1) constituição – conceito material e forma e tipologia  · web viewhá um acórdão do stj...

49
DIREITO CONSTITUCIONAL CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE CONCEITO O controle de constitucionalidade é a verificação da relação imediata de compatibilidade vertical entre a norma legal e a norma constitucional que é o fundamento da validade da primeira conceito de Marcelo Neves, autor pernambucano. CONSTITUIÇÃO LEI DECRETO PORTARIA ORDEM DE SERVIÇO Uma coisa é controle de constitucionalidade e outra é o controle de legalidade. São conceitos distintos que também são estudados em ramos diferentes do direito. A legalidade é estudada no direito administrativo, enquanto a constitucionalidade no direito constitucional. Só é possível dizer que há controle de constitucionalidade entre a lei e a Constituição, pois a lei é o primeiro grau abaixo da Constituição. Da lei para baixo, o controle é de legalidade e não de constitucionalidade. 1

Upload: doannhan

Post on 10-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE

CONCEITO

O controle de constitucionalidade é a verificação

da relação imediata de compatibilidade vertical entre a norma legal

e a norma constitucional que é o fundamento da validade da primeira

– conceito de Marcelo Neves, autor pernambucano.

CONSTITUIÇÃO

LEI

DECRETO

PORTARIA

ORDEM DE SERVIÇO

Uma coisa é controle de constitucionalidade e outra

é o controle de legalidade. São conceitos distintos que também são

estudados em ramos diferentes do direito. A legalidade é estudada

no direito administrativo, enquanto a constitucionalidade no direito

constitucional.

Só é possível dizer que há controle de

constitucionalidade entre a lei e a Constituição, pois a lei é o

primeiro grau abaixo da Constituição. Da lei para baixo, o

controle é de legalidade e não de constitucionalidade.

A aplicação prática dessa distinção reside no fato

de que quando a hipótese é de controle de constitucionalidade, há

instrumentos próprios para tanto. O controle de constitucionalidade

tem ações específicas.

1

Page 2: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Mas o controle de legalidade não tem instrumentos

próprios para o seu exercício, o que faz com que alguns autores

sustentem que no controle de legalidade há uma relação simbiótica,

pois irá ser utilizado um instituto próprio de outro ramo de direito

para seu exercício - quase sempre será utilizado o Mandado de

Segurança, que não é a ação própria para tanto. (ex. não é possível

o ajuizamento de ADIN para questionar uma portaria).

Há, entretanto, uma ressalva. O Supremo Tribunal

Federal admite o cabimento de ADIN para a hipótese de Decreto

Autônomo, pois o fundamento desse ato normativo é a própria

Constituição.

ELEMENTOS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

O controle apresenta dois elementos básicos. A

normas constitucional, a que se dá o nome de PARÂMETRO e a norma legal que é o OBJETO.

PARÂMETRO é, assim, a norma em relação a qual o controle é feito – norma constitucional, enquanto OBJETO é a norma sobre a qual o controle é feito – norma legal.

Questões que podem ser argüidas em concurso:

Há a possibilidade do exercício do controle de constitucionalidade sobre norma constitucional revogada?

Resposta: É possível somente em uma única hipótese, que é na via de exceção, porque o controle é suscitado

na 1a instância através de uma argüição de

inconstitucionalidade que pode ter se iniciado antes da

vigência da Constituição Nova. Assim, mesmo com o

novo ordenamento constitucional, se ainda estiver em

trâmite ação proposta anteriormente à vigência da

CR’88, onde se discute a constitucionalidade de

determinada norma em face da constituição então

2

Page 3: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

vigente, ou seja, anterior à CR’88, o Tribunal deverá

julgar a questão à luz do ordenamento constitucional

anterior, que será o parâmetro para o controle da

constitucionalidade.

Diferença entre LEI e ATO NORMATIVO. Vários artigos da CR’88 se referem à lei ou ato normativo. A pergunta é: para efeitos de controle de constitucionalidade, quais são as diferenças entre lei e ato normativo?

Resposta: Quando a CR’88 fala em LEI, ela se reporta ao ATO FORMALMENTE NORMATIVO, ou LEI EM SENTIDO FORMAL.

É o ato produzido pelo Poder Legislativo. ATO NORMATIVO é o ATO MATERIALMENTE NORMATIVO. É a LEI EM SENTIDO MATERIAL. É o ato produzido pelo Poder

Executivo ou Poder Judiciário (ex. Medida Provisória

– poder executivo e Regimento Interno do Tribuno –

poder judiciário).

OBSERVAÇÃO: Para efeitos de controle de constitucionalidade, o Decreto não pode ser utilizado como exemplo de ato normativo, pois se trata de

conceito do direito administrativo. Não cabe controle de

constitucionalidade do decreto e sim controle de legalidade.

CLASSIFICAÇÃO DA INCONSTITUCIONALIDADE

A primeira classificação, que é a mais importante,

é a que estabelece a diferença entre inconstitucionalidade MATERIAL e inconstitucionalidade FORMAL.

Toda a norma jurídica pode ser identificada por

três elementos próprios: procedimento (forma), órgão competente e

conteúdo (declaração prescritiva). Ex.: norma jurídica produzida

pelo CN (órgão competente), nas hipóteses taxativas previstas na

CR’88 (conteúdo), por maioria absoluta (procedimento) – LEI

COMPLEMENTAR.

Quando o vício da norma residir no procedimento ou

no órgão competente a hipótese será de INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL.

3

Page 4: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

A inconstitucionalidade formal decorre de vício de procedimento ou

de vício de órgão competente. (ex. uma Lei Complementar aprovada por

maioria simples – vício de procedimento)

Quando o vício da norma residir em seu conteúdo a

hipótese será de INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. A

inconstitucionalidade material ocorre quando há vício no conteúdo da

norma (ex. Lei que declara que homens e mulheres não são iguais

perante a lei).

Exemplos mais complicados das duas hipóteses:

INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL : Inconstitucionalidade por usurpação de iniciativa reservada. Ocorre quando há invasão na iniciativa reservada ao outro poder para a edição de uma lei.

Questões sobre o tema:

Um membro do CN inicia a tramitação de um projeto de lei cuja a iniciativa é privativa do Presidente da República. Esse projeto é aprovado e sancionado pelo próprio Presidente, dando origem à lei. Pergunta-se: a sanção presidencial afasta a inconstitucionalidade por usurpação da iniciativa reservada? A sanção tem efeito convalidatório ou não?

Resposta: A sanção não tem efeito convalidatório e a inconstitucionalidade continua existente, porque todo o

ato inconstitucional tem natureza de ato nulo e não

anulável. Logo, a sanção não tem o condão de

convalidar o ato já nulo. Não se aplica, mais, a Súmula

05 do STF que previa que a sanção do Presidente

convalidava o vício de iniciativa, pois já cancelada

pelo STF.

Pode ser proposta, pelo próprio Presidente da República, ADIN contra lei por ele mesmo sancionada, questionando eventual vício de iniciativa por usurpação da iniciativa privativa do Chefe do Executivo? Tem ele interesse processual?

4

Page 5: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Resposta: A ADIN pode ser proposta por qualquer um dos legitimados, contudo, há divergência quanto à

existência do interesse processual do Presidente da

República nessa hipótese. Há duas correntes sobre o

tema. A primeira, defendida por Gilmar Ferreira

Mendes, sustenta que a ADIN pode ser proposta inclusive

pelo Presidente da República porque a questão é de

ordem pública, não cabendo alegar eventual falta

interesse do Presidente. A segunda corrente,

sustentada por Rodrigo Lopes Lourenço, defende que a

hipótese seria de preclusão lógica, por isso não

poderia ser ajuizada a ADIN pelo Presidente da

República.

O STF, a princípio, tem se filiado à segunda corrente

porque em uma ADIN, o Tribunal negou o pedido de

Presidente da República de ingresso, na qualidade de

litisconsorte ativo superveniente, no polo ativo da

ADIN onde se discutia a constitucionalidade de norma

sancionada pelo próprio presidente.

INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL : Inconstitucionalidade por violação ao princípio da razoabilidade. A doutrina da

razoabilidade vem sendo estudada por três autores principais:

Alexy, Canotilho e Gilmar Ferreira Mendes. Segundo essa

doutrina, o princípio da razoabilidade é subdivido em 3 espécies:

adequação, necessidade e proporcionalidade. O meio deve ser adequado e necessário para o fim visado e deve haver proporção entre os meios e os fins.

ADEQUAÇÃO. Uma lei que proíba a venda de bebidas alcóolicas no Carnaval, sob o fundamento de que o consumo do

álcool aumenta o contágio de doenças venéreas. Essa lei, muito

embora não viole qualquer preceito constitucional, ela é inválida,

inconstitucional porque inadequada. Não há adequado entre o meio

escolhido e o fim visado, pois o contágio de doenças venéreas não

se dá por causa do consumo de álcool. O conteúdo da lei é

inválido, inconstitucional por ferir o princípio da razoabilidade.

5

Page 6: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

NECESSIDADE. Uma fábrica polui um rio, entretanto, bastaria a colocação de filtros no sistema de esgota da fábrica

para cessar a poluição. Ocorre que uma lei, ao invés de dispor

sobre a obrigatoriedade de instalação de tais filtros, determina o

fechamento da fábrica. Essa lei é inconstitucional porque

desnecessária. Não é necessário para que se atinja o fim –

término da poluição – o meio encontrado – fechamento da fábrica.

