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12 Capítulo 2 SISTEMAS DE REFERÊNCIA EMPREGADOS NA IMPLANTAÇÃO DE REDES GEODÉSICAS NO BRASIL Sendo dado um sistema de referência cartesiano fixo, qualquer ponto do espaço é determinado de maneira única por suas coordenadas x, y e z. Com um sistema fixo à Terra, sistema terrestre, é possível verificar, descrever, representar e analisar as alterações naturais ou artificiais do meio ambiente, bem como acompanhar os movimentos de objetos sobre a superfície terrestre ou acima dela. De acordo com Andrade (1988), um sistema de referência pode ser definido ou arbitrado, e para ter uso prático, ambos devem ser realizados. A definição de um referencial envolve sua fixação teórica no espaço e por tratar-se de conceito abstrato, pode ser feita com exatidão. Já a realização exige a coleta de observações, naturalmente eivadas de erros, com o objetivo de determinar coordenadas de pontos devidamente materializados. Um referencial realizado deve aproximar-se ao máximo da sua definição, o que pode ser aprimorado com a evolução tecnológica. Normalmente, o arbitramento de um referencial é feito coincidindo-o com sua realização. Para representar e transmitir informações geográficas, torna-se necessário adotar um modelo geométrico e matemático para a Terra. O modelo geométrico empregado em geodésia para representar a superfície terrestre é o elipsóide de revolução, gerado pela rotação de uma elipse em torno do semi-eixo menor, resultando em um elipsóide achatado nos pólos. O modelo elipsóidico ou geodésico da Terra pode ser definido por dois parâmetros: o semi-eixo maior, a, e o semi-eixo menor, b. Ou então, b é substituído por um número menor e mais indicado para uma expansão em série, o achatamento geométrico f. Este capítulo tem como objetivo apresentar os principais sistemas de referência terrestres empregados na implantação de redes geodésicas por GPS no Brasil, bem como as relações entre sistemas globais, regionais e locais, juntamente com as equações de propagação das covariâncias entre os diferentes sistemas, que

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  • 12

    Captulo 2

    SISTEMAS DE REFERNCIA EMPREGADOS

    NA IMPLANTAO DE REDES GEODSICAS NO BRASIL

    Sendo dado um sistema de referncia cartesiano fixo, qualquer ponto do

    espao determinado de maneira nica por suas coordenadas x, y e z.

    Com um sistema fixo Terra, sistema terrestre, possvel verificar,

    descrever, representar e analisar as alteraes naturais ou artificiais do meio

    ambiente, bem como acompanhar os movimentos de objetos sobre a superfcie

    terrestre ou acima dela.

    De acordo com Andrade (1988), um sistema de referncia pode ser definido

    ou arbitrado, e para ter uso prtico, ambos devem ser realizados.

    A definio de um referencial envolve sua fixao terica no espao e por

    tratar-se de conceito abstrato, pode ser feita com exatido.

    J a realizao exige a coleta de observaes, naturalmente eivadas de erros,

    com o objetivo de determinar coordenadas de pontos devidamente materializados.

    Um referencial realizado deve aproximar-se ao mximo da sua definio, o que pode

    ser aprimorado com a evoluo tecnolgica.

    Normalmente, o arbitramento de um referencial feito coincidindo-o com sua

    realizao.

    Para representar e transmitir informaes geogrficas, torna-se necessrio

    adotar um modelo geomtrico e matemtico para a Terra.

    O modelo geomtrico empregado em geodsia para representar a superfcie

    terrestre o elipside de revoluo, gerado pela rotao de uma elipse em torno do

    semi-eixo menor, resultando em um elipside achatado nos plos. O modelo

    elipsidico ou geodsico da Terra pode ser definido por dois parmetros: o semi-eixo

    maior, a, e o semi-eixo menor, b. Ou ento, b substitudo por um nmero menor e

    mais indicado para uma expanso em srie, o achatamento geomtrico f.

