04 elementos do direito civil - brunno giancoli - 2012

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BRUNNO PANDORI GIANCOLI DIREITO PX1 ELEMENTOS A IxITdo direito H - Coordenação 100 Marco Antonio Araujo Jr. íanos editoraI íl t Darlan Barroso revista dos tribunais

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  • BRUNNO PANDORI GIANCOLI

    DIREITO

    PX1 ELEMENTOS AIxITdo direito H-

    Coordenao 100 Marco Antonio Araujo Jr. anos editoraI l tDarlan Barroso revista dos tribunais

  • BRUNNO PANDORIGIANCOLl

    Mestre pela Universidade PresbiterianaMackenzie. Professor de Direito Civile Direito do Consumidor no ComplexoEducacional Damsio de Jesus e naUniversidade Presbiteriana Mackenzie.Advogado.

    EDITORAI \l IREVISTA DOS TRIBUNAIS

    ATENDIMENTO AO CONSUMIDORTel.: 0800-702-2433

    www.rt.com.br

  • BRUNNO PANDORIGIANCOLI

    DIREITO CIVIL

    Gf? ELEMENTOSDO DIREITO DCoordenaoMarco Antonio Araujo Jr.Darlan Barroso

    re?EDITORAREVISTA DOS TRIBUNAIS

  • ire? ELEMENTOSDO D,REITODIREITO CIVIL

    Brunno Pandori Giancoli

    CoordenaoMarco Antonio Araujo Jr.

    Darlan Barroso OO 6

    Diagramao eletrnica e revisoMicroart - Com. e Edit. Eletrnica Ltda., CNP] 03.392.481/0001-16

    Impresso e encadernaoEditora Parma Ltda., CNPJ 62.722.103/0001-12

    desta edio [2012]Editora Revista dos Tribunais Ltda.

    Antonio BelineloDiretor responsvelVisite nosso sitewww.rt.com.br

    Central de Relacionamento RT(atendimento, em dias teis, das 8 s 17 horas)

    Tel. 0800-702-2433

    e-mail de atendimento ao [email protected]

    Rua do Bosque, 820 - Barra FundaTel. 11 3613-8400 - Fax 11 3613-8450CEP 01136-000 - So Paulo, SP - Brasil

    todos os direitos reservados. Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ouprocesso, especialmente por sistemas grficos, microflmicos, fotogrficos, reprogrficos, fono-grficos, videogrficos. Vedada a memorizao e/ou a recuperao total ou parcial, bem comoa incluso de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essasproibies aplicam-se tambm s caractersticas grficas da obra e sua editorao. A violaodos direitos autorais punvel como crime (art. 184 e pargrafos, do Cdigo Penal), com penade priso e multa, conjuntamente com busca e apreenso e indenizaes diversas (arts. 101 a110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).

    Impresso no Brasil [02.2012]

    ISBN 978-85-203-4020-2

  • Nota da Editora

    isando ampliar nosso horizonte editorial para oferecer livros jurdicosespecficos para a rea de Concursos e Exame de Ordem, com a mes-

    ma excelncia das obras publicadas em outras reas, a Editora Revista dosTribunais apresenta a nova edio da coleo Elementos do Direito.

    Os livros foram reformulados tanto do ponto de vista de seu contedocomo na escolha e no desenvolvimento de projeto grfico mais modernoque garantisse ao leitor boa visualizao do texto, dos resumos e esquemas.

    Alm do tradicional e criterioso preparo editorial oferecido pela RT,para a coleo foram escolhidos coordenadores e autores com alto cabedalde experincia docente voltados para a preparao de candidatos a cargospblicos e bacharis que estejam buscando bons resultados em qualquercertame jurdico de que participem.

    O presente volume conta com nova edio, agora assinada pelo Prof.Brunno Pandori Giancoli, que em muito veio para somar nesta Coleo quej se tornou referncia nacional.

  • Apresentao da Coleo

    om orgulho e honra apresentamos a coleo Elementos do Direito, frutode cuidadoso trabalho, aplicao do conhecimento e didtica de pro-

    fessores experientes e especializados na preparao de candidatos para con-cursos pblicos e Exame de Ordem. Por essa razo, os textos refletem umaabordagem objetiva e atualizada, importante para auxiliar o candidato noestudo dos principais temas da cincia jurdica que sejam objeto de arguionesses certames.

    Os livros apresentam projeto grfico moderno, o que torna a leitura vi-sualmente muito agradvel, e, mais importante, incluem quadros, resumos edestaques especialmente preparados para facilitar a fixao e o aprendizadodos temas recorrentes em concursos e exames.

    Com a coleo, o candidato estar respaldado para o aprendizado e parauma reviso completa, pois ter a sua disposio material atualizado de acordocom as dire trizes da jurisprudncia e da doutrina dominantes sobre cada tema.

    Esperamos que a coleo Elementos do Direito continue cada vez mais afazer parte do sucesso profissional de seus leitores.

    Marco Antonio Araujo Jr.Darlan Barroso

    Coordenadores

  • Sumrio

    NOTA DA EDITORA. 5

    APRESENTAO DA COLEO. 7Parte I

    Lei de Introduo s normasdo Direito Brasileiro

    1. LEI DE INTRODUO S NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. 29

    1.1 Aspectos introdutrios do tema. 29

    1.2 As fontes ou formas de expresso do direito. 30

    1.

    2.

    1 Alei. 30

    1.

    2.

    2 Os costumes. 351

    .

    2.3 Princpios gerais do direito. 36

    1.

    2.4 Jurisprudncia. 36

    1.

    2.5 Brocardos jurdicos. 37

    1.

    2.

    6 Doutrina. 371

    .3 Integrao das normas jurdicas. 371

    .

    3.1 A analogia. 37

    1.

    3.2 Equidade. 38

    1.4 Interpretao das normas jurdicas. 39

    1.

    4.1 Espcies de mtodos hermenuticos. 39

    1.

    4.2 O princpio da interpretao conforme a Constituio. 40

    1.

    5 Antinomias. 401

    .

    5.1 Critrios para soluo de antinomias. 41

    1.

    5.2 Antinomia de segundo grau. 41

    Parte IIParte Geral do Cdigo Civil

    1. INTRODUO AO ESTUDO DOS SUJEITOS DE DIREITO 43

  • 10 Direito Civil - Brunno Pandori Giancoli

    1.1 Aspectos introdutrios do tema. 43

    1.2 As pessoas. 43

    1.3 Os entes despersonalizados. 44

    2. INTRODUO AO ESTUDO DAS PESSOAS NATURAIS. 472

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 472

    .2 Personalidade jurdica das pessoas naturais: aspectos gerais. 472

    .

    2.1 Incio da personalidade jurdica da pessoa natural. 48

    2.3 Incio da personalidade da pessoa natural e a proteo jurdica do

    nascituro. 49

    2.4 Extino da personalidade jurdica da pessoa natural. 49

    2.5 Capacidade de direito das pessoas naturais. 51

    2.6 Capacidade de fato das pessoas naturais. 51

    2.7 Capacidade de fato e interdio das pessoas naturais. 53

    2.8 Capacidade de fato e emancipao das pessoas naturais. 53

    2.9 Ausncia das pessoas naturais. 54

    2.

    9.1 Declarao da ausncia e curadoria dos bens. 55

    2.

    9.2 Sucesso provisria. 55

    2.

    9.

    3 Sucesso definitiva. 562.10 Estado civil das pessoas naturais. 56

    3. INTRODUO AO ESTUDO DAS PESSOAS JURDICAS. 593.1 Aspectos introdutrios. 59

    3.2 Teorias sobre a natureza da pessoa jurdica. 60

    3.3 Surgimento e incio da personalidade da pessoa jurdica. 61

    3.4 Capacidade e representao da pessoa jurdica. 61

    3.5 Desconsiderao da personalidade jurdica. 62

    3.6 Extino da pessoa jurdica: a dissoluo. 62

    4.

    PESSOAS JURDICAS DE DIREITO PRIVADO. 634

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 634

    .2 Associaes. 634

    .

    2.1 Aspectos gerais. 63

    4.

    2.2 rgos internos das associaes. 65

    4.

    2.3 Condio jurdica dos associados. 65

    4.

    2.4 Extino das associaes. 66

    4.

    3 Sociedades. 664

    .

    3.1 Aspectos gerais. 66

    4.

    3.2 Sistematizao das sociedades no Cdigo Civil. 67

    4.

    3.3 Sociedades no personificadas. 68

  • Sumrio 11

    4.

    3.4 Sociedades personificadas. 69

    4.

    3.5 Extino das sociedades. 73

    4.4 Fundaes. 75

    4.

    4.1 Aspectos gerais. 75

    4.5 Extino das fundaes. 76

    4.6 Partidos polticos. 76

    4.7 Organizaes religiosas: aspectos gerais. 76

    4.8 Empresa individual de responsabilidade limitada. 77

    5.

    DIREITOS DA PERSONALIDADE. 795

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 795

    .2 Caractersticas dos direitos da personalidade. 805

    .3 Tipificao e classificao dos direitos da personalidade. 815

    .4 As espcies de direitos da personalidade no Cdigo Civil. 815

    .

    4.

    1 Direito vida. 815

    .

    4.2 Disposio do prprio corpo. 82

    5.

    4.

    3 Tratamento mdico de risco. 825

    .

    4.

    4 Direito ao nome. 82

    5.

    4.5 Direito imagem. 83

    5.

    4.6 Direito vida privada. 83

    5.5 Direitos da personalidade das pessoas jurdicas. 84

    6.

    TEORIA GERAL DO DOMICLIO. 856.1 Aspectos introdutrios do tema. 85

    6.2 Elementos de configurao do domiclio. 86

    6.3 Classificao do domiclio. 86

    6.4 Relao domiciliar mltipla. 87

    6.5 Teoria do domiclio aparente. 87

    6.6 Mudana do domiclio. 87

    6.

    7 Domiclio necessrio. 876

    .8 Domiclio da pessoa jurdica. 887

    .

    BENS JURDICOS. 917.1 Introduo ao estudo do tema. 91

    7.2 Classificao dos bens. 92

    7.

    2.

    1 Bens considerados em si mesmos. 92

    7.

    2.2 Bens reciprocamente considerados. 95

    7.

    2.3 Bens quanto titularidade do domnio. 96

    7.

    3 Patrimnio. 977

    .

    4 Bem de famlia. 98

  • 12 Direito Civil - Brunno Pandori Ciancoli

    7.

    4.

    1 Bem de famlia voluntrio. 987

    .

    4.

    2 Bem de famlia voluntrio: valores mobilirios. 997

    .

    4.3 Bem de famlia legal. 99

    7.

    4.4 Excees impenhorabilidade do bem de famlia: qua-

    dro comparativo entre as hipteses do Cdigo Civil e a Lei8

    .

    009/1990. 100

    8.

    TEORIA GERAL DOS FATOS JURDICOS. 1018.1 Introduo ao tema. 101

    8.2 Fato jurdico em sentido amplo. 101

    8.3 Esquema geral de classificao dos fatos jurdicos. 102

    8.4 Fato jurdico em sentido estrito. 102

    8.5 Ato-fato jurdico. 103

    8.6 Ato jurdico em sentido estrito. 103

    8.

    7 Atos ilcitos. 1058

    .

    7.

    1 Abuso de direito. 105

    8.8 Negcios jurdicos. 106

    8.

    8.

    1 Corrente voluntarista. 107

    8.

    8.2 Corrente objetivista. 108

    8.

    8.

    3 Corrente estruturalista. 1088

    .9 Classificao dos negcios jurdicos. 1088.10 A causa dos negcios jurdicos. 110

    9.

    PLANOS ESTRUTURAIS DO NEGCIO JURDICO. 1119.1 Introduo ao tema. 111

    9.2 Plano de existncia do negcio jurdico. 111

    9.2.1 Exteriorizao de vontade. 1129

    .

    2.2 Agente emissor da vontade. 112

    9.

    2.3 Objeto. 112

    9.

    2.

    4 Forma. 113

    9.3 Plano de validade do negcio jurdico. 113

    9.

