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Doença de Gumboro-Experiência Brasileira O Controle – Proposta da Fort Dodge Saúde Animal Ltda Med. Vet. Alberto Bernardino Gerente Técnico de Avicultura Introdução O problema de Gumboro no campo pode manifestar-se de maneira clínica ou sub-clínica e normalmente temos quatro diferentes formas de ocorrência que estão ligadas diretamente ao tipo de vírus envolvido, como demonstrado na tabela 1. Desde o final de 1997, o motivo principal de preocupação dos produtores avícolas no Brasil, tem sido as infecções por um vírus mais virulento (vvIBDV), comumente chamado de G-11 , devido ao padrão molecular utilizado para classificação pelo Laboratório SIMBIOS (8), onde na análise do fragmento de DNA (248bp) classificou-o de maneira particular no chamado “ grupo molecular 11”. Contudo, não podemos relevar a presença de outros tipos de vírus de Gumboro, pertencentes ao sorotipo 1, menos patogênicos, que estão presentes em nosso país e muitas vezes causando a “Gumboro sub-clínica” (2) onde não vemos sintomatologia nem lesões características mas sim problemas secundários, principalmente respiratórios, devido ao problema de imunossupressão causado por estes vírus. Como o problema causado pelo vvIBDV se torna mais evidente e exige um melhor controle, ele tem sido o foco de atenção nos últimos anos, também porque o mesmo já está disseminado por todo o país (áreas de importância para a produção avícola). Com base na experiência de países e profissionais que já passaram por problema semelhante, demos início ao trabalho que visa um melhor controle desta forma de enfermidade tanto em frangos de corte como em frangas de postura comercial. Não vamos nos ater somente em tipos de vacina e programas de vacinação mas também considerar todos os fatores que se inter-relacionam e que sem um controle adequado não obteremos sucesso na prevenção contra Gumboro. O veterinário; técnico e/ou granjeiro consciente deve trabalhar medidas sanitárias indicadas e manejo correto juntamente com o programa e tipo de vacina que serão utilizados, pois caso contrário, onde se fica esperando que a vacina por si só resolva tudo, não se atinge 100% de eficácia no controle.

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Doença de Gumboro-Experiência Brasileira

O Controle – Proposta da Fort Dodge Saúde Animal Ltda Med. Vet. Alberto Bernardino

Gerente Técnico de Avicultura

Introdução O problema de Gumboro no campo pode manifestar-se de maneira clínica ou sub-clínica e normalmente temos quatro diferentes formas de ocorrência que estão ligadas diretamente ao tipo de vírus envolvido, como demonstrado na tabela 1. Desde o final de 1997, o motivo principal de preocupação dos produtores avícolas no Brasil, tem sido as infecções por um vírus mais virulento (vvIBDV), comumente chamado de G-11 , devido ao padrão molecular utilizado para classificação pelo Laboratório SIMBIOS (8), onde na análise do fragmento de DNA (248bp) classificou-o de maneira particular no chamado “ grupo molecular 11”. Contudo, não podemos relevar a presença de outros tipos de vírus de Gumboro, pertencentes ao sorotipo 1, menos patogênicos, que estão presentes em nosso país e muitas vezes causando a “Gumboro sub-clínica” (2) onde não vemos sintomatologia nem lesões características mas sim problemas secundários, principalmente respiratórios, devido ao problema de imunossupressão causado por estes vírus. Como o problema causado pelo vvIBDV se torna mais evidente e exige um melhor controle, ele tem sido o foco de atenção nos últimos anos, também porque o mesmo já está disseminado por todo o país (áreas de importância para a produção avícola). Com base na experiência de países e profissionais que já passaram por problema semelhante, demos início ao trabalho que visa um melhor controle desta forma de enfermidade tanto em frangos de corte como em frangas de postura comercial. Não vamos nos ater somente em tipos de vacina e programas de vacinação mas também considerar todos os fatores que se inter-relacionam e que sem um controle adequado não obteremos sucesso na prevenção contra Gumboro. O veterinário; técnico e/ou granjeiro consciente deve trabalhar medidas sanitárias indicadas e manejo correto juntamente com o programa e tipo de vacina que serão utilizados, pois caso contrário, onde se fica esperando que a vacina por si só resolva tudo, não se atinge 100% de eficácia no controle.

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Tabela 1.

Tipo de vírus Tipo de manifestação Apatogênico Depressão - ; Mortalidade - Baixa Patogenicidade