    Este captulo tem como objetivo apresentar os principais sistemas de

    referncia terrestres empregados na implantao de redes geodsicas por GPS no

    Brasil, bem como as relaes entre sistemas globais, regionais e locais, juntamente

    com as equaes de propagao das covarincias entre os diferentes sistemas, que

  • 13

    sero utilizados neste trabalho. A compreenso tanto dos conceitos envolvidos nas

    definies dos diferentes sistemas, quanto das transformaes de coordenadas e das

    propagaes de covarincias, fundamental para o processamento das observaes a

    satlites de navegao, para o ajustamento dos vetores e para a interpretao e

    anlise dos resultados.

    Um dos objetivos especficos deste captulo mostrar como as componentes

    de um vetor podem ser transformadas do sistema ITRF97 para o WGS84.

    2.1 - Sistema de Referncia Terrestre Internacional ITRS

    A crosta terrestre est em contnuo movimento. Os continentes esto se

    movendo a uma velocidade de centmetros por ano, levando consigo os

    observatrios. Por outro lado, os instrumentos de medio e processamento esto em

    franca evoluo.

    A Unio Internacional de Geodsia e Geofsica UGGI (International Union

    of Geodesy and Geophysics IUGG), considerando a necessidade de definir um

    sistema terrestre que possibilitasse determinar um ponto sobre a superfcie da Terra

    sem ambigidade ao nvel do milmetro, endossou em 1991, a resoluo sobre

    sistemas de referncia, adotada pela XXI Assemblia Geral da International

    Astronomical Union IAU que criou o International Terrestrial Reference System

    - ITRS.

    O Sistema de Referncia Terrestre Convencional fixo Terra, isto , gira

    com ela, e tem como origem o centro de massa da Terra, considerando inclusive a

    atmosfera. A direo do eixo Z aquela que contm o centro de massa (CM) e o

    Conventional Terrestrial Pole CTP, sendo positivo o sentido dirigido para o CTP.

    A direo do eixo X aquela perpendicular ao eixo Z, passando, obviamente pelo

    CM, e pelo Meridiano Zero ou International Reference Meridian IRM1. O

    sentido positivo deste eixo o sentido CM IRM. J o eixo Y aquele perpendicular

    1 De 1884 a 1987 o primeiro meridiano, meridiano a partir do qual so determinadas as longitudes, era o meridiano que passa pelo eixo tico do telescpio do observatrio de Greenwich, denominado meridiano de Greenwich. Com a criao do ITRS, as longitudes passaram a ser determinadas a partir do meridiano zero ou meridiano de referncia internacional, que est cerca de 100 m a leste do meridiano de Greenwich, realizado a partir de observaes feitas por estaes que acompanham os movimentos de rotao da Terra.

  • 14

    aos eixos Z e X, cujo sentido positivo torna o sistema dextrgiro. A Figura 2.1 ilustra

    estas definies.

    O ITRS pode ser realizado por um reference frame, isto , por uma rede de

    estaes com coordenadas conhecidas. De acordo com McCarthy (1996), deve-se

    usar de preferncia coordenadas cartesianas e se coordenadas geodsicas forem

    necessrias, deve-se empregar o elipside Geodetic Reference System 1980 -

    GRS80 cujos parmetros so: semi-eixo maior e quadrado da excentricidade, iguais

    a 6 378 137,0 m e 0,006 694 380 03, respectivamente.

    Tambm de acordo com McCarthy (1996), para materializar a origem deste

    sistema so usados somente dados que possam ter os movimentos geodinmicos

    modelados; atualmente, so usadas observaes de diversas estaes, Figura 1.1,

    coletadas com SLR (Satellite Laser Range), LLR (Lunar Laser Range), DORIS

    (Doppler Orbitography and Radio Positioning Integrated by Satellite) e GPS. J a

    orientao do sistema realizada por estaes, Figura 1.2, monitoradas pelo

    International Earth Rotation Service IERS, que define os parmetros de

    orientao da Terra numa determinada poca de referncia.