    3.1 Exteriorizao vlida de vontade. 113

    9.

    3.2 Capacidade do agente. 114

    9.

    3.3 Legitimidade do agente. 114

    9.

    3.4 Objeto negocial vlido. 115

    9.

    3.5 Forma legalmente prescrita. 116

    9.4 Invalidade do negcio jurdico. 117

    9.

    4.1 Confirmao do negcio jurdico. 117

    9.

    4.2 Converso do negcio jurdico. 117

  • Sumrio 13

    9.

    4.3 Simulao. 118

    9.5 Eficcia do negcio jurdico. 118

    9.

    5.1 Aquisio de direitos. 119

    9.

    5.2 Modificao de direitos. 119

    9.

    5.3 Conservao de direitos. 120

    9.

    5.4 Extino de direitos. 120

    10. DEFEITOS DO NEGCIO JURDICO: OS VCIOS DE CONSENTIMENTOE OS VCIOS SOCIAIS. 12110.1 Aspectos introdutrios. 12110.2 Erro ou ignorncia. 12210.3 Dolo. 12310.4 Coao. 12410.5 Estado de perigo. 12510.6 Leso. 12610.7 Fraude contra credores. 127

    11. EFICCIA DO NEGCIO JURDICO: ELEMENTOS ACIDENTAIS. 12911.1 Introduo ao tema. 12911.2 Condio. 12911.3 Termo. 131

    11.4 O encargo ou modo. 13212. ESTABILIZAO TEMPORAL DAS RELAES JURDICAS: PRESCRIO

    E DECADNCIA. 13312.1 Noes introdutrias. 13312.2 Caracterizao do instituto da prescrio no Direito Civil. 13312.3 Requisitos de configurao da prescrio. 13512.4 Legitimidade para arguio da prescrio. 13512.5 Momento de arguio da prescrio. 13512.6 Renncia prescrio. 13612.7 Causas que impedem ou suspendem a prescrio. 13612.8 Causas que interrompem a prescrio. 13712.9 Prazos prescricionais no Cdigo Civil . 13812.10 Caracterizao do instituto da decadncia no Direito Civil. 138

    Parte III

    Direito das Obrigaes

    1. INTRODUO AO DIREITO OBRIGACIONAL. 141

    1.1 Aspectos introdutrios do tema. 141

  • 14 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    1.2 Multiplicidade significativa das obrigaes. 141

    1.

    2.1 A obrigao como dever. 141

    1.

    2.2 A obrigao como vnculo. 142

    1.

    2.3 A obrigao como relao jurdica. 143

    1.

    2.4 A obrigao como situao jurdica. 143

    1.

    2.5 A obrigao como processo. 144

    1.3 Constitucionalizao do Direito Civil e Obrigacional. 144

    2.

    SUJEITOS DA RELAO OBRIGACIONAL. 1472

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 1472

    .

    2 O credor. 1482

    .

    2.1 Interesse do credor na obrigao. 148

    2.

    2.2 A funo social como limite realizao do interesse do

    credor. 149

    2.3 O devedor (sujeito passivo da relao obrigacional). 149

    2.4 Os terceiros. 149

    2.5 Efeito das obrigaes em relao aos sujeitos. 150

    3. OBJETO DA RELAO OBRIGACIONAL: A PRESTAO DEBITRIA .... 1513.1 Aspectos introdutrios do tema. 1513

    .2 Direito prestao ou direito de crdito. 1513

    .3 Requisitos da prestao negocial. 1513

    .

    3.1 Patrimonialidade da prestao. 152

    3.3.2 Licitude da prestao. 1543.3.3 Determinao da prestao. 154

    3.

    3.

    3.1 Possibilidade da prestao. 154

    4. CONTEDO DA OBRIGAO. 1574

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 1574

    .

    2 O crdito. 157

    4.

    2.1 Aspectos gerais do crdito. 157

    4.

    2.

    2 Tutela externa do crdito. 1584

    .

    3 O dbito. 1594

    .4 Os deveres gerais de conduta. 1595

    .

    MODALIDADES OBRIGACIONAIS. 161

    5.1 Aspectos introdutrios do tema. 161

    5.2 Obrigaes de dar. 161

    5.

    2.1 Obrigao de dar coisa certa. 162

    5.

    2.2 Obrigao de dar coisa incerta. 163

  • Sumrio 15

    5.

    2.

    2.1 O ato de escolha nas obrigaes de dar coisa in-

    certa . 163

    5.3 Obrigaes de fazer. 165

    5.

    3.1 Obrigao de fazer propriamente dita. 165

    5.

    3.2 Classificao das obrigaes de fazer. 166

    5.

    3.3 Inadimplemento das obrigaes de fazer fungveis: proble-

    mtica do pargrafo nico do art. 249 do CC/2002 . 1675

    .

    3.4 Obrigao de no fazer. 167

    5.4 Obrigao alternativa. 1 71

    5.5 Obrigaes divisveis e indivisveis . 173

    5.

    5.1 Obrigaes indivisveis. 173

    5.6 Obrigao solidria. 174

    5.

    6.

    1 Solidariedade ativa. 1755

    .

    6.2 Solidariedade passiva. 175

    5.7 Obrigaes naturais. 177

    6. TRANSMISSO DAS OBRIGAES. 1796

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 1 796

    .

    2 Cesso de crdito. 1796

    .

    2.1 Aspectos gerais da cesso de crdito. 179

    6.3 Assuno de dvida (cesso de dbito). 182

    6.

    3.1 Aspectos gerais da assuno de dvida. 182

    6.

    3.2 Consentimento do credor na assuno de dvida. 183

    6.

    3.3 Assuno de adimplemento. 184

    6.4 Cesso da posio contratual. 184

    7. DO ADIMPLEMENTO E EXTINO DAS OBRIGAES. 1857.1 Aspectos introdutrios do tema. 185

    7.2 De quem deve pagar. 185

    7.3 A quem se deve pagar. 185

    7.4 Do objeto do pagamento . 186

    7.5 Da prova do pagamento. 186

    7.6 Lugar do pagamento. 187

    7.7 Tempo do pagamento. 187

    8.

    FORMAS ALTERNATIVAS DE ADIMPLEMENTO. 1898

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 1898

    .2 Consignao em pagamento. 1898.2.1 Ao de consignao em pagamento. 1918

    .

    2.2 Depsito bancrio. 192

  • 16 Direito Civil - Brunno Pandori Giancoli

    8.3 Pagamento com sub-rogao. 192

    8.4 Imputao do pagamento. 193

    8.5 Dao em pagamento. 194

    8.6 Novao. 195

    8.7 Compensao. 196

    8.

    8 Confuso. 1978

    .

    9 Remisso das dvidas. 198

    9.

    INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAES. 1999

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 1999

    .2 Inadimplemento absoluto. 1999

    .3 Caso fortuito e fora maior. 1999

    .

    4 Mora. 200

    9.

    4.

    1 Mora do devedor. 200

    9.

    4.

    2 Mora do credor. 200

    9.

    4.3 Purgao da mora. 201

    9.5 Violao positiva da obrigao. 201

    9.6 Clusula penal. 202

    9.7 Juros. 203

    9.

    7.1 Juros compostos e anatocismo. 205

    9.

    8 Arras. 205

    Parte IVResponsabilidade Civil

    1. NOES INTRODUTRIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL. 2071.1 Aspectos introdutrios ao tema. 207

    1.2 Funes da responsabilidade civil. 208

    1.3 Dimenses da responsabilidade civil. 212

    2.

    A CONDUTA DO AGENTE. 2132

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 2132

    .2 Formas de conduta: ao e omisso. 2142

    .3 Conduta e o agente. 2143

    .

    O DANO. 217

    3.1 Aspectos introdutrios ao tema. 21 7

    3.

    2 Conceito de dano. 2173

    .3 Requisitos do dano indenizvel. 2183

    .4 Dano patrimonial. 219

  • Sumrio 17

    3.5 Dano extrapatrimonial. 219

    3.

    6 Dano esttico. 2203

    .7 Dano imagem. 2203

    .8 Dano de chance perdida. 2214

    .

    NEXO DE CAUSALIDADE. 2234.1 Aspectos introdutrios ao tema. 223

    4.2 Causa e condio na responsabilidade civil. 223

    4.

    3 Conceito de nexo causal (nexo de causalidade). 2234

    .4 Causalidade mltipla. 2244

    .

    5 Desenvolvimento doutrinrio do nexo causal. 2254

    .6 Nexo causal e sua interpretao doutrinria e jurisprudencial noBrasil. 227

    5.

    O DOLO E A CULPA. 2295

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 2295

    .2 Dolo e culpa: proximidades e distines. 2295

    .3 Elementos da conduta culposa. 2305

    .4 Espcies de culpa. 2315

    .5 Teorias sobre a culpa. 2325

    .6 Culpa presumida. 2335.7 Culpa concorrente. 233

    6.

    O RISCO. 2356.1 Aspectos introdutrios ao tema. 235

    6.

    2 Conceito de risco. 2356

    .3 Princpios norteadores do risco. 2356

    .

    4 Desenvolvimento doutrinrio das modalidades de risco. 2366

    .5 Risco e sua interpretao de acordo com o pargrafo nico do art.927 do CC/2002. 238

    7. A INDENIZAO. 239

    7.1 Aspectos introdutrios ao tema. 239

    7.2 O papel do magistrado na quantificao dos danos. 239

    7.3 Formas de reparao do dano. 240

    7.4 Extenso da indenizao equivalente: o dano emergente e o lucro

    cessante. 241

    7.5 Extenso da indenizao por compensao: a problemtica deter-

    minao dos danos extrapatrimoniais. 2427

    .6 Mecanismos de fixao da indenizao: arbitramento e tarifao.... 243

  • 18 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    7.7 Arbitramento da extenso da compensao dos danos extrapatrimo-

    niais: principais critrios. 2458

    .

    AS ESPCIES DE RESPONSABILIDADE NO CDIGO CIVIL. 2478

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 2478.2 Responsabilidade contratual e responsabilidade extracontratual. 2488

    .3 Responsabilidade subjetiva e responsabilidade objetiva. 2488

    .4 Responsabilidade objetiva dos empresrios individuais e das socie-dades empresrias no Cdigo Civil. 249

    9.

    A RESPONSABILIDADE POR ATOS DE OUTREM. 251

    9.1 Aspectos introdutrios ao tema. 251

    9.2 Hipteses legais da responsabilidade por atos de outrem. 2519

    .3 Caractersticas da responsabilidade por atos de outrem. 25410. A RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA E DOS ANIMAIS. 255

    10.1 Aspectos introdutrios ao tema. 25510.2 Responsabilidade por fato de animais. 25510.3 Responsabilidade pela runa de edifcio ou construo. 25610.4 Responsabilidade pelas coisas cadas ou lanadas de um prdio. 257

    11. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL. 259

    11.1 Aspectos introdutrios ao tema. 25911.2 Legtima defesa. 25911.3 Estado de necessidade. 261

    11.4 Problemtica do art. 929 do CC/2002 para a configurao do estadode necessidade. 262

    11.5 Exerccio regular de direito e estrito cumprimento do dever legal. 26211.6 Caso fortuito e fora maior. 26311.7 Culpa exclusiva da vtima. 26411.8 Fato exclusivo de terceiro. 265

    11.9 Renncia da vtima indenizao e clusula de no indenizar. 265

    Parte VTeoria Geral dos Contratos

    1. INTRODUO A TEORIA GERAL DOS CONTRATOS. 2671.1 Aspectos introdutrios do tema. 267

    1.2 Noo de contrato. 267

    1.

    3 Elementos estruturais dos contratos. 2671

    .

    3.1 Requisitos subjetivos. 268

  • Sumrio 19

    1.

    3.2 Requisitos objetivos. 268

    1.

    3.3 Requisitos formais. 269

    1.4 Classificao dos contratos. 269

    1.

    5 Conexo contratual. 2741

    .6 Princpios bsicos do direito contratual. 2741

    .

    6.1 Princpio da liberdade contratual. 275

    1.

    6.2 Princpio da supremacia da ordem pblica. 275

    1.

