1. os limites da semântica

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  • 7/26/2019 1. Os Limites Da Semntica

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    s limites movedios

    d semntic

    lguns pr ssupostos

    Espera-se de um livro de iniciao sobre qualquer

    disciplina que comece por uma ou mai definies da dis-

  • 7/26/2019 1. Os Limites Da Semntica

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    que qualquer traduo impossvel e para compreender a

    significao de uma palavra ou frase se exige a participa-

    o direta em atividades de um determinado tipo.

    A palavra cincia evoca domnios de investigao cla-

    ramente definidos, a respeito dos quais os cientistas aper-

    feioaram mtodos de anlise unanimemente aceitos e ela-

    boraram conhecimentos coerentemente articulados e fiis

    aos fatos. Ao contrrio disso, a semntica um domnio

    de investigao de limites movedios; semanticistas de di-

    ferentes escolas utilizam conceitos e jarges sem medida

    comum, explorando em suas anlises fenmenos cujas rela-

    es no so sempre claras: em oposio imagem inte-

    grada que a palavra cincia evoca, a semntica aparece,

    em suma, no como um corpo de doutrina, mas como o

    terreno em que se debatem problemas cujas conexes no

    so sempre bvias.

    Pareceu-nos que a existncia de orientaes distintas

    e a disperso prpria da disciplina semntica deveria ser

    mostrada ao leitor. Da a deciso de no construir o livro

    em torno de escolas ou de conceitos tericos, mas em torno

    de problemas. Escolhemos problemas que tiveram grande

    importncia na ref lexo sobre a significao ao longo dos

    ltimos cem anos, e que nos pareceu possvel discutir sem

    excesso de tecnicismos. O leitor que aceitar a tarefa de

    refletir sobre esses exemplos poder utiliz-los em se-

    guida para balizar o campo e para situar outros problemas

    semnticos sobre os quais venha a informar-se. Essas so,

    a nosso ver, etapas necessrias de um processo em que a

    conceituao abstrata deve aparecer depois.

    A leitura deste livro nada pressupe alm de sensi-

    bilidade para os fatos de lngua; para situar a reflexo que

    ele estimula convm contudo, ter em mente trs limites:

    1) .estaremos falando, sempre, sobre fatos de lngua,

    ou seja, utilizaremos a lngua para falar dela prpria. Esse

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    emprego, que costuma ser chamado de me talingstico ,

    tem exigncias prprias, que o distinguem do uso corrente

    em que utilizamos a linguagem para falar do mundo;

    2) analisaremos frases e expresses do ponto de vista

    da sua significao, mas para isso teremos que nos referir

    inmeras vezes sua form Tratar uma expresso ou

    frase do ponto de vista de sua forma analis-Ia sintatica-

    mente, e toda anlise semntica pressupe que sejam dadas

    de antemo informaes sintticas sobre as prprias ex-

    presses. No nos afastaremos dessa prtica corrente; ape-

    nas, por razes de espao, fingiremos muito mais freqen

    temente do que desejaramos que as questes sintticas so

    claras, e no apresentam problemas;

    3) trataremos a anlise dos fatos de lngua, sob a

    perspectiva da teoria que os apontou. Assim, no vamos

    tomar sempre um mesmo tpico e trat-Ia de vrios pontos

    de vista. Alguns deles apenas sero tratados de um ponto

    de vista, e isso porque nos parece importante que o leitor

    obtenha pela leitura deste livro um espectro da rea e no

    apenas um ponto de vista de anlise.

    Dito isso, podemos passar nossa introduo se-

    mntica.