1 apresentação - agergs.rs.gov.br · dos níveis de água, limpeza e conservação dos canais e...
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PROCESSO
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3900
INFORMAÇÃO N.o16/08-DT
DATA: Porto Alegre, 05 de maio de 2008.
PARA: Diretor de Tarifas e Estudos Econômicos
PROCESSO N°. 0319 - 39.00 / 06 - 2, de 16.05.2006
ASSUNTO: Proposta da CONSÁGUA de reequilíbrio econômico-financeiro do
sistema irrigatório do Vale do Vacacaí e Arroio das Canas.
/'
1 Apresentação
o expediente em epígrafe trata da proposta da CONSÁGUA de reequilíbrio
do Contrato de Concessão dos sistemas de irrigação do Vale do Vacacaí e Arroio
das Canas, barragens VAC 04, VAC 06 e VAC 07 situadas nos municípios de São
Gabriel e Santa Margarida do Sul. O documento solicita em especial a mediação
da AGERGS na busca de acordo entre Poder Concedente, na época da
assinatura do contrato (25.11.1998) exercido pela Secretaria de Obras Públicas,~
Saneamento e Habitação, Fundo Estadual de Investimentos em Recursos
Hídricos e empresa concessionária CONSÁGUA S. A.
2 Características gerais do sistema irrigatório:
O sistema de irrigação do Rio Vacacaí está localizado no município de São
Gabriel e é composto da barragem VAC 04. Conforme informações da
concessionária, essa barragem apresenta potencial de irrigação de
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aproximadamente 2.000 hectares, sendo que atualmente poucos produtores
estão plantando arroz na região, muitos optando pelo plantio de soja, dado os
bons preços da oleaginosa no mercado internacional e as condições de solo e
topografia da área permitem que o custo de produção seja mais baixo
relativamente à cultura do arroz. Outra questão importante prestada pelos
representantes da CONSÁGUA foi a aquisição das terras no perímetro de
irrigação da Fazenda Southal pela Aracruz Celulose. A concessionária justifica
que os antigos proprietários da Fazenda Southal apresentavam dificuldades para
se inserir no sistema, com uma área irrigável cerca de 1.000 hectares, os quais,
uma vez utilizados para a produção de arroz, viabilizariam a concessão. No
entanto, a Aracruz foca seus negócios em reflorestamento e sustentabilidade
ambienta!.
A concessionária vem monitorando a vazão da barragem de modo a não
cortar o curso do Rio Vacacaí e disponibilizar volume suficiente de água para a
adutora da Corsan, prestadora local do serviço de abastecimento de água do
Município.
O sistema de irrigação do Arroio das Canas está localizado no Município de
Santa Margarida do Sul e é composto de duas barragens: VAC 06 e VAC 07. A
VAC 06 é uma barragem de acumulação, tem a função regularizadora das
descargas da bacia hidrográfica do Vale do Vacacaí. A VAC 07 tem a função de
derivação da descarga total regularizada na bacia e compõe a área de maior
número de produtores beneficiados no sistema.
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3 Situação operacional do sistema.
Na vistoria realizada pelos técnicos Airton Roberto Rehbein, Clemente
Rolan Soares, Eduardo M. Mesquita da Costa e Roberto Englert, ocorrida nos
dias 01 e 02 de abril de 2008, os representantes da CONSÁGUA destacaram que
os serviços de manutenção das barragens, verificação de réguas para controle
dos níveis de água, limpeza e conservação dos canais e vertedores estão sendo
realizados de forma cuidadosa e periódica. Também foi observada a reforma das
placas indicativas das barragens desgastadas pela ação do tempo e atos de
vandalismo (Ver relatório fotográfico em anexo realizado pela equipe de vistoria).
Observa-se neste particular que na placa indicativa da barragem VAC 04 não
consta a inscrição de que o serviço é regulado pela AGERGS e nas placas
indicativas das barragens VAC 06 e VAC 07 a inscrição da AGERGS está com o
número de contato incorreto: está escrito 0800 990066 e o número correto é 0800
9790066.
