1ª fase 05...raul machado horta: expansiva – prevê novos temas e amplia temas antes tratados. o...

14
1 TJMS 1ª Fase

Upload: others

Post on 24-Oct-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 1

    TJMS

    1ª Fase

  • 2

    DIA 05 – TERÇA-FEIRA – 04/02/2020

    METAS

    CONSTITUCIONAL:

    • Resolver as 9 questões do Instituto Consulplan sobre Direito Constitucional e, depois, resolver 16 questões da CONSULPLAN sobre Teoria da Constituição (1h)

    CIVIL: • Resolver as 7 questões existentes do Instituto Consulplan sobre Direito

    Civil e, depois, resolver outras 43 questões da CONSULPLAN sobre Parte Geral (2h)

    REVISÕES

    • 24H – Direito Processual Civil: questões sobre Novo CPC em provas da CONSULPLAN (03.02)

    CONSTITUCIONAL COMO ESTUDAR?

    ➔ Resolver as 9 questões do Instituto Consulplan sobre Direito Constitucional e, depois, resolver 16 questões da CONSULPLAN sobre Teoria da Constituição (1h)

    • Acessar o site Qconcursos e colocar os seguintes filtros: o DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL; o BANCA: INSTITUTO CONSULPLAN.

    • Lembrar sempre de EXCLUIR AS QUESTÕES ANULADAS OU DESATUALIZADAS.

    • Após, mude o filtro “BANCA” para CONSULPLAN e inclua o “ASSUNTO” TEORIA DA CONSTITUIÇÃO.

    • Durante a resolução, inclua os dispositivos de lei que errou na folha de revisão do material Notarium, para futuras consultas.

    OBSERVAÇÕES

    • Nesse espaço, serão indicadas as principais observações e conclusões às quais os professores chegaram ao resolver as questões, destacando assim os pontos em que os alunos devem ter mais atenção.

  • 3

    • Não se preocupe se não for bem nas questões do Instituto Consulplan. Seus temas são variados e serão todos trabalhados mais detalhadamente ao longo do curso.

    • Já nas questões de Teoria da Constituição, os alunos vão perceber que o tema de hoje é muito carregado de concepções doutrinárias, com poucas questões que podem ser resolvidas com base no texto constitucional seco. Faremos alguns comentários a seguir, apresentando algumas classificações e ideias centrais básicas que os alunos devem conhecer.

    • De qualquer forma, aqueles que sentirem muitas dificuldades com a matéria podem buscar se aprofundar na doutrina. Aconselhamos aqui novamente o Manual Esquematizado da OAB, do professor Pedro Lenza. A matéria trabalhada hoje está logo no início do livro, exposta de forma suficientemente profunda, mas bastante resumida, o que é ideal para o nosso concurso, que não cobra o tema com grande profundidade. O livro também inclui um quadro resumo que trabalha muito bem a história das Constituições brasileiras, outro tema com incidência razoável, até mesmo em provas de cartório, como por exemplo no 11º Concurso de São Paulo.

    • Questões resolvidas: o As questões são bem variadas, cobrando os mais diversos pontos

    da matéria. No entanto, a grande maioria tem em comum o fato de cobrar o conhecimento do texto seco do CTN e da CF. A leitura destes diplomas é fundamental e será feita no decorrer do curso. A seguir, destacamos alguns pontos em que alguns comentários para além do texto legal se fazem úteis.

    o PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL: ▪ Princípio do efeito integrador: nas resoluções de problemas

    jurídico-constitucionais, deve ser dada primazia à coesão sócio-política, ou seja, soluções que favoreçam a integração política e social, reforçando a unidade política.

    ▪ Princípio da Unidade da Constituição: a Constituição deve ser sempre interpretada em sua globalidade, como um todo, e assim, as aparentes antinomias deverão ser afastadas.

    ▪ Princípio da justeza ou da conformidade funcional: a interpretação constitucional não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional estabelecido pela Constituição.

    ▪ Princípio da máxima efetividade: a interpretação constitucional deve buscar dar à Constituição a mais ampla efetividade.

    ▪ Princípio da concordância prática ou harmonização: a aplicação de uma norma constitucional deve realizar-se em conexão com a totalidade das normas constitucionais.

    ▪ Princípio da força normativa: os aplicadores da Constituição, ao solucionar conflitos, devem conferir a máxima efetividade às normas constitucionais.

