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1 1º Semana dos Campos de Trabalho - 2007 “É ali em baixo…Olha é ali!!” É verdade era mesmo ali em baixo a nossa Base. A nossa casa durante uma semana. O nosso refúgio, aquele que nos acolheu durante uma semana mas que continuará para sempre na nossa memória. A viagem foi longa mas a recompensa foi bem maior. A imponência das montanhas criou um alegre sentimento de medo, um sentimento de como somos pequenos neste mundo, uma vontade enorme de descer pelo trilhos e poder respirar aquele ar tão puro e ouvir o suave cantar dos riachos. A passagem pela ponte foi o início da paixão pela DRAVE: uma passagem para o lado de lá do mundo. Tínhamos entrado num mundo onde a maior evolução é ser fora da evolução, um universo que não fora criado para lhe tirarmos tudo, mas sim um universo que nos dá tudo. Logo no início sentimos a magia da DRAVE, aquela que ninguém consegue explicar mas que toda a gente sente. Por incrível que pareça tínhamos sido dos primeiros a chegar aos campos de trabalho. Tentámos escolher o melhor sítio para montar a tenda. A aventura tinha começado…

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Page 1: 1º Semana dos Campos de Trabalho - 2007 · 1 1º Semana dos Campos de Trabalho - 2007 “É ali em baixo…Olha é ali!!” É verdade era mesmo ali em baixo a nossa Base. A nossa

 

 

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1º Semana dos Campos de Trabalho - 2007

“É ali em baixo…Olha é ali!!”

É verdade era mesmo ali em baixo a nossa Base. A nossa casa durante uma semana. O nosso refúgio, aquele que nos acolheu durante uma semana mas que continuará para sempre na nossa memória.

A viagem foi longa mas a recompensa foi bem maior. A imponência das montanhas criou um alegre sentimento de medo, um sentimento de como somos pequenos neste mundo, uma vontade enorme de descer pelo trilhos e poder respirar aquele ar tão puro e ouvir o suave cantar dos riachos.

A passagem pela ponte foi o início da paixão pela DRAVE: uma passagem para o lado de lá do mundo. Tínhamos entrado num mundo onde a maior evolução é ser fora da evolução, um universo que não fora criado para lhe tirarmos tudo, mas sim um universo que nos dá tudo. Logo no início sentimos a magia da DRAVE, aquela que ninguém consegue explicar mas que toda a gente sente.

Por incrível que pareça tínhamos sido dos primeiros a chegar aos campos de trabalho. Tentámos escolher o melhor sítio para montar a tenda. A aventura tinha começado…

 

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Dia 0 – “Olá eu sou o ...”

O “gelo” era muito mas aos poucos foi-se quebrando, primeiro fomos todos animais (“tinha logo de me calhar o Boi!!” ☺ ), depois fomos todos “cortados ao meio” até alguém nos trazer a metade que nos faltava e por fim, com muita cola à mistura, juntámo-nos naquele que será o nosso quadro de honra onde o nosso nome irá constar para sempre. O gelo ia desaparecendo e a fome aparecendo. Deu-se início à ceia regional. Provámos de tudo e de tudo gostámos. Ouvimos a história da BNIV, as coisas boas e más e ficámos ainda com mais vontade de ajudar a transformar as más em boas. Tinha sido dado o início a uma semana cheia de desafios, uma semana em que “ser Caminheiro” passou a ser não um desafio mas um objectivo.

Dia 1 – “Sejam Aventureiros…”

Tal como tinham dito, o primeiro dia é o mais complicado. E para começar bem esta semana nada melhor do que sentir o peso da natureza nos nossos braços, transportando simpáticas lajes de xisto da Eira do Eucalipto até aos Currais do Colado. Foi um trabalho cansativo é verdade, mas para compensar, a tarde foi mais calma com alguns trabalhos de melhoramentos e conservação das pontes de madeira e alguns arranjos juntos das árvores perto das casas de banho. Para acabar o dia de trabalho o primeiro banho na lagoa com muito sabão natural à mistura e boa disposição. Já bem lavadinhos e bem servidos por mais um magnífico jantar foi altura de aproveitar a primeira noite livre. Muitas músicas e conversa em redor da fogueira. Tinha acabado o 1º dia de aventura, era altura de descansar pois havia mais desafios pela frente.

 

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Dia 2 – “Nós vamos à luta…”

Neste início de dia o sol começou a brilhar com mais intensidade. O calor ia ser nosso companheiro durante os dias seguintes. Foi altura de dividir o grupo em pequenos grupos de trabalho. Involuntariamente, conseguimos ficar cada um num grupo diferente.

O André foi até Palhais esse sítio distante. Foi difícil descobrir onde era mas chegamos lá. Começámos por abrir um caminho pois aquela zona já há muito que não sentia a mão do Homem. O resto do dia foi passado a limpar o terreno, a arrumar toda a madeira que havia espalhada pelo campo num único sítio e a limpar a zona envolvente da casa.

