08 - memorando nº 3.008-12 - riscos e consequências da perseguição policial

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STIMA REGO DA POLCIA MILTAR

Memorando n 3.008/12 - 7 RPM Divinpolis, 25 de janeiro de 2012.

Aos Assunto Ref.

: Comandantes de Unidades Subordinadas : Ocorrncias com perseguio policial : Caderno doutrinrio n 4

Apenas na atual semana, foram registradas na 7 RPM dois episdios de perseguio policial que resultaram na morte de pessoas que empreendiam fuga de viatura policial. Neste sentido, passamos a relatar as duas situaes:a) DIREO PRIGOSA CLUDIO (23 BPM): Em 231200Jan12-Seg, a GuRp composta pelo Sd GUILHERME e Sd CARVALHO, durante patrulhamento no Distrito de MONSENHOR JOO ALEXANDRE, em Operao PATRULHA RURAL, deparou com uma motocicleta que deslocava pela Rua PEDRO QUEIROGA, sendo que o condutor, ao notar a presena policial, evadiu em sentido contrrio aos militares, desobedecendo a ordem de parada. Os militares realizaram o acompanhamento visual da motocicleta, no intuito de abordar o veculo, momento em que depararam com um caminho na MG-260, parado, e visualizaram a motocicleta cada, a qual havia abalroado o caminho. A motocicleta era conduzida por CLUDIO JOS RODRIGUES, 33 anos, o qual foi socorrido no local pelos militares, e, posteriormente, pela ambulncia, que chegou ao local e os enfermeiros prestaram o devido socorro vtima, conduzindo-a para a SANTA CASA DE MISERICRDIA da cidade de CLUDIO. A viatura de prefixo 14.300 permaneceu no Distrito para preservar o local at a chegada da viatura da PRV de DIVINPOLIS, composta pelo Sgt CAPANEMA e Sd GUSTAVO, os quais adotaram as providncias cabveis quanto ao acidente de transito rodovirio. Foi acionada a percia, que no compareceu, visto que o local no estava preservado, dada a necessidade de liberao do fluxo de veculos na via. Em atendimento na SANTA CASA, uma enfermeira localizou com o acidentado, em suas roupas, 01 (um) invlucro plstico, contendo em seu interior uma substncia anloga maconha, que foi apreendida e encaminhada para a DEPOL. O condutor da motocicleta no resistiu aos ferimentos e faleceu. A motocicleta foi apreendida e levada ao Ptio do Socorro. BO 302/12, Natureza E 08.034. TR: Iniciativa e TE: 03h00min. b) ABALROAMENTO COM VTIMA FATAL

CARMO DO CAJURU (23 BPM): Em 260208Jan12-Qui, a guarnio composta pelo Cb MRCIO e Sd GIULIANO compareceu Praa VIGRIO JOS ALEXANDRE, n 100, bairro CENTRO, onde o n 134.027-2, SD PM ANDERSON DE FARIA BARROS, 34 anos, lotado no 1 GP/ 3 PEL/ 142 CIA/ 23 BPM, relatou que conduzia a VP 11014 (GM/ BLAZER cor branca placa GTM-7358) pela Rua TIRADENTES, sentido crescente, em velocidade de

patrulhamento, quando ao se aproximar da citada Praa, a motocicleta HONDA/ CG 125 FAN cor cinza placa HHN-0685, conduzida por BRUNO BARBOSA VAN AREM, 26 anos, que se seguia logo retaguarda da viatura e em alta velocidade, iniciou manobra de ultrapassagem vindo a abalroar a viatura na sua lateral esquerda. Aps o impacto, o condutor da motocicleta evadiu realizando converso esquerda na Praa, vindo a perder o controle da direo e chocar-se contra a parede da IGREJA DA MATRIZ, o que ocasionou a queda do piloto e passageiro ao solo. O SD BARROS, perdendo o controle da viatura, outrossim, chocou-se contra uma placa de sinalizao existente na Praa. O condutor da motocicleta BRUNO que se encontrava sob a motocicleta, perdeu sinais vitais no local, e o passageiro EDSON RODRIGUES BARBOSA, 20 anos, que fora lanado h aproximadamente cinco metros do ponto de impacto, se encontrava desacordado, com vrios ferimentos pelo corpo e com a cinta jugular do capacete impedindo sua respirao, sendo socorrido preliminarmente pelo SGT ROGRIO (comandante da guarnio). Posteriormente EDSON foi conduzido ao PSR em DIVINPOLIS em ambulncia da PREFEITURA MUNICIPAL DE CARMO DO CAJURU com o Mdico JOO EUSTQUIO onde permanece em atendimento. O Perito JOS EDUARDO BICALHO MACHADO compareceu ao local, onde realiza seus trabalhos. O Supervisor CAP ERLANDO e o CPCIA SGT RODRIGO OLIVEIRA compareceram ao local. BO 4655; Natureza H01003. TR: 00h01min. OCORRNCIA EM ANDAMENTO.

