudo qualitativo

[...] não tem um padrão único [...], admite que a realidade é fluente e

contraditória e os processos de investigação dependem também do

pesquisador – sua concepção, seus valores, seus objetivos. Para este, a

epistemologia significa os fundamentos que dão sustentação à investigação

de um problema.

Chizzotti aborda que a pesquisa do tipo qualitativa, é a que mais se interessa a área

das ciências humanas, devido possibilitar à reflexão do pesquisador a partir dos elementos

internos e externos a ação pesquisada. Nesse sentido, o objeto de investigação não é

pesquisado de forma isolada do sujeito e sim buscar relacionar o contexto dos envolvidos na

situação de pesquisa.

Bogdan e Biklen (1994), ao discutir sobre a pesquisa qualitativa, abordam que o

estudo qualitativo não está presente apenas nos dados em si, ou em questão previamente

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estabelecida, mas torna-se prioritário e essencial construir a análise dos dados levando em

consideração a compreensão dos comportamentos na perspectiva dos sujeitos envolvidos no

processo da pesquisa.

Assim, pelas particularidades presentes em nossa investigação e por ser uma

discussão que envolve um olhar mais subjetivo dos envolvidos no objeto investigado,

acreditamos que a opção pelo estudo qualitativo, contribui para que as nossas análises possam

evidenciar com mais clareza, sobre que saberes são necessários na relação entre o processo de

orientação dos projetos da Feira de Ciências para o estabelecimento de uma prática docente

que possibilite a inserção da iniciação científica no ensino da educação básica.

4.2 Contexto de realização da pesquisa

Todo trabalho de pesquisa requer, inicialmente, que o pesquisador conheça

geograficamente a área de abrangência. Entender o conceito de região é de vital importância

para uma correta leitura do espaço físico, uma vez que é neste elemento que se processam as

principais mudanças na paisagem, oriundas da ação da natureza e das intervenções antrópicas.

Atrelada a este conceito, a regionalização é considerada como uma disseminação, uma

interligação entre ambos.

De acordo com Henrique (2011), a região está diretamente ligada à ideia de espaço

geográfico. Daí a necessidade de conhecermos a realidade o e contexto local onde se realiza a

investigação.

Nessa perspectiva, por meio de nossa investigação procuramos conhecer o espaço de

investigação, tendo em vista, que as nossas análises seriam construídas a partir da relação

entre os projetos da Feira de Ciências e sua contribuição para a realidade local, como

discutiremos no capítulo das análises. E, assim, fazemos uma discussão sobre a organização e

a estrutura da educação brasileira, de modo a compreendermos como se apresenta

estruturalmente a educação na região do Apodi/RN, espaço de nossa investigação.

No âmbito educacional, o sistema de ensino vigente no Brasil sugere que as esferas

federal, estadual e municipal organizem os comandos e direcionamentos das unidades

educacionais, de acordo com a realidade de cada lugar. Para isso, o entendimento dos

conceitos abordados anteriormente é fundamental para que as ações propostas estejam em

conformidade com a realidade da comunidade onde a instituição insere-se.

A 13ª DIRED, no estado do Rio Grande do Norte, comunga com a proposição

mencionada, ou seja, defende a adequação das propostas e direcionamentos educacionais ao

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contexto de sua aplicação. Desse modo, o intuito da 13ª DIRED é dar apoio às atividades

desenvolvidas pelas instituições destes municípios, observando as necessidades de cada local,

bem como as características peculiares de cada uma destas comunidades.

Pensando nessa questão, a distribuição das DIRED, ao longo do território norte-rio-

grandense, é uma forma de melhorar e intensificar o apoio às escolas estaduais e, ainda, de

implementar atividades específicas que estejam dentro da realidade vivida por cada

comunidade.

Considerando essas questões, o trabalho de acompanhamento feito pela 13ª DIRED

às escolas que desenvolvem, no Ensino Médio, atividades com metodologia científica,

efetiva-se através das seguintes ações: organiza e informa as escolas sobre os momentos das

formações, faz visitas in loco para acompanhar e monitorar o desenvolvimento das pesquisas

nas escolas, busca parcerias para facilitar algumas atividades como o acesso aos laboratórios

para análises e experimentos, organiza anualmente a realização da Feira Regional de Ciências

do Oeste Potiguar e acompanha as escolas em eventos de iniciação científica.

A 13ª DIRED compreende 7 municípios, como já relatado em outra parte deste

estudo, acompanhando 28 escolas da rede estadual de ensino, sendo 10 instituições de ensino

que atendem o Ensino Médio.

Assim, os tópicos que segue apresentam informações sobre o espaço de realização do

estudo, com o intuito de contribuir para uma maior compreensão acerca dos resultados

obtidos na investigação.

4.2.1 Sobre as escolas pesquisadas

A pesquisa se desenvolveu em duas escolas do Ensino Médio, a saber: na Escola

Estadual Sebastião Gurgel de Oliveira, localizada na zona urbana do município de

Caraúbas/RN. Em 2015, a instituição registrou a matrícula de 511 alunos. De acordo com os

dados do IBGE o município de Caraúbas/RN tem uma população estimada de 20.564

habitantes. A outra escola investigada foi a Escola Estadual Valdomiro Pedro Viana localizado

na comunidade de Santa Rosa, zona rural do município de Apodi/RN, com 61 estudantes

matriculados no ano de 2015. A comunidade onde está inserida a escola dispõe apenas de uma

escola de Ensino Médio, atendida pela rede estadual de ensino; e uma de anos iniciais do

Ensino Fundamental, de responsabilidade da rede municipal de ensino. É uma comunidade

carente, onde a economia de subsistência é a pesca, a agricultura, programas federais, como

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Bolsa família e outros, além de aposentadorias. O município de Apodi tem aproximadamente

uma população de 36. 189 habitantes segundo estimativa do IBGE em 2015.

As duas escolas selecionadas estão do semiárido potiguar do Estado do Rio Grande

do Norte. A escolha dessas escolas se deu por meio do critério estabelecido por nós, em que as

escolas selecionadas para o estudo seriam aquelas que mais desenvolvessem projetos entre as

escolas de Ensino Médio da zona urbana e rural. Portanto, selecionamos essas escolas por

serem as que mais desenvolvem projetos na Feira de Ciências nas cidades da jurisdição da 13ª

DIRED.

No momento em que uma pesquisa vai ser desenvolvida, o pesquisador deve ter um

critério científico de seleção para definir seu campo e que não contemple um universo

superior às condições de realização do seu trabalho. A 13ª DIRED faz o acompanhamento de

10 escolas do Ensino Médio que trabalham com a pesquisa de iniciação científica, conforme

já mencionado. No entanto, seria impossível fazer uma pesquisa num universo tão grandioso.

Por essa razão, o estudo se desenvolveu nas duas escolas e os critérios de escolha foram os

seguintes: as duas, no período de 2011 a 2014, desenvolveram projetos de iniciação científica

e apresentaram na Feira de Ciências do Oeste Potiguar. Além disso, as duas instituições

realizam, anualmente, Feiras Escolares. Consideramos também a representatividade em

número de alunos, temos: a escola localizada no município de Caraúbas é a segunda maior em

números de alunos, já a do município de Apodi é a segunda menor em número de discentes.

Por fim, outro detalhe levando em conta foi o fato de as duas escolas desenvolveram

pesquisas na área de ciências sociais.

Das instituições investigadas, a Escola Estadual Valdomiro Pedro Viana está

localizada na zona rural do município de Apodi. Possui atualmente 349 alunos matriculados,

sendo 226 no Ensino Fundamental, 92 no Ensino Médio e no 31 Ensino

profissional/PRONATEC, com o curso de Agroecologia que teve início em agosto de 2014.

Há na escola alguns programas, como o programa Mais Educação, Saberes da Terra e o

Programa Dinheiro Direto na Escola, principal fonte de recursos existente na instituição. A

escola apresenta espaços ainda limitados para o desenvolvimentos de outras atividades que

contribuam para a realização de Projetos, como por exemplo a Feira de Ciências, pois dentre

os espaços mesmo com a biblioteca, não temos um acervo expressivo para a pesquisa, não

temos um laboratório de ciências mesmo equipado para uso das atividades do ensino

profissional não tem uma ação didática que possibilite que os trabalhos de iniciação científica

fortaleçam as práticas da sala de aula, de modo que tal ação seja articulada com o dia-dia em

sala de aula. No laboratório de informática, por exemplo, há diversas máquinas quebradas.

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O outro espaço de investigação foi a Escola Estadual Sebastião Gurgel de Oliveira,

localizada na zona urbana no município de Caraúbas/RN. A escola hoje tem uma matrícula de

525 alunos e trabalha com o Ensino Médio na modalidade do Ensino Médio Inovador. A

escola também trabalha com os programas Despertar, Proler, Letramento, Jovem Senador. As

condições físicas da escola apresentam espaços ainda limitados para o desenvolvimento de

atividades de iniciação científica, como biblioteca, os laboratórios de informática e de ciência,

estes mesmos com equipamentos, em sua maioria quebrados, e que não atendem às

necessidades da ação educativa a partir da realização de uma prática que contribuam para a

inserção do saber científico por meio dos projetos de iniciação científica.

4.2.2 Sujeitos da pesquisa

Este estudo foi desenvolvido nas escolas públicas da rede estadual do Ensino Médio

circunscritas a 13a DIRED, que trabalham com a metodologia de iniciação científica de 2011 a

2015.

Como sujeitos de nossa pesquisa, temos três professores do Ensino Médio na área de

ciências sociais, especificamente na disciplina de sociologia, que se soma um total de duas

escolas e três projetos analisados, uma vez que no regimento da Feira Estadual de Ciência do

Oeste Potiguar – FECOP é determinado o número de participantes em cada projeto de

iniciação científica, sendo um professor e três alunos.

A escolha dos colaboradores da pesquisa se deu por decisão dos próprios

colaboradores, em que fizemos uma reunião nas escolas escolhidas por nós para o estudo,

com todos os professores envolvidos com os projetos das Feiras de Ciências, apresentamos os

nossos objetivos de pesquisa e nossa questão de investigação e, assim, o número de

colaboradores se deu por adesão a participação na pesquisa. Daí termos apenas três

professores participes no estudo. Da mesma forma aconteceu com a participação dos alunos

na pesquisa.

Assim, tornaram-se colaboradores de nosso estudo oito alunos e três professores. Em

relação aos professores investigados, identificamos que as informações que segue:

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Quadro I: Informações sobre os professores investigados

Formação Disciplina que leciona

Tempo de experiência

docente Graduação Especialização

Ciências sociais Educação

Sociologia, Filosofia,

História, Geografia e

Artes.

20 anos

Ciências Sociais Filosofia e Sociologia 08 anos

Ciências Sociais Gestão Pública

Sociologia e Filosofia,

História e Formação

para o trabalho.

20 anos

Fonte: instrumento de coleta de dados (SANTIAGO, 2015)

O Quadro I nos mostra informações sobre nossos investigados, tais informações são

analisadas no capítulo 5 deste estudo, de modo a construir uma reflexão teórica acerca dos

pesquisados com o objeto de estudo.

Em relação aos alunos, que também se tornaram parte de nossa pesquisa, são

advindos de famílias carentes da região, filhos de agricultores, e sobrevivem da agricultura, da

pesca e criação de animais. Por meio de conversas informais, já que a pesquisa qualitativa nos

possibilita, identificamos que algumas meninas realizam atividades de doméstica no

município, como forma de contribuir com a renda da família.

4.2 Instrumentos de coleta das informações

Para a coleta das informações desta investigação, elaboramos instrumentos que

fossem viáveis para os professores, tendo em vista que durante a realização de nosso estudo,

muitos estavam em período de avaliação e de orientação e de acompanhamento dos projetos

do ano de 2015, com já relatamos anteriormente.

Utilizamos a análise do documento, não com a finalidade de discutir e analisar o que

discutia em cada projeto, mas, para identificar as temáticas, de modo a facilitar a nossa

compreensão sobre a articulação com a realidade onde os alunos estão inseridos.

