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Em Frente (Contacto com os Pré-seminaristas Dehonianos) Publicação Mensal - Ano IX - nº 195 - Janeiro de 2010 Proprietário, Director e Editor: Pe. Fernando Ribeiro, SCJ Redacção e Administração: Caminho do Monte, 9 | Ap. 430 | 9001-905 - FUNCHAL Telf.: 291 22 10 23 | Website: emfrente.wordpress.com | Email: [email protected] Impresso nos Serviços Privativos do Colégio Missionário Sagrado Coração - FUNCHAL Depósito Legal nº 120 306 Aqui tens a Convocatória para o próximo “encontro formativo”. Para a maior parte dos pré-seminaristas, é já o 4º encontro do presente ano lectivo. Esperamos que todos, tanto os mais antigos como os mais recentes, estejam conscientes da importância da participação assídua, até porque, como tem sido explicado, o pré- -seminário é uma prioridade. Isso foi dito também aos Pais na reunião de Dezem- bro. As férias do Natal e as festas do Ano Novo já ficaram para trás. Estamos no segundo período do ano lectivo. É a vida a avançar e o tempo a correr. No fim do 1º período, todos receberam notas; é natural que as recordem, também para as poderem dizer por altura do “diálogo”. A respeito do RRR, não podemos deixar de recordar aqui que o deve fazer com todo o cuidado, cada um conforme as suas capacidades e também conforme os progressos que tem vindo a fazer. Dos mais antigos, espera-se mais, como é natural. Esperamos que não aconteça como em Dezembro, em que alguns falharam neste seu dever e tiveram de o fazer aqui, enquanto os outros brincavam. Nin- guém tem gosto em que isso aconteça. Nem devia ser necessário recordar que todos (excepto os novos pré- seminaristas) devem trazer consigo os “Em Frente” de Novembro e Dezembro, a fim de podermos trabalhar juntos sobre eles. O trabalho a apresentar é o de Dezembro. Para isso, é necessário responder às perguntas que vêm no “Em Fren- te” de Dezembro, relendo os textos do “Em Frente” de Novembro. Agora, presta atenção aos pontos que se seguem. DATA: dias 16 e 17 de Janeiro. CHEGADA: no sábado até às 10.30 horas. Já sabes que às 11.00 temos de estar em condições de começar as nossas actividades. REGRESSO A CASA: logo a seguir ao almoço (13.30 h.) e, possivelmente, antes das 14.00 horas. TRAZER: as coisas do costume. Como sempre recomendamos especial cuida- do para não esquecer certos objectos, tais como os lençóis, o pijama, os chinelos, o sabonete (champô), a toalha, a escova e a pasta de dentes, e ainda, naturalmente, as coisas que são para entregar à chegada (Cartão de Pré-seminarista; Folhinha da Fidelidade; RRR). NÃO TE ESQUEÇAS que já tens à tua disposição a versão on-line do EM FRENTE. Vai a: emfrente.wordpress.com Caro PRÉ-SEMINARISTA! Cá estamos nós num novo ano, que é, com certeza, uma alegria. Uma alegria que tem a sua razão de ser, mas da qual é bom estarmos conscientes. O começo de um novo ano não é uma espécie de fatalida- de que tinha mesmo que acontecer. É, sobretudo, para quem tem fé, um motivo de esperança num futuro que, com a ajuda de Deus e com o nosso esforço, pode ser melhor. É para ti, pré-seminarista, uma mais uma oportunidade que o amor de Deus te oferece. Se for bem apro- veitada, ela permitir-te-á uma série de coisas importantes: crescer mais um pouco, não só fisicamente; fazer novas experiências, descobrir novas coisas; adquirir mais conhecimentos a nível escolar e não só; culti- var boas amizades, começando pela tua família; corrigir alguns defeitos à medida que eles se forem manifestando; desenvolver as tuas qualida- des, pois elas devem crescer contigo; aprender a ser senhor de ti pró- prio e não escravo das influências que te podem desencaminhar e com- prometer a tua felicidade futura. É também uma oportunidade para ir percebendo cada vez melhor qual é o projecto que Deus tem, para que a tua vida seja um verdadeiro sucesso. E sê-lo-á, com certeza, se perceberes uma coisa que nem sempre é fácil, sobretudo no nosso tempo. Imaginas de que se trata? Quase que aposto que não, porque não é assim tão óbvio. Tanto é isso verdade, que imensos jovens nunca chegam a perceber, por causa do nosso maior inimigo. O facto de seres pré-seminarista oferece-te uma ajuda que muitos não têm para perceber essa coisa tão fundamental. Qual é ela, então? Já digo e digo-o com toda a convicção, porque é a verdade. Trata-se de perceberes que a vida qualquer vida e, portan- to, também a tua só é um verdadeiro sucesso, se for uma “vida útil”. A vida é útil, quando é vivida a pensar nos outros, a “servir”, à maneira de Jesus que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida” De tal maneira que um dos critérios para a descoberta da vocação tem de ser a preocupação com as necessidades que encontras à tua volta, no mundo em que vives. E não só com os teus gostos, com os teus interesses e ambições, com a tua realização pessoal. Sobre isto há muito que dizer e eu encarrego-me de o ir dizendo nos nossos encontros formativos, para tua ajuda. Mas repito que não é fácil de compreender, sobretudo por causa do tal inimigo que agora revelo qual é: o egoísmo. O egoísmo, infelizmente, procura dominar- -nos, se não tivermos cuidado. O egoísmo estraga muitas vidas. Não deixes que estrague a tua. E estraga o mundo. Bom ano 2010! Mais uma oportunidade a não perder! Pe. Fernando Ribeiro, SCJ Publ. Mensal - nº 195 - Janeiro de 2010 - Preço 0,25€ (IVA incl.) Contacto com os Pré Contacto com os Pré- seminaristas Dehonianos seminaristas Dehonianos janeiro