Depressão + ; Mortalidade -

Média Patogenicidade

Depressão + ; Mortalidade +

Alta Patogenicidade Depressão ++ ; Mortalidade ++ Brown, B.S. (1999) Características Epidemiológicas do IBDV 1- A infectividade é elevada, pois pequenas doses do vírus são suficientes para a instalação da infecção na ave. 2- A patogenicidade do sorotipo 1 é maior do que a do sorotipo 2 para galinhas, e em plantéis totalmente suscetíveis, a morbidade pode atingir valor igual a 100%. Em plantéis parcialmente imunizados a morbidade é baixa. Em plantéis bem vacinados com vacina capaz de proteger cepas de campo, a morbidade é quase nula. A patogenicidade é maior quando a infecção ocorre entre 2 e 4 semanas de vida da ave e é menor se ocorrer entre 1 dia e 2 semanas, em decorrência da imunidade passiva. 3- A virulência varia com a cepa. A virulência da cepa padrão é baixa, podendo ser avaliada pela intensidade dos sinais clínicos, cura espontânea e baixa mortalidade. Á medida em que aumenta a virulência da cepa aumenta também mortalidade. A mortalidade pode variar de 20 a 30%, observada por volta do terceiro dia após infecção, atingindo valor máximo entre 5 e 7 dias, quando passa a declinar. O processo de imunossupressão é maior quando a infecção ocorre entre 1 dia e 2 semanas de vida em aves suscetíveis, devido aos agravos sobre o sistema imune, que tornam as aves mais propensas a infecção por diferentes agentes de doenças e menos capazes de responder às vacinações. 4- A imunogenicidade é elevada. Aves infectadas com uma cepa de vírus produzem anticorpos dirigidos para esta cepa homóloga. Os sorotipos possuem grupos antigênicos comuns detectados por provas de ELISA ou por imunofluorescência indireta e, portanto, por sorologia não é possível distinguir sorotipo. Existem antígenos específicos para cada sorotipo que estimulam a elaboração de anticorpos específicos. Admite-se que os anticorpos responsáveis pela proteção sejam elicitados pela VP2. Estudos baseados em biologia molecular têm revelado que nas cepas variantes pode ocorrer um aumento da virulência sem alterar a estrutura antigênica do vírus. Cepas do VDIB, conhecidas como “muito virulentas”, são capazes de infectar pintos com elevados títulos de anticorpos passivos, exigindo uma imunização mais rigorosa. Uma variação antigênica ocorre, porém os principais determinantes antigênicos que a classificam como sendo do sorotipo 1 estão preservados. As proteínas estruturais do VDIB são identificadas como VP1, VP2, VP3, VP4 e VP5. As proteínas maiores são a VP2 e VP3, representando respectivamente 51% e 40% do peso total, e as menores são a VP1 e VP4, representando respectivamente 3 e 6%. Desconhece-se a função da recém-descoberta proteína VP5. As cepas ou tipos de cada sorotipo são resultantes de mutação genética, que ocorre nos aminoácidos localizados principalmente na proteína VP2, responsável pela resposta imune protetora contra DIB.

Brown, B.S. (1999)

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As variações moleculares detectadas por RT-PCR não significam, necessariamente, uma alteração na conformação do vírus que determine uma mudança na resposta antígeno-anticorpo, porém em alguns casos estas alterações levam a falhas de proteção por não conformidade na relação antígeno/anticorpo tanto no que diz respeito à imunidade passiva como na ativa. As provas que são aceitas pela comunidade científica são conduzidas com modelos laboratoriais, podendo utilizar painéis de anticorpos monoclonais contra os diferentes determinantes antigênicos (epítopes) existentes na superfície do vírus, e reproduzem, in vitro, a reação que pode ocorrer no organismo da ave ou mais recentemente a biologia molecular com o sequenciamento do VP2 do IBDV. Em 1999, foi descrito o ponto de mutação que afeta o aminoácido 222 da proteína VP2 e que pode ser empregado para diferenciar as variantes ou cepas do VDIB. A maioria das cepas clássicas possui prolina, que nas variantes é substituída por serina ou treonina ou glutamina na posição 222. Os recentes trabalhos indicam que as mutações no gene 222 do VP2 estão associadas às diferenças imunogênicas entre as cepas do VDIB. Em algumas cepas clássicas, o aminoácido glicina é substituído pela serina na posição 254. Na posição 253 das cepas clássicas, existe o aminoácido glutamina, que é substituído pela histidina. Essas evidências foram demonstradas por prova de RT/PCR. As cepas estudadas revelam diversidade genética tanto nas amostras isoladas nos EUA como também em granjas comerciais de outras partes do mundo. Não está completamente demonstrada a relação entre essa diversidade genética com a capacidade imunogênica das cepas do VDIB. Como os perfis estudados pelo RT/PCR e sequenciamento são gerados utilizando o gene VP2, que é a proteína de maior responsabilidade pela imunogenicidade do VDIB, possível que estejam sendo influenciados pelas variações genéticas das cepas virulentas de campo. As regiões do VP2 que formam os determinantes antigênicos onde ocorre maior variabilidade estão nos chamados picos A e B e 1 e 2 dentro do “ complexo trímero” na superfície do vírus onde se forma a região de ligação do IBDV à célula alvo. Estes epítopos vão caracterizar tanto o “ fenótipo viral” determinado nos testes de anticorpos monoclonais como também as diferenças no genótipo. Esta região do complexo trímero, chamada de “ donnut hole” (fig.2 e 3) exibindo as diferenças entre as cepas dos diversos IBDV e responsável pela ligação à célula alvo é que precisa ser neutralizada com anticorpos específicos pois dessa maneira não ocorrerá a ligação vírus/célula-alvo. Isto explica a diferença na eficácia das diferentes vacinas existentes pois muito dificilmente haveria um único VP2 capaz de estimular a formação de anticorpos protetores contra os diferentes vírus de campo em todo o mundo. Fig.1 Fig.2

AA

2211BB

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Fig 1 – Complexo trímero entre regiões do VP2 exibindo os picos A; B; 1 e 2 Fig 2 – Anticorpos específicos neutralizando o “site” de ligação à célula alvo. Fatores inter-relacionados no controle da Enfermidade de Gumboro Como citado anteriormente, a melhor chance de se obter sucesso no controle da Gumboro é cobrindo todas as áreas envolvidas nesse processo e sendo assim vamos relacionar cada uma delas exemplificando sua importância no processo. São elas : - Tipo de desafio na região; - Imunidade Materna; - Manejo e Meio Ambiente; - Tipo de Vacina; - Programa e Método de Vacinação Para cada um destes fatores faremos considerações em relação a frangos de corte ou reprodutoras Tipo de desafio na região Seria muito fácil se pudéssemos implantar um modelo único de programa de vacinação, seja para frangos de corte ou reprodutoras, porém temos exemplos de que isso não funciona. A principal razão é que cada região tem sua própria realidade em termos de desafio de Gumboro (tabela 2). Tabela 2. País Imunossupress