PROPORCIONALIDADE. Uma lei dispõe que todos os

monumentos públicos da cidade devem ser cercados com cercas

elétricas, com descarga com potencial de matar eventual cidadão

que queira violar a cerca para pichar o monumento. A lei é

inconstitucional porque é DESPROPORCIONAL. Não há proporção entre

o meio (sacrifício da vida) e o fim (preservação do patrimônio

público).

O STF tem se utilizado do princípio da

razoabilidade para declarar a inconstitucionalidade de leis.

Esse princípio tem importante aplicação no direito administrativo,

especialmente em relação à máxima de que não há controle judicial

do mérito do ato administrativo.

Em direito público, se defende hoje a possibilidade

do controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário, desde

que esse controle seja indireto, ou seja, incida sobre os limites

do mérito, levando-se em conta a razoabilidade que é o limite a

que está sujeito o ato discricionário.

Há um acórdão do STJ que admite o questionamento do

limite do mérito do ato administrativo, proferido em um Mandado de

Segurança impugnando concurso público porque a banca havia

divulgado os parâmetros para a atribuição da notas e um candidato

que tinha seguido o padrão, não tinha logrado obter a nota mínima

divulgada pela banca.

A segunda classificação da inconstitucionalidade é

formada pela INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO e INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO.

6

Page 7: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

A inconstitucionalidade por ação decorre de um

comportamento positivo do Estado no campo legislativo. É editada,

pelo Estado, uma norma contrária à Constituição.

A inconstitucionalidade por omissão decorre de um comportamento negativo do Estado no campo do processo legislativo.

Não há uma norma contrária à Constituição. Na realidade, a

inexistência de uma norma é que gera a inconstitucionalidade (ex.

art. 134, parágrafo único, que dispõe que todos os Estados deveriam

criar a Defensoria Pública, o que não foi ainda feito no Estado de

São Paulo – tal conduta importa em inconstitucionalidade por

omissão).

Toda a inconstitucionalidade por omissão fica

sujeita a um pressuposto genérico e a dois requisitos especiais.

O pressuposto da inconstitucionalidade por omissão é a EXISTÊNCIA DE UMA NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA LIMITADA. Só

há inconstitucionalidade por omissão se a norma constitucional for

de eficácia limitada. Isto porque a única norma da Constituição

que impõe um dever de produção legal é a norma constitucional de

eficácia limitada.

OBSERVAÇÃO: A norma constitucional de eficácia plena não necessita de uma lei – desnecessidade de legislar. Na norma constitucional de eficácia contida pode existir uma lei que poderá conter seu conteúdo – faculdade de legislar. Contudo, na norma constitucional de eficácia limitada há um dever de legislar. A lei é imprescindível.

Há 2 requisitos da inconstitucionalidade por

omissão: (i) inércia de qualquer poder do Estado; (ii) durante intervalo de tempo razoável. Ou seja, sendo a norma de eficácia

limitada, deve-se verificar a existência da inércia legislativa em

um intervalo de tempo razoável.

Questão sobre o tema:

É possível existir a inconstitucionalidade por omissão através de ação?

7

Page 8: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Resposta: Pode, mas somente no caso de

inconstitucionalidade por omissão relativa, que ocorre em todas as hipóteses em que é exigível que seja

concedido um benefício a uma categoria de pessoas e

esse benefício somente é concedido para uma parcela

dessa categoria. Há ação por causa da lei, mas há

omissão inconstitucional porque a lei não contemplou

toda a classe que deveria ser beneficiada.

A inconstitucionalidade por omissão não pode ser

confundida com lacuna da lei. Isto porque entre estes conceitos há duas diferenças básicas: A lacuna é automática, ela não precisa

aguardar intervalo de tempo para existir. De outro lado, a

inconstitucionalidade por omissão só existe depois de decorrido

espaço de tempo razoável para a edição da norma exigida. Além

disso, a lacuna é preenchida pelo intérprete quase sempre através da

integração, ou seja, através da analogia, costume e princípios

gerais do direito. A inconstitucionalidade por omissão, por sua

vez, somente é preenchida por decisão judicial proferida em Ação

Direta de Inconstitucionalidade por Omissão ou em Mandado de

Injunção, que são as ações próprias para tanto.

A terceira classificação de inconstitucionalidade é

a Inconstitucionalidade das Normas Constitucionais.

A norma constitucional pode ser inconstitucional

nas hipóteses de: (1) norma constitucional federal que viole as

limitações materiais ao poder de reforma à Constituição, que são

veiculas por Emenda ou Revisão (ex. Emenda à Constituição que prevê

a pena de morte); (2) norma constitucional estadual, originária ou não, que viole norma constitucional federal de repetição obrigatória

(ex. norma constitucional estadual que disponha que homens e

mulheres são desiguais perante a lei).

SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Os sistemas de controle podem ser classificados de

duas formas diferentes: (i) no que tange à natureza do órgão que

8

Page 9: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

efetua o controle (ii) no que tange ao momento em que o controle é exercido no caso concreto. No que se refere à natureza do órgão, o

controle pode ser político ou judicial. No que tange ao momento, o controle pode ser preventivo ou repressivo.

Natureza do Órgão : O controle político é aquele controle

efetuado por órgão não integrante do Poder Judiciário, por isso

político. Na França, o controle de constitucionalidade é feito

pelo Conselho de Estado, que é órgão político. Por sua vez, o

controle judicial é aquele feito por um órgão integrante do Poder Judiciário.

Momento do Exercício do Controle : O controle preventivo é o

controle efetuado antes da eficácia da norma jurídica. É o

controle feito sobre a proposta de emenda à constituição ou sobre

o projeto de lei. O controle repressivo é o efetuado durante a eficácia da norma. O controle será efetuado sobre a própria lei

ou emenda à constituição.

O sistema brasileiro é MISTO, ou seja, admite tanto o controle político, que deve ser, em regra, preventivo, e o

controle judicial que, em regra, é repressivo.

O controle político preventivo tem sua principal

expressão no art. 66, §1º, da CR’88, que prevê o controle de

constitucionalidade feito pelo Presidente da República sobre o

projeto de lei.

O controle judicial repressivo está previsto no

art. 102, I, alínea “a”, que dispõe sobre a competência do STF para

julgar a ADIN sobre lei ou ato normativo. O controle é realizado

pelo Supremo Tribunal Federal – órgão judicial - posteriormente ao

surgimento da lei, daí porque é repressivo.

Contudo, há exceção à regra geral. Há uma hipótese

raríssima de controle de constitucionalidade político repressivo e

uma hipótese de controle judicial preventivo.

Controle Político Repressivo - Art. 49, V, CR’88 – confere ao Congresso Nacional a possibilidade de sustar os atos normativos

9

Page 10: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

do Poder Executivo que exorbitarem do poder regulamentar ou dos

limites de delegação legislativa. Essa delegação legislativa

está prevista no art. 68, §2º, da CR’88 e, se o Presidente da

República, exceder os limites da delegação na lei delegada,

poderá ser realizado, pelo Congresso Nacional, o controle

político repressivo do ato normativo.

Controle Judicial Preventivo - Mandado de segurança impetrado por membro do Congresso Nacional, no STF, contra proposta de

emenda à constituição que viole cláusula pétrea, ao argumento de

que o impetrante dispõe do direito líquido e certo a não

participar de processo legislativo inconstitucional. Se estiver

tramitando no Congresso Nacional proposta de emenda tendente a

abolir cláusula pétrea, o parlamentar poderá impetrar Mandado de

Segurança visando a resguardar o seu direito de não participar da

deliberação da matéria. O impetrante deve ser membro do

Congresso Nacional (deputado federal ou senador da república) e o

objeto somente pode ser referente à proposta de emenda à

constituição e não projeto de lei. Essa é a única possibilidade

de se trancar processo legislativo através da via judicial.

MÉTODOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

O Sistema Brasileiro de Controle de

Constitucionalidade é misto, ou seja, em regra, político-preventivo

e judicial-repressivo.

Métodos de controle de constitucionalidade são

especificações do controle judicial-repressivo. São dois os

critérios para os métodos de controle de constitucionalidade: (i) número de órgãos judiciais e; (ii) modo de exercício do controle judicial.

No que se refere ao número de órgãos, o controle

pode ser DIFUSO ou CONCENTRADO. No que tange ao modo, o controle pode ser pela VIA DE EXCEÇÃO ou pela VIA DE AÇÃO DIRETA.

10

Page 11: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Número de órgãos: O controle difuso é aquele exercido por

qualquer órgão judicial. É também chamado MÉTODO AMERICANO.

O controle concentrado será exercido por um

único órgão ou por um número certo de órgãos judiciais. É também

chamado MÉTODO AUSTRÍACO.

Modo: Na via de exceção a inconstitucionalidade é argüida

como causa de pedir. Ex. Uma lei tributária institui um tributo de forma inconstitucional. O contribuinte pretende receber o que pagou

indevidamente. A ação cabível será a ação de repetição de indébito.

O pedido será o de repetir o indébito, mas a causa de pedir será a

inconstitucionalidade da lei tributária.

Na via de ação direta, a inconstitucionalidade é

argüida como pedido. Na ADIN, o pedido será o de declarar a

inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo.

O controle de constitucionalidade difuso é sempre instrumentalizado pela via de exceção. O controle da constitucionalidade concentrado é sempre exercido através da via de ação direta.

CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE PELA VIA DE EXCEÇÃO

Características : O controle de constitucionalidade pela via de exceção tem 4 características básicas: (1) a

inconstitucionalidade é argüida como causa de pedir; (2) a

inconstitucionalidade figura, no processo, como questão prejudicial ao mérito; (3) decisão a respeito da

inconstitucionalidade figurará como fundamentação da sentença e não como sua parte dispositiva; (4) a declaração da

inconstitucionalidade não fará coisa julgada material.

Questão sobre o tema:

É cabível no controle de constitucionalidade por via de exceção a ação declaratória incidental?

11

Page 12: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Resposta: A ação declaratória incidental é uma ação que tem por fim converter questão prejudicial em

mérito. É uma ação cujo mérito corresponde à questão

prejudicial da ação sobre a qual ela é incidentemente

proposta para que se forme a coisa julgada sobre ela.

Segundo o Prof. Humberto Dalla (que compõe a banca do

MP-RJ), não cabe ação declaratória incidental para

argüir a inconstitucionalidade pela via de exceção

primeiro porque, no que se refere ao órgão competente,

a inconstitucionalidade somente pode ser apreciada pelo

STF ou pelo Tribunal local como questão de mérito, por

isso se fosse admitida a ação declaratória incidental

haveria uma supressão de instância, na medida em que se

atribuiria ao juiz singular a análise da questão a

título de mérito. Em segundo lugar, haveria uma

supressão no que tange à própria legitimação ativa,

pois somente podem suscitar a inconstitucionalidade

como mérito os legitimados previstos no texto

constitucional.

Denominação atribuível ao controle pela via de exceção : O termo exceção é tecnicamente incorreto, da mesma forma que é equivocada

a denominação de controle incidental. O título mais adequado a

ser utilizado é CONTROLE CONCRETO, em contrapartida ao controle

ABSTRATO.

Legitimação : A inconstitucionalidade na via de exceção pode ser argüída por: (1) demandante (qualquer pessoa que ocupe o pólo

ativo); (2) demandado; (3) terceiro interveniente; (4) Ministério Público, tanto como órgão interveniente (“custos

legis”) e órgão agente (parte).

Questões sobre o tema:

É admissível a declaração de inconstitucionalidade “ex officio”? Pode o Juiz decretar a inconstitucionalidade sem que qualquer legitimado tenha suscitado tal questão nos autos do processo?

12

Page 13: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Resposta: É possível porque se trata de matéria de

ordem pública, podendo ser conhecida de ofício pelo

juízo.

Pode se falar em preclusão lógica ou temporal no que se refere à questão da inconstitucionalidade? A inconstitucionalidade pode ser argüída a qualquer momento, inclusive em 2a instância?

Resposta: Sim, é possível porque se trata de questão de ordem pública, podendo inclusive o Tribunal conhecê-

la de ofício. Não há preclusão temporal no caso, nem

lógica. Se a questão somente for suscitada na hora do

julgamento, a Câmara terá que converter o julgamento em

diligência, a fim de que seja dado conhecimento da

alegação pela outra parte.

Cabimento : O controle de constitucionalidade concreto é

cabível em qualquer tipo processo (conhecimento, cautelar,

execução, remédio constitucional, etc.).

A controvérsia sobre o tema reside no cabimento desse controle de

constitucionalidade na ação civil pública, pois esta não tem cunho individual, mas sim coletivo. Há duas correntes sobre o

tema: A primeira corrente, que tem 4 principais autores – Gilmar F. Mendes, José dos Santos Carvalho Filho, Arnold Wald e Arruda

Alvim – defende que é inadmissível o controle de

constitucionalidade pela via exceção na ação civil pública porque,

primeiro, há um impedimento no que toca à legitimação ativa, pois

a ação civil pública estaria sendo utilizada como substituta de

uma ação direta de inconstitucionalidade por quem não detém

legitimidade para tanto e, em segundo lugar, porque haveria uma

confusão no que se refere aos efeitos da decisão, pois na ação

civil pública os efeitos da sentença são, em geral, “erga omnes”

idênticos ao controle abstrato da constitucionalidade. Não é

adequado que se suscite essa posição em provas para o Ministério

Público.

13

Page 14: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

A segunda corrente – Luiz Roberto Barroso, Alexandre Freitas Câmara, Clemerson Cléve, Hugo Nigro Mazzille – sustenta a

admissibilidade do controle de constitucionalidade concreto na

ação civil pública, seja porque é impossível que a ação civil

pública seja substituta de uma ADIN, pois ambas têm

características próprias que não se confundem. Na ação civil

pública, a questão constitucional será argüída como causa de

pedir, sendo questão prejudicial de mérito, devendo ser abordada

na fundamentação da sentença, sobre a qual não haverá coisa

julgada. Na ADIN, a questão constitucional é argüída como pedido,

sendo questão de mérito da ação e, consequentemente, formando

coisa julgada pois será decidida na parte dispositiva do acórdão.

Com relação aos efeitos, a decisão que na ação civil pública

tratar da constitucionalidade não terá efeitos “erga omnes”, pois

sobre ela não recairá a coisa julgada. A eficácia “erga omnes”

deve ser entendida como sendo a eficácia contra todos da coisa

julgada material formada.

Além disso, o art. 103 do Código de Defesa do Consumidor, que

versa sobre coisa julgada nas ações coletivas, dispõe que a coisa

julgada terá efeitos “erga omnes” na hipótese de interesse difuso

(inciso I); na hipótese de interesse coletivo (inciso II), a coisa

julgada não será “erga omnes”, mas sim “ultra partes”, ou seja,

para pessoas que constituam certo grupo e, na hipótese de

interesse individual homogêneo (inciso III), o efeito será “erga

vitima”, ou seja, para todas as vítimas do evento. Dessa forma,

nos casos de interesses coletivo e individual homogêneo a coisa

julgada não será, de qualquer forma, “erga omnes”.

O Supremo Tribunal Federal alterou, recentemente, a sua posição

anterior, pacificando o entendimento de que é cabível o controle

da constitucionalidade pela via de exceção na ação civil pública.

TEMAS CONTROVERTIDOS SOBRE O CONTROLE PELA VIA DE EXCEÇÃO

Princípio da Reserva de Plenário: CR’88, art. 97 e CPC, arts. 480 a 482;

14

Page 15: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Suspensão de execução da lei declarada inconstitucional: CR’88, art. 52.

ART. 97, CR’88 - PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO

O art.97 da CR’88 dispõe que a

inconstitucionalidade só pode ser declarada, em Tribunal, por órgão

composto pela maioria absoluta de seus membros, ou seja, Plenário ou

Órgão Especial – nunca pode ser declarada por Câmara porque esta não

tem a maioria absoluta dos membros do Tribunal. Tal disposição

significa o PRINCÍPIO DE RESERVA DE PLENÁRIO.

Na prática, há 4 hipóteses admitidas:

a) causa tramitando em 1a instância, sendo que o juiz entende que a

norma argüída como inconstitucional é constitucional. Pergunta-

se: aplica-se ao caso o princípio da reserva de plenário? Não

porque a hipótese não é de Tribunal e sim de Juízo e também não é

de inconstitucionalidade. A decisão será proferida normalmente

pelo Juiz que, na sentença, declarará a norma constitucional na

fundamentação, apreciando posteriormente o mérito da questão.

b) causa tramitando em 1a instância, sendo que o juiz entende que a

norma argüída como inconstitucional é realmente inconstitucional.

Pergunta-se: aplica-se ao caso o princípio da reserva de

plenário? Não porque a hipótese não é de Tribunal, mas sim de

Juízo. A decisão será proferida normalmente pelo Juiz que, na

sentença, declarará a norma inconstitucional na fundamentação,

apreciando posteriormente o mérito da questão.

c) Recurso tramitando em 2a instância, sendo que a Câmara entende

que a norma argüída como inconstitucional é constitucional.

Pergunta-se: aplica-se ao caso o princípio da reserva de

plenário? Não porque a hipótese, apesar de ser de Tribunal, não

é caso de inconstitucionalidade. A Câmara proferirá o acórdão,

constando na fundamentação deste que a norma é constitucional e

julgando o mérito com base na norma constitucional.

15

Page 16: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

d) Recurso tramitando em 2a instância, sendo que a Câmara entende

que a norma argüída como inconstitucional é realmente

inconstitucional. Pergunta-se: aplica-se ao caso o princípio da

reserva de plenário? Sim, porque se trata de hipótese de Tribunal

e que é de inconstitucionalidade. O art. 97 da CR’88 e os art.

480 a 482 do CPC nessa hipótese. A Câmara irá lavrar o acórdão

onde constará seu entendimento acerca da inconstitucionalidade da

lei impugnada no processo. O julgamento será suspenso e os autos

serão remetidos ao Plenário ou, se existir, ao Órgão Especial,

que decidirá sobre a inconstitucionalidade, ficando a Câmara

vinculada ao entendimento consolidado pelo Plenário. Após o

julgamento da declaração de inconstitucionalidade, os autos

retornarão à Câmara para prosseguimento do julgamento do mérito

do recurso.

O acórdão da Câmara terá natureza de decisão judicial de caráter

complexo, pois produzida por 2 órgãos distintos do Tribunal.

Questão sobre o tema:

Qual o nome técnico ao fenômeno de remessa, pela Câmara ao Plenário, do recurso para análise da questão tida como inconstitucional?

Resposta: Cisão Funcional de Competência no Plano

Horizontal. A Câmara terá sua competência para

julgamento cindida para aplicação do princípio da

Reserva de Plenário. É horizontal porque o órgão que

também apreciará a questão tem a mesma competência do

que a da Câmara.

