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 OAB XIV EXAME   2ª FASE Direito Administrativo Aryanna Manfredini 1 PRIMEIRO EXERCÍCIO DE RECURSO ORDINÁRIO (OAB/FGV 2011.3) Em face da sentença abaixo, você, na qualidade de advogado do reclamante, deverá interpor o recurso cabível para a instância superior, informando acerca de preparo porventura efetuado. VARA DO TRABALHO DE SÃO JOÃO DE PÁDUA Processo nº 644-44.2011.5.03.0015   procedimento sumaríssimo  AUTOR: RILDO JAIM E RÉS: 1) SOLUÇÕES EMPRESARIAIS LTDA. e 2) METALÚRGICA CRISTIN A LTDA.  Aos 17 dias do mês de fevereiro de 2011 , às 10 horas, na sala de audiências desta Vara do Trabalho, o Meritíssimo Juiz proferiu, observadas as f ormalid ades legais, a seguinte S E N T E N Ç A Dispensado o relatório, a teor do disposto no artigo 852, I, in fine da CLT. FUNDAMENTAÇÃO DA REVELIA E CONFISSÃO   Malgrado a segunda ré (tomadora dos serviços) não ter comparecido em juízo, mesmo citada por oficial de justiça (mandado a fls. 10), entendo que não há espaço para revelia nem confissão quanto à matéria de fato porque a primeira reclamada, prestadora dos serviços e ex-empregadora, contestou a demanda. Assim, utilidade alguma haveria na aplicação da pena em tela, requerida pelo autor na última audiência. Rejeito. DA INÉPCIA   O autor denuncia ter sido admitido dois meses antes de ter a CTPS assinada, pretendendo assim a retificação no particular e pagamento dos direitos atinentes ao período oficioso.  Apesar de a ex-empregadora silenciar neste tópico, a técnica processual não foi respeitada pelo autor. É que ele postulou apenas a retificação da CTPS e pagamento dos direitos, deixando de requerer a declaração do vínculo empregatício desse período, fator indispensável para o sucesso da pretensão deduzida. Extingo o feito sem resolução do mérito em face deste pedido. DA PRESCRIÇÃO PARCIAL   Apesar de não ter sido suscitada pela primeira ré, conheço de ofício da prescrição parcial, conforme recente alteração legislativa, declarando inexigíveis os direitos anteriores a cinco anos do ajuizamento da ação. DAS HORAS EXTRAS   O autor afirma que trabalhava de 2ª a 6ª feira das 8h às 16h com intervalo de 15minutos para refeição, postulando exclusivamente hora extra pela ausência da pausa de 1 hora. A instrução revelou que efetivamente a pausa alimentar era de 15 minutos, não só pelos depoimentos das testemunhas do autor, mas também porque os controles não exibem a marcação da pausa alimentar, nem mesmo de forma pré-assinalada. Contudo, uma vez que confessadamente houve fruição de 15 minutos, defiro 45 minutos de horas extras por dia de trabalho, com adição de 40%, conforme previsto na convenção coletiva da categoria juntada os autos, mas sem qualquer reflexo diante da natureza indenizatória da verba em questão. DA INSALUBRIDADE   Este pedido fracassa porque o autor postulou o seu pagamento em grau máximo, conforme exposto na peça inicial, mas a perícia realizada comprovou que o grau presente na unidade em que o reclamante trabalhava era mínimo e, mais que isso, que o agente agressor detectado (iluminação) era diverso daquele indicado na petição inicial (ruído). Estando o juiz vinculado ao agente

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  • OAB XIV EXAME 2 FASE Direito Administrativo

    Aryanna Manfredini

    1

    PRIMEIRO EXERCCIO DE RECURSO ORDINRIO

    (OAB/FGV 2011.3)

    Em face da sentena abaixo, voc, na qualidade de advogado do reclamante, dever interpor o recurso

    cabvel para a instncia superior, informando acerca de preparo porventura efetuado.

    VARA DO TRABALHO DE SO JOO DE PDUA

    Processo n 644-44.2011.5.03.0015 procedimento sumarssimo AUTOR: RILDO JAIME

    RS: 1) SOLUES EMPRESARIAIS LTDA. e 2) METALRGICA CRISTINA LTDA.