    A escala do sistema fornecida por dados coletados com VLBI (Very Long

    Baseline Interferometry), SLR e GPS. Mais detalhes podem ser visto em Monico

    (2000).

    X

    Z

    Y CM

    CTP Meridiano de Referncia

    Internacional - IRM

    Figura 2.1 Sistema de Referncia Terrestre Internacional - ITRS

  • 15

    Diferentes realizaes do sistema terrestre de referncia convencional so

    produzidas pelo IERS sob a denominao de ITRFyy (International Terrestrial

    Reference Frame Rede de Referncia Terrestre Internacional). As letras yy

    especificam os dois ltimos dgitos do ano em que os dados foram coletados para

    realizao do sistema. A partir de 2000 a especificao passa a ser ITRFyyyy.

    A pgina do International Earth Rotation Service, http://www.iers.org/, traz

    mais informaes sobre os ITRFyy.

    Os valores listados na Tabela 2.1, obtidos na pgina

    ftp://lareg.ensg.ign.fr/pub/itrf/ITRF.IP, acessada em 05/12/2001, so os parmetros, e

    suas velocidades, que transformam o ITRF2000 nos sistemas ITRFyy anteriores.

    Na Tabela 2.1, T1, T2 e T3 so as coordenadas da origem do ITRF2000 nos

    sistemas ITRFyy, ou seja, so os parmetros de translao. D o valor que deve ser

    adicionado a 1 para se obter o fator de escala entre os dois sistemas, dado em partes

    por bilho (ppb) e, R1, R2 e R3 so as pequenas rotaes a serem aplicadas ao

    ITRF2000 para torn-lo paralelo ao sistema ITRFyy, expressas em milsimos de

    segundos (ms) sexagesimais.

    Para transformar coordenadas, ou componentes de um vetor, no ITRF2000

    para uma outra realizao do ITRS, ou vice-versa, devem ser empregados os

    seguintes modelos matemticos:

    1) Para atualizar os parmetros:

    EPOCA)-(tP P(EPOCA) P(t) += ! (2.1)

    onde

    P o parmetro a ser atualizado (T1, T2, T3, D, R1, R2, R3),

    P! a taxa de variao anual do parmetro,

    t a data para a qual se deseja atualizar o parmetro, em anos e

    EPOCA o instante de referncia do parmetro, em anos.

    2) Para transformar as coordenadas X, Y e Z, no sistema ITRF2000, para Xs, Ys

    e Zs, em outro sistema ITRFyy:

  • 16

    +

    +

    =

    ZYX

    DRRRDRRRD

    TTT

    ZYX

    ZsYsXs

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    (2.2)

    3) Para transformar as componentes de um vetor no sistema ITRF2000,

    ZeY,X , para outro ITRF, ZseYs,Xs :

    +

    =

    ZYX

    DRRRDRRRD

    ZYX

    ZsYsXs

    12

    13

    23

    (2.3)

    Tabela 2.1: Parmetros de transformao do ITRF2000 para os sistemas ITRFyy

    anteriores e suas velocidades

    Parmetro Unidade

    Taxa de Variao Unidade

    T1 Cm

    1T!

    anoCm

    T2 Cm

    2T!

    anoCm

    T3 Cm

    3T!

    anoCm

    D ppb

    D!

    anoppb

    R1 ms

    1R!

    anoms

    R2 ms

    2R!

    anoms

    R3 ms

    3R!

    anoms

    EPOCA

    No IERS Tech. Note

    ITRF97 Tax. Var.

    0,67 0,00

    0,61 -0,06

    -1,85 -0,14

    1,55 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,02 1997,0 27

    ITRF96 Tax. Var.

    0,67 0,00

    0,61 -0,06

    -1,85 -0,14

    1,55 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,02 1997,0 24

    ITRF94 Tax. Var.

    0,67 0,00

    0,61 -0,06

    -1,85 -0,14

    1,55 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,02 1997,0 20

    ITRF93 Tax. Var.

