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CONAEND&IEV–009 AVALIAÇÃO ESTRUTURAL, RECUPERAÇÃO E IMPERMEABILIZAÇÃO DE LAJES DE COBERTURA COM ÊNFASE AOS ENSAIOS NÃO-DESTRUTIVOS Elisa Sertório Vieira 1 Ana Lúcia Torres Seroa da Motta 2 Alberto Cohen Filho 3 Luiz Carlos Mendes 4 Copyright 2008, ABENDE e PROMAI Trabalho apresentado durante o CONAEND&IEV2008 – Congresso Nacional de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção & Conferencia Internacional sobre Evaluación de Integridad y Extensión de Vida de Equipos Industriales, em São Paulo/SP, no mês de junho de 2008. As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Sinopse Apesar do avanço tecnológico no campo das técnicas e dos materiais de construção, tem-se observado um grande número de edificações relativamente jovens apresentando diversos tipos de patologias. O uso inadequado de materiais, aliado à falta de cuidados na execução e mesmo adaptações quando do seu uso, tudo isto somado à falta de manutenção, tem criado despesas extras aos condomínios de edifícios em reparações que poderiam ser inteiramente evitadas. Entre as causas identificadas, a má impermeabilização, o concreto poroso, a rigidez inadequada de elementos estruturais apresentaram elevada incidência. Associadas as falhas de execução elas explicam os problemas precoces de infiltrações, fissuras e corrosão da armadura, patologias mais freqüentemente relacionadas. Logo, é necessário que os engenheiros tenham conhecimento de procedimentos para avaliação da estabilidade de peças estruturais, as quais envolvem aspectos como observação, ensaios especializados, diagnóstico e emissão de pareceres técnicos conclusivos. O presente trabalho faz uma análise dos procedimentos necessários para recuperação e reforço, dando ênfase aos ensaios não destrutivos para avaliação das armações, concreto e impermeabilização e cita sistemas de proteção recomendados para o controle de fissuras, corrosão e infiltrações de um destes elementos estruturais: - as lajes de concreto armado. 1 Introdução As lajes são elementos estruturais moldados em concreto armado normalmente planos e bidimensionais, pois duas das dimensões são bem maiores que a terceira (espessura). Normalmente 1 Mestranda, Engenharia Civil - UFF 2 Ph.D., Arquitetura - UFF 3 Mestrando, Engenharia Civil - UFF 4 D.Sc., Engenharia Civil - UFF

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AVALIAÇÃO ESTRUDE COBERT

Copyright 2008, ABENDTrabalho apresentado dDestrutivos e Inspeção Vida de Equipos IndustrAs informações e opiniõautor(es). Sinopse Apesar do avanço tecobservado um grande npatologias. O uso inadadaptações quando do saos condomínios de edifidentificadas, a má imestruturais apresentaramproblemas precoces freqüentemente relacioprocedimentos para avcomo observação, ensaiO presente trabalho fazdando ênfase aos eimpermeabilização e citinfiltrações de um deste 1 Introdução As lajes são elementbidimensionais, pois du 1 Mestranda, Engenharia 2 Ph.D., Arquitetura - UFF3 Mestrando, Engenharia 4 D.Sc., Engenharia Civil -

CONAEND&IEV–009 TURAL, RECUPERAÇÃO E IMPERMEABILIZAÇÃO DE LAJES

URA COM ÊNFASE AOS ENSAIOS NÃO-DESTRUTIVOS

Elisa Sertório Vieira1

Ana Lúcia Torres Seroa da Motta2

Alberto Cohen Filho3

Luiz Carlos Mendes4

E e PROMAI urante o CONAEND&IEV2008 – Congresso Nacional de Ensaios Não & Conferencia Internacional sobre Evaluación de Integridad y Extensión de iales, em São Paulo/SP, no mês de junho de 2008. es contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do(s)

nológico no campo das técnicas e dos materiais de construção, tem-se úmero de edificações relativamente jovens apresentando diversos tipos de equado de materiais, aliado à falta de cuidados na execução e mesmo eu uso, tudo isto somado à falta de manutenção, tem criado despesas extras ícios em reparações que poderiam ser inteiramente evitadas. Entre as causas permeabilização, o concreto poroso, a rigidez inadequada de elementos elevada incidência. Associadas as falhas de execução elas explicam os