Nessa vistoria também estava previsto contato com alguns produtores
,.--.usuários do sistema CONSÁGUA para colher informações sobre os serviços
prestados, tarifas e condições gerais das lavouras. Entretanto, não foi possível
localizá-Ios em razão de que era época da colheita do arroz e os produtores têm
muitos compromissos no período. A equipe mesmo assim agendou entrevista
com a Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel, Sra. Roselba Saccol, que
inclusive é usuária do sistema, mas um imprevisto particular a impediu de receber
a equipe. Destaca-se que a dificuldade de contato com os produtores tem
precedente em outras oportunidades. No relatório de vistoria técnica realizada
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pela AGERGS em 24 e 25 de maio de 2001 mostra textualmente (folha 130) a
situação encontrada:
~
Na última vistoria regulatória, realizada em fevereiro de
2001, solicitamos que a concessionária encaminhasse
aos usuários o questionário referente à enquête que visa
a determinar a satisfação do usuário com os serviços
prestados. Como se tem repetido desde o início da
regulação por esta Agência no sistema irrigatório Vacacaí
- Arroio das Canas, os usuários não responderam ao
questionário com exceção do Sr. José Francisco Costa
que o enviou no ano de 2000. Nesta vistoria, procuramos
realizar a enquête diretamente como os usuários. Com o
auxílio dos funcionários da CONSÁGUA tentamos
agendar encontros como os agricultores. Dois lavoureiros
manifestaram interessa em conversar como os técnicos
da Agência, mas não compareceram ao dia marcado.
Como se pode depreender dos fatos ocorridos, todas tentativas de coletar
as opiniões e percepções dos usuários do sistema irrigatório concedido se
revelaram frustradas, talvez pela inadequada época do ano em que foram
intentadas ou pelo singelo desconhecimento dos produtores sobre a atividade
regulatória da AGERGS no serviço em pauta. Chama-se atenção, dessa forma,
para a preparação cuidadosa das audiências públicas que se fizerem necessárias
para o tratamento processual da questão.
Por outro turno, cabe registrar que a empresa concessionária remeteu em
10 de março de 2008 relatório de acompanhamento das atividades desenvolvidas
na safra 2007/2008 (Ver relatório original em anexo) dando conta dos trabalhos
executados.
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4 Sobre o desequilíbrio econômico e financeiro da concessão.
o consórcio CONSÃGUA S. A. formado pelas empresas Bourscheid
Engenharia Ltda., Magna Engenharia Ltda. e Brita Portoalegrense Mineração e
Construção Ltda. assinou contrato de concessão em 25 de novembro de 1998. O
prazo de concessão é de 30 anos, prorrogáveis por mais 20 anos.
No Edital de Concorrência N°. 19/97, do tipo Menor Preço, a tarifa máxima
admitida foi de 18 sacos de arroz limpo e seco, por hectare irrigado por gravidade.
Na proposta comercial da licitante vencedora, expressa no Contrato N°. 19/97, a
tarifa foi contratada no valor correspondente a 17 sacas de arroz irrigado por
gravidade e a aplicação de redutores conforme a altura necessária do levante
para bombeamento mecânico da água conforme quadro abaixo:
~
No entanto, desde a primeira safra, a tarifa de 17 sacas não foi aceita pelos
produtores, fazendo com que as negociações entre os produtores e a
concessionária resultassem nas seguintes tarifas:
. 10 sacas por hectare irrigado por gravidade e;
. 6 sacas por hectare para qualquer altura de levante ou bombeamentonecessário.
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FLS. PROCESSO635 3'1 loG-:2'''--.--.
RUBRICA.AGFH{JS
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Intervalo do levante (m) Multiplicador
0,1 a 1,0 0,9
De 1,01 a 5 0,8
De 5,01 a 10 0,7
Acima de 10 0,6
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~3~ 3~~ lOb-;-2.