    1,27 -0,29

    0,65 -0,02

    -2,09 -0,06

    1,95 0,00

    -0,39 -0,11

    0,80 -0,19

    -1,14 0,07 1988,0 18

    ITRF92 Tax. Var.

    1,47 0,00

    1,35 -0,06

    -1,39 -0,14

    0,75 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,00

    -0,18 0,02 1988,0 15

    ITRF91 Tax. Var.

    2,67 0,00

    2,75 -0,06

    -1,99 -0,14

    2,15 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,00

    -0,18 0,02 1988,0 12

    ITRF90 Tax. Var.

    2,47 0,00

    2,35 -0,06

    -3,59 -0,14

    2,45 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,00

    -0,18 0,02 1988,0 9

    ITRF89 Tax. Var.

    2,97 0,00

    4,75 -0,06

    -7,39 -0,14

    5,85 0,00

    0,00 0,00

    0,00 0,00

    -0,18 0,02 1988,0 6

    ITRF88 Tax. Var.

    2,47 0,00

    1,15 -0,06

    -9,79 -0,14

    8,95 0,00

    0,10 0,00

    0,00 0,00

    -0,18 0,02 1988,0

    IERS 1988

    Um vetor no ITRF97, por exemplo, pode ser transformado para o ITRF90,

    transformando-o primeiro para o ITRF2000 e, deste, para o ITRF90.

  • 17

    2.2- World Geodetic System 1984 WGS84

    O Sistema Geodsico Global - WGS84 tambm tem como origem o centro

    de massa da Terra e os eixos X, Y e Z, tm a mesma definio que os do ITRS; no

    entanto, este sistema foi inicialmente materializado por observaes Doppler do

    sistema TRANSIT, tendo como poca de referncia o ano 1984,0. A rede que

    realizou o WGS84 constava de 1 591 estaes, entre elas as cinco estaes monitoras

    do GPS, conforme descreve Monico (2000).

    Para clculos de coordenadas geodsicas deve ser empregado o elipside

    GRS80 cujo semi-eixo maior, a, 6378137,00 m e o achatamento f,

    1/298,257223563.

    Tambm para o WGS84 tm sido feitos aprimoramentos, gerando o WGS84

    (G730), o WGS84 (G873) e mais recentemente, o WGS84 (G1150). Detalhes podem

    ser vistos em Costa (1999).

    A Tabela 2.2 mostra os valores dos parmetros que transformam coordenadas

    no ITRF90 para o WGS84 realizado pelo sistema TRANSIT. Esta transformao

    pode ser feita empregando a equao (2.2), sendo X, Y e Z as coordenadas no

    ITRF90 e Xs, Ys e Zs as coordenadas no WGS84.

    Tabela 2.2: Parmetros que transformam coordenadas no ITRF90 para o WGS84 realizado pelo TRANSIT. (McCARTHY, 1992).

    T1

    (m)

    T2

    (m)

    T3

    (m)

    D

    (ppm)

    R1

    ()

    R2

    ()

    R3

    ()

    0,060 -0,517 -0,223 -0,011 0,0183 -0,0003 0,0070

    No Apndice I pode-se ver a seqncia de clculos realizada na

    transformao de componentes de vetores, ZeY,X , no ITRF97 para o

    sistema WGS84.

    2.3 Datum Sul Americano de 1969 SAD69

  • 18

    O South American Datum 1969 - SAD69 um sistema geodsico regional,

    de concepo clssica, que visou unificar os referenciais utilizados na Amrica do

    Sul, embora no tenha sido adotado por todas naes sul-americanas. Sua adoo no

    Brasil s se deu no final da dcada de 70.

    Na concepo clssica de um sistema geodsico, a partir de observaes

    astronmicas e geodsicas definiam-se os parmetros do elipside de revoluo que

    seria usado como modelo geomtrico da Terra. Gemael (1977) explica como tais

    parmetros eram determinados. Para o SAD69 a Unio de Geodsia e Geofsica

    Internacional recomendou o uso do GRS67 cujos parmetros so, (Silva,1999):

    - semi-eixo maior, a = 6 378 160,00 m e

    - achatamento, f = 1/298,25.