    Aos 17 dias do ms de fevereiro de 2011, s 10 horas, na sala de audincias desta Vara do Trabalho, o

    Meritssimo Juiz proferiu, observadas as formalidades legais, a seguinte

    S E N T E N A

    Dispensado o relatrio, a teor do disposto no artigo 852, I, in fine da CLT.

    FUNDAMENTAO

    DA REVELIA E CONFISSO Malgrado a segunda r (tomadora dos servios) no ter comparecido em juzo, mesmo citada por oficial de justia (mandado a fls. 10), entendo que no h

    espao para revelia nem confisso quanto matria de fato porque a primeira reclamada, prestadora

    dos servios e ex-empregadora, contestou a demanda. Assim, utilidade alguma haveria na aplicao da

    pena em tela, requerida pelo autor na ltima audincia. Rejeito.

    DA INPCIA O autor denuncia ter sido admitido dois meses antes de ter a CTPS assinada, pretendendo assim a retificao no particular e pagamento dos direitos atinentes ao perodo oficioso.

    Apesar de a ex-empregadora silenciar neste tpico, a tcnica processual no foi respeitada pelo autor.

    que ele postulou apenas a retificao da CTPS e pagamento dos direitos, deixando de requerer a

    declarao do vnculo empregatcio desse perodo, fator indispensvel para o sucesso da pretenso

    deduzida. Extingo o feito sem resoluo do mrito em face deste pedido.

    DA PRESCRIO PARCIAL Apesar de no ter sido suscitada pela primeira r, conheo de ofcio da prescrio parcial, conforme recente alterao legislativa, declarando inexigveis os direitos anteriores a

    cinco anos do ajuizamento da ao.

    DAS HORAS EXTRAS O autor afirma que trabalhava de 2 a 6 feira das 8h s 16h com intervalo de 15minutos para refeio, postulando exclusivamente hora extra pela ausncia da pausa de 1 hora. A

    instruo revelou que efetivamente a pausa alimentar era de 15 minutos, no s pelos depoimentos das

    testemunhas do autor, mas tambm porque os controles no exibem a marcao da pausa alimentar,

    nem mesmo de forma pr-assinalada. Contudo, uma vez que confessadamente houve fruio de 15

    minutos, defiro 45 minutos de horas extras por dia de trabalho, com adio de 40%, conforme previsto

    na conveno coletiva da categoria juntada os autos, mas sem qualquer reflexo diante da natureza

    indenizatria da verba em questo.

    DA INSALUBRIDADE Este pedido fracassa porque o autor postulou o seu pagamento em grau mximo, conforme exposto na pea inicial, mas a percia realizada comprovou que o grau presente na

    unidade em que o reclamante trabalhava era mnimo e, mais que isso, que o agente agressor detectado

    (iluminao) era diverso daquele indicado na petio inicial (rudo). Estando o juiz vinculado ao agente

  • OAB XIV EXAME 2 FASE Direito Administrativo

    Aryanna Manfredini

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    agressor apontado pela parte e ao grau por ela estipulado, o deferimento da verba desejada implicaria

    julgamento extra petita , o que no possvel. No procede.

    DA MULTA ARTIGO 477 da CLT O reclamante persegue a verba em exame ao argumento de que a homologao da ruptura contratual sucedeu 25 dias aps a concesso do aviso prvio indenizado. Sem

    razo, todavia. A r comprovou documentalmente que realizou o depsito das verbas resilitrias na

    conta do autor oito dias aps a concesso do aviso, de modo que a demora na homologao da ruptura

    fato incontestado no causou qualquer prejuzo ao trabalhador. No procede.

    ANOTAO DE DISPENSA NA CTPS O acionante deseja a retificao de sua CTPS no tocante data da dispensa, para incluir o perodo do aviso prvio. O pedido est fadado ao insucesso, porquanto

    no caso em exame o aviso prvio foi indenizado, ou seja, no houve prestao de servio no seu lapso.

    Logo, tal perodo no pode ser considerado na anotao da carteira profissional. No procede.

