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Os comportamentos do ser humano no trabalho podem
ser estudados sob dois ângulos:
Sistema de transformação de energia: atividades
motoras (ou musculares) de trabalho, que permitem a
transformação da energia físico-muscular em energia
mecânica de aplicação de forças, de deslocamentos, de
movimentos, de manutenção de posturas,...
Sistema de recepção e tratamento de informação:
atividades cognitivas de trabalho, que permitem a
detecção, a percepção e o tratamento das informações
recebidas do meio ambiente de trabalho.
2.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS2.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
2
2.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS2.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
Olhos
Ouvidos
Outrosórgãos
Reconhecimentode padrões
Membros
Posturas
Voz
Memória decurto-termo
Memória delongo-termo
10² BIT/SSub-sistematratamento informação
107 BIT/SSub-sistema
respostaEn
erg
ias
do
mei
o a
mb
ien
te
Res
po
stas
ver
bai
s o
u m
oto
rasSub-sistema de estocagem
109 BIT/SSub-sistema
sensorial
Discriminação
Interpretação
Tomada dedecisão
Figura 2.1 - Modelo antropocêntrico do ser humano em atividade de trabalho
3
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
A descrição do trabalho muscular permite
evidenciar as relações existentes entre o ser
humano e seu posto de trabalho;Sem detalhar os aspectos histológicos e
bioquímicos, de pouco interesse para a ergonomia,
salientamos a existência dos músculos sinérgicos e
dos músculos de controle;Os músculos sinérgicos são enganjados
principalmente nas atividades dinâmicas. Os
músculos de controle são enganjados nas
contrações prolongadas.
4
O tecido muscular é um tecido adaptado à
contração. Distingue-se: A contração estática ou isométrica; A contração dinâmica ou anisométrica.
A tensão desenvolvida ao nível da extremidade
dos tendões depende dos seguintes aspectos: número de fibras musculares excitadas; ângulo de articulação; estado do músculo; tipo de organização espacial das fibras; cor do músculo (branca ou vermelha).
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
5
Toda atividade profissional necessita um trabalho
muscular, mais ou menos importante, segundo as tarefas a
serem realizadas. Este trabalho muscular é necessário tanto
para a manutenção de uma simples postura, quanto para a
execução de gestos e movimentos de trabalho;
O conhecimento da fisiologia muscular é a base dos
estudos ergonômicos do homem como um sistema de
transformação de energia, onde um arranjo físico do posto
de trabalho pode diminuir os gastos energéticos e a fadiga
física produzida pela realização de uma tarefa com forte
solicitação muscular.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
6
PROPRIEDADES ESSENCIAIS DOS MÚSCULOS:
O músculo é constituído de um grande número de fibras
musculares (de 100.000 à 1.000.000);
Este sistema de fibras é constituído de substâncias
proteicas: a actina e a miosina;
Este sistema de fibras apresentam dois estados possíveis:
contração ou relaxamento;
Fibra contraída
Figura 2.2 - Contração e relaxamento das fibras musculares
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
Fibra relaxada
actina
miosina
7
Figura 2.3 - Fibras musculares
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
8
A contração muscular depende do influxo nervoso, por
intermédio de unidades motoras (uma unidade motora é
representada por uma fibra nervosa que aciona várias
fibras musculares);
No relaxamento, poucas unidades motoras são
acionadas, apenas aquelas responsáveis pela manutenção
do tonus muscular;
Quando de uma contração muscular, ocorre um
recrutamento, maior ou menor, de unidades motoras em
função da intensidade de contração.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
9
Atividade Muscular:
Cada fibra muscular se contrai com uma
determinada força e a força total do músculo é a
soma das forças das fibras envolvidas na
contração;
A força absoluta do músculo está na faixa de 30 à
40 N/cm2 da seção transversal de músculo. Isto
significa que um músculo com 1cm2 de seção
transversal pode suportar de 3 à 4 Kg no sentido
vertical;
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
10
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
Os movimentos são comandados pelos centros
motores corticais com uma frequência de influxo
que leva a uma resposta do músculo em tétanos
perfeitos (40/s);
As intervenções dos centros motores são
conscientes, mas, na medida em que se
estabelece um condicionamento, a execução do
movimento passa ocorrer sem intervenção da
consciência (automatismo).
11
Figura 2.4 - Transmissão da informação entre diversos elementos nervosos ou musculares
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
Sinapse neuro-muscular
Sinapse interneuronal
AxônioMúsculo
Dendritas
12
Aspectos físico-químicos da atividade muscular :
Toda atividade muscular implica em um gasto de
energia. Esta energia necessária à contração muscular
é de origem química:
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
O organismo produz trabalho a partir da energia química.
A alimentação aporta os nutrientes que, uma vez
metabolizados no organismo, servirão para cobrir as
necessidades básicas e energéticas do conjunto das
células. É principalmente a partir dos glicídeos e dos
lipídeos que as necessidades energéticas serão cobertas;
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Ao nível dos músculos esta cobertura se fará:
diretamente, a partir da glicose ou do
metabolismo dos ácidos graxos, segundo o tipo de
músculo;
indiretamente, a partir da fosfocreatina que se
decompõe em presença da ADP, em creatina e
ATP..
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
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Glicose
H2o e CO2
Ácido pirúvicoÁcido láctico
Fosfatos ricosem energia
Com O2
Sem O2
Com
O2
Re
ge
ne
raçã
o
Contração muscular
Figura 2.5 - Diagrama do metabolismo energético no trabalho muscular
Fosfatos pobresem energia
Fluxo de energia
Rotas de reação
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
15
Segundo o músculo, o metabolismo envolvido será
diferente. Assim sendo:
Na musculatura estriada a respiração constitui a principal
fonte de energia utilizada para fosforizar a ADP por
fosforização oxidativa. As células musculares estriadas são
particularmente ricas em mitocôndrias, sede das cadeias
respiratórias de resíntese da ATP. Os músculos estriados
utilizam em geral os ácidos graxos como principal
combustível. São músculos posturais ricamente
vascularizados.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
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Na musculatura lisa é a glicose que constitui a principal
fonte de energia para a refosforização da ADP.
Segundo o princípio da conservação da energia, a energia
química assim gasta, é restituída sob a forma de energia
mecânica (1/4) e de energia calorífica (3/4).