de infiltrações, fissuras e corrosão da armadura, patologias mais nadas. Logo, é necessário que os engenheiros tenham conhecimento de aliação da estabilidade de peças estruturais, as quais envolvem aspectos os especializados, diagnóstico e emissão de pareceres técnicos conclusivos. uma análise dos procedimentos necessários para recuperação e reforço,

nsaios não destrutivos para avaliação das armações, concreto e a sistemas de proteção recomendados para o controle de fissuras, corrosão e s elementos estruturais: - as lajes de concreto armado.

os estruturais moldados em concreto armado normalmente planos e as das dimensões são bem maiores que a terceira (espessura). Normalmente Civil - UFF Civil - UFF UFF

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se apresentam na posição horizontal, e são elas que recebem as cargas que agirão sobre a estrutura. As lajes podem ser tetos e pisos. As lajes em um Sistema Estrutural estão, na maioria das vezes, apoiadas em vigas, podendo também, em certos casos, estarem apoiadas diretamente sobre pilares. Fatores como o diâmetro e separação das armaduras, a geometria da peça, a espessura e qualidade do cobrimento, a magnitude, quantidade e velocidade de geração de produtos de corrosão e o conteúdo de umidade do concreto; afetam a conservação dos componentes da laje. É, portanto fundamental haver uma criteriosa conservação de forma a manter todos os componentes da laje em perfeito estado de utilização, pois qualquer dano em um de seus constituintes, ou erros por vícios construtivos, pode afetar seu desempenho. A adoção de uma metodologia de avaliação da capacidade portante das estruturas que permita uma visão integrada dos diversos aspectos envolvidos no problema e execução adequada de sistemas de proteção tem sua relevância, pois sua instabilidade e presença de anomalias representam riscos aos usuários da edificação. 2 Metodologia para Análise de Lajes de Cobertura Elaboração de planta de locação da laje em relação à edificação e aos logradouros, havendo também o posicionamento dos elementos estruturais e identificação das geometrias de peças estruturais por meio de cortes transversais. Realização de levantamento geométrico relativo às peças de concreto a partir de plantas de fôrmas ou diretamente a partir de levantamentos in situ, de forma a verificar se existem imperfeições geométricas nas peças estruturais (dobramentos, flambagem, empenamentos, amassamentos, etc.). Elaboração de croquis com mapeamento dos defeitos observados, realizando o levantamento preciso da localização e dimensões dos defeitos, a abertura e a extensão de fissuras, de modo a permitir o cálculo das quantidades para elaboração de uma solução. Nas vistorias para inspeções das lajes fazer a verificação das ocorrências e morfologia das deteriorações, fissuras, destacamentos do concreto, manchas ou eflorescências, infiltrações e outras anomalias, além de possíveis deformações. No caso das fissuras, verificar a profundidade, a abertura com fissurômetro, e a atividade por meio de sensores de gesso, vidro, etc. Todas essas ocorrências devem ser registradas em mapeamentos (micromapeamento e macromapeamento), e em relatórios fotográficos com textos explicativos da observação para posterior avaliação, diagnóstico e indicação de procedimentos conforme o caso. Devem ser pesquisados os procedimentos de impermeabilização implementados nas lajes. A pesquisa deve verificar a existência de documentos (projetos, especificações, desenhos e contratos) e informações de usuários do edifício. Deve-se verificar se houve elaboração de projeto de impermeabilização conforme preconiza a NBR 9575 (2003), com detalhamento necessário (soleiras, encontro com ralos e grelhas, encontro com tubos e outros obstáculos emergentes, arredondamento dos cantos no caso das mantas, eficiente sistema de drenagem com caimento mínimo de 1%, no encontro com platibandas ter atenção às juntas de movimentação e às juntas de dessolidarização nos encontros com as paredes, prever bases apropriadas para a instalação de hastes (antenas e pára-raios) de modo a evitar o puncionamento e/ou perfuração da impermeabilização, etc.).