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Page 1: 1º período, todos receberam notas; é natural que as ...Cá estamos nós num novo ano, que é, com certeza, uma alegria. Uma alegria que tem a sua razão de ser, mas da qual é bom

Em Frente (Contacto com os Pré-seminaristas Dehonianos) Publicação Mensal - Ano IX - nº 195 - Janeiro de 2010

Proprietário, Director e Editor: Pe. Fernando Ribeiro, SCJ Redacção e Administração: Caminho do Monte, 9 | Ap. 430 | 9001-905 - FUNCHAL

Telf.: 291 22 10 23 | Website: emfrente.wordpress.com | Email: [email protected] Impresso nos Serviços Privativos do Colégio Missionário Sagrado Coração - FUNCHAL

Depósito Legal nº 120 306

Aqui tens a Convocatória para o próximo “encontro formativo”. Para a maior parte dos pré-seminaristas, é já o 4º encontro do presente ano lectivo. Esperamos que todos, tanto os mais antigos como os mais recentes, estejam conscientes da importância da participação assídua, até porque, como tem sido explicado, o pré--seminário é uma prioridade. Isso foi dito também aos Pais na reunião de Dezem-bro.

As férias do Natal e as festas do Ano Novo já ficaram para trás. Estamos no segundo período do ano lectivo. É a vida a avançar e o tempo a correr. No fim do 1º período, todos receberam notas; é natural que as recordem, também para as poderem dizer por altura do “diálogo”.

A respeito do RRR, não podemos deixar de recordar aqui que o deve fazer com todo o cuidado, cada um conforme as suas capacidades e também conforme os progressos que tem vindo a fazer. Dos mais antigos, espera-se mais, como é natural.

Esperamos que não aconteça como em Dezembro, em que alguns falharam neste seu dever e tiveram de o fazer aqui, enquanto os outros brincavam. Nin-guém tem gosto em que isso aconteça.

Nem devia ser necessário recordar que todos (excepto os novos pré-seminaristas) devem trazer consigo os “Em Frente” de Novembro e Dezembro, a fim de podermos trabalhar juntos sobre eles. O trabalho a apresentar é o de Dezembro. Para isso, é necessário responder às perguntas que vêm no “Em Fren-te” de Dezembro, relendo os textos do “Em Frente” de Novembro.

Agora, presta atenção aos pontos que se seguem.