  • 4

    ▪ Princípio da interpretação conforme a constituição: deve-se preferir a exegese que mais se aproxime da constituição.

    ▪ Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade: equilíbrio na concessão de poderes, privilégios ou benefícios. Pelos critérios da proporcionalidade pode-se avaliar a adequação e a necessidade de certa medida, bem como, se outras menos gravosas aos interesses sociais não poderiam ser praticadas em substituição àquela empreendida pelo Poder Público.

    o SENTIDOS MATERIAL E FORMAL DE CONSTITUIÇÃO: ▪ Constituição Formal: é o documento escrito por um órgão

    soberano, que contém um conjunto de normas hierarquicamente superior às leis comuns, independentemente de seu conteúdo. Portanto, de acordo com essa concepção, não é o conteúdo das normas que lhe dá caráter constitucional. Todas as normas inseridas no texto da Constituição são normas constitucionais.

    ▪ Constituição Material: por outro lado, em sua acepção material Constituição é o conjunto de normas que trata de temas propriamente constitucionais, sendo estes a organização e a forma do Estado, a organização dos Poderes e os Direitos Fundamentais.

    o CLASSIFICAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA: são inúmeras as classificações das Constituições apresentadas pela doutrina. Para uma visão mais geral, sugerimos uma rápida leitura do tema no Manual do Pedro Lenza indicado acima. Aqui, indicaremos apenas as principais classificações aplicadas à Constituição Brasileira de 1988:

    ▪ Quanto à origem: PROMULGADA – texto construído com efetiva participação popular;

    ▪ Quanto à forma: ESCRITA/INSTRUMENTAL – seus dispositivos são escritos e sistematizados em um único documento;

    ▪ Quanto à extensão: ANALÍTICA – extensa, trabalhando a fundo diversos temas;

    ▪ Quanto ao conteúdo: FORMAL – todas as normas inseridas no texto constitucional têm hierarquia superior à das leis, independentemente do tema que trabalham;

    ▪ Quanto ao modo de elaboração: DOGMÁTICA – elaborada em ocasião certa, por um órgão determinado;

    ▪ Quanto à alterabilidade: RÍGIDA – para ser alterada exige a observância de um processo legislativo mais solene e complexo;

    ▪ Quanto à dogmática: ECLÉTICA – mescla diversas ideologias;

    ▪ Quanto à correspondência com realidade: NORMATIVA – apesar de ainda não reproduzir de forma fiel o estado

  • 5

    político e social do Estado, realmente pretende alcançar esse estágio;

    ▪ Quanto ao sistema: PRINCIPIOLÓGICA – prevalência de princípios, que são normas constitucionais com alto grau de abstração, focadas em valores, e cuja concretização carece de normatização regulamentadora;

    ▪ Manoel G. F. Filho: GARANTIA E DIRIGENTE – garantia, pois prevê diversas normas garantidoras de direitos individuais e coletivos e também dirigente, visto que possui normas programáticas e estabelece diretrizes a serem cumpridas pelo Poder Público visando a evolução política.

    ▪ Raul Machado Horta: EXPANSIVA – prevê novos temas e amplia temas antes tratados.

    o CLASSIFICAÇÕES DO PODER CONSTITUINTE: ▪ ORIGINÁRIO: Inicial (não existe nenhum outro poder antes

    ou acima dele, já que ele próprio cria o ordenamento constitucional); autônomo (cabe apenas a ele definir a ideia de direito que irá prevalecer dentro do Estado); incondicionado (não está submetido à observância de qualquer FORMA ou CONTEÚDO preexistente); ilimitado, soberano, independente;

    ▪ DERIVADO: • DECORRENTE: responsável por elaborar e modificar

    as CONSTITUIÇÕES DOS ESTADOS- MEMBROS. Obs.: ele só existe em ESTADOS FEDERATIVOS e é criado pela CF. É limitado JURIDICAMENTE pela Constituição que o criou.

    o Obs.: PRINCÍPIO DA SIMETRIA – O modelo adotado pela CF deve ser observado pelas Constituições Estaduais (a CF funciona como paradigma), bem como pelas Leis Orgânicas Municipais (art. 29 da CF). Desse princípio decorrem as NORMAS DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA (ex: art. 59 e seguintes- processo legislativo; art. 58, § 3º- CPI).

