1. introduÇÃo população, bem como o saneamento básico e...

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1 1. INTRODUÇÃO Conhecer as condições do meio as quais são pertinentes à saúde de uma população, bem como o saneamento básico e a moradia são de total relevância para o estabelecimento de promoção a qualidade de vida dos indivíduos, famílias e da própria comunidade em questão. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1957, através de seu boletim informativo 137, salienta que são três os principais indicadores de saúde humana, aqueles que retratam diretamente a saúde ou sua ausência, tais como: esperança de vida e morbidade; as condições ambientais locais, enfatizando a infraestrutura de abastecimento de água, esgotamento sanitário e disposição final dos resíduos sólidos; e por último, aqueles que refletem os recursos materiais e humanos de saúde, tais como números de leitos hospitalares, de profissionais da saúde, entre outros (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1957). Victora (2009) afirma que todos os anos, aproximadamente, dois milhões de crianças ao redor do mundo morrem de diarréia. Nos países mais pobres, a diarréia é a terceira causa mais comum de morte em crianças menores de 5 anos. No Brasil, este caso não é diferente e dentre as causas mais prevalentes das diarréias encontram-se as parasitoses intestinais, tornando-se um importante problema de ordem sanitária e social, apresentando maior prevalência em populações de nível socioeconômico mais baixo e que vivem em condições precárias de saneamento. E devido estarem frequentemente expostos a constantes condições de reinfecção, permanecendo em ambientes favoráveis à transmissão, as crianças e os adolescentes tornam-se os mais acometidos. Entende-se, portanto, que os conceitos de saúde e qualidade de vida devam ser analisados como resultado de um conjunto de fatores envolvidos diretamente com cultura e seu estilo de vida, condições biológicas e acesso aos bens e serviços, onde diretamente são relacionados aos determinantes de saúde de uma comunidade. Temos que a moradia correlacionada a uma habitação saudável é considerada como um agente de saúde de seus moradores onde se relaciona com o meio geográfico e social onde se localizam, dentre quais materiais foram utilizados para sua construção, se há segurança, qual a qualidade destes meios utilizados e acabamentos, e o contexto total em seu entorno (vizinhança, energia elétrica, esgotamento sanitário, saneamento básico) para condições de uma vida relativamente saudável. Desta forma, a habitação, neste ponto de vista, constitui-se num espaço onde a comunidade possa ser inclusa como foco

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1. INTRODUÇÃO

Conhecer as condições do meio as quais são pertinentes à saúde de uma

população, bem como o saneamento básico e a moradia são de total relevância para o

estabelecimento de promoção a qualidade de vida dos indivíduos, famílias e da própria

comunidade em questão.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1957, através de

seu boletim informativo 137, salienta que são três os principais indicadores de saúde

humana, aqueles que retratam diretamente a saúde ou sua ausência, tais como: esperança

de vida e morbidade; as condições ambientais locais, enfatizando a infraestrutura de

abastecimento de água, esgotamento sanitário e disposição final dos resíduos sólidos; e

por último, aqueles que refletem os recursos materiais e humanos de saúde, tais como

números de leitos hospitalares, de profissionais da saúde, entre outros

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1957).

Victora (2009) afirma que todos os anos, aproximadamente, dois milhões de

crianças ao redor do mundo morrem de diarréia. Nos países mais pobres, a diarréia é a

terceira causa mais comum de morte em crianças menores de 5 anos. No Brasil, este

caso não é diferente e dentre as causas mais prevalentes das diarréias encontram-se as

parasitoses intestinais, tornando-se um importante problema de ordem sanitária e social,

apresentando maior prevalência em populações de nível socioeconômico mais baixo e

que vivem em condições precárias de saneamento. E devido estarem frequentemente

expostos a constantes condições de reinfecção, permanecendo em ambientes favoráveis

à transmissão, as crianças e os adolescentes tornam-se os mais acometidos.

Entende-se, portanto, que os conceitos de saúde e qualidade de vida devam ser

analisados como resultado de um conjunto de fatores envolvidos diretamente com

cultura e seu estilo de vida, condições biológicas e acesso aos bens e serviços, onde

diretamente são relacionados aos determinantes de saúde de uma comunidade.

Temos que a moradia correlacionada a uma habitação saudável é considerada

como um agente de saúde de seus moradores onde se relaciona com o meio geográfico e

social onde se localizam, dentre quais materiais foram utilizados para sua construção, se

há segurança, qual a qualidade destes meios utilizados e acabamentos, e o contexto total

em seu entorno (vizinhança, energia elétrica, esgotamento sanitário, saneamento básico)

para condições de uma vida relativamente saudável. Desta forma, a habitação, neste

ponto de vista, constitui-se num espaço onde a comunidade possa ser inclusa como foco

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de atenção básica em saúde, ultrapassando o cuidado individualizado que antes era

focado apenas no fator “doença”, contextualizando e correlacionando-o as múltiplas

dimensões do processo saúde-doença (AZEREDO et al., 2007).

Como qualidade de vida e saúde são dois conceitos muito interligados, temos a

concepção de que saúde é o resultado de todo um processo de produção social onde se

expressa pela qualidade de vida de uma comunidade ou população, processo que se dá

diretamente pelas relações biológicas, ecológicas, culturais, econômicas e sociais, que

geram condições melhores de vida para uma população (ADRIANO et al., 2000).

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS (1996), um município

saudável é aquele em que as autoridades políticas e civis, as instituições e as

organizações públicas e privadas, os proprietários, os empresários, os trabalhadores e a

sociedade dedicam constantes esforços para melhoria de condições de vida, trabalho,

cultura e educação da população.

Podemos ter uma visão polissêmica assim como relata Matos (1999): “quanto

mais aprimorada a democracia, mais ampla é a noção de qualidade de vida, o grau de

bem-estar da sociedade e de igual acesso a bens materiais e culturais”.

Sendo assim, é nítido que o termo “qualidade de vida” abrange vários

significados, refletindo nos conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e

coletividades ao qual se reportam (MINAYO, HARTZ, BUSS, 2000). Ou seja,

basicamente em um determinado tempo do desenvolvimento econômico e social de uma

sociedade se tem um parâmetro diferente de qualidade de vida, mesmo estando na

mesma sociedade, neste caso uma sociedade ligada diretamente pela infusão fronteiriça.

Poucos estudos têm sido realizados com o objetivo de avaliar as condições de

saneamento básico e a sua influência na qualidade de vida e saúde da população na

região de fronteira Brasil-Bolívia. Devido à escassez da temática em questão e o alto

crescimento e desenvolvimento da cidade de Corumbá, MS, Brasil, bem como as

condições precárias de saneamento básico nesse município e na cidade boliviana de

Puerto Quijarro, objetivou-se estudar a influência do saneamento básico na qualidade de

vida e saúde da população fronteiriça Brasil-Bolívia.

O município brasileiro em questão foi incluído, em 2008, no Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC), um programa do governo federal brasileiro, lançado

em janeiro de 2006, que visa englobar um conjunto de políticas de planejamento, tendo

como prioridade investimentos nas áreas de saneamento, habitação, transporte, energia e

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recursos hídricos (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2008).

A baixa qualidade de vida dos domiciliados no bairro Cervejaria, em Corumbá e

da Feirinha Boliviana de Puerto Quijarro, pode ser justificada pela falta de moradia

adequada, alimentação básica e saneamento básico, o que acarreta o aumento da

possibilidade de existência da alta incidência de verminoses, ou contaminações,

ocasionando doenças intestinais ou diarréicas, nesses municípios fronteiriços.

Com base nessa preocupação, o presente trabalho buscou avaliar as influências

de saneamento básico domiciliar na qualidade de vida e saúde da população fronteiriça

Brasil-Bolívia, enfatizando o abastecimento de água, esgotamento sanitário e a

disposição final dos resíduos sólidos, a fim de subsidiar ações isoladas ou conjuntas para

reduzir os casos de contaminações, sobretudo, em crianças.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Coleta, Distribuição e Devolução das águas residuais após tratamento pelo

Sistema de Saneamento Básico Domiciliar

Sem um tratamento adequado de seus resíduos o sistema de esgotamento pode

induzir uma deterioração do corpo receptor, conforme Soares e colaboradores (2002).

Podendo tornar inviável o uso da água dos rios, lagos e reservatórios para consumo e até

mesmo para irrigação.

As normas das operações de saneamento podem ser organizadas, começando

pela coleta de água e devolução de esgoto tratado ao meio. Desta forma, as operações

são descritas detalhadamente, segundo North West Water (1994), apud Turolla (2002),

cita:

- Coleta e armazenamento bruto: onde descreve que a água coletada de rios e lagos, ou

até mesmo de poços artesianos é considerada fresca, porém, impura. Uma vez que pode

apresentar risco de contaminação (como exemplo, dejetos de animais). Regiões e locais

que a demanda é maior, são construídos reservatórios. Isso facilita a limpeza desta água,

por decantação, mas não deve se esquecer de que as fontes e as redes coletoras são

determinantes quanto à classificação de água (potável ou não potável).

- Tratamento de água: neste processo de tratamento de água encontramos a peneiração,

o controle de pH com produtos químicos, sedimentação ou flotação, filtração,

desinfecção e redução de carbonato de cálcio que são os mais comuns. E em destaque a

água marinha que necessita da dessalinização.

- Rede de distribuição: são responsáveis pelo transporte da água que sai dos

reservatórios até as estações de tratamento, que posteriormente é tratada e conduzida até

os pontos de consumo, pelos canos e tubos. Após a utilização em distintos tipos de

consumo a água residual é descartada através da rede de esgoto. E as águas da chuva são

drenadas por uma rede específica.

- Tratamento de esgoto: inicia-se através da separação de sólidos, que é considerado

como tratamento primário. O secundário é realizado em tanques de aeração onde

microorganismos removem a matéria orgânica existente no esgoto, transformando-a em

gás, água e matéria celular, retornando após esse processo ao receptor ou tendo a função

de reuso na própria estação, ou em atividades menos nobres.

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Diante do exposto, vemos que o setor de saneamento abrange várias atividades

tais como: abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e/ou resíduos

sólidos e drenagem urbana.

Amaral (2000) refere que o espaço geográfico também é de suma importância,

exercendo um papel determinante, pois as diferenças climáticas, geográficas e

topográficas entre as distintas regiões, alteram tanto a qualidade, quanto a quantidade

existente da água. E o crescimento populacional, ou das atividades que envolvem essa

região está diretamente ligada à necessidade e sua demanda, bem como a estocagem,

tratamento e, após tratamento adequado, devolução ao meio.

Ainda, estudos epidemiológicos não conseguem isolar e captar os impactos de

intervenções governamentais, já que existem muitas interações a serem consideradas

(HELLER, 1997). E as intervenções nem sempre são colocadas em prática ou

concluídas conforme apresentadas nos projetos de seus municípios, interferindo e

impactando diretamente a comunidade local.

Para que isso se torne suficiente, estas intervenções devem ser aliadas a ações de

conscientização e educação ambiental, bem como ações com enfoque na higiene básica

humana, a fim de amenizar enfermidades que podem ser ligadas diretamente com a falta

ou precariedade da infraestrutura de determinada região.

2.2 A Fronteira Brasil-Bolívia e o Saneamento Básico

Machado (1998, p. 41), em ‘’Limites, Fronteiras e Redes’’, estabelece um

paralelo sobre limites e o Estado Moderno:

A palavra limite de origem latina foi criada para designar fim daquilo que mantém coesa uma unidade político territorial, ou seja, uma ligação interna. Essa conotação política foi reforçada pelo mesmo conceito de Estado, onde a soberania corresponde a um processo absoluto de territorialização. O monopólio legítimo do uso da força física, a capacidade de forjar normas e trocas sociais reprodutivas, a capacidade de estruturar, de maneira singular, as formas de comunicação (linguagem) são elementos constitutivos da soberania do estado, correspondendo ao território cujo controle efetivo é exercido pelo governo central (o estado territorial).