ão permanente Imunossupress

ão temporária

Depressão Mortalidade

USA sim não não não Canadá sim não sim não Colômbia sim sim não não Brasil sim sim não sim Vimos que na América do Norte a principal preocupação é com relação aos vírus variantes, principalmente os Delaware, e mais recentemente novos vírus (amostra isolada no estado da Geórgia?). Sendo assim, os americanos trabalham com programas idealizados para desafio precoce e imunizam as reprodutoras com vacinas inativadas que contém cepas de virus variantes. Já na Europa, Africa, Oriente Médio e Ásia, a realidade desde meados e final da década de 80 é o

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desafio por vvIBDV, e foi onde surgiu a necessidade de vacinas vivas mais invasivas para um melhor controle. Mesmo dentro do Brasil, que é um país de grande extensão territorial, temos diferenças entre as regiões e o que pode ser realidade para um, pode não ser para outro. Ainda dentro de uma mesma região, temos realidades de instalações e manejo diferentes que contribuem para um melhor ou pior controle. Em resumo, não podemos adotar um programa de vacinação simplesmente pelo fato dele estar funcionando em outro local mas sim avaliar antes se as condições são semelhantes para então adotá-lo e se obter sucesso. Já presenciei casos onde veterinários me disseram que usavam determinado programa porque nos Estados Unidos era usado com sucesso (atualmente, realidades totalmente diferentes em relação ao desafio). O desafio de campo pode ser causado por virus mais patogênicos e nesses casos a capacidade destes vírus vencer a barreira dos anticorpos maternos é maior assim como o efeito nas aves afetadas será mais pronunciado (sintomatologia clínica evidente e lesões características). Vírus menos patogênicos não produzem efeito tão evidente a não ser quando da combinação com outros agentes imunossupressivos (Anemia; Marek; Reovírus e micotoxicoses principalmente). Outras diferenças, quanto maior for a patogenicidade do vírus, são : - causam maior mortalidade; - induzem maior resposta sorológica - causam maior depleção linfocitária - agem em menor concentração - podem ser encontrados nos tecidos linfóides secundários mais facilmente. Quanto maior a concentração viral no galpão mais precoce tende a ser o desafio, isto explica o porquê da enfermidade normalmente vir atingindo lotes em idades cada vez mais jovens. Tanto na Europa (10), África do Sul quanto no Brasil os problemas iniciaram em frangos de corte entre 4 e 5 semanas de idade e depois atingiram aves de 2 a 3 semanas de idade (o mesmo com frangas de postura, principalmente as criadas em piso). Já em reprodutoras, devido a melhor biosseguridade, poucos casos foram detectados e a mortalidade bem menor. Quando conseguimos através de manejo e desinfecção diminuir a concentração viral e aliado a isso termos pintinhos(as) com altos níveis de anticorpos maternos e baixo coeficiente de variação a tendência é diminuirmos cada vez mais o desafio e se o mesmo vier a ocorrer será mais tardio. Novos testes de laboratório estão se tornando realidade no Brasil, como a imunofenotipagem do vírus de Gumboro e através da mesma Di Fábio (2001) em testes experimentais descreveu três padrões diferentes para o vírus G-11. Isto nos leva a pensar se estamos diante de um único ou realmente existem mais de um patotipo do G-11. Em relação ao tipo de desafio o quê podemos fazer? - Adotar medidas sanitárias visando baixar a concentração do vírus de campo - Aumentar o intervalo entre os lotes - Trabalhar em conjunto as granjas vizinhas, caso contrário pouco adianta Imunidade Materna A proteção materna (AM) é essencial para proteger as aves nos seus primeiros dias de vida contra o desafio de campo, porém já está comprovado que essa imunidade também age nos vírus vacinais interferindo no sucesso da vacinação (11). Progênies oriundas de diferentes origens de