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Cortes no sistema de impermeabilização em pontos localizados são necessários com objetivo de verificar visualmente a estratificação das camadas sobrepostas à estrutura, seus respectivos materiais, espessuras e respectivos desempenhos e eventualmente, para extração de corpos de prova para ensaios laboratoriais. Verificar a situação do sistema de drenagem de águas pluviais tanto em face da capacidade de atendimento ao dimensionamento hidráulico – pela intensidade pluviométrica local – mas, também, considerando aspectos de manutenção (detectando possíveis vazamentos, principalmente nas conexões) e interfaces com as impermeabilizações – considerando os reforços junto aos ralos –. As posições de aços em relação às peças estruturais de concreto devem ser levantadas e registradas em plantas e cortes, sendo subsídios para verificação da estabilidade estrutural. Quando não se dispõe dos desenhos de armação da estrutura, ou se desconfia da obediência do projeto executivo quando da execução, pode-se realizar alguns tipos de ensaios não destrutivos para avaliação dessas armações, como ensaio eletromagnético de pacometria que através da utilização de um equipamento denominado pacômetro cujo funcionamento consiste criar um campo eletromagnético que é perturbado pela presença de objetos ferromagnéticos (armadura), de forma a detectá-la e localizá-la, determinar seu diâmetro e a espessura de cobrimento do concreto.

Foto 1 – Realização do ensaio eletromagnético de pacometria.

Também se podem executar cortes no concreto para elucidação e levantamento das seções de aço, assim como para verificação de suas integridades e estados de conservação. Verificar se existe processo de corrosão instalado, procurando avaliar o grau de comprometimento das peças afetadas (diminuição da seção resistente). Para avaliação do grau de corrosão têm-se os ensaios para avaliação da profundidade de carbonatação e avaliação do teor de cloretos. Além de técnicas eletroquímicas não-destrutivas como: resistência elétrica e medidas de potenciais de eletrodo. Deve-se assegurar um bom contato elétrico na execução dessas técnicas. Na técnica eletroquímica de resistividade elétrica faz-se uso de um resistivímetro com um conjunto de quatro eletrodos que são colocados em contato com a superfície de concreto, consistindo em passar uma corrente alternada entre os eletrodos exteriores medindo-se a queda de potencial entre os eletrodos interiores, de forma a determinar a resistividade do concreto, sendo:

Sl R ρ

=

Onde: R = resistência; ρ = resistividade (propriedade do material); l = comprimento S = área da seção

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A medição de resistividade fornece uma probabilidade corrosão que, de acordo com Browns and Geoghegan (1978), sendo avaliada com base nos seguintes valores globais: Resistividade do concreto (ohm

cms) Taxa de corrosão

> 20.000 Praticamente nula 10.000 a 20.000 Baixa 5.000 a 10.000 Alta

< 5.000 Muito Alta

Tabela 1 – Valores de resistividade e respectiva probabilidade de corrosão. FONTE DE SUPRIMENTO

DE CORRENTE ALTERNADA AMPERÍMETRO

VOLTÍMETRO

ELETRODOSACOPLADOS

FLUXO DECORRENTE SUPERFÍCIES

EQUIPOTENCIAIS Figura 1- Técnica de resistividade elétrica.

Já a de medidas de potenciais de eletrodo, consiste em medir esses potenciais por meio de uma diferença de potencial de eletrodo entre as duas semi-células: a semi-célula aço-concreto ou eletrólito e a semi-célula estável que é o eletrodo de referência (eletrodo de cobre/ sulfato de cobre ou prata/ cloreto de prata), sendo comum serem feitos “mapeamentos de potencial” por meio da medida do potencial em toda a estrutura a cada poucos decímetros ou centímetros de intervalo, a partir de tais valores é possível identificar as zonas mais corroídas (anódicas) e as menos corroídas (catódicas).

Figura 2- Técnica de Potenciais de Eletrodo A medição de potencial fornece uma probabilidade de corrosão que, de C876, á avaliada com base nos valores globais descritos a seguir:

ELETRODO

VOLTÍMETRO

acordo com a norma ASTM

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POTENCIAL DE ELETRODOTENSÃO( mV)

Taxa de corrosão

> -200 mV 5% -200 mV a -350 mV 50%

< -350 mV 95% Tabela 2- Valores de potencial e respectiva probabilidade de corrosão.