A Filipa ficou no grupo das “pedrinhas”. Foi altura de tirar os sapatos e passar o dia inteiro dentro do rio a apanhar seixos para levar para uma das casas do Colado. Não foi tarefa fácil: sob um céu escaldante, acartar baldes e mais baldes de seixos foi um tarefa só ao alcance de alguns (os maiores ☺)!

O Simão ficou-se pelo Colado. Foi altura de começar a reconstruir os telhados, tarefa que se adivinhava durar a semana inteira. Pregar ondulinas e colocar lajes com uma ciência que só se aprende depois de muitos telhados feitos (viu-se no resultado do telhado do curral fundeiro, característico de quem não percebia nada daquilo…). E ainda deu para admirar a arte do mestre da carpintaria a fazer aquelas portas simplesmente fantásticas…

O dia ainda não tinha acabado porque faltava viver o desafio da noite. Um desafio que nos levou por toda a aldeia em busca de uma luz. Sozinhos ou acompanhados fomos lendo, vivendo, recordando, provando e experimentando todos os dez desafios. Desde as pipocas até aos 100 anos, passando pela plasticina ou pela escura casa do fogo, da banda desenhada até as bem-aventuranças. Foi uma noite em que descobrimos a noite da DRAVE. Não uma noite barulhenta ou cheia de luzes psicadélicas, mas uma noite serena e reconfortante, onde pudemos ouvir os nossos passos e sentir toda a frescura da noite. Uma noite em que aceitámos os desafios sem saber o que estava para além do foco da lanterna. Gostámos!

 

 

 

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Dia 3 – “ Descobri os Sonhos…”

Foi o dia de deixar o trabalhar a descansar. Foi o dia de subir a montanha. De dar forma e cor aos nossos sonhos. Era altura de estrear o programa Cume!

Logo pela fresquinha começámos a subida da montanha. Com a mochila às costas, fizemo-nos à difícil subida. Foi cansativa, dura e complicada. Mas estar no cume e poder ver tudo à nossa volta compensou e muito todo o esforço da subida. Para se atingir os nossos sonhos temos de nos esforçar para os alcançar e neste dia o nosso sonho foi atingir o cume da nossa montanha. Quantas vezes deparamo-nos ao longo da vida com subidas complicadas, com caminhos indefinidos que é preciso percorrer, com precipícios mesmo ao nosso lado e com alguns acidentes. Neste dia conseguimos todos superar todas as dificuldades. Fomos um grupo coeso. Um grupo que caminhou em direcção ao topo, em direcção a um sonho…e conseguiu.

E como é bom atingir um objectivo, principalmente daqueles complicados. Olhar em volta e ver um grupo que se deliciava com o almoço. Sentir uma leve brisa na cara, ver o mundo lá em baixo, sentir a liberdade de poder abrir os braços e voar. E para aprender a voar, tal como os passarinhos precisam de ajuda, nós também a tivemos. A nossa arca do tesouro foi encontrada. Foi altura de dizer “I have a dream…”, de mudar as cores da vida e dar vida a todas as cores, todos juntos. Deixámos de ter uma cor e passamos a viver em comunhão com todas. Deixámos que o nosso sonho se juntasse aos sonhos de todos, para que a felicidade de um seja a felicidade de todos. Mas para atingir a felicidade temos de traçar objectivos. Fizemos o PPV. Olhámos no horizonte para ver onde queremos estar e como estar. Foi altura de olhar para a ponta da caneta, para a brancura da folha, para o infinito do nosso coração e planear como atingir a nossa felicidade. Não será um caminho fixo, mas somente uma indicação de como a atingir. E sempre que olharmos para esta folha, que outrora foi branca, iremo-nos lembrar de como lhe demos cor, iremo-nos lembrar que temos um caminho para percorrer e sonhos para viver…

Tinha sido um dia em cheio. Foi altura de nos fazermos ao caminho e voltar à Base. Banho, jantar, muita conversa e mais músicas para completar o dia. Chegou a hora de ir dormir e sonhar…

 

 

 

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Dia 4 – “Junta-te a nós…”

Depois de um dia de “folga” voltámos ao nosso trabalho. Continuámos o trabalho que tínhamos iniciado na terça-feira. O André voltou a Palhais para continuar o trabalho da limpeza daquela zona, a Filipa continuou no mundo das pedrinhas e o Simão no topo do telhado a refazer os telhados. O dia de trabalho tinha chegado ao fim, foi altura de voltar à lagoa e esperar por mais um delicioso jantar.

