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1 Antonio Gustavo Matos do Vale Diretoria de Liquidações e Desestatização Os regimes especiais e a rede de segurança bancária: um convite à reflexão

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Page 1: 1 Antonio Gustavo Matos do Vale Diretoria de Liquidações e Desestatização Os regimes especiais e a rede de segurança bancária: um convite à reflexão

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Antonio Gustavo Matos do Vale

Diretoria de Liquidações e Desestatização

Os regimes especiais e a rede de segurança bancária: um convite à

reflexão

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Sumário da reflexão que proponho

1. medidas preventivas e prudenciais

2. o papel do Fundo Garantidor de Créditos

3. regimes especiais• intervenção, liquidação extrajudicial, RAET• formas de cessação da liquidação

extrajudicial• uma avaliação da experiência recente

4. Conclusão: proposições para reforma da Lei 6024

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1. Regulamentação prudencial

- regime de provisionamentos

- Basiléia

- limites de capital, conceito de patrimônio de referência

- poderes reforçados pela Lei 9.447/97

- exigência de capitalização em montante fixado pelo BC

- transferência de controle acionário

- reorganização societária (incorporação, fusão, cisão)

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1. Regulamentação prudencial

• responsabilidade do controlador: (objetiva e solidária até que se cumpram as obrigações da IF)

• responsabilidade das empresas de auditoria

• foram criadas alternativas para solucionar crises bancárias, através da transferência forçada de toda a atividade operacional para outra instituição (bad bank x good bank)

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• Resolução CMN 2197/95 - autorizou a criação de instituição privada para garantir créditos

• garante créditos até R$ 60.000,00 (mais de 90% dos depositantes e investidores):

- por depósitos à vista e a prazo - depósitos de poupança

• instituição de direito privado, gerida por representantes das IF’s, sem qualquer ingerência do BC

• mantido com contribuição das instituições financeiras

2. Fundo Garantidor de Créditos – FGC

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3. Por que regimes especiais para bancos ?

• a atividade bancária está submetida a um regime de autorização prévia

• o BC regula a entrada, a permanência e a saída do SFN

• saída ordenada do sistema previne situações de contágio - risco sistêmico

• proteção legal dos depositantes e investidores

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3. Por que regimes especiais para bancos ?

• vulnerabilidade à corrida bancária - efeito de contágio e “risco sistêmico”

• baixa confiança nos bancos e no sistema financeiro pode implicar perda de confiança na moeda

• necessidade de tratamento específico para a insolvência bancária e maior responsabilização de controladores e administradores

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4. Regimes Especiais

RAET - Regime de Administração Especial Temporária

- mantém a instituição funcionando, com administração indicada pelo Banco Central

- foi utilizado nas décadas de 80 e 90 nos bancos estaduais

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4. Regimes Especiais

Intervenção

-suspende os prazos e a exigibilidade das obrigações

-fecha a instituição, até definição do destino

- tem sido pouco utilizada

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4. Regimes Especiais

Liquidação extrajudicial

- acarreta vencimento antecipado das obrigações

- objetiva liquidar o ativo e o passivo da instituição

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Efeitos legais decorrentes do ato:artigo 18 da Lei 6.024/74

• suspensão de ações e execuções contra a massa

• vencimento antecipado das obrigações

• não atendimento de cláusulas penais dos contratos vencidos

• não fluência de juros contra a massa

• interrupção da prescrição das obrigações

• não reclamação de penas pecuniárias por infrações penais ou administrativas

Liquidação Extrajudicial

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Poderes do Liquidante

• substitui os antigos administradores e controladores

• vende os ativos

• elabora o quadro de credores, julgando a habilitação e o reconhecimento dos créditos;

• autorizado pelo BC, faz os rateios em favor dos credores

Liquidação Extrajudicial

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Poderes do BC

• nomeia liquidante

• supervisiona o regime e julga recursos dos interessados

• autoriza determinados atos

• aprova relatórios

• nomeia comissão de inquérito

• autoriza o encerramento do regime

Liquidação Extrajudicial

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Retomada de atividade econômica (art. 19, alínea “a”, da Lei 6024)

• BC e liquidante avaliam as garantias oferecidas aos credores

• pagamento ou novação de obrigações com credores privados (necessidade de eventual transigência sobre direitos)

• mudança de objeto e denominação social para sociedade não-financeira

Formas de cessação do regime especial

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Transformação em liquidação ordinária(art. 19, alínea “b”, da Lei 6024)

• prosseguimento da liquidação sem a tutela do interesse público

• nomeação de liquidante ordinário, em assembléia dos acionistas, aprovada pelo BACEN

• aporte de recursos e garantias pelos controladores e/ou novação e composição com credores