    DO DANO MORAL O pedido de dano moral tem por suporte a revista que o autor sofria. A primeira r explicou que a revista se limitava ao fato de os trabalhadores, na sada do expediente, levantarem

    coletivamente a camisa at a altura do peito, o que no trazia qualquer constrangimento, mesmo porque

    fiscalizados por pessoa do mesmo sexo. A empresa tem razo, pois, se os homens frequentam a praia

    ou mesmo saem rua sem camisa, certamente no ser o fato de a levantarem um pouco na sada do

    servio que lhes ferir a dignidade ou decoro. Ademais, a proibio de revista aplica-se apenas s

    mulheres, na forma do artigo 373-A, VI, da CLT. No houve violao a qualquer aspecto da

    personalidade do autor. No procede.

    DOS HONORRIOS ADVOCATCIOS So indevidos os honorrios porque, em que pese o reclamante estar assistido pelo sindicato de classe e encontrar-se atualmente desempregado, o volume

    dos pedidos ora deferidos superar dois salrios mnimos, pelo que no se cogita pagamento da verba

    honorria almejada pelo sindicato.

    DOS HONORRIOS PERICIAIS Em relao percia realizada, cujos honorrios foram adiantados pelo autor, j constatei que, no mrito, razo no assistia ao demandante, mas, por outro lado, que

    havia efetivamente um agente que agredia a sade do laborista. Desse modo, declaro que a

    sucumbncia pericial foi recproca e determino que cada parte arque com metade dos honorrios. A

    metade devida ao reclamante dever a ele ser devolvida, sem correo, adicionando-se seu valor na

    liquidao.

    JUROS E CORREO MONETRIA Na petio inicial o autor no requereu ambos os ttulos, pelo que no devero ser adicionados aos clculos de liquidao, j que a inicial fixa os contornos da lide e

    da eventual condenao.

    RESPONSABILIDADE SEGUNDA R Na condio de tomadora dos servios do autor durante todo o contrato de trabalho, e considerando que no houve fiscalizao do cumprimento das obrigaes

    contratuais da prestadora, condeno a segunda r de forma subsidiria pelas obrigaes de dar, com

    arrimo na Smula 331 do TST. Contudo, fixo que a execuo da segunda reclamada somente ter incio

    aps esgotamento da tentativa de execuo da devedora principal (a primeira r) e de seus scios.

    Somente aps a desconsiderao da personalidade jurdica, sem xito na captura de patrimnio, que

    a execuo poder ser direcionada contra a segunda demandada. Diante do exposto, julgo procedentes

    em parte os pedidos, na forma da fundamentao, que integra este decisum. Custas de R$ 100,00

    sobre R$ 5.000,00, pelas rs. Intimem-se.

  • OAB XIV EXAME 2 FASE Direito Administrativo

    Aryanna Manfredini

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    QUESTES 9 A 12

    9. (OAB/FGV VI Exame) Carlos Machado foi admitido pela Construtora Y S.A. em 18/2/2005. Depois de desenvolver regularmente suas atividades por mais de um ano, Carlos requereu a concesso de

    frias, ao que foi atendido. Iniciado o perodo de descanso anual em 18/4/2006, o empregado no

    recebeu o seu pagamento, devido a um equvoco administrativo do empregador. Depois de algumas

    ligaes para o departamento pessoal, Carlos conseguiu resolver o problema, recebendo o pagamento

    das frias no dia 10/5/2006. De volta ao trabalho em 19/5/2006, o empregado foi ao departamento

    pessoal da empresa requerer uma reparao pelo ocorrido. Contudo, alm de no ter sido atendido,

    Carlos foi dispensado sem justa causa. Dias depois do despedimento, Carlos ajuizou ao trabalhista,

    pleiteando o pagamento dobrado das frias usufrudas, como tambm indenizao por dano moral em

    face da dispensa arbitrria efetuada pelo empregador. Em defesa, a Construtora Y S.A. alegou que

    houve um mero atraso no pagamento das frias por erro administrativo, mas que o pagamento foi feito,

    inexistindo amparo legal para o pedido de novo pagamento em dobro. Outrossim, a empregadora

    afirmou que despediu Carlos sem justa causa, por meio do exerccio regular do seu direito protestativo,

    no havendo falar em indenizao por dano moral.

