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8/18/2019 02 Fevereiro 2016 App http://slidepdf.com/reader/full/02-fevereiro-2016-app 1/68 Povos e Línguas • Rompendo barreiras Pág. 20 Ariovaldo Ramos Potencialmente fracos Ronaldo Lidório Uma tensão desnecessária Igor Miguel Disponível em:  ANO 2 • Nº 9 • POVOSELINGUAS.COM.BR POR UM BRASIL MISSIONÁRIO A TRADICÃO DA RELIGIÃO AFRICANA

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Povos e Línguas •

Rompendobarreiras

Pág. 20

Ariovaldo Ramos

Potencialmente fracosRonaldo Lidório

Uma tensãodesnecessária

Igor Miguel

Disponível em:

 ANO 2 • Nº 9 • POVOSELINGUAS.COM.BRPOR UM BRASIL MISSIONÁRIO

A TRADICÃODA RELIGIÃO

AFRICANA

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 2 • Povos e Línguas  Asas de Socorro conta com seu apoio para fazer muito mais!

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Povos e Línguas • 3

  246  ultrassons (novidade)

  415  cortes de cabelo

 1360  consultas médicas

 1820  procedimentos de enfermagem

 1947  procedimentos odontológicos

  429  Bíblias distribuídas

  431  visitas às casas

 715

  crianças e adolescentes ouviramhistórias bíblicas

 2125  pessoas assistiram ao Filme Jesus

 Este sorriso tão bonito...

é para te dizer

obrigada

Os ribeirinhos agradecem a sua oferta!

Asas de Socorro conta com seu apoio para fazer muito mais. CONTRIBUA!www.asasdesocorro.org.br/tamojunto | (62) 4014-0323

EVANGELIZAÇÃO | SAÚDE | MOBILIZAÇÃO DA IGREJA

O Projeto IDE 2015 aconteceu entre os

dias 14 e 24 de Julho, na pequena cidade

de Prainha, às margens do Rio Amazonas,

Região Oeste do Pará. Mais de 200

pessoas vestiram a camisa em

benefício dos ribeirinhos.

ESTE ANO O PROJETO IDE REALIZOU:

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 4 • Povos e Línguas

“Pede-me e eu te darei as nações por herança e os confns da Terra por tua

possessão.” (Salmos 2:8)

EQUIPE

Breno Vieitas | Direção-Geral | [email protected]

Jullyana Pimenta (MTb 19117 MG) | Diretora Executiva | [email protected]

Natalie Rocha | Assistente de redação | [email protected]

Raicle Ferraz | Relacionamento institucional | [email protected] Cançado | Finanças/ Circulação | [email protected]

Samuel Matos | Diagramação e Arte

REVISÃO

Versão Final

CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS

Olegário Gaspar (Nova Zelândia) | Tágory Figueiredo (Alemanha) | José Godoi (China)

COLUNISTAS:

Ariovaldo Ramos | Igor Miguel | Luís Fernando Nacif Rocha | Ronaldo Lidório

PARTICIPAM DESTA EDIÇÃO

André Souza | Antonia Leonora van der Meer | Breno Tonon | Dora Bomilcar de

Andrade | Eguinaldo Hélio | Flávio Ramos | Felipe Fulanetto | Gustavo de Souza

Borges | Jonathan Silveira | José Carlos Alcântara | Marcelo Gualberto | Patrícia

Varella Silva Teixeira | Raquel Emerick | Sadler Lopes | Wesley Thiago Reis

CONSULTORES

Paulo Bottrel | Jeremias Pereira | Luís Fernando Nacif Rocha | Ariovaldo Ramos |Ronaldo Lidório | Paulo Mazoni | Cassiano Luz

A Revista POVOS E LÍNGUAS é uma publicação do Grupo Povos e Línguas.

Todas as matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores.

Editorial

ategorias, rótulos, divisões e interesses são formas de selar as

diferenças que marcam as relações humanas. As palavras de Pauloecoam e lançam uma base sólida para transitarmos em meio aoscontrastes. “E vos revestistes do novo homem que se refaz para o plenoconhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; no qual não podehaver grego, nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, es-cravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.” (Cl 3.11).

Cristo preserva a identidade do homem e restaura sua capacidade deolhar nos olhos e enxergar o outro como um igual. Ele resgata a dignidadee o valor que podem ser notados pelo contraste entre culturas, formas,expressões e corações. Deus criou a diversidade e suas inúmeras mani-festações; Ele ensina seus filhos a lidar com as diferenças e a valorizá-las.Afinal, o amor é o vínculo perfeito dos imperfeitos (Cl 3.14).

É verdade que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus(Rm 3.23), pois, em Adão, todos morreram, mas em Cristo todos os quecreem são vivificados (1 Co 15.22). Jesus fez questão de quebrar osmais fortes paradigmas e ainda o faz, em nossa geração, por meio doSeu Corpo, a Igreja.

Sendo assim, continuamos trabalhando para encurtar distâncias e fazerpontes para a realização efetiva da Grande Comissão (Mt 28.19). Ao avan-çar pelas próximas páginas, você vai poder sentir minimamente a frieza daguerra no Oriente; ser apresentado aos maoris, os indígenas da Nova Ze-lândia; compreender a dinâmica da espiritualidade africana; conhecer maissobre a Igreja Chinesa; entender o risco dos guetos missionários; notar adiferença do olhar do cristão para o olhar do turista e vai dar um grande

salto, ao quebrar a tensão entre a missão e a apostolicidade da Igreja.

Estamos contados entre os de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9)!

Entre iguais

C

Rompendo barreiras

Ariovaldo RamosPág. 10

Oferta missionária

Luís Fernando Nacif RochaPág. 30

Potencialmente fracos

Ronaldo LidórioPág. 40

Tensão desnecessária

Igor MiguelPág. 64

Colunistas

Jullyana Pimenta | Diretora Executiva

Fale ConoscoCentral de [email protected](31) 3657-9054

povoselinguas .com.br

youtube.com/povoselinguas

twitter.com/povoselinguas

facebook.com/programapovoselinguas

instagram.com/grupopovoselinguas

O antídoto da indiferença

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Povos e Línguas • 5

20

História dasMissões Cristãs 12A pequena semente

Cuidado Integral 16Vasos de barro

Povos NãoAlcançados 18O povo maori

Escuta Missionária 34China

A fome na Síria e a fome do mundo

Pág. 8Circular

Segure a ondaPág. 26Mídia e Reino

Além das evidências

Pág. 38Missão e Adoração

Índio urbano

Pág. 42Missões Urbanas

Um leão por dia

Pág. 46Profissionais em Missão

O olhar que determina a ação

Pág. 54Grupo Povos e Línguas

A TRADICÃODA RELIGIÃOAFRICANA

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 6 • Povos e Línguas

Quem Somos

 Grupo Povos e Línguas é formado por pessoas de diversos ministérios. É um es-

paço aberto interdenominacionalmente para refletir sobre o Evangelho no aspecto

missionário, tendo Jesus Cristo e Sua Grande Comissão como o centro dos inte-

resses e a condição básica para rmar parcerias entre as igrejas e as agências missioná-

rias; entre pessoas que compreendem que, juntos, podemos ir mais longe pelo objetivo de

levar o Evangelho de Jesus Cristo aos conns da Terra.

Investimos esforços na dinâmica de relacionamento entre pastores, igreja local, voca-

cionados, agências e campo missionário. Dispomos de diversas estruturas de comuni-

cação e, especialmente, de cinco ferramentas utilizadas no processo de mobilização da

Igreja Brasileira: Escuta Missionária, Programa de TV, Revista, Treinamentos em Vídeo e

Workshops Estaduais. Por meio desses recursos, o Grupo trabalha para promover a mo-

bilização e, denitivamente, ver o Brasil se posicionando como uma verdadeira plataforma

de envio missionário, contando com mais de 40 milhões de evangélicos.

Temos a visão de missões tradicionalmente compreendida e a mentalidade da missio-

nalidade entre diversos atores. São empresários, prossionais liberais e outros que com-

preendem que, ocupados ou não com um ministério eclesiástico, temos o único chamado

de fazer com que o nome de Jesus Cristo seja anunciado a toda criatura, bem como deimplantar o seu Reino entre nós.

Da mesma maneira, nossos conselhos de referências teológicas e de agência trazem

a segurança de sempre avançarmos com a certeza de que todas as etapas estão sendo

cumpridas. Enquanto isso, trabalhamos dentro do alvo coletivo, respeitando sempre a

realidade de cada ministério e sua visão missionária.

GrupoPovos e Línguas

O

A Revista Povos e Línguas não é produzida como objetivo de obtenção de lucros. Toda a sua

produção é custeada por parceiros que fazemparte do Grupo e acreditam na relevância dessainiciativa. Grande parte dos exemplares produzi-dos é doada para líderes brasileiros e distribuídagratuitamente em eventos relacionados ao universo missioná-rio. Caso deseje ser um patrocinador ou um parceiro, entre emcontato conosco pelo telefone (31) 3657-9054.

Juntos podemos ir mais longe, por um Brasil missionário!

acesse com seu smartphone

Por um Brasil missionário

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Povos e Línguas • 7

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 8 • Povos e Línguas

A fome na Síria e a fome do mundoBraços cruzados diante da missão

Circular

aneiro começou com mais uma

tragédia: imagens de crianças

sírias famintas, esqueléticas, há

dias sem comer, chocaram o mundo

mais uma vez. Atrás de sse infortúnio

está o bloqueio do fornecimento de

alimentos imposto pelas tropas de

Bashar Al-Assad e pelas forças rebel-

des que militam contra e le.

No meio do conflito, cidades inteiras,

como Madaya, ficaram isoladas. As

organizações humanitaristas tiveram

grande dificuldade para obter autoriza-

ção do governo para enviar alimentos

e remédios para as cidades sitiadas.

A proibição do fornecimento de

alimentos a essas famílias, além de

ser moralmente reprovável, é conside-

rada uma evidente violação do DireitoInternacional Humanitário. Em 1949, as

Convenções de Genebra estabeleceram

o núcleo duro das chamadas normas

de guerra. Nelas, definiu-se a proteção

mínima a ser garantida às “pessoas

que não tomem parte diretamente das

hostilidades”. É o caso, por exemplo, da

população civil que está nas áreas atin-

gidas pelos conflitos militares, na Síria.

As guerras são c atastróficas por si

só, mas seus efeitos podem ser muito

mais devastadores quando as “regras

do jogo” não são seguidas. Infeliz-

mente isso é o que ocorre na Sír ia. A

imprensa internacional está fazendo

severas críticas ao tratamento cruel

e desumano adotado pelas p artes

envolvidas no conflito.

As agressões contra a população

civil configuram crime de guerra e

sujeitam os responsáveis a julgamen-

to do Tribunal Penal Internacional,em Haia, na Holanda. Entretanto, nem

isso parece intimidar os beligerantes.

No fim das contas, o Comitê Interna-

cional da Cruz Vermelha pôde distri-

buir alimentos e remédios às famílias

carentes de Madaya. Entretanto, issonão bastou para solucionar a fome de

400 mil famílias na mesma situação,

em outras cidades da Síria.

Estima-se que, no mundo todo, mais

de 60 milhões de p essoas tenham

sido obrigadas a se de slocar entre

refugiados, asilados e solicitantes.

Muitos procuram muito menos do que

melhorar sua situação econ ômica:querem simplesmente sobreviver.

Igualmente trágica é a angústia

existencial pela qual passa a huma-

nidade. A “pós-modernidade líquida”

gradativamente rompe valores univer-

sais. Não há uma substituição, mas

uma abolição deles.

Agora o mundo assiste estupefato à

consequência mais atroz da “abolição

do homem”: o declínio da capacidade

de se sensibilizar. Ignorar as dores do

mundo pode até parecer mais confor-

tável, mas o “ide” é prioritário. Preci-

samos resistir à indiferença para não

comprometer a relevância da Igreja no

mundo. As pessoas têm fome, e nós, a

Igreja, temos uma missão.

J

Tágory Figueiredo

Mestre em Direito Internacional. Advogado,membro da Ordem dos Advogados de Portugale do International Action Team da Law Society ofEngland and Wales. Atua como missionário bivoca-cionado da Igreja Batista Central de Belo Horizontena Alemanha. Casado com Carolina Schwab e paido Daniel e da Catarina

Regime sírio autoriza acesso humanitário à cidade sitiada de Madaya

   F   o   t   o   :   S   A   P   O

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Povos e Línguas • 9

A cada 24 horas, 37 milmuçulmanos morrem,

partindo para umaeternidade sem Deus.

Ajude a transformaressa realidade.

@m3_missaom3missao m3.org.b@m3_missao

www.m3.org.br

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 10 • Povos e Línguas

Quando o erro é eclesiológico

Coluna

omaremos como ponto de partida

o discurso de despedida de Jesus,

que está no capítulo 16 do livro

de João. Concentre-se no trecho em

que Jesus promete a vinda do Espírito

Santo: “Mas eu lhes afirmo que é para

o bem de vocês que eu vou. Se eu nãofor, o Consolador não virá para vocês;

mas se eu for, eu vou enviá-lo. Quando

ele vier, convencerá o mundo do pe-

cado, da justiça e do juízo. Do pecado,

porque os homens não creem em mim;

da justiça, porque vou para o Pai, e

vocês não me verão mais; e do juízo,

porque o príncipe deste mundo já está

condenado.” (Jo 16.7-11).

Ao dizer essas palavras, Jesus estáse preparando para partir e afirma

a seus discípulos que sua ida vai

beneficiá-los. A promessa da vinda

do Espírito Santo significa o início

de uma nova fase, pois eles passa-

rão a ser guiados pelo Consolador,

uma presença que estará com eles o

tempo todo e vai instruí-los “em toda

a verdade” (Jo 16.13).

De acordo com Jesus, sob a orientação

do Espírito Santo, os discípulos seriam

instrumentos de propagação do Evan-

gelho do Reino ao mundo. Infelizmente

há cristãos que veem a ação do Espírito

como independente da Igreja. É como se

Ele prescindisse dos recursos do Corpo

de Cristo em Seu ministério. Esse é um

grande equívoco e precisa ser corrigido!

A igreja, pensam, está ali com suas

celebrações, sua liturgia, seus encon-

tros - desencontros também - e sua

agenda social. E o Espírito Santo lá

fora, no mundo, está levando homens

e mulheres à conversão, aumentando o

rebanho das igrejas.

Eis o grande erro, pois quando Jesus

fala do Espírito Santo, Ele o chama de

“outro Consolador” (Jo 14.16). Cristo

apresenta duas ideias fundamentais: a de

que Jesus se via como um consolador e

a de que o outro Consolador continuaria o

trabalho que Ele iniciara nos discípulos e

por meio deles.

O Espírito opera na Igreja e por inter-médio dela. Portanto, se a missão dEle

é convencer o mundo “[...] do pecado,

da justiça e do juízo” (Jo 16.8), é natural

esperar que Ele conte com o Corpo de

Cristo para essa obra: “Ora, vós sois

o corpo de Cristo e seus membros em

particular.” (1 Co 12.27).

É óbvio que a Igreja não tem como chegar

ao âmago da questão, no centro nervoso

das decisões, onde cada um diz sim ou não

ao convite ao arrependimento e à conver-

são. Esse lugar, no recôndito de cada ser

humano, está fora do alcance de qualquer

um de nós, mas, até a chegada desse mo-

mento crucial, qual é o papel da igreja?

O apóstolo Paulo disse que somos

cooperadores de Deus (1 Co 3.9). Como

T

Rompendobarreiras Além disso, passamos a

contar com a ação do Es-pírito Santo que traduz aocoração humano a Palavraproclamada: é a Sua açãoefetiva que conduz o serhumano ao arrependimento 

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Povos e Línguas • 1

fazemos isso? Com entrega e submissão

incondicional ao Espírito Santo; por meio

da pregação do Evangelho, pelo serviço ao

mundo e por meio da oração.

“Mas recebereis poder, ao descer sobre

vós o Espírito Santo, e sereis minhas tes-temunhas tanto em Jerusalém quanto em

toda a Judéia e Samaria e até os confins

da terra.” (At 1.8). Essas foram as últimas

palavras de Jesus e elas comunicam uma

profecia, que é um gabarito tanto para o

profeta quanto para aquele que o segue.

Para o profeta, porque põe em xeque a sua

credibilidade; para o seguidor, porque, se

afirma que é seguidor do profeta, ele tem de

estar alinhado com a profecia.

O profeta é Jesus de Nazaré, o Cristo,

o Filho de Deus. Sua profecia se cumpriu

cabalmente e, em apenas dez dias após Sua

declaração, o Espírito Santo veio sobre os

discípulos e os colocou em marcha missio-

nária, como Ele preconizara.

A partir daí, compreende-se que todo cris-

tão é naturalmente cheio do Espírito Santo e

está em jornada missionária, porque foi paraisso que o Espírito veio e continua a agir.

Logo, a ênfase missionária é o que carac-

teriza a vida da Igreja, que é, por definição,

uma comunidade que peregrina em missão.

A Igreja de Cristo é a reunião dos que

receberam o Espírito e, portanto, o po-

der necessário para cumprir a missão. O

poder dado por Ele compreende a ressur-

reição pela qual nascemos de novo. Pela

comunhão, ministramos aos necessitados

e entre nós à medida que precisamos de

restauração espiritual.

Com a ressurreição vêm os dons, como se

lê: “Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro

e deu dons aos homens.” (Ef 4.8). Eles são

ferramentas espirituais que usamos para a

execução de Sua vontade; assim chega até

nós a iluminação, que é a capacidade de

entender a Palavra de Deus; a intrepidez

para a proclamação e a sabedoria para a

orientação. Além disso, passamos a contar

com a ação do Espírito Santo que traduz ao

coração humano a Palavra proclamada: é a

Sua ação efetiva que conduz o ser humanoao arrependimento.

Todas essas habilidades são d adas à

Igreja para que possamos testemunhar a

respeito de Cristo. Isso implica anunciar o

Evangelho a todas as etnias. Todos devem

ser coerentes, dando bom testemunho ao

viver a mensagem que proclamam e, por

meio da proclamação da Palavra de Deus,

evidenciar a presença e a obra redentiva de

Jesus.

A partir do evento histórico da morte e

ressurreição de Jesus, anunciamos o Cristo

ressurreto a todo ser humano, em todas as

etnias, intercedendo por eles e lhes envian-

do missionários. Para isso, empenhamos to-

das as possibilidades econômico-financei-

ras que nos são dadas por graça de Deus.

Assim, toda comunidade de fé que se diga

cristã está, por definição, alinhada com a

profecia do Cristo, sendo testemunha dEle

por meio de sua vida e de sua ação missio-

nária local, nacional e interétnica.