E assim se passou mais um dia…

Não espera, ainda falta uma coisa…à noite tivemos a celebração da palavra…

Há momentos que marcam as nossas vidas… neste caso foi a nossa vida que marcou o momento. No dia anterior tínhamos traçado um plano para o futuro… mas será que vale a pena viver para o futuro e esquecer todo o nosso passado?... depois desta noite a resposta é não…como seria possível responder de outra forma.. É impossível descrever tudo o que vivemos… tudo o que sentimos... tudo o que nos mudou… No meio da escuridão sem ver bem o que tínhamos pela frente, tal como quando nascemos, demos início à nossa existência. Sentados na relva foi altura de reviver e desenhar o primeiro momento da nossa vida… tentar viver a felicidade dos nossos pais e familiares no nosso nascimento…dar início à existência do nosso filme… tínhamos dado início a uma noite como realizadores, como argumentistas, actores…fomos convidados a reviver o nosso baptismo, a nossa infância e consequente caminhada na vida cristã… deitados ou sentados o nosso filme foi ganhando mais episódios, mais imagens, mais sons…olhámos olhos nos olhos… caminhámos até ao presente… mas não ficámos por aqui… quisemos e queremos mais… e deste modo queimámos as pontas dos nossos lenços para nunca mais nos esquecermos daquilo que já vivemos, dos nossos sonhos, das nossas alegrias e tristezas, da força que a DRAVE tem em nós e na magia que nós damos a esta aldeia… Nesta noite quando chegámos a tenda estávamos felizes…sentimos que o que tínhamos vivido nunca mais vamos esquecer…olhámos uns prós outros e vimos aquele brilho nos olhos... aquele brilho mágico… Foi uma noite inexplicável, tocante, reconfortante, reconciliadora, surpreendente... talvez a noite mais iluminada que já pudemos viver…   

 

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Dia 5 – “Seremos Homens Novos…”

Este foi talvez o acordar mais estranho. Por um lado sentíamos uma paz de espírito enorme, por outro lado começava já a aparecer um pouco da saudade. A noite anterior tinha mudado muito a forma como nos olhávamos. Sentia-se qualquer coisa no ar, nos sorrisos, nos olhares… explicação para isso não a temos… vivemo-la…

Como último dia de trabalho e para variar um pouco a Filipa foi no mesmo grupo do André até Palhais com muito trabalho pela manhã e nem tanto pela tarde. O Simão não teve hipótese de variar e lá ficou de volta dos telhados rumo à última pedra. Última pedra que surgiu já o sol estava baixo… Foi a primeira de muitas últimas pedras…

Tinha chegado ao fim os trabalhos desta 1ª semana.

Já bem lavados e ainda melhor jantados foi o momento de fazer a avaliação desta semana. Lá subimos todos para junto da cascata iluminada. Pelo meio um abraço especial ao staff e equipa de gestão que tão bem nos recebeu e cuidou. Um a um fomos fazendo a avaliação. De maneira mais elaborada ou simples ou de maneira mais emocionada a avaliação na sua globalidade foi extremamente positiva. Até ganhamos por 4 a 0…os mais corajosos cumpriram a tradição e foram a banhos…os nossos sonhos libertados para poderem voar até ao infinito e mais além…

 

Dia 6 – “Um..Até Já…”

E por fim chegou o sábado. Tinha chegado ao fim esta semana…mas tinha sido dado o início de uma grande nostalgia por esta aldeia. Ainda não tínhamos ido embora e já estávamos com vontade de voltar. Apesar de todos os dias a fazermos, esta oração da manhã foi especial. É na despedida que realmente sentimos a importância desta semana. Foto de família, último banho na lagoa, última visita ao nosso local de trabalho, arrumar a tenda, mochila às costas e partir…vamos partir para um dia poder voltar… até já!

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As expectativas eram altas, mas mesmo assim foram superadas. Acabei por não descobrir qual era a magia da

DRAVE, mas descobri quem a ajudou a criar. Saí um Homem Novo desta semana. Dificilmente vou esquecer a

Celebração da Palavra. Obrigado por tudo o que nos puderam proporcionar. Continuem com o excelente trabalho porque deste lado estão sempre duas mãos

prontas para ajudar. Aquele abraço!!!

André Conrado

Uma semana inesquecível, um regresso a um local inédito, um reencontro com pessoas (ainda)

desconhecidas, uma experiência inerrepetível…

…assim foi a primeira (de muitas) vindas a DRAVE!

Pela beleza, pelo encanto, pela serenidade, pelo trabalho, pela vossa magia… Obrigado!

… e até já!

Filipa Franco

Foi Aquela Semana… aquela que ficará para sempre, e não é frase feita não… para além disso Drave enche-nos

de Tudo e de Nada, um vazio reconfortante que nos enche por dentro, e nos faz querer voltar sempre… A

Drave, as Pessoas, a Cascata, os Desafios, a Vida …. Eu não sei se deixei a minha marca na Drave… uma coisa

sei… A Drave marcou-me …

Obrigado a todos por Tudo…

Até Breve…

Simão Luz

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