OBSERVAÇÃO: A argüição de descumprimento de preceito fundamental pode se dar de forma direta ou incidental, sendo que nela pode ocorrer, também,

esse fenômeno. Contudo, a cisão será no plano vertical, porque se dará

entre o STJ e o STJ, ou seja, há uma Cisão Funcional de Competência no Plano Vertical porque o STF é considerado hierarquicamente superior ao STJ. Tem semelhança com a AVOCAÇÃO, mas não é idêntica, pois nesta o

fenômeno é inconstitucional por violar o princípio do Juiz Natural e

também não haverá cisão de competência, mas sim remessa integral de toda

a questão para apreciação pelo órgão superior.

16

Page 17: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

É constitucional ou não o art. 481, parágrafo único, do CPC?

Resposta: Somente dois autores se manifestam sobre o tema – Nagib Slaibi Filho e Alexandre Freitas Câmara.

Para o Des. Nagib, a norma é constitucional, pois a aplicação do parágrafo único do art. 481 somente deve

se dar nas hipóteses novas, não se aplicando às

questões já decididas pelo Tribunal, anteriormente à

vigência da lei que introduziu tal disposição no CPC.

O STF também admite a constitucionalidade desse

dispositivo.

Alexandre Câmara entende que a norma é inconstitucional porque viola o princípio da Reserva de Plenário e o

princípio da Ampla Defesa, pois haverá uma extensão dos

efeitos de uma decisão, proferida em outro processo, à

hipótese em exame pela Câmara, sem que a parte, neste,

tenha tido a oportunidade de contestar a decisão

proferida no processo anterior.

O Princípio da Reserva de Plenário se aplica às Turmas Recursais de JEC?

Resposta: Há diferença entre instância e grau. Instância é um termo ligado ao órgão judicial (órgão de 1a instância – Juízo; órgão de 2a instância – Tribunal).

Grau é ligado, não ao órgão judicial, mas sim à

atividade judicial (atividade em 1º grau – causa;

atividade em 2º grau – recurso).

Em regra, a instância corresponde ao grau – o órgão de

1a instância atua em 1º grau (o juízo atua na causa),

enquanto o órgão de 2a instância atua em 2º grau (o

Tribunal atua no recurso).

Contudo, excepcionalmente essa regra não é obedecida.

Há a possibilidade de um órgão de 1a instância atuando

em 2º grau (juízes de 1a instância atuando em recurso

17

Page 18: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

nas Turmas Recursais), como também é possível que órgão

de 2a instância atue em 1º grau (competência originária

dos Tribunais).

Como o art. 97 somente se refere a Tribunal, ou seja,

órgão de 2a instância, não é possível a aplicação do

Princípio da Reserva de Plenário para as Turmas

Recursais, que são órgãos de 1a instância. Se a Turma

entender que a norma é inconstitucional, ela deve atuar

como qualquer juiz, ou seja, se entender que a norma é

inconstitucional, ela deve declarar o vício no seu

julgamento.

É com base inclusive nesse entendimento que se afirma

que não é possível a interposição de recurso especial

contra as decisões proferidas pelas Turmas Recursais,

pois o art. 105, III, dispõe, expressamente, que o

recurso especial somente é cabível contra decisões

proferidas pelos TRIBUNAIS.

De outro lado, porque o art. 102, III, da CR’88 não se

refere, em seu texto, a Tribunais, entende-se cabível a

interposição de recurso extraordinário contra as

decisões das Turmas Recursais. Excepcionalmente, só

será cabível o recurso especial contra acórdão da Turma

Recursal quando esta extrapole de sua competência (ao

contrário senso da antiga redação da Súmula 203 do STJ)

ARTIGO 52, X, CR’88 – SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA LEI

A CR’88, no art. 52, X, dispõe que compete ao

Senado suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada

inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

A SUSPENSÃO DE EXECUÇÃO nada mais é do que um

INSTITUTO DE CONVERSÃO DE EFICÁCIA INTER-PARTES EM EFICÁCIA “ERGA

OMNES”. Ou seja, a decisão do STF que declara a

inconstitucionalidade da lei surte efeito apenas entre as partes do

18

Page 19: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

processo. A partir do momento em que há a suspensão da execução

pelo Senado dessa lei, a eficácia da decisão passa a ser “erga

omnes”.

São características da suspensão:

1) Só há suspensão em última instância, ou seja, não se pode falar

em suspensão da execução se a decisão não for de última

instância, ou seja, proferida pelo STF, devidamente transitada em

julgado, no caso de lei federal. Pelo princípio da simetria, no

âmbito estadual, deverá haver o trânsito em julgado da última

decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado para que a

Assembléia possa suspender a lei declarada inconstitucional em

face da Constituição Estadual.

2) Só pode haver suspensão na via do controle de constitucionalidade

por exceção. Essa suspensão não pode se dar na via da ação

direta, pois nesse caso já há eficácia “erga omnes”.

3) A lei passível de suspensão pode ter qualquer origem. O Senado

pode suspender a lei federal/estadual/municipal quando a

inconstitucionalidade for declarada em face da Constituição da

República.

O fundamento lógico de se conferir ao Senado o

poder de suspender a execução da lei declarada inconstitucional

reside, primeiramente, na defesa do interesse público

consubstanciado na necessidade de se dar eficácia à decisão, para

todas as pessoas, de que determinada lei é inconstitucional.

De outro lado, porque a coisa julgada somente tem

eficácia inter partes não é possível ao próprio Poder Judiciário

atribuir a eficácia “erga omnes” à decisão, sob pena de se violar os

limites da coisa julgada, daí porque foi atribuído a um órgão

externo, no caso o Senado Federal, que é um órgão político, a

possibilidade de ampliar os limites da decisão.

Note-se que o Senado não analisará o mérito da

decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, apenas lhe

atribuirá uma eficácia maior.

19

Page 20: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Assim, a suspensão da execução prevista no art. 52,

X, da CR’88 é um instrumento de conversão da eficácia inter-partes

em eficácia erga omnes, só ocorrendo quando há decisões transitadas

em julgado em última instância, exclusivamente na via de exceção,

independendo da origem da norma. Seu fundamento reside na

necessidade de se conferir eficácia erga-omnes à decisão, sem se

violar os limites subjetivos da coisa julgada.

Questões importantes sobre o tema:

O Senado é obrigado a suspender a execução da lei?

Resposta: Há 3 correntes sobre o tema:

A primeira corrente é a da OBRIGATORIEDADE, defendida por Lúcio Bittencourt. Essa corrente entende que é

obrigatória a suspensão da lei pelo Senado porque todo

o sistema de suspensão da execução configura ATO

COMPLEXO, porque o ato só vai existir se houver a

manifestação da vontade obrigatória dos 2 órgãos –

Supremo Tribunal Federal e Senado Federal.

OBSERVAÇÃO: Diferença entre ato complexo, ato composto e procedimento

ATO COMPLEXO: Há um ato só que está sujeito à vontade de dois órgãos distintos (ex. lei – aprovada pelo Legislativo e promulgada pelo

Executivo). Ele representa uma fusão de vontades. Nele, dois órgãos

distintos manifestam vontades, gerando um ato só.

ATO COMPOSTO: Na hipótese de ato composto, em rigor, não há um ato só. São dois atos – um ato principal e um ato acessório, sendo que

este último tem por função conferir eficácia ao primeiro, ou seja,

ao ato principal. Ex. Visto do Procurador Geral em parecer do

procurador do Estado sujeito à aprovação.

PROCEDIMENTO: São três ou mais atos encadeados destinados a

produção de um ato final.

Não se pode confundir procedimento com processo. Procedimento nada mais é do que a exteriorização do processo.

A segunda corrente é a da OBRIGATORIEDADE MITIGADA. Ela é defendida por Alfredo Buzaid e está fundamentada

20

Page 21: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

na existência dos requisitos formais. Assim, para essa

corrente, o Senado está obrigado a suspender a lei

quando a decisão do Supremo Tribunal Federal preencher,

integralmente, todos os requisitos formais para sua

validade. A falta de qualquer requisito formal (não há

necessidade que essa ausência importe em nulidade, pode

ser uma mera irregularidade) não obriga o Senado a

suspender a lei.

A terceira corrente é a da FACULTATIVIDADE. Ela é

sustentada pelo Min. Celso Mello do STF, e é pacífica

nesse Tribunal. Segundo essa corrente, fica a critério

discricionário do Senado a suspensão da lei, pois se

trata de ATO DISCRICIONÁRIO.

Qual a eficácia temporal da suspensão da execução – EX TUNC ou EX NUNC?

Resposta: Predomina a corrente que defende que a

suspensão da lei terá eficácia “ex tunc” retroativa à

data da decisão do Supremo Tribunal Federal e não desde

a sua edição (posição do Gilmar Ferreira Mendes).

Contudo, o Des. Nagib Slaibi Filho defende que a suspensão da lei terá eficácia “ex nunc” a partir da data da suspensão pelo Senado (Livro – Anotações à Constituição).

CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE PELA VIA DIRETA

A grande diferença entre o controle de

constitucionalidade entre a via de exceção e a via da ação direta é

que, na primeira, o controle ou a questão é argüida como causa do

pedido, enquanto na segunda, a inconstitucionalidade é o próprio

pedido.

O controle de constitucionalidade pela via direta

tem quatro características:

21

Page 22: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

1) A questão constitucional é argüida como pedido da ação;

2) A questão constitucional é o mérito da ação;

3) A declaração da inconstitucionalidade deve figurar na parte

dispositiva da ação;

4) A declaração de inconstitucionalidade faz coisa julgada material.