RUBRICA~. rA~?Mais tarde, a partir das duas últimas safras, foi acordado com os
produtores a tarifa de 11 sacas por hectare irrigado pelo método natural e os
mesmos 6 sacos por hectare para qualquer levante.
Portanto, não se pode desconsiderar a significativa redução da tarifa
praticada em todas as safras operadas pela concessionária. A tarifa hoje
praticada, segundo a concessionária, representa o preço que o mercado pode
estabelecer para o pagamento do serviço prestado pela CONSÁGUA. No entanto,
a Assessoria Jurídica da Secretaria Extraordinária da Irrigação mostra que a tarifa~
média do Estado é de 14,3 sacos por hectare para uma produtividade de 5.500
kg/ha ou 15,6 sacos por hectare para uma produtividade de 6.000 kg/ha,
considerando uma tarifa média estadual de 13% sobre a produção.
No Município de Santa Margarida, área de influência da barragem VAC 04,
em 2002, por exemplo, continua a Assessoria Jurídica, a produtividade média foi
de 6.434 kg/ha, o que permitiria cobrar uma tarifa de 16,73 sacos por hectare
((6.434/50)*0,13). Já no Município de São Gabriel, área de influência das
barragens VAC 06 e VAC 07, no mesmo ano, a produtividade média foi de 5.978
~
kg/ha, o que permitiria cobrar uma tarifa média de 15,54 sacos por hectare
((5.978/50)*0,13).
A tarifa cobrada ou negociada junto aos produtores rurais, entretanto, não é
o foco central da demanda da concessionária. O foco central ao que tudo indica
são os repasses vencidos e a vencer ao Fundo de Investimentos em Recursos
Hídricos do Estado. Já no Processo N°. 2732 - 2200 1 99 - 9, invocado pela
própria peticionaria (folha 24), o Conselheiro Relator Dagoberto Lima Godoy
considerou em seu voto que o fato da redução da tarifa "deve ser classificado,
conforme a Doutrina, como risco ordinário, uma vez que decorreu de uma
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variável de mercado - rejeição por parte do consumidor (usuário) em relação ao
preço pretendido pelo fornecedor do produto/serviço portanto da
responsabilidade da concessionária."
De outra banda, estava previsto tanto no Edital N°. 19/97, quanto
especialmente no Contrato N°. 19/97, Cláusula 18a, inciso I, alínea z, o repasse,
até 31.05 de cada ano, ao Fundo de Investimentos em Recursos Hídricos, do
valor correspondente a 4 sacas de arroz com casca, limpo e seco para cada
hectare irrigado pelo sistema de gravidade e o resultado da aplicação dos
multiplicadores acima demonstrados para cada intervalo de altura de
bombeamento necessário. O preço de referência do arroz para efeito de cálculo
do repasse, é o preço praticado na sede do Município de São Gabriel, naquela
data. E a condição mais importante para a lide em causa é que textualmente o
contrato reza: liA área mínima sobre a qual incidirá o cálculo do valor a ser
recolhido ao FRH/RS é de 2.600 hectares, sendo, no mínimo, 1.500 hectares no
sistema irrigatório do Rio Vacacaí e 1.100 hectares no sistema do Arroio das
Canas."
Os dados da concessionária mostram que somente nas safras de 98/99,
04/05 e na atual safra, o sistema alcançou área mínima prevista contratualmente
de 2.600 hectares para o devido repasse ao FRH/RS. Nesse sentido, as vistorias
anteriores da AGERGS (folhas 115 e 129) confirmam que a área irrigada
ocasionalmente deve ter alcançado a extensão ideal prevista para o
estabelecimento dos repasses de forma que o equilíbrio financeiro do sistema não
seja atingido. De fato, a concorrência em área para o plantio de soja ocorre muito
na região, ainda que as terras sejam prioritariamente destinadas para o plantio de
arroz irrigado pelos investimentos em canais, dutos e toda infra-estrutura de
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drenagem necessária ao plantio de arroz por inundação. No entanto, em geral, as
condições de solo em algumas áreas permitem o plantio de soja com vantagem
econômica, dado o alto preço da soja alcançado no mercado nas últimas safras.
De acordo com o relatório de vistoria realizado pela AGERGS em 20 e 21
de fevereiro de 2001, folha 115, a CONSÁGUA realizou apenas um repasse ao
FRH/RS no valor de R$84.380,94, equivalente a 7.369 sacas de arroz em junho
de 2000. Os repasses relativos à safra 1998/99 e a todas as safras posteriores à
1999/00 continuam pendentes de pagamento.~
5 Sobre a inadimplência dos produtores junto à CONSÁGUA.
O não pagamento por parte dos agricultores da tarifa contratada com a
CONSÁGUA pelo uso da água disponibilizada é apontado na petição inicial dos
autores como um dos fatores importantes do desequilíbrio econômico-financeiro
do Contrato. Este é de fato um problema enfrentado pela concessionária que deu
causa, ainda que não a única, ao não pagamento dos valores contratados ao/'""'
Fundo de Investimento em Recursos Hídricos do Estado e ao Processo em pauta.
Entretanto, desde aproximadamente as duas últimas safras, conforme relato do
concessionário, a inadimplência é de aproximadamente 5%, taxa considerada
compatível com a atividade e que não compromete o equilíbrio econômico-
financeiro da concessão. A CONSÁGUA tem firmado contratos de fornecimento
de água com os produtores e, conforme informações prestadas, os problemas de
cobrança da tarifa hoje são muito poucos. A área irrigada ou intenção de plantio é
informada no contrato para programação dos volumes de água necessários e, ao
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desenvolvimento da lavoura, é verificada a área efetivamente plantada (irrigada)
para cobrança justa da tarifa (ver modelo de contrato em anexo).
6 Proposta dereequilíbrio financeiro da Concessionária.
A proposta formalizada pela Concessionária, folhas 40 e 41, a ser
examinada divide-se na descrição de dois cenários: estudado e adotado. No
",----cenário de reequilíbrio estudado estão contempladas as seguintes hipóteses
principais:
1 Quanto aos repasses ao Fundo de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande
do Sul (FRH/RS);
a) Não pagamento dos valores não repassados ao FRH/RS entre o período 1999
- 2004, haja vista que o Processo é datado de 16.05.2006. Isto é, a
Concessionária propõe o não pagamento dos repasses vencidos até a data atual
e;,
b) Cancelamento dos repasses ao FRH/RS a partir de 2005, ou seja, a exclusão
do item contratual referente aos repasses ao Fundo de Investimento em Recursos
Hídricos do Estado.
2 Quanto aos investimentos:
a) Acréscimo de 20% para o período de 2005 a 2020, sobre o investimento
acumulado pela média do realizado até 2004, haja vista que o Processo é datado
de 16.05.2006. Isto é, contextualizando a hipótese, o acréscimo proposto de 20%
no valor do investimento seria calculado pela média do realizado até 2007 e;
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RUBRICA~. fA~~~~S-'-b) Acréscimo de 50% para o período de 2021 a 2028, sobre o investimento
calculado pela média do ocorrido, para viabilizar a manutenção e continuidade
dos serviços após 2028, pois a vida útil dessas obras será atingida.
No cenário de reequilíbrio adotado estão contempladas as mesmas
hipóteses do cenário anterior com a seguinte alteração: "pagamento dos valores
não repassados ao Governo entre o período 1999 - 2004 nos cinco últimos anos
de concessão." Ou seja, os valores vencidos dos repasses ao FRH/RS seriam
pagos nos últimos cinco anos de vigência do Contrato (2025-2029).~
Em 10 de dezembro de 2006 a Concessionária protocolou junto ao
Processo em exame um complemento de informações à apresentação da
proposta de reequilíbrio financeiro. Neste, alternativamente ao cenário de
reequilíbrio adotado, a dívida seria honrada com ações de interesse público ao
longo do horizonte de concessão, com investimento a curto, médio e longo
prazos.
