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32 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

1ª Edição - Setembro 2016

Gráfica Assoeste e Editora Ltda.

Cascavel - PR

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54 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Dedicatória

Dedico esta obra a todos que contribuíram para a recupe-

ração de minha saúde, a Psiquiatra Doutora Andréa Maria Rigo

Lise, aos zeladores, zeladoras, secretários, secretárias, médicos,

médicas, enfermeiros, enfermeiras, diretores, diretoras, proprie-

tários, proprietárias, aos governantes que edificam hospitais, a todos dos hospitais: Hospital Santa Izabel, de Santo Antônio do

Sudoeste – Pr., Hospital Regional e Hospital São Francisco de

Francisco Beltrão – Pr. e do Hospital São Lucas de Cascavel - Pr.

A Minha namorada Lidinalva Rufino dos Santos, por todo o apoio e compreensão.

A meu filho, André Cassiano Messias Valdameri, pela compreensão e motivação, desde seu nascimento tem me mo-

tivado a lutar pela construção de um ambiente ecologicamente

equilibrado.

A Professora Maristela Becker Miranda, que sempre sou-

be compreender as dificuldades pelas quais passei.A Professora, Doutora Irene Carniatto de Oliveira, que

desde a orientação de meu Mestrado me cobra e orienta a escre-

ver, que colaborou com esta obra, além de escrever seu prefácio e

G635f Gonçalves, Valdenir Folhas da saudade / Valdenir Gonçalves. - Cascavel: ASSOESTE, 2016. 86p.: il.: fotos

1. Poesia brasileira. I. Título.

ISBN: 978 85 99994-67-2

CDD 869.91

Bibliotecária - Hebe Negrão de Jimenez - CRB 101/9

Proibido a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização impressa do autor.

CAPA: New Midia Comunicação

REVISÃO: Profª. Iloir Siqueira Lavarda

ARTE: Danni Nicolino Dias

IMPRESSÃO: Gráfica Assoeste e Editora Ltda.

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um artigo fez o Sumário e além destes, me orientou muitas vezes

durante o desenvolvimento da obra.

Aos amigos Edgar Bueno (Prefeito), Jair Pereira Gomes,

Miriam Jaqueline de Araújo Carlotto, José Peixoto da Silva Neto

(Peixoto), bem como, o piloto, enfermeiros, Médicos e Médicas, a

todos que trabalham no CONSAMU, que se dedicaram na minha

transferência para o Hospital São Lucas em Cascavel.

Ao Jornalista Jairo Eduardo, a Senhora Vania de Souza, Pastor Denny Peterson Martins, Doutor Roberto Almeida, Profes-

sor e Empresário Ivo José Triches, a Jornalista Miriam Duailibi,

Reverendo Marivaldo Rodrigues, por gentilmente terem concedi-

do entrevistas e escrito artigos enriquecendo este material.

Ao senhor Airton Arezi, que dedica a vida na produção de

alimentos livres de agrotóxicos, um homem e sua família dedica-

dos a produção agroecológica, contribuindo para a saúde humana

e do ambiente.

Agradecimento

Para que esta obra se tornasse realidade muitas pessoas

colaboraram, mas, preciso dizer que não apenas a obra em si foi

viabilizada, a minha vida adquiriu novo sentido graças a contribui-

ção deles.

O trabalho para realizar esta obra iniciou no exato mo-

mento em que Deus, o ser supremo a quem sempre agradeço

inspirou minha mãe a voltar à minha procura e encontrasse força

interior e física para me tirar do varal onde eu estava enroscado,

portanto, são muitas pessoas a serem agradecidas.

Agradeço a Deus pelo dom da vida, Minha mãe Terezinha

Santos Matos Valdameri, meu pai Irani Valdameri, ao Elizeu Lori-ni, aos motoristas, enfermeiros e médicos que se dedicaram para

minha recuperação.

As minhas irmãs Ivanilde Salete Valdameri e Elizete de Fátima Valdameri, as minhas sobrinhas, Ivanete Paula Valdameri de Sá, Leticia Michelle Hortolib e Milena Hortolib.

Aos amigos e amigas que se juntaram a mim pela oração.

Ao amigo Plácido Luiz Paraná de Oliveira Neto e todo o

grupo da Renovação Católica Carismática, que todas as terças-

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-feiras se reúnem em oração na Igreja Matriz, Santo Antônio de

Pádua, de Santo Antônio do Sudoeste.

A assistente Social Kauana C. Fogari, a Psicóloga An-

dressa Veiga pelo gentil empréstimo de material para pesquisa.A Amiga Professora Silvana Ferreira Messias, pelo em-

préstimo de material para pesquisa e pela compreensão em todos

os mementos que vivemos juntos, pelo muito que ensinamos e

aprendemos um ao outro.

A amiga e colega de profissão Professora, Iloir Siqueira Lavarda, que prontamente atendeu meu pedido para fazer a revi-

são geral deste livro.

Aos meus tios Antenor e Fioravante (Fiori) da Costa, por

todo o apoio a mim prestado.

Aos Primos Tranquilo Nicolau, Joacir da Costa, Iolanda

da Costa Bavio, Claudio Bavio (in Memórian), Vanderlei Nicolau, que estiveram a meu lado no hospital, orando, louvando pedindo

a Deus pela minha completa recuperação.

Ao Professor Luiz Carlos Bernardi e a Professora Lunalva

Bernardi, por tudo que me ensinaram, principalmente a dar os pri-

meiros passos no Magistério.

Aos integrantes da ONG Amigos dos Rios, que todos

os sábados domingos e feriados se reúnem para desenvolver

ações ambientais, o trabalho de todos tem sido fundamental na

minha recuperação, Abigail dos Santos de Oliveira, Alberto Ro-

drigues Pompeu (Professor Beto Pompeu), Joao Ailton Beckert,

Paulo Candido de Oliveira, Carmo Silvestre Henz (Guri), Felipe

Denis, Janari Ivo Messias Denis, Gesse Alves Lopes e Jair Pe-

reira Gomes.

Aos que se dedicam a organizar a documentação de nos-

sa ONG Ailton Martins Lima, Villimar Pedro Irber, Suzana Zilio, Izabel Machado, Alvaro M. Deluca, Aderbal de Holleben Melo,

Danielle Cristina Braz (Dani), Rodrigo Becker Miranda e Marcos

Otone.

Aos que sempre nos dão todo o suporte para desenvolver

ações Jairo Eduardo, Laidir Dalberto, Jair Cleiton Costa (Cleiton

Costa), Ivo Pegoraro, Elton Aluisio Stein, Jairo A. Moretti, Vera Teresinha Fortti, Luiz Antonio Lopes (Luizão), João Batista Nu-

nes Vieira, Josue de Souza, João Batista Cunha Junior, Jaime Vasatta, Nei Haveroth, Luiz Frare, Leila Marta Martins Viana, Ar-lei Luis Pauli, Carlos Constantino, Adenir de Lourdes Molina Mori

(Mariana), Edson Moreira de Souza, José Antonio de Souza (Zé da Marvilimpe), Professor Ivo José Triches, Paulo Luiz Cordeiro,

Professora Andrelina Pedroza Batisti, Professor Nildo Santello,

Professor Deonir Giacomini, Professora Doutora Irene Carniatto,

José Francisco Konolsaisen (Chico).

Ao Deputado Leonaldo Paranhos pela homenagem pres-

tada aos Amigos dos Rios, com título “Gente que Brilha” nos moti-

vando e indicando que estamos no caminho certo.

Aos Diretores(as) Elza Dolores Batistela Nichetti, Deonir

Giacomini, Ivone Batista Prado, Gleison Humberto Comineti, as

Pedagogas, Rosangela de Fatima Schran Takasi, Jocilene Tere-

zinha Otto Di Lauro, Taisa Pilatti Tessari, Terezinha Rengel e Vera Lucia Pires Bressan, pelo apoio e compreensão em minha ausên-

cia e apoio para a recuperação de minha saúde.

Aos alunos que ao longo de minha carreira no Magistério

têm me possibilitado a troca de conhecimento, especialmente os

que em dois mil e quatorze souberam compreender a dor daquele

momento e minha ausência por alguns dias.

A amiga Professora Rosângela Nietto e todos as amigas e

amigos da Agencia do Trabalhador de Cascavel Pr.

A Família Salvador, Valdir, Rose e Gustavo, a seus co-

laboradores, Danni e Mayara e todos os demais funcionários da

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Gráfica Assoeste pela sua dedicação a Cultura e o cuidado que dispendem ao Ambiente em seu Parque Gráfico.

A todos os veículos de comunicação que repercutem nos-

sas ações, a seus diretores, diretoras, proprietários, proprietárias,

e todos os funcionários das Rádios, Colmeia, CBN Cascavel, In-

dependência, Tarobá, T, Capital, Jovem Pam, CATVE, Cultura, Norte e Integração.

Aos canais de televisão, CATVE, Tarobá, RPC TV Oeste, RICTV, TV FAG, Araça, Stop, Naipi (Rede Massa).

Aos Portais de notícias CGN, CATVE, An6.Aos jornais O Paraná, Hoje, Pitoco, Gazeta do Paraná,

Gazeta do Povo, O Mercadão, Tribuna das Cidades, O Comunitá-

rio, Manchete Popular.

As Revistas Aldeia, Fatos, Nova Fase, Diference, Gente &

Notícias, Ação Empresarial e Revista Catedral.

Graças ao trabalho destes organismos de comunicação

nosso trabalho é divulgado possibilitando a entrada de novos

membros na ONG Amigos dos Rios, levando esta mensagem

inspiram muitos outros a replicarem estas ações, colaborando na

preservação de “nossa casa comum”.

Sempre serei grato pelo apoio de todos estes organismos,

peço desculpas por não citar nomes de pessoas, certamente dei-

xaria alguém sem citar deste modo seria injusto, sintam-se todos

agradecidos.

Prefácio

A presente obra VERDADES E SONHOS: uma História Real com dicas para superar a Depressão e evitar o Suicídio, de

Adelar José Valdameri, remete a uma das perguntas ontológicas mais importantes, que o homem busca respostas quanto à sua

existência: Quem sou? De onde venho? Para onde vou? Por que

estou aqui?

Responder a estas perguntas e entender o significado da vida tem sido crucial para a vida, a permanência e a saúde emo-

cional de todas as pessoas.

Esta obra tem uma grande importância e mérito, quando

alguém como o autor tem a ampla capacidade de expondo seus

sonhos, suas dificuldades, seus medos, abrir seu coração e sua vida, dividindo com todos nós sua experiência traumática de de-

pressão e tentativa de suicídio.

Nesta obra Adelar abre sua alma e relata com clareza, como

viveu e sentiu as etapas da depressão e como ocorreu sua tenta-

tiva de suicídio, a qual segundo seu relato, ele não consegue se

lembrar, de ter tentando absolutamente nada. Isso pode realmente

ajudar você, em quadros semelhantes que estejam à sua volta.

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Porque o autor toma essa decisão? Ouvindo-o e acom-

panhando, como amigo, durante esse processo e também muito

antes como aluno, pois o Adelar foi meu primeiro orientando de

Mestrado, o que nos causa muito orgulho, também como grande

parceiro das causas ambientalistas, e mesmo depois, nestes tem-

pos após esse acidente, não tenho dúvida de afirmar que ele faz isso, até porque ele próprio me disse: que era para compreender o

fenômeno e desequilíbrio físico-emocional que tomou conta de sua

vida. E também, por generosidade, o Adelar é naturalmente uma

pessoa muito generosa, se você precisar dele, ele sempre estará

pronto a fazer o maior esforço para atender a tua necessidade e

ajudá-lo, pronto a atender. Outras características do autor: ele pa-

rece sempre tranquilo, nunca o vi nervoso, bom amigo, educado,

polido, faz amizade fácil e tem sempre um sorriso calmo no rosto.

E nesta descrição eu gostaria de também ajudar a alguém

ou alguma família a começar a se indagar: Como pode alguém

assim, estar em profunda depressão e tentar suicídio?

Como entender o palco das ideias, das emoções e da

alma, que vai dentro de um ser humano que parece ser totalmente

tranquilo e ajustado às situações normais da vida? Como nós, fa-

mílias e amigos poderemos ter uma relação pessoal e emocional

com os que nos cercam, para que possa ter espaço nas conver-

sas e nas confidências, o abrir do coração e da alma, daqueles que passam por uma angústia e desequilíbrios deste tamanho?

Nesta obra você vai encontrar nos primeiros capítulos:

“Nossas Escolhas”; “A Pedinte”; “O Exemplo das Pombinhas”;

“Poesia e Versos”, muito da vida, as preocupações e ocupações do Autor. Também seus versos e amores. Você poderá começar a compreender um pouco de sua vida e sua postura diante da vida.

Também, nos capítulos “Morte e Vida em Quarenta e Sete Dias, Meu Calvário”; “A Doença do Século”; “Suicídio”; “Repetin-

do”; “Doenças Ocupacionais”, o autor relata sua doença e passo a

passo, tudo que ocorreu nos dias de seu tratamento e tentativa de

suicídio. Ele abre, com toda generosidade e reparte com os seus

leitores, seus medos, seus pensamentos e suas angústias. Ainda,

escreve muito do que ele aprendeu, para compreender e se prepa-

rar para seguir em frente na Vida. Assim ele apresenta as “Entrevis-

tas”, ele procurou por inúmeros profissionais que lhe explicassem a depressão e o suicídio à luz da medicina, da ciência e da reli-

gião. Muitos apesar de prometerem participar, não o fizeram. Não nos cabe aqui pensar nos motivos, mas três grandes profissionais aceitaram o desafio e respondem as suas perguntas: um jornalista “Jairo Eduardo – Editor do jornal Pitoco e diretor comercial da Re-

vista Aldeia”; Uma médica “Andréa Maria Rigo Lise – Psiquiatra”

formada em medicina pela Universidade Federal de Pelotas - RS

em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Professora de Psiquiatria no Centro Universitário FAG e Médica

Psiquiatrica no CISOP e o pastor “Denny Peterson Santos Ribeiro

Martins - formado em Teologia Pastoral pela Universidade Adven-

tista de São Paulo”. Uma grande contribuição desses profissionais para a compreensão de diferentes opiniões sobre a depressão e

o suicídio.

Nos quatro capítulos seguintes o autor solicitou de ou-

tros profissionais renomados, que também trazem artigos sobre o tema, para ampliar a visão do leitor e contribuir para prevenir e

detectar sintomas e seu tratamento, estes são os seguintes capí-

tulos: “Depressão e Neurociências” por Roberto Almeida. Médico

formado na UFPR. Especialista em Medicina Intensiva. Especia-

lista em Gestão Hospitalar pela PUC-PR. Professor do Curso de

Medicina da UNILA (Universidade Federal de Integração Latino

Americana). Pesquisador da Medicina do Estilo de Vida e Salu-

togênese. Ativista da Promoção de Saúde Integrativa; “Conatus

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e Suicídio: Uma Abordagem à Luz da Filosofia Clínica” escrito pelo Prof. Msc. Ivo José Triches, Conferencista, Escritor, Filóso-

fo Clínico, Empresário e Ambientalista; “Depressão, Natureza e

Alimentação Saudável” por Miriam Duailibi, Jornalista, educadora

ambiental, especialista em sustentabilidade, mudanças climáticas

e escritora; “A Vida – Perguntas Ontológicas que Fundamentam a nossa Existência: Quem Sou? De Onde Venho? Por Que Estou Aqui? Para Onde Vou?” Por Irene Carniatto – Professora, Pesqui-sadora, conferencista, ambientalista da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná - Unioeste, que me foi pedido pelo amigo Adelar

para escrever.

O Autor retoma sua história nos capítulos finais em “Co-

nectando Informações” e “O Que Faço Hoje”. Muito otimista e com

ânimo redobrado faz planos e assume desafios. Ele nos fala com muita propriedade: “Eu morri, morri e renasci e agora mais do que

nunca, me sinto no dever de dizer a todos, o quanto vale a vida

e ela com certeza, não tem valor e nem peso material, portanto,

vamos todos juntos defender a vida”. “O Amor que só aumenta,

jamais se acaba. Mas o amor jamais retorna, jamais se desfaz...”

Desejo a todos boa leitura e compartilhem conosco suas

experiências (Adelar – [email protected]; Irene –

[email protected]).

Profª Drª. Irene Carniatto

Professora e Pesquisadora do Curso de Ciências Biológicas e do Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Rural Sustentável da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Sumário

Nossas Escolhas ...................................................................... 17

A Pedinte .................................................................................. 21

O Exemplo das Pombinhas ...................................................... 27

Poesias e Versos ...................................................................... 29

Morte e Vida em Quarenta e Sete Dias, Meu Calvário ............ 41

A Doença do Século ................................................................. 53

Suicídio ..................................................................................... 55

Repetindo ................................................................................. 61

Doenças Ocupacionais............................................................. 65

Entrevistas ................................................................................ 69

Depressão E Neurociências ..................................................... 83

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Nossas Escolhas

A vida nos oferece diversos caminhos, cabe unicamente

a cada um de nós a escolha sobre o qual deles devemos seguir,

ocorre que abrimos mão de muitas coisas ao longo da vida, não é

raro condicionarmos a nossa felicidade ao ’Quando’’, e o ‘quando’

é o sonho que pode nunca acontecer, naturalmente ouvimos pes-

soas dizendo: quando tiver aquele carro, serei feliz, quando tiver

minha casa, serei feliz, quando conquistar aquela namorada, ou

aquele namorado aí sim serei feliz.

Falta-nos a compreensão de que a felicidade é um es-

tado de espírito não depende de outros ou de determinados

bens para que ela exista ela pode ser encontrada nas situações

mais simples, onde muitas vezes não há nenhuma atribuição

de valor.

Na busca da felicidade muitas vezes perdemos o foco da

vida, e com a perda do foco também perdemos o sentido dela,

ouvindo pessoas ou buscando soluções para coisas ou falas sem

fundamento algum, o certo é que perdemos grande parte da vida

com coisas banais, picuinhas, coisas que poderíamos deixar pas-

sar despercebidas, trocamos a felicidade pelo nada. Deixamos de

nos preparar para o agora.

Conatus e Suicídio: Uma Abordagem à Luz

da Filosofia Clínica ................................................................... 91

Depressão, Natureza e Alimentação Saudável ...................... 101

A Vida - Perguntas Ontológicas Que Fundamentam

a Nossa Existência: Quem Sou? De Onde Venho?

Por Que Estou Aqui? Para Onde Vou? .................................. 107

Conectando Informações ....................................................... 117

Dois extremos da mesma moeda, O Ser Humano .......................... 125

O Que Faço Hoje?.................................................................. 143

Referências ..................................................................................... 153

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1918 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

de nossas atitudes, é claro que esta afirmação não é válida para aquelas pessoas que nasceram em regimes ditatoriais, que nas-

ceram escravizadas, ou que por motivos de grupos de nascimen-

tos se tornaram escravas, ou ainda nasceram com determinadas

deficiências ou doenças, há ainda doenças que surgem por ques-

tões genéticas.

O grande problema quando tomamos uma atitude errada

é a dificuldade de nos reabilitarmos, erguer a cabeça e caminhar novamente rumo ao acerto, nestes momentos, parece que o mun-

do vai acabar e naturalmente mergulhamos num mar obscuro, a

vida perde o sentido, perdemos o rumo.

Nos momentos de dificuldade encontramos amigos ver-dadeiros, mas, é também o momento exato para compreender-

mos a quem e a que devemos dar valor. A palavra valor emprega-

da neste material não é a mesma que usualmente empregamos

em nosso dia a dia, pois, não se trata de valor comercial e sim

sentimental. É na dificuldade que compreendemos os objetivos de alguns estarem em nossa volta, se por afeto ou interesse, mas

é também o momento da introspecção, ou seja, de voltar para si

mesmo e analisar com profundidade qual o sentido da vida, se a

vida que se leva tem mesmo sentido ou se ela é desprovida de

atitudes e comportamentos agregadores.

O certo é que quanto mais diverso for o número de op-

ções, mais dúvidas teremos, é certo que a verdade vai além das

doutrinas que muitas vezes tentam nos convencer do correto e do

errado, o interesse pela verdade deve sempre permear todas as

ações humanas, mas, a verdade não está apenas em um conjunto

de regras ou normas.

A vida deve ser um eterno aprender, aprendo para mim...

aprendo para você... aprendamos todos o melhor modo de viver...

Muitos acreditam que a solução de todos os problemas e

Enquanto a doença não passa rente a nós, a vida

nos parece infinita e acreditamos que sempre have-

rá tempo para lutarmos pela felicidade. Antes preciso

obter meus diplomas, receber meus créditos é preci-

so que as crianças cresçam, que me aposente... mais

tarde pensarei na felicidade. Adiando sempre para o

dia seguinte a busca do essencial, corremos o ris-

co de deixar a vida escoar entre nossos dedos, sem

jamais tê-la de fato saboreado. (SERVAN-SCHREI-BER, 2011, p. 42).

Em nosso dia a dia nos deparamos com situações que

provocam reações nem sempre esperadas, temos ao longo da

vida muitos lutos, entramos em crises que são perdas materiais,

sentimentais, pessoais, de entes queridos à trabalho, algumas

superamos rapidamente, outras nos trazem magoas, rancor, que

não são superados e nos deprimem, nos oprimem, nos humilham,

na verdade nos fazem mergulhar em depressão profunda, que

pode ser rapidamente superada ou que pode se agravar em al-

guns casos até a morte nos levar.

Há as crises vitais do desenvolvimento e as crises

circunstanciais. As primeiras ocorrem à medida que

envelhecemos, quando surgem dificuldades na pas-

sagem de uma fase da vida para a outra. Elas são

inerentes ao desenvolvimento humano. Já as crises

circunstanciais originam-se de acontecimentos raros

e extraordinários, situações que o indivíduo não tem

como controlar. (BOTEGA, 2015, p. 12).

Como seria bom se entendêssemos que em cada um de

nós está a chave para a solução de todos os problemas, as ati-

tudes que tomamos trarão os resultados, sejam eles de nossa

vontade ou não, portanto, precisamos entender que não adianta

ficar reclamando, nos tornar pessoas amargas, insensatas, culpar os outros pelos nossos fracassos, o que vivemos hoje é resultado

de atitudes tomadas ontem, ou antes, mas sempre é resultado

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2120 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

o verdadeiro sentido da vida está em acumular bens materiais, de-

dicam toda a sua vida para ganhar dinheiro, não medem esforços

quando se trata de obter lucro. Não podemos afirmar que aqueles que dedicam sua vida para ganhar dinheiro e acumular riqueza

estejam errados, mas, seguramente praticar atividades que tra-

gam a possibilidade de melhorar o ambiente ao seu redor, oferece

muito mais que ganho material, as atividades coletivas que bus-

cam o bem-estar de todos, nos trazem uma energia totalmente

enriquecedora, renovadora e profunda paz de espirito.

“O dinheiro faz homens ricos, o conhecimento faz homens

sábios e a humildade faz grandes homens”. (IANESCO, Pedro,

2016).

A Pedinte

Sábado pela manhã, estava na Feira do Pequeno Pro-

dutor (uma feira que há alguns anos foi instalada em Cascavel

para fomentar o desenvolvimento de pequenos produtores rurais

ou urbanos, acontece aos sábados, entre a prefeitura e a câmara

de vereadores, domingos, terças e quintas na praça Wilson Jofre,

na Rua Rio Grande do Sul, área central da Cidade), quando de sú-

bito surge uma pedinte, blusa preta com capuz a cobrir a cabeça

e parte do rosto, um óculos com armação preta a deixava com as-

pecto de senhora, bem mais velha do que realmente é, calça suja

a varrer o chão, um saco de rafia nas costas, cheio de quinquilha-

rias, um copo com café na mão, o qual era colocado sobre a mesa

que ela se aproximava à pedir doações, quando depositava seu

copo de café sobre a mesa o olhar de todos se enchia de repulsa,

nojo, medo, desencanto por seu aspecto de sujeira. A pedinte de

posse de uma latinha, argumentava sobre suas necessidades, co-

letando assim, uma a uma, suas moedas.

Após circular por toda a feira e coletar a quantia desejada

de moedas, encostou-se em um carrinho de lanche, calmamente

despiu-se de seu manto de pedinte, peça a peça, tirou: óculos,

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2322 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

blusa, calça, ficando apenas de shorts e camiseta, a senhora re-

pentinamente voltou a sua juventude, em sua face notava-se um

ar de satisfação, como quem diz: “missão cumprida por hoje, ago-

ra é só desfrutar as conquistas deste dia”.

Puxou uma cadeira sentando-se próximo a uma mesa, fi-

xou os olhos no universo e repentinamente mergulhou num pensa-

mento profundo, seu rosto cobriu-se de uma imensa e inexplicável

luz, contrastando com seus cabelos de um amarelo desbotado

pelo tempo, cuja tinta não fora retocada.

Naquele instante, seu rosto de êxtase parecia sorrir, pen-

samento ao longe demonstrando que parecia ter se desvincula-

do do mundo terreno e entrado em outra dimensão, certamen-

te naquele instante ela não fez parte do mundo dos homens, ou

mulheres, mas, sim encontrou paz de espirito, a mais profunda e

delicada paz.

Por um instante, como um peixe que morde a isca em um

anzol, fui fisgado e me vi atraído pela jovem pedinte, tentando imaginar qual era o pensamento, que mesmo vindo de uma pes-

soa com uma condição financeira tão precária, certamente com sofrimentos inimagináveis, a faziam rir, ria para si mesma e apa-

rentemente seu interior era só luz e energias positivas.

Sem nenhuma maldade, na inocência da pedinte passei

então a refletir, sobre nossas atitudes e o mundo que nos cerca, como crítico de mim mesmo e de alguns comportamentos sociais,

passei a me perguntar, sobre nosso dia a dia, no trabalho, no la-

zer, no trânsito, na política, é, na política, seja ela partidária ou

não, sabemos que nossa vida é rodeada pela política, que muitos

tanto repudiam.

Durante a vida terrena, esta breve passagem pelo planeta

terra, como é nossa vida, me pergunto então:

Quantas vestes temos de usar?

Usamos a veste adequada em nossa caminhada, ou para

cada situação?

Quantas por dia?

A troca será feita por hora?

Quando somos verdadeiros? Que consequências a ver-

dadeira face nos traz?

No Brasil é comum percebermos a mudança de face em

algumas categorias, alguns deles acreditam cegamente serem

‘DEUSES’, eles e só eles podem determinar seus próprios salá-

rios, as vantagens e complementos de salários, além do salário

dos simples mortais, aqueles que só são considerados no período

de pedir. Para eles, ‘os Deuses’, as mordomias são infindáveis, vantagens que nem mesmo imaginamos quantas são, sabemos

apenas que só a eles pertencem. A pouco tempo passamos pela

fase dos vales, vale paletó, gravata, auxílio moradia, entre tantos

outros vales, fico cá a me questionar, será que vão instituir o vale ética? Vale moral? Vale vergonha, ah, desculpem divaguei estas palavras eles fizeram questão de deletar, não conhecem e tem raiva de quem sabe seus significados.