São cinco tipos de controle de constitucionalidade

pela via da ação direta: ADC, ADIO, ADIN, AI e Argüição de

Descumprimento de Preceito Fundamental

Ação Direta de Constitucionalidade – ADC

Ação Direta de Inconstitucionalidade, que se divide em Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADIO), Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica (ADIN), Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (AI)

Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)

No âmbito estadual, são admitidas a ADIN, que, no caso, é chamada de Representação de Inconstitucionalidade (art. 125,

§2º, da CR’88) e a Ação Interventiva (art. 35, da CR’88). Além

disso, é expressamente excluída da competência do Estado a ação de

Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (art. 102, §1º,

da CR’88).

Há dúvida, portanto, quanto ao cabimento, no âmbito

estadual, da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão e da

Ação Direta de Constitucionalidade.

São 2 as correntes que tratam do assunto: uma

corrente admite as duas ações, porque a Constituição não as proíbe

expressamente, e outra corrente que defende que não é possível a

instituição, pelos Estados, dessas ações, como José Afonso da Silva,

pois a Constituição não as admite.

22

Page 23: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

A Constituição do Estado do Rio de Janeiro, no art.

161, expressamente admite a Ação Direta de Inconstitucionalidade por

Omissão.

AÇÃO DIRETA EM GERAL

Natureza Jurídica do Processo de Ação Direta: Esse processo tem a natureza jurídica de PROCESSO OBJETIVO.

Características do Processo Objetivo: O processo objetivo se distingue do processo subjetivo (ação penal, ação trabalhista,

etc.) porque:

1. Litígio – no processo objetivo não há lide, a jurisdição é exercida sem caso concreto. Ela é exercida numa

questão hipotética – norma em tese;

2. Partes – no processo objetivo só há uma parte

individualizada – a parte autora. Não há quem ocupe o

pólo passivo da lide – não há parte ré;

OBSERVAÇÃO: No processo subjetivo, há ações em que também não há

individualização de uma das partes – como no usucapião, na desapropriação

e na ação de nunciação de obra nova, quando não se sabe quem é o

proprietário do imóvel, mas são hipóteses raras.

OBSERVAÇÃO: O advogado geral da União, na ação direta, não representa a União Federal.

3. Contraditório - no processo objetivo não há

contraditório, pois não há quem ocupe o pólo passivo da

lide;

OBSERVAÇÃO: Nem todo o processo é contraditório, pois são admitidos

processos administrativos em que não se exige contraditório. Nos

processos administrativos, apenas os processos disciplinares ou naqueles

em que poderá haver um atingimento de direitos de particular serão

contraditórios.

4. Interesse Processual – A demonstração do interesse

processual, em algumas hipóteses, é dispensada. É

23

Page 24: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

dispensada a demonstração de interesse pelos legitimados

ativos universais, sendo exigida dos legitimados ativos

especiais.

5. Objeto - No processo objetivo, o objeto é a tutela do direito objetivo, entendido como a ordem jurídica, que é

lesada por uma norma inconstitucional.

6. Modo de exercício – O processo objetivo é instaurado por via de uma ação direta.

Assim, o processo objetivo não tem lide, não há partes individualizadas, não tem contraditório, em alguns casos é dispensável a comprovação do interesse processual, tem por intuito defender um direito objetivo e é instaurado por via de uma ação direta.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADIN

Seus fundamentos estão, na Constituição da

República, no art. 102, I, alínea “a” – parte inicial. Na

legislação, está prevista na Lei 9868/99.

Há uma grande controvérsia a respeito da aplicação

da Lei 9868/99 no âmbito estadual. Existe apenas uma decisão do

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, proferida pelo Des.

Sérgio Cavalieri, admitindo a aplicação da lei 9868/99 quando do

julgamento da Representação da Inconstitucionalidade, naquilo que

for compatível com o Estado, em razão do princípio da simetria.

Legitimação Ativa : Está prevista no art. 103 da CR’88, cuja

enumeração é TAXATIVA. Entretanto, admite-se interpretação

extensiva em dois incisos – IV e V – porque o art. 103 não se

refere ao Distrito Federal, por isso, no inciso IV pode-se

interpretá-lo como sendo Mesa da Câmara Legislativa – DF e no

inciso V como sendo Governador do Distrito Federal.

24

Page 25: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

O art. 103 estabelece duas categorias de legitimados: UNIVERSAIS e ESPECIAIS. Os legitimados ativos universais são os

estabelecidos nos incisos: I, II, III, VI, VII, VIII. Os

legitimados ativos especiais estão previstos nos incisos IV, V e

IX. A diferença básica entre eles é que, nos universais, não se

exige a comprovação do interesse processual porque a própria

função que eles exercem já pressupõe seu interesse na causa. O

legitimado especial tem que demonstrar seu interesse processual,

comprovando a PERTINÊNCIA TEMÁTICA entre o tema versado na ação e

a função por ele exercida.

A capacidade postulatória somente é exigida para os legitimados previstos nos incisos VIII e XI, que devem estar representados

por advogados.

Os legitimados previstos nos incisos I a VII atuarão em nome

próprio, o que representa uma exceção constitucional à regra da

capacidade postulatória específica do advogado. Outras exceções

a essa regra estão no Habeas Corpus, nos Juizados Especiais

Cíveis e na Justiça Trabalhista.

É admitido o litisconsórcio facultativo ativo, desde que todos os litisconsortes sejam legitimados ativos na forma do art. 103 da

CR’88. Ou seja, desde que os autores tenham condições de

condução autônoma do processo.

A atuação do AGU (Advogado Geral da União) nas ADIN´s, prevista no art. 103, §3º, da CR´88, se limita à condição de CURADOR DA PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DA NORMA IMPUGNADA. Contudo, há uma decisão do STF que mitiga a função vinculada (sempre ter que

defender a norma inconstitucional) do Advogado Geral da União,

porque ressalva a possibilidade de o AGU não se pronunciar

defendendo a norma impugnada, no caso de haver decisão anterior

do próprio Supremo Tribunal Federal já reconhecendo a

inconstitucionalidade da norma questionada na ADIN.

25

Page 26: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Características Especiais dos Legitimados (art. 103 da CR’88)

INCISO I – Presidente da República: A sanção presidencial não convalida a inconstitucionalidade quanto há usurpação da sua

iniciativa privativa para a lei.

Questão sobre o tema

Qual o principal exemplo do princípio de freios e contra-pesos, onde há controle pelos 3 Poderes na mesma hipótese fática?

Resposta: O projeto de lei aprovado pelas 2 Casas (Câmara e Senado) – Poder Legislativo. Esse projeto é enviado ao

Presidente – Poder Executivo – para sanção. Aí reside o

primeiro controle – do Poder Executivo sobre o Poder

Legislativo (análise, pelo Poder Executivo, do projeto de

lei aprovado pelo Poder Legislativo). Se o Presidente vetar

o projeto, a CR’88 prevê a análise desse veto pelo Poder

Legislativo, estando aí o 2º controle – do Poder Legislativo

pelo Poder Executivo (análise, pelo Poder Legislativo, do

veto presidencial). Com a derrubada do veto, pode o

Presidente da República ajuizar ADIN – 3º controle – do

Poder Judiciário sobre o Poder Legislativo e Executivo.

Essa é a hipótese de ocorrência de controle, em uma mesma

hipótese fática, pelos 3 Poderes.

INCISOS II e III – Mesa do Senado e Mesa da Câmara: A ação deve ser proposta pela Mesa. Quem tem legitimidade de agir é o órgão

de direção, ou seja, a Mesa da Câmara ou do Senado. Todos os

integrantes desses órgãos devem subscrever a petição inicial.

Questão sobre o tema:

Pode a Mesa atuar em contrariedade ao entendimento do Plenário? Sua atuação é independente?

Resposta: É absolutamente independente e discricionária a atuação da Mesa, por isso ela não está vinculada à posição

26

Page 27: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

do Plenário. A Mesa pode propor a ADIN independentemente

de o Plenário entender que a ação não deve ser proposta.

Durante a licença do Presidente do Congresso Nacional, quem assumirá o cargo?

Resposta: Uma coisa é a Mesa da Câmara dos Deputados, outra coisa é Mesa do Senado Federal, como também é outra coisa a

Mesa do Congresso Nacional. Esta é composta, a partir do

Presidente do Senado Federal, por cargos alternativos e

equivalentes. Assim, a 1a Vice-Presidência do CN deve ser

ocupada pelo cargo alternativo (Câmara) e equivalente (1a

Vice-Presidência), ou seja, será ocupada pelo 1º Vice

Presidente da Câmara. O 2º Vice do CN será ocupado pelo 2º

Vice do Senado. Assim, se o Presidente do CN se licencia, o

cargo será ocupado pelo 1º Vice-Presidente da Câmara dos

Deputados, que será o 1º Vice-Presidente do Congresso

Nacional.

OBSERVAÇÃO: Ordem de sucessores do Presidente da República. O Presidente da República somente tem 1 (um) sucessor, que é o Vice-Presidente. Os demais – Presidente da Câmara, Presidente do Senado e Presidente do

Supremo Tribunal Federal – são substitutos do Presidente (art. 80 da

CR’88).

INCISOS IV e V – Governador do Estado ou Mesa da Assembléia Legislativa: O art. 103 da CR’88 contém uma enumeração

taxativa, entretanto, somente neste inciso é admitida uma

interpretação extensiva, para inclusão, no rol dos legitimados, o

Governador do Distrito Federal e a Mesa da Câmara Legislativa do

Distrito Federal. O art. 2º da Lei 9868/99 inclui, na qualidade

de legitimados, o Governador do Distrito Federal e a Câmara

Legislativa.