DATA: dias 16 e 17 de Janeiro. CHEGADA: no sábado até às 10.30 horas. Já sabes que às 11.00 temos de estar

em condições de começar as nossas actividades. REGRESSO A CASA: logo a seguir ao almoço (13.30 h.) e, possivelmente, antes

das 14.00 horas. TRAZER: as coisas do costume. Como sempre recomendamos especial cuida-

do para não esquecer certos objectos, tais como os lençóis, o pijama, os chinelos, o sabonete (champô), a toalha, a escova e a pasta de dentes, e ainda, naturalmente, as coisas que são para entregar à chegada (Cartão de Pré-seminarista; Folhinha da Fidelidade; RRR).

NÃO TE ESQUEÇAS que já tens à tua disposição a versão on-line do EM FRENTE. Vai a:

emfrente.wordpress.com

Caro PRÉ-SEMINARISTA! Cá estamos nós num novo ano, que é, com certeza, uma alegria.

Uma alegria que tem a sua razão de ser, mas da qual é bom estarmos conscientes. O começo de um novo ano não é uma espécie de fatalida-de que tinha mesmo que acontecer. É, sobretudo, para quem tem fé, um motivo de esperança num futuro que, com a ajuda de Deus e com o nosso esforço, pode ser melhor. É para ti, pré-seminarista, uma – mais uma – oportunidade que o amor de Deus te oferece. Se for bem apro-veitada, ela permitir-te-á uma série de coisas importantes: crescer mais um pouco, não só fisicamente; fazer novas experiências, descobrir novas coisas; adquirir mais conhecimentos a nível escolar e não só; culti-var boas amizades, começando pela tua família; corrigir alguns defeitos à medida que eles se forem manifestando; desenvolver as tuas qualida-des, pois elas devem crescer contigo; aprender a ser senhor de ti pró-prio e não escravo das influências que te podem desencaminhar e com-prometer a tua felicidade futura.

É também uma oportunidade para ir percebendo cada vez melhor qual é o projecto que Deus tem, para que a tua vida seja um verdadeiro sucesso.

E sê-lo-á, com certeza, se perceberes uma coisa que nem sempre é fácil, sobretudo no nosso tempo. Imaginas de que se trata? Quase que aposto que não, porque não é assim tão óbvio. Tanto é isso verdade, que imensos jovens nunca chegam a perceber, por causa do nosso maior inimigo.

O facto de seres pré-seminarista oferece-te uma ajuda que muitos não têm para perceber essa coisa tão fundamental.

Qual é ela, então? Já digo e digo-o com toda a convicção, porque é a verdade. Trata-se de perceberes que a vida – qualquer vida e, portan-to, também a tua – só é um verdadeiro sucesso, se for uma “vida útil”. A vida é útil, quando é vivida a pensar nos outros, a “servir”, à maneira de Jesus que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida”

De tal maneira que um dos critérios para a descoberta da vocação tem de ser a preocupação com as necessidades que encontras à tua volta, no mundo em que vives. E não só com os teus gostos, com os teus interesses e ambições, com a tua realização pessoal.

Sobre isto há muito que dizer e eu encarrego-me de o ir dizendo nos nossos encontros formativos, para tua ajuda. Mas repito que não é fácil de compreender, sobretudo por causa do tal inimigo que agora revelo qual é: o egoísmo. O egoísmo, infelizmente, procura dominar- -nos, se não tivermos cuidado. O egoísmo estraga muitas vidas. Não deixes que estrague a tua. E estraga o mundo.

Bom ano 2010! Mais uma oportunidade a não perder! Pe. Fernando Ribeiro, SCJ

Publ. Mensal - nº 195 - Janeiro de 2010 - Preço 0,25€ (IVA incl.)

C o n t a c t o c o m o s P r éC o n t a c t o c o m o s P r é -- s e m i n a r i s t a s D e h o n i a n o ss e m i n a r i s t a s D e h o n i a n o s

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A nossa vontade deve deixar-se consumir como o grão de incenso e desaparecer nas chamas do amor do Sagrado Coração de Jesus. Querer só o que Deus quer; entregar-se totalmente a Ele sem hesitações, sem reservas, no tempo e para a eternidade; estar pronto para tudo, deixar-se moldar, aceitar tudo com amor, como querido ou desejado por Deus, eis um sacrifí-cio que é agradável ao S. Coração de Jesus.