A respeito disso, Raffestin (2005) afirma que o limite é, portanto, uma classe

geral, um conjunto cuja fronteira é um subconjunto.

A fronteira representa múltiplos sentidos que são dados pelos diferentes olhares,

desejos, intenções que ela permite. O valor dado é relativo principalmente pela

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apropriação de espaço territorial de um ou mais grupos, abrindo oportunidades para

muitos e ao mesmo tempo tendo uma nítida distinção das classes sociais, e sendo sempre

em todos os pontos muito intensa. Desta forma, o estudo sobre a qualidade de vida bem

como a situação do saneamento básico domiciliar e esgotamento sanitário local são de

suma importância.

Conforme já foi relatado, o saneamento básico, desde 1957, é considerado, pela

Organização Mundial de Saúde (OMS), como um dos principais indicadores de saúde

que refletem diretamente na mortalidade e morbidade, principalmente infantil.

A célula básica da saúde pública é o domicílio, onde a população passa parte

expressiva de sua vida, o mesmo compreende toda infraestrutura ligada ao

abastecimento de água, esgotamento sanitário e disposição final dos resíduos sólidos e é

um componente importante na preservação ambiental, bem como no bem-estar social,

posto que esta infraestrutura tem por objetivo principal promover condições ambientais

necessárias à qualidade de vida e à proteção à saúde.

Vetter e Simões (1981) analisaram a influência da infratestrutura domiciliar de

abastecimento de água, esgotamento sanitário e disposição final de resíduos sólidos na

mortalidade de crianças, nas regiões metropolitanas do norte, nordeste, sul e sudeste e

constatou grande correlação. Concluiu que, as principais inadequações, consistiam: na

não ligação dos domicílios à rede geral, a falta de canalização interna na cozinha e

banheiro e a não regularidade do fornecimento de água; a não ligação dos domicílios a

rede coletora de esgoto ou a uma fossa séptica e a não coleta regular de resíduos sólidos

e sua disposição final inadequada.

Segundo Sposito (2002), a dificuldade de acesso à água segura e serviços básicos

de saneamento diretamente são associados com a incidência e prevalência de doenças

hídricas (cólera, febre tifóide, hepatite viral, verminoses, doenças diarréicas) e de outros

efeitos sobre a saúde da população.

A clássica tríade epidemiológica das doenças parasitárias é indispensável para

que ocorra a infecção: as condições do hospedeiro, o parasito e o meio ambiente. Em

relação ao hospedeiro, os fatores predisponentes incluem: idade, estado nutricional,

fatores genéticos, culturais, comportamentais e profissionais. Pesa para o lado do

parasito: a resistência ao sistema imune do hospedeiro e os mecanismos de escape

vinculados às transformações bioquímicas e imunológicas verificadas ao longo do ciclo

de cada parasito (CARNEIRO, ANTUNES, 2000).

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Estima-se que 80% de todas as moléstias e mais de um terço dos óbitos dos

países em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de água contaminada, e, em

média, até um décimo do tempo produtivo de cada pessoa se perde devido a doenças

relacionadas à água. Os esgotos e excrementos humanos são causas importantes dessa

deterioração da qualidade da água em países em desenvolvimento (AGENDA 21, 1996).

Pelos déficits citados, buscam-se a melhoria da qualidade de vida da população e

das condições socioeconômicas e sanitárias, tais que, refletem de uma forma bastante

visível na saúde e no meio ambiente das comunidades fronteiriças em questão.

Os municípios bolivianos no que se refere aos serviços de infraestrutura urbana

dependem de Corumbá, registrando-se assim uma sobrecarga para esse município, a se

considerar que a sua população é ampliada com a presença da população fronteiriça. O

fluxo de sobrecarga no sistema de saúde corumbaense ocorre em razão do melhor

atendimento de saúde do lado brasileiro, além de sua gratuidade.

Os tipos de atendimentos procurados por estrangeiros no Sistema Único de

Saúde (SUS), de modo frequente ou muito frequente, na faixa de fronteira brasileira, em

cerca da metade ou mais dos municípios brasileiros fronteiriços foram: busca por

medicamentos (62%), consulta médica de atenção básica (60%), imunização (50%),

parto (50%), exames de patologia clínica (49%), emergência e pré-natal (45%)

(GIOVANELLA et al., 2007).

Em relação à demanda de estrangeiros no Brasil em busca por serviços mais

especializados foram frequente ou muito frequente, os seguintes serviços: internação

hospitalar (40%), atenção odontológica (38%), serviços de radiodiagnóstico e imagem

(38%). A busca por consulta médica especializada (28%) e procedimentos de alta

complexidade (13%) foram às demandas menos mencionadas, o que é condizente com o

pequeno porte populacional e a baixa oferta de atenção especializada nos municípios

estudados (GIOVANELLA et al., 2007).

Em Corumbá, ocorre uma sobrecarga em relação ao saneamento básico, uma vez

que o tratamento de água dessa cidade supre necessidades de parte da população dos

núcleos bolivianos vizinhos (MARQUÊS, 2012), pois devido ao suprimento de água do

sistema público somente ocorrer em parte do dia na cidade de Puerto Quijarro, muitos

bolivianos coletam água para suas necessidades diárias nas casas de amigos e parentes

em Corumbá.

Essa sobrecarga não ocorre apenas na infraestrutura de saneamento básico, ainda,

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no sistema de saúde em razão da falta de disponibilização de hospitais bem estruturados

e equipados nas cidades bolivianas faz com que a procura de atendimento hospitalar na

cidade de Corumbá aumente.

Como exemplo, citamos a localidade boliviana mais próxima da fronteira em

questão. Em Puerto Quijarro, só há um estabelecimento hospitalar cujo corpo clínico é

composto de três médicos, duas enfermeiras, cinco auxiliares de enfermagem e um

administrador; considerado pelo Plano de Desenvolvimento Municipal de Puerto

Quijarro como Centro de Saúde de Primeiro Nível. Possui ainda um Posto de Saúde em

Arroyo Concepción (não possui médicos, tem uma enfermeira, uma auxiliar de

enfermagem e um administrador); um Centro Médico Privado de Germán Busch (com

dois médicos, três enfermeiras, dois administradores); uma Casa de Saúde (atende aos

segurados e seus beneficiários de diversas empresas – conta com três médicos, três

enfermeiras, uma secretaria e duas pessoas de limpeza), uma clínica que presta serviços

de medicina em geral e o Pro-Saúde (que se encontra desativado - possuía um médico e

três enfermeiras) pertencente à Associação Civil Boliviana (MARQUÊS, 2012).

O Plano de Desenvolvimento Municipal de Puerto Quijarro menciona, ainda, que

os equipamentos existentes nos estabelecimentos de saúde são insuficientes, e as

enfermidades de maior prevalência citadas são insuficiência renal aguda (IRA),

sarcoptósis, tuberculose, hipertensão arterial, problemas respiratórios e gastrointestinais.

Em Puerto Suárez, município próximo à Puerto Quijarro, o hospital do município

é considerado como um Centro de Saúde de Primeiro Nível, porém, referenciando-se a

situação de saúde em Puerto Suárez, Peiter (2007) descreve que “[...] era crítica, dada a

falta de saneamento, a pobreza da população e a carência do sistema de saúde local. O

maior problema consistia da falta de água. Era preocupante a elevada incidência de

doenças transmitidas por vetores como a malária, a dengue, a leishmaniose e a febre

amarela, esta última ainda frequente na região graças às constantes falhas dos programas

de imunização”.

Contudo, é nitidamente visível que praticamente todos os pontos de saúde

destacados anteriormente possuem um bom quadro de profissionais, todavia, ainda não

possuem aparelhos, equipamentos e infraestrutura suficiente para atender certas

especialidades, o que obriga a população dos municípios bolivianos citados a buscar

apoio e tratamento em Santa Cruz (Bolívia) ou no país vizinho (Brasil), especialmente

na cidade de Corumbá.

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2.3 Saneamento Básico e Qualidade de Vida

O conceito sobre qualidade de vida (QV) na área da saúde pode ser tido como

relativamente novo, pois inúmeros são os determinantes do processo saúde-doença,

dando-nos condicionantes mais complexos do que é suposto.

Sendo assim, é referido por alguns descritores como duas vertentes: primeiro, o

conceito de qualidade de vida é uma linguagem cotidiana, utilizada pela população em

geral (população, jornalistas, políticos, profissionais de diversas áreas da saúde, gestores

de políticas públicas; e segundo um conceito ligado diretamente à pesquisa científica,

englobando campos da economia, sociologia, educação, saúde, e áreas afins (SEILD,

ZANNON, 2004).

Pela OMS (The Whoqol Group, 1994), qualidade de vida é “a percepção do

indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais

ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Matos (1998, p. 3) argumenta que: “quanto mais aprimorada a democracia, mais

ampla é a noção de qualidade de vida, o grau de bem-estar da sociedade e de igual

acesso a bens materiais e culturais”.

Entretanto, profundas desigualdades nas condições de vida e saúde entre os

países e, dentro deles, entre regiões e grupos sociais, pode-se examinar as condições de

morbimortalidade relevantes, e verificar, em alguns setores, a permanência de problemas

(como é o caso de certas doenças infectoparasitárias e de veiculação hídrica relacionadas

diretamente às condições de infraestrutura urbana básica, por exemplo), mas que já estão

resolvidos em muitos lugares e para diversas populações que possuem uma realidade

adversa a essa.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS (1996), qualidade de

vida num todo pode ser definida como sensação íntima de conforto, bem-estar ou

felicidade no desempenho de funções físicas, intelectuais e psíquicas dentro da realidade

da sua família, do seu trabalho e dos valores da comunidade à qual pertence. Porém,

como somente o próprio indivíduo pode avaliar e informar sua opinião ao pesquisador,

livre do julgamento e comparado a partir de valores externos a ele, temos as informações

incluídas tanto como indicadores para avaliação da eficácia, eficiência, bem como do

impacto causado em determinados grupos de portadores de agravos diversos, na

comparação entre procedimentos infraestruturais que auxiliariam no controle de

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problemas de saúde.

Para Azeredo e colaboradores (2007, p. 744), o conceito de saúde está

intimamente ligado à qualidade de vida:

[...] o conceito de saúde é entendido como resultado do estilo de vida, condições

biológicas e acesso aos bens e serviços, e estão diretamente relacionados aos

determinantes de saúde de uma comunidade, que transcendem as concepções e que

tendem a reduzir os problemas sanitários ao âmbito das doenças e dos serviços de

saúde, destacando os aspectos da promoção e prevenção. Neste sentido, o

reconhecimento da gama de fatores que influenciam a saúde vem evoluindo desde os

antigos conhecimentos de saneamento básico, controle dos riscos biológicos, à

situação atual onde se reconhece a necessidade de uma estratégia que incorpore,

além daqueles riscos, fatores químicos, psicossociais, físicos e sindrômicos presentes

na habitação e peridomicílio.

Ainda os mesmos autores descrevem que a saúde está relacionada às condições

de habitação:

[...] o conceito de habitação saudável, é considerada como um agente da saúde de

seus moradores e relaciona-se com o território geográfico e social onde se assentam

os materiais usados para sua construção, a segurança e qualidade dos elementos

combinados, o processo construtivo, a composição espacial, a qualidade dos

acabamentos, o contexto global do entorno (comunicações, energia, vizinhança) e a

educação em saúde e ambiente de seus moradores sobre estilos e condições de vida

saudável.

Os mesmos autores, Azeredo et al. 2007, portanto, concluem que do ponto de

vista do ambiente como determinante da saúde, a habitação se constitui em um espaço

de construção e desenvolvimento, diretamente relacionado à saúde da família.