Durante um trabalho muscular, ocorre produção de dejetos
metabólicos ácidos, pirúvicos e láticos, que estão na origem
da acidez observada quando de um trabalho muscular
intenso ou anaeróbico.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
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O corpo humano como um sistema de alavancas:
Os músculos, ossos e juntas formam diversas alavancas
no corpo, semelhantes as alavancas mecânicas. Para cada
movimento, há pelo menos dois músculos que trabalham
antagonicamente: quando um se contrai, o outro se
distende. Por exemplo, ao dobrar o braço sobre o cotovelo,
há uma contração do bíceps e uma distensão do tríceps.
Os músculos podem funcionar de forma mais ou menos
complexa, fazendo parte de um conjunto mais amplo,
permitindo várias combinações de movimentos, como as
contrações associadas a movimentos rotacionais.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
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Alavanca interfixa: o apoio situa-se entre a força e a
resistência. Um exemplo típico é o tríceps. Este tipo de
alavanca é o mais adequado para transmitir velocidade e
pouca força;
Alavanca interpotente: a força é aplicada entre o ponto
de apoio e a resistência. É caso do bíceps. Este tipo de
alavanca é um dos mais comuns no corpo. Os músculos se
inserem próximos à articulação e facilitam a realização de
movimentos rápidos e amplos.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
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Alavanca inter-resistente: a resistência situa-se
entre o ponto de apoio e a força. É o caso dos
músculos da face posterior da perna (panturrilha),
que se ligam ao calcanhar e permitem suspender o
corpo na ponta dos pés. Este tipo de alavanca
sacrifica a velocidade para ganhar força.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
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COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é constituída de 33 vértebras,
classificadas em cinco grupos:
Vértebras cervicais (7);
Vértebras torácicas ou dorsais (12);
Vértebras lombares (5);
Vértebras sacrococcigenas (9): (5) estão fundidas e
formam o sacro e as (4) da extremidade inferior são pouco
desenvolvidas e formam o cóccix.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
21
Das 33 vértebras, apenas 24 são flexíveis e, destas, as
que têm mais mobilidade são as cervicais e as lombares;
As vértebras dorsais estão unidas a 12 pares de costelas,
formando a caixa torácica, que limitam os movimentos;
Entre uma vértebra e outra existe um disco intervertebral
cartilaginoso. As vértebras também se conectam entre si
por ligamentos;
Os movimentos da coluna são possíveis pela compressão
e deformação dos discos e pelo deslizamento dos
ligamentos.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
22Figura 2.5 - A coluna vertebral
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
23
As principais deformações da coluna são:
Escoliose: é um desvio lateral da coluna;
Cifose: é o aumento da convexidade, acentuando-se a
curva para a frente na região torácica, correspondendo ao
corcunda;
Lordose: é um aumento da concavidade posterior da
curvatura na região cervical ou lombar, acompanhado por
uma inclinação dos quadris para a frente.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
24
Noção de trabalho muscular: A força muscular: é uma ação com uma direção, um
sentido e uma intensidade. Ela varia em função:
dos músculos solicitados;
das atitudes (alongamento, obliqüidade e gravidade);
dos sujeitos (sexo, idade, lateralidade, treinamento).
Noção de trabalho estático: é um trabalho sem
deslocamento aparente. Ele corresponde à contrações
musculares isométricas. Este trabalho permite a
manutenção dos segmentos ósseos numa determinada
atitude (postura, segurar um objeto,...)
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
25
Noção de trabalho dinâmico: é um trabalho que permite
contrações anisométricas sucessivas com alternância de
relaxamentos dos músculos, como nas tarefas de martelar,
serrar, girar um volante ou caminhar.
A atividade dinâmica resulta da ação:
dos músculos sinérgicos envolvidos no início do
movimento;
dos músculos de controle que regulam o movimento em
curso da ação, permitindo assim a precisão do gesto.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
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TÉCNICA DE ESTUDO - EXPLORAÇÃO FUNCIONAL DO MÚSCULO:
Medida da força muscular: é realizada com a utilização
de um dinamômetro. Assim, pode-se medir a força máxima
dos diferentes músculos que intervêm em uma atividade
profissional. Força muscular máxima é a maior força que um
sujeito pode manter constante durante um determinado
lapso de tempo (2 à 5 segundos).
Medida do trabalho muscular:
dinâmico: o trabalho é o produto da força aplicada
pelo deslocamento realizado. Ele se exprime em Joules
(1 Kgm = 9,82 J = 2,35 Cal = 0,49 ml O2 ). Mede-se por
meio de ergômetros, bicicletas ou esteiras ergométricas.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
27
Estático: a partir do momento em que este tipo de
trabalho muscular foi definido como um trabalho sem
deslocamento, do ponto de visto físico do termo não
existe trabalho. Para avaliar a intensidade deste tipo de
atividade muscular, pode-se medir o gasto energético
que ele provoca. Entretanto, é preciso saber que esta
medida é sempre sub-avaliada.
Eletromiografia: permite avaliar a intensidade da
contração muscular. De fato, ela permite avaliar o
envolvimento do número, mais ou menos importante, de
unidades motoras no interior de cada músculo.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
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CAPACIDADES DE TRABALHO DE UM MÚSCULO:
A capacidade de trabalho faz intervir: a força realizada e a
duração do esforço.
Capacidade de trabalho estático: é o produto da força
exercida (F) pelo tempo máximo ou limite (t lim), durante o qual
a força pode ser exercida.
Quando F é máxima, o tempo limite é de 2,5 à 10 s
abaixo de 20% da Fmax , a contração pode ser mantida
durante um tempo teoricamente ilimitado;
acima de 20% da Fmax , o t lim de manutenção
(aparecimento de fadiga) é função do nível de contração.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
29
Capacidade de trabalho dinâmico:
potência de pico: potência máxima em um
trabalho dinâmico ativo;
potência crítica: potência que pode ser
mantida sem limite de tempo.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
30
SOLICITAÇÃO FISIOLÓGICA E TRABALHO MUSCULAR:
Solicitação absoluta:
A contração muscular necessita um aporte em princípios
nutritivos assegurada por adaptações vegetativas:
Vasodilatação e aumento do fluxo sangüíneo nos
músculos;.