    6.3 Princpio da boa-f objetiva. 275

    1.

    6.4 Princpio do consensualismo. 276

    1.

    6.5 Princpio da obrigatoriedade ou pacta sunt servanda ou

    princpio da fora vinculante dos contratos. 2771

    .

    6.6 Princpio da reviso dos contratos. 277

    1.

    6.7 Princpio da relatividade. 278

    2. FORMAO DOS CONTRATOS. 2792

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 2792

    .2 Negociaes preliminares. 2792

    .3 Proposta. 2802

    .4 Aceitao. 2812

    .5 Formao do contrato entre ausentes. 2822

    .6 Do lugar da formao dos contratos. 2833

    .

    EFEITOS CONTRATUAIS PERANTE TERCEIROS. 2853.1 Aspectos introdutrios do tema. 285

    3.2 Estipulao em favor de terceiro. 285

    3.3 Promessa pelo fato de terceiro. 286

    3.4 Contrato com pessoa a declarar. 286

    4.

    GARANTIAS CONTRATUAIS. 2874

    .1 Aspectos introdutrios do tema. 2874

    .

    2 Vcios redibitrios. 2874

    .3 Evico. 2885

    . EXTINO DOS CONTRATOS. 2915.1 Aspectos introdutrios do tema. 291

    5.2 Causas de extino anormal dos contratos. 291

    5.

    2.1 Resoluo. 291

    5.

    2.2 Resilio. 292

    5.

    2.

    3 Resciso. 294

    5.

    2.4 Extino por morte de um dos contratantes. 294

  • 20 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    Parte VIContratos em Espcie

    1.

    COMPRA E VENDA E PERMUTA. 295

    1.1 Aspectos introdutrios. 295

    1.2 Partes do contrato de compra e venda. 296

    1.3 Elementos essenciais da compra e venda. 296

    1.

    3.

    1 Coisa. 296

    1.

    3.2 Preo. 297

    1.

    3.

    3 Consenso. 298

    1.4 Forma do contrato de compra e venda. 300

    1.5 Efeitos do contrato de compra e venda. 300

    1.

    5.1 Efeitos naturais (principais). 300

    1.

    5.

    2 Efeitos secundrios. 300

    1.6 Restries subjetivas do contrato de compra e venda. 301

    1.

    6.1 Compra e venda entre ascendentes e descendentes. 301

    1.

    6.2 Compra e venda pelos tutores, curadores, testamenteiros e

    administradores dos bens confiados sua guarda ou admi-nistrao. 302

    1.

    6.3 Compra e venda pelos servidores pblicos dos bens ou di-

    reitos da pessoa jurdica a que servirem, ou que estejam sobsua administrao direta ou indireta. 303

    1.

    6.4 Compra e venda pelos juzes, secretrios de tribunais, arbi-

    tradores, peritos e outros serventurios ou auxiliares da justi-a . 303

    1.

    6.5 Compra e venda pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de

    cuja venda estejam encarrega. 3031

    .

    6.6 Venda da parte indivisa em condomnio. 304

    1.

    6.7 Venda entre cnjuges. 304

    1.7 Modalidades especiais de compra e venda. 304

    1.

    7.1 Venda por amostra. 304

    1.

    7.2 Venda ad corpus e ad mensuram. 305

    1.8 Clusulas especiais da compra e venda. 306

    1.9 A permuta. 308

    2.

    DOAO. 3092.1 Aspectos introdutrios. 309

    2.2 Partes no contrato de doao. 309

    2.3 Elementos essenciais da doao. 309

    2.

    3.1 O elemento subjetivo: animus donandi. 310

  • Sumrio 21

    2.

    3.2 O elemento objetivo: a transferncia da propriedade. 310

    2.4 Aceitao do donatrio. 310

    2.5 Objeto da doao. 311

    2.6 Obrigaes e direitos das partes. 311

    2.7 A clusula de reverso nas doaes. 312

    2.8 Mecanismos de interpretao especficos do contrato de doao .... 312

    2.9 Hipteses especficas de invalidade do contrato de doao. 313

    2.10 Revogao das doaes. 313

    2.11 Resol uo do contrato de doao. 314

    2.12 Reduo do contedo do contrato de doao. 3142

    .13 Modalidades especiais de doao. 3152.13.1 Doaes condicionais. 315

    2.13.2 Doaes modais (com encargo). 315

    2.13.3 Doaes remuneratrias. 315

    2.13.4 Doaes entre cnjuges. 316

    2.13.5 Doaes mortis causa. 316

    2.14 Promessa de doao. 316

    3.

    CONTRATO ESTIMATRIO. 3173.1 Aspectos introdutrios. 317

    3.

    2 Partes no contrato estimatrio. 3173

    .3 A coisa consignada. 3173

    .

    4 Efeitos do contrato. 318

    4. CONTRATO DE LOCAO DE COISAS. 3194.1 Aspectos introdutrios. 319

    4.

    2 Partes no contrato. 3194

    .3 Elementos especficos do contrato de locao. 3194

    .

    3.1 O aluguel. 319

    4.

    3.2 A coisa objeto do contrato. 320

    4.4 Obrigaes do locador e do locatrio. 320

    4.5 O prazo do contrato de locao. 321

    4.6 Locao e benfeitorias. 321

    5.

    CONTRATO DE EMPRSTIMO. 3235

    .1 Aspectos introdutrios. 3235

    .2 Caractersticas gerais do comodato. 3235

    .3 Caractersticas gerais do mtuo. 3246

    . CONTRATO DE PRESTAO DE SERVIOS. 327

  • 22 Direito Civil - Brunno Pandori Giancoli

    6.1 Aspectos introdutrios. 327

    6.2 Caractersticas gerais da prestao de servio. 327

    7.

    CONTRATO DE EMPREITADA. 3297.1 Aspectos introdutrios. 329

    7.

    2 Partes no contrato. 329

    7.3 Empreitada de material e de trabalho. 329

    7.4 Obrigaes do empreiteiro e de quem encomendou a obra. 330

    7.5 Extino do contrato de empreitada. 331

    8.

    CONTRATO DE DEPSITO. 3338

    .1 Aspectos introdutrios. 3338

    .2 Obrigaes das partes contratantes. 3348

    .3 Aspectos especficos do depsito necessrio. 3359

    .

    CONTRATO DE MANDATO. 337

    9.1 Aspectos introdutrios. 337

    9.

    2 Parte no contrato. 337

    9.3 Mandato e procurao. 338

    9.4 Elementos essenciais e classificao. 3389

    .5 Procurao em causa prpria. 3399

    .

    6 Substabelecimento. 3399

    .7 Obrigaes decorrentes do mandato. 3399

    .8 Extino do mandato. 3419

    .9 Mandato judicial. 34210. CONTRATO DE COMISSO. 343

    10.1 Aspectos introdutrios. 34310.2 Partes. 343

    10.3 Direitos e deveres. 34310.4 Comisso dei credere. 344

    11. CONTRATO DE TRANSPORTE. 345

    11.1 Aspectos introdutrios. 34511.2 Partes no contrato de transporte. 34511.3 Transporte de pessoas. 34611.4 Transporte de coisas. 34711.5 Transporte gratuito e transporte benvolo. 34811.6 Responsabilidade civil do transportador. 349

    12. CONTRATO DE SEGURO. 351

    12.1 Aspectos introdutrios. 351

  • Sumrio 23

    12.2 Partes no contrato. 351

    12.3 Caractersticas gerais do contrato. 35212.4 Obrigaes do segurado e do segurador. 353

    13. FIANA. 35513.1 Aspectos introdutrios. 35513.2 Espcies de fiana. 35613.3 Extino da fiana. 356

    14. DOS ATOS UNILATERAIS. 357

    14.1 Aspectos introdutrios. 35714.2 Da promessa de recompensa. 35714.3 Da gesto de negcios. 35814.4 Do pagamento indevido. 35814.5 Do enriquecimento sem causa. 359

    Parte VIIDireito das Coisas

    1.

    DA POSSE. 3611.1 Aspectos introdutrios ao tema. 361

    1.2 Teorias explicativas sobre a posse. 362

    1.3 Natureza jurdica da posse. 364

    1.4 Objeto da posse. 364

    1.5 Classificao da posse. 364

    1.6 Aquisio da posse. 368

    1.7 Efeitos da posse. 370

    1.8 Perda da posse. 372

    1.9 Deteno. 372

    2.

    INTRODUO AO ESTUDO DOS DIREITOS REAIS. 3752

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 3752

    .

    2 Caractersticas dos direitos reais. 3762

    .

    2.1 Taxatividade ou tipicidade {numerus clausus). 376

    2.

    2.2 Oponibilidade erga omnes. 376

    2.

    2.3 Sequela. 377

    2.

    2.

    4 Aderncia. 3772

    .

    2.

    5 Exclusividade. 377

    2.

    2.

    6 Preferncia. 3772

    .

    2.7 Elasticidade e consolidao. 377

  • 24 Direito Civil - Brunno Pndori Ciancoli

    3.

    PROPRIEDADE. 3793.1 Aspectos introdutrios ao tema. 379

    3.2 Restries ao direito de propriedade. 379

    3.3 Aquisio da propriedade imvel. 380

    3.

    3.1 Aquisio derivada. 380

    3.

    3.2 Aquisio originria. 380

    3.4 Aquisio da propriedade mvel. 383

    3.

    4.

    1 Derivada. 3843

    .

    4.2 Aquisio originria. 384

    4.

    DOS DIREITOS DE VIZINHANA. 3874

    .1 Aspectos introdutrios. 3874

    .2 Uso anormal da propriedade. 3874

    .

    3 rvores limtrofes. 3884

    .4 Passagem forada . 3894

    .5 Passagem de cabos e tubulaes. 3894

    .6 guas. 3904

    .7 Limites entre prdios e direito de tapagem. 3904

    .

    8 Direito de construir. 391

    5.

    CONDOMNIO. 3935.1 Aspectos introdutrios do tema. 393

    5.

    2 Direitos e deveres dos condminos. 3945

    .3 Administrao do condomnio. 3945.4 Extino do condomnio. 3955

    .

    5 Condomnio necessrio. 3965

    .6 Condomnio edilcio: aspectos gerais. 3965

    .

    7 Direitos e deveres dos condminos no condomnio edilcio. 3975

    .8 Administrao do condomnio edilcio. 3995

    .9 Extino do condomnio edilcio. 3996

    .

    DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA. 4016.1 Superfcie. 401

    6.

    2 Servides. 4026

    .

    3 Usufruto. 4036

    .

    4 Uso. 404

    6.5 Habitao. 404

    6.6 Direito do promitente comprador. 405

    6.7 Concesso de uso especial para fins de moradia. 406

    6.

    8 Concesso de direito real de uso. 407

  • Sumrio 25

    7.

    DIREITOS REAIS DE GARANTIA. 4097.1 Aspectos introdutrios ao tema. 409

    7.

    2 Penhor. 410

    7.3 Hipoteca. 4127

    .

    4 Da anticrese. 414

    7.5 Da alienao fiduciria. 414

    Parte VIII - Direito de Famlia

    1. INTRODUO AO ESTUDO DO DIREITO DE FAMLIA. 4151.1 Aspectos introdutrios ao tema. 415

    1.2 Famlia e proteo constitucional. 416

    1.

    2.1 Princpios constitucionais. 416

    1.

    2.2 Proteo constitucional das entidades familiares e proteo

    constitucional. 4191

    .

    2.3 Liberdade constitucional no planejamento familiar. 419

    2.

    CASAMENTO. 4212

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 4212

    .2 Casamento religioso com efeitos civis. 4212

    .3 Natureza jurdica do casamento. 4222

    .

    4 Finalidades do casamento. 422

    2.5 Princpios do casamento. 422

    2.6 Pressupostos de existncia jurdica do casamento. 4222

    .7 Requisitos de validade. 4232.8 Pressupostos de regularidade. 4242

    .9 Dos impedimentos matrimoniais. 4242

    .10 Celebrao do casamento. 4262

    .11 Das provas do casamento. 4282

    .

    12 Da eficcia do casamento. 429

    2.