Como acima mencionado, a falta de saneamento e esgotamento sanitário

desencadeia inúmeras consequências, não somente problemas de saúde, mas também

influenciam diretamente na qualidade de vida de uma população em questão. É notável a

relação dos municípios circunvizinhos, Corumbá e Puerto Quijarro e a preocupação com

relação ao esgotamento sanitário já que ambas possuem uma equiparidade quanto ao

destino do mesmo, e sua liberação se dá principalmente através de fossa séptica,

acarretando em concentrações de coliformes fecais que acabam infectando a

comunidade que vive próximo ao Rio Paraguai.

É importante salientar que pelo fato das duas cidades serem fronteiras

11

internacionais, percebe-se que a atenção deve ser dobrada, devido às características do

próprio meio ambiente e pelo déficit de infraestrutura.

Portanto, pode-se avaliar através da pesquisa de campo que as duas cidades em

questão, Corumbá e Puerto Quijarro, encontram-se em crescimento populacional,

porém, com baixo índice de crescimento em relação à infraestrutura local.

Desta forma, vale ressaltar que apesar da insistência de alguns moradores em

deixar quintais limpos e tratar a água para o consumo, principalmente nos lares onde há

crianças, não se torna totalmente suficiente se a comunidade num todo não colaborar,

bem como as autoridades não tomarem as devidas providências necessárias à melhoria

da infraestrutura das cidades.

2.4 Doenças Diarréicas e Saneamento Básico

É sabido que a base familiar, associada a boas condições higiênicas, alimentares

e qualidade de vida são primordiais no desenvolvimento e crescimento infantil.

Anteriormente vimos que o saneamento básico é considerado um fator de proteção à

qualidade de vida, e sua inexistência compromete a saúde pública, o bem estar social e

consequentemente degrada o meio ambiente.

Ouchi et al. (2008) relatam que, em alguns estudos epidemiológicos, verificou-se

que não só fatores diretamente ligados à doença é que as determinam, mas, sim, uma

gama de variáveis envolvidas na esfera saúde-doença, do qual ocasionam o desequilíbrio

da saúde da população. Algumas variáveis segundo eles são citados como variáveis

determinantes deste conjunto: menor nível social e econômico, baixo nível de

escolaridade, tipo de habitação e, ainda, disponibilidade de saneamento básico nos

domicílios, e essas condições não determinam a condição patológica, porém interferem

positiva ou negativamente na evolução da mesma.

Moraes e Jordão (2002) referem que atualmente a cada 14 segundos morre uma

criança vítima de doenças de veiculação hídrica. Estima-se que destas 80% são causadas

pelo consumo de água contaminada. Destas moléstias referidas, a mais importante é a

diarréia, pois é a causa de maior índice de mortalidade e morbidade em crianças.

Cerca de dois milhões de crianças morrem a cada ano nos países

subdesenvolvidos em conseqüência de doenças diarréicas, segunda maior causa de

morte em crianças com menos de cinco anos de idade (FAÇANHA, PINHEIRO, 2005).

12

As complicações mais frequentes decorrem da desidratação e desequilíbrio

hidroeletrolítico. A médio e longo prazo, a repetição dos episódios de diarréia pode levar

à desnutrição crônica, com retardo do desenvolvimento ponderal e, até mesmo, da

evolução intelectual (NIEHAUS et al., 2002).

Análises globais da tendência da diarréia infantil desde os anos 1980 indicam

declínio na mortalidade, mas não na incidência da doença (BENÍCIO, MONTEIRO,

2000). Apesar dos esforços para sua redução, as diarréias continuam sendo um grave

problema de saúde pública nos países com desigualdades na distribuição de

riquezas. Disparidades nas taxas globais de morbimortalidade entre regiões, estratos e

classes sociais têm sido observadas em praticamente todos os países do mundo,

desenvolvidos ou não (OLIVEIRA, LATORRE, 2010).

No Brasil, o coeficiente de mortalidade infantil por diarréia apresentou declínio

nas últimas décadas (FAÇANHA, PINHEIRO, 2005). Políticas de saneamento básico

implantadas no País a partir 1970 tiveram grande impacto na queda da mortalidade

infantil; principalmente, pela queda da mortalidade por doenças infecciosas intestinais.

Outras medidas, como a introdução da terapia de reidratação oral, diminuição da

desnutrição infantil e melhora no acesso a serviços de saúde, podem ser apontadas como

as principais responsáveis pelo declínio na mortalidade por diarréia no território

brasileiro (BENÍCIO, MONTEIRO, 2000).

A diarréia pode ser classificada em aguda ou persistente. A diarréia aguda é

definida como um processo sindrômico de duração igual ou inferior a 14 dias, de

etiologia presumivelmente infecciosa (viral, bacteriana ou parasitária), que provoca má

absorção de água e eletrólitos, aumento do número de evacuações e do volume fluido

fecal, acarretando à criança depleção hidrossalina de intensidade variável.

Conceitualmente, a diarréia persistente representa um episódio diarréico de início

abrupto de etiologia presumivelmente infecciosa, com duração superior a 14 dias e que

repercute negativamente sobre o estado nutricional (SILVA, 2004).

A diarréia aguda pode ser provocada por múltiplos agentes etiológicos, como

bactérias, vírus e protozoários. Muitos estudos apontam o rotavírus como agente

etiológico preponderante nos países desenvolvidos, enquanto as bactérias são mais

importantes nas crianças de países em desenvolvimento (SCHNACK et al., 2003).

Apesar de não se encontrar unanimidade quanto à etiologia da doença diarréica

em países em desenvolvimento, há nesses locais um grande número de fatores

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favorecendo a infecção bacteriana, tais quais: deficiências nutricionais, práticas

inadequadas de higiene física e alimentar, desmame precoce, aglomerações no domicílio

e institucionais, ausência de saneamento básico nos locais de permanência, acesso a

coleções hídricas contaminadas (PONTUAL, FALBO, GOUVEIA, 2006).

O número de mortes por diarréia pode ser evitado, através de melhorias de

abastecimento de água bem como de saneamento, pois através disso pode haver uma

redução na exposição de agentes patogênicos que causam diarréias. A qualidade da água

bem como sua quantidade suficiente é de suma importância para a melhoria de vida da

população (ROUQUAYROL, ALMEIDA FILHO, 2003).

No estado do Mato Grosso do Sul, dados do Ministério da Saúde indicam a

deficiência em saneamento básico na região pelas taxas de mortalidade proporcional

(percentual dos óbitos informados) por Doença Diarréica Aguda (DDA) em menores de

5 anos que, em 2011, apresentou a primeira pior colocação do país (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2011). As maiores taxas de mortalidade na infância (< 5 anos/1000 nascidos

vivos) no Brasil foram detectadas nas Regiões Nordeste (22,1), Norte e Centro-Oeste

(ambas com a taxa de 18,6). No Estado, a taxa de mortalidade infantil em menores de 5

anos é de 18,5 por 1000 nascidos vivos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

Em Corumbá, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo

Federal, iniciado em 2008, pretende viabilizar mais saúde para a população e

preservação do meio-ambiente desse município, pois o solo rochoso da cidade

inviabiliza a construção de fossas sépticas e boa parte do esgoto, até recentemente, era

jogada no Rio Paraguai, sem tratamento. Os recursos do PAC previram a construção de

245 quilômetros de rede de esgoto, com 14 mil ligações domiciliares, atendendo grande

parte dos bairros, além da região central. Além disso, duas estações de tratamento de

esgoto (Olaria e Maria Leite) foram recentemente construídas (a 1ª foi entregue em julho

de 2010 e a 2ª em dezembro de 2012), garantindo que todo o esgoto coletado seja

tratado antes de ser devolvido ao rio (CORREIO DE CORUMBÁ, 2012). Portanto, em

Corumbá, a previsão é de que 80% da cidade, após as obras, sejam atendidos com coleta

de esgoto. O índice de cobertura anterior era zero.

Diante do exposto, a correlação entre qualidade de vida versus saneamento, e

doenças diarréicas versus saneamento básico formam um elo, onde um depende

diretamente do outro, e todos dependem de si para que a saúde e bem-estar estejam

presentes, independentemente do poder aquisitivo.

14

Neste trabalho, foram estudados dois países, onde o clima predominante é o

tropical. E as médias de temperatura bem como os índices de pluviosidade, juntamente

com a precária infraestrutura de esgotamento e saneamento básico, influenciam

diretamente a qualidade de vida e a saúde da população em questão.

15

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

O presente trabalho teve como objetivo geral avaliar as influências de

saneamento básico domiciliar na qualidade de vida e saúde da população fronteiriça em

dois bairros, Cervejaria, em Corumbá (Brasil) e Feirinha Boliviana, em Puerto Quijarro

(Bolívia).

3.2 Objetivos Específicos

─ Identificar as condições das instalações sanitárias domiciliares de água, esgoto e as

formas de disposição final dos resíduos sólidos no bairro Cervejaria, em Corumbá e,

na Feirinha Boliviana, em Puerto Quijarro.

─ Avaliar as implicações da percepção ambiental dos moradores quanto ao aspecto

sanitário, nas condições gerais de infraestrutura urbana, ambientais e de saúde, em

ambos os municípios fronteiriços.

─ Correlacionar o número de casos de doenças diarréicas em crianças com o

saneamento básico na cidade de Corumbá-MS.

─ Propor um programa de educação ambiental e de saúde não formal para a melhoria

da qualidade de vida, através dos procedimentos metodológicos da pesquisa-ação,

voltado às necessidades da população estudada.

16

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Área estudada

Os municípios estudados incluíram Corumbá - MS, Brasil e Puerto Quijarro -

SC, Bolívia.

Em Corumbá, o bairro escolhido foi Cervejaria (Figura 1), o qual está localizado

diretamente próximo ao Rio Paraguai. Em algumas circunstâncias, pequenas moradias

foram construídas de forma irregular, dispostas na encosta deste rio. Também foi levado

em consideração a baixa disponibilidade de coleta de lixo e o precário esgotamento

sanitário dessa localidade. Devido o PAC ter realizado uma pequena parte de ligações de

esgotamento e saneamento até o presente momento, entretanto, pelo projeto municipal

até 2014, pretende-se atingir cerca de 90% dos domicílios corumbaenses (CAPITAL DO

PANTANAL, 2013).

Ao atravessarmos a fronteira Brasil/Bolívia, observa-se praticamente a mesma

existência de problemas observados no Brasil, lixos jogados em vias públicas, acúmulo

de água empoçada em buracos, precariedade do esgotamento sanitário e saneamento

básico, entre outros fatores. Do lado boliviano, a Feirinha Boliviana foi estudada (Figura

1).

Essa localidade também foi escolhida devido à proximidade do Rio Paraguai e a

utilização direta do abastecimento de água para balneabilidade ou para consumo. A

grande diferença de um bairro para outro estudado é a utilização da água para consumo

próprio, o qual será descrito mais adiante.

Ambas as localidades são altamente arborizadas e ricamente inclusas no

Pantanal. A distância do município brasileiro ao município boliviano é cerca de mais ou

menos 5 km, o que também comprova a praticidade e a integração de um país com o

outro.

17

Figura 1. Mapeamento geográfico, à direita, Corumbá-MS, Brasil, demonstrando o

bairro Cervejaria e, à esquerda do mapa, Puerto Quijarro, Bolívia, indicando a Feirinha

Boliviana.

Fonte: Google Earth, imagem área do limite internacional fronteira Brasil-Bolívia. Demonstração gráfica

dos bairros Cervejaria e Feirinha Boliviana. Modificado pelo Prof. Dr. Edgar Aparecido da Costa, 2011.

O bairro Cervejaria, em Corumbá, é delimitado pelo Rio Paraguai que pode ser

considerado como a principal fonte de contaminação, devido ao lançamento in natura de

muitos dejetos e esgoto sem o menor tratamento. Já em Puerto Quijarro, na Bolívia, falta

asfaltamento, rede de esgoto e abastecimento adequado de água.