Formas de cessação do regime especial

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Conclusão do processo de liquidação(art. 19, alínea “c”, da Lei 6024)

• final da liquidação de ativos e passivos, com pagamento total ou parcial dos credores

• baixa nos registros públicos e extinção da empresa

Formas de cessação do regime especial

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Decretação da falência da instituição(art. 19, alínea “d”, da Lei 6024)

• quando os ativos não cobrem 50% dos créditos quirografários

• a pedido do liquidante, autorizado pelo BC

Formas de cessação do regime especial

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Voluntárias

(porque requerem a participação de controladores e credores em contratos de novação e composição, inclusive com eventual necessidade de transigência sobre direitos e

interesses):

• retomada de atividade econômica (inclui reorganização, transformação e mudança de objeto social)

• transformação em liquidação ordinária em assembléia geral de acionistas

Formas de cessação do regime especial

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Não Voluntárias

• Administrativa: baixa do registro da sociedade (supõe a conclusão do processo de liquidação de ativos e sua distribuição entre os credores)

• Judicial: decretação da falência

Formas de cessação do regime especial

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Regimes decretados . . . . . . . . . . . . 770

Regimes encerrados . . . . . . . . . . . . 699 Regimes remanescentes . . . . . . . . . 71

Data base: 10.11.2006

Decretações e Encerramentos sob a Lei 6024

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Modalidade Quant. %

• Conclusão do processo (realização dos ativos e baixa do registro da empresa) . . . . . . . 96 14%• Prosseguimento de atividade econômica . . . . . . . . . . . . . 258 37% • Liquidação ordinária . . . . . . . . 107 15%• Falência . . . . . . . . . . . . . . . 225 32%• Outras hipóteses (decisão judicial) . . . . . . . . . . 13 2%

Total .. . . . . . . . . . . . . . . . 699

Tipos de encerramento sob a Lei 6024

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Tipos Anos 70 80 90 2000

Baixa da empresa . . . . . 5 73 15 3 16% 24% 6% 3%

Prosseguimento da atividade econômica + liquidações ordinárias . . . 25 204 104 32 78% 66% 42% 29%

Falências (medida judicial) . . 2 32 129 75 6% 10% 52% 68%

Totais .. . . . . . . . . . 32 309 248 110

Distribuição dos tipos de encerramento

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• os créditos trabalhistas e fiscais não estão sujeitos ao procedimento de habilitação junto à massa – o que por si já impede o encerramento senão houver dinheiro líquido para garantir os juízos

• todas as decisões estão sujeitas a revisão judicial

• a previsão de suspensão de ações e execuções já não se sustenta após a CF 88

• o liquidante não consegue vender os bens com rapidez – está sujeito a impugnações judiciais; os créditos em cobrança têm aguardar a fila das ações de execução na Justiça

• a demora ou o insucesso nos regimes especiais são atribuídos ao BC

Liquidação Extrajudicial – Avaliação

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• o BC é freqüentemente demandado ou responsabilizado pelos órgãos de controle (Judiciário, MP, TCU, Congresso), mesmo após o encerramento do regime

• ao contrário da suposta maior agilidade na instância administrativa, o que ocorre é que as partes dispõem de inúmeros meios de procrastinação

• não subsistindo meios de financiamento da liquidação, fica cada vez mais difícil a composição e a negociação de interesses entre as partes – as formas voluntárias de encerramento já não são viáveis

• a tendência visível é de “judiciarização” do processo de liquidação e extinção das IF’s

Liquidação Extrajudicial – Avaliação

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• nova Lei de Falências - maior flexibilidade para recuperar as empresas, realizar ativos e compor passivos

• novo Sistema de Pagamentos Brasileiro - transferência de risco para o mercado (o BC não será credor)

• novas regras prudenciais - Basiléia, Lei 9.447/97

• cobertura do FGC – protegendo mais de 90% dos depositantes

4. Conclusão: há um novo cenário para reforma da Lei 6024

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• redução da presença do Estado (BC) na gestão do processo de extinção ou liquidação das IF’s

• limitação do papel do BC à decretação da saída ordenada do SFN e à apuração das irregularidades cometidas (inquérito)

• transferência para o Poder Judiciário das atividades tipicamente judicantes e de liquidação de ativos e passivos

• ampliação da participação dos agentes privados (credores e outros interessados) na resolução e/ou liquidação da empresa, sem a tutela do BC e inclusive com regras flexíveis para a composição dos seus interesses, o que pode criar oportunidades que viabilizem formas voluntárias de encerramento, reservando para o Judiciário (falência ou liquidação judicial) apenas os casos em que as partes permaneçam intransigentes

4. Conclusão: tópicos para reforma da Lei 6024

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Antonio Gustavo Matos do Vale

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