Os presentes que Nosso Senhor espera de nós são UM CORAÇÃO PARA AMAR, UM CORPO PARA SOFRER, UMA VONTADE PARA SER SACRIFICADA E RENUNCIADA; para, em seu lugar, amar acima de tudo a vontade de Deus e procurar cum-pri-la.

COMENTÁRIO:

O Padre Dehon escreve para os dehonianos em particular e, em geral, para todos aqueles que são mais amigos do Coração de Jesus e que querem pertencer-Lhe de modo especial. No fundo, para os verdadeiros devotos do Coração de Jesus.

Refere-se aos três presentes que os Magos ofereceram ao Menino Jesus: ouro, incenso e mirra. Cada um desses presentes é um símbolo. Assim, o ouro, diz o Pe. Dehon, é "o amor puro, sincero, autêntico". A mirra, por sua vez, é a "imolação, o sacri-fício do corpo, são os sofrimentos, venham eles donde vierem".

Quanto ao incenso, simboliza a nossa vontade à qual devemos ser capazes de renunciar para só fazermos em vez da nossa a vontade de Deus.

Resumindo e concluindo, o Pe. Dehon afirma que os três presentes que Jesus espe-ra de nós são:

1º. o nosso coração, para O amarmos acima de todas as coisas e, por amor d'Ele, amarmos os nossos irmãos;

2º. o corpo, não para gozar, mas para aceitar todos os esforços, incómodos e sofri-mentos que Deus quiser pedir-nos;

3º. e, finalmente e acima de tudo, a nossa vontade livre, ou por outra, a nossa liber-dade, para só queremos o que Deus quer.

Para ti, A PALAVRA DO PADRE DEHON

Os três presentes!

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[eler] [eflectir] [esponder] 1.

2.

3.

4.

5.

6.

7. 8.

a) Qual a principal coisa que fez de Dezembro um mês especial? b) O que é a “quadra natalícia”? c( Que é que acontece com muitas pessoas e não deveria acontecer? d) Que é a festa de Natal acima de tudo? e) Que podemos dizer a respeito do facto de Deus Se ter feito homem?

a) Quais são os três primeiros frutos de Espírito Santo? b) De onde vem a perturbação da alma? c) Que faz o amor à consciência? d) Qual é único meio para gozar da paz?

a) O Papa fala de um “diálogo vocacional”. Entre quem se dá esse diálogo? b) Como deve crescer a resposta dos presbíteros (sacerdotes) ao chamamento de

Deus?

a) De onde é natural o jovem Kota? b) Que diz ele a respeito do velho missionário Pe. Floribert? c) Que é que o fazia pensar muito? d) Quem animava o jovem nas suas tentações de desânimo? e) Que resposta deu o director espiritual aos desabafos do jovem? f) A que conclusão chegou ele?

a) Que atraiu Moisés à presença de Deus? b) Que pressentia o povo em João Baptista? c) Que procurou o “céu” (o Anjo) em Nazaré?

a) Como reagiram os pais à vocação do futuro Cardeal Bertone? b) Que conselho lhe deu o confessor? c) Qual foi a primeira das dificuldades que teve de enfrentar? d) Refere uma das ‘satisfações’ (alegrias) que sente o Cardeal?

a) Que conselho dá o Padre Dehon? b) Que reclama o mundo, no dizer do Papa Paulo VI?

Perguntas sobre o “Directório” (páginas 29-30) a) Por que deve o pré-seminarista dar especial atenção aos pontos que lhe dizem

mais directamente respeito? b) Que é que deve o pré-seminarista assegurar? c) De que é que o pré-seminarista deve dar provas? d) Que é que deve poder afirmar por escrito? e) Que carácter deve revestir a admissão ao Pré-Seminário?

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PARA LER E MEDITAR

Deus merece o melhor!