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reprodutoras vão apresentar um coeficiente de variação (CV) dos anticorpos maternos bem maior ao nascimento e isto dificulta o estabelecimento de um programa de vacinação mais econômico, ou seja com uma ou duas doses, no caso de frangos de corte ou quatro doses no caso de frangas de postura. Quando essa variação é muito grande e temos títulos baixos já ocorreu em frangas de postura, criadas em piso, apresentarem sinais da doença com 14 dias de idade e persistir até os 30 dias de idade, mesmo utilizando-se de programa vacinal com doses a cada 6 dias de vacina mais invasiva. Normalmente se utiliza programas de vacinação com várias doses (2 a 3 em frangos; 3 a 4 em reprodutoras e até 6 a 7 em frangas de postura) com o intuito de estimular as aves de acordo com o decréscimo dos AM. A origem dos AM vem logicamente das reprodutoras e vai variar de acordo com o programa de vacinação e idade das mesmas. Note como se torna difícil para uma empresa de frangos de corte projetar um programa de vacinação que atenda todas suas expectativas, pois os lotes serão formados por pintinhos de diferentes origens que podem ter vindo de diferentes empresas, que usam diferentes programas de vacinação e diferentes vacinas e se não bastasse de diferentes idades de matrizes. Isto confirma que muito provavelmente teremos muitas vezes lotes heterogêneos com um CV bastante alto. Ficamos então com duas possibilidades: ou usamos múltiplas doses no campo ou confiamos nas medidas de manejo e sanitárias para baixar o desafio de campo e podermos adotar programas de vacinação com menos doses. Por outro lado, mesmo com fórmulas matemáticas, muito interessantes por sinal, como a de Deventer (13) ou a do Dr. Kowenhoven (10), e com fundamentação científica, não conseguimos aplicar 100% em uma integração, pois teríamos diferentes programas para diferentes lotes nas diferentes granjas em diferentes alojamentos. Não se tornaria viável sua aplicação, a não ser que se trabalhe com médias para tentar cobrir a maior parte da integração e lembrando sempre que não cobriríamos 100% dos lotes. Para granjas de postura que recebem lotes com maior intervalo, é interessante programar as vacinações com as melhores datas de acordo com a queda dos anticorpos maternos. Essa programação está também diretamente ligada ao tipo de vacina que será utilizada, como comentaremos mais adiante, mas como exemplo podemos adiantar que diferentes tipos de vacina irão conseguir vencer a barreira dos anticorpos maternos em diferentes momentos, sendo que quanto mais invasiva a vacina mais precocemente ela consegue. Existe uma diferença na queda da imunidade materna quando se trata de frangos ou de postura, a tabela 3 exemplifica um possível caso, e essa meia vida estimada dos anticorpos maternos é que nos orientará quanto à determinação das idades de vacinação de acordo com a vacina utilizada (intermediárias; Bursine-Plus ou fortes). Tabela 3. Vida média dos AM (títulos em ELISA –Idexx) Idade Frango de corte Postura 3,5 5000 5000 7 2500 3750 10,5 1250 2500 14 625 1875 17,5 312 1250 21 156 937

Brown, B.S. (1992)

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Como podemos ver a vida média nos frangos de corte é de aproximadamente 3 a 3,5 dias e nas pintinhas de postura gira em torno de 6 a 7 dias. Vacinas intermediárias vão ser eficazes perante imunidade de 125 ou pouco mais; a Bursine-Plus diante de 250 ou pouco mais (6) e as vacinas mais fortes ao redor de 400 a 800. Com estas informações se torna possível determinar quais seriam as melhores idades para se vacinar os lotes. O quê fazer em relação à imunidade materna? Exigir pintainhos(as) com bons níveis de AM e um baixo CV para se tornar mais fácil o estabelecimento de um programa fixo de vacinação para vários lotes. Manejo e Meio Ambiente Está diretamente ligado à granja, portanto depende da orientação da equipe técnica aos granjeiros que na maioria das vezes são quem realizam o trabalho diário. O uso intensivo das instalações avícolas, especialmente em frangos de corte, tem contribuido para agravar a severidade da infecção precoce pelo vírus de Gumboro (5). O reutilização da cama, o pequeno intervalo entre os lotes, granjas de múltiplas idades sem um isolamento adequado entre idades e pessoal de manejo diário, e o aumento da densidade de aves por metro quadrado tem influenciado em frangos de corte o agravamento do quadro de imunodepressão. Em granjas de postura, onde é comum múltiplas idades, devemos sempre ficar atentos às condições de manejo como alojamento no pinteiro, se existe contato entre diferentes lotes no pinteiro (galpão único) ou se são criados isoladamente (mais de um galpão pinteiro); até que idade as pintinhas são mantidas no pinteiro ( o ideal seria até 42 a 49 dias), pois nessa fase existe melhor controle das condições externas (temperatura, umidade, ventilação) e é possível se realizar todo o programa de vacinação. O trânsito nas granjas também tem que ser controlado. Desde os caminhões de entrega dos(as) pintinhos(as) até visitas. Para frangos o mais difícil talvez seja o controle de caminhões e caixas de transporte de frangos, mas devemos implantar um sistema de desinfecção dos mesmos (os aldeídos têm boa atuação sobre o vírus de Gumboro). Em poedeiras devemos evitar reutilização de bandejas de ovos. Em qualquer uma das granjas usar sempre botas plásticas descartáveis e lavar e desinfetar as mãos antes de manusear as aves. A remoção de material contaminado também é um fator importante. Carcaças e cama ou fezes contaminadas devem ser incineradas ou enterradas adequadamente, pois o vírus de Gumboro persiste até 1 ano em material contaminado e quando envolvido por matéria orgânica, se torna mais difícil a ação dos desinfetantes. O aumento do intervalo entre os lotes vai colaborar para um melhor processo de limpeza e desinfecção e desta maneira diminuir a carga viral no galpão, levando o desafio para idades mais velhas. Desta maneira, temos mais tempo, ao se usar um bom programa de vacinação/vacina de obtermos sucesso; porém se falharmos nesse programa/ método de vacinação o problema pode se apresentar mais grave visto que ao atingir aves mais velhas (4 a 5 semanas de idade), estas são mais sensíveis ao desafio do que aves mais jovens (2 a 3 semanas de idade) (4). Já ouvi no campo relatos de “...agora o desafio mudou aqui na granja...”, como se fossem vírus diferentes, o