Em relação às duas cidades em destaque vale ressaltar que a fronteira do Brasil

com a Bolívia, possui uma vasta área ecológica, o que desperta grande interesse

ambiental. Apesar de ser uma região fronteiriça, seus limites não são interrompidos pela

fronteira humana, e desta forma também são chamadas de fronteiras irmãs, por mais que

suas culturas e suas leis sejam diferentes, o ambiente espacial que se encontram é o

mesmo, assim como a baixa infraestrutura de esgotamento sanitário, influenciando

18

diretamente não apenas na qualidade de vida das populações, mas também na qualidade

ambiental desta região.

4.2 Etapas da Pesquisa

Para operacionalização da pesquisa, a mesma foi dividida em seis etapas, sendo a

primeira, acompanhada da revisão literária, e consistiu no levantamento e mapeamento

do número de domicílios, no bairro Cervejaria, em Corumbá e, na Feirinha Boliviana,

em Puerto Quijarro. Na segunda, foi elaborada a amostragem com identificação dos

domicílios a serem trabalhados, com inquérito para apuração dos dados, segundo

Gerardi e Silva (1981), onde os domicílios foram selecionados por meio de sorteio

aleatório.

Na terceira, foram elaborados, testados, ajustados e aplicados os questionários

socioeconômicos e sanitários, segundo Pinto (1998). Os questionários a serem aplicados

a priori eram 100 participantes para cada bairro de cada país estudado, porém, nem

todos os participantes quiseram participar (não entrando nas estatísticas desta pesquisa).

Os questionários que foram aplicados sobre saneamento básico e esgotamento sanitário

totalizaram, portanto, em 99 participantes, sendo 50 em Corumbá e, 49 em Puerto

Quijarro. A quarta etapa foi realizada a tabulação e análise prévia dos dados. Na quinta

etapa, os dados foram coletados através do banco de dados da Vigilância

Epidemiológica da Prefeitura Municipal de Corumbá, MS (VIGEP) com a obtenção do

número de casos de doenças diarréicas por faixa etária, mês, tipo de tratamento e

localidade. Na sexta etapa, todos os dados foram cruzados e analisados, perante as

contribuições da revisão bibliográfica e redigido o relatório final (dissertação) e

elaboração de dois artigos científicos submetidos a periódicos indexados pela CAPES.

Pretende-se ainda, a divulgação desses dados para as Secretarias Municipais de Saúde

das duas cidades dos países distintos, e para isso o projeto foi avaliado pelo Comitê de

Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

(UFMS) e aprovado sob número de protocolo 2.200 (Anexo 9.1).

Os entrevistados leram e autorizaram as entrevistas através do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, no idioma português e espanhol (Anexos

9.2 e 9.3); após a autorização responderam às perguntas referentes ao inquérito de

saneamento básico domiciliar, em ambos os idiomas (Anexos 9.4 e 9.5); para melhor

19

adequação dos resultados desta primeira fase. A obtenção dos dados epidemiológicos

sobre a incidência de ocorrência de doenças diarréicas em crianças de 0 a 14 anos foi

autorizada pelo Secretário de Saúde do município de Corumbá (Anexo 9.6). Todos os

anexos estão na versão em português e espanhol por se tratar de um estudo

internacional. Também o órgão governamental competente de saúde da Bolívia

consentiu previamente a realização do estudo sobre o saneamento básico e qualidade de

vida nesse país (Anexos 9.7). O anexo 9.8 refere-se ao termo de compromisso da

pesquisadora para a utilização do banco de dados da Vigilância Epidemiológica de

Corumbá.

4.3 Aplicação dos Questionários

Foram aplicados questionários tanto na versão em português quanto espanhol à

comunidade adulta do bairro Cervejaria, em Corumbá e da Feirinha Boliviana, em

Puerto Quijarro, no período de 01 de agosto a 31 de setembro de 2011. Os seguintes

itens foram avaliados nos questionários: idade; sexo; condições de moradia;

abastecimento de água; esgotamento sanitário; destinação de resíduos sólidos;

indicadores de saúde e conceituação por parte dos entrevistados do que é qualidade de

vida e saúde. Um total de 99 indivíduos, de ambos os sexos, responderam ao

questionário, sendo 50 respondentes em Corumbá e, 49 em Puerto Quijarro.

4.4 Dados Epidemiológicos de Doenças Diarréicas

Os dados apresentados neste estudo são o resultado das informações semanais de

63 unidades de saúde, enviadas à Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria

Municipal de Saúde de Corumbá, no período de janeiro 2010 a dezembro de 2011.

Para fins de vigilância epidemiológica, diarréia aguda foi definida como o

aumento do volume da água fecal, o que acarreta diminuição na consistência das fezes e

aumento no número de evacuações e com duração de até duas semanas (MARTINS,

1998).

Foi considerado como tendo usado o plano A de tratamento aquele paciente que

recebeu prescrição de líquidos caseiros no domicílio, o que corresponde à ausência de

sinais de desidratação. O plano B quando o doente precisou fazer uso de sais de

20

reidratação oral, sob supervisão na unidade de saúde, para que se avaliasse se esse

tratamento seria suficiente para evitar complicações. Esse tratamento é indicado para

pessoas com algum sinal de desidratação. E, o plano C quando houve indicação de

reidratação venosa, isto é, em pacientes com desidratação severa (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2012).

Todas as unidades de saúde públicas e conveniadas do Sistema Único de Saúde

(SUS), hospitalares e ambulatoriais informaram seus atendimentos nos serviços de

urgência e nos ambulatórios. A procura dos serviços médicos por diarréia aguda foi

semanal para que houvesse tempo hábil de programar medidas de controle. Contudo, os

dados foram tabulados por mês e ano, de acordo com os bairros do município.

Para o cálculo de incidência foi utilizado como numerador o número de pacientes

com um episódio de doença diarréica aguda dividida por mil habitantes do Município de

Corumbá, no ano de ocorrência da doença que o levou a procurar assistência médica. A

população utilizada para o cálculo de incidência de episódios de diarréia foi a estimada

pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseada no censo de 2010. Os

dados foram analisados através do Programa BioStat 5.0.

4.5 Dados Pluviométricos

Os dados utilizados no presente estudo foram obtidos do Centro de

Monitoramento de Tempo, do Clima e Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul

(CEMTEC), situado em Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul. Os dados

pluviométricos referem-se ao município de Corumbá, no período de janeiro de 2010 a

dezembro de 2011. Considerou-se o total de chuvas (mm3) para cada mês. Esses dados

foram correlacionados estatisticamente com o número de casos de doenças diarréicas no

referido município, no mesmo período estudado. Utilizou-se a correlação de Pearson (r)

e índice de significância (p) < 0,05.

21

5. RESULTADOS

5.1 Condições de Moradia e Presença de Vetores

As construções em alvenaria representam, respectivamente, 68% e 88% no

bairro Cervejaria e na Feirinha Boliviana (Tabela 1). Aproximadamente, 76% dos

entrevistados brasileiros relataram a existência de vetores de parasitoses em seus

domicílios e 80% dos participantes bolivianos também fizeram o mesmo relato (Tabela

1).

Tabela 1. Condições de moradia e presença de vetores nos bairros Cervejaria, em

Corumbá, Brasil e, Feirinha Boliviana de Puerto Quijarro, Bolívia em 2011.

Condições Avaliadas Entrevistados no Bairro

Cervejaria (%)

Entrevistados na

Feirinha Boliviana (%)

CONDIÇÕES DE

MORADIA

Alvenaria e pavimentada

Madeira e pavimentada

Madeira e assoalho de chão

batido

total

34 (68%)

11 (22%)

5 (10%)

50 (100%)

43 (88%)

4 (8%)

2 (4%)

49 (100%)

PRESENÇA DE VETORES

DE PARASITOSES

Sim

Não

total

38 (76%)

12 (24%)

50 (100%)

39 (80%)

10 (20%)

49 (100%)

Embora, a grande maioria das casas fosse de alvenaria e pavimentadas em seu

interior, muitas não possuíam reboco, muro e calçamento (Figura 2), denotando a

simplicidade das construções.

22

Figura 2. Casas de alvenaria no bairro Cervejaria, Corumbá - MS, Brasil.

Fonte: Batista, J. B., abril de 2011.

5.2 Destinação de Resíduos Sólidos

Exatamente 98% dos entrevistados no bairro Cervejaria relataram que faziam a

destinação dos resíduos sólidos, mediante coleta do serviço público e somente 2%

queimam ou enterram esses resíduos. Na Feirinha Boliviana de Puerto Quijarro, Bolívia,

aproximadamente 92% dos entrevistados utilizavam o serviço de público de coleta, 4%

enterravam ou queimavam e 4% destinavam os resíduos sólidos à céu aberto (Tabela 2).

Como os resultados foram avaliados pela coleta de respostas dadas ao inquérito

sobre destinação de resíduos sólidos e não pela realidade vista pelo pesquisador,

acreditamos que o número de indivíduos que depositam o lixo à céu aberto em terrenos

23

baldios e vias públicas seja bem maior do que o declarado pelos entrevistados, tanto em

Puerto Quijarro quanto em Corumbá, concluindo que entrevistas face a face levaram a

uma omissão de respostas sobre o verdadeiro destino do lixo entre os participantes da

pesquisa.

Tabela 2. Disposição final de resíduos sólidos domiciliares do bairro Cervejaria, em

Corumbá, Brasil e, na Feirinha Boliviana de Puerto Quijarro, Bolívia, em 2011.

Condições Avaliadas Entrevistados no

Bairro Cervejaria

(%)

Entrevistados na

Feirinha Boliviana

(%)

DISPOSIÇÃO DO LIXO

DOMÉSTICO

Coletado pelo serviço público

Queimado ou enterrado no quintal

Disposto à céu aberto

49 (98%)

1 (2%)

0 (0%)

45 (92%)

2 (4%)

2 (4%)

DESTINAÇÃO DE FEZES E

URINA

Rede coletora pública

Fossa séptica

Despejado a céu aberto

1 (2%)

49 (98%)

0 (0%)

7 (14%)

42 (86%)

0 (0%)

Grande parte dos participantes afirmou que utilizavam fossas sépticas para a

destinação de fezes e urina, sendo 98% entre os brasileiros e 86% entre os bolivianos

(Tabela 2). Percentuais pequenos (2% e 14%), respectivamente, utilizam a rede coletora

pública para eliminação das excretas humanas, no Brasil e na Bolívia.

Denotou-se que no bairro Cervejaria, em Corumbá, o lixo doméstico não era

acondicionado em lixeiras para a coleta. Ademais, restos de materiais da construção

civil, podas de árvores e outros entulhos eram despejados por moradores do bairro em

terrenos baldios ou nas vias públicas (Figura 3).

24

Figura 3. Restos de materiais da construção civil, podas de árvore e entulhos em geral

mantidos em via pública no bairro Cervejaria, na cidade de Corumbá - MS, Brasil.

Fonte: Batista, J.B., março de 2011.

A realidade em Puerto Quijarro, Bolívia, era praticamente a mesma da cidade de

Corumbá. Em torno da Feirinha Boliviana, encontraram-se entulhos de construção civil,

sem depósito adequado para sua disposição, conforme ilustrado na Figura 4.

25

Figura 4. Acúmulo de restos de materiais da construção civil em via pública na Feirinha

Boliviana, na cidade Puerto Quijarro, Bolívia.

Fonte: Batista, J.B., março de 2011.

5.3 Abastecimento e Tratamento de Água no Domicílio

A totalidade dos entrevistados no bairro Cervejaria tinha abastecimento de água

no domicílio através da rede pública. Contudo, os bolivianos da Feirinha Boliviana que

possuíam seus domicílios abastecidos através da rede pública (41%), utilizavam outras

formas de abastecimento (poços) (26%) ou, conjuntamente, a rede pública e outras

formas de abastecimento (33%) (Tabela 3), devido ao fato que em determinados

horários do dia haver o desabastecimento de água em Puerto Quijarro.