Estimar a capacidade de resistência real do concreto das peças estruturais constituintes das lajes permitindo uma avaliação dos danos sofridos, através de ensaios não destrutivos como esclerometria (ASTM C 805, NBR 7584), penetração de pinos (ASTM C 803), velocidade de pulso ultrassônico (ASTM 597, NBR 8802), entre outros. Também, podem ser retiradas amostras de peças para ensaios destrutivos, por meio de sondas manuais rotativas. Além de ensaio parcialmente destrutivo de aderência ou “pull-off”. O ensaio não-destrutivo de esclerometria avalia a uniformidade e a qualidade do concreto, além de estimar sua resistência à compressão através de sua dureza superficial fazendo uso de um esclerômetro de reflexão que trata-se de um objeto metálico com massa normalizada, que é projetado contra a superfície do concreto com uma energia definida, sendo realizadas diversas leituras de dureza superficial em pontos aleatórios evitando os pontos irregulares onde existam agregados graúdos, armaduras ou vazios não-visíveis, obtém-se uma média dessas leituras e as correlacionam com à resistência à compressão do concreto com o uso da curva de correlação demonstrada a seguir.

Foto 2 - Esquema do ensaio de esclerometria.

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Figura 3 - Curva de correlação para o ensaio de esclerometria.

Já o ensaio de penetração de pinos consiste em correlacionar a resistência do concreto com a profundidade de penetração de pinos disparados contra a superfície de concreto por meio de uma pistola perpendicularmente posicionada à superfície, de forma estimar a resistência à compressão e uniformidade do concreto. Para realização do ensaio é necessário o acesso apenas a uma face da estrutura. É necessário evitar as barras de aço, no caso do concreto armado, e tomar os cuidados inerentes à utilização de uma arma de fogo. Após as medições, devem ser retirados os pinos, deixando um dano na superfície em torno de 75mm de diâmetro (BS1881:Part 201,1986). Este ensaio pode ser influenciado pela dimensão do agregado graúdo e pela dureza da camada superficial. Jenkins (1985) relata que variações na carga de pólvora, limpeza e posicionamento da pistola, podem influenciar a velocidade do disparo do pino, resultando numa variação da profundidade de penetração. Yun te al (1988) sugerem três tipos de carga para ensaio de penetração :

• carga baixa para concreto com resistência de 21 MPa, • carga padrão para concreto com resistência de 35 MPa, • carga padrão e baixa para concreto com resistência de 28 MPa.

O pino padrão tem diâmetro= 6,35 mm e comprimento= 79,5 mm. De acordo com Al-Manaseer e Aquino (1999), para os ensaios com a pistola Windsor (ASTM C803) em concretos de alta resistência há necessidade de modificar o tipo do pino, pois em concretos com resistência à compressão acima de 25 MPa o pino já apresenta tendência a quebrar na parte superior. Esses autores também concluíram que este método de ensaio não pode ser realizado para concreto com resistência à compressão acima de 130 MPa, pois os pinos não penetram no concreto.

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Fotos 3 – Penetração de pinos (EVANGELISTA A. C. J., 2002 e GARGHETTI A. et. al, 2003)

E o ensaio de velocidade de pulso ultrassônico consiste em medir o tempo em que uma onda sonora de alta freqüência leva para percorrer uma distância no interior do betão entre a fonte emissora e a fonte receptora, calculando a velocidade de propagação das ondas no interior do concreto, cuja depende da densidade, das propriedades elásticas do material e da presença de armaduras. Este ensaio objetiva avaliar a qualidade e uniformidade do concreto, estimar sua resistência à compressão e módulo de elasticidade e localizar vazios e fendas em seu interior. Para tal deve ser garantido um bom contato mecânico.

Fotos 4 – Ensaio de Velocidade de Pulso Ultrassônico.

Onde: E é o módulo de elasticidade dinâmico

ρ é a densidade do material ν é o coeficiente de Poisson

Adotam-se três tipos de transmissão diferentes no ensaio de ultrassom: direta, semi-direta e indireta, conforme mostra a figura a seguir.

Figura 4 – Tipos de Transmissão para o Ensaio de Ultrassom.

