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1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em dentes posteriores é crescente na prática odontológica, apesar desses apresentarem custo mais elevado e longevidade inferior quando comparados a materiais como o amálgama 1,2 . Os aprimoramentos dos materiais restauradores adesivos, associados à sua praticidade, estética e ausência da necessidade em remover tecido dental sadio, contribuem para a preferência, de profissionais e de pacientes, aos sistemas fotopolimerizáveis 3,4 . Apesar do avanço tecnológico e do investimento em pesquisas, situações clínicas adversas ainda são encontradas e necessitam ser melhor investigadas 5,6 . O selamento do substrato dentinário, por meio do sistema adesivo, e as táticas operatórias que minimizem os estresses da contração de polimerização 1,3,7,8,9 são decisivos para evitar o surgimento de situações, que podem culminar na necessidade de substituição das restaurações adesivas, como a sensibilidade pós-operatória 5,6 . As causas da sensibilidade pós-operatória (SPO) ainda são bastante discutidas, e diversas teorias tentam explicar este fenômeno doloroso. A mais aceita e citada é a teoria hidrôdinâmica de Brännström 10 , que explica esse

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Page 1: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

1- INTRODUÇÃO:

O uso de materiais resinosos e estéticos em dentes posteriores é

crescente na prática odontológica, apesar desses apresentarem custo mais

elevado e longevidade inferior quando comparados a materiais como o

amálgama1,2. Os aprimoramentos dos materiais restauradores adesivos,

associados à sua praticidade, estética e ausência da necessidade em remover

tecido dental sadio, contribuem para a preferência, de profissionais e de

pacientes, aos sistemas fotopolimerizáveis3,4.

Apesar do avanço tecnológico e do investimento em pesquisas,

situações clínicas adversas ainda são encontradas e necessitam ser melhor

investigadas5,6. O selamento do substrato dentinário, por meio do sistema

adesivo, e as táticas operatórias que minimizem os estresses da contração de

polimerização1,3,7,8,9 são decisivos para evitar o surgimento de situações, que

podem culminar na necessidade de substituição das restaurações adesivas,

como a sensibilidade pós-operatória5,6.

As causas da sensibilidade pós-operatória (SPO) ainda são bastante

discutidas, e diversas teorias tentam explicar este fenômeno doloroso. A mais

aceita e citada é a teoria hidrôdinâmica de Brännström10, que explica esse

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2

desconforto pela maior movimentação do fluido dentinário dentro dos

túbulos, causando a ativação sensorial do tecido nervoso da polpa.

Existem diversos fatores que estimulam a movimentação do fluido

dentinário causando o fenômeno descrito: falhas do operador, como

manutenção do tecido cariado e contaminação bacteriana durante a confecção

do procedimento restaurador, e em situações que podem levar ao aumento da

permeabilidade dentinária, como aquecimento exagerado durante o preparo

ou o polimento, secagem exagerada da dentina ou excesso de umidade

deixada no substrato e negligência do ajuste oclusal³. A presença de trincas no

esmalte dentário, o que facilita a ação dos estímulos externos, características

inerentes ao material, como contração de polimerização e técnica restauradora

utilizada são também fatores que podem estimular o aumento da velocidade

da movimentação do fluido dentinário11.

Sabe-se que os materiais resinosos, quando polimerizados, sofrem

aproximação atômica pela quebra de ligações duplas de carbono (C=C), que

se transformam em ligações simples (C-C), o que gera redução volumétrica12.

Considerando uma cavidade dentária, o confinamento do material restaurador

sofre uma contração tridimensional, o que pode, em certos casos, gerar

tensões prejudiciais ao selamento da restauração. Desta forma, a qualidade da

união conseguida é determinante na consequência observada:

— Quando existe elevada adesão, o sistema resiste melhor às tensões

da contração e não permite o rompimento da interface adesiva. Pode-se

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3

observar, no entanto, uma tensão localizada nas bases de cúspides

enfraquecidas, o que leva à deflexão dessas, gerando desconforto para o

paciente durante a mastigação11,13,14,15.

— Por outro lado, quando a adesão é baixa, pode ocorrer o rompimento

da interface adesiva. Nestes casos, o fluido dentinário se movimenta em

direção à interface adesiva e preenche o espaço entre a restauração e a

dentina. Durante a mastigação, o fluido tende a retornar para o interior dos

túbulos dentinários, gerando desconforto4,15,16.

O uso de sistemas adesivos de condicionamento ácido total (sistemas

convencionais) aumenta a permeabilidade dentinária e, consequentemente, a

movimentação do fluido dentinário. O condicionamento ácido remove a

smear layer e desmineraliza a dentina, peri e intertubular, para criar vias de

difusão e iniciar o processo de adesão ao substrato6,17. Novos adesivos

convencionais introduzidos no mercado apresentam algumas modificações em

sua composição, que entre outras razões, visam reduzir os efeitos desse

aumento de permeabilidade:

— Incorporação de carga e o emprego de nanotecnologia, que confere maior

resistência ao material em suportar os estresses da contração resinosa18;

— Redução da quantidade de monômeros hidrofílicos e associação com

monômeros resinosos hidrofóbicos (liner), que atuam como uma camada

extra de selamento do substrato dentário 5,16;

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4

— Uso de solventes que apresentam pressão de vapor menor que da acetona19,

como os derivados de álcool e água, diminuindo a movimentação do fluido

dentinário20.

Além da qualidade da interface adesiva, características inerentes à

resina composta podem ser favoráveis ao desempenho clínico em relação à

SPO. O uso de resinas nanoparticuladas reforça a estrutura dental, pois esse

material apresenta baixa contração de polimerização, elevada resistência e

qualidade estética21.

Sendo assim, o material restaurador e suas características também

podem levar a situações clínicas desfavoráveis. Existem procedimentos

clínicos que amenizam essas situações indesejáveis citadas anteriormente. A

técnica de inserção incremental oblíqua da resina22 e a fotoativação

modulada12,23 são meios de tentar contornar esses problemas.

Por tratar-se de um fenômeno sensorial, a SPO pode ser estritamente

avaliada em situações clínicas, pois apesar do avanço das pesquisas

laboratoriais, a resposta do indivíduo não pode ser mensurada in vitro.

Considerando as cavidades profundas, onde existe a maior proximidade

com o órgão pulpar, o estímulo sensorial facilita a percepção do desconforto.

A ausência de resultados significantes em relação à sensibilidade pós-

operatória obtida por trabalhos clínicos prévios realizados em cavidades

rasas24,25,26, serviu como orientação para que, neste estudo, fosse feita a

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avaliação clínica da presença de sensibilidade pós-operatória, espontânea e

provocada, a curto, médio e longo prazo, em dentes posteriores, com

cavidades amplas e profundas.

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2 — OBJETIVO:

Avaliar a sensibilidade pós-operatória inicial (após dois e sete dias),

intermediária (após 180 dias) e tardia (após 365 dias), por meio de relatos do

paciente e testes térmicos (frio), em restaurações de resina composta

realizadas em dentes posteriores, com cavidades amplas e profundas,

empregando-se três sistemas adesivos convencionais (condicionamento ácido

total).

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7

3 — REVISÃO DE LITERATURA

A correlação do comportamento do sistema adesivo no surgimento da

sensibilidade pós-operatória é frequentemente relatada na literatura3,5,6,9,11,

13,14,15,27,28,29,30,31,32,33. Sendo assim, conhecer os mecanismos básicos de união

e as características inerentes de cada material, torna-se indispensável32,33.

Sistemas adesivos

A evolução dos sistemas adesivos nos últimos anos tem sido

imprescindível ao melhor desempenho clínico desses materiais. Desde 1955,

com a introdução do condicionamento ácido por Buonocore34, e a partir da

década de 60, com o surgimento dos primeiros sistemas de união, a adesão

micromecância tem sido um recurso amplamente utilizado na prática

restauradora17,33.