Aceleração cardíaca e conseqüente aumento do fluxo e
do trabalho cardíaco;
Aumento da capacidade respiratória e conseqüente
aumento do fluxo de oxigênio através dos pulmões no
sentido do sangue;
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
31
Solicitação relativa:
Todos os sujeitos não apresentam a mesma aptidão ao
trabalho muscular;
Uma mesma carga física de trabalho não constitui uma
mesma solicitação para o organismo segundo a
morfologia, a idade, o sexo e o condicionamento, sem
esquecer o estado de saúde.
A atividade muscular se acompanha de um aumento
de gasto energético, avaliado pela medida de consumo
de O2 por calorimetria respiratória e expressa em
Kcal/min.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
32
A DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE MOTORA:
A observação direta:Pesquisa o alcance, a repartição da atividade muscular, o tipo e as modalidades de contração, as características dimensionais do posto de trabalho, as conseqüências fisiológicas e a intensidade aparente da tarefa.
A observação instrumental: Gravação do movimento (fotografia, vídeo e crono-ciclografia); Análise eletromiográfica (EMG): quando de uma contração, a ativação das fibras musculares é acionada pelo aparecimento de um PA do músculo que se propaga à superfície da fibra e que é detectado por meio de eletrodos de superfície, colados sobre a pele dos músculos estudados.
2.2 - Fisiologia do Trabalho Muscular
33
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações Alguns termos estatísticos importantes em antropometria:
População: conjunto dos indivíduos, objetos ou medidas;
Amostra: parte representativa de uma população;
Distribuição: repartição de uma população ou de uma amostra em classes
delimitadas em função do critério estudado;
Distribuição normal: é a distribuição que segue uma curva de GAUSS;
Percentil: corte dos valores obtidos em porcentagem do número de valores
por ordem crescente ou decrescente (5 percentil - 50 percentil - 95 percentil);
Média: soma dos valores obtidos divididos pelo número de valores;
Mediana: valor que separa em seu meio a distribuição dos valores;
Moda: valor cuja freqüência é a mais elevada;
Dispersão: amplitude das variações em torno da média (parâmetro
utilizado: desvio-padrão
Correlação: é a relação existente entre duas variáveis (figura 2.6).
34
Pes
o (
Kg
F)
Alt
ura
do
jo
elh
o (
cm
)
Est
atu
ra (
cm)
Idade (anos) Altura do tronco (cm)
Envergadura (cm)
Correlação fraca (~0,24) Correlação média (~0,50)
Correlação forte (~0,83)
Figura 2.7 - Correlações entre diferentes dimensões corporais
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
35
As técnicas de medidas antropométricas:Paquímetro de MARTIN:
bastante preciso;
exige boa aprendizagem;
permite medidas de extremidades e a determinação volumes;
permite medidas lineares e a determinação de comprimentos das
diversas articulações.
Método de MORAND:bastante rápido;
simples de ser empregado;
permite medidas de extremidades.
Dimensões úteis de serem medidas: distâncias extremas;
distâncias inter-articulares.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
36
Figura 2.8 - Paquímetro de MARTIN
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
37Figura 2.9 - Método de MORAND
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
38
Medidas e dados antropométricos
Fatores de variação dos dados antropométricos:
as diferenças inter-individuais
Fatores étnicos (segundo SHELDON, 1940):
endomorfo: tipo de formas arredondadas, tipo pêra, com
grandes depósitos de gordura;
mesomorfo: tipo musculoso, de formas angulosas, com pouca
gordura subcutânea;
ectomorfo: tipo de formas longas e finas, com mínimo de
gordura e músculos.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
39
Fatores nacionais: disparidades sócio-econômicas regionais.
Fatores sócio-profissionais:
operários: menor estatura;
executivos: estatura mais elevada.
Fatores de envelhecimento: redução da estatura com a
idade (~ 6 cm entre 20 e 65 anos)
Fatores sexuais: diferença de estatura entre o homem e a
mulher (~ 12 cm)
Crescimento secular da estatura: aumento da estatura
média de uma determinada população.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
40
Levantamento de medidas antropométricas:
1) Definição dos objetivos do levantamento antropométrico; 2) Definição das medidas a serem coletadas;
3) Escolha do método de medida;
4) Seleção da amostra;
5) Realização das medidas;
6) Análise estatística.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
41
Antropometria estática
1) Estudo de ordem morfológica:
medidas efetuadas a partir da referência de
pontos anatômicos rigorosamente definidos;
medidas utilizadas para a avaliação das
diferenças inter-raciais.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
42
2) Estudo de ordem ergonômica:ao menos um ponto impreciso: distância cotovelo-
ombro;dois pontos imprecisos: distância nádega-popliteal;além da imprecisão, é necessário levar em
consideração a vestimenta do indivíduo.