Nas localidades estudadas, houve um antagonismo na forma de ingestão da água,

pois, 90% dos brasileiros bebiam água sem tratamento complementar domiciliar (fervura

ou filtração) ao passo que 82% dos bolivianos ingeriam água filtrada (Tabela 3). Tanto a

água filtrada quanto a água mineral são tidas como potáveis e livres de bactérias, porém,

26

muitas pessoas optam por adquirir filtros de água ou purificadores por achar que possui

as mesmas especificidades que a água mineral. Entretanto, a realidade é distorcida já que

a água filtrada ou purificada necessita de constante troca de filtro ou adicionamento de

produtos químicos para sua purificação. Já a água mineral não necessita de nenhum tipo

de processo químico para se purificar, pois, nascem de minas e vem naturalmente

adicionada diversas fontes provindas de minérios de seu solo (LUCEMA NOTÍCIAS

v.46).

Tabela 3. Abastecimento e tratamento de água nos domicílios dos bairros Cervejaria,

em Corumbá, Brasil e, Feirinha Boliviana de Puerto Quijarro, Bolívia em 2011.

Condições Avaliadas Entrevistados no

Bairro Cervejaria

(%)

Entrevistados na

Feirinha Boliviana

(%)

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

NO DOMICÍLIO

Rede pública

Poço ou nascente

Utilização da rede pública e outras

formas de abastecimento,

conjuntamente

Outros (por ex., poço artesiano)

50 (100%)

0 (0%)

0 (0%)

0 (0%)

20 (41%)

0 (0%)

13 (26%)

16 (33%)

TRATAMENTO DE ÁGUA NO

DOMICÍLIO

Filtração

Fervura

Cloração

Não faz nenhum tipo de tratamento

complementar

5 (10%)

0 (0%)

0 (0%)

45 (90%)

40 (82%)

8 (16%)

0 (0%)

1 (2%)

27

5.4 Avaliação do Serviço de Tratamento de Água, Esgotamento Sanitário e Coleta

de Lixo

A maioria dos entrevistados brasileiros e bolivianos (68% e 49%,

respectivamente) afirmou que o serviço de tratamento de água é regular. Quanto ao

esgotamento sanitário, 38% dos brasileiros disseram que esse serviço é regular, ao passo

que 32% dos bolivianos fizeram o mesmo relato (Tabela 4). Grande parte dos bolivianos

e brasileiros (42% e 44%, respectivamente) não soube ou não quis opinar sobre o

serviço de esgotamento sanitário.

Tabela 4. Percepção dos serviços de tratamento de água, esgotamento sanitário e coleta

de lixo pelos entrevistados do bairro Cervejaria, em Corumbá, Brasil e, Feirinha

Boliviana de Puerto Quijarro, Bolívia.

Condições Avaliadas Entrevistados no

Bairro Cervejaria

(%)

Entrevistados na

Feirinha Boliviana

(%)

AVALIAÇÃO DO SERVIÇO DE

TRATAMENTO DE ÁGUA

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

0 (0%)

16 (32%)

34 (68%)

0 (0%)

0 (0%)

0 (0%)

8 (16%)

24 (49%)

17 (35%)

0 (0%)

AVALIAÇÃO DO SERVIÇO DE

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

Não souberam ou não quiseram

responder

0 (0%)

4 (8%)

19 (38%)

1 (2%)

4 (8%)

22 (44%)

0 (0%)

12 (24%)

16 (32%)

10 (2%)

0 (0%)

21 (42%)

28

AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE

LIXO EM GERAL NAS VIAS

PÚBLICAS

Muito alto

Alto

Médio

Baixo

Inexistente

5 (10%)

7 (14%)

30 (60%)

8 (16%)

0 (0%)

5 (10,5%)

8 (16%)

31 (63%)

5 (10,5%)

0 (0%)

Contudo, foi nítida a precariedade do esgotamento sanitário do lado boliviano,

conforme pode ser observado na figura 5, na qual aparece água empoçada em via

pública, podendo ser fonte potencial para a disseminação de verminoses, infecções

diarréicas e dengue.

Figura 5. Água empoçada em via pública na Feirinha Boliviana de Puerto Quijarro, na

Bolívia.

Fonte: Batista, J.B., abril de 2011.

29

Mais de 60% dos brasileiros e bolivianos relataram que a presença de lixo e

entulho em geral, nas localidades estudadas, encontrava-se em um grau médio de

ocorrência, o que denotou uma ineficiência da coleta de lixo pelo poder público e a falta

de destinação correta dos resíduos sólidos por parte dos moradores.

5.5 Significado de Saúde e Qualidade de Vida pelos Entrevistados

A palavra saúde para os entrevistados no bairro Cervejaria em Corumbá teve a

seguinte definição, respectivamente: ausência de doença (34%), boa alimentação (14%),

bem-estar (6%), higiene (4%), bom atendimento nos serviços de saúde (4%) e qualidade

de vida (1%). Contudo, exatamente 36% não souberam responder o que é saúde (Tabela

5).

Em relação à definição de saúde para os bolivianos da Feirinha Boliviana de

Puerto Quijarro, a palavra significou: bem estar (27%), ausência de doença (25%),

higiene (8%), qualidade de vida (8%) e bom atendimento nos serviços de saúde (3%).

Porém, alguns entrevistados (16%) não souberam definir a palavra saúde (Tabela 5).

Quanto ao termo qualidade de vida, o mesmo foi sinônimo de infraestrutura e

saneamento básico para a maioria dos brasileiros (30%) e bolivianos (43%)

entrevistados. O número de entrevistados que não souberam responder o que é qualidade

de vida foi maior entre os brasileiros (36%) do que bolivianos (14,5%) (Tabela 5).

Tabela 5. Definição da palavra saúde e do termo qualidade de vida pelos entrevistados

do bairro Cervejaria, em Corumbá e, da Feirinha Boliviana, em Puerto Quijarro, na

fronteira Brasil-Bolívia.

Conceitos Avaliados Entrevistados no

Bairro Cervejaria

(%)

Entrevistados na

Feirinha Boliviana

(%)

O QUE SIGNIFICA A PALAVRA

SAÚDE?

Higiene

Bem estar

2 (4%)

3 (6%)

4 (8%)

13 (27%)

30

Ausência de doença

Boa alimentação

Qualidade de vida

Bom atendimento nos serviços de

saúde

Não souberam responder

17 (34%)

7 (14%)

1 (2%)

2 (4%)

18 (36%)

12 (25%)

5 (10%)

4 (8%)

3 (6%)

8 (16%)

O QUE SIGNIFICA O TERMO

QUALIDADE DE VIDA?

Ter saúde

Ter acesso aos serviços de saúde

Infraestrutura e saneamento básico

Bem estar

Outros (maior oferta de empregos,

redução dos impostos, melhoria dos

serviços sociais, permanecer mais

tempo com a família)

Não souberam responder

6 (12%)

6 (12%)

15 (30%)

2 (4%)

3 (6%)

18 (36%)

3 (6%)

6 (12%)

21 (43%)

7 (14,5%)

5 (10%)

7 (14,5%)

5.6 Análise dos Dados Epidemiológicos do Banco de Dados do Município de

Corumbá-MS

No período de 2010 a 2011, foram informados 10.760 casos de doenças

diarréicas agudas, com média anual de 5.380,00± (DP = 1.998,28) de notificações

(Tabela 1). Quanto às localidades com maior percentual de casos de diarréia aguda,

destacaram-se o Centro (15,00%), Cristo Redentor (7,94%), Popular Velha (6,35%),

Ladário (6,35%), Aeroporto (6,15%) e Popular Nova (5,90%) (Tabela 6).

31

Tabela 6. Número e percentagem de casos de diarréia aguda em crianças por localidade.

Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil, 2010-2011.

Localidade 2010

(n)

2011

(n)

Total

(n)

Total

(%)

Aeroporto 408 256 664 6,15

Arthur Marinho 25 14 39 0,35

Assentamento Urucum 6 7 13 0,12

Assentamento Mato Grande 12 2 14 0,13

Assentamento Paioizinho 6 1 7 0,06

Assentamento São Gabriel 6 7 13 0,12

Assentamento Tamarineiro 33 12 45 0,42

Assentamento Taquaral 43 13 56 0,52

Beira Rio 76 60 136 1,25

Borroski 21 14 35 0,32

Centro 996 592 1.588 15,00

Centro América 296 184 480 4,45

Cervejaria 118 77 195 1,80

Cravo Vermelho 127 78 205 1,90

Cristo Redentor 575 280 855 7,94

Distrito Albuquerque 8 11 19 0,16

Dom Bosco 398 228 626 5,80

Guanabara 19 13 32 0,29

Guaicurus 25 16 41 0,38

Generoso 54 31 85 0,79

Guana 139 91 230 2,13

Guarani 96 65 161 1,50

Guatos 26 15 41 0,38

Industrial 12 9 21 0,19

Jardim dos Estados 187 81 268 2,50

Kadweus 35 19 54 0,50

Loteamento Pantanal 109 79 188 1,74

Maria Leite 366 215 581 5,40

Nossa Senhora de Fátima 276 151 427 3,97

32

Nova Corumbá 214 126 340 3,15

Popular Nova 417 218 635 5,90

Popular Velha 451 234 685 6,35

Previsul 67 38 105 0,97

Primavera 55 15 70 0,65

Universitário 347 217 564 5,24

João de Deus 1 0 1 0

Vitória Régia 33 102 135 1,25

Rodovia Ramão Gomes 4 0 4 0,03

Zona Rural 74 32 106 0,98

Município de Ladário 433 251 684 6,35

Bolívia 24 12 36 0,33

Ignorado 132 68 200 1,85

Havaí 6 2 8 0,07

Novo Habitar 5 0 5 0,04

Outras Regiões 32 31 63 0,58

Total 6.793 3967 10.760 100%

Os primeiros meses do ano, especialmente janeiro e fevereiro, apresentaram

percentuais mais altos de doenças diarréicas que os observados no segundo semestre,

excetuando-se o mês de agosto. Observou-se que o maior percentual de diarréias agudas

estava relacionado com os meses mais chuvosos no Pantanal Sul-Matogrossense (janeiro

e fevereiro) (Tabela 7).

Tabela 7. Casos de diarréias agudas por ano e mês. Corumbá, Mato Grosso do Sul,

Brasil, 2010-2011.

Mês 2010

(n)

2011

(n)

Total

(n)

Total

(%)

Janeiro 746 411 1.157 10,75

Fevereiro 717 628 1.345 12,50

Março 392 470 862 8,00

Abril 456 425 881 8,20

33

Maio 276 167 443 4,12

Junho 323 248 571 5,30

Julho 626 246 872 8,10

Agosto 1.372 337 1.709 15,90

Setembro 537 203 740 6,87

Outubro 384 285 669 6,21

Novembro 563 282 845 7,85

Dezembro 401 265 666 6,20

Total (n) 6.793 3.967 10.760 100%

A distribuição dos casos de doenças diarréicas agudas por faixa etária manteve-

se aproximadamente estável. Isto é, as crianças entre 10 ou mais anos foram as mais

representadas, seguidas pelas de 1 a 4 anos. As crianças com 5 a 9 anos de idade ficaram

em terceiro lugar e em quarto as que tinham menos de 1 ano (Tabela 8). Considerando-

se a incidência de episódios de diarréia, a das crianças menores de um ano foi 3,5 vezes

maior do que as de 1 a 4 anos e 1,90 vezes maior do que as de 5 a 9 anos. No ano de

2010, a incidência de episódios de diarréia em menores de um ano foi de 215,97 casos

por cada mil menores de um ano; 56,02 por mil crianças entre 1 e 4 anos; 113,51 por mil

de 5 a 9 anos e 29,99 para cada mil pessoas com dez ou mais anos de idade. No ano de

2011, a maior incidência de doenças diarréicas agudas continuou entre as crianças

menores de 1 ano (Tabela 8).