O condicionamento ácido, seja em esmalte ou dentina, remove a lama

dentinária proveniente de restos do preparo cavitário e a porção mineral do

substrato, sendo que no primeiro, a composição de 96% de mineral favorece a

criação das vias de difusão, enquanto que no segundo, a característica

complexa e úmida dificulta esta fase inicial da adesão17. A penetração de

monômeros resinosos (adesivo) no substrato dentinário previamente

condicionado (ácido), e a formação de uma superfície híbrida com colágeno e

resina foi descrita inicialmente, por Nakabayashi35 em 1982, conhecida como

camada híbrida.

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8

Porém, a dentina apresenta características que divergem de acordo com

a profundidade. Quando o piso cavitário se aproxima da polpa, o diâmetro e o

número de túbulos onde se encontram os prolongamentos odontoblásticos, são

maiores em relação à porção superficial, caracterizando assim uma adesão por

tags de resina contínuos à camada híbrida que deve ser preferencialmente

uniforme32,36, proporcionando um selamento favorável à diminuição da

sensibilidade pós-operatória17,33.

Outro fator a ser considerado é a umidade do substrato dentinário que,

durante este processo adesivo, está sempre presente, uma vez que tanto o

excesso, quanto a secagem demasiada podem ser prejudiciais. Enquanto

aquele pode prejudicar a penetração dos monômeros e a qualidade adesiva,

esse pode promover o colapso das fibras colágenas, por tratar-se de um tecido

orgânico previamente desmineralizado32,33,37.

Sendo assim, o processo adesivo caracteriza-se basicamente em três

etapas: 1 — a criação de vias de difusão (desmineralização); 2 — difusão dos

monômeros nas vias criadas (penetração); 3 — a conversão dos monômeros

no interior das vias para polímeros (polimerização)17.

Os sistemas adesivos convencionais são classificados de acordo com o

número de passos, podendo ser de dois ou três, sendo um passo inicial sempre

o do condicionamento ácido, que deve ser feito de acordo com as instruções

dos fabricantes, geralmente 15 segundos para dentina e 30 segundos para

esmalte, e após sua aplicação, deve ser lavado pelo menos por 20 segundos e

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removido da superfície dentária juntamente com seus subprodutos32. Também

se recomenda a lavagem por, no mínimo, o mesmo tempo no qual foi

realizado o condicionamento38.

Além da remoção dos cristais de fosfato de cálcio (subproduto do

condicionamento), dos quais a deposição pode ser prejudicial à adesão, a

lavagem também elimina resíduos de sílica, que é o espessante utilizado na

maioria dos géis ácidos, pois sua presença dificulta o contato dos monômeros

com o susbtrato32. Dessa forma, alguns fabricantes (Bisco) utilizam partículas

poliméricas como espessante que, segundo esse, favorece o contato do ácido à

superfície dentária e não permite resíduos de sílica39. Outros (3M ESPE)

incorporam um tensoativo solúvel à água que, de acordo com as instruções do

fabricante facilita, a remoção do mesmo40.

Nos sistemas de três passos, após o condicionamento, um composto

com características hidrofílicas (primer), associado a um solvente que facilita

a sua penetração19,33 é aplicado, seguido de um agente de união de baixa

viscosidade (hidrófobo)33.

Nos sistemas de dois passos, existe a fase de condicionamento, seguida

da aplicação de um sistema de frasco único contendo monômeros resinosos de

características hidrofílicas, correspondentes ao primer, o agente de união, de

alta viscosidade e caráter hidrofóbico, e os solventes. Essa mistura de

monômeros com características diferentes necessita de maior quantidade de

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solventes orgânicos, resultando numa substância quimicamente complexa

33,41,42.

Quando um sistema convencional de dois passos é aplicado, ocorre um

fenômeno conhecido como separação de fases, hidrofílica e hidrofóbica,

dentro dos espaços interfibrilares do colágeno37,43, no qual encontramos

umidade durante a difusão dos monômeros, podendo aumentar a hipótese da

presença de fibras colágenas condicionadas, porém não-infiltradas, tendendo à

degradação33,44,45.

Acetona, etanol e água são os solventes mais comuns encontrados para

facilitar a difusão dos monômeros no substrato. A água apresenta uma

velocidade de evaporação (pressão de vapor) baixa, enquanto que o etanol

seguido da acetona, na sequência, tem esses valores mais elevados. Assim,

sistemas de união que utilizam a água, associada ou não à acetona ou ao

etanol, têm maior dificuldade de evaporação, o que é imprescindível para a

qualidade da adesão19,33,46. Em compensação, a presença de água como

solvente permite o molhamento, e, consequente, a re-expansão das fibras

colágenas, uma vez que, quando retirada à umidade em excesso, após o

condicionamento, podem sofrer ruptura e, com isso, causar falhas

adesivas32,33,43,46.

Desta forma, para os sistemas que contém água, a aplicação tem que ser

ativa, friccionando sobre o tecido condicionado, o qual deve estar úmido, mas

sem excessos; e para os sistemas que contem etanol e acetona, a aplicação

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deve ser passiva sobre o substrato desmineralizado, que preferencialmente

pode encontrar-se com a umidade mais aparente. Em vista disso, os adesivos a

base de água são menos sensíveis ao descontrole da umidade dentinária,

reafirmada, assim, a necessidade do clínico em conhecer o material e a técnica

adequada32,33.

Observa-se, atualmente, uma preferência no uso de álcool e de

derivados que, associados à água, constituem os solventes dos adesivos

modernos. Alguns fabricantes, em versões anteriores (Bisco), utilizavam

acetona, etanol e água; na versão mais recente, a acetona foi retirada39,

permitindo uma evaporação mais lenta e uma maior espessura de película do

adesivo. Outros empregam o Tert-butanol em formulações atuais (Dentsply),

enquanto que em versões anteriores o solvente era a acetona47. O Tert-butanol

possui maior peso molecular e maior compatibilidade com a água e

monômeros, conferindo maior estabilidade à substância e mantém a mesma

taxa de evaporação do etanol, permitindo maior espessura na película de

adesivo em relação ao solvente de acetona46,48. A espessura da película

adesiva aumentada é relatada como um aumento na capacidade de absorção

de tensões de contração da polimerização resinosa, reduzindo infiltração

marginal e, consequentemente, a sensibilidade pós-operatória49.

Vale ressaltar que previamente à polimerização dos monômeros

infiltrados no substrato condicionado, faz-se necessário a aplicação de jatos

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12

de ar a uma distância de cinco a dez centímetros de forma intermitente, para

que os solventes completem sua evaporação e não interfiram na adesão19,20,33.

Outro fator relevante na evolução dos sistemas adesivos é a

incorporação de carga, pela obtenção de partículas extremamente reduzidas,

que não comprometem a capacidade de infiltração dos monômeros18. Os

fabricantes (3M ESPE, Bisco e Dentsply) afirmam que este recurso aumenta a

resistência intrínseca do sistema. O sistema da 3M ESPE além de adicionar

partículas nanométricas (5nm) (carga) de sílica (esféricas), realizou

previamente um tratamento com silano para serem incorporadas

uniformemente aos outros componentes40.

Sobre os adesivos de dois passos, Cadenaro et al50 relacionaram o grau

de conversão de monômeros, num ambiente inerte (sem oxigênio), com a

microdureza e a permeabilidade da dentina coberta por diferentes sistemas

adesivos. Os valores obtidos pelo grau de conversão dos monômeros

simplificados, que associam primer e adesivo, empregando tempos de

polimerização indicados pelo fabricante, mostraram elevação da

permeabilidade e redução da microdureza. Assim, sugerem que os adesivos

devem ser polimerizados por tempos maiores.

Outro fator inerente a esses materiais é a característica hidrofílica, que

pode vir acompanhada de elevada acidez e contribuir para a hidrólise do

sistema, atuando como membranas permeáveis à umidade36,51,52,53,54,55. Esse

fenômeno caracteriza-se por ser um processo químico que quebra ligações

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covalentes entre os polímeros, por meio da adição da água às ligações

esterificadas, causando perda quantitativa de resina da camada híbrida. A

água também atua reduzindo o módulo de elasticidade e a resistência da

interface adesiva56,57.