    • REVISOR: art. 3º da ADCT. A revisão é uma via EXTRAORDINÁRIA de alteração da Constituição. Foi prevista para 05 ANOS após a promulgação da CF (já foi realizada em 1993 e não pode ser feita outra). Obs: o requisito formal é MAIORIA ABSOLUTA em sessão UNICAMERAL (mais simples do que a reforma).

    • REFORMADOR: art. 60, da CF. É a via ORDINÁRIA de alteração da Constituição.

    o CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAL DE ACORDO COM SUA EFICÁCIA (JOSÉ AFONSO DA SILVA):

    ▪ Eficácia Plena: aplicabilidade direta, imediata e integral.

  • 6

    ▪ Eficácia Contida (ou Prospectiva): são dotadas de

    aplicabilidade direta, imediata, mas não integral (o

    legislador pode restringir a sua eficácia). ▪ Eficácia Limitada: têm a sua aplicabilidade indireta, mediata

    e diferida (postergada, pois somente a partir de uma norma posterior poderão produzir eficácia). Dentro desta última categoria, podemos ainda subdividir:

    • Normas de princípio institutivo (ou organizativo): são normas de conteúdo eminentemente organizatório e regulativos dependentes de intermediação legislativa para estruturar entidades, órgãos ou instituições contemplados no texto constitucional.

    • Normas de princípio programático: normas que apenas indicam diretrizes e finalidades a serem perseguidas pelo legislador ordinário, sem determinar com precisão os meios pelos quais isso será alcançado.

    ▪ OBS.: Muita atenção a essa classificação, pois é a mais cobrada em concursos.

    o PRINCIPAIS CONCEPÇÕES CLÁSSICAS DE CONSTITUIÇÃO:

    ▪ Lassale: Constituição é a soma dos fatores reais do poder.

    Efetivo poder social (Constituição Sociológica).

    ▪ Kelsen: Constituição é a norma hipotética fundamental.

    Pressuposto de validade de todas as Leis (Constituição

    Jurídica).

    ▪ Schmitt: Constituição é a decisão política fundamental do

    titular do Poder Constituinte (Constituição Política).

    ▪ Hesse: Constituição ordena de acordo com a realidade

    política e social (Força Normativa da Constituição).

    ▪ Haberle: Constituição é resultado da interpretação social

    conforme o contexto histórico (Sociedade Aberta dos

    Intérpretes da Constituição).

    ▪ Canotilho: Definiu a Constituição Dirigente, que é aquela

    permeada de ideais a serem implementados futuramente,

    que traça um plano para o país.

    ▪ OBS.: Há inúmeras outras concepções na doutrina. Aqui,

    buscamos apontar as mais clássicas e mais

    frequentemente cobradas.

    o CONCEITO DE MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: Mutação

    constitucional é fenômeno oriundo do chamado Poder

    Constituinte Difuso, que opera a modificação do sentido atribuído

    a determinada norma constitucional sem que haja qualquer

  • 7

    alteração de seu texto. Isso se dá de forma gradual, com as

    mudanças da própria sociedade que aquela Constituição regula.

    Trata-se de uma adaptação da norma à nova realidade em que ela

    é inserida. Hoje, o Supremo Tribunal Federal tem aplicado a tese

    da mutação constitucional em alguns casos, como, por exemplo:

    ADI 3.345, rel. min. Celso de Mello, j. 25-8-2005, P, DJE de 20-8-

    2010; AP 937 QO, rel. min. Roberto Barroso, j. 3-5-2018, P,

    Informativo 900.

    ▪ OBS.: Atenção a esse tema. O aluno perceberá que é um dos

    favoritos da banca nesta parte da matéria.

    CIVIL COMO ESTUDAR?

    ➔ Resolver as 7 questões existentes do Instituto Consulplan sobre Direito Civil e, depois, resolver outras 43 questões da CONSULPLAN sobre Parte Geral (2h)

    • Acessar o site Qconcursos e colocar os seguintes filtros: o DISCIPLINA: DIREITO CIVIL; o BANCA: INSTITUTO CONSULPLAN.

    • Lembrar sempre de EXCLUIR AS QUESTÕES ANULADAS OU DESATUALIZADAS.

    • Após, mude o filtro “BANCA” para CONSULPLAN e inclua o “ASSUNTO” PARTE GERAL, resolvendo mais 43 questões.

    • Hoje, lembre-se também de excluir as questões já resolvidas, a fim de evitar a repetição das questões de sexta-feira passada.

