02_metodologia_v04
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Filipe Pereira e Alvelos
www.dps.uminho.pt/pessoais/falvelos
Metodologia da Investigação Operacional
Versão 00 – 13 de Setembro de 2003
Versão 04 – 01 de Março de 2007
UniversidadeUniversidadeUniversidadeUniversidade do do do do MinhoMinhoMinhoMinho
Escola de Engenharia
Departamento de Produção e Sistemas
Filipe Pereira e Alvelos, Metodologia da Investigação Operacional, pg. 2
Índice
• Metodologia da Investigação Operacional (IO)
• As faces da IO
• Bibliografia e links
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Filipe Pereira e Alvelos, Metodologia da Investigação Operacional, pg. 3
Metodologia da IO – Introdução (1)
Definir o
problema
Recolher
dados
Construir
modelo(s)
Seleccionar
método(s)
Obter
soluções
Validar
modelo(s) e
analisar a(s)
solução(ões)
Implementar
solução
Percepção de
um problema
Realidade
Simplificação
Abstracção
Filipe Pereira e Alvelos, Metodologia da Investigação Operacional, pg. 4
Metodologia da IO – Introdução (2)
• Fases de um projecto de IO:
• I – Definição do problema (e recolha de dados);
• II – Construção do modelo;
• III – Solução do modelo;
• IV – Validação do modelo e análise da solução;
• V – Implementação da solução.
• Esta ordenação diz respeito ao início de cada fase. Em geral, depois de iniciada, cada fase estende-se até próximo do final do projecto, em interacção contínua com as restantes.
• Um projecto de IO pressupõe o acordo de usar Investigação Operacional para lidar com o problema/situação por parte de todos os intervenientes!
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Metodologia da IO – Definição do Problema (1)
• Observação e análise do sistema real.
• Descrição exacta do objectivo do estudo.
• Identificação das alternativas de decisão do sistema.
• Reconhecimento das limitações e requisitos do sistema.
• Quem exerce o controlo sobre o sistema? Quais são os seus objectivos? Quais as suas alternativas? Quais os parâmetros, não controladospelo(s) agente(s) de decisão, que podem afectar o resultado das suas decisões?
Realidade
Percepção da realidade
Problema
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Metodologia da IO – Definição do Problema (2)
• Condições mínimas para existência de um problema de decisão.
• Existe pelo menos um indivíduo a quem o problema é atribuído (o agente de decisão), num determinado contexto;
• O agente de decisão tem pelo menos um objectivo a atingir;
• Existem pelo menos duas alternativas de decisão;
• As alternativas de decisão não correspondem todas ao mesmo grau desatisfação do objectivo.
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Metodologia da IO – Construção do Modelo (1)
• Modelos
• Um modelo é uma estrutura (abstracta ou física) construída para exibir funções e características (consideradas) fundamentais de um dadosistema “real”.
• Segundo diferentes perspectivas, a mesma “realidade” dá origem adiferentes modelos.
• É importante que o comportamento do modelo seja fiel à realidade (ou, melhor, à simplificação da realidade que se idealizou). Mas também é importante que seja de fácil manipulação!
• Permitem experimentação sem interferência com a realidade.
• Podem explicitar relações que não eram claras até ao momento da sua construção e análise.
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Metodologia da IO – Construção do Modelo (2)
• Exemplos de modelos utilizados em IO:• Matemáticos (exemplos: de programação linear, inteira e dinâmica, de
fluxos em rede, heurísticos);• Simulação (exemplo: simulação de linhas de produção num computador);• “Soft” (exemplo: mapas cognitivos e estratégicos utilizados na
metodologia SODA, Strategic Options Development and Analysis).
• Os nove mandamentos da modelação:1. Não construir um modelo complicado quando um simples basta.2. Não forçar a modelação de um problema para servir ao seu método
preferido.3. Conduzir a fase de construção do modelo rigorosamente.4. Validar o modelo antes de o implementar.5. Nunca tomar o modelo demasiado a sério.6. Não pressionar o modelo a fazer algo para que não foi concebido.7. Não desperdiçar os benefícios da fase de modelação.8. Não supor que o modelo contém mais informação do que a realidade.9. Não substituir o agente de decisão pelo modelo.
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Filipe Pereira e Alvelos, Metodologia da Investigação Operacional, pg. 9
Metodologia da IO – Construção do Modelo (3)
• Centramo-nos agora em modelos matemáticos (em particular, de programação matemática).