Além disso, a permeabilidade dos adesivos simplificados quando

aplicados sobre a dentina hidratada, pode facilitar a difusão da água na

interface adesivo/resina, formando bolhas e dificultando o almejado

selamento hermético da dentina. A aplicação de uma camada com monômeros

hidrofóbicos pode ser uma solução para o selamento33.

Os monômeros resinosos constituem a parte estrutural mais importante

dos sistemas de união, podem apresentar características hidrofílicas e baixa

viscosidade (ex. HEMA), ou hidrofóbicas e alta viscosidade (ex. UDMA).

Além dos classificados como de ligação cruzada, existem os funcionais (ex.

PENTA) que, em sistemas adesivos atuais, apresentam uma estrutura

molecular mais complexa associada a grupos funcionais que diminuem a

permeabilidade da camada híbrida formada58.

Como uma proteção extra ao selamento, os sistemas adesivos de três

passos apresentam uma camada de agente de união, ou Liner®, que é aplicado

após a polimerização do monômero hidrofílico (primer). A característica

hidrofóbica favorece a ligação do substrato dental com o compósito

restaurador, dificultando, assim, o contato da umidade extrínseca e

intrínseca33,59. A Bisco apresenta, numa versão mais moderna do sistema

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adesivo convencional de três passos, um liner com características hidrofóbicas

e carga, proposto a melhorar a propriedades mecânicas e o selamento da

interface39.

Sensibilidade pós-operatória

Por meio de exames histológicos, Brännström pôde observar um

aumento na movimentação do fluido nos túbulos dentinários como resultado

de forças de capilaridade, concluindo que a conformação anatômica dos

túbulos favorece o movimento do fluido por intermédio dessas forças e

sugerindo a sensibilidade dentinária a estímulos térmicos por meio da

transmissão hidrodinâmica, mesmo em situações de movimentos curtos,

porém intensos10.

Yoshiama et al.60 compararam a morfologia dos túbulos dentinários em

áreas sensíveis e não-sensíveis. Concordando com a teoria hidrodinâmica,

75% dos túbulos dentinários foram encontrados em áreas de sensação

dolorosa, enquanto que apenas 20% foram identificados em regiões sem

alteração de dor.

Dentre as situações clínicas encontradas diariamente, erros durante a

confecção das restaurações podem levar a situações que causam aumento da

permeabilidade dentinária, como aumento da microinfiltração na interface

adesiva e estímulos térmicos desnecessários. Dessa forma, seguir um

protocolo rigoroso da técnica selecionada e a orientação dos fabricantes,

evitar o super aquecimento durante os procedimentos operatórios, substituir

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15

os instrumentos de corte de acordo com as recomendações de sua respectiva

vida útil, além de não admitir excessos no ajuste oclusal são observações

indispensáveis ao clínico para o sucesso restaurador3,61.

Schneider et al. 200961 compararam a microinfiltração marginal de

restaurações resinosas confeccionadas por três operadores diferentes,

seguindo o mesmo protocolo, e houve diferença significativa entre os

resultados, justificando a sensibilidade da técnica em restaurações adesivas.

Nos monômeros resinosos, quando polimerizados e transformados em

polímeros, as duplas ligações do carbono são quebradas e transformadas em

simples, gerando aproximação entre os átomos, e consequentemente

contraindo volumetricamente12. Essa contração gera estresses que podem

provocar, numa situação clínica, microinfiltração marginal, rompimento da

interface adesiva, cárie secundária, sensibilidade pós-operatória e em alguns

casos necessitar a troca do material restaurador, podendo levar a necessidade

de tratamento endodôntico8,62,63,64.

Ao longo dos anos observou-se que a diminuição da porcentagem de

ligações C=C, pela incorporação de partículas de carga na matriz resinosa,

aumenta o módulo de elasticidade da mesma e confere maior resistência ao

desgaste e ao estresse gerado pela contração de polimerização7,16,65,66.

Porém, a introdução de nanotecnologia na confecção na obtenção das

partículas permitiu uma redução nessa contração, uma vez que a área de

contato entre as nanopartículas é maior, pelo seu tamanho reduzido, as quais,

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quando polimerizadas, apresentavam menos espaço para a aproximação

atômica. Essas resinas caracterizam-se por demonstrar uma excelente

qualidade estética, devido ao tamanho reduzido das partículas e elevada

resistência ao desgaste, por permitir maior incorporação de carga21.

Quando o material restaurador sofre contração em cavidades profundas

e amplas de dentes posteriores, que apresentam enfraquecimento de cúspides

e o sistema adesivo resiste aos estresses gerados, ocorre um fenômeno de

deformação destas cúspides. Esta deflexão anatômica da coroa dental pode

levar à desadaptação da restauração, a trincas no esmalte e consequente a

sensibilidade pós-operatória, que, pelo estímulo da mastigação, podem causar

maior movimentação no fluido dentinário11,13,14,15,67,68.

Ratih et al14, por meio de um complexo sistema computadorizado,

acoplado a pré-molares humanos extraídos, tentaram correlacionar a

movimentação do fluido dentinário e a deflexão de cúspide. Observando que,

durante o procedimento restaurador, o movimento do fluido dentinário é

intensificado e perdura após o término da restauração, concluiu que, apesar

desse fenômeno ser complexo, pode estar relacionado à sensibilidade pós-

operatória.

O tamanho e o tipo de cavidade também podem influenciar na deflexão

de cúspides e, consequentemente, na sensibilidade pós-operatória11. O fator de

configuração cavitária, que consiste na razão de paredes aderidas sobre as

não-aderidas, está diretamente relacionado com as tensões provocadas pela

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17

contração resinosa, uma vez que a sua redução implica na diminuição do

estresse encontrado na interface adesiva69,70.

Além disso, a técnica de inserção resinosa por incrementos oblíquos de

2mm de espessura, é descrita por diversos autores como redutora da contração

de polimerização resinosa, por diminuir o número de paredes aderidas a um

incremento e, consequentemente, reduzir o fator de configuração

cavitária22,71,72,73.

Alguns autores citam que a quantidade de contração vezes o módulo de

elasticidade da resina corresponde ao estresse de contração gerado e que,

quanto maior for a conversão de monômero para polímero, maior será a

contração. Sendo assim, a fase inicial de pré-gel, na qual a resina ainda possui

uma capacidade de acomodação, pode ser prolongada por meio de uma

intensidade de luz inicial mais baixa e posteriormente aumentada, na tentativa

de minimizar essa tensão de contração (fotoativação modulada)12,23,74. Porém,

outros autores não encontraram diferenças estatísticas entre a técnica

convencional (potência contínua) e a modulada75. Então, observa-se que o

fenômeno da contração pode ser minimizado por outros fatores como técnica

de inserção, fator de configuração cavitária, composição química resinosa e

qualidade adesiva, caracterizando-se num fenômeno complexo, no qual a sub-

polimerização é o único fator amplamente contra-indicado na

literatura12,23,74,75,76 .

Page 18: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

18

Apesar da proximidade à polpa, a aplicação do sistema de união na

dentina profunda não é considerada negativa em relação à sua

biocompatibilidade24,30. Murray et al77 observaram em diversos tipos e

profundidades de preparo, que a preservação dos prolongamentos

odontoblásticos foi mantida na aplicação dos sistemas adesivos e concluem

que a inflamação pulpar por contaminação bacteriana é o principal agente

desencadeador do insucesso da restauração.

Além disso, observa-se que diversos fatores podem influenciar a

sensibilidade pós-operatória, o que gera interesse no meio científico em tentar

compreender, identificar e, às vezes, mensurar esse fenômeno. Alguns

trabalhos clínicos utilizaram uma Escala Visual Analógica (EVA) como meio

de avaliação ordinal da dor2,5,27,78. Outros, apenas identificaram, por meio do

relato do paciente, a presença ou não da sensação dolorosa, antes e depois do

procedimento restaurador1,3,4,28,29,31,79,80,81,82,83,84.