Estamos agora vivenciando a fase da Delação Premiada,

pasmem, um bandido com privilégios rouba o dinheiro de todos,

das mais diversas maneiras, o roubo é descoberto, então, ele faz

um acordo com a justiça dispondo-se a colaborar, por esta cola-

boração ele entrega seus comparsas e pela devolução de parte

do que roubou tem sua pena abrandada, oras, quem rouba dinhei-

ro público comete todos os tipos de crime, de forma indireta ele

mata, deixa pessoas com deficiências, pela falta de medicamen-

tos, ou por terem distribuído medicamentos com data de validade

vencida, falta de saneamento básico e outros bens públicos, cujo

dinheiro foi roubado, deveria ser considerado como autor de um

crime hediondo e não receber benesses.

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2524 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Alguns deles se vestem de pedintes de dois em dois anos

(nosso sistema eleitoral prevê eleições municipais separada das

estaduais e federal, sendo que dois anos após a eleição municipal

acontece a eleição para cargos estaduais ou nacional, o melhor

seria eleições gerais, isto diminuiria os custos com eleições e re-

solveria ao menos parcialmente a questão da infidelidade parti-dária), neste período se vestem de homens e mulheres normais,

abraçam e beijam, homens e mulheres, pegam crianças no colo,

distribuem simpatia. Passado o tempo da enganação, se enchem

de seguranças, pagos com o dinheiro do povo, voltam a seus cas-

telos, ou seus templos, o templo dos ‘DEUSES’, cercados por gra-

des, distantes dos mortais.

Fato marcante na história de um Estado da federação se

deu durante a manifestação dos professores, o governo decidiu

tirar dos trabalhadores do Estado direitos conquistados a muitos

anos e a custa de muita luta, para encobrir despesas que provam

a incompetência administrativa de tal governador recém reeleito,

ocorre que durante sua mentirosa campanha dizia que o Estado

estava com todas as suas contas em dia, que sua saúde finan-

ceira era a melhor possível, que ele deveria continuar no cargo

pela sua competência administrativa, mas passada a eleição a

conversa muda, a verdade vem à tona direitos precisam ser retira-

das. As providencias então são tomadas, a primeira delas, proibir

os professores e funcionários do Estado de adentrarem a Assem-

bleia Legislativa, oras, lá é o espaço para a discussão o debate de

ideias, espaço para o qual todos os cidadãos e cidadãs deveriam

ser motivados a ir e defender seus pontos de vista a qualquer tem-

po, mas nesta ocasião foram proibidos de entrar.

Se estes debates acontecessem durante o tempo do fin-

gimento, ou seja, a campanha eleitoral, os homens que se traves-

tem de pedintes, certamente os servidores seriam recebidos de

braços abertos e não proibidos de entrar no plenário. Outra provi-

dência foi retirar policiais dos seus locais de trabalho para cercar

a assembleia e impedir que dela se aproximassem os manifestan-

tes, além de utilizarem spray de pimenta, bala de borracha, ca-

chorros e outros meios para agredir os professores e funcionários.

Os homens que se acham ‘Deuses’ trataram os Professo-

res e funcionários como se fossem os piores bandidos, pois, para

eles não há perigo maior que uma população instruída, realmente

a caneta e o conhecimento representa para eles um enorme risco,

um risco mortal.

Nas revistas, jornais, rádios e telejornais, diariamente ve-

mos notícias de fraudes cometidas com dinheiro público, em to-

das as esferas do poder, compreendi então porque tantos têm

medo, terríveis medo de ir de encontro ao povo.

Cada dia fica mais claro o tamanho do rombo ao dinhei-ro público causado por alguns destes que se acham ‘Deuses’, é

roubo de todo o tamanho, há investigações que nunca chegam ao

fim, manobras de todos os tipos, acordos que jamais deveriam se quer serem imaginados, mas que estão acontecendo a luz do dia

e o pior encontram amparo legal para o desrespeito ao povo, isto

é fácil entender, são eles que fazem as leis certamente não iriam

fazer algo para condená-los.

Quando saem as ruas no período em que não estão tra-

vestidos de pedintes se protegem com a estrutura do Estado, se

tivesse fazendo seu trabalho com humildade e honestidade, não

precisaria de tão forte aparato policial! Me pergunto? Então. Como

será sua próxima campanha? Será enclausurado? Esta pergunta

faço a todos que usam de uma estrutura pública para fins pes-

soais ao contrário do que deveria ser, pois, foram eleitos para ser-

vir ao povo e sobretudo os que mais precisam. Esperamos que

um dia o povo acorde da sonolência profunda e dispense a eles

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2726 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

o mesmo tratamento que dispensam ao povo quando se acham

donos do poder.

Saibam senhores, vocês que pensam serem ‘Deuses’,

seu tempo é passageiro, seu poder é finito, por mais longo que seja e por mais que vocês consigam enganar a população por um

longo tempo, o poder de vocês terá fim, ah..., mas como é certo que terá fim, no caso do Brasil as pessoas já não aguentam mais ver tanta falsidade, vocês são a cara da falsidade!

A pedinte poderá continuar a pedir por toda sua vida, até

por falta de políticas públicas de inclusão social, mas ela não é

arrogante quanto vocês, que vivem do favor alheio, o Estado é um

ente que nada produz, vive do trabalho alheio, mantido por valo-

rosos servidores públicos, através dos impostos, taxas e tributos,

vocês são os piores mendigos, são os trabalhadores em parceria

com todo o setor produtivo que fazem a máquina girar, sem o

setor produtivo não há ganho, não há impostos a receber. Se até

hoje não demonstraram nenhuma gratidão com a população que

os sustenta, saibam que passou da hora de demonstrarem, co-

mecem a agradecer tudo o que já ganharam, sabendo que é bem

mais que merecem.

O Pior pedinte é o mentiroso, o que engana, o que lu-

dibria.

O pior pedinte não tem escrúpulos, é ardiloso, articulador,

não demonstra amor nem piedade, seguramente é inimigo da ver-

dade, sua vida é revestida de falsidade.

O pior pedinte é só crueldade, quanta pena tenho de você

que ao invés de colaborar faz as pessoas sofrer...

O Exemplo das Pombinhas

Certa manhã enquanto viajava em uma rodovia, o car-

ro desenvolvia uma velocidade considerável, quando me deparei

com um bando de pombas em meio à pista, como não gosto de

matar animais esforcei-me ao máximo para reduzir a velocidade,

na tentativa de não atingir nenhuma delas, para duas, porém, não

houve tempo de voarem antes de minha chegada, mas foi delas

que me veio uma importante lição que levarei para toda a vida e

passarei a vocês:

As duas pombas que ficaram sobre a pista decidiram em uma fração de segundos, tomar atitudes diferentes, uma esperou

uns instantes e voou, sendo colhida pelo veículo e com certeza

perdendo a vida, a outra percebendo minha aproximação, apenas

abaixou-se e deixou o carro passar, garantindo assim a manuten-

ção de sua vida. Destas duas atitudes tão distintas me veio uma

série de reflexões.

1º É preciso saber a hora de voar, voe sempre que per-

ceber o perigo a longa distância, não deixe o perigo

aproximar-se demais de VOCÊ;

2º Se por alguma razão você não conseguir voar, enco-

lha-se ao máximo deixe o perigo ir embora antes de

sair gritando apavorado;

3º Se tiver realmente de tomar uma atitude respire fun-

do, busque alternativas, para depois reagir, manten-

do sempre a cautela;

4º Saiba que se existe um problema é porque existem

também uma série de soluções, portanto a resposta

está em VOCÊ mesmo;

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2928 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

5º Por maior que seja o perigo que nos ronda, há sem-

pre a possibilidade de nos defendermos, sem ter de

atacar, sempre que deixamos o pavor tomar conta

perdemos a noção de qual será a atitude correta e

de qual será o tempo apropriado para nossa reação;

6º Algo que não oferece o menor risco pode se trans-

formar em nossa destruição, quando nos descuida-

mos, menosprezando os riscos ou subestimando o

risco oferecido;

7º Devemos estar sempre atentos a tudo que está em

nossa volta, pois, nem sempre o local que parece

ser seguro realmente o é;

8º Cada ação resulta em uma reação, a falta dos dois

ou de um dos dois, sempre traz consequências que

poderão ser graves dependendo do momento e do

local onde estamos, portanto, reaja, aja, se posicio-

ne, sua opinião sempre terá valor inestimável, sua

omissão será percebida, muito mais que sua insis-

tência em defender seus pontos de vista;

9º Nunca fique em uma posição que lhe oferece riscos sem antes tomar todas as precauções devidas;

10º Você é o ser mais importante do mundo, mantenha – se vivo, viver é o mais importante!

Poesias e Versos

Verdades e sonhos

O que são as verdades, quantos sonhos há nelas...

O sonho é a janela para a verdade olhar...

Sonhos são belos, neles desenhamos nossos castelos...

Enfeitamos com os tons que quisermos, damos a eles brilhos e

luz, damos vida, deixamos fluir os desejos...

Em nossos sonhos não encontramos o medo, neles acontecem

todos os nossos segredos...

A verdade nem sempre é tão bela, as vezes é só crueldade encon-

tramos até falsidade, incertezas dureza e moleza também...

O certo é que verdades e sonhos andam juntos lado a lado, de

mãos dadas separados eles sentem profunda solidão.

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3130 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

fendem, se na verdade, só querem me enganar,

Eu queria saber as causas de tantas guerras insanas, daqueles

que só querem se manter no poder,

Ah, mas como eu queria poder parar no tempo e reconstruir tudo

que destruíram, em mim e em todos nós...

A crença no amor. A fé na vida,

O respeito ao poder. Por que será???

Que pensam que todos somos imbecis, nos enganam como se

fôssemos absolutamente nada.

Nos sindicatos da traição mentem números, invertem valores

E os sonhadores continuam a acreditar,

Na fé dos homens que se aproveitam,

Que dão um jeito de nos enganar,

Eu queria

Dizer a todos que o amor é real, é leal, é bem mais que legal...

ADEUS POETA;

Está é uma singela homenagem ao Professor, Filósofo e Poeta

Lázaro Batista da Silva, escrevi no momento em que li nos por-

tais de notícias que ele tinha partido.

Lembra das manhãs de sábado, quantas vezes poetizamos, tal-

vez ninguém nos ouvisse, mas para nós as manhãs de sábado

eram sagradas!

Eram dias de poesia lá na Rádio Cidade.

Quantos questionamentos???

Quantas interrogações???

De tanta beleza...

De tanta beleza, a beleza já não cabe em ti,

De tanto te amar o amor já não me pertence,

De tanto sonhar sonho o tempo todo, dia e noite, com você,

De tanto quer, quero até ser você, pra viver sempre em mim,

De tanto te olhar, meus olhos já não me pertencem,

Será que um dia sonhou com um amor tão puro e tão leal a ti?

Ou será que nunca parou pra pensar na dimensão do amor...

Se me pedisse provas, te daria sem nem mesmo pensar...

Tocaria na lua, no sol, atravessaria os sete mares a nado, pra no

outro lado te encontrar e receber de ti unicamente um sorriso, o

seu riso, riso de perfeição...

De todo beleza, Você é para as outras, fonte de inspiração...

Eu Queria

Eu queria poder sorrir em cada amanhecer, sem importar para

onde ou para quem.

Eu queria acreditar, no que me dizem sem precisar me preocupar

Eu queria não ser massa de manobra,

Eu queria que não me usassem, em lutas sem sentido, sem valor...

Eu queria ser ouvido quando digo pra preservarem a vida, o ser,

o ambiente,

Eu queria ser eu mesmo em todos os lugares, ser aceito de a pé

ou a cavalo e que meu carro não fosse símbolo de poder,

Eu queria entender, por que será que muitos dizem que me de-

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3332 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Quantas reclamações fazíamos???

Procuramos solucionar o mundo, para nós, todos os problemas

têm soluções, Soluções simples em forma de poesia,

Onde está tua alegria?

Ou o teu questionamento?

Na estrada por um momento, sei lá o que aconteceu, e de repente

ele morreu, Ah me perdoe poeta, morte é apenas para simples

mortais, nesta passagem, poetas brilham ainda mais, pois, sua

poesia o eterniza, você não será brisa será sim, inspiração.

Poeta tenha certeza, que Deus em sua grandeza fará nascer ou-

tros versos e Você terá espaço especial, pra lá do céu combater o mal que nesta terra tanto te atormentou.

Vá em paz poeta amigo, saibas que aqui boa semente você plantou...

BELEZA RARA

De beleza tão rara quanto ouro no deserto,

Olhar tão profundo quanto a dimensão do UNIVERSO,

Encanto sem igual,

Corpo sedutor,

Jeito menina em corpo de mulher,

Curvas assombrosamente acolhedoras...

Ah como quero sugar seu delicioso néctar, pra te devolver em

beleza todo meu ser...

Te levar comigo, mesmo em sonhos por onde eu for e tocar seu

corpo com as mais belas e suaves pétalas, que é o que só as

DEUSAS podem ter.

MENINA

Quando vi aquela menina, vindo em minha direção, Sorrindo,

Meus pés saíram do chão, senti minha pulsação, Subindo,

Em um breve momento, desviei meu pensamento, vi o mundo

bem mais lindo,

Imaginei a alvorada, seguindo numa linda estrada, com jardins pra

todo lado, passo a passo te seguindo...

A noite brisa molhada, te deixava ainda mais bela,

O seu sorriso de infância, completava a elegância de uma mulher

tão linda.

Voltando ao meu normal, vi a mulher real, em traços de perfeição,

Queria tê-la em minhas mãos ao menos por um segundo,

Com certeza tua beleza me faria neste instante o homem mais

feliz do mundo.

ME CONVIDE PRA DANÇAR

Me convide pra dançar, deixe meus olhos em seus fixar, quero te hipnotizar pra, atender os meus apelos,

Juntos a noite não vai passar, faremos o tempo parar, quando em

tua pele tocar com plumas divinais, seu corpo dará sinais, queren-

do uma vez mais, se embrenhar em nossos desejos...

Me convide pra dançar, quando este momento chegar, posso até

ser seu escravo, será tanta empolgação te darei meu coração,

mando embora a solidão e viverei por seus afagos.

Me convide pra dançar, deixe a noite nos levar por onde forem

nossos instintos.

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3534 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Por favor, me convide pra dançar, me chame pra qualquer lugar,

pra viver um sonho lindo...

LAMENTO DO RIO

Sabe, hoje quero te falar, eu nasci de uma pequena gota...

Somada, a outra e milhões de outras gotas que se juntaram, for-

mamos uma nascente...

Nascentes que ao longo de quilômetros se somam a várias ou-

tras, formando um rio ...

Rio desprezado por muito tempo, até que o homem percebeu que

precisava de minha água, pra saciar sua sede, tomar seu banho,

fazer a comida, para seu lazer...

Descobriu o homem muitas utilidades pra minha água, mas, ain-

da assim não descobriu toda minha utilidade e nem mesmo sabe

quantas vidas existem dentro de mim, são animais conhecidos e

muitos desconhecidos do homem ...

Ao longo do tempo sobrevivi calado as mais variadas agressões,

desde papel de bala lançado ao chão por inocentes crianças, so-

bras de tudo que já não serve até o mais cruel veneno chamado

agrotóxico, que mata toda a vida dentro de mim e até mesmo o

mais arrogante capitalista que se acha acima de todos e de tudo,

inclusive de Deus ...

Para destruir, o homem não tem limites, não sei se tem raiva de

tudo ou apenas de si mesmo, troca todo o tipo de vida e saúde por

dinheiro e poder, podre poder ...

Sofri calado as mais cruéis agressões, mas já não dá mais pra so-

breviver calado, agora pasmem, querem destruir todas as nascen-

tes ao longo de mim, fazendo minha água andar por tubos, tubos

da morte, alegam eles que eu atrapalho, e eles precisam de meu

corpo, para fazerem ruas, mansões, shoppings center, indústrias,

enfim, querem me ver bem longe e morto por completo, já não querem minha vida.

Não imaginam, aqueles que se acham “deuses” que sem mim ha-

verá muito mais alagamentos, pois, a água das chuvas não terá

pra onde escoar...

Vidas serão ceifadas o planeta deixará de existir, homens de bom senso, tenham piedade, enquanto é tempo restabeleçam a verda-

de, não deixem a vida acabar!

DEUSA

De traços perfeitos, discreta menina,

Seu corpo esculpido em detalhes de pura exatidão,

Parada, de tão bela parecia boneca de cera,

Imóvel DEUSA, com brilho de luz,

Sua beleza chama atenção pela discrição,

Pode passar despercebida para simples mortais, mas não para a

luz da poesia...

O poeta te encontra e se encanta, pondo-se a meditar...

Menina discreta, seus pensamentos vou roubar, só pra poetizar

sobre seu encanto...

De beleza tão rara...

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3736 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Anjo

Anjo sem asas, mas que voa também,

Anjo sem asas que me leva a sonhar, toda a imaginação de quem

possa amar,

Anjo que ampara e protege também, no céu desta terra me enche

de bem,

Anjo, seus olhos discretos a me olhar,

No passo da dança a me acompanhar, serena, discreta, displicen-

te, anjo que é gente a me ensinar,

Mostrando que um toque apenas pode ser suficiente pra encantar,

Na compreensão do inimaginável que passa a ser real,

Figura suprema, mulher, menina de cor morena, quantos poderes

tem?

Discreta me toca, retribuo também, mas o amor é transcendental,

que força este amor de anjo tem...

No toque sereno e discreto, como se nada quisesse, quem diria...,

descubro por acaso, a força que tens e que só seu toque pra me

proteger, em lugar do medo, medo que a noite nos traz, além da

noite a estrada coberta de chuva, que mais parecia um túnel, mas

nada ali me assustava, imagino que a chuva nada mais é que uma

grande nuvem e estamos nela, pois pela primeira vez tenho um

anjo a me proteger...

O tempo passa e a manhã chega, calma como nunca havia che-

gado, a sonolência da chuva e um leve cansaço da estrada, con-

tinuam a nos acompanhar, a luz do dia me faz perceber que toda

a proteção vem de seu olhar.

Percebo então que na noite passada sem nada carnal, nos liga-

mos profundamente pela alma, nossos espíritos se juntaram, tal-

vez por ser eu, alguém tão frágil precisando de alguém pra me

proteger...

O tempo passa e o momento da despedida chega, percebo em

seu abraço que és real, corpo, alma em um perfeito SER;

Como alento, sei que terei sempre seus olhos a me acompanhar

e guiará meus passos, pois, este poder somente um anjo tem...

Eu não sou daqui,

A ideia da poesia não é de autodestruição, nem de desprezo pela

vida, é de contestação ao que está posto pelo capital, que impõe,

humilha, oprime, ignora, ir embora na poesia significa, eu quero ver as ideias de que a terra tem dono, não tem razão de ser, afinal, estamos aqui de passagem e em nossa bagagem apenas o que é

do espírito vai continuar.

Eu não sou daqui, sou de outro lugar, por aqui vou passar, mas

não vou entender,

Por que tanta miséria, se a vida é tão séria porque matam ir-

mãos,

Por que brigam por terra?

Se ela não tem dono!

Deus é cigano está em todo lugar,

Eu não sou daqui, aqui não quero ficar, vou seguir meu caminho, em outro canto (lugar) tentar...

Vou tentar encontrar, um lugar verdadeiro, onde não haja primei-ro e nem último lugar.

Eu não quero competir,

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3938 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Quero apenas, sorrir pra vida,

Em sociedades de amigos, os mais fortes devem dos mais FRA-

GEIS CUIDAR,

Eu não sou daqui...

Grande deus, quero ir indo, me leve enquanto estiver sorrindo,

eu não quero chorar...

Sábio pai, mãe terra, me digam se é certo, o homem planta em

solo fértil até desertificar?...

Quero ir é agora, sinto o medo chegando, a ganância roubando,

céu, terra e mar,

Destruíram espécies,

Construíram a bomba,

Eu não quero esta onda, quero é paz encontrar...

Não, definitivamente, não sou daqui,

Eu nasci pra sorrir já não quero chorar...

DEUSA DO PARAÍSO

Deus deixou a porta aberta e você saiu,

Assim que me viu olhou e sorriu,

Foi o suficiente pra me apaixonar.

Vem, deusa do paraíso, vem cuidar de mim,

Estou só e carente de você pra mim,

Preciso ter você pra me acompanhar.

Meus sonhos com você são sonhos de cristais,

Estando com você eu já não sofro mais,

Eu estava tão carente de me apaixonar.

Eu vi a sua aura quando você sorriu,

Me olhou toda contente assim que me viu, Foi um piscar de olhos

pra me apaixonar.

Você

De seu sorriso me vem a paz, De teu olhar me vem a luz,

De teu corpo a sedução, Meu coração bate no compasso do seu

coração, seus passos me dizem por onde ir...

Confesso que preciso de você em mim pra poder sorrir. Meu cami-

nhar depende de seu andar...

Você deu sentido a minha vida. Sem você a vida é bandida...

Os dias são escuridão. Então me diga qual o caminho pra encon-

trar seu coração?

Uma multidão é ninguém sem você, você é a multidão que preci-

so, ou seja, pra ser feliz só preciso de você!

Beija flor

Beija flor de única flor eu sou. Beijo a beijo nosso amor nasceu, em sua beleza pra sempre cresceu. Beija flor, minha beija sou eu...

Minha flor seu pólen germina o amor, seu odor é que exala o amor, seu encanto me fez renascer,

Flor de orquídea que perfume com cheiro de vida, Vieste a mim pra que eu possa viver...

Beija flor de única flor eu sou, Vamos juntos cultivar o amor...

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4140 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Chorei

Chorei, chorei, muito imaginando sua face, quando soube que es-

távamos grávidos, eu sua mamãe...

Chorei, quando falava contigo ainda no útero e você respondia, se

mexendo, chutando, dando sinais que estava ouvindo e queria se

comunicar...

Chorei quando no hospital vi você entre tantos bebês.

Chorei copiosamente ao ver seu riso pela primeira vez, quando

falou papai a primeira vez, quando engatinhou, andou, caiu, rolou

pelo chão...

Chorei tantas vezes o choro da alegria, o choro da emoção...

Em cada vitória sua eu choro e chorarei até meu ultimo dia, o cho-

ro que tem a lágrima do amor, da felicidade, por ter você...

A única lágrima de dor é quando você sente dor, certamente ela

dói mais em mim que em você mesmo...

Saiba que cada lágrima valeu a pena, que cada sonho valeu a

pena, que ter você vale a pena, meu filho meu herói, meu grande herói, meu filhão...

Ah, ... ia esquecendo de explicar, pra mim existem dois tipos de

lágrimas a da dor que não queremos experimentar, outro tipo é do

amor a exaltar, da alegria, da emoção aquela que é só coração

a lágrima da vitória da exaltação, lágrimas de vida de vitória que

enobrece, enriquece... quem derrama jamais esquece, a lágrima

que queremos ter, você pra mim, filhão é a lágrima que me faz viver ...

Morte e Vida em Quarenta e Sete Dias, Meu Calvário

Se existe um tema para o qual nos sentimos desprepara-

dos para conversar, este se chama morte, aliás, morte, futebol, re-

ligião e educação geram muitos palpites e quase todos achamos

que sabemos, o analfabeto ao falar de educação, futebol, religião

e morte é expert, imaginemos então os letrados, os quase letra-

dos, os meio letrados...

Acredito ser necessário um esclarecimento em relação

a meu ponto de vista sobre este tema, para mim não há morte

em nossa caminhada evolutiva, o que existe são várias etapas

de transformações, quais sejam, junção do espermatozoide ao

óvulo, primeira transformação, deixamos de ser duas células e

passamos a ser um embrião, para aquele que acredita em morte,

esta é a primeira morte, para quem acredita em evolução, primei-

ra transformação, completada sua evolução, há então a saída do

feto do útero, agora um bebê em condições de vida, ou seja, se-

gunda grande transformação, para aquele que acredita em mor-

te segunda morte, para quem acredita em evolução, segunda

transformação da vida, completada a etapa terrena passamos

então pela terceira transformação, ou seja, deixamos este plano

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4342 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

para um novo plano, seguindo então nosso processo evolutivo.

Há muitos anos sonho em escrever um livro, iniciei vários,

de todos os gêneros todos eles pararam no mesmo lugar, o LIXEI-

RO. Escrevi inúmeras poesias, músicas, textos, sínteses e nada,

quando chegava em determinada quantia de páginas lia, relia, pe-

dia para outras pessoas lerem e jogava fora.

Em algum dia do ano de dois mil e quatorze, morri, fui

então para o céu, lá chegando, São Pedro, acreditem ao contrário

da imagem que normalmente descrevem não é um velho é sim um

jovem senhor com uma característica diferente, uma verdadeira

irradiação de energia, sempre gentil, me recebe, me orienta a es-

perar por algum tempo e volta com a lista nominal daquele dia, e

me diz em tom de brincadeira, ao que relutei a acreditar:

- Desculpe moço, mas você não está na relação de hoje,

acho que está na lista do inferno que tem outro endereço.

Cabisbaixo, calado, com um grande nó na garganta me

encaminho então para lá, pensando, “triste sina a minha, sem-

pre lutei tanto para melhorar a vida das pessoas, ajudei a plan-

tar árvores, orquídeas nas árvores da cidade, colaborei e ajudei

a fazer proteção com solo e cimento para proteger nascentes,

fiz inúmeras palestras tentando sensibilizar pessoas a prote-

gerem o ambiente e se afastarem das drogas, retirei cachorros

abandonados das ruas e dei abrigo aos mesmos e vou parar no

inferno!!!

Depois de andar por longos metros neste profundo lamen-

to, felizmente ouço a voz de São Pedro me chamando, dizia ele,

novamente em tom de brincadeira, com seu aspecto juvenil, pois,

para ele o tempo não passou:

- Moço, você é aquele rapaz que organizava grupos para

fazer a limpeza dos rios, plantio de orquídeas nas árvores da ci-

dade, fazia proteção em solo e cimento, me equivoquei, sua hora

ainda não chegou, volte pra terra, agora você precisa escrever

um livro.

Comemoro então a volta a vida e me encaminho para a

terra agora determinado a escrever meu primeiro livro.

Brincadeira a parte, eis que em dois mil e quatorze, num

momento em que me sentia muito bem, estava neste período via-

jando bastante, algo que sempre quis mas antes não tinha tantas

possibilidade de fazer, neste ano, depois de vários anos sem tirar

férias havia tirado férias, eu, meu pai e minha namorada, fomos

viajar, Matogrosso do sul, Matogrosso e Goiás, diversos dias na

estrada, passamos por tropas de gado em meio ao asfalto (algo

que eu só havia visto na televisão e sonhava em ver), rios belís-

simos, vimos muitas espécies de animais, visitamos minha madri-

nha, faziam alguns anos que eu queria visita-la e não conseguia,

mesmo morando tão perto, enfim, este ano iniciou muito bem, de-

pois de bastante tempo, sofrendo intensa perseguição em um dos

meus trabalhos e de um dois mil e treze com muitas dificuldades, inclusive financeira, o ano prometia e prometia muito.

Fazia algum tempo que eu me sentia inseguro, não gos-

tava de ficar sozinho, tinha um certo medo do entardecer princi-palmente em finais de semana, feriados e outros dias em que por alguma razão não havia trabalho.