    13 Inexistncia e invalidade do casamento. 4312

    .14 Casamento putativo. 4322

    .15 Extino do casamento. 4333

    .

    REGIME DE BENS ENTRE OS CNJUGES. 4353.1 Aspectos introdutrios ao tema. 435

    3.2 Pcto antenupcial. 436

    3.3 Regime da comunho parcial de bens. 436

    3.4 Regime da comunho universal de bens. 438

    3.5 Regime da participao final nos aquestos. 439

  • 26 Direito Civil - Brunno Pandori Ciancoli

    3.6 Regime da separao de bens. 439

    4.

    UNIO ESTVEL. 4414

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 4414

    .2 Requisitos de caracterizao. 4414

    .

    3 O concubinato. 4424

    .

    4 Unio homoafetiva. 4434

    .5 Deveres dos companheiros. 4434

    .6 Regime de bens na unio estvel. 4434.

    7 Converso da unio estvel em casamento. 444

    5.

    PARENTESCO. 445

    5.1 Aspectos introdutrios ao tema. 445

    5.2 Organizao e contagem do parentesco. 445

    5.3 Espcies de parentesco. 446

    5.4 Efeitos do parentesco. 447

    5.5 Filiao. 449

    5.6 Filiao e poder familiar. 451

    6.

    ALIMENTOS. 4556

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 4556

    .2 Caractersticas das normas sobre a obrigao alimentar. 4556

    .3 Princpios especficos da obrigao alimentar. 4566

    .4 Fontes da obrigao alimentar. 4576

    .5 Requisitos de necessidade, possibilidade e razoabilidade da obriga-o alimentar. 457

    6.6 Sujeito ativo e passivo da obrigao alimentar. 458

    6.7 Particularidades do sujeito ativo da obrigao alimentar: alimentos

    gravdicos. 4586

    .8 Exonerao da obrigao alimentar. 4596

    .9 Atualizao da dvida alimentar. 4607

    .

    TUTELA E CURATELA. 4617

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 4617

    .2 Tutela: aspectos gerais. 4617

    .3 Tutela: espcies. 4627

    .

    4 Da escusa dos tutores. 462

    7.

    5 Do exerccio da tutela. 4637

    .6 Da prestao de contas do tutor. 4647

    .7 Da cessao da tutela. 4647

    .

    8 Curatela. 464

  • Sumrio 27

    7.

    9 Curatela dos nascituros. 465

    Parte IX - Direito das Sucesses

    1.

    DA SUCESSO EM GERAL. 4671.1 Aspectos introdutrios ao tema. 467

    1.2 Abertura da sucesso. 4671.3 Espcies de sucesso. 4681.4 Sucesso a ttulo universal e a ttulo singular. 468

    1.5 Lugar da abertura da sucesso. 469

    1.6 Representao legal na sucesso. 469

    1.

    7 Caracterstica da herana. 4711

    .

    8 Cesso de direitos hereditrios. 4711.9 Instaurao do inventrio. 472

    1.10 Capacidade para suceder. 472

    1.11 Aceitao da herana. 473

    1.

    12 Renncia da herana. 4731.13 Herana jacente e vacante. 474

    1.14 Da petio de herana. 475

    2.

    SUCESSO LEGTIMA. 4772

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 4772

    .2 Herdeiros na sucesso legtima. 477

    2.3 Ordem de vocao hereditria. 4782.4 Sucesso dos descendentes. 4782

    .

    5 Sucesso dos ascendentes. 4792

    .

    6 Sucesso dos colaterais. 4792

    .7 Do Direito de representao. 479

    2.8 Sucesso do cnjuge. 480

    2.

    9 Sucesso na unio estvel. 4812

    .10 Da indignidade. 4813

    .

    SUCESSO TESTAMENTRIA. 4833

    .1 Aspectos introdutrios ao tema. 4833

    .

    2 O testamento. 4833

    .

    3 Formas de testamento. 4843

    .

    4 Codicilo. 4843

    .5 Disposies testamentrias. 4853

    .6 Legado. 486

  • 28 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    3.7 Do direito de acrescer entre herdeiros e legatrios. 487

    3.8 Das substituies. 487

    3.9 Da deserdao. 488

    3.10 Da reduo das disposies testamentrias. 489

    3.11 Da revogao do testamento. 489

    3.12 Do rompimento do testamento. 489

    3.

    13 Do testamenteiro. 490

    4.

    INVENTRIO E PARTILHA. 4914.1 Aspectos introdutrios ao tema. 491

    4.2 Do inventrio negativo. 491

    4.3 Inventariana. 492

    4.4 Dos sonegados. 492

    4.5 Pagamento das dvidas. 493

    4.6 Da colao. 493

    4.7 Da partilha. 494

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS. 495

  • Parte I - Lei de Introduo s normasdo Direito Brasileiro

    Lei de Introduos Normas do DireitoBrasileiro

    1.

    1 ASPECTOS INTRODUTRIOS DOTEMAAnteriormente conhecida como Lei de Introduo ao Cdigo Civil ou

    LICC, a atual Lei de Introduo s normas do Direito Brasileiro (LINDB)ainda o Dec.-Lei 4.657/1942, com a ementa alterada pela Lei 12.376/2010,e tem como objetivo a regulamentao das normas em si. Wilson de SouzaCampos Batalha afirmava que a lei de introduo " uma lex legum, lei dasleis

    , ou, melhor, conjunto de normas sobre normas, direito sobre direito, jussupra jura. No disciplina, direta ou imediatamente, relaes da vida, nolhes d colorido jurdico; antes, disciplina as prprias leis, assinalando-lhesa maneira de entendimento e aplicao, predetermina as fontes do direitopositivo, indicando-lhes as dimenses espao-temporais" (Lei de Introduoao Cdigo Civil, vol. I, p. 5).

    A Lei de Introduo atinge todos os ramos do direito, salvo naquilo quefor regulado de forma diferente na legislao especfica. Com 19 artigos, elatrata, sinteticamente, dos seguintes temas:

    Tema Previso na LINDB

    a.

    incio da obrigatoriedade da lei; art. 1.b

    .

    tempo de obrigatoriedade da lei; art. 2.c

    . garantia da eficcia global da ordem jurdica; art. 3.d

    .

    mecanismos de integrao das normas; art. 4.e

    .

    critrios de hermenutica jurdica; art. 5.f

    .

    direito intertemporal; art. 6.g. direito internacional privado brasileiro; arts. 7. a 17h

    .

    atos civis praticados no estrangeiro, pelas autoridadesconsulares brasileiras.

    arts. 18 e 19

  • Direito Civil - Brunno Pandori Giancoli

    Como bem observa Maria Helena Diniz, a LINDB "descreve as linhas

    bsicas da ordem jurdica, exercendo a funo de lei geral, por orientar aobrigatoriedade, a interpretao, a integrao e a vigncia da lei no tempoe por traar as diretrizes das relaes de direito internacional privado porela tidas como adequadas por estarem conformes com as convenes e comtratados a que aderiu o Brasil" (Lei de Introduo ao Cdigo Civil brasileirointerpretada, p. 6).1.

    2 AS FONTES OU FORMAS DE EXPRESSO DO DIREITO

    As fontes formais so as formas ou os modos como o direito se manifesta.

    O art. 4. da Lei de Introduo s normas de Direito Brasileiro indica quais soelas: "quando a lei for omissa, o juiz decidir o caso de acordo com a analogia,os costumes e os princpios gerais do direito".

    importante observar que o art. 4. da LINDB no um rol taxativo defontes formais. Isso porque, alm da lei, do costume e dos princpios gerais,a doutrina aponta ainda como fontes a jurisprudncia, a prpria doutrina eat os brocardos jurdicos. Alm disso, a analogia no pode ser enquadradatecnicamente como fonte formal. Trata-se de um mtodo ou forma de inte-grao do direito que se vale das fontes j mencionadas, tema este que serestudado no item 1.3.

    Em sentido estrito, a lei pode ser conceituada como um preceito jurdicoescrito, proveniente de autoridade estatal competente criada por meio deum processo previamente definido, com carter geral e obrigatrio. ObservaOscar Tenorio que a lei, nas sociedades modernas, " a fonte mais abundan-te e copiosa do direito"

    (Lei de Introduo ao Cdigo Civil brasileiro, vol. I,p.18). A lei, at por fora do art. 5., II, da CF/1988, a expresso mxima

    ateno

    As fontes formais no se confundem com as fontes mate-

    riais. Estas ltimas so todos os fatores que condicionama formao das normas jurdicas, ou seja, que implicam ocontedo das fontes formais.

    1.

    2.

    1 Alei

  • Cap. 1 . Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro 31

    do direito: "ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisaseno em virtude de lei"

    .

    No sistema normativo brasileiro a lei a fonte formal principal. Sobrea importncia da lei como fonte formal, Maria Helena Diniz explica que "noEstado moderno h uma supremacia da lei ante a crescente tendncia de codi-ficar o direito para atender a uma exigncia de maior certeza e segurana paraas relaes jurdicas, devido possibilidade de maior rapidez na elaborao emodificao do direito legislativo, permitindo sua adaptao s necessidadesda vida moderna e pelo fato de ser de mais fcil conhecimento e de contornosmais precisos, visto que se apresenta em textos escritos" (Lei de Introduo aoCdigo Civil brasileiro interpretada, p. 43).

    As principais caractersticas da lei como fonte formal de direito so:

    Generalidade

    Imperatividade

    Autorizamento

    Permanncia

    Criao por autoridade com-petente

    A lei destinada a todos de forma indistinta, tendo em vistaa natureza abstrata de seu comando.

    A lei um comando, uma ordem que impe um dever deconduta.

    A lei autoriza que o lesado pela violao exija o seu cum-primento ou a reparao. O autorizamento permite e legiti-ma o uso da faculdade de coagir.A lei permanece at ser revogada por outra lei. importanteobservar, contudo, que algumas leis so temporrias (art.2 da LINDB).A lei um ato do Estado. Sua existncia depende da ema-nao pelo poder competente com o preenchimento dasformalidades necessrias.

    Estabelece o art. 3. da LINDB: "ningum se escusa de cumprir a lei,alegando que no a conhece". Trata-se do princpio ignorantia jris ne-minem excusat, segundo o qual a ignorncia do direito a ningum escusa,no podendo a parte alegar a ignorncia da lei para que a mesma no gereeficcia.

    O fenmeno que leva obrigatoriedade da lei o da sua publicao,ocasio em que os destinatrios tero condies de ter cincia da mesma,no podendo se desvencilhar da produo de seus efeitos sob a alegao deignorncia.

    Uma vez promulgada e publicada, a norma passa a ser impositiva a to-dos, por uma questo de segurana jurdica. Esta fora normativa (vigncia)perdura de maneira indefinida no tempo; trata-se do chamado princpio da

  • 32 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    continuidade previsto no art. 2. da LINDB, o qual s desaparece quando,expressa ou tacitamente, a norma for modificada ou revogada.

    Sobre a vigncia das leis, o Brasil adotou o sistema simultneo, tambmdenominado sincrnico

    , o qual estabelece a simultaneidade da fora obriga-tria da lei "em todo o pas no mesmo momento" (art. 1. da LINDB).

    Existem duas excees vigncia simultnea, a saber:a) fusos-horrios; eb) leis no estrangeiro (a simultaneidade ocorre s dentrodo territrio nacional).

    possvel que incida uma causa intrnseca norma que gere a suaautorrevogao, o que , sem sombra de dvida, considerada uma situaoexcepcional, sendo a referida lei, por conseguinte, excepcional ou temporria(ad tempus), as quais podem ser classificadas em:

    a) Lei com vigncia expressa - a norma que possui um comando (ar-tigo) fixando seu prazo de vigncia.

    b) Lei temporria em face da sua natureza - aquela que, devido a

    circunstncias histricas ou funcionais, no possui um expresso comandoautorrevogador, visto que, sistmica e permanentemente, possui um prazocerto de vigncia. Exemplo: Leis oramentrias (art. 165, 5., da CF/1980).

    c) Lei com fim certo e determinado - o caso de toda lei cujo alcancelhes esgota o contedo, como na hiptese de lei que manda realizar umadeterminada obra ou efetuar um certo pagamento.

    d) Lei que rege situao transitria - So normas de carter situacional,como estado de calamidade, estado de guerra, entre outras.