A Sociedade Internacional da Dor (IASP) define a dor como uma

experiência sensorial e emocional desagradável, que é associada ou descrita

em termos de lesões ou disfunções teciduais85. A partir disso, a mensuração

dolorosa é considerada relativa pela subjetividade da resposta do indivíduo.

Porém, o que torna mais confiável ao método é a sua reprodutibilidade85,86,87,

além da associação de escalas de medição87.

A EVA é um traçado numérico crescente, que varia de zero a dez as

categorias de intensidade de dor e a Escala Visual Analógica Modificada

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19

(EVAM) associa a EVA com a Escala de dor de Wong Baker, na qual se

apresentam faces que variam gradativamente de face alegre à face de

choro85,87. Além disso, a comparação de respostas de uma situação sadia com

outra considerada alterada fisiologicamente, frente a um determinado

estímulo, é considerada um diferencial favorável à confiabilidade do

método85.

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20

4 — MÉTODO:

Os materiais utilizados podem ser observados na Figura 1.

Material e classificação

Apresenta-

ção

Comercial

Composição pH Solven-

te

Grupo SB: Adper- Singlebond 2 (3M ESPE®); Condicionamento total de dois passos.

Condicionador - ácido fosfórico 35% e sílica; Adesivo - BisGMA, HEMA, dimethacrilatos, fotoiniciador, metacrilato funcional copolímero do ácido poliacrílico.

3,6 Etanol

e água

Grupo AB: All Bond três (Bisco®); Condicionamento total de dois passos.

Condicionador - semi-gel (polímero) de ácido fosfórico (32%) e cloreto de benzalcônio; Parte A - Bis-GMA; Parte B - Bifenil dimetacrilato, HEMA, Bisfenol A; Liner- Diglicidil metacrilato, UDMA, TEGDMA, carga vítrea.

- Etanol

e água

Grupo XP: XP bond (Dentsplay®); Condicionamento total de dois passos.

Condicionador- ácido fosfórico 34%, dióxido de silício e água; Adesivo- Dimetacrilato modificado por ácido carboxílico, resina acrílica modificada por ácido fosfórico, UDMA, TEGDMA, HEMA, PENTA estabilizador, canforoquinona e sílica amorfa.

2,1 T-buta-

nol

Resina Filtek Z 350 (3M ESPE®); resina nanopar- tícula.

Cerâmica tratada com silano,bisfenol;A dimetacrilato, diglicidil éter e dimetacrilato de 2,2 etilenodioxidietilo.

- -

FIGURA 1 — Composição química da resina composta e dos sistemas adesivos

utilizados.

Fonte: Perfil Técnico fornecido pelo fabricante 39,40,47

Page 21: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

21

Seleção das amostras:

O projeto foi apreciado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade Federal do Pará, antes de se iniciar a etapa clínica deste estudo,

tendo sido aprovado pelo protocolo nº169/08 (Apêndice1). Foram triados

pacientes nas clínicas da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal

do Pará, os quais não foram expostos a tratamentos desnecessários e que

pudessem colocar em risco a sua saúde e integridade. Os objetivos e

procedimentos deste estudo clínico foram apresentados aos pacientes, os quais

assinaram um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Apêndice 2).

Como critérios de inclusão, foram observados: a idade dos

participantes, que deveria estar entre 18 e 55 anos; apresentar saúde geral

normal; boas condições periodontais e de higiene bucal, além de possuir no

mínimo um dente que necessitasse de substituição de restauração e/ou

preparos que resultassem em cavidades amplas e profundas (Classe I e II), em

molares e pré-molares (superiores e/ou inferiores), com as seguintes

características (Figura 2A e 2B):

1- Extensão vestíbulo–lingual maior que ½ da distância entre as

cúspides;

2- Presença de dentina profunda (0,5 a 1mm de proximidade do tecido

pulpar de acordo com o RX inicial);

3- Oclusão normal com antagonista;

Page 22: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

22

4- Ausência de hábitos parafuncionais significativos;

FIGURAS 2A e 2B. A-A figura ilustra uma situação clínica e B- Exame radiográfico.

Ambos reuniam as características mencionadas nos critérios de inclusão.

Caso o paciente avaliado apresentasse sensibilidade alérgica a, pelo

menos, um dos materiais utilizados, estivessem em tratamento ortodôntico,

fossem impossibilitados a controles periódicos, presença de hábitos que não

obedecessem a um único item dos critérios de inclusão, esse era excluído da

amostra.

Na primeira sessão de atendimento, os dentes envolvidos foram

radiografados com a técnica periapical, por meio de filmes radiográficos

apropriados (Kodak®, Nova York, Estados Unidos) e posicionadores (Cone

Indicador –Maquira®- Maringá, Brasil). Em seguida era realizada profilaxia

nos elementos a serem restaurados, com pedra pomes e água, com o auxílio

de escovas de Robinson (KG Sorensen®, Barueri, São Paulo, Brasil).

Foram realizados testes pré-operatórios de sensibilidade (T0) com frio

nos dentes envolvidos e comparados com o resultado dos testes feitos em

A B

Page 23: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

23

dentes que se encontravam hígidos. Caso o dente apresentasse alteração

significativa que pudesse indicar alguma patologia existente, era descartado

da amostra.

Durante a triagem dos participantes, foram selecionados seis pacientes

para realização de um estudo piloto que serviu de auxílio para melhor

demarcação do protocolo definitivo. Baseado em trabalhos clínicos anteriores

(amostra histórica)25,26,29 , na referência estatística88 que utilizava 20 dentes

como uma amostra inicial de um estudo que não possui resultado esperado e

ainda será avaliado o comportamento dos fatores. Decidiu-se por apenas um

operador, o qual confeccionou as restaurações e adotou-se o valor de 20

amostras para cada grupo avaliado. Distribuíram-se as amostras em três

grupos com 20 unidades em cada, sendo um grupo para cada sistema adesivo

e seguiu-se a realização das restaurações (Figura 3).

Designação dos grupos:

Sendo assim, foram selecionados 60 dentes, os quais foram distribuídos

em três grupos de 20 dentes, a serem restaurados com os três sistemas

adesivos. Caso, após a preparação da cavidade, fosse observada alguma

anormalidade como exposições pulpares, o operador executava a restauração

e, quando necessário, fazia o devido encaminhamento, porém sem inclui-la na

amostragem, caracterizando um estudo aleatório.

Page 24: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

24

FIGURA 3. Organograma de designação dos grupos.

Preparos cavitários:

Os preparos cavitários foram realizados em alta rotação (Dabi Atlante®,

Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil) com pontas diamantadas esféricas

(compatível com o tamanho da cavidade, KG Sorensen®) e brocas esféricas

números seis e oito (KG Sorensen®), em baixa rotação (Dabi Atlante®), para a

regularização das paredes desgastadas e remoção de remanescentes de tecido

cariado. Todos os instrumentos cortantes rotatórios foram substituídos após o

seu respectivo uso em três preparos. Em seguida, foram empregados

instrumentos de corte manual, especialmente enxadas (monoangulada,

Duflex®, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro) e recortadores de margem gengival

(nº28 e 29, Duflex®), com a finalidade de eliminar todo o tecido fragilizado.

253 pacientes Triados

Clinica odontológica da UFPA

83 dentes Critérios de inclusão

75 dentes Teste de sensibilidade

BASELINE

69 dentes

2 dentes Exposição pulpar

5 dentes Não puderam ser atendidos ou

faltaram

60 dentes 3 grupos de 20

6 dentes Piloto

2 dentes Foram encaminhados à clinica

da UFPA

Page 25: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

25

Ao final, as cavidades apresentavam ângulos internos arredondados, paredes

circundantes convergentes para a oclusal e cavossuperficial nítido e sem bisel.

Convém salientar que essas etapas foram realizadas sob anestesia local do

dente a ser restaurado e isolamento absoluto do campo operatório, pela

técnica do dique de borracha (figura 4). Dentes que não permitiam o

isolamento absoluto, por extensão demasiada das paredes cervicais para o

interior do sulco gengival, eram descartados da amostra.