    Em face da situao concreta, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurdicos

    apropriados e a fundamentao legal pertinente ao caso.

    a) Carlos faz jus ao pagamento dobrado das frias? Por qu? (Valor: 0,65)

    b) Carlos ter direito a receber indenizao por dano moral? (Valor: 0,6)

    10. (OAB/FGV V Exame) Jos da Silva foi contratado pela empresa Boa Vista Ltda., que integra grupo econmico com a empresa Boa Esperana Ltda., para exercer a funo de vendedor empregado. Durante a mesma jornada de trabalho, ele vendia os produtos comercializados pela Boa Vista Ltda. e pela Boa Esperana Ltda., com a superviso dos gerentes de ambas as empresas. Diante dessa situao hipottica, e considerando que a sua CTPS somente foi anotada pela empresa Boa Vista Ltda., responda, de forma fundamentada, s indagaes abaixo luz da jurisprudncia do Tribunal Superior do Trabalho: a) Qual a natureza da responsabilidade solidria das empresas que integram grupo econmico para efeitos da relao de emprego: ativa e/ou passiva? b) correto afirmar que Jos da Silva mantinha vnculos de emprego distintos com as empresas Boa Vista Ltda. e Boa Esperana Ltda.?

    11. (OAB/FGV VI Exame) Juventino, brasileiro, residente e domiciliado em Joo Pessoa, foi contratado pela empresa Engenho Engenharia S.A., com sede em Salvador, para trabalhar como

    mestre de obras. Aps dois anos trabalhando em Joo Pessoa, foi transferido para trabalhar no Japo,

    onde ficou por trs anos. Retornando ao Brasil, aps laborar por um ms, foi dispensado

    imotivadamente. Insatisfeito, ajuizou ao trabalhista requerendo que lhe fossem pagos todos os

    direitos previstos na legislao brasileira no perodo em que trabalhou fora do pas, pois no Japo tinha

    apenas 7 dias de frias por ano, no tinha FGTS e a jornada de trabalho era de 9 horas. O juiz julgou o

    pedido improcedente fundamentando a deciso no princpio da lei do local da prestao de servios;

    logo, aplicao da lei brasileira no Brasil, e a japonesa no Japo, mesmo porque Juventino trabalhou

    mais tempo fora do que dentro do Brasil. Essa deciso foi acertada? Por qu? Fundamente. (Valor:

    1,25)

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    Aryanna Manfredini

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    12. (OAB/FGV VI Exame) Joo da Silva exercia o cargo de caixa executivo no Banco Estrela S.A., trabalhando 8 (oito) horas dirias, com intervalo para repouso e alimentao de 1 (uma) hora, de

    segunda-feira a sexta-feira, e recebia gratificao de funo de 1/3 (um tero) do salrio do seu posto

    efetivo. Posteriormente, foi designado para a funo de confiana de gerente do departamento de

    pessoal, recebendo gratificao de 50% (cinquenta por cento) do salrio do cargo efetivo. Nesse

    perodo, a sua jornada era das 10h00 s 21h00, de segunda-feira a sexta-feira, com 1 (uma) hora de

    intervalo intrajornada. Diante dessa situao hipottica, e considerando que Joo da Silva, aps 12

    (doze) anos de exerccio na funo de gerente, foi revertido, sem justo motivo, para o seu cargo efetivo,

    com a supresso de sua gratificao de funo, responda, de forma fundamentada, s seguintes

    indagaes:

    a) Na funo de caixa executivo, Joo ocupava cargo de confiana bancrio? Ele prestava horas

    extraordinrias no exerccio dessa funo? (Valor: 0,5)

    b) Na funo de gerente do departamento de pessoal, Joo prestava horas extraordinrias?

    (Valor: 0,4)

    c) Foi vlida a reverso de Joo para o seu cargo efetivo? A gratificao de funo poderia ter

    sido suprimida? (Valor: 0,35)