    Entende-se por vacatio legis o intervalo temporal entre a data da publica-o da lei e a sua entrada em vigor. O instituto previsto no art. 1. da LINDB,devendo ser seguidas as regras do art. 8. da LC 95/1998, modificado pela LC107/2001, para a indicao do prazo de vigncia das leis.

    A finalidade da vacatio legis oportunizar a todos os destinatrios o co-nhecimento amplo do contedo da norma, muito embora ela tambm sirvapara o operador ter conhecimento da norma a fim de aplic-la. No perodo devacatio legis no goza a lei de obrigatoriedade, tendo em vista estar suspensaat sua efetiva entrada em vigor.

    ateno

  • Cap. 1 . Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro 33

    Quanto repercusso da vacatio, temos as seguintes hipteses:

    Leis com vacatio legis ex-pressa

    De acordo com o art. 8. da LC 95/1998: "a vigncia da leiser indicada de forma expressa e de modo a contemplarprazo razovel para que dela se tenha amplo conhecimento,reservada a clusula 'entra em vigor na data de sua publica-o'

    para as leis de pequena repercusso".

    Leis sem vacatio legis So aquelas que entram em vigor na data de sua publicao(art. 8. da LC 95/1998).

    Leis com vacatio legis tcita

    De acordo com o art. 1. da LINDB, "salvo disposio con-trria, a lei comea a vigorar em todo o pas 45 (quarenta ecinco) dias depois de oficialmente publicada (...). Nos Esta-dos estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quandoadmitida, se inicia 3 (trs) meses depois de oficialmente pu-blicada".

    De acordo com o 1. do art. 8. da LC 95/1998, a "contagem do prazopara entrada em vigor das leis que estabeleam perodo de vacncia far-se-com a incluso da data da publicao e do ltimo dia do prazo, entrando emvigor no dia subsequente sua consumao integral".

    Se durante a vacatio legis ocorrer nova publicao do texto legal, paracorreo de erros materiais ou falha de ortografia, o prazo da obrigatoriedadecomear a correr da nova publicao (art. 1., 3. da L1NDB). Se a lei jentrou em vigor, tais correes so consideradas lei nova, sujeitando-se a umnovo processo de criao.

    Ainda sobre a vigncia das leis, estabeleceu o art. 2. da LINDB que "a leiter vigor at que outra a modifique ou revogue". Com a revogao, a lei deixade fazer parte do sistema jurdico. Todavia, poder continuar a ser aplicadaa algumas situaes, garantida a ultratividade da lei pelo direito adquirido,ato jurdico perfeito ou coisa julgada.

    Como regra, no se admite no nosso sistema jurdico arepristinao, que consiste na restaurao da lei revogadapelo fato de a lei revogadora ter perdido sua vigncia (art.2

    .

    , 3. da LINDB).

    A nica exceo a restaurao por expressa disposioda lei nova.

  • 34 Direito Civil - Brunno Pndori Giancoli

    A norma revogada passa a no fazer mais parte do sistema jurdico.

    As leis permanentes s podem ser revogadas por outrasleis, muito embora a norma declarada inconstitucionalpelo STF venha a ter sua eficcia suspensa pelo SenadoFederal, que poder revog-la. Conforme determina o art.52, X, da CF, o Senado tem competncia privativa, pormeio de resoluo

    , para suspender a eficcia da lei decla-rada inconstitucional, por deciso definitiva do STF.

    Segundo o critrio de extenso, existem duas hipteses de revogao:

    Revogao total Tambm chamada de ab-rogao, a supresso total da norma.Tambm chamada de derrogao, aquela que acarreta a su-

    Revogao parcial presso de uma parte da norma antiga, no havendo plena subs-tituio da lei antiga pela lei nova.

    Quanto ao modo (forma), a revogao pode ser:

    a hiptese na qual o legislador apresenta um comando de-terminando que a lei ou dispositivo est sendo suprimido dosistema. O art. 9. da LC 95/1998, dispe que "a clusula derevogao dever enumerar, expressamente, as leis ou disposi-es legais revogadas".

    Tambm chamada de revogao hermenutica, ou seja, aquelana qual o intrprete d por incompatvel a lei nova com a antiga,na medida em que se torna impossvel a incidncia das duasnormas em um determinado caso concreto.

    As novas leis, como regra, s tem vigor para o futuro. Por esta razo o

    art. 5., XXXVI, da Constituio Federal, estatuiu que "a lei no prejudicar

    o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada". Trata-se doprincpio da irretroatividade, o qual j vinha determinado pelo art. 6. daLINDB ao fixar: "a lei em vigor ter efeito imediato e geral, respeitados o atojurdico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada".

    O princpio da irretroatividade relativo, pois existem casos em que alei retroage para agasalhar situaes anteriores sua vigncia.

    ateno

    Revogao expressa

    Revogao tcita

  • Cap. 1 . Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro 35

    Por fim, cumpre observar que os arts. 7. a 19 da LINDB trazem regrasde direito internacional pblico e privado. Tratam eles especialmente doslimites territoriais da aplicao da lei brasileira e da estrangeira.

    1.

    2.

    2 Os costumes

    O costume, tambm chamado de usos e costumes, direito consuetudi-nrio ou direito costumeiro, a norma aceita por todos como obrigatria,sem que o Poder Pblico a tenha estabelecido. conceituado como a prticauniforme, constante, pblica e geral de determinado ato, com a convicode sua necessidade.

    Alerta Wilson de Souza Campos Batalha que "os usos ecostumes constitutivos do Direito consuetudinrio devemser diferenciados nitidamente dos usos negociais. Aque-les integram o Direito positivo, so fontes de regra geraise abstratas de Direito; estes servem a esclarecer ou suprira vontade das partes, no valem como preceitos geraise abstratos, mas apenas como elementos integrativos dopressuposto ftico da norma" (Lei de introduo ao Cdi-go Civil, vol. I, p. 265).

    Trata-se de uma fonte subsidiria ou supletiva, pois somente poderser aplicado quando no houver lei ou quando for impossvel a aplicao daanalogia legis. Maria Helena Diniz explica que "o juiz ao aplicar o costumeter que levar em conta os fins sociais deste e as exigncias do bem comum(art. 5. da LINDB), ou seja, os ideais de justia e de utilidade comum" (Leide introduo ao Cdigo Civil brasileiro interpretada, p. 6).

    Existem dois requisitos para a sua configurao:

    Requisito objetivo

    Requisito subjetivo (opinionecessitatis)

    ateno

    o uso continuado, ou seja, o uso ou a prtica constante ereiterada no tempo.

    a crena na obrigatoriedade jurdica, implicando umaconvico de que o descumprimento faz incidir sano.

  • 36 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    Em relao lei, so trs as espcies de costume:

    Costume sucundum legem aquele previsto na prpria lei, a qual reconhece sua eficciaobrigatria.Costume praeter legem aquele que se reveste de carter supletivo, suprindo a lei noscasos omissos.

    Costume contra legem

    aquele se forma em sentido contrrio ao da lei. importanteobservar que a maioria dos autores rejeitam esta modalidadede costume, pois o costume no pode contrariar a lei

    , pois estas se modifica ou revoga por outra da mesma hierarquia ou dehierarquia superior (art. 2. da LINDB).

    importante observar que o costume uma fonte de grande relevnciano direito internacional. Afirma Salem Hikmat Nasser: " nossa convicoque uma compreenso ampliada do fenmeno costumeiro na esfera inter-nacional indispensvel ao entendimento da estrutura e do funcionamentodo direito internacional como um todo. (...) Numa sociedade formada porentes soberanos, onde o concurso das vontades para a produo do direitoconvencional no est sempre presente

    , o lugar ocupado pelas normasque surgem das prticas e convices sociais de grande magnitude erelevncia"

    (Fontes e normas do direito internacional: um estudo sobrea soft law, p. 70).1.

    2.3 Princpios gerais do direito

    Os princpios gerais do direito so proposies de carter geral e amploque englobam implcita ou explicitamente um conjunto de normas, quedeterminam a produo de efeitos no sistema jurdico.

    Constituem os princpios gerais do direito a base do ordenamentojurdico, contendo suas caractersticas essenciais. Robert Alexy (Teoria dosdireitos fundamentais, p. 90) afirma que os princpios so mandamentos deotimizao, ou seja, "caracterizados por poderem ser satisfeitos em grausvariados e pelo fato de que a medida devida de sua satisfao no dependesomente das possibilidades fticas, mas tambm das possibilidades jurdicas".1.

    2.4 Jurisprudncia

    o conjunto de decises do Poder Judicirio reiteradas, constantes e pa-cficas, resultantes da aplicao de normas a casos semelhantes, constituindouma norma geral aplicvel a todos os casos similares ou idnticos.

  • Cap. 1 . Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro 37

    importante no confundir a ideia da jurisprudncia como fonte formalde direito com o conceito de smula. Esta ltima resulta de um conjunto dedecises estratificadas dos tribunais superiores, apresentadas em forma deverbetes sintticos, numerados.

    1.

    2.5 Brocardos jurdicos

    uma expresso concisa e mnemnica que expressa uma verdade jurdi-ca. Os brocardos jurdicos normalmente contm princpios gerais de direito.1.

    2.

    6 Doutrina

    Tambm chamada de direito cientfico ou cincia jurdica, a doutrina o conjunto organizado das pesquisas e indagaes dos jusperitos.

    A doutrina como fonte formal do direito polmica. Muitos consideram--na como uma espcie de costume (communis opinio doctorum). Porm, omelhor consider-la como mtodo de interpretao, visto que na quasetotalidade das situaes apenas visa a interpretar a lei.

    1.3 INTEGRAO DAS NORMAS JURDICAS

    1.

    3.1 A analogia

    Para integrar as lacunas existentes no sistema jurdico existem diversosmtodos. O principal mecanismo de integrao a analogia, prevista expres-samente no art. 4. da LINDB.

    Karl Larenz define o mtodo analgico como "a transposio de umaregra, dada na lei para a hiptese lega (A), ou para vrias hipteses seme-lhantes, numa outra hiptese (B), no regulada na lei "semelhante" quela. Atransposio funda-se em que, devido sua semelhana, ambas as hipteseslegais ho de ser identicamente valoradas nos aspectos decisivos para a valo-rao legal; quer dizer, funda-se na exigncia da justia de tratar igualmenteaquilo que igual" (Metodologia da cincia do direito, p. 541).

    A analogia no se confunde com a interpretao exten-siva. Esta ltima consiste na extenso do campo de apli-cao de uma norma a determinada situao de fato noexpressamente prevista em uma determinada norma, mascompreendida em seu esprito.ateno

  • 38 Direito Civil - Brunno Pandori Giancoli

    So trs os requisitos para a aplicao da analogia, a saber:a) inexistncia de dispositivo legal prevendo a hiptese do caso concreto;b) semelhana entre a relao no contemplada e outra regulada na lei; ec) identidade de fundamentos lgicos e jurdicos.A doutrina costuma apontar dois mtodos analgicos, a saber:

    Analogia legis Consiste na aplicao de uma norma existente, destinada areger caso semelhante ao previsto.

    Analogia jrisBaseia-se em um conjunto de normas para obter elementosque permitam a sua aplicao ao caso sub judice no pre-visto, mas similar.

    1.

    3.2 Equidade

    No considerada em sua acepo lata, quando se confunde com o ideal dejustia, mas em sentido estrito, empregada quando a prpria lei cria espaosou lacunas para o juiz formular a norma mais adequada ao caso.