2. A Polcia Militar editou no ano de 2011 o Caderno Doutrinrio n 4, que trata sobre Abordagem a Veculos. Dada a importncia e complexidade do tema, foi reservada a Seo 5, do referido ordenamento doutrinrio, a fim de padronizar o comportamento das guarnies policiais militares quando das operaes de cerco, bloqueio e perseguio a veculos. 3. A perseguio policial um procedimento operacional previsto nas situaes em que a o agente de crime perseguido logo aps o cometimento do delito e, ainda, nas situaes em que um cidado suspeito desobedece ordem policial legal de parar seu veculo. 4. Ressalta-se porm, conforme Caderno Doutrinrio n 4 que mesmo tendo prioridade no deslocamento, viaturas policiais no esto autorizadas a desenvolver velocidades excessivas que coloquem em risco a segurana no trnsito. Nessa circunstncia, uma vez comprovada a falta de cautela ou a ocorrncia de acidentes, a Administrao Pblica poder ser acionada para o ressarcimento dos danos. 5. Nesse sentido, havendo justificativa para a a perseguio policial e o cerco e bloqueio, a Polcia Militar sempre estar evocando todos os meios legais para restabelecer a ordem pblica e para prevenir que as consequncias danosas de determinado delito se multipliquem. Concomitantemente, todas as aes policiais estaro focadas na preservao da vida, na promoo das garantidas, direitos e liberdades fundamentais da pessoa humana. 6. Portanto, no razovel que diante de um impedimento administrativo do veculo ou uma falta de habilitao para conduzir veculos, situaes muito comuns na rotina policial, seja desencadeada uma perseguio policial ao veculo que evade, redundando em riscos e total ausncia de cautela na conduo de viaturas, muitas vezes avanando sinais fechados, cruzamento perigosos, causando danos ao nosso

instrumento de trabalho, alm de acidentes de trnsito com e sem vtimas. 7. Dessa forma, recomendo aos Cmt de Unidades instrurem a tropa sob o seu comando, com o assunto constante da Seo 5 do Caderno Doutrinrio 4, conforme anexo nico. Esse assunto deve ser inserido na pauta de treinamento dirio e semanal, alm de sempre ser rememorado junto aos Cmt de guarnies e condutores de viaturas policiais militares.

EDUARDO CAMPOS DE PAULO, CORONEL PM COMANDANTE DA 7 RPM

ANEXO NICO CADERNO DOUTRINRIO N 4 Seo 5 5 PERSEGUIO POLICIAL, CERCO E BLOQUEIO A perseguio policial e a operao de cerco e bloqueio so intervenes policiais de nvel 3 (repressivas), que visam compelir o infrator a cessar a resistncia, em obedincia a uma ordem policial legal, forando-o a parar o deslocamento, a fim de que seja abordado. Perseguio policial a ao policial que ocorre antes ou durante uma operao de cerco e bloqueio, que consiste em acompanhar ou seguir um suspeito de prtica de delito, em fuga, com objetivo de abord-lo, identific-lo e, se confirmada a infrao, prend-lo. Os motivos principais para o desencadeamento de uma perseguio policial so: a) situaes em que a Polcia Militar persegue o agente de crime, logo aps o cometimento do delito; b) situaes em que um cidado suspeito desobedece ordem policial legal de parar seu veculo. Cerco - uma ao ttica, que consiste no posicionamento conjunto de policiais e viaturas policiais (e outros recursos logsticos) em pontos estratgicos dentro de um espao geogrfico, a fim de cercar rotas de fuga de pessoa e/ou veculo evasor, de forma a viabilizar a interceptao ou a abordagem. Bloqueio - uma ao ttica, que consiste no posicionamento de policiais e viaturas em um ponto estratgico especfico, dentro de um espao geogrfico, com a finalidade de bloquear, reduzir ou reter temporariamente o fluxo de veculos, permitindo a interceptao ou a abordagem a veculos e pessoas. 5.1 Fundamentao legal A operao de cerco e bloqueio uma interveno policial legal, coercitiva, e que expressa o poder discricionrio conferido ao policial para que promova com eficincia o policiamento ostensivo, atendendo inclusive, aos requisitos de um poder-dever, de que no poder se furtar. Como toda interveno policial, dever ser traduzida por uma ao eficiente, que articule a tcnica e a ttica, legitimada por dispositivos legais e institucionais, para que a medida de restrio do direito de ir e vir das pessoas envolvidas seja justificada pela necessidade de segurana e bem-estar da coletividade. O Cdigo de Processo Penal (CPP) estabelece, em seu artigo 301, que qualquer do povo poder e as autoridades policiais e seus agentes devero prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito(BRASIL,2010). Assim, o policial tem o dever de conter o

agente infrator no estado de flagrncia. No mesmo caminho, cita-se, por igual importncia, o art. 302 do mesmo diploma legal:Art. 302 Considera-se em flagrante delito quem: I - est cometendo a infrao penal; II - acaba de comet-la; III - perseguido, logo aps, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situao que faa presumir ser autor da infrao; IV - encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papis que faam presumir ser ele autor da infrao. (BRASIL, 2010) grifo nosso