Ação 1 - Análise da situação dos recursos hídricos na região de influência
~ das barragens VAC 04, VAC 06 e VAC 07 através da elaboração de um dos dois
estudos propostos:
. Planejamento de intervenções para aumentar as disponibilidades hídricas
na Bacia do Rio Vacacaí (Projeto de ampliação do Sistema VAC 04).
Orçamento: R$360.528,00
Prazo de execução: 36 meses
Ou a realização alternativa de:
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. Diagnóstico da situação dos recursos hídricos na região de influência das
barragens VAC 04, VAC 06 e VAC 07, nas bacias do Rio Vacacaí / Arroio das
Canas.
Orçamento: R$375.469,00
Prazo de execução: 36 meses
Ação 2 - Programa de educação ambiental
As atividades do programa de educação ambiental visam a mudança de
~
comportamento de segmentos da sociedade frente à utilização dos recursos
naturais e especialmente dos recursos hídricos, através da sensibilização e
capacitação de agentes multiplicadores. O programa prevê o desenvolvimento de
parcerias com a estrutura de educação formal, exclusivamente no Ensino
Fundamental, no Município de São Gabriel.
Orçamento: R$140.194,00
Prazo de execução: 60 meses
Ação 3 - Programa de reflorestamento de espécies nativas no encontro da
3 barragens.
Orçamento: R$391.000,00
Prazo de execução: 60 meses
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A~ .l.2§.:~-AGEEGS
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LrLr1.. ~-_..AGEF~GS
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7 Outros aspectos técnicos e jurídicos.
Na Informação AGERGS N°. 18/06, folhas194-197, consta recomendação
da devida e competente análise jurídica do Processo em questão, haja vista os
limites da análise econômica do pleito. Na seqüência, folhas 422-427, a
Assessoria Jurídica da Secretaria Extraordinária da Irrigação e Usos Múltiplos da
Água bem se manifesta introduzindo os seguintes argumentos e interpretações:
~ ... A composição do consórcio que deu origem à CONSÁGUA foi alterada,
sem a devida homologação pela AGERGS, desconstituindo a empresa de
construção de obras de engenharia Brita Engenharia Ltda. e sua substituição pela
pessoa física de Valentin Machado. Ao que consta o Edital N°. 19/97 amparado
pela legislação sobre a matéria, a participação na licitação só era permitida a
pessoas jurídicas ou consórcio de empresas (Lei 8.666/93, Art. 33). Outra
observação importante, é que a presença de uma empresa de construção de
obras era uma garantia de que os objetivos da concessão seriam cumpridos e a
~ sua desconstituição do consórcio limitaria ou mesmo inabilitaria o pleno exercício
do objeto da concessão.
... Em nenhum documento apenso ao Processo consta da designação da
empresa líder do consórcio, detentora da titularidade do controle do capital
votante do consórcio (Edital N°. 19/97, Seção XI, item 21). A alteração da
constituição do consórcio pode ter alterado a composição de capital da
CONSÁGUA.
... Na vistoria realizada pela AGERGS em 01 e 02 de abril do corrente foi
possível constatar um quadro de funcionários da CONSÁGUA composto por 2
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l\4~RUBRICA
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3~ ~((QG -'-AGERG;
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(dois) trabalhadores da manutenção, um (01) trabalhador na operação e uma (01)
auxiliar de escritório. O gerente administrativo do consórcio, EngOJorge Vidal
Oliveira Duarte, apesar de responsável técnico pela operação dos sistemas
irrigatórios, não consta como funcionário da concessionária, conforme relatório
anexo da folha de pagamento de março/08. Por sua vez, o Sr. Nelson Jorge
Esquivei Silveira, ex - gerente da CONSÁGUA é o Diretor de Meio Ambiente da
empresa Bourscheid. De maneira que a equipe de funcionários efetivamente
colocados à disposição da concessionária é diferente do quadro mínimo exigido~
pelo Edital N°. 19/97, Capítulo 111,seção VI, subseção IV, alínea b, qual sejam:
1 (um) engenheiro agrônomo;
1 (um) engenheiro civil;
1 (um) topógrafo;
1 (um) inspetor de canais;
1 (um) operador de canais e;
1 (um) motorista.