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que não é impossível, mas temos que lembrar que a sensibilidade das aves é diferente de acordo com a idade e assim a manifestação clínica do problema também. Outros fatores que têm que ser controlados são os fatores de estresse (12). O estresse climático (frio, calor e alta umidade); estresse de ambiente (barulho, poeira, má ventilação, excesso de iluminação);Estresse nutricional (falta de água ou alimento ou falta de nutrientes); estresse fisiológico (rápido crescimento); estresse físico (apanha para vacinação ou debicagem; injeções; transporte); estresse social (superlotação; uniformidade). Enfermidades imunodepressoras como Marek; Anemia; Reovírus e micotoxicose vão agravar o quadro clínico de Gumboro, por isso temos que prevenir essas doenças através de vacinação ou uso de matéria prima de qualidade (micotoxina). O quê podemos fazer em relação ao Manejo e Meio Ambiente? - Aumentar o intervalo entre lotes; - Evitar granjas de múltiplas idades (frangos de corte); - Melhorar as condições de cria (pinteiro em postura comercial); - Evitar trânsito desnecessário de pessoas na granja e de equipamentos entre galpões; - Adequar o destino das carcaças, cama, fezes; - Evitar situações de estresse nas aves; - Trabalhar com menores densidades; - Otimizar processo de lavagem e desinfecção das instalações - Uso de práticas alternativas como tela plástica em gaiolas do pinteiro (postura);

imunoestimulantes; etc. Diagnóstico Anatomopatológico À necropsia, petéquias são as primeiras lesões observadas na musculatura das pernas, coxas e ocasionalmente na mucosa do proventrículo que aparecem em maior quantidade quanto mais patogênico for o vírus desafio. Há aumento de muco no intestino, do volume hepático com infartos periféricos e esplenomegalia ocasional. Em algumas aves, os rins aparecem aumentados de volume e pode conter depósitos de uratos e debris celulares, provavelmente resultado do bloqueio dos ureteres por uma severa inflamação da bursa. Inicialmente, a bursa está aumentada de volume devido ao edema e à hiperemia (3 dias pós infecção), com uma camada gelatinosa amarela (transudato amarelado) e estrias longitudinais salientes (3 a 6 dias pós-infecção) que evoluem para uma degeneração do tecido linfóide da bolsa e total redução do volume bursal (10 a 12 dias pós-infecção). Podem-se visualizar hemorragia na superfície interna e serosa e a formação de um material caseoso no lúmen a partir de um tecido epitelial comprometido. O padrão de tamanho observado a campo utilizando-se de instrumento específico para a mensuração (Bursometro) vai variar de acordo com o tipo de vacina utilizada e a idade da ave. Após anos de experiência nesta área, Bernardino indica como idade preferencial entre 35 a 40 dias tanto para aves leves como para as pesadas onde se encontra: 1- aves sem estímulo vacinal ou desafio – tamanho médio 6; 2- aves com efeito de vacina tipo intermediária – tamanhos 4 e 5 3- aves com efeito de vacina tipo forte – tamanho médio 4 4- aves que passaram por processo de imunodepressão – tamanhos 2 e 3 Esta monitoria a campo seria o primeiro passo para se saber se temos um fator imunossupressor ou se o padrão estaria de acordo com a vacina utilizada ou ainda se não estamos vendo nenhum efeito que no caso de um lote vacinadoa poderia indicar falha no processo ou na idade em que se usou a vacina.

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A relação de tamanho bursa e baço, também avaliada na mesma idade pode nos ajudar a perceber se estaria ocorrendo um processo de atrofia da bolsa, onde enquanto não vacinadas sem imunossupressão e vacinadas apenas com vacinas tipo intermediárias o tamanho da bolsa supera o tamanho do baço; a partir do uso de cepas vacinais tipo forte, já começamos ver maior igualdade entre o tamanho dos dois órgãos e algumas vezes a bolsa menor que o baço; quando ocorre um problema de imunossupressão/ imunodepressão normalmente as bolsas são na maioria menores que o baço. Este procedimento está baseado em observação de campo e resultados de testes realizados em laboratório. Tipo de Vacina Até 1998, no Brasil, só existia no mercado as vacinas cepas intermediárias (uma vez que as cepas suaves e a única cepa forte que era comercializada anteriormente já haviam saído do mercado há alguns anos). Com o problema pelo vírus vvIBDV, fez-se necessário a introdução de vacinas mais invasivas e assim foram introduzidas no Brasil a cepa intermediária-plus (Bursine-Plus) e outras mais invasivas, consideradas “hot” na Europa e chamadas lá de intermediária-plus e forte. Na Europa, que tem a mesma realidade do Brasil, ou seja, desafio por virus de campo vvIBDV, segundo Kowenhoven (1995) (10), a tentativa de se controlar esse desafio com as vacinas intermediárias não resultou em sucesso, pois na maioria dos casos o vírus de campo chegava primeiro a Bolsa de Fabrícius. Isto porque a variação dos anticorpos maternos e o alto desafio de campo não permitia a ação em 100% das aves vacinadas entre 14 e 21 dias de idade. Sendo assim, a alternativa foi partir para vacinas mais invasivas e em um experimento de campo envolvendo 29 milhões de aves, sendo 96 granjas de frangas de postura e 714 lotes de frangos de corte onde as foram vacinadas com a cepa V-877 (Poulvac Bursa Plus na Europa chamada de Poulvac Bursa F no Brasil) e outra cepa da mesma categoria, apenas 4 pequenos surtos ocorreram. Estas vacinas não provocaram efeitos adversos nas aves e os resultados foram semelhantes ao de lotes vacinados com cepas intermediárias e não desafiados. Kowenhoven comenta ainda em seu artigo (10), apresentado no Simpósio Internacional de Gumboro, realizado em Athens-GA, na Universidade da Georgia, em Abril de1995, que os resultados positivos com cepas mais fortes (Moulthrop) foi que encorajou os experimentos com a Poulvac Bursa F (V877) e a outra cepa da mesma categoria, pois estas vacinas são menos virulentas que a Moulthrop que por sua vez causava leve mortalidade em aves SPF enquanto a V877 e a outra não. A primeira vacina diferenciada que chegou ao Brasil após os surtos de G-11, foi a Bursine-Plus, que segundo Stewart-Brown (98) pode ser considerada realmente como a única na categoria INTERMEDIÁRIA-plus, pois sua ação na bolsa não difere muito das vacinas intermediárias, seu título é similar ao das intermediárias (4,5) e as lesões provocadas em embriões, quando da titulação, são similares às das intermediárias (vacinas mais fortes provocam maior efeito na bolsa- redução de tamanho-; não se consegue títulos altos – giram ao redor de 3,0; e induzem maior formação de lesões no embrião). Apesar da semelhança com as intermediárias, a intermediária-plus tem provado sua eficácia onde as intermediárias não agiam, devido aos anticorpos maternos e desafio de campo. Quando o desafio de campo passou a se tornar mais precoce (ao redor de 14 a 20 dias de idade) também não se conseguiu 100% de eficácia com a intermediária-Plus e foi onde introduzimos no mercado, a cepa V877, que já reconhecida no mercado europeu veio para auxiliar no controle destes casos onde o desafio de campo era maior e mais precoce.