• Componentes:
• Variáveis de decisão, traduzem matematicamente a decisão a tomar.
• Restrições, traduzem matematicamente as alternativas de decisão possíveis, estabelecendo as relações (matemáticas) existentes entre as variáveis de decisão e os parâmetros do modelo.
• Função objectivo, traduz matematicamente o grau de satisfação do objectivo para cada alternativa de decisão, estabelecendo uma relação (matemática) entre as variáveis de decisão e os parâmetros do modelo.
• Nota: Centra-se a introdução a modelos matemáticos do âmbito da IO em modelos de programação matemática pela sua natural relevância dentro da IO. Alguns exemplos de outros modelos matemáticos do âmbito da IO são: programação dinâmica, filas de espera, gestão de inventários, modelos de previsão. Um caso interessante por conter restrições e variáveis de decisão, tal como os modelos de programação matemática, é o dos modelos de Programação em Lógica por Restrições, em que as relações matemáticas que se utilizam para definir as restrições são cláusulas lógicas.Dentro da programação matemática, podem distinguir-se modelos de programação linear, programação inteira, programação não linear, programação convexa, programação quadrática,...
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• Formulação de um Modelo de Programação Matemática para um problema de selecção de projectos. Descrição: 5 projectos com orçamentos de 10, 20, 30, 30, 50 (em UM) e com um proveito esperado de 40, 60, 120, 100, 150 (numa escala de 0 a 200 e pelamesma ordem). Dinheiro disponível 50 UM.
Metodologia da IO – Construção do Modelo (4)
Quais as alternativas de decisão possíveis? Qual o objectivo?
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Metodologia da IO – Construção do Modelo (5)
Modelo de Programação Inteira
Max z = 40 x1+ 60 x2+ 120 x3+ 100 x4+ 150 x5
sujeito a: 10 x1+ 20 x2+ 30 x3+ 30 x4+ 50 x5 ≤ 50
xi∈∈∈∈ {0,1}, i=1,2,3,4,5.
Melhor solução:
Projectos 2 e 3
Proveito: 180 (0 – 1000)
• Variáveis de decisão:• xi , i=1,2,3,4,5,
• xi=1 se projecto i é seleccionado e xi=0 se projecto i não é seleccionado
• Restrição• 10 x1+ 20 x2+ 30 x3+ 30 x4+ 50 x5 ≤ 50
• Função objectivo• Max z = 40 x1+ 60 x2+ 120 x3+ 100 x4+ 150 x5
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• E se fosse possível atribuir fracções do orçamento dos projectos, sendo o proveito esperado proporcional ao investimento efectuado?
• Variáveis de decisão:• xi, i=1,2,3,4,5,
• 0 ≤ xi ≤ 1 proporção do projecto i a seleccionar
Metodologia da IO – Construção do Modelo (6)
Modelo de Programação Linear
Max z = 40 x1+ 60 x2+ 120 x3+ 100 x4+ 150 x5
sujeito a: 10 x1+ 20 x2+ 30 x3+ 30 x4+ 50 x5 ≤ 50
0 ≤ xi ≤ 1, i=1,2,3,4,5.
Melhor solução:
100% dos projectos 1 e 3, 33% do projecto 4
Proveito: 193.3 (0 – 1000)
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Metodologia da IO – Construção do Modelo (7)
• O modelo construído é tratável (isto é, consegue-se extrair informação útil a partir dele)?
• Deve ser (mais) simplificado?
• A solução sugerida pelo modelo é implementável?
Filipe Pereira e Alvelos, Metodologia da Investigação Operacional, pg. 14
Metodologia da IO – Solução do Modelo
• Para o exemplo anterior, poder-se-iam utilizar técnicas de programação linear (algoritmo Simplex), programação inteira (branch-and-bound, planos de corte) e programação dinâmica.
• Se o número de projectos fosse muito grande (dezenas de milhares de projectos!) dever-se-iam utilizar técnicas heurísticas (que não garantem a obtenção da melhor solução, mas obtêm soluções (satisfatórias?) em pouco tempo).
• Tipicamente, a utilização/desenvolvimento de software é indispensável.
Problema
Modelo 1 Modelo 2 …
Método A Método B …
Método A Método C …
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Metodologia da IO – Validação e Análise da Solução
• Resultados obtidos são coerentes com histórico?