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A avaliação da resistência característica do concreto das peças estruturais deve ser feita por meio de avaliação estatística dos resultados obtidos in loco nas diversas peças constituintes das lajes. Dessa forma, é obtido o valor mais confiável para resistência característica do concreto e avaliação do coeficiente de segurança atual da estrutura, com o qual determina-se a necessidade de reparação ou até demolição. Quando as etapas de análise de projetos, vistoria da obra e ensaios não destrutivos não forem suficientes para assegurar a capacidade portante da estrutura, deve-se proceder à realização de prova de carga sobre a mesma de forma a determinar o quando esta se desloca e deforma quando submetida à carregamentos como bolsas de água, bolsas de areia, sacos de cimento e reservatórios confeccionados com lonas plásticas e preenchidos com água, e adotar instrumentos que medem as deformações como extensômetros elétricos e mecânicos, defletômetros, clinômetros, sensores de fibra ótica, teodolitos, níveis digitais e estações totais. O ensaio de prova de carga pode ser destrutivo ao avaliar o comportamento da estrutura até a ruína, em situação última de carregamento. E não-destrutivo quando a estrutura, ou elemento estrutural,é carregado a níveis de serviço, sem atingir à ruptura, permitindo, nesse caso, que a estrutura possa ser colocada novamente em utilização, caso os resultados sejam aceitáveis.

Foto 5- Ensaio de Prova de Carga em Laboratório.

Foto 6 -Painel de Laje Submetida a uma medição de Flexa-Deformação medida por um

Extensômetro.

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O ensaio de prova de carga é, portanto conclusivo e encerra o programa de investigação. Na análise estrutural da estabilidade das lajes devem ser seguidos os preceitos da NBR 6118 (2003), englobando as condições ambientais, carregamentos atuantes, esquema estrutural, geometria dos elementos estruturais, posicionamento e densidade das armaduras, análise de seções resistentes, avaliação de deformações. 3 Segurança Atual da Estrutura Tomando por base o item anterior, referente à descrição de metodologia proposta (de avaliação, análise e diagnóstico) de lajes de cobertura, são obtidos subsídios suficientes para a elaboração de Pareceres Técnicos conclusivos que auxiliam na tomada de decisão, de forma a se avaliar a segurança atual da estrutura e conseqüentemente determinando a necessidade de recuperação, o reforço, mudança de uso, ou a demolição da estrutura da laje em análise. 4 Procedimentos para Recuperação 4.1 Controle de fissuras, Trincas ou Juntas de Trabalho É recomendada aplicação de uma solução de mastique epoxídico autonivelante e flexível mais tela de fibra de vidro, que deve ser realizada em superfície seca e limpa. Com o uso de serra circular, abrir sobre a fissura, trinca ou junta de trabalho, um corte com profundidade média de 10 mm. Eliminando o pó com aspiração ou sopro do equipamento. Caso essas sejam profundas, com possibilidade de vazar o produto para o ambiente inferior, deverá ser colocado um tarugo de polietileno como limitador de profundidade, de diâmetro de 6 mm ou superior, posicionado à profundidade máxima de 10 mm. Misturar energicamente (mais ou menos 5 min) o componente B (fluído escuro) com o componente A do mastique, em quantidade para aplicação em no máximo 20 minutos. Após realizar o preenchimento das aberturas, despejando e limpando imediatamente os excessos com auxílio da espátula. Sobre o mastique colocar uma fita de polietileno com largura de 50 mm, para servir como camada separadora e não aderente do reforço. Após a colagem da fita de polietileno, aplicar uma demão de primer (puro – sem diluição) e colar a tela de fibra de vidro. Aguardar secagem da primeira demão (aproximadamente 30 min) e passar mais duas demãos garantindo a sua total cobertura. 4.2 Controle de Corrosão A princípio deve-se executar a limpeza da superfície de forma a remover o concreto deteriorado, desagregado, solto, mal compactado, segregado ou impregnado de ferrugem, até atingir o concreto sadio e expor toda a armadura corroída. Normalmente faz-se uso de escovas de aço e de jato úmido de areia. Podendo também para complementar a limpeza utilizar jatos de água e ar. Com a perda de mais de 10% do seu diâmetro original das armaduras devido a corrosão, há a necessidade de recompô-las por emenda por transpasse, um para cada lado do trecho afetado, de acordo com o item 4.1.6.2 da NBR 6118 – Comprimento de ancoragem por aderência das barras tracionadas. Onde são necessários pinos de aço especial que devem ser cravados na estrutura,