FIGURA 4. Exemplo do aspecto final do preparo cavitário.

Grupo SB- Adper Single Bond 2:

Terminado o preparo cavitário, esse recebia desinfecção com solução

de digluconato de clorexidina a 2% (Cavclean®, Dentsply, Milford, Ohio,

Estados Unidos), aplicada com bolinhas de algodão estéril por 20 segundos.

Em seguida, foi feita uma lavagem intensa com “spray” ar-água, por 15

segundos. O próximo passo foi o condicionamento ácido, que era realizado

com gel de ácido fosfórico a 35% (Scotchbond etchant, 3M ESPE®, lot97-

Page 26: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

26

05/10) por 15 segundos em esmalte e dentina, lavados por 15 segundos, e os

excessos de umidade removidos com papel absorvente, até que uma superfície

sem acúmulos de umidade fosse conseguida.

Em seguida, o adesivo SB (3M ESPE®, lot HE-05/10) (quadro 1) foi

colocado no preparo com ponta aplicadora, fornecida pelo fabricante, de

maneira uniforme, aplicando-se por 15 segundos agitando, um jato de ar fraco

a uma distância de aproximadamente 10cm, por cinco segundos, para permitir

a evaporação do excesso de solventes, e fotoativado por dez segundos de

acordo com as instruções do fabricante40.

A resina composta utilizada foi a Filtek Z350 (3M ESPE®, Minnesota,

Estados Unidos, lot 970-09/10) (Figura 1).

Quando necessário, era colocada uma matriz metálica seccional

(Unimatrix®, TDV, Pomerode, Santa Catarina, Brasil) e ajustada no elemento

a ser restaurado. O material restaurador era inserido na cavidade em

incrementos de no máximo 2mm (aproximadamente), dispostos obliquamente

(técnica incremental oblíqua), em relação ao plano longitudinal da cavidade,

os quais eram fotoativados individualmente por 20 segundos (fotoativação

contínua) com a ponta do fotopolimerizador em contato com a ponta da

cúspide.

O aparelho fotopolimerizador utilizado foi o Flashlite (1410, Discuss

Dental®, Culver City, Estados Unidos), o qual apresenta um LED de alta

Page 27: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

27

potência. O aparelho foi constantemente monitorado por meio de um

radiômetro (Demetron®, Research Corporation, Califórnia, Estados, Unidos),

e apresentava intensidade de luz no mínimo de 800mW/cm2.

Cuidados foram tomados para evitar excessos de material restaurador

além do ângulo cavossuperficial, os quais, quando presentes, deveriam ser

removidos ainda antes da retirada do dique de borracha, com lâmina de bisturi

nº11(Becton & Dickinson®, São Paulo, Brasil). Feita essa manobra, foram

verificados os pontos de contatos oclusais e, quando detectados contatos

excessivos ou prematuros, esses eram eliminados com pontas diamantadas de

granulação fina, formato de chama (3116 F, KG Sorensen®).

As manobras de acabamento e polimento das restaurações foram

realizadas após 48 horas com pontas diamantadas de granulação fina e extra

fina (KG Sorensen®), formato compatível com a anatomia da restauração, e

ponta de borracha impregnada por abrasivos em ordem decrescente de

granulação média e fina (Polimix, TDV®). O procedimento foi considerado

terminado quando o operador deslizasse a sonda exploradora sobre a

restauração, na interface e na superfície dental, e não verificasse degraus ou

rugosidade nessas áreas (Figura 5).

Grupo AB- All Bond 3:

Neste grupo, após o término do preparo, as cavidades recebiam assepsia

idênticos ao grupo anterior, condicionamento ácido do sistema (Uni-etch

Page 28: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

28

w/BAC 32%, Bisco®, Illinois, Estados Unidos, lot0700012171-07/10) por 15

segundos e lavadas com jato de água por 15 segundos. Removia-se o excesso

de umidade do substrato com papel absorvente, e a seguir, misturava-se as

soluções A e B do sistema adesivo All Bond 3 (Bisco®, lot0700010267-07/10)

na proporção de 1:1 (gota), por 5 segundos. A aplicação era feita de forma

passiva na cavidade. Após 15 segundos, utilizava-se leve jato de ar por 10

segundos e fotopolimerização por 10 segundos, de acordo com as instruções

do fabricante. Este adesivo possui uma resina hidrofóbica (Liner®) que era

aplicada em uma camada uniforme de 2mm (aproximadamente) e

fotopolimerizada por 10 segundos. Finalmente, procedeu-se a inserção do

material restaurador (Filtek Z350, 3M ESPE®) e dos procedimentos de

acabamento e polimento de acordo com o Grupo SB.

Grupo XP- XP Bond:

Seguiu-se o mesmo protocolo dos grupos anteriores para confecção do

preparo e assepsia. O condicionamento ácido (Condicionador dental gel, 34%,

Dentsply® Milford, Ohio, Estados Unidos, lot03950 A-02/10) foi feito por 15

segundos e lavou-se a cavidade com jato de água por 15 segundos. Em

seguida, foi feita remoção da umidade do substrato dentinário com papel

absorvente, sendo aplicado o sistema adesivo (XP Bond, Dentsply®,

lot070612-02/10) de modo passivo, aguardando 20 segundos para penetração

do sistema e 5 segundos de jato de ar para evaporação dos solventes, de

Page 29: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

29

acordo com a instrução do fabricante. Logo após, realizou-se a

fotopolimerização por 10 segundos. Na sequência, a resina composta Filtek

Z350 foi inserida na cavidade em incrementos e fotoativada de maneira

similar aos grupos SB e AB.

Convém salientar que cada paciente recebeu somente um procedimento

restaurador por vez. Terminada uma restauração, a próxima só seria realizada

após um período de sete dias, para evitar que o desconforto presente em uma

restauração interferisse na avaliação de outra.

FIGURA 5: Aspecto final de uma restauração.

Avaliação da sensibilidade pós-operatória (mediata- dois e sete

dias, intermediária-180 dias e tardia-365 dias):

Terminada a restauração, o paciente foi instruído a retornar após dois

dias para as etapas de acabamento e polimento (T2), e momento em que

foram anotadas quaisquer alterações da normalidade. Inicialmente, o paciente

Page 30: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

30

era orientado a relatar as sensações experimentadas e essas foram

classificadas de zero a três, de acordo com os seguintes critérios:

0 (zero) – nenhum tipo de desconforto foi notado pelo paciente durante o

período de avaliação. O paciente não alterou sua rotina de mastigação e/ou

ingestão de alimentos.

1 (um) - desconforto discreto no período durante a mastigação e/ou ingestão

de alimentos. O paciente percebeu uma leve alteração na sensibilidade, mas

não alterou sua rotina de mastigação e ingestão de alimentos.

2 (dois) - desconforto acentuado (dor) durante a mastigação e/ou ingestão de

alimentos. O paciente alterou sua rotina de mastigação naquele local.

3 (três) - Foram classificadas como grau três aquelas restaurações que

apresentarem elevado grau de desconforto e necessitassem ser substituídas

imediatamente.

Esse retorno aconteceu também após sete dias (T7), 180 (T180) e 365

dias (T365), períodos que o paciente foi solicitado a relatar qualquer

alteração, baseados nos mesmos parâmetros descritos, ou seja, de 0 (zero) a

03 (três).

Nos mesmos períodos, foi feita também uma avaliação baseada em

aplicação de estímulo (frio), da seguinte forma:

Frio - Para o teste ao frio, foi utilizado um “spray” à base de

tetrafluoretano (EndoFrost, Roeko®, Langenau, Alemanha), aplicado na ponta

de uma haste flexível, a qual era encostada com leve pressão na região

Page 31: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

31

oclusal. Após o teste, o paciente registrava na escala de zero a dez (Escala

Visual Analógica Modificada, figura 6) a intensidade da percepção do

desconforto:

Zero---------2----------4------------6-------------8---------10

Zero ------- 1 (Nenhum desconforto)

2 ----------- 3 (Desconforto leve)

4 ----------- 5 (Desconforto moderado)

6 ----------- 7 (Desconforto incômodo)

8 ----------- 9 (Desconforto intenso)

10 (Insuportável desconforto)

FIGURA 6. Escala Visual Analógica Modificada- Acima: frente; abaixo: Verso.