Ariovaldo Ramos

Filósofo, teólogo e escritor. Pastor e Presidente da VisãoMundial Brasil, a maior organização cristã não governa-mental do mundo

Todos devem ser coerentes,dando bom testemunho ao vi-ver a mensagem que proclamame, por meio da proclamação daPalavra de Deus, evidenciar a pre-sença e a obra redentiva de Jesus

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 12 • Povos e Línguas

A pequena sementeHistória das Missões Cristãs

m Gálatas 1.18-19, o apóstolo Paulo

fala de uma de suas visitas a Jerusa-

lém. Naquela ocasião, ele disse não ter

visto nenhum dos apóstolos, senão Pedro e

Tiago, irmão do Senhor. A última referênciaque temos deles está no capítulo 15 do l ivro

de Atos, que regista o Concíl io de Jerusa-

lém. Ao que tudo indica, todos eles cedo

se dispersaram pelo mundo para pregar o

Evangelho em obediência à Grande Comis-

são. Diante desse fato, nós nos perguntamos:

o que fizeram? Onde pregaram? A que povos?

O que sabemos sobre seu trabalho missioná-

rio? Onde pregou Mateus? E Judas Tadeu? ETiago, Bartolomeu e Tomé? E os demais?

 

Somos tentados a pensar que a propagação

do Evangelho por todo o mundo conhecido de

então se restringiu ao trabalho missionário

do apóstolo Paulo e de seus colaboradores. O

‘silêncio’ dos registros históricos sobre o tra-

balho apostólico contrasta com a narrativado livro de Atos. Por que sabemos tão pouco

sobre os demais apóstolos?

SIMPLICIDADE E MODÉSTIA

Hoje metrópoles e monumentos carregam

o nome dos apóstolos. Em sua geração,

porém, excluindo sua importância diante dos

que aceitaram a Mensagem, eles podem ser

incluídos na descrição feita por Paulo. Os

apóstolos foram “a escória do mundo” (1 Co

4.13). Quem se preocuparia em compor-lhes

qualquer tipo de biografia? Não passavam

de ex-pescadores, nascidos em uma terra de

pouca importância, pequenina pedra bruta

encravada na imensa montanha que era o

Império Romano.

O DURO INÍCIO DO CRISTIANISMO

Diferentemente do islamismo ou mesmo do

 judaísmo, rel igiões esta tais, o cristianismo viveu

marginal no seu início. Tanto na perspectiva dos judeus quanto na dos romanos e dos gregos ,

não passava de uma seita estranha entre mui-

tas outras. Só ao longo da história, sua força e

seu impacto poderiam ser sentidos e observa-

dos. Sua sobrevivência despendeu um esforço

sobre-humano e não havia tempo nem estabili-

dade para narrar a história dos que lançaram os

fundamentos cristãos.

A forte perspectiva da parousia1 e da vinda do

Reino de Deus não deixavam espaço para ne-

nhum tipo de historiografia. O Evangelho preci-

sava ser levado a todos os povos, e esse avanço

do Reino era encarado com grande urgência.

Mesmo Jesus sendo o maior nome da Histó-

ria, nenhum escritor da época se preocupou emescrever sobre Ele. Somente seus seguidores

o fizeram. Há uma escassez muito grande de

registros históricos. Se pouco ou nada escreve-

ram sobre Ele, menos ainda se preocuparam em

registrar as ações de seus apóstolos.

Sendo assim, a maior parte do que sabemos

sobre o trabalho dos apóstolos está envolta

em lenda e em fatos obscuros. Ainda assim,

muitas dessas histórias representam um fator

importante, pois sua existência se baseia em

fundos de verdade que nos permitem saber,

mesmo que sem grande exatidão, as regi-

ões onde trabalharam. Segundo Aramis C.

de Barros em sua obra “Doze Homens e Uma

Missão”2, podemos identificar o trabalho dos

apóstolos nas seguintes regiões:

E

O avanço da missão apostólica no primeiro século

1 Parousia é a volta do Senhor. A expectativa dos primeiros cristãos era de que Jesus voltaria ainda na geração deles. Muitos tinham esperan-

ça de estar vivos quando isso acontecesse, o que gerava um sentimento de urgência.2 BARROS, Aramis C. Doze homens e uma missão. São Paulo: Hagnos, 2006.

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Povos e Línguas • 13

Somos tentados a pen-sar que a propagaçãodo Evangelho por todo

o mundo conhecido deentão se restringiu aotrabalho miss ionáriodo apóstolo Paulo e deseus colaboradores 

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 14 • Povos e Línguas

Apesar da escassez de informações,

podemos perceber que a ordem de ir e

pregar o Evangelho a todos os povos foi

obedecida pelos apóstolos. Boa parte

do mundo antigo, no Império Romano e

ao redor, recebeu a mensagem apos-

tólica. Uma semeadura teve início com

o trabalho dos 12, obras que perduram

através dos séculos, sendo realizada

por sucessores muitas vezes anônimos.

Ao observarmos o Mapa Mundi,

vemos o grande número de países

alcançados pelo trabalho missionário

apostólico. Eles avançaram por pra-

ticamente todo o mundo conhecido

da época: Itália, Grécia, Turquia, Síria, 

Israel, Líbano, Jordânia, Arábia, Ar-

mênia, Irã, Iraque, Índia, Etiópia, Egito,

França, Espanha, Portugal, Albânia,

Inglaterra, Macedônia, Líbia, Tunísia,Marrocos, Bulgária, Romênia, Chipre,

Argélia, Afeganistão, Paquistão, Bélgica,

Luxemburgo, etc. Sem dúvida, foi uma

ação de grande alcance promovida peloEspírito Santo.

Foi com esforço e fé que, no final do

século IV, vimos o cristianismo emer-

gir como a fé de boa parte do mundo

então conhecido. Embora anônimo, o

trabalho missionário dos apóstolos e

de seus auxiliares, igualmente anôni-

mos, foi eficaz.

RELATOS HISTÓRICOS

O testemunho de alguns historiado-

res nos fornece um pequeno vislum-

bre da realidade do avanço missioná-

rio apostólico: “Esses homens nada

mais faziam do que deitar os funda-

mentos da fé em alguns lugares es-

trangeiros e estabelecer outros como

pastores, encarregando-os do cultivo

dos recém-admitidos e, em seguida,

mudavam-se para outras regiões e

outros povos com a graça e a coope-ração de Deus, já que, por meio de les,

continuavam realizando-se, ainda

então, muitos e maravilhosos pode-

res do Espírito divino [...]. Sendo-nos

impossível enumerar pelo nome todos

os que na primeira geração de após-

tolos foram pastores e inclusive evan-

gelistas nas igrejas de todo o mundo,

é natural que mencionemos por seus

nomes e por escrito apenas aque-

les dos quais se con serva a tradiçãoaté hoje graças a suas memórias da

doutrina apostólica [...].” (Eusébio de

Cesaréia, História Eclesiástica).

Não existe maior drama na histó-

ria do que a vista de um punhado de

cristãos desprezados ou oprimidos por

uma série de imperadores, suportando

todas as provas com sublime tenaci-

dade, multiplicando-se calmamente,

construindo uma ordem enquanto seus

inimigos geravam o caos, opondo a

palavra à espada, a esperança à bru-

talidade e, afinal, derrotando o Estado

mais poderoso que a história conhece

[Roma]. César e Cristo tinham se de-frontado na arena. E Cristo vencera [...]

(Will Durant, César e Cristo).

Enquanto este grande corpo [Império

Romano] foi invadido pela violência

aberta ou minado pela lenta deca-

dência, uma pura e humilde religião

gentilmente se insinuava na mente

dos homens, crescendo em silêncio e

obscuridade, derivando novo vigor da

oposição e, finalmente, erigindo a triun-

fante bandeira da cruz nas ruínas do

Capitólio. (Edward Gibbon, Decline and

Fall of Roman Empire).

Esses relatos marcantes mostram o

Reino, como afirmou Jesus: “O reino dos

céus é semelhante a um grão de mos-

tarda, que um homem tomou e plantou

no seu campo; o grão é, na verdade,

a menor de todas as sementes, mas,

depois de crescido, é a maior das hor-

taliças e faz-se árvore, de tal modo queas aves do céu vêm pousar nos seus

ramos” (Mt 13.31-32). O mundo não es-

perava que uma “semente” tão pequena

determinasse os rumos da humanidade.

Há uma história que o homem escreve

e o homem lê. Nela encontraremos vários

missionários famosos, no entanto, há

uma história escrita com a vida e a morte

de inúmeros missionários anônimos,

dentre eles, os apóstolos. Essa história,só Deus lê e apenas na eternidade ela

será completamente conhecida.

Eguinaldo Hélio de Souza

Pastor no Vale da Bênção em Araçariguama -SP. Professor de Teologia e História. Jornalista,apologeta e escritor

Bartolomeu: Ásia Menor, Norte da Índia

e Armênia.

Mateus: Pérsia, Pártia, Macedônia e Etiópia.

Simão Zelote: Ilhas Britânicas, Egito,Cirenaica, Mauritânia e Líbia.

Matias: Síria, Macedônia e Etiópia.

André: Sul da Rússia (Cítia e Pártia), ÁsiaMenor, Macedônia e Grécia.

Filipe: Ásia Menor (Frígia) e Gália.

Judas Tadeu: Armênia, Mesopotâmia, Síria,Pérsia, Fenícia, Arábia e região da Assíria.

João: Ásia Menor (região de Éfeso),Grécia e Roma.

Tiago: Espanha.

Pedro: Ilhas Britânicas, Acaia, Roma eMesopotâmia.

Tiago, irmão de João: Morreu nas mãos

de Herodes.

DozeHomens

12

Tomé: Índia, Babilônia, Média-Pérsia e Etiópia.

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Povos e Línguas • 15

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 16 • Povos e Línguas

ui missionária por dez anos

em Angola, em um contex-

to de guerra. O governo e ra

marxista, o que ge rava inúmeras

limitações e dificuldades para anossa atuação, especialmente no

que diz respeito à realização de

viagens dentro do país, que eram

necessárias, mas muito compli-

cadas. O povo v ivia na miséria; os

hospitais transbordavam de feridos

e epidemias de malária, doença do

sono, sarampo e de muitas outras

enfermidades. Faltavam recursos

básicos, o que acarretava muitas

mortes, tristeza e dor.

Mesmo nesse cenário, ser missio-

nário em si não era difícil. O povo

nos recebia bem e precisava de

uma mensagem de esperança. Por

outro lado, esperavam muito mais

de nós do que podíamos fazer. Era

uma realidade desgastante. Nossas

limitações e fraquezas eram eviden

tes. Também estávamos sujeitos à

malária e a outros males.

Portanto, assim que voltei ao Bra-sil para servir no Centro Evangélico

de Missões (CEM), propus encon-

tros para missionários cansados e

desgastados, independentemente

de qual fosse o seu campo ou a sua

agência. Nessa época, o Senhor

trouxe cooperadores, como o pasto

Osmar Ludovico da Silva.

Portanto, desde 1996 organiza-

mos encontros na cidade de Viçosa

(MG). Sempre hou ve missionários

necessitados desse tipo de apoio,

refrigério ou restauração. Eram pes-

soas com experiências missionárias

no Brasil, entre indígenas, pescado-

res ou no ser tão nordestino. Outros

trabalhavam em diferentes conti-

nentes, provenientes de agências e

FSempre há missionários comferidas profundas e lutas

escondidas no coração. Paraque a cura deles realmen-te ocorra, é fundamental aparticipação de suas igrejasnesse processo 

Vasos de barroCuidado Integral

Pessoas comuns chamadas para uma tarefa extraordinária

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Povos e Línguas • 17

igrejas diversas. Logo depois nasceu

o grupo do Cuidado Integral do Mis-

sionário (CIM), que hoje é um Depar-

tamento da Associação de Missões

Transculturais Brasileiras (AMTB).

Assim esse trabalho avançou, e outras

formas de cuidado do missionário fo-ram sendo desenvolvidas e aplicadas.

Hoje os encontros também se reali-

zam em Curitiba (PR) sob a direção da

liderança do CIM.

Uma vez reunidos, o que mais lhes im-

pactava era um ambiente de abertura, de

compreensão mútua, de liberdade para

abrir o coração, serem ouvidos, aceitos e

respeitados. A maioria das pessoas saía

com novo vigor e coragem para continu-

ar, além de conscientes de que não eram

os únicos que passavam por tamanhas

lutas e limitações. Não eram pessoas

fracassadas, como muitos as considera-

vam, mas soldados feridos que voltavam

das frentes mais difíceis.1 

Mesmo para os filhos de missionários

(FMs) havia atividades especiais. Os

encontros se tornaram significativos,porque eles percebiam a riqueza de se-

rem poliglotas e crianças conhecedoras

de vários países e culturas. Elas também

descobriam crianças com experiências

semelhantes e faziam amizades precio-

sas. Além desse serviço oferecido no

Brasil, alguns membros do grupo fize-

ram viagens a outros continentes onde

oferecemos um apoio semelhante aos

missionários. Houve vários encontros

no Senegal, no Timor-Leste, em Angola,Moçambique e em países da Europa,

Ásia e do Oriente Médio.

O melhor não são somente as pales-

tras oferecidas, mas a oportunidade

e o encorajamento para que cada um

reconheça suas lutas e frustrações, as

encare na presença do Senhor e receba

Seu amor restaurador. Não há soluções

imediatas para todos os problemas, mas

certamente é possível encontrar reno-

vação, coragem para enfrentar as lutas,

o ânimo e a fé em Deus. Assim perseve-

ram com alegria pela consciência de que

são pessoas comuns chamadas parauma tarefa extraordinária.

Sempre há missionários com feri-

das profundas e lutas escondidas no

coração. Para que a cura deles real-

mente ocorra, é fundamental a partici-

pação de suas igrejas nesse processo.

O apoio pastoral ao missionário deve

ser encarado como prioridade dentro

das agências missionárias. As igrejas

e as agências devem desenvolver um

ministério nessa área com pessoas

experientes e preparadas para essa

tarefa, de preferência com vivência

de campo. É importante considerar a

necessidade de visitas pastorais ao

missionário e que as avaliações físicas

e psicológicas não se restrinjam à fase

de preparação para o envio, mas se

estendam até o retorno do missionário,

possibilitando o diagnóstico de even-tuais problemas a serem tratados.

Casais missionários enfrentam

vários desafios e conflitos. Eles

precisam encontrar um ambiente

de confiança para poder expor suas

dificuldades. É importante que todo

o processo de criação dos filhos, so-

bretudo as fases mais críticas, como

o período de amamentação, a fase es-

colar e a adolescência, sejam acom-

panhadas pela liderança da missão.

Mulheres solteiras fiéis e consagradas

servem nos campos mais difíceis,

mas ainda sofrem c om carências,

solidão e recebem ofertas indiscretas

de ajuda para arrumar companheiros.

Elas precisam de cobertura de oração,

intercessão e de apoio fiel de pessoas

com quem possam se abrir, com liber-

dade e sinceridade. As visitas pas-torais são muito importantes, assim

como a participação em encontros e

em retiros espirituais.

Nenhum missionário verdadeiramente

chamado por Deus se arrepende por ter

escolhido a carreira missionária. Fazem

isso conscientemente e com alegria,

mas não se pode esquecer em nenhum

momento da jornada de que somos

um corpo, o Corpo de Cristo: “Por-que, assim como o corpo é um, e tem

muitos membros, e todos os membros,

sendo muitos, são um só corpo, assim

é Cristo também.” (1 Co 12.12). Cada

um faz parte de um esforço maior por

alcançar os povos com as boas notícias

do Reino de Deus. Somos humanos e

precisamos muito da atenção carinho-

sa, do respeito e do cuidado devidos a

qualquer semelhante.

Antonia Leonora van der Meer 

Foi missionária por dez anos em Angola. Serviucomo professora, deã e diretora do CEM, emViçosa (MG). Hoje trabalha para despertarigrejas para missões e compõe a liderançado Cuidado Integral do Missionário (CIM), umdos departamentos da Associação de MissõesTransculturais Brasileiras (AMTB)

O apoio pastoral ao mis-sionário deve ser encaradocomo prioridade dentrodas agências missionárias.As igrejas e as agênciasdevem desenvolver umministério nessa área compessoas experientes e pre-paradas para essa tarefa,de preferência com vivên-cia de campo 

1 Leia o artigo da autora publicado no site Ultimato Online: Missionário: Maluco, Mártir, Mendigo ou o quê? 

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Povos e Línguas • 19

- 98649 4164

/ [email protected]

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 20 • Povos e Línguas

A tradição da religião africanaCapa

 África é um dos continentes mais belos e

diversos do planeta. Abriga hoje mais de 1

bilhão de pessoas divididas em 58 países e

territórios, falando mais de 2 mil línguas e dezenas

de milhares de dialetos. Culturas e línguas africanas

influenciam todo o mundo com seu exemplo de per-

severança em meio à adversidade, alegria perante

situações de abatimento e vivacidade nas expres-

sões de dança, música e artes.

Apesar de ser palco de um grande número deconflitos e, em geral, gurar entre os mais baixosíndices de desenvolvimento humano, a África tem

sido forte contribuinte com todo o mundo em diver-

sas áreas. Desde tempos remotos, o Egito, Norte da

África, desenvolveu e exportou conhecimento sobre

engessamento de ossos quebrados, anestésicos

e cicatrizantes. No Mali foram feitas algumas das

primeiras descobertas astronômicas: planetas eestrelas até então invisíveis. O modelo de cuidado

familiar africano vem sendo estudado e utilizado

como forma de diminuição da orfandade e comocuidado social. A engenharia de construção com

barro e palha foi copiada por quase todo o mundo

antigo. Alimentos e bebidas, como o cuscuz e o

café, originaram-se na África - Magreb e Etiópia.

As contribuições para as áreas de esporte, música,

política e ciência são crescentes. Do ponto de vista

cristão e evangélico, há forte expansão da fé em

Jesus, em quase todo o continente, com maiores

restrições no norte islâmico.

Apesar da ampla diversidade religiosa, tendo

como religiões ocialmente predominantes ocristianismo e o islamismo, as religiões tradicionais

africanas sugerem uma das maiores influências

socioculturais no continente. Estima-se que cerca

de 100 milhões de africanos seguem as religiões

tradicionais e possivelmente mais da metade dos

seguidores de outras religiões - inclusive o cris-

tianismo - experimentam forte sincretismo com

crenças e práticas tradicionais.

As religiões tradicionais africanas foram e ainda

são alvo de incontáveis estudos, livros e teses. Por

um lado, é inegável que cada povo, cultura e língua

na África tenha as próprias crenças e práticas

religiosas. Portanto, não há uma religião comum.Por outro lado, missionários como Edward Smith1 e

Noel Baudin2 e antropólogos como Robert Rattray3 

e Alfred Ellis4 reconheceram, desde as primeiras

investigações, a intrigante semelhança entre as reli-

giões tradicionais em quase todo o continente. Isso

levou-os a utilizar a expressão “religião africana”, no

singular.