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possibilitando a fixação da armadura de reforço. A cravação deve ser feita à percussão com pistola apropriada. São recomendados como materiais para recuperação da estrutura da laje, primer rico em zinco, pastilha “Z” (sistema de proteção catódica por anodo sacrifício, formado por uma liga anódica envolvida em matriz cimentícia) e tela galvânica (proteção catódica por corrente galvânica). No caso do primer rico em zinco, após a limpeza da superfície do concreto com escova de aço ou jato úmido de areia, procede-se à limpeza da armadura através de escovação vigorosa com escova fina com cerdas de aço e em seguida ao lixamento com lixa própria para aço, seguindo-se de limpeza para retirada de todos os resíduos depositados. Como passo seguinte, aplica-se primer rico em zinco sobre as superfícies das barras, para a proteção catódica galvânica. No caso das pastilhas de zinco após o corte do concreto onde houve desplacamento ou onde houve a presença de fissuras motivadas pelo aumento da seção da armadura e por trás do concreto, limpeza e se necessário recomposição da armadura, amarra-se a pastilha “Z” utilizando o próprio arame de fixação da pastilha. No caso da tela galvânica, após o corte do concreto e a exposição das armaduras corroídas, procede-se a escovagem manual ou hidrojateamento de areia em suas superfícies de modo a remover a corrosão. Em seguida a tela galvânica é fixada diretamente em contato com a armadura, prendendo-a com arame recozido. Ao final prepara-se argamassa de recuperação, apenas com cimento e areia, adicionando o ativador eletroquímico na proporção de 2% em relação ao peso de cimento portland utilizado. No caso de se utilizar concreto projetado, utilizar-se-á a mesma quantidade de ativador eletroquímico na água, previamente misturada e adicionada na ponta do canhão. 5 Impermeabilização Após os procedimentos para recuperação ou reforço devem ser previstas intervenções que garantam a proteção das estruturas de lajes de cobertura contra a ação de agentes agressivos. Para tal devem ser aplicados tratamentos de impermeabilização segundo a NBR 9575 (2003). Os materiais que compõem o sistema rígido de impermeabilização são: concreto impermeável (com ou sem aditivos impermeabilizantes), argamassa impermeável (com hidrofugantes ou polimérica) cimentos poliméricos e cristalizantes e membranas epoxídicas. Já o sistema flexível é composto por: membranas (moldadas no local) asfálticas ou poliméricas e mantas (pré-moldadas) asfálticas ou poliméricas. No caso de lajes de cobertura, segundo THOMAZ (2001), deve-se prever no projeto a disposição da isolação térmica e da proteção da impermeabilização. MORAES (2002) refere que deve ser previsto no projeto de impermeabilização um desnível entre os ambientes internos e externos além de ralos para escoamento da água da chuva. Conforme ilustra a Figura 5.

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Figura 5 - Detalhe do encaixe da impermeabilização para dentro do cômodo interno e o desnível