Quando fugimos de nós mesmos, somos a última

pessoa com a qual queremos ficar a sós e descobrir--lhe seus segredos mais profundos como medos e

tendências. Por isso é necessário “passar” o tempo

com atividades que mantenham os olhos para longe

de si – de preferência, com o máximo possível de ex-

citação. Nem todo aquele que passa os dias soltan-

do gargalhadas, “se divertindo”, está de fato de bem

consigo mesmo. (PETRICH, LADEMIR RENATO,

2014 P. 22).

Durante a viagem, percebi que não conseguia parar, se

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4544 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

sentava logo queria levantar, se parava o carro queria logo conti-

nuar a viagem, dificuldade para dormir e sempre querendo andar, parecia que a temperatura estava acima da média, me sentia trê-

mulo e inseguro, principalmente ao deitar, tinha sempre a impres-

são que não conseguiria dormir, ou que me sentiria mal durante

a noite, sentia com muita frequência dor nas costas, tomava re-

laxante muscular, por diversas vezes levantava e ia ao banheiro

fazer xixi.

Fim de férias, volta ao trabalho, vida nova, novo ano, nas

costumeiras reuniões pedagógicas distribuem então novas meto-

dologias e regras para fazer o Plano Didático de Trabalho, sinto

me apavorado, não falei nada para ninguém, mas, o medo toma

conta de mim e um único pensamento me apavora o de não con-

seguir fazer, todas as escolas concederam prazos para a entrega

dos mesmos e eu, nem pensar de iniciar os meus, o pavor de

não conseguir fazer me deixava inerte, sem reação ou iniciativa

alguma, embora em termos de informática eu conte sempre com

a gentil ajuda de meu filho André Cassiano.Neste momento eu iniciara também o trabalho na Agência

do Trabalhador, estava muito motivado, mas, ali também o medo

me apavora, embora, trabalhando com a Professora Maristela

Becker Miranda, à quem considero como uma irmã, todo instante

pensava, “não vou dar conta de trabalhar com este sistema”, os

novos colega de trabalho me orientavam, eu manipulava o com-

putador com o sistema nacional de emprego e sem conseguir me

concentrar, me pegava no pensamento negativo de que não daria

certo, mesmo durante a noite vinha me a mente o medo, medo

de não conseguir, desenvolver minhas atividades do dia seguinte.

Por fim as aulas iniciam, converso então com a Coordena-

dora pedagógica do Colégio Estadual José Angelo Baggio Orso,

Professora Jocilene Terezinha Otto Di Lauro, exponho à ela o que

estava acontecendo, meus constantes medos e minha preocupa-

ção. Como trabalhar doze horas por dia sem dormir? Então ela me

orienta a procurar um psiquiatra, nesta mesma noite retorno para

casa e nada de dormir, me dirijo então a um hospital, o médico me

aplica uma vacina e me manda para casa, após algumas horas ro-

lando de um lado para o outro da cama finalmente consigo dormir.

PRIMEIRO SURTONo dia seguinte, procuro atendimento especializado, uma

psiquiatra, carismática, me faz uma série de perguntas e me pres-

creve alguns medicamentos, na primeira noite do tratamento um

absurdo surto, apavorado não conseguia dormir, tomo então um ba-

nho, dois banhos, três banhos, cochilo por um curto tempo e come-

cei a delirar, imaginando que nunca mais conseguiria desenvolver

qualquer trabalho, medo de absolutamente tudo, frustração, pavor,

tudo misturado em um único pensamento, o de incapacidade, me

sentia de pés e mãos amarrados, não vejo mais motivos para conti-

nuar vivendo, amarro então uma das pontas de meu lençol na grade

da janela de meu quarto e a outra ponta em meu pescoço, algo

me dizia que nunca mais eu conseguiria desenvolver uma atividade

laboral, que não conseguiria conversar normalmente com ninguém

que estava perdido, completamente perdido, depois de algum tem-

po, felizmente retomo a consciência, desisto da ideia, saio para a

rua na madrugada em busca de uma luz, algo que me devolvesse o

total domínio de meu corpo, de minha plena consciência, depois de

algum tempo de caminhada mesmo sob o domínio do medo volto

para casa, tomo um banho, mais um banho como estava fazendo há

vários dias, ou melhor há várias noites, só os seguidos e demorados

banhos, momento onde curvo meus joelhos e faço minhas orações,

me permitiam dormir, pelo menos por um curto espaço de tempo,

não mais que meia hora de sono e novamente acordava.

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4746 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

INÍCIO DO CALVÁRIOAo amanhecer, ligo para minha namorada e peço que me

leve novamente a psiquiatra, ligo para a gerente da Agência do

Trabalhador (onde trabalho) e digo que não sei que horas vou

chegar ao trabalho, pois, não estou bem e tenho de ir a psiquiatra,

a mesma pede se preciso de ajuda e se dispõe a me socorrer,

digo que está tudo bem e então vamos ao consultório.

Sempre muito carismática e simpática a psiquiatra nos

faz uma série de perguntas, entre elas, se minha namorada tem

condições de me socorrer, ou seja, se ela dispõe de tempo para

ficar vinte e quatro horas por dia comigo, levantamos uma serie de hipóteses diante da afirmação da médica de que eu não poderia ficar sozinho nenhum minuto, melhor dizendo, nenhum segundo, ou seja, se eu precisasse ir ao banheiro a porta não deveria ser

fechada, para que pudesse ser acessada rapidamente diante de

qualquer atitude suspeita, concluímos então, que eu teria de ir para

o sítio onde minha mãe e meu pai me acompanhariam dia e noite.

DESABANDO O MUNDOCertamente a psiquiatra passou algumas orientações

para minha namorada que não as passou para mim, diante disso,

vejo meu mundo desabar, quinze dias longe do trabalho, meu fi-

lho, minha namorada, amigos e amigas, além de outras pessoas

e a cidade que adoro, estes dias me pareciam uma eternidade,

imaginei que não iria suportar, mas, era o único caminho viável

naquele momento, haja visto que todos aqui trabalham ou estu-

dam e não há ninguém que possa fazer marcação cerrada em

todas as minhas atitudes, e afinal, esta atitude fora tomada para preservar minha integridade física e mental.

Entrar no carro e seguir para o sítio me parecia o fim de mi-nha caminhada terrena, me sentia totalmente perdido, estar perto

de meus pais, minhas irmãs, minhas sobrinhas e meu filho é algo que amo por demais, sofro muito todo a vez que me afasto deles.

Meu pai toda vez que vamos sair de sua casa procura alguma

desculpa, (pegar um animal, ver um jogo, uma carreira de cavalo),

para não nos ver saindo e quando fica olhando um de nós sair, não controla as lágrimas e chora copiosamente, sofro muito sentindo

sua falta e a falta de muitas pessoas de minha convivência.

SOBREVIVÊNCIA NO SÍTIOJá no sítio, junto da minha mãe e meu pai e uma série

de animais, entre eles os cachorros que adoro, especialmente o

Bobi, (uma cruza de Rottweiler com Basset, de porte médiano,

bem entroncado e forte, leal companheiro), só tenho um pensa-

mento, recuperar logo minha saúde e voltar para a melhor cidade

do mundo, a cidade que moro, Cascavel no Estado do Paraná.

Inicio então o tratamento, percebo que minha mãe em momento

algum se separa de mim, peço a meu pai que guarde tudo que

ofereça risco, como: faca com ponta, corda, medicamentos.....

Meu pai questiona se realmente é importante esconder tudo, não

entende ele os reais riscos, mas, mesmo contestando sobre a

real necessidade, ele esconde tudo deixando, objetos e produ-

tos perigosos longe de meu alcance. Imédiatamente, minha mãe

acrescenta uma cama em meu quarto, (na casa de meus pais

os quartos que ocupávamos quando morávamos com eles estão

preservados) onde meu pai passa a dormir ao meu lado todas as

noites, acredito que devido a dose de medicamento, acabo dor-

mindo bem mais que o normal, durmo não apenas a noite, mas,

o desânimo me toma e passo a dormir durante os dias, boa parte

dos dias eu não via motivação para me levantar, mesmo diante

da insistência de meu pai para acompanha-lo em seus afazeres,

ou quando algumas pessoas vinham me visitar e evidentemente

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4948 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

queriam conversar comigo.

Vejo que a preocupação de minha família e minha namo-

rada é enorme, todos passam a me vigiar, minha mãe que é uma

pessoa que se mantem viva graças a sua fé (tenho três irmãs já

falecidas, sendo que a segunda mais velha faleceu em decorrência

de um acidente de trânsito a exatos noventa dias antes de meu

nascimento), passa a me convidar para acompanhá-la em suas

orações, o que faço com muita convicção na minha rápida recu-

peração, nas terças íamos para a cidade participar do grupo de

oração da renovação carismática, sempre peço a Deus que me de-

volva a qualidade de vida, afinal, queria voltar logo para Cascavel.Procurava encontrar forças na oração, na fé inabalável de

minha mãe, confesso que até pedia para minhas três irmãs que

são anjos, para me socorrerem, pois queria minha vida de volta,

não suportava ficar longe de tanta gente que gosto, namorada, filho, dos alunos, amigas, amigos, trabalho, queria voltar, todas as manhãs era normal ouvir e rezar junto com o Padre Reginaldo

Manzotti, mas por pura ironia quanto mais eu queria viver, mais

eu morria, já não tinha vontade de levantar, queria ficar na cama, dormir, dormir, dormir...

O ACIDENTE FATALPerdi completamente a noção de tempo, mas, a vontade

de viver era constante, lembro que um dia, eu já sem noção de

hora, faço orações junto com minha mãe, lembro que saímos jun-

tos do quarto, ela pegou um balde com comida para os cachorros

e o Bobi sempre faminto a seguiu, (o único momento que ele se

afasta de mim é quando lhe oferecem comida, do contrário ele

arrisca-se a levar uma bronca ou até apanhar de meus pais, mas

acaba entrando casa à dentro, faz de conta que não vê mais nin-

guém, abana o rabo e pé ante pé entra sorrateiramente, se der

jeito até se arrisca a subir na minha cama), lembro que seguia

minha mãe, lamentando, puxa logo agora que estou tão bem...

mas de modo impiedoso sem nenhum aviso, nenhum escrúpulo,

nenhuma compaixão ela veio me buscar, logo eu que a algum

tempo havia poetizado dizendo: ó morte, sábia morte, porque não

vem me buscar, em uma dose de veneno, em uma curva de es-

trada, em um lugar esmo, de modo trágico ou fatal, a ti quero me

entregar... eis que ela veio e veio de modo trágico, talvez o mais

trágico e inesperado possível.

Curiosamente no momento em que eu mais queria viver,

uma série de projetos de vida para serem executados e ela veio,

com as cores do medo, o cruel e covarde medo, depois de algum

tempo tudo o que vejo é congelada em uma única imagem diante

de mim, minha mãe, e meu amigo Bobi..., nada mais vi, nada mais

senti, parti..., mas para minha sorte, meu anjo da vida e não o da

morte estava ali, para me trazer novamente e pela terceira vez à

vida (a primeira no seu útero, a segunda quando me encontrou

com os dedos, entorno das unhas roxos e gritou por socorro no

leito do hospital onde eu estava internado recebendo tratamento

para reumatismo, sendo que o que eu tinha era hepatite e fui cura-

do a base de chá composto por raiz de salsa, raiz de picão branco,

casca de tarumã, flor de coqueiro, tudo fervido junto), e agora eu estava ali, enroscado em uma varal usado pelos meus pais para

secar salame na cozinha de casa, inerte sem vida, morto. Minha

mãe e anjo da guarda, consegue forças certamente do além, mas

consegue me erguer e desvencilhar meu pescoço (o queixo esta-

va enroscado no varal) levantou me e me deitou ao chão, implorou

por socorro como alguém que desesperado suplica clemência, ela

me contou que em sua súplica, implorou à Deus que a levasse,

mas me devolvesse a vida...

Por sorte e pela proteção divina nosso amigo Elizeu Lori-

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5150 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

ni, estava a caminho de nossa casa para me visitar, encontrando

me naquele estado, ajudou a me carregar na caminhonete e em

velocidade bem superior ao que a lei permite me levou ao hospital

mais próximo, Hospital Santa Izabel, ali recebo os primeiros pro-

cedimentos para ressuscitar, os médicos orientam minha família

que preciso ser conduzido para um centro médico com mais re-

cursos, é quando a central de leito nos indica o Hospital Regio-

nal de Francisco Beltrão, de lá, vem então uma ambulância com

Unidade de Tratamento Intensivo, por ironia do destino, em meio

a BR havia uma árvore caída em consequência de uma tempes-

tade, o que atrasou em duas horas este transporte, fico por algum tempo no Hospital Regional de Francisco Beltrão, sou transferido

para o Hospital São Francisco, ainda em Francisco Beltrão. De lá,

um Helicóptero equipado com UTI, me trouxe então para o Hospi-

tal São Lucas em Cascavel.

Pausa – Quero aqui elogiar a atitude ousada do governo

do Estado do Paraná em contratar este serviço, lamentar os crí-

ticos, pois, nenhum valor econômico supera o valor de uma vida.

Parabéns governador, serei sempre grato por esta atitude.

Parabéns Prefeito, pela instituição da parceria para im-

plantar o CONSAMU.

ORAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E CURIOSIDADEO meu retorno à Cascavel fora feito com o helicóptero do

CONSAMU, não vi, não senti absolutamente nada, fui levado di-

reto para o hospital São Lucas. Em Cascavel houve grande movi-

mentação, amigos, amigas, familiares, pessoas próximas, muitos

se dirigiam ao hospital querendo me ver, nada vi, lembro me ape-

nas do dia que acordei, a maior parte do tempo fiquei em coma na UTI. No dia que sai do hospital me perguntou a moça da portaria,

qual a razão de tantas pessoas quererem me ver, que ela nunca

havia presenciado um número tão grande de pessoas procurando

e querendo visitar um interno, alguns até diziam na portaria que

eram meu irmão ou irmã, para tentar me ver.

Depois de alguns dias, volto à vida, acordo, vejo minha

irmã e minha namorada ao meu lado, não entendi nada, no pri-

meiro momento fiquei curioso, mas, nada perguntei, a curiosidade dura alguns dias, quando tive a oportunidade pergunto a minha

namorada. Por que estou no hospital? Ela desconversa, não me

responde com clareza, continuo sem saber...

A movimentação em meu quarto era grande, embora hou-

vesse limite de pessoas para a visita, olho para meu filho sem en-

tender, por qual razão estou no hospital, meu primo Joacir Nicolau

da Costa, o Tranquilo Nicolau, o Vanderlei Nicolau, o Claudio Ba-

vio, a Iolanda da Costa, minhas irmãs, Elizete e Ivanilde... quando

anoitecia havia sempre um revezamento para um deles passar a

noite sem dormir ao meu lado, era a cota de cada um para uma

ação humanitária.

Depois de algum tempo, minha namorada me diz breve-

mente que eu havia sofrido um acidente, me enroscado em uma

corda de varal usada para secar salame na cozinha da casa de

meus pais.

Hoje o varal não está mais lá, meus pais moram na casa

nova e eu salvo por um anjo de luz, minha mãe, sou sobreviven-

te, sobrevivente de uma história que eu mesmo sempre duvidei,

nunca acreditei que pudesse existir depressão, quando me diziam

que estavam com esta doença sempre tive dúvidas, me pergunta-

va, se de fato existia esta doença, ouvi pessoas que sobrevivem

com os sintomas que senti durante sua vida inteira, até por não

conhecerem seus reais riscos.

E a vida sorriu de repente, sorriu porque tinha razões,

Razoes pra viver muitos sonhos,

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5352 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Sonhos com muita emoção...

Se emotivo por instantes parti, renasci, ressurgi,

ressuscitei,

Voltei pra viver mais contente, pois a morte não é solução...

A morte é o lado escuro da vida, sem saída, com ela

encontramos,

Nela mergulhamos pra sempre, seja feio, ou gente mais

bela...

Ela iguala ricos e pobres, humilde ou o sempre arrogante,

se a vida sucumbe da morte, renasci, pois, morri por instantes.

A Doença do Século

Segundo Paulo Geiger no minidicionário contemporâneo

da Língua Portuguesa, no sentido psicológico depressão é um es-

tado patológico, de natureza orgânica e psicológica, que envolve

abatimento, desânimo, inercia, às vezes ansiedade.

Certamente você leitor já ouviu falar em depressão, defen-

dida por muitos como sendo a “doença do século”, alguns afirmam que é uma doença do espírito, outros que é doença orgânica, há

ainda uma definição como orgânica ou decorrente do estresse. A verdade é que ela existe e está viva, fazendo uma serie de vítimas

que não contam com as mesmas condições que tive ou com as

pessoas em minha volta para me trazer a vida.

Espero que este material seja útil para a quebra de alguns

tabus, depressão é doença de qualquer um e não “coisa de fres-

co” é doença que mata sem nenhuma piedade e compaixão.

Desde o momento que iniciei o tratamento na fase mais

aguda da doença, perdi a consciência por algum tempo, para re-

tomar minha vida tive e ainda tenho de ouvir as pessoas que es-

tiveram em minha volta para reconstruir minha história, pois, dela

nada sei, tudo que sei é que eu queria muito viver, mas a cada

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5554 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

instante morria mais, até chegar ao fim, fundo do poço, morte, sim por alguns dias meus sentidos desapareceram, nada senti, nada

vi, nada vivi, estive inerte no leito de alguns hospitais.

Algumas pesquisas apontam para o fato de que suas cau-

sas estão relacionadas ao desequilíbrio químico do cérebro, além

de acontecimentos desgastantes, tais como, a perda de um ente

querido, separação, perda de emprego e tantos outros.

As pessoas com depressão apresentam tristeza com

grande frequência, ou seja, persistente, além da perda de interes-

se em realizar atividades que normalmente eram de seu interes-

se, uma depressão grave pode levar a uma ampla gama de pro-

blemas emocionais e físicos. Os sintomas do depressivo incluem

a incapacidade de dormir ou de concentração em suas atividades,

mesmo as mais simples. Perda de apetite, níveis de energia redu-

zidos e pensamentos suicidas também são observados com muita

frequência em pessoas afetadas pela doença.

Suicídio

Outro tema muito complexo para ser abordado é o suicí-

dio e suas diferentes formas, é sabido que em diferentes momen-

tos da história humana sua definição passou por compreensões diferentes.

Em certas culturas primitivas, o suicídio era um

evento constituinte dos costumes tribais. Na Anti-

guidade greco-romana, o exercício racional de um

direito pessoal. Pecado mortal na idade média, fruto

de instigação demoníaca, o suicídio transformou-se

em dilema humano no século XVII. A partir da se-

gunda metade do século XX, a frequente associa-

ção entre suicídio e transtornos mentais embasou

sua prevenção no âmbito da saúde pública. (BOTE-

GA, 2015, p. 14).

Analisando o ponto de vista, em algumas religiões chega

a ser apavorante, é claro e perfeitamente compreensível que as

religiões se preocupam em manter a vida, e para tanto usem de

todas as formas para valorizar a vida em sua plenitude, mas, a

visão de algumas religiões a discussão sobre este tema é sim-

plesmente cruel.

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5756 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Judaísmo. O quinto mandamento da lei mosaica proí-

be matar, mas não especifica se isso se aplica a pró-

pria vida. A tradição dos suicídios heroicos do Antigo

testamento permaneceu nas guerras judaicas dos pri-

meiros séculos. No ano 73, em Massada, mais de mil

judeus estavam prestes a sucumbir aos ataques roma-

nos. Após o celebre discurso de exortação ao suicídio

proferido por seu chefe, Eleazar, todos se mataram. O

Talmud condena o suicídio e impede rituais fúnebres

para o falecido, porém, atualmente, consideram-se

exceções, como em casos de doença mental, tortura,

honra e castidade (BOTEGA, 2015, p. 31).

Dia destes conversando com uma pessoa que frequenta

uma religião, ele me dizia “há muitas formas de condenação no

momento em que chegar a vida eterna a pior delas, no entanto é o

suicídio, o suicida não tem nenhuma possibilidade de ser perdoa-

do por ter tirado a própria vida, não haverá perdão”.

Durante o velório de um aluno que se suicidou, sou abor-

dado por um amigo, “não te passa um filme por sua cabeça”, res-

pondo que não há consciência na tentativa de um suicídio, a atitu-

de é tomada num momento de profunda perda de consciência, ao

que ele prontamente conclui “então é coisa do diabo mesmo, que

ilude o ser humano”.

Na localidade onde cresci havia um cemitério, lembro-me

que era dividido em grupos, os católicos, os não católicos e os

suicidas, estes eram sepultados fora do campo santo, por serem

considerados indignos de estar entre os outros mortos.

Durante a Idade Média, dependendo dos costumes

locais, o cadáver do suicida não poderia ser retirado

de casa por uma porta, mas passado por uma jane-

la ou por um buraco aberto na parede. Era, então,

posto em um barril e lançado ao rio. Em algumas lo-

calidades, o cadáver era arrastado por um cavalo até

uma forca, onde era pendurado com a cabeça para

baixo. As mãos eram decepadas e enterradas sepa-

radamente. Os enterros deveriam ser feitos em uma

estrada ou encruzilhada, nunca num cemitério do po-

voado (BOTEGA, 2015, p. 18).

No Filme Luther (Lutero), há uma sena que aborda este

tema antes da Reforma Protestante, nela um jovem se enforca em

uma construção, seu pai desesperado pergunta a Lutero, Padre o

que Deus fala do suicídio? Lutero nada responde, na cena seguin-

te Lutero aparece desafiando o demônio, dizendo conhecer suas obras, “mandando um rapaz se suicidar”..., na sequência o coveiro

tenta impedir Lutero de sepultar o jovem com os demais mortos, di-

zendo que aquele espaço é solo sagrado e que os demais não iriam

mais descansar com a presença do suicida, Lutero então toma para

si a cavadeira e faz a cova, dizendo: “há quem diga que de acordo

com a justiça divina este menino está condenado por ter se mata-

do, pois eu digo que ele foi possuído pelo demônio, por acaso essa

criança é mais culpada pelo desespero que a assolou, do que um

inocente assassinado por ladrões na floresta?” O Médium e orador Divaldo Pereira Franco, no endereço

eletrônico www.blogespirita.com afirma: Seja qual for a justificati-va que o indivíduo aturdido procure para fugir da vida física, co-

mete um crime hediondo, não sendo ele o autor da vida, não tem

o direito de interromper, o suicídio está catalogado como crime

hediondo... desta maneira o indivíduo quando opta em destruir a

vida, mesmo que se encontre em profunda depressão, há no seu

inconsciente uma rebeldia muito grande contra Deus, de alguma

forma o indivíduo está tentando matar outrem, por denominados

casos amorosos, e na impossibilidade de destruir aquele que o

infelicitou investe contra si mesmo, procurando interromper o ciclo

vital para despertar no além túmulo, com sofrimentos que des-

fruem da dor primitiva e da soma das aflições decorrentes de seu ato de rebeldia.

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5958 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

O suicídio é também um atestado de covardia moral e

de profunda ingratidão, de ingratidão por aqueles que ficam, por aqueles que amam, por aqueles que se devotam, e que igno-

ram os conflitos de que o paciente sempre é vítima, graças aos avanços das doutrinas psíquicas e ao estudo na atualidade da

depressão, constata se que da raiz de todo ato dessa natureza há

um distúrbio de comportamento depressivo que esclarece, mas

que não justifica, porquanto a própria depressão está em curso no fenômeno de causa e efeito e se o indivíduo elevar se à Deus

pela oração, pela prática do bem, pela superação das paixões

atormentadoras, é claro que ele irá contribuir grandemente para

a sua saúde comportamental, a sua saúde emocional, a sua paz,

evitando o suicídio, suicidar se nunca!

Por sua vez, o Físico, médium e conferencista espirita,

Raul Teixeira afirma: ... “Todo o indivíduo que se suicida, ele deve estar vivendo um quadro diferente na sua intimidade psicológica,

na sua intimidade psíquica, a criatura que se suicida certamente

está desgostosa da vida, certamente não admite as propostas que

a vida está trazendo, deseja vingar se de algo ou alguém, ou sim-

plesmente está motivada no que se chama de suicídio honroso” ...

para o espiritismo, cada suicida tem um nível de reponsabilidade,

não se pode tomar de uma craveira e a partir dali todos são medi-

dos pela mesma craveira, pelo mesmo escalão. ... mesmo aqueles

que estão fazendo por onde, se matar, nos consideramos como

suicida indireto, como o caso dos que tem vício do tabaco, dos

excessos da droga etc., se ele estiver fazendo aquilo como um

hábito, um costume, mas não é com a intenção de se matar ele é

suicida, mas um suicida indireto, muitas vezes a criatura sabe que

aquilo vai levá-lo a morte, então ele é um suicida consciente, é um

suicida direto por que ele sabe que aquilo mata.

Raul diz também que é possível nos prepararmos para a

morte, simplesmente nos preparando para a vida. ... quando pro-

curamos cultura, aprendizado, isso é crescimento espiritual, quan-

do nós estudamos, aprendemos a tocar música, a cantar, a dese-

nhar, a falar outra língua, quando aprendemos matemática, física

engenharia, lá o que for, nós estamos evoluindo espiritualmente,

evolução espiritual não é apenas evolução religiosa, é evolução

do ser como um todo de modo que vale a pena nós fazermos o

melhor que pudermos, em todas as áreas enquanto estivermos no

corpo porque como diz o brocado popular, tal vida tal morte.

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6160 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Repetindo

Morte não é a palavra que gosto de usar, não acredito que

haja morte e sim transformação da vida para estágios maiores e

melhores, na medida que vamos melhorando nosso ser, evoluí-

mos para o estágio seguinte, deste modo evoluímos desde a fe-

cundação, junção do espermatozoide com o óvulo, o nascimento

representa a saída de um local onde, via de regra, estamos todos

bem protegidos, alimentados e guardados para este mundo exte-

rior sem nenhuma garantia, segurança ou certeza e certamente

teremos no mínimo mais uma evolução quando sairemos deste

mundo para um lugar ainda desconhecido.

O que dizer então aos que duvidam? Procurem especia-

listas e dediquem se aos que apresentam os sintomas descritos

anteriormente e nos textos a seguir, leiam bons livros escritos por

especialistas da área, procurem nas religiões sérias, orientação

para acompanhar e monitorar o comportamento da pessoa doen-

te, do contrário só restará o lamento que não fará nenhum senti-

do, pois, o seu ente querido já terá partido, não por querer, de sã

consciência ninguém quer ir para outro plano, portanto ninguém

quer se suicidar, o suicídio é algo frio e sem a atitude consciente,

Homem, sábio homem o que falta a você???

Conheces, Chico Buarque, fala fluente o Francês...Não tem dificuldade em compreender Inglês, seu Portu-

guês é de invejar.

O que te falta aprender???

Talvez, aprender a trabalhar, seu apego as letras não te

deixou experimentar o valor da labuta...

Mas em que se apegou então, se sua escolaridade é pou-

ca, ainda não tem formação.

Ou tivestes muita preguiça ou foi superproteção...

O que precisa aprender sábio homem???

Precisa buscar formação, só a informação não é sufi-

ciente...

É preciso formação...