A situao do flagrante imprprio, ou da chamada quase flagrncia, foi definida no inciso III do artigo 302 do CPP, quando se pressupe a existncia de indcios suficientes de que o suspeito em fuga seja o autor do delito, o que determinar o desencadeamento de uma ao policial proporcional ao rompimento da ordem pblica. Discorrendo sobre o flagrante imprprio e a consequente perseguio do autor do delito, Nucci (2010) esclarece que esse tipo de flagrante ocorre quando o agente conclui a infrao penal, ou interrompido pela chegada de terceiros, mas sem ser preso no local do delito, pois consegue fugir, fazendo com que haja perseguio por parte da polcia, que poder demorar horas ou dias, desde que tenha incio logo aps a prtica do crime. Ao tratar das situaes de perseguio, o art. 290 do CPP acrescenta que o encalo ao infrator dever ser ininterrupto, contnuo e imediato ao cometimento do delito, para que no se rompa o estado de flagrncia, que justificar sua deteno/priso:Art. 290. Se o ru, sendo perseguido, passar ao territrio de outro municpio ou comarca, o executor poder efetuar-lhe a priso no lugar onde o alcanar, apresentando-o imediatamente autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciar para a remoo do preso. 1 - Entender-se- que o executor vai em perseguio do ru, quando: a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupo, embora depois o tenha perdido de vista; b) sabendo, por indcios ou informaes fidedignas, que o ru tenha passado, h pouco tempo, em tal ou qual direo, pelo lugar em que o procure, for no seu encalo. (BRASIL, 2010)

A perseguio policial tambm poder ser desencadeada para conter um cidado, em atitude suspeita, que desobedece ordem policial de parada para que seja abordado. Pode-se inferir que o crime de desobedincia encontra-se materializado na vontade expressa e deliberada do cidado em no atender ou descumprir determinao legal. De maneira geral, o crime de desobedincia est previsto no artigo 330 do Cdigo Penal (CP).Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionrio pblico: Pena - deteno, de quinze dias a seis meses, e multa. (BRASIL, 2010)

A Lei Federal n 9.503/97, que institui o Cdigo de Trnsito Brasileiro(CTB), trata do

assunto da seguinte maneira:Art. 209. Transpor, sem autorizao bloqueio virio com ou sem sinalizao ou dispositivos auxiliares, deixar de adentrar as reas destinadas pesagem de veculos ou evadir-se para no efetuar o pagamento do pedgio. Infrao grave; Art. 210. Transpor, sem autorizao, bloqueio virio policial; Infrao gravssima;(BRASIL, 1997).

A direo ofensiva imposta pelos policiais, durante a perseguio, tambm encontra respaldo no Cdigo de Trnsito Brasileiro (CTB), na medida em que as viaturas de polcia so definidas como veculos de emergncia, assim como os de salvamento, as ambulncias e os veculos de fiscalizao de trnsito. Esses veculos gozam de livre circulao, estacionamento e parada, quando, comprovadamente, estejam prestando socorro sociedade. Quando em circulao, normalmente sero identificados pelo dispositivo de alarme sonoro (sirene) e de iluminao intermitente, na cor vermelha, afixada sobre o teto. Estando parados ou estacionados, a iluminao estar acionada permanentemente, para a identificao do atendimento de urgncia. Cabe ressaltar, entretanto, que mesmo tendo prioridade no deslocamento, esses veculos no esto autorizados a desenvolver velocidades excessivas que coloquem em risco a segurana no trnsito. Nessa circunstncia, uma vez comprovada a falta de cautela ou a ocorrncia de acidentes, a Administrao Pblica poder ser acionada para o ressarcimento dos danos. Assim, uma vez justificada a perseguio policial e o cerco e bloqueio, a Polcia Militar sempre estar evocando todos os meios legais para restabelecer a ordem pblica e para prevenir que as consequncias danosas de determinado delito se multipliquem. Concomitantemente, todas as aes policiais estaro focadas na preservao da vida, na promoo das garantidas, direitos e liberdades fundamentais da pessoa humana. 5.2 Planejamento e desenvolvimento As intervenes de cerco e bloqueio exigem aes estratgicas para cessar o deslocamento de veculos suspeitos, em fuga. Essas aes sero traduzidas numa organizao sistmica, que conjugue os recursos humanos e logsticos e integre as unidades operacionais da Polcia Militar, bem como os demais rgos do Sistema de Defesa Social, que auxiliaro nos resultados. Uma operao de cerco e bloqueio pode surgir de um planejamento prvio, em funo da certificao de conduta criminosa, ou desencadeada durante o turno de servio, para conter um grave problema de perturbao da ordem pblica. Quando aborda a questo do planejamento das intervenes policiais, a Diretriz Geral para o Emprego Operacional da PMMG (DGEOp) instrui que no se admite a ao de uma frao da Polcia Militar ou de um militar isolado que no obedea a um planejamento oportuno e, via de regra, escrito. Nos casos simples ou de urgncia, poder