entre as áreas interna e externa – MORAES (2002). A norma NBR 9575 (2003) recomenda que nos locais limites entre as áreas externas impermeabilizadas e internas haja diferença de cota de no mínimo 6 cm e seja prevista a execução de barreira física no limite da linha interna dos contramarcos, caixilhos e batentes, para perfeita ancoragem da impermeabilização, com declividade para a área externa. Deve-se observar a execução de arremates e reforços adequados com o tipo de impermeabilização adotada e suas instalações e selamentos adicionais nos caixilhos, contramarcos, batentes e outros elementos de interferência. Nas regiões de juntas de dilatação da estrutura, THOMAZ (2001) recomenda a adoção de pontes na impermeabilização (reforço), de forma que as movimentações sejam redistribuídas em áreas maiores. Para o autor, o principal requisito para o bom desempenho das impermeabilizações é o eficiente sistema de drenagem da água, o que repercute na necessidade da adoção de caimentos adequados para as lajes; THOMAZ (2001) citando PIRONDI (1992) recomenda caimento mínimo de 1 % para as lajes de cobertura ou lajes de piso. De acordo com este mesmo autor, na impermeabilização com mantas sempre devem ser adotados cantos arredondados nos encontros com paredes e pilares, de modo a evitar a fissuração ou o rasgamento da manta. Nas emendas, as sobreposições devem ser realizadas no sentido do caimento (manta a montante recobre a manta a jusante), com uma sobreposição de no mínimo 10 cm. THOMAZ (2001) refere que as infiltrações de água através das impermeabilizações com mantas asfálticas ocorrem principalmente nas regiões de dobras, concordâncias e emendas das mantas em degraus, soleiras e outros obstáculos. Assim sendo, o projeto deverá prever todos os detalhes construtivos de soleiras, tubos emergentes, rodapés, encontro com ralos e grelhas, encontro com platibandas e outros. Nos encontros da impermeabilização com platibandas, em lajes expostas, o autor recomenda especial atenção às juntas de movimentação e às juntas de dessolidarização nos encontros com as paredes, para evitar que a dilatação térmica do piso desloque as paredes laterais, induzindo rasgamento ou descolamento da manta. A Figura 6 mostra o encontro da impermeabilização com uma mureta onde alguns detalhes podem ser analisados: - Os cantos arredontados no encontro com a mureta, para evitar a fissuração ou o rasgamento da manta; - Embutimento da manta na parede;

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- Junta de dessolidarização entre o piso e a parede, para evitar que a dilatação térmica do piso rasgue a manta na confluência com a parede; - Reforço do revestimento de parede com tela metálica galvanizada, para evitar a fissuração e destacamento do mesmo.

Figura 6 - Detalhe detalhe do encontro da impermeabilização com uma mureta – THOMAZ (2001). Para proteção mecânica deve possuir juntas de retração e trabalho térmico preenchidos com materiais deformáveis, principalmente no encontro de diferentes planos. THOMAZ (2001) observa que para as hastes (antenas, pára-raios) instaladas na laje de cobertura, bem como para quaisquer outros equipamentos, devem ser previstas bases apropriadas de forma a evitar o puncionamento e/ou perfuração da impermeabilização resultante da posterior instalação desses equipamentos. Segundo o autor, esta é uma causa comum da infiltração de água nas lajes de cobertura dos prédios. Em relação às tubulações de água, elétrica e gás e outras que possam passar paralelamente sobre a laje, essas devem ser executadas sobre a impermeabilização e nunca sob ela. As tubulações devem ser executadas no mínimo com 10 cm acima do nível do piso acabado, depois de terminada a impermeabilização e seus complementos. Quando houver tubulações e tubulações de água quente embutidas, deve ser prevista proteção adequada para fixação da impermeabilização. Com relação aos ralos, SABBATINI et al. (2003) recomenda os seguintes cuidados para o bom desempenho do sistema: - Dimensionamento adequado para o rápido escoamento (criar desníveis de 1 cm com raio de 30 cm para evitar acúmulo de água e para execução do reforço); - Chumbamento correto; - A camada de impermeabilização deve “virar” nos ralos; - Tratamento específico (selamento, reforços); - Previsão de arremate do revestimento. São recomendados como materiais de impermeabilização das lajes de cobertura as mantas asfálticas e membranas de polímeros elastoméricos. Descrição da aplicação de impermeabilização com utilização de mantas asfálticas: após a imprimação asfáltica, a manta é aplicada aderida ao substrato à quente ou a frio com sobreposição de proteção mecânica, finalizando com a pavimentação. No caso de haver tráfego reforçar as juntas com asfalto polimérico.