    Paulo Nader explica que a equidade " um recurso tcnico de aplicaodo Direito, destinado a situar a deciso judicial no prumo da justia. tarefaque exige sensibilidade e experincia do aplicar, pois, ao decidir por equidade,de certa forma desenvolve tarefa anloga do legislador" (Curso de direitocivil -Parte Geral, p. 76).

    note importante no confundir decidir "com equidade", ouseja, decidir com justia, com decidir "por equidade".Nesta ltima expresso significa que o magistrado decidi-r de acordo com o seu sentimento de justia, com a suaconvico ntima, devidamente autorizado pelo legisladorem casos especficos. Como exemplo, possvel citar opargrafo nico do art. 928 do Cdigo Civil, o qual afirmaque a indenizao dever ser equitativa quando o incapazresponder pelos prejuzos.

    importante observar que a equidade no foi prevista expressamentena LINDB, desta forma esse recurso somente poder ser utilizado quando alei expressamente a permitir.

    Agostinho Alvim classifica em duas espcies a equidade, a saber:

  • Cap. 1 . Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro 39

    Equidade legal A contida no texto da norma.Aquela em que o legislador incumbe o magistrado, criando

    Equidade judicial espaos para que este formule a norma mais adequada aocaso.

    1.4 INTERPRETAO DAS NORMAS JURDICAS

    Interpretar descobrir o sentido e o alcance da norma jurdica, ou comobem observa Paulo Nader, "o processo de conhecimento de normas por seusignificado, desde que o operador revele intelectualmente o contedo" (Cursode direito civil - Parte Geral, p. 94). A cincia responsvel por esta atividade conhecida como hermenutica jurdica.

    Para o desenvolvimento da hermenutica jurdica o intrprete utilizadiversos elementos, os quais variam de acordo com o grau de complexidadeda tarefa. Os principais so:

    Elemento gramatical

    Elemento lgico

    Elemento sistemtico

    A interpretao se inicia pelo valor semntico das palavras. importante observar que na hiptese de um vocbulo comsignificados plrimos deve-se optar, via de regra, pelo senti-do jurdico se este houver, pois presume-se que o legisladoro tenha empregado em tal acepo.

    a ratio iuris. o sentido que se apura, seguindo-se as leisdo raciocnio lgico ou cientfico.

    Sistema jurdico o conjunto de normas situadas na totali-dade das fontes formais e subordinadas aos mesmos princ-pios estruturais e valores bsicos. A interpretao do Direitodeve ser sistemtica.

    Elemento teleolgico

    Elemento histrico

    O elemento teleolgico fundamenta-se na anlise da fina-lidade da regra, no seu objetivo social, no fim a ser alcan-ado.

    Cada estatuto legal reflete a situao da poca em que foiprojetado. Durante a vigncia da lei frequente o intrpreterecorrer fonte histrica na busca de subsdios esclarecedo-res do esprito da lei.

    1.

    4.1 Espcies de mtodos hermenuticosVrias so as formas de interpretao de uma norma jurdica. Os prin-

    cipais mtodos desenvolvidos pela doutrina que merecerem destaque so:

  • 40 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    Interpretao doutrinria aquela realizada por especialistas. A doutrina orientaos estudiosos de um modo geral.

    Interpretao judicial

    a interpretao realizada pelos magistrados. Localiza-da a norma aplicvel, o juiz submete-a interpretao, afim de apurar os comandos que encerra.Mesmo quando no tem fora vinculante, influencia so-bremaneira os julgamentos nas instncias inferiores.

    Interpretao autntica ou legis-lativa aquela realizada pelo prprio legislador.

    Interpretao sociolgica ou te-leolgica

    Tem por objetivo adaptar o sentido ou finalidade da nor-ma s exigncias sociais. Tal recomendao previstaexpressamente no art. 5. da LINDB: "na aplicao daLei, o juiz atender aos fins sociais a que ela se dirige es exigncias do bem comum".

    1.

    4.2 O princpio da interpretao conforme a ConstituioNa anlise das vrias possibilidades de interpretao o aplicador deve

    cotej-las com os princpios da Constituio. Se do estudo restar a conclusode que sob determinado aspecto a regra compatvel com a Constituioaplicar-se-, ento, o princpio da interpretao conforme

    , afastando-se a

    possibilidade de prevalecer os sentidos contrrios Lei Maior.Em razo deste princpio possvel que o Supremo Tribunal Federal, ao

    julgar ao direta de inconstitucionalidade, julgue o pedido procedente emparte, para fulminar o sentido contrrio constituio.

    1.

    5 ANTINOMIAS

    Entende-se por antinomias as incompatibilidades de normas dentro dosistema jurdico, impossibilitando a incidncia e a aplicao de uma delas emvirtude de no ser consistente na presena de outra norma ou fonte formalde direito.

    Quanto ao critrio da solubilidade, as antinomias classificam-se em:

    Antinomias reais

    So aquelas que no possuem qualquer regramento desoluo.A antinomia real apresenta trs requisitos: a incompatibi-lidade entre as normas, a indecidibilidade, e a imperiosanecessidade de soluo para o caso concreto sob pena deocorrer o non liquet.

    Antinomias aparentes So as contradies solveis por meio dos critrios hie-rrquico, cronolgico e da especialidade. Portanto, noh contradio efetiva; h uma aparente contradio.

  • Cap. 1 . Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro 41

    7.

    5.7 Critrios para soluo de antinomias

    Os critrios para a soluo das antinomias aparentes so:a

    .

    Critrio hierrquico (lex superior derogat legi inferiori) - Este critrioestabelece que em um conflito, entre normas que se encontram emnveis hierrquicos diferentes, prevalecer sempre a norma de nvelsuperior.

    b.

    Critrio cronolgico (lex posterior derogat legi priori) - Segundo estecritrio, a lei que entra em vigor por ltimo revoga a lei que est emvigor. Este critrio tem previso expressa no art. 2. da LINDB.

    c.

    Critrio da especialidade (lex specialis derogat legi generali) - Por estecritrio deve ocorrer a prevalncia da lei especial sobre a norma geral.O 2. do art. 2. da LINDB diz que mesmo a lei especial nova norevoga a norma geral quando no houver incompatibilidade entreelas.

    7.

    5.2 Antinomia de segundo grauA antinomia de segundo grau o conflito entre os critrios de soluo,

    havendo um conflito em que uma norma prevalece sob um determinadocritrio, mas no em relao a outro. So trs antinomias de segundo grau:

    Critrio hierrquico x Critrio cronolgico Prevalece sempre o critrio hierrquico.

    Critrio hierrquico x Critrio da especia-lidade

    De acordo com a doutrina no existe um me-tacritrio para solucionar a antinomia. Confi-gura-se, pois, uma antinomia real.

    Critrio da especialidade x Critrio crono-lgico Prevalece sempre a norma especial anterior.

  • Parte II - Parte Geral do Cdigo Civil

    Introduo ao Estudodos Sujeitos de Direito

    1.

    1 ASPECTOS INTRODUTRIOS DOTEMASujeitos de direito so todos os participantes de relaes jurdicas. Esto

    habilitados, portanto, a exercitar atividade jurdica, nos atos e nos negcios davida material (capacidade civil), bem como a defender em juzo os respectivosinteresses (capacidade processual), observadas sempre as limitaes decor-rentes da ordem jurdica incidente. Fazem-no em consequncia de direitossubjetivos de que se encontram investidos.

    O ordenamento reconhece a existncia de duas espcies distintas, a saber:as pessoas e os entes despersonalizados.

    1.

    2 AS PESSOAS

    Jos de Oliveira Ascenso alerta que "o direito no vive apenas pelaspessoas, vive para as pessoas" (Teoria geral: introduo. As pessoas. Os bens,p. 37). Pessoa o sujeito de direito em plenitude, capaz de adquirir e trans-mitir direitos e deveres jurdicos. Sobre o tema, Francisco Amaral alerta que"o termo pessoa tem um significado vulgar e outro jurdico. Na linguagemcomum, pessoa o ser humano, mas tal sentido no serve ao direito, quetem vocabulrio especfico. Na linguagem jurdica, pessoa o ser com per-sonalidade jurdica, aptido para a titularidade de direitos e deveres" (Direitocivil - Introduo, p. 216).

    Todo ser humano nascido com vida tratado como pessoa. Essa consta-tao obedece a trs princpios fundamentais: (a) todo ser humano pessoa,pelo simples fato de existir, e por isso, capaz de direitos e deveres na ordemcivil (art. 1.

    do CC/2002); (b) todos tm a mesma personalidade porquetodos tm a mesma aptido para a titularidade de relaes jurdicas (art. 5.da CF/1988); e (c) a condio de pessoa irrenuncivel.

  • 44 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    O direito tambm atribui o conceito de pessoa a entidades que no detmexistncia fsica ou tangvel, seja uma coletividade de pessoas que se associampara alcanar um fim comum (exemplo: associaes), seja um patrimniodestinado a um fim (fundaes)

    , as quais passam a ser denominadas de pes-soas jurdicas.

    Ao tratar da condio de pessoa das entidades, Francisco Amaral afirmaque a razo de sua existncia "est na necessidade ou convenincia de aspessoas naturais combinarem recursos de ordem pessoal ou material para arealizao de objetivos comuns, que transcendem as possibilidades de cadaum dos interessados por ultrapassarem o limite normal da sua existncia ouexigirem a prtica de atividades no exercitveis por eles" (Direito civil - In-troduo, p. 276).

    A pessoa jurdica surge, assim, como um conjunto unitrio de pessoas

    ou de bens, organizado para a obteno de fins comuns especficos, comindividualidade e autonomia prprias.

    1.

    3 OS ENTES DESPERSONALIZADOS

    Paulo Lbo afirma ao tratar do tema que "a evoluo do direito e as exi-gncias do mundo da vida levaram necessidade de conferir a certos entespartes ou parcelas de capacidades para aquisio, exerccio e defesa de direitos,dispensando-lhes a personalidade. So os entes despersonalizados" (Direitocivil - Parte geral, p. 106).

    Os entes despersonalizados so sujeitos de direito peculiares, pois apre-sentam capacidade jurdica limitada aos fins a que esto destinados.

    As principais hipteses de entes despersonalizados que merecem des-taque so:

    a) Massa falida - Se refere ao acervo patrimonial que pertencia empre-sa declarada judicialmente falida. com a sentena declaratria defalncia que surge a massa falida.

    b) Esplio - Este consiste no patrimnio deixado pelo de cujus ecompreensivo do conjunto de direitos e obrigaes. O fato jurdicoque faz surgir o evento morte e a sua extino se opera com o fatojurdico da partilha de bens entre os herdeiros. Entre esses doismomentos - morte e partilha - impe-se administrao do acervode direitos e obrigaes, cuja titularidade exercida pela figura doinventariante.

  • Cap. 1 . Introduo ao Estudo dos Sujeitos de Direito 45

    c) Herana jacente e vacante - O art. 1.819 do CC/2002 prev a hip-tese de algum vir a falecer, deixando acervo de bens sem, todavia,testamento ou herdeiro legtimo notoriamente conhecido. A situaoconfigura o instituto da herana jacente. Os bens permanecero nestacondio at a sua entrega aos herdeiros que vierem a se habilitar ou declarao de sua vacncia. Ocorrendo esta, o patrimnio deverser incorporado aos bens da Unio, do Estado ou do Distrito Federal.

    d) Condomnio - D-se a figura do condomnio quando mais de umapessoa possui a titularidade do domnio de um bem. O condomniono chega a ser uma pessoa jurdica, em primeiro lugar pela desne-cessidade, uma vez que a ordem jurdica o instrumentaliza com osrecursos jurdicos suficientes administrao de seus interesses. Emsegundo lugar, porque no h manifestao de vontade neste sentido,nem formalizao desta, carecendo, pois, de affectio societatis.

    e) O nascituro (art. 2. do CC/2002) - importante observar que parcela

    da doutrina que reconhece a teoria concepcionista para se determinaro incio da personalidade da pessoa natural trata o nascituro comopessoa, tema esta que ser melhor desenvolvido no captulo 4 destaobra.

    0 Os concebidos in vitro e ainda no implantados no tero da mulher(pr-embries ou embries crioconservados).

    g) Os ainda no concebidos (nondum concepti), entes humanos futurosou prole eventual.

    h) As futuras geraes humanas, como titulares de preservao do meioambiente (art. 225 da CF/1988).