• Como se comporta o modelo para (pequenas) variações dos parâmetros (análise de sensibilidade)?
• Possíveis deficiências do modelo:
• exclusão de variáveis relevantes;
• inclusão de variáveis irrelevantes;
• avaliação imprecisa de uma ou mais variáveis relevantes;
• definição inapropriada da medida do grau de satisfação do objectivo;
• relações entre componentes do modelo mal estabelecidas.
• Teste: as soluções obtidas através do modelo são melhores do que as que seriam implementadas se o modelo não tivesse sido desenvolvido?
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Metodologia da IO – Implementação da Solução
• Garantir que, do “papel” para o sistema real, não se desvirtua asolução.
• Abertura para readaptações (modelo e/ou solução) causadas pelas dificuldades de implementação.
• Problemas:
• técnicos;
• associados ao comportamento individual dos elementos da organização;
• relacionados com o ambiente organizacional.
• Importância dos aspectos comportamentais.
• A “realidade” ainda é a mesma do que no início do estudo?
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As Faces da IO (1)
GrandeMenor
Mais dificilmente aplicável. Interacção entre as diferentes
fases é muito grande. Sensibilidade pessoal.
Criatividade.
Localização de armazéns, concursos
públicos.Face 3
MédiaGrandeInteracção entre as fases é maior.
Planeamento de produção, definição de rotas de autocarros.
Face 2
PequenaGrande
Interacção entre as fases é pequena (relativamente às outras faces).
Escalonamento de tarefas em máquinas, problemas de corte.
Face 1
Necessidade de aptidões para consultadoria / relacionamento com o cliente
Necessidade de
conhecimentos técnicos
Aplicação da metodologia da IO
Exemplos
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As Faces da IO (2)
Difuso(s).Dinâmico.Estratégico.Sistema.Cenários.Face 3
Múltiplos.Evolutivo.Táctico.Subsistema.Planos.Face 2
Bem definido.
Estático.Operacional.Componente.Decisões.Face 1
Objectivo(s)AmbienteNívelFocoLida-se com
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As Faces da IO (3)
Teoria da decisão, Análise multi-critério, soft
methods.
Matemáticos e não só.
Não estruturada.
Pouco (ou nada)
objectiva e incerta.
Face 3
Os mesmos com análise de sensibilidade. Simulação.
Essencialmente matemáticos.
Semi-estruturada.
Menos objectiva e com mais incerteza.
Face 2
Programação linear, inteira, dinâmica.
Quase sómatemáticos.
Estruturada.
Objectiva e passível de ser recolhida com pouca incerteza.
Face 1
Exemplos de métodosModelosSituaçãoTipo de
informação
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As Faces da IO (4)
• A classificação apresentada é grosseira!!! As suas fronteiras não são estanques!
• De forma muito simplificada, as faces 1 e 2 são as faces tradicionais da IO, onde ela está mais à vontade. A face 3 corresponde, por vezes, “apenas” a “estruturar a confusão”.
• As características de cada uma não são exclusivas.
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Filipe Pereira e Alvelos, Metodologia da Investigação Operacional, pg. 21
Bibliografia e Links
• H. Arsham, Applied Management Science: Making Good Strategic Decisions. http://ubmail.ubalt.edu/~harsham/opre640/opre640.htm
• J. S. Ferreira, “Soft Methods”, Apontamentos da Disciplina “Novos Métodos de Investigação Operacional”, Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, Ano Lectivo 1996/1997, FEUP.
• J. S. Ferreira, Apontamentos da Disciplina “Investigação Operacional”, Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, FEUP.
• L. Fortuin, P. Van Beek and L. N. Van Wassenhove (editors),“OR at wORk, practical experiences of Operational Research”, Taylor and Francis, 1996.
• Matt Groening, “The Big Book of Hell”, Matt Groening Productions, 1990.
• R. Guimarães, “Metodologia da Investigação Operacional”, Texto de apoio à Disciplina “Investigação Operacional”, Ano lectivo 1990/1991, MBA, ISEE, UP.
• A. Guimarães Rodrigues, “Investigação Operacional”, Universidade do Minho, 1993.
• L. V. Tavares, F. N. Correia, “Optimização Linear e Não Linear”, Fundação Calouste Gulbenkian, 1986.