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Descrição da aplicação de impermeabilização com utilização de membranas de polímeros elastoméricos (adotar preferencialmente as membranas poliméricas na cor branca com resistência aos raios ultravioleta para o caso de exposição ao sol, pois reduz a temperatura da laje e conseqüentemente há a redução da temperatura em ambiente sob ela): a princípio a superfície deverá estar seca, limpa e regularizada com caimento nunca inferior a 2% e sem depressões, após aplicar uma solução com água com a função de imprimação e em seguida aplicar demãos do produto com estruturação em véu de poliéster obtendo uma espessura final de 1,5 mm. Para detalhes específicos de cada fabricante, sugere-se consultar seus métodos executivos. Após o término da impermeabilização, deve-se executar o teste de lâmina da água de 72 horas para observar eventuais falhas no sistema. E como ensaio não-destrutivo aplicado aos sistemas de impermeabilização temos o teste eletrônico de descontinuidades que faz uso de equipamento capaz de indicar falhas em mantas e membranas impermeabilizantes, por meio de fechamento arco voltaico, chamado de “detector de furos e descontinuidades”.

Foto 7 - Ensaio sobre Impermeabilização utilizando o “Detector de Furos”, no Museu de Arte

Contemporânea de Niterói, 1995. (fonte: www.whood.com.br) 6 Conclusões Realizar um diagnóstico correto do início do processo e os fatores que influíram na propagação até o estado de deterioração atual, é fundamental quando se pretende uma recuperação duradoura. Logo, é necessário realizar inspeções periódicas das estruturas, utilizando procedimentos de inspeções (visuais e instrumentadas, incluindo ensaios não destrutivos), seguidos de avaliação, diagnóstico e propostas para intervenções de reabilitação incluindo, em qualquer caso, procedimentos de proteção superficial e de impermeabilização. Assim, baseado nas proposições deste trabalho é possível obter avaliações precisas e confiáveis em elementos estruturais de edifícios, especificamente de lajes, por meio de uma metodologia criteriosa e comprovada, para utilização em tomadas de decisões por equipes de engenharia em serviços de Pareceres Técnicos.

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7 Referências bibliográficas AL-MANASEER, A. A., AQUINO, E. B., 1999, “Windsor Probe Test for Nondestructive Evaluation of Normal and High-Strength Concrete”, ACI Materials Journal, July-August, pp. 440-447. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS – ASTM. Standard Method for Penetration Resistence of Hardned Concrete. ASTM C803, 1990. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS – ASTM. Standard Test Method for Half Cell Potentials for Reinforcing Steel in Concrete. ASTM C876, 1999. 6p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Projeto de estruturas de concreto – procedimento. NBR 6118. Rio de Janeiro. 2003. 180p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Impermeabilização – Seleção e Projeto. NBR 9575. Rio de Janeiro. 2003. BRITISH STANDARDS. Testing concrete. Guide to the use of non-destructive methods of test for hardened concrete. BS1881-201:1986. 26p. BROWN, R. D.; GEOGHEGAN, M. P. Corrosion of Steel Reinforcements in Concrete Construction. Proc. Conf. London, pp.79-103. Feb. 1978. CÁNOVAS, M. F. - Patologia y terapeutica del hormigon armado. 3 ed. Madrid: RUGARTE, 1994. 487p. CANOVAS, MANUEL FERNANDEZ. Patologia y terapêutica del hormigon armado. Madrid, Editorial Dossat, 1997. DE SOUZA, V. C. M.; CUNHA, A .J. P.; LIMA, N. A. - Acidentes estruturais na construção civil. 1.ed. São Paulo. Editora Pini. 1997. 316 p. v. 1. DE SOUZA, V. C. M.; CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A. - Acidentes estruturais na construção civil.1.ed. São Paulo. Editora Pini.1998. 287 p. v. 2. DE SOUZA, V.C.M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo, SP. Editora PINI, 2004. EVANGELISTA, A. C. J. Avaliação da Resistência do Concreto Usando Diferentes Ensaios Não-Destrutivos. Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. “Tese de Doutorado”. Rio de Janeiro. 2002. GARGHETTI A. et. al. Pesquisas de Ensaios Não-Destrutivos em Laboratório. Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. Disponível em: < http://petecv.ecv.ufsc.br/03-end.html>. Acesso em: (02/03/08). JENKINS, R. S., 1985, “Non-destructive testing - An evaluation tool “, Concrete International, February, pp. 22-26. JORDY, J.C. - Desempenho e avaliação dos serviços de impermeabilização aplicados em edificações. Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense - UFF. “Dissertação de Mestrado”. Niterói. 2002. 488 p.

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