    • Durante a resolução, inclua os dispositivos de lei que errou na folha de revisão do material Notarium, para futuras consultas.

    OBSERVAÇÕES

    • Questões resolvidas:

    o Hoje, a esmagadora maioria das questões era passível de resolução por meio do simples conhecimento do texto legal. Foram poucas as questões que fogem desse padrão e trabalham algum aspecto mais doutrinário.

    o As questões trabalham todos os temas da Parte Geral. Trata-se de uma área que o candidato a concursos de cartório deve dominar. Há, porém, alguns temas que são mais frequentes, como por exemplo prescrição e decadência, defeitos dos negócios jurídicos, requisitos do negócio jurídico, pessoas jurídicas e domicílio.

  • 8

    o A seguir, esquematizamos alguns temas da parte geral do Direito Civil, inclusive extrapolando um pouco as matérias cobradas nas questões.

    o TEORIAS SOBRE O COMEÇO DA PERSONALIDADE: ▪ Teoria Natalista: corrente que prevalece entre os autores

    clássicos do Direito Civil, para quem o nascituro não poderia ser considerado pessoa, pois é exigido para tanto o nascimento com vida. Assim, tal sujeito teria apenas mera expectativa de direito, a qual se concretizaria quando ele respirasse fora do ventre materno. É a teoria abarcada por uma interpretação literal do art. 2º do Código Civil.

    ▪ Teoria Concepcionista: a contrário, defende que o nascituro já possui personalidade, com todos os seus direitos correspondentes. Se sustenta sob o argumento de que o Direito protege uma série de direitos do nascituro desde a concepção, como por exemplo os direitos da personalidade e os alimentos gravídicos.

    ▪ Teoria Mista (ou da Personalidade Condicionada): para essa corrente, o nascituro tem personalidade desde o momento de sua concepção. Porém, sob seus direitos penderia a condição suspensiva de seu nascimento com vida. O nascimento, portanto, retroagiria à data da concepção, garantindo ao indivíduo o exercício de todos esses direitos que se encontravam sob condição. Em geral, os adeptos dessa corrente fazem a seguinte distinção:

    • Personalidade jurídica formal (ou constitucional): refere-se à proteção dos direitos da personalidade do nascituro, que já lhe é garantida independentemente do nascimento com vida.

    • Personalidade jurídica material: trata da aderência patrimonial, a capacidade de ser sujeito de direitos, titular de relações jurídicas. Fica condicionada ao nascimento com vida. Se tal condição não ocorrer, nenhum direito patrimonial do nascituro subsiste.

    o FATO JURÍDICO x ATO JURÍDICO x NEGÓCIO JURÍDICO x ATO-FATO JURÍDICO

    ▪ FATO JURÍDICO: em sentido amplo, é gênero que abrange as demais denominações todas, inclusive o ato jurídico. Em sentido estrito, trata dos fatos não decorrentes da vontade humana que são capazes de gerar efeitos jurídicos (ex.: terremotos e enchentes).

    ▪ ATO JURÍDICO: trata-se de espécie do gênero fato jurídico em sentido amplo; em sentido amplo, é todo fato que consubstancia uma manifestação da vontade humana, gerando efeitos jurídicos. Em sentido estrito, é toda aquela manifestação de vontade cujos efeitos encontram-se legalmente previstos, sem se subordinar à autonomia da

  • 9

    vontade da parte. Assim, há vontade na decisão de praticar ou não o ato, mas não no momento de regular seus efeitos.

    ▪ NEGÓCIO JURÍDICO: trata-se de espécie do gênero ato jurídico em sentido amplo; é o acontecimento originado da vontade humana, cujos efeitos jurídicos também são determinados pela vontade das partes envolvidas, dentro dos limites legais. Pode ser unilateral, quando aperfeiçoado por uma só manifestação de vontade (ex.: testamento), ou bilateral, quando depender de duas manifestações (ex.: compra e venda).