    Definidos os parmetros do elipside de referncia, necessrio fix-lo no

    espao de forma que seu eixo menor seja paralelo ao eixo de rotao mdio da Terra

    e que as diferenas entre grandezas geodsicas e astronmicas sejam minimizadas.

    O SAD69 foi fixado no espao atribuindo para o ponto, denominado CHU,

    de coordenadas astronmicas iguais a, (Silva,1999):

    - Latitude = 19o 45 41,34 0,05 S,

    - Longitude = 48o 06 07,80 0,08 W e

    - Azimute astronmico rumo a outro ponto, denominado UBERABA, igual

    a 271o 30 05,42 SWNE;

    as seguintes as coordenadas geodsicas, ondulao geoidal e azimute geodsico:

    - Latitude = 19o 45 41,6527 S2,

    - Longitude = 48o 06 04,0639 W

    - Ondulao geoidal (N) = 0 e

    - Azimute geodsico rumo a UBERABA, igual a 271o 30 04,05 SWNE3.

    Atualmente, a rede planimtrica brasileira constituda de mais de 5000

    estaes geodsicas, com coordenadas referidas ao Datum Sul Americano de 1969

    SAD69.

    Vistas as definies e realizaes dos sistemas geodsicos WGS84 e SAD69,

    verifica-se que se tratam de sistemas geodsicos diferentes. Como grande parte dos

    2 Uma vez que estas coordenadas so atribudas ao ponto, seus desvios padro so nulos. 3 Mais detalhes sobre a definio, fixao e materializao do SAD69 podem ser vistos em IBGE (1999).

  • 19

    dados cartogrficos do Brasil referenciada ao SAD694, que o sistema geodsico

    oficial do Pas; e, por outro lado, o WGS84 e os ITRFyy so os sistemas de

    referncia para as coordenadas obtidas pelo GPS, h necessidade de relacion-los.

    2.3.1- Converso de coordenadas no SAD69 para o WGS84

    O Departamento de geodsia do IBGE determinou os parmetros que

    relacionam SAD69 e WGS84-TRANSIT. Trata-se de apenas trs translaes, uma

    vez que se assumiu que os dois sistemas so paralelos e tm a mesma escala. A

    Resoluo da Presidncia da Repblica no 23, de 21/02/1989 tornou oficiais os

    seguintes valores para as coordenadas da origem do SAD69, no WGS84:

    Xc = -66,87 0,43 m,

    Yc = 4,37 0,44 m e

    Zc= -38,52 0,40 m.

    Portanto para transformar coordenadas cartesianas no WGS84 para o SAD69

    basta subtrair delas as coordenadas Xc, Yc e Zc. Ou seja:

    )m(52,3837,487,66

    ZYX

    ZYX

    84WGS69SAD

    =

    (2.4)

    2.3.2- Propagao das varincias na converso

    Aplicando equao (2.4) a lei de propagao das covarincias, tem-se:

    += XYZ XcYcZcXYZ 84WGS69SAD (2.5)

    onde

    =XYZ 69SAD a matriz das covarincias das coordenadas cartesianas referenciadas ao SAD69;

    4 Como se sabe, outra grande parcela est no antigo Datum oficial, denominado Crrego Alegre.

  • 20

    =XYZ 84WGS a matriz das covarincias das coordenadas cartesianas referenciadas ao WGS84 e

    )m(1600,00001936,00001849,0

    000000

    2

    2Zc

    2Yc

    2Xc

    XcYcZc

    =

    = (2.6)

    Verifica-se, portanto, que a preciso obtida em levantamentos de redes GPS,

    degradada quando as coordenadas, referenciadas ao WGS84, so transformadas

    para o SAD69.