Numa ficha apropriada (Apêndice 3), foram anotados todos os dados

referentes aos relatos do paciente e das respostas aos estímulos aplicados.

Page 32: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

32

Neste estudo, dispomos de alguns parâmetros de comparação. Foram

realizados testes de sensibilidade prévios (T0), ou seja, antes de se realizar

qualquer procedimento, era avaliado (por dente envolvido) a resposta aos

testes provocados por frio. Além disso, era realizada uma análise comparativa

com outros dentes, não envolvidos diretamente no estudo, e que sejam

considerados “dentro da normalidade” em todos os tempos de avaliação.

Para registrar os dados colhidos, foi elaborada uma ficha clínica

(Apêndice 3) que auxiliou na sistematização das análises. Nesta ficha

constava o título do projeto, o nome do paciente e um quadro para cada dente

e período de observação. Havia ainda, logo abaixo do quadro, um espaço para

anotações de observações que o examinador entendesse como importante e

relevante.

Assim, para cada dente, foi feita uma ficha anotando a presença ou não

de sensibilidade, seu tipo e intensidade em cada tempo avaliado. De posse

desses dados, foi possível analisar a presença ou não de sensibilidade pós-

operatória aumentada nos dentes restaurados, submetidos previamente aos

tratamentos já mencionados. Podemos observar o perfil geral da amostra

avaliada na Figura 7.

Page 33: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

33

Dente Sexo Inicial Sistemas Adesivos

SB PM (4) M (16)

M(6) F(14)

R (16) C(4)

XP PM (2) M(18)

M(5) F(15)

R (7) C(13)

AB PM (5) M(15)

M(4) F(16)

R(17) C(3)

FIGURA 7. Descrição dos dados em relação a outros fatores analisados:

Dente- PM: Pré-molares. M: Molares.

Sexo- M: Masculino. F: Feminino. Situação Inicial- R: Restaurado. C: Cariado. Fonte: fichas de avaliação.

Os dados obtidos foram tabulados com o auxílio do programa Excell

(Office 2007) e analisados estatisticamente por meio do Programa BioEstat

Versão 5.0. Em todos os testes foi fixado o nível de significância de 0,05 ou

5% (valor de p).

Page 34: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

34

5- RESULTADOS:

Para o Relato do Paciente, apenas um paciente no tempo dois dias (T2)

relatou escore dois (leve desconforto com alteração na mastigação), os demais

foram escore zero (Tabela 1).

Para esta avaliação, foi aplicado o teste de Friedman para cada sistema

adesivo (SB, XP e AB) ao longo dos tempos (T0, T2, T7, T180, T365), porém

não houve diferença estatística (p=1,00 em todos os períodos).

TABELA 1. Valores de SPO frente aos testes realizados neste estudo

nos diferentes tempos (0,2,7,180,365 dias):

Baseline 2 Dias 7 Dias 180 Dias 365 dias Relato Do

SB 0 (20) 0 (20) 0 (20) 0 (20) 0(20) XP 0 (20) 2 (1)

0 (19) 0 (20)

0 (20) 0(20)

Paciente* AB 0 (20) 0 (20) 0 (20) 0 (20) 0(20) SB 2 (3)

0 (17) 4 (1) 0 (19)

2 (1) 0 (19)

2 (1) 3 (1) 0 (18)

0(20)

Frio** XP 2 (5) 1 (1) 0 (14)

2 (3) 1 (1) 0 (16)

2 (2) 0 (18)

3 (1) 2 (1) 0 (18)

0(20)

AB 2 (4) 1 (4) 0 (12)

2 (5) 0 (15)

2 (2) 0 (18)

0 (20) 0(20)

*Relatos do paciente 0 à 3 (sem aplicação de estímulos).

** Com aplicação de estímulos (Frio): Escala Visual Analógica Modificada de 0 a 10 (EVAM). Fonte: Fichas de avaliação deste estudo.

Page 35: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

35

Estímulo ao frio:

Os três grupos avaliados apresentaram a mesma quantidade de

amostras, as quais são aleatórias e ordinais (EVAM). Para os resultados de

estímulo ao frio, como não houve distribuição normal, utilizou-se dois testes

não-paramétricos. Em relação ao fator de variação, os sistemas adesivos (SB,

AB e XP) em cada tempo isoladamente analisado, as amostras são

independentes e aplicou-se o teste de Kruskall Wallis; e quando o fator de

variação foi o tempo (T0, T2, T7, T180 e T365), para cada sistema adesivo

separadamente, a amostra torna-se dependente, pois todos os pacientes dos

grupos foram avaliados ao longo dos tempos, utilizou-se o teste de Friedman.

Kruskall Wallis:

De acordo com o Teste de Kruskall Wallis, comparando entre os

sistemas adesivos avaliados, todos foram estatisticamente semelhantes em

cada tempo (Tabela 2) (Figura 8).

Page 36: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

36

TABELA 2. Média dos postos dos valores de SPO para o teste de frio e

valores de p comparando os três sistemas adesivos (SB, AB e XP) em cada

tempo (0,2,7,180,365 dias) de acordo com o Teste de Kruskall Wallis:

Tempo SB AB XP Valor de p

T0 54,35 62,30 58,98 0,46

T2 49,65 56,00 53,88 0,25

T7 49,45 48,20 49,10 0,97

T180 52,05 43,00 46,55 0.87

T365 47,00 43,00 44,00 1,00

Fonte: Fichas de avaliação.

FIGURA 8. Média dos postos dos valores de SPO para o teste de frio, comparando

os três sistemas adesivos (SB, AB e XP) em cada tempo (0,2,7,180,365 dias), de acordo

com o Teste de Kruskall Wallis.

Fonte: Fichas de avaliação.

Page 37: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

37

Teste de Friedman:

De acordo com o Teste de Friedman, comparando entre os tempos

avaliados, todos foram estatisticamente semelhantes em cada adesivo (Tabela

3) (Figuras 9,10 e 11):

TABELA 3. Média dos postos dos valores de SPO para o teste de frio e

valores de p dos sistemas adesivos (SB, AB e XP) comparando os tempos (0,

2,7,180,365 dias), de acordo com o teste de Friedman:

Tempo SB AB XP

T0 3,20 3,43 3,63

T2 2,98 3,18 3,25

T7 2,93 2,93 2,88

T180 3,08 2,80 2,63

T365 2,83 2,68 2,63

Valor de p 0,96 0,20 0,57

Fonte: fichas de avaliação.

Page 38: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

38

FIGURA 9. Média dos postos dos valores de SPO para o teste de frio do sistema

adesivo SB comparando os tempos (0, 2,7,180,365 dias), de acordo com o Teste de

Friedman.

FIGURA 10. Média dos postos dos valores de SPO para o teste de frio do sistema

adesivo AB comparando os tempos (0, 2,7,180,365 dias), de acordo com o Teste de

Friedman.

Page 39: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

39

FIGURA 11. Média dos postos dos valores de SPO para o teste de frio do sistema

adesivo XP comparando os tempos (0, 2,7,180,365 dias), de acordo com o Teste de

Friedman.

A média e Desvio Padrão dos valores dos escores de SPO para Adesivos

(SB, XP, AB), nos testes de frio, ao longo dos tempos (dois, sete, 180, 365

dias) localizam-se no Apêndice 4.

Page 40: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

40

6- DISCUSSÃO:

Estudos clínicos relatam dentre as justificativas para a substituição de

restaurações adesivas, a presença de sensibilidade pós-operatória5,78,79.

Portanto, conhecer a causa e as situações que possam prevenir esse fenômeno

é de fundamental importância.