  • introduo ao Estudodas Pessoas Naturais

    2.

    1 ASPECTOS INTRODUTRIOS DOTEMAAs pessoas naturais, tambm conhecidas como pessoas fsicas ou pes-

    soas singulares, so disciplinadas no Livro I da Parte Geral do Cdigo Civil(art. 1. a 39). So, sem dvida, os principais e mais importantes sujeitos dedireito tutelados pela ordem civil, pelo simples fato de que se inserem nestaexclusivamente os seres humanos.

    Contudo, importante observar que a noo de ser humano no se con-funde com a ideia de pessoa humana. Apenas esta ltima merece proteojurdica e tutela dos seus direitos e interesses.2.2 PERSONALIDADE JURDICA DAS PESSOAS NATURAIS: ASPECTOS

    GERAIS

    O Cdigo Civil em momento algum define a personalidade. A doutrinacostuma identific-la como uma aptido genrica ou qualidade para titularizardireitos e contrair obrigaes. O Direito, importante ressaltar, limita-se aconstatar e respeitar a existncia da personalidade jurdica.

    Todavia, a doutrina, apresenta diversas interpretaes para o conceito

    de personalidade. Ao tratar do tema, Pedro Pais de Vasconcelos afirma queexistem correntes que a veem como um dado extrajurdico que se impe aoDireito. Outras, em sentido oposto, tratam-na como um atributo construdopelo ordenamento, ou seja, intrajurdico (Teoriageral do direito civil, p. 36 e 37).

    A personalidade vista sob uma perspectiva extrajurdica permite concluirque esse atributo no pode ser negado s pessoas naturais. , pois, algo quefica fora do alcance do poder de conformao social do legislador.

    Adotando esta a linha que a personalidade da pessoa natural algo inatoe extrajurdico, Gustavo Tepedino, Helosa Helena Barbosa e Maria Celina

  • 48 Direito Civil - Brunno Pandori Giancoli

    Bodin de Morais conceituam-na como um "conjunto de caractersticas eatributos da pessoa humana, considerada objeto de proteo privilegiada porparte do ordenamento, bem jurdico representado pela afirmao da dignidadehumana" (Cdigo Civil interpretado conforme a Constituio da Repblica,

    p.4). Esta perspectiva tcnica do conceito de personalidade, segundo Pedro Paisde Vasconcelos, "tem a virtude de no esvaziar o conceito de personalidadeda sua dimenso tica e do seu contedo substancial e

    , assim, de defender

    as pessoas contra os perigos, historicamente j experimentados, de condi-cionamento e manipulao ou mesmo de recusa da personalidade a pessoasindividualmente consideradas ou a grupos de pessoas com base em critriosrcicos ou religiosos" (Teoria geral do direito civil, p. 36 e 37).

    Sintetizando os dois sentidos tcnicos que envolvem o conceito depersonalidade jurdica podemos afirmar que: (a) significa a possibilidadede algum ser titular de relaes jurdicas, (b) objeto de tutela privilegiadapela ordem jurdica constitucional, como forma de expresso da dignidadeda pessoa humana.

    2.

    2.1 Incio da personalidade jurdica da pessoa natural

    O incio da personalidade da pessoa natural indicado expressamenteno art. 2.

    do CC/2002, o qual estabelece como termo inicial o nascimentocom vida do indivduo. Clinicamente o nascimento afervel

    , via de regra,pelo exame de docimasia hidrosttica de Galeno.

    Muito embora a redao do art. 2. seja bastante clara, o incio da per-

    sonalidade da pessoa natural cria enormes embates tericos. Atualmenteexistem trs posies doutrinrias para explicar o tema, a saber:

    Teoria Definio

    Natalista Seus adeptos afirmam que a personalidade civil somente se iniciacom o nascimento com vida (primeira parte do art. 2. do CC/2002).

    Concepcionista Seus adeptos admitem que se adquire personalidade antes do nasci-mento, ou seja, desde a concepo.

    Personalidade condi-cional

    Seus adeptos afirmam que a aquisio da personalidade encontra-sesob condio suspensiva at a ocorrncia do nascimento com vida.

    A doutrina majoritria defende que o Direito Civil positivoadotou a teoria natalista para o incio da personalidadejurdica.atenio

  • Cap. 2 . Introduo ao Estudo das Pessoas Naturais 49

    2.3 INCIO DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL EA PROTEO

    jURDICA DO NASCITURONascituro o ente j concebido, mas ainda no nascido (encontra-se no

    ventre materno). Deixando de lado as discusses tericas sobre o incio dapersonalidade jurdica, certo que a segunda parte do art. 2. do CC/2002expressamente "pe salvo os seus direitos". Assim, pode-se afirmar que nalegislao em vigor o nascituro:

    a) titular de direitos personalssimos (como o direito vida).b) Pode receber doao, conforme dispe o art. 542 do CC/2002: "A

    doao feita ao nascituro valer, sendo aceita por seu representantelegal".

    c) Pode ser beneficiado por legado e herana (art. 1.798 do CC/2002);d) Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts.

    877 e 878 do CPC).e) O Cdigo Penal tipifica o crime de aborto.f) Tem direito a alimentos. bom lembrar que o enunciado 1, aprovado na Jornada de Direito Civil,

    promovida pelo CEJ (Centro de Estudos Judicirios do Conselho da JustiaFederal), em 2002, afirmou que "a proteo que o Cdigo defere ao nascituroalcana o natimorto no que concerne aos direitos de personalidade, tais comoo nome, imagem e sepultura".

    O nascituro no se confunde com o concepturo, ou seja,os seres humanos ainda no concebidos. Estes podem, emsituaes especficas, receber o tratamento de sujeitos dedireito, a exemplo do que ocorre na sucesso testament-ria na hiptese da prole eventual.

    2.4 EXTINO DA PERSONALIDADE JURDICA DA PESSOA NATURAL

    A extino da personalidade da pessoa natural tratada expressamentenos arts. 6.

    a 8. do CC/2002, bem como nos arts. 77 a 88 da Lei de RegistrosPblicos (Lei 6.015/1973).

    Estabelece o art. 6. que a extino da personalidade da pessoa naturalocorre com a morte. Este fato dever ser atestado por profissional de medi-cina, ressalvada a possibilidade de suas testemunhas o fazerem se faltar o

    ateno

  • 50 Direito Civil - Brunno Pndori Giancoli

    especialista, sendo o fato levado a registro (arts. 77 e 78 da Lei 6.015/1973),

    cuja prova se faz atravs da certido extrada do assento de bito.J no art. 7. do CC/2002 o legislador trouxe uma hiptese especial de

    extino de personalidade das pessoas naturais, qual seja, a morte presumida.Atravs dela a morte do indivduo (tendo como consequncia a extino dapersonalidade) ser reconhecida por meio de uma sentena judicial que fixara data provvel do falecimento. Por fora do estabelecido no art. 9.

    , IV, do

    CC/2002 a sentena declaratria de morte presumida dever ser inscrita emregistro pblico, para garantir a publicidade ao acontecimento.

    O art. 7. do CC/2002 disciplina duas hipteses de aplicao da mortepresumida:

    a) Probabilidade extrema de morte daquele que se encontre em perigode vida. (art. 7., I, do CC/2002).

    b) Desaparecidos em campanha de guerra ou feito prisioneiro, caso noseja encontrado at dois anos aps o trmino da guerra (art. 7., II,do CC/2002).

    importante ressaltar que o pedido de morte presumido, em qualquer

    das hipteses descritas no Cdigo Civil, somente poder ser formulado apso trmino das buscas e averiguaes do indivduo. Assim, o simples indcioou notcia de falecimento no autoriza o pedido de morte presumida pelosinteressados. Quis o legislador, de maneira proposital, restringir e limitar ocampo de aplicao deste instituto.

    Finalmente, no art. 8. do CC/2002 trata da hiptese de morte simul-tnea, conhecida tambm como comorincia. Cuida-se de uma presunojris tantum, segundo a qual se determina a morte simultnea daqueles quefalecem na mesma ocasio, podendo ser ilidida por prova que estabelea aprecedncia da morte de um dos envolvidos.

    O interesse no tratamento do tema se justifica pela implicncia de talfato na ordem de vocao no plano da sucesso

    , ou seja, na transmisso dosdireitos entre os sucessores e sucedidos

    , enfim, quem tem a posio de her-deiro do outro.

    No se admite no ordenamento ptrio a hiptese de mortecivil ou qualquer outro modo de perda da personalidadesem a perda da vida.ateno

  • Cap. 2 . Introduo ao Estudo das Pessoas Naturais 51

    Ao tratar da morte Francisco Amaral alerta sobre a possibilidade deprolongamento da personalidade aps este fato. O referido autor afirma queesta construo jurdica nasce para proteger os respectivos direitos da perso-nalidade do falecido, e "para justificar a condenao ofensa moral contra omorto. Procura-se, assim, garantir o seu direito honra e reputao, agindoo respectivo cnjuge, ou os herdeiros" (Direito civil - introduo, p. 224).2

    .

    5 CAPACIDADE DE DIREITO DAS PESSOAS NATURAIS

    Por capacidade de direito, tambm conhecida como capacidade de gozoou capacidade de aquisio, pode ser entendida como a medida da intensidadeda personalidade. Todo ente com personalidade jurdica possui tambm ca-pacidade de direito, tendo em vista que no se nega ao indivduo a qualidadepara ser sujeito de direito. Personalidade e capacidade jurdica so as duasfaces de uma mesma moeda.

    Resumindo o tema, explica Francisco Amaral que a capacidade de direito a "possibilidade de praticar atos com efeito jurdico, adquirindo, modifi-cando ou extinguindo relaes jurdicas" (Direito civil - introduo, p. 227).2

    .

    6 CAPACIDADE DE FATO DAS PESSOAS NATURAIS

    A capacidade de direito no se confunde com a capacidade de fato,tambm chamada de capacidade de exerccio. Este conceito se relacionacom as condies pessoais que determinado indivduo rene para exercerpessoalmente seus direitos. Ela nada mais do que a habilidade para praticarde forma autnoma, ou seja, sem a interferncia de terceiros na qualidadede representantes ou assistentes, seus direitos civis. Da capacidade de fatodistingue-se a legitimidade (ou legitimao). Esta uma forma especfica deexerccio de determinados atos da vida civil, ao contrrio da capacidade, aqual se refere aptido para a prtica em geral.

    A capacidade de fato, ao contrrio da capacidade de direito possui est-gios definidos no prprio Cdigo Civil. Ele distingue duas modalidades deincapacidade, a saber: a incapacidade em absoluta e a relativa. Trata-se de umdivisor quantitativo de compreenso do indivduo.

    De acordo com o art. 3. do CC/2002 so considerados absolutamente

    incapazes:a) Os menores de 16 anos (art. 3.

    , I) - Segundo o Estatuto da Criana edo Adolescente (Lei 8.069/1990), at os 12 anos de idade incompletos

  • 52 Direito Civil - Brunno Pandori Giancoli

    considera-se a pessoa criana. Entretanto, os adolescentes at os 16

    tambm so reputados absolutamente incapazes.b) Aqueles que sofrem de doena ou deficincia mental (art. 3.

    , II) -

    Trata-se de uma hiptese que o indivduo atormentado por umapatologia que o impede de praticar atos no comrcio jurdico, tendoem vista o comprometimento do seu quadro cognitivo. Nesta hiptesea incapacidade deve ser reconhecida por meio da ao de interdio,prevista nos arts. 1.177 ao art. 1.186 do CPC.

    c) Os que por causa transitria no puderem exprimir sua vontade (art.3

    .

    , III) - So elementos para a configurao dessa forma de incapa-cidade o carter temporrio e a impossibilidade total de expresso davontade

    , os quais devero ser verificados cumulativamente. (Exem-plo: coma).

    A incapacidade absoluta acarreta a proibio total, peloincapaz, dos atos da vida civil. Estes sero praticados oucelebrados pelo representante legal, sob pena de nulidade

    aten (art. 166/1, do cc/2002).De acordo com o art. 4. do CC/2002 so considerados relativamente

    incapazes:a) Os maiores de 16 e menores de 18 anos (art. 4., I).b) Os brios habituais e os viciados em txico (art. 4., II).c) Os deficientes mentais que tenham o discernimento reduzido (art.