Tabela 8. Casos e incidência* de diarréias agudas por ano e faixa etária. Corumbá, Mato

Grosso do Sul, Brasil, 2010-2011.

Idade 2010

Casos

2010

Incidência

2011

Casos

2011

Incidência

Total

(n)

Total

(%)

< 1 ano 483 215,97 267 390,70 750 7

1-4 anos 1.862 56,02 960 108,66 2.822 26

5-9 anos 919 113,51 468 30,59 1387 13

10 ou + 3.478 29,99 2.198 47,45 5.676 53

Ignorado 51 2045,43 74 1409,68 125 1

Total 6.793 ---- 3.967 --- 10.760 100%

* Incidência por 1.000 habitantes.

34

Aproximadamente 11,00 % do total de pacientes foi tratada com o plano A. Em

torno de 3,60% dos pacientes precisaram ficar em observação na unidade de saúde

recebendo soro de reidratação oral (plano B). Cerca de 2,60% tiveram indicação de

reidratação venosa (plano C). Para a grande maioria dos pacientes (66,00%) não se

obteve a informação sobre que tratamento havia sido administrado aos pacientes (Tabela

9).

Tabela 9. Casos de diarréias agudas por ano e plano de tratamento. Corumbá, Mato

Grosso do Sul, Brasil, 2010-2011.

Tratamento 2010

Casos

2011

Casos

Total

(n)

Total

(%)

Plano A 964 353 1.216 11,00

Plano B 282 8 404 3,60

Plano C 140 96 287 2,60

Ignorado 47 1.766 1.813 16,80

Outras condutas 5.360 1.744 7.104 66,00

Total 6.793 3.967 10.760 100%

5.7 Correlação dos Resultados de Casos de Diarréia com o Índice de Pluviosidade

Entretanto, é importante salientar que houve correlação positiva entre a

pluviosidade e o número de doenças diarréicas no município de Corumbá, nos anos de

2010 (r=0,05) e 2011 (r=0,85) (Figura 6).

Sendo a correlação estatisticamente significativa somente no ano de 2011 (p=

0,003).

Com relação ao gráfico percebe-se que, de janeiro a março de 2010, a

pluviosidade foi significativa, porém o índice de casos de diarréia se elevou quando as

chuvas começam a cessar dando espaço apenas para a cheia e represamento de água. Já,

no período de janeiro a março de 2011, a pluviosidade foi significativa em relação ao

índice de casos de doenças diarréicas, assim como mostra o valor de significância

anteriormente.

35

Figura 6. Número de casos de doenças diarréicas agudas e pluviosidade. Corumbá,

Mato Grosso do Sul, Brasil, 2010-2011.

Fonte: Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e Recursos Hídricos de Mato Grosso do

Sul (CEMTEC).

36

6. DISCUSSÃO

O conhecimento das condições do meio pertinente à saúde, como saneamento e

moradia, são de singular relevância no estabelecimento de medidas de promoção da

qualidade de vida do indivíduo, famílias e comunidades.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2001), o

conceito de saúde entendido como resultado do estilo de vida, condições biológicas e

acesso aos bens e serviços, diretamente relacionado aos determinantes de saúde de uma

comunidade, transcende as concepções que tendem a reduzir os problemas sanitários ao

âmbito das doenças e dos serviços de saúde hospitalocêntricos, destacando-se os

aspectos da promoção e prevenção.

Neste sentido, o reconhecimento da gama de fatores que influenciam a saúde

vêm evoluindo desde os antigos conhecimentos de saneamento básico, dirigido à

prevenção e controle dos riscos biológicos, à situação atual onde se reconhece a

necessidade de uma estratégia que incorpore, além daqueles riscos, fatores químicos,

psicossociais, físicos e sindrômicos presentes na habitação e peridomicílio (AZEREDO

et al., 2007).

Segundo o conceito de habitação saudável, a habitação é considerada como um

agente da saúde de seus moradores e relaciona-se com o território geográfico e social

onde se assenta, os materiais usados para sua construção, a segurança e qualidade dos

elementos combinados, o processo construtivo, a composição espacial, a qualidade dos

acabamentos, o contexto global do entorno (comunicações, energia, vizinhança) e a

educação em saúde e ambiente de seus moradores sobre estilos e condições de vida

saudável. Do ponto de vista do ambiente como determinante da saúde, a habitação se

constitui em um espaço de construção e desenvolvimento da saúde da família (COHEN,

2004).

A fim de conhecer sobre a percepção dos moradores de Corumbá sobre

saneamento básico (tratamento da água, esgotamento sanitário e coleta de lixo), foram

entrevistadas 50 famílias do bairro Cervejaria e encontraram os seguintes dados: 76%

das famílias relataram presença de vetores em seus domicílios; 98% relatam a utilização

de fossas sépticas; 90% não utilizavam nenhum tratamento complementar domiciliar

(fervura ou filtração) para a água que bebiam; 68% e 38%, respectivamente,

consideravam o serviço de tratamento da água e esgotamento sanitário regular, além

disso, 60% relataram presença regular de lixo nas vias públicas. Portanto, é plausível

37

considerar que o número considerável de doença diarréica aguda em crianças no

município de Corumbá é devido à precariedade do saneamento básico no período

estudado (2010-2011), embora tenha havido algumas melhorias pelas obras do PAC do

Governo Federal, a contar do ano de 2012. Contudo, vale ressaltar que nos anos deste

estudo o município possuía cerca de 90% de fossa séptica nas moradias analisadas.

Na avaliação do perfil habitacional da população pesquisada, através das visitas

domiciliares, destaca-se como risco à saúde principalmente a precariedade do reboco das

paredes, casas de madeira e a constituição de pisos apenas com cimento para grande

parte dos domicílios e terra batida em alguns deles.

O saneamento básico compreendido como um conjunto de ações de

abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo são considerados um

direito dos cidadãos e um item imprescindível de qualidade de vida (ANDREAZZI,

BARCELLOS, HACON, 2007)¸ já que sua existência acarreta mais conforto, melhores

condições de saúde para os indivíduos e preservação da qualidade do meio ambiente. No

Brasil, de acordo com dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE (2000), 77,8%

dos domicílios possuíam cobertura do serviço de água e 47,2% eram atendidos por

coleta de esgoto.

O Estado de Mato Grosso do Sul está no 18º lugar ao nível nacional em se

tratando de sua população ter acesso à rede de esgoto, sendo que em 1992, 4,55% da

população tinham acesso a esse serviço e em 2006, 11,78% beneficiava-se do acesso de

esgoto (NERI, 2007). Em nosso estudo, 2% e 14%, respectivamente, dos domicílios

visitados em Corumbá e Puerto Quijarro tinham a rede pública como destino final para a

água utilizada, enquanto que a porcentagem de domicílios que despejam seus esgotos

em fossas sépticas foi considerável, sendo 98% no bairro Cervejaria e, 86% na Feirinha

Boliviana.

O acesso ao esgotamento sanitário é, sem dúvida, um dos piores indicadores

sócio-ambientais de Corumbá e Puerto Quijarro, refletindo as condições de precariedade

ambiental apresentada por outras cidades das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste,

cujos indicadores de saneamento estão em níveis semelhantes aos verificados nessas

localidades. Neste caso se 98% no município de Corumbá fazem uso da fossa séptica

pode-se correlacionar esse índice de precariedade à contaminação dos lençóis freáticos,

já que, nem sempre as mesmas são construídas adequadamente. Outra questão que pode

ser destacada é que as obras do PAC ainda não foram totalmente concluídas, não

atingindo todos os pontos da cidade. As dificuldades de expansão do sistema resultam,

38

principalmente, da insuficiência de investimentos, da não priorização de setores e

regiões com maiores densidades demográficas e da dispersão populacional em seu

território. No Brasil, as empresas de saneamento nos últimos anos têm investido em

redes de coleta de esgoto e estações de tratamento, mas a parcela do volume gerado

pelas cidades que efetivamente é tratado antes de chegar ao rio é ainda muito pequena

(TUCCI, 2008).

Em relação à filtração da água, 90% dos domicílios visitados em Corumbá

relataram não realizá-la, ao passo que 82% dos entrevistados em Puerto Quijarro

ingeriam água filtrada. É importante ressaltar que, se a água não for devidamente

tratada, pode afetar a saúde do homem de várias maneiras: pela ingestão direta, na

preparação de alimentos, na higiene pessoal, na agricultura, na higiene do ambiente, nos

processos industriais ou nas atividades de lazer. O perigo à saúde se deve ao fato de que

a água pode ser um importante veículo de agentes biológicos e químicos potencialmente

nocivos ao homem quando há falta de cuidado e efetivo tratamento, comprometendo

assim a saúde e o bem-estar da comunidade (D’AGUILA et al., 2000).

O sistema de coleta de lixo na área urbana de Corumbá era realizado pela

Prefeitura Municipal e atendia a maioria das unidades domiciliares da cidade, através da

coleta periódica em três dias por semana (alternados). Contudo, tanto do lado brasileiro

quanto do lado boliviano, mais de 60% dos entrevistados afirmaram que a presença de

lixo nessas localidades ocorria em grau médio.

No bairro Cervejaria e na Feirinha Boliviana, o lixo é um problema básico de

saneamento, sendo que sua disposição final a céu aberto é um fator de degradação

ambiental e de proliferação de vetores e doenças, cabendo ao município organizar e

disciplinar os serviços de coleta e disposição final de resíduos. A presença de vetores

nas duas localidades estudadas foi alta, sendo de 76% no bairro Cervejaria e 80% na

Feirinha Boliviana. Alguns entrevistados tanto do lado brasileiro e quanto do boliviano

relataram que queimavam ou enterravam o lixo doméstico ou o destinavam à céu aberto,

não utilizando a coleta pública de lixo.

A qualidade de vida de uma população depende de suas condições de existência,

do seu acesso a certos bens e serviços econômicos e sociais: emprego e renda, educação

básica, alimentação adequada, acesso a bons serviços de saúde, saneamento básico,

habitação, transporte de boa qualidade etc. É bom lembrar que o conceito de bem-estar,

de qualidade de vida, varia de sociedade para sociedade, de acordo com cada cultura

(ADRIANO et al., 2000).

39

Do ponto de vista das Organizações das Nações Unidas (ONU), a qualidade de

vida está relacionada à satisfação do cidadão, no que diz respeito ao acesso à

alimentação, aos serviços de saúde e seguro de vida, ao conhecimento, às boas

condições de trabalho, à segurança contra o crime e contra a violência física, ao lazer e à

participação nas atividades econômicas, culturais e políticas da comunidade

(FERREIRA, 1995).

Para grande parte dos entrevistados qualidade de vida era sinônimo de

infraestrutura e saneamento básico. Realmente, qualidade de vida incorpora, além da

dimensão econômica, a dimensão social e ambiental (NAHAS, 2000). A relação entre

meio ambiente urbano e qualidade de vida é pensada levando-se em conta aspectos

estreitamente relacionados a uma abordagem intersetorial da questão. Ao se analisar as

relações entre meio ambiente urbano e qualidade de vida, tem-se como pressuposto

estabelecer as mediações entre as práticas do cotidiano vinculadas ao bairro e ao

domicílio, o acesso a serviços, as condições de habitabilidade da moradia e as formas de

interação e participação da população (JACOBI, 2000).

Diante da visão precária de saneamento e esgotamento sanitário e a interrelação

com doenças hídricas percebe-se que a diarréia continua sendo um importante motivo de

procura das unidades de saúde para assistência médica. De janeiro a março costuma ser

o período do ano mais chuvoso no Município de Corumbá. O aumento no número de

casos de diarréia, logo depois dos picos de pluviosidade, pode estar associado à ingestão

de águas de fontes diferentes das habituais, à contaminação do lençol freático por fossas

sépticas ou à circulação de outros agentes etiológicos.