ser verbal ou mental. (DGEOP, 2010). Nesse entendimento e em adequao ao planejamento, os comandantes, nos diversos nveis, devero observar fatores intervenientes bsicos, para o emprego da tropa, como o preparo tcnico para o tipo de operao, as condies fsicas e de sade do policial, a experincia profissional, dentre outros. Para o sucesso da interveno, o efetivo deve ser instrudo, receber ordens claras e obedecer ao planejamento definido como o mais adequado soluo da ocorrncia. Entretanto, quando a operao for necessria e no houver tempo para um planejamento prvio, haver um conjunto mnimo de procedimentos a serem observados para o seu lanamento, destacando-se: a unidade de comando; o compartilhamento de dados e informaes sobre a ocorrncia; a definio de funes e pontos de bloqueio; a atuao sistmica. Em todos os casos, o desencadeamento da interveno estar ligado ao tempo de reao em que a fora policial identifica a situao que exija o lanamento de um esforo operacional diferenciado para sua conteno. A mobilizao imediata dos recursos disponveis, alinhada ao planejamento que procure antecipar provveis decises e o destino do suspeito ou agente de crime em fuga, contar, inclusive, com os fundamentos da abordagem policial (segurana; surpresa; rapidez; ao vigorosa; unidade de comando) (Ver Caderno Doutrinrio 1). Com base no fundamento da Unidade de Comando, a coordenao e o controle sobre emprego dos meios logsticos, efetivo envolvido, armamento e equipamento ficaro a cargo do oficial de servio ou do policial mais antigo no turno, que observar planejamento prvio de sua Unidade para as operaes de cerco e bloqueio, realizando as adaptaes necessrias, ou determinar uma linha de ao para essas intervenes ocorridas durante o servio. Um bom planejamento evita distores, durante a execuo, e proporciona grande assertividade nas decises do Comandante. 5.2.1 Caractersticas dos locais de Cerco e Bloqueio Os locais apropriados para a montagem dos dispositivos de cerco e bloqueio devem ser criteriosamente escolhidos. Os policiais envolvidos devem ter pleno conhecimento desses locais, o que refletir na agilidade do deslocamento e na eficincia da operao. Os pontos ideais para o cerco e bloqueio devero observar: distncia de vias marginais em relao via principal, ou de estradas vicinais que possam favorecer a fuga do veculo suspeito; distncia de abismos, paredes abruptas ou de danos naturais na via (buracos, obras),

que possam prejudicar a segurana de procedimentos; ausncia de curvas, aclives, declives ou de grande circulao de pessoas; proximidade dos redutores de velocidade (quebra molas, lombadas e radares eletrnicos), principalmente em vias de trnsito rpido. Caso seja necessria a montagem de bloqueio em rodovias estaduais, podero ser utilizados os postos da Polcia Rodoviria (PRv), que possuam estrutura e equipamentos indispensveis segurana. Em relao s rodovias federais, os pontos de bloqueio devero ser montados por intermdio de contato com a Polcia Rodoviria Federal (PRF), nas situaes em que forem viveis. 5.2.2 Estados de Prontido Nas intervenes de cerco e bloqueio, o estado de prontido corresponder s condies fisiolgica e mental com que o policial se prepara para enfrentar a situao de risco. Sua capacidade de resposta depender do controle dessas condies e dos fatores subjetivos, que interferem no modo como as pessoas percebem e respondem aos estmulos. (ver Caderno Doutrinrio 1) Em relao avaliao de risco, o policial empregado nesse tipo de interveno poder passar por duas situaes: ciente de que o confronto provvel, adequar seu estado de prontido para o estado de alerta (laranja), e se manter vigilante ameaa, sempre fazendo o clculo do nvel de fora adequado; diante do risco real do confronto, dever estar no estado de alarme (vermelho), mantendo extrema ateno ao perigo e s medidas necessrias sua segurana. A evoluo adequada dos estados de prontido muito importante para a atuao policial. O prolongamento desnecessrio do estado de alarme (vermelho) poder acarretar reaes adversas no policial: esgotamento mental (estresse crnico); oscilao dos estmulos fisiolgicos (percepo, ateno ou pensamento) e a consequente sobrecarga fsica provocada pelo peso do armamento. Nessas condies, o policial estaria despreparado para enfrentar o risco, favorecendo o surgimento do estado de pnico que, alm de impossibilitar sua atuao individual, poder comprometer o desempenho e a segurana da equipe. Assim, estando numa interveno nvel 3, semelhana da categoria 3 da Blitz Policial (seo 2 do Caderno Doutrinrio 3), os policiais estaro certos das hipteses de uso de fora em nveis elevados, contudo garantiro uma resposta mais adequada, medida que mantiverem o estado de prontido coerente com o momento da perseguio, do cerco, do bloqueio ou do confronto por meio da fora letal.