AS TEORIAS DA ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO 

Algumas teorias antropológicas tentaram explicara religião africana. Uma delas é o Totemismo, queÉmile Durkheim chama de um parentesco místico

entre seres humanos e a natureza. Claude Lévi

Strauss indica sua importância para a identidade do

grupo.5 O clã africano Binaliib, da etnia Konkomba

de Gana, por exemplo, conta que, ao longo da sua

história, sentiu-se ligado ao leopardo, recebendo

seu nome, compartilhando seu território de caça e

sentindo-se “misturado” ao perl daquele animalsua força, resistência e velocidade. A partir dessa

ligação totêmica, surgem tabus e normas. Por ve-

zes, leis. No caso Konkomba, o clã Binaliib não pode

caçar nem comer um leopardo. Não pode também

partilhar das presas que o felino nem transitar

com muita liberdade em seu território de caça. Os

Diversidade e antropologia

1 SMITH, Edward. African Beliefs and Christian Faith. Londres: Lutterworth Press, 1936.

2 BAUDIN, Noel. Fetishism and Fetish Worshippers. Nova York: Benziger Brother, 1885.

3 RATRRAY, Robert. Religion and Art in Ashanti. Oxford: OUP, 1927.

4 ELLIS, Alfred. The Ewe/Yoruba Speaking Peoples of the Slave Coast of West Africa. Londres: Chapman & Hall, 1894.

5 STRAUSS, Claude Lévi. Totemismo Hoje. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

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Povos e Línguas • 2

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 22 • Povos e Línguas

anciãos utilizavam a expressão ndjotiib 

(irmãos de sangue) quando se referiam

aos leopardos. Warner Tolra descreveque nessa crença os feiticeiros pode-

riam se servir de animais para caçar

por eles (nagualismo) ou de espíritos de

animais mortos que os ajudariam.6

 

Outra teoria que tenta, em parte,

explicar a religião tradicional africana

é o Animismo. Apesar de o conceito

não ser mais utilizado, Animismo, de-

rivado do Latim “anima” que significa

“respirar”, está associado à ideia de

que o espírito está presente em todas

as coisas, “animando” o mundo e o

universo. Assim árvores, rochas, terra

e água poderiam ser vistas como ele-

mentos controlados por espíritos em

que o visível e o invisível se misturam.

Em outras teorias, alguns estudiosos

chegaram a apontar que as religiões

africanas eram politeístas, reconhe-

cendo logo em seguida que, mesmo

crendo em diversos espíritos e deuses,

a relação do homem africano com

esses seres era bastante diferente do

conceito clássico de politeísmo.

A teoria provavelmente mais difundi-da é a do Fetichismo, do latim facti-

cius e francês fetiche , a crença de que

alguns objetos feitos pelo homem po-

dem ter poderes sobrenaturais.7  Crê-se

que espíritos podem possuir certos

objetos e torná-los suas habitações e,

por meio disso, exercer influência so-

bre uma pessoa, família, um grupo ou

toda uma geração. O guardião desses

objetos seria um feiticeiro com certa

influência sobre o grupo. Ainda segun-

do Tolra, a relação do homem com osespíritos de ancestrais, chamado de

“manismo”, tem forte expressão nas

culturas africanas, indo da reverência à

adoração em diferentes contextos.8 

Uma teoria antropológica levantada

pelos cristãos indica que as religiões

tradicionais africanas derivam de al-

gum tipo de monoteísmo. Essa teoria

vem ganhando sustentação científica,

apesar de ainda ser pouco reconhe-

cida no meio acadêmico. Sabemos queessa é a explicação bíblica para toda re-

lação religiosa da humanidade, iniciando

com a relação de Deus com o homem

e, após o pecado, passando para a re-

lação do homem com outros conceitos

e expressões de deus e deuses, dando

origem a toda sorte de desenvolvimento

religioso (Rm 1.19-25).

A Antropologia da Religião, que sempre

defendeu a magia ou algum tipo de es-

piritualismo politeísta como raiz da reli-

gião africana, hoje está revisitando seus

conceitos. Além de muitas evidências

nos mitos, ritos, contos e nas músicas

sobre um ser criador distinto dos outros

espíritos e deuses, é curioso notar que

muitos povos, em meio à miríade de

espíritos e deuses, conservam algum

nome para designar a um deus supremo,

mesmo que sobre ele pouco se saiba.

Os Konkombas o chamam de Uwumbor;

os Edos, de Osanabuwa; os Ashantis, deOnyame e os Ewe, de Nan Buluku.

As teorias que tratam de compreen-

der a religião tradicional africana são

múltiplas e complexas, visto ser um

conjunto de crenças não registradas

sistematicamente, mas passadas de

pais para filhos por meio de contos,

mitos, práticas e tradições. Não há

um livro, uma revelação, um profe-

ta nem um registro sequer que liste

as crenças e as práticas religiosas,

nem mesmo um termo específico

para descrever essas crenças. Essa

condição torna o estudo da religião

africana ainda mais intrigante.

AS MARCAS DA RELIGIOS IDADE

AFRICANA TRADICIONAL

Durante os nove anos em que eu e

minha esposa moramos entre Gana

e Togo no Oeste africano, observa-

mos que a prática religiosa entre osKonkombas, Bassaris, Chokossis,

Ashantis e outros grupos, mesmo com

pouca ou nenhuma relação, era muito

semelhante no primeiro olhar. De-

pois vimos que eram compreensões e

práticas comuns não apenas ali, mas

em boa parte da África. As principais

marcas eram quatro:

A falta de distinção entre o religioso e

o não religioso: na nossa visão de mun-

do (ocidental) há, em geral, uma clara

divisão entre o sagrado e o profano,

entre o religioso e o secular, o espiritual

e o científico. Na cosmovisão africana,

essa divisão parece não existir. Religião

é parte da cultura e se manifesta em

todas as formas da vida individual e

social como aquilo que se come, o tra-balho na roça, os padrões de descanso,

a composição da família e até mesmo

a organização de uma viagem. Nascer

em uma sociedade tradicional africana

é integrar-se a um grupo de crenças e

práticas que permeiam a própria iden-

tidade do grupo. Religião, assim, não é

um corpo de doutrinas que se distingue

da vida e da ciência; não é uma opção

Nesse contexto, não háateus nem pessoas semreligião, pois a religiosidadeé vista como parte da vida,da cultura e da sociedade.As simples perguntas “emque você crê?” ou “qual a suareligião?” não fazem muito

sentido nesse universo 

6 LIDORIO, Ronaldo. Comunicação e Cultura. São Paulo: Editora Vida Nova, 2014.

7 EVANS-PRITCHARD, Edward. Theories of Primitive Religion. Oxford: Clarendon, 1965.

8 LIDORIO, Ronaldo. Comunicação e Cultura. São Paulo: Editora Vida Nova, 2014.

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Povos e Línguas • 23

a que alguns aderem nem uma decisão

pessoal. É parte da vida. Nesse contexto,

não há ateus nem pessoas sem religião,

pois a religiosidade é vista como parte

da vida, da cultura e da sociedade. As

simples perguntas “em que você crê?”

ou “qual a sua religião?” não fazem mui-to sentido nesse universo.

Essa falta de distinção entre o

religioso e o não religioso levou os

primeiros observadores europeus a

pensar que os africanos não tinham

religião. No século 18, os relatórios

que chegavam aos centros de estudos

europeus falavam sobre “[...] grupos de

pessoas sem organização social e sem

conceito de divindade ou de religião”. 9

Uma observação mais acurada levou

à conclusão de que não era ausência

de religião, mas - ao contrário - uma

sociedade em que tudo era religioso.

A relação com os ancestrais: essa

relação na religião tradicional africana

é intensa e constante. Alguns grupos,

como os Bassaris e Chokossis, têm

os ancestrais como parte da famíliapresente, separando para eles um

lugar na roda de conversa ou mesmo

mantendo certa comunicação, dirigin-

do-se a eles como se ali estivessem.

Entre os Konkombas é comum, na roda

de conversas embaixo das árvores no

fim da tarde, ficar um banquinho vazio

representando a presença de algum

dos ancestrais. Outros grupos que não

os têm como presentes parecem nutrir

uma relação diferente, mais aproxima-da com os ancestrais. Esse vínculo vai

além das simples lembranças.

Muito se discute se a relação com os

ancestrais é de reverência, reconheci-

mento de autoridade ou de adoração.

De toda forma, nas religiões tradicio-

nais, os ancestrais parecem ser tidos

como presentes, participantes da vida

da família e guias nas decisões diárias.

Muitos têm seus nomes citados ou

cantados nos ritos.

A crença nos espíritos: em certo

período, a religião africana tradicional

passou a ser chamada de Animismo ou

Fetichismo devido a sua ampla relação

com espíritos em diversas categorias,

como a de humanos, de animais, não

humanos e assim por diante...

Os espíritos tidos como malignos

são exorcizados durante os ritos e ostidos como benignos são adorcisados

- chamados em vez de repelidos. Por

sua vez, o que podemos chamar de

feiticeiro (que guarda os objetos onde

os espíritos habitam) diz poder entrar

em transe, viajar e visitar outros luga-

res de forma espiritual e até mesmo

frequentar outras dimensões. Nesse

universo concebe-se grande número

e diversidade de espíritos, espectros,

almas, duendes, aparições, donos das

matas, espíritos simbióticos (que se

transformam em homens ou animais),

anjos, demônios e deuses. Muitos

desses espíritos têm nomes usados

em ritos e invocações e que foram

exportados para religiões afros, como

Candomblé, Santería e Vodu.

As práticas religiosas utilitárias: as

práticas atribuídas à religião tradi-cional africana são, em sua maioria,

utilitárias, pois objetivam resolver os

conflitos da vida.

Outra prática valorizada nesse con-

texto são os ritos de iniciação, que se

dão geralmente em cinco áreas: nasci-

mento e nome, passagem para a fase

adulta, casamento, passagem para a

fase de ancião e as ligações com a

ancestralidade. Os mais conhecidos

são aqueles ligados ao nascimento e à

passagem para a fase adulta. Alguns

grupos evitam dar nome à criança

nos primeiros anos (sendo, às vezes,apenas sussurrado entre os pais) por

crerem que os espír itos atingem os

humanos a partir de suas particulari-

dades, incluindo seus nomes. Muitas

vezes, o nome é dado em uma ceri-

mônia de proteção que pode envolverinvocações ou libações. Já o rito de

passagem para a fase adulta pode

ser vinculado à circuncisão, provas de

força, obediência ou submissão em

diversas cerimônias apotropaicas10,

que buscam afastar as influências

malignas naquela nova fase da v ida.

Os ritos de invocação normalmente

são direcionados aos ancestrais ou

aos espíritos. Anciãos frequentemente

invocam os ancestrais em ritos do-

mésticos. Alguns grupos utilizam um

ritual específico a cada manhã em que

se solicita a proteção dos ancestrais,

antes que qualquer membro da família

saia da casa. Já os ritos de invocação

de espíritos não humanos são geral-

mente conduzidos por pessoas com

esta especialidade: homens sagrados,

feiticeiros, sonhadores ou bruxos. Es-

ses ritos são mais elaborados e, muitas

vezes, envolvem algum tipo de presente

ou de sacrifício para o espírito que, na

visão do povo, pode ser bom, mau ou

aético - bom e mau ao mesmo tempo.

Eles fazem ritos de proteção antes de

construir uma casa, fazer uma roça ou

iniciar uma viagem. Ritos de agressão

são geralmente encomendados para

que outra pessoa perca a memória, a

sanidade, a saúde física ou morra.

As magias são abundantes nas

religiões tradicionais africanas. Magia

é a manipulação de elementos natu-9FROBENIUS, Leo. The Voice of Africa. Vol 1. Hutchison, 1913..10Que tem o poder ou a intenção de afastar o mal.

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 24 • Povos e Línguas

rais com a expectativa de produzir um

efeito s obrenatural. Podem envolver

objetos naturais ou fabricados, ges-

tos, palavras ou pensamentos. Deixar

a criança recém-nascida tocar a terra

para que ganhe força; tomar água da

chuva e do rio misturada em propor-ções iguais para obter boas ideias; pen-

durar ossos de certos animais em uma

árvore próxima para que a roça produza

bem estão entre as centenas ou os mi-

lhares de magias aprendidas, ensinadas

e praticadas em vários lugares.

Como se percebe nesses poucos

exemplos, a religião tradicional africana

é, por natureza, utilitária, uma vez que

se propõe a resolver os problemas da

vida. A compreensão que esses grupos

têm (em sua relação com o invisível,

espiritual ou divino) é, por natureza, de

negociação. Essa relação aponta para a

questão de maior vulnerabilidade quan-do se apresenta o Evangelho de Cristo a

eles: o sincretismo.

PRINCIPAIS DESAFIOS MISSIONÁRIOS

Um dos principais desafios missio-

nários nesse contexto é a pregação de

todo o Evangelho e não de parte dele,

para não correr o risco de contribuir

para o sincretismo religioso em que

partes da fé cristã se misturam com

elementos religiosos locais. É preciso,

portanto, pregar sobre o amor de Deus

e a sua justiça; o céu e o inferno; as

bênçãos, bem como as lutas; a provisão

e o sofrimento. É preciso que a históriacompleta do Evangelho, que é Jesus,

seja contada, visto que o Evangelho é

supracultural, pois explica o homem e

sua cultura, não o contrário; é multi-

cultural, pois junta em torno de Cristo

pessoas de todos os povos e línguas;

é intercultural, pois essas pessoas e a

sua igreja vivem em comunhão; é trans-

cultural, pois o Evangelho deve ser leva-

do de uma cultura a outra; é cultural,

pois ele foi revelado em nossa história

e em nosso tempo; e é contracultural,pois propõe uma vida diferente, na con-

tramão do mundo que se decompõe.

Outro desafio missionário é a con-

textualização do Evangelho pregado.

Há dois grandes riscos quando não se

estuda e não se compreende a cultura

receptora antes de pregar o Evan-

gelho. O primeiro é de total falta de

compreensão por parte de quem ouve;

o segundo é aquele que ouve dar umnovo, e estranho, significado à mensa-

gem. Ambos os riscos ocorrem quando

a mensagem não é contextualizada. A

contextualização, para fins missioná-

rios, reveste-se no desafio de pregar

a Palavra de Deus de forma teologica-

mente fiel e, ao mesmo tempo, cultu-

ralmente inteligível. Várias vezes ouvi,

na África, pregadores fiéis pregando

o Evangelho de forma fiel e voltando

satisfeitos para suas casas, sem saber

que seus tradutores utilizaram para

“Deus” vários termos que se referem

aos espíritos invocados na região.

A contextualização também nos

ajuda a perceber que a falta de conhe-

cimento da cultura, africana ou não,

leva-nos também a, na pregação bíbli-

ca, responder a perguntas que não es-

tão sendo feitas. É certo que devemos

pregar toda a Palavra e não somente

responder às perguntas levantadas

naquele contexto, mas não devemos

fechar os olhos e deixar de pregar

sobre as reais crises do povo. Certavez ouvi um ganense de Acra, c apital

de Gana, perguntar: “Por que os bran-

cos gostam de responder a perguntas

que só eles fazem?”. Ele se referia a

uma série de estudos em certa igreja

sobre “vitória”. E completou: “Vitória é

preocupação dos brancos… Aqui nos

preocupamos com o medo”. A Pala-

vra de Deus é resposta de Deus para

toda pergunta humana. Compreender

a pergunta daquela geração e daquelacultura é uma grande ajuda para que o

povo seja confrontado com o Evange-

lho e por ele edificado.

Um terceiro desafio missionário no

contexto da religião tradicional africa-

na é produzir movimentos autóctones

O grave erro cristão na África, nos

últimos séculos, na visão de muitos

missiólogos, é a geração de depen-

dência financeira, social e espiritualprolongada. Há igrejas que, mesmo

plantadas há mais de cem anos,

continuam dependentes das denomi-

nações e das missões de origem. Há

projetos sociais que, após décadas,

continuam integralmente comanda-

dos por estrangeiros, te ndo africanos

apenas nas funções e nos trabalhos

que não envolvem liderança. Essas

iniciativas em igrejas ou em proje tos

sociais permanecem eternamenterestritas aos recursos e ao estilo dos

fundadores, correndo o risco de per-

der sua efetividade e, pior, o contato

com a realidade. Toda ação missioná-

ria na África deveria conceber, desde

o início, a formação de líderes locais

e, no momento apropriado, a transfe-

rência de responsabilidade, recursos e

autoridade para o povo local.

A compreensão que

esses grupos têm (emsua relação com o invisí-vel, espiritual ou div ino)é, por natureza, de ne-gociação. Essa rel açãoaponta para a questãode maior vulnerabilida-de quando se apresentao Evangelho de Cristo a

eles: o sincretismo 

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Povos e Línguas • 25

Tippett enfatiza: “quando um povo[...] passa a ver Jesus como um Senhor

pessoal, e não um Cristo estrangei-

ro; quando eles agem de acordo com

valores cristãos aplicados à própria

cultura, vivendo um Evangelho que

faz sentido à sua cosmovisão; quan-do eles adoram ao Senhor de acordo

com critérios que eles entendem [...],

então nós teremos ali uma igreja entre

eles”.11 Para que isso aconteça, é ne-

cessário observar alguns critérios para

a comunicação do Evangelho:

1) O Evangelho deve ser comunicado

com base nos princípios bíblicos, não

sendo negociado pelos pressupostos

das culturas doadoras e receptoras.

Toda cultura criada por Deus e cor-rompida pelo pecado tem áreas a

serem confirmadas e outras a serem

confrontadas pelas Escrituras;

2) O Evangelho é suficiente para todo

homem em toda cultura e em todas as

gerações. É tanto transculturalmente

aplicável quanto supraculturalmente

evidente. Portanto, é suficiente para

todo homem em qualquer contexto e

tempo em que viva;

3) O Evangelho comunicado e vivi-

do deve também ter como objetivo

ver a Igreja de J esus em todo canto

com capacidade própria para expan-

são e amadurecimento autóctone.

O treinamento de uma c omunidade

autóctone deve estar na mente do

movimento missionário antes mes-

mo da sua chegada;

4) O Evangelho deve ser comunica-

do quando se tem suficiente conhe-

cimento da cultura que o recebe. O

objetivo dessa constante vigilância é

apresentar o Evangelho bem tradu-

zido l inguística e culturalmente, fiel

às Escrituras e fazendo sentido para

a rotina de quem o recebe. É neces-

sário fazer o povo perceber que Deus

fala a sua língua.

Mesmo com a crescente presença

cristã e o fortalecimento das igrejas

no continente africano, há grande

necessidade de atuação missionária. ONorte da África, islamizado, há mais de

200 grupos não alcançados e diversos

países fechados para a atuação cristã.

O Centro, o Oeste e o Sul contam mais

de 600 grupos não alcançados pelo

Evangelho. Em todo o continente, o

sincretismo religioso permanece um

desafio que demanda tradução e ensi-

no da Palavra.

Concluo este texto com um peque-

no testemunho da aplicação de umvalor bíblico em um co ntexto africano.