3) Os resultados de um levantamento
antropométrico estático:Medidas de perfil: corpo em pé, corpo sentado,
mãos, pés e cabeça;Medidas de face: corpo em pé, corpo sentado, palma
das mãos, pega, planta dos pés e cabeça.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
43
Figura 2.10a:
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
44
Figura 2.10b:
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
45
Medidas efetuadas em um levantamento antropométrico estático:
Corpo:01 - estatura
02 - altura do nível dos olhos - sujeito em pé
03 - altura do ombro - sujeito em pé
04 - altura do cotovelo - sujeito em pé
05 - altura do quadril
06 - altura da falange
07 - alcance inferior máximo - sujeito em pé
08 - altura da cabeça - assento
09 - altura do nível dos olhos - assento
10 - altura do ombro - assento
11 - altura do cotovelo - assento
12 - altura das coxas - assento
13 - profundidade nádega - joelho - sujeito sentado
14 - profundidade nádega - popliteal - sujeito sentado
15 - altura dos joelhos - sujeito sentado
16 - altura popliteal - sujeito sentado
17 - largura bideltóide - sujeito sentado
18 - largura do tórax entre axilas - sujeito sentado
19 - largura do quadril - sujeito sentado
20 - profundidade do tórax - sujeito sentado
21 - profundidade do abdômen - sujeito sentado
22 - comprimento do braço
23 - profundidade da falange - cotovelo - sujeito sentado
24 - profundidade do ombro - falange - sujeito em pé
25 - profundidade do ombro - palma - sujeito em pé
26 - profundidade da cabeça
27 - largura da cabeça
28 - alcance dos antebraços - sujeito sentado
29 - largura cotovelo à cotovelo - sujeito sentado
30 - altura da cabeça - sujeito sentado
31 - altura do nível dos olhos - sujeito sentado
32 - altura do ombro - sujeito sentado
33 - alcance frontal máximo - sujeito sentado
34 - alcance vertical máximo - sujeito em pé
35 - alcance vertical máximo - sujeito sentado
36 - profundidade das costas - palma - sujeito em pé
37 - comprimento do membro superior
38 - altura do cotovelo - sujeito sentado
39 - envergadura
40 - envergadura dos ombros
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
46
Figura 2.11a - Medidas efetuadas em um levantamento antropométrico estático do corpo em pé e sentado
29
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
47
Figura 2.11b - Medidas efetuadas em um levantamento antropométrico estático do corpo em pé e sentado
3031
32
33
28
38
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
48
Pé:59 - largura do pé descalço
60 - comprimento do quinto dedo
61 - comprimento do pé descalço
62 -largura do calcanhar
63 - comprimento interno do passo
Mão:41 - comprimento da mão
42 - comprimento da palma da mão
43 - largura da mão - metacarpal
44 - largura da mão - através do polegar
45 - diâmetro máximo de pega
46 - envergadura máxima da mão
47 - envergadura funcional máxima da mão
48 - comprimento do polegar
49 - comprimento do dedo indicador
50 - comprimento do dedo médio
51 - comprimento do dedo anular
52 - comprimento do dedo mínimo
53 - largura do polegar
54 - espessura do polegar
55 - largura do dedo indicador
56 - espessura do dedo indicador
57 - espessura da mão (metacarpal)
58 - espessura da mão (com o polegar)
Cabeça:64 - profundidade da cabeça
65 - largura da cabeça
66 - distância do queixo ao topo da cabeça
67 - distância da boca ao topo da cabeça
68 - distância do nariz ao topo da cabeça
69 - distância da orelha ao topo da cabeça
70 - distância do olho ao topo da cabeça
71 - distância da orelha à parte de trás da cabeça
72 - distância do olho à parte de trás da cabeça
73 - distância do nariz à parte de trás da cabeça
74 - largura inter-pupilar
75 - largura britageal
76 - largura do maxilar
77 - diâmetro da cabeça
78 - diâmetro máximo da cabeça desde o queixo
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
49Figura 2.12 - Medidas efetuadas em um levantamento antropométrico estático da mão e do pé
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57 5
8
59
60
61 6
0
62
63
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
50Figura 2.13 - Medidas efetuadas em um levantamento antropométrico estático da cabeça
6464
65
666
7
686
9
70
71
72 7
3
74
75
76
77
78
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
51
Registro dos movimentos:
utilizando crono-fotografia;
utilizando filmagem (vídeo);
utilizando um sistema de planos tri-ortogonais:
zonas de conforto e de máximo alcance.
permitem a delimitação do espaço onde deverão ser
posicionados os controles.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
Antropometria dinâmica e funcional
52
Alcance dos movimentos: Cabeça, tronco, pernas, pé, mãos, punho, antebraço e
ombro:
abdução
adução
elevação
flexão
extensão
pronação
supinação
rotação
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
53Figura 2.14a - Amplitudes articulares da cabeça
79 79
80 81
82 82
83
84
85 86
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
54Figura 2.14b - Amplitudes articulares do tronco
8787
88
89
90
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
55
Figura 2.14c - Amplitudes articulares dos pés, pernas e coxas
91
92
93
94 9
5
96
979
8
99
100101102103104
105106
107108
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
56Figura 2.14d - Amplitudes articulares dos membros superiores
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
57Figura 2.14e - Amplitudes articulares das mãos
119
120
121
122
123124 125
126127
128
129
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
58
Avaliação da amplitude máxima dos movimentos
articulares:
A amplitude varia em função dos seguintes
aspectos:
articulação;
idade;
sexo;
constituição física;
treinamento;
postura.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
59
Avaliação da dimensão máxima de preensão
definido pelo conjunto das posições extremas alcançadas
pelo polegar;
na prática, determina-se este espaço levando-se em
conta o modo de preensão:
(A) polegar - indicador
(B) pinça com 2 ou 3 dedos
(C) empalmadura
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
60Figura 2.15 - Dimensão máxima de preensão
C
B
A
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
61
Ângulos de conforto:
• •
• •
• •
• D
G
M
H
C
E
RC (articulação medula-cervical)
7
6
84
5
2
3
1
Eix
o do
tro
nco
Eix
o ve
rtic
al
Figura 2.16 - Ângulos de conforto
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
62
DEFINIÇÃO DO ÂNGULO LIMITE INFERIOR (graus) LIMITE SUPERIOR (graus)
Vertical / eixo cabeça
Vertical / eixo tronco
Vertical / eixo do braço
Eixo braço / ante-braço
Eixo tronco / eixo coxa
Eixo coxa / eixo perna
Eixo perna / eixo pé
Eixo ante-braço / eixo mão
o 40
- 5 + 20
5 35
80 110
85 110
95 120
85 95
170 190
LEGENDA
1
2
3
4
5
6
7
8
Tabela 2.1 - Ângulos de conforto das diversas articulações do corpo humano
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
63
Definir a população usuária:
sexo, idade, nacionalidade;
vestuário;
população atual e futura.
Coletar os dados úteis:
dimensões - amplitudes articulares;
medidas sobre a população usuária;
medida sobre uma amostra desta população;
referências à dados já conhecidos (tabelas)
procurando dar a devida correção.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
Utilização de dados antropométricos:
64
Utilização de dados antropométricos:
direta de tabelas de dados de uma determinada população ;
por intermédio de manequins planos;
por intermédio de figuras tridimensionais, com maquetes
dos elementos materiais;
por intermédio de estações CAD, com softwares tipo
ERGODATA.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
65FIGURA 2.17 - Manequins planos (população de motoristas de caminhões)Segundo WISNER e REBIFFE(1975)
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
66
Escolha dos dados:
Utilização de um ou vários dados antropométricos
sem nenhuma correlação.
Neste caso devem ser escolhidos:
Seja os dados 95%. Exemplo: dimensões de vias de
passagens (levar em conta o vestuário e as cargas a serem
transportadas);
Seja os dados 5%. Exemplo: altura de uma gôndola de
supermercado;
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
67
Utilização de vários dados associados entre si. Exemplos:
os vestuários, os calçados, os capacetes, os óculos,...
dificuldades: as correlações entre os diferentes dados
são pouco significativas;
solução: definir diferentes manequins (vestuários) ou
introduzir regulagens (capacetes).
Escolha de dados em função das diferentes exigências da
tarefa.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
68
Princípios para aplicação de dados antropométricos:
Princípio: projetos para o tipo médio;
Princípio: projetos para indivíduos extremos;
Princípio: projetos para faixas da população;
Princípio: projeto para o indivíduo;
Considerações sobre a aplicação dos princípios.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
69
Na escolha dos dados antropométricos, o
engenheiro de produção deve verificar a definição
exata das medidas e as características da população
em que a amostra foi baseada;
As dimensões antropométricas podem variar de
acordo com as etnias e com a época da coleta;
Regras gerais sobre a utilização de dados antropométricos:
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
70
Há influências econômicas nas medidas
antropométricas (pessoas de menor poder aquisitivo
podem ser até 10 cm a menos em relação às
pessoas de maior poder aquisitivo);
Projetos desenvolvidos no exterior nem sempre
se adaptam às características antropométricas da
população brasileira;
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
71
No uso de dados antropométricos, o engenheiro
de produção deve verificar qual é a tolerância
aceitável para acomodar as diferentes dimensões
encontradas na população de usuários;
As ferramentas e espaços de trabalho podem ser
dimensionados para a média da população (50%) ou
um de seus extremos (5% ou 95%);
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
72
As ferramentas e os espaços de trabalho devem
ser adaptados para pelo menos 90% da população;
O dimensionamento de um posto de trabalho está
intimamente relacionado com a postura exigida para
realização de uma determinada tarefa.
2.3 - Antropometria: Medidas e Aplicações
73
OS GESTOS DE TRABALHO
TAREFAS MANUAIS E MOVIMENTOS DAS MÃOS
Atividade da mão e tarefa manualImportância da mão nos gestos de trabalho: grande
plasticidade mecânica, importante mobilidade dos dedos
em relação a multiplicidade de ossos, músculos e
articulações e, em relação a fineza da inervação motora
e sensitiva (tato);
A mão é um instrumento de pega e de manipulação
delicada, pois é nela que se observa uma convergência
dos efeitos resultantes da mobilização, mais ou menos
generalizada, dos membros, do tronco,...
2.4 - Biomecânica Ocupacional
74
OS GESTOS DE TRABALHO
Figura 2.18 - Atividade da mão e tarefa manual: adaptações de empunhadura em função da anatomia da mão.
desfavorável modificada
2.4 - Biomecânica Ocupacional
75
Os movimentos manuais: Os movimentos especificamente manuais: Envolvem atividades de manipulação com imobilização
do tronco, dos braços, dos ante-braços. Esses
movimentos são encontrados em tarefas finas e
delicadas como micro-soldagem, desenho decorativo em
cerâmica, relojoaria, micro-eletrônica.
OS GESTOS DE TRABALHO
Figura 2.19 - Três posições de preensão especificamente manuais. Os valores referem-se as forças nos dedos.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
76
Os movimentos não especificamente manuais:
Envolvem um certo número de segmentos corporais:
mobilização do ante-braço, do braço e, às vezes, de
movimentos de acompanhamento do tronco. Esta
mobilização é necessária à aplicação de força e a
realização eficaz do gesto de trabalho, como por
exemplo em tarefas de aperto de parafusos de maiores
dimensões, conforme figura 2.20.
OS GESTOS DE TRABALHO
2.4 - Biomecânica Ocupacional
77
OS GESTOS DE TRABALHO
Figura 2.20 - Movimentos não especificamente manuais.
Envolvimento do tronco, do braço e do antebraço, além , é claro, da mão, para a realização do gesto de trabalho
2.4 - Biomecânica Ocupacional
78
OS GESTOS DE TRABALHO
A análise das tarefas manuais:Uma tarefa manual pode ser definida como sendo
constituída de uma ou mais seqüências de movimentos,
específicos e não específicos, comportando exigências
cumulativas de precisão, velocidade e/ou força;
Diversos estudos foram realizados na indústria, com o
objetivo de racionalizar e quantificar as atividades
gestuais desenvolvidas pelos trabalhadores, dando
origem à vários métodos de análise e de medida dos
tempos e movimentos.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
79
Os movimentos gestuais dirigidos:Hierarquia muscular e gestos: segundo as características da atividade manual, a musculatura utilizada será totalmente diversa:Os movimentos delicados (atividades específicas de pequenas manipulações, por exemplo) mobilizam a musculatura fina;Em contrapartida, as atividades não especificamente manuais, mobilizam uma musculatura mais robusta (necessidade de mobilização de segmento de membro mais pesado);A boa coordenação desses dois tipos de musculatura faz do gesto de trabalho um movimento dirigido.
OS GESTOS DE TRABALHO
2.4 - Biomecânica Ocupacional
80
OS GESTOS DE TRABALHO Tipos de gestos em função dos circuitos empregados: Os gestos voluntários:
São os gestos realizados de forma consciente pelo sujeito e que envolve o córtex cerebral. Como todos os gestos, eles subentendem uma interação entre a força muscular e a força gravitacional. Eles podem ser:Gestos voluntários subentendidos:
São gestos lentos, tensos, operados por contração dos músculos sinérgicos e de controle, que trabalham em sentido opostos. A duração desses gestos é igual à soma do tempo de reação, da duração do movimento primário (deslocamento do membro superior) e da duração do movimento secundário (ajustamento final do gesto);
2.4 - Biomecânica Ocupacional
81
OS GESTOS DE TRABALHOGestos voluntários balísticos:
São gestos mais econômicos em termos energéticos, eles são muito mais rápidos e a ação simultânea dos músculos sinérgicos e de controle é bastante reduzida. A duração desses gestos é igual à soma do tempo de reação e do tempo de movimento primário, e o ajuste final é reduzido quase a nada. Este tipo de gesto é utilizado, por exemplo, em caso de perigo, quando de uma parada brusca de uma máquina em funcionamento. O movimento balístico termina, então, sobre o botão vermelho de parada de urgência, que está localizado, normalmente, ao lado do painel de comando das máquinas e equipamentos, cujo diâmetro é aproximadamente o da palma da mão.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
82
Os gestos automáticos ou automático-voluntários:São os gestos que correspondem às atividades motoras que envolvem um nível de integração sub-cortical. Pode ser observado em trabalhadores experientes. Um exemplo de atividade automática-voluntária é dado pela análise do comportamento operativo de um motorista quando da condução de um veículo em uma rua bastante conhecida.
Os gestos reflexos:São gestos que correspondem a circuitos reflexos bem conhecidos, do ponto de vista fisiológico. Este tipo de gesto ocorre, por exemplo, em caso de perigo para a integridade física corporal do sujeito: reação à choque, calor, gesto de proteção do rosto.
OS GESTOS DE TRABALHO
2.4 - Biomecânica Ocupacional
83
A classificação dos gestos em função do tipo de tarefa:
A tarefa de ajustamento contínuo:
Este tipo de tarefa é caracterizada pela necessidade de
ajustar, a cada instante, a ação motora a seu objetivo.
As informações vindo do ambiente de trabalho e
variando de forma aleatória, exigem uma resposta
motora contínua e permanentemente corrigida. Por
exemplo, a condução de um automóvel e o corte de
determinados materiais segundo um traçado pré-
determinado.
OS GESTOS DE TRABALHO
2.4 - Biomecânica Ocupacional
84
A tarefa de ajustamento descontínuo:Este tipo de tarefa é caracterizada pelo fato de que a
necessidade de ajustar a ação motora ao seu objetivo não
ocorre a todo instante. As informações provenientes do
ambiente de trabalho são independentes da natureza da
resposta motora precedente. Entram neste tipo de tarefa
aquelas que comportam uma única e mesma ação (por
exemplo: girar um botão com duas posições) e aquelas que
comportam uma seqüência de gestos, mais ou menos
isolados (por exemplo: digitação, onde após um erro o
digitador pode perfeitamente continuar a digitar o texto)
OS GESTOS DE TRABALHO
2.4 - Biomecânica Ocupacional
85
OS GESTOS DE TRABALHO Classificação em função da cinemática do gesto: Cadeia articulada (ou cinemática) é um sistema de segmentos móveis ligados entre si por meio de articulações; Cadeia articulada aberta: quando nenhuma resistência exterior apreciável não se opõe ao movimento de sua extremidade distal; Cadeia articulada fechada: uma cadeia cuja extremidade distal encontra uma resistência exterior que impede ou limita seu movimento livre. Neste caso três possibilidades podem ocorrer: a parte distal se move, apesar da resistência (esforço dinâmico); a parte próxima se desloca em relação a parte distal imobilizada; nenhum movimento ocorre (esforço estático)
2.4 - Biomecânica Ocupacional
86
OS GESTOS DE TRABALHO
A aprendizagem: A aprendizagem de um trabalho consiste em criar circuitos sensório-motores preferenciais que, na medida em que vão sendo elaborados, tendem a se tornar cada vez menos conscientes;Neste sentido, o endereço gestual máximo é obtido quando este circuito torna-se perfeitamente automático;O gesto pode, então, ser executado em um nível sub-cortical e o nível cortical intervêm somente para criar a concentração necessária à realização da tarefa;Dois processos neuro-fisiológicos concorrem à aprendizagem: o processo central e o periférico.
OS FATORES QUE INFLUENCIAM OS GESTOS:
2.4 - Biomecânica Ocupacional
87
Processo central:Estabelecimento de planos de cooperação muscular,
por meio da criação de vias neuro-fisiológicas
particulares;
Nota-se ao nível dos gestos uma diminuição
progressiva dos movimentos acessórios (diminuição das
co-contrações) dos grupos musculares cuja intervenção
é útil à atividade considerada;
Objetivamente, isto se traduz por um gesto fácil e
simples com um sujeito experiente, em oposição à um
gesto hesitante e contraído com um sujeito aprendiz.
OS GESTOS DE TRABALHO
2.4 - Biomecânica Ocupacional
88
OS GESTOS DE TRABALHO Processo periférico:
Adaptação fisiológica cardio-respiratória, muscular, desenvolvimento do tato. Por exemplo: ao nível muscular observa-se um aumento da força e da velocidade de execução.Na prática, para a aprendizagem, na medida em que se necessita uma forte concentração mental e motora, é desejável, ao menos no início, que as seções sejam curtas e repetitivas. A análise do trabalho pelo futuro operador é um elemento importante para a descrição e a compreensão das operações elementares que serão em seguida repetidas.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
89
OS GESTOS DE TRABALHO
Os estereótipos mentais: DEFINIÇÃO:A aprendizagem de uma profissão, assim como o
projeto de uma máquina ou de um posto de trabalho,
deve respeitar os estereótipos mentais; Estereótipo é a tendência que um sujeito tem de
atingir uma certa reação dos aparelhos que ele utiliza
quando ele age sobre um comando, assim como o
significado que ele tem tendência a dar na interpretação
de uma informação lida sobre um painel, por exemplo;Identifica-se dois tipos de estereótipos mentais: os
universais e os culturais.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
90
Os estereótipos universais:Existem determinados estereótipos, universalmente aceitos,
que podem ser caracterizados qualitativa e
quantitativamente.
Noção qualitativa:A noção qualitativa está relacionada com a ação motora
realizada. Por exemplo: quando uma alavanca é puxada
de sua posição central para a direita ou para frente,
espera-se que a agulha de um painel que visualize esta
ação, gire no sentido horário ou para cima, conforme
figura 2.21.
OS GESTOS DE TRABALHO
2.4 - Biomecânica Ocupacional
91
OS GESTOS DE TRABALHO
Figura 2.21 - Esteriótipos universais: noção qualitativa
2.4 - Biomecânica Ocupacional
92
OS GESTOS DE TRABALHO
Noção quantitativa:
Sobre uma escala graduada horizontal o zero está a
esquerda;
Sobre uma escala graduada vertical o zero está em
baixo;
Nestes dois casos, um aumento do parâmetro que se
estuda, deverá se traduzir, respectivamente, por um
deslocamento da esquerda para a direita, e de baixo
para cima, conforme figura 2.22.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
93
OS GESTOS DE TRABALHO
Figura 2.22 - Esteriótipos universais: noção quantitativa
2.4 - Biomecânica Ocupacional
94
Os estereótipos culturais:São estereótipos adquiridos em função de nosso ambiente
cultural, não sendo portanto universalmente aceitos;
O exemplo mais típico está relacionado a estratégia de
leitura e da influência desta estratégia sobre os erros na
visualização de um quadro sinótico, conforme figura 2.10;
Os métodos eletro-oculográficos permitem estudar os
movimentos do globo ocular, durante uma leitura ou durante
a exploração de um quadro de comando.
OS GESTOS DE TRABALHO
2.4 - Biomecânica Ocupacional
95
OS GESTOS DE TRABALHO
45,5% 29%
14% 11,5%Erro 95%
Erro 14%
Figura 2.23 - Esteriótipos culturais: erro na leitura de um quadro sinótico
2.4 - Biomecânica Ocupacional
96
OS GESTOS DE TRABALHO
O tremor:
Consiste em uma oscilação concomitante ao esforço
aplicado, desenvolvido para conservar a posição ou a
direção fixada do gesto.
O tremor diminui com a aprendizagem, em caso de
trabalho com atrito ou se o membro superior for apoiado
(se isto for possível), assim como se o corpo for bem
equilibrado.
O tremor aumenta em caso de fadiga, quando se faz
um esforço para não tremer ou em caso de emoção.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
97
AS POSTURAS DE TRABALHO Considerações gerais:
A postura é a organização no espaço dos diferentes segmentos corporais. Ela é o suporte da busca e das tomadas de informações para a ação do sujeito;A postura é então, principalmente, determinada:
pelas características e exigências da tarefa; pelas condicionantes internas: formas fisiológicas e biomecânicas de manutenção do equilíbrio; pelas características do meio ambiente de trabalho.
Nenhuma postura de trabalho é neutra. Nenhuma “má postura” é adotada “livremente” pelo sujeito, mas é resultado de um compromisso entre os pontos citados.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
98
AS POSTURAS DE TRABALHO Elementos fisiológicos e biomecânicos da manutenção postural:
Condição da manutenção do equilíbrio:
A manutenção do equilíbrio implica que uma certa
parte da massa muscular estabiliza o corpo numa
postura lhe permitindo evitar a queda;
Um sujeito em pé, e sem outro ponto de apoio, está
em equilíbrio se a projeção vertical do seu centro de
gravidade estiver dentro do polígono de sustentação;
No caso do sujeito utilizar um apoio (por exemplo
uma cadeira), os pontos de apoio entram na
determinação do polígono de sustentação.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
99
AS POSTURAS DE TRABALHOModificação do equilíbrio:
Todo desvio do CG dos segmentos corporais, em
relação à linha de gravidade e ao polígono de
sustentação, necessita o emprego de forças musculares
de manutenção da posição. A posição da projeção do
CG não é, então, em postura em pé fixa, mas varia em
função do estado do sujeito (idade, sexo, fadiga,
álcool,...); A manutenção do equilíbrio é assegurada
principalmente pela contração dos músculos posturais
sob o controle de estruturas nervosas que recebem
informações diversas (labirínticas, visuais e táteis,..).
2.4 - Biomecânica Ocupacional
100
AS POSTURAS DE TRABALHOModificação do equilíbrio:
Manutenção postural estática:
Na criança, a manutenção do equilíbrio é instável. Com a
aprendizagem ela se estabiliza até próximo dos 60 anos. A
partir daí ocorre uma degradação;
A amplitude dos reajustamentos posturais pode ser
evidenciada por estático-fisiometria;
A manutenção do equilíbrio utiliza, de forma preponderante,
as informações de origem visual. No caso de variação da
“vertical subjetiva” ou do deslocamento de uma parte do campo
visual, a manutenção postural sofre modificações e o risco de
queda aumenta.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
101
AS POSTURAS DE TRABALHOModificação do equilíbrio:
Perturbação postural:
Em caso de desequilíbrio do corpo, as mesmas modalidades
sensoriais são utilizadas, com prioridade para as informações
visuais em relação às vestibulares e às cinestésicas. Com os
cegos a situação é diferente porque a hierarquia sensorial é
modificada;
O envelhecimento diminui a adaptação da resposta muscular
que permite evitar a queda;
O tipo de tarefa e o treinamento modificam a performance do
sujeito;
Em situação real, as estratégias empregadas pelos sujeitos,
graças à experiência, também melhoram a performance.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
102
AS POSTURAS DE TRABALHO Características das principais posturas de trabalho:
Existe uma variedade considerável de posturas de
trabalho (72 segundo método OWAS);
Tentativas de classificação em vista de uma avaliação;
Limites posturais:
Um deslocamento, mesmo fraco, de um segmento
corporal, pode modificar a estabilidade da postura e as
contrações musculares estáticas do equilíbrio;
A duração da manutenção de uma postura imóvel é
um fator essencial de avaliação do constrangimento
postural.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
103
AS POSTURAS DE TRABALHO
Os principais métodos de avaliação postural:
Medida do custo energético:
A contração estática dos músculos não leva à um
considerável aumento do consumo de oxigênio;
Os efeitos hemodinâmicos e biomecânicos não
aparecem em termos de custo energético.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
104
AS POSTURAS DE TRABALHO
1 2 3 4 5
0 0,15
0,210
0,315
0,420
0,525
Kcal/minpuls/min
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
• •
• • •
• •
Figura 2.24 - Custo fisiológico de diferentes posturas
2.4 - Biomecânica Ocupacional
105
AS POSTURAS DE TRABALHOD
ors
oB
raç
os
Pe
rnas
Exemplos:Código 127
215327
1. Reto 2. Inclinado3. Reto e torcido
4. Inclinado e torcido
1. Dois braços
para baixo
2. Umbraço para
cima
3. Doisbraços
para cima
1. Duas pernasretas
2. Umapernareta
3. Duaspernas
flexionadas
4. Umaperna
flexionada
5. Umaperna
ajoelhada
6. Deslocamentocom pernas
7. Duaspernas
suspensas
Figura 2.25 - Classificação das diferentes posturas, segundo Método OWAS
2.4 - Biomecânica Ocupacional
106
AS POSTURAS DE TRABALHO
Figura 2.26 - Consumo de energia no lazer. Os valores dão o consumo médio de energia em minutos para os homens em Kcal/min. Para as mulheres (10 a 20% menos)
2.4 - Biomecânica Ocupacional
107
AS POSTURAS DE TRABALHO
Medida da frequência cardíaca:
A FC globaliza os efeitos circulatórios da contração
muscular estática e os efeitos hemodinâmicos
correspondentes;
A FC não tem relação direta com os efeitos
biomecânicos (estiramento dos tendões, articulações,...).
2.4 - Biomecânica Ocupacional
108
AS POSTURAS DE TRABALHO Eletromiografia:
A eletromigrafia permite conhecer apenas a atividade
muscular de alguns músculos;
A eletromiografia é limitada aos efeitos musculares
da manutenção da postura.
Impressão subjetiva:
A IS é relativa e exige uma escala comparativa. É
necessário utilizar esses diferentes meios de avaliação
levando-se em conta seus limites. Variações
importantes em função da idade e do estado de saúde.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
109
AS POSTURAS DE TRABALHO
Análise visual da postura:
A observação das posturas utilizadas por um sujeito nos
informa sobre as dificuldades do trabalho:
Angulo de inclinação do corpo em relação a vertical;
Variação da postura em relação à uma postura ideal
teórica;
Número de pontos de apoio;
Modificação da postura em função do tempo.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
110
AS POSTURAS DE TRABALHOAs relações entre trabalho e postura:
O espaço de trabalho deve ser adaptado às características das informações e das ações: Localização e características físicas dos detalhes a serem percebidos (dimensões, iluminação,...); Concepção dos comandos relacionados com a direção da força e de seu ponto de aplicação; Uma força elevada só poderá ser exercida se o corpo estiver em equilíbrio (com apoio); As condicionantes temporais têm influência sobre a postura. Existe uma relação entre a precisão da tarefa, cadência de trabalho, distância olho-tarefa, rigidez postural e duração do trabalho.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
111
Movimentação e elevação de cargas Considerações gerais:
Na movimentação de cargas pesadas é sobretudo o
tronco que é envolvido;Persistência da movimentação de cargas pesadas,
apesar da considerável automação da produção; Importância para os trabalhadores com capacidade
física limitada: jovens, pessoas idosas, mulheres,
pessoas portadoras de deficiência física;Este problema é agravado em um país tropical como o
Brasil, devido a má nutrição, mão de obra
desqualificada, técnicas inadaptadas e formação
inadequada.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
112
Movimentação e elevação de cargas Elevação manual de cargas pesadas:
O tipo de elevação: A elevação suportadas pelos joelhos é mais
potente do que a elevação suportada pela coluna
vertebral para cargas pesadas. Para cargas leves e
médias eles se equivalem ;
A força máxima de elevação dobra quando os pés
estão à 30 cm do objeto ao invés de 50 com;
A elevação de cargas suportadas pelos joelhos ou
pela coluna não tem as mesmas consequências para
o sujeito.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
113
Movimentação e elevação de cargas
Biomecânica da elevação de cargas:
Na elevação de cargas pesadas, é necessário que o
esforço se produza quando a coluna vertebral estiver
reta, isto é, quando as vértebras exercerem uma
pressão uniforme sobre os discos intervertebrais;
Com a idade e segundo o peso das cargas, assim
como do seu modo de movimentação e elevação, o
disco intervertebral se deforma e sua estrutura se altera;
2.4 - Biomecânica Ocupacional
114
Movimentação e elevação de cargas Se realizarmos um esforço em posição curvada, a
pressão que se exerce sobre o disco não é mais distribuída
de forma homogênea, o que pode provocar uma hérnia do
disco intervertebral com consequente compressão dolorosa
da medula espinhal na saída da coluna vertebral;
Um homem de 80 Kgf, cujo tronco é flexionado à 60o
sobre a vertical, exerce uma força de compressão de 200
Kgf sobre a L5 (5a vértebra lombar);
O mesmo homem, na mesma posição, mas tendo um
peso de 25 Kgf na extremidade do braço, exerce uma força
de compressão de 400 Kgf sobre a L5;
2.4 - Biomecânica Ocupacional
115
Movimentação e elevação de cargas
A força de tração dos músculos sinérgicos deve
ser cada vez maior, na medida em que a massa é
mais elevada e que a inclinação mais acentuada,
podendo provocar:
Risco para os discos intervertebrais;
Ultrapassagem da força máxima dos
músculos sinérgicos.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
116
Movimentação e elevação de cargas
Biomecânica do rendimento energético: Baixo rendimento da elevação manual quando a
carga é leve, porque a energia serve para movimentar
as massas corporais. Para a elevação de carga a partir
do solo, o melhor rendimento se obtém com peso de 30
Kgf (8%); Ocorre uma melhoria considerável do rendimento se o
plano de apoio estiver numa altura de 0,50 m e
sobretudo 1 m. A altura de 1,50 m baixa o rendimento.
Para a elevação a partir de uma altura de 1 m, o peso
ótimo deve ser reduzido à 15 Kgf e a cadência se eleva
sensivelmente;
2.4 - Biomecânica Ocupacional
117
Movimentação e elevação de cargas
Quando a altura do plano de trabalho é mal definida e
que é preciso adotar um peso padrão para as cargas, deve-
se utilizar as recomendações normativas existentes;
Recomenda-se uma boa concepção dos planos de
movimentação, dos locais de armazenagem e dos berços
de carregamento de cargas, as quais devem ser
manipuladas numa postura correta;
Influência do número de pessoas envolvidas na
movimentação de cargas volumosas sobre a postura
adotada quando da elevação.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
118
Movimentação e elevação de cargas Movimentação de cargas:
Fatores limitantes: Aumento do gasto energético com a movimentação de cargas, evidenciado pelo estudo das variações da FC; Fadiga muscular local: má pega, desequilíbrio corporal com contrações musculares inúteis; Excesso de carga, apesar de uma boa pega:
Ocorre crescimento excessivo da energia consumida e da necessidade de pausas; Evidencia-se aí uma confirmação das recomendações relativas aos valores máximos de carga a serem manipuladas.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
119
Movimentação e elevação de cargas
Crescimento da gravidade desses problemas energéticos
quando de uma movimentação de carga em subida de
escadaria:
Para uma ascensão de 100 degraus em 1 minuto (17
m), o consumo de energia é de:
57,3 KJ sem carga
78 KJ com carga de 29 Kgf
110 KJ com carga de 50 Kgf
Um consumo de 105 KJ corresponde ao trabalho
máximo de um homem jovem adulto em boas condições
físicas.
2.4 - Biomecânica Ocupacional
120
Movimentação e elevação de cargas
Disposição dos locais:
A topografia e as delimitações das áreas de
circulação podem provocar dificuldade na
movimentação de cargas se isto levar ao abandono das
posturas retas e equilibradas, ou a perda de uma
referência visual particular (solo delimitado ou não
plano, incômodo visual pela delimitação da carga).
2.4 - Biomecânica Ocupacional