Todos nós temos uma vocação. Para nós cristãos, vocação é muito mais do que ter jeito, gostar muito ou sentir-se bem numa profissão. Vocação significa chama-mento. Quem chama é sempre Deus. Ele que nos chamou do nada para a vida. Ele nos chamou da vida comum dos mortais à vida em Cristo no Baptismo. Ele nos cha-ma também para uma missão especial no mundo. E para que nos chama Deus? Para sermos felizes. Não podemos nunca esquecer isso: nosso Deus é um Deus compro-metido com a nossa felicidade. Ele porém, não nos chama somente para sermos feli-zes. Ele precisa de nós para ajudarmos os outros a serem felizes. Nesse sentido, a vocação à vida cristã recebida no Baptismo, é um convite a todos os cristãos a gritar ao mundo a boa notícia de Jesus que se resume nesta verdade: cada pessoa que vem a este mundo é filha querida de Deus. E dizer que em Jesus Cristo, Deus Se fez homem para fazer de nós, homens e mulheres, filhos e filhas de Deus.

Dentro desta grande família surgem muitas e variadas vocações. Algumas até nos podem parecer estranhas. Sobretudo a quem não tem fé.

É este o caso de Susana Proença Garcia, natural de Castelo Branco, filha dos pro-fessores Maria Alice Proença e Dr. Joaquim Simões Garcia. A 19 de Março último deu entrada no Carmelo de Coimbra. Licenciada em enfermagem, com o mestrado em Cuidados Paliativos, com duas experiências de trabalho, no Instituto Português de Oncologia do Porto e de Coimbra, pastoralmente empenhada, Susana tudo deixa porque Deus que é o Amor a seduziu.

Socialmente bem lançada, entregou-se totalmente a Deus. Decidiu entregar-se toda a Deus que tudo dá e não irá nunca arrepender-se.

«Senhor, que recompensa nos dás a nós que deixámos tudo para Te seguir?» – perguntam os apóstolos. E a resposta de Jesus é bem conhecida: – «Cem vezes mais casas, mais irmãos, mais pais, mais bens neste mundo e no outro a vida eterna.»

Quando falo nisto lembro-me sempre duma crítica de alguém a respeito de pes-soas que entram nos conventos depois de tirar cursos superiores. – «Para que é que andaram a gastar o dinheiro aos pais e ao Estado?»

E eu respondi: – «Se quiser presentear alguém a quem muito deve, não lhe pre-para o que de melhor estiver ao seu alcance?»

E referi-lhe o caso de uma senhora de idade que me disse: – «Estou a criar um cabrito para dar ao meu médico quando estiver bem gordinho!»

M. V. P. 3

Mateus refere no seu Evangelho a pergunta que ardia no coração dos Magos: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?” (2, 2). Procurar Jesus era o objectivo da sua longa viagem a Jerusalém. Por isso suportaram fadigas e sacrifícios, sem ceder ao desânimo e à tentação de voltar atrás. Também nós viemos a Colónia, porque sentimos no coração, se bem que de forma diferente, a mesma pergunta que induziu aqueles homens do Oriente a pôr-se a caminho.

É verdade que hoje já não procuramos um rei, mas estamos preocupados com a situação do mundo e perguntamos: onde encontro eu os critérios para colaborar de modo responsável na construção do presente e do futuro do nosso mundo? Em quem posso confiar? Onde está Aquele que pode dar- -me a resposta satisfatória aos anseios do coração?

COMENTÁRIO:

Estas palavras do Santo Padre fazem parte do seu primeiro discurso (homilia) em Colónia na Jornada Mundial da Juventude de 2005. Referem-se ao episódio dos Magos narrado por S. Mateus e, no fundo, querem dizer que à semelhança dos Magos também os jovens e nós todos fazemos perguntas. Já não perguntamos por um rei, diz o Papa, mas por alguém que dê resposta – uma resposta verdadeira – a grandes questões. Esse Alguém, sabemos quem é. É Jesus, o mesmo Jesus que os Magos procuraram numa lon-ga viagem, suportando “fadigas e sacrifícios, sem ceder ao desânimo e à tentação de voltar atrás”. Todo o jovem em geral – e um pré-seminarista em especial – deve, sem cair na tentação do desânimo, procurar em Jesus resposta para perguntas tão importantes como aque-las que o Papa faz e que, se forem bem compreendidas, de algum modo também se referem à questão da vocação.