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Se fizermos um resumo, podemos dizer que para obtermos o melhor efeito da vacina ela deverá ser aplicada : Intermediária (amostra Lukert)– entre 18 e 21 dias; Intermediária-Plus (amostra Lukert)– entre 16 e 18 dias; Amostra forte ( V877)- entre 14 e 16 dias Sendo assim, vemos que é possível se trabalhar com vacinas intermediárias para se controlar o desafio com G-11 em frangos de corte, desde que esse desafio seja após 28 dias e que a vacinação seja bem feita. A razão é simples, nesta idade, a grande maioria do lote, senão a totalidade, terá baixa imunidade materna, possibilitando a ação vacinal, mas dependemos de um bom processo de vacinação, devido a transmissão lateral do vírus intermediário ser mais baixa que da Intermediária-Plus e por sua vez mais baixa que da amostra forte. Portanto, a facilidade de se controlar os surtos aumenta com a intermediária-Plus e aumenta ainda mais com a amostra forte devido a capacidade maior de vencer a barreira dos anticorpos maternos, maior transmissão lateral e maior velocidade na indução da resposta imune. Isto também é verdade para as cepas consideradas mais fortes, mas chega a um ponto onde o efeito de depleção na bolsa passa a trazer consequências secundárias e isto poderá ser visto de maneira fácil : - Realizar testes comparativos entre as vacinas cepa forte, onde lotes diferentes na mesma

granja recebem cada um o programa vacinal com cada uma das vacinas a serem testadas e são comparados além do controle da doença clínica (mortalidade e sintomas), os resultados de desempenho dos lotes (CA; FP etc) e também o nível de enfermidades sub-clínicas como coccidiose; problemas respiratórios e até condenação de carcaça no abatedouro.

Em relação ao tipo de vacina o quê podemos fazer? - Usar a vacina adequada ao seu problema de campo e região. Programa e Método de Vacinação Programa de vacinação Para começar podemos dizer que não existe um programa universal de vacinação para Gumboro (6). Como mencionamos anteriormente, cada região tem sua realidade específica e deverá usar a vacina que lhe for mais conveniente dentro das idades corretas . Pensando somente no desafio por vvIBDV (G-11) podemos dizer que nas áreas onde o desafio é mais severo se usa um número maior de vacinações com o objetivo (5) : - Devido ao CV dos AM mais aves se tornam sensíveis com o passar do tempo e podem ser

mais facilmente imunizadas antes que o vírus de campo as atinja; - Quanto mais aves replicam o vírus vacinal, menos aves replicam o vírus de campo; - Como o lote replica o vírus vacinal, a população viral do galpão se torna mais similar ao virus

vacinal do que ao vírus de campo.

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Em situações de extremo desafio, muitas vezes não é no primeiro lote que se consegue um controle de 100%, mas sim um controle “ parcial” , com diminuição do problema e a partir daí se ajusta o programa para se controlar 100% talvez a partir do terceiro lote. Embora a vacinação no incubatório seja muito conveniente os altos níveis de imunidade materna apresentado pelos pintainhos(as) vão neutralizar a dose vacinal neste momento (6). Estima-se que somente 1 a 10% das aves sejam estimuladas nessa vacinação, dependendo da variação dos anticorpos maternos. Alguns estudos (6) mostram que mesmo as aves que não desenvolveram imunidade vão apresentar células de memória e que quando forem revacinadas, produzem uma resposta melhor do que aves que não foram vacinadas no incubatório. No caso de frangos de corte, podemos trabalhar com uma, duas ou três doses de vacina no campo, dependendo do tipo de vacina utilizada e de quando ocorre o desafio (mais precoce ou mais tardio). Em reprodutoras normalmente usamos 3 a 4 doses de vacina tipo intermediária e eventualmente tipo plus ou forte dependendo do desafio de campo. Para frangas de postura se torna um pouco mais trabalhoso, pois como a vida média dos anticorpos maternos é mais longa, a maioria das aves estarão sensíveis a ação da vacina entre 24 a 34 dias, sendo assim esta é a faixa de idade mais importante para as vacinações. Lotes criados em piso com alto CV dos AM vão apresentar mais aves sensíveis mais precocemente (14 dias de idade) e dessa forma, em casos de alto desafio, pode-se ter problemas iniciando cedo e perdurando por maior tempo. Método de Vacinação Frangos de corte e reprodutoras A via água é a mais utilizada, porém a via spray também pode ser usada com sucesso desde que se use cepas mais invasivas e que o manejo da vacinação seja correto Na via água : - Usar água não clorada e sem resíduos de desinfetante - Conhecer o pH, pois sabemos que acima de 8,5 o vírus vacinal já é afetado. Caso a água seja

alcalina é possível fazer a correção com vinagre e caso seja ácida pode-se corrigir com solução de bicarbonato de sódio 5% (3).