INCISO VI – Procurador Geral da República: O Ministério Público pode ser parte – órgão agente – ou é “custos legis” – órgão

interveniente. Na ADIN, o mesmo membro do Ministério Público

poderá exercer essas duas funções, pois ele poderá propor a ação

na qualidade de autor – órgão agente, como também deverá ser

27

Page 28: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

ouvido na ADIN, conforme determinar o art. 103,§1º, da CR’88,

oferecendo parecer, na qualidade de órgão interveniente.

Inclusive, o Procurador Geral poderá se pronunciar contrariamente

à ação, mesmo que a demanda tenha sido por ele proposta. É a

mesma situação da Ação Penal Pública, onde nada impede que o

membro do Ministério Público se pronuncie, posteriormente à

propositura da ação penal, pela absolvição do réu.

OBSERVAÇÃO: Pode ocorrer a hipótese contrária, quando a mesma função por dois membros distintos. Ex. Falência onde se discute interesses de

menor. O Ministério Público atuará, na mesma função, como custos legis

pela falida e pelo menor, função essa que será exercida por membros

diferentes. Dois defensores público poderão atuar em pólos distintos na ação penal privada, quando a vítima do ato e o réu são hipossuficientes

econômicos e na ação penal pública se houver concurso de agentes com

defesas colidentes.

INCISO VII – Conselho Federal da OAB: O único legitimado é o Conselho Federal da OAB. Eventual Conselho Seccional do Estado

não poderá propor a ação, mesmo que a lei impugnada em face da

CR’88 seja estadual, pois a enumeração é taxativa.

INCISO VIII – Partido Político: A posição pacífica do STF é que para configurar a representação do partido político no Congresso

Nacional basta a presença de 1 (um) deputado ou 1 (um) Senador. A perda superveniente da representação do partido político

importa na extinção do processo, por ilegitimidade ativa

superveniente, segundo decisão do STF. VERIFICAR JURISPRUDÊNCIA SOBRE ISSO POIS NÃO PARECE RAZOÁVEL.

INCISO IX – Confederação Sindical ou Entidade de Classe de Âmbito Nacional: A confederação sindical é uma entidade sindical criada à luz do art. 535 CLT, ou seja, é a união de, no mínimo, três

federações sindicais. Não podem ser incluídas figuras

assemelhadas, assim a CUT, CNT e Força Sindical não podem propor

ADIN, porque tais entidades são meras centrais de trabalhadores e

não confederação sindical. A entidade de classe de âmbito nacional não está conceituada em qualquer lei do país. Na falta de lei o STF tem aplicado, analogicamente, o art. 7º, §1º, da Lei

9095/95 que é a Lei Orgânica dos Partidos Políticos. Para que

28

Page 29: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

se tenha uma entidade de classe de âmbito nacional é necessária a

presença de 3 requisitos: (1) a entidade deve congregar membros da mesma categoria econômica ou profissional (só professores, só

bancários, por isso é que a CUT não pode propor a ação a título

de entidade de classe, pois ela congrega diversas classes

profissionais); (2) deve haver filiados em pelo menos 9 estados membros; (3) os 9 estados devem estar dispersos nas 5 regiões do Brasil.

OBSERVAÇÃO: A UNE é parte ilegítima para propositura da ADIN, pois estudante não é classe econômica e nem é profissional.

Objeto da ADIN

O art. 102, I, “a”, dispõe que a ADIN deverá

tratar de lei federal ou estadual ou ato normativo. Mas há algumas

questões controvertidas a respeito do tema.

Primeiro, no que se refere às normas de repetição ou imitação, o controle da constitucionalidade da lei municipal contrária à Constituição Estadual e à Constituição da República se

dará a nível estadual e não federal. Ou seja, a ação proposta

deverá ser a Representação de Inconstitucionalidade perante o

Tribunal de Justiça do Estado, porque a competência para o controle

de constitucionalidade abstrato não é fixada pelo conteúdo da norma,

mas sim pela origem, além do que não cabe ADIN para impugnar a lei

municipal em face da CR’88.

No que tange à constitucionalidade da LEI

DISTRITAL, há a necessidade de se verificar a natureza da norma para

se definir se a lei é decorrente da competência estadual ou

municipal do Distrito Federal, pois este, de acordo com o art. 32,

§1º, da CR’88 acumula as competências legislativas do Município e do

Estado. Se for da competência estadual, é cabível o controle direto

da constitucionalidade, ao contrário, se a lei for decorrente da

competência municipal, não haverá possibilidade do controle

abstrato.

29

Page 30: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Questões sobre o tema:

Pode o Tribunal de Contas da União apreciar a constitucionalidade da lei federal?

Resposta: De acordo com o autor português Jorge Miranda, há diferença entre declaração da inconstitucionalidade;

apreciação de inconstitucionalidade e inaplicação por

inconstitucionalidade. A declaração da

inconstitucionalidade somente pode decorrer de órgão

judicial. Apreciação da inconstitucionalidade é função

típica do intérprete constitucional, que pode ser qualquer

pessoa ou qualquer órgão. Assim, o TCU pode apreciar a

inconstitucionalidade, mas não pode declará-la.

Pode o chefe do Poder Executivo deixar de aplicar a norma inconstitucional?

Resposta: O chefe do executivo pode deixar de aplicar a norma inconstitucional, responsabilizando-se, entretanto,

pessoalmente por eventuais danos causados a terceiros.

Trata-se de poder-dever do chefe do Executivo a guarda da

Constituição.

Medida Liminar na ADIN

Tem fundamento na CR’88, art. 102, I, alínea “p” e

na Lei 9868/99, nos arts. 10 a 12.

Tem natureza antecipatória ou satisfativa, ou seja, antecipar os efeitos práticos da sentença, ao contrário da natureza

cautelar das demais liminares em cautelares, que é a de simplesmente

assegurar a eficácia do processo principal.

Efeitos da Liminar

OBTER O FINAL DA FITA

30

Page 31: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

TÉCNICA DA DECISÃO

A decisão que declarava a inconstitucionalidade, no

que tange aos seus efeitos quanto ao tempo de acordo com a doutrina

clássica, sempre teve eficácia “ex tunc”, ou seja, seus efeitos

retroagiam à data de produção da norma tida por inconstitucional.

Só que no ponto de vista prático, essa colocação era inconveniente,

pois em determinadas situações era necessário mitigar esse

entendimento, pois até a declaração da inconstitucionalidade que,

poderia levar anos, as normas produziam efeitos.

As TÉCNICAS DE DECISÃO são, assim, algumas

decisões que mitigam essa eficácia retroativa da decisão de

inconstitucionalidade. Trata-se de um gênero criado pelo Min.

Gilmar Ferreira Mendes de técnicas que mitigam a eficácia retroativa

da decisão que declara a inconstitucionalidade de uma norma.

No Brasil, a lei 9868 fez menção expressa a 4

técnicas, sendo que o STF entende cabível, ainda, uma quinta

técnica:

1) Restrição da eficácia temporal da decisão de

inconstitucionalidade – art. 27 da Lei 9868;

2) Afastamento do efeito repristinatório – art. 11, §2º, da Lei

9868;

3) Interpretação conforme a Constituição – art. 28, §único, da

Lei 9868;

4) Declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de

texto – art. 28,§único, da Lei 9868;

5) Processo de inconstitucionalização ou declaração de lei ainda

constitucional ou inconstitucionalidade progressiva – decisão

recente do STF.

31

Page 32: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

RESTRIÇÃO DA EFICÁCIA TEMPORAL

O art. 27 da Lei 9868/99 dispõe que o STF poderá

restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou

decidir que tal declaração só venha a ter eficácia a partir de seu

trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado,

tendo em vista razões de segurança jurídica ou excepcional interesse

social.

Assim, o STF pode fixar um marco temporal qualquer

para o termo inicial da eficácia da decisão declaratória da

inconstitucionalidade, podendo ser “ex nunc”, quando o marco

temporal é fixado para a própria data da decisão ou “ex tunc”

parcial. Este marco pode ser fixado, inclusive, para data

posterior ao dia do julgamento da ação direta.

A presença dos pressupostos de segurança jurídica e

excepcional interesse social deve ser analisada pelo próprio Supremo

Tribunal Federal, pois se tratam de conceitos jurídicos

indeterminados.

AFASTAMENTO DO EFEITO REPRISTINATÓRIO

Está previsto no art. 11, §2º, da Lei 9868/99. O

efeito repristinatório é a retomada de vigência de uma norma

revogada por outra norma tida posteriormente por inconstitucional.

Em certas hipóteses, por expressa determinação

contida na decisão do STF, pode esse efeito ser afastado, evitando-

se a retomada de vigência de lei já revogada, mesmo que por norma

inconstitucional.

INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO e DECLARAÇÃO SEM REDUAÇÃO DE TEXTO

São técnicas típicas de normas constitucionais

plurisignificativas, ou seja, normas que podem suportar mais de um

32

Page 33: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

significado. São utilizadas quando o órgão tem a preocupação de

não considerar a norma como inconstitucional totalmente, mas somente

uma interpretação/aplicação a ela atribuída.

Essas técnicas estão previstas no art. 28,

parágrafo único, da Lei 9868/99 e diferenciam-se, apenas, no que

tange à interpretação ou aplicação da norma. Elas operam em campos

distintos, apesar de diversos autores sustentarem que são conceitos

idênticos.