Entretanto deve-se observar quanto à formação da equipe, que caso fosse
cumprido fielmente o mandamento editalício, o custo da concessionária iria se
elevar substancialmente, agravando o desequilíbrio financeiro da concessão. As
empresas que constituem o consórcio optaram por utilizar economias de escopo
entre elas para o melhor aproveitamento econômico dos recursos disponíveis,
salvo, data máxima vênia, competente interpretação jurídica colidente.
... O parecer da Assessoria Jurídica a Secretaria Extraordinária da
Irrigação segue informando que as alternativas expostas pela concessionária para
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3~'1 ,l~.§.=~.,...AGEF~GS
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pagamento dos repasses vencidos ao FRH/RS não se justificam pelas razões
abaixo firmadas:
a) Os estudos propostos pela concessionária sobre a situação dos recursos
hídricos na região de influência das barragens VAC 04, VAC 06 e VAC 07 já , de
certa forma, existem;
b) O programa de educação ambiental foge totalmente dos objetivos da
concessão;
r- c) O programa de reflorestamento implica em mudança dos objetivos da
concessão. A concessionária, continua o parecer jurídico, deve considerar que a
concessão é uma forma de introduzir maior eficiência no sistema. Novas
atividades comerciais devem-se restringir às áreas concedidas (problemas
relatados de disputas judiciais sobre áreas de terras) e estão relacionadas com o
uso da água, como piscicultura e laser, esportes aquáticos e turismo ecológico.
CONCLUSÃO
Em primeiro lugar ressalta-se a necessidade de análise jurídica e do
adequado trâmite processual da alteração da composição do consórcio
CONSÁGUA. Em 29.04.2008 a concessionária repassou cópia das atas de
assembléias e Estatuto Social da CONSÁGUA. No Estatuto Social, Art. 7°,
Parágrafo único está previsto que a transferência de ações que implique na
mudança no controle acionário da sociedade, somente poderá ser efetivada após
a prévia aprovação da SOPSH/RS - Secretaria de Obras Públicas, Saneamento e
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~q1SPROCESSO
'A
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--- '--FLS. PROCESSO
4Lt.b 3 ~~\Ob-2RUBRICAOa. AGI:R-GS'
f'.K o . 3900
. Os pagamentos previstos na Situação Presente são calculados de
acordo com os valores ocorridos para o período 1999-2004 e pagamento dos
valores vencidos no período 1999/2004 em 3 vezes iguais nos anos de 2006,
2007 e 2008;
. No Cenário Estudado os repasses vencidos e a vencer são suprimidos
por completo;
. No Cenário Adotado os repasses a vencer são suprimidos e os repasses
~ vencidos serão pagos nos 5 últimos anos do prazo de concessão.
Tabela 1
Propostas da CONSÁGUA para pagamento dos repasses contratuais ao FRH/RS. (R$1.000,00)
Observa-se que os repasses pagos referentes a safra 1999/00 foram
calculados pela concessionária em R$159.000,00, enquanto que no relatório de
vistoria, folha 115, consta o valor de R$84.380,94, equivalente a 7.369 sacas de
arroz. Dados da Tabela 1 mostram que os repasses vencidos e não pagos até o
Ano 6 totalizam R$380.000,00.