Em um estudo de revisão bibliográfica de 43 artigos científicos pesquisados,

Portela e colaboradores (2011) detectaram que as variáveis mais citadas como fatores

predisponentes para o surgimento de doenças diarréicas, foram: origem da água

(76,7%), disposição final dos resíduos sólidos domiciliares (30%), destino dos dejetos

(41,8%), e ausência de rede coletora (43,8%). Outros parâmetros importantes foram

mencionados, renda familiar (23%), alimentação e/ou amamentação (32,55%) e

escolaridade (17%) como fator colaborador para o aumento na incidência das diarréias.

Apesar da grandeza dos números informados, existe a limitação da falta de

universalidade, quando dados são analisados com base em procura espontânea dos

serviços de saúde. Ainda há sub-notificação, os casos de diarréias atendidos em clínicas

e consultórios particulares não são comunicados, o que sugere que essa não deve ser a

única fonte de informação sobre a ocorrência de diarréias a ser utilizada numa área com

40

esses problemas de sub-notificação e ainda mais porque é uma doença autolimitada.

Com esse montante de casos informados, há necessidade de alocação de número

de consultas médicas, número de profissionais e de insumos para o atendimento dessa

população, especialmente das crianças menores, que superlotam as unidades de saúde e

emergências.

A incidência foi calculada considerando toda a população, embora se saiba que a

de maior renda não procura as unidades de saúde públicas e que muitas crianças maiores

se automedicam e, algumas menores são medicadas por seus familiares, não

comparecendo à unidade de saúde. Considerando as faixas etárias dessa coleta de dados,

observou-se que o maior número de casos de diarréia aguda foi em crianças de 10 ou

mais anos e de 5 a 9 anos de idade, contrariando a literatura que relata maior número de

casos de diarréia aguda em crianças menores de 5 anos.

O estudo de Araújo e colaboradores (2007), realizado em Fortaleza – CE,

apontou que a maior incidência de diarréia aguda ocorreu em crianças de 1 a 3 anos,

seguida daquelas de 5 a 10 anos. Ademais, estudo epidemiológico realizado em

Fortaleza com 489.069 casos de diarréia, durante os anos de 1996 a 2001, destacou que

as gastroenterites predominam na faixa etária entre 1 e 4 anos (FAÇANHA, PINHEIRO,

2005). Segundo a Unicef (1995), a população menor de cinco anos reflete bem o grau de

contaminação de uma região, por tratar-se de indivíduos com pouca capacidade de

deslocamento e maior vulnerabilidade, espelhando, assim, as condições sociais da

comunidade onde habitam.

Moraes (2007) mostrou que os episódios de diarréias em crianças menores de

cinco anos, residentes em logradouros que possuíam coleta e acondicionamento irregular

e regular de resíduos, foram, respectivamente, 65% e 43% menos do que aqueles que

moravam em lugares sem coleta e sem acondicionamento. Constatou-se também a

presença de moscas como importante vetor na transmissão de diarréias.

Em relação a estudos de pacientes tratados nos anos de 2010 e 2011, 11%

receberam o tratamento domiciliar (plano A), e, portanto esses pacientes chegaram ao

atendimento ainda sem desidratação. A percentagem de pacientes que receberam re-

hidratação oral (plano B), sob a supervisão da unidade de saúde foi 3,60%. Quando a

cólera é introduzida, espera-se que ocorra mais desidratação e maior utilização de

hidratação venosa (plano C) de tratamento. Vale salientar que apenas 2,60% receberam

o tratamento de reidratação endovenosa (plano C). Contudo, a grande maioria dos

pacientes (66%) recebeu outras condutas de tratamento, as quais não foram

41

especificadas nos dados epidemiológicos estudados e, em 16,80% dos casos, não se

conheciam o tipo de tratamento (tratamento ignorado).

Façanha e Pinheiro (2005), estudando o tratamento de 489.069 casos de diarréia

aguda em crianças, constataram que 67% seguiram o tratamento A, 20% o plano B e

13% receberam o tratamento C. Portanto, o tratamento A é o mais utilizado no

tratamento da diarréia aguda em diferentes regiões do Brasil.

O Programa de Combate das Doenças Diarréicas da OMS, criado em 1978, tem

defendido as seguintes estratégias para controle da diarréia: melhor tratamento dos casos

com uso precoce da Terapia de Reabilitação Oral (TRO); manutenção de alimentação

adequada; melhor assistência à saúde materno-infantil; melhor uso e manutenção das

instalações de abastecimento de água e saneamento; detecção e controle das epidemias

de diarréia (WHO, 1979). A mistura recomendada, de formulação simples, constitui-se

de água, glicose e sais, e evita a desidratação de qualquer etiologia e tipo, em qualquer

grupo etário, inclusive em recém-nascidos. Juntamente à administração do soro oral

aconselha-se a reintrodução precoce da alimentação. O principal objetivo da

realimentação precoce seria prevenir a desidratação e ajudar a sustentar o estado

nutricional da criança com diarréia (GALVÃO et al., 1994).

As diarréias têm alta incidência na maioria das regiões da cidade, entretanto, são

mais frequentes nas áreas mais pobres. Possivelmente por terem maior incidência real

nessas áreas, mas também porque as pessoas de menor poder aquisitivo procuram mais

as unidades públicas de saúde para o atendimento, e essas são as principais fontes de

informação sobre os números das doenças diarréicas agudas.

Portanto, qualidade de vida e saúde são dois conceitos muito interligados. Em

uma concepção moderna, saúde é o resultado de um processo de produção social que

expressa a qualidade de vida de uma população. A saúde é considerada produto social,

isto é, resultado das relações entre os processos biológicos, ecológicos, culturais e

econômico-sociais que acontecem em determinada sociedade e que geram as condições

de vida das populações (MENDES, 1996).

Com a ampliação do conceito de saúde pela Organização Mundial da Saúde em

1958, a ênfase deslocou-se da ausência de doenças e enfermidades para “um estado

completo de bem-estar físico mental e social” (UCHOA, ROZEMBERG, PORTO,

2002). Contudo, a maioria dos participantes da pesquisa definiu saúde como ausência de

doença. A minoria define saúde como ter acesso aos serviços de saúde. A idéia de

assistência, de cura, é incorporado ao aspecto da promoção da saúde. A promoção da

42

saúde é um processo, através do qual a população se capacita e busca os meios para

conseguir controlar os fatores que favorecem seu bem-estar e o da comunidade ou que a

podem estar pondo em risco, tornando-a vulnerável ao adoecimento e prejudicando sua

qualidade de vida.

Se a doença é uma manifestação do indivíduo, a situação de saúde é uma

manifestação do lugar. Os lugares, dentro de uma cidade ou região, são resultado de uma

acumulação de situações históricas, ambientais e sociais que promovem condições

particulares para a produção de doenças. Uma das questões importantes para o

diagnóstico de situações de saúde, nesse sentido, é o desenvolvimento de indicadores

capazes de detectar e refletir condições de risco à saúde advindos de condições

ambientais e sociais adversas (BARCELLOS, 2002).

É importante considerar-se também que em ambas as localidades estudadas

possuem uma menor renda, no bairro Cervejaria, Brasil onde são os domicílios

estudados e na Feirinha Comercial, Bolívia onde passam tempo expressivo visto assim,

também como seu domicílio há precariedade em alguns indicadores, como a ausência de

pavimentação asfáltica das vias e esgotamento sanitário através de rede, elevado número

de habitações precárias, existência de habitações sem instalações sanitárias internas,

implicando em uma maior vulnerabilidade sócio-ambiental.

43

7. CONCLUSÕES

No período de 2010 a 2011, as diarréias tiveram alta incidência em todas as

regiões da cidade de Corumbá, sobretudo, foram mais freqüentes nas áreas mais pobres.

O resultado desta pesquisa determina que perdas ou internações em crianças com menos

de 14 anos, podem impactar negativamente a população estudada, em Corumbá - MS. E

ainda através da análise empírica deste estudo, foi possível detectar que a diarréia está

associada diretamente à veiculação hídrica, falta de higiene, precariedade do saneamento

básico. É importante salientar que 90% dos brasileiros relataram que bebiam água sem

tratamento complementar domiciliar (filtragem ou fervura) e os 10% que relataram

filtrar ou ferver, dentre os entrevistados de Corumbá, podem não ter sido fidedignos em

suas respostas.

Em Corumbá, a situação do saneamento básico ainda é caracterizada como

crítica, pois, grande parte da população ainda utiliza-se de fossas sépticas, as quais

muitas vezes não foram construídas nos parâmetros adequados, podendo assim,

contaminar os lençóis freáticos desta região. Apesar da recente existência de estações de

tratamento de esgoto construídas com recursos do Governo Federal, os domicílios ainda

não estão interligados com a rede de esgotamento sanitário. Isso é preocupante dado o

fato de que a população em geral, independente da localização do bairro estudado,

necessita de um abastecimento de água com qualidade e esgotamento sanitário que passe

a funcionar. Se levarmos em consideração as promessas de campanha política é

necessário que a população passe a ter uma visão mais crítica, bem como haja uma

intervenção, onde todos os planejamentos sejam cumpridos dentro dos prazos

contratados, proporcionando uma melhor qualidade de vida para a comunidade.

O interesse político deve se atentar não apenas em cumprir metas de lazer,

cultura e festividades. Grande parte dos problemas de saúde relacionados a doenças

diarréicas ou infecções parasitárias está ligada diretamente à precariedade da disposição

de esgotamento sanitário e saneamento básico no município brasileiro. Independente do

governo atual, a população corumbaense necessita de ações efetivas e, não eletivas. É

preciso a elaboração e promulgação de lei direcionada para esse fim, dando amparo

legal a população quanto à ligação de todos os domicílios à rede pública de esgotamento

sanitário e acesso ao saneamento básico para todos.

A precariedade do lado boliviano é a mesma, esses cidadãos também carecem de

um melhor abastecimento de água, esgotamento sanitário e recolhimento adequado dos

44

resíduos sólidos domiciliares, vale ressaltar que o índice de incidência de doenças

diarréicas não foi estudado neste país por falta de dados epidemiológicos de controle.

Portanto, ambas as cidades da fronteira Brasil-Bolívia têm precariedade do saneamento

básico e carecem de melhores indicadores de qualidade de vida. Se boa parte das

promessas de infraestrutura tivesse sido cumprida, a saúde das populações, aqui

estudadas, estaria em um melhor patamar.

As obras de saneamento e esgotamento de águas ainda não estão concluídas em

Corumbá, devido ao atraso na liberação dos recursos federais. Mais de 60% das 138

obras voltadas às redes de coleta e sistemas de tratamento de esgotos estavam

paralisadas, atrasadas ou ainda não iniciadas até dezembro de 2012.

Em março de 2013, foi assinada ordem de serviço no valor de 37.000.000

milhões de reais para a continuidade da segunda fase do PAC em Corumbá. Serão 20

milhões investidos em tratamento de água e 17 milhões para tratamento de esgoto. Nesta

etapa das obras, o intuito é fazer com que 65% das residências de Corumbá estejam

recebendo saneamento. Além desse investimento, já foram realizados 71 milhões de

reais em obras nesta área e 21 milhões estão ainda em fase de execução.

Vale lembrar que, em 2007, o município tinha índice 0 de tratamento de esgoto e

em 2014 pretende atingir 90% e que, à princípio, as obras do PAC estariam destinadas

apenas para municípios com número de habitantes superior a 150 mil e, o então

Governador do estado de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, negociou junto ao

Governo Federal a inclusão de Corumbá, alegando que seria inconcebível, Corumbá, a

cidade símbolo do Pantanal, situada no coração do Mato Grosso do Sul ficar de fora

destes investimentos. Contudo, o tempo de execução das obras do PAC em Corumbá

deve levar uma década para atingir 100% da população e, nesse período, certamente será

grande o percentual de morbimortalidade da população pelas doenças de veiculação

hídrica e pelo déficit de saneamento básico. Quanto aos dados epidemiológicos dessas

doenças poderemos obtê-los junto à Vigilância Epidemiológica em Corumbá ou no

Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) ao nível nacional, contudo,

as estatísticas epidemiológicas da Bolívia não serão conhecidas até que o governo

daquele país adote uma melhor política de saúde pública que inclua levantamento da

ocorrência das principais doenças bem como ações de enfrentamento das mesmas.