    ▪ ATO-FATO JURÍDICO: trata-se de classificação doutrinária que abrange aqueles atos humanos onde a vontade não é fator relevante. Assim, diferenciam-se dos fatos jurídicos em sentido estrito porque não decorrem de forças da natureza; mas também não são atos jurídicos porque não envolvem a vontade do agente como fator decisivo, pois a lei desconsidera eventual vontade existente. Um exemplo tradicional é a descoberta de um tesouro.

    o ESCADA PONTEANA: trata-se de uma classificação de Pontes de Miranda, que atribui ao Negócio Jurídico diferentes “planos”:

    ▪ EXISTÊNCIA: o plano da existência é atingido quando presentes os requisitos mínimos do negócio jurídico, chamados de pressupostos de existência. Sem eles, o negócio é INEXISTENTE. A lei não trata do negócio inexistente, razão pela qual há grandes discussões doutrinárias sobre quais elementos pertenceriam a esse plano. Adotaremos aqui a classificação mais abrangente, que prevê como requisitos de existência do negócio jurídico: a) agente; b) forma; c) objeto; d) vontade.

    ▪ VALIDADE: satisfeitos os requisitos do primeiro plano, passa-se à análise do segundo plano do negócio jurídico, que é o plano da validade. Seus requisitos estão previstos no art. 104 do CC: a) agente CAPAZ; b) objeto LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO ou DETERMINÁVEL; c) forma PRESCRITA ou NÃO DEFESA EM LEI; d) vontade LIVRE, CONSCIENTE E VOLUNTÁRIA (esse requisito não se encontra no art. 104 do CC, mas guarda relação com os defeitos do negócio jurídico dos arts. 138 a 165 do CC). Percebe-se que aqui estão presentes todos os requisitos de existência, mas com importantes qualificações. Uma vez feridos esses requisitos, tem-se um negócio NULO ou ANULÁVEL. Para saber de qual dessas hipóteses estamos tratando, cabe analisar os artigos 166 e 171 do CC:

    • Negócio nulo (art. 166): I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

  • 10

    IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

    • Negócio anulável: “Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.”

    ▪ EFICÁCIA: no plano da eficácia, tem-se os chamados ELEMENTOS ACIDENTAIS do negócio jurídico, que determinam a partir de quando ou até quando estes produzirão efeito. Nos referimos ao TERMO, ao ENCARGO e à CONDIÇÃO, trabalhados nos artigos 121 a 137 do Código Civil.

    o VIS ABSOLUTA X VIS RELATIVA (COAÇÃO): ▪ A primeira é a coação física, ou absoluta. Não permite

    qualquer manifestação de vontade ou consentimento, pois retira toda a liberdade de ação da outra parte. Pela ausência do consentimento, que é requisito de EXISTÊNCIA do negócio jurídico, tem-se aqui um NEGÓCIO INEXISTENTE.

    ▪ A segunda é a coação moral, ou relativa, prevista no Código Civil nos artigos 151 a 155. Como aqui há apenas um defeito na manifestação de vontade, o negócio é ANULÁVEL (art. 171 do CC), com prazo decadencial de quatro anos a contar do dia que cessa a coação (art. 178, I).

    o DOLUS BONUS: O dolus bonus consiste no leve exagero cometido pelo negociante que valoriza o produto ou serviço que oferta. É o tipo de dolo tolerado pelo ordenamento, não gerando a invalidade do negócio jurídico. Sua tolerância se deve ao fato de que não há, nesse caso, grandes prejuízos ao outro negociante, que com um mínimo de diligências pode atestar a real qualidade do produto ou serviço. Além disso, a conduta é socialmente aceita, e até mesmo esperada, pois é natural que um vendedor superestime seu produto.

    o DOLO DE APROVEITAMENTO: trata-se do elemento subjetivo essencial à configuração do ESTADO DE PERIGO (art. 156, CC). É a intenção de um dos contratantes de se aproveitar da necessidade da outra parte de salvar a si ou a membro de sua família de grave dano iminente. Quando a lei se refere a “grave dano conhecido da outra parte”, está exigindo a figura do dolo de aproveitamento. Por outro lado, não há menção à ciência da outra parte no instituto da LESÃO (art. 157 do CC). Por isso, entende-se que nesse caso o dolo de aproveitamento não é necessário.

  • 11

    o CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA FRAUDE CONTRA CREDORES: uma das questões considerava correta a afirmativa de que o negócio eivado do vício social da fraude contra credores é ANULÁVEL. Isso é o que determina expressamente o artigo 158 do CC. No entanto, há fortes discussões na doutrina e na jurisprudência brasileira sobre o tema. Vem prevalecendo hoje entendimento diverso, segundo o qual a fraude contra credores determina apenas a INEFICÁCIA do negócio perante os credores prejudicados. Isso porque tal consequência é a mais adequada ao fim almejado pela lei, que é o de resguardar o interesse dos credores. Assim, nas provas, marque como correta a afirmativa que menciona o negócio anulável, salvo se houver menção específica ao posicionamento doutrinário e jurisprudencial. Para as fases seguintes, é interessante expor essa discussão ao examinador.

    o SIMULAÇÃO MALICIOSA E INOCENTE: a simulação maliciosa, fraudulenta, é aquela que tem a intenção de prejudicar terceiros ou violar a lei. A simulação inocente, por outro lado, é aquela na qual não há má-fé das partes, que não têm o intuito de prejudicar ninguém nem de burlar a lei. Ocorre quando o ato dissimulado é, em verdade, permitido pelo ordenamento. Essa classificação não tem relevância prática em nosso Direito Civil atual, tendo em vista que a ambas se aplicam o mesmo regramento (art. 167 do CC). Em síntese, é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsiste o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Não importa se houve ou não má-fé das partes.

    o SIMULAÇÃO ABSOLUTA e RELATIVA: Trata-se de outra classificação doutrinária, porém essa com efeitos práticos. A simulação absoluta é aquela na qual as partes, na realidade, não desejavam celebrar negócio jurídico algum, celebrando apenas um simulacro com a intenção de prejudicar terceiros ou fraudar a lei. Sua consequência é simplesmente a NULIDADE do negócio simulado. Já a simulação relativa ocorre quando o negócio simulado pretende ocultar outro, que é aquele que as partes realmente desejam realizar. Aplica-se, nesse caso, a parte final do art. 167, caput, que determina que o negócio dissimulado (ou seja, oculto) subsistirá se for válido na forma e na substância.

    o Enunciado nº 11 CJF: “Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens imóveis por acessão intelectual, não obstante a expressão "tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente", constante da parte final do art. 79 do Código Civil.”

    o DIVISÃO DOS BENS ACESSÓRIOS:

    ▪ Frutos: utilidades que a coisa principal produz

    periodicamente e cuja percepção não diminui a sua

    substância.

  • 12

    ▪ Produtos: São as utilidades que se retira da coisa,

    diminuindo-lhe a quantidade, e que não se renovam.

    ▪ Pertenças: São os bens móveis que são afetados de forma

    duradoura ao uso, serviço ou aformoseamento de outro

    bem, sem que sejam considerados suas partes integrantes

    (art. 93). ▪ Benfeitorias: São obras ou despesas realizadas pelo

    homem na estrutura da coisa principal, com o propósito de conservá-la (benfeitorias necessárias), melhorá-la (benfeitorias úteis) ou embelezá-la (benfeitorias voluptuárias).

    o BENS PÚBLICOS: em que pese a definição trazida pelo Código Civil, segundo a qual são bens públicos apenas aqueles bens pertencentes a pessoas jurídicas de direito público (art. 98), a doutrina (principalmente a ligada ao Direito Administrativo) e a jurisprudência adotam uma definição mais ampla, para a qual, além dos casos do art. 98 do CC, também são bens públicos aqueles afetados ao desempenho de funções públicas, mesmo que da titularidade de pessoas de direito privado, que são todos submetidos a um regime jurídico de direito público. Segue a reprodução do conceito de Justen Filho (2015, p. 1159): “Bens públicos são os bens jurídicos atribuídos à titularidade do Estado, submetidos a regime jurídico de direito público, necessários ao desempenho das funções públicas ou merecedores de proteção especial.”

    JURISPRUDÊNCIAS RELACIONADAS

    • Questões resolvidas: o PRAZO PRECRICIONAL – INADIMPLEMENTO CONTRATUAL –

    STJ: Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade contratual, aplica-se a regra geral (art. 205 CC/2002) que prevê 10 anos de prazo prescricional e, quando se tratar de responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002, com prazo de 3 anos. Para fins de prazo prescricional, o termo “reparação civil” deve ser interpretado de forma restritiva, abrangendo apenas os casos de indenização decorrente de responsabilidade civil extracontratual STJ. 2ª Seção. EREsp 1280825/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/06/2018 (Fonte – Dizer o Direito). DESCONSIDERE O ENUNCIADO 419 DO CJF, que considera de três anos o prazo prescricional em ambos os casos. Siga o STJ.

    o DANO MORAL – PESSOA JURÍDICA: Súmula 227, STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.” Porém, esse dano está relacionado exclusivamente à HONRA OBJETIVA da pessoa jurídica, já que esta não possui honra subjetiva. Para ilustrar o

  • 13

    tema, reproduzimos parte do voto do Min. Ruy Rosado Aguiar no RE n. 129.428/RJ, que é um dos precedentes que originou a Súmula: “A pessoa jurídica, criação da ordem legal, não tem capacidade de sentir emoção e dor, estando por isso desprovida de honra subjetiva e imune à injúria. Pode padecer, porém, de ataque à honra objetiva, pois goza de uma reputação junto a terceiros, passível de ficar abalada por atos que afetam o seu bom nome no mundo civil ou comercial onde atua. Esta ofensa pode ter seu efeito limitado à diminuição do conceito público de que goza no seio da comunidade, sem repercussão direta e imediata sobre o seu patrimônio. Assim, embora a lição em sentido contrário de ilustres doutores (Horacio Roitman e Ramon Daniel Pizarro, El Daño Moral y La Persona Juridica, RDPC, p. 215) trata-se de verdadeiro dano extrapatrimonial, que existe e pode ser mensurado através de arbitramento. É certo, que, além disso, o dano à reputação da pessoa jurídica pode causar-lhe dano patrimonial, através do abalo de crédito, perda efetiva de chances de negócios e de celebração de contratos, diminuição de clientela etc., donde concluo que as duas espécies de danos podem ser cumulativas, não excludentes.”

    o Enunciado 01, da I Jornada de Direito Civil do CJF: “A proteção que o Código Civil confere ao nascituro alcança o natimorto, no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.”

    o Jurisprudência em Teses, STJ, Ed. n. 125: “4) A legitimidade para pleitear a reparação por danos morais é, em regra, do próprio ofendido, no entanto, em certas situações, são colegitimadas também aquelas pessoas que, sendo muito próximas afetivamente à vítima, são atingidas indiretamente pelo evento danoso, reconhecendo-se, em tais casos, o chamado dano moral reflexo ou em ricochete.”

    o ADI n. 4815, julgada em 29/01/2016: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. artigos 20 E 21 DA LEI N. 10.406/2002 (CÓDIGO CIVIL). PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS. MÉRITO: APARENTE CONFLITO ENTRE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE INFORMAÇÃO, ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE DE CENSURA OU AUTORIZAÇÃO PRÉVIA (artigo 5º INCS. IV, IX, XIV; 220, §§ 1º E 2º) E INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS (artigo 5º, INC. X). ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA INTERPRETAÇÃO DE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE CENSURA (ESTATAL OU PARTICULAR). GARANTIA CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE DIREITO DE RESPOSTA. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE PARA DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS artigos 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO. (...)

  • 14

    9. Ação direta julgada procedente para dar interpretação conforme à Constituição aos artigos 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes).

    o ADI n. 4451, julgada em 01/03/2019: LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO DE IDEIAS. VALORES ESTRUTURANTES DO SISTEMA DEMOCRÁTICO. INCONSTITUCIONALIDADE DE DISPOSITIVOS NORMATIVOS QUE ESTABELECEM PREVIA INGERÊNCIA ESTATAL NO DIREITO DE CRITICAR DURANTE O PROCESSO ELEITORAL. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL AS MANIFESTAÇÕES DE OPINIÕES DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A LIBERDADE DE CRIAÇÃO HUMORISTICA. (...) 3. São inconstitucionais os dispositivos legais que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático. Impossibilidade de restrição, subordinação ou forçosa adequação programática da liberdade de expressão a mandamentos normativos cerceadores durante o período eleitoral. (...) 5. O direito fundamental à liberdade de expressão não se direciona somente a proteger as opiniões supostamente verdadeiras, admiráveis ou convencionais, mas também aquelas que são duvidosas, exageradas, condenáveis, satíricas, humorísticas, bem como as não compartilhadas pelas maiorias. Ressalte-se que, mesmo as declarações errôneas, estão sob a guarda dessa garantia constitucional. 6. Ação procedente para declarar a inconstitucionalidade dos incisos II e III (na parte impugnada) do artigo 45 da Lei 9.504/1997, bem como, por arrastamento, dos parágrafos 4º e 5º do referido artigo.

    REVISÕES

    COMO ESTUDAR?

    • 24H – Direito Processual Civil: questões sobre Novo CPC em provas da CONSULPLAN (03.02)

    Dedicar 30 minutos à leitura da folha de revisões, para relembrar os erros e

    dúvidas surgidos quando da resolução de questões sobre os temas acima.