A Igreja Konkomba, em Koni - Gana,

após ouvir o Evangelho e aprender

diversos assuntos da Palavra, come-

çou a estudar um pouco mais sobre

o dízimo. Sem dúv ida, tratava-se de

um assunto constrangedor para nós

como missionários. Como falar sobre

contribuição em uma comunidade

pobre? Como expor sobre dízimo em

uma sociedade que normalmente n ãocompra nem vende, mas troca? Como

tratar sobre provisão da casa do Se-

nhor em uma igreja de crentes novos,

todos plantadores de inhame para a

própria sobrevivência? A Palavra de

Deus tem respostas para t odas as

perguntas, mesmo aquelas que nunca

tínhamos feito. Resolvemos apenas

expor o que diz a Palavra sobre o

dízimo, sem qualquer aplicação local

durante algum tempo.

Sugerimos que os crentes pudessem

conversar sobre o que ouviam e como

achavam que deveria ser aplicado

em seu contexto. Algumas semanas

depois, dois anciãos tomaram a palavra

durante um culto e explicaram que, pelo

que ouviram e entenderam da Pala-

vra: 1) o dízimo é um privilégio, não um

pagamento; 2) 10% é uma referência

mínima. Deve-se procurar investir mais

3) cada um deve contribuir com aquilo

que produz ou ganha. Nesse caso, inha

mes; e 4) deve-se contribuir no ritmo

que se produz e ganha. No caso, umavez por ano, na colheita.

A partir daqueles dias, os crentes

konkombas da igreja de Koni passa-

ram a contribuir uma vez por ano, por

ocasião da colheita, com 10% ou mais

de sua produção. Os diáconos pre-

pararam os lugares apropriados para

estocar o inhame (que dura quase um

ano, quando enterrado), e a liderança

da igreja organizou o seu uso. O pas-

tor konkomba, que trabalha com tem-po integral, as viúvas, os órfãos e os

necessitados deveriam ter prioridade

ao receber aquele alimento, distri-

buindo-se ao longo dos meses. Certa

quantidade era guardada para viabili-

zar as viagens missionárias e para os

visitantes que porventura chegavam à

aldeia despreparados.

Aquela igreja, pela boa visão da sua

liderança local, usa o recurso entregueao Senhor, a cada ano, para ações mis-

sionárias perto e longe, suprimento da

família pastoral e ajuda aos famintos e

aos necessitados. Nós, como missio-

nários estrangeiros, não conseguiría-

mos aplicar de maneira tão apropriada

esse ensino bíblico, o que nos lembra

que o povo local, convertido ao Senhor

Jesus, com a ação do Espírito Santo e

acesso à Palavra, é o melhor tradutor

das verdades bíblicas para a própria

vida, o coração e sociedade. O Evange-

lho de Cristo fala a língua do povo na

cultura do povo e responde às pergun-

tas de seus corações.

11 TIPPETT, Alan. Introduction to Missiology. Pasadena: William Carey Library, 1987.

Ronaldo Lidório

Pastor e missionário presbiteriano ligado à APMTe Missão AMEM

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 26 • Povos e Línguas

Breno Tonon

Publicitário, pastor e ministro de louvor naIgreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte- MG. Missionário da Jovens Com Uma Missão(JOCUM) formado em Tyler, EUA e integrantedo Ministério Nívea Soares

Mídia e Reino

odos os dias somos bombardea-dos por informações que chegampor diversos meios de comuni-

cação. É bem verdade que nos últimosanos as mídias digitais vêm ganhandoforça, obrigando os meios tradicionais,como TVs, rádios e revistas, a se rein-ventar. Com a forma que nos comuni-camos em plena mutação, saber utilizar

as ferramentas disponíveis é cada vezmais importante. Isso se não quisermosser mais um no meio desse “tsunamimidiático. Esse fenômeno vem gerandomudanças significativas nas relações in-terpessoais. Talvez a mais evidente sejaa sensação de que todos têm uma voza ser ouvida. Mas será que todas essasvozes são de fato relevantes?

A facilidade que qualquer pessoatem de emitir um parecer a qualquer

momento, acaba se tornando um fatorlimitador ao pensamento e à refle-xão. É impressionante como rapida-mente se forma uma enxurrada delixo virtual, ignorante e sem a menorimportância. Estamos testemunhan-

do o nascimento de uma geração de

ativistas de sofá que dominam a arte

de polemizar e ne gligenciam a razão e

o bom senso.

Em 2 Samuel 18, a Bíblia relata a his-

tória de Aimaás. Ao fim da batalha em

que morreu Absalão, Joabe env iou um

mensageiro etíope para fazer o relato da

batalha para Davi. Porém, Aimaás pediu

a Joabe que o deixasse acompanhar o

etíope. Apesar de ter saído algum tempo

depois do primeiro mensageiro, Aimaás

teve um melhor desempenho em sua

corrida e chegou antes às portas da ci-

dade (2 Sm 18.23). Entretanto, a perfor-

mance na corrida não lhe assegurou o

sucesso na missão. Ao chegar diante de

Davi e questionado sobre o que acon-

tecera na batalha e sobre a situação de

Absalão, Aimaás não passou o relato

completo. Ele omitiu a principal infor-

mação: o filho do rei estava morto (2 Sm

18.28-30). É claro que Davi queria saber

o resultado da guerra, mas pela reação

dele ao ouvir que Absalão havia morrido,dá para perceber que o estado do filho

era o que realmente o preocupava.

A mídia não pode ser um m em si. Seela existe é porque há uma mensagem a

ser transmitida. A mensagem é a priorida-

de. Para que a informação seja compre-

endida da maneira correta, é importante

estar atento a alguns princípios da comu-

nicação. É preciso denir o público-alvo,pois em plataformas como facebook e

Google é possível fazer a segmentação

por gênero, faixa etária, região e por

tags de interesse. Escolha a abordagem

correta, use uma linguagem acessível.

Postagens com elementos gráficos cha-

mam mais a atenção. A cr iatividade e a

originalidade nunca saem de moda. Na

web, as pessoas tendem a ser impacien-

tes. Por isso, quanto mais direto melhor.

Lembre-se de que performance semmensagem de pouco adianta. Mídia semconteúdo é tão inútil quanto o própriomau uso da mídia. Não se carregampedras preciosas em sacolas de plásti-co. Nossa mensagem é valorosa demaispara ser entregue displicentemente.Somos missionários em tempo integral.

Usar as ferramentas certas, da formacorreta é nosso dever. Missão e comuni-cação andam de mãos dadas.

T

Segure a ondaMais uma gota no oceano midiático

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Povos e Línguas • 27

DEPASTORPARAPASTOR

ONG piedosa ou Igreja de Jesus? Pág. 32 Marcelo Gualberto

CADERNO ESPECIAL Nº 9 | POVOSELINGUAS.COM.BR

BÊNÇÃO PERTO

E BÊNÇÃO LONGEOfertante ou mantenedor? Pág. 30 Pastoral

O avanço missionário nomaior país da Ásia Oriental

Pág. 34 Escuta Missionária

Praça da Liberdade, Belo Horizonte - MGFoto: Divulgação

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 28 • Povos e Línguas

Uma perspectiva cristocêntricaIntencionalmente missionários

Igreja Missionária

Igreja Pentecostal Herdeiros de

Deus nasceu há 18 anos na Região

Nordeste de Belo Horizonte (MG).

Nesta curta trajetória, sempre buscamos

ser uma igreja bíblica que discipula cris-tãos para viverem dignamente o Evan-

gelho de Jesus (Fl 1.27). Ministério de

homens, mulheres, jovens, adolescentes

e crianças, escola dominical, congressos,

seminários, tudo isso tivemos durante

esses anos, esforçando-nos na tarefa de

responder ao compromisso de sermos

Igreja de Cristo, expressão do Seu amor.

Porém, a verdade é que nem sempre

fomos intencionalmente missionários.Podemos fazer essa armação olhando

para a história de nossa igreja e realizando

um exame das nossas ações para com os

perdidos de perto e de longe.

Sempre buscamos desenvolver ativi-

dades fora das quatro paredes do templo

que pudessem despertar em nossos

irmãos o desejo de servir ao Cordeiro.

Ainda assim, a intencionalidade de uma

igreja missionária não estava presente

nem permeava os ensinos, as pregações

e os eventos. Isso nos distanciava da

realidade de sermos luz para aqueles quenão conhecem Deus, conforme está regis-

trado: “[...] eu te pus para luz dos gentios

a m de que sejas para salvação até os

conns da terra.” (At 13.47).

Assim desenvolvemos “nossos” minis-

térios e crescemos, mas nos faltava algo

fundamental: a finalidade missionária.

Ainda não somos completos (Fl 3.12),

mas alcançamos o que não tínhamos.

Como a Igreja é uma ferramenta paraservir à missão de Deus, o Senhor pas-

sou a ligar-nos a outras igrejas, pastores

missionários e agências que tinham ex-

periências missionárias. Essas conexões

nos fizeram muito bem!

Outro fator de mudança do nosso

propósito missionário foi o VII Con-

gresso Brasileiro de Missões, realizado

   F   o   t   o   :   D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

Praça da Liberdade, Belo Horizonte - MG

Como a Igreja é umaferramenta para servir à

Missão de Deus, o Senhorpassou a ligar-nos a outrasigrejas, pastores, missioná -rios e agências que tinhamexperiências missionárias.Essas conexões nos fze -ram muito bem

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Povos e Línguas • 29

em outubro de 2014, em Águas de

Lindóia (SP). Ali tivemos contato, na

pessoa de nosso pastor titular José

Felício Bottaro, com diversas pessoas,

ministérios e materiais desenvolvidoscom o intuito de equipar a Igreja Bra-

sileira na sua participação dentro da

ação salvadora de Deus nas nações.

Após os quatro dias de congresso, a

impressão que tivemos foi de que éra-

mos outra igreja - que se colocava no

centro dos acontecimentos e que pen-

sava receber o favor de Deus graças

aos próprios esforços. Entendemos

que precisávamos mudar urgentemen-

te nossa forma de trabalhar para que

Cristo fosse conhecido por meio de

nós. Aquele foi um momento de grande

impulso para avançarmos.

A partir dessa compreensão, nossa

vida como igreja foi mudada com o de-

sejo de responder à Grande Comissão

e nos mobilizar como Corpo de Cristo

para promover as mudanças necessá-

rias. Nossas pregações mudaram, e a

intencionalidade missionária é patente

em nossos ensinos e nas práticas.

Como resultado, é possível ver

nossos irmãos testemunhando po-

sitivamente sobre a transformação

que a igreja tem vivido: vidas estão

ganhando sentido, apoiamos missio-

nários de outras igrejas e movimentos

que trabalham pela causa missioná-

ria, trabalhos transculturais e muitas

outras iniciativas.

Agora sabemos e sentimos que so-

mos parte do que Deus tem feito em

toda a Terra para o avanço da Gran-

de Comissão. Vocacionados vêm se

apresentando à igreja. Agora vivemos

a expectativa de env iar nosso primeiro

missionário. Cremos que isso seja re-

flexo da postura que tomamos diante

do desejo de fazer Deus conhec ido

entre todos os povos.

A declaração de Jesus deve ecoar

por meio de nossas atitudes: “Vós

sois o sal da terra; e se o sal for

insípido, com que se há de salgar?

Para nada mais presta senão para se

lançar fora e ser pisado pelos ho-

mens.” (Mt 5.13). Gr aças a Ele, não

temos receio de dar os primeiros

passos para a concretização do envio

e o acompanhamento de missionários

pois as parcerias estabelecidas nos

últimos quatro anos nos dão direçãopara ações práticas e assertivas. Con-

fiamos em Deus e sabemos que Ele

continuará a nos guiar

Wesley Thiago dos Reis

Pastor de Jovens da Igreja Pentecostal Herdeirosde Deus, em Belo Horizonte - MG

   F   o   t   o   s   :   A   r   q   u    i   v   o   P   e   s   s   o   a    l

 Ação de evangelismo promovida pela igreja em Belo Horizonte - MG Enco ntro idea lizado pelo s jovens para apre nder e compar til har sobre a real ida-de de outras nações

   F   o   t   o   s   :   A   r   q   u    i   v   o   P   e   s   s   o   a    l

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Povos e Línguas • 3

for movido por algum testemunho ou desafio

muito tocante, dou uma oferta missionária.

Acontece que o missionário teima em ser

uma pessoa normal, que faz refeições diárias,

coloca os filhos na escola, paga aluguel, ele se

veste e precisa ter recursos para o ministériode evangelismo, discipulado e o que mais seu

projeto missionário requerer. Não se faz isso

com ofertas esporádicas e variáveis, mas com

um sustento estável e constante, que não

aparece e desaparece à mercê de um impulso

ou de um “sentir no coração”. Alguém pode-

ria até lembrar que a obra missionária se faz

pela fé, o que é plena verdade, mas creio de

todo o coração que essa fé no Deus Provedor

se desdobra em Ele usar a Sua Igreja para

cumprir Seus propósitos na Terra. Esse fatornos devolve a responsabilidade de sermos a

resposta da fé de nossos missionários.

Em muitos casos, indivíduos e igrejas locais

que enviam ofertas para missionários o fazem

de forma “nervosa”, por vezes enviando por

um período e saltando outros ou então che-

gando ao final do ano e parando por completo,

com o missionário já no campo, sem ao me-

nos avisar com um mínimo de antecedência.

Com frequência, famílias inteiras de missioná-rios se veem em apuros financeiros, com um

ministério florescente, mas sem condições

de se manter com um mínimo de dignidade

e, muitas vezes, sem condições de comprar

suas passagens de volta. É fundamental

lembrarmos que praticamente nenhum visto

usado por missionários lhes dá a permissão

de buscar um trabalho no país onde estão.

Assim, se levarmos em conta que a palavra

“oferta” está carregada de tanta transitorieda-de, por que não decidimos passar de ofertantes

de missões para mantenedores de missões?

Se em nossa cultura o ofertante não o faz de

forma constante, por que não ensinamos nos-

sas igrejas a serem mantenedoras de missões

transculturais? Dessa forma, é melhor todos

darmos uma quantia constante para missões

que cabem em nosso orçamento familiar,

deixando as ofertas para momentos especiais,

do que nos esforçarmos para dar um montante

maior de vez em quando.

Da mesma forma, igrejas locais devem

abraçar missões transculturais com o mes-

mo zelo, sem alterar o quadro de missio-nários toda virada de ano ou quando uma

nova liderança assume, ou se um novo pro-

 je to de co nstrução de templo va i começar.

Como mantenedores, e não só ofertantes,

podemos caminhar com os missionários

em seus projetos com uma perspectiva de

longo prazo, com frutos que são colhidos

apenas em etapas mais avançadas dos

projetos, bem como dar a suas famílias se-

gurança para fazerem seus planejamentos

com mais tranquilidade.

Plantar igrejas é uma jornada que exige

perseverança e paciência. Mais desafiador

ainda é fazer isso rompendo barreiras cul-

turais, linguísticas e geográficas. Esse é um

trabalho que exige manutenção e, por isso e

para isso, mantenedores.

É certo que uma simples mudança de vo-

cabulário não será suficiente, mas se essa

mudança é fruto de uma nova mentalidade eatitude da liderança da igreja local e de nos-

sos púlpitos, ela pode se refletir na vida das

nossas igrejas, soprando tempos novos so-

bre nossa caminhada como Igreja Brasileira

Missionária. Uma mudança de mentalidade

não acontece da noite para o dia, mas, com

certeza, começa com pequenas atitudes de

alguns que vão, num efeito dominó, conta-

giando outros a sua volta.

Por isso, talvez a primeira pergunta quevocê pode se fazer é: hoje eu sou um ofer-

tante ou um mantenedor de missões?

Luís Fernando Nacif Rocha

Pastor de missões da Oitava Igreja Presbiteriana deBelo Horizonte - MG

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 32 • Povos e Línguas

ONG piedosa ou Igreja de Jesus?Ações do Corpo de Cristo

Artigo

 Papa Francisco alertou em uma

de suas homilias: “Sem Jesus

Cristo, a Igreja se transforma em

uma Organização Não Governamental

(ONG) piedosa”. Há muita verdade e sa-

bedoria nessas palavras! Certa vez, em

resposta à pergunta de Jesus: “Vocêstambém querem ir embora?”(Jo 6.67),

Pedro argumentou: “Para onde iremos

nós? Só Tu tens as palavras de vidaeterna!” (Jo 6.68).

Nos últimos 30 anos vejo, a partir da

minha vida, a Igreja escolher caminhos

distantes do Caminho. Escolhemos o

caminho da organização e não do “or-

ganismo”; do planejamento estratégico

em vez da dependência e da oração;

do luxo no lugar da simplicidade; do

receber mais do que distribuir; do apli-

car no mercado financeiro em vez de

investir na vida de pessoas.

Conheço muitas ONGs piedosas que

prestam excelentes serviços à socie-

dade, mas é fundamental lembrar que

a Igreja de Jesus é muito maior do

que isso: ela tem que ter as marcas de

Cristo. E quais são essas marcas? Es-

tilo de vida simples, senso de missão

encarnado e compromisso absoluto

com a vontade do Pai.

As palavras de Francisco e sobretudo

sua simplicidade foram abençoadoras

e serviram de exemplo para a minha

vida. Na Igreja, o fazer o bem deve ser

apenas mais uma consequência da co-

munhão com Jesus em minha v ida e na

vida daqueles que congregam comigo.

Precisamos de uma Igreja que se pareça

com a Igreja Original (At 2.42-47), quetrazia as marcas de Jesus e mantinha

o seu equilíbrio e a sua espiritualidade,

fundamentando alguns pilares.

O primeiro deles era o equilíbrio entre

saber e realizar. Cultivavam uma espiri-

tualidade que persevera na sã doutrina

e manifesta grande poder (At 2.42).

Outro pilar era a valorização do culto

comunitário, que oportunizava grande

comunhão de casa em casa, e assimcompreendiam o papel do culto nas

casas e no templo (At 2.46).

O equilíbrio entre oração e crescimento

era demonstrado por meio de uma espiri-

tualidade que revelava total dependência e

que, por isso mesmo, alcançava grandes

resultados (At 2.42; 47). A singeleza e a

satisfação andavam juntas. Os irmãos

descobriram o valor das coisas simples e

experimentavam grande alegria (At 2.46).

Eles compreendiam o signicado de dar ereceber, abriam mão do ter, valorizavam o

ser e viviam felizes com o necessário (At

2.44-45). Por m, conseguiam viver emcomunhão com forte ímpeto missionário,

pois amavam os de dentro e conquista-

vam a simpatia dos de fora (At 2.47).

As ONGs piedosas fazem bem a muita

gente, mas a Igreja é a continuação da

obra do Deus Encarnado; é o próprio

bem e, por isso mesmo, onde chega,

leva paz, amor, consolo, esperança,

fé, ânimo e força. A Igreja do Senhor

é muitíssimo maior do que qualquer

denominação ou organização. O “Ventodo Espírito” continua soprando e Deus

falou por intermédio do Papa!