Traçar o perfil das condições de saneamento básico na região de fronteira Brasil-

Bolívia contribui para a tomada de decisões de políticas públicas de saúde e ambientais

nessa região. No caso da região de fronteira estudada, aconselha-se maiores

45

investimentos em infraestrutura, visando à melhoria do esgotamento sanitário; em

Corumbá, a água a ser consumida deve ser tratada (fervura ou filtração), visto que a

maioria da população boliviana estudada já realiza o tratamento da água para seu

consumo; conscientização da população a respeito da destinação correta do lixo;

campanhas educativas em escolas sobre higiene pessoal e promoção de saúde junto às

crianças e adolescentes.

Diante do exposto neste trabalho, percebe-se que as intervenções governamentais

de infraestrutura apresentam caráter mais do que necessário, porém, muitas vezes

insuficientes. Para tornarem suficientes, deveriam ser aliadas algumas ações bem como a

conscientização e a educação ambiental, e enfocar a importância da higiene básica,

proporcionando uma qualidade de vida nestas populações.

Outro fator a ser considerado são as condições sanitárias às quais parte da

população se sujeitam, como a falta de saneamento básico adequado, gerando impactos

e consequências à saúde e ao meio ambiente. De fato, determinantes ambientais e sociais

causam impactos fulminantes à saúde de uma população, que foram relatados pelos

próprios moradores que participaram dessa pesquisa.

46

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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53

9. ANEXOS

54

Anexo 9.1

Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

55

Anexo 9.2

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em português

PROJETO: “INFLUÊNCIAS DO SANEAMENTO BÁSICO DOMICILIAR NA

FREQÜÊNCIA DE DOENÇAS DIARRÉICAS EM CRIANÇAS NA CIDADE DE

CORUMBÁ - MS”.

PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Joice Barbosa Batista

Eu,____________________________________________________________________

concordo em participar da pesquisa em questão, que tem por finalidade analisar as

influências de saneamento básico domiciliar na frequência de doenças diarreicas em

crianças na cidade de Corumbá (Brasil), visando subsidiar ações e novos estudos que

busquem a melhoria da qualidade de vida dessa população. Serei submetido a uma

entrevista oral, que será registrada (anotada) pelos pesquisadores.

1. Receberei esclarecimentos a qualquer dúvida dos assuntos relacionados à

pesquisa pelos pesquisadores;

2. Caso não concorde em participar da pesquisa, não terei nenhum prejuízo;

3. Tenho a garantia do sigilo, do anonimato e do caráter confidencial das

informações que prestarei a pesquisa;

4. Os dados que serão utilizados nesta pesquisa serão devidamente coletados

através do banco de dados oficiais da vigilância epidemiológica de Corumbá-

MS.

5. Estou de acordo que os dados coletados nesta pesquisa serão publicados e/ou

apresentados em eventos científicos, bem como os resultados serão utilizados

para dissertação de Mestrado em Estudos Fronteiriços, entretanto sem revelar a

identidade de qualquer pessoa pesquisada.

Corumbá – MS, ___/___/____

_______________________ _________________________

Assinatura do Participante Assinatura do Pesquisador

56

Anexo 9.3

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em espanhol.

PROYECTO: "INFLUENCIA DEL SANEAMIENTO DEL HOGAR EN LA

FRECUENCIA DE LAS ENFERMEDADES DIARREICAS EN NIÑOS DE LA

CIUDAD DE CORUMBÁ - MS"

INVESTIGADOR RESPONSABLE: Joice Barbosa Batista

Yo ______________________________________________________________ de

acuerdo en participar en el estudio en cuestión, que consiste en analizar las influencias

de saneamiento de los hogares en la frecuencia de enfermedades diarreicas en los niños

en la ciudad de Corumbá (Brasil), para apoyar las acciones y los nuevos estudios que

buscan mejorar la calidad de la vida de esta población. ¿Voy a ser sometido a una

entrevista oral, que se registrará (registrado) por los investigadores.

1. ¿Voy a recibir preguntas de aclaración de las cuestiones relacionadas con la

investigación por los investigadores;

2. Si usted no está de acuerdo con participar, no tendrá ningún daño;

3. Tengo la certeza de la confidencialidad, el anonimato y la confidencialidad de la

información que le pague la investigación;

4. Estoy de acuerdo en que los datos recogidos en esta investigación serán

publicados y / o presentados en congresos científicos, y los resultados se

utilizarán para la tesis de Maestría en Estudios Fronterizos, sin embargo, sin

revelar la identidad de cualquier persona registrada.

Puerto Quijarro- SC, ___/___/____

________________________ _________________________

Firma del participante Firma del investigador

57

Anexo 9.4

Inquérito da situação de saneamento domiciliar, em português.

1. Condições de moradia:

( ) Alvenaria pavimentada

( ) Madeira e estuque pavimentados

( ) Madeira ou estuque com assoalho de chão batido

2. Abastecimento de água ao domicílio:

( ) Rede pública

( ) Poço ou nascente

( ) Outros ___________________

3. Tratamento da água no domicílio:

( ) Filtração

( ) Fervura

( ) Cloração

( ) não faz nenhum tipo de tratamento complementar

4. Destino de fezes e urina:

( ) Rede coletora pública

( ) Fossa séptica

( ) Despejado a céu aberto

5. Destino do lixo doméstico:

( ) Coletado pelo serviço público

( ) Queimado ou enterrado no quintal

( ) Disposto à céu aberto

6. Aparecem com frequência no domicílio, potenciais vetores de parasitoses como

moscas, mosquitos, baratas e ratos:

( ) sim

( ) não

58

7. Que avaliação você faz do serviço de tratamento e abastecimento de água como

um todo em sua cidade?

( ) ótimo

( ) bom

( ) regular

( ) ruim

( ) péssimo

8. Que avaliação você faz do serviço de esgoto como um todo em sua cidade?

( ) ótimo

( ) bom

( ) regular

( ) ruim

( ) péssimo

9. Que avaliação você faz sobre a presença de lixo em geral, entulho de construção

ou restos de podas e de animais espalhados pelas ruas e demais áreas públicas de

sua cidade?

( ) muito alto

( ) alto

( ) médio

( ) baixo

( ) inexistente

10. O que significa a palavra saúde para você?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

11. O que significa qualidade de vida para você?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_________________________________________________

Assinatura do responsável pelas informações nesta pesquisa

59

Anexo 9.5

Inquérito da situação de saneamento domiciliar, em espanhol.

1. Condiciones de vida:

( ) Enladrilhado

( ) De madera y estucos pavimentada

( ) De madera o piso de estuco de tierra batida

2. Abastecimiento de agua en el hogar:

( ) Publica

( ) Poço o manantial

( ) Otros ___________________

3. Tratamiento de agua en el hogar:

( ) Filtración

( ) Hervir

( ) La cloración

( ) ¿Hay algun tipo de tratamiento complementário?

4. Destino de la heces y la orina:

( ) La rede publica de recolección

( ) Sépticas

( ) Jugado al aire libre

5. Destino de los resíduos domesticos:

( ) Recogidos por el serviço publico

( ) Quemado o enterrados en el pátio

( ) Dispuesto al aire libre

6. A menudo visto en la casa, potenciales vectores de parásitos moscas, mosquitos,

cucarachas y ratas:

( ) si

( ) no

60

7. ¿Cuál es la evaluación del servicio de tratamiento y abastecimiento de agua en

conjunto en tu ciudad?

( ) excelente

( ) buena

( ) regular

( ) malo

8. ¿Cual avaliación usted hace del servicio de alcantarillado en su conjunto en su

ciudad?

( ) excelente

( ) bueno

( ) regular

( ) malo

9. ¿Cual avaliación usted hace con respecto a la presencia de la basura en los

escombros de la construcción en general, os residuos de poda y animalles en la calle

y otros espacios publicos de su ciudad?

( ) muy alto

( ) alto

( ) regular

( ) bajo

( ) inexistente

10. ¿Qué significa la palabra salud para usted?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

11. ¿Qué significa calidad de vida para usted?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_____________________________________________________

Firma Del responsable de la información em esta investigación

61

Anexo 9.6

Autorização do Secretário de Saúde do Município de Corumbá para utilização de dados

epidemiológicos da Vigilância Epidemiológica (VIGEP).

DECLARAÇÃO

Declaro para os devidos fins que Joice Barbosa Batista, acadêmica do Programa de

Mestrado em Estudos Fronteiriços do Campus do Pantanal da Fundação Universidade

Federal de Mato Grosso do Sul – CPAN está autorizada a realizar a pesquisa para

obtenção de informações que serão utilizadas na dissertação em nível de Mestrado, com

liberação para futuras publicações. A coleta se dará por informações do número de

Doenças Diarreicas, através dos Dados Oficiais da Vigilância Epidemiológica de

Corumbá – MS.

Corumbá, 14 de dezembro de 2011.

62

Anexo 9.7

Autorização da Representante de Saúde da província de Gérman Brush, Bolívia.

DECLARACIÓN

Declaro que la adecuada Joice Barbosa Batista, maestra de la Maestría en Estudios de

Fronteras Campus del Pantanal, de la Universidad Federal de Mato Grosso do Sul -

UFMS / CPAN, está autorizada para llevar a cabo su labor de recopilación y análisis de

datos sobre la gama la salud municipal de Puerto Quijarro (Bolívia), para llevar a cabo

el proyecto de investigación, el nivel de maestría titulada "INFLUENCIA DEL

SANEAMIENTO DEL HOGAR EN LA FRECUENCIA DE LAS ENFERMEDADES

DIARREICAS EN NIÑOS DE LA CIUDAD DE CORUMBÁ - MS"

_____________________________

Enf. Patrícia Gonzales V.

Supervisora en la salud Gérman Brush

63

Anexo 9.8

Termo de Compromisso para Utilização de Informações de Banco de Dados da

Vigilância Epidemiológica de Corumbá.

Título da Pesquisa: “Influências do Saneamento Básico Domiciliar na Frequência de

Doenças Diarréicas em Crianças na Cidade de Corumbá- MS”

Nome do Pesquisador: Joice Barbosa Batista

Bases de dados a serem utilizados: Banco de Dados Oficiais da Vigilância

Epidemiológica de Corumbá – MS

Como pesquisador (a) supra qualificado (a) comprometo-me com utilização das informações

contidas nas bases de dados acima citadas, protegendo a imagem das pessoas envolvidas e a sua

não estigmatização, garantindo a não utilização das informações em seu prejuízo ou das

comunidades envolvidas, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou econômico-

financeiro.

Declaro ainda que estou ciente da necessidade de respeito à privacidade das pessoas envolvidas

em conformidade com os dispostos legais citados* e que os dados destas bases serão utilizados

somente neste projeto, pelo qual se vinculam. Todo e qualquer outro uso que venha a ser

necessário ou planejado, deverá ser objeto de novo projeto de pesquisa e que deverá, por sua

vez, sofrer o trâmite legal institucional para o fim a que se destina.

Por ser esta a legítima expressão da verdade, firmo o presente Termo de Compromisso.

*Constituição Federal Brasileira (1988) – art. 5º, incisos X e XIV

Código Civil – arts. 20-21

Código Penal – arts. 153-154

Código de Processo Civil – arts. 347, 363, 406

Código Defesa do Consumidor – arts. 43- 44

Medida Provisória – 2.200 – 2, de 24 de agosto de 2001

Resoluções da ANS (Lei nº 9.961 de 28/01/2000) em particular a RN nº 21

Campo Grande (MS) 16/12/2011

Joice Barbosa Batista - Pesquisador Responsável