Quando se pergunta “em quem posso confiar”, sabemos em quem é. Em Jesus. Só n’Ele, de facto, podemos confiar; é n’Ele e d’Ele que devemos procurar saber qual o caminho a seguir na vida, a fim de sermos pessoas úteis e felizes. Ora, esse caminho é, como sabes, a nossa vocação.

A PALAVRA DO PAPA, para ti

Em quem posso confiar?

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UMA HISTÓRIA DE CADA VEZ

Vendo certa senhora o Pe. Cruz, a quem todos chamavam “santo”, trajando uma batina muito velhinha, entregou-lhe um envelope, dizendo:

- É para comprar uma batina nova. À saída da igreja, onde o dinheiro lhe tinha sido dado, o santo Pe. Cruz encon-

trou uma peixeira a chorar com uma criança ao colo. Aproximou-se e perguntou-lhe: - Minha irmã, por que chora? - Sou viúva. Tenho seis filhos a morrer à fome; não tenho que lhes dar. Tirou o bondoso sacerdote o envelope do bolso e entregou-lho, declarando: - Não chore mais. Agradeça a Nosso Senhor. A senhora que lho tinha dado e que estava presente não gostou e perguntou-

-lhe: - O senhor Padre sabe o que lhe deu? Eram seis contos (que equivaleria agora a

uns 100 contos). A própria peixeira, ao receber a esmola, pensou que houvesse engano, mas o

santo sacerdote sossegou-a: - É para dar de comer os seus filhos. Quando arrecadava no bolso alguma esmola, costumava dizer a sorrir:

- Não pára cá muito tempo! O santo Padre Cruz nunca recusava esmola a um pobre, a não ser que não tivesse

nada. Mesmo então o pobre não ficava sem esmola: dava as suas boas palavras, o sorriso, a sua bênção. E o pobre saía consolado.

O Santo Padre Cruz

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sabedoria

10 grãos de

1. Vós sois a luz do mundo! Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte. (Jesus)

2. Verdadeiramente sábios são os que Vos seguem, Senhor no despre-zo do mundo e na mortificação da carne. (Imitação de Cristo)

3. A união com Nosso Senhor é o remédio mais eficaz para todos os defeitos. (Pe. Dehon)

4. A maior felicidade da alma neste mundo é encontrar uma vez na vida um verdadeiro homem de Deus. (Joubert)

5. Dizeis: “Os tempos são maus”. - Vivei bem e mudareis os tempos, vivendo bem. (S. Agostinho)

6. Vós perguntais-me um meio para chegar à perfeição; só conheço um: o amor. (S. Teresa do Menino Jesus)

7. É importante escolher as promessas verdadeiras, que abrem ao futu-ro, também com renúncias. Quem escolheu Deus, também na velhice tem um futuro sem fim e sem ameaças diante de si. (Bento XVI)

8. Quando olhamos para Jesus no Pão da Vida, compreendemos que continua a amar-nos hoje. Por isso devemos fazer que a nossa vida permaneça disponível para acolher a Boa Nova que Jesus nos veio trazer. (Madre Teresa de Calcutá)

9. Só o santo é verdadeiramente homem. (Card. Saraiva Martins)

10. Se não temos uma alma missionária, não continuemos a rezar o Pai-Nosso: mentindo a Deus, traímos a causa de Cristo. (Padre Charles)

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viver. Então ela prometeu rezar todos os dias o terço pela minha saúde, assegurando que, se Deus me cha-masse, ela me ofereceria ao Senhor. Eu nunca soube e aqui tem o resulta-do.

– Conte-nos alguns dos momen-tos mais felizes desde que deu seu “sim” a Cristo?

–Cardeal Maradiaga: Foram mui-tíssimos. Logicamente, quando fiz os meus primeiros votos como salesiano. Eu sonhei todo o tempo em ser sale-siano e isso foi para mim uma das enormes alegrias. Depois o momento mais feliz e decisivo foi a ordenação sacerdotal. É a maior graça que Deus pode dar a uma pessoa, depois do baptismo. Posteriormente, o episco-pado meteu-me um pouco de medo, pois eu não considerava que fosse essa a minha vocação, mas aceitei, porque Dom Bosco dizia que um dese-jo do Papa para um salesiano era uma ordem, e assim aceitei na fé. Creio que o Senhor me concedeu 31 anos de bispo de alegria, de muita felicidade. Quando João Paulo II me chamou a ser cardeal, foi uma surpresa. Eu nun-ca tinha sonhado com isso, porque as Honduras nunca tinham tido um car-deal. De tal maneira que me deu ale-gria justamente pela alegria que isso trouxe a meu povo.