A interpretação conforme a constituição vai se dar

quando a norma tida por inconstitucional pode ter mais de uma forma

de INTERPRETAÇÕES. A declaração de inconstitucionalidade sem

redução de texto vai ocorrer quando a norma impugnada tem

possibilidade de mais de uma APLICAÇÃO.

Aplicando-se tais técnicas, é afastada a

interpretação ou aplicação inconstitucional da norma. A decisão que

as utiliza deverá declarar a CONSTITUCIONALIDADE da norma objeto da

ADIN, desde que a mesma seja INTERPRETADA ou APLICADA da forma

compatível com a Constituição. Assim, a norma deixará de ser

plurisignificativa, passando a ter, somente, uma possibilidade de

aplicação ou interpretação compatível com a Constituição.

Ex. : Norma que declara que os homossexuais homens terão direito a determinado benefício. Ao invés de declarar a inconstitucionalidade

da norma, o Tribunal considera a norma constitucional desde que a

lei seja interpretada/aplicada como abrangendo casais de homens ou

de mulheres.

PROCESSO DE INCONSTITUCIONALIZAÇÃO ou INCONSTITUCIONALIZAÇÃO PROGRESSIVA

Ocorre quando a norma atualmente constitucional

passará a ser inconstitucional quando editada lei determinada pela

Constituição, modificando a situação de fato então existente. A

norma estará em trânsito para se tornar inconstitucional quando a

situação de fato desaparecer.

33

Page 34: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

O Tribunal não poderá declarar a

inconstitucionalidade da norma enquanto permanecer vigente a

situação de fato, ou seja, até que editada a lei prevista no texto

constitucional. No acórdão, tal situação será declarada, contudo,

a posterior promulgação da lei faltante não importará na declaração

automática da inconstitucionalidade da lei anterior, a qual

dependerá de nova ação de inconstitucionalidade.

Ex. (1) O art. 5º, §5º, da Lei 1060/50 (esse artigo teve a redação alterada em 1989) preceitua o prazo em dobro e a intimação pessoal

do defensor público. Foi proposta uma ADIN sob o fundamento de

inconstitucionalidade de tal dispositivo porque violava a isonomia

entre os órgãos análogos (Defensoria Pública e Ministério Público).

O STF entendeu que, enquanto não forem criadas as Defensorias

Públicas em todos os Estados e enquanto ainda haja, nos Estados em

que elas existem, desigualdade de condições entre MP e DP, a norma é

constitucional, advertindo-se, contudo, que quando essa situação de

fato desaparecer, a norma passará a ser inconstitucional.

(2) O art. 68 do CPP que dispõe que a ação civil ex-delicto, quando a vítima for hipossuficiente econômica, deverá ser proposta pelo

Ministério Público. A princípio essa norma é inconstitucional,

contudo, não existe defensoria pública em todos os Estados, por isso

que, enquanto não criada a defensoria pública em todos os Estados da

Federação, a norma é constitucional.

AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE

Fundamento constitucional: art. 102, I, alínea “a” – parte final; art. 102, §2º e art. 103, §4º.

Fundamento legal: Lei 9868/99

Conceito: “É a ação direta de inconstitucionalidade com o sinal trocado” (conceito de Gilmar F. Mendes). Isto quer dizer que,

ressalvadas algumas diferenças processuais, as ações diretas de

constitucionalidade e de inconstitucionalidade configuram uma

única ação com pretensões invertidas. Com a ADIN se objetiva

elidir a presunção relativa de constitucionalidade da norma.

Com a ADC se quer, na realidade, transformar a presunção relativa

34

Page 35: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

de constitucionalidade em presunção absoluta de

constitucionalidade da norma.

Diferenças Processuais entre ADIN e ADC

1) Legitimação Ativa: está prevista no art. 103, §4º, da CR’88. Podem propor a ação o Presidente da República, Mesa da Câmara dos

Deputados, Mesa do Senado Federal e Procurador Geral da

República. O rol dos legitimados ativos para a propositura da

ADC é menor do que da ADIN.

2) Objeto: A ADC somente pode visar à declaração de

constitucionalidade de LEI ou ATO NORMATIVO FEDERAL, não cabendo quanto à lei ou ato normativo estadual.

3) Atuação do AGU: Na ADIN, o AGU é o CURADOR DA PRESUNÇÃO RELATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE DA NORMA IMPUGNADA. Na ADC, não há

necessidade de sua atuação, pois o que se pretende é, justamente,

confirmar a constitucionalidade absoluta da norma impugnada, pois

na ADC não se coloca em risco a presunção de constitucionalidade

da norma.

Contudo, o STF, com base no art. 24 da Lei 9868/99, vem

considerando necessária a interveniência do AGU na ADC porque se

o pedido for julgado improcedente haverá, consequentemente, a

declaração da inconstitucionalidade da norma objeto da ADC, ou

seja, a decisão terá o mesmo efeito da procedência da ADIN, daí

porque vislumbra-se o risco, até mesmo na ADC, de se elidir a

presunção relativa de constitucionalidade da norma. Trata-se de

uma construção do STF, sem previsão na lei.

4. Liminar: A finalidade da liminar na ADC não é a de antecipar os efeitos da decisão, suspendendo a norma impugnada como ocorre na

ADIN, mas sim de suspender a tramitação de todos os processos em

que se discute a aplicação da norma (art. 21, da Lei 9868/99).

Tem natureza cautelar e não antecipatória como na ADIN.

35

Page 36: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Questões Controvertidas sobre ADC

1) Art. 14, III, da lei 9868/99: Tal dispositivo prevê uma condição específica para o regular exercício da ação, qual seja, a

existência de CONTROVÉRSIA JUDICIAL RELEVANTE a justificar o

ajuizamento da ação.

2) Efeito vinculante: É a atribuição a uma decisão do caráter de precedente vinculatório. É a ampliação dos limites objetivo e

subjetivo da coisa julgada, contudo, o limite subjetivo só se

ampliará sobre os órgãos do Poder Judiciário e os do Poder

Executivo, que não são partes do processo, e não sobre o Poder

Legislativo, o que se ocorresse importaria em uma violação ao

princípio da separação dos poderes. O limite objetivo será

ampliado porque a coisa julgada não se formará somente sobre a

parte dispositiva da decisão, mas sim também sobre sua

fundamentação.

OBSERVAÇÃO: Limites objetivos da coisa julgada - A coisa julgada só se formará com relação à parte dispositiva da decisão. Limites subjetivos

da coisa julgada - A coisa julgada só se formará entre as partes do

processo.

Notas importantes:

1. Há um grande questionamento sobre a constitucionalidade do

art. 28, §único, da Lei 9868/99, na medida em que prevê o

efeito vinculante da decisão que declara a

inconstitucionalidade, apesar de a CR’88 apenas se referir ao

efeito vinculante para a ação direta de constitucionalidade.

Houve, assim, uma ampliação legal do efeito vinculante, que

foi estendido à ADIN. Contudo, tal disposição não é

inconstitucional, pois se trata de uma só ação direta,

independentemente de ter por objetivo declarar a

constitucionalidade ou a inconstitucionalidade.

2. A liminar na Ação Direta não tem efeito vinculante. Esse

efeito só é atribuído à decisão de mérito da Ação Direta.

36

Page 37: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

3. Os efeitos vinculantes só se produzirão em face do Poder

Judiciário e do Poder Executivo, e não sobre o Legislativo,

pois cabe a este último escolher o momento oportuno de

produção e conteúdo da norma.

4. A súmula vinculante, apesar de não positivado no nosso

ordenamento de forma expressa, está presente no art. 557 do

CPC, que autoriza o relator a negar seguimento em recurso se

contrário à súmula.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

Fundamento constitucional: art. 103, §2º.

Fundamento legal: Lei 9868/99 – tem aplicação genérica a todas as formas de Ação Direta.

Distinção entre ADIO e Mandado de Injunção

1) Natureza Jurídica: A ação direta de inconstitucionalidade por omissão é uma ação direta de controle da constitucionalidade,

enquanto o Mandado de Injunção é um remédio constitucional,

como o mandado de segurança, o habeas corpus, o habeas data, a

ação popular e a ação civil pública.

2) Legitimação Ativa: Os legitimados para a ADIO estão

taxativamente enumerados no art. 103, incisos I a IX, da CR’88,

enquanto no MI é legitimado qualquer titular do direito

subjetivo constitucional que não possa exercê-lo em decorrência

da ausência da norma legal.

3) Competência: A competência para o julgamento da ADIO é,

somente, do STF, enquanto o MI pode ser julgado por qualquer

juízo ou tribunal, a princípio, cabendo a própria norma de

direito processual dispor sobre essa questão. Contudo, o MI é

o único remédio constitucional que não possui lei específica,

37

Page 38: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

aplicando-se a ele por analogia a lei de Mandado de Segurança

no que couber. Ex. não se aplica ao MI a liminar do MS.

4) Objeto: A ADIO tem por objeto a tutela do direito objetivo, enquanto no MI se tutela o direito subjetivo próprio. No MI só

pode haver legitimidade ativa ordinária e não pode haver

substituição processual .

5) Eficácia: A eficácia da decisão no MI é “inter partes” enquanto na ADIO é “erga omnes”.

OBSERVAÇÃO: É possível o ajuizamento de MI coletivo por aplicação analógica do art. 5º, LXX – MI 20, julgado pelo STF.

“EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO - DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL - EVOLUÇÃO DESSE DIREITO NO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO -

MODELOS NORMATIVOS NO DIREITO COMPARADO – PRERROGATIVA JURÍDICA

ASSEGURADA PELA CONSTITUIÇÃO (ART. 37, VII) – IMPOSSIBILIDADE DE SEU

EXERCÍCIO ANTES DA EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR - OMISSÃO LEGISLATIVA -

HIPÓTESE DE SUA CONFIGURAÇÃO - RECONHECIMENTO DO ESTADO DE MORA DO

CONGRESSO NACIONAL - IMPETRAÇÃO POR ENTIDADE DE CLASSE - ADMISSIBILIDADE

– WRIT CONCEDIDO. DIREITO DE GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO: O preceito

constitucional que reconheceu o direito de greve ao servidor público

civil constitui norma de eficácia meramente limitada, desprovida, em

conseqüência, de auto-aplicabilidade, razão pela qual, para atuar

plenamente, depende da edição da lei complementar exigida pelo próprio

texto da Constituição. A mera outorga constitucional do direito de greve

ao servidor público civil não basta - ante a ausência de auto-

aplicabilidade da norma constante do art. 37, VII, da Constituição - para

justificar o seu imediato exercício. O exercício do direito público

subjetivo de greve outorgado aos servidores civis só se revelará possível

depois da edição da lei complementar reclamada pela Carta Política. A lei

complementar referida - que vai definir os termos e os limites do

exercício do direito de greve no serviço público - constitui requisito de

aplicabilidade e de operatividade da norma inscrita no art. 37, VII, do

texto constitucional. Essa situação de lacuna técnica, precisamente por

inviabilizar o exercício do direito de greve, justifica a utilização e o

deferimento do mandado de injunção. A inércia estatal configura-se,

objetivamente, quando o excessivo e irrazoável retardamento na efetivação

da prestação legislativa - não obstante a ausência, na Constituição, de

prazo pré-fixado para a edição da necessária norma regulamentadora - vem

a comprometer e a nulificar a situação subjetiva de vantagem criada pelo

texto constitucional em favor dos seus beneficiários. MANDADO DE INJUNÇÃO

COLETIVO: A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no

sentido de admitir a utilização, pelos organismos sindicais e pelas

38

Page 39: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

entidades de classe, do mandado de injunção coletivo, com a finalidade de

viabilizar, em favor dos membros ou associados dessas instituições, o

exercício de direitos assegurados pela Constituição. Precedentes e

doutrina.”

6) Decisão: A decisão, na ADIO, tem seu conteúdo expresso no art. 103, §2º, da CR’88, ou seja, a decisão terá o conteúdo de dar

ciência ao órgão responsável pela edição da norma faltante. Em

nenhum momento, o Poder Judiciário irá produzir a norma, ou

estipulará sanção pelo decurso do prazo para a produção da lei.

No MI predomina o entendimento doutrinário de que a decisão

pode produzir norma jurídica para o caso concreto (Sérgio

Bermudes e José Carlos Barbosa Moreira).

AÇÃO DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

Fundamento constitucional: art. 102, §1º, da CR’88

Fundamento legal: lei 9882/99

OBSERVAÇÃO: O art. 102, §1º, da CR´88 é a única norma constitucional que trata da competência do Supremo Tribunal Federal que tem EFICÁCIA

LIMITADA. Todas as demais normas constitucionais que versam sobre a

competência do STF têm eficácia plena.

OBSERVAÇÃO: A argüição de descumprimento de preceito fundamental tem origem espanhola (recurso de amparo espanhol) e alemã (queixa

constitucional alemã). Essas duas ações são as inspiradas da Argüição de

Descumprimento de Preceito Fundamental.

Há duas espécies distintas de ação de argüição: (1)

Argüição Direta ou Autônoma, que exige um ato do Poder Público que ameaça lesar ou lesa um certo preceito fundamental, por isso é

proposta diretamente no STF; (2) Argüição Indireta ou Incidental, que exige um processo tramitando perante juízo ou Tribunal que versa sobre preceito fundamental, onde já foi suscitado um controle pela

via de exceção, em decorrência disso é proposta incidentemente sobre

esse processo uma Argüição para levar a questão ao STF.

39

Page 40: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

1) Argüição Direta ou Autônoma (art. 1º, “caput”, da Lei 9882/99)

Natureza jurídica: É uma ação direta de controle de

constitucionalidade.

Condições específicas de procedibilidade da ação, para o regular exercício da ação: existência de ato do poder público (podendo ser municipal, estadual ou federal), que ameace ou lese preceito

fundamental.

O ATO pode ser qualquer conduta omissiva ou comissiva, inclusive,

um ato concreto. A argüição de descumprimento é uma das únicas

hipóteses em que se admite o controle de constitucionalidade pela

via direta de ato concreto. O ato pode ser emanado por qualquer

esfera do Poder Público, ou seja, pode ser federal, estadual,

municipal ou distrital.

Quanto ao preceito fundamental, não há qualquer distinção legal

acerca do seu conceito. Segundo Oscar Dias Corrêa, preceito

fundamental engloba as seguintes matérias: (1) princípios fundamentais (arts. 1º e 4º, da CR’88); (2) direitos fundamentais (arts. 5º a 14, além de outros espalhados na CR’88); (3) princípios informativos da Administração Pública (art. 37,

“caput”) e (4) cláusulas pétreas (art. 60, §4º).

Assim, preceito não é princípio, mas compreende os princípios.

2) Argüição Indireta ou Incidental (art. 1º, §único, da Lei 9882/99)

Natureza Jurídica: é um processo incidente, ou seja, tem

natureza jurídica de incidente de inconstitucionalidade.

OBSERVAÇÃO: Diferença entre incidente processual e processo incidente. Se uma questão que surge no curso do processo não dá ensejo a outro

processo e pode ser resolvida por decisão interlocutória, ela será um

INCIDENTE PROCESSUAL. Se uma questão que surge durante o curso do

processo necessita de outro para resolvê-la, com prolação de sentença,

ela será um PROCESSO INCIDENTE.

40

Page 41: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

OBSERVAÇÃO: Na argüição de descumprimento incidental, há uma CISÃO FUNCIONAL DA COMPETÊNCIA NO PLANO VERTICAL. Ou seja, há uma causa que tramita perante um juízo ou tribunal, a questão objeto da argüição será

levada a julgamento perante o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A diferença

entre a argüição de inconstitucionalidade pela via indireta e esta ação é

que na primeira não há hierarquia entre a Câmara e o Plenário (que será o

responsável pela apreciação da questão constitucional), enquanto na

argüição de descumprimento, haverá hierarquia entre os dois órgãos

competentes para o julgamento da causa (o juízo e o STF). Tal

procedimento não se confunde com a AVOCAÇÃO, pois nesta não há cisão de

competência e viola o princípio do juiz natural.

Questão sobre o tema:

O que é Controle de Constitucionalidade Misto?

Resposta: É o nome dado em Portugal à cisão de competência em plano vertical.

Condições específicas para o regular exercício da ação: é a existência de uma controvérsia constitucional relevante sobre lei

ou ato normativo federal, estadual, municipal ou distrital,

incluindo os anteriores à Constituição (art. 1º, parágrafo único,

da Lei 9882/99). Tem relação com o art. 4º, §1º, pois essa ação

deve ser estudada à luz do princípio da subsidiariedade,

estabelecido neste dispositivo legal. A argüição só cabe, nesta

via, se for o único instrumento possível de ser utilizado, ou

seja, ela só é possível na hipótese de lei ou ato normativo

municipal (pois não cabe ADIN), ou na hipótese de lei ou ato

normativo anterior à CR’88 (onde também não cabe ADIN).

Questão sobre o tema:

1) É cabível o controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal em face da CR’88, pela via da ação direta?

41

Page 42: 1) Constituição – Conceito Material e Forma e Tipologia  · Web viewHá um acórdão do STJ que admite o questionamento do limite do mérito do ato administrativo,

DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE

Resposta: Antes da edição da Lei 9882/99 não era cabível, contudo, atualmente, é excepcionalmente possível sua

propositura desde que seja por via de ação de argüição de

descumprimento de preceito fundamental.

2) É cabível o controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal em face da CR’88?

Resposta: Sim, é cabível seja pela via direta, de forma excepcional, através da argüição de descumprimento de

preceito fundamental, e também através da via de exceção.

3) É cabível o controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal pela via da ação direta?

Resposta: Sim, é cabível pela via direta, através da representação de inconstitucionalidade em face da

Constituição Estadual e através da argüição de

descumprimento de preceito fundamental, em casos

excepcionais, em face da Constituição da República.

4) O art. 1º, parágrafo único, da Lei 9882/99 é constitucional?

Resposta: Há controvérsia a respeito do tema. A primeira corrente, defendida por Alexandre de Moraes, entende que é

inconstitucional porque a CR’88 só permitiu a argüição

direta ou autônoma e esse dispositivo teria ampliado a

competência prevista constitucionalmente. Contudo, André

Ramos Tavares sustenta que é constitucional porque ela

amplia o acesso ao Poder Judiciário. Não houve violação à

competência fixada constitucionalmente, porque a norma do

art. 102, §1º, é de eficácia limitada, por isso poderia ser

ampliada por lei. O STF já iniciou o julgamento de medida

liminar na ADIN 2231 que discute a constitucionalidade de

tal dispositivo, dando a entender que suspenderá a eficácia

do §único, do art. 1º, quando concluído o julgamento.

42