O

Marcelo Gualberto

Diretor Nacional da Mocidade Para Cristo do Brasile pastor da Comunidade Presbiteriana Central deBelo Horizonte - MG

 32 • Povos e Línguas

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Povos e Línguas • 33

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 34 • Povos e Línguas

O avanço missionário nomaior país da Ásia Oriental

Escuta Missionária

China é um país colorido e formado

por vários povos. Normalmente,

quando nos referimos ao povo

chinês, estamos falando do povo Han. No

entanto, na formação dessa grande naçãopodemos nominar até 550 povos e línguas

diferentes. Há pouco mais de 60 anos, a

China tornou-se comunista. Naquele mo-

mento, o governo não podia ignorar distin-

ções étnicas, mas acabaram por dividi-los

em apenas 55 etnias minoritárias.

A China tem uma história milenar. O confu-

cionismo, o taoísmo e o budismo formaram a

mentalidade tradicional que ainda influencia

o modo de vida do chinês. A variedade depovos produziu sosticação e uma comple-

xidade cultural nem sempre vista em outros

lugares. Os chineses são responsáveis por

invenções, como o papel, a bússola, a pólvora

e muitas inovações tecnológicas.

O movimento cristão na China tem uma

história de séculos para ser contada.

Vamos destacar dois personagens: o padre 

Jesuíta Matteo Ricci, um dos primeiros

missionários da Igreja Católica Romana,

considerado o fundador das Missões

Católicas Modernas. Hudson Taylor, a

segunda gura-chave para o avanço docristianismo: foi um missionário Protestan-

te, fundador da China Inland Mission (CIM),

hoje OMF. Houve muitos outros, mas que-

remos citar esses dois porque ambos são

reconhecidos pelo profundo domínio do

idioma, alto grau de relacionamento com a

cultura e a elaboração de estratégias con-

cretas para a região. Essas características

são importantíssimas para o missionário

transcultural que deseja desenvolver um

trabalho profícuo e duradouro.

A realidade dos cristãos é muito

diversa no país e deve ser analisa-

da, num primeiro momento, sob três

aspectos: o das grandes cidades, o do

interior e o das minorias, pois apresen-

tam realidades sociais e dificuldades

de acesso a recursos diferenciadas.

Podem também ser vistos como os da

China

A China tem uma históriamilenar. O confucionismo, o

taoísmo e o budismo forma-ram a mentalidade tradicionalque ainda inuencia o modo

de vida do chinês. A varieda-de de povos produziu sos -ticação e uma complexidadecultural nem sempre vista emoutros lugares 

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Povos e Línguas • 35

igreja oficial e os da igreja nas casas,

pois desfrutam de diferentes níveis de li-

berdade. Podemos, também, percebê-los

entre os cristãos que pertencem a igrejas

enviadoras e os que necessitam do apoiode missionários.

Diante desse cenário, o mais impor-

tante é que a Igreja do Senhor Jesus

está crescendo na China. Não convém

firmar números, mas o crescimento é

visível e sem precedentes na histó-

ria mundial. Um exemplo concreto

da mobilização cristã na China foi a

realização, em outubro de 2015, de

um encontro com mais de 900 líderes

chineses para a criação da “Mission

China 2030”, cuja visão é justamente

a mobilização e o env io de mais de 20mil missionários chineses até 2030.

De fato, podemos pe rceber várias

organizações internacionais e na-

cionais intencionalmente trabalhan-

do juntas para o avanço do Reino.

Mesmo assim, iniciamos o ano de

2016 com mais de 150 povos não

alcançados. Há cerca de 90 trabalhos

de tradução da Bí blia acontecendo

simultaneamente, com a necessidadeimediata do início de mais de 60 no-

vos projetos de tradução. Além disso,

existe um sem-número de igrejas so-

licitando pessoas com experiência no

trabalho com crianças, jovens, casais

e outros ministérios. Mas, com certe-

za, a maior necessidade é a formação

de líderes à semelhança de Cristo.

Podemos e devemos enviar missio-

nários à China. No entanto, nossos

vocacionados precisam entender que é

o Espírito Santo quem os está envian-

do. O preparo deve abranger o estudoteológico, missiológico e o aprendizado

linguístico. É de suma importância que

o vocacionado se comprometa com o

aprendizado continuado para que consi-

ga comunicar o Evangelho no ambiente

de uma cultura e uma língua milenares.

 

A Igreja Brasileira está sendo con-

vidada a participar desse grande

momento da história da Igreja Chi-

nesa. Mais do que isso: está sendo

convidada a participar da expansão do

Reino de Deus na Ásia. Devemos orar

especificamente para entendermos o

chamado de Deus para a Sua Igreja.

José Godoi

Missionário brasileiro servindo na China hádez anos

Há cerca de 90 trabalhos detradução da Bíblia aconte-cendo simultaneamente, coma necessidade imediata doinício de mais de 60 novos

projetos de tradução 

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 36 • Povos e Línguas

esde a mobilização, passando peloenvio até o cuidado do missionáriono retorno do campo, o movimento

missionário e as pesquisas sempre cami-nharam juntos. A pesquisa missionária éo processo de consiliência1  com a MissioDei, distinguindo-se das demais pesquisasacadêmicas. O trabalho do missionáriopesquisador busca discernir o que Deus fez eestá fazendo para entender como podemoscooperar com Ele. Por isso, compreendemoso pesquisador como um obreiro, cristão, mis-sionário, humano, com suor no rosto, mãosestendidas e pés na estrada.

De 29 de setembro a 2 de outubro de2015 ocorreu a I Consulta Brasileira dePesquisa Missionária em Atibaia (SP).O evento foi organizado pelas entidadesAssociação de Missões TransculturaisBrasileiras (AMTB), Movimento Lau-

sanne, Servindo aos Pastores e Líderes(Sepal) e Martureo. Diversos temas fo-ram abordados na Consulta, dentre eles,o panorama do cristianismo no mundo,metodologias de pesquisa, definição determinologias, promoção de unidade daspesquisas com a AMTB e obstáculospara a realização delas.

Um dos preletores convidados foi ToddJohnson, diretor do Centro de Estudos doCristianismo Global, nos Estados Unidos.Todd foi o responsável por trazer o panoramado cristianismo mundial, denir as terminolo-gias e desaar os pesquisadores brasileirosa rmar uma parceria internacional paraampliar o alcance dos dados coletados.

Durante a consulta, foi unânime a percep-ção da necessidade de amadurecer a práticae a efetivação de iniciativas relacionadasàs pesquisas no Brasil, criando referênciassólidas, formando mais pesquisadores eapoiando o desenvolvimento dessa área.Larry Kraft, missionário pesquisador daSepal, que serviu no Brasil, alertou: “Se nãotivermos dados corretos, teremos estratégiaserradas”. A pesquisa missionária não substi-tui o trabalho do Espírito Santo, mas ajuda adiscernir a seara e prepara um caminho para

servir formando um elo entre a teoria e a prá-tica, a suposição e a convicção, as hipótesese os fatos.

É válido ressaltar algumas das pesquisasbrasileiras que vêm fornecendo importantesdados para o avanço missionário. Uma delasé o Banco de dados das pesquisas indígenas

da AMTB que tem direcionado o trabalhonessa área durante décadas, indicando asetnias com maior necessidade e abertura àatuação missionária.

A Aliança Evangélica Pró-Quilombolasdo Brasil faz uma pesquisa nacional paraidenticar as supostas 2 mil comunidadesquilombolas sem presença evangélica.Outra iniciativa é o Projeto Fronteiras. Emnovembro, o mapeamento das comunida-des tradicionais do estado do Amazonas foiconcluído. Entre as 7,5 mil comunidades, 6mil não têm uma igreja evangélica.

No nal da Consulta, chegamos à con-clusão de que é necessário impulsionarempreendimentos missionários, dar suporteà igreja em missões e aprimorar a formaçãomissionária com as pesquisas. Todos saíramcom o compromisso de continuar o trabalho

com excelência, criando um centro de pes-quisas missionárias no Brasil por intermédioda AMTB. A entidade vai unicar as diversaspesquisas e ser a base de conabilidade einformação para as igrejas e os líderes.

D

Felipe Fulanetto

Pastor e missionário na Igreja do Nazareno, coor-denador de pesquisa institucional da Associaçãode Missões Transculturais Brasileiras (AMTB)

Além dos dadosResoluções da I Consulta Brasileira de Pesquisa Missionária

Artigo

1 Unidade do conhecimento ou conjunção de áreas do conhecimento que chegam a mesma conclusão utili-zando disciplinas e metodologias distintas.

Convidados de diversas organizações missionárias participaram da Consulta em Atibaia, São Paulo

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 38 • Povos e Línguas

Além das evidênciasMissão e Adoração

o livro de Mateus está o registro de uma

cena memorável em que Jesus fala direta-

mente para pessoas que foram usadas para

operar milagres e maravilhas: “Nem todo o que me

diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas

aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos

céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor,

não profetizamos nós em teu nome? E em teu

nome não expulsamos demônios? E em teu nome

não zemos muitas maravilhas? E então lhes direiabertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de

mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mt 7.21-23).

 

É importante observar que Jesus arma catego-

ricamente que essa divisão vai acontecer. E o mais

assustador: não serão alguns que lhe dirão isso,

mas muitos! Todos os cristãos devem estar aten-

tos às palavras de Jesus, mas, especialmente nes-

se contexto, os líderes devem redobrar a atenção e

fazer uma profunda varredura em seu coração.

Por vezes, ao ministrar a outros desenvolvendo

seus dons e talentos, você consegue ver o agir

de Deus e perceber o mover do Espírito Santo.

Pessoas são alcançadas pelo amor de Deus;

outras são libertas, recebem bênçãos, curas e

restauração. Isso é o cumprimento da promessa

dEle: “E esses sinais seguirão os que crerem:

em meu nome expulsarão os demônios, falarão

novas línguas, pegarão nas serpentes e, se bebe-

rem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano

algum; e porão as mãos sobre os enfermos e os

curarão.” (Mc 16.17-18).

O fato de Deus ter usado você como um canal

de Sua ação, um vaso de barro (2 Co 4.7), não

signica que tudo está bem dentro do seu coração!

Infelizmente essa é a verdade e não conheço uma

forma mais clara de dizê-la: ser usado por Deus

não signica ser aprovado por Ele!

  No registro de Mateus ca claro que aquelas

pessoas citadas por Jesus foram realmente usa-

das por Deus. Elas operaram muitos milagres - e

não foi em nome delas mesmas. Porém, a verdade

é que, mesmo participando da ação de Deus, isso

não signicou que seus corações estavam corre-

tos. O Senhor sonda os corações e sabe o que se

passa no íntimo de cada um de nós (Sl 139.1).

 

Deus tem um eterno compromisso com SuaPalavra. Ele sempre é el e responde aos sedentos.

Ninguém deve cometer o erro de acreditar que a

operação do Senhor esteja ligada diretamente a

quem você é ou às suas ações.

 

Paulo, em sua carta a Timóteo, deixa um conse-

lho envolto em grande sabedoria: “Procura apre-

sentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não

tem de que se envergonhar […]” (2 Tm 2.15). Veja

que Paulo diz “aprovado” e não “usado”.

 Que o Senhor nos livre de ser um canal de ben-

ções na vida de outras pessoas, lançando mão do

precioso nome de Jesus para operar milagres e, no

último dia, ouvir: “Apartai-vos de mim [...]”. Não é

essa a frase que quero ouvir de Deus.

São as nossas atitudes fora dos “holofotes”, quan-

do ninguém nos vê, que vão determinar qual respos-

ta ouviremos da parte de Deus. Para ser aprovado,

há apenas um caminho: “Se alguém quer vir após

mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua

cruz e siga-me.” (Lc 9.23). Que o Senhor te abençoe

e imprima essas palavras em seu coração!

N

Uma linha tênue

Raquel Emerick

Líder, vocalista e pianista do Ministério Além. Formadapelo Christ for the Nations, em Dallas - Texas, EUA. Autorado livro “Coração de Adorador” e de mais três títulos

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Povos e Línguas • 39

O fato de Deus ter usadovocê como um canal de Suaação, um vaso de barro (2Co 4.7), não signica que

tudo está bem dentro doseu coração! Infelizmen-te essa é a verdade e nãoconheço uma forma maisclara de dizê-la: ser usadopor Deus não signica ser

aprovado por Ele 

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 40 • Povos e Línguas

O que o pedido de Paulo aos efésios nos revela?

Coluna

ma das verdades mais claramen-

te experimentadas por todos é a

fraqueza. Somos todos potencial-

mente fracos, e essa fraqueza é expressa

em diversas áreas da vida. Biologicamente

nossa fraqueza se destaca perante uma

enfermidade ou pelo simples passar dos

anos, quando não temos a mesma força.Moralmente a cada dia somos confronta-

dos pelas inclinações ao pecado, percebe-

mos de forma nítida quão fácil é desobede-

cer a Deus. Emocionalmente vivemos altos

e baixos, alegrias e tristezas no mesmo dia.

Mesmo pessoas maduras enfrentam fragi-

lidades emocionais. Espiritualmente temos

diculdade de conciliar o conhecimentoda vontade de Deus com a obediência em

nossos corações. O certo é que somos

todos potencialmente fracos em algumaárea da vida.

Paulo escreveu à igreja em Éfeso para tratarde diversos assuntos. Um deles é a fraquezahumana. O apóstolo declarou que, ao sermosde Cristo (capítulo 1), lutamos contra a carne,o mundo e o diabo (capítulo 2); estamos emuma caminhada de aperfeiçoamento da fé(capítulos 3 e 4) e vemos nossa fraqueza seapresentar por meio de conflitos nos relacio-namentos entre pais e lhos, patrões e em-

pregados, maridos e mulheres (capítulos 5 e6). Na conclusão da carta, ele diz: “Quanto aomais, sede fortalecidos no Senhor e na forçado Seu poder.” (Ef. 6.10). E passa a tratar daarmadura de Deus.

A Palavra nos adverte que perante a

realidade da vida e a potencial fraqueza

humana, há apenas um caminho: sermos

fortalecidos em Deus. E o texto passa a

mostrar três motivos para buscarmos im-

perativa e diariamente esse fortalecimento.

O primeiro está no verso 11 do capítulo 6:

“a m de não cairdes nas ciladas do diabo”.O termo grego para “ciladas” (ou armadi-

lhas) é methodias que se refere a planos

bem-pensados. Signica que o inimigo

das nossas almas, sobre o qual Paulo falanessa carta, observa-nos e planeja o mal

contra nós. E creio que sejamos ataca-

dos, preferencialmente, nas áreas em que

somos ou estamos fracos.

Certa vez, um programa sobre leões e

búfalos, na África do Sul, apresentou um

grupo de cientistas tentando descobrir por

que os leões daquela região observavam

longamente a manada de búfalos antes de

atacá-la. Após um longo período sem obterrespostas, os cientistas resolveram analisar

a carcaça dos búfalos mortos e encontra-

ram ali um padrão. Todos os animais ata-

cados pelos leões tinham algo em comum:

estavam fracos. Alguns eram muito velhos;

outros, muito novos e outros estavam

enfermos. Todos experimentavam algum

grau de fraqueza física. Concluíram, assim,

que os leões, ao observarem a manada de

búfalos, procuravam os mais fracos.

Veio à minha mente o que a Bíblia fala do

diabo, que está ao nosso derredor como

um leão pronto para nos atacar (1 Pe 5.8).

Quais são as áreas fracas de sua vida que

precisam urgentemente ser fortalecidas por

Deus? É na conssão e no quebrantamento

que somos por Ele transformados. Paulo,

ao longo do capítulo 6 da carta aos Efésios,

fala sobre a armadura de Deus. Somos for-

U

Potencialmentefracos

Todos os animais atacadospelos leões tinham algo emcomum: estavam fracos.Alguns eram muito velhos;outros, muito novos eoutros estavam enfermos.Todos experimentavamalgum grau de fraqueza fí-sica. Concluíram, assim, queos leões, ao observarem amanada de búfalos, procu-ravam os mais fracos 

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Povos e Línguas • 4

talecidos quando lemos e meditamos na Palavra,

quando temos tempo de qualidade em oração,

ao investirmos na comunhão com os irmãos e

nos dedicarmos ao serviço, à missão.

O segundo motivo pelo qual devemos urgente

e continuamente procurar ser fortalecidos noSenhor e na força do Seu poder está no verso 13:

“para que possais resistir no dia mau”. Há dias

bons e maus em nossas vidas. Dias de alegria,

fé e vitória em que tudo dá certo. E há dias de

tristeza, dúvidas e derrota, quando tudo conspira

contra nós. A ordem de sermos fortalecidos em

Deus não é para o dia mau, mas para o dia bom.

Devemos buscar o fortalecimento em Deus no

dia bom para quando o dia mau chegar estarmos

fortes e resistirmos.

O termo grego para “resistir” é antistenai e serefere a uma estaca bem ncada no chão que,no dia da tempestade, não é removida. Não

é difícil louvar a Deus de coração quando se

recebe um presente inesperado, uma promoção

no emprego ou uma ótima notícia nos exames

médicos. É, porém, um desao louvar ao Senhorquando o desemprego bate à porta, a enfermi-

dade não cessa e o inesperado é uma tragédia.

O que Paulo parece nos dizer é que devemos

todos nos fortalecer no Senhor para quando o

dia mau chegar, podermos louvar o Seu Nomeconvictos de que Ele é bom, governa todas as

coisas e cuida dos Seus. E todos os Seus planos

são planos de amor. Há uma forte e estreita

ligação entre fé e descanso nesse texto. À medi-

da que cremos, descansamos.

Chegamos ao terceiro motivo pelo qual deve-

mos buscar a força do Senhor. Este é o ponto

principal sobre o qual quero tratar neste texto:

no verso 18 do capítulo 6 de Efésios, Paulo fala

sobre oração. Na verdade, boa parte das cartaspaulinas estão em um ambiente de oração. Ele

ora, escreve as orações, instiga o povo a orar e

pede orações. No verso 19, ele tem a oportunida-

de de fazer um pedido de oração surpreendente

à igreja em Éfeso. Ele pede que orem e explica

o motivo: “para que me seja dada, no abrir da

minha boca, a palavra para, com intrepidez, fazer

conhecido o mistério do evangelho”. Esse pedido

me impressiona por dois motivos: porque, exceto

Jesus, Paulo é a gura mais audaciosa e intré-

pida na pregação do Evangelho em todo o Novo

Testamento. Ele pregou nas sinagogas e nas

praças, a indivíduos e a multidões, sendo per-

seguido, debaixo de zombarias, em meio a uma

tempestade e até quando estava encarcerado.

Paulo não parece precisar de mais intrepidez.

Porém, ao que parece, seu pedido revela o fato

de ela não ser resultado de disposição humana,

temperamento pessoal, capacitação ou planeja-

mento, mas da força do Senhor. O texto sugere

uma ligação entre intrepidez e espiritualidade

- temos audácia na pregação do Evangelho à

medida que estamos mais próximos de Deus.