- Realizar o jejum hídrico de acordo com a necessidade (Normalmente 1 hora mas varia em tempo com a estação do ano, se é inverno ou verão e região do país; sul, no inverno (2 a 3 horas), e norte (15 minutos).

- Calcular o volume de água correto para consumo ao redor de 1 ½ h a 2h e isto normalmente se consegue usando uma regra prática de 1,5 litros/dia de idade/ 1000 aves- Ex: lote de 10.000 aves com 14 dias de idade – 14 x 1,5= 21litros/1000aves; x 10 nos dará 210 litros para se fazer a vacinação .

- Adicionar o leite em pó desnatado, que atua como protetor do vírus frente a resíduos de desinfetantes além de estabilizar o pH.

- Usar o corante Flash-Toner esporadicamente para avaliação da vacinação.

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- Efetuar corretamente a dissolução da pastilha de vacina; mistura na água com leite em pó e no volume total.

- No caso de se usar dosador, é preciso calcular corretamente o volume do concentrado para o tempo total de vacinação. O manejo de bebedouros nipple exige mais atenção, sendo necessário fazer a “sangria”, pois caso contrário a água acumulada no encanamento prejudicará o resultado da vacinação. Quando se trabalha com nipples, não se usa leite em pó.

- Distribuir para as aves e marcar o tempo de consumo. Avaliação feita ao final do consumo respeitando o tempo máximo de 1 ½ hora, mesmo que o consumo não tenha terminado. O ideal é se ter no mínimo 80% bem vacinados , sendo que no restante o máximo 2 % de não vacinados.

Na via Spray :

O mais importante é o tamanho da partícula que deve ser de 80 a 120 micras. Os mesmos cuidados em relação à qualidade da água devem ser tomados. São necessárias duas passagens de cada lado pelo centro do galpão. Como para descrever todo o procedimento seria muito extenso, maiores detalhes podem ser encontrados nos manuais técnicos da Fort Dodge sobre a vacinação via água e a vacinação via spray que estão à disposição dos interessados.

Poedeiras e reprodutoras Nesse caso, a vacinação pode ser feita via água ou ocular/nasal. A via spray, para vacinação de Gumboro, em pintinhas de postura pode não ser muito eficaz Na via água : Os mesmos cuidados em relação à qualidade da água, diluição da vacina e tempo de consumo devem ser tomados. O quê mais exige atenção é quando se trabalha com lotes muito grandes alojados, logicamente em galpões muito grandes. Nesse caso, quando se calcula o volume de água presente no encanamento e se divide pelo consumo por hora das aves chegamos a números como 7 horas ou mais para o consumo total, sem dizer que o completo esgotamento da tubulação é impossível o quê leva a piores resultados nas baterias de gaiolas mais distantes da caixa d’água. Para estes casos específicos recomendo o uso da via ocular. Via Ocular / Nasal: Exige manipulação individual das aves e com isso é mais estressante, porém temos maior certeza de que cada ave realmente recebeu a dose conveniente de vacina. Primeiro deve-se dissolver e diluir corretamente a vacina; depois utilizar a vacina diluida ao redor de 1 hora para evitar aquecimento e com isso perda de vírus vacinal. Se porventura o problema já estiver instalado na granja, devemos parar com a via ocular para evitar estressar as aves e levar, nas mãos, o vírus de uma ave para outra. Imunização ativa

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A vacinação é o procedimento profilático mais recomendado e prático, embora não se deva desprezar as medidas de biossegurança. Ambas atuam complementarmente para a efetiva prevenção da DIB. Existe uma diversidade grande de vacinas atenuadas e inativadas preparadas a partir de cepas clássicas e variantes. Vacinas atenuadas são preparadas em embrião de pinto ou em cultivo celular. O grau de atenuação é também variado, sendo as vacinas identificadas como “suaves”, “intermediárias” ou “fortes”. Cada tipo de vacina diferente pode atuar de forma diferente na proteção contra os diversos vírus de campo Atualmente em avaliação estão às vacinas de subunidades (recombinantes) e vacinas com proteção aos anticorpos maternos (complexo antígeno/anticorpo). As primeiras lançadas em 2006 e as complexo já existentes há mais tempo e com resultados variáveis no campo dependendo do nível de desafio e patogenicidade do vírus envolvido. Devido ao grande número de vacinas existentes no mercado e conceitos diferenciados para estabelecer o programa de vacinação, o recomendado é a empresa estabelecer um bom programa de monitoramento para obter informações sobre a dinâmica da doença e avaliação dos programas vacinais adotados. Pontos Fundamentais No Sucesso De Um Programa De Vacinação

• Não existe um programa universal de imunização em decorrência da variabilidade da imunidade passiva, tipo de manejo e condições operacionais;

• Seguir o esquema de vacinação do laboratório produtor de vacina ou do médico veterinário responsável pela granja;

• Vacinar frequentemente as aves para induzir a uma resposta imune positiva quando os anticorpos maternos tiverem declinado totalmente.