Dependendo da dinmica da ocorrncia policial, a oscilao dos estados de prontido ser necessria para nivelar os procedimentos em relao ao aumento ou a diminuio do risco. Os estados de prontido determinaro a coerncia da posio das armas dos policiais. No estado de alerta (laranja), durante o cerco e bloqueio, antes da visualizao do veculo suspeito, a posio coerente das armas ser a posio 2 (guarda-baixa) ou a posio 3 (guardaalta); no estado de alarme (vermelho), ser a posio 4 (pronta-resposta), no momento da abordagem. Ao trmino da interveno, restabelecida a normalidade, os policiais retornaro ao estado de ateno (amarelo), coerente com a situao do patrulhamento ordinrio. Se, porventura, ocorrer evaso de veculo/pessoa em atitude suspeita de ponto de cerco/bloqueio ou, se houver informao do envolvimento de outros veculos na ao delitiva, os policiais devero atuar oscilando entre os estados de alerta e alarme, durante o rastreamento. 5.2.3 Distribuio de Funes Como em toda interveno, ser imprescindvel a definio de papis, para a organizao da atuao policial: a) PM Comandante: ser o policial em funo de comando do turno de servio ou especialmente designado para o comando daquela operao, ou o de maior posto/graduao da guarnio, no momento da ecloso dos fatos. Caber a ele: o planejamento, a tomada de decises de forma a atingir os resultados propostos para a interveno policial; a definio de pontos de bloqueio e dos recursos alocados para os locais; o controle das comunicaes operacionais; os anncios ao escalo superior; a instruo do efetivo empenhado e a manuteno dos policiais em estado de prontido coerente com o nvel de risco da ocorrncia; b) PM Segurana: o policial responsvel pela segurana dos componentes da guarnio e pela segurana perifrica. Sua posio no fixa, varia de acordo com a quantidade de policiais envolvidos. A funo de segurana dever ser bem definida em todos os momentos da operao, em razo do risco em potencial que ela representa. O militar mais antigo de cada ponto de cerco e bloqueio dar a devida ateno designao do PM Segurana, j que esse policial dever cuidar, ainda, de interferncias como a presena de curiosos, enquanto os demais mantm o foco na chegada do veculo suspeito. As demais funes que se fizeram necessrias ao momento especfico da abordagem seguiro o previsto na seo 4, deste caderno. 5.2.4 Comunicaes e Logstica Em relao s comunicaes na rede-rdio, sugere-se a seguinte verbalizao para o desencadeamento da Operao de Cerco e Bloqueio:

- Ateno rede, prioridade! Ativar Cerco e bloqueio! (a partir deste momento, a operao seguir o planejamento do plano de cerco e bloqueio da Unidade) - Ateno viaturas! A partir deste momento deem prioridade para as comunicaes da operao de Cerco e Bloqueio. - Viatura mais prxima da avenida (nome), d o prefixo! - VP (prefixo)! Monte o cerco no entroncamento com a rua (nome). - Viatura mais prxima da rua (nome)! Monte o bloqueio no entroncamento com a rua (nome). - VP (prefixo)! Mantenha a rede liberada para as comunicaes da viatura (prefixo), em perseguio policial. LEMBRE-SE: Nas situaes em que no seja possvel o controle das comunicaes por meio do COPOM, a comunicao ser centralizada no comandante da operao. As viaturas no envolvidas devero permanecer no atendimento das ocorrncias do turno, atentas rede-rdio. O PM Comandante, no gerenciamento da interveno, poder recorrer ao militar mais antigo do turno, para que assuma, provisoriamente, a coordenao das ocorrncias de rotina, at que a operao se estabilize. Sempre que possvel, as viaturas lanadas no turno devero equipar-se, previamente, com os recursos logsticos necessrios ao emprego imediato nesse tipo de interveno policial. Assim, sero necessrios armamento (porte e porttil), escudo balstico, apitos, rdios HT, cavaletes, cones, dentre outros. Em razo da facilidade de transposio de obstculos, a utilizao de viaturas de duas rodas poder ser bastante eficiente no monitoramento do veculo a ser bloqueado, principalmente se motocicleta. Entretanto, ressalta-se que essas viaturas no oferecem proteo ao policial, alm de exigirem velocidade compatvel com a motocicleta em fuga, o que poder causar acidentes. Caso seja necessrio o apoio do patrulhamento areo, os policiais devero informar um ponto de referncia de fcil visualizao para a aeronave, que contribuir na localizao dos suspeitos e no direcionamento das viaturas que comporo o cerco/bloqueio. 5.3 Procedimentos tticos para a realizao da perseguio policial Dentro da operao de cerco e bloqueio, a perseguio policial um dos momentos de maior risco para a integridade dos envolvidos. Ao iniciar a perseguio a veculo suspeito, os policiais devero adotar os seguintes procedimentos: a) deslocar-se utilizando o cinto de segurana; b) apesar da dificuldade de monitoramento visual, identificar e repassar central de

comunicaes, dados do veculo suspeito (tipo, marca, modelo, cor, nmero da placa, adesivos, localizao, itinerrio seguido, nmero de ocupantes, comportamento, possibilidade de existncia de armas de fogo, possibilidade de queixa furto/roubo), que subsidiaro a abordagem e a articulao da fora policial para o cerco e bloqueio; c) acionar os sinais luminosos e a sirene para sinalizar a situao de emergncia policial aos usurios da via e demonstrar a ordem de parada aos ocupantes do veculo em fuga; procurar manter as armas no coldre e sac-las somente no momento da parada do veculo em fuga. O deslocamento desnecessrio com a arma na posio 4 (prontaresposta) assusta a populao, alm de acarretar riscos de disparos; manter a distncia mnima de segurana da viatura em relao ao veculo em fuga (sugere-se 10 metros), atendendo aos limites de velocidade da via. Essa distncia dever ser aumentada para, no mnimo, 50 metros, se os ocupantes efetuarem disparos de arma de fogo contra a viatura. Nessas circunstncias, os policiais no devero revidar a agresso; o comandante deve pedir prioridade na rede-rdio e determinar que os policiais mantenham a disciplina, a qualidade e a serenidade nas comunicaes; o equilbrio emocional durante a interveno, o controle da segurana dos procedimentos e o foco nos objetivos da interveno. Sugere-se a seguinte verbalizao: _ COPOM VP (prefixo), prioridade! _ Estamos perseguindo um veculo em fuga pela avenida, rua (nome) na altura do nmero ...., na direo .... (citar localizao, itinerrio). _ Trata-se de um (dados de identificao do veculo: tipo, marca, modelo, nmero da placa). - Veculo ocupado por dois suspeitos armados. - Acione o plano de cerco e bloqueio e alerte todas as guarnies do turno. LEMBRE-SE: Trs razes essenciais para a disciplina das comunicaes na rede-rdio: fazer com que as ordens do comandante da operao alcancem todos os envolvidos; auxiliar no controle do nvel de estresse da ocorrncia; impedir que mensagens confusas alterem o estado de prontido dos policiais. Os policiais no podero: ultrapassar ou emparelhar a viatura com o veculo suspeito; forar uma parada abrupta do veculo, efetuando manobras perigosas (fechadas); disparar arma fogo contra o veculo em fuga, pois haver risco de atingir transeuntes ou provveis refns em seu interior. (Ver Caderno Doutrinrio 1). As dificuldades mais comuns a essa interveno so: escassez de dados sobre os ocupantes do veculo (trajes, compleio fsica, periculosidade, vida pregressa, dentre outros); fluxo da via, velocidade excessiva, desrespeito s regras de trnsito pelo veculo em fuga, obstculos naturais durante o trajeto, dentre outras; h a possibilidade de existir refns ou pessoas pertencentes a grupos vulnerveis (crianas, adolescentes, pessoas portadoras de necessidades especiais) no veculo em fuga.