Portanto, nossa vida com o Senhor parece ser

determinante para o nosso ministério pastoral

ou missionário, bem como para nossa vida cristã

diária perante aqueles que ainda não seguem o

Cordeiro. Falaremos de Deus na medida em que

estivermos cheios do Espírito.

Há outro motivo pelo qual esse pedido de

oração feito por Paulo me impressiona: ele não

estava em um momento fácil de sua vida. Estava

preso em Roma, já ao m de sua exaustivacarreira, não contava com muitos amigos ao seu

redor e tinha a impressão de que poderia morrer

a qualquer momento. Nessa oportunidade de

fazer um pedido de oração mais pessoal, ele nãosuplica por liberdade, justiça, companheirismo,

dinheiro nem conforto. Ele pede apenas que Deus

lhe dê audácia para falar de Jesus.

Se somos salvos em Cristo, recebemos do Se-

nhor a missão de fazer o Seu Nome conhecido.

Frequentemente temos oportunidade, conheci-

mento e até mesmo recursos - mas falta-nos

intrepidez. À semelhança de Paulo, precisamos

orar e pedir oração para que nos seja dada a

intrepidez necessária para anunciar a verdademais fantástica e transformadora do universo:

Jesus Cristo, Senhor e Salvador, vive. Que o

Senhor nos fortaleça!

Ronaldo Lidório

Pastor e missionário presbiteriano ligado à APMT eMissão AMEM

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 42 • Povos e Línguas

Índio urbanoA relação transcultural

Missões Urbanas

á alguns anos avalio que esfor-

ços missionários entre indígenas

urbanizados não têm alcançado

os resultados desejados, levando as

igrejas a abandonarem alguns traba-lhos, mesmo com o amor e a dedica-

ção dispensados. As que ainda insis-

tem estão carregando um fardo que

lhes parece pesado demais. Afirma-

ções como “eles só querem as coisas”;

“eles só se aproveitam de nossa boa

vontade”; “eles não têm interesse pelo

Evangelho” revelam essencialmente

um problema antropológico.

Até 2010, mais de 35% dos indígenas

brasileiros, isto é, 324.834 dos 896.9171 

estavam vivendo em centros urbanos,

ou por migração ou por ficarem encur-

ralados pelo crescimento das cidades

ao seu redor, diminuindo drasticamente

os seus recursos de subsistência -

caça, pesca e colheita. A situação afeta

sobretudo sua identidade. Por essa ra-

zão, eles se obrigam a buscar na cidade

aquilo que lhes supra as necessidades

mínimas para a sobrevivência. Noentanto, esses indígenas se deparam

com a marginalidade, a mendicância, o

alcoolismo e, dentre as poucas alter-

nativas de sustento, a venda de alguns

artesanatos no centro das cidades.

O olhar que a cidade lança sobre eles

geralmente é de desprezo e preconceito.

O senso comum impregnado pela teoria

evolucionista unilinear diz que os povos

passavam por estágios de selvageria e bar-bárie até se tornarem civilizados. Essa visão

rotula os indígenas e os coloca em uma

categoria de selvagem, isto é, não civilizado

É comum ouvirmos que são indolentes,

preguiçosos e que seu lugar é na floresta.

Porém, há uma afirmação recorrente de

que aqueles índios que moram na cidade

HA cultura de um povonão pode ser reconhecida

apenas pela manifestaçãoexterna (vestimenta, porexemplo). Isso é apenas aponta do iceberg. São asbases de sua formação quedão sentido à vida e à ex-pressão cultural de um povo 

1 Brasil.FUNAI/IBGE. O Brasil Indígena, 2010. Disponí-

vel em ibge.org.br.

   F   o   t   o   :   A   g    ê   n   c    i   a   B   r   a   s    i    l

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Povos e Línguas • 43

André Souza

Vice-presidente da Missão Evangélica da Amazô-nia (Meva). Mestre em Antropologia e Mi ssiolo-gia. Missionário há 16 anos entre os indígenas

não são mais indígenas. É certo que, se

você ainda não pensou dessa maneira, ao

menos já ouviu alguém dizer isso. Sendo

assim, eles recebem duas mensagens:

você é um selvagem e deve viver na flo-

resta, mas se você quer viver na cidade,

então você não é mais indígena. É óbvioque essa afirmação é um absurdo, mas,

na prática, é o que acontece.

A ideia de que eles deixaram de ser

indígenas por se encontrarem em situ-

ação urbana é recorrente, porque agora

usam calças e bermudas, camisas e

camisetas, tênis, sapatos ou sandá-

lias; porque não pintam mais o rosto,

não usam os enfeites tradicionais de

penas, ossos e sementes. É por isso

que se referem a eles como não sendo

mais indígenas. Todavia, indígenas na

cidade ainda são indígenas de verdade.

Se não são mais indígenas, o que

eles são? Pessoas pobres que se

encontram nas periferias da cidade, fa-

lam português, vestem-se como todos

os outros e, por isso, são iguais, certo?

Errado. São idênticos na perspectivada criação, mas diferentes em sua ma-

neira de sentir, pensar e agir. Isso quer

dizer que partilham de outros códigos

que constituem sua cultura.

A cultura de um povo não pode ser reco-

nhecida apenas pela manifestação externa

(vestimenta, por exemplo). Isso é apenas a

ponta do iceberg. São as bases de sua for-

mação que dão sentido à vida e à expressão

cultural de um povo. O comportamento é

somente o resultado de sua cosmovisão, ou

seja, aquele núcleo da cultura que determina

as crenças, os valores, as leis, costumes,

regras e, nalmente, o comportamento.

Sendo assim, qualquer esforço evan-

gelístico ou plantação de igreja entre

esses grupos na cidade deve, neces-

sariamente, levar em consideração

que se trata de outra cultura, ou tra

forma de linguagem e até mesmo ou-

tro idioma. A falta de contextualização

tem conduzido inúmeros trabalhos ao

desânimo e ao abandono do ministé-

rio entre indígenas nas cidades.

Afinal, é necessário levar em consi-

deração que se trata de um trabalho

transcultural. Isso mesmo: em sua

cidade, do seu lado, há outra cultura,

outra língua, outra maneira de sen-

tir, pensar e agir. Por isso, qualquer

trabalho que vise povos indígenas

nas cidades deve levar em considera-

ção a antropologia aplicada às ações

missionárias, a qual de nominamos

“Antropologia Missionária”.

Há uma impressão errada sobre

quem são os indígenas urbanos e,

consequentemente, a perspectiva es-

tratégica torna-se igualmente inade-

quada. É necessário compreender que

estamos lidando com uma situação

transcultural. Por isso, é importan-

te que cada envolvido se atenhaao preparo teológico, linguístico e

antropológico para a excelência desse

ministério. Para compreendermos “o

outro”, precisamos entender as ideias

que estão por trás dos fenômenos ou

fatos socioculturais.

No Brasil há diversos treinamentos

nessa área. Um deles é o “Capacitar”,

que acontece anualmente, abordando

temas relevantes, como Antropo-

logia Cultural, Plantio de Igrejas e

Aquisição de Línguas. É direcionado

a missionários, líderes de missões,

seminaristas e vocacionados para a

obra missionária. O trabalho entre

indígenas nas cidades exige atenção

e preparo, assim como os projetos

desenvolvidos em aldeias.

35%dos indígenas brasileiros,isto é, 324.834 dos 896.917estavam vivendo em centrosurbanos, ou por migraçãoou por fcarem encurraladospelo crescimento das cidadesao seu redor.

Indígena Munduruku

   F   o   t   o   :   M   a   u   r    í   c    i   o   T   o   r   r   e   s

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 44 • Povos e Línguas

ida de um missionário ao cam-po transcultural envolve muitosdesaos, detalhes e tensões. Desde

a vocação até a sua chegada ao campo,há um longo caminho a ser percorrido.Mesmo projetos simples exigem grandeesforço e renúncia.

 Eu e minha esposa moramos dois anos

como missionários no Norte da África.Durante seis meses, moramos com umafamília muçulmana, aprendemos a línguae zemos um mergulho cultural. Em 2002,partimos para o nosso destino com ocoração cheio de alegria por obedecer aochamado do Mestre, mas conscientes deque era um grande desao. Resumindo ahistória: Deus preparou uma família queestava disposta a nos receber sem nuncanos ter visto. Eram pessoas simples e muitoacolhedoras. Podemos armar que foi uma

das melhores experiências da nossa vida.Certamente faríamos tudo outra vez!

 Ao retornar, tivemos acesso ao artigo

“Criando uma sensação de pertencer”,no qual Thomas e Elisabeth Brews-ter apresentam uma teoria chamada

Vinculação, que trata da composiçãopsicológica e fisiológica de um recém--nascido, logo após seu nascimento,prepara o bebê de forma singular paraestabelecer vínculos. Se os pais e acriança estiverem juntos durante essetempo, cria-se um vínculo profundo,capaz de resistir às grandes mudançaspelas quais o bebê ainda vai passar.

Com certeza, os níveis de empolgaçãoe de adrenalina do bebê e dos paisestão no ápice. Os sentidos da crian-ça estão sendo estimulados por umasérie de sensações novas.

Certamente é nesse momento que obebê está equipado com uma habilidadeextraordinária para responder a circuns-tâncias incomuns e aos novos estímulos.Assim é o missionário criando vínculosfortes em um novo contexto cultural. Ele

está aberto e flexível para receber e res-ponder positivamente a todas as mudan-ças que vai experimentar. O missionáriorecém-chegado está em um estado dealerta incomum, tanto psicológica quantosiologicamente, para desenvolver víncu-los no novo ambiente. Segundo Thomas

e Elisabeth, o novo missionário estápreparado, talvez mais do que em outromomento, para estabelecer vínculos.

É muito importante lembrar que, se osentimento de inclusão do missionário forestabelecido com outros estrangeiros, elevai viver isolado do povo local, criando umverdadeiro “gueto missionário”. Essa é uma

tendência natural que deve ser tratada comatenção, pois a falta de vínculo e de identi-cação com a cultura e as pessoas da na-ção pode comprometer o desenvolvimentodo projeto inicial e, principalmente, passarlonge do motivo pelo qual foi enviado: fazediscípulos de todas as nações (Mt 28.19).

O missionário deve estar bem preparadopara mergulhar em seu novo contexto. Por-tanto, o objetivo de seu envio deve estar clarodesde o início do preparo e ser mantido ao

longo de sua jornada.

Flávio Ramos

Fundador e presidente executivo da Missão EvangélicaÁrabe do Brasil (Meab). Instrutor e membro do Conse-lho Nacional do Perspectivas Brasil, um movimentointernacional que une cristãos no propósito de pensare potencializar seu envolvimento na tarefa de glorificara Deus entre todos os povos

Não forme guetosArtigo

  1 BREWSTER,Thomas e Elizabeth. Integração Cultural e a Tarefa Missionária: criando uma sensação de pertencer.

In: Perspectives On The World Christian Movement. Pasadena: William Carey Library, 1981.

Contra tendências

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Povos e Línguas • 45

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 46 • Povos e Línguas

Um leão por diaUma análise da postura de Daniel

Profissionais em Missão

Bíblia traz exemplos de homens

e mulheres que foram excelentes

prossionais e que trabalharamservindo a diversos governantes como

funcionários públicos, abençoando na-

ções inteiras. O livro de Daniel mostra que

o exercício do seu trabalho era coerente

com os ensinamentos das Escrituras

Sagradas. Ele era íntegro e foi um missio-

nário por onde passou.

A história de Daniel se passa no período

em que seu povo foi dominado pelos ba-

bilônicos, e muitos foram para o exílio. Ele,ainda adolescente, e seus amigos foram

levados à revelia como cativos. Eles eram

muito jovens, tinham entre 13 e 15 anos de

idade. Foram separados por suas carac-

terísticas físicas e habilidades intelectuais

que serviam aos interesses de dominação

do rei Nabucodonosor (Dn 1.4).

Desde a sua chegada, Daniel e seus

amigos se mantiveram rmes em suas

convicções. Inicialmente por não se con-

taminarem com as iguarias do reino (Dn

1.8), mas eles tiveram diversas situações

em que a fé deles foi posta à prova. Em

todo o relato do livro, a conduta deles

sempre foi digna de nota. E todas as vezes

em que Daniel ou seus amigos eram tes-

tados ou questionados sobre sua fé, eles

não perdiam a oportunidade de rearmá-lae disseminá-la (Dn 2.28; 3.1-30).

No livro de Daniel, logo no capítulo três,

encontramos um relato surpreendente,

no qual Daniel e seus amigos estavam

dispostos a morrer por sua fé, testemu-

nhando-a com convicção e armandoque, Deus os livrando da fornalha ou não,

eles não serviriam a outros deuses (Dn

3.17-18). As Escrituras também relatam

que a conduta de Daniel era tal que mes-

mo depois de quase 70 anos de trabalho,

estando ele já por volta dos 80 anos, o

novo rei, que era rei do império Medo-Per-

sa, manteve Daniel no poder e, conforme

Daniel 6.3, pensava em promovê-lo para o

posto de primeiro-ministro.

Tanto na história da fornalha de fogo

(Dn 3), da cova dos leões (Dn 6), quanto

nos demais relatos do livro, encontra-

mos registros de que todas as vezes

em que ele ou seus amigos tinham

sua fé colocada à prova, eles agiam de

forma ética e bíblica. Nessas ocasiões,

eles tinham a oportunidade de teste-

munhar ainda mais fortemente a sua fé.

Sempre que isso acontecia, o nome do

Senhor era exaltado.

As histórias desses missionários ensinam

de forma maravilhosa, que Deus é quem

envia cada um. Ninguém nasce nem vive

por um acaso. E de acordo com o exemplo

de Daniel, onde quer que cada um esteja,

deve ser correto em suas atitudes, ético em

sua postura, bom prossional e um traba-

lhador incansável. Ao seguir esse modelo,

enfrentando um leão por dia, o cristão tem

a sua fé questionada ou colocada à prova,

e é nesses momentos que devemos estar

preparados para testemunhar, aproveitando

a chance de pregar o Evangelho e fazer dis-

cípulos em todas as nações. Quando isso

acontecer em sua cidade, no seu trabalho,

em sua vizinhança ou em sua família, o

nome do nosso Senhor será exaltado.

Gustavo de Souza Borges

Membro da equipe de coordenação do de-partamento Profissionais em Missão (PEM) daAssociação de Missões Transculturais Brasileiras(AMTB). Bacharel em Ciência da Computaçãocom pós-graduação em Matemática e Estatística.É gerente de novos negócios em uma multinacio-nal de seguros e editor do site fazendotendas.org.Participou do Tentmaking Business as MissionCourse na Global Opportunities - EUA

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Povos e Línguas • 47

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 48 • Povos e Línguas

De joelhosPara os que desejam ir mais longe

Artigo

rar pelos perdidos é uma açãoda qual muito se fala, mas quepoucos realmente entendem. É

como tentar abrir um cofre trancado semconhecer a combinação. Não importaquão valioso seja o conteúdo: nós vamosacabar frustrados e vamos desistir. Porisso, a compreensão bíblica da oração éfundamental.

Jesus fazia apenas o que via o Pai fazer(Jo 5.19). Da mesma forma, devemos fa-zer apenas o que vemos o Senhor fazer.E o que Ele está fazendo? Jesus sempreestá intercedendo por nós (Hb 7.25).Cometemos um grave erro ao rotularalguns cristãos como intercessores. Issosugere que o restante de nós está livre daresponsabilidade. Não está!

A Bíblia nos ensina sobre a soberaniade Deus e as responsabilidades dos

cristãos. Jesus é claro quando diz que oSenhor da seara envia trabalhadores paraa seara, mas, para que Ele envie, os seusdiscípulos deveriam rogar para que issoacontecesse (Mt 9.38). Deus podia enviarmissionários sem os rogos da igreja, masEle incluiu as orações no Seu plano e nosdesignou essa responsabilidade.

Uma das razões principais para orar-mos por missões, além da obediência ao

Senhor, é o amor pelos nossos irmãos e

por aqueles que ainda não foram alcan-

çados. É necessário orar pelo avanço

do Reino de Deus por meio das missões

realizadas pelo mundo.

A missionária Durvalina Bezerra afirma

sabiamente que existe um trinômio:oração-avivamento-obra missionária.

A prática da oração permeava e dirigia

todas as atividades da Igreja Primitiva.

A história comprova que, quando há

oração, há liberdade para o Espírito Santo

agir (At 2.42-47).

Na Idade Média, chamada Idade dasTrevas, eram feitas vãs repetições semcomunicação real com Deus. Todaviahomens levantados pelo Senhor se dedi-caram à oração pela causa missionária:John Wycliffe, John Huss e JerônimoSavonarola.

No Movimento Morávio, os cristãos sen-tiram a necessidade de separar algumashoras diárias para o propósito da oração enão tardou vir sobre eles um derramar doEspírito Santo. Nos primeiros 20 anos deexistência da Igreja Morávia, foram envia-dos mais missionários que o protestantis-mo europeu zera em 200 anos.

Em nossa geração há uma grandemobilização de oração pelo povo mu-çulmano, por povos não alcançados,pelos indígenas e pelo reavivamentoda Igreja Europeia. Como disse Elea-nor L. Doan: “O Progresso da históriada Igreja é a história do seu povoorando”. Hudson Taylor afirmou que,durante mais de 40 anos, o sol nunca

se levantou na China sem o encontrarde joelhos, em oração.

Coorie Tem Boom, autora do livro“Refúgio Secreto”, costumava per-guntar: “Para você, a oração é o pneusobressalente ou o volante do carro?”Pare um pouco esta leitura e respon-da, bem lá no íntimo, lembrando-se deque a oração também compõe o seuchamado. Há um tremendo poder naoração que jamais pode ser ignorado,para que trabalhemos juntos em prol

do avanço missionário.

O

Dora Bomilcar de Andrade

Foi missionária da Mocidade Para Cristo (MPC),como coordenadora regional do Ministério Des-perta Débora. Coordena o programa de oração daAssociação de Missões Transculturais Brasileiras(AMTB) e apresenta o programa “Entre Amigas”na Rádio Transmundial

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Povos e Línguas • 49

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 50 • Povos e Línguas

Visão 2025Uma missão a ser completada

Linguística

  semente plantada no memorável

Congresso de Lausanne, em

1974, chamou a atenção da

Igreja para a existência de milhares de

grupos etnolinguísticos sem nenhumcontato com o Evangelho.

Cristãos brasileiros têm o privilégio

de ler a Bíblia em várias traduções, com

linguagem erudita e do cotidiano, com

notas de renomados comentaristas.

Essa é uma realidade distante para 1,8

mil línguas no mundo, que representam

180 milhões de pessoas. De acordo com

as Sociedades Bíblicas Unidas, 4 mil lín-

guas não dispõem da tradução completada Bíblia.