    2.4 Sistemas Topocntricos

    A Figura 2.2, mostra um sistema de coordenadas com origem na superfcie

    terrestre, ponto o; eixo h coincidente com a normal ao elipside, dirigido para um

    ponto prximo ao znite; eixo n na direo da tangente ao meridiano geodsico,

    dirigido para o norte e eixo e perpendicular a h e n, tornando o sistema dextrgiro.

    Os eixos e e n definem o horizonte geodsico.

    Figura 2.2 Sistema Topocntrico

    ho

    o

    e

    h

    n

    o (o,o, ho)

    X

    Z

    Y o

    Meridiano zero - IRM

    CTP

    CM

  • 21

    Este sistema denominado por Leick (1995) sistema geodsico local e por

    Gemael (1981) terno geodsico topocntrico. Uma vez que ele semelhante ao

    sistema Topogrfico, ser aqui nomeado como Sistema Topocntrico.

    De acordo com Leick (1995) este sistema tem grande aplicao no

    desenvolvimento de modelos matemticos que integram observaes GPS e

    terrestres. Neste trabalho ele ser usado para facilitar a visualizao dos efeitos das

    diferentes estratgias de ajustamento de vetores GPS no posicionamento das estaes

    da Rede Minas.

    2.4.1- Converso de coordenadas geocntricas em topocntricas

    A relao entre as coordenadas cartesianas X, Y e Z, em um sistema

    geocntrico e e, n e h, no sistema topocntrico com origem em um ponto com

    coordenadas geodsicas o, o, ho, referentes ao elipside associado aos sistemas

    cartesianos, pode ser vista na Figura (2.2) e expressa matematicamente por:

    +=

    o

    o

    o

    0o

    3oo

    1

    ZZYYXX

    )90(R)90(Rhne

    (2.7)

    onde

    R1 e R3, so as matrizes de rotao em torno dos eixos X e Z,

    respectivamente, do sistema cartesiano transladado at o ponto o;

    oo e , so as coordenadas geodsicas do ponto de origem do sistema

    topocntrico e

    oo,o ZeYX , so as coordenadas, referenciadas ao sistema cartesiano

    associado ao elipside de revoluo, do ponto de origem.

    Desenvolvendo a equao (2.7) tem-se:

    =

    o

    o

    o

    ooooo

    ooooo

    oo

    ZZYYXX

    sensencoscoscoscossensencossen

    0cossen

    hne

    , (2.8)

    cuja notao pode ser simplificada para:

  • 22

    =

    o

    o

    o

    ZZYYXX

    Rhne

    (2.9)

    onde

    =

    ooooo

    ooooo

    oo

    sensencoscoscoscossensencossen

    0cossenR . (2.10)

    2.4.2- Propagao das varincias em coordenadas geocntricas para

    topocntricas e vice-versa

    Derivando e, n e h da equao (2.9) em relao a X,Y e Z, tem-se:

    R)Z,Y,X(

    )(=

    (2.11)

    e portanto, T

    XYZenh RR = (2.12) onde

    enh matriz das covarincias das coordenadas topocntricas e XYZ a matriz das covarincias das coordenadas cartesianas de um sistema

    geodsico qualquer.

    2.5 Converso de coordenadas geodsicas em cartesianas e vice-versa

    Vale lembrar que a relao entre coordenadas cartesianas (X, Y, Z) e

    coordenadas geodsicas (, , h) pode ser expressa por, Bomford (1980):

    +++

    =

    sen)h)1(N[sencos)hN(coscos)hN(

    ZYX

    2e (2.13)

    e, n,h

  • 23

    onde a grande normal (N) e a excentricidade (e) do elipside so dadas,

    respectivamente, por:

    =

    22 sene1

    aN (2.14)

    2

    ab1e

    = (2.15)

    onde b o semi-eixo menor do elipside, dado por:

    faab = (2.16)

    sendo a e f, respectivamente, semi-eixo maior e achatamento do elipside de

    revoluo, ou seja, os parmetros que definem o tamanho e a forma do modelo

    geomtrico e matemtico da Terra.