ATENO! Nem sempre um veculo em fuga implica cometimento de crime. Dentre os inmeros exemplos, citam-se menores inabilitados, condutores sem documentao obrigatria ou veculo particular prestando socorro a pessoas em situaes de urgncia. Atente-se para o fato de que nem sempre existir o momento da perseguio policial, numa operao de cerco e bloqueio. Da mesma forma, ainda que iniciada, a perseguio ser imediatamente suspensa, quando surgir uma situao de risco, que no poder ser controlada ou contida pela viatura policial em deslocamento. Nesse caso, os policiais devero manter o procedimento de suprir a rede de comunicaes com as informaes necessrias aos pontos de cerco e bloqueio, que se encarregaro da abordagem. Todos os policiais devero compartilhar as informaes captadas. Com base nas informaes recebidas e evoluo, o PM Comandante acionar o plano de cerco e bloqueio para interceptar o veculo suspeito. ATENO! Nas situaes que impeam a continuidade do emprego de determinado policial (pnico, doena, ferimentos, atropelamento, quedas, desmaio), dever ser prestado o socorro imediato vitima, at que o atendimento especializado seja providenciado. 5.4 Providncias para a realizao de cerco policial em decorrncia de evoluo da perseguio a veculo suspeito Tendo progredido a perseguio policial e o PM Comandante decidido pelo cerco e bloqueio das rotas de fuga, simultaneamente, tomar outras providncias importantes para o sucesso da interveno: determinar os pontos as serem bloqueados e deslocar o efetivo necessrio manuteno dos postos, por tempo indeterminado, devendo recorrer, inclusive, ao plano de cerco e bloqueio da Unidade; estabelecer, de forma clara, os limites territoriais de cada ponto de cerco, para que a fora policial empregada no se disperse; na ausncia de COPOM, SOU/SOF, manter a unidade das comunicaes podendo designar, inclusive, que um policial, com fluncia verbal, realize o trabalho de centralizao das informaes para alimentao da rederdio: sentido de fuga; possibilidade de passagem pelo ponto de bloqueio; deslocamento da imprensa; manifestao de populares; estradas vicinais; obras na via; mudana ou abandono de veculos utilizados na prtica do crime; evoluo dos fatos; solicitar apoio de unidades operacionais, com responsabilidade territorial sobre o itinerrio do veculo em fuga, ou que possam contribuir na resoluo da ocorrncia, caso essa medida no tenha sido tomada, no incio da perseguio; providenciar o anncio circunstanciado ao escalo superior, assim que possvel; coordenar o distribuio do reforo policial de forma a recobrir com eficincia todos os

pontos necessrios; nas situaes em que a Operao de Cerco e Bloqueio se estender por tempo indeterminado, providenciar substituio do efetivo escalado nos pontos de cerco/bloqueio, bem como o suporte logstico necessrio (alimentao, reposio de baterias de rdio transmissor, lanternas, viaturas, ambulncia). A providncia do cerco policial aos provveis locais de passagem do veculo suspeito decorrer, ainda, de situaes rotineiras de fuga de infratores do local de crime, sem que haja, necessariamente, uma perseguio policial. 5.4.1 Montagem de dispositivo de cerco parcial da via Durante a montagem do dispositivo, os policiais devero considerar os aspectos de segurana adequados ao tipo de via e ao fluxo de trnsito. possvel que durante a montagem ocorra a presena de curiosos nos pontos de cerco. Havendo necessidade de tranquilizar a populao, os policiais prestaro informaes bsicas e objetivas sobre a interveno, preservando os dados de carter reservado, que possam comprometer a operao. Alm disso, os policiais devero retirar essas pessoas do local de cerco, a fim impedir a exposio desnecessria aos riscos. Durante a operao, viaturas podero cercar, parcialmente, a via, ou bloque-la totalmente. A montagem parcial do cerco ser o primeiro esforo de controle nos itinerrios provveis de fuga do veculo suspeito, que ter como objetivo realizar o monitoramento do local, disciplinar o fluxo e a velocidade dos veculos, de forma a reduzir os riscos integridade fsica dos evolvidos, numa provvel abordagem. O PM Verbalizador estacionar a viatura num ngulo de 45, com a frente voltada para o sentido da via. Em seguida, desembarcar e distribuir os cones na pista, de forma a direcionar os veculos para uma nica passagem (passa 1). (FIG. 28).

Figura 28 - Dispositivo policial para o cerco da via. O PM Verbalizador (Motorista) se posicionar, em p, na lateral direita da viatura,