Homem, sábio homem o que falta a você????

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6362 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

há no momento em que ele acontece uma perda total da cons-

ciência, você é conduzido a algo sem saber o que está fazendo.

Muitas pessoas dizem que beberam e fizeram algo que não gostariam de ter feito, no dia seguinte não lembram de nada,

outros em trânsito saem da pista, batem o carro sem nada ver,

o sono após algum tempo de viagem se torna um grande perigo

com risco fatal, acredito que o caminho do suicídio seja o mesmo,

não há atitude pensada, articulada, planejada para tal atitude, há

sim, uma queda abrupta no despenhadeiro é como cair num abis-

mo sem retorno.

Acho importante destacar que é muito comum ouvirmos

pessoas condenando suicidas, sem procurarem compreender ou

estudar os fatos, é certo que muitos tabus envolvem este tema.

Respondendo aos inúmeros crescentes de suicídio

ocorridos na década de 1990 e ao incentivo da Or-

ganização Mundial da Saúde, 28 países idealizaram

e implantaram planos nacionais de prevenção ao sui-

cídio. Outros, de forma mais tímida, entre os quais

o Brasil, publicaram diretrizes gerais que não chega-

ram a se configurar em um plano nacional com ações estratégicas voltadas para a prevenção.

Em documento recente, a Organização Mundial de

Saúde enfatiza que o comportamento suicida ainda é

obscurecido por tabus, estigma e vergonha, o que im-

pede as pessoas de procurarem ajuda nos serviços

de saúde. A prevenção pode ser alcançada pelo en-

frentamento proativo desses obstáculos, pela cons-

cientização da população e pelo apoio dos sistemas

de saúde e da sociedade como um todo. (BOTEGA,

2015, p. 25).

Suicídio não é apenas aquele em que a pessoa mes-

mo sem querer tira a própria vida, suicídio é também viver sem

ter vida, viver vegetando, afogado na tristeza, sem sair de casa,

bêbado caído pelas sarjetas, há várias maneiras de se desfazer

da vida, vários modos de não viver, mesmo tendo todos os sinais

vitais.

Há pessoas que se suicidam ao decidirem se entregar as

drogas chamadas ilícitas, outros as drogas lícitas, quais sejam as

bebidas alcoólicas, outros mergulham numa profunda renúncia de

participação na vida em sociedade, se apagam, não participam de

nenhuma atividade pública, levam a vida como mendigos renun-

ciando a vida em família, desaparecem por tempos muito longo,

alguns nunca mais voltam, no trânsito há um número assustador

de suicidas que se misturam a assassinos, que ultrapassam em

locais proibidos e sem nenhuma visibilidade, forçam ultrapassa-

gem, andam em velocidade exagerada.

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6564 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Doenças Ocupacionais

Certamente você trabalhador já percebeu o afastamento

de colegas de trabalho por estarem sofrendo com as conhecidas

doenças ocupacionais, que são aquelas doenças que causam al-

terações na saúde do trabalhador independente da sua função,

sejam as atividades por ele desenvolvida classificada como sim-

ples ou complexa, mas, está relacionada ao tipo de ocupação de-

senvolvida.

A doença ocupacional é toda aquela doença que cau-

sa alterações na saúde de qualquer trabalhador, em

qualquer área de execução do serviço, desde as ta-

refas simples, até as mais complexas. E deve estar

sempre relacionada ao tipo de ocupação que o traba-

lhador exerce, como o câncer que se desenvolve em

trabalhadores de minas de metais ou carvão (CON-

NAPA, 2016).

O site http://falandodedeprotecao.com.br aponta as princi-

pais doenças ocupacionais por repetição. Entre elas estão: Lesão

por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho (DORT), Asma Ocupacional, Silicose,

Antracose, Bissinose, Siderose, Dermatose Ocupacional, Câncer

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6766 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

de pele, Surdez, catarata, desgaste da Visão, depressão, estres-

se, ataques de ansiedade ou síndrome do pânico.

Percebemos que a depressão também é apontada como

doença ocupacional e não unicamente por um autor, mas por vá-

rios deles.

A pressão excessiva do mundo moderno gera uma

série de problemas de ordem emocional, como de-

pressão, estresse, ataques de ansiedade ou síndro-

me do pânico. Podem ser causadas por isolamento,

pressão psicológica, ritmo agressivo de trabalho,

dificuldades ou desentendimentos no ambiente de trabalho ou carga horaria excessiva. São doenças

perigosas por não serem encaradas com a devida se-

riedade, podendo ser imperceptíveis quando no início

ou à primeira vista. Ao contrário do que pensam, po-

dem se tornar irreversíveis, afastando definitivamente o trabalhador. Ocorre com frequência entre policiais,

seguranças, bancários, operadores de telemarketing

e profissionais de comunicação (FALANDODEPRO-

TECAO, 2016).

Até mesmo o Ministério do Trabalho manifesta sua preo-

cupação em revista de publicação própria MPT EM QUADRI-

NHOS número 16, escrita pelo Dr. CARLOS EINSNER, médico do

trabalho, cita uma série de doenças como sendo infecciosas e pa-

rasitárias relacionadas ao trabalho, tuberculose, carbúnculo (an-

traz) brucelose, leptospirose, tétano, psitacose, ornitose, doença

dos tratadores de aves, dengue (dengue clássico), febre amarela,

hepatites virais, candidíase, paracoccidioidomicose (blastomicose

brasileira, doença de Lutz) doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), dermatofitose (B35) e outras micoses superficiais, malária, leishmaniose cutânea ou leishmaniose cutânea-mucosa,

(Portaria, Ministério da Saúde n. !.339/1999), em sua página 11

ele afirma: “nem toda doença ocupacional é física, Joaquim, algu-

mas afetam o emocional da pessoa. Problemas como depressão

muitas vezes estão associadas à carga horária excessiva, à pres-

são no trabalho ou algum desentendimento com os colegas”.

Neste item procurei falar brevemente sobre doenças ocu-

pacionais apenas para destacar o fato de que a depressão fa-

talmente se desenvolve pelos mais diversos fatores, entre eles

o trabalho, esclarecendo: o trabalho não causa depressão, mas,

fatores relacionados a ele certamente que sim.

Quando em seu local de trabalho algo se altera ou há

pressão por resultados ou outros tipos de pressão, há sem dúvida

o risco de se desenvolver esta temível doença.

Conforme vimos em outros itens, a depressão tem relação

com o suicídio, estes dois fatores trazem a sociedade de forma

muito clara grandes prejuízos inclusive econômicos, pesquisas

revelam que os custos do tratamento, socorro, manutenção em

hospitais de uma tentativa de suicídio é maior que os custos com

alguns casos de infartos.

Neste sentido, é prudente as empresas e o sistema go-

vernamental investirem parte de seu trabalho em programas que

possam minimizar as causas e efeitos deste problema que se

transformou nos últimos tempos num dos piores mal, a doença do

século.

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6968 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Entrevistas:

Busquei explicação, busquei um jeito para entender, en-

tender a minha dor que a outros tantos faz sofrer, procurei na me-

dicina, no ateu, no homem de fé, procurei de tantos jeitos sem

perder a minha fé...

Ouvi com atenção o que disseram e transcrevi para você,

se tem coisa que não gosto é de ver alguém sofrer...

Transcrevi tudo direitinho, virgulas, pontos, travessões,

não deixei nada de lado, quero encontrar soluções...

Comecei com jornalista que diz não acreditar em Deus,

por sua convicção se autodeclara ateu...

Ouvi o que a doutora disse, e transcrevi para você, é dou-

tora da cabeça, pra gente não enlouquecer, busca sempre uma

resposta, pra aliviar nosso sofrer...

Como a dor é muito forte e a morte não quero encontrar,

registrei o que o pastor pra Deus quer arrebanhar, fiquei atento botei fé agora pra vocês o que disseram vou contar...

Meu objetivo era que todos os seguimentos religiosos pu-

dessem expressar sua opinião, além é claro da opinião de mé-

dicos, psiquiatras, filósofos, padres e pastores, infelizmente não

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7170 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

consegui todas as opiniões que desejava, mas, as suficientes para cumprir meu objetivo.

Entrevista 1

JAIRO EDUARDO Jornalista – Editor do jornal Pitoco e Diretor Comercial da Revista Aldeia

PERGUNTA: Quais são as causas da depressão?

Olha, eu acredito numa série de fatores, a depressão é

tida como a doença do século, e talvez seja exatamente a difi-

culdade que nós humanos vivemos ao longo de uma caminhada

de milhares de anos num determinado ritmo, e este ritmo desde

a revolução industrial na Inglaterra, se acelerando no sec. XX,

mais ainda no sec. XXI, a nossa mente passa por uma adaptação

a estes tempos de relógio rápido e muita informação, controvér-

sias, tempo curto pra reflexão, acredito que é a somatória de muitas coisas, mas, embora seja leigo no assunto, não conheça

da psicologia e da psiquiatria eu posso dizer que provavelmente

as causas da depressão estão associadas a uma adaptação da

mente humana aos novos tempos de vida muito rápida, de vida

muito corrida e da dificuldade de compreender este novo mundo.

PERGUNTA: Por que as pessoas se suicidam?

Olha, esta talvez seja a pergunta mais difícil, por que há

muitas variáveis, há razões distintas para as pessoas decidirem

pôr um fim a sua vida, porém, é inegável que o suicídio segundo alguns especialistas, tem um componente de estimular outros ca-

sos, tanto assim que até alguns magistrados, algumas pessoas

pedem que nós da imprensa tenhamos cautela ao divulgar suicí-

dios, porque de alguma forma ele estimula outras pessoas quan-

do este é divulgado, pode ser que tenha a ver com um momento

de uma certa notoriedade que a pessoa vai receber quando é di-

vulgada sua morte, talvez, algumas pessoas até procurem isso no

amargor de uma doença, que é a depressão, pode parecer gla-

moroso para alguém virar notícia numa circunstância como esta,

eu diria a você que o por quê as pessoas se suicidam é algo que

vai ficar no ponto de interrogação, sinceramente eu não consi-go adentrar numa mente de um depressivo pra tentar interpretar

de forma qualificada as razões que podem levar uma pessoa a subtrair a vida. Na maioria dos casos de suicídio há um processo

depressivo em algum grau, mais ou menos, agora também, não

é a única razão que pode levar alguém a cometer esse ato, eu

imagino que situações até mais recentes como o rompimento de

um relacionamento afetivo em que não houve o tempo pra consti-

tuir um quadro depressivo, mas pelo impacto daquele rompimento

pode levar uma pessoa de forma muito impensada a tirar a sua

própria vida, por entender que aquilo não tem mais reversão e até

mesmo para castigar as pessoas que a abandonaram afetivamen-

te, naquele momento. O cérebro humano, o pensamento humano

é um labirinto indecifrável e tudo que estamos falando é no campo

das suposições.

PERGUNTA: Para onde vão as pessoas após a passagem terrena?

A morte põe um ponto final na existência humana, a alma é algo que a exemplo de Deus foi criado pelo homem, então ao

meu ver, não foi Deus que fez o homem, foi o homem que fez

Deus, a partir desse momento pra se elaborar uma teoria que fun-

damentasse essa inversão, ou seja de que Deus fez o homem, co-

locou se alguns ingredientes que pudessem atender uma questão

humana muito presente que é a inconformidade com a brevidade

da vida, como a vida é muito breve e as pessoas não se confor-

mam de viver tão pouco encontrou se uma fórmula quase mágica

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uma possibilidade de eternizar as pessoas em um outro formato,

de um outro jeito, em outro campo, em outro mundo, através da

alma, do espírito da vida eterna prometida aqueles que seguirem

determinada cartilha que alguém escreveu. Reprisando e reafir-mando, a meu ver, a alma não vai a lugar algum porque a vida da

pessoa se esgota no momento que ela falece.

Entrevista 2

ANDRÉA MARIA RIGO LISE Formada em medicina pela Universidade Federal de Pelotas - RS em Psi-

quiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora de

Psiquiatria no Centro Universitário FAG e Médica Psiquiatrica no CISOP

PERGUNTA: Quais as causas da depressão?

A depressão é um transtorno do humor, sua causa ainda é

desconhecida, mas sabe-se que componentes neuroquímicos (se-

rotonina, noradrenalina e dopamina), genético e psicossocial estão

envolvidos. O estresse pode ajudar a desencadear um episódio de-

pressivo em um indivíduo que tenha uma predisposição genética.

PERGUNTA: Porque as pessoas se suicidam?

Em torno de 90% dos indivíduos que cometem suicídio

tem um transtorno psiquiátrico. Observam-se dois picos de sui-

cídio que representam períodos de risco aumentando ao longo

da vida, sendo na adolescência e início da idade adulta e após

os 70 anos. Outros fatores também podem estar envolvidos em

algumas situações difíceis, como separação, perda de emprego,

perda de um ente querido.

PERGUNTA: Como minimizar os efeitos da depressão?

Uma pessoa ao ser diagnosticada com depressão deverá

buscar um tratamento para auxiliar no controle dos sintomas de-

pressivos, fazer uso de medicação antidepressiva, acompanha-

mento psicológico, praticar atividade física.

PERGUNTA: Existe cura para a depressão?

Não existe cura ainda, o que temos é o controle dos sinto-

mas depressivos, através de tratamento objetivando a melhora do

quadro depressivo e o retorno a condição pré-mórbida.

PERGUNTA: Quais são os sintomas da depressão?

Os sintomas da depressão são: humor depressivo ou ir-

ritabilidade, angústia, desanimo, cansaço, diminuição ou falta de

prazer por atividades que antes eram consideradas agradáveis,

desinteresse, indecisão, sentimento de medo, insegurança, de-

sesperança, vazio, pessimismo, pensamento de culpa, dificuldade de concentração, pensamentos de suicídio, esquecimento, dimi-

nuição do desejo sexual, perda ou aumento de peso, insônia ou

aumento do sono(menos frequente), dores no corpo e queixas fí-

sicas (dor de barriga, diarreia, azia, tensão).

Entrevista 3

PASTOR DENNY PETERSON SANTOS RIBEIRO MARTINS Formado em Teologia Pastoral pela Universidade Adventista de São Paulo

PERGUNTA: Quais as causas da depressão?

A igreja adventista compreende o ser humano como sen-

do formado por faculdades físicas, mentais e espirituais. Portanto,

ao observarmos situações ao nosso redor, como a depressão nós

entendemos que um estudo de todas as áreas da vida da pessoa

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7574 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

deve ser feito para detectar a causa. Reconhecemos que o aspec-

to genético não pode ser ignorado e deve ser tratado. No entanto,

a vivência da pessoa, a educação que recebeu, o ambiente e con-

vívio familiar, são gatilhos que desencadeiam o adoecimento da

pessoa. Cremos que uma experiência religiosa genuína também

pode influenciar a compreensão que o indivíduo tem da vida. Tal experiência revela o propósito da nossa existência e nos ajuda a

ampliar nosso entendimento de tudo que acontece ao nosso redor,

seja visível ou não. Dentro de nossa compreensão do que está

revelado na Bíblia, reconhecemos a existência do mal, praticado

por Satanás e seus anjos. Cremos que eles se empenham em

nos prejudicar através da insinuação à nossa mente, na tomada

de decisões que resultarão em depressão a curto, médio ou longo

prazo. Resumindo, o ser humano é composto pelo aspecto físico,

mental e espiritual. A depressão é causada por um desequilíbrio

de um ou mais destes aspectos. Uma vez diagnosticada a depres-

são, deve-se buscar ajuda profissional para cuidar do corpo e da mente. Mas, uma fé condizente com a Bíblia deve ser buscada

para fortalecer o aspecto espiritual da pessoa.

PERGUNTA: Por que as pessoas se suicidam? Tem ligação com

a depressão ou seriam outras causas?

Nós cremos que a principal causa está diretamente liga-

da a fatores psicológicos, distúrbios, dificuldades físicas e quími-cas no organismo. Mas também acreditamos que pessoas podem

ser levadas ao suicídio pelo envolvimento direto ou indireto com

o ocultismo. Muitas pessoas estão envolvidas com o inimigo de

Deus, chamado Satanás. Ele não é um conceito bíblico apenas,

mas um real opositor que está constantemente fazendo oposição

a influência de Deus na mente das pessoas. Nós cremos que exis-

te um conflito existente em nível universal entre Deus e o Satanás.

Nossa mente é o campo de batalha. Cremos que somos influen-

ciados por um ou outro, consciente ou inconscientemente. Exis-

tem pessoas que fazem não apenas contato com o Satanás, mas

assumem compromisso em troca de aparentes benefícios. Alguns

se vendem para enriquecer, para reatar relacionamentos, e até

em busca de cura física. Mas todo e qualquer acordo com o Sata-

nás resultará em morte, seja por suicídio ou não. O envolvimento

com o mal causa profundos distúrbios psíquicos que resultam no

desequilíbrio físico e espiritual, causando depressão e em muitos

casos culminando com o suicídio.

Nós cremos que as causas do suicídio envolvam aspectos

físicos, mentais e espirituais. Entendemos que uma experiência

religiosa genuína pode estruturar o pensamento para compreen-

der o valor da vida, os propósitos da nossa existência, além de

fortalecer nossa resiliência diante das crises da vida.

PERGUNTA: Existe, algumas características que a família ou a

igreja possa perceber quando a pessoa está com depressão?

Sim, apesar de não ser uma regra absoluta. Normalmen-

te, a pessoa começa a perder o interesse pela vida, como trabalho

e estudos. A auto exclusão do convívio social é comum. Alguns

sintomas são: perda do apetite, problemas digestivos, sonolência,

insônia, cefaleia, cansaço, tensão muscular, ansiedade, mudança

de humor, angústia, apatia, desejo de morrer, tristeza, desânimo,

para mencionar alguns.

A família deveria ser o ambiente em que cuidamos uns

dos outros, mas nem sempre percebemos o que está acontecen-

do devido à rotina e dificuldades na comunicação na família. Não são todos os contextos em que se desenvolveu abertura para se

expressar. Em muitos lares, o diálogo é superficial e os tabus são enormes. Há sistemas familiares cujo ambiente está adoecido e

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7776 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

por isso os sintomas da depressão não são percebidos e aten-

didos. É como se a família já tenha se acostumado com aquele

comportamento. Infelizmente, em contextos assim, a doença se

desenvolve sem ser percebida e quando a tragédia acontece, to-

dos são surpreendidos.

PERGUNTA: Para onde vai a alma das pessoas depois desta

passagem terrena?

Nossa cultura herdou uma compreensão filosófica pagã que desenvolveu uma compreensão equivocada sobre este as-

sunto. Mas se basearmos nossa compreensão naquilo que a Bí-

blia realmente diz, e permitirmos que ela se interprete, entende-

remos que a alma e o corpo estão intimamente ligados. Não há

como separar a alma do corpo e continuar tendo vida, seja neste

plano ou outro qualquer. Em Gênesis 2:7, a Bíblia nos apresenta

a equação da vida como sendo corpo mais fôlego de vida, igual a

alma vivente. Uma alma para ser vivente precisa unir os dois ele-

mentos, o pó da terra e o fôlego de vida. Não há como separar os

dois sem que resulte em morte. Conforme o sábio Salomão, em

Eclesiastes 12:6,7 ele explica que na morte o corpo volta a ser pó

e o fôlego de vida volta para Deus, resultando na morte.

Quando Deus criou Adão, sua alma passou a existir quan-

do Deus lhe deu o fôlego de vida. Sua alma não estava perambu-

lando por algum lugar quando Deus a chamou para que entrasse

no corpo. Nosso corpo não é um endereço provisório para a alma.

Nós entendemos que este corpo faz parte de quem somos. Nós

somos criaturas finitas. Nós não somos imortais. Então quando morremos, não temos mais o fôlego de vida, pois ele volta para

Deus. Não respiramos mais, o corpo volta a ser pó e a alma dei-

xa de existir. A partir deste momento, não existe mais aquele ser

humano. Ele não continua vivendo fora do corpo em outro plano.

Em Eclesiastes 9:5,6, lemos que a pessoa que morreu não par-

ticipa de mais nada debaixo do sol, não sente amor, não sente

ódio, não sente inveja. Em Salmo 115:17 lemos que os mortos

não louvam a Deus. Existem vários outros textos que revelam não

existir consciência na morte. Quando Jesus Cristo fala de morte,

Ele diz que ela é um sono, um estado de inconsciência total. A

pessoa morta não está acompanhando as coisas que acontecem

aos vivos. Toda e qualquer manifestação de supostos mortos que

estão contatando os vivos é descrita pela Bíblia como abomina-

ção. Deus é contra a tentativa de contatar os mortos. Pois nesta

busca, Satanás se aproveita para se fazer passar pelos mortos e

enganar os vivos.

A promessa de Jesus foi de nos ressuscitar um dia. Ele

prometeu recriar o ser humano e conceder-lhe a imortalidade.

Assim como Ele ressuscitou em carne e osso, os que morreram

crendo nele, ressuscitarão para a eternidade. Jesus é o exemplo

para nós. Quando Ele ressuscitou, Ele se mostrou, comeu com os

discípulos, e mesmo Tomé que disse só acreditar se tocasse em

Jesus, teve sua prova. Enquanto Jesus estava morto, estava em

estado de inconsciência assim como é descrito na Bíblia. Outro

exemplo é o próprio Lázaro a quem Jesus Cristo ressuscitou. Em

nenhum momento, encontramos Lázaro relatar sobre o plano visi-

tado enquanto morto. Se ele tivesse ido para o Paraíso, não teria

ele reclamado de voltar à Terra? Jesus ressuscitou outras pessoas

na Bíblia, e nenhum deles relatou experiências de vida enquanto

morto. Nenhum deles alegou ter visto um túnel branco, uma luz,

nenhum deles alegou ter participado de uma experiência assim,

porque biblicamente quando a pessoa morre ela está inconscien-

te, ela não sabe nada, ela não existe em lugar algum, não sofre,

não se alegra. Nós vemos isto como uma coisa boa. Como um

recém morto poderia ficar feliz, mesmo no Paraíso, sendo cons-

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7978 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

ciente de seus queridos enlutados na terra. Pense em filhos que ficaram órfãos, pais que perderam seus filhos, etc.

Outro aspecto é a incoerência de Jesus ter vindo morrer

em nosso lugar quando na verdade não existe morte. Os ensina-

mentos bíblicos precisam ser coerentes. Jesus Cristo veio morrer

por mim, mas eu não morro, eu só saio desse corpo e vou para

outro lugar. Se supormos que as almas não morrem, que elas

vivem para sempre no Paraíso ou no inferno; então porque o sa-

crifício de Cristo? Se crermos nisto, então o sacrifício de Cristo foi

em vão. Se crermos nisto é porque não sabemos o significado da morte. Morrer não é uma passagem; mas, a cessação da vida. Se

não morte, ou consequência final, não há necessidade de Bíblia, não há propósito para esta vida. A Bíblia não se contradiz, somos

nós quem não a entendemos. Os ensinamentos têm uma inte-

gração coerente. Quando Deus criou perfeito no Éden, o Homem

tinha corpo. Quando Deus recriar o Homem, voltará a ter corpo

assim como Jesus ressuscitou com o corpo. Não há nada de er-

rado em ter corpo. Deus nos criou para sermos seres compostos

de matéria. Mas a filosofia pagã que culturalmente herdamos nos leva a pensar que o corpo é mal. Isto faz com que as pessoas des-

cuidem dos cuidados que devem ter com o corpo, afetando assim

toda sua vida. Se Deus disse na criação que tudo estava bom,

inclusive o corpo, porque mudaria de ideia depois?

Infelizmente muitos meios religiosos são incoerentes em

sua pregação. Na busca por uma acomodação ao pensamento

filosófico do mundo, muitos se perdendo na sua teologia e não permitem que a Bíblia responda os dilemas da vida.

PERGUNTA: E no caso do suicida, seria isso também, ou teria ele

a sua ressureição em outro caminho?

Quando a bíblia fala de ressurreição, ela fala de duas res-

surreições. Nós cremos como que um dia Jesus Cristo virá outra

vez, como Ele prometeu no Evangelho de João 14:1-6. Ele virá

para nos buscar e resolver o problema do pecado. Quando Ele

vier, todos que morreram ressuscitarão, mas em momentos dife-

rentes. Independentemente de como morreram, todos voltarão a

viver. A Bíblia os divide em dois grupos e cada grupo ressuscitará

num momento diferente. A ressureição da vida acontecerá para

aqueles que de alguma forma aceitaram o toque de Deus e só

Deus pode discernir e julgar quem eles são. Mesmo aqueles que

nunca foram de igreja ou nunca ouviram falar de Jesus poderão

ser salvos devido a graça e misericórdia Divina. Todos que na

compreensão de Deus se entregaram, serão salvos e ressusci-

tarão para a vida eterna. Eles ressuscitam para ver Jesus voltar

à Terra. Ninguém sabe o dia ou a hora, mas cremos que Ele virá

assim como prometeu. Todos os demais, serão perdidos, e res-

suscitarão mil anos depois conforme a descrição em Apocalipse

20:4-6. Mas eles ressuscitarão para receberem a condenação e a

morte eterna. Não importará se viveram dentro de uma igreja ou

longe dela. Não serão as aparências ou as cerimônias que nos

salvarão. Na compreensão de Deus, quem O rejeitar, não será

contemplado com a vida eterna. Se Deus expulsou Adão e Eva

do Paraíso por rebeldia, não seria justo reintroduzir rebeldes ao

Paraíso. Os perdidos receberão a morte eterna.

Quanto a questão de uma pessoa que cometeu o suicídio,

nós como Igreja Adventista do Sétimo Dia, não cremos ter jurisdi-

ção para julgar o coração de uma pessoa em qualquer que seja

a circunstância. Quem julga toma o lugar de Deus e isto é blas-

fêmia. Não temos como julgar tudo que está envolvido na men-

te de uma pessoa que se suicida. Somente Deus sabe dizer se

aquela pessoa estava aberta a Ele apesar das sérias dificuldades psicológicas. Não podemos encarar o suicídio como rebelião con-

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8180 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

tra Deus. Muitas pessoas não estão conseguindo lidar com suas

demandas e conflitos internos. Muitos chegam a pontos que não temos como mensurar o grau de sanidade e equilíbrio mental e

físico. Nós Adventistas, cremos que a graça de Deus é soberana

e Ele contemplará com a vida eterna conforme Seu amor e justiça.

PERGUNTA: Algo mais a ser comentado pastor?

Eu acredito que vivemos num mundo debilitado pelo pe-

cado. Não sei até que ponto você entende esse conceito. O peca-

do é quando estamos separados de Deus. O pecado não se resu-

me a atos, pois eles são consequências de estarmos separados

de Deus. A partir do momento em que Adão e Eva desligaram-se

de Deus, eles cometeram atos de desobediência. A raça humana

e nosso planeta foram submersos numa situação de deterioração

de toda criação. A natureza e o ser humano passaram a sofrer por

doenças que estão surgindo devido a vários fatores. Nossa ga-

nância nos leva a destruir o nosso ambiente e nossos os alimen-

tos. A própria forma que o mundo está funcionando, o estresse

do dia a dia são produtores de depressão. Portanto, a depressão

precisa ser cuidada de maneira integral. Uma experiência religio-

sa genuína pode ajudar a encontrar uma razão nobre para viver

nesse mundo, de onde viemos e para onde vamos.