Cumpre-se destacar que todos os dados apresentados nas alternativas
propostas foram fornecidos pela concessionária, sem terem sido de alguma forma
auditados e sem qualquer manifestação das partes envolvidas, qual sejam os
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Proposta Total Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10 Ano 11 Ano 12 Ano 13 Ano 14 Ano 151998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007108 2008/09 2009/10 2010/11 20011/12 2012/13
PropostaComercial 4.200 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140
SituaçãoPresente 3.588 O 159 O O O O 254 254 254 127 127 127 127 127 127
CenárioEstudado 159 O 159 O O O O O O O O O O O O O
CenárioAdotado 539 O 159 O O O O O O O O O O O O O
Proposta Ano 16 Ano17 Ano 18 Ano 19 Ano 20 Ano 21 Ano 22 Ano 23 Ano 24 Ano 25 Ano 26 Ano 27 Ano 28 Ano 29 Ano 30
213/14 2014/15 2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2025/26 2026/27 2027/28 2028/29
PropostaComercial 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140 140
SituaçãoPresente 127 127 127 127 127 127 127 127 127 127 127 127 127 127 127
CenárioEstudado O O O O O O O O O O O O O O O
CenárioAdotado O O O O O O O O O O 76 76 76 76 76
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produtores - usuários, Secretaria de Obras Públicas ou Secretaria da Habitação,
Saneamento e Desenvolvimento Urbano, como Poder Concedente, ou pelo
FRH/RS. Também não houve manifestação da Secretaria Extraordinária da
Irrigação quanto às propostas da concessionária acima resumidas sobre o
tratamento destinado aos repasses ao FRH/RS. Tais manifestações formam as
condições imprescindíveis sem as quais a regulação e o acompanhamento da
execução do contrato de concessão se mostram frágeis.
A Assessoria Jurídica da Secretaria Extraordinária da Irrigação, conforme
apontado anteriormente, mostra que a tarifa poderia ser fixada a um valor maior,
haja vista a produtividade média regional e a tarifa média cobrada no Estado de
13% da produção. No entanto, o Ex - Conselheiro da AGERGS Dagoberto Lima
Godoy, no Processo N°. 2732 - 2200 / 99 -9, de 09 de junho de 1999, já afirmara
com muita propriedade que a redução de tarifa introduzida pela peticionaria é
classificada na Doutrina Jurídica como risco ordinário do negócio, ou seja, de
responsabilidade da concessionária.
Como já afirmado anteriormente, o foco das atenções deve ser voltado~
para o adequado encaminhamento das alternativas de pagamento dos repasses
ao FRH/RS. Não se descarta de pronto a hipótese de majoração tarifária para o
perfeito adimplemento dos ditos repasses. Por um lado, representa apenas um
limite superior de negociação, dado o limite inferior mostrado na Proposta
Estudada apresentada pela concessionária. Por outro lado, a solução
intermediária somente poderá advir da ampla negociação entre partes, qual sejam
produtores/usuários, Poder Concedente e FRH/RS. À AGERGS caberia, entre
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suas competências, a necessária homologação da eventual revisão do Contrato,
bem como a eventual mediação do processo.
Por derradeiro, cumpre-se repisar que as propostas de reequilíbrio
financeiro e aditamento contratual esposadas nos autos do Processo vão além
das análises técnicas até aqui desenvolvidas. Envolvem juízos subjetivos de
política pública setorial e do possível não cumprimento de ritos processuais que
demandam serem ouvidos todos os envolvidos direta e indiretamente com a
concessão dos serviços de irrigação da Bacia Vacacaí / Arroio das Canas, entre~
os quais se destacam: Secretaria de Obras Públicas como Poder Concedente e
parte no Contrato de Concessão; CONSÁGUA S. A. como parte do Contrato de
Concessão; Secretaria Extraordinária da Irrigação e Usos Múltiplos da Água;
Secretaria da Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano; produtores
agrícolas usuários dos sistemas de irrigação; Fundo de Investimentos em
Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul; CORSAN - Companhia Riograndense
de Saneamento.
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/I'(d;ut{ A~ /V[. rk ~{Eduardo M. Mesquita da Costa
Matrícula 164.4 Matrícula 99.2 Matrícula 98.4
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