A análise de documento segundo, Cellard (2008, p. 295), constitui

[...] uma fonte extremamente preciosa para todo pesquisador nas ciências

sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível em qualquer reconstituição

referente a um passado relativamente distante, pois não é raro que ele

represente a quase totalidade dos vestígios da atividade humana em

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determinadas épocas.

Concebemos que a análise de documento nos possibilita conforme Cellard, o

entendimento de como os projetos são elaborados e, ao mesmo tempo, a compreensão de

quais realidades são levadas em consideração para sua elaboração.

Outro instrumento utilizado no processo foi o questionário, composto por duas partes.

A primeira consta de uma identificação sobre o investigado, como: escolarização, tempo de

experiência com os projetos e outras informações pertinentes para a realização das análises.

A segunda parte trata, por meio de questões abertas, sobre as questões mais

específicas de nosso objeto de estudo, posto que procuramos identificar como vem ocorrendo

o processo de orientação, desde a escolha do tema até a sua efetivação na Feria de Ciências.

O questionário aberto, além de ser um instrumento prático, permite aos pesquisados

uma espontaneidade nas informações, tendo em vista que não existe nenhuma interferência do

pesquisador, seja no tempo para responder, seja também na interferência durante as respostas,

sem querer tentar induzir o investigado, caso ele, não queira responder alguma pergunta, ou

mesmo, não se sentir seguro quanto à resposta ser dada.

De acordo com Goldemberg (2013, p. 87) o uso do questionário como instrumento

de pesquisa, possui grandes vantagens, dentre elas destacam-se:

É menos dispendioso;

Exige menor habilidade para a aplicação;

Pode ser [...] entregue em mãos;

Pode ser aplicado a um grande numero de pessoas ao mesmo tempo;

As frases padronizadas garantem maior uniformidade para a mensuração;

Os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que temem ser

desaprovadas ou que poderiam coloca-los em dificuldades.

O questionário, portanto, figura como principal instrumento de coleta de informações

deste estudo, porque nele levantamos todas as informações passíveis de serem analisadas e

que são apresentadas no próximo capítulo.

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5 OS PROJETOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E OS SABERES DOS

PROFESSORES: UMA ANÁLISE SOBRE A REALIDADE INVESTIGADA

Nesta parte de nosso estudo, apresentamos os resultados identificados e construídos

durante a nossa investigação acerca do processo de iniciação científica desenvolvidos nas

escolas de Ensino Médio, atendidas pela rede estadual de ensino do RN, que aos poucos vem

se solidificando na educação básica, em parceria com a UFERSA através do Projeto de

extensão da Feira de Ciências do Semiárido Potiguar, com os Institutos Federais de Apodi e

Pau dos Ferros e com a UERN – Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque

Maia-CAMEAM.

Os dados construídos ao longo da pesquisa procuram mostrar, a partir da concepção

dos professores e alunos que participam das feiras de Ciências, como acontece a relação entre

os saberes construídos ao longo da realização da citada feira, como os saberes construídos no

espaço sala de aula, ou seja, a relação entre o ensino e os saberes resultantes das

aprendizagens construídas nos trabalhos de iniciação científica.

O estudo, como já apontado no capítulo anterior, é de natureza qualitativa, com a

utilização de um questionário, junto a três professores e oito alunos que participam

diretamente com as atividades da feira de ciência.

As informações que foram construídas a partir dos instrumentos de coleta dos dados

são apresentadas nas seções que seguem, de modo a possibilitar uma reflexão sobre a

discussão que propomos ao longo deste trabalho, acerca da relação entre o ensino e o saber no

Projeto de Iniciação Científica por meio das feiras de ciências.

5.1 Análise dos questionários

Os instrumentos de coleta de dados neste estudo, conforme já discutimos no quarto

capítulo, em que buscamos investigar como vem ocorrendo o processo de iniciação científica

desenvolvidas nas escolas de Ensino Médio na região do Semiárido Potiguar, constituiu-se a

partir da utilização de dois questionários aplicados junto aos professores e alunos do Ensino

Médio que desenvolvem atividades de iniciação científica e participam dos projetos da Feira

de Ciências, desenvolvidas nas escolas de Ensino Médio, na jurisdição da 13a

DIRED,

localizada no município de Apodi/RN, conforme apresentamos em nossa caracterização do

espaço da pesquisa.

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Os dados identificados se apresentam em duas partes: na primeira apresentamos as

informações identificadas durante um questionário aplicados junto aos alunos e, em seguida,

apresentamos o que identificamos na relação com os professores colaboradores da pesquisa

por meio da aplicação de um questionário.

Os questionários utilizados, quer seja na pesquisa com os alunos quer seja com os

professores, organizam-se em duas partes, quais sejam: na primeira, busca apresentar uma

caracterização sobre os pesquisados; na segunda parte, faz uma discussão sobre nosso objeto

de estudo. Os dados coletados com o questionário são analisados, a partir das discussões que

propomos nos capítulos I e II deste trabalho, segundo os princípios da pesquisa qualitativa,

que permite considerar as questões sociais e cotidianas dos sujeitos participantes da pesquisa.

5.1.1 Quem são os alunos e o que eles dizem?

Na primeira parte do questionário aplicado junto aos discentes que fizeram parte de

nossa investigação, identificamos quem são esses alunos, de modo a contribuir para com as

nossas discussões. Assim, a parte inicial do questionário constou-se de uma identificação dos

colaboradores, a qual se apresenta, conforme Tabela III, que segue:

Tabela III - Identificação dos colaboradores/discentes da pesquisa

Idade dos alunos Série Participação em

I.C. (anos)

Sexo

Masculino Feminino

17 3ª 1 X

19 3ª 1 X

26 3ª 1 X

16 3ª 3 X

17 3ª 3 X

19 3ª 3 X

17 3ª 3 X

18 3ª 3 X

Fonte: Questionário aplicado (SANTIAGO, 2015).

Os dados nos revelam que a maioria dos alunos, sendo um total de 5 alunos,

equivalente a 62% (sessenta e dois por cento) dos pesquisados, possui uma experiência com

os projetos de iniciação científica, o que nos leva a compreender que a existência da feira de

ciências nas escolas de Ensino Médio contribui para que os alunos deste segmento de ensino,

possam estar desenvolvendo atividades voltadas para o desenvolvimento da ciência, a partir

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dos problemas cotidianos e da realidades regionais e locais de cada município onde se realiza

anualmente as Feiras de Ciências Escolares e a Feira Regional do Oeste Potiguar e, ao mesmo

tempo, se envolver em projetos de iniciação científica.

Outra questão muito pertinente identificada na Tabela III, que mesmo os alunos

estando no último ano do Ensino Médio, devido já possuírem um saber mais sistematizado e,

por se acreditar que possuem uma maior maturidade, eles são os que mais se envolvem

atividades desenvolvidas na feira, o que indica que esse projeto de iniciação científica

contribui para o desenvolvimento de práticas educativas que possibilitam a participação do

aluno no contexto escolar, envolvendo-os nas atividades que acontecem na escola, e ao

mesmo tempo, tornar a escola um espaço de criatividade, pesquisa e inovação.

É evidente que outros fatores, como a realidade social dos alunos, curiosidade,

motivação interna para realizar atividade de campo e, outros, também contribuem para o

envolvimento dos alunos nos Projetos de Ciências desenvolvidas durante a Feira de Ciências,

como a atribuição de uma nota pelo professor ou grupo de professores, uma concorrência

interna na própria instituição e, até mesmo, devido ao estabelecimento de competições dentro

da escola ou sala de aula.

Ainda vemos nos dados apresentados na Tabela, que a participação maior na feira de

iniciação científica é de estudantes do sexo feminino, equivalendo a 75% (setenta e cinco) dos

investigados, o que nos remete a reflexão de que as mulheres estão mais presentes nas

atividades desenvolvidas na escola, e ao mesmo tempo, a partir de nossas análises nos diários

de classes, com a finalidade de identificarmos as idades dos alunos participantes nos projetos

de Feira de Ciências, vemos que a presença do sexo feminino nas escolas de Ensino Médio é

bem maior do que o sexo masculino. Outro motivo, que identificamos na nossa pesquisa ainda

de acordo com as nossas observações é que as meninas são mais ousadas e têm mais coragem

de viajar, de fazer pesquisas em outros espaços que não seja a sala de aula.

As informações desta primeira parte do instrumento de coleta de informações nos

permite compreender que a feira de ciências que tem o objetivo de possibilitar os primeiros

contatos dos alunos do Ensino Médio com a iniciação científica, e que em períodos remotos

se voltavam apenas para os alunos que estavam no Ensino Superior, por meio de atividades de

pesquisa e extensão presentes nas universidades.

Nesse sentido, na segunda parte do questionário utilizado para a coleta de dados,

investigamos alguns aspectos relacionados aos contextos, saberes que são considerados para o

desenvolvimento de seus projetos de iniciação científica que serão apresentados na feira de

ciências.

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As informações identificadas são apresentadas por meio de bloco de perguntas, de

modo que tenhamos uma compreensão maior sobre o que dizem os alunos sobre o nosso

objeto de investigação.

Para apresentação das informações obtidas na pesquisa, os pesquisados se

apresentam por meio de códigos que representam os alunos (utilizamos a letra A maiúscula),

de modo a preservar a identidade de nossos colaboradores.

Assim, o primeiro bloco de perguntas se constitui em:

Em que você se fundamenta para realizar as pesquisas dos projetos de iniciação

científica durante a Feira de Ciências? Justifique sua resposta:

Para este bloco, tivemos as seguintes informações:

A1: Nossa fundamentação levou em conta a sabedoria do povo de nossa região ao usar o

velame como um produto de limpeza, o que chamou nossa atenção em pesquisar mais a

fundo.

A2: Pela vivência de pessoas da nossa comunidade e pela sabedoria popular, que desperta

nossa curiosidade em descobrir se o que fala tem fundamento e como ele funciona.

A3: As nossas maiores fundamentações foram às conversas com as pessoas que fazem

uso do velame há muito tempo através de suas experiências procuramos outras pesquisas

na internet para sabermos mais sobre as propriedades da planta.

A4: não respondeu.

A5: Se fundamenta na procura de informações, através de livros, revistas, internet e

selecionamos o que será mais útil.

A6: Procurando artigo e buscando informações especificas que possam nos ajudar. Para

compreendemos melhor o assunto que desejamos trabalhar, recolhendo as partes mais

importantes.

A7: Fontes confiáveis como Wikipédia e Infoescola pelo fato de que por ser um projeto

voltado para a sociedade, o mesmo deve ter dados precisos e objetivos.

A8: Num assunto que cause interesse e curiosidade das pessoas, assim elas vão querer

entrar na mina sala e vão presta atenção enquanto eu falo.

A partir das informações apresentadas, percebemos que os projetos desenvolvidos

nas feiras de ciências de iniciação científica contribuem para o desenvolvimento regional e

local em que os alunos estão inseridos, como vemos nas respostas dos alunos, em especial na

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resposta de A1 quando diz: “Nossa fundamentação levou em conta a sabedoria do povo de

nossa região ao usar o velame como um produto de limpeza, o que chamou nossa atenção em

pesquisar mais a fundo”. Neste caso, o aluno enfatizar que a temática do projeto desenvolvido

na feira de Ciência procura levar em conta o cotidiano, os saberes populares da comunidade.

Entendemos que os projetos de ciências não surgem do nada, passam por diversas etapas,

desde a construção do tema, das pesquisas em livros, revistas, internet, além de buscar na

própria comunidade uma ideia que contribua para a elaboração do projeto, conforme vemos

nas expostas dos alunos colaboradores.

Comungamos com os estudos de Santiago, Santos Filho & Santos (2015) ao

estabelecer a necessidade da reflexão entre professores e alunos acerca das etapas do

conhecimento científico.

Nesse sentido, como forma de articularmos as nossas discussões buscamos no

segundo bloco de perguntas, identificar junto aos alunos que etapas ou momentos são

considerados por eles nesse processo de construção do saber científico. E assim, este bloco se

organiza a partir do seguinte questionamento:

Quais as etapas da pesquisa científica e como esta possibilita a construção do saber

para você? Como você analisa?

As respostas identificadas são:

A1: A primeira é a tempestade de ideia que acontece em sala de aula, com essas ideias os

professores e alunos de cada projeto organizam a problematização e as outras etapas da

pesquisa como a criação de uma hipótese, e como desenvolver as experiências para

comprovar o que pensamos no início da pesquisa.

A2: O professor vem pra sala e explica que devemos fazer a tempestade de ideia, pensar

nos problemas sem bloqueios e depois elaboramos com a orientação do professor a

problematização e criamos a hipótese para ser comprovada ou não.

A3: A tempestade de ideia, a problematização a criação de uma hipótese, e a experiência

para comprova-la. Cada etapa é fundamental para conseguimos chegar ao que queremos

para podemos evoluir no conhecimento.

A4: As etapas são as ideias dos alunos, a definição do tema, da problematização e

construímos nossa hipótese para começar a fazer a pesquisa.

A5: Tempestade de ideias, escolha do tema, pesquisa de campo, realização.

A6: Primeira foi à tempestade de ideias, depois a escolha do assunto, depois a pesquisa e

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a aplicação depois foi apresentação do assunto.

A7: Define o tema, o problema e organizamos o projeto com tudo detalhado de como

vamos fazer a pesquisa. Todos os anos são as mesmas etapas e a gente já sabe como deve

fazer numa pesquisa científica. Tudo tem que ser certinho e sério.

A8: Entrevistamos padres, ministros, para falar de religião e sabermos sua opinião sobre

macumba, espiritismo e muitos outros conhecimentos.

Percebemos que as respostas dos alunos para o questionamento proposto neste bloco

estão articuladas com a questão do bloco anterior, pois eles procuram fazer uma articulação

entre o que eles pensam em desenvolver na feira de ciências, com as etapas do conhecimento

científico.

É evidente nas informações que, por se tratar de alunos que estão em processo de

iniciação científica, eles ainda não têm toda uma compreensão e uma definição sobre ciências,

nem tampouco sobre as etapas/critérios/princípios para a construção do saber científico, mas

possuem a sensibilidade de que se fazer ciência, exige seriedade, responsabilidade,

compromisso em cada momento da pesquisa e, isso é visto nas respostas de todos os

pesquisados.

A maioria dos pesquisados falam sobre a importância da realização de cada da

problematização e da construção de hipóteses durante a construção do conhecimento

científico, mesmo ainda não tendo toda uma maturidade, já que o processo de

problematização na maioria das vezes é realizado pelo próprio professor durante as discussões

sobre a temática a ser desenvolvida na Feira de Ciências. A problematização e a construção de

hipóteses são a questão central do processo de construção da ciência. Não se faz ciência sem

antes problematizar a realidade e, ao mesmo tempo, montar hipóteses com a finalidade de

comprovar os dados questionados e propor alternativas e caminhos para o desenvolvimento da

ciência.

Os alunos com a colaboração dos professores, questionam, problematizam, elaboram

hipóteses, observam, testam, investigam, levam-nos a refletir sobre o que de fato cabe a

pesquisa científica, que deve contribuir para o desenvolvimento e a melhoria das condições de

vida do ser humano.

Chizzotti (1991, p.11) nos diz que:

[...] cabe à pesquisa investigar o mundo em que o homem vive e o próprio

homem. E para essa atividade, o pesquisador recorre à observação e à

reflexão que faz sobre problemas que enfrenta, e à experiência passada e

atual dos homens na solução destes problemas, a fim de munir-se dos

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instrumentos mais adequados à sua ação e intervir no seu mundo para

construi-lo adequado à sua vida.

A partir do autor, a pesquisa científica, deve investigar a realidade local em que vive

o próprio homem, de modo a contribuir para encontrar alternativas que solucione as questões

problemáticas da sociedade e ao mesmo tempo contribuir para melhores condições de vida.

Ainda sobre as informações de nossos colaboradores, quando falam sobre as etapas

da pesquisa e em consonância com o que afirma Chizzotti, a investigação científica necessita

ser remetida a observação, reflexão, problematização e, assim, vemos em Silva (2001, p. 113)

que:

Ora, se a pesquisa investiga o homem e o mundo em que esse homem vive,

compete ao pesquisador recorrer, à observação e à reflexão das situações

problemas para poder descobrir as respostas e as verdades científicas, pró-

construção de um mundo melhor. Essa tarefa exige esforços, capacidade

criadora, discernimento das melhores técnicas e procedimentos a serem

empregados, com vistas à elaboração do conhecimento científico. Pois o

paradigma da pesquisa envolve uma concepção, estabelece os critérios de

definição e de formulação de um problema a ser pesquisado e implica uma

abordagem e os processos de seleção do problema.

A autora chama atenção para a necessidade de estabelecermos na construção do saber

científico, espaço, momentos e etapas, de modo que possamos conhecer a realidade e

estabelecermos hipóteses para podermos discutir com profundidade o problema identificado.

Tendo isso em conta, procuramos saber de nossos investigados sobre o que chama

atenção para estabelecer o que vai ser discutido no trabalho a ser desenvolvido na feira de

ciências, que é o que torna a nossa questão central para este novo bloco de discussão.

O que motiva você na escolha da temática e no desenvolvimento da pesquisa do

projeto de iniciação científica? Por quê?

As respostas são agrupadas a seguir:

A1: Ficamos bastante interessados no projeto, pois se trata de algo que não agride o meio

ambiente e é bastante útil.

A2: A curiosidade e a questão de um produto ecologicamente correto, e de grande

utilidade.

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A3: As coisas ecológicas melhoram a atenção e o volume é algo que além de fazer parte

do nosso meio ainda trás muitas utilidades.

A4: Curiosidade e analise sobre um livro “o que faz do Brasil.”. Saber se o corrupto e

apenas na politica ou em tudo a redor.

A5: Curiosidade em obter novas respostas descobrir novas coisas, obter resultados, assim

entender determinados assuntos.

A6: A curiosidade para compreender e buscarmos mais informações sobre o tema

proposto. Que seja um tema que possa nos fazer interagir e fazemos que o ouvinte

entenda o assunto proposto que estamos apresentando para eles.

A7: A escolha do projeto é algo que deve ser decidida com o consentimento de todos e

que o mesmo tenha um fundamento tanto social como cultural e científico.

A8: Saber que as pessoas vão gostar e vão presta atenção que vão se interessar pelo que

eu falo isso vale todo o trabalho.

Compreendemos a partir de nossas leituras sobre o saber científico, conforme já

discutimos no capítulo I deste trabalho, que a ciência deve estar para o desenvolvimento da

humanidade, de modo a contribuir para o desenvolvimento social e cultural de um povo.

Logo, os projetos de ciências desenvolvidos nas feiras de ciências, como requisito para a

entrada na iniciação científica por milhares de alunos que frequentam o Ensino Médio, deve

nascer de um interesse que atenda as necessidades da sociedade.

A partir das respostas de nossos pesquisados, identificamos que nenhum dos projetos

desenvolvidos por eles nas feiras de ciências foi elaborado a partir de interesses próprios, mas

sim de um grupo, de uma coletividade, de uma necessidade da sociedade local e regional em

que se inserem. Esses dados nos levam a articular o que é discutido em Esclarín (2006) aos

saberes científicos, como forma de contribuir para o processo de humanização e assim, deve

propor uma reflexão da realidade local.

Vemos nas respostas dos investigados que a motivação da escolha da temática e no

desenvolvimento do projeto de iniciação científica está na curiosidade de compreender os

fenômenos as questões sociais, como também contribuir para solucionar problemas locais e

regionais existente nos contextos onde eles vivem. Portanto, os temas de seus projetos a partir

de suas respostas são provenientes de inquietações sobre a problemática social existente no

meio em que vive.

Portanto, buscamos junto aos alunos o que se torna motivação para organização e

escolha do tema do projeto a ser desenvolvido na feira de iniciação científica.

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O processo de elaboração de escolha do tema tornou-se elemento para bloco de

discussão que segue:

Quem escolhe a(s) temática(s) do projeto de pesquisa?

As respostas para essa informação são apresentadas no gráfico que segue:

Gráfico I: Escolha da temática do projeto de iniciação científica

5

3

Escolha da temática do Projeto

Com os colegas

Professor

Aluno e professor

Pela internet

outras formas

Fonte: Questionário aplicado (SANTIAGO, 2015).

A partir das informações apresentadas no Gráfico, constatamos que a maioria das

temáticas dos projetos desenvolvidos nas feiras de ciências das escolas de Ensino Médio da

13ª DIRED, depois das observações e problematizações em torno da problemática local e

regional, são discutidas em conjunto com o professor e em seguida é escolhida no grupo a

temática do projeto.

De acordo com os dados do Gráfico I, dos oito alunos partícipes da pesquisa, cinco

responderam que a escolha se dá junto com os colegas do grupo responsável pelo projeto, o

que equivale a 63% (sessenta e três por cento) dos investigados e, três afirmaram que a

escolha do tema ocorre a partir das discussões realizadas entre alunos e professores, ou seja, a

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escolha da temática é feita no coletivo, alunos e professores, e o percentual para esta

afirmação é de 38% ( trinta e oito por cento).

As informações para este bloco de discussão nos remetem à reflexão de que os

projetos de iniciação científica, são elaborados em conjunto com professor e alunos, a partir

de estudos, pesquisas acerca de problemas locais e regionais e, que ao mesmo tempo, geram e

despertam no aluno interesse e curiosidade. É isso que contribui para que exista um maior

envolvimento dos alunos para a realização de pesquisas voltadas para o desenvolvimento de

projetos de iniciação científica a ser apresentados nas feiras de ciências.

É em Furman (2009) que nos apoiamos para discutir sobre o que os alunos dizem

sobre a escolha da temática dos projetos, pois nos trazem a compreensão de que os trabalhos

desenvolvidos devem surgir da realidade em que os alunos estão inseridos e, ao mesmo

tempo, deve surgir não de interesses individuais e sim de algo comum a todos os envolvidos.

A partir desse contexto, também se tornou questão de discussão neste estudo sobre

que critérios eles utilizam para a escolha da temática do projeto. E, assim, foi proposto o

seguinte questionamento:

Que critério vocês escolhem para a escolha da temática e desenvolvimento do projeto

de pesquisa?

Para tanto, tivemos as seguintes informações:

A1: Algo que chame atenção a que esteja ao nosso alcance.

A2: Algo que tivesse a ver com nosso meio social e que fosse bastante interessante.

A3: Alguma coisa que nos desperte o interesse em pesquisar de procurar respostas.

A4: Interesse em saber sobre a corrupção e apenas politica ou geral de uma forma surtiu.

A5: Importância, nível de dificuldade, e algo que traga curiosidade e seja acessível.

A6: Que seja bom de se trabalhar, e que todos concordem em participar, e que traga

curiosidade, para entendermos melhor.

A7: Aspectos que remetem o tema principal e tentar ao máximo reproduzir o ambiente real.

A8: Ciência tecnologia tem que ter uma abordagem que ajude a humanidade

.

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Percebemos nas respostas dos alunos que a escolha da temática do projeto, que já foi

até citado anteriormente em outra parte da discussão, que a escolha não é feita de forma

aleatória, existem critérios que subsidiam no processo de escolha e de organização da

temática.

Os dados nos revelam que para a escolha de cada tema dos projetos a ser

desenvolvidos nas feiras de ciências, vários elementos como, algo da localidade, além da

curiosidade e que esteja articulada com as tecnologias, com a ciência, com o interesse dos

alunos e da sociedade de forma geral e, acima de tudo, com algo que tenha um interesse

social, que atenda as necessidades e problemáticas da sociedade.

Nesse contexto, da existência de critérios para escolha do tema dos projetos

estabelecidos por professores orientadores e alunos envolvidos no trabalho de iniciação

científica, também tivemos a preocupação de identificar junto aos alunos sobre a formação

dos professores frente ao processo de orientação nos projetos de pesquisa. E, assim,

questionamos:

Você considera que os professores orientadores estão preparados orientar os projetos

de pesquisa?

Para este questionamento, tivemos as seguintes respostas:

A1: Sim. Eles já fazem pesquisa há mais tempo

A2: Sim. Eles conhecem as etapas da pesquisa e nos ensinam como fazer A3: Sim. Eles sentem dificuldades também, mas são superadas nos momentos que estamos

juntos.

A4: Sim, estão bem orientados, para nos ajudar.

A5: Alguns sim, pois compreendem a complexidade de tudo, e que tem grande facilidade

para transportar isso para os alunos.

A6: Alguns sim, por que não é fácil orientar por que é muito complexo e muito difícil.

A7: Alguns sim, porem existem alguns que não, por essa ter sido a primeira.

A8: Sim. Eles nos ajudam a superar algumas dificuldades e nos orientam como fazer uma

etapa que sentimos dúvidas.

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As informações identificadas junto aos nossos pesquisados nos levam a compreender

que os professores orientadores são preparados para orientar nos projetos, como identificado e

discutido no capítulo 3 deste estudo. A formação ou preparação de acordo a nossa pesquisa

documental ocorre, por meio da realização de oficinas, estudos de planejamentos com a

equipe pedagógica da escola e da própria coordenação estadual do projeto Feira de Ciências,

tendo em conta também as experiências que eles já possuem no trabalho de orientação em

projeto de iniciação científica. Na fala de outros alunos, percebemos que eles veem alguns

professores com certa dificuldade, devido à falta de experiência para com a atividade de

orientação para o desenvolvimento do Projeto de Ciências.

Compreendemos, portanto, que o trabalho de orientação nos projetos de iniciação

científica exige do professor não apenas saberes academicamente construídas nos espaços

acadêmicos, mas acima de tudo nos espaços e contextos sociais.

Portanto, é essencial que o professor além de ter uma formação acadêmica na área,

tenha também outros saberes, como saberes experienciais, cotidianos, pedagógicos e outros,

os quais são essenciais para a sua formação profissional.

Remetemo-nos a Tardif (2011) quando discute sobre os saberes docentes para a

formação profissional do professor, possibilitando-nos a reflexão de que a nossa formação

enquanto professor ultrapassa a nossa formação acadêmica, indo mais além, pois torna-se

necessário a existência de diversos saberes, os quais estão intrinsicamente atrelados nossa

formação e prática docente profissional.

E, assim, seguindo esse mesmo campo de discussão, questionamos os nossos

partícipes sobre como ocorre às orientações durante a elaboração e execução dos projetos de

iniciação científica.

As respostas para esta discussão giraram em torno da seguinte questão:

Como você vê o processo de orientação, preparação e execução do projeto de iniciação

científica na escola? Justifique sua resposta?

Nesse questionamento identificamos as seguintes informações:

A1: Nossos orientadores são muito competentes e a escola de maneira geral nos incentiva a

participar dos projetos, dando na medida do possível, o apoio necessário. Mas ainda é

preciso evoluir muito.

A2: Apesar de ainda ser um começo na nossa escola há incentivo dos professores em todas

as etapas do projeto. Muito há para melhor ainda.

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A3: Nossa Escola participa do projeto há algum tempo, mas ainda caminha devagar, temos

professor que nos ajudam e orientam, mais ainda falta investir mais.

A4: Bom, faz com que os alunos façam seu melhor para desenvolver a sua mente.

A5: O processo tem que ser de acordo com o que planejamos, no início sempre tem as

tempestades de ideias e através da opinião de todos, vamos aperfeiçoando o projeto. A6: Aquele que sabe interagir com os alunos e também que saiba algumas informações

sobre o assunto proposto. Por que se você trabalha um assunto que ninguém, saiba de nada

fica mais difícil de se trabalhar.

A7: Vejo como o incentivo e a valorização de ideias escolares que beneficiam os alunos a

partir de sua capacidade.

A8: Vejo como um trabalho de equipe feitos por todos onde cada um contribui com o que

faz de melhor, isso exige muita paciência e parceria de todos

De acordo com as respostas dos alunos participantes na pesquisa, vemos que as

orientações de preparação e execução do projeto de iniciação científica acontece de forma

prazerosa, sempre respeitando as individualidades do outro, de forma parceira e em conjunto

professor e alunos.

A partir das falas de todos os alunos percebemos que existe uma valorização ao

trabalho de orientação do projeto realizado pelo professor, pois acontece da forma como é

pensado e discutido em conjunto com o grupo, professores e alunos, valorizando e respeitando

as particularidades de cada um no processo, o que segundo eles contribuem para sintam-se

envolvidos e a atividade seja prazerosa.

Nessa perspectiva, reportando-nos a Charlot (2013) ao realizar atividades docentes

fazendo uma articulação entre o saber e a prática educativa, contribui para com que os

envolvidos no processo se sintam valorizados e mobilizados para a aprendizagem. Ainda

vemos em Demo (2010) que para que exista uma valorização dos sujeitos pela ação educativa,

faz-se imperioso que exista uma dinâmica relacional entre o ato e a prática educativa.

Seguindo essa mesma linha de pensamento, sobre as dificuldades encontradas para a

realização do projeto de iniciação científica, traçamos a seguinte questão:

Você enfrenta algumas dificuldades no processo investigação dos projetos de iniciação

científica? Se sim, quais? Se não, por quê?

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Nesse questionamento identificamos as seguintes informações:

A1: Sim. O principal é a falta de estrutura e material da escola que não possui laboratório

funcionando, o deslocamento e o pouco investimento financeiro que recebemos.

A2: Sim. O principal é a falta de um laboratório de ciências para fazermos alguns

experimentos, como também dinheiro para fazermos análises em laboratórios particulares

mais avançados. Falta material na escola e isso dificulta o tempo e os resultados.

A3: Sim. A escola, que não possui laboratório funcionando e muitas experimentos

precisamos da ajuda e da parceria de outros órgãos para a pesquisa não parar.

A4: Não, os professores estão bem orientados par anos ajudar.

A5: Não, pois o orientador dá todas as instruções e sempre nos acompanha de perto.

A6: Sim, porque é muito assunto e então temos que escolher as partes mais importantes

para apresentação.

A7: Sim. Encontrar os fatos e mostrar como que acontece nem sempre é possível pelo fato

de que muitas respostas não são encontradas.

A8: Sim, pois não tem uma área direta para ser abordado, o tema é muito complicado.

Todos os pesquisados nos mostram que sentem algumas ausências como, a falta de

um laboratório, estrutura física, recursos materiais e financeiros, além de outros, durante a

realização do projeto de iniciação científica.

Percebemos que as ausências existentes não interferem no andamento do projeto no

cotidiano da escola, pois estão sempre buscando alternativas que amenizem os problemas

encontrados desde a elaboração do projeto até a sua execução na feira de ciências. Mas é

importante discutirmos que tais ausências interferem diretamente no processo de construção

do saber científico, tendo em vista que, para construir um saber científico que contribua

diretamente para a solução dos problemas sociais, é importante a existência de toda uma

estrutura, seja física ou financeira.

Com os dados obtidos junto aos alunos, percebemos a existência de fatores externos

ao processo de realização da feira de Ciências, que ultrapassa a vontade e a mobilização por

parte de professores e alunos. De acordo com Neves e Gonçalves (1989), a realização de

atividades com vistas a Feira de Ciências deve considerar as condições físicas e estruturais

das instituições educativas, de modo a possibilitar ao aluno as condições necessárias para a

realização de tal atividade.

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Com o intuito de compreendermos os desafios encontrados para a realização dos

Projetos de Ciências, buscamos, junto aos alunos, identificar que desafios são enfrentados

durante o processo de elaboração e apresentação do projeto na feita de ciências.

Para este eixo, fizemos a seguinte indagação:

Quais os desafios enfrentados por você no papel de pesquisador dos projetos de

iniciação científica do Ensino Médio? A que atribui esses desafios?

Uma diversidade de desafios foi apresentada pelos alunos sujeitos de nossa pesquisa,

os quais apresentamos a seguir:

A1: Para mim, é o pouco entusiasmo que temos, o incomodo de termos que nos deslocar

para lugares bastante distantes para fazermos nossas experiências.

A2: Como o processo é novidade, tivemos que iniciar os estudos sobre como fazer projeto.

Além disso, a distância de nossas casas para a escola e a pouca verba destinada atrapalham

um pouco.

A3: O principal é a pouca estrutura que temos e o grande deslocamento que precisamos

fazer.

A4. Não respondeu.

A5: Nossos conhecimentos e interesse, com o projeto. Não a desafios que com coragem e

determinação você não consiga.

A6: É mais por conta das informações, temos que ver de perto os dados, novos

conhecimentos, mas nada que a determinação não resolva.

A7: Tirar o projeto do papel e organizar a turma em torno do projeto.

A8: Encontra assuntos adequados e aprofundados sobre o tema abordado, e o apoio da

escola e professores.

Os desafios encontrados pelos alunos, conforme vemos, envolvem desde os

obstáculos subjetivos, como entusiasmos de alguns alunos, interesse pela temática do projeto

de iniciação científica, além dos desafios que se apresentam de ordem física, estrutura, falta

de recursos e outros.

Um fator importante, considerada por um aluno como um desafio enfrentado que é

tirar o projeto do papel, ou seja, colocar o que foi idealizado na prática para resolver as

questões locais, nos motiva a refletir sobre a importância dos projetos de iniciação científica

para a vida dos alunos, pois conforme vemos, a participação de cada um deles não se limita

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apenas a obter uma nota ou ter um status social, um mérito, mas acima de tudo ver aquela

ideia, aquela inovação ou criação sair do papel e se tornar algo concreto para a sociedade.

A discussão do saber científico e de sua importância para a humanidade se

fundamenta em Chizotti (2006, p. 19), quando diz que essa noção “[...] reconhece o saber

acumulado na história da humanidade e se investe de interesse em aprofundar as análises e

fazer novas descobertas em favor da humanidade [...]”. Logo, é importante reconhecer que a

ciência deve estar para contribuir para com o desenvolvimento da nação, não devendo ficar

apenas no campo teórico e ir para o prático, sair do papel como é dito pelo aluno A7.

Buscamos ainda compreender, junto aos alunos, sobre a importância da feira de

ciências ou dos projetos de iniciação científica para a vida deles enquanto aluno, enquanto

cidadão. E para tornar a discussão mais visível, fizemos a seguinte pergunta:

Como você ver a contribuição do Projeto Feira de Ciências para sua formação e

desenvolvimentos acadêmicos? Por quê?

Com esse questionamos, identificamos as seguintes informações:

A1: Esse projeto é muito importante, pois ele contribui bastante para o nosso conhecimento,

pois temos contato para novos estudos, novos colegas e conhecemos muitos lugares

interessantes.

A2: Aprendemos bastante, tivemos novas experiências, um novo jeito de ver e entender as

coisas oportunidade de conhecer outros lugares, pessoas e estudos. Tudo isso é de grande

importância para o nosso futuro.

A3: O projeto feira de ciências é muito importante, por não possibilitar entrar em contato

com um novo mundo com o qual não estamos muito acostumados, além disso, ele

enriquece nossos estudos a cada pesquisa, viagem e orientação que temos.

A4: Interessante. Nos ajuda a ter determinação no que queremos e devemos fazer o que

gostamos.

A5: Atribuir novos conhecimentos e novas experiências, além de nos dar mais

responsabilidade, para a gente ter uma noção do que nos aguarda depois que sairmos da

escola, para que a gente possa entender a importância dos estudos em nossa vida.

A6: Bom, por que nos trais mais informações que as vezes não encontramos geralmente no

nosso dia-a-dia. E aprendemos coisas novas.

A7: Uma contribuição para nossa formação tanto intelectual, quanto fara o ensino de

trabalho em equipe.

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A8: Eu aprendo muito com as pesquisas, de acordo o texto que falo para as pessoas, um dia

de feira é levado para avida toda dentro de nossas cabeças.

Os dados nos revelam que os projetos de iniciação científica têm uma grande

representação na formação acadêmica dos alunos envolvidos, porque constroem novas

aprendizagens, tomada de decisões e frente às problemáticas existentes. Com o projeto

aprendem a buscar novos saberes e ao mesmo tempo a valorizar as temáticas desenvolvidas,

como forma de contribuir para o desenvolvimento da ciência e a solucionar alguns problemas

existentes no ambiente em que estão inseridos.

Nesse sentido, Oliveira e Filgueira (2014) apontam para necessidade de os projetos

de iniciação científica contribuírem para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

Logo, as Feiras de Ciências oportunizam ao aluno a construção de saberes que contribuem

para a sua formação acadêmica, pessoal e profissional. Como estabelecido em Tardif (2013), a

diversidade de saberes que precisam está articulada com a formação profissional dos

professores para que possam também inserir em sua ação docente.

Nesta parte do estudo, buscamos investigar junto aos alunos alguns determinantes da

relação entre o ensino e o saber construído, a partir da realização dos projetos de iniciação

científica desenvolvidos nas feiras de ciências, constatamos que tais projetos devem se tornar-

rotineiros na vida dos alunos do Ensino Médio e, até mesmo, de outros níveis e modalidades

de ensino, conforme identificamos nas respostas dos alunos nos diversos questionamentos

propostos, em que esses tipos de atividades contribuem para o envolvimento e participação

dos alunos nas diversas atividades realizadas no contexto da escola.

5.1.2 Quem são e o que dizem os professores?

A segunda parte de nossa investigação consta dos resultados obtidos na coleta de

dados junto aos professores por meio da aplicação de um questionário. Como já dito, três

professores fizeram parte de nossa pesquisa, e o critérioos critérios utilizados forami un

icamente estarem envolvido com as atividades dos projetos de iniciação científica no Ensino

Médio e atuarem na área de ciências humanas. .

O questionário aplicado com os professores se estrutura em duas partes, sendo que a

primeira apresenta a identificação, apresentando a escolarização e o tempo de experiência dos

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professores investigados, e a segunda parte aponta alguns aspectos considerados como

fundamentais para a nossa investigação, de modo a possibilitar com uma reflexão de como o

professor concebe a contribuição dos projetos de iniciação científica desenvolvidas na Feira

de Ciências nas escolas de Ensino Médio. A segunda parte está estruturada a partir de 12

questões que versam sobre a elaboração e desenvolvimento dos projetos de iniciação

científica, durante a feira de ciência realizada nas escolas de Ensino Médio do Rio Grande

Norte.

A aplicação do questionário se deu logo depois da assinatura do termo de

Compromisso firmado, entre pesquisador e pesquisado. Tal aplicação foi feita de forma

individual, quando em momentos diferentes entregamos em mão os questionários a cada

professor e demos um período de três dias para que ele pudesse responder, de modo que os

professores pudessem pensar sobre os questionamentos propostos e, ao mesmo tempo, não se

sentissem pressionados pelo pesquisador. Os professores pesquisados passaram mais de uma

semana com o questionário, prolongando o prazo estabelecido na pesquisa. O questionário

não preenchido, utilizado neste estudo, encontra-se no apêndice deste trabalho.

A necessidade de apresentarmos alguns dados iniciais sobre a identificação de nossos

sujeitos se dá devido, compreendermos que se faz necessário conhecermos quem são os

nossos colaboradores para que assim, possamos com mais clareza estabelecermos uma

reflexão sobre as informações que serão apresentadas no decorrer desta segunda parte do

trabalho.

Os dados apontam que todos os professores possuem formação acadêmica na área de

atuação profissional, tendo em vista que a atuação docente no Ensino Médio exige um curso

especifico na área de atuação, em que cada professor exerce sua ação docente nos

componentes curriculares de sua formação acadêmica. Assim, formação dos professores que

participam das atividades são nas áreas de química, física, matemática, além dos profissionais

das áreas humanas como historia, geografia, língua portuguesa e inglesa que também são

envolvidos nas atividades de orientação dos projetos desenvolvidos nas escolas.

A formação docente dos professores no tocante a orientação de projetos de iniciação

científica é muito importante, pois eles precisam ter uma formação e conhecimento na área

para que assim possam estar realizando as orientações necessárias acerca da temática a ser

desenvolvidas nos projetos.

As informações presentes no Tabela IV respondem ao que foi apresentado pelos

alunos, ao discutir sobre a formação ou preparação dos professores para a orientação dos

projetos.

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De modo a identificarmos a relação e ou experiência dos professores sobre o

trabalho com as atividades voltadas para a elaboração dos Projetos de Iniciação Científica,

procuramos juntos aos professores construirmos informações sobre o seu tempo de

experiência com a ação docente sobre o trabalho de orientação dos projetos das feiras de

ciências.

A esse respeito, Tardif (2011) aponta sobre os saberes experienciais tão necessários à

prática docente e que contribuem para a oferta de um ensino mais significativo, capaz de

possibilitar ao aluno maior apropriação na aquisição e construção do conhecimento.

As informações identificadas são apresentadas nos mostra que todos os professores

investigados, têm de 4 a 6 anos de experiência no trabalho de orientação nos projetos de

iniciação cientifica.

Buscando fazer uma discussão sobre a formação acadêmica com as experiências

profissionais docentes no que se refere ao trabalho com orientação de projetos de iniciação

científica, já que a ação docente profissional do professor, conforme Tardif (2011) é feita da

articulação entre os diversos saberes, vemos nos dados apresentados na Tabela V, que os

professores já possuem experiência com projetos de iniciação científica, o que contribui, de

acordo com as nossas concepções para que os alunos sintam-se interessados pela atividade e

ao mesmo tempo, sejam elaborados temas de interesse da área em estudo.

A experiência docente é fundamental na formação profissional dos professores, pois

contribui para a existência de novas práticas pedagógicas e de novos sentidos de ensino e de

aprendizagens.

Sobre o saber experiencial segundo Tardif (2011, p. 39):

[...] brotam da experiência e são por ela validados. Eles incorporam-se à

experiência individual e coletiva sob a forma de habitus e de habilidades, de

saber-fazer e de saber-ser. Podemos chama-los de saber experienciais ou

práticos [...].

Portanto, são as experiências docentes do professor que contribuem para a melhoria

de sua própria prática educativa. Quanto mais experiência tiver o professor com orientação de

projetos de iniciação científica, mais sentidos e significados ele passa atribuir a essa nova

forma didática de construir conhecimento.

Ainda sobre a experiência docente dos professores para a construção do saber

científico, é visto em Freire (1996) a necessidade de compreendermos a experiência docente

dos professores como caminho para realização de um novo fazer docente.

A segunda parte do questionário busca compreender a concepção dos professores

acerca da importância da iniciação científica para os alunos do Ensino Médio. Conforme

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Ferreira (2003, p. 116), “[...] a proposta da iniciação científica no Ensino Médio não se

restringe à acumulação de experiências individuais. Para além dos indivíduos, é importante

resgatar aqui o sentido maior da ideia de ensinar a aprender [...]”. Percebemos, portanto, que

as discussões que estamos realizando, vem possibilitar uma reflexão sobre as nossas

concepções de ensino e de aprendizagem. E assim, os projetos de iniciação científica deve

contribuiros projetos de iniciação científica devem contribuir para tal finalidade.

Essa segunda parte do questionário se constitui de um bloco de perguntas abertas,

nas quais os professores respondem a partir de suas experiências e formação acadêmica. A

exemplo dos alunos, como forma de preservar a identidade dos professores colaboradores,

utilizamos os códigos P1, P2 e P3 para representar os professores participantes da pesquisa.

O primeiro questionamento pautou-se sobre a seguinte questão: “Em que você se

fundamenta para realizar as orientações dos projetos de iniciação científica durante a Feira

de Ciências? Justifique sua resposta”. As respostas coletadas apresentam no quadro que

segue:

P1: Leituras através de livros, artigos, publicações, pesquisas na internet, oficinas de

formação, procuro ajuda aos profissionais relacionados à área de pesquisa da temática

escolhida, ajuda dos colegas de trabalho, outras instituições como UFERSA, UERN,

UFRN, IFET. P2: Após a tempestade de ideias, busco levar a pesquisa para a área de humanas, onde tenho

mais domínio.

P3: Com base a realidade local, problemas comuns, que seja possível de ser valorizados e

de utilidades práticas.

A partir das respostas dos professores percebemos que existe uma articulação com as

respostas dos alunos discutidos na primeira parte destas análises, o que nos mostra que existe

um trabalho coletivo. Comparando as respostas de nossos colaboradores, sejam professores,

ou alunos, como vemos a seguir, percebemos que todos os sujeitos comungam da mesma

compreensão sobre o que fundamenta o trabalho com o Projeto de Iniciação Científica, um

discute sobre a realização e o outro, o professor, aponta sobre o que considera importante para

o trabalho de orientação do Projeto. As colunas que seguem mostram as respostas dos nossos

pesquisados, alunos e professores sobre a fundamentação para a elaboração e realização dos

projetos de Iniciação científica. Vejamos:

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Alunos Professores

Em que você se fundamenta para realizar as

pesquisas dos projetos de iniciação científica

durante a Feira de Ciências? Justifique sua

resposta:

Em que você se fundamenta para realizar as

orientações dos projetos de iniciação científica

durante a Feira de Ciências? Justifique sua

resposta.

A1: Nossa fundamentação levou em conta a

sabedoria do povo de nossa região ao usar o

velame como um produto de limpeza, o que

chamou nossa atenção em pesquisar mais a

fundo. A2: Pela vivência de pessoas da nossa

comunidade e pela sabedoria popular, que

desperta nossa curiosidade em descobrir se o que

fala tem fundamento e como ele funciona. A3: A nossa maior fundamentação foram às

conversas com as pessoas que fazem uso do

velame há muito tempo através de suas

experiências procuramos outras pesquisas na

internet para sabermos mais sobre as

propriedades da planta. A4: não respondeu. A5: Se fundamenta na procura de informações,

através de livros, revistas, internet e

selecionamos o que será mais útil. A6: Procurando artigo e buscando informações

especificas que possam nos ajudar. Para

compreendemos melhor o assunto que

desejamos trabalhar, recolhendo as partes mais

importantes. A7: Fontes confiáveis como wikipedia e

infoescola pelo fato de que por ser um projeto

voltado para a sociedade, o mesmo deve ter

dados precisos e objetivos. A8: Num assunto que cause interesse e

curiosidade das pessoas, assim elas vão querer

entrar na mina sala e vão presta atenção

enquanto eu falo.

P1: Leituras através de livros, artigos,

publicações, pesquisas na internet, oficinas de

formação, procuro ajuda aos profissionais

relacionados à área de pesquisa da temática

escolhida, ajuda dos colegas de trabalho, outras

instituições como UFERSA, UERN, UFRN,

IFET. P2: Após a tempestade de ideias, busco levar a

pesquisa para a área de humanas, onde tenho

mais domínio. P3: Com base a realidade local, problemas

comuns, que seja possível de ser valorizados e de

utilidades práticas.

Nas informações apresentadas, vemos, que o que sustenta o trabalho do professor

frente às orientações dos projetos de iniciação científica se baseia na realização de pesquisas e

consultas em livros, artigos, periódicos que discutam sobre as temáticas. Além de consultas na

internet, ainda identificamos nas respostas dos professores a existência de um trabalho

parceiro com outros professores da própria instituição e na realidade local.

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Vemos na falas do professor P1 que os trabalhos de orientação dos projetos são

desenvolvidos de forma interdisciplinar, buscando sempre envolver os diversos profissionais

da instituição, de outras áreas do conhecimento, e de outras instituições como UERN,

UFERSA, IFRN e, mesmo o professor sendo da área das humanas, busca fazer uma

articulação entre a temática discutida com os alunos e com sua área de formação, o que em

nossa concepção torna mais gratificante a realização de tal atividade, já que busca realizar

uma interdisplinaridade entre as ciências humanas e sociais com as demais áreas do

conhecimento, seja na área da matemática, ciências exatas, biológicas e outras.

Vemos, portanto, que o trabalho de orientação dos projetos de iniciação científica nas

escolas de Ensino Médio, mesmo com alguns entraves, como foi identificado nas informações

construídas junto aos alunos, possibilita um maior envolvimento dos alunos nas atividades

desenvolvidas nas escolas e, ao mesmo tempo, oportuniza ao professor realizar uma ação

docente de forma interdisciplinar, buscando envolver outros profissionais de outras áreas de

formação para a realização da atividade docente.

A prática interdisciplinar na escola contribui para o repensar do fazer científico, já

que, conforme Fazenda (1993, p.17):

No projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se.

A responsabilidade individual é a marca do projeto interdisciplinar, mas essa

responsabilidade está imbuída do envolvimento- envolvimento esse que diz

respeito ao projeto em si, às pessoas e às instituições a ele pertencentes.

A autora aponta sobre a necessidade de realização de uma prática interdisciplinar, o

que na nossa compreensão se faz presente nos projetos de iniciação científica, a partir das

falas dos professores, pois, as temáticas desenvolvidas estão intrinsicamente relacionadas com

outras áreas de conhecimento e ao mesmo tempo com a realidade local dos participantes.

Questionamos os professores sobre: “Quais as etapas da pesquisa científica e como

esta possibilita a construção do saber por parte dos alunos? Se sim, como você analisa? Se

não, a que você atribui?”

P1: As etapas: escolha do tema, revisão da literatura, justificativa, problema, determinação

dos projetivos, metodologia, coleta de dados, analise e discursão dos resultados, conclusão

da analise dos resultados, produção de texto e apresentação do trabalho, sim, possibilita

muito saber além de aprender a desenvolver pesquisa científica, o aluno aprende em

infinitas coisas. Aprende a buscar o conhecimento, aprende a utiliza-lo e a domina-lo. Além

disso, aprimorar qualidades, habilidades, linguagem, normas de comportamento,

proporciona um contato com a profissão que deseja e com a academia.

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P2: Nossa pesquisa vai trabalhar a pesquisa de campo com aplicação de questionário

fechado. Isso vai proporcionar aos alunos a construção do saber coletivo; trabalhar a

interpretação de dados; aprofundar senso crítico e trabalhar de punho científico.

P3: Tempestade de ideias para a escolha do tema. Pesquisa e experimentos para então testar

sua viabilidade e resultados. É importante seguir esses passos, porque o conhecimento é

construído e possibilita descobertas, por si só.

As respostas dos professores mostram que a escolha do tema do projeto a ser

desenvolvido nas feiras de ciências nasce a partir da realização de uma serie etapas, dentre

elas destacam: “revisão da literatura, justificativa, problema, determinação dos projetivos,

metodologia, coleta de dados, analise e discursão dos resultados, conclusão da analise dos

resultados, produção de texto e apresentação do trabalho”, de modo a contribuir para a

aprendizagem dos alunos envolvidos.

Na fala dos professores, percebemos que as atividades de iniciação científica

contribuem para uma nova forma de conceber o processo de construção do conhecimento na

sala de aula, tendo em vista que possibilita uma série de atividades didático-pedagógico que

facilita a relação entre o que é discutido na feira com os saberes construídos no cotidiano da

sala de aula.

O professor P2 diz que, com a realização da pesquisa, começa a existir um trabalho

coletivo entre os alunos, o que facilita uma aprendizagem coletiva e todos juntos constroem

seus saberes. Vemos, portanto, que a existência de um trabalho criterioso, e com

comprometimento e responsabilidade, contribui para que o aluno construa sua aprendizagem

de forma mais responsável e, ao mesmo tempo, consiga identificar o uso do conhecimento e

sua pratica cotidiana.

Nesse contexto, Bagno (2008), ao propor a discussão sobre a pesquisa na escola,

chama a atenção sobre a existência de critério definidos para a realização de um trabalho

coletivo e de interesse dos alunos. E nesse mesmo viés, Hernandez e Ventura (1998) também

propõem a discussão sobre o trabalho com projeto, como caminho para a construção da

aprendizagem.

Partindo desse princípio, o professor foi questionado acerca da seguinte assunto: “O

que motiva você na escolha de temática e na orientação dos projetos de iniciação científica?

Por quê?”

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P1: A escolha da temática sempre é do aluno, aproveito o interesse deles. Mas, sempre

buscando algo do local, da região, do habitat deles. A motivação é fruto do meu desejo pela

pesquisa, me identifico, e também pelo desejo de torna-los ainda melhores com

pesquisadores acredito que a pesquisa científica é um recurso metodológico excelente para

se estimular o aluno. Para educa-lo, assim, o aluno/a produz conhecimento e aprende outros

conteúdos, como produção textual, e principalmente a relacionar o produzido como o

mundo ao seu redor. Estimula a curiosidade e eleva o nível de raciocínio do aluno/a

melhora a participação em sala de aula. Adquirem responsabilidade e maturidade.

P2: Me motiva trabalhar as questões sociais como o “jeitinho brasileiro”, por minha

formação em ciências sociais, e em norte aos alunos, o faro de proporcionar a construção

coletiva do conhecimento.

P3: Propor o aluno a pesquisar, a pensar possibilitando a construção do conhecimento, isso

é gratificante, pois é pesquisa leva a descoberta. E se for do interesse e da vivencia do aluno

se torna mais fácil e prático.

As falas dos professores nos mostram que as temáticas dos projetos, de acordo com o

cotidiano dos alunos, sendo que as discussões das temáticas se articulam as áreas de atuação

de cada professor e, mesmo a temática não sendo especificamente dentro da área de formação

do professor, esse busca fazer uma articulação com a ideia original do aluno com a sua área de

atuação. A discussão maior da temática surge dos interesses e das curiosidades dos alunos, ou

seja, existe uma articulação entre as ideias que o aluno tem para o projeto com a área de

formação e ou atuação do professor orientador.

Compreendemos que existe algo que motiva o professor na escola e na organização

da temática dos projetos e que facilita o trabalho pedagógico de orientação dos referidos

projetos: são os interesses dos alunos pela temática que vai ser discutida no projeto e, ao

mesmo tempo, a vontade e o desejo dos alunos em discutir sobre temas que fazem parte de

seus cotidianos e que são temas de problemáticas locais existente na região onde vivem.

Sob esse aspecto, Rios (2003) nos aponta uma reflexão sobre a realização do fazer

docente, levando-nos a discutirmos sobre a necessidade de compreendermos que a ação

docente deve surgir dos interesses e necessidades do aluno. Os projetos de iniciação científica

deve ser elaborados a partir das ideias de cada aluno envolvido, de modo que todos possam

participar das discussões sobre a escolha do tema.

Na sequência, questionamos os professores: “Qual(is) temática(s) você costuma

orientar os projetos de pesquisa dos alunos”?

As respostas para essa questão foi:

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P1: Como é uma comunidade rural, são temáticas sobre: Agrotóxicos, plantas para

medicina e extratos industriais, piscicultura, agricultura familiar, cooperativas, energia

alternativa, analise da água entre outros.

P2: Relações humanas. Além de educação.

P3: Área humana, problemas comuns na sua vivência.

Os professores apontam que as temáticas são oriundas das necessidades da própria

comunidade, por exemplo, em análises dos projetos desenvolvidos nas últimas feiras de

ciências, identificamos os seguintes projetos, tais como “O uso da cera de abelha no

revestimento de frutos”, “Redução dos efeitos do óleo da casca da castanha de caju sobre a

pele dos cortadores de castanha por meio do uso do óleo vegetal”, “Extração do líquido da

casca da castanha de caju (LCC) e sua utilização como impermeabilizante para madeira” e o

“Uso da casca de castanha de caju como fonte de energia para indústria de cerâmicas no

município de Apodi-RN”, que surgiram dos cotidianos onde os alunos e as escolas estão

inseridos, ocasionando discussões que estão articuladas com as áreas das relações humanas e

os problemas sociais.

O nascimento das temáticas a partir da realidade local torna o trabalho mais

significativo e atraente para os alunos e ao mesmo tempo participativo por parte da

comunidade local, porque são temas que fazem parte do seu dia-dia e, consequentemente

provoca interesse ao aluno.

Nesse contexto, da mesma forma que procuramos saber dos alunos sobre a escolha

das temáticas, também questionamos os professores sobre essa mesma perspectiva. Assim,

fizemos os seguintes questionamentos:

Quem escolhe a(s) temática do

projeto de pesquisa?

A temática escolhida para o

desenvolvimento do projeto de

pesquisa é relacionada a sua

área de formação e/ou

atuação?

Caso não. Por que você orienta

projeto de pesquisada fora sua área

de formação e/ou atuação?

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P1: alunos e professores.

P2: alunos e professores.

P3: alunos e professores.

P1: Não

P2: Sim.

P3: Sim.

P1: Por que prefiro ajuda-los nas

temáticas que são escolhidas por

eles.

P2: sem resposta. P3: sem resposta.

De acordo com as respostas apresentadas, percebemos que os temas dos projetos são

escolhidos em conjunto professores e alunos, o que nos remete ao momento em que fizemos o

mesmo questionamento aos alunos, comprovando que existe uma ação didática parceira e

coletiva entre alunos e professores capaz de contribuir para que o contexto da sala de aula seja

um espaço de construção coletiva, de respeito e de reciprocidade entre os envolvidos. É

evidente que antes do processo de escolha, o professor apresenta diversas situações ou temas

na sala de aula, buscando desenvolver uma discussão em torno do assunto, de modo a

identificar a sua contribuição para com o meio social.

Vemos que a maioria dos professores orienta na sua área de formação, ressaltando

que todas as temáticas nascem dos desejos e curiosidades dos alunos e, que quando surgem

temáticas diferente de suas áreas busca articular o tema do projeto discutido com os alunos

com a área de formação do professor.

Nesse processo de articulação ou busca de contribuição com outras áreas de

conhecimento para a realização dos projetos de iniciação científica, encontramos em Japiassu

(1976) a existência de uma ação interdisciplinar, como mencionado no capítulo III, porque

possibilita ao aluno uma compreensão acerca das diversas áreas do conhecimento, num

processo de aprendizagem articulada com outros componentes curriculares.

Buscamos ainda saber dos professores se existe alguns saberes que eles consideram

essenciais para as orientações dos projetos, e lançamos a seguinte pergunta: “Que saberes são

necessários ao professor – orientador de projeto de pesquisa”?

A seguir o que identificamos:

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P1: experiência e formação na área de atuação.

P2: Saberes da base teórica da temática e estar convencido que o aprendizado pode ser

construído coletivamente.

P3: Saber que o método utilizado pelas ciências humanas é diferente das ciências exatas,

mostrando essas diferenças e meios para iniciar e fazer a pesquisa.

Nas respostas dos professores compreendemos que para a orientação dos projetos de

iniciação científica exige-se uma série de saberes que ultrapassa os saberes acadêmicos.

Saberes esses muitas vezes derivados de estudos e das experiências da ação docente. Todos os

professores colaboradores acreditam na necessidade de o professor buscar compreender como

se desenvolve o saber científico e que o conhecimento se constrói a partir de um trabalho

coletivo e articulado com as diversas áreas de conhecimento.

Nesse sentido, vemos a necessidade da existência de um processo formativo para a

construção do fazer científico nas escolas de Ensino Médio, em que se desenvolvem os

projetos de iniciação científica, tendo em vista a necessidade de compreensão sobre as etapas

e princípios do método científico, como discutido em Massi e Queiroz (2010) sobre a

pesquisa de iniciação científica no Brasil.

Perguntamos, em seguida, aos professores: “Como você vê o processo de orientação,

preparação e execução do projeto de iniciação científica na escola? Justifique sua

resposta?”.

P1: Acredito que sou uma boa orientadora. Tenho muitas dificuldades, pouco tempo. Porém

me identifico com a pesquisa. Acredito no uso da pesquisa para a formação do aluno/a.

P2: Acho o tempo curto e corrido em razão de terem comodidade às atividades letivas, mas

se consegue realizar.

P3: É voltado para cada área de formação e por disciplina, no entanto, observo que os

professores das áreas exatas, reclamam sobre o espaço e matérias existentes no laboratório a

falta de materiais. Sem falar da falta de recursos para custear os gastos. Isso às vezes nos

deixa desmotivados.

As respostas dos professores nos remetem à reflexão sobre o tempo de orientação

dedicada aos projetos de iniciação científica desenvolvida na escola até sua exposição na

Feira de Ciências, já que existe um período muito curto para elaboração e execução do

projeto, o que muitas vezes atrapalha o trabalho de orientação. Mesmo sendo temas da

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realidade local, precisam de tempo para discutir as reais problemáticas existente nas situações,

já que para esse tipo de trabalho se faz necessário pesquisas, visitas as comunidades para

discutir sobre a realidade local, e ao mesmo tempo pode estar realizando encontros de estudos

com os alunos, de modo a contribuir para o enriquecimento da temática a ser proposta nos

projetos. Ainda, há a questão das condições de infraestrutura e de finanças das escolas de

Ensino Médio que, como já dito anteriormente, não dispõem de excelentes condições para a

realização desse tipo de atividade.

Os colaboradores veem a orientação, portanto, como algo que necessita de um tempo

maior, ainda que os projetos sejam pensados logo no início do ano letivo. Das oficinas de

formação de orientadores até a execução do projeto, o período que fica para a pesquisa e

produção do que vai ser exposto não é suficiente para toda a sua realização.

Procuramos saber junto aos professores sobre os desafios, dificuldades e obstáculos

encontrados nesse processo. Para isso, questionamos:

Você enfrenta algumas dificuldades no

processo de orientação do projeto de iniciação

científica? Se sim, quais? Senão, por quê?

Quais os desafios enfrentados por você no

processo de orientação dos projetos de

iniciação científica de estudantes do Ensino

Médio? A que você atribui esses desafios?

P1: Muitas, pouco tempo extraclasse, recursos

materiais, transporte escolar para os alunos

pesquisarem, já que são de comunidades

distantes, e os conhecimentos necessários

(específicos) para as temáticas escolhidas.

Recorre aos profissionais das áreas

P2: Não, pelo fato de que sempre trabalho 01

(um)projeto com toda turma.

P3: Sim alunos desmotivados, seguir

metodologia, dificultando os resultados.

P1: Identificar situações, ideias, temáticas, que

dão origem a bons projeto, colaboração dos

colegas, gerenciar o tempo de atuação com o

processo de aprendizagem da rotina, ter acesso

as tecnologias, ter acesso a literatura, despertar

o interesse do aluno para a pesquisa disciplinar

o aluno para a leitura. Desafio de maior é

manter a pesquisa regular, devido a falta de

tempo. Outro desafio e a contribuição de um

pesquisador qualificado para avaliar e ajudar

um a pesquisa. E principalmente, as temáticas

escolhidas não são na sua área de formação.

P2: O maior desafio é articular o trabalho

coletivo com alunos da cidade e do campo.

P3: Aprendemos mais praticando, mas o

desafio é justamente esse, sair da teoria á

pratica. Os alunos estão acostumados aos

saberes já elaborados, não querem construir e

descobris novos.

De acordo com as respostas dos professores, as dificuldades e os desafios

encontrados para a orientação dos projetos de iniciação científica nas escolas de Ensino

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Médio são fatores de infraestrutura física das escolas que não dispõem de espaços,

laboratórios para a realização das experiências e pesquisas sobre a temática em estudo. Como

também, a falta de recursos materiais, como livros, revistas, materiais básicos como papel,

lápis suficientes para que os alunos possam criar e reinventar atividades que melhor

contribuam com o projeto, ausência de transportes para que possa levar os alunos envolvidos

no projeto a fazer visitas na própria região, modo que conheça a realidade que deu origem a

problemática investigada, já que existem problemas sociais elencados na temática não fica

próximo a escola e tem assim que levar os alunos para a visita em lócus.

Mesmo com a existência de grandes desafios que são enfrentados no trabalho de

orientação dos projetos, os professores continuam buscando alternativa que contribuam para a

realização da atividade, como dito pelo Professor A1 que ainda com dificuldades e pouco

tempo para orientação, sempre busca ajuda de outros profissionais para a realização de uma

ação mais significativa. É importante nos questionarmos sobre o tipo de orientação feita,

porque os professores realizam as orientações e fazem efetivamente o que é pesando nos

projetos de iniciação científica, com muitas dificuldades, como já mostramos anteriormente.

Ainda temos que considerar que os professores trabalham outros expedientes em outras

instituições, o que faz com as orientações só aconteçam na escola e no turno em que o

professor trabalha, o que muitas vezes termina interferindo na discussão dos conteúdos

programados para o ano letivo, já que durante o período marcante da Feira de Ciências, tudo

que é realizado é em prol de tal atividade.

O professor P3 nos chama atenção para os desafios e dificuldades de ordem

subjetiva, como a desmotivação por parte de alguns alunos, que são problemas externos a

temática do projeto, como a desmotivação dos alunos, processo formativos dos professores

que em algumas vezes tem dificuldade de inserir novas metodologias de ensino, que em nossa

concepção se dá em razão de inúmeros fatores como: as próprias condições da escola que não

oportunizam uma formação continuada aos professores sobre a existência de novas

metodologias de ensino, como também do próprio professor que ainda não se disponibilizou

para a busca de uma formação. Ainda há a problemática de fazer um trabalho coletivo entre os

alunos que residem no campo e na zona urbana como apresenta o professor P2, tendo em vista

que cada um deles tem um saber cotidiano que necessita ser articulado e vivenciado.

Diante dos desafios e dificuldades apresentadas pelos professores questionamos

sobre a contribuição da iniciação científica e, assim, indagamos: “Como você ver a

contribuição do Projeto Feria de Ciências para formação e desenvolvimento acadêmicos dos

alunos do Ensino Médio? Por quê?”

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P1: Excelente, o projeto favorece um momento de divulgação, construção e troca do

conhecimento. Um espaço de aprendizagem sem ser o ambiente de sala de aula, um

ambiente que dissemina ideia “real” que relaciona teoria e prática. Os alunos se sentem

orgulhosos, vitoriosos e verdadeiros cientistas.

P2: Acho positivo, pois ele tem contato com a construção do conhecimento científico e a

cooperação a partir do trabalho em campo.

P3: Na construção de conhecimento que possibilita a descoberta, eles se interessam, se

envolvem, mas não percebe sua importância. Sem falar que acham, que o projeto é só um

meio para serem avaliados e ganharem prêmios.

Os professores P1, P2 e P3 consideram que a atividade de iniciação científica, em

especial os projetos desenvolvido nas feiras de ciências, contribuem para a construção do

conhecimento, favorecendo a realização de um processo de ensino e de aprendizagem mais

significativo e, ao mesmo tempo, favorece a participação do aluno nas atividades proposta no

projeto.

Os resultados obtidos na pesquisa nos mostram que os projetos de iniciação científica

no Ensino Médio não só oportunizam um envolvimento dos alunos no contexto do

conhecimento científico, mas também nas relações sociais consigo e com o outro. Ainda é

pertinente discutir que a realização dos projetos de feira de ciências, como meio de iniciação

científica nas escolas de Ensino Médio, possibilitam uma discussão mais aguçada sobre o

processo de construção do conhecimento, o qual não pode ser visto apenas como a discussão

teórica em sala de aula, mas da relação com outros saberes que fazem parte da formação

humana, individual e social de cada sujeito.

Os dados revelam que o fazer científico precisa ser inserido no espaço escolar, de

modo a contribuir para a formação do aluno, pois é uma estratégia pedagógica que facilita o

processo de ensino e de aprendizagem.

5.2 Algumas considerações sobre os dados da pesquisa

O estudo nos possibilitou uma reflexão sobre o trabalho de orientação desenvolvido

pelos professores no processo de orientação dos projetos de iniciação científica, no qual

percebemos a importância da inserção das práticas científicas na ação docente, pois conforme

discutido por Santiago; Santos Filho & Santos (2015, p. 22)

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A prática científica possibilita a integração disciplinar, pois uma única

disciplina dificilmente dará conta de responder a um objeto de pesquisa na

sua totalidade. O movimento interativo entre os conhecimentos fortalece a

pesquisa e fundamenta teoricamente a investigação [...].

De acordo com os autores a inserção da prática científica na escola promove uma

relação interdisciplinar entre as áreas do conhecimento, possibilitando caminhos para a

construção do conhecimento.

Vemos nos dados coletados, sejam com os alunos ou com os professores que existe

uma relação entre os professores das diversas áreas, o que nos leva a compreendermos a

existência de uma ação interdisciplinar, como mostrado Santiago; Santos Filho & Santos

(2015) ao apontar que o fazer científico ocorre por meio de uma abordagem interdisciplinar.

Os dados nos revelam ainda que as temáticas dos projetos surgem das questões

cotidianas, das necessidades locais. Temáticas essas que são discutidas entre os alunos e

professores, de modo a possibilitar a construção de um projeto que nasça do interesse da

comunidade local.

A pesquisa nos mostra que as atividades para a Feira de Ciências não acontece sem

estudo e sem compreensão acerca do método científico. Acontece toda uma reflexão, estudos

e pesquisas sobre como acontece o processo científico. Assim,

Trabalhar ciência na educação básica precisa passar necessariamente por

essas reflexões, em que professores e alunos devem compreender todas as

etapas de consolidação de como a ciência se fez e se faz na atualidade. É

importante para os alunos compreenderem quais foram as finalidades dos

artefatos da ciência ao longo da sua história para a vida humana, seja local

ou global [...] (SANTIAGO, SANTOS & SANTOS FILHO, 2015, p.23).

Os autores nos apresentam a importância de discutir e refletir com os alunos sobre as

etapas do método científico, como forma de compreender como ocorre ou se constrói o saber

científico. Essas discussões sobre as etapas e método científico vemos claramente nos dados

obtidos com os alunos e com os professores.

Com o estudo, percebemos algumas necessidades, não apenas em relação ao trabalho

dos professores, mas em relação às condições de infraestrutura das escolas, necessitando de

bibliotecas equipadas, laboratórios de informática com utilidade e acesso a uma boa conexão

de internet, além de recursos financeiros que possam disponibilizar recursos para transporte

para os envolvidos nos projetos poderem estarem visitando os espaços onde serão feitos as

pesquisas.

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108

A partir dos dados percebemos que os alunos se envolvem nas atividades dos

projetos, desenvolvem espírito de coletividade e passam a se interessar mais pelo o que

acontece na sala de aula.

Portanto, na nossa compreensão a partir dos resultados obtidos neste estudo é que o

trabalho de iniciação científica desenvolvido nas escolas de Ensino Médio contribui para a

popularização do saber científico, já que os alunos criam caminhos e alternativas para uma

vida melhor. E a sua inserção no cotidiano das práticas escolar favorecem a realização de um

ensino que contribuem para a transformação e o desenvolvimento local e regional do país.

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109

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vivemos hoje em uma sociedade que exige de cada um de nós uma busca constante

pela construção da informação, tendo em vista a conquista para um espaço social. Assim,

encontramos na pesquisa científica subsídios para a construção de uma vida melhor.

Nessa perspectiva, o processo educativo também perpassa por esse mesmo viés, em

que nós pesquisadores na área da educação, buscamos, por meio de nossas pesquisas,

contribuir para com a realização de um novo fazer docente, que possibilite a um novo

repensar do fazer educativo, e contribua para a educação não seja vista apenas como meio ou

técnica da aquisição do status social, mas para uma vivência mais humana e que atenda os

interesses e os desejos dos indivíduos.

Este trabalho buscou uma reflexão sobre as estratégias pedagógicas desenvolvidas

pelas escolas de Ensino Médio, com vistas ao processo de iniciação científica por meio das

Feiras de Ciências realizadas, desde o período de 2011 nas escolas que compõem as cidades

do Médio Oeste Potiguar.

Para tanto, buscamos discutir sobre como vem ocorrendo o processo de iniciação

científica nas escolas de Ensino Médio, a partir da identificação dos saberes que se tornam ou

que são necessários para e na realização do acompanhamento e orientação dos projetos de

iniciação científica na Educação Básica.