– E alguns momentos difíceis? –Cardeal Maradiaga: Diz o

Senhor, “quem quiser seguir-Me, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me”. Entre estes momen-tos esteve a morte de meu pai, ape-nas quando eu estava começando o caminho, no segundo ano de filosofia. Tive também por vezes alguma dificul-dade de saúde, sofri de asma vários anos, curou-me milagrosamente Nos-sa Senhora, quando estava no primei-ro ano de teologia. Posteriormente também tive muitas dificuldades por causa da situação na América Central. Como bispo administrador apostólico, encontrava-me numa diocese de fron-teira com a Guatemala e o Equador: tínhamos refugiados. Eram tempos de guerrilha e, claro, tudo era bem difícil. Outro momento triste foi a morte de João Paulo II.

– Porquê? – Cardeal Maradiaga: Porque eu

gostava muito dele, era praticamente meu pai, e ele sempre me mostrou uma confiança e um carinho muito grande. Claro que vimos a sua saúde deteriorar-se, mas eu não imaginava que ia morrer tão rápido. Para mim foi como quando morreu o meu pai, foi igual.

Recordo que o pregador nos disse: “se Deus os chama, não sejam cobardes”.

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Encontrava-me certo dia no meio de um grupo de adolescentes para lhes falar das Missões em África. Enquanto lhes mostrava diapositivos de tantas pessoas que esperam um sacerdote, perguntei- -lhes:

- E vocês já alguma vez pensaram em ser sacerdotes?

A resposta foi fulminante: - Nós não somos loucos! Fiquei petrificado perante aquela

afirmação categórica. Certamente não é pedido a toda a gente que seja sacerdo-te, mas eu próprio sendo sacerdote, con-sidero-me uma pessoa perfeitamente normal.

E, quanto mais penso nisso, mais me agrada a classificação de "loucos". Faz parte dos componentes da fé, é preciso um pouco de loucura. É em nome da fé que nos afastamos do programado, defi-nitivamente estabelecido do ponto de vista humano, para encontrar novas maneiras de pensar, de se situar em rela-ção aos outros; de considerar e de viver as realidades deste mundo.

Crer em Deus é mudar a nossa maneira de ver, de pensar e de amar, por-que ter fé é qcolher em nós o olhar, o pensamento, o coração de Deus.

No Evangelho vemos que Jesus tam-bém não foi compreendido, também Ele foi considerado louco: "Os seus familiares vieram para tomar conta d'Ele, porque se dizia: "Ele perdeu a cabeça" (Mt 3, 21).

Seguir Cristo, parecer-se com Ele exige uma perspectiva divina, que ultra-passa muitas vezes o bom senso e a razão humana, para penetrar nos cami-nhos de Deus, misteriosos e incompreen-síveis à lógica humana.

É por este motivo que é difícil res-ponder à pergunta: "Por que é que és sacerdote?". A dificuldade não está tanto na resposta, quanto na possibilidade de ser compreendido. Também Jesus dizia dos que não estavam preparados para acolher o Reino de Deus: "Nem todos compreendem estes ensina-mentos" (Mt 19, 11 e ss.) S. Paulo, por sua vez, diz-nos: "Os que são loucos aos olhos do mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios, e os que são fracos no mundo é que Deus escolheu para confundir os fortes" (1 Cor 1, 27).

PÁGINA VOCACIONAL

Ser padre hoje?

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- “Sou um salesiano hondurenho nascido há 66 anos em Tegucigalpa", assim começa a sua entrevista o car-deal Óscar Andrés Rodríguez Maradia-ga, arcebispo de Tegucigalpa (Hon-duras).

E logo depois refere o facto que mudaria decisivamente a sua vida: “entrei na Congregação salesiana, quando tinha 16 anos e ali fiz todo meu percurso como educador, profes-sor, até que fui ordenado sacerdote em 1970”.