• Não diluir a vacina acima do recomendado pelo fabricante. • Considerar a utilização de cepas mais invasivas (cepas fortes) quando se está diante de

situações de vvIBDV (cepas muito virulentas); • Vacinar pintinhos no primeiro dia de vida quando houver necessidade de protegê-los em

decorrência de imunidade passiva insuficiente. Trabalhos de Giambrone e Cookson mostram que o uso da vacina de Marek associada com Gumboro preserva a queda dos anticorpos maternos e embora esse mecanismo não esteja totalmente explicado, nas várias repetições utilizando-se vacinas diferentes os resultados de sorologia e de proteção frente ao desafio, avaliando-se apenas a proteção materna, sempre foram melhores nos grupos que receberam as vacinas associadas.

A aquisição de aves de procedência desconhecida, aquisição de aves de estado sanitário desconhecido, superlotação de galpões por questões de “economia” , alojamento de aves de diferentes origens no mesmo galpão, uso e reaproveitamento de camas sem critério sanitário, prejudicam o controle da doença. Possíveis causas relacionadas às falhas no controle da doença As empresas avícolas têm concentrado seus esforços em evitar a disseminação da doença e promover um controle eficaz da enfermidade. O “check-list” dos possíveis fatores envolvidos e seu constante monitoramento tem auxiliado para o sucesso dos programas preventivos. Segue abaixo alguns itens relacionados à manutenção dos desafios a campo:

Fatores relacionados com a biosseguridade. o Intervalo entre lotes; o Manejo da cama reutilizada; o Presença de aves silvestres e aves caipiras; o Trânsito de animais, pessoas e veículos entre granjas;

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o Manejo de desinfecção das granjas; o Controle de insetos e roedores;

Lotes com heterogeneidade de títulos de anticorpos maternos. o Programa vacinal na matriz;

Número de doses vacinais utilizadas (período de recria); Cepa utilizada; Via de administração;

o Pintinhos oriundos de diferentes lotes de matrizes; o Condição de manejo e ambiência das matrizes (estresse); o Nutrição das matrizes (micotoxinas e níveis nutricionais marginais);

Falhas na resposta a vacinação nos lotes de frango.

o Qualidade da vacinação; Qualidade da água; Tempo de consumo; Disponibilidade de equipamentos; Ambiência (estresse);

o Programa vacinal inadequado ao desafio.

Número de doses utilizadas; Cepas vacinais utilizadas; Idade de vacinação inadequada;

o Nutrição

Níveis nutricionais marginais;

o Estresse Temperatura; Densidade;

o Interação com fatores imunossupressores*

Micotoxinas; Agentes bacterianos: E. coli; Agentes Virais:Marek, AI, Leucose, Reovírus, Reticuloendoteliose; Estresse: Manejo ambiental, social ,fisiológico; Criptosporidiose;

O quê podemos fazer em relação ao Programa e Método de vacinação? - Adotar um programa adequado e cumprí-lo; - Comparar programa anterior com o atual e definir o próximo; - Atenção no manejo correto das vacinas e tempo de aplicação; - Em caso de início de problema no lote, não seguir com vacinação individual. - Seguir orientação técnica do fabricante da vacina, pois ninguém melhor que ele para dizer qual

a melhor forma de usar seu produto.

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Final Diante de tudo que foi apresentado, podemos concluir que somente respeitando-se todos os fatores envolvidos no processo é que teremos sucesso no controle do problema de Gumboro, pois não adianta pensar que somente a vacina irá resolver seus problemas. Vacinas não são “mágicas”, elas necessitam ser bem empregadas para exercerem todo seu potencial. Um técnico / granjeiro consciente terá maior chance de resolver seu problema de Gumboro, desde que tenha condições e força de vontade. REFERÊNCIAS : Adejoro, S. O. Managing Gumboro in a Multi-Stressor Environment. Misset World Poultry , vol 7, n 10, 1991. P.55-57. Bernardino, A . Painel de Gumboro- Experiência Brasileira. Anais da Conferência APINCO 2000, p Bernardino, A . Importância da correção do pH na Vacinação de Gumboro. 1992 Botero, H . and Staples, W. Infectious Bursal Disease-A Review. Zootecnica International, 1980.p. 41-43 Brown, B. S. IBD a Worldwide Perspective. Misset World Poultry,vol 8, n 6,1992. P.65 Giambrone, J. Broiler Vaccination- Additional Protection is often needed. Summit on Infectious Bursal Disease, 1995. P17-20 Hernandez, C. E. Titulos de anticuerpos de IH em ponedoras tratadas com Levamisol em comparación com los testigos sin tratamiento. Informe Científico Cyanamid, 1976.p. 16-18 Ikuta, N. Informe técnico SIMBIOS, 2000. Inoue, A. Y. Teste de campo : Comparação entre lotes de frangos de corte vacinados com Poulvac Bursa F com outros vacinados com cepa “forte” Moulhtrop em uma mesma granja na região de São Paulo, 2001. Kowenhoven, B. Control of vvIBDV in the Netherlands with more virulent vaccines. Summit on Infectious Bursal Disease, 1995 . p. 29-32 Lukert, P. Vacinação Eficiente da Gumboro. Avicultura & CT, 1993. P. 12-15. Rosales, A . G. Field Stressors: Effect and Management. Summit on Infectious Bursal Disease, 1995. P. 42-44. Wit, J. J. Palestra sobre Gumboro realizada no LARA-MA, Campinas em Maio de 2001. Slides 22 a 29.