prximo ao bloco do motor. O PM Comandante se posicionar na lateral direita da viatura, prximo coluna central. O PM Segurana ficar posicionado ao lado do PM Comandante, dando cobertura durante a interveno, prximo ao para-choques traseiro. O PM Segurana perifrica ser o responsvel pela segurana perifrica e ficar posicionado, com silhueta reduzida, a uma distncia aproximada de 2m da porta dianteira direita da viatura. ATENO! Um policial poder acumular duas ou mais funes descritas acima, devido ao nmero de integrantes da equipe. Os policiais utilizaro a viatura como proteo, bem como podero aproveitar os abrigos existentes nas imediaes. A expectativa da identificao do veculo suspeito contribuir para aumentar o nvel de estresse dos policiais. Logo, o monitoramento das comunicaes ser fundamental ao preparo mental e ao controle emocional que podero influenciar na avaliao de riscos e no domnio tcnico dos policiais que realizam o cerco. 5.5 Providncias para a realizao de bloqueio policial em decorrncia de evoluo da perseguio a veculo suspeito Tendo o PM Comandante determinado o cerco de determinados pontos, em decorrncia da perseguio policial, o prximo passo ser o efetivo bloqueio da via. A transio entre os estgios perseguio-cerco-bloqueio acontecer de forma natural e, inclusive, simultnea, sempre que a necessidade exigir. No que diz respeito ao momento do bloqueio, as observaes so as seguintes: o bloqueio no ser feito nas reas com aclives, declives, curvas, rodovias ou locais com grande movimentao de pessoas. Nas vias de trnsito rpido, o policial redobrar os cuidados com a segurana viria, podendo aproveitar os locais de reduo natural da velocidade (proximidades de quebra-molas ou de redutores eletrnicos de velocidade); os policiais utilizaro viaturas, ou meios de infortnio (tambores de concreto; interrupo do semforo), como barreiras fsicas na via, que efetivem o bloqueio; a ao de bloqueio congestionar o trfego, especialmente no meio urbano. Diante dessa perspectiva, a ateno dos policiais dever ser redobrada quanto ao abandono do veculo suspeito na via ou quanto ao foramento de passagem em meio ao engarrafamento, inclusive pela mo contrria de direo; com a possibilidade do abandono do veculo, podero surgir novas rotas de fuga dos infratores, que podero prosseguir a p, homiziar na rea referente ao cerco/bloqueio, ou at mesmo tomar outros veculos no trajeto. As dificuldades mais comuns que favorecem a evaso do veculo suspeito do bloqueio

policial: conhecimento das rotas de fuga pelos infratores e o desconhecimento pleno dessas rotas em relao a todos os policiais envolvidos na operao, principalmente quando h envolvimento de vrias Unidades Operacionais; carncia de viaturas suficientes para a cobertura de todos os pontos de bloqueio, necessrios conteno do veculo suspeito. 5.5.1 Montagem do dispositivo de bloqueio na via A dinmica do bloqueio policial se dar da seguinte forma: assim que a viatura do ponto de cerco receber a informao de que o veculo em fuga passar pelo local, providenciar o bloqueio imediato da via, num dispositivo que contar com a montagem de trs barreiras: a primeira, realizada com uma indicao do bloqueio da pista (cavaletes); a segunda, ser realizada com cones distribudos ao longo da pista; a terceira e ltima barreira ser concretizada pela disposio das viaturas na via; a viatura ficar estacionada num ngulo de 45, com a frente voltada para o sentido da via, e a 100 metros, aproximadamente, do terceiro bloqueio. Dependendo da largura da via, sero necessrias duas viaturas estacionadas a 45 para o bloqueio, conforme mostra a (FIG. 29 e 30). os policiais utilizaro a viatura como proteo, bem como podero aproveitar os abrigos existentes na via ou imediaes; o estado de prontido dos policiais passar de alerta (laranja) para o alarme (vermelho), assim que avistarem o veculo suspeito;

Figura 29 - Bloqueio de pista simples com uma viatura e dois policiais.

Figura 30 - Bloqueio de pista dupla com duas viaturas e quatro policiais o PM Comandante determinar que um policial se antecipe ao dispositivo montado na via e permanea em local seguro (coberto e abrigado), com a arma no coldre, fazendo a observao avanada, a fim de detectar a aproximao do veculo suspeito. Esse policial no realizar abordagem a pessoas ou veculos e se ater observao; a abordagem ser realizada pelos militares envolvidos na perseguio do veculo, sempre que possvel. Os policiais empregados no cerco/bloqueio permanecero abrigados e daro cobertura abordagem. Cuidado especial deve ser tomado nesse momento, pois o veculo suspeito ficar entre as viaturas que executam o bloqueio e a viatura que realiza a perseguio. aps a parada do veculo suspeito, os policiais realizaro a abordagem observando as sees 3 e 4, deste Caderno, ou as orientaes do Caderno Doutrinrio 2, naquilo que for pertinente. LEMBRE-SE! A operao de cerco e bloqueio uma interveno de nvel 3, com alternncia dos estados de prontido e utilizao de nveis de fora mais elevados. Entretanto, no interior da operao, podero surgir situaes claras de aplicao das orientaes contidas no CD 2 e que, inclusive, reduziro o uso de fora. o caso das pessoas que podero ser abordadas fora da linha de frente dos pontos de cerco/bloqueio, ou mesmo aps a retirada dos ocupantes, do interior do veculo interceptado.