De acordo com a teoria hidrodinâmica de Bränstromm10, o aumento da

movimentação do fluido dentinário é o fator desencadeante da sensação

dolorosa. Desta forma, as características do substrato encontrado em

cavidades profundas são consideradas significativas para a presença da

sensibilidade, seja pelo aumento do lúmen, ou da quantidade dos túbulos

dentinários60,89. O fato deste estudo adotar como critério de inclusão

cavidades profundas e extensas, teve como origem o trabalho clínico de

Chermont et al25, no qual cavidades classe I rasas e médias, após restauradas,

não apresentaram SPO no período de até sete dias.

Para reduzir variáveis que pudessem influenciar nos resultados4,61,

optou-se por uma metodologia fiel às instruções do fabricante, bem como a

condição estrita de apenas um único operador para realização de todos os

procedimentos restauradores. Além disso, decidiu-se pela realização dos

Page 41: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

41

procedimentos sempre sob isolamento absoluto, o que permitia a obtenção do

campo operatório livre de umidade ou contaminação indesejáveis.

Selecionou-se a técnica incremental oblíqua para inserção do material

restaurador nas cavidades, o que reduz a tensão de contração22,78, fotoativação

contínua, o que pode gerar a formação de polímeros mais entrelaçados90, o

uso de um fotopolimerizador de alta potência com o intuito de aumentar o

grau de conversão dos monômeros em polímeros75,91 e seleção de uma resina

nanoparticulada de alta densidade, a qual via de regra, apresenta boas

propriedades mecânicas, baixa contração e boa textura de superfície21.

Pelo fato de apresentarem um passo inicial de condicionamento ácido

para criar as vias de difusão, o que promove desmineralização do substrato

dental, remoção da smear layer e, consequentemente o aumento da

permeabilidade dentinária, os sistemas adesivos convencionais são

considerados possíveis facilitadores no surgimento da SPO25,89.

Os sistemas adesivos empregados neste estudo podem promover o

aumento de permeabilidade dentinária, aspecto que sugere uma maior

probabilidade de surgimento de SPO. No entanto, um dos sistemas testados

(All Bond 3, Bisco®- AB) apresenta recursos que poderiam minimizar este

aspecto, como a aplicação de uma camada de monômeros hidrofóbicos,

representada pelo seu Liner®39. Considerando que os monômeros hidrofílicos

atuam como membranas semi permeáveis59, este sistema associa uma camada

final de monômeros hidrofóbicos (UDMA e TEGDMA), com carga que

Page 42: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

42

confere melhor selamento ao substrato18,24. Kaurani e colaboradores29

analisando classes I e II restauradas, clinicamente, com diferentes bases

(ionômero convencional, modificado e resina de baixa viscosidade), como um

“liner”, verificaram os valores de SPO entre os grupos estatisticamente

semelhantes, o que concorda com nossos resultados, pois o adesivo AB não

apresentou variação estatisticamente significante de SPO ao longo dos tempos

(Tabela 2). Importante ressaltar que não foram encontrados na literatura,

artigos científicos com este sistema de união (AB) especificamente.

O XP Bond (Dentsply) é considerado um sistema simplificado,

apresenta um solvente que caracteriza-se por ser um álcool (Tert-butanol) de

boa compatibilidade com a água (prevenindo a separação de fases) e com

pressão de vapor semelhante ao etanol, formando uma espessura de película

adesiva favorável em absorver as tensões da contração47. Aw et al27, não

observaram diferenças estatísticas em relação à SPO entre adesivos

convencionais com diferentes solventes (água, etanol e sem solvente) em

cavidades Classe V ao longo dos tempos avaliados (6, 12, 24 e 36 meses).

Blunck et al48, avaliaram clinicamente o adesivo XP, comparando-o com

outro sistema convencional (Adper Scotchbond, 3M ESPE®) em lesões não-

cariosas por seis meses e não houve diferença estatística para SPO entre os

sistemas avaliados. No presente estudo, o sistema XP Bond também não

mostrou aumento de SPO ao longo dos períodos de avaliação (2, 7, 180, 365

dias) (Tabela 2).

Page 43: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

43

O Adper Singlebond 2 (SB, 3M ESPE) diferencia-se por incorporar

partículas de carga nanométricas e que recebem uma prévia silanização,

conferindo uma mistura uniforme40, amenizando o fenômeno de separação de

fases e aumentando a resistência da película adesiva, evitando o seu

rompimento e possível surgimento da SPO37,49. Diversos estudos

clínicos27,78,84,92, ainda que apresentassem diferentes metodologias, avaliaram

dentre outras características, a SPO, comparando o sistema SB com outros

sistemas de união e nenhuma diferença estatística foi detectada em diferentes

tempos: seis meses78, dois anos92, três anos27, seis anos84; concordando com os

resultados deste estudo (2, 7 180 e 365 dias) (Tabela 2).

Independente do fator de variação a ser analisado (resina ou sistema

adesivo), as pesquisas clínicas que avaliaram SPO, em geral utilizaram dois

métodos de avaliação: EVA (0 à 10)2,5,27 e o método desenvolvido por Ryge

(USPHS)1,3,4,9,80,81,82,84,92,93,94,95. Alguns autores criam uma escala particular,

mas não relacionam com métodos previamente utilizados citados

acima24,28,29,30,31,79; sendo assim, existem diferentes formas de avaliar a SPO.

No teste com estímulos, alguns aplicam jato de ar27, ou seringa com água

gelada29, o que pode causar imprecisão no dente a ser testado.

Neste estudo, optou-se por aplicar estímulo direto no elemento

avaliado, por meio de hastes flexíveis, como descrito no método. Além disso,

a escala utilizada (EVAM) é uma modificação da EVA, sendo esta relatada na

literatura como uma forma simples de mensuração do nível doloroso do

Page 44: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

44

paciente78. A associação da EVA com a Escala de faces de Wong Baker85,87

sugere melhor entendimento pelo indivíduo em relação ao limiar de dor

individual.

Existem citações na literatura diferentes formas de avaliação de SPO.

De maneira geral, os resultados desses estudos concordam com os do presente

trabalho, pois em vários deles não foi detectado aumento significativo de

SPO. Os dois trabalhos que avaliaram este fenômeno de forma idêntica a este

estudo, também não detectaram aumento de SPO25,26. Assim, podemos supor

que variáveis de metodologia de avaliação não são aspectos que possam levar

à variação de resultados e de conclusões.

Normalmente, os estudos que relatam aumento expressivo de SPO

empregam vários operadores e variáveis de técnica restauradora, como

ausência de isolamento absoluto. Assim, pode-se entender que o diferencial

de resultados provavelmente está relacionado às técnicas operatórias, e não

necessariamente ao material ou ao método de avaliação.

Outro aspecto importante a ser ressaltado é que obteve-se uma

referência de como é o padrão de resposta individual de cada paciente, pois

esse era informado por meio de testes pré-operatórios (baseline, T0) de seu

padrão normal de resposta aos estímulos. Assim, orientou-se para relatar o

aumento a partir desse ponto, anulando possíveis variáveis individuais de

resposta.

Page 45: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

45

Uma das justificativas para o surgimento de SPO em cavidades amplas

e profundas, reside na complexidade da cavidade e no enfraquecimento das

bases de cúspides, causando o fenômeno de deflexão11,13,14. Apesar do fator

C de cavidades Classe I ser mais desfavorável à dissipação das tensões de

contração, em relação à Classe II, Briso et al83 observaram que as cavidades

com o maior número de faces envolvidas (MOD), e consequentemente, maior

destruição coronária, apresentaram valores superiores de SPO. Essa

divergência de resultados, em relação ao presente estudo, pode estar

relacionada na heterogeneidade das metodologias aplicadas, uma vez que

aquele empregou diversos operadores, como alunos de graduação para

realização dos procedimentos restauradores.