    2.5.1- Propagao das varincias em coordenadas cartesianas para geodsicas e

    vice-versa

    Derivando X, Y e Z da eq. (2.13) em relao a , e h, tem-se, (Leick, 1995)

    e (Thomson, 1976):

    =

    =

    hZZZ

    hYYY

    hXXX

    )h,,()Z,Y,X(D (2.17)

    +

    ++

    ++

    =

    sencos)hM(0

    sencossensen)hM(coscos)hN(

    coscoscossen)hM(sencos)hN(

    D (2.18)

    onde M, o raio de curvatura da seo meridiana do elipside de referncia, dado

    por:

  • 24

    2322

    2

    )sene1(

    )e1(aM

    = . (2.19)

    A matriz das covarincias de X, Y e Z pode ser calculada aplicando a lei de

    propagao das covarincias equao (2.13). Dessa forma, tem-se:

    T

    hXYZ DD = . (2.20)

    A transformao inversa da equao (2.13), ou seja, a converso de

    coordenadas cartesianas em geodsicas pode ser vista em Bomford (1980) e a matriz

    das derivadas parciais de , e h em relao a X, Y e Z dada por Leick (1995):

    =

    =

    Zh

    Yh

    Xh

    ZYX

    ZYX

    )Z,Y,X()h,,(D 1 (2.21)

    ( ) ( )

    +

    +

    +

    +

    +

    =

    sensencoscoscos

    hMcos

    hMsensen

    hMcossen

    0coshN

    coscoshN

    sen

    D 1 (2.22)

    J as covarincias de X, Y e Z podem ser convertidas em covarincias de , e h,

    por:

    T1

    XYZ1

    h )D(D

    = . (2.23)

    Desenvolvendo a equao (2.23) chega-se s seguintes equaes para as

    covarincias de , e h:

  • 25

    [ ] [ ]XY2Y22X222 2sencossencos)hN(1

    ++

    = (2.24)

    [ ++++

    =2Z

    22Y

    222X

    222

    2 cossensencossen)hM(

    1

    ]YZXZXY2 sen2sencos2sen2sensen

    (2.25)

    +++= 2Z22Y222X222h sensencoscoscos

    YZXZXY2 sen2sencos2sen2sencos ++

    (2.26)

    +

    ++=

    2Y

    2X 2

    2sentg2

    2sentg)hN()hM(

    1

    ]YZXZXY22 cossen)cos(sentg + (2.27)

    +

    +

    += XY

    222Y

    2Xh )sen(cos2

    2sen2

    2senhN

    1

    ]YZXZ costgsentg + (2.28)

    +

    +=

    2Z

    2Y

    22X

    2

    h 22sen

    2sen2sen

    2cos2sen

    hM1

    ++ XZ22XY )sen(coscos22sen2sen

    ]YZ22 )sen(cossen (2.29) Enquanto as varincias de e , calculadas pelas equaes acima, esto em

    rad2; a varincia de h est em m2. Para calcular as varincias de e em unidade do

    sistema mtrico decimal, elas devem ser multiplicadas, respectivamente, por: 22 )hM(e]cos)hN[( ++ , (Wei, 1986), resultando em:

  • 26

    XY

    2Y

    22X

    22 2sencossen += (2.30)

    +++= 2Z22Y222X222 cossensencossen

    YZXZXY2 sen2sencos2sen2sensen e (2.31)

    +++= 2Z22Y222X222h sensencoscoscos

    YZXZXY2 sen2sencos2sen2sencos ++ . (2.32)

    Desenvolvendo a equao (2.12), verifica-se que as varincias da longitude e

    latitude, no sistema mtrico decimal, so iguais s varincias da abscissa (e) e da

    ordenada (n) do sistema topocntrico, respectivamente. A varincia da altura

    geomtrica, h, naturalmente, igual varincia da altura topocntrica, h.

    Estas frmulas sero teis em clculos desenvolvidos nos prximos captulos.