Mais tarde, os superiores destina-ram-me para estudar em Roma. Estu-dei teologia moral, psicologia clínica em Roma e em Innsbruck (Áustria). Depois regressei como prefeito de estudos no Instituto Teológico Sale-siano da Guatemala e depois como

reitor do Seminário Menor de Filoso-fia na Guatemala.”

“Em 1979 fui nomeado bispo auxi-liar de Tegucigalpa e ordenado a 8 de Dezembro desse ano”, continua a explicar. “Fui secretário-geral do Con-selho Episcopal Latino-Americano (CELAM), vivendo quatro anos em Bogotá. Depois, fui nomeado arcebis-po de Tegucigalpa, há 16 anos, e fui nomeado cardeal por João Paulo II, em 2001. Há dois anos fui eleito presi-dente da Cáritas Internacional.”

Estes são, em síntese, os grandes momentos da sua autobiografia. Mas por si só não seriam suficientes. Nesta entrevista, ele vai além, para mostrar o porquê da sua vocação, assim como os momentos mais belos e os mais difíceis que viveu.

O testemunho do Cardeal Maradiaga

TESTEMUNHO

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– Como foi o seu chamamento a seguir Cristo? Como decidiu ser sacer-dote?

– Cardeal Maradiaga: O chama-mento foi do Senhor, através do padre diretor do colégio. Eu estava encantado com a vida salesiana, onde me encontrava desde os seis anos de idade. Agradava-me muito o ambien-te. Fui acólito e, precisamente regres-sando de uma Missa no colégio, com o padre diretor que foi depois arcebis-po de Tegucigalpa, ele disse-me: “não gostariasde ser sacerdote?”. E eu res-pondi imediatamente: “sim”. Desde esse momento, eu já me sentia no seminário, mas quando terminei os estudos primários, aos doze anos, disse ao meu pai que iria para o semi-nário menor salesiano, para o aspiran-tado, e ele disse-me: “o menino não vai a lado nenhum, porque não se manda. É muito traquinas e vão man-dá-lo embora no dia seguinte”. E, de facto, muitas vezes pensei depois: “tinha razão”.

Então esqueci-me da vocação e dediquei-me à aviação de alma, vida e coração. Aprendi inglês, quando crian-ça precisamente para poder ler livros de aviação, aprendi a voar quando tinha 14 anos. Quando estava para terminar outro ciclo de estudos, tive-mos exercícios espirituais. Recordo que o pregador nos disse: “se Deus os chama, não sejam cobardes”. Aquilo ressoou no meu interior e eu disse: “Deus chama-me e eu não quero ser

cobarde”. Por isso, fui para o aspiran-tado, depois para o noviciado: esse foi o caminho.

– O senhor Cardeal revela-nos a sua paixão pela aviação, mas muitos o conhecem também pela sua paixão pela música.

– Cardeal Maradiaga: Sim, porque desde criança em minha casa havia música: o meu pai adorava música, minha irmã mais velha tocava piano e também os outros meus irmãos. Então puseram-me a aprender piano desde pequeno. Ao entrar na Congre-gação salesiana, destinaram-me tam-bém a ser professor de música, man-daram-me estudar no conservatório e coube-me durante muitos anos ensi-nar música sacra, canto gregoriano, que me encanta, além de preparar orquestras e bandas nos colégios em que trabalhei. Assim aprendi a tocar vários instrumentos.

– Quais? – Cardeal Maradiaga: Saxofone,

acordeão, órgão, piano, bateria, con-trabaixo, clarinete... Assim tornou-se- -me muito bonita a vida.

– Houve alguma pessoa impor-tante no momento de tomar a deci-são de seguir a Deus?

– Cardeal Maradiaga: Sim. Natu-ralmente foi o padre diretor do colé-gio, assim como São João Bosco. No ano anterior a me ordenar sacerdote, minha mãe revelou-me algo que eu desconhecia: eu tinha nascido prema-turo e o doutor dizia que não ia sobre-

O testemunho do Cardeal Maradiaga

A ordenação sacerdotal é a maior gra-ça que Deus pode dar a uma pessoa, depois do baptismo.