A Visão 20251 está mobilizando o

Corpo de Cristo no Brasil e no mundo

para que igrejas, sociedades bíblicas,

organizações missionárias e outros

interessados efetivamente se engajem.

Assim, cada uma dessas línguas pode

passar a ter pelo menos um projeto de

tradução em andamento até 2025.

A tradução da Bíblia, especialmente

para grupos minoritários, é uma tarefa

urgente e desafiadora. Exige paciên-

cia e perseverança, pois é realizada

em médio ou em longo prazo, mas os

resultados e o impacto na vida das

pessoas são imensuráveis.

Em muitos casos, a tradução da Bíblia

requer a análise e a graa de uma língua

ainda sem representação gráca; depen-de da produção de livros, textos, materiais

de alfabetização até chegar ao ponto de

fazer e usar uma tradução. Para atingir

esse objetivo, signicativos investimentos

materiais são feitos e vidas são dedica-

das como oferta suave no altar de Deus.

A Em muitos casos, a tradu-ção da Bíblia requer a análise

e a graa de uma línguaainda sem representaçãográca; depende da produ -ção de livros, textos, ma-teriais de alfabetização atéchegar ao ponto de fazer eusar uma tradução 

  1 A Visão 2025 foi adotada pelas organizações SIL International e Wycliffe International em 1999 - a resolu-ção consiste em ações para que até o ano 2025 haja um projeto de tradução da Bíblia em andamento paratodas as línguas ainda sem tradução.

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Povos e Línguas • 5

A melhor forma de investir na vida é fazer

algo que dure para a eternidade. A Palavra

de Deus flui no coração do homem como

um rio. Tem tanta vida, tanto vigor e seexpressa com tanta força para cada povo

e cada língua que nenhum poder sobre

a face da Terra pode detê-la até que seupropósito seja cumprido.2 

O pastor Kiboi, do Quênia, no lme “O

Fluir da Palavra”, testemunha: “Antes de as

Escrituras chegarem ao meu povo, Jesus

nos parecia distante, um desconhecido.

Mas, agora que temos a Bíblia em nosso

idioma, Ele está caminhando conosco nes-

ta montanha. Deus está conosco [...]”.

As línguas que ainda carecem de umatradução da Bíblia estão no topo do

grande desafio. O trabalho requer novas

estratégias para concluir projetos de

tradução para línguas de difícil aces-

so, pois a maioria delas está isolada

geograficamente em países como a

Papua-Nova Guiné, onde se falam 864

línguas, das quais pelo menos 300 ne-

cessitam de uma iniciativa de tradução,

e a Indonésia. Na África Central, em

países como a Nigéria, centenas de

línguas precisam de uma tradução dasEscrituras, e aqui no Brasil ainda há

povos indígenas sem a Bíblia.

Há muitos desaos a serem superados:

a falta de recursos humanos que resultem

em missionários-tradutores, alfabetizado-

res, discipuladores para fazer o trabalho de

campo e as limitações nas nanças, que

tornam ainda maior o desao de manter os

programas iniciados e começar outros.

Novos tradutores são extremamente ne-

cessários para que outros projetos sejam

iniciados. Há várias áreas de cooperação

e atividades com as quais o povo de Deus

em missão pode se envolver:

 

1) Trabalhos pioneiros - novos projetos detradução, educação e uso das Escrituras;

2) Treinamento de tradutores, educadores,consultores e outros;

3) Estruturas de envio;

4) Supervisão e pastoreio no campo;

5) Formação de cotradutores, educadores

e lideranças autóctones;

6) Pesquisa: levantamento de necessida-des, logística e outros;

7) Produção de material bíblico pedagógico

que contemple o Novo e o Antigo Testa-

mentos, mídias, lmes e outros;8) Comunicação em massa: divulgação dos

desaos em igrejas, seminários, faculdades te-

ológicas, universidades e nas mídias em geral.

Toda iniciativa relacionada ao movi-

mento de tradução é bem-vinda, mas

essa tarefa é privilégio da Igreja. Ospastores e líderes devem ser os princi-

pais motivadores da missão de traduzir

a Bíblia, apoiando espiritual e finan-

ceiramente seus vocacionados para

treinamento e envio.

Para a Visão 2025 tornar-se uma reali-

dade, a Igreja e as agências missionárias,

numa só mente, devem avançar juntas

e ampliar a sua abrangência. A iniciativa

não será realizada de maneira isolada,mas em cooperação, requerendo os

recursos à nossa disposição.

O Fórum Internacional de Agências Bíbli-

cas é uma ferramenta que o Senhor está

usando para manifestar unidade. A Aliança

Global Wycliffe (AGW) está assumindo

uma posição de liderança para assegurar

o sucesso desse esforço cooperativo. Mais

de 120 organizações no mundo compõem

a AGW, e algumas são brasileiras.

A AGW estabelece sete Correntes de

Participação das quais uma instituição

precisa preencher pelo menos duas para

fazer parte da Aliança.

São elas:

1) Envolvimento com a Igreja: esse relacio-

namento inclui um enfoque na tradução da

Bíblia e/ou ministérios relacionados com

comunidades linguísticas minoritárias;

2) Oração com enfoque nas necessidades

do Movimento de Tradução da Bíblia;3) Financiamento: levantamento de re-

cursos financeiros para apoiar a tradu-

ção da Bíblia;

4) Recrutamento ou envio de pessoas;

5) Programas de Tradução da Bíblia;

6) Treinamento em funções de tradu-

ção da Bíblia: cursos relevantes para a

tradução bíblica;

7) Serviços Especializados, como consulto-

rias de tradução.

A Associação Linguística Evangélica

Missionária (Alem) coloca à disposição da

Igreja Brasileira e de suas estruturas de

envio, como agências e conselhos mis-sionários, um curso que é referência em

treinamento para missionários-tradutores

e outras áreas que envolvem a comuni-

cação do Evangelho em contextos que

demandam o aprendizado de uma língua,

sua análise, graa e a tradução da Bíblia.

Juntos podemos avançar para vermos

cumprir diante dos nossos olhos a visão do

apóstolo João: “[...] uma multidão, a qual

ninguém podia contar, de todas as naçõese tribos, e povos, e línguas, que estavam

diante do trono, e perante o Cordeiro,

trajando vestes brancas e com palmas nas

suas mãos.” (Ap 7.9).

José Carlos Alcântara

Pastor e membro do Conselho Deliberativo da As-sociação Linguística Evangélica Missionária (Alem)

Para a Visão 2025tornar-se uma realidade, aIgreja e as agências mis-sionárias, numa só mente,devem avançar juntas eampliar a sua abrangência

  2 Fala extraída do flme “O Fluir da Palavra”.

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 52 • Povos e Línguas

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Povos e Línguas • 53

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 54 • Povos e Línguas

O olhar que determina a açãoA indiferença que mantém a distância

Grupo Povos e Línguas

m geral, não se fala muito sobre

missões em nossas igrejas, a

não ser em momentos separados para

isso, anualmente nas conferências

missionárias ou em eventuais cultos

de missões. Assim, levantarmos a

questão missionária e suas inúmeras

vertentes e necessidades, como a

evangelização urbana, a ação social, o

alcance de segmentos menos evan-

gelizados, como surdos, ribeirinhos

e ciganos, parece ser um assunto

distante e recheado de estatísticas.

A tendência é não nos conectarmos

com as informações expostas e, poralguma razão, não assimilarmos a

ideia de que o trabalho entre os povos

não alcançados continua sendo uma

responsabilidade da Igreja de Jesus.

Alguns elementos parecem cooperar

com essa apatia diante das necessida-

des de avanço do Reino além-fronteiras.

Os povos não alcançados, em sua

maioria, estão geograficamente

distantes das igrejas locais, e esse

distanciamento faz com que eles per-

maneçam tecnicamente fora do raio

de ação ministerial da igreja. O perí-

metro de ação evangelística de uma

igreja local pode ser medido no que

costumo chamar de “5/5 mil” (km).

As nossas igrejas atuam bem em um

raio de 5 quilômetros até, no máximo,

50 quilômetros (Jerusalém e Judéia).

Quando passamos a falar de um

alcance de 500 quilômetros (Samaria)

e 5 mil quilômetros (confins da Terra),a igreja tende a não se comprometer

devido a fatores como investimento

em logística e pessoal ou por pura

falta de compreensão da abrangência

global da Grande Comissão.

A distância geográfica pode ter sido

uma desculpa no passado, mas em

E(...) a igreja tende a não secomprometer devido a fa-

tores como investimentoem logística e pessoal oupor pura falta de compre-ensão da abrangência glo-bal da Grande Comissão 

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Povos e Línguas • 55

nossa geração a globalização rom-

peu grandes barreiras. O “mundo”, que

estava longe, tem ficado cada vez mais

perto de nós. Em menos de 48 horas um

missionário pode estar inserido no meio

de um povo não alcançado na África, na

Ásia ou no Oriente Médio. O percursopode acontecer em menos tempo, se

considerarmos os povos não alcança-

dos no Brasil ou nas Américas. Portanto,

a distância não é mais um problema. A

curta visão missionária é, muitas vezes,

proporcional à nossa perspectiva geo-

gráfica da missão, e uma v isão missio-

nária limitada costuma não enxergar os

povos não alcançados.

 “O que os olhos não veem, o coração

não sente”, diz o ditado popular. Essa

máxima se aplica à maneira impessoal

com que a igreja local se relaciona com

esses povos que vemos em imagens e

vídeos de missões. Algumas iniciativas

tocam as emoções, mas não alteram o

planejamento prático e ministerial da

igreja. Os olhos ficam marejados, mas

nem sempre levam à prática imediata

da oração ou a outra ação efetiva deavanço missionário.

É importante lembrar aos vocacio-

nados e aos novos missionários que o

mais importante é o que vem depois das

lágrimas. Eles devem ser desafiados a

enxugar as lágrimas por um momento

e fazer uma pergunta crucial: o que eu

posso fazer diante da realidade que me

foi apresentada?

Há uma compreensão quase unânime

entre os missiólogos de que a melhor

abordagem missionária transcultural

são os relacionamentos. Um obreiro que

chega para viver no meio de um povo

não alcançado deve procurar rapida-

mente fazer contatos, estabelecer víncu-

los, amizades e construir gradativamen-

te a sua rede de relacionamentos. Ao

ganhar a confiança por meio da amiza-

de, as pessoas se tornam cada vez mais

abertas à apresentação do Evangelho.

É necessário lutar contra a impesso-

alidade, pois ela conduz a Igreja pelocaminho da indiferença fazendo com

que não nos importemos a ponto de

enviarmos alguém para lhes contar a

história de Jesus, o Cristo, que veio

para nos dar salvação, uma nova histó-

ria e um novo nome na eternidade.

 

O nosso Deus é pessoal e ama Seus

filhos de maneira individual. “Os teus

olhos viram o meu corpo ainda informe;

e no teu livro, todas essas coisas foram

escritas; as quais em continuação fo-

ram formadas, quando nem ainda uma

delas havia.” (Sl 139.16).

Pessoas com roupas, costumes e

comidas tão diferentes que parecem

que são de outro planeta: isso é o

que vem à cabeça de muitos quando

pensam em povos não alcançados. É

como se fossem alienígenas, exóti-

cos demais para nos en volver com

eles. Muitos têm medo do diferente,

pois desafia diretamente aqueles que

estão na zona de conforto.

Esses povos, muitas vezes, são

apreciados pela igreja da mesma

maneira como um turista se relaciona

com as pessoas nos países que visita

A relação é de uma curiosidade pas-

sageira, com algumas fotos e vídeos

para contar uma história e, em segui-da, a total desconexão. Não carrega-

mos conosco o desafio do que está

por trás daquele olhar, das roupas

diferentes e das comidas exóticas.

Levamos conosco apenas uma his-

tória sintetizada como um tu rista de

câmera nas mãos. Assim absorvemos

as apresentações e os dados sobre os

povos ainda não alcançados.

Costumo chamar o desconfortável

versículo de Romanos 10.14 de “O

desabafo de Paulo”: “Como, pois, in-

vocarão aquele em quem não creram?

E como crerão naquele de quem não

ouviram? E como ouvirão, se não há

quem pregue?”. Paulo sabia que o per

dido que está longe é tão importante

quanto o perdido que está perto.

Como filhos de Deus, comissiona-dos que somos (Mt 28.19), devemos

encurtar as distâncias e ter a iniciati-

va de ir até os povos não alcançados,

trazê-los para perto, caminhar junto e

ousar conhecer realidades diferentes.

Os apóstolos não mediram esfor-

ços para ir além das fronteiras mais

remotas. Se o Br asil é uma potência

para a evangelização dos povos, é

importante lembrar que nem sempre

foi assim. Um dia também fomos um

povo distante e não alcançado. Vamos

permanecer sendo uma igreja tão

grande que envia tão pouco?

Não carregamos conoscoo desafio do que estápor traz daquele olhar,das roupas diferentes edas comidas exóticas.Levamos conosco apenasuma história sintet izadacomo um turista de câ-mera nas mãos 

Sadler Lopes

Grupo Povos e Línguas

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 56 • Povos e Línguas

AteísmoCenário e desafos

Artigo

oi-se o tempo em que era inco-

mum encontrarmos pessoas que

não acreditam na existência de

Deus. Embora os ateus representem

uma minoria global (de 2% a 8%), a

descrença em Deus está sendo cada

vez mais popularizada e mostrada

como sendo a única opção verdadeira

para aqueles que querem assumir um

compromisso sério com a razão e a ci-

ência. Esse novo movimento de popu-

larização do ateísmo, acompanhado de

um forte requinte de ridicularização da

fé, começou a ganhar notoriedade em

2004, quando o neurocientista ateu,

Sam Harris, publicou seu livro “A Morte

da Fé”. Nos anos seguintes, mais

publicações como essa chegaram ao

mercado, como “Deus, um Delírio”, do

biólogo Richard Dawkins; “Quebrando

o Encanto”, do filósofo Daniel Dennett,e “Deus não é Grande”, do jornalista

Christopher Hitchens.

Os livros desses escritores ateus

foram traduzidos e publicados em vários

idiomas - incluindo o português e são

bestsellers no Brasil. No entanto, existe

o lado mais conservador, por assim

dizer, da descrença. Estou me referindo

ao ateísmo clássico, não militante, que

está satisfeito em manter sua visão de

mundo sem que isso signifique ridicu-

larização e marginalização da religião.

Esses ateus protestam contra a nova

agenda ateísta por acreditarem que esse

movimento vá acabar por macular a his-

tória do ateísmo, fazendo com que sua

credibilidade intelectual seja perdida.

Quando se trata de evangelização

de ateus, acredito que existam alguns

desafios singulares. Certamente não

soa natural ouvir alguém dizer que

não acredita na existência d e Deus.

Por isso, muitas vezes os cristãos

assumem uma postura intransigente

com essas pessoas, ignorando seus

argumentos, suas dúvidas e suas

inquietações. Portanto, é necessário

aprender a ouvi-las, a entender suacosmovisão e a amá-las.

Precisamos também estar dispostos

a abrir mão dos métodos clichês de

evangelismo, que não se preocupam

em ser sensíveis à contextualização.

Evangelizar um ateu é diferente de

evangelizar um descrente comum. Via

de regra, o ateu tem um pano de fundo

intelectual que faz com que ele ques-

tione a veracidade do cristianismo,

valendo-se da razão e da ciência para

tanto. Então, outro desafio missionário

é desenvolver um método de evange-

lismo apologético que se preocupa em

responder com precisão às objeções e

aos questionamentos deles (1Pe 3.15).

Talvez você tenha se deparado como sentimento de que os verdadeiros

missionários são aqueles que desejam

ir para a África, para o Oriente Médio ou

para as favelas do Brasil. No entanto,

precisamos de missionários nas uni-

versidades brasileiras e em países onde

o ateísmo tem crescido rapidamente,

como Inglaterra, França, Dinamarca e

Suécia. Já é hora de despertarmos para

esse campo missionário e investirmos

na evangelização de ateus.

F

Jonathan Silveira

Trabalha na área de produção editorial e marketingda Edições Vida Nova, formado em Direito e alunodo programa Master of Divinity na Escola de Pastoresda Primeira Igreja Batista de Atibaia - SP. Dedica-seao estudo da Apologética, Filosofia e Cosmovisão,e é coordenador do ministério TUPORÉM - websitededicado à disponibilização de recursos nas áreas deestudo mencionadas

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Povos e Línguas • 57

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 58 • Povos e Línguas

Servindoaos Pastores e Líderes - Sepal

Como Irão?

Servindo aos Pastores e Líderes

(Sepal) é uma missão interna-

cional, interdenominacional e

multicultural estabelecida no Brasil

desde 1963. Nesses 53 anos de ser-viço às lideranças da Igreja Brasileira,

a Sepal pratica o discipulado, treina-

mento, a capacitação, a mentoria de

pastores e o desenvolvimento de ma-

terial de apoio ministerial. Sua missão

é mobilizar líderes de igrejas que sejam

eficazes e comprometidos com Deus e

consequentemente com o objetivo de

alcançar as nações, conforme a orien-

tação de Jesus: “Portanto ide, fazei

discípulos de todas as nações, bati-

zando-os em nome do Pai, e do Filho, e

do Espírito Santo.” (Mt 28.19).

A One Challenge International, que

gerou a Sepal Brasil e diversas agên-

cias missionárias ao redor do mundo,

nasceu em Taiwan, no início da década

de 50. A One Challenge foi motiva-

da pela necessidade de treinamento

bíblico e ministerial a milhares de

convertidos chineses entre as forças re

cém-derrotadas pelo regime comunista

Essa demanda gerou o engajamento dededicados homens e mulheres de Deus

que se consagraram como “servos

por amor a Jesus” (2 Co 4.5). Servir se

tornou sua filosofia de ministério e o

mesmo se deu ao se instalar no Brasil.

Hoje a Sepal é membro da One Chal-

lenge Global Alliance (OCGA) e, com as

organizações-membro dessa mesma

Aliança, compõe equipes ministeriais

em todo o mundo.

No Brasil, a missão foi pioneira

na criação de diversos ministérios,

como “Vencedores por Cristo”, “Lar

Cristão” e o “Ministério de Apoio a

Pastores e Igrejas” (Mapi). Grande

parte da liderança evangélica no país

foi profundamente influenciada pelos

“Encontros Sepal para Pastores e Lí-

A No Brasil, a missão foi pio-neira na criação de diversos

ministérios, como “Vence-dores por Cristo”, “Lar Cris-tão” e o “Ministério de Apoioa Pastores e Igrejas” (Mapi)

   F   o   t   o   s   :   S   e   p   a    l

Encontro Sepal realizado em 2012 com o tema ‘’Igreja Irresistível’’, em Águas de Lindóia, São Paulo

   F   o   t   o   s   :   S   e   p

   a    l

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Povos e Línguas • 59

deres”, que está às vésperas da sua 44ª

edição, em maio de 2016, com o tema

“Integrando Gerações”.