Perdigão e colaboradores5 avaliaram a incidência de SPO comparando

um sistema adesivo convencional e outro autocondicionante com testes de

estímulo ao frio (EVA) e não observou diferença estatística ao longo dos

tempos avaliados (2 e 8 semanas e 6 meses). O autor ainda concluiu que o

surgimento de SPO mostra-se potencialmente mais dependente da técnica

restauradora utilizada do que em relação ao sistema adesivo empregado, o que

vem de encontro ao pensamento exposto anteriormente.

Unemori24 e Auschill2 observaram aumento de SPO em situações de

cavidades mais profundas, em relação às rasas, discordando do presente

estudo. A ausência de padronização nos estudos clínicos pode mostrar-se

como um diferencial nos resultados de SPO. Enquanto Unemori24 comparou o

Page 46: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

46

uso de diferentes bases em diversas profundidades ao longo de quatro anos,

Auschill2 não variou o sistema de união, porém ambos utilizaram vários

alunos de graduação para a realização das etapas clínicas dos respectivos

estudos, o que pode ter gerado ausência de padronização nos procedimentos.

Segundo Casselli78, a condição inicial da amostra direcionaria as

respostas dos voluntários. No seu estudo, foram empregadas somente

cavidades previamente restauradas com amálgama, sendo que não foi

observado aumento significativo de SPO. No presente trabalho, diferentes

condições iniciais estavam presentes (Figura 7). Pode-se entender que

também este aspecto não deve ser considerado como fato relevante no

surgimento de SPO.

Como forma de confirmar os resultados obtidos após a aplicação de

estímulos, foram também considerados, para efeito de análise, os relatos dos

pacientes (Figura 8). De acordo com o Teste de Friedman aplicado, pode-se

entender que não houve aumento de SPO, aspecto que confirma

matematicamente a ausência desse desconforto.

A realização de pesquisa clínica requer protocolo severo e persistência

dos pesquisadores, evitando que fatores externos e possíveis de desviar o

delineamento dessa sejam relevantes96. Apesar das dificuldades encontradas

em estudos in vivo, o que muitas vezes pode acarretar em diminuição do

tamanho da amostra, fenômenos dolorosos como a SPO somente podem ser

detectados clinicamente97.

Page 47: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

47

Baseado nos resultados apresentados e na literatura, supõe-se que a SPO

está relacionada a procedimentos operatórios inadequados, indicação

equivocada do material, diagnóstico duvidoso, negligência ao protocolo de

uso, e não somente atribuída às características dos materiais utilizados como

os sistemas de união.

Page 48: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

48

7- CONCLUSÃO:

De acordo com a metodologia empregada e com base na análise

estatística, concluiu-se que:

-Não houve diferença entre os resultados de SPO após aplicação de

estímulos ao frio e relato do paciente, quando comparou-se as restaurações

confeccionadas em cavidades amplas e profundas com os três sistemas de

união empregados ao longo de todos os tempos testados (0, 2, 7, 180, 365

dias).

Page 49: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

49

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Apêndice 1

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Apêndice 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE 1-Você está sendo convidado para participar da pesquisa clínica de restaurações posteriores com resina composta em dentes vitais. Dissertação de Mestrado: “Sensibilidade pós-operatória em restaurações diretas extensas utilizando sistemas adesivos convencionais”. 2-Você foi selecionado e sua participação não é obrigatória. 3-Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição. 4-Os objetivos deste estudo são: avaliar clinicamente e MEV a sensibilidade a curto (dois e sete dias), médio (180dias) e longo prazo (360dias). 5-Sua participação nesta pesquisa consistirá em receber tratamento convencional com técnica correta e materiais de qualidade. 6-Os riscos relacionados com sua participação são os de qualquer procedimento em dentística. 7-Os benefícios relacionados com a sua participação são: receber tratamento restaurador adequado, não incluindo técnicas, materiais duvidosos ou experimentais. 8-As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidencias e asseguramos o sigilo sobre sua participação. 9-Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação (o pesquisador protegerá e assegurará a privacidade). 10- Em caso de necessidade de tratamento endodôntico do elemento avaliado, e demais tratamentos referentes a outras especialidades, o referido projeto tem o único compromisso de encaminhar à clínica odontológica da UFPA. Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar. Belém, _____ de _______________ de 200_ _________________________________________ Sujeito da pesquisa * Dados do Pesquisador: Karina Gama Kato Carneiro. CRO:3369 Rua Domingos Marreiros, 350, apto1501. Bairro Umarizal. Tel (91) 32225658/91467100. -Comitê de Ética e Pesquisa em seres Humanos do Instituto de ciências da saúde da UFPA: Complexo sala de aula/CCS, Sala13, Cidade Universitária Professor José Silveira Neto, nº1, Guamá. CEP:66075-110. Belém, Pará. Tel/fax:32018028-32017735.

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61

Apêndice 3

Prontuário Odontológico:“Sensibilidade pós-operatória em restaurações diretas extensas utilizando sistemas adesivos convencionais”. 1 – IDENTIFICAÇÃO: NOME:_____________________________________________________ DATA DE NASC:__________ SEXO:______ IDADE:_________ ESTADO CIVIL:______ TIPO SANGUINEO:____ OCUPAÇÃO:_________________. ENDEREÇO:_____________________________________________ CEP:_______________ FONE:______________ CELULAR:______________ E-MAIL___________________ INDICAÇÃO:____________________________________FONE:_______ 2 – HISTÓRIA MÉDICA: Está bem de saúde?______________ Está sob cuidados médicos?______ Motivo_______________________ Data da última consulta__________ Médico resp._______________ fone:__________ Está tomando algum medicamento?_________Qual?____________________________ Alergia?_____________________________________________________ Foi hospitalizado nos últimos anos?__________________________________________ Pressão sanguínea:_____________________ 3 – HÁBITOS DO PACIENTE Fumante:__________________ idade:__________________ Álcool:_______________________________ Outros (Parafunção)?_____________________________________________

Marque as doenças passadas e presentes. Alergia

Ataque cardíaco Enfisema

Anemia Cirurgia cardíaca Enxaqueca

Angina de peito

Enfarte Epilepsia

Artrite Hipertensão Febre reumática

Câncer Insuficiência cardíaca

Glaucoma

Dor de cabeça Marcapasso Hepatite

Depen dência

Sopro Hemofilia

Diabete Doenças de chagas

Herpes

Distúrbio nervoso

Doença congênita Icterícia

____________________________________ Assinatura do paciente/ Data.

Page 62: 1- INTRODUÇÃO: O uso de materiais resinosos e estéticos em

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Testes Espontâneos

*Relatos do paciente (sem aplicação de estímulos)

0 (zero) – nenhum tipo de desconforto notado. O paciente não alterou sua rotina de mastigação e ingestão de alimentos. 1 (um) - desconforto discreto no período durante a mastigação e a ingestão de alimentos . O paciente percebeu uma leve alteração na sensibilidade, mas não alterou sua rotina de mastigação e ingestão de alimentos. 2 (dois) - desconforto acentuado (dor) durante a mastigação e a ingestão de alimentos. O paciente alterou sua rotina de mastigação naquele local. 3 (três) - Insuportável desconforto que condicionasse ao tratamento endodôntico ou substituição imediata da restauração **Com aplicação de estímulos (Frio): Escala visual analógica modificada de 0 a 10.

Baseline Sem estímulo* Frio** Dente:

2dias Sem estímulo* Frio** Dente:

7 dias Sem estímulo* Frio** Dente:

180dias Sem estímulo* Frio** Dente:

360dias Sem estímulo* Frio** Dente: Tempo

Controle Sem* estímulo Frio*

Dente:

Observações:

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Apêndice 4

Média de sensibilidade Adesivo

Tempo AB SB XP Média geral

0 0,60 ± 0,18 0,30 ± 0,16 0,55 ± 0,20 0,48

2 0,50 ± 0,20 0,20 ± 0,20 0,35 ± 0,17 0,35

7 0,20 ± 0,14 0,10 ± 0,10 0,20 ± 0,14 0,17

180 0,00 ± 0,00 0,25 ± 0,18 0,10 ± 0,10 0,12

365 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00

Média geral 0,26 0,17 0,24 0,22