    4.

    ,II).

    d) Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo (art. 4.,

    III) - A previso da incapacidade relativa dos excepcionais tem comopropsito proteger os atos praticados pelos agentes nessas situaes,sem prejuzo de sua salutar insero no meio social.

    e) Os prdigos (art. 4., IV) - Esta modalidade de incapacidade deve serdecretada judicialmente por requisio do cnjuge ou familiar, jque o que se protege, com a incapacidade do prdigo, exatamenteo patrimnio da famlia, e no apenas o patrimnio do prdigo. Deacordo com o art. 1.782 do CC/2002 "a interdio do prdigo s oprivar de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitao, alienar,hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atosque no sejam de mera administrao".

  • Cap. 2 . Introduo ao Estudo das Pessoas Naturais 53

    bom lembrar que a senilidade no causa de restrio da capacidade,ressalvada a hiptese de a senectude gerar um estado patolgico, a exemploda arteriosclerose.

    Sobre a capacidade dos ndios, esta ser regulada pela Lei 6.001/1973(Estatuto do ndio), tendo em vista que o Cdigo Civil remete a matria paraa legislao especial (art. 4., pargrafo nico). A Fundao Nacional do ndio(Funai) foi criada para exercer a tutela dos indgenas em nome da Unio. Estatutela constitui espcie de tutela estatal e origina-se no mbito administrativo.Assim, o indgena que vive nas comunidades no integradas civilizao jnasce sob tutela, independentemente de qualquer medida judicial.

    A incapacidade permite que o incapaz realize atos da vidacivil, desde que assistidos ou autorizados, sob pena de

    tGHO anulabilidade (art. 171, I, do CC/2002).

    2.7 CAPACIDADE DE FATO E INTERDIO DAS PESSOAS NATURAIS

    O procedimento de interdio especial de jurisdio voluntria e segueo rito estabelecido nos arts. 1.177 e ss. do CPC, bem como as disposies daLei de Registros Pblicos.

    Decretada a interdio, ser nomeado curador ao interdito, sendo a sen-tena de natureza declaratria, a qual dever ser registrada em livro especial noCartrio do 1. Ofcio do Registro Civil da comarca em que for proferida (art.92 da Lei 6.015/1973) e publicada trs vezes na imprensa local e na oficial.

    A declarao de nulidade ou a anulao dos atos prati-cados pelo interdito antes de sua interdio s pode serobtida em ao autnoma, uma vez que o processo deinterdio tem procedimento especial e se destina unica-mente decretao da interdio, com efeito ex nunc.

    2.8 CAPACIDADE DE FATO E EMANCIPAO DAS PESSOAS NATURAIS

    Trata-se de uma hiptese de antecipao da aquisio da capacidade civilplena antes da idade legal. Trs so as formas de emancipao:

  • Direito Civil - Brunno Pndori Giancoli

    a) Emancipao voluntria - aquela concedida por ato unilateral dospais em pleno exerccio do poder parental, ou um deles na falta dooutro. Trata-se de ato irrevogvel, sob a forma de instrumento pblico,independentemente de homologao judicial, desde que o menor hajacompletado 16 anos (art. 5., pargrafo nico, I, do CC/2002, primeiraparte). Para surtir os efeitos legais a escritura pblica de emancipaodever ser registrada no Cartrio de Registro das Pessoas Naturais(art. 9., II, do CC/2002).

    b) Emancipao judicial - Realiza-se mediante uma sentena judicial, nahiptese de um menor posto sob tutela. Antes da sentena o tutor ser

    ,

    necessariamente, ouvido pelo magistrado (art. 5., pargrafo nico, I,

    do CC/2002, segunda parte). Nesse caso, o juiz dever comunicar aemancipao ao oficial de registro civil, de ofcio, se no constar dosautos haver sido efetuado este em oito dias.

    c) Emancipao legal - Ocorre em razo de situaes descritas na lei. Oart. 5.

    do CC/2002 nos traz as seguintes situaes:. o casamento;

    . exerccio de emprego efetivo;

    . colao de grau em curso de ensino superior; e

    . estabelecimento civil ou comercial, ou a existncia de relao de

    emprego, desde que, em funo deles, o menor tenha economia pr-pria. A expresso economia prpria deve ser entendida no sentido decaracterizao de renda suficiente por meio do estabelecimento oudo emprego para a sobrevivncia da pessoa, de acordo com o nvelsocial em que est inserida.

    2.

    9 AUSNCIA DAS PESSOAS NATURAISO instituto da ausncia disciplinado nos arts. 22 a 39 do CC/2002 e o

    Cdigo de Processo Civil nos arts. 1.159 a 1.169. Ausente aquele que desapa-rece de seu domiclio, sem que dele se tenha notcias. Assim, para caracterizara ausncia, a no presena do sujeito deve se somar com a falta de notcias.Explica Francisco Amaral que a ausncia "configura uma espcie de estadocivil que justifica, em face dos interesses do ausente e de terceiros, a existnciade um instituto que proteja tais interesses" (Direito civil - introduo, p. 225).

    A ausncia um processo no qual a proteo dos bens do desaparecido dlugar proteo dos interesses dos sucessores. Este processo tem trs estgios,conforme a menor possibilidade de reaparecimento do ausente:

  • Cap. 2 . Introduo ao Estudo das Pessoas Naturais 55

    2.

    9.

    7 Declarao da ausncia e curadoria dos bensCom o desaparecimento de uma pessoa, sem deixar notcias, nem repre-

    sentante ou procurador, surge uma massa de bens sem que tenha algum paraadministr-la. Portanto, a requerimento dos interessados na administrao(cnjuge, companheiro, parente sucessvel) ou do Ministrio Pblico, oPoder Judicirio reconhecer tal circunstncia, com a declarao de ausn-cia, nomeando curador, que passar a gerir os negcios do ausente at o seueventual retorno, mediante arrecadao de seus bens (art. 1.160 do CPC).

    Na nomeao o juiz dever fixar os poderes e obrigaes do curador,as quais, em linhas gerais, seguiro os princpios a respeito dos tutores ecuradores (arts. 1.728 e ss. do CC/2002). A nomeao no discricionria,estabelecendo uma ordem legal estrita e sucessiva, a saber:

    1.

    o cnjuge (tambm o companheiro), se no tiver separado judi-cialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declarao deausncia;

    2.

    pais do ausente (genitores);3

    .

    descendente, preferindo os mais prximos aos mais remotos; e4

    .

    qualquer pessoa escolha do magistrado.Atente-se que no caber nomeao de curador se no houver bens para

    administrar.

    Por fim, observa-se que a curadoria dos bens do ausente no se confundecom a curadoria da herana jacente (arts. 1.819 e ss. do CC/2002).2.

    9.2 Sucesso provisria

    De acordo com o art. 26 do CC/2002 decorrido um ano da arrecadaodos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, hipteseque se limita previso do art. 23 do mesmo diploma, em se passando trsanos, podero os interessados requerer que se abra provisoriamente a sucesso.

    Consideram-se interessados na abertura o cnjuge ou companheiro; osherdeiros presumidos, legtimos ou testamentrios; os que tiverem sobre osbens do ausente direito pendente de sua morte; os credores de obrigaesvencidas e no pagas.

    O sucessor provisrio recebe os bens que caibam no seu quinho, dan-do, em regra, garantia pignoratcia ou hipotecria de restitu-los (art. 30 doCC/2002). Essa cautela de exigncia de garantia excepcionada, porm, em

  • 56 Direito Civil - Brunno Randori Giancoli

    relao aos ascendentes, descendentes e o cnjuge, uma vez provada suacondio de herdeiro (art. 30, 2., do CC/2002).

    A sentena que determinar a abertura da sucesso provisria s produ-zir efeitos 180 dias aps sua publicao e trnsito em julgado, de acordocom o art. 28 do CC/2002. Depois desse perodo proceder-se- abertura dotestamento, caso existente, ou ao inventrio e partilha dos bens, como se oausente tivesse falecido.

    Na forma do art. 33, os herdeiros necessrios empossados (art. 1.845 do

    CC/2002) tero direito subjetivo a todos os frutos e rendimentos dos bens quelhes couberem

    , o que no acontecer com os demais sucessores, que devero,necessariamente, capitalizar metade desses bens acessrios, com prestaoanual de contas ao juiz competente. Porm, se a ausncia foi voluntria einjustificada, o ausente perde direito ao montante acumulado em favor dossucessores (art. 33, pargrafo nico, do CC/2002), como forma de sano aocomportamento negligente daquele.

    2.

    9.

    3 Sucesso definitiva

    Decorridos dez anos do trnsito em julgado da sentena que concedeua abertura da sucesso provisria, ou quando o ausente completar 80 anosde idade, se de 5 anos datam suas ltimas notcias, podero os interessadosrequerer a sucesso definitiva e levantamento das caues; ou quando houvercerteza da morte do ausente (arts. 37 e 38 do CC/2002).

    Mas a propriedade assim adquirida considera-se resolvel. Se o ausenteaparecer nos dez anos seguintes abertura da sucesso definitiva, os bens seroentregues no estado em que se acharem, ou os que se sub-rogarem neles, ouo preo de sua alienao. Porm, se o ausente regressar depois de passadosos dez anos, ele(a) nada recebe. Reversamente

    , se no regressar e nenhumherdeiro tiver promovido a sucesso definitiva, sero os bens arrecadadoscomo vagos passando propriedade do Municpio, do Distrito Federal ouda Unio. Seja qual for o caso os direitos de terceiros so respeitados, no sedesfazendo as aquisies realizadas.

    2.

    10 ESTADO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS

    Estado civil a qualificao jurdica da pessoa resultante de sua posiona sociedade. Segundo Clvis Bevilqua o "modo particular de existir","

    uma situao jurdica resultante de certar qualidades inerentes pessoa"(Teoriageral do direito civil, p. 82).

  • Cap. 2 . Introduo ao Estudo das Pessoas Naturais 57

    O estado individual atributo da personalidade e se caracteriza por serindivisvel, indisponvel e imprescritvel.

    A pessoa pode defender seu estado contra eventuais atentados aos direitosdele decorrentes, por meio das chamadas aes de estado, cuja finalidade criar, modificar, extinguir ou defender o estado da pessoa natural. A maioriadessas aes tem por objetivo o reconhecimento da existncia de um estadoanterior, e sua sentena tem eficcia absoluta.

    Os princpios estados individuais so:

    Estado poltico a qualificao do sujeito relativamente a nao a que pertence.A pessoa tem o estado de nacional ou de estrangeiro.Estado familiar a situao jurdica da pessoa no mbito da famlia, conformederive do casamento, da unio estvel ou do parentesco.Estado individual o modo de ser da pessoa quanto idade, sexo, cor, altura,

    sade.

  • Introduo ao Estudodas Pessoas Jurdicas

    3.

    1 ASPECTOS INTRODUTRIOSAs pessoas jurdicas so disciplinadas no Cdigo Civil no Ttulo II do

    Livro I da Parte Geral nos arts. 40 a 69. As sociedades possuem uma normati-zao especial na Parte Especial no Livro "do Direito de Empresa", no TtuloII

    , nos arts. 981 a 1.141.

    No h no Cdigo Civil uma definio de pessoa jurdica. O diploma selimita apenas a reconhecer a sua existncia e lhe garantir a condio de sujeitode direito, da mesma maneira que as pessoas naturais. A doutrina, por sua vez,conceitua as pessoas jurdicas (tambm chamadas de intelectuais, morais oucoletivas), como "unidades jurdicas que resultam de comunidades humanasorganizadas sob formas prprias e que, com o registro pblico correspondente,assumem personalidades distintas das de seus componentes. Voltadas paracertos fins, em funo dos quais se desenvolvem as respectivas atividades,essas entidades assumem autonomia no cenrio jurdico, com patrimnio,voz e vontade prprias, responsabilizando-se, em consequncia, pelos atose negcios normais em seu nome exercit