Vale lembrar que em um tempo em quea Igreja Brasileira tinha pouco ou nenhum

acesso a informações ou a material de

apoio referente ao desafio transcultu-

ral, uma parcela significativa da força

missionária foi inspirada e orientada pela

mobilização e pelo conteúdo de pesqui-

sas produzido pela Sepal. Portanto, aolongo dos anos, sua liderança vem se

empenhando para mantê-la como uma

agência de apoio à igreja, atuando de for-

ma relevante ao considerar os desafios

da contemporaneidade.

A Sepal aplica 93% de todos os seus

recursos diretamente no ministério e

apenas 7% em custos operacionais.

Como instituição missionária, funciona

como uma plataforma de apoio para a

atuação ministerial de todos os seus

missionários, servindo-os à medida

em que servem ao Senhor no trilho das

suas vocações.

Há cerca de uma década, a Sepal se

tornou também um centro de mobili-

zação missionária, enviando pessoas

que fazem diferença para atuarem pelo

mundo. A instituição conta com 99 mis

sionários que servem no Brasil, com-

pondo sete equipes distribuídas pelas

regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e

Nordeste. Estão presentes em outros

12 países e em cinco continentes, onde

atuam com a mesma visão de servir

às igrejas locais, contribuindo para

que sejam suficientemente fortes para

alcançar o seu povo.

Com o foco voltado para o avanço do

Reino, a Sepal mobiliza também prossio-

nais e empreendedores, estimulando-os acriar estratégias para o avanço do Reino de

Deus no mundo, entendendo que, apesar

de não ser nova, trata-se de uma estratégia

ecaz e relevante para os nossos dias.

www.sepal.org.br

(11) 5523-2544

A instituição conta com 99missionários que servem noBrasil, compondo sete equi-pes distribuídaspelas regiões Sul, Sudeste,

Centro-Oeste e Nordeste.Estão presentes em outros 12países e em cinco continen-tes, onde atuam com a mes-ma visão de servir às igrejaslocais, contribuindo para quesejam sucientemente fortes

para alcançar o seu povo 

 Abertura do Encontro Sepal 2012 Diversos momentos de oração são promovidos durante os encontros

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 60 • Povos e Línguas

VindeIndo

oçambique é um país da África

austral com um dos piores

Índices de Desenvolvimento

Humano do mundo. Há incontáveis

deficiências em áreas fundamentais,como saúde, educação e saneamento.

Todavia, mesmo com tantos desafios

e limitações, é possível reconhecer

nos olhos do povo uma força e uma

alegria singulares.

Mais de 70% da população moçam-

bicana vive na área rural, e o ensino

pré-escolar ainda não é obrigatório.

É visível a dificuldade de aprendizado

das crianças nas classes iniciais. Elas

não têm acesso aos meios de comu-

nicação e, em muitas c omunidades,

não há energia elétrica.

As crianças são expostas a vários

tipos de privação e violência. Muitas

não conseguem avançar nos estudos e

veem pouca ou nenhuma possibilidade

de conseguir chegar à universidade e

se desenvolver profissionalmente.

Além de todos os fatores sociais que

pressionam a criança moçambicanapara fora da escola, há uma barreira: a

língua. No contexto familiar, a comuni-

cação acontece por meio de dialetos e,

ao serem matriculadas na escola, aos

6 anos de idade, as crianças se depa-

ram com todo o material didático em

português. Os professores não recebem

o preparo adequado para auxiliar as

crianças no processo de transição da

língua. Ao apresentar fortes dificulda-

des de aprendizado e sem o apoio de

profissionais especializados, a crian-

ça desiste de ir à escola. Com isso, o

índice de evasão escolar extrapola os

limites aceitáveis.

Ainda bem pequenas, as cr ianças

começam a acompanhar seus pais até

as “machambas”, áreas de cultivo para

a subsistência da família. As planta-

ções geralmente ficam distantes das

casas. Todos os filhos devem ajudar

na lavoura. O irmão mais velho deve

cuidar do mais novo e assim as criançassão cuidadas umas pelas outras sem a

ajuda de um adulto. A situação acarreta

inúmeros acidentes domésticos.

A maioria dos pais não prioriza a frequên-

cia dos lhos na escola e a baixa expecta-

tiva de vida do povo moçambicano leva-os

naturalmente a se preocupar mais com a

sobrevivência. Por isso, a ajuda dos lhos

na plantação é tão importante.

Os desaos são enormes! Há muitos moti-

vos para que as crianças deixem a escola ou

nem mesmo se matriculem, porém Deus, com

todo o Seu amor, é capaz de levar esperança

para esses pequeninos. A Escola Comunitá-

ria Vinde é uma missão cristã com foco na

evangelização de crianças e adolescentes por

meio da educação infantil e do esporte.

M

Crianças africanas são exposta a uma realidade que força a evasão escola

Uma luta contra a evasão escolar de crianças moçambicanas

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Povos e Línguas • 6

A Escola atende crianças em idade

pré-escolar (3 a 5 anos). Há um esforço

do governo do país para implantar o

sistema de estudo para cr ianças nessa

faixa etária, mas ainda há muito porfazer diante da demanda social, espe-

cialmente na zona rural.

Outro trabalho desenvolvido pela Escola

é o reforço escolar oferecido para crian-

ças que transitam para o ensino primário

(entre a 1ª e a 4ª série). Nessa fase há

muitas crianças com dificuldade para ler

e escrever. O projeto fornece alimentação

adequada, apoio médico e acompanha-

mento familiar. Portanto, toda a família

pode ser alcançada e beneficiada.

O esporte, especialmente o futebol, é ou-

tra oportunidade de gerar pontes. Assim,

a Vinde também oferece aulas de futebol

para meninos com idade entre 9 e 17

anos, fase em que muitos deles já estão

fora da escola. Alguns já estão até casa-

dos e têm lhos, mesmo sem formação

prossional nem condições básicas para

sustentar a casa. Outros já estão mergu-

lhados no alcoolismo e na prostituição.

A Escola é um ambiente propício para

aprenderem o valor da disciplina a par tir

do esporte. Esse acompanhamento os

ajuda a refletir sobre suas escolhas. Por

meio do esporte, alguns deles conse-

guem se mudar para outras cidades e

fazer cursos profissionalizantes.

Em 2016, o grande desafio é a estru-

turação da sede da escola. O projeto

visa a construção de três salas de

aula, uma secretaria, uma cozinha com

refeitório, banheiro e uma sala para

aulas de artesanato. As paredes das

salas de aula já foram levantadas e,

sempre que oramos, o Senhor nos leva

a perseverar e a continuar trabalhando

para a conclusão da obra. Sempre que

somos tentados a desistir, lembramos

das palavras de Paulo: “Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro para

que a excelência do poder seja de Deus

não de nós. Em tudo somos atribula-

dos, mas não angustiados; perplexos,mas não desanimados [...]” (2 Co 4.7-8)

Cristo nos fortalece. É por Ele que deve

mos permanecer amando e trabalhando

em prol do avanço do Reino.

Todos os dias fazemos um culto com as

crianças. Vê-las aprendendo a orar, bus-

cando em primeiro lugar o Reino de Deus,

é impagável. Este é o objetivo de todo e

qualquer esforço: a manifestação de Cristo

por meio da nossa vida. Nele encontramosforças para superar todos os problemas

sociais que testemunhamos diariamente.

Jesus é a verdadeira esperança!

Patrícia Varella Silva Teixeira

Missionária e educadora infantil servindo emMoçambique - África

Crianças atendidas pelo projeto Crianças moçambicanas durante atividade pedagogica

   A   r   q   u    i   v   o   P   e   s   s   o   a    l

   A   r   q   u    i   v   o   P   e   s   s   o   a    l

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 62 • Povos e Línguas

Missão JuvepComo Irão?

forma mais efetiva de evan-

gelizar uma cidade, uma

região ou uma nação é plan-

tando igrejas bíblicas. Por isso, a

principal meta da Missão Juvep émobilizar esforços para o plantio

de igrejas no sertão nordestino

e entre os povos minoritários da

região, que estão entre os menos

evangelizados do Brasil .

Como uma missão interdenomina-

cional, a Juvep trabalha com liberda-

de, apoiando iniciativas de plantação

de igrejas. Sua sede está localizada

estrategicamente na região metropo-litana de João Pessoa, a capital mais

equidistante da Região Nordeste.

A Missão dispõe de quatro progra-

mas ativos de suporte para o desen-

volvimento de projetos relacionados

com a plantação de igrejas no sertão.

O primeiro deles é destinado ao sertão

urbano, que consiste na realização de

projetos em cidades com menos de 5%

de cristãos evangélicos. Os projetos

missionários de férias acontecem nos

meses de janeiro e julho com excelen-tes estratégias para o início do plantio

de uma igreja sertaneja.

Na zona rural nordestina há mais de 6

mil povoados sem uma igreja. Nessas

localidades, a Missão desenvolve o

Projeto Radical Sertão em que voluntá-

rios dedicam 18 meses para trabalhar

estrategicamente divididos em equipes

visando o plantio de igrejas nos povoa-

dos rurais não alcançados.

Entre os povos minoritários é

desenvolvido o Projeto TriRadical no

qual os candidatos formam equipes

que dedicam um ano para se capaci-

tar no Centro de Preparo Missionário

da Juvep e posteriormente dedicam

dois anos para o trabalho de campo,

A Na zona rual nordestina hámais de 6 mil povoados

sem uma igreja. Nessaslocalidades a Missão de-senvolve o Projeto RadicalSertão em que voluntáriosdedicam 18 meses para tra-balhar estrategicamente 

   F   o   t   o   :   P   o   v   o   s   e   L    í   n   g   u   a   s

Os sertanejos estão entre os povos menos evangelizados do Brasi

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Povos e Línguas • 63

que pode ser feito em uma tribo indí-

gena, numa comunidade quilombola ou

em um rancho cigano. Em João Pes-

soa (PB) também funciona o Seminário

Teológico da Missão, que conta com

mais de 200 alunos.

Com vistas em ações de longo

prazo, a Missão desenvolve o Proje-

to Desbravadores, que consiste no

envio de casais de missionários para

comunidades inóspitas de sertanejos

ou de povos minoritários para a evan-

gelização, o discipulado e o desenvol-

vimento de projetos de cidadania que

culminem no plantio de igrejas.

O Sertão Nordestino é cheio de pecu-

liaridades e de ricas manifestações cul-

turais que precisam ser consideradas

no processo de plantação de igrejas.

Assim, com o objetivo de atender mis-

sionários que necessitam de preparo

nessa área, a Juvep oferece o curso de

“Plantio de igrejas e Cultura Sertaneja”,

uma ferramenta estratégica que torna

mais eficaz o processo de evangeliza-

ção e discipulado de sertanejos.

A Missão também trabalha com o de-

senvolvimento de projetos sociais co-

nectados à igreja local para beneficiar

crianças e adolescentes, promovendo

melhoria da renda familiar, abasteci-

mento de água em povoados rurais,

discipulado infantil, esclarecimento

sobre os riscos relacionados ao uso

de drogas e a promoção de ações para

suporte às comunidades em situações

de emergência.

No campo das missões transcultu-

rais, a Juvep trabalha com capacita-

ção de líderes e plantio de igrejas em

nações menos evangelizadas. A Juvep

 já atuou no Peru e, desde 2001, está na

Índia e no Timor-Leste. Agora a Mis-

são se prepara para enviar novos mis-

sionários para os continentes africano,

asiático e para nações sul-americanas

Por meio do Departamento de Envio

e Cuidado Missionário, a Juvep apoia

igrejas locais no processo de envio epastoreio de missionários no campo.

Há muitas necessidades extremas

entre sertanejos rur ais, comunidades

quilombolas, indígenas e ciganas. A

Igreja Brasileira precisa se unir cada

vez mais em prol da evangelização

desses grupos, pois é certo que a

Igreja Nordestina tem um gr ande

potencial de envio missionário e que,

ao longo dos próximos anos, muitossertanejos serão env iados aos quatro

cantos do mundo.

www.juvep.com.br

(83) 3248-2095

Trabalho de evangelização realizado em São Miguel do Tapuio, Piauí Equipe do Projeto 60º promovido pela Missão Juvep, em Buruti dos Montes, Piauí 

   F   o   t   o   s   :   P   o   v   o   s   e   L    í   n   g   u   a   s

   F   o   t   o   :   J   u   v   e   p

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 64 • Povos e Línguas

Tensãodesnecessária

Coluna

iz o antigo Credo Niceno1: “Creio

na Igreja una, universal e apos-

tólica”. Cristãos se caracterizam

por crerem em uma Igreja2 que é “ca-

tólica” (universal) e “apostólica”. Como

veremos, essa antiga confissão cristã

preserva a noção de que a missão cristãnão é apenas um “acessório” ou uma

“tarefa adicional” da Igreja. Pelo contrá-

rio. O envio missionário é um dos aspec-

tos que definem sua natureza.

Em seu livro “The Drama of Doctrine”

(O Drama da Doutrina), Kevin Vanhoozer

se vale de uma explicação interessante

sobre essa dupla característica da Igre-

 ja. Segundo ele , o Esp írito Santo opera

a partir de duas “forças” ou “movimen-tos” constantes. Uma força centrípeta,

que atrai a Igreja para o centro de sua

identidade, para a reunião dos santos e

sua comunhão em torno do Evangelho

de Jesus Cristo, a doutrina apostólica

e os sacramentos (ceia e batismo). A

outra força é centrífuga, que impulsiona

e envia a igreja para fora, para o mundo,

para as pessoas fora de seu círculo

comunitário. O primeiro movimento é

chamado de “catolicidade”3; o segundo

é a “apostolicidade”.

O modelo que compreende a Igreja

como sendo católica e apostólica ajuda

a entender a tensão que eventualmente

acomete a relação entre a “igreja local”

e a “Missão da Igreja”. Muitas vezes,

alguns desconfortos entre “pastor” e

“missionário” nascem precisamente de

uma eclesiologia4 ou de uma missiolo-

gia empobrecidas.

Pastores e missionários podem se

entender melhor a partir dessa dupla

compreensão da natureza da Igreja. É

verdade que os vocacionados para o

serviço na igreja local podem cair natentação de ignorar a vocação apostó-

lica da Igreja; mas também é verdade

que missionários podem cometer o erro

oposto, depreciando a necessidade de

catolicidade e da identidade local e se-

rem displicentes nos vínculos comuni-

tários locais e visíveis.

A apostolicidade se relaciona com a

catolicidade da Igreja e vice-versa. A ta-

D

¹ O Credo Niceno-Constantinopolitano é um dos mais importantes documentos de unidade da Igreja Cristã no

mundo. Praticamente todos os cristãos, das diversas confissões, como evangélicos, católicos romanos, orto-

doxos orientais, coptas e episcopais, concordam com os termos que ali aparecem. ² Neste texto adoto o termo “Igreja” com “I” maiúsculo para me referir ao Corpo de Cristo, a Igreja Invisível e

Mística, de todos os tempos e em todos os lugares do mundo. Quando uso “igreja” com “i” minúsculo, refiro-me

à Igreja como ela se expressa na visibilidade da reunião local dos santos, o culto público, participando dos

sacramentos, desfrutando da palavra do Evangelho pregada, comungando e sendo servida e pastoreada por

oficiais devidamente ordenados.

³ Os termos “católicos” e “catolicidade” não são utilizados aqui com o sentido “católico romano”, mas com o

seu sentido original grego. “Católico” quer dizer em grego aquilo que é “comum a todos” ou que é “universal”.

4  Aquilo que diz respeito à Igreja. Eclesiologia é o campo da teologia que estuda a identidade e a natureza da Igreja.

É possível perceber quea integração entre cato-licidade e apostolicidadepode, enm, promover

uma experiência renova-dora e inspiradora entre aigreja e a missão 

Eclesiologia e missiologia

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Povos e Línguas • 65

refa apostólica da Igreja (sua missão) é plan-

tar comunidades de fé a partir da penetração

de cristãos na sociedade e nas comunidades

culturais, como famílias, tribos nativas, tribos

urbanas, agrupamentos sociais e institucio-

nais. Por outro lado, a igreja local é fruto de

um trabalho missionário e deve ser enco-rajada, educada, pastoreada e enviada para

cumprir sua função apostólica.

É possível perceber que a integração entre

catolicidade e apostolicidade pode, enfim,

promover uma experiência renovadora e ins-

piradora entre a igreja e a missão. O famoso

texto de Paulo em Efésios 4.11-13 conecta os

ministérios da Igreja (e/ou igreja local) com

o sucesso da Missão de Cristo como efeitode sua encarnação e ascensão. Pois Cristo

é aquele que, em Sua “unidade” com o Pai,

“encheu todas as coisas” (Ef 1.23), depois de

ser “enviado” (apesteilen) em missão para

reconciliar todas as coisas com Deus, o Pai.

Em tempos em que o termo “apóstolo” tor-

na-se um título eclesiástico, é fundamental

não perdermos a noção de que sua conota-

ção bíblica é eclesiológica. A palavra “após-

tolo” vem do grego apóstolos e significa

simplesmente enviado, emissário, mensagei-

ro ou delegado para uma tarefa. É claro que

devemos fazer distinção entre os primeiros

apóstolos, claramente enviados pelo próprio

Cristo, e aqueles que depois são “enviados”

(apostoloi) pela Igreja ao longo do tempo.

A partir de uma leitura cuidadosa do

livro dos Atos dos Apóstolos, vemos que a

característica predominante dos primeirosapóstolos era de serem cristãos particular-

mente vocacionados por Deus e equipados

pelo Espírito Santo com uma diversidade de

competências para plantar e edificar igrejas

em locais ainda não alcançados pelo Evange-

lho de Cristo. Parece razoavelmente plausível

que essa definição se encaixe bem no perfil

da tarefa missionária em sentido estrito.

Em seu comentário de Efésios, João

Calvino assevera que os serviços descri-

tos em Efésios 4.11-13 não se relacionam

com títulos vazios, mas com vocações e

competências claramente dadas por Deus.

Precisamos nos libertar da necessidade

de titulação e nos concentrar no apoio apessoas que apresentam competências

claramente apostólicas, proféticas, evange-

lísticas e/ou pastorais e didáticas.

O ministério com característica apostólica

tende a ser polivalente justamente por seu

perfil pioneiro. Vocações com características

proféticas se relacionam com aquela habi-

lidade graciosa para discernir a vontade de

Deus pelas Escrituras, no poder do EspíritoSanto, para orientar, admoestar e edificar

pessoas nessa vontade.

Missionários (emissários) podem ser per-

feitamente auxiliados por ministérios com

características evangelísticas que, mesmo

sendo uma tarefa de todo cristão, vale-se de

gente com competências particulares para

comunicar o Evangelho de forma mais efi-

ciente. Pastores-mestres orientam, educam e

edificam a igreja na verdade evangélica comorevelada nas Escrituras Sagradas. A vocação

missionária está mais na ponta apostólica da

Igreja, