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Região Centro-Sul Regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande do Rio de Janeiro 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde das MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Série D. Reuniões e Conferências Série Cadernos Regionais Brasília – DF 2007 CADERNOS REGIONAIS

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Região Centro-Sul

Regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande

do Rio de Janeiro

1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde das

MINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria de Gestão Estratégica e Participativa

Série D. Reuniões e ConferênciasSérie Cadernos Regionais

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2007 Ministério da Saúde.Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvsO conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde pode ser acessado na página: http://www.saude.gov.br/editora

Tiragem: 1.ª edição – 2007 – 600 exemplares

Série D. Reuniões e ConferênciasSérie Cadernos Regionais

Edição, distribuição e informações:MINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria de Gestão Estratégica e ParticipativaEsplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco G, sala 410CEP: 70058-900, Brasília – DFTels.: (61) 3315-3616 / 3315-3326 Faxes: (61) 3322-8377 / 3321-1935E-mail: [email protected]

Organização:Projeto Mobilização Social para a Gestão Participativa SGP/MSCoordenadora: Lucia Regina Florentino SoutoEquipe: Rosemberg de Araújo Pinheiro Valéria do Sul MartinsProjeto “Conselhos de Saúde e Reforma Sanitária”Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Serviço Social

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Promoção:UERJ / Proext – Projeto Políticas Públicas de SaúdeSecretaria de Gestão Estratégica e Participativa / Ministério da SaúdeConselho Estadual de Saúde do Rio de JaneiroConselhos Municipais de Saúde das Regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande do Rio de Janeiro

Coordenação:Maria Inês Souza Bravo

Equipe Responsável:Maria Inês Souza Bravo – Docente FSS/ UERJDébora de Sales Pereira – Assistente Social Juliana Souza Bravo de Menezes – Assistente SocialMariana Maciel do N. Oliveira – Assistente SocialLia Rocha Gomes – Graduanda FSS/ UERJMatheus Thomaz da Silva – Graduando FSS/ UERJRosimere Valentim de Souza – Graduanda FSS/ UERJSilvia Cristina Guimarães Ladeira – Assistente Social

Colaboração:Fernando Rodrigues Cunha (SGEP/MS)

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde das Regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande do Rio

de Janeiro : Região Centro Sul / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007.

80 p. : il. color. – (Série D. Reuniões e Conferências) (Série Cadernos Regionais)

ISBN 978-85-334-1351-1

1. Serviços de saúde. 2. Saúde pública. 3. Estatísticas de saúde. I. Título. II. Série.

NLM WA 540Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2007/0156

Títulos para indexação:Em inglês: 1st Seminar on Participative Health Administration of the Regions of Medium-Paraíba, South-Center and Baía da Ilha Grande of Rio de JaneiroEm espanhol: 1.º Seminário de Gestión Participativa en Salud de las Regiones Medio-Paraíba, Centro-Sur y Baía da Ilha Grande de Rio de Janeiro

EDITORA MSDocumentação e InformaçãoSIA, trecho 4, lotes 540/610CEP: 71200-040, Brasília – DFTels.: (61) 3233-1774/2020 Fax: (61) 3233-9558E-mail: [email protected] page: http://www.saude.gov.br/editora

Equipe Editorial:Normalização: Vanessa Leitão

Revisão: Lilian Assunção e Augusto Corado (Estagiário)Editoração: Leomar Peixoto

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SUMÁRIO

Lista de Figuras, Quadros e Gráficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1 Mesa-redonda: Participação e Controle Social no SUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2 Caracterização Geral do Estado do Rio de Janeiro e da Região Centro-Sul Fluminense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3 Panorama Sanitário da Região Centro-Sul/RJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.1 Principais Problemas de Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.2 Indicadores de Natalidade e Mortalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2.1 Natalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2.2 Tipo de Parto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.2.3 Morbidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.2.4 Mortalidade Infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

4 Rede de Serviços da Região Centro-Sul/RJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.1 Microrregiões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.2 Rede Hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.3 Rede Ambulatorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

5 Consórcio Intermunicipal da Região Centro-Sul/RJ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

6 Controle Social na Saúde na Região Centro-Sul/RJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

6.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

6.2 Panorama dos Conselhos de Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

6.2.1 Ano de Formação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

6.2.2 Organização Interna e Dinâmica de Funcionamento . . . . . . . . . . . . . 49

6.2.3 Composição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

6.2.4 Conferências de Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

6.3 Perfil dos Conselheiros de Saúde da Região Centro-Sul/RJ . . . . . . . . . . . . 51

6.3.1 Dados Institucionais da Amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

6.3.2 Dados Pessoais dos Conselheiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

6.3.3 Participação em Movimentos Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

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7 2.ª Mesa-Redonda – O Controle Social nas Regiões Centro-Sul, Baía da Ilha Grande e Médio-Paraíba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

8 Financiamento da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

9 Algumas Reflexões Relacionadas à Situação de Saúde e Controle Social da Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

10 Carta-Compromisso das Regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande do Rio e Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

Anexo A – Síntese das Reuniões de Organização do Seminário de Gestão Participativa nas Regiões Centro-Sul, Baía da Ilha Grande e Médio-Paraíba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

Anexo B – Tabulação das Fichas de Inscrição dos Participantes da Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

Anexo C – Principais Problemas e Propostas da Região Centro-Sul . . . . . . . . . . 78

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LISTA DE FIGURAS, QUADROS E GRÁFICOS

Figura 1 – Mapa do Estado do Rio de Janeiro dividido por Regiões . . . . . . . . . . . . . 25

Figura 2 – Mapa da Região Centro-Sul do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Quadro 1 – Densidade Demográfica da Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Quadro 2 – Pessoas Ocupadas com Carteira Assinada, por Setores de Atividade Econômica, na Região Centro-Sul do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Quadro 3 – Índice de Qualidade dos Municípios – Carências . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Quadro 4 – Principais Problemas de Saúde da Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . 31

Quadro 5 – Nascidos Vivos na Região Centro-Sul (1995 – 2002) . . . . . . . . . . . . . . . 32

Quadro 6 – Nascidos Vivos por Tipo de Parto na Região Centro-Sul (2002) . . . . . . . . 33

Quadro 7 – Principais Causas de Óbitos na Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Quadro 8 – Taxa de Mortalidade Infantil na Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . 34

Quadro 9 – Hospitais Credenciados por Natureza do Hospital na Região Centro-Sul. . 40

Quadro 10 – Leitos Contratados em Hospitais Credenciados por Natureza do Hospital na Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

Quadro 11 – Leitos Contratados em Hospitais Credenciados por Especialidade na Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Quadro 12 – Unidades Ambulatoriais por Tipo de Unidade na Região Centro-Sul . . . 44

Quadro 13 – Ano de Formação dos Conselhos Municipais de Saúde da Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Quadro 14 – Quorum para Deliberação e Periodicidade das reuniões dos Conselhos Municipais da Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Quadro 15 – Composição dos Conselhos na Região Centro-Sul . . . . . . . . . . . . . . . 50

Quadro 16 – Periodicidade das Conferências de Saúde na Região Centro-Sul . . . . . . 51

Quadro 17 – Conselheiros Distribuídos por Segmento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Gráfico 1 – Conselheiros Distribuídos por Condição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Gráfico 2 – Conselheiros Distribuídos por Idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Gráfico 3 – Conselheiros Distribuídos por Nível de Escolaridade . . . . . . . . . . . . . . 55

Gráfico 4 – Conselheiros Distribuídos por Sexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Quadro 18 – Experiência dos Conselheiros em Movimentos Sociais . . . . . . . . . . . . 56

Quadro 19 – Movimentos Sociais em que os Conselheiros Têm Experiência . . . . . . . 56

Quadro 20 – Entidades Representadas pelos Usuários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

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Quadro 21 – Arrecadação da Seguridade Social – Principais Fontes de Receitas. Brasil, 1996 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Quadro 22 – Programas Sociais Questionados como Ações e Serviços de Saúde de Acordo com a EC 29/00. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

APRESENTAÇÃO

Este caderno apresenta uma síntese do 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saú-de das Regiões Centro-Sul, Médio-Paraíba e Baía da Ilha Grande do Rio de Janeiro, realiza-do no dia 21 de outubro de 2005, no Hotel Parque Santa Amália, em Vassouras.

O presente caderno faz parte de uma série que sistematiza os resultados dos semi-nários organizados pelos conselhos municipais de saúde das Regiões do Estado do Rio de Janeiro, pelo Projeto Políticas Públicas de Saúde, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e pela Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde. Tem por objetivo socializar as atividades desempenhadas na construção e realiza-ção do 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde das Regiões Centro-Sul, Médio-Paraíba e Baía da Ilha Grande do Rio de Janeiro.

O 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde das Regiões Centro-Sul, Médio-Paraíba e Baía da Ilha Grande do Rio de Janeiro, realizado no dia 21 de outubro de 2005, pretendeu situar, discutir e avaliar os problemas prioritários e as demandas da população relativas à saúde, com vistas a propor soluções que sejam viáveis, por meio da mobiliza-ção dos usuários, trabalhadores e gestores de saúde destas regiões.

Este seminário teve como objetivo potencializar a participação e gestão das políticas públicas de saúde, fortalecendo e articulando os conselhos municipais das regiões, na perspectiva de ampliar a democracia participativa e constituir fóruns de conselhos nas Regiões Centro-Sul, Médio-Paraíba e Baía da Ilha Grande.

Utilizamos a metodologia participativa, ou seja, os sujeitos sociais da região foram envolvidos no processo de construção, execução e avaliação do seminário. Para que as-sim os Seminários de Gestão Participativa pudessem refletir a dinâmica e a realidade da localidade.

A programação e organização do seminário foram construídas coletivamente em cin-co reuniões preparatórias1: uma na Região Médio-Paraíba, no dia 9/9, no Auditório da Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda; uma na Região da Baía da Ilha Grande, no dia 16/9, no Auditório da Fundação de Saúde de Angra dos Reis; e três na Região Cen-tro-Sul, nos dias 17/9, 23/9 e 6/10/2005 que ocorreram, respectivamente, no Auditório da SMS de Paraíba do Sul, em Vassouras, e no Auditório da SMS de Paraíba do Sul.

O seminário teve a participação de 76 pessoas distribuídas da seguinte forma2: 42 conselheiros de saúde (22 da Região Centro-Sul, 14 do Médio-Paraíba e seis da Baía da Ilha Grande); e 15 não conselheiros de saúde (três da Região Centro-Sul, dez do Médio-

1 Vide anexo A – Síntese das Reuniões de Organização do Seminário de Gestão Participativa nas Regiões Centro-Sul, Baía da Ilha Grande e Médio-Paraíba.

2 Vide anexo B – Tabulação das fichas de inscrição no seminário.

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

Paraíba e dois da Baía da Ilha Grande), referentes aos coordenadores de DST/AIDS e orga-nizações não-governamentais convidadas; e 20 convidados, entre palestrantes e repre-sentantes das três regiões no Cosems, Ministério da Saúde e membros da Comissão Orga-nizadora (professores, alunos e profissionais da UERJ; representação da Coordenação da Assessoria de DST/AIDS, da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e integrantes da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS). Então, foram 25 participantes da Região Centro-Sul, 23 do Médio-Paraíba e oito da Baía da Ilha Grande.

A proposta deste caderno é trazer uma síntese das discussões ocorridas no seminário, tendo como eixo as questões relativas à realidade de saúde e ao controle social nessas regiões do Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade de apresentar propostas concretas para fazer o SUS acontecer nas regiões. Os dados apresentados com relação à situação de saúde e ao controle social serão os referentes à Região Centro-Sul Fluminense. Está dividido em dez itens.

O primeiro retrata a mesa-redonda “Participação e Controle Social no SUS”, com a exposição de diversas instituições: UERJ, Secretaria de Gestão Estratégica e Participati-va do Ministério da Saúde, Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (com os três articuladores de cada uma das regiões) e os representantes do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems/RJ) das três regiões. No segundo, apresenta-se uma carac-terização geral do Estado do Rio de Janeiro e uma caracterização geral da Região Médio-Paraíba.

O terceiro item caracteriza inicialmente o panorama sanitário da região. Posterior-mente, explicita-se a situação de saúde por meio dos principais problemas e indicadores de natalidade, mortalidade, morbidade. O quarto tópico refere-se às características da Rede de Atendimento à Saúde (microrregiões e módulos assistenciais, e organização da rede de serviços de saúde).

As principais fontes de dados utilizados no segundo, terceiro e quarto itens foram: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ), Centro de Informações e Dados do Estado do Rio de Janeiro (CIDE) e Departamento de Informática do SUS (DATASUS).

No quinto item, aborda-se a política dos consórcios intermunicipais existentes nas três regiões, atendo-se à particularidade do direito público versus privado, da natureza desses consórcios/convênios.

O sexto item enfatiza o controle social na Saúde com destaque para os Conselhos Municipais de Saúde da Região Médio-Paraíba, por meio dos eixos: ano de formação, composição, caráter dos conselhos, organização interna e dinâmica de funcionamento e conferências municipais de saúde e existência de outros conselhos.

A metodologia utilizada pautou-se na coleta e análise de dados primários e secun-dários, resultantes de pesquisa empírica e documental de diferentes registros e fontes oficiais de informação. As principais fontes de dados foram o Regimento Interno e a Lei

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Municipal de Criação dos Conselhos Municipais da Região Médio-Paraíba do Estado do Rio de Janeiro.

Destaca também o perfil dos conselheiros de saúde da Região Centro-Sul pela amos-tragem de 46 conselheiros. São ressaltados os dados pessoais dos conselheiros, como idade, sexo e escolaridade, e sua participação em movimentos sociais.

O sétimo item retrata a mesa-redonda “Participação e Controle Social nas três regiões”, que caracteriza a situação do controle social nos municípios das regiões a partir da pers-pectiva da Universidade e dos próprios conselheiros de cada uma das regiões (segmento de trabalhadores e de usuários).

O oitavo item aborda a temática “financiamento”, apresentada, no seminário, pela De-putada Estadual Cida Diogo. O nono tópico enfoca algumas reflexões com relação à situa-ção de saúde e ao controle social na região. E, por fim, apresenta-se a Carta-Compromisso da Região Médio-Paraíba, fruto dos grupos de trabalho e da plenária final do evento.

Em anexo, encontra-se a Síntese das Reuniões de Organização do Seminário de Ges-tão Participativa; a Tabulação das Fichas de Inscrição; e os Principais Problemas e Propos-tas da Região Centro-Sul Fluminense.

Espera-se, com esse caderno, socializar as informações sobre a realidade de saúde e do controle social na Região Centro-Sul, a fim de potencializar a participação social na formulação e na gestão da política de saúde, com vistas à efetivação concreta do Sistema Único de Saúde.

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

1 MESA-REDONDA: PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO SUS

A professora Maria Inês Souza Bravo, do Projeto Políticas Públicas de Saúde da Facul-dade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ao fazer a discussão a respeito do controle social, discorre sobre o seu surgimento, fazendo um panorama da política de saúde no país. Relembra como era a política de saúde durante o regime militar (pós 64), que tinha como característica a centralização do poder, em que o direito à saúde era vinculado à concepção de seguro e que foi adotado o modelo de privilegiamento do setor privado.

Em meados dos anos 70, os movimentos organizados da sociedade civil, entre estes os de profissionais de saúde, questionam a política privatista, que não garante a saúde como um direito de todos os cidadãos, debatendo a concepção de seguro e defendendo a universalidade. Esses movimentos questionam a centralização das ações no Executivo Federal, em que o poder fica na mão de poucos, reivindicando a descentralização como forma de partilha do poder, pois favorece a participação popular, vinculado a uma demo-cracia de base, que tem como princípio a intervenção dos sujeitos sociais nas políticas públicas.

As mudanças que ocorreram ao longo do tempo no Brasil, em que a política neolibe-ral ganha força, principalmente a partir da década de 90, faz com que os direitos reivindi-cados e garantidos na Carta Constitucional de 1988 sejam rediscutidos, ocasionando-se uma universalização excludente vinculada a um projeto privatista voltado para o merca-do. Portanto, para se contrapor a esta situação, é preciso que se aprofunde a defesa e a garantia dos princípios da Reforma Sanitária, e uma das bandeiras dessa luta é o fortaleci-mento da participação popular que precisa ser aprofundada pelos conselhos de saúde.

A professora Maria Inês alerta que a expressão “controle social” possui diversas con-cepções, e ressalta que a Constituição Federal de 1988 preconiza o controle social por meio da presença da sociedade e dos diversos sujeitos sociais, interferindo na dinâmica do Estado, no sentido de democratizá-lo. Destacou o papel fundamental dos conselhei-ros neste processo, já que, em número, os conselheiros de saúde ultrapassam o número de vereadores que tem no país. Portanto, destaca que o potencial político da sua organi-zação pode garantir a participação social na elaboração, implementação e fiscalização da política de saúde.

Ela ressalta que dentro dos conselhos de saúde existe a tensão entre aqueles que de-fendem concepções privatistas para o setor e aqueles que defendem a Reforma Sanitária. Lembrou aos presentes que o conselho não tem a função de executar políticas, mas sim

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

de elaborá-las, pois cabe às secretarias de saúde a execução e ao conselho a formulação e fiscalização das políticas.

No decorrer de sua apresentação, a plenária intervém para o esclarecimento de dúvi-das. A primeira delas é se o conselho tem o poder de veto. É respondido que sim, pois, o conselho é deliberativo. A outra questão levantada foi a respeito da natureza dos poderes Executivo e Legislativo nos conselhos. Responde que a Resolução n.º 333/03 do Conse-lho Nacional de Saúde é clara quando faz a distinção entre os poderes. Um conselheiro solicita esclarecimentos se os secretários de saúde são presidentes natos do conselho. A professora diz que o presidente do conselho deve ser eleito pelos conselheiros, portanto os secretários de saúde não são presidentes natos do conselho e que este princípio deve ser garantido nos regimentos internos.

A professora Maria Inês ressalta que, em um determinado momento, se pensou que o conselho resolveria todos os problemas, mas é preciso que se esclareça que o con-selho não substitui o movimento social organizado. Aponta ainda para a necessidade da intersetorialidade nas políticas públicas: saúde, assistência e previdência social que conformam a seguridade social. Alerta que embora se tenha colocado a concepção de seguridade social na Constituição de 1988, na prática a mesma não foi viabilizada. Por isso, a importância de se rearticular o Conselho de Seguridade Social, que articulava essas três políticas, e que foi extinto no Governo de Fernando Henrique Cardoso.

Outra concepção propalada por alguns sujeitos sociais sobre os conselhos é a desva-lorização dos mesmos. A professora ressalta que não se deve supervalorizar nem subva-lorizar os conselhos. O importante é considerar que esse espaço só tem força se estiver articulado com os movimentos sociais organizados.

A respeito da não observância dos governos às leis pertinentes ao conselho, a pro-fessora considera que isso acaba provocando a burocratização dos mesmos, pois não conseguem ter um maior envolvimento político. Existe também as chantagens que os governantes fazem aos conselheiros, um exemplo clássico disso são os programas, proje-tos ou orçamentos que chegam com prazo estreito para os conselheiros aprovarem sob o argumento de que “tem que ser hoje ou o município perde o dinheiro”, assim o conse-lheiro vota sob pressão sem ter instrumentos para analisá-lo.

Os problemas que devem ser superados são o desconhecimento por parte da socie-dade sobre a existência dos conselhos e que as reuniões dos mesmos devem ser abertas, divulgadas, pois a gestão democrática será fortalecida com a presença de um maior nú-mero de entidades, defendendo a saúde como direito de todos e dever do Estado.

A assistente social Michelle Rodrigues de Moraes, integrante da equipe técnica do Projeto Políticas Públicas da UERJ, apresentou alguns indicadores de saúde das três regiões presentes no seminário, reforçando que a socialização dessas informações é o retorno da pesquisa que a Universidade faz e que cumpre o seu papel social ao contribuir com o controle social.

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Em seguida, apresentou dados populacionais das regiões (CENTRO DE INFORMA-ÇÕES DE DADOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2002). A Região Médio-Paraíba possui 804.323 habitantes (5,5% da população do estado), a Região Centro-Sul possui 254.103 habitantes (2% da população do estado) e a Região da Baía da Ilha Grande possui 173.691 habitantes (1,2% da população do estado). As três regiões representam cerca de 9% da população total do estado.

Com relação às atividades econômicas, a Região Médio-Paraíba tem sua principal ati-vidade localizada no setor de serviços (34%), seguido de comércio (20%) e administra-ção pública (16%). A Região Centro-Sul concentra 50% de suas atividades econômicas no setor de serviços e 22% na administração pública. Na Região da Baía da Ilha Grande, 46% concentram-se no setor de serviços e 22% na administração pública. No total, as três regiões concentram cerca de 43% de suas atividades econômicas no setor de serviços.

Os principais problemas de saúde das regiões, segundo o Plano Estadual de Saú-de/2001 são:

• RegiãoMédio-Paraíba

1- Insuficiência gerencial do SUS;

2- Sistema de informação deficiente;

3- Baixa cobertura do PSF (12%);

4- Recursos humanos: precarização do trabalho;

5- Noas incompatível com o SUS;

6- Financiamento: recursos insuficientes, dificuldades no repasse e compra de servi-ços na atenção básica.

• Região Centro-Sul

1- Deficiência na atenção materno-infantil;

2- Insuficiência de atividades de promoção;

3- Deficiência no sistema de informação;

4- Baixa cobertura pelo PSF (49%);

5- Deficiência no controle da tuberculose;

6- Estrangulamento no acesso à média e alta complexidade.

• Região da Baía da Ilha Grande

1- Deficiência na atenção materno-infantil;

2- Insuficiência de atividades de promoção;

3- Deficiência no sistema de informação;

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4- Deficiência no controle da tuberculose;

5- Estrangulamento no acesso à média e alta complexidade.

Quanto aos dados referentes à mortalidade (RIO DE JANEIRO, 2002), destacou que na Região Médio-Paraíba o aumento é de 2% em relação a 1998, sendo que 45% por óbitos por doenças do aparelho circulatório, 16% por neoplasias e 15% por causas externas. Na Região Centro-Sul, 51% dos óbitos ocorreram por doenças do aparelho circulatório e 15% por causas externas. Na Região da Baía da Ilha Grande houve um aumento de 1% em relação a 1998, cerca de 35% dos óbitos ocorreram por doenças do aparelho circulatório e 28% por causas externas. No total das três regiões, 44% das causas decorrem de doen-ças do aparelho circulatório e 19% por causas externas.

Com relação à Rede hospitalar, a Região Médio-Paraíba possui 29 unidades, assim distribuídas: 1 universitário (privado), 1 estadual, 6 municipais, 13 filantrópicos e 8 contra-tados, com 74% da oferta privada. A Região Centro-Sul possui 12 unidades, assim distri-buídas: 1 universitário (privado), 0 estadual, 1 municipal, 6 filantrópicos e 4 contratados, com 92% da oferta privada. Na Região da Baía da Ilha Grande existem cinco unidades, assim distribuídas: 1 contratado, 3 municipais e 1 filantrópico, com 40% da oferta privada (a única das três regiões que possui índice superior de hospitais públicos, ainda que com uma rede privada considerável). O total das três regiões é de 46 unidades, sendo que 69% da oferta é privada.

Referente aos leitos, a perspectiva privada permanece, com determinado acento, na Região Médio-Paraíba. A oferta de leitos corresponde a 0,3% da população, destes, 38% são filantrópicos, 26% contratados, 18% estaduais, 11% municipais e 7% universitários, com 71% dos leitos privados. Na Região Centro-Sul, a oferta corresponde a 0,4% da popu-lação, destes, 43% são filantrópicos, 37% contratados, 17% universitários e 3% municipais, com índice de 97% de leitos privados. Na Região da Baía da Ilha Grande, a oferta de leitos corresponde a 0,2% da população, destes, 20% são contratados, 20% são filantrópicos e 60% municipais, com 40% dos leitos privados. Nas três regiões, o índice de leitos privados é de 69% em média.

A assistente social finalizou que nas regiões Centro-Sul e Médio-Paraíba há um alto índice da rede privada hospitalar; que os leitos oferecidos também são, em sua maioria, da rede privada e que, portanto, é necessário encaminhar esta discussão para pensar em estratégias de enfrentamento do processo privatista e do fortalecimento do SUS.

A Dra. Lúcia Souto, da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, saudou a todos dizendo da sua satisfação em estar num espaço como este em que se constrói uma república brasileira, pois as políticas públicas devem estar sendo decididas desta forma, ou seja, com a participação de todos. Ela retoma as considerações feitas pela professora Maria Inês ao afirmar que todo este ideário do sistema de saúde vem sendo gerado desde a 8.ª Conferência Nacional de Saúde, provando que a união das pessoas dá certo, pois multiplica o potencial de luta. Ela aponta que o setor Saúde tem

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resistido ao desmonte que vem ocorrendo nas políticas sociais devido à base pluralista e suprapartidária que sustenta esse setor.

Ao falar da Reforma Sanitária destaca sua riqueza para a construção de uma socie-dade democrática, e que deveria ser econômica e social, já que a considera como uma política distributiva, pois deve ser baseada em direitos e não em favores. Ela ressalta que as experiências republicanas brasileiras são incipientes.

Quanto ao Sistema Único de Saúde (SUS), afirma que é importante identificar os pro-blemas existentes para que o direito à saúde da população seja garantido, e que a reorga-nização desse sistema deve ser feita com a participação da sociedade civil. Para tanto, o desafio é como reorganizar o SUS sob o conceito de responsabilidade sanitária. É preciso superar a histórica política engendrada no sistema de saúde que é a lógica de consultas e internações, que não diminuem em nada os problemas da qualidade de vida das pessoas, pois somente segue a lógica de manutenção e gestão da doença. Para tanto, é preciso que se transforme o sujeito passivo em sujeito ativo da saúde.

Outro ponto que se torna fundamental é o da compreensão da realidade, trabalhan-do o panorama sanitário, de assistência e o financeiro, para que se valorize e efetive a participação da sociedade, com todos trabalhando juntos, “sem separar e dividir”, promo-vendo uma agenda para a cidade e garantindo uma assistência de qualidade ao cidadão. Por isso, para saber da prioridade de uma região, é preciso que primeiro se esteja a par dos seus problemas.

Ressalta que a atenção básica é um elemento descentralizador da política, dando ên-fase também na família. A idéia de articulação intersetorial, muito mais cooperativa e não competitiva, aprimora a idéia de cooperação entre municípios, citando como exemplos a cooperação que existe entre as regiões Centro-Sul e Médio-Paraíba, ressaltando, ainda, que a cooperação agrega a participação popular. Cita a Lei, já aprovada, que regulamenta os consórcios no SUS1, fazendo com que os municípios e seus cidadãos canalizem recur-sos para onde precisam, dando ênfase às prioridades.

Lúcia Souto finaliza as suas considerações ressaltando que este momento é muito importante, pois podemos ingressar em uma “maioridade política”, onde se vê a partici-pação como um direito fundamental, um desafio na construção republicana e pede que se reflita sobre isso.

O conselheiro estadual, Elias José da Silva, articulador da Região Médio-Paraíba e presidente do Conselho Municipal de Saúde de Volta Redonda/RJ, em sua fala, ressalta que a atitude do conselho estadual por muito tempo era centrada somente no Município do Rio de Janeiro, ficando os demais municípios, e seus respectivos conselhos do Estado, sem uma atenção devida. Hoje, o conselho estadual vem mudando essa atitude, pois já

1 A formação de consórcios intermunicipais de saúde tem embasamento jurídico, estando prevista pela Lei Orgânica da Saúde, Lei Federal n.º 8.080/90 (artigos 7.º, 10 e 18), pela Lei Federal n.º 8.142 (artigo 3.º) e pela Lei Federal n.º 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos.

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tem a iniciativa de ir aos conselhos dos municípios. E a relação que se procura estabelecer com esses conselhos é de parceria e não de fiscalização ou de punição.

Ao acompanhar os conselhos, o conselho estadual procura sensibilizar os secretá-rios de saúde para que tenham mais atenção aos conselhos e, nesse sentido, passar as informações necessárias aos conselheiros. Portanto, o papel do conselho estadual nos municípios, em princípio, é atuar junto aos secretários de saúde e aos conselheiros. Ele se redime com a região que atua como articulador, a Médio-Paraíba, prometendo superar as falhas que vem ocorrendo, acompanhando os conselhos dessa região e, para tanto, fará uma agenda para que isso ocorra.

O conselheiro estadual de saúde, Sr. Paulo Filgueiras Tavares, articulador da Região da Baía da Ilha Grande e conselheiro municipal de saúde de Mangaratiba, esclareceu so-bre o papel que deve ser desempenhado pelos articuladores regionais do conselho es-tadual, reafirmando o que disse o conselheiro Elias de que não é de fiscal ou sensor, mas de auxiliar os conselhos de saúde, ajudando os conselheiros para que aumentem a sua capacidade de observação. Para isso, os conselheiros devem estar capacitados para exer-cer a sua função, assim como devem ter interesse por se capacitar. Ressaltou ainda que o Ministério Público deve estar ao lado do conselho.

A conselheira estadual de saúde, Angelita dos Santos Nascimento, articuladora da Região Centro-Sul, fala sobre sua dificuldade de acompanhar os municípios dessa região, mas que está fazendo um esforço para tal. Falou também da capacidade que a gestão participativa tem de mobilizar a população.

A coordenadora da mesa, Mariana Maciel do Nascimento Oliveira (integrante da equi-pe técnica do Projeto Políticas Públicas da UERJ), registra que o Conselho Nacional de Saúde foi convidado, mas infelizmente não pôde estar presente.

O secretário de saúde de Miguel Pereira e representante da Região Centro-Sul no Co-sems, Vanderlei de Souza Chaves, destaca a importância do controle social, e que o con-selho municipal de saúde tem que estabelecer uma parceria com a secretaria de saúde. Mas o que se observa constantemente nos conselhos é a questão política, pois o que ele tem visto nas conferências municipais de saúde é que pessoas se utilizam da política para se infiltrar nos conselhos e para ficar nos “calcanhares dos secretários”, e que essas mes-mas pessoas desconhecem a política de saúde.

Em sua fala, ressalva que o Sistema Único de Saúde tem 17 anos de existência, mas que é uma política que está em construção. Diz ainda que saímos de uma ditadura militar e que a nossa experiência democrática é muito nova, e que com ela todos são chamados a participar, inclusive os diversos conselhos: de saúde, criança, adolescente, etc. Portanto estamos em um processo de educação do cidadão, e que tal processo deve ser contínuo.

Nesse processo de participação, a capacitação dos conselheiros se torna uma preocu-pação. Ele relata a experiência em seu município entre a secretaria de saúde e o conselho em que foram eleitas comissões interativas, onde três pessoas se revezam de três em três

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meses, e acompanham o dia-a-dia da secretaria para que vejam de perto os problemas pelo qual a secretaria passa, e ressalta que os problemas são muitos porque o SUS ainda está em processo de construção.

O secretário aponta ainda que, apesar do processo de descentralização que houve no SUS, não há ainda a integralidade das ações. Ao citar a apresentação de Michelle Mo-raes, confirma os dados sobre a hegemonia do setor privado nas regiões, pois em seu município não existe nenhum hospital estadual, somente privado, onde a secretaria deve comprar as ações. Outro problema no sistema de saúde é a questão do financiamento e a questão dos recursos humanos, principalmente por conta dos médicos não quererem trabalhar no SUS. Ele cita a experiência pela qual passa em sua gestão sobre a dificuldade de se conseguir obstetra devido a uma questão de financiamento, por isso, para ele, os conselheiros não podem só cobrar, devem primeiro estar ciente da situação.

Para o secretário Vanderlei, o Programa Saúde da Família (PSF) é um bom projeto, mas a Lei de Responsabilidade Fiscal limita o número de PSFs em seu município. Ainda existe a tensão entre os secretários de saúde com os secretários de fazenda e planejamento, pois estes argumentam que os secretários de saúde não sabem planejar e, além disso, o Ministério Público também controla as ações dos secretários.

O secretário municipal de saúde de Resende e representante da Região Médio-Paraí-ba no Cosems, José Luiz Balieiro Anastácio, diz que a sua experiência com o conselho de Resende vem desde 1991 quando participou de sua fundação. Ele relembra que, à época, teve problemas políticos no conselho por este representar uma oposição ao governo. Hoje isso não acontece mais, pois o conselho está amadurecendo, crescendo com essa experiência, o que se vê é que não existem mais pessoas com essa intenção.

Segundo o secretário, ao se falar sobre o SUS, deve-se falar em recursos, hoje se per-deu 30 bilhões de reais, que é um recurso parco, portanto deve-se gerir bem o dinheiro. A melhor utilização dos recursos é o Programa Saúde da Família, mas faz a ressalva de que a transição para um modelo assistencial como este não é fácil. Um dos principais problemas para o município implementá-lo é a sua manutenção, e cita como exemplo disso a inviabilidade financeira de se manter um médico no programa durante oito horas diárias. Ele conta a experiência da sua secretaria que implantou um PSF na zona rural do seu município sem nenhuma verba vinda do Ministério da Saúde. Ele aponta ainda que a ampliação do PSF depende de um aumento dos recursos, e que a única forma em que encontra solução para isso é por meio das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público2 (Oscip), pois somente dessa forma pode pagar um salário melhor para os profis-

2 Oscips são Organizações Não-Governamentais (ONGs), criadas pela iniciativa privada, que obtêm um cer-tificado emitido pelo poder público federal, ao comprovar o cumprimento de certos requisitos. Trata-se, assim, de uma entidade privada com finalidade pública. Uma organização dessas não substitui o Estado – apenas complementa suas ações e o auxilia a resolver problemas sociais. A figura jurídica em que se enquadram as Oscips é relativamente nova: a lei que as regulamenta é a n.º 9.790, de 23 de março de 1999. Essa lei permite que pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissionais), de direito privado sem fins lucrativos, sejam qualificadas, pelo poder público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).

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sionais, assim não entra na Lei de Responsabilidade Fiscal, porque a Oscip é considerada prestação de serviços.

Ainda em relação ao Programa Saúde da Família, o secretário reclama que não tem ferramentas para fazê-lo acontecer, pois como só pode ficar dois anos com o profissional, todo o seu trabalho e a capacitação investida nele são perdidos. Ele continua dizendo que houve a montagem do Programa por parte do governo, mas não na sua operacio-nalização, e, em relação a esse problema de recursos humanos no PSF, o Ministério da Saúde, o Ministério do Trabalho e o Ministério Público entram em discussão a respeito da seleção destes profissionais.

A Oscip resolve um pouco este problema, mas, para ele, infelizmente quase sempre tem que se dispensar o profissional. Outro problema encontrado é a falta de profissio-nais qualificados para atuar junto ao PSF. Apesar da expansão do programa, não existem médicos preparados para atuar nele. Sabe-se que em Minas Gerais existe uma primeira turma formada em residência em PSF.

O secretário afirma ainda que quando o PSF for gerido por recursos específicos, am-pliará inclusive a contratação de outros profissionais, como fisioterapeutas, nutricionistas, etc. Quando o Ministério da Saúde se conscientizar disso, ou seja, de que deve aplicar mais verbas no PSF, paulatinamente vai gastar menos com internações, como também nas consultas. Quando o PSF for uma política de fato, os problemas de saúde no País se-rão solucionados, pois saúde se faz de forma preventiva e não curativa.

Em relação aos dados do panorama de saúde das três regiões presentes mostrados anteriormente pela integrante do Projeto Políticas Públicas de Saúde, Michelle Moraes, o secretário comenta sobre os baixos índices de PSF mostrados sobre a questão dos re-cursos insuficientes do SUS para que se cubra as ações de média e alta complexidade. A questão das vagas hospitalares também é um problema, pois, apesar do SUS preconizar a universalização do acesso, o que ocorre na realidade é que o município acaba gastando com pessoas de outros municípios, onerando assim os seus recursos. O secretário de saú-de coloca como uma solução para essa questão o maior estreitamento nas relações entre os municípios da região, assim como os seus respectivos conselhos municipais.

A secretária municipal de saúde de Mangaratiba e representante da Região da Baía da Ilha Grande no Cosems, Vera Lúcia Ferreira Vieira, iniciou sua fala apontando os princi-pais parâmetros que os conselhos devem seguir para a construção do SUS. Um deles é a importância em relação ao retorno efetivo por parte dos conselheiros à sua base de todas as discussões que ocorrem nos conselhos. O que acontece, muitas vezes, é que ser conse-lheiro é somente se ter um título, pois não existe uma representação de fato. A secretária conclui ainda que só haverão mudanças no SUS por meio do poder de deliberação das efetivas representações da sociedade civil.

Outros parâmetros que devem nortear as ações dos conselhos diz respeito à sua re-lação com o Poder Legislativo, devem procurar parceria com o Ministério Público, assim como estabelecer diálogo/integração entre os conselhos municipais. Ela ressalta ainda que o controle social é o controle sobre o Estado. A luta para que se comece a Reforma

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Sanitária, é pela reorganização do sistema de saúde. Para tanto, deve haver a priorização sobre a atenção básica, uniformizando a malha sanitária. Quando isso acontecer, os con-selhos de saúde serão os grandes formuladores dessa nova política de saúde.

• Debate em PlenáriaApós as considerações da mesa, foi aberto o debate à plenária e os principais eixos

debatidos foram a estruturação do sistema de saúde e o exercício do controle social.

Em relação aos problemas na estruturação do sistema de saúde, foi colocado que existe uma falta de compromisso do governo do estado em relação à contrapartida aos municípios, já que alguns deles estão tendo que comprar vacinas. Ainda sobre esse tema, foi exposta a falta de profissionais, como assistentes sociais e fonoaudiólogos, dentro do PSF, e, portanto, na assistência básica.

O secretário de saúde de Miguel Pereira falou da impossibilidade de se calcular as epi-demias. Mencionou também alguns problemas que enfrenta na sua gestão como compra de remédios e internações.

O secretário de saúde de Resende cita as dificuldade que tem de realocação do teto, em seu município. Tem, por exemplo, uma clínica de hemodiálise pronta, mas está aguar-dando a liberação do extrateto, por isso, tem que usar o recurso da “política” para que seja resolvida a questão junto ao Ministério da Saúde, quando considera que a liberação deveria ser automática.

Em relação à integração de outros profissionais no PSF, o secretário diz que custa caro constituir uma equipe maior, pois não há verba para isso. Quanto à contrapartida do Estado, esta precisa ter como parâmetro as prioridades de cada município, por isso a importância do diálogo entre as três esferas de governo.

Lúcia Souto, da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saú-de, ao tratar dos principais problemas a serem enfrentados na Saúde, cita o problema que em muitos municípios, a administração da verba da Saúde é feita pelas secretarias de fazenda, e explica que isso geralmente ocorre pelo fato de os secretários de saúde não saberem administrar os recursos devido à sua falta de informação sobre saúde pública, por isso não tem condições de elaborar planos de saúde para os seus municípios. Ela citou que alguns gestores procuram superar essa dificuldade buscando uma formação em saúde pública e que cabe ao conselho exigir que os gestores sejam mais capacitados nesta área.

Também citou a precarização do trabalho como um dos grandes nós críticos do SUS, por isso que o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) está em discussão, entretanto outras determinações entram neste debate como, por exemplo, a Lei de Responsabili-dade Fiscal. Uma das alternativas para superação deste problema é a experiência de um concurso regional de base local que se passou no Estado do Ceará. Esta experiência é interessante para os municípios se espelharem.

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O secretário de Resende falou também dos problemas em relação à contrapartida de responsabilidade dos estados, que estas não são feitas segundo os critérios de priori-dades dos municípios. Citou ainda que não se pode premiar o município que está traba-lhando com metas sanitárias, deve-se fornecer uma assistência integral aos municípios. Por isso, a importância de que haja diálogo entre as três esferas de governo, pois o SUS é composto pelo Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais de saúde.

O conselheiro estadual, Orany Francisco de Araújo Sobrinho, criticou a atitude dos representantes das secretarias de saúde municipais de não convocarem o controle social para partilhar da negociação com o governo do estado, e disse que isso acontece devido ao fato de estarem interessados somente em “arranjos políticos”, e acrescentou que as ações regionais não avançarão enquanto não houver o apoio do governo estadual.

A professora Maria Inês apontou para o esforço que se deve fazer para a desprecarização do trabalho, citando a resolução do Conselho Nacional de Saúde que aponta para a con-tratação de recursos humanos para os SUS, via concurso público, até março de 2006. Ainda em relação à questão da precarização do trabalho, criticou as Oscips, enquanto alternati-va para resolver esse problema, pois ao contrário da resolução do Conselho Nacional, que fortalece o setor público, essas organizações são uma tentativa de privatização do setor.

Outro ponto destacado pela professora é a importância da construção de planos re-gionais de saúde, com a participação social, assim como o de consórcios com controle so-cial. Um exemplo importante nesse sentido é a construção do Plano de Saúde da Região Metropolitana II, fruto da mobilização ocorrida após o Seminário de Gestão Participativa que constituiu o fórum de saúde nesta região. A exemplo desse fórum, o aprofundamen-to das questões que envolvem a temática da saúde nas regiões devem ser examinadas, discutidas e resolvidas em um processo que demanda os diversos sujeitos sociais envol-vidos no setor Saúde, como os conselheiros, os trabalhadores de saúde, etc., incluindo também os secretários de saúde, para que haja um efetivo comprometimento, para, com isso, se criar uma agenda pública regional.

O secretário de saúde de Resende analisa que a forma de contratação de recursos hu-manos por meio de concurso público é algo muito difícil de se realizar, e a alternativa via consórcio é inviável, pois os contratos são referentes a serviços e não de pessoal. Acres-centa ainda que fazer o PSF de forma regional é algo incompreensível para ele, apesar de que ele gostaria que o Agente Comunitário de Saúde que faz um bom trabalho não saísse do programa, que permanecesse sempre o mesmo, entretanto, aquele que não foi rece-bido bem pela comunidade, e em caso de concurso, se tornaria um funcionário público, seria então colocado em outro serviço, isso tornaria as coisas mais difíceis.

Quanto às dúvidas sobre o exercício do controle social, uma conselheira dirigiu-se à professora Maria Inês solicitando esclarecimento sobre a fiscalização do orçamento, como a dificuldade dos conselheiros em entender esse tipo de documentação, além da falta de tempo para sua assimilação, já que as secretarias geralmente fazem a prestação de contas muito em cima da hora, e, muitas vezes, o conselheiro assina sem ter lido o documento.

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Ela questionou ainda se a solução para esse problema é que cada conselho tivesse uma comissão somente para analisar o orçamento.

Ainda sobre o controle social, também foi discutida a dificuldade de participar de eventos/fóruns como esses, pois os municípios não disponibilizam verba para os conse-lheiros participarem. Comentou-se também a proposta feita pelo secretário de Miguel Pereira em que os conselheiros deveriam acompanhar o cotidiano das secretarias, e que existem conselhos que fazem isso em hospitais. Outra sugestão feita foi a da criação de uma ouvidoria nos conselhos.

A professora Maria Inês responde que a questão do financiamento é um nó crítico para o conselho, e que a criação de comissões nos conselhos é uma estratégia para se viabilizar esse tipo de análise por parte dos conselheiros, assim como a criação de comis-sões que analisem outros temas como, por exemplo, a saúde do trabalhador e, quando for necessário, requerer assessoria técnica aos assuntos em que tiver dificuldades.

Outra luta que ela apontou para os conselhos é em relação a uma dotação orçamen-tária para que se garanta uma infra-estrutura para o seu funcionamento, e assim o conse-lho não fique dependendo de verba dos secretários.

Quanto à capacitação dos conselheiros, ela fala que deve se dar de forma permanen-te e constante, e não de forma temporal, como vem ocorrendo. Um importante passo para que isso ocorra é que sejam feitos projetos regionais de capacitação. Ela ressalta também que é importante a renovação de quadros nos conselhos, para que se amplie a democracia participativa.

O conselheiro estadual de saúde, Elias Silva, considera que o curso de capacitação de conselheiros proporciona conhecimentos que devem ser divulgados aos demais companheiros, ou seja, é importante que os conselheiros sejam multiplicadores do que aprenderam.

Lúcia Souto, do Ministério da Saúde, reforçou o papel dos conselheiros enquanto um instrumento para fortalecer as bases da Reforma Sanitária, que se iniciou, mas na prática não foi concretizada.

O secretário de Resende reforça o papel do conselho na luta pela efetivação da Emen-da Constitucional 29, para que o financiamento da saúde seja garantido, evitando os des-vios que estão acontecendo. Quanto à comentada questão da “politicagem” que ocorre em nome dos conselhos, ele ressalva que política deve ser feita em nome do interesse público de uma região.

Abriu-se para mais uma rodada de perguntas à mesa: Silvio fala sobre o esgotamento sanitário, pergunta sobre o meio ambiente, a poluição de rios, riachos e o que se pode fazer para melhorar nesta área. Pergunta para o secretário de Resende se ele vai dar apoio para capacitação dos conselheiros de saúde de Resende.

Neusa Pacheco (Quatis) diz que quando se fala de orçamento e suas funções, se traba-lha com o orçamento do governo anterior. O financiamento do SUS foi o tema de encon-

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

tro de seu grupo. Resolveram que o um grande nó da saúde em Quatis é o financiamento. Precisa estar alerta enquanto os conselheiros que não participam da gestão. Cidadania e participação é treino, e o cidadão é mais novo que o SUS. Deve-se treinar muito para ser bom gestor e conselheiro. Diz que ninguém prevê epidemia em seu orçamento. Coloca que se trabalhar família, PSF, SUS, estará resolvido o problema do Brasil.

Diogo Ruiz (Angra dos Reis) diz que o SUS é o melhor plano de saúde no mundo, basta consolidá-lo. Critica as falas sobre politicagem dos conselheiros, diz que o espaço é político, mas que gestor também faz politicagem. O fato de o conselheiro entrar é porque ele é capaz. O diálogo é importante, assim como a independência e o respeito mútuo. Isso é claro, a capacitação é importante e o usuário também deve estar informado das políticas públicas, sobre quanto vai se gastar, para que vai se fazer. Quer saber se existe controle social no consórcio. Critica a máxima de que tudo o que é público é ruim, diz que não, que o público pode e deve ser melhor que o privado. A obrigação do Estado é construir um sistema público de saúde melhor que o privado. É necessária a cobrança de vontade política, pois continua o problema de onde se encontra a verba. O Conselho Estadual de Saúde deve estar participando.

Luciana Kamel (ABIA) faz um comentário sobre a fala do secretário de Miguel Pereira. Quando afirma que não é possível prever a epidemia, lembra do exemplo do SUS. Dinhei-ro para controle de epidemia é do SUS, não mais do Banco Mundial. Pede para comentar como fica a questão de não prever uma epidemia.

Glória critica a fala do conselheiro Orany quando ele diz que as entidades jogam qualquer pessoa no conselho. Mostrou insatisfação em Resende. O cidadão não deve ser desprezado por não possuir capacitação. Diz que não vê o conselho estadual capacitan-do os conselheiros. Os conselheiros, principalmente os usuários, são considerados como ignorantes, em todo o Brasil.

Angelita Nascimento (CES/RJ) faz um aviso que alguns secretários de saúde estão proibindo os enfermeiros de atuar na gestão em certas regiões. Destaca que pode ser um dos desdobramentos com relação ao ato médico.

A mesa fez os comentários aos questionamentos e às colocações da plenária. Lúcia (MS) diz que toda a equipe de PSF é dividida em estrutura geopolítica. Assim, criam-se os distritos sanitários, e o PSF é a malha central para as ações de política sanitária. Destaca o estabelecimento de parâmetros e índices para que a saúde básica seja criada. O ato médico talvez seja uma ação mais assistencial, já na saúde dentro da família a ação é multidisciplinar.

O secretário de Resende diz que em dez meses não conseguiu a “disponibilização” de vaga em cardiologia e ortopedia, e responde que eles são referência básica. Responden-do sobre a questão ambiental, diz que não depende só dele, mas que podem contar com ele. Conta que, em outubro, se instituiu em vigilância ambiental. Instituiu uma equipe para fazer o controle de rios, solo. Diz que denúncia sem nome e sem município não tem

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

como se tomar uma atitude. Deve ser oficial para o vice-regional, pois está embasado, não precisa nem citar o nome.

A representante do Ministério da Saúde diz que a informação é truncada, que não é do gestor, é mais corporativismo. O secretário de Miguel Pereira acha que os enfermeiros devem fazer a denúncia e se forem demitidos devem continuar a luta. Cita desavenças com médicos quando liberou as enfermeiras para fazer o exame preventivo. Responden-do sobre o controle de epidemias, fala que para dengue e aids existem recursos. Quando falou de epidemias, falou em epidemias que não se prevêem, mas elas podem acontecer. Diz que Miguel Pereira é um local de veranistas e existem pessoas de outros municípios que estão sendo levadas para serem tratadas lá. A circulação de pessoas de fora aumenta o risco. Complementa dizendo que não se pode prever uma epidemia de tifo, de raiva, tem algo dentro do orçamento que pode lançar mão, mas não prevê.

A representante do Ministério da Saúde responde para Neuza dizendo que ela colo-cou uma questão importante sobre o orçamento, pois, se possui uma agenda pública, ela pode ultrapassar governos, porque os transcende. Ao afirmar a região de saúde, deve-se dialogar com outras esferas para saídas permanentes. Responde para Diogo sobre poli-ticagem, porque ela acha que se desqualifica uma importante palavra, que é a política. Lembrou que ele tem toda razão em dizer que o SUS é o maior plano de saúde do Brasil. Fala da dificuldade de referência e coloca que é importante a regionalização, e que ela seja de domínio público. Diz que é importante a meta de adequar os conselhos da região pela Resolução n.º 333/03, garantindo a paridade.

O conselheiro estadual e articulador da Região Médio-Paraíba, Elias Silva, fala que o conselho estadual deveria acompanhar os conselhos nas eleições. Há secretários que montam o conselho por eles mesmos. Cita o Município de Nova Friburgo, onde o con-selho estadual atuou para convocar uma plenária para montar um novo conselho, pois recebeu uma denúncia de que o conselho havia sido desmontado. Afirmou que os conse-lhos que quiserem ajuda podem solicitar e no Médio-Paraíba não vê dificuldades.

O conselheiro estadual e articulador da Região Metropolitana II, Orany Sobrinho, es-clarece que quando disse que as entidades jogam pessoas despreparadas no conselho, quis dizer que isso faz com que os conselheiros abandonem seus conselhos. Não pode admitir que o estado é o estado, ele é o cidadão, a sociedade, e tem que fiscalizar sim. Diz que é conselheiro municipal de Niterói, do conselho de moradores da região leste de Niterói, e que tem que passar por uma série de conselhos para aprovar os projetos. Tem garantia da relação entre município e entidades.

A professora Maria Inês ressalta três questões. A primeira é a conferência de gestão de trabalho estar discutindo educação permanente, verbas, plano de cargos, carreiras e salários, e desprecarização. Acha que este é o momento em que os municípios terão que convocar as conferências para aprofundar esta questão da precarização do trabalho. Se-gundo, é responsabilidade dos municípios a capacitação dos conselheiros, e alguns mu-nicípios estão capacitando. Não se pode ficar esperando a proposta federal ou estadual

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

de capacitação. Com apoio de fóruns, os articuladores dos conselhos e das regiões têm que criar, e não esperar que aconteça. Terceiro, algo que não foi entendido, a questão do ato médico que rompe com a proposta de intersetorialidade e interdisciplinaridade, pois é contrária a proposta do SUS. Por isso, devemos ser contra o ato médico.

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DA

REGIÃO CENTRO-SUL FLUMINENSE 1

Maria Inês Souza Bravo

Mariana Maciel do Nascimento Oliveira

O Estado do Rio de Janeiro, com uma área de 43.864,3 km², está dividido em 92 municípios, segundo o censo demográfico 2000 (IBGE), e apresenta uma população de 14.367.083 habitantes.

Estes municípios estão divididos em nove regiões geográficas, pelo Centro de Infor-mação e Dados do Rio de Janeiro (CIDE), órgão da Secretaria de Estado de Planejamento, quais sejam: Região Metropolitana (subdividida em Região Metropolitana I e Região Me-tropolitana II); Baía de Ilha Grande; Baixada Litorânea; Centro-Sul; Médio-Paraíba; Norte; Noroeste e Serrana, segundo o Projeto de Regionalização da Secretaria Estadual de Saú-de do Rio de Janeiro.

Figura 1. Mapa do Estado do Rio de Janeiro dividido por Regiões

NORTENORTE

microrregião2

microrregião1

CENTRO-SULCENTRO-SULmicrorregião1microrregião2

MÉDIO PARAÍBA

microrregião2microrregião1

MÉDIO PARAÍBA

BAIXADA LITORÂNEABAIXADA LITORÂNEA

microrregião2

microrregião1

METROPOLITANA 2METROPOLITANA 2METROPOLITANA 1METROPOLITANA 1

microrregião2microrregião3microrregião4microrregião5

microrregião1

NOROESTENOROESTE

microrregião2

microrregião1

BAÍA DA ILHA GRANDEBAÍA DA ILHA GRANDE

cenário prospectivo até 2004

REGIÕES E MICRORREGIÕES DE SAÚDE

SERRANASERRANA

microrregião2microrregião3

microrregião1

microrregião2microrregião3microrregião4

microrregião1

Carapebus

Macaé

Conceição de Macabu

Santa MariaMadalena

Campos dos Goytacazes

Quissamã

São Fidélis

CardosoMoreira

Miracema

São Joséde Ubá

Cambuci

Aperibé

Itaocara

Porciúncula

Natividade

ItaperunaLaje doMuriaé

Varre-Sai

BomJesus de Itabapoana

São Franciscode Itabapoana

SãoJoão da

Barra

Santo Antôniode Pádua

Italva

Com. Levy Gasparian

Macuco

Cantagalo

Três Rios

Sapucaia

Trajano de Morais

Carmo

SãoSebastiãodo Alto

ArealParaíbado Sul

Paty do Alferes

Cordeiro

BomJardim

Duas Barras

Nova Friburgo

Cachoeirasde Macacu

Teresópolis

S.José do Vale do

Rio Preto

Guapimirim

Sumidouro

PortoReal

Rio Claro

Valença

Rio das Flores

Barra do Piraí

Barra Mansa

VoltaRedonda

Pinheiral

Piraí

Petrópolis

Rio Claro

Engº Paulode Frontin

Mendes

Paracambi

Miguel Pereira

Vassouras

Parati

Angra dos Reis

MangaratibaItaguaí

Seropédica

Queimados

Japeri

Duquede Caxias Magé

Nilópolis

S. João de Meriti

Rio de Janeiro

NovaIguaçu

S. Gonçalo

NiteróiMaricá

Saquarema

Rio Bonito Araruama

Silva Jardim

Magé

ItaboraíTanguá

Cabo Frio

Rio das OstrasCasimiro

de Abreu

IguabaGrande

S.Pedroda Aldeia

Arraial do Cabo

Armação de BúziosBelford Roxo

Mesquita

Quatis

Itatiaia

Resende

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, 2005.

1 Este item contou com a colaboração das seguintes pessoas para a coleta de dados: Aydee Valério de Souza Albino, Lia Rocha Gomes, Matheus Thomaz da Silva, Renata Moraes Cardozo e Tatiana dos Santos Borsoi.

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

A região do Centro-Sul Fluminense, objeto do nosso trabalho, é composta pelos se-guintes municípios: Areal, Comendador Levy Gasparian, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paraíba do Sul, Paty dos Alferes, Sapucaia, Três Rios e Vassouras. Esses municípios possuem um total de população correspondente a 18% dos habitantes do Estado do Rio de Janeiro (254.103 habitantes).

Figura 2. Mapa da Região Centro-Sul do Rio de Janeiro

Fonte: www.saude.rj.gov.br.

No quadro a seguir pode-se observar o número de habitantes por quilômetro qua-drado em cada município da região.

Quadro 1. Densidade Demográfica da Região Centro-Sul

Densidade Demográfica

Estado do Rio de Janeiro Nível de governo

Municípios (hab/km2)

Comendador Levy Gasparian 72,3

Engenheiro Paulo de Frontin 85,1

Mendes 179,7continua

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Densidade Demográfica

Estado do Rio de Janeiro Nível de governo

Municípios (hab/km2)

Miguel Pereira 82,7

Paraíba do Sul 63,4

Paty do Alferes 83,2

Sapucaia 31,8

Três Rios 224,2

Vassouras 59,0

Fonte: CIDE, 2000.

Antiga região cafeeira, o Centro-Sul Fluminense viveu, durante algumas décadas, as conseqüências da decadência desta cultura e, hoje, sua economia apóia-se na criação de gado, na olericultura e no turismo. Essa atividade tem provocado um forte parcelamen-to do solo, principalmente nos municípios próximos à Região Metropolitana, enquanto algumas grandes propriedades estão sendo transformadas em hotéis – fazendas e sítios de lazer.

O Município de Três Rios destaca-se nesse contexto como importante entroncamento rodoferroviário e com uma significativa produção industrial, em especial, produtos ali-mentares e materiais ferroviários, além de ser o município mais populoso, com 71.976 habitantes.

Quadro 2. Pessoas Ocupadas com Carteira Assinada, por Setores de Atividade Econômica, na Região Centro-Sul do Rio de Janeiro

Município

ind

ústr

ia d

e tr

ansf

orm

ação

serv

iços

indu

stri

ais

de u

tilid

ade

públ

ica

con

stru

ção

civi

l

com

érci

o

serv

iços

adm

inis

traç

ão

púb

lica

agro

pec

uári

a

Tota

l

TOTAL 5.776 788 670 8.740 13.907 6.958 1.724 38.563

Areal 543 412 218 279 1.075 334 73 2.934

Comendador Levy Gasparian

149 0 70 343 75 260 64 961

Engenheiro Paulo de Frontin

351 2 0 169 168 435 99 1.224

continua

continuação

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

Município

ind

ústr

ia d

e tr

ansf

orm

ação

serv

iços

indu

stri

ais

de u

tilid

ade

públ

ica

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o

serv

iços

adm

inis

traç

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púb

lica

agro

pec

uári

a

Tota

l

TOTAL 5.776 788 670 8.740 13.907 6.958 1.724 38.563

Mendes 264 13 15 371 382 124 9 1.178

Miguel Pereira 124 20 44 855 805 777 103 2.737

Paraíba do Sul 1.131 12 80 1.027 1.674 826 403 5.169

Paty do Alferes 85 0 1 437 190 718 101 1.532

Sapucaia 138 10 10 754 351 857 221 2.380

Três Rios 2.746 316 206 3.634 6.658 1.514 374 15.542

Vassouras 245 3 26 871 2.529 1.113 277 5.072

Fonte: Ministério do Trabalho: RAIS.

Este potencial do Município de Três Rios o difere dos demais municípios da região quanto ao Índice de Qualidade dos Municípios (IQM) – carências, pois Três Rios aparece entre os dez primeiros municípios com menor carência no Estado do Rio de Janeiro. O Município de Engenheiro Paulo de Frontin tem um contingente populacional de 12.164 habitantes e o seu IQM – carências chega a 61,2%. Os demais municípios encontram-se da seguinte maneira:

Quadro 3. Índice de Qualidade dos Municípios – Carências

Município IQM – Carência (%) População Geral

Comendador Levy Gasparyan 59,8 7.824

Sapucaia 59,1 24.931

Paty do Alferes 57,6 24.931

Areal 55,2 9.899

Paraíba do Sul 54,2 37.410

Mendes 53,8 17.289

Vassouras 52,8 17.157

Miguel Pereira 52,3 23.902

Três Rios 45,0 71,976

Engenheiro Paulo de Frontin 61,2 12.164

Fonte: Censo IBGE 2000.

continuação

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Por meio do IQM – carências, da região do Centro-Sul Fluminense, percebe-se que esta região necessita de investimentos para alcançar um melhor posicionamento socioe-conômico no estado. São aproximadamente 200.000 pessoas vivendo em condições situ-ada a baixo da média geral de qualidade de vida, no Estado do Rio de Janeiro.

Nas últimas eleições para o Governo do Estado do Rio de Janeiro, foi a Região Centro-Sul Fluminense que mais votou na atual governadora do Rio de Janeiro, chegando a qua-se 90% dos votos válidos depositados no Partido Socialista Brasileiro (PSB). Acompanhan-do a movimentação política do atual Secretário de Estado, o ex-governador Antony Garo-tinho, as prefeituras da região – que no ano de 2002 foram para o PSB, em meados do ano de 2003 –, migraram para o Partido da Mobilização Democrática Brasileira (PMDB).

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

3 PANORAMA SANITÁRIO DA REGIÃO CENTRO-SUL/RJ1

Maria Inês Souza Bravo

Mariana Maciel do Nascimento Oliveira

3.1 PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE

Os principais problemas e desafios identificados na área da Saúde nesta Região foram chamados de “macroproblema” e de “descritores” os fatores que indicam a sua existência, contribuindo também para a sua persistência. Estes dados foram retirados do Plano Esta-dual de Saúde do Rio de Janeiro (2001-2004).

Quadro 4. Principais Problemas de Saúde da Região Centro-Sul

Macroproblema Descritores

1. Deficiência na atenção à saú-de materno-infantil.

• Elevadoíndicedecesarianaselaqueaduras;• Insuficiênciadecursosdecapacitaçãoparaosprofissionais

da rede básica; • Concentraçãodademandanaredehospitalarconveniada;• NúmeroinsuficientedeleitosemUTIsneonatais;• Dificuldadeparareferenciargestantesdealtorisco.

2. Insuficiência de atividades de promoção à saúde.

• Poucasaçõesvoltadasparaaeducaçãoemsaúde;• Deficiênciadeaçõesdecaráterpreventivo;• PoucaarticulaçãodosetorSaúdecomosdemaissetoresda

administração pública e da sociedade.

3. Deficiência no sistema de in-formação em saúde.

• Fluxodeinformaçãodeficiente;• Demoranacirculaçãodosdados;• Baixonúmerodeunidadesinformatizadas.

4. Baixa cobertura pelo PSF. • Coberturade49,24%dapopulaçãodaregião.

5. Deficiência na organização das ações de controle da tu-berculose.

• Aumentodaincidênciadetuberculose;• Baixacaptaçãodepacientes.

6. Estrangulamento no acesso aos serviços e procedimen-tos de média e alta comple-xidade.

• Inexistênciademecanismosderegulação(protocolos,pro-gramação, fluxo, etc.) para procedimentos de média e alta complexidade;

• Baixacoberturanasaçõeshemoterápicas–poucosmunicí-pios ofertam o elenco do mínimo da média complexidade;

• ControleineficientedaPortadeEntradaemSaúdeMental;• Poucaofertadehospitaismunicipaisouregionais;• Faltadecredenciamentodaunidadedetratamentointensi-

vo neonatal.

1 Este item contou com a colaboração das seguintes pessoas para a coleta de dados: Aydee Valério de Souza Albino, Lia Rocha Gomes, Matheus Thomaz da Silva, Renata Moraes Cardozo e Tatiana dos Santos Borsoi.

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

3.2 INDICADORES DE NATALIDADE E MORTALIDADE

3.2.1 NatalidadeA taxa de natalidade refere-se ao número de nascimentos a cada ano. Ela expressa

o número de crianças nascidas vivas para cada grupo de mil habitantes. Vale a pena co-mentar que as taxas de natalidade variam de um grupo de país para outro, e refletem as condições de vida de suas populações.

Para dar prosseguimento à análise, pode-se observar os dados a seguir, retirados do DATASUS (BRASIL, 2002) e apresentar o número de nascidos vivos no período de 1995 a 2002.

Verifica-se que na Região Centro-Sul, no período (1995-2002), houve uma queda na taxa de natalidade (Quadro 5), exceto no Município de Miguel Pereira, que registra au-mento até o ano de 2000, decresce em 2001 e volta a subir em 2002, mas não chega à marca dos anos de 1998, 1999 e 2000.

Quadro 5. Nascidos Vivos na Região Centro-Sul (1995 – 2002)

Município 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Estado 268.173 266.463 268.549 268.968 258.284 268.213 259.118 242.360 232.232

Areal 236 287 237 165 184 219 190 192 175

Comendador Levy Gasparian

118 130 132 133 113 137 152 112 122

Engenheiro Paulo de Frontin

211 212 221 177 206 189 210 197 196

Mendes 256 307 237 307 276 284 267 274 253

Miguel Pereira 437 365 376 442 418 404 418 353 369

Paraíba do Sul 629 651 691 640 630 542 493 637 552

Paty do Alferes 431 522 472 517 454 455 437 428 420

Sapucaia 120 147 121 134 123 159 171 237 198

Três Rios 1.457 1.505 1.063 1.510 1.434 1.454 1.448 1.240 1.217

Vassouras 688 727 656 726 652 696 727 639 601

Total Centro-Sul 4.583 4.853 4.206 4.751 4.490 4.539 4.513 4.309 4.103

Fonte: MS/SVS/Dasis – Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

3.2.2 Tipo de partoA tabela a seguir mostra o tipo de parto registrado, no ano de 2002, da região Cen-

tro-Sul.

Quadro 6. Nascidos Vivos por Tipo de Parto na Região Centro-Sul (2002)

Município Vaginal Cesário Ignorado Total

Estado 131. 196 127. 292 692 259. 180

Areal 107 68 - 175

Comendador Levy Gasparian 77 45 - 122

Engenheiro Paulo de Frontin 72 124 - 196

Mendes 75 178 - 253

Miguel Pereira 193 173 3 369

Paraíba do Sul 284 268 - 552

Paty do Alferes 216 199 5 420

Sapucaia 93 105 - 198

Três Rios 749 467 1 1.217

Vassouras 325 275 1 601

Total Centro-Sul 2.191 1.902 10 4.103

Fonte: MS/SVS/Dasis – Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

Nos municípios de Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Vassouras, Sapucaia e Para-cambi, os partos por cesária ultrapassam o número de partos vaginais. No Município de Paracambi essa diferença é superior a 100%.

3.2.3 MorbidadeO Quadro 7 mostra as principais causas de óbito na Região Centro-Sul Fluminense.

Observa-se que a principal causa de morte são as doenças do aparelho circulatório. A segunda principal causa de morte na região são as causas externas de morbidade e mor-talidade, que estão relacionadas ao crescimento da violência social, e em terceiro lugar as neoplasias ou tumores.

Quadro 7. Principais Causas de Óbitos na Região Centro-Sul

Mun

icíp

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spir

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io

Região Centro-Sul Fluminense

58 203 19 703 205 180

Areal 0 11 0 24 11 9continua

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34

1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

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Comendador Levy Gasparian

4 1 0 12 3 3

Engenheiro Paulo de Frontin

3 8 1 45 6 10

Mendes 7 17 1 72 17 12

Miguel Pereira 5 34 3 54 17 14

Paraíba do Sul 5 28 2 128 30 20

Paty do Alferes 3 13 0 40 28 11

Sapucaia 2 9 3 29 4 7

Três Rios 19 53 4 201 48 56

Vassouras 10 29 5 98 41 38

Fonte: CIDE, 2002.

3.2.4 Mortalidade infantilCom relação à taxa de mortalidade infantil, pode-se observar que tanto no estado

quanto na Região Centro-Sul do Rio de Janeiro, houve uma queda, se observarmos o intervalo analisado (Quadro 8). A morte das crianças menores de 1 ano é diretamente influenciada pelas condições de nutrição, habitação, saneamento, educação, situação so-cioeconômica, disponibilidade de assistência ao pré-natal e ao parto.

Quadro 8. Taxa de Mortalidade Infantil na Região Centro-Sul

Taxa bruta de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos)

Regiões de

Governo e

municípios

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

Estado 30,16 29,06 29,87 28,94 27,74 25,63 24,18 22,54

Região Centro-Sul

Fluminense31,29 30,70 31,61 32,44 35,11 32,51 31,16 28,74

Areal - - - 37,09 25,00 20,32 17,06 30,97

Comendador Levy

Gasparian- - - 25,08 28,95 27,85 47,62 47,12

Engenheiro Paulo

de Frontin34,88 31,20 28,21 27,03 27,95 29,51 29,80 28,91

continuação

continua

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35

S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Taxa bruta de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos)

Regiões de

Governo e

municípios

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

Mendes 31,35 23,04 30,95 28,31 30,00 25,85 26,83 20,79

Miguel Pereira 27,97 28,71 30,81 37,97 39,90 36,35 28,32 29,30

Paraíba do Sul 26,52 25,45 24,96 27,82 33,49 37,34 37,23 35,54

Paty do Alferes 17,92 29,58 33,43 32,97 23,86 23,83 21,48 25,26

Sapucaia 8,38 10,80 17,34 31,00 46,39 44,78 55,56 65,38

Três Rios 38,72 35,01 32,85 33,03 42,73 38,74 33,19 24,86

Vassouras 41,46 41,53 42,17 35,23 33,80 26,08 28,52 25,10

Fonte: CIDE, 2002.

A taxa de mortalidade infantil no estado tem caído gradualmente enquanto que na região, no período de 1993-1995, essa taxa aumentou só voltando a diminuir em 1994, mesmo assim manteve um índice superior aos anos de 1991 e 1992. Nos municípios de Sapucaia e de Levy Gasparian, as taxas estão mais de 100% acima do índice estadual.

continuação

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37

S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

4 REDE DE SERVIÇOS DA REGIÃO CENTRO-SUL/RJ1

Maria Inês Souza Bravo

Mariana Maciel do Nascimento Oliveira

4.1 MICRORREGIÕES

De acordo com o Plano Diretor de Regionalização do Estado do Rio de Janeiro, a Região Centro-Sul (CS) possui uma população de 294.987 habitantes, representando 2,05% da po-pulação total do estado. A região foi subdividida em duas microrregiões: Centro-Sul I (CS I) e Centro-Sul II (CS II).

Os municípios de Três Rios e Vassouras deverão atuar como referência especializada para terapia renal substitutiva (TRS), hemoterapia e na área hospitalar de maior comple-xidade.

A regulação dos fluxos de referência e contra-referência intermunicipal deverá ser feita por uma central de regulação, localizada em Três Rios.

As prioridades de intervenção na região são: assistência farmacêutica, atenção mater-no-infantil, expansão e interiorização da rede estadual pública de hemoterapia e hema-tologia, integração com os municípios na área de Saúde, Saúde da Família, Promoção e Vigilância em Saúde e qualificação dos profissionais.

• MicrorregiãoCSI

Compreende os municípios de Três Rios, Areal, Comendador Levy Gasparian, Sapu-caia e Paraíba do Sul, que totalizam 144.250 habitantes. O município de referência para média complexidade II e III é Três Rios. Esta microrregião está subdividida em dois módu-los assistenciais:

• Módulos Assistenciais

Módulo Assistencial CS I.1 – Três Rios

Neste primeiro módulo estão os municípios de Três Rios (sede), Areal, Comendador Levy Gasparian e Sapucaia, que totalizam 106.874 habitantes e 298 leitos.

Três Rios, que será o município-sede deste módulo assistencial, tem 71.962 habitan-tes e 247 leitos. Esses leitos estão distribuídos em: clínica psiquiátrica (49,39%), clínica médica (20,65%), clínica cirúrgica (13,36%), clínica obstétrica (9,72%), clínica pediátrica (6,07%) e fora de possibilidade terapêutica (0,81%).

1 Este item contou com a colaboração das seguintes pessoas para a coleta de dados: Aydee Valério de Souza Albino, Lia Rocha Gomes, Matheus Thomaz da Silva, Renata Moraes Cardozo e Tatiana dos Santos Borsoi.

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

Três Rios referencia procedimentos de alta complexidade para Rio de Janeiro e de média complexidade para Vassouras e Rio de Janeiro. Este município é referência nos seguintes procedimentos de média complexidade: colangiografia venosa com tomogra-fia, rubéola, anti-HBS, ELISA (anti-HIV 1 e 2), coleta de lavado brônquico, TSH, Beta HCG, clister opaco, fenotipagem do sistema Rh e urografia venosa com nefrotomografia, e re-ferência na alta complexidade em tomografias.

Os procedimentos de média complexidade atualmente referenciados para outros municípios como Vassouras e Rio de Janeiros deverão, progressivamente, ser realizados em Três Rios. Além disso, este deverá atender a outros municípios de sua microrregião, no que diz respeito a procedimentos de média complexidade.

Areal possui uma população de 9.843 habitantes e 30 leitos contratados pelo SUS, nas especialidades básicas, e referencia procedimentos de alta complexidade para Três Rios e de média complexidade para Vassouras, Niterói, Sapucaia, São José do Vale do Rio Preto e Rio de Janeiro. Todos os procedimentos de Média Complexidade I serão encaminhados para o município-sede do módulo, que é Três Rios.

Comendador Levy Gasparian conta com 7.922 habitantes e não possui leitos cadas-trados no SUS. Pacientes que necessitam de serviços de alta complexidade são referen-ciados para o Rio de Janeiro e Três Rios e de média complexidade para Três Rios, Vassou-ras e Rio de Janeiro.

Sapucaia tem 17.147 habitantes e 21 leitos, distribuídos pelas especialidades básicas. Este município referencia procedimentos de alta complexidade para Rio de Janeiro e Três Rios e de média complexidade para Vassouras, Três Rios, Niterói e Rio de Janeiro.

Módulo Assistencial CS I.2 – Paraíba do Sul

O segundo módulo é composto apenas pelo Município de Paraíba do Sul, cuja popu-lação é de 37.376 habitantes e possui 61 leitos, distribuídos pelas seguintes especialida-des: 32,79% na clínica médica, 27,87% na clínica pediátrica, 19,67% na clínica cirúrgica e 19,67% na clínica obstétrica. Atualmente, Paraíba do Sul referencia procedimentos de alta complexidade para Rio de Janeiro e Três Rios e de média complexidade para Vassouras, Petrópolis e Três Rios.

• Microrregião CS II

Compreende os municípios de Vassouras, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes e Paracambi que totalizam 150.737 habitantes. Essa microrre-gião é composta por quatro módulos assistenciais e o município-pólo para média com-plexidade é Vassouras.

Módulo Assistencial CS II.1 – Vassouras

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39

S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Esse módulo é composto pelo Município de Vassouras, cuja população é de 31.402 habitantes e possui 346 leitos credenciados ao SUS. Estes leitos estão distribuídos pe-las seguintes especialidades: 34,68% na clínica psiquiátrica, 31,50% na clínica médica, 15,03% na clínica cirúrgica, 9,25 % na clínica obstétrica e 9,54% na clínica pediátrica.

Vassouras referencia procedimentos de alta complexidade para Rio de Janeiro, Barra do Piraí e Petrópolis, e alguns procedimentos de média complexidade para Barra do Piraí, Niterói e Rio de Janeiro. Este município é referência nos seguintes procedimentos de mé-dia complexidade: mamografia, ecografias, laringoscopia, olfatometria, audiometria, ele-trococleografia, ureteroscopia, urodinâmica, USG, exame citopatológico cérvico-vaginal, EEG e bolsa de colostomia. Levando em conta a atual capacidade instalada de serviços do município e a possibilidade de expansão da oferta prevista no Plano Diretor de Investi-mentos, Vassouras deverá ser referência microrregional para média complexidade II e III.

Módulo Assistencial CS II.2 – Miguel Pereira

Esse módulo é composto pelos municípios de Miguel Pereira (sede) e Paty do Alferes, com uma população de 49.454 habitantes e totaliza 67 leitos hospitalares distribuídos entre as especialidades básicas.

O Município de Miguel Pereira tem uma população de 23.889 habitantes, 67 leitos credenciados, onde 13,43% são de clínica cirúrgica, 43,28% de clínica médica, 23,88% de clínica pediátrica e 19,40% clínica obstétrica.

Miguel Pereira referencia procedimentos de alta complexidade para Rio de Janeiro e Cabo Frio. Os procedimentos de média complexidade II e III que não são realizados no próprio município deverão ser referenciados para Vassouras. Todos os procedimentos do elenco mínimo da média complexidade serão realizados em seu próprio território.

O Município de Paty do Alferes tem uma população de 25.565 habitantes e não pos-sui leitos credenciados ao SUS. O conjunto de procedimentos da média complexidade I não realizados no município serão encaminhados para o município-sede deste módulo, que é Miguel Pereira.

Módulo Assistencial CS II.3 – Engenheiro Paulo de Frontin

O terceiro módulo assistencial desta microrregião é formado pelos municípios de En-genheiro Paulo de Frontin (sede) e Mendes, totalizando uma população de 29.469 habi-tantes e com 189 leitos cadastrados.

O Município de Engenheiro Paulo de Frontin conta com 12.163 habitantes e 144 lei-tos, distribuídos pelas seguintes especialidades: 9,03% na clínica médica, 2,08% na clínica pediátrica, 3,47% na clínica cirúrgica, 3,47% na clínica obstétrica e 81,25% na clínica psi-quiátrica. Engenheiro Paulo de Frontin referencia procedimentos de alta complexidade para Barra do Piraí e Petrópolis, e de média complexidade para Barra do Piraí, Volta Re-

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

donda, Niterói e Rio de Janeiro. Tais referências deverão ser redirecionadas para Vassou-ras, no decorrer da implementação deste Plano.

Mendes tem 17.306 habitantes e 45 leitos, distribuídos pelas seguintes especialida-des: 57,78% na clínica médica, 2,22% na clínica pediátrica, 17,78% na clínica cirúrgica, 17,78% na clínica obstétrica, 2,22% na clínica psiquiátrica e 2,22% para pacientes fora de possibilidade terapêutica. Os pacientes que necessitam de serviços de alta complexidade são remetidos aos municípios do Rio de Janeiro e Barra do Piraí, e média complexidade para Barra do Piraí, Niterói, Vassouras e Rio de Janeiro. Todos os procedimentos de mé-dia Complexidade I deverão ser encaminhados para Engenheiro Paulo de Frontin, exceto aqueles que o município tiver capacidade para realizar em seu próprio território.

Módulo Assistencial CS II.4 – Paracambi

Este módulo é formado somente pelo Município de Paracambi, que possui 40.412 habitantes e 1.835 leitos contratados ao SUS. Ao distribuir os leitos pelas especialidades tem-se a seguinte divisão: 91,12% de clínica psiquiátrica, 1,36% clínica cirúrgica, 4,14% na clínica médica, 1,04% na clínica obstétrica e 2,23% na clínica pediátrica.

Paracambi referencia, atualmente, procedimentos de alta complexidade para Rio de Janeiro, Petrópolis e Barra do Piraí e de média complexidade para São João de Meriti e Rio de Janeiro.

4.2 REDE HOSPITALAR

A rede hospitalar da região é composta por 12 hospitais, sendo que somente o Mu-nicípio de Areal possui hospital municipal, e este é o único hospital público da região. A metade dos hospitais da região é filantrópica e cerca de 33% são contratados.

Quadro 9. Hospitais Credenciados por Natureza do Hospital na Região Centro-Sul

Nível de governo

Hospitais credenciados por natureza

Tota

l

Próp

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Con

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Esta

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l

Mun

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al

Fila

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rio

Estado 397 20 165 28 86 80 18

Municípios

Areal 1 - - - 1 - -

Comnedador Levy Gasparian

- - - - - - -

continua

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41

S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Nível de governo

Hospitais credenciados por natureza

Tota

l

Próp

rio

ou

fed

eral

Con

trat

ado

Esta

dua

l

Mun

icip

al

Fila

ntró

pic

o

Un

iver

sitá

rio

Estado 397 20 165 28 86 80 18

Engenheiro Paulo de Frontin

2 - 1 - - 1 -

Mendes 1 - - - - 1 -

Miguel Pereira 2 - 1 - - 1 -

Paraíba do Sul 1 - - - - 1 -

Paty do Alferes - - - - - - -

Sapucaia 1 - - - 1 - -

Três Rios 3 1 2 - - 1 -

Vassouras 3 - 1 - - 1 1

Total Centro-Sul 14 - 5 - 2 6 1

Fonte: CIDE, 2002.

No próximo quadro pode-se perceber que a oferta de leitos é insuficiente, pois corres-ponde somente acerca de 0,4% da população da região (1.090 leitos para uma população de 294.987 habitantes), com absoluta predominância do setor privado (97,25% dos leitos).

Há também um hospital universitário que oferece cerca de 17% dos leitos da região, porém se trata de uma universidade privada.

Quadro 10. Leitos Contratados em Hospitais Credenciados por Natureza do Hospital na Região Centro-Sul

Nível de governo

Leitos contratados em hospitais credenciados por natureza

Tota

l

Próp

rio

ou

fed

eral

Con

trat

ado

Esta

dua

l

Mun

icip

al

Fila

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pic

o

Un

iver

sitá

rio

Estado 56.092 4.369 22.408 6.099 9.702 9.504 4.010

Municípios

Areal 30 - - - 30 - -

Comnedador Levy Gasparian

- - - - - - -

continuação

continua

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42

1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

Nível de governo

Leitos contratados em hospitais credenciados por natureza

Tota

l

Próp

rio

ou

fed

eral

Con

trat

ado

Esta

dua

l

Mun

icip

al

Fila

ntró

pic

o

Un

iver

sitá

rio

Estado 56.092 4.369 22.408 6.099 9.702 9.504 4.010

Engenheiro Paulo de Frontin

162 - 116 - - 46 -

Mendes 56 - - - - 56 -

Miguel Pereira 160 - 70 - - 90 -

Paraíba do Sul 61 - - - - 61 -

Paty do Alferes - - - - - - -

Sapucaia 21 - - - 21 - -

Três Rios 359 - 168 - - 191 -

Vassouras 421 - 120 - - 119 182

Total Centro-Sul 1.270 - 474 - 51 563 182

Fonte: CIDE, 2002.

É perceptível também que as especialidades com maior número de leitos contrata-dos em hospitais credenciados são, respectivamente: psiquiatria (33,2%), clínica médica (30,8%) e clínica cirúrgica (16,8%) que, ao todo, cobrem cerca de 80% do número total de leitos (quadro abaixo).

Esses números demonstram que há uma certa distorção em relação ao atendimento voltado para os principais problemas de saúde da população.

Neste mapeamento coloca-se, conforme fonte: Plano Estadual de Saúde (SES), 2001, que entre as principais deficiências estão a atenção à saúde materno-infantil e insuficiên-cia de atividades de promoção a saúde.

O que se vê é um elevado número de leitos em psiquiatria, que foi uma característica do modelo de “privilegiamento” do produtor privado na Saúde e que é questionado pelo movimento de Reforma Sanitária.

continuação

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43

S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Quadro 11. Leitos Contratados em Hospitais Credenciados por Especialidade na Região Centro-Sul

Nível de governo

Leitos contratados em hospitais credenciados por especialidade

Tota

l

Clín

ica

ci

rúrg

ica

Clín

ica

obst

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ca

Clín

ica

méd

ica

Psiq

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ria

Ped

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ia

Crô

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e FP

T

Out

ras

Estado 56.092 10.362 5.270 13.344 14.462 5.579 5.929 1.146

Areal 30 5 6 10 - 6 3 -

Comnedador Levy Gasparian

- - - - - - - -

Engenheiro Paulo de Frontin

162 8 8 25 117 3 1 -

Mendes 56 10 10 33 1 1 1 -

Miguel Pereira 160 43 33 66 - 18 - -

Paraíba do Sul 61 12 12 20 - 17 - -

Paty do Alferes - - - - - - - -

Sapucaia 21 - - 16 - 5 - -

Três Rios 359 66 41 102 122 26 2 -

Vassouras 421 87 44 137 120 33 - -

Total Centro-Sul 1.270 231 154 409 360 109 7 -

Fonte: CIDE, 2002.

4.3 REDE AMBULATORIAL

A rede ambulatorial conta com 216 unidades, conforme o quadro a seguir, das quais a maior oferta de serviços de saúde ocorre por meio de policlínicas. O número de outras unidades é elevado porém não se tem a informação de qual natureza são essas outras unidades. Observa-se um número reduzido de prontos-socorros, apenas seis em uma re-gião com 11 municípios, como podemos observar no quadro seguinte.

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

Quadro 12. Unidades Ambulatoriais por Tipo de Unidade na Região Centro-Sul

Mun

icíp

io

Post

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soco

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Out

ras

unid

ades

Tota

l

Região Centro-Sul Fluminense

18 25 30 7 7 6 123 216

Areal 1 2 0 0 0 1 1 5

Comendador Levy Gasparian

0 3 2 0 0 0 1 6

Engenheiro Paulo de Frontin

2 1 1 0 0 1 12 17

Mendes 0 5 1 1 0 0 6 13

Miguel Pereira 8 0 16 1 2 0 8 35

Paraíba do Sul 1 0 3 0 1 2 33 40

Paty do Alferes 0 4 2 0 3 0 9 18

Sapucaia 6 2 2 1 0 1 10 22

Três Rios 0 1 2 2 1 1 25 32

Vassouras 0 7 1 2 0 0 18 28

Fonte: CIDE, 2002.

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

5 CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DA REGIÃO CENTRO-SUL/RJ

Mariana Maciel do Nascimento Oliveira

Os consórcios intermunicipais de saúde têm sido amplamente difundidos no Brasil e representam parcerias entre governos municipais voltadas ao provimento de especialida-des médicas ou serviços de maior complexidade, envolvendo principalmente municípios de pequeno e médio portes. Em geral, são criadas organizações de caráter privado que administram os fundos públicos alocados por sistemas de cotas fixas e por utilização. Os consórcios constituem sistemas abrangentes nas microrregiões onde são instalados e, nas experiências exitosas, ordenam o conjunto da assistência à saúde.

A criação de consórcios intermunicipais de saúde no Brasil remonta à década de 80. As primeiras experiências desenvolvidas a partir de 1986 forneceram elementos para a sua normatização pela Lei n.º 8.080, que estabelece em seu artigo 10:

Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver, em conjunto,

as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.

§ 1.º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da

direção única e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua obser-

vância (BRASIL, 1990a, art. 10).

Ainda nessa Lei, ao dispor sobre as funções do gestor municipal, o artigo 18 define que “à direção municipal do Sistema Único de Saúde (SUS), compete:

(...) VII - formar consórcios administrativos intermunicipais” (BRASIL, 1990a, art. 18).

A formação dos consórcios desde então tem sido estimulada por administrações re-centes do Ministério da Saúde e de algumas secretarias estaduais de saúde. Dessa forma, devido às necessidades locais aliadas à indução institucional, essas modalidades difun-diram-se por todo o país, sendo mais comuns em estados do Sul e Sudeste. Governos estaduais têm oferecido incentivos para o desenvolvimento dessas parcerias locais, mos-trando, entretanto, dificuldades em assegurar sua sustentabilidade.

Pelo tipo de administração e regras de funcionamento, os consórcios se apresentam como alternativas organizacionais que promovem maior flexibilidade gerencial para aquisição de equipamentos, contratação de pessoal e implementação de programas de incentivo.

Dessa forma, podem ser caracterizados como organizações semipúblicas do setor Saúde e que antecedem o próprio projeto das organizações sociais formuladas pelo Go-verno Federal (BRASIL, 1995). Representam, por outro lado, juntamente com as demais iniciativas cooperativas, fundações privadas, entidades filantrópicas, organizações não-

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

governamentais, mudanças organizacionais marcantes na esfera pública, orientadas à re-solução de problemas imediatos, porém de sustentabilidade incerta.

Porém não podemos deixar de analisar os consórcios de caráter privado, pois estes podem acabar virando cabide de empregos, já que não realizam concursos públicos. Ou-tro fator importante é que a Lei n.º 11.107, de 6 de abril de 2005, garante que os consór-cios de saúde sejam mantidos tal como delineados na lei do SUS e, portanto, tenham a participação do controle social.

O Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Centro-Sul Fluminense teve sua assinatura, em março de 1998, sendo composto por 11 municípios: Comendador Levy Gasparian, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Sapucaia, Três Rios, Vassouras e Areal, todos da mesma região, além de São José do Vale do Rio Preto, e da Região Serrana. Este consórcio tem como sede o Município de Vassouras.

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

6 CONTROLE SOCIAL NA SAÚDE NA REGIÃO CENTRO-SUL/RJ1

Maria Inês Souza Bravo

Mariana Maciel do Nascimento Oliveira

6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A sociedade brasileira, nos anos 80, ao mesmo tempo em que vivenciou um processo de democratização política, superando o regime ditatorial instaurado em 1964, experi-mentou uma profunda e prolongada crise econômica que persiste até os dias atuais.

As decepções com a transição democrática ocorreram, principalmente, com seu giro conservador após 1988, não se traduzindo em ganhos materiais para a massa da população.

Um aspecto importante a ser ressaltado, nesse período, foi o processo constituinte e a promulgação da Constituição de 1988, que representou, no plano jurídico, a promessa de afirmação e extensão dos direitos sociais em nosso país frente à grave crise e às deman-das de enfrentamento dos enormes índices de desigualdade social.

A Constituição Federal introduziu avanços que buscaram corrigir as históricas injusti-ças sociais acumuladas secularmente, incapazes de universalizar direitos, tendo em vista a longa tradição de privatizar a coisa pública pelas classes dominantes.

Com relação à descentralização do poder federal e da democratização das políticas públicas, importantes dispositivos foram definidos no sentido da criação de um novo pacto federativo, sendo o município reconhecido como ente autônomo da federação, transferindo-se, para o âmbito local, novas competências e recursos públicos capazes de fortalecer o controle social e a participação da sociedade civil nas decisões políticas.

A participação é concebida como a gestão nas políticas por meio do planejamento e da fiscalização pela sociedade civil organizada. Ou seja, a interferência política das en-tidades da sociedade civil em órgãos, agências ou serviços do Estado, responsáveis pela elaboração e gestão das políticas públicas na área social. Os conselhos de políticas sociais e de direitos são inovações no nível da gestão das políticas sociais que procuram estabe-lecer novas bases de relação Estado versus sociedade.

Historicamente, a categoria “controle social” foi entendida apenas como controle do Estado ou do empresariado sob as massas. É nessa acepção que quase sempre o con-trole social é usado na Sociologia, ou seja, no seu sentido coercitivo sobre a população. Entretanto, o sentido de controle social inscrito na Constituição é o da participação da população na elaboração, implementação e fiscalização das políticas sociais. Esta última concepção de controle social tem como marco o processo de redemocratização da socie-dade brasileira com o aprofundamento do debate referente à democracia.

1 Texto elaborado por Maria Inês Souza Bravo “Participação social e controle social (BRAVO, 2001a).

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

Os conselhos de saúde são espaços de participação da sociedade civil organizada na gestão da política pública do setor. São espaços formais, garantidos pela Lei Orgânica da Saúde (LOS), segundo a qual a população, por meio das suas entidades representativas, participa na formulação, implementação e fiscalização das propostas, ações e dos inves-timentos no setor.

6.2 PANORAMA DOS CONSELHOS DE SAÚDE 2

No sentido de verificar a situação do controle social da política de saúde, na Região Centro-Sul, utiliza-se como metodologia a coleta e análise de dados primários e secun-dários, por meio de pesquisa documental, cujas principais fontes foram: conselhos mu-nicipais de saúde da região, regimentos internos e leis de criação; Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro; Projeto Políticas Públicas de Saúde, mapeamento da Região Centro-Sul, 2005. Utilizamos ainda como eixos para a análise dos conselhos: ano de for-mação; organização interna e dinâmica de funcionamento; composição; e conferências de saúde, a partir dos quais desenvolveremos nossa reflexão.

6.2.1 Ano de formaçãoHá conselhos de saúde em todos os municípios da região, onde cinco deles foram

criados entre os anos de 1991 e 1994. Nesse período, foram publicadas as Normas Ope-racionais Básicas (NOBs) 91 e 93, que colocam a criação dos conselhos como critério para transferência de recursos pelo Governo Federal.

O primeiro conselho na região foi o do Município de Vassouras, em 1990. Em três muni-cípios o conselho foi criado após o ano de 1995, pois são municípios recém-emancipados.

Quadro 13. Ano de Formação dos Conselhos Municipais de Saúde da Região Centro-Sul

Municípios Lei municipal Data de criação ModificaçãoData de

modificação

Areal Lei n.º 12530 de janeiro de

1997Lei n.º 271

14 de abril de 2003

Comendador Levy Gasparian

Lei n.º 120 Agosto de 1995 - -

Engenheiro Paulo de Frontin

Lei n.º 515 1997 - -

Mendes Lei n.º 5126 de novembro de

1991Lei n.º 647

19 de novembro de 1996

2 Este item está baseado na pesquisa relativa aos conselhos de saúde do Rio de Janeiro, realizada pelo Proje-to Políticas Públicas de Saúde, coordenado pela professora Maria Inês Souza Bravo e financiado por CNPq, FAPERJ, UERJ e Ministério da Saúde.

continua

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Municípios Lei municipal Data de criação ModificaçãoData de

modificação

Miguel Pereira Lei n.º 1.400 4 de Abril de 1994Lei n.º 1.456Lei n.º 1.730

12 de junho de 1995

13 de agosto de 2001

Paracambi * * - -

Paraíba do Sul Lei n.º 1.53920 de maio de

1999Decreto n.º 355

25 de agosto de 2003

Paty do Alferes Lei n.º 14613 de janeiro de

1992Lei n.º 270

14 de dezembro de 1994

Sapucaia Lei n.º 1.598 1991 - -

Três Rios * * * *

Vassouras Lei n.º 1.450 5 de abril de 1990 Lei n.º 1.504 3 de maio de 1991

* Sem Informação

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde, Mapeamento da Região Centro-Sul do RJ, 2005.

6.2.2 Organização interna e dinâmica de funcionamentoEm relação ao quorum necessário para a realização das reuniões, os conselhos anali-

sados garantem, em seus regimentos internos, a necessidade de mais de 50%+1 dos con-selheiros, ou seja, maioria simples, para que o conselho delibere sobre qualquer assunto. Nos regimentos internos pesquisados, os do Conselho Municipal de Saúde de Paty do Al-feres e de Mendes não fazem referência ao quorum mínimo necessário para deliberação. Com relação à periodicidade das reuniões, todos os conselhos garantem a freqüência mensal das mesmas. Estes dados estão demonstrados no quadro a seguir.

Quadro 14. Quorum para Deliberação e Periodicidade das reuniões dos Conselhos Municipais da Região Centro-Sul

Municípios Quorum para deliberação Periodicidade

Areal Maioria simples mensal

Comendador Levy Gasparian * mensal

Engenheiro Paulo de Frontin Maioria simples mensal

Mendes * mensal

Miguel Pereira 1/3 dos conselheiros mensal

Paracambi * mensal

Paraíba do Sul * mensal

Paty do Alferes * mensal

continuação

continua

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

Municípios Quorum para deliberação Periodicidade

Sapucaia * mensal

Três Rios * mensal

Vassouras 1/3 dos conselheiros mensal

* Sem Informação Fonte: Regimento Interno dos Conselhos de Saúde da Região Centro-Sul.

6.2.3 ComposiçãoPara análise da composição dos conselhos da Região Centro-Sul, será tomada como

referência a Resolução n.º 333/03 do Conselho Nacional de Saúde. Essa Resolução, que substituiu a Resolução n.º 33/92, define que as vagas dos conselhos sejam divididas da seguinte forma: 50% ocupadas por representantes dos usuários; 25% por representantes dos profissionais de saúde; e 25% por representantes dos gestores e prestadores de ser-viços públicos e privados.

Entre os 11 conselhos analisados, só o do Município de Paty do Alferes é paritário segundo a Resolução n.º 333/03 do Conselho Nacional de Saúde. Quatro deles (Areal, En-genheiro Paulo de Frontin, Miguel Pereira e Paty do Alferes) são paritários somente com relação à Lei n.º 8.142/90 (que compõe com a Lei n.º 8.080/90 a Lei Orgânica da Saúde – LOS), que define 50% das suas vagas para os usuários. Cinco municípios não são paritá-rios, o que demonstra fragilidade no controle social da região.

Quadro 15. Composição dos Conselhos na Região Centro-Sul

MunicípiosNúmero de

conselheirostitulares

Paridade

Lei n.º 8.142/90 LOS/MS

Resolução n.º 333/03 CNS

Areal 12 Paritário Não paritário

Comendador Levy Gasparian 12 Paritário Não paritário

Engenheiro Paulo de Frontin 16 Paritário Não paritário

Mendes 12 Não paritário Não paritário

Miguel Pereira 16 Paritário Não paritário

Paracambi 12 Paritário Paritário

Paraíba do Sul 26 Paritário Não paritário

Paty do Alferes 12 Paritário Paritário

Sapucaia 11 Não paritário Não paritário

Três Rios * * *

Vassouras 9 Não paritário Não paritário

* Sem Informação.Fonte: Regimento Interno dos Conselhos de Saúde da Região Centro-Sul. Projeto Políticas Públicas de Saúde, Mapeamento da Região Centro-Sul do RJ, 2005.

continuação

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

6.2.4 Conferências de saúdeAs conferências de saúde, espaços de controle social garantidos na Lei Orgânica da

Saúde (LOS), são eventos que devem ser realizados periodicamente para discutir a políti-ca de saúde em cada esfera de governo e propor diretrizes de ação. As deliberações das conferências devem ser entendidas enquanto norteadoras da implantação da política de saúde, devendo influenciar, assim, as discussões travadas nos conselhos de saúde.

No quadro a seguir, são apresentados os anos de realização das últimas conferên-cias de saúde nos municípios da Região Centro-Sul, bem como a periodicidade em que ocorreram. Na maioria dos regimentos dos conselhos, não se estabelece a freqüência na qual as conferências devem ser realizadas. Apenas o Município de Paraíba do Sul define no seu regimento interno a periodicidade das conferências. Porém podemos observar que a maioria obedece à recomendação da Lei n.º 8.142/92 de que as conferências sejam realizadas a cada dois anos.

Quadro 16. Periodicidade das Conferências de Saúde na Região Centro-Sul

Municípios Última conferência PeriodicidadeAreal Ago/2004 2 anosComendador Levy Gasparian 26/jul/2004 2 anosEngenheiro Paulo de Frontin 2003 2 anosMendes 10 de setembro de 2005 2 anosMiguel Pereira * *Paracambi * *Paraíba do Sul * 4 anosPaty do Alferes * *Sapucaia Nov/2003 2 anosTrês Rios * *Vassouras 2002 2 anos

* Sem Informação.Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde, 2005.

6.3 PERFIL DOS CONSELHEIROS DE SAÚDE DA REGIÃO CENTRO-SUL/RJ3

Este texto visa apresentar o perfil dos conselheiros de saúde da Região Centro-Sul do Estado do Rio de Janeiro, a partir da análise das fichas de inscrição dos conselheiros que participaram do Curso Nacional de Capacitação para Conselheiros Estaduais e Municipais de Saúde4.

3 Este também é um dos produtos do Projeto Políticas Públicas de Saúde, coordenado pela professora Maria Inês Souza Bravo.

4 O Curso de Capacitação foi um programa nacional ocorrido de 2002 a 2004, sob a responsabilidade de um consórcio formado por instituições públicas de ensino: Fiocruz, UnB, Unicamp e UFMG. Seu principal obje-tivo foi o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do controle social. Para isso, buscou fo-mentar a participação dos sujeitos que atuam nos conselhos de saúde na gestão da política de saúde, bem como orientar os conselheiros sobre suas competências e habilidades para o exercício de suas atribuições, visando fortalecer a atuação dos mesmos, como elemento fundamental na participação da sociedade no processo de implementação do SUS.

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A importância de conhecer o perfil dos conselheiros de saúde reside em buscar ele-

mentos que apontem para o potencial e as dificuldades refletidas na sua composição, na

perspectiva de buscar caminhos para a consolidação e o avanço dos conselhos de saú-

de, mecanismos importantes na democratização da gestão por meio do controle social,

objetivando alcançar universalidade na Saúde de acordo com os princípios da Reforma

Sanitária brasileira.

Os eixos adotados para análise dos dados foram organizados em três categorias dis-

tintas: dados institucionais, dados pessoais e experiência em movimentos sociais, dis-

tribuídos de acordo com os três segmentos sociais (gestores e prestadores de serviço,

trabalhadores de saúde e usuários).

Pode-se observar, pelos dados institucionais da amostra, como foi a participação dos

conselheiros de saúde distribuídos pelos respectivos segmentos (usuário, trabalhador de

saúde, gestor/prestador de serviços) no Curso de Capacitação, determinando assim a in-

serção nos conselhos por segmento, perspectiva pela qual a pesquisa foi realizada.

Também serão apresentados os dados pessoais dos conselheiros, sua distribuição por

idade e por sexo, assim como a participação em movimentos sociais e entidades, repre-

sentados pelos três segmentos.

Na Região Centro-Sul, foram formadas, em 2002, duas turmas, capacitando um total

de 35 conselheiros. A primeira turma contou com os municípios de Paraíba do Sul (sede),

Três Rios, Areal, Comendador Levy Gasparian e Sapucaia; a segunda turma contou com

os municípios de Vassouras (sede), Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira

e Paty do Alferes. Desse universo, analisam-se dados das fichas de inscrição de 16 con-

selheiros, isto é, 46% dos conselheiros que participaram do Curso de Capacitação5. Este

quantitativo representa 13% do total de conselheiros titulares da Região Centro-Sul.6

6.3.1 Dados institucionais da amostra

No quadro a seguir, verifica-se que o segmento dos usuários teve uma participação

significativa em relação aos outros segmentos, o que demonstra maior mobilização deste

segmento para ampliação dos seus conhecimentos sobre controle social, a fim de quali-

ficar seu trabalho e intervenção junto aos conselhos de saúde. Dos 16 conselheiros capa-citados nos municípios da Região Médio-Paraíba, nove correspondem ao segmento dos usuários, seis gestores/prestadores de serviço e um não informou.

5 As 16 fichas de inscrição analisadas foram aquelas recolhidas pelos monitores nas respectivas turmas. A diferença entre o número de conselheiros capacitados e de fichas analisadas refere-se a algumas dificulda-des operacionais do curso.

6 Os conselheiros titulares na Região Centro-Sul (Total: 122) estão divididos entre os municípios da seguinte forma: 12 em do Areal; 9 em Comendador Levy Gasparian; 16 em Engenheiro Paulo de Frontin; 12 em Men-des; 16 em Miguel Pereira; 12 em Paracambi; 13 em Paraíba do Sul; 12 em Paty do Alferes; 11 em Sapucaia; 9 em Vassouras. Não temos informação sobre o número dos conselheiros do município de Três Rios.

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

Quadro 17. Conselheiros Distribuídos por Segmento

Segmento Quantidade (n) Porcentagem (%)

Usuário 9 56,25 %

Trabalhador de saúde - -

Gestor/prestador 6 37,5 %

Não informou 1 6,25 %

Total 16 100%

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Rio de Janeiro, 2005.

O quadro anterior demonstra que mais de 56% dos conselheiros capacitados eram do segmento de usuários, enquanto os gestores/prestadores representaram cerca de 37,5%.

Verifica-se que não houve a participação do segmento dos trabalhadores de saúde, o que se considera preocupante, visto que este é um segmento com um histórico de lutas no movimento de Reforma Sanitária que tem muito a contribuir na luta por melhores condições de atendimento à população usuária.

Gráfico 1. Conselheiros Distribuídos por Condição

Titular: 82%

Suplente: 12%

Não Responderam:

6%

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Rio de Janeiro, 2005.

De acordo com o gráfico 1, observa-se que a maioria dos conselheiros que participou do Curso de Capacitação está na condição de titular, representando um total de 82%, en-quanto 12% estão na condição de suplente. Identifica-se este dado como positivo, já que a Proposta Nacional de Capacitação tinha como objetivo capacitar 50% dos conselheiros de saúde de cada região do Brasil.

6.3.2 Dados pessoais dos conselheirosA partir da análise dos dados pessoais dos conselheiros, pode-se verificar que, com

relação à idade (gráfico 2), todos os conselheiros (100%) possuem idade superior a 40

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anos. Na tentativa de explicar a razão para esse fato, elenca-se o avanço do neoliberalis-mo econômico a partir da década de 90 que, conseqüentemente, contribui para a difusão do individualismo e para o refluxo dos movimentos sociais.

Essa realidade pode estar determinando o surgimento de uma geração sem perspec-tiva de participação social e ação coletiva para a garantia de direitos. Por outro lado, uma reflexão importante é o pouco investimento dos sujeitos sociais envolvidos com a luta pela Reforma Sanitária na formação de quadros, ou seja, a mobilização de jovens para a luta pela saúde.

Gráfico 2. Conselheiros Distribuídos por Idade

0%

44%

31% 19%6%

31 -40 41 -50 51 -60 61 -70 Não responderam

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Rio de Janeiro – 2005.

A análise dos dados referentes à escolaridade (gráfico 3) revela que, no segmento dos usuários, a mesma proporção possui o primeiro grau (33%) e o segundo grau (33%), se-guido por um grupo menor que possui o 3.º grau (23%) No segmento dos gestores/pres-tadores de serviços, o mesmo percentual (17%) possui o 1.º e o 3.º graus, e 66% possuem o 2.º grau.

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Gráfico 3. Conselheiros Distribuídos por Nível de Escolaridade

33%

17%

33%

66%

23%17%

0

11%

0

Mestrado

Usuário Profissional Gestor/Prestador

Doutora

do

Não Info

rmou

1.º Gra

u

2.º Gra

u

3.º Gra

u

Especializ

ação

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Rio de Janeiro, 2005.

Com relação à participação dos conselheiros, de acordo com o sexo (gráfico 4), obser-va-se maior representatividade feminina (62,5%).

Gráfico 4. Conselheiros Distribuídos por Sexo

Feminino 62,5%

Masculino 37,5%

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Rio de Janeiro, 2005.

6.3.3 Participação em movimentos sociaisNo tocante à experiência em movimentos sociais (quadro 18), verifica-se que todos os

conselheiros que responderam ao questionário aplicado em razão dos Cursos de Capaci-tação tiveram ou têm alguma participação, o que corresponde a 94% dos participantes.

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Quadro 18. Experiência dos Conselheiros em Movimentos Sociais

Experiência em movimentos sociais Quantidade (n) Porcentagem (%)

Tem experiência 15 94%

Não tem experiência - -

Não informou 1 6%

Total 16 100%

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Rio de Janeiro, 2005.

Quanto aos movimentos sociais em que os conselheiros têm experiência de participa-ção, verifica-se que a maioria (66%) tem experiência apenas em movimentos populares. Cabe destacar que é significativo o percentual de conselheiros em movimento religioso (20%). Apenas 7% dos conselheiros têm experiência em movimento político partidário.

Quadro 19. Movimentos Sociais em que os Conselheiros Têm Experiência

Movimentos sociais Quantidade (n) Porcentagem (%)

Movimento popular 8 66%

Movimento religioso 3 20%

Movimento político partidário 1 7%

Movimento cultural 1 7%

Total 15 100%

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Rio de Janeiro, 2005.

Com relação às principais entidades representadas pelos usuários nos conselhos (quadro 20), observamos que, no segmento dos usuários, a maioria é composta por as-sociações de moradores (56%), seguido de entidades religiosas/filantrópicas (22%). As associações de portadores de patologias e os clubes de serviços apresentam o mesmo percentual (11%).

Quadro 20. Entidades Representadas pelos Usuários

Entidades Usuários Porcentagem (%)

Associação de moradores 5 56%

Entidade religiosa/filantrópica 2 22%

Associação de portadores de patologia 1 11%

Clubes de serviços 1 11%

Total 9 100%

Fonte: Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Rio de Janeiro, 2005.

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7 2.ª MESA-REDONDA – O CONTROLE SOCIAL NAS REGIÕES CENTRO-SUL, BAÍA

DA ILHA GRANDE E MÉDIO-PARAÍBA

A mesa-redonda “Participação e Controle Social nas Regiões Centro-Sul, Médio-Paraí-ba e Baía da Ilha Grande” foi coordenada por Débora de Sales Pereira (integrante da equi-pe técnica do Projeto Políticas Públicas de Saúde da UERJ), que falou das reuniões prepa-ratórias para esse seminário e colocou que o objetivo da mesma era a apresentação e o debate sobre os limites, desafios e as possibilidades do controle social nas três regiões.

A mesa foi composta por: Angelita dos Santos, do Conselho Estadual de Saúde, para colaborar na coordenação; a professora Maria Inês Souza Bravo (UERJ), que falou sobre controle social e o panorama dos conselhos das regiões; e representantes de cada uma das três regiões, que apresentaram as experiências de controle social na perspectiva dos usuários e trabalhadores de saúde. Estes representantes foram: Ana Cláudia Sierra Mar-tins (CMS de Paraíba do Sul – Região Centro-Sul – segmento dos trabalhadores de saúde); Diogo Ruiz Côrrea (CMS de Angra dos Reis – Região da Baía da Ilha Grande – segmen to dos usuários); e Neusa Pacheco (CMS de Quatis – Região Médio-Paraíba – segmento dos usuários). Participaram também Paulo Tavares, do CMS de Mangaratiba, e Elias Silva e Andressa Cristina, ambos do CMS de Volta Redonda.

A professora Maria Inês Souza Bravo inicia sua apresentação solicitando que todos peguem os mapeamentos nas pastas. Coloca que abordará questões como: caracteri-zação geral dos conselhos das regiões Médio Paraíba, Centro-Sul1 e Baía da Ilha Grande (data de criação e composição); perfil dos conselheiros de saúde2 das três regiões; e pro-posições para o fortalecimento do controle social3.

A conselheira Ana Cláudia Martins apresentou a situação de saúde e do Controle Social da Região Centro-Sul Fluminense. Relatou o histórico e algumas experiências bem-sucedidas do seu município, Paraíba do Sul. Citou que nos dia 17 e 23 de setembro e 6 de outubro de 2005, alguns municípios da Região Centro-Sul Fluminense se reuniram em Paraíba do Sul para a organização do Seminário de Gestão Participativa. Algumas das questões apontadas sobre a situação de saúde e o controle social da Região Centro-Sul foram:

• Desarticulaçãodosmunicípios;

• Pouca participação de alguns municípios;

• Falta de comunicação entre o conselho;

1 Essa apresentação refere-se ao item 6 desse Caderno Regional.2 Vide item 6.3 desse Caderno Regional.3 Vide itens 9, 10 e Anexo C desse Caderno Regional.

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• Burocratização dos conselhos;

• Faltade integração dos conselhos da região;

• Faltadecapacitaçãodosconselheiros;

• Necessidadederetornoàsbases;

• Faltadeenvolvimentodeoutrosmovimentos;

• Desconhecimentodapopulaçãosobreopapeldoconselho;opoderpúbliconãotem respeitado as leis e os acordos estabelecidos;

• Conselhocomoespaçodedenúnciasediscussão;

• Faltadeentendimentodosconselheirossobrefinanciamento;

• Utilizaçãodadotaçãoorçamentáriadoconselhoparaassessoriatécnica;

• Faltadeentendimentodoconselheiroquantoaoseupapel;

• Oconsórcio(gestores)temquepriorizarasreaisnecessidadesdosmunicípios;

• Participaçãodocontrolesocialnoconsórciointermunicipal;

• Divulgaçãodotrabalhodoconselho,facilitaçãodoacessoàsinformaçõesreferen-tes aos conselhos;

• criação de conselhos gestores nos bairros;

• Palestrasedivulgaçãodematerial(ex.:cartilhas),paradarembasamentoaosconse-lheiros novos;

• Preocupaçãocomoatendimentodepré-natalnaregião;

• ProblemacomaCentraldeRegulação.Ex.:faltadeleitosparagravidezderiscoedeUTI neonatal;

• Distribuiçãodesigualdeambulânciasentreosmunicípios;

• ConstruçãodoComitêdeMortalidadeMaternaeNeonataldoCentro-SulI;

• EstruturaçãodoComitêdeMorbidadeInfantilnaRegiãoCentro-Sul;

• ProjetoNascereMaternidade(governabilidade);

Acrescentou ainda que a comunidade vem se organizando, nos últimos anos, por meio de conselhos municipais e comitês populares que abrangem os mais variados seto-res sociais, como transporte coletivo, saúde e participação na gestão do orçamento mu-nicipal, deixando para o poder público apenas a função de mediar e fiscalizar as relações entre o público e o privado, a fim de garantir meios de proporcionar melhor qualidade de vida da população. A conselheira colocou algumas reflexões do grupo da Região Cen-tro-Sul: que a comunidade organizada e solidária exerce inúmeros importantes meios de controle social, como o direito à informação, a reivindicação de conselhos comunitários, a democratização do processo decisório (como o orçamento participativo), entre outras ferramentas capazes de oferecer maior transparência à gestão pública e que contribuem para uma melhor qualidade dos serviços oferecidos à comunidade.

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Entre os limites, apontou que: o limite acontece no momento em que a legislação não é respeitada e inexiste o diálogo entre gestão e comunidade. As possibilidades são inúmeras, bastando esclarescer as prioridades e o que é governável.

Paulo Tavares afirma que Mangaratiba é um município entre Itaguaí e Angra, que não participa de nenhum consórcio. Diz que o controle social foi instituído por causa da exigência legal. O conselho de Mangaratiba só tem oito membros porque o prefeito de-terminou assim e, por desconhecimento, a proposta foi aceita e ficaram nove anos traba-lhando dessa forma. Mangaratiba tem conselho sem paridade porque esgotaram todos os servidores, estes se foram, só os usuários estão no conselho. Estão tentando fazer uma conferência no máximo até junho, antes das eleições, mas dependem de uma lei que está aguardando a sanção do prefeito.

O conselheiro Diogo Ruiz apresentou a situação de saúde e do controle social da Região da Baía da Ilha Grande. Iniciou lamentando a falta de transporte pela secretaria de saúde e comunicou que alguns membros não puderam comparecer, por este motivo. Propôs que o conselheiro Paulo fale primeiro sobre Mangaratiba para depois falar sobre Angra dos Reis e Parati.

Explica, usando o dicionário Aurélio, o que é controle e o que é social. É fiscalizar, exer-cer a fiscalização por meio da sociedade. Pensa que todo o governo no Brasil é opressor, em sua própria estrutura. Por mais que haja a lei, a formação brasileira oprime, não deixa as coisas acontecerem. O próprio governo quer fazer alguma coisa e não pode. Em Angra, houve a primeira Conferência de Saúde, em 1991 e, em 1992, o conselho tomou posse.

Levanta alguns questionamentos e desafios a serem enfrentados pelo controle social: a representação por indicação de representantes do poder público; a garantia da parida-de; a falta de trabalhadores de saúde nos conselhos; o desrespeito às deliberações dos conselhos e conferências pelo poder público; a falta de capacitação dos conselheiros; a falta de soluções jurídicas mais ágeis, principalmente por parte do Ministério Público.

Coloca também como desafio e possibilidade para o controle social: fazer a imple-mentação de política regional, para discussão das políticas públicas das regiões.

Neusa Pacheco diz que vai dividir sua fala com Elias (articulador da Região Médio-Paraíba), pois foi feito um fórum em Quatis tentando reunir os conselheiros, mas não conseguiram fazer um quadro demonstrativo da região.

Coloca algumas dificuldades encontradas no controle social da região: Porto Real está representada, mas anteriormente Porto Real não tinha nenhum conselho funcionando, pois o governo não estava interessado. Com a mudança de governo, foi solicitada ajuda para estruturar o conselho de saúde. Fizeram a conferência de saúde e a terceira de saúde mental, em Quatis. Avalia como “boa” a conferência, pois discutiu-se o financiamento do SUS, um dos maiores nós para a população. Outro nó crítico é o PSF, pois a população não acha que PSF é solução e acaba rechaçando o programa. Coloca a importância da participação da população nas conferências, não se restringindo à participação apenas dos conselheiros.

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Diz que ter dotação orçamentária não quer dizer que se tenha o dinheiro necessário. O gerenciamento do fundo também é desconhecido pela população e por muitos con-selheiros. No Ministério Público do Médio-Paraíba, o juiz está chamando presidente por presidente dos conselhos da região para saber como funciona o conselho, mas quando se chega lá não mostram o processo. O Ministério Público está interessado no controle social e em como ele é feito. Encerrou sua apresentação, querendo saber o que fazer no caso em que se elegeu um conselho na conferência em que ele não é paritário e foi re-cém-empossado.

Elias Silva diz que o conselho de Volta Redonda é paritário. O mesmo tem uma ver-ba de R$100 mil por ano, para gastar com passagem, estadia, alimentação, assessoria técnica, contratação de emergência. Possui telefone, computador, fax, secretária. Sobre esta estrutura, a lei manda que todos os conselhos tenham sua estrutura, e o Ministério Público cobra isso. Diz que vão comprar um carro para o conselho. Passa a palavra para Andresa, secretária-executiva, que explica qual o trabalho desenvolvido no Conselho Mu-nicipal de Volta Redonda.

Andresa Cristina F. Silva apresenta o plano de ação montado pela executiva e exem-plifica com experiências do conselho. Em junho, houve a apresentação da proposta e o conselho não aprovou de imediato. Houve mudanças e o plano de ação só foi aprovado na terceira reunião. Está previsto no plano: visitas aos convênios e hospitais privados e outros locais que prestam serviço. Foi elaborado material de divulgação do conselho e foi realizada uma exposição pela rádio para ver como o conselho funciona. O objetivo é divulgar e fortalecer o conselho nas unidades, convocar reuniões com coordenadores de distrito e fiscalizar assuntos que são da questão ordinária. Em Volta Redonda existe conselho gestor em algumas unidades, mas não atuam. Estão querendo retomar estes conselhos, com o intuito de montar o conselho distrital. O conselho tem as comissões temáticas de: direito à saúde, legislação e finanças.

Encerrando a mesa, Angelita dos Santos (CES/RJ) diz que teria direito a uma fala, mas abre mão, pois é mais importante discutirmos em conjunto nos grupos. Solicitou que to-dos fizessem uma reflexão: esta região tem 8% da população do estado, tendo um peso político importante no que se refere ao voto. Apontou para que se discutam as belezas turísticas, pois aumenta o produto. Ressaltou com relação à saúde o acesso adequado para o setor de empregabilidade, o acesso ao programa diretor de investimento, as altas taxas de cesárea e o baixo número de hospitais públicos.

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8 FINANCIAMENTO DA SAÚDEDeputada Estadual Cida Diogo

Cida Diogo agradece a oportunidade por falar sobre o tema de financiamento da saúde e faz elogios ao encontro, destacando que precisamos refletir e nos organizar para poder enfrentar as dificuldades que existem no caminho. Destaca que o Processo Cons-tituinte (1986-1988) possibilitou a superação da visão curativa e contributiva do setor saúde, com origem no sistema previdenciário, cujo acesso era limitado aos segurados da Previdência Social, passando a garantir, por meio da promulgação da Constituição Fede-ral de 1988, o acesso universal e o controle social pelos conselhos de saúde. As Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP), os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP) e, por último, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) só realizavam cobertura ambula-torial e hospitalar aos contribuintes desses respectivos sistemas.

Com o revigoramento dos movimentos sociais, na década de 80, iniciou-se o Movi-mento Sanitário, proporcionando condições favoráveis à construção de um novo sistema de saúde. O ano de 1986 é um marco desse movimento, com a realização da VIII Confe-rência Nacional de Saúde, tendo como temário: a saúde como direito inerente à cidada-nia; a reformulação do Sistema Nacional de Saúde em consonância com os princípios de universalização, participação e descentralização; a integração orgânico-institucional; a redefinição dos papéis institucionais das unidades políticas (União, estados, territórios e municípios) na prestação de serviços de saúde e o financiamento do setor Saúde.

O processo constituinte foi um marco histórico-político de transformação no modelo de atenção à saúde adotado no país, possibilitando mudanças de princípios e diretrizes em sua filosofia. A Constituição Federal de 1988 traduziu esse avanço ao incluir no artigo 196 (Título VIII – Ordem Social), que “saúde é direito de todos e dever do Estado”, sendo política não contributiva. Desde então, os princípios da universalidade do atendimento, a descentralização político-administrativa, hierarquização das ações, eqüidade, participa-ção popular e o controle social passaram a ser pilares de um novo modelo de gestão.

Explicita ainda que ocorreu a regulamentação do sistema, por meio das Leis n.º 8.080/90 e n.º 8.142/90, que dispõem sobre as regras de participação da comunidade na gestão do SUS, e sobre as transferências intergovernamentais. Destaca o artigo 195 da Constituição, que assegura que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orça-mentos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

I – Dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;

II – Dos trabalhadores;

III – Sobre a receita de concursos de prognósticos.

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De todas as fontes citadas, a seguridade social representa 70% do orçamento do setor Saúde, sendo que a contribuição sobre a folha salarial corresponde 50% desse montante, conforme demonstra o quadro a seguir:

Quadro 21. Arrecadação da Seguridade Social – Principais Fontes de Receitas. Brasil, 1996

(Valores em milhões US$)

Contribuição sobre Folha Salarial 39.651 51,85%

Cofins 16.334 21.36%

PIS/Pasep 6.702 8,76%

Contribuição sobre lucro líquido 7.771 10.16%

CPMF 6.000 7.84%

Total 76.458 100,00%

Fonte DPS/Ipea.

Alguns nós da política de financiamento são destacados, como o ocorrido em 1994, quando o Ministro da Previdência e Assistência Social, Antônio Brito, deixou de repassar parte dos recursos constitucionais ao MS, os relativos à contribuição sobre a folha de salários, que passou a ser pedinte do Tesouro Nacional por ter ficado sem uma dotação orçamentária definida. Embora tenham sido retirados esses recursos do setor Saúde, as dotações orçamentárias têm sido crescentes, entretanto o crescimento o investimento ainda é baixo, pois não atinge o valor de R$150,00 por habitante/ano.

Os governos federal, estaduais e municipais tem que investir no setor Saúde, sobretu-do pelo fato de o SUS ter como princípio fundamental o processo de municipalização da saúde. Com a aprovação da Norma Operacional n.º 01/93 os municípios são co-respon-sáveis pelo investimento no setor Saúde, porém os pequenos municípios, por não terem outras fontes de receita, apresentam dificuldades para localizar respostas resolutivas às demandas apresentadas pela população.

Para garantir recursos estáveis no setor Saúde e após longa tramitação no Congresso Nacional, foi editada a Emenda Constitucional n.º 29, em 13 de setembro de 2000, que al-terou a Constituição Federal de 1988. O novo texto assegura a co-participação da União, dos estados e dos municípios no financiamento das ações e dos serviços públicos de saúde. Foram estabelecidos mínimos das receitas da União, dos estados e dos municípios, originando aumento gradual de recursos nos últimos anos.

O cálculo previsto na EC n.º 29 é o seguinte:

a) Levantar o valor empenhado nas ações e nos serviços públicos de saúde no exercí-cio financeiro do ano anterior, acrescido de 5%;

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b) Para os quatros anos seguintes, o valor apurado no ano anterior, corrigido pela va-riação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa, para a União, um au-mento de recursos para a Saúde equivalente ao aumento real do PIB mais a inflação do ano, visando manter a proporção de gastos federais em saúde em relação ao PIB;

c) Para os estados e municípios, os percentuais de vinculação estabelecidos são 12% e 15%, respectivamente, de sua receita de impostos e de transferências recebidas, deduzindo-se, para o cálculo da base vinculável dos primeiros, as transferências realizadas para os municípios;

d) A previsão foi garantir um aumento gradual. Com isso, os estados começariam com um percentual de 7% no ano de 2000, chegando em 2004 a 12%, e os municípios te-riam que começar com um investimento mínimo no valor de 7% até 15% em 2004.

Em seguida, a palestrante discorre sobre as dificuldades na operacionalização da NOB 01/03, destacando que antes de 1993 o Governo Federal comprava as ações e os serviços de saúde por meio do Inamps. Dessa forma, as instituições de saúde estaduais e municipais eram tratadas como meras prestadoras de serviços (consultas e procedi-mentos cobertos pelo Inamps). Essa postura incentivou a cultura da produtividade, cuja preocupação era produzir o maior número de procedimentos médicos sem considerar a qualidade e a resolutividade do serviço para a população. A lógica predominante foi a mercadológica.

A implantação da NOB proporcionou a gestão municipalizada do setor Saúde, criando a seguinte qualificação para os municípios: incipiente, parcial e semiplena. Os municípios habilitados passaram a dispor de tetos financeiros definidos a serem repassados pelo Go-verno Federal e autonomia na gestão de todas as unidades de abrangência municipal e regional (dependendo do porte do município). Apesar dos reconhecidos avanços, algu-mas dificuldades foram encontradas: descentralização dos recursos fundo a fundo foi mais lenta do que o esperado, atingindo somente 144 municípios e nenhum estado; a transfe-rência fundo a fundo limitou-se à área da assistência (as demais continuaram sendo por meio de convênios); a avaliação do desempenho na utilização dos recursos ficou restrita ao quantitativo de procedimentos efetuados, não representando salto algum de qualida-de na consolidação do SUS e na existência de uma tabela de pagamento nacional única.

Para superar os limites da NOB O1/93, foi aprovada a NOB 01/96, que cria alguns ins-trumentos de ação e garante maior autonomia aos estados e municípios. Estabeleceu-se o Piso Assistencial Básico (PAB), que prevê o custeio de procedimentos e ações de aten-ção básica, de responsabilidade tipicamente municipal. Este piso é definido pela multipli-cação de um valor per capita nacional pela população de cada município segundo o IBGE, sendo transferido automaticamente fundo a fundo. Caso o município não tenha fundo implantado, é depositado numa conta especial. O valor per capita nacional é de R$10,00 por habitante/ano. Os procedimentos adotados na PAB e o seu valor per capita são defini-dos pela Comissão Intergestora Tripartite e votados no Conselho Nacional de Saúde.

A NOB 01/96 só entrou em vigor no ano de 1998 e proporcionou mudanças na orga-nização dos sistemas locais de saúde em duas condições de gestão:

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a) Gestão Plena da Atenção Básica; e

b) Gestão Plena do Sistema Municipal.

A primeira condição, sobretudo quando se trata de municípios de pequeno porte, propõe aumento de autonomia do município na assistência de atenção básica, em seu território, privilegiando a promoção da saúde. A segunda, além de conter o propósito da primeira, permite aos municípios, especialmente os de grande porte, serem responsáveis pela referência microrregional ou regional, e organizarem de forma integrada e pactuada os vários níveis de assistência à saúde.

A habilitação dos municípios à NOB foi surpreendente: 90,85% dos municípios se ha-bilitaram a alguma das modalidades de gestão, sendo 4.553 na gestão plena da atenção básica e 449 na gestão plena do sistema municipal de saúde. Em 1998, apenas 504 muni-cípios não estavam habilitados em nenhuma condição. No Estado do Rio de Janeiro (91 municípios na época), até o ano de 1998, 72 municípios estavam habilitados na condição plena de atenção básica e 12 habilitados na condição plena do sistema municipal, totali-zando 84 municípios.

Em relação ao Estado do Rio de Janeiro, é importante fazermos algumas considera-ções. A Governadora Rosinha aprova, em 2003, as Leis n.º 4.167 e n.º 4.179, que permitem que o orçamento de saúde do estado financie ações que não dizem respeito à saúde, como o restaurante popular, cheque idoso, cheque cidadão, utilizando recursos do Fundo Estadual de Saúde para financiar tais políticas. Essas ações, que podem ser caracterizadas como assistencialistas, passaram a possuir amparo legal para retirar recursos da Saúde, o que compromete a viabilidade desta política.

A Governadora Rosinha Garotinho retira verbas do fundo estadual e inclui as ações que não são de saúde para obter o cálculo mínimo de orçamento exigido pela EC 29/2000, de forma que burla a referida emenda. Os programas que não se caracterizam como saúde deveriam assegurar recursos de outras fontes e não comprometer a política de saúde. Além disso, a Lei n.º 4.179 cria um conselho superior ao conselho de saúde, em que o secretario de saúde é presidente deste conselho, com estas mesmas políticas assistencialistas.

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Quadro 22. Programas Sociais Questionados como Ações e Serviços de Saúde de Acordo com a EC 29/00

Levantamento feito em 20/10/05 no Siafem

Programa de Trabalho (Unidade

orçamentária 2961)

Dotação inicial

Dotação atual

Despesa empenhada

Despesa liquidada

Despesa paga

Cheque Saúde Cidadão 3.500.000 344.000 258.000 258.000 258.000

Farmácia Popular 126.250.000 28.405.879 22.748.046 19.233.975 15.021.425

Suplementação

Alimentar142.480.000 69.863.253 61.153.842 59.150.305 59.141.405

Combate Carência Nut.

Família Cond. Pobreza20.000.000 14.008.000 14.008.000 13.371.126 9.363.508

Ações de Saneamento

Básico10.000.000 97.981.238 80.258.393 39.909.132 810.348

Desp. Contratos

Financ. Progr. Sanea-

mento Básico

129.804.254 128.710.956 114.032.029 112.954.655 112.954.655

Total 432.034.254 339.313.326 292.458.310 244.877.193 197.549.340

Cida destaca que existem leis em tramitação no Congresso que buscam definir com mais precisão o financiamento para a Saúde, bem como as ações que esta política abran-ge. Esta iniciativa e outras que buscam derrubar a lei, sob o argumento da inconstitu-cionalidade das mesmas, só serão possíveis mediante a participação dos movimentos sociais organizados, para pressionar os gestores pela garantia de compromisso com a política pública de saúde.

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9 ALGUMAS REFLEXÕES RELACIONADAS À SITUAÇÃO DE SAÚDE E CONTROLE

SOCIAL DA REGIÃO CENTRO-SULMaria Inês Souza Bravo

Mariana Maciel do Nascimento Oliveira

Os problemas de saúde considerados como prioritários na Região Centro-Sul são: a deficiência na atenção materno-infantil; a insuficiência de atividades de promoção da saúde; deficiência no sistema de informação em saúde; baixa cobertura pelo PSF; defi-ciência na organização das ações de controle da tuberculose; e o estrangulamento no acesso aos serviços e procedimentos de média e alta complexidades.

Destaca-se a falta de investimento público em alguns municípios que a compõem. O setor privado – que deveria funcionar de forma complementar a rede pública, de acordo com o que estabelece a Lei n.º 8.080/90 – ainda tem hegemonia na região. A rede hospi-talar da região é composta por 12 hospitais, sendo quatro deles contratados e seis filan-trópicos. A região tem apenas um hospital municipal em Areal e um hospital universitário da rede privada. Com relação à rede de serviços destaca-se que a oferta de leitos é redu-zida, correspondendo a 0,4% da população, ou seja, 1.090 leitos para 294.987 habitantes, com predominância do setor privado (97,25% dos leitos).

Com relação ao controle social, os conselhos municipais de saúde da Região Centro-Sul surgiram durante a década de 90. Em dois municípios (Paracambi e Três Rios), não foi possível conseguir informações apesar de inúmeras tentativas. Em Vassouras, a criação do conselho de saúde antecedeu a publicação das Normas Operacionais Básicas (NOB), feita em 1991 e 1993. No caso dos municípios de Mendes, Paraíba do Sul, Sapucaia, Paty do Alferes e Miguel Pereira, a regulamentação dos conselhos de saúde coincide com a época da publicação dessas NOBs, que condiciona o repasse de verbas do Governo Federal à criação dos conselhos de saúde. Identifica-se que a criação de alguns conselhos, em todo o Estado do Rio de Janeiro, fora motivada pelo cumprimento de uma exigência legal.

Observa-se que a maioria dos conselhos não é paritária, mas pauta-se em legislações diferentes. O que temos considerado é a paridade a partir da Resolução n.º 333 do Con-selho Nacional de Saúde, de 2003. Nestes termos, o único conselho paritário é o de Paty do Alferes.

A partir dessas informações, pode-se observar a fragilidade do controle social na re-gião, considerando que os conselhos municipais ainda não conseguiram garantir a pa-ridade de acordo com a Resolução n.º 333. O cumprimento da legislação, no tocante à representação dos segmentos nos conselhos, por si só não garante o pleno exercício do controle social; entretanto, significa um importante passo nesta direção.

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Atualmente, grande parte dos conselhos nesta região enfrenta alguns problemas re-lacionados ao acesso a informações e dados necessários para a proposição de políticas de saúde; à ausência de prestação de contas dos Fundos Municipais de Saúde; e ao descaso do Executivo com as deliberações dos conselhos e das conferências de saúde.