Identificamos que o fazer ciência na escola ultrapassa a discussão de que devemos

realizar uma aula com experimentos, levar aos alunos ao laboratório e, outros, mas também

propor uma ação articulada como outros saberes que são provenientes de outros espaços.

Dentre os saberes que consideramos importantes na prática educativa são os saberes:

empíricos, científicos, além dos saberes que construímos ao longo de nossa formação

acadêmica, pessoal e profissional.

E, igualmente, como o foco de nossa investigação é discutir os saberes para o

trabalho pedagógico e educativo a partir dos projetos de iniciação científica que se efetiva nas

feiras de ciências, fizemos um estudo sobre a origem da Feira de Ciências no Brasil, dando

um enfoque no Estado do Rio Grande do Norte, como também na região onde se

contextualiza a pesquisa.

Com as discussões teóricas tecidas, encontramos na pesquisa qualitativa subsídios

metodológicos para a coleta dos dados, tento em vista que, devido a nossa pesquisa envolver

as condições sociais do sujeito, utilizamos instrumentos que permitiu que os nossos

colaboradores pudessem responder aos questionamentos propostos sem pressão e sem

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110

constrangimento.

Portanto, a partir do objetivo proposto de analisar os resultados alcançados nos

projetos de pesquisas dos alunos do ensino médio, de modo a identificar os saberes

profissionais dos professores ao orientarem esse trabalho, apresentamos o caminho

metodológico do processo de coleta de dados, enfocando a utilização da análise documental e

da aplicação de um questionário com um grupo de oito alunos e três professores envolvidos

com os projetos de iniciação científica.

Os resultados obtidos na pesquisa nos levaram a perceber que o processo de

orientação de projetos para as Feiras de Ciências requer outros saberes além dos saberes

provenientes da formação acadêmica do professor. Daí a necessidade da discussão que

fizemos sobre os saberes no capítulo segundo deste trabalho.

Ainda percebemos que a partir dos dados coletados, os projetos procuram discutir a

questão local onde os alunos estão inseridos, de modo a possibilitar uma reflexão sobre a

realidade.

Os dados apontam que as feiras de ciências se configuram em importantes estratégias

pedagógicas que contribuem para a construção do conhecimento na sala de aula, já que

mobilizam alunos e professores no processo. Outra questão identificada no estudo é que a

realização dos projetos de iniciação científica possibilita a escola e aos professores a

realização de um fazer interdisciplinar, além de trazer o cotidiano para as discussões nos

projetos também contribui para haja uma relação entre profissionais das diversas áreas de

formação acadêmica, favorecendo a realização de um trabalho coletivo e de parceira com

outras instituições de ensino presente na região.

No estudo identificamos algumas fragilidades no processo de orientação e de

acompanhamento dos projetos de iniciação científica, desenvolvidos pelos professores e que

merecem alguns desdobramentos de futuras pesquisas, como: (i) o processo de formação de

professores para o trabalho com projetos de iniciação científica; (ii) os recursos físicos de

infraestrutura e a efetivação das Feiras de Ciências; (iii) os projetos de iniciação científica e os

laboratórios de informática e de ciências como meio para sua efetivação; (iv) o tempo escolar

e os projetos de iniciação científica; (v) currículo escolar e sua articulação com os projetos de

iniciação científica.

Este estudo, como já dito no primeiro capítulo, apresenta grande relevância para o

meio acadêmico, pois nos conduzem a um olhar sobre o que vem sendo realizado pelas

escolas, como meio para discutir o faze científico na educação básica. Numa perspectiva

social, consideramos que esta pesquisa possibilita um repensar sobre a forma de como vem

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111

sendo conduzido os projetos para as Feiras de Ciências na região do Médio Oeste do Rio

Grande do Norte, já que os dados nos remetem a algumas necessidades presentes, como

recursos financeiros, condições físicas das escolas e outros.

Numa perspectiva profissional, contribui para os envolvidos com a prática educativa

com os projetos de iniciação científica, reflita sobre a sua ação docente para com essa

atividade.

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112

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APÊNDICES

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN)

CAMPUS AVANÇADO PROF.ª MARIA ELISA DE A. MAIA (CAMEAM)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO (PPGE)

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ENSINO (CMAE)

Apêndice A: Termo de consentimento livre e esclarecido

Estou realizando uma pesquisa intitulada: INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO

MÉDIO: SABERES NECESSÁRIOS A FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA, onde

buscaremos compreender sobre a importância dos sabes dos professores no trabalho de

orientação e de acompanhamento dos projetos de iniciação científica nas escolas de Ensino

Médio, com vistas a sua exposição nas feiras de Ciências. Nosso trabalho está sob a

orientação do Professor Dr. Ivanaldo Oliveira dos Santos Filho, e será apresentado na

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte- Campus Avançado “Professora Maria Elisa

de A. Maia”- CAMEAM, com requisito parcial para a obtenção do titulo de Mestre em

Ensino.

Nesse sentido, você está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa, como colaborador

(a), de forma a contribuir na identificação dos saberes profissionais dos professores ao

orientarem esse trabalho. Como também analisar quais os saberes que os professores da área

de ciências humanas se apropriam ao orientar os projetos científicos de estudantes do Ensino

Médio; Compreender de que forma o professor concebe a pesquisa científica e sua preparação

para exercê-la, bem como as condições e os estímulos para a sua realização; e, Investigar as

dificuldades que professores enfrentam para orientar os projetos científicos.

Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento.

Durante o estudo realizaremos juntos com os participantes, aplicação de questionários, analise

dos projetos desenvolvidos e conversas informais.

Declaro que li e entendi o termo de consentimento e que sou voluntário (a), participante e

colaborador (a) neste estudo.

Participante da pesquisa:

Nome:______________________________________________________________________

Assinatura: _________________________________________________________________

Pesquisador responsável:

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119

MARIA FRANCILENE CÂMARA SANTIAGO

Assinatura: _________________________________________________________________

Professor Orientador: Dr. Ivanaldo Oliveira dos Santos Filho.

Assinatura:__________________________________________________________________

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN)

CAMPUS AVANÇADO PROF.ª MARIA ELISA DE A. MAIA (CAMEAM)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO (PPGE)

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ENSINO (CMAE)

INSTRUMENTO DE PESQUISA

ANEXO B

QUESTIONÁRIO

Prezado professor (a):

Vivemos hoje um momento em que precisamos construir uma educação que

oportunize o desenvolvimento individual, coletivo e social, de forma a contribuir para uma

melhor qualidade de vida para todos.

Assim, buscamos realizar um ato educativo de possibilidades, em que nossos alunos

possam desenvolver competências e habilidades acerca do processo de construção de

conhecimento, capaz de construir caminhos para a vivência na sociedade.

Para tanto, pedimos a sua colaboração nesse processo de pesquisa, onde buscamos

compreender o processo de orientação dada pelos professores durante a os projetos de

iniciação científica realizada nas Feiras de ciências do Ensino Médio que acontecem nas

escolas desse nível ou modalidade de ensino.

I PARTE: Identificação do investigado

a) Escolarização:

( ) Ensino Médio ( ) Graduação. Em que?__________ ( ) Especialização. Em que área?

________ ( ) Mestrado. Área?_____ ( ) doutorado. Área?___________

b) Tempo de experiência docente:

( ) 0 a 3 anos ( ) 4 a 6 anos ( ) 7 a 10 anos ( ) 11 a 13 anos ( ) acima de 13 Anos.

c) Leciona na área de formação (graduação)?

( ) sim ( ) não

d) Tempo de atuação na orientação de projetos de iniciação científica:

( ) 0 a 3 anos ( ) 4 a 6 anos ( ) 7 a 10 anos ( ) 11 a 13 anos ( ) acima de 13 Anos.

e) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

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f) Série/ano de atuação que orienta os projetos de iniciação científica:_______________

II PARTE: Questões relacionadas com o objeto de investigação 1- Em que você se fundamenta para realizar as orientações dos projetos de iniciação científica

durante a Feira de Ciências? Justifique sua resposta:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

2- Quais as etapas da pesquisa científica e como esta possibilita a construção do saber por

parte dos alunos? Se sim, como você analisa? Se não, a que você atribui?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_____________________________________________

3- O que motiva você na escolha da temática e na orientação dos projetos de iniciação

científica? Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

4 Qual (is) temática (s) você costuma orientar os projetos de pesquisa dos alunos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

5. Quem escolhe a(s) temática do projeto de pesquisa?

( ) Você ( ) Aluno ( ) Você e o Aluno ( ) Outro Especificar ________________

6. A temática escolhida para a o desenvolvimento do projeto de pesquisa é relacionada a sua

área de formação e/ou atuação?

( ) sim ( ) não

7. Caso não, por que você orienta projeto de pesquisa fora da sua área de formação e/ou

atuação?

8- Que saberes são necessários ao professor/orientador de projeto de pesquisa?

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9. Como você vê o processo de orientação, preparação e execução do projeto de iniciação

científica na escola? Justifique sua resposta?

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10- Você enfrenta algumas dificuldades no processo de orientação dos projetos de iniciação

científica? Se sim, quais? Se não, por quê?

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11- Quais os desafios enfrentados por você no processo de orientação dos projetos de

iniciação científica de estudantes do Ensino Médio? A que você atribui esses desafios?

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7- Como você ver a contribuição do Projeto Feira de Ciências para a formação e

desenvolvimentos acadêmicos dos alunos do Ensino Médio? Por quê?

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN)

CAMPUS AVANÇADO PROF.ª MARIA ELISA DE A. MAIA (CAMEAM)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO (PPGE)

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ENSINO (CMAE)

INSTRUMENTO DE PESQUISA

ANEXO C: QUESTIONÁRIO

Prezado aluno (a):

Vivemos hoje um momento em que precisamos construir uma educação que

oportunize o desenvolvimento individual, coletivo e social, de forma a contribuir para uma

melhor qualidade de vida para todos.

Assim, buscamos realizar um ato educativo de possibilidades, onde os nossos alunos

possam desenvolver competências e habilidades acerca do processo de construção de

conhecimento, capaz de construir caminhos para a vivencia na sociedade.

Para tanto, pedimos a sua colaboração nesse processo de pesquisa, onde buscamos

compreender sobre o processo de orientação dada pelos professores durante a os projetos de

iniciação científica realizada nas Feiras de ciências do Ensino Médio que acontecem nas

escolas desse nível ou modalidade de ensino.

I PARTE: Identificação do investigado

a) Idade:

b) Que série do Ensino Médio

c) Tempo que desenvolve pesquisa de iniciação científica:

( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos

d) Sexo: ( ) Masculino ( X ) Feminino

e) Foi reprovado em alguma série?

( ) sim ( ) não Especificar_________

f) Aprovado todos os anos

( ) sim ( ) não

g) Serie/ano que desenvolveu pesquisa científica:

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II PARTE: Questões relacionadas com o objeto de investigação

1- Em que você se fundamenta para realizar as pesquisas dos projetos de iniciação científica

durante a Feira de Ciências? Justifique sua resposta:

2- Quais as etapas da pesquisa científica e como esta possibilita a construção do saber para

você? Como você analisa?

3- O que motiva você na escolha da temática e no desenvolvimento da pesquisa do projeto de

iniciação científica? Por quê?

5. Quem escolhe a(s) temática do projeto de pesquisa?

( ) e seus colegas ( ) professor ( ) Você e o professor ( ) da internet ( ) Outro

Especificar ______________

6. Que critério vocês escolhem para a escolha da temática e desenvolvimento do projeto de

pesquisa?

8- Você considera que os professores orientadores estão preparados orientar os projetos de

pesquisa?

7. Como você vê o processo de orientação, preparação e execução do projeto de iniciação

científica na escola? Justifique sua resposta?

5- Você enfrenta algumas dificuldades no processo investigação dos projetos de iniciação

científica? Se sim, quais? Se não, por quê?

6- Quais os desafios enfrentados por você no papel de pesquisador dos projetos de iniciação

científica do Ensino Médio? A que atribui esses desafios?

7- Como você ver a contribuição do Projeto Feira de Ciências para sua formação e

desenvolvimentos acadêmicos? Por quê?