Nós cremos em Jesus, e que Ele virá resgatar o ser hu-

mano. Não é pelo Paraíso, mas por Jesus. Esta é uma mensagem

de esperança, mas nem todos creem nisto. Parece bom demais

para ser verdade. Qual é a base que se tem para crer nisso? Não

há provas da existência de Deus. Assim como não há provas con-

tundentes de nenhuma outra teoria de nossas origens. Toda e

qualquer teoria depende da fé. Ao olharmos ao redor, vemos evi-

dências de um design inteligente. Alguém que está por traz disso

tudo, criando, organizando. Eu escolhi acreditar a partir daquilo

que a Bíblia revela, nas profecias que já se cumpriram. Nós cre-

mos que a Bíblia seja um livro confiável. Em minha experiência particular com Deus, eu tenho obtidos motivos para crer na exis-

tência de Deus. Eu não tenho dúvida quanto à Bíblia como a Pa-

lavra de Deus. Ela me revela o que está acontecendo no mundo

hoje. Eu não preciso torcer a Bíblia para mostrar isso para você

ou para quem quer que seja. Não preciso buscar na filosofia uma compreensão, porque ela vai mudar de tempos em tempos. É por

isso que muitos não acreditam mais na Bíblia. Se a gente deixar

a Bíblia falar por si mesmo vamos perceber que as coisas não

entram em contradição. Vamos entender o que está acontecendo hoje e o que irá acontecer amanhã. Mas a Bíblia e o cristianismo

verdadeiro não são populares e perderam espaço. Jesus alertou

e hoje vemos um cristianismo falso, adulterado, prostituído, sendo

vendido na sociedade. Muita gente sem base alguma está sendo

enganada. As pessoas estão indo atrás das bênçãos e não de

Deus. Não param para estudar a Bíblia e compreendê-la. Então

quando a gente estuda e percebe essa coerência temos de parar

para pensar. A Bíblia faz a diferença, pois além de nos revelar

nossas origens e destino, ela nos orienta quanto aos cuidados da

vida. Através dela, Deus se mostra para nós e nos conduz para

lidarmos com as dificuldades da vida. Eu escolhi crer assim. Eu encontro evidências de que a melhor maneira de viver é assim,

apesar de reconhecer que sou criatura finita, e conheço muito pouco sobre os mistérios deste universo. Mas eu tenho a Deus,

que me conduz passo a passo nesta jornada. Eu não estou sozi-

nho, e nem você.

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8382 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Depressão e NeurociênciasDr. Roberto Almeida

Introdução

Os fatos chaves apresentados pela Organização Mundial

de Saúde (OMS) são:

• Depressão é uma causa comum de transtorno ou

doença mental.

• Globalmente, estima-se que 350 milhões de pessoas

de todas as idades sofram de depressão.

• Depressão lidera como causa de incapacidade.

• Mulheres são mais afetadas por depressão do que

homens.

• Na sua forma mais grave, a depressão pode levar ao

suicídio.

• Existem tratamentos efetivos para depressão.

A Ciência Médica é muito jovem e o cérebro ainda é um

vasto campo não muito bem compreendido.

A Psiquiatria que trata dos transtornos mentais, dentre eles

a depressão, também possui muito mais dúvidas do que respostas.

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8584 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

As Neurociências estão apresentando muitos avanços na

compreensão do cérebro e da mente humana, principalmente a

Neurofenomenologia e Neuroconscienciologia.

DefiniçãoO termo depressão pode ser utilizado de várias maneiras

e pode causar confusão. Importa fazer uma distinção entre:

1) Depressão enquanto estado de humor depressivo

que envolve emoções de tristeza, vazio, desesperan-

ça, ausência de sentimentos positivos. Geralmente

dura pouco e pode ser normal diante de algumas si-

tuações cotidianas principalmente relacionadas com

interpretação pessoal de perdas.

2) Síndrome depressiva – são conjunto de sinais e sin-

tomas depressivos inclusive físicos que caracteri-

zam a depressão maior, depressão menor e outras

condições mais duradouras.

3) Transtorno Mental Depressivo – é o aparecimen-

to de síndrome depressiva em condições isoladas

como na Depressão unipolar. Também pode ocorrer

a síndrome depressiva alternada com períodos de

euforia e mania, condição que caracteriza o chama-

do transtorno bipolar. Neste caso a pessoa alterna

períodos de depressão com períodos de uma alegria

e felicidade exagerada.

Estas três abordagens são mais técnicas e possuem dife-

rentes significados em termos de diagnóstico. Significa que ficar com estado de humor depressivo por um tempo porque perdeu

emprego não é diagnóstico de doença depressão.

DiagnósticoTanto para o autodiagnóstico quanto para poder ajudar as

pessoas com quem se convive é importante identificar os seguin-

tes sintomas depressivos:

1) Estado de humor depressivo na maior parte do dia e

na maioria dos dias da semana.

2) Perda do interesse ou prazer na maioria das ativi-

dades.

3) Insônia (falta de sono) ou Hipersonia (excesso de

sono).

4) Perda ou ganho de peso significante (5% dentro de um mês)

5) Decréscimo ou aumento do apetite.

6) Retardo psicomotor (lentidão nos movimentos) ou

agitação quase todos os dias.

7) Fadiga (cansaço) ou sensação de falta de energia.

8) Decréscimo de habilidade para concentração.

9) Dificuldade para tomar decisão.

10) Pensamentos de menos valia e excessivo ou inapro-

priado sentimento de culpa.

11) Pensamentos recorrente sobre morte, fim da vida ou mesmo ideação suicida.

CausasEssas características neuropsicológicas apontam para o

comprometimento do lobo frontal e córtex pré-frontal, parte do cé-

rebro que fica atrás da testa.

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8786 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Este córtex pré-frontal representa o último estágio de evo-

lução do cérebro e é mais complexo e, portanto, o mais sensível

diante de várias situações de agressão e lesão cerebral, física ou

química. Nossa forma de pensar afeta a bioquímica do cérebro.

Significa que na depressão o lobo frontal não está sendo bem utilizado e a performance da pessoa é muito prejudicada. A

pessoa expressa menos inteligência e isso torna inclusive o pro-

cesso de cura mais difícil.

Importa muito compreender o caso da pessoa que tem

muito potencial, capacidade inteligência, mas que vive ou traba-

lha em condições onde não consegue expressar esse potencial,

bloqueia ou impede a autorrealização e por isso corre maior risco

para depressão. Diante da depressão é sempre importante avaliar

se a pessoa não está se sentindo em subnível.

A depressão está relacionada com o sentimento de des-

conexão com as outras pessoas, reflete falta de afeto, que induz isolacionismo, comportamento autista e isso distorce a percepção

do mundo, onde a pessoa começa a interpretar sua presença na

vida como desnecessária e extremamente dolorosa, nesse con-

texto pode surgir o cúmulo do egoísmo traduzido na ideação do

suicídio ou autocídio. Nesse momento, corre o risco de ser a cau-

sa do pior que pode acontecer na depressão. Reverter a depres-

são depende de atuar nas causas.

Tratamento

O tratamento principal é a pessoa reconhecer que algo

está errado ou desviante em sua vida e que sua mente e cére-

bro estão gerando pensamentos e julgamentos equivocados da

realidade vivenciada. Fundamental é pedir ajuda e compartilhar

para sair do isolacionismo e comportamento autista. Sair de si e

pensar mais nos outros sempre foi uma sábia recomendação. Se

dedicar mais aos problemas dos outros ajuda relativizar os pro-

blemas pessoais. Fazer assistência altruísta ajuda sair da depres-

são egoísta. Também existe um padrão de pensamentos negati-

vos contra si mesmo, pensamentos negativos automáticos, quase

descontrolados que precisam ser tratados como estranhos a si

mesmo, tais pensamentos negativos possuem origem complexa

na mente e no cérebro, mas refletem no fundo a falta de auto afeto e autocompaixão. Portanto, quem tem depressão precisa ser mais

gentil consigo mesmo, cuidar de si e voltar a sentir-se digno de ser

amado por si mesmo e pelos outros, independente da causa ou

fatos que geraram a depressão. Todos têm o direito de viver uma

vida feliz, produtiva e Inter assistencial. Toda vez que geramos

pensamentos de autocompaixão ou auto benignidade acionamos

circuitos cerebrais de maior bem-estar, maior segurança perante

a vida que deixa de ser ameaçadora.

Pesquisas recentes, segundo Korb (2015) evidenciam que

as estruturas cerebrais na pessoa depressiva são praticamente

iguais às pessoas não depressivas o que difere é na forma e sequên-

cia como essas estruturas são ativadas. A mensagem importante é

que uma vez iniciado um processo depressivo é como um círculo

vicioso onde um comportamento depressivo, causa outro e assim

por diante. A boa notícia é que através de antidepressivos, psicote-

rapia e principalmente mudanças ou reciclagens na vida é possível

reverter a depressão e criar um círculo virtuoso. Para acionar esses

circuitos cerebrais de forma virtuosa é preciso pensar nos pequenos

hábitos diários de alimentação saudável, exercício físico, sono, higie-

ne mental, meditação, transcendência pessoal (espiritualidade). São

pequenas coisas que muitas vezes a pessoa depressiva despreza e

sente-se incapaz de fazer porque pensa que precisa estar bem para

voltar a fazer as coisas. A solução é o contrário fazer as coisas, as

rotinas, para depois ficar bem e sentir mais motivação para o resto.

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8988 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

PrevençãoA vida é uma sequência de acontecimentos sendo alguns

agradáveis e outros desagradáveis, felizes ou infelizes e isso é

para todas as pessoas. Existe uma ilusão de que os outros são

sempre mais felizes do que nós. Essa abertura para aceitar a vida

com os fatos positivos e negativos já é de extrema importância na

prevenção ou minimização da reação depressiva diante das frus-

trações, perdas e dores inevitáveis. No entanto, é cada vez mais

importante as pessoas terem clareza de seus valores (aquilo que

é importante na vida) bem como seus objetivos e metas para que

possam se comprometer com ações pessoais coordenadas pelas

funções executivas do lobo frontal. Não reagir emocionalmente,

mas procurar agir racionalmente de acordo com valores é sempre

a maior prevenção e terapia para a depressão. É isso que traz

significado e qualidade de vida.

Dr. Roberto de AlmeidaMédico formado na UFPR em 1994. Especialista em Medicina Inten-

siva. Especialista em Gestão Hospitalar pela PUC-PR. Coordenador

da UTI do Hospital Municipal Padre Germano Lauck. Voluntário do CEAEC (Centro de Altos Estudos da Conscienciologia). Coordena-

dor do Colégio Invisível de Neuroconscienciologia. Sócio funda-

dor da NeoEthos - Desenvolvimento Humano. Professor do Curso

de Medicina da UNILA (Universidade Federal de Integração Latino

Americana). Pesquisador da Medicina do Estilo de Vida e Salutogê-

nese. Ativista da Promoção de Saúde Integrativa.

Referência Bibliográfica• Almeida, Roberto. Neuroconscienciologia. Verbete

da Enciclopédia da Conscienciologia 8a Edição - Di-

gital, 2013. Editares.

• American Psychiatric Association. Diagnostic and

Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition

(DSM-5), American Psychiatric Association, Arling-

ton, VA 2013.

• Harris, Russ; Liberte-se: Evitando as Armadilhas da

Procura da Felicidade; Editora Agir, 2011.

• Korb, Alex; The Upward Spiral: Using Neuroscien-

ce to Reverse the Course of Depression, One Small

Change at a Time; New Harbinger Publications Inc;

2015.

• WHO, World Health Organization; La depresión:

Nota descriptiva No. 369; Octubre de 2015. Acesso

em 24 de novembro de 2015: http://www.who.int/mé-

diacentre/factsheets/fs369/es/

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9190 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

CONATUS E SUICÍDIO: Uma Abordagem à Luz da Filosofia Clínica

Prof. Msc. Ivo José Triches

Esta reflexão parte das seguintes indagações:

• Existe alguma relação de entre o conceito de cona-

tus de Espinosa e a prática do suicídio?

• A Filosofia Clínica pode contribuir para que um ator social não chegue a tal prática?

Aprendi que em Filosofia algumas coisas são importan-

tes. Uma delas é a necessidade de definirmos os conceitos antes de continuarmos o diálogo ou a leitura de um texto, sob a condi-

ção de que se isto não ocorrer, poderemos ter dificuldades no que tange a hermenêutica de um texto.

Muito embora existam outras coisas relevantes, vou lhe

apresentar apenas mais uma, qual seja, de que a Filosofia se ca-

racteriza por se um tipo de conhecimento que abandona o caráter

especulativo, próprio, por exemplo, da Teologia. Assim, a razão

torna-se o elemento nuclear para chegarmos ao êidos dos fenô-

menos, ou seja, à essência mesma das coisas. Ou ainda, o es-

forço para chegarmos mais próximos da verdade, tendo apenas a

razão como guia principal.

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9392 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

1. Conceito de ConatusEste é um conceito que aparece, principalmente, na pro-

dução filosófica de Baruch Espinosa. Trata-se de um pensador de origem judaica, que viveu no século XVII da nossa era. Mais pre-

cisamente, Espinosa viveu do dia 24 de novembro de 1632 a 21

de fevereiro de 1677. Foi perseguido e odiado por muitos do seu

tempo e por outros dogmáticos que viveram nos séculos seguintes

e que vivem até hoje, mas sua forma humanista de pensar acabou

influenciando inúmeros outros pensadores nos séculos seguintes. Entre eles, citarei aqui: vários iluministas do séc. XVIII, Marx, Freud, Marilena Chauí e, humildemente, este professor que vos escreve.

Por conatus Espinosa entendia a força que nos chama

para vida. A luta pela nossa existência. Com Espinosa aprendi que

os seres vivos em geral são portadores disto que ele denominou

conatus. Por isso, por exemplo, que às vezes ao consumirmos

uma laranja, ocorre, às vezes, que uma semente cai desperce-

bidamente no chão. Se ela cair entre a fenda de uma calçada,

poderá dar origem a mais um pé de laranja. E o que ocorre a partir

disto? A calçada começa a sofrer modificações, ao ser elevada pela força das raízes da planta. Por que isso ocorre? Por que foi

o conatus do pé de laranja que fez isto. Em outras palavras: a la-

ranja fará tudo que estiver ao seu alcance para viver. É o conatus

dela que o chama para a vida, a impulsiona a viver.

Se desejarmos compreender este conceito a partir de sua

etimologia, teremos:

• O prefixo co = junto à; que se aproxima de algo; que está junto;

• O sufixo natus = relativo a nascer, nascimento. Daí: força intrínseca a todos os seres e que nos chama

para vida.

Para que você compreenda bem este conceito vou lançar

mão de mais uma analogia. Quem são nossos filhos? Eles são uma extensão do nosso conatus. Por isso os amamos tanto. Eu

cuido de um colégio aqui em Curitiba. É comum vermos nas for-

maturas ou nas apresentações que ocorrem ao longo do ano, os

pais chorarem ao verem seus filhos à frente do palco. Por que isso ocorre? Porque é como se eles lá estivessem. Veem-se reconhe-

cidos no sucesso dos seus filhos.Freud chamou isto de instinto vital ou impulso de vida. É a

mesma coisa. Por isso ele dizia que não havia no inconsciente o

conceito de desejo da morte.

Por que os jacarés são menos assustados que os huma-

nos? Porque têm os olhos em cima da cabeça. Conseguem ter uma

visão mais ampliada da realidade em face dos humanos. Assim, só

reagem quando seu conatus estiver de fato ameaçado. Ao passo

que nós, humanos temos uma visão de no máximo 180º. Com isso

temos mais medo. Poderemos ser atacados pelas costas.

Como o objetivo de tornar este assunto ainda mais evi-

dente uma vez que ele tem, no meu entendimento, uma relação

estreita com o tema do suicídio que abordarei mais adiante, vou

me valer de mais um exemplo. Talvez você já tenha vivenciado o

que vivenciei até a minha adolescência. O quê? Morei em cidades

pequenas no oeste de Santa Catarina e depois no oeste do Pa-

raná. Nelas havia alguns homens que eram temidos pela comu-

nidade. Eles faziam mal a muitas pessoas. Era comum ouvirmos

que eles já haviam cometido vários homicídios. Entretanto, estes

homens nunca tomavam pinga nas bodegas de costas para a por-

ta. Ficavam, de modo geral, em um dos cantos do balcão. Por que

agiam assim? Porque como eles ceifaram vários conatus, tinham

medo que os deles também fossem ceifados.

A despeito do que escrevi acima, Marilena Chauí disse

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9594 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

uma vez em um programa de TV, que na Idade Média havia basi-camente dois tipos de reis. Os bons e os maus. Os maus nunca

dormiam duas noites no mesmo leito. Ao passo que os bons dor-

miam quase sempre no mesmo lugar. Isso ocorria, segunda ela,

porque os considerados maus enfraqueciam o conatus dos servos

e, por isso, tinham medo. Ao passo que os reis bons eram prote-

gidos, uma vez que cuidavam do conatus dos atores sociais que

viviam sob sua jurisdição.

Uma vez compreendido o conceito de conatus, ficará mais fácil compreendermos o tema da depressão que vem a seguir.

2. O conceito de depressãoSobre este conceito deixo claro que o que afirmarei trata-

-se da minha semântica sobre o mesmo. Evidentemente que para

escrever sobre isso partirei da base teórico-epistemológica que é

o pensamento de Espinosa e de alguns elementos teóricos que

aparecem no pensamento de Lúcio Packter, que é o filósofo que sistematizou a Filosofia Clínica.

O que é a depressão na geografia? Trata-se da parte mais baixa entre duas regiões mais elevadas. A causa, geralmente, está

associada ao desgaste do terreno sofrido por causa da ação dos

ventos, da água das chuvas, do sol, etc. Nestes locais há menos

luz. Portanto, a sombra é predominante.

E uma pessoa que está com depressão está de modo ge-

ral aonde? Em um lugar “sem luz”. Fica no quarto muitas vezes e

estando nele, fica na cama. Razão pela qual podemos dizer que uma pessoa com depressão está com seu conatus enfraquecido.

Em outras palavras: a “luz” interna está se apagando. O que aca-

ba por vezes por levar à pessoa ao suicídio.

Neste sentido, torna-se relevante pensarmos sobre o con-

ceito de entusiasmo. Como gosto muito de escrever ou falar sobre

a etimologia das palavras, leia o que segue:

• En = dentro;

• Teos = Deus. Assim uma pessoa entusiasmada age como se Deus estivesse partindo de dentro dela.

Como é comum associarmos a ideia de que Deus é fonte

de luz, podemos dizer que a pessoa que está entusiasmada não

tem depressão. Isto porque está cheia de luz. Observe como tudo

está imbricado, conectado.

Se você compreendeu bem o que lhe escrevi até aqui,

creio que compreenderá também o que segue. Isso porque farei

algumas aproximações entre alguns conceitos da Filosofia Clíni-ca com o conceito de conatus de Espinosa. A partir dos mesmos,

meu objetivo é lhe mostrar algumas razões pelas quais algumas

pessoas optam pelo suicídio e também o que poderemos fazer

se desejarmos ajudar as pessoas a evitá-lo ou ainda, nós mes-

mos, fugirmos dele.

3. As imbricações entre conatus e as paixões para Espinosa e a relação destes conceitos com o con-ceito de Categoria Circunstância na Filosofia Clínica.

Segundo Espinosa, nosso conatus não vive de maneira

solipsística. E o que significa isso? Significa que nós sempre es-

tamos interagindo com outros conatus, que por sua vez também

sofrem os efeitos das paixões. Desse modo, nosso conatus sente

os efeitos diários das afecções, das paixões. Para ele estas pai-

xões são de duas naturezas:

• Existem aquelas que ele chamou de Paixões da Ale-

gria. Trata-se daquelas coisas que uma vez existin-

do em nós, nosso conatus estará fortalecido. Algo

encantador no meu entendimento! São exemplos de

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9796 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Paixões da Alegria: a amizade, a concórdia, a gene-

rosidade, a misericórdia, o perdão, a virtude, etc.

• Contudo, existem as Paixões da Tristeza. São aque-

las que uma vez existindo em nós, nosso conatus

estará enfraquecido. São exemplos deste tipo de

paixão: o ódio, a mágoa, o ressentimento, a fofoca,

o rancor, o ciúme, a inveja, o vício, etc.

Na Filosofia Clínica a Categoria Circunstância diz respeito a tudo aquilo que “circula” ao redor de um determinado ator social

em um determinado momento histórico. Ao vivermos inexoravel-

mente estaremos envoltos a uma série de coisas que fazem parte

da nossa existência. Por exemplo, a língua que meus pais me

ensinaram, a religião, a economia, os valores, os costumes entre

tantas outras coisas.

Assim podemos dizer que meu conatus poderá ser afeta-

do de forma diferente, dependendo das paixões que fazem parte

da circunstância em que estamos inseridos.

Aqui penso que há um dos núcleos causais do suicídio.

No meu entendimento, o principal. Se eu estiver envolto às pai-

xões da tristeza é provável que dependendo da intensidade de

tais paixões, poderei buscar dar um fim a tal sofrimento desejando pôr um fim à minha existência. Vou tentar tornar isto mais claro.

Para ilustrar o que lhe desejo dizer, vou me valer de uma

situação concreta. De modo geral, nós vivemos envoltos pelo

consumo. Os teóricos da chamada Teoria Crítica ou Escola de

Frankfurt definiram a sociedade em que vivemos como Socie-

dade do Consumo e não como Modo de Produção Capitalista,

como Marx denominou.

Pois bem, se uma pessoa influenciada por outras que es-

tão próximas dela acaba adquirindo o vício do consumo (paixão da

tristeza) e, ao mesmo tempo, esta pessoa recebeu dos pais uma

sólida formação religiosa, onde não pode ficar devendo, que tudo é pecado entre outras coisas, poderá sofrer dores existenciais pro-

fundas ao não conseguir pagar suas dívidas. Com o agravamento

dessa tensão no decorrer do tempo, esta poderá vir a ser uma das

razões pelas quais decidirá dar um fim a sua própria existência.Há outros aspectos a serem observados quando o assunto

é esta questão do suicídio. Entre eles destacarei apenas mais dois.

Uma pessoa pode escolher se suicidar lentamente. Para

esta pessoa a vida passa a ser apenas “demoramento”. Isso pode

ocorrer, por exemplo, quando ela decidir fumar ou beber pinga em

excesso, entre outras possibilidades;

O segundo aspecto eu percebo empiricamente que, de modo

geral, as pessoas não aceitam a ideia de que alguém possa praticar

o suicídio. A mim me parece que esta rejeição se deve ao fato de

que para muitas pessoas existe algo de sagrado em nós. O quê? A

vida. Por isso não dá para aceitar que alguém decida ceifá-la.

Evidentemente que este é um assunto por demais com-

plexo. Estou cônscio que o suicídio pode ter causas diversas.

Algumas até de ordem neurológica, mas que os fenômenos da

cultura também contribuem para tal prática, me parece ser uma

verdade que não há como negar. Razão pela qual penso que às

vezes podemos contribuir para que o mesmo seja evitado.

Para a Filosofia Clínica cada indivíduo é único e constrói ao longo de sua existência uma Estrutura de Pensamento própria, úni-

ca. Para conhecermos a mesma é necessário irmos à historicidade

da pessoa. O que implica em ouvirmos, observamos, conhecermos

como ela, ao longo do tempo, se estruturou. Assim, este tema do

suicídio não é abordado por nós sob o ponto de vista moral, religio-

so etc. O que vale dizer que para algumas pessoas, este ato neces-

sita ser compreendido como a única saída que havia para aquela

pessoa naquele momento. Não há condenação, ressentimento. O

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9998 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

que há é um acolhimento humanista, altruísta da situação.

Lúcio Packter, ao sistematizar a Filosofia Clínica construiu muitos neologismos. Um deles é o conceito de Recíproca de In-

versão. E o que isso significa? Ela ocorre quando vamos ao mun-

do do outro. Quando procuramos sentir, compreender como são

as coisas para aquela pessoa.

Escrevo-lhe sobre isso para dizer que muitas vezes, para

ajudarmos uma pessoa a evitar esta escolha do suicídio, se as-

sim julgarmos ser possível, ou o melhor, para aquela pessoa, lo-

graremos mais êxito à medida que lançarmos mão deste recurso

da Recíproca de Inversão. Se conhecermos com profundidade a

Estrutura de Pensamento de uma pessoa, via historicidade dela,

poderemos fazer alguns agendamentos que poderão mudar seu

endereço existencial. Facultando assim, uma melhora subjetiva

desta pessoa. O que poderá contribuir para que ela desista de

fazer esta escolha, que, de modo geral, não é aceita pelo conjunto

da sociedade, ou seja, o suicídio.

Por fim, mas não por último, como sou amante da teoria de Espinosa, deixarei aqui registrada minha contribuição em face

deste assunto à luz das reflexões feitas por ele e que para mim são de grande valia. Antes propriamente de adentrar ao tema, dei-

xo claro que isso é assim para mim.

O grande desafio da nossa existência é termos a coragem de substituir as paixões da tristeza que há em nós, pelas paixões

da alegria, como bem nos ensinou Espinosa. Assim, por exemplo,

substituir os vícios pelas virtudes; as mágoas pelo perdão; o egoís-

mo pelo altruísmo; a inveja pela admiração; o orgulho pela humilda-

de; a avareza pela generosidade entre tantos outros, pode ser um

bom começo para quem deseja ter um conatus mais fortalecido.

Outro aspecto relevante que Espinosa nos ensinou é que

um homem forte é aquele que desiste de viver sob o jugo das di-

ferentes teorias do “cagaço”. Peço perdão pelo termo um pouco

chulo, que não foi utilizado por ele. Foi adaptado por mim para

dizer que há muitos teóricos no mercado que só querem nos opri-

mir, nos escravizar. Exemplo disso são os empresários da fé, que

nos apresentam a chamada teologia do “cagaço”, escravizando

seus fiéis, induzindo-os a pagarem 10% de tudo o que ganham. O tal do “dízimo”. Os consultores de plantão que enchem os empre-

sários de medo para depois obterem vantagens econômicas. Isso

pode em muitos casos contribuir para levar as pessoas ao sofri-

mento existencial, ao se encherem de culpa, facultando com isso

a ideia de autodestruição. Enfim, há muitas pessoas que primei-ro vendem dificuldades, para depois venderem facilidades, nos enganando com ações que são puramente do mundo das ações

estratégicas, como bem nos mostrou Habermas.

Espero ter contribuído com sua formação com esta pe-

quena reflexão e, humildemente, lhe apresento dois verbos que podem evitar a dor e o sofrimento ao longo de sua existência. São

eles: servir e perdoar. Ao longo dos dias perceberá que seu cona-

tus estará fortalecido. Com isso, muitas coisas ruins se dissiparam

de vossa existência.

Prof. Msc. Ivo José TrichesConferencista, Escritor, Filósofo Clínico Empresário e Ambientalista

Curitiba, 17 de julho de 2016.