Do ponto de vista do potencial dos conselhos, acerca dos limites e das possibilidades de atuação dos seus atores no espaço local, é possível destacar a dependência que os conselhos têm dos secretários municipais, o que estaria relacionado com um caráter mais reivindicativo, assumido pelos mesmos, do deliberativo. Como limite de atuação, identifi-ca-se que os conselheiros têm cumprido um papel mais administrativo do que político.

A partir das evidências, ressaltam-se algumas questões que precisam ser enfrentadas:

• Ostrabalhadoresdesaúdetêmparticipadopoucodosconselhos;

• Opoderpúblico,emmuitosmunicípios,nãotemrespeitadoasdeliberaçõesdosconselhos;

• Ofuncionamentodosmesmostempriorizadoaburocratizaçãodasações;

• Adinâmicadosconselhosprecisaserrepensadaparamaiorenvolvimentodossu-jeitos participantes.

Para o aprimoramento da gestão democrática e a garantia de melhores condições de saúde, os conselheiros de saúde da região apresentaram como propostas na 8.ª Oficina do Curso de Capacitação de Conselheiros Municipais de Saúde realizado em 20021 a se-guinte agenda:

• Regularizareestruturarosconselhos(principalmenteodeAreal);

• Garantiralivreescolhadasentidadesqueirãorepresentarosdistintossegmentos;

• Promoverreuniõesdearticulaçãodosconselheirosnão-governamentaisedestescom a entidade base representada, inclusive com debate das pautas das reuniões;

• Negociaçãocomasecretariadesaúdeparagarantiadeumespaçoparaofunciona-mento do conselho;

• Divulgarasaçõesedefiniçõesdosconselhosmunicipaisdesaúdeedassecretariasque são de interesse da população por meio de rádios, jornais e outros meios a se-rem identificados;

• Revisãodosregimentosinternosdosconselhosmunicipaisdesaúde;

• Revisãodoplanodesaúdeatéjaneirode2003egarantirareavaliaçãoanual;

• Exigirquadrodemetasedebatê-loemreuniõesconvocadasparaestefim,atéofinal de dezembro de 2002;

• Apreciaçãodoorçamentoparagarantiraefetividadedasações;

1 Síntese elaborada pelas assistentes sociais Débora de Sales Pereira, Mariana Maciel do N. Oliveira e Michelle Rodrigues de Moraes, a partir do relatório das oficinas do Curso de Capacitação de Conselheiros feito pelo monitor Marco Aurélio Faria Rezende, em dezembro de 2002, sob a orientação da professora Maria Inês Souza Bravo.

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

• Exigirrelatóriodegestãoanualerelatóriosparciaisparaosmesessubseqüentes;

• AnálisedoSistemadeInformaçõessobreOrçamentosPúblicosemSaúde(Siops)

com divulgação do mesmo.

O Projeto Políticas Públicas de Saúde tem apresentado como outras propostas para o fortalecimento do controle social nas regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande apresentadas no Seminário de Gestão Participativa em Saúde

• Infra-Estrutura, Divulgação, Dinâmica das Reuniões, Dotação Orçamentária

- Garantia de infra-estrutura dos conselhos municipais de saúde (sala de trabalho, telefone exclusivo, internet, etc.);

- Produção de boletins para divulgação das informações relativas aos conselhos municipais de saúde e à política de saúde;

- Organização da dinâmica das reuniões, marcação prévia de reuniões, planejamen-to coletivo da pauta das reuniões com divulgação prévia; criação de comissões de trabalho;

- Garantir definição orçamentária para o funcionamento dos conselhos para: viabi-lizar recursos para melhoria da infra-estrutura e garantir a presença dos conselhei-ros em outros espaços de participação.

• Informações Necessárias para os Conselheiros

- Organização de banco de dados sobre a rede de saúde e sobre a legislação do SUS;

- Disponibilização dos relatórios financeiros com tempo hábil para a aprovação dos conselhos;

- A linguagem técnica com relação à prestação de contas deve ser de fácil entendi-mento;

- Prestação de contas da gestão municipal acerca das informações relativas aos pla-nos de ação e relatórios de gestão;

- Ter quadro de metas e debatê-lo em reuniões convocadas para este fim;

- Acompanhamento do orçamento para garantir a efetividade das ações;

- Ter o relatório de gestão anual e relatórios parciais para os meses subseqüentes;

- Análise do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops) com divulgação do mesmo.

• Ampliação da Participação

- Estimular a criação de conselhos gestores de unidade e conselhos distritais;

- Estabelecimento de parcerias dos conselhos municipais de saúde com outros conselhos, Ministério Público, entidades que trabalham pelo interesse do SUS e a comissão de saúde da Câmara;

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

- Ampliar a participação dos conselhos na definição do plano de aplicação e dota-ção orçamentária;

- Promover reuniões de articulação dos conselheiros não-governamentais e destes com a entidade base representada, inclusive com debate das pautas das reuniões.

• Outras Ações

- Capacitação permanente para os conselhos municipais de saúde;

- Revisão dos regimentos internos dos conselhos municipais de saúde;

- Revisão do plano de saúde e garantia da reavaliação anual;

- Garantia da livre escolha das entidades que irão representar os distintos segmentos;

- Garantia da paridade, segundo a Resolução n.º 333/03 do CNS, em todos os conselhos.

Estas propostas foram aprovadas em plenária pelos participantes do seminário.

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

10 CARTA-COMPROMISSO DAS REGIÕES MÉDIO-PARAÍBA, CENTRO-SUL E BAÍA DA ILHA GRANDE DO RIO E JANEIRO

Agenda Pública em Saúde

Os participantes do 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde das Regiões Médio Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande do Rio de Janeiro, realizado em 21 de outubro de 2005, em Vassouras, com a presença de 70 participantes representando os conselhos municipais de saúde dos municípios de Barra do Piraí, Barra Mansa, Pinheiral, Porto Real, Quatis, Resende, Valença e Volta Redonda (Região Médio-Paraíba); Areal, Co-mendador Levy Gasparian, Mendes, Miguel Pereira, Paracambi, Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Sapucaia e Vassouras (Região Centro-Sul) e Angra dos Reis e Mangaratiba (Região da Baía da Ilha Grande); o Conselho Estadual de Saúde; a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde; o Cosems, a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA) e o Projeto Políticas Públicas de Saúde/UERJ caracterizaram como princi-pais questões de saúde:

• Faltadeinvestimentodosetorpúbliconosmunicípiosqueacompõem;

• Redehospitalarhegemonizadapelosetorprivado;

• Terceirizaçãodosrecursoshumanos;

• ConsórciointermunicipalnasregiõesMédio-ParaíbaeCentro-Sulsemaparticipa-ção do controle social;

• Existênciadeconselhosmunicipaisdesaúdenão-paritários,semautonomiaeinfra-estrutura;

• Faltadearticulação,capacitaçãoeplanejamentonosconselhos;

• Faltadeprestaçãodecontasdopoderpúblicoaosconselhos;

• Faltadedivulgação/comunicaçãodasatividadesdosconselhosmunicipaisdesaú-de e retorno dos conselheiros para suas entidades.

A partir dos problemas identificados apresentaram como propostas:

• Garantirofinanciamentoparaosetorpúblico,bemcomoaregulamentaçãodaEmenda Constitucional 29;

• RediscutirosconsórciosdesaúdedasregiõesMédio-ParaíbaeCentro-Sul,umavezque o controle social não está presente nas deliberações das ações de saúde regio-nalmente implementadas;

• GarantirocumprimentodaResoluçãon.º333/2003doConselhoNacionaldeSaúde;

• Promoveraçõesdemobilizaçãopararenovaçãodosquadrosdosconselhos;

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

• PosicionamentocontrárioaoAtoMédico;

• Construirplanosregionaisdesaúdenastrêsregiões,comamplaparticipaçãodasociedade civil organizada e dos conselhos municipais de saúde para reorganizar o SUS nas regiões, com ênfase na atenção básica, garantindo referência e contra-referência, com a finalidade de assegurar o efetivo direito à saúde.

• Criardosfórunsdeconselhosnastrêsregiões.

O cumprimento desta agenda é de responsabilidade de todos os agentes públicos comprometidos com a construção do Sistema Único de Saúde, em todos os municípios das regiões, com a finalidade de inaugurar um novo pacto de gestão participativa tendo como base as reais necessidades de saúde da população.

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REFERÊNCIAS

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______. Lei n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde – SUS – e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 31 dez. 1990b.

______. Lei n.º 8.689, de 27 de julho de 1993. Dispõe sobre a extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 28 jul. 1993.

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______. Presidência da República. Câmara da Reforma do Estado. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília, 1995.

BRAVO, M. I. S. Gestão Democrática na Saúde: o potencial dos Conselhos. In: BRAVO, M. I. S.; PEREIRA, P. A. (Org.). Política Social e Democracia. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: Uerj, 2001a.

______. Participação social e controle social. In: BRAVO, M. I. S; MATOS, M. C.; ARAÚJO, P. S. X. (Org.). Capacitação para conselheiros de saúde: textos de apoio. Rio de Janeiro: UERJ/NAPE, 2001b.

BRAVO, M. I. S; MATOS, M. C.; ARAÚJO, P. S. X. (Org.). Capacitação para conselheiros de saúde: textos de apoio. Rio de Janeiro: UERJ/NAPE, 2001.

______. (Coord.). Síntese do Mapeamento dos Conselhos Municipais de Saúde da Região Metropolitana III do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: [s.n.], 2000.

______. (Coord.). O Controle Social na Saúde no Município do Rio de Janeiro: síntese. Rio de Janeiro: [s.n.], 1999.

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

______. (Coord.). Projeto “Políticas Públicas de Saúde: o potencial dos Conselhos na Região Metropolitana”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1998. Glossário da Política de Saúde.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Informações Básicas Municipais. Rio de Janeiro, 2001.

RIO DE JANEIRO (Estado). Centro de Informações de Dados do Estado do Rio de Janeiro. Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2002.

______. Município de Areal. Lei n.º 125, de 30 de janeiro de 1997. Cria o Conselho Municipal de Saúde. Município de Areal, 1997.

______. Município de Areal. Lei n.º 271, de 14 de abril de 2003. Jornal Tribuna Post, [S.l.], 31 maio 2003.

______. Município de Mendes. Lei n.º 512, de 06 de novembro de 1991. Mendes, 1991.

______. Município de Mendes. Lei n.º 1.647, de 19 de novembro de 1996. Livro próprio n.º 647, [S.l.], p. 22v à 24v, 19 dez. 1996.

______. Município de Miguel Pereira. Lei n.º 1.400, de 4 de abril de 1994. Jornal Folha Democrática, 15 abr. 1994.

______. Município de Miguel Pereira. Lei n.º 1.456, de 12 de junho de 1995. Mendes, 1995.

______. Município de Miguel Pereira. Lei n.º 1.730, de 13 de agosto de 2001. Mendes, 2001.

______. Município de Paraíba do Sul. Lei n.º 1.539, de 20 de maio de 1991. Paraíba do Sul, 1991.

______. Município de Paraíba do Sul. Decreto n.º 355, de 25 de agosto de 2003. Paraíba do Sul, 2003.

______. Município de Paty do Alferes. Lei n.º 148, de 13 de janeiro de 1992. Paty do Alferes, 1992.

______. Município de Paty do Alferes. Lei n.º 270, de 14 de dezembro de 1994. Jornal Folha Democrática, [S.l.], 21 dez. 1994.

______. Município de Vassouras. Lei n.º 1450, de 05 de abril de 1990. Lei Orgânica do Município de Vassouras, 1990.

______. Município de Vassouras. Lei n.º 1504, de 03 de maio de 1991. Vassouras, 1991. Afixada em local próprio na prefeitura municipal de Vassouras.

______. Secretaria Estadual de Saúde. Indicadores e informações em Saúde: Informe ao Gestor / Regionalização. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://www.saude.rj.gov.br/informacoes/Informacoes.shtml>.

______. Secretaria Estadual de Saúde. Plano Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, 2001 a 2004. Rio de Janeiro, [2004?].

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

ANEXOS

ANEXO A – SíNTESE DAS REUNIÕES DE ORGANIzAÇÃO DO SEMINáRIO DE GESTÃO PARTICIPATIVA NAS REGIÕES CENTRO-SUL, BAíA DA ILHA GRANDE E MéDIO-PARAíBA

Coordenação das Reuniões: Débora Sales, Mariana Maciel e Michelle Moraes1

REGIÃO CENTRO-SUL

Data: 17/9/2005

Local: Auditório da SMS de Paraíba do Sul

Pauta Apresentação e discussão da proposta de programação do Seminário de Ges-tão Participativa das Regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande.

Municípios Presentes (45% – 16 pessoas)

Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Paracambi, Vassouras.

Conselho Estadual de Saúde: Angelita (articuladora).

Ausentes

• Sapucaia;

• TrêsRios;

• EngenheiroPaulodeFrontin;

• Mendes;

• MiguelPereira;

• PatydoAlferes.

Mobilização (PPPS)

Principais pontos discussão

• Papeldauniversidade;

• Parcerias;

• DiscussãodopapeldamídiadiantedaepidemiadeDST/aids;

• Desarticulaçãodomunicípio;

1 Integrantes do Projeto Políticas Públicas de Saúde, da Faculdade de Serviço Social, da UERJ, coordenado pela professora Maria Inês Souza Bravo.

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1 . º S e m i n á r i o d e G e s t ã o P a r t i c i p a t i v a e m S a ú d e d a s R e g i õ e s M é d i o - P a r a í b a , C e n t r o - S u l e B a í a d a I l h a G r a n d e d o R i o d e J a n e i r o : R e g i ã o C e n t r o - S u l

• Escolhadorepresentanteregional;

• Pessimismoemrelaçãoàparticipaçãodosdemaismunicípios.

Deliberações:

• Reuniãodedesdobramentoparasistematizaçãodasituaçãodosconselhosdesaú-de de cada município da Região Centro-Sul nos dias 23/9 e 06/10.

Reuniões de desdobramento

• Data: 23/9 Local: Vassouras

Municípios

Paty do Alferes; Miguel Pereira; Mendes; Engenheiro Paulo de Frontin; Paracambi; Vas-souras.

• Data:6/10/2005

Local: Auditório da Secretaria Municipal de Saúde de Paraíba do Sul

Rua Visconde de Paraíba, n.º 11.

Municípios

Areal; Comendador Levy Gasparian; Sapucaia; Três Rios; Paraíba do Sul.

Pauta

• ApresentaçãodasituaçãodosconselhosdesaúdedosmunicípiosdaRegiãoCen- Apresentação da situação dos conselhos de saúde dos municípios da Região Cen-tro-Sul;

• Síntesedosprincipaisproblemasepropostas.

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ANEXO B – TABULAÇÃO DAS FICHAS DE INSCRIÇÃO DOS PARTICIPANTES DA REGIÃO CENTRO-SUL

REGIÃO CENTRO-SUL

Total de participantes: 25

Municípios: Areal (4), Comendador Levy Gasparian (2), Mendes (1), Miguel Pereira (4), Paracambi (3), Paraíba do Sul (3), Paty do Alferes (4), Sapucaia (1) Vassouras (2).

Total de municípios da Região Centro-Sul presentes no Seminário: 9 de 11

Conselheiro de Saúde

Sim 22 88%

Não 3 12%

Total 25 100%

De acordo com o documento “REGIÃO CENTRO-SUL: Situação de Saúde e Controle So-cial”, na região há 122 conselheiros de saúde titulares. Dos 33 conselheiros convidados (dois usuários e um trabalhador de saúde2) apenas 22 compareceram ao seminário, ou seja, 67% do total. Isto demonstra também a dificuldade de mobilização desses conselheiros.

Conselhos presentes

CMS de Areal, CMS de Comendador Levy Gasparian, CMS de Mendes, CMS de Mi-guel Pereira, CMS de Paracambi, CMS de Paraíba do Sul, CMS de Paty do Alferes, CMS de Vassou ras.

Segmento dos Convidados

Usuário 13 52%

Profissional de saúde 7 28%

Gestor3 4 12%

Conselho estadual de saúde 1 4%

Total 25 100%

2 Foram convidados dois usuários e um trabalhador para garantir a paridade na participação, já que os co-ordenadores de DST/aids dos municípios (segmento gestor/prestador de serviços) já estavam convidados a participar, pois a proposta do seminário era coordenar a discussão DST/aids com controle social na Saúde.

3 Este dado refere-se aos coordenadores de DST/aids e organizações não-governamentais convidadas e ao secretário municipal de saúde de Miguel Pereira, representante do Cosems regional.

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ANEXO C – PRINCIPAIS PROBLEMAS E PROPOSTAS DA REGIÃO CENTRO-SUL

Os participantes da Região Centro-Sul, representados pelos municípios de Areal, Co-mendador Levy Gasparian, Mendes, Miguel Pereira, Paracambi, Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Sapucaia e Vassouras, discutiram em grupo os principais problemas de saúde da região e elaboraram propostas para a melhoria da situação de saúde e o fortalecimento do controle social, no seminário de Gestão Participativa, ocorrido em Vassouras, nos dias 20, 21 e 22 de outubro de 2005.

• Principaisproblemasapresentados

Com relação aos conselhos:

- Falta de comunicação entre os conselhos;

- Falta de capacitação para os conselheiros;

- Maior acompanhamento do conselho estadual de saúde;

- Não respeito à paridade;

- Falta de infra-estrutura e dotação orçamentária;

- Não entendimento e não participação do controle social no consórcio intermu-nicipal.

Com relação à saúde:

- Hegemonia do setor privado e filantrópico de saúde na região;

- Precariedade de ações para dependentes químicos;

- Insuficiência de ações voltadas para UTI materno-infantil;

- Subnotificações de doenças;

- Problemas em relação à informação de dados sobre a saúde;

- Referência e contra-referência precárias;

- Central de regulação que funciona com dificuldades;

- Estrangulamento no acesso à média e alta complexidades.

• Principais propostas apresentadas

- Maior articulação com o conselho estadual de saúde e fiscalização junto aos mu-nicípios para capacitação dos conselheiros;

- Garantia da dotação orçamentária para os conselhos;

- Participação do controle social no consórcio intermunicipal de saúde;

- Respeito à resolução n.º 333/2003 do Conselho Nacional de Saúde;

- Rediscutir o pólo de referência da microrregião 1;

- Rediscutir a central de regulação para garantir seu funcionamento;

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S e c r e t a r i a d e G e s t ã o E s t r a t é g i c a e P a r t i c i p a t i v a

- Levantamento do perfil epidemiológico da região, estabelecendo prioridade de ação de acordo com as necessidades dos municípios;

- Prioridade assistencial neonatal;

- Garantir a assistência à dependência química;

- Criação do Fórum Regional de Conselhos;

- 1.ª Reunião: 22/11/2005, às 10h, no auditório da Prefeitura de Paraíba do Sul do Fórum;

- Viabilizar a Agenda Pública de Saúde aprovada na plenária final do seminário.

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