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101100 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Depressão, natureza e alimentação saudável

Por Miriam Duailibi

O século XXI começou trazendo em seu bojo inúmeras

novidades tecnológicas e descobertas científicas que contribuí-ram para a prevenção, e até mesmo a cura, de doenças que, há

décadas, ameaçam a qualidade de vida da população do nosso

Lar-Terra.

Porém, ao mesmo tempo, a tecnologia parece não estar

sendo capaz de enfrentar uma doença difusa, enigmática, e de-

safiadora, a depressão, que já está sendo vista como o “mal do século”.

As previsões da Organização Mundial da Saúde aponta-

ram que no ano de 2030, 9,8% da população mundial sofreria des-

te mal. Porém, ainda em 2010, cerca de 400 milhões de pessoas,

em torno de 7% da população, já haviam sido diagnosticadas com

a doença! Apenas na América Latina (segundo dados do Minis-

tério da Saúde), 24 milhões de pessoas sofrem deste mal. Ela é

responsável por 350.000 suicídios por ano!

Mas, afinal, o que é depressão?

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103102 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Segundo os médicos, é a mais incapacitante das doenças,

um transtorno mental cujos sintomas mais comuns são a falta de

energia, até mesmo para tarefas corriqueiras do dia a dia, como

tomar banho e escovar os dentes. Os doentes se enclausuram em

tristeza, quartos fechados, sombrios como o seu humor, serenida-

de, afetada pela doença, não se interessam mais pelo que antes

lhes proporcionava prazer, além de ter desconfortáveis sintomas

físicos como dores de cabeça, musculares e de estômago, enjoos

e tonturas.

O crescimento vertiginoso desta enfermidade pode estar

vinculado ao modo de vida moderno, em que os seres humanos

se afastam do convívio com a Natureza e, por conseguinte, da

sensação de bem-estar que nos acomete quando respiramos ar

puro, tomamos banho em águas limpas, corremos por campos e

bosques, cuidamos de animais e ingerimos alimentos saudáveis

e naturais.

Pesquisas mostram que o índice de depressão é muito

maior em quem vive em grandes centros urbanos e tem um coti-

diano pobre em atividades físicas e rico em ingestão de alimentos

industrializados como gorduras, açúcares, carboidratos refinados, refrigerantes, carne vermelha e margarina.

Muitas podem ser as causas da depressão e, hoje, a ex-

plicação mais aceita pelos estudiosos é que se trata de doença

causada pela combinação de fatores genéticos, ambientais, psi-

cológicos e sociológicos. Ou seja, o local onde vivemos, o nosso

trabalho e nossos hábitos diários estão vinculados ao apareci-

mento e/ou ao agravamento da doença.

Assim, segundo diversos pesquisadores, é muito impor-

tante refletir sobre a relação do nosso modo de vida com o risco de doença. A combinação de exercícios físicos, especialmente

os praticados ao ar livre e em grupo e uma dieta saudável po-

dem contribuir enormemente para a prevenção e minimização da

doença. Por outro lado, uma dieta diária pobre e desbalanceada

em conjunto com o estresse ou a falta de sono, podem deixar o

organismo mais vulnerável a ela.

Doença e nutrição são assuntos complexos e são muitas

as teorias que explicam quais aspectos da alimentação influen-

ciam na depressão. A proliferação, nem sempre cuidadosa, de tais

conceitos pode acarretar e disseminar ideias equivocadas, como

o senso comum que carboidratos, doces e chocolates podem ali-

viar os momentos de estresse e mau humor.

O que ocorre de fato é que pessoas deprimidas tendem a

consumir grande quantidade destes alimentos. Após o consumo,

a glicose presente nestes itens aumenta o nível de insulina, levan-

do a pessoa a um nível de euforia de pequena duração, seguido

por extenso quadro depressivo, o que pode conduzir a pessoa a

ingerir mais alimentos deste tipo, entrando em um ciclo vicioso

que só agrava a doença.

Estudos científicos recentes sobre depressão e alimen-

tação, vem, mais uma vez, demonstrar aquilo que as populações

tradicionais sempre souberam: quanto mais natural, equilibrada

e diversificada for a alimentação, mais saudáveis física e mental-mente nos tornamos!

Um padrão alimentar baseado em alimentos processa-

dos e industrializados dobra o risco de depressão na meia idade,

conforme afirma um estudo desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University

College em Londres e do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa

Médica de Montpellier, na França.

Outro estudo, realizado por pesquisadores da Harverd

School of Public Health, confirma o teste e afirma que aqueles que têm uma dieta pobre em alimentos anti-inflamatórios como azeite

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105104 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

de oliva, vegetais verdes e amarelos, vinho, verduras e frutas tem

um risco maior de sofrer depressão.

Bem sabemos, mas é sempre bom lembrar ao leitor, que

a depressão é uma doença e como tal deve ser tratada, buscando

a orientação e a ajuda de um médico especialista. Porém, como

em outros males, devemos contribuir com a prevenção e a cura,

sendo proativos e buscando aprender com a natureza.

Consumir vitaminas e minerais diretamente ligados ao

sistema nervoso e ao funcionamento mental, como as vitaminas

B, o cálcio, magnésio, ferro, zinco e selênio adicionando alimentos

naturais que os contenham à nossa dieta, pode ajudar no comba-

te a este mal.

Por meio de mudanças em nossa alimentação diária po-

demos prevenir a depressão ou ameniza-la, caso ela já nos afete.

Vejamos algumas dicas que médicos e nutricionistas costumam recomendar:

1. Diminuir, ou até mesmo eliminar, o consumo de Gor-

dura trans, que aumentam a produção de citosinas

interferindo na transmissão nervosa e diminuindo a

produção de serotonina, neurotransmissor respon-

sável pela sensação de bem-estar;

2. Aumentar a exposição ao sol para liberar hormônios

como o cortisol que contribui para o alívio do estres-

se e da ansiedade, além de regular outros hormô-

nios essenciais ao bem-estar físico e mental.

3. Consumir alimentos ricos em vitamina D como sardi-

nha, ovos, fígado de boi, iogurte.

4. Beber bastante água. Ela ajuda a remover toxinas

do corpo, fornece energia, ajuda a absorver os nu-

trientes e faz com que todos os sistemas funcionem

melhor.

5. Consumir ácidos graxos e ômega 3 que são essen-

ciais para o perfeito funcionamento do cérebro. Pode-

mos conseguir esses ácidos por meio de uma alimen-

tação com peixes como o atum, salmão e cavala.

6. Comer uma boa porção de castanha-do-pará, nozes

e amêndoas diariamente, pois são ricas em selênio,

um poderoso agente antioxidante.

7. Consumir pelo menos 3 porções de frutas por dia.

Elas são ricas em triptofano, aminoácido que ajuda

na produção de serotonina. Melancia, abacate, ma-

mão, banana, tangerina e limão melhoram o humor.

Laranja e maçã fornecem ácido fólico que promove

o melhor funcionamento do sistema nervoso, garan-

tem energia, ajudam a combater o estresse e previ-

nem a fadiga. A banana é rica em carboidrato (hidra-

tos de carbono), potássio e magnésio e também é

fonte de vitamina B6, que produz a energia que tanto

faz falta nos quadros depressivos.

8. Não nos esqueçamos de consumir um pouco de mel

todos os dias, para estimular a produção de seroto-

nina, neurotransmissor responsável pela sensação

de prazer e bem-estar.

9. Consumir um ovo (se não houver restrição a este

alimento) por dia colabora com o bom humor, pois

os ovos são uma boa fonte de tiamina e a niacina

(vitaminas do complexo B), que aumentam o bom

humor, além de serem ricos em vitamina D.

10. Consumir cereais integrais, pois eles são ricos em

selênio, aumentando a disposição.

Como podemos ver, em termos de alimentação, há muito

que se pode ser feito para melhorar nossa qualidade de vida e,

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107106 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

portanto, minimizar as causas da depressão.

Mas, acima de tudo, devemos nos ver e nos colocar como

protagonista de nossa história, assumindo o controle de nossa

vida. Buscar ajuda médica é fundamental, ao mesmo tempo em

que nos esforçamos para mudar nossas práticas cotidianas, fa-

zendo exercícios, caminhando ao ar livre, convivendo com a natu-

reza, evitando ao máximo o consumo de refrigerantes e fest food,

dando preferência aos alimentos naturais e nutritivos.

Cultivar uma horta, mesmo que em pequenos vasos,

além de prover alimentos frescos, orgânicos nos ajuda na re-

conexão com a Mãe-Natureza, possibilita que observemos os

ciclos da vida.

Passear por parques e bosques, adotar ou observar ani-

mais, ter uma boa alimentação, são alternativas que estão ao al-

cance de todos e contribuem para afastar os males do corpo, re-

cuperar as forças, curar a tristeza.

Tente, experimente!

Miriam Duailibi Jornalista, educadora ambiental, especialista em sustentabilidade.

Presidente do Instituto Ecoar para a Cidadania.

A VIDA Perguntas ontológicas que fundamentam

a nossa existência: Quem Sou? De onde venho? Por que estou aqui?

Para onde vou?Profª Drª. Irene Carniatto

O que é mais importante para você? Qual é o seu bem

mais precioso?

Tenho perguntado a diversos públicos, os quais estão pre-

sentes em minhas palestras. E muitas são as respostas que tenho

ouvido: a Saúde; a Água; o Meio Ambiente; a Família; a Fé, e

muitas outras. E geralmente, com um pouco mais de insistência

de minha parte, alguém do público responde: a Vida!!! Sim, A Vida. A vida é nosso bem mais precioso.Muitos passam pela vida sem realmente se questionar so-

bre o gênesis em sua caminhada rumo ao futuro. Outros encon-

tram de muitas formas, algum sentido à sua existência e seguem

sua caminhada. No entanto, existem entre os homens, pessoas

que são naturalmente inquietos e questionadores, e passam sua

existência buscando entender o sentido da vida.

Todos nós somos carentes de ter, para nossa segurança

emocional, uma compreensão e uma base sobre como responde-

remos a estas 4 perguntas cruciais:

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109108 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Quem sou? De onde venho? Por que estou aqui? Para onde vou?

Estas perguntas têm sido respondidas, ao longo da his-

tória, de muitas maneiras. Gostaria de considerar algumas des-

tas formas e compreensões, segundo minha experiência pessoal.

Quero aqui, usar em linguagem simples, para compartilhar algu-

ma das compreensões que tenho percebido e conhecido, em mi-

nha experiência pessoal e profissional. Os povos antigos através da tradição oral, respondiam e

discutiam essas grandes questões na conversa de pais para fi-

lhos, no seio da família, com a ajuda, o carinho e acolhimento de

seus pais, tios, primos, e avós.

As nações berço da democracia tinham nos teatros, pra-

ças, parlamentos a discussão das teses de grandes filósofos, que muito contribuíram para as diversas correntes de pensamentos,

que buscam responder a essas perguntas.

A Ciência se consolidou e sempre teve por base, funda-

mento e pano de fundo de seus estudos, o esforço para responder

a essas perguntas fundamentais. Como uma mulher de Ciência,

que estudo desde os meus 6 anos de idade, que como professora

desde 14 anos de idade e a 23 anos como professora da área

de Ciência Biológicas, e hoje também professora do Curso de

Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Rural Sustentável da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, também

tenho acompanhado, observado, pesquisado sobre as respostas

possíveis a estas perguntas, que mostram e dão significado à nossa vida.

Mas, como responder e esclarecer a você amigo leitor so-

bre perguntas tão profundas? Quero aqui dividir contigo minha

experiência e convicções.

A verdadeira Ciência tem um papel maravilhoso ao des-

vendar diante de nossos olhos a beleza da Vida: do micro ao ma-

crocosmo, tudo é infinitamente lindo, grandioso, perfeito e absolu-

tamente único!!!

E o homem, como todos os seres vivos e não vivos, cada

um é único, perfeito, fantástico, complexo, mas por outro lado, intri-

gantemente simples singelo e único. Criado de modo extraordinário,

o corpo humano é tão perfeito, que não existe uma forma eficiente de compreender totalmente seu funcionamento e formação fetal.

Dentre as teorias da origem da vida na Terra, muitas cren-

ças e convicções vêm trazer diferentes explicações às perguntas

ontológicas, que desejamos considerar com você amigo leitor.

Durante muito tempo, acreditou-se que o mundo e o Uni-

verso sempre haviam existido. O Autor Valerio (2002) em seu site, defendendo a Teoria da Evolução, destaca que essa crença faz

parte de várias religiões Panteístas, embora a natureza esteja em

constante movimento. No Budismo o Universo existe sempre, e

no Bhramanismo apesar de existir o surgimento e fim do Universo, o ciclo é infinito.

Baseados no pensamento dos filósofos gregos, “muitos eram adeptos da existência Eterna do mundo. Aristóteles foi um

deles. O Sábio Grego Aristóteles foi um dos homens mais brilhan-

tes de todos os tempos”. Considerado o pai e fundamentador da

Lógica, Ciências Naturais, Dialética e a Retórica. “Muitos dos fei-

tos de Aristóteles são sentidos até hoje, 2.300 anos depois. Ele

também foi o primeiro pensador a se ocupar sistematicamente

com os seres vivos” (VALERIO, 2002). A explicação de que tivemos uma origem divina, não é

uma invenção de uma época, ela vem com nossos antepassados,

em suas várias culturas e religiões, repassadas pela história oral,

que definiu nossa história inicial.Mas, foi a partir da teoria evolucionista, da Ciência Mo-

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derna, sobre a Origem da Vida, que surgiram muitas explicações, mas que também, deixam lacunas as quais elas não dão conta de

provar e explicar.

Uma alegação frequentemente feita é de que a teoria está

confirmada, para além do que é possível disputar. O problema com a teoria da evolução é que os evolucionistas (especialmen-

te os evolucionistas ateus) não conseguem explicar a origem da

matéria, da informação organizada e de entidades imateriais tais

como o amor, a compaixão e a moralidade – coisas que tornam o

ser humano único (DARWINISMO.WORDPRESS, 2014).

Com base na Teoria da Evolução de Charles Darwin, o

contexto de explicação sobre a vida e a morte, ela pode-se resu-

mir de modo bastante sucinto. Em um resumo bastante simplista,

pode se dizer que as explicações a partir da Teoria da Evolução

têm afirmado que em dado momento as moléculas se juntaram e passou a existir a vida. E em algum momento, ao final de seu ciclo, os seres vivos morrem, se decompõem e viram matéria no

solo, tornando-se base para outras formas de vida.

Um resumo de como esse tema é explicado nas esco-

la,s aos nossos juvenis e adolescentes, encontramos em 7Graus

- Toda Matéria: conteúdos escolares (2016): “A vida teria surgi-

do da matéria inanimada, com associações entre as moléculas,

formando substâncias cada vez mais complexas, que acabaram

se organizando de tal modo a formar os primeiros seres vivos”.

Ainda, afirmam que “essa hipótese foi inicialmente levantada na década de 1920 pelos cientistas Oparim e Haldane e vem sendo

apoiada por outros pesquisadores”.

Trazendo outro enfoque, quero relembrar que cada ser

humano tem na vida multipapéis e multifunções, eu como mulher

de Ciência e profissional como me apresentei, também sou mãe, hoje avó, com muita alegria e uma pessoa de fé. E sou deslumbra-

da, feliz e agradecida pela benção de ter uma larga compreensão

de como a Ciência explica a Vida e de que a Fé fundamenta a existência, confere-lhe sentido e um firme fundamento.

É com essa base de fé e ciência que quero apresentar-lhe

e dividir algumas considerações, sobre os fundamentos e a com-

preensão que tenho sobre a vida.

QUEM SOU? Não surgimos aqui por acaso, a criação do mundo e dos

seres humanos foi uma criação inteligente, pensada e arquitetada

com muito carinho, com muita competência, inteligência e com

amor. Existe um pai que desejava filhos inteligentes, amorosos e livres. Só existe amor, adoração e obediência verdadeiros com

liberdade, com o livre arbítrio, assim que Deus nos fez.

A bíblia registra que como Deus nos fez: “Tu o fizeste um

pouco menor do que os anjos e o coroaste de glória e de honra” Salmos

8:5. Este é o homem, um filho amado e que tem como legado, vi-ver os princípios, as características, os sentimentos, e o amor de

Deus em nós, seus filhos.

DE ONDE VENHO? Venho do Pai, sou filho e criatura Dele. Criado para viver

uma vida plena, saudável e eterna, e para Sua glória.

Sim, uma vida eterna. Por isso não entendemos, não

aceitamos e não nos acostumamos com a morte. Não fomos fei-

tos para morrer. Em nosso primeiro DNA a morte não existia, não

estava programada.

Foi a partir do Mal e do pecado que se instalarem no mun-

do, e pela infinita onisciência do Pai e também por sua bondade e amorosidade que a morte foi permitida. Eu creio nisso.

E talvez você esteja confuso e pensando, professora Ire-

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ne, como pode a morte ser amor e bondade do Pai?

Sim, diante do mal e do pecado, você já pensou que se a

morte não existisse, teríamos até hoje, perpetuamente um Adolf

Hitler? Teríamos perpetuamente os criminosos seriais, as pessoas

do mal aterrorizando para sempre? Ainda, teríamos as pessoas

doentes, com doenças degenerativas e terminais, em seus leitos

em suas casas ou hospitais para sempre? Que quadro de horror

seria isso?

Por isso, creio que a morte faz parte da misericórdia divi-

na, para cessar a dor e o mal nesta vida de pecado.

POR QUE ESTOU AQUI?Como o homem aceitou o mal e usou erroneamente seu

livre arbítrio, como consequência o mundo criado perfeito se trans-

formou, passou a estampar os sinais de degradação, degenera-

ção, sofrimento, dor e morte.

Mas, Deus proveu o remédio para a situação do mundo

caído e de resgate a seus filhos perdidos. A sentença era a sepa-

ração eterna do Pai. A sentença era a morte eterna.

Mas Deus mesmo, resolveu pagar o preço. Seu filho ama-

do Jesus, sendo Deus com o pai, ele se ofereceu para morrer pelo

Homem e pagar o preço com sua Morte. Ele disse: “Eu e o Pai

somos um” João 10:30, também, o apóstolo Paulo nos diz: “Mas

Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por

nós, sendo nós ainda pecadores” Romanos 5:8.

Este foi o preço de sangue que Cristo pagou para resgatar

a mim e a você, querido amigo, da sentença da morte eterna.

Esta é nossa segunda chance, oferecida gratuitamente

pelo sangue de Jesus Cristo. Se aceitarmos sua salvação e viver-

mos com ele já nesta vida.

E como aceitar e viver com Cristo? A palavra de Deus, a

Bíblia Sagrada, tem os ensinamentos que precisamos, como um

mapa nesta jornada, ela também é nossa luz “A tua palavra é lâm-

pada para meus pés e luz para meus caminhos” Salmos 119: 105.

Não precisamos viver na escuridão. A luz existe, a Luz é Cristo e

segui-lo ilumina nossos passos, nossos dias e nossa vida.

O sentido de nossa vida aqui é como um pequeno estágio,

de 80 a 100 anos ou menos, para aprender a viver a vida eterna

do Cristo e o Pai. Por isso estamos aqui. Para nos preparar para

a Vida futura. Esse é o verdadeiro sentido e significado de nossa curta existência neste mundo.

O que me deixa perplexa é como nós, você e eu somos

enredados por tantas distrações terrenas e nem sequer nos aten-

tamos para o fim, para o objetivo ao qual estamos aqui nesta vida, neste planeta Terra. E assim, passamos toda nossa vida cuidando

dos deveres cotidianos e não nos decidimos e não tomamos tem-

po para viver com Cristo, nos preparando nesta vida para a Vida Eterna.

PARA ONDE VOU?O sacrifício do Deus, Jesus Cristo, foi para que?

Ele disse: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira

que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê

não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3: 16.

Para nos levar novamente para junto do Pai. Para restituir

a cada um dos que aceitarem sua oferta, seu perdão, seu amor,

a vida eterna.

Deus quer nos restituir a vida do princípio, de quando fo-

mos criados.

As promessas são: “Pois eis que eu crio novos céus e

nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais

haverá memória delas.” Isaias 65:17. E ainda, “Vi novo céu e nova

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terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram”. “Eis o ta-

bernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles

serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles. E lhes en-

xugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não

haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas pas-

saram”. Apocalipse 21:1, 3 e 4.

Esta é a promessa de Deus, é para lá que estamos indo.

Voltar a viver a vida perfeita, eterna e de paz, em harmonia com Jesus e o Pai, como deveria ter sido desde o princípio.

Muitas vezes, nós temos como herança cultural uma ideia

muito distorcida de uma Vida Eterna e do Céu. As obras de arte nos retratam anjos nas nuvenzinhas tocando harpa. Uma vida

sem sentido e sem ocupação. Esse não é o propósito de Deus

para a nossa Vida Eterna. Na verdade a Vida Eterna é o ideal de vida que está dentro de cada um de nós. Uma vida ativa, inventi-

va, fraterna, compartilhada e sem a presença do mal. É por isso

que desejamos e sonhamos com uma “Terra Sem Males”, como

muitas das tribos primitivas já trazem em sua tradição. É isso que

desejam as crianças e os jovens, uma terra sem injustiças, sem

discriminação e sem divisões de castas, de grupos étnicos ou so-

ciais. Esse mundo está no nosso ideal imaginário, porque ele é

nosso, ele existe, nós o perdemos.

Mas Cristo veio para oferecer a cada um essa nova opor-

tunidade. Aceitar a Cristo, conhecer e obedecer a sua Palavra,

na Bíblia Sagrada, e viver com o amor dele no coração, cada dia,

sendo luz e amor aos outros é que dá sentido e objetivo à nossa

vida. Eu e você somos ao mesmo tempo mordomos e embaixa-

dores de Cristo ao mundo. Ele nos enviou para representar, viver,

ensinar e ajudar aos que nos rodeiam, os princípios do seu reino

e de seu amor.

Somos embaixadores por representar e nós seremos os

únicos braços, mãos, pés e sorrisos que muitos verão de Deus, o

Pai. Ao amar e ajudar verdadeiramente o nosso próximo encontra-

mos motivo, objetivo, sentido e alegria de viver. É uma alegria que

preenche nosso ser e nosso emocional.

Aos que sofrem com depressão o trabalho voluntário as-

sistido, a terapia e o convívio em atividades comunitárias é tão

indicado. Para que o que está se tratando se envolva nas dificul-dades de outros e deixe de olhar para seus próprios problemas e

sinta essa alegria de servir e amar, sem nada em troca.

Ao mesmo tempo somos também mordomos. O mundo é

lindo apesar dos efeitos de tantos anos de pecado e sofrimento,

que alcançou não apenas o homem, mas também toda a nature-

za. Nossa tarefa primeira continua sendo a mesma até o final da vida nesta Terra. Deus nos deu a seguinte função: “Tomou, pois, o

Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e

guardar” Genesis 2:15.

Nossa primeira atribuição é cuidar da terra, lavrar significa cuidar do solo, plantar e cultivar. E também, para o guardar, para

cuidar dele, para cuidar de todas as outras espécies e atender às

suas necessidades. Quão longe a espécie humana se distanciou

deste conceito inicial! Plantamos sim, cultivamos sim, mas dizima-

mos as demais espécies, envenenamos e nosso próprio alimento

e água com agrotóxicos, antibióticos e hormônios.

O movimento ambientalista e agroecológico se estudado

em seu gênesis têm como proposta o resgate da Ética do Cuidado

(Leonardo Boff), a ética, a fraternidade, a compaixão, a liberdade,

o respeito, a dignidade e a paz, dentre outros. Por isso, é tão signi-

ficativo que pessoas como o Adelar e tantos outros que conhece-

mos, inclusive eu também, estejamos trilhando o caminho dessas

áreas. Temos desejo de uma Terra melhor, temos desejo de uma

sociedade melhor, mais justa e mais fraterna. E enquanto esta-

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mos nesta vida na Terra, neste estágio profissional, como costu-

mo chamar, estamos buscando ser mordomos, ser filhos do Pai. E para os verdadeiros filhos, que aceitam o chamado de

Cristo, não o fazem pela ecologia, pela Educação Ambiental, mas,

além disso, têm como propósito a fé, o amar e obedecer ao Pai, e

como Cristo mesmo disse, a recompensa que temos será de uma

Nova Terra, a Terra Sem Males, a Vida Eterna. Todos nós somos chamados, o resultado de alegria e realização desta vida e tam-

bém, a Vida Eterna só depende de nossa resposta e a disposição de aceitar!

Profª Drª. Irene Carniatto Professora e Pesquisadora do Curso de Ciências Biológicas e do

Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Rural Sustentável da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Conectando informações

Para melhor compreender o que aconteceu comigo e

acontece com muitas pessoas procurei conversar com médicos,

psicólogos, pastores, gente que acredita em Deus e ateus, e, cla-

ro com a psiquiatra com quem eu faço tratamento, um amigo mé-

dico me orienta a ler o livro Anticâncer, Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais de David Servan-Schreiber.

Há 17 anos, descobri por meio de um experimento

de mapeamento do meu próprio cérebro que eu ti-

nha câncer cerebral. Da sala de espera no décimo

andar do prédio de oncologia, me lembro de olhar

para as pessoas nas ruas distantes e sem saber, se-

guindo com a rotina. Eu tinha sido expulso daquela

vida, separado da ocupação direcionada aos próprios

objetivos e das promessas de alegria pelo prospecto

de uma provável morte precoce. Não estando mais

enrolado no manto confortável de médico e cientista,

eu tinha me tornado um paciente com câncer. Este

livro é a historia do que aconteceu depois; do retorno

a vida e à saúde – na verdade, a um nível de saúde

que eu nunca tinha atingido antes – mesmo sabendo

que tinha câncer... .

A publicação de anticâncer em 2008 iniciou um novo

capitulo na minha jornada. Depois de manter a doen-

ça em segredo por 14 anos, pude juntar aquilo que

aprendi e divulga-lo para pessoas do mundo todo

que estavam com medo, deprimidos ou que tinham

perdido a esperança. Pude discutir essas ideias com

médicos, cientistas, políticos e ativistas e fazer uma

comparação direta das minhas observações com as

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suas experiências. Também conheci um número con-

siderável de pacientes que tinham mudado o curso

de suas doenças com os conselhos dados aqui...

.(SERVAN-SCHREIBER, 2011, p. 13).

Lendo também os Artigo da jornalista Miriam Duailibi, da

Professora Doutora Irene Carniatto, do Doutor Roberto Almeida,

percebo então uma forte conexão entre os métodos sugeridos,

para minimizar a possibilidade de adoecer, ou do sofrimento com

a doença, seja depressão, câncer ou outra. É certo que os quatro

sugerem uma vida regrada onde o ponto de equilíbrio é o uso

adequado de produtos naturais, a fé e oração os cuidados com

o ambiente e uma alimentação menos industrializada, possível,

produzido preferencialmente através da agroecologia e se você

puder produzir no quintal de sua casa será ainda melhor.

Converso com alguns médicos que afirmam que há co-

nexão entre as doenças e, portanto, com o tratamento, nossa ali-

mentação é sim fator de saúde ou de doença.

Deivid era um psiquiatra e pesquisador na área de neuro-

ciência, um dia durante uma pesquisa, o “cobaia”, um aluno que

normalmente participava da pesquisa, falta e ele entrou na maqui-

na de ressonância magnética, seus colegas pesquisadores per-

cebem que há algo errado qual seja: um tumor em seu cérebro,

naquela época pessoas com este diagnóstico tinham apenas em

média seis meses de vida, mas, o médico decide evidentemente,

após ter passado o pânico inicial da descoberta, buscar caminhos

para a cura, aprofundando a pesquisa na área e mudando seu

modo de vida.Em estágio avançado, um câncer no cérebro sem

tratamento geralmente mata em seis semanas; com

tratamento, em seis meses. Eu não sabia em que es-

tágio me encontrava, mas conhecia as estatísticas.

(SERVAN-SCHREIBER, 2011, p. 29).

O médico percebe em sua pesquisa que os canceres são

mais frequentes no ocidente e aumentaram consideravelmente a

partir de 1940 busca então compreender o que mudou desde lá,

encontrando três fatores que abalaram nosso ambiente nos últi-

mos anos:

1. O aumento considerável do consumo de açúcar.

2. A transformação da agricultura e da criação de ani-

mais, e consequentemente de nossos alimentos.

3. A exposição a múltiplos produtos químicos que não

existiam antes de 1940. SERVAN-SCHREIBER, 2011. P.85.

Em relação a produção de animais para o abate, percebe-

mos profundas mudanças nos modos de produzir, nos dias atuais

se recomenda em grande parte das propriedades que o animal

ande o mínimo possível, quanto menos o animal anda mais rápido

é sua engorda, deste modo muitos criadores optam pela criação

de animais em confinamentos, não sendo generalista, mas, um agricultor me contou que em alguns casos de confinamento parte da alimentação dos animais é a conhecida “cama de aviário” ou

seja, merda de galinha com sobras de serragem e ração. (impor-

tante destacar que esta não é a regra, mas, a engorda acelerada

certamente não é benéfica para nenhum organismo).Pesquisas apontam para o fato de que os genes humanos

se formaram a milhares, talvez milhões de anos, em uma época

onde a alimentação era totalmente natural, sem interferências quí-

micas ou transformadas industrialmente e desde lá não houveram

mudanças na formação dos genes, logo, as mudanças nos modos

alimentares interferem na qualidade de vida ou no processo de

adoecimento dos humanos.

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121120 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

Nossos genes se constituíram há muitas centenas de

milhares de anos, na época em que éramos caçado-

res e coletores. Eles se adaptaram ao meio ambiente

de nossos ancestrais, e especialmente às suas fontes

de alimentos. Só que nossos genes evoluíram mui-

to pouco. Hoje como ontem, nossa fisiologia espera uma alimentação semelhante à que tínhamos quando

comíamos os produtos da caça e da colheita: mui-

tos legumes e frutas, de tempos em tempos algumas

carnes ou ovos de animais selvagens, um equilíbrio

perfeito entre os ácidos graxos essenciais (ômega -6

e ômega-3) e muito pouco açúcar e farinha nenhuma

(a única fonte de açúcar refinado para nossos ances-

trais era o mel, sendo que eles não consumiam ce-

reais). (SERVAN-SCHREIBER, 2011, p. 85)

O Doutor Servan-Schreiber, faz um comparativo bem lógi-

co entre a ação dos medicamentos e dos alimentos em nosso dia

a dia, relacionando as suas doses diárias ingeridas e a possibili-

dade de causarem determinados efeitos tanto na alimentação ou

em processos de tratamento em casos de doenças, seus aponta-

mentos certamente suscitam reflexões mais aprofundadas sobre o tema.

A alimentação age todos os dias, três vezes por dia.

Ela tem, portanto, uma influência considerável sobre os mecanismos biológicos que aceleram ou dimi-

nuem a marcha da progressão do câncer.

Os medicamentos agem geralmente sobre um só fa-

tor. A última geração de medicamentos anticâncer se

vangloria até de propor tratamento com alvo, ou seja,

que intervêm sobre uma etapa molecular muito pre-

cisa, esperando assim limitar efeitos colaterais. Os

alimentos anticâncer, ao contrário, agem sobre vários

mecanismos simultaneamente. Mas o fazem com

delicadeza, sem provocar efeito colateral. Quanto a

combinação de alimentos, tal como nós a praticamos

em uma refeição, ela permite agir sobre um numero

ainda mais elevado de mecanismos em jogo no cân-

cer. É o que torna tão complicada a sua pesquisa em

laboratório (o número de combinações possíveis para

testar é praticamente infinito), mas é também o que faz a riqueza de seu potencial. (SERVAN-SCHREI-BER, 2011, p. 148-149).

Como nos comportar então para evitar doenças e como

consequência natural levar uma vida mais saudável? Praticar me-

ditação é um caminho, a prática da Ioga, Coerência Cardíaca e

outras práticas de conectar nosso ser conosco mesmo.

Pode-se aprender a cultivara força interior. Há 5 mil

anos, todas as grandes tradições médicas e espiri-

tuais do Oriente – como a yoga, a meditação, o tai

chi chuan ou o quigong – ensinam que é possível re-

tomar as rédeas do ser interior, e de toda sua fisiolo-

gia, simplesmente concentrando a mente e prestando

atenção na respiração. Sabe-se hoje, por numerosos

estudos, que esse domínio é uma das melhores ma-

neiras de reduzir o impacto do estresse. Também é

uma das melhores maneiras de se restabelecer a

harmonia em nossa fisiologia e, consequentemente, de estimular as defesas naturais do corpo. (SERVAN-

-SCHREIBER, 2011, p. 196).

Reeducar-se superando o sentimento de impotência, re-

solvendo traumas passados, acolher as próprias emoções, supe-

rando nossos medos, a tristeza, o desespero e principalmente a

raiva, precisamos encontrar caminhos para dissipar as emoções,

encontrando ao menos uma pessoa para compartilhar sentimen-

tos (desabafar).

Atividades físicas e banho de sol são muito importantes,

devemos despender de tempo diário para caminhadas, andar de

bicicleta ou outras atividades.

Reforço a necessidade de uma alimentação com produtos

orgânicos (agroecológicos), consumindo produtos de origem ani-

mal alimentado com pasto, reduzir ao máximo o consumo de açú-

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car, farinhas brancas, consumir peixes e crustáceos, tomar chá

verde, comer frutas e legumes e consumir água preferencialmente

mineral ou de fonte.

Evidentemente mudar hábitos para quem ainda não tem

bons hábitos, incluindo alimentos de qualidade, sentindo seu sa-

bor durante a alimentação, mastigando várias vezes, se deliciando

com o sabor e agradecendo pelo fato de ter alimentos, alimentos

que nos garantem a vida que é o que há de mais sagrado.

Comer produtos orgânicos de animais alimentados

a pasto

- carne, ovos, manteiga, leite, iogurte (preferencial-

mente orgânicos, mas menos importantes para le-

gumes, frutas e cereais).

Reequilibrar a alimentação:

- Reduzir o açúcar, as farinhas brancas, as fontes

de ômega-6: óleo de girassol, de milho, de soja,

de cártamo, margarinas, gorduras hidrogenadas,

gorduras animais não orgânicas ou não bleu-blan-

c-couer (carne, ovos, laticínios);

- Aumentar as fontes de ômega-3: peixes e crustá-

ceos, produtos animais orgânicos ou bleu-blanc-

-couer;

- Aumentar os alimentos anticâncer: cúrcuma, chá

verde, soja, frutas, legumes.

Filtrar a água da torneira:

- Com um filtro de carvão ou de osmose invertida ou utilizar água mineral ou de fonte. . (SERVAN-S-

CHREIBER, 2011, p. anexo).

Ao adotarmos novos modos de consumo de alimentos, di-

minuindo o consumo de carnes, também estaremos colaborando

com o equilíbrio do ambiente.

Se todos adotarmos essa maneira orgânica e equili-

brada de se alimentar, ajudaremos não só nosso cor-

po a se desintoxicar, mas também o planeta a recu-

perar seu equilíbrio. O relatório de 2006 das Nações

Unidas sobre alimentação e agricultura concluiu que

a criação de animais para consumo humano é um

dos principais responsáveis pelo aquecimento global.

A contribuição da pecuária para o efeito estufa é mais

elevada do que o setor de transportes. A pecuária é

responsável por 65% das emissões de hemióxido de

nitrogênio, um gás que contribui para o aquecimento

global 296 vezes mais do que o CO2. O metano emi-

tido pela digestão das vacas (que toleram mal o milho

que recebem para comer) age 23 vezes mais que o

CO2 sobre o aquecimento, e 37% do metano mundial

vem dos ruminantes. Um terço das terras aráveis são

destinadas ao milho e à soja para a alimentação do

gado. Essas extensões são insuficientes para aten-

der à demanda, o que provoca desmatamento das

florestas – e uma nova perda em capacidade de ab-

sorção do dióxido de carbono. O relatório da ONU

conclui também que a pecuária está “entre as ativida-

des mais prejudiciais para os recursos hídricos”, por

causa do despejo maciço de fertilizantes, pesticidas

e excrementos dos animais dentro do curso de água.

(SERVAN-SCHREIBER, 2011, p.118-119).

Certamente você leitor está se perguntando, é fácil assim

para evitar doenças ou se curar delas, claro que não, mas, o que

temos a perder, mudando alguns hábitos? A vida é feita de tenta-

tivas, não existe uma regra padrão, todos temos diferenças, mas

ao mesmo tempo nosso organismo é parecido, para não dizer que

é igual, após uma leitura atenta em diferentes materiais e conver-

sando com diferentes profissionais que se preocupam com a qua-

lidade de vida principalmente da espécie humana posso afirmar que melhorei muito mudando meu comportamento e retomando

atividades que havia deixado de lado.

As pesquisas indicam um caminho a ser seguido, este tra-

rá resultados satisfatórios para todos em maior ou menor grau,

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espero que esta pequena pesquisa transformada neste livro pos-

sa colaborar para melhorar a qualidade de nossas vidas, possa

evitar mortes por suicídio, minimizar os casos e as consequências

da depressão que sem duvida tem assolado um grupo bem signi-

ficativo da população.Cabe a cada um de nós a análise daquilo que nos serve

na busca da melhor qualidade de vida, todos queremos viver bem,

entendamos então que isto tem um custo vale refletir o quanto queremos e devemos pagar por nossas escolhas.

Dois Extremos da mesma moeda, o ser humano

Em meu trabalho, procuro nas empresas vagas para co-

locação de trabalhadores desempregados, durante parte do dia,

visito empresas, para oferecer nossos serviços, todos gratuitos

aos empresários, outra parte do dia faço a intermédiação de mão

de obra aos trabalhadores, ou seja, colaboro com os colegas de

trabalho oferecendo através do sistema mais emprego as vagas

disponíveis no mercado local.

Por coincidência, num destes atendimentos, percebo en-

tre os trabalhadores um senhor cabisbaixo sonolento, deduzi que

o mesmo por sua aparência tivesse mais de sessenta anos, cha-

mei então este senhor para sentar em meu guichê de atendimen-

to, logo que sentou o comunicativo homem contou sua história.

“Sou do Recife, estou aqui a sessenta e cinco dias, não tenho

irmãos, meu pai e minha mãe já partiram para a eternidade e eu

fiquei só, desde que meu pai se foi, acompanhei minha mãezinha, nunca saí a noite, assim que acabava o jornal e os seus apre-

sentadores diziam boa noite, minha mãe desligava a televisão e

ficávamos deitados conversando até que um de nós silenciasse, neste momento percebíamos que havia dormido, no outro dia le-

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vantava cedo e ia trabalhar.

Vim para cá na tentativa de encontrar um primo, mas, aqui chegando recebi a triste notícia de sua morte. Estou hospedado em

uma pensão, não tenho com quem falar, não estou mais entrando

em meu quarto, pois, de tanto ver a mesma parede, gélida, sem ne-

nhuma expressão estou com medo da depressão, se ficar olhando a parede é isto que vai acontecer. Contou me também que a outra

atendente o havia encaminhado para um lugar distante, para fazer

covas em um cemitério e que quando lá chegou, com ele chegou

também outra pessoa, bem mais jovem e ele foi preterido. O senhor

sempre muito falante, sem parar por um instante sequer, me pediu

ainda que o encaminhasse para um trabalho simples, para limpar

vasos sanitários, varrer o chão, que aceitaria um trabalho qualquer

para recuperar a sua dignidade, não precisava ser o de almoxarife

como havia trabalhado boa parte de sua vida.

Diante de tal explanação fiquei imaginando um modo de fazer um bom encaminhamento, um local próximo ao centro e que

estivesse em seu perfil, encontrei em um shopping duas vagas, uma para zelador e uma para recepcionista, para mim fechava

com seu perfil, homem comunicativo para a recepção e homem simples e disposto ao trabalho para zelador. Como estava entran-

do em meu horário de almoço ofereci então uma carona imaginan-

do que o mesmo conseguiria uma das vagas, porém, passaram

se alguns dias e o senhor retornou ao guichê de atendimento em

que eu estava, expressando novamente seu pesar. “Professor, se

minha mãezinha tivesse viva ela diria; - mas nem pra zelador você

consegue trabalho meu filho, não há trabalho mais humilde que este! Preciso de sua ajuda professor...”, entrei no sistema e en-

contrei outra vaga para zelador em uma clínica médica, com muita

alegria o candidato se encaminha para a clínica, fez uma primeira

entrevista e ficou no aguardo por um dia, elaborou então uma car-

ta, comoveu tanto a psicóloga que a mesma me ligou pedindo que

o ajudasse, mas, ela realmente não poderia contratar o mesmo,

pois, o trabalho exigia esforço físico e uma pessoa mais jovem

havia conseguido a vaga.

Disposto a ajuda-lo, decidi então recorrer ao meu grupo

de amigos, encontro uma vaga de zelador em uma grande empre-

sa, faço o encaminhamento e durante o feriado procuro pelo meu

amigo proprietário da empresa, que me deu grandes esperanças

na conquista da vaga, marcada a entrevista, nova conversa com

a psicóloga e nova decepção; “não foi possível, a matriz não con-

cordou em contrata-lo”.

Não me dou por vencido, contratar este senhor passa

a ser uma questão pessoal, vou a outra grande empresa, nova

conversa, nova esperança e nada de trabalho, assim entre tantas

tentativas decidimos procurar mais uma empresa, o gerente caris-

mático nos recebe, inicia se então a conversa, fortes argumentos

e até súplicas, ao que o gerente nos responde: “há possibilidade

sim, vou sugerir a meus superiores uma atividade para a sua con-

tratação”. Passam mais dois dias e ligo na empresa: “Sou Adelar,

da Agência do Trabalhador, estive aí com um senhor e ele me

disse que haveria a possibilidade de contratação, como ficou a situação? “Naquele cargo que eu havia pensado não foi possível,

mas estou tentando outro”.

Outro dia chego no trabalho e recebo um jovem senhor

com quarenta e um anos de idade, aparentemente apavorado,

me implorava por uma colocação no mercado de trabalho, foi logo

afirmando que não acreditava na instituição ESTADO, via ele o ESTADO, como órgão repressor capaz de aprisionar os errantes,

mas, incapaz de estender a mão para auxiliar qualquer pessoa.

Ouvi calado suas explanações e então me coloquei à disposição,

me pediu ele que encostasse a porta, me pediu desculpas e re-

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forçou a afirmação anterior, dizendo que acreditava em mim, mas não no representante do ESTADO que ali estava. Reiniciamos en-

tão um longo diálogo.

- Sabe eu sou um homem que errou muito nesta vida,

estou aqui por milagre, fui baleado, levei cinco tiros, dois projéteis

estão alojados no meu braço, três perfuraram os meus pulmões,

fiquei vários dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas consegui me recuperar e quero uma oportunidade de me reinte-

grar à sociedade, me arrume qualquer trabalho, preferencialmen-

te noturno, pois, durante o dia eu faço a limpeza da casa e as

refeições para minha mãezinha, aceito qualquer trabalho, não im-

porta o salário, quero ter a dignidade de poder trabalhar, mostrar

pra minha mãe a carteira assinada é tudo que quero.

Percebi na fala daquele homem uma verdade poucas

vezes expressadas em nosso dia a dia, normalmente não temos

tempo para ouvir histórias, normalmente nossos atendimentos

são feitos sob muita pressão, há em nosso frente pela manhã em

torno de duzentas pessoas e todo o tempo que podemos oferecer

para cada uma delas é algo em torno de quinze a vinte minutos,

quando passamos deste tempo, é bastante natural que trabalha-

dores que estão na fila dirijam se para a gerência e reclamem dizendo que estamos conversando e não atendendo, mas, para

aquele senhor, dediquei naquele dia mais de uma hora, para ga-

nhar sua confiança como representante do ESTADO. Relatei a ele que conhecia parte de seu drama, quando

trabalhei na Secretaria Municipal de Educação havíamos firma-

do uma parceria com a Penitenciaria Industrial de Cascavel (PIC)

para um programa de reinserção social e profissional, no princípio do programa, os detentos trabalhavam apenas aos sábados e re-

cessos, sem receber proventos, apenas com redução da pena por

dia trabalhado, numa proporção de três dias trabalhados para a

redução de um dia de pena a ser cumprida, o trabalho deu resulta-

dos excelentes, a demanda aumentou na medidas que as direto-

ras e diretores das escolas comentavam com seus colegas, então

firmamos uma parceria, onde o Município de Cascavel, através da Secretaria Municipal de Educação pagava três quartos de um sa-

lário mínimo, as refeições e o transporte para um trabalho de se-

gunda a sexta, ao que normalmente se estendia para os sábados

e recessos, conforme a disponibilidade de agentes, falei algumas

poucas palavras da gíria carcerária para que ele percebesse que

eu estava sendo sincero.

Último dia do mês de abril, chego cedo, ao adentrar na

agência pela porta dos fundos, me deparo com um senhor, cin-

quenta e oito anos, dizendo estar em estado depressivo por não

conseguir nova colocação no mercado de trabalho, me dirijo então

para a sala da gerência, entro no sistema e encontro algumas va-

gas, realizo o atendimento, quando toca o telefone, a gerente me

orienta à iniciar uma reunião com um executivo de um grupo em-

presarial que entrou em estado de falência, como consequência

iria iniciar um processo de demissão em massa, inicio a reunião,

ofereço um café ao executivo, uma pausa para o café e retoma-

mos a conversa, a gerente junta-se a nós na reunião, quando de

súbito ouvimos: “ Ah pensaram que eu não viria mais”, outra voz

surge também exclamando: “ Professor, o que faremos hoje?” E

adentram a sala da gerência o senhor e o jovem senhor, cada um

expondo seus lamentos a gerente, a mim e ao executivo. Peço

licença e autorização da gerente para atendê-los, recebo esta au-

torização, procuro então pelos colegas de trabalho que cuidam do

programa para portadores de deficiência (PPD), haja visto que o ex detento só tem visão em um olho, podendo ser incluído neste

programa, vejo uma vaga de auxiliar de serviços gerais em uma

entidade filantrópica, interrompo temporariamente a reunião pe-

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dindo a nossa gerente o número do telefone do presidente, liguei

para o mesmo, me identificando e fazendo referências ao nosso conhecimento anterior, ao que ele educadamente responde, “eu

me lembro de você professor, vou ver com a responsável pelo

departamento de pessoal de nossa empresa se há vaga, peço

para nossa gerente te ligar, caso haja, mas, vá até a instituição e

converse com a psicóloga responsável”.

Naquele dia, havia acontecido um problema com o carro

da agência e o mesmo estava na oficina, fomos até o estaciona-

mento, abri as porta de meu carro particular, é quando o jovem

senhor imédiatamente grita “no seu carro eu não vou, só vou no

carro do Estado”, o senhor com mais idade calado só observava,

quando o jovem senhor muda de ideia e ordena ao mais velho:

“entre atrás, eu vou no banco da frente”, todos acomodados dei

partida e saímos, ainda no estacionamento, o jovem senhor, sem

parar de falar um único segundo exclamou: “Não tô acreditando,

você é muito burro mesmo, tudo o que roubam no ESTADO e você

usando seu carro e sua gasolina a serviço do ESTADO, quem

mais faria isso? Este carro é da P2, você tá me investigando”.

Expliquei então que um dia de trabalho para mim é sempre muito

importante e eu gostaria que aquele dia fosse especial, pois no dia

seguinte seria o dia do trabalhador e a alegria de ver um registro

em suas carteiras de trabalho para nós da agência é motivo de

imensa alegria, razão pela qual, o desgaste do carro e da gasolina

tornam-se insignificantes.Já na rua, tentando amenizar as reclamações e deixar o

clima mais agradável decido ligar o som do carro, procuro no toca

CD a música Geni e Ze Pelin, quando ouve a voz e vê na capa do CD, o nome de Chico Buarque, o jovem senhor novamente “en-

trou em surto”, “ Você ouve Chico Buarque”??? “Esqueci, você é intelectual, mas deveria ouvir os Racionais e tenta cantar uma de

suas músicas, Racionais, isso sim é música”.

Como haviam vários encaminhamentos de carteiras de

trabalho decido leva-los ao escritório regional do Ministério do

Trabalho, o que novamente faz ecoarem reclamações e lamentos,

dos dois trabalhadores até então preteridos no “mercado de traba-

lho”: “ah meu Deus, quando vou conseguir o trabalho” entre tantas

outras reclamações.

Entregue os encaminhamentos e de posse de quatro en-

velopes lotados com carteiras de trabalho retorno ao carro, imé-

diatamente o jovem senhor exclama: ”agora vai voltar na agência

levar as carteiras e nós, quando vai nos arrumar um trabalho”?

Digo então que tenho de seguir uma rotina e naqueles envelopes

estão também a vida funcional de muitas pessoas e realmente

tenho de deixar estas à disposição dos trabalhadores.

Entregue as carteiras e novamente no veículo, novas re-

clamações sobre a música e a situação pessoal...

Confesso que neste dia acreditei que meus nervos são de

aço, ouvindo tantas reclamações, etc, etc ...

Na instituição, conversamos com a psicóloga, que edu-

cadamente faz algumas perguntas e nos orienta a voltarmos as

quatorze e trinta, pois, a diretora é quem faria a entrevista final, decido então deixar o jovem senhor no bairro onde havia me so-

licitado, reforço o lembrete, por favor não vá beber bebidas com

teor alcóolico, te espero as quatorze horas em ponto na agência.

Para mim algo me dizia: “hoje é seu dia, continue, siga

procurando, vocês vão conseguir, os dois serão empregados hoje

e claro minha intuição é sempre um estímulo a mais”.

Ainda tenho de fazer algo na prefeitura, assim que che-

gamos aos recursos humanos encontro um amigo vereador, cum-

primento o mesmo, peço licença e o indago! Você tem boa rela-

ção com o dono do mercado, explico-lhe a razão da pergunta e o

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apresento ao senhor que ainda me acompanhava, educadamente

o vereador retira um cartão de apresentação pessoal escreve no

verso o nome do gerente dizendo ser seu concunhado, alegres

pela informação nos dirigimos ao carro e lá fomos nós, cheios de

esperança outra vez, em meio as músicas, agora bem-vindas de

Chico, o culto senhor exclama. “Professor, pra gostar do Chico

Buarque tem de ter cultura, quem não lê, não escreve, não conhe-

ce a cultura erudita, não vai gostar, ele é um dos mais importantes

poetas brasileiros, sobrinho do homem mais célebre da cultura

brasileira, Sergio Buarque de Holanda, escritor do mais completo

dicionário brasileiro”. “Ah meu Deus, se o homem fosse ao menos

cunhado do vereador, mas é concunhado, quer dizer que são ca-

sados com duas irmãs”.

Novas lamentações, novas hipóteses, novas conjecturas,

sempre com o sonho de conseguir o tão sonhado trabalho.

Enfim chegamos a loja, ainda no estacionamento encon-

tramos o gerente que com gentileza e educação nos recebe, nos

apresentamos falamos no nome do vereador e ele nos diz: “tenho

de retornar a ligação dele, já me ligou, mas não consegui atender”.

O gerente nos conduz ao interior da loja, iniciamos então

a conversa, apresento o senhor que me acompanhava, falamos

que tomamos conhecimento de um programa de inclusão de ido-

sos em suas lojas e ele nos pede desculpas, mas o quadro está

completo, anota o nome e telefone da psicóloga e nos orienta a

ligar, pois, pode haver uma vaga em outra loja da rede, ligo agen-

do para imédiatamente o atendimento e nos deslocamos para a

loja onde ela estava.

Bem próximo da loja não contive minha curiosidade, pois,

achei desde o primeiro dia estranho o fato de uma pessoa che-

gar aos sessenta e quatro anos sem ter um trabalho e mudar de

um Estado para outro, quase de um extremo do País a outro em

busca de trabalho, para não ser inoportuno aproveito o momento

em que ele lamenta o fato de estar com dificuldades de colocação aqui em Cascavel, quando ele disse: “oras, esta cidade tão pro-

gressista, com tantas lojas e construções e eu com tanta dificul-dade de encontrar trabalho”, indago sobre as dificuldades em sua terra, diz ele que lá é ainda pior, questões sobre aquele senhor

borbulhavam em minha mente, me encorajo então a perguntar.

- Qual era a profissão de seu pai? “Meu pai era advogado, mas, era um boêmio, não deixou

nada para minha mãe, passava suas noites com prostitutas e boê-

mios, chegava em casa as cinco horas da manhã, ia para o traba-

lho ao meio dia, quando minha mãe lhe dizia que precisávamos

comprar uma casa, a sua resposta era sempre a mesma, estou

pensando nisso, filosofou, pensou, pensou a vida inteira, mas só pensou, nada fez, nada guardou, não tenho nenhuma lembrança

boa de meu pai”.

Calado indago a mim mesmo.

Mas em sua juventude este senhor também errou, mora-

va em uma capital, com boas escolas, institutos e universidades

públicas e não previu o futuro, não cursou um curso superior, o

que fez ele em sua juventude, porém, meu objetivo não é questio-

nar e sim colocá-lo novamente no mercado de trabalho.

Chegando, encontramos a jovem e simpática psicóloga,

serve logo um cafezinho para mim, já que meu acompanhante re-

cusa a oferta dizendo que o café é excitante, me apresento, ofere-

ço nossos serviços da agência e novamente apresento o senhor,

ele está com dificuldade de colocação, de imédiato sou interrom-

pido pelo senhor, que fala sobre a psicologia Sigmund Freud, Ide,

Ego e Superego, da rápida aula de psicologia e inicia a lamen-

tação, estou com sessenta e quatro anos, não tenho mãe, pai,

irmãos, primos, ninguém... as outras pessoas mesmo estando em

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situação difícil encontram um ombro amigo para desabafar eu não

tenho ninguém, somente as lágrimas em meu rosto, já estou num

quadro depressivo, doutora, sabe qual é o remédio que tomo?

Somente arroz e feijão, não preciso de médico nem de remédios

tenho ótima saúde, mas, não consigo trabalho, a resposta em to-

dos os lugares é sempre a mesma, o trabalho é muito pesado,

contratamos alguém mais jovem, etc, etc....

A jovem psicóloga faz suas ponderações sempre com fina educação e respeito diz que o programa de inclusão está dando

excelente resultado, todos os idosos contratados são ótimos tra-

balhadores e que fará todos os esforços para coloca- lo. Nesta loja

o quadro está completo, mas vou verificar em outras lojas, passa então a ligar para uma loja onde há uma vaga, conversa com o

gerente e propõe um remanejamento de pessoal para efetivar sua

contratação, por ela tudo resolvido, mas, temos de aguardar nova

decisão de diretoria.

A simpática psicóloga pergunta ao senhor: “o senhor teria

problema em me responder uma pergunta de cunho pessoal”?

_ Claro que não doutora! Responde o senhor.

- O Senhor sente alguma insatisfação por não ter se ca-

sado?

- Doutora, isto me traz muito sofrimento, todos precisa-

mos de carinho, fico imaginando alguém acariciando meu rosto, tocando em minha pele, conversando comigo, trocando ideias, eu

sou homem, preciso de uma mulher, mas, sou tímido, nem lembro

se um dia tive uma mulher, uma namorada, sempre fui muito tími-

do e hoje sofro por isso”.

Saímos então desta entrevista quase que realizados, por

pouco o senhor não é contratado, neste dia nossas esperanças

aumentaram e partimos para o almoço, o idoso no restaurante

popular e eu, ah eu, se conseguir interromper por alguns instantes

os atendimentos, em virtude da longa fila, almoçarei próximo a agência em um restaurante também popular, porém com valor do

quilo de alimento um pouco maior.

Quase treze horas, minha hora de ir ao guichê de aten-

dimento, agência lotada, gente pra todo lado, uma colega de tra-

balho me cobra por correspondências que ainda não consegui

entregar e outras que não consegui buscar, outra colega diz que

estamos sem água, precisa buscar, uma terceira colega da agên-

cia pede por outras correspondências, outra ainda quer saber do

contracheque, se já busquei. Outros colegas do atendimento re-

tornam em número suficiente para atender todos os trabalhadores até as dezessete horas, horário final de nosso expediente, inicia-

mos as sete e trinta, não fechamos para o almoço, finalizando assim nossos atendimentos as dezessete horas.

Volto para o serviço externo preocupado em receber o jo-

vem senhor as quatorze horas para as quatorze e trinta estarmos

na instituição onde certamente ele seria colocado, para mim tudo

indicava que aquela véspera de feriado era nosso dia de sorte,

resolvo algumas situações externas e as quatorze em ponto estou

na agência, quatorze e dez, nada de chegar, quatorze e vinte ne-

nhum sinal ainda, quatorze e trinta uma colega passa mal, me pede

se poderia compensar horário, me ofereço para levá-la ao pronto

socorro, ela diz não ser necessário, vi que a mesma não estava

nada bem, pois, estava pálida e trêmula, solicitei a outra atenden-

te que tomasse seu posto, segui a mesma, ela em seu carro e eu

no meu até próximo a sua casa e fui levar as correspondências

pendentes, além de buscar várias outras em uma grande empresa

em um dos extremos da cidade, sempre em ritmo já questionado

por alguns amigos, (correndo) faço a troca de correspondências e

vou novamente na prefeitura, recebo os contracheques e me dirijo

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ao rol de entrada quando o telefone toca, com quase uma hora de

atraso as quinze e quinze, ouço a voz do jovem.

- Estou atrasado, você vem me buscar?

Me dirijo então a outro extremo da cidade buscar o jovem.

Com mais de uma hora de atraso chegamos a instituição,

a secretaria nos atende perguntando.

- Vocês têm hora marcada?Desconverso, faço de conta que não entendi e respondo:

- Combinamos para após as quatorze e trinta.

A secretaria então nos orienta a aguardar, dizendo que a

diretora está em atendimento, na sequência nos atenderá.

Após alguns minutos a diretora nos chama, diz que me

conhecia da prefeitura e do trabalho como educador na sequencia

pergunta:

- A que devo suas visitas?

Acomodados na sala respondo:

- Estou trabalhando na Agência do Trabalhador e soube

através do PPD que aqui há uma vaga para auxiliar de serviços

gerais, este jovem senhor tem deficiência visual e se for possível gostaríamos que ele ocupasse esta vaga, ela então nos responde:

- Que pena! Quando vocês chegaram eu estava atenden-

do um ex aluno nosso e decidimos fazer uma experiência com ele,

caso não dê certo chamaremos o senhor.

O jovem senhor então argumenta que sabe trabalhar, o

mesmo afirma que já cortou grama como autônomo, mas, nos últimos tempos a situação ficou difícil, as pessoas estão dando preferência para empresas do ramo.

A diretora elogia a parceria firmada com a agência e os excelentes trabalhos desenvolvidos, mas, o jovem senhor terá de

aguardar o teste do ex aluno. De imédiato o ex detento levanta e

abandona a sala, sai para fora do prédio, retorna e me chama:

- Vamos, Vamos. Finalizei a conversa e saí.Novamente no carro iniciam as já conhecidas lamenta-

ções: “eu sabia que não ia dar certo é sempre assim, a sociedade

só serve pra nos condenar, ajudar ninguém ajuda”.

Neste momento não me contive e respondi com certa ris-

pidez:

- Você está só procurando trabalho, nosso combinado era às quatorze horas na agência, me ligou depois das três para te

buscar no outro lado da cidade, chegou aqui com uma hora e dez

minutos de atraso e ainda reclama, esta vaga você jogou fora, era

do primeiro que chegasse.

Novamente o jovem senhor tenta contra argumentar di-

zendo- se injustiçado, “não viu que ela falou que iria contrata-lo

por ser ex aluno”.

Repondo então:

- Se você tivesse chegado primeiro a vaga era sua, ele

chegou primeiro devido a seu atraso, se existe culpado é você...

Esbravejando o jovem senhor me pediu que eu o levasse

para outro extremo da cidade, digo a ele que não o levaria, pois,

não havia sido responsável comigo, reluto, mas mesmo assim se-

guindo por ruas distintas das quais ele havia pedido, me desloco

para a região onde ele queria ir, após três quadras o mesmo me

pede para parar, imédiatamente paro o carro, ele desce e segue

seu caminho, retorno então para meu local de trabalho lamentan-

do por ter me dedicado tanto e não ter conseguido aquela vaga.

É fim do dia, retorno a meu lar, pra me alegrar encontro Saphira uma alegre cachorra Shitze, que me espera na porta, cor-

re até o sofá da sala, arranca tudo que possa pra me provocar,

rouba o forro e em sua máxima velocidade sobe em minha cama

para que eu lhe role até ela cansar e assim me distrair, vendo

o quanto a natureza é perfeito, embora, os homens não a com-

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139138 Verdades & SonhosAdelar José Valdameri

preendam, mas, chega a hora de devolver a Saphira, ela faz parte

da guarda compartilhada entre eu e minha grande amiga.

A solidão me abate, choro, decido então chamar meu

sempre amigo que na prática é um irmão (Guri) e ir para o sítio,

afinal, diante de tantas situações distintas, pra me aliviar é só cari-nho de mamãe e papai, além é claro de minhas irmãs e sobrinhas.

Durante o feriado procuro fazer atividades que não são de

minha rotina, o pensamento, porém, não seguia o mesmo rumo,

voltava- se para o trabalho, não consigo entender tantas diferen-

ças e semelhanças entre dois seres de pensamentos tão diferen-

tes, no fundo o jovem senhor tinha certa razão, o ESTADO e os

seres humanos são bem mais hábeis em condenar, principalmen-

te se a pessoa não tiver boa condição financeira, for desprovida de beleza e posição social, do que estender a mão para colaborar.

Enfim, nova segunda feira, iniciamos a semana no quarto dia do mês do trabalhador, como seria bom se todos os desempre-

gados pudessem ser colocados num posto de trabalho neste mês.

Chego cedo, mais de duzentas pessoas lotam a agência,

bato o ponto e antes de me virar uma voz me alcança dizendo:

“Bom dia Adelar, agora estou definitivamente morando em Cas-

cavel, só que minha situação é muito difícil pago aluguel, não en-

contrei casa por menos de setecentos reais, já está vencendo o

mês e estou sem dinheiro, preciso de sua ajuda para encontrar

um trabalho”, ouço com atenção a história de uma jovem senhora,

recém-chegada a cidade e procurando por colocação no mercado

de trabalho, com três filhos e muitas contas para pagar, encami-nho a senhora para atendimento e me dirijo a sala ainda não total-

mente organizada, onde devo trabalhar, haja visto que até então

não tinha um espaço definido para trabalhar.Nem bem larguei a bolsa sobre a mesa e ouço logo duas

vozes em longo lamento: “professor eu não consigo mais dormir,

durmo sentado, as lágrimas são minhas únicas companheiras”,

etc , etc.…; “professor preciso arrumar um trabalho, quero recu-

perar minha dignidade, foi mal, me desculpe por ter sido impa-

ciente antes do feriado, salve minha vida, se não for trabalhar vou

morrer, quero sair de perto de más companhias”. Eram as vozes

do ex detento e do senhor que quase entoando uma melodia me

suplicavam por uma oportunidade de trabalhar.

Cada vez mais eu me convencia que aqueles dois dilemas

estavam chegando ao fim, que esta era a semana, aquele seria o dia de enfim, os dois realizarem o primeiro e importante passo para uma nova vida, recuperando sua dignidade, cada um a seu modo,

peço para uma colega de trabalho, que me consiga uma relação de

vagas do P.P.D., de posse da lista, ligo para algumas empresas e

agendo horários para o período da tarde, dispenso o jovem senhor

e o oriento a voltar as treze e trinta para nova entrevista.

As lamentações continuam a me torturar, o idoso lamu-

riando dizia que já não tinha razões para viver, que queria o mais

humilde trabalho, por que não conseguia, procuro então um co-

nhecido empresário do ramo de floricultura, por sorte o encon-

tramos na entrada da empresa, apresento o senhor a ele e logo

pergunto se existe alguma vaga para zelador, ao que ele me diz

que não, conversamos mais um pouco, nos despedimos e fomos

para outras empresas, a hora do almoço chega e o senhor me

pede três reais para almoçar no restaurante popular, digo que é

muito tarde nosso horário está apertado, nos dirigimos então para

o restaurante próximo da agência, no restaurante o senhor me

pede como é a organização, oriento o mesmo, passando os valo-

res ele então me diz que vai preferir o almoço livre, me sirvo, peso

o prato e me sento , quando minutos depois vem o senhor pedindo

desculpas ao garçom pela quantidade servida, mas, que ele não

janta. Confesso que nunca havia visto alguém se servir tanto em

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uma única refeição, neste dia o restaurante teve prejuízo.

Desta vez, conforme combinado o ex detento é pontual,

nos dirigimos a empresa, nova conversa com a psicóloga, no pri-

meiro momento como de costume em todas as visitas, ofereço os

serviços da agência para a abertura de todas as vagas da empre-

sa e não apenas do P. P. D. na sequência falo sobre a necessi-

dade de colocação do senhor, imédiatamente descartada, mas, a

sorte muda para o deficiente visual, que é convidado a adentrar a empresa para iniciar um treinamento, ufa, um dos dois colocados,

que vitória, volto para a agência e juntos, eu, a supervisora e a

gerente comemoramos pela colocação, foi uma grande conquista,

mas, o desafio continua e precisamos colocar o senhor, que refor-ça a vontade de morrer.

No dia seguinte, reiniciamos nosso trabalho com muito

mais alegrias, pois, havia uma pessoa a menos no mundo do cri-

me, esta pessoa estava colocada no mundo do trabalho.

Não demora muito e vejo o senhor me procurando, la-

mentando e afirmando, “professor não consigo dormir, acordei as cinco e trinta, as seis e trinta eu já estava vindo para cá”.

Além deste, estão à minha espera alguns Haitianos, que

pela dificuldade de comunicação me procuram, pois, consegui estabelecer boa comunicação com os mesmos, peço licença ao

senhor e inicio o atendimento ao grupo de Haitianos, ele adentra

então a sala de trabalho da supervisora da agência lamentando e

dizendo que já não quer mais viver, a colega tenta motiva-lo, sem

muito sucesso.

Acabo os atendimentos e saio então para o trabalho exter-

no, levando comigo o senhor, pensando em visitar mais uma rede

de supermercados, ao longo do caminho toca o telefone, estacio-

no o carro, vejo que o telefone é da agência, devo então atende-

-lo, é a supervisora dizendo que uma floricultura está precisando

de auxiliar de jardinagem e não faz restrições em relação a idade.

Imédiatamente nos dirigimos para a empresa, fomos

atendidos por um jovem que nos pergunta qual a razão da visita,

me apresento e apresento o senhor, fomos então orientados a

aguardar o retorno da responsável pelo departamento de recursos

humanos, iniciam novamente os lamentos, “esperar, sempre es-

perar, porque nos enrolam tanto, poderiam nos dizer diretamente,

mas a resposta é sempre a mesma, aguarde que vamos telefonar,

por que os donos das empresas não nos atendem e nos dizem

que não precisam”...

Ouço calado os lamentos e o oriento a me deixar falar, por

gentileza deixe que eu falo com a responsável pelo RH, o senhor

está mostrando pavor e isto não ajuda, ninguém quer ficar perto de uma pessoa desesperada.

Quando chega a responsável pelo RH, ela é muito obje-

tiva, nos diz que seu pai tem sessenta e nove anos e muita vitali-

dade, para ela a questão idade não está em jogo e sim a vontade

de trabalhar, explica as possibilidades de ascensão na empresa,

basta ele se dedicar ao trabalho e terá sucesso na empresa.

Minha intuição estava certa, enfim, os dois estavam em-

pregados e agora podendo provar a eles mesmos sua competên-

cia, o mundo do trabalho tem dois novos trabalhadores.

Diante destas duas histórias fico a me perguntar, como pode, dois homens tão distintos, com histórias de vida totalmen-

te diferentes, um culto, leitor que em alguns momentos me faz

perceber que como professor sei muito pouco em relação a ele,

o outro que me conta tantas histórias terríveis do mundo do cri-

me, apavorado, jurado de morte, vê todas as pessoas como seus

inimigos, de moral chula e descabida, querendo por leis no mun-

do dos sem leis, condena a devolução de dinheiro, ladrões que

assaltam pequenos estabelecimentos, mas, que ao andarmos na

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rua se contorce de vontade de roubar uma caminhonete, a todo

momento diz querer sair desta vida de crimes, mas cobra pedágio

para proteger comerciantes.

Ambos são condenados, um pela lei e por seu quase

passado, o outro por sua idade, única e exclusivamente por sua

idade, idade que com sinceridade eu quero alcançar e até ultra-

passar em alguns anos, assim como ele, que mesmo só, quer

continuar vivendo, afinal, dizem que o céu é um lugar extrema-

mente bom, mas quero permanecer nesta dúvida, ao menos por

mais sessenta anos.

Tempo, implacável tempo, o que tem a nos dizer,

Quando crianças torcemos pra passar rápido, temos pres-

sa do Natal, que parece uma eternidade até este dia chegar,

Adolescentes, queremos ser jovens, pra sair à noite com

amigos festejar,

Na juventude sonhamos com a independência, que só

vem com a maioridade,

Com mais de vinte, quanta responsabilidade, será que dá

pra voltar atrás???

Poderoso tempo suas marcas são irreparáveis, sempre

bem definidas, da criança desengonçada ao jovem elegante, nos conduz para um caminho, que lá na infância parecia tão distante,

agora os dias voam entre tantas coisas pra fazer, contas a pagar,

salário que nem parecemos ter!!!

De você ninguém escapa, suas marcas serão evidencia-

das, até mesmo no jeito de sorrir, no ronco ao dormir ao pesadelo

da madrugada...

Tempo, implacável tempo, será que pode nos ensinar,

como respeitar seus limites, desde deitar bem cedo até o dia des-

pertar...

O Que Faço Hoje?

Ser útil, este é o sonho que persegue o ser humano em

toda a sua existência, independente do ramo de atividade que

possamos desenvolver o que buscamos durante nossa existên-

cia é exatamente ser um ser que tenha utilidade, cada um define se atingirá este objetivo apenas em sua profissão, na profissão e na família, na profissão, na família e em atividades de filantropia como voluntários, ou outras atividades.

Todos nós temos necessidade de nos sentir úteis aos

outros. É um alimento indispensável à alma, cuja falta

faz nascer uma dor que será ainda mais dilaceran-

te se a morte estiver se aproximando. Grande parte

do que chamamos de medo da morte vem do medo

de que nossa vida não tenha tido sentido, de que te-

nhamos vivido em vão, de que nossa existência não

tenha feito a diferença para nada nem para ninguém.

(SERVAN-SCHREIBER, 2011, p. 46).

Após este trauma, procurei me readaptar, ou mudar meu

modo de vida, muitas coisas perderam o sentido para mim, algo que

tinha um grau de importância muito grande perdeu sentido, algo que

não tinha sentido passou a figurar entre as coisas mais importantes.

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possibilidade de morrer”. Há uma linha muito estreita entre saúde

e doença, alegria e tristeza, sabedoria e insensatez, compreendi

que o modo de vida que adotamos pode nos fazer bem ou mal.

Lembro me todos os dias de uma conversa que tive com

um vizinho de infância, hoje vizinho de meu pai, cujo Filho Elizeu

Lorini colaborou para minha salvação, me levando até o hospital,

mais próximo do local onde eu estava no dia do acidente, em San-

to Antônio do Sudoeste. Certa vez fui visitar o seu João Lorini num

hospital, ele me mostrou as cicatrizes de uma cirurgia que iam do

pescoço ao baixo ventre dizendo-me: “aprendi muito tarde que

quando uma coisa parece ser muito boa certamente ela faz muito

mal, se uma comida é gostosa mais tarde ela fará mal, comi e

bebi muita coisa que me trouxeram alegrias momentâneas e ago-

ra para cá, não foi por acaso que tive de fazer algumas safenas”.

Depois de algum tempo e de me sentir seguro, “o homem

é um ser em constante construção, que aprende com as experiên-

cias acumuladas ao longo da vida. O paradoxo é que quanto mais

vive, mais especializado e preparado para viver ele está” (Sonia

Sirtoli Farber), decidi retomar velhos projetos, que desde 1992

venho defendendo e que no período que antecedeu o acidente

estavam meio parados, voltei a plantar árvores, orquídeas, fazer

palestras, adotei alguns cães que estavam prestes a serem aban-

donados por seus antigos “donos” que me alegram todos os dias

ao chegar em casa, (ao parar o carro no portão eles começam latir

até que eu vá no local que eles ficam atrás de casa e converse com todos, um a um me abraçam com as pernas dianteiras encos-

tando a face em minhas mãos para que eu os acaricie).

Retomamos, com a cobrança do Amigo Jair Pereira Go-

mes, as atividades da ONG Amigos dos Rios, fundada em 2000,

por mim e por um grupo de amigos e amigas que compreendiam

que era preciso trabalhar na melhoria de algumas questões am-

Uma mudança se produziu em mim e ela me pare-ce irreversível. As questões de prestigio, de sucesso político, de status financeiro se tornaram instanta-neamente secundárias. Nessas primeiras horas em que compreendi que tinha câncer, não pensei nem um pouco no meu cargo de senador, na minha conta bancaria ou no destino do mundo livre...Em vez disso, descubro um prazer novo em coisas que me pareciam antigamente corriqueiras – almoçar com um amigo, afagar as orelhas de Muffet e escu-tá-lo roncar, compartilhar a companhia de minha mu-lher, ler um livro ou uma revista sob a luz tranquila do meu abajur de cabeceira, correr para a geladeira em busca de um suco de laranja ou de uma fatia de bolo. Estou certo de que é a primeira vez que sabo-reio a vida. Me dou conta finalmente de que não sou imortal. Tremo à lembrança de todas as ocasiões que desperdicei – mesmo quando estava no auge da minha forma – por conta de um pseudo-orgulho, de falsos valores e confrontos imaginários. (Irvin Yolom, reprodução de discurso de senador americano pouco depois de ser diagnosticado com câncer apud SER-

VAN-SCHREIBER 2011. P. 42-43).

Passei a entender a depressão como uma das mais ter-

ríveis doenças, antes eu não acreditava nisso, pensava que era

“frescura”, conversa fiada, coisa sem fundamento, talvez, um meio de chamar a atenção ou até fugir de cobranças tanto no sentido

pessoal, na família ou profissional, certamente por não entender o fato de algumas pessoas estarem afastadas de seu trabalho por

depressão e participarem de uma série de eventos sociais.

Compreendi que o que separa a vida e a morte é uma

distância invisível de tão pequeno, a doutora em Tanatologia e

Teologia Sonia Sirtoli Farber, afirma: “o enigma do evento mor-te e do ato de morrer acompanha a vida de todos os homens,

mas muitos, senão a maioria, fazem do curso de seus dias um

constante agir com vistas a um futuro histórico, sem considerar a

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bientais em nossa Município e região, tendo como ponto de par-

tida o cuidado com os rios, haja visto que sem água não há vida.

Entre nossas atividades está um trabalho que pretende

revitalizar as mais de mil nascentes, existentes no perímetro urba-

no de nossa cidade e os treze pequenos rios, (em 2003 fora feito

um levantamento onde foram georeferenciadas 1272 nascentes

no perímetro urbano de nossa cidade, infelizmente muitas delas

não aparecem mais, pois foram soterradas em ações que atentam

contra a vida, mas, algumas autoridades fingem não verem e al-guns proprietários de terrenos onde estão estas nascentes fazem

questão de soterra-las, para edificar casas ou até mesmo prédios) em espaços de preservação e valorização da vida, local que efeti-

vamente tenha vida, de pássaros, peixes e vegetais.

Nosso trabalho pretende transformar a cidade de Casca-

vel na cidade dos rios floridos, não queremos nós que eles sejam vistos como local de depósito de dejetos e objetos indesejados, ao

invés disso queremos que sejam locais de saúde em abundância.

Como subprojeto do Projeto Cascavel a Cidade dos Rios

Floridos, implantamos o Projeto MELHORANDO, (Melhoramos os

lugares por onde andamos), neste trabalho entramos nas nascen-

tes e rios e vamos caminhando pelo leito destes e conversando

com os moradores ribeirinhos, propondo melhorias e pedindo auto-

rização para plantarmos árvores que deem flores e frutos, nós nos encarregamos pelo plantio e manejo das espécies que plantamos,

na medida que as árvores vão crescendo os rios ficam floridos.Outro projeto que trabalhamos com muito afinco para me-

lhorar o aspecto visual e ambiental de nossa cidade, deixando

ainda mais bonita e encantadora é o Projeto Doe Sua Orquídea,

percebemos que muitas pessoas ganham esta encantadora flor e quando caem suas pétalas não sabem o que fazer com a planta,

normalmente jogam fora, nós então através de uma campanha

pelos rádios, jornais, revistas e televisão pedimos a população

que nos doe, nós as buscamos e plantamos nas árvores da cida-

de, haja visto que elas não são parasitas apenas se hospedam

nelas. (Acima da beleza, do encanto, da ternura das orquídeas,

só as mulheres).

Ainda no sentido de preservar a vida da coletividade e do

ambiente como um todo, realizamos a proteção de nascentes com

solo cimento, uma técnica que aprendemos com o amigo Celso

Rodrigues de Almeida, com as amigas Teresinha Barron e Herta

Eloa da Emater Paraná, (Herta hoje trabalha como assistente so-

cial na comunidade de São Salvador), neste sistema é feita uma

proteção sobre a nascente com pedras formando uma espécie de

gruta onde a água sai por canos protegendo o local onde a nas-

cente se encontra, é necessário destacar que além dele é preciso

fazer a proteção biológica, recomposição em seu entorno com ve-

getais, ervas, gramíneas e arbustos.

Nosso sonho maior está sendo edificado em uma área que pretendemos transformar no Centro de Educação Ambiental

Amigos dos Rios, contando com a bondade do Professor Alberto

Rodrigues Pompeu, que nos cedeu uma quadra e meia, composta

por quatorze terrenos urbanos, local onde nos reunimos nos finais de semana para planejamento, plantio, coroamento e outras ativi-

dades. Pretendemos brevemente iniciar o atendimento de jovens,

crianças e adultos para práticas de educação e manejo ambiental,

neste local através de parcerias com escolas e outras instituições

públicas e privadas que trarão seus alunos ou parceiros, onde

faremos palestras, cursos, capacitação e atividades em geral, vi-

sando práticas de educação ambiental.

Embora nosso sonho seja muito simples, encontramos

algumas barreiras que precisamos ir transpondo, são dificulda-

des de tempo, precisamos conversar com cada morador ao longo

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dos rios, com cada cidadão ou cidadã, com cada crianças, jovens,

adultos, gente de todos os credos para sensibilizar as pessoas

sobre a importância da preservação da vida, algo extremamente

simples, mas que encontra a pior de todas as barreiras e esta sim

é um grande desafio, convencer os capitalistas, os meio capita-

listas, os que pensam ser capitalistas, os desinformados, os com

informações distorcidas, que um metro de terra, ou quinze metros

ao longo dos rios não farão falta para ninguém, mas, a água da

nascente destruída, o rio sem água, a árvore que não nasce, es-

tes sim fazem falta e muita falta. Nenhum capital, por maior que

seja é capaz de manter o dom da vida, nada substitui a vida.

Nelson Mandela, no filme “Mandela a luta pela liberdade” nos ensina: “o tempo cura as feridas do corpo, o tempo só não

cura as feridas invisíveis, todos temos um trabalho a fazer nesta

vida e não podemos permitir que a culpa e a amargura atrapalhem

seu caminho”.

Eu morri, morri e renasci e agora mais do que nunca me

sinto no dever de dizer a todos o quanto vale a vida e ela com

certeza não tem valor e nem peso material, portanto, vamos todos

juntos defender a vida.

Amor, doce e sábio amor

Que nasce, cresce e multiplica-se muitas vezes

Na velocidade que apenas o amor é capaz de voar

Amor que só aumenta, jamais se acaba

O amor este sentimento perfeito, não tem limites no tempo, no

espaço, só ele é capaz de perpassar todos os caminhos e amar,

mesmo sozinho...

Mas o amor jamais retorna, jamais se desfaz...

Referências

BOTEGA, NEURY JOSÉ. Crise suicida: avaliação e manejo /

Neury José Botega – Porto Alegre: Artemed, 2015.

CALDAS AULETE. Caldas Aulete Minidicionario contemporâneo

da língua portuguesa. Organizador Paulo Geiger. 3ed. Rio de Ja-

neiro: Lexikon, 2011.

FARBER, SÔNIA SIRTOLI, A necessidade do conhecimento tana-

tológico. Revista Arquidiocesana Catedral, Março e Abril de 2016,

p 14.

IANESCO, PEDRO. Pedro que escuta Revista Aldeia, Junho de

2016, p. 38 e 39.

PETRICH, LADEMIR RENATO. Uma jornada em busca da pleni-

tude / Arapongas, PR: Aleluia, 2014.

SERVAN-SCHREIBER, DAVID. Anticâncer: prevenir e vencer usando nossas defesas naturais. Tradução Rejane Janowitzer e

Regjane Winarski. 2.ed.rev. e ampl. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

Série MPT em quadrinhos, coordenação Dr. Estanislau Tallon Bozi

(MPT/ES) e Dra. Carolina De Prá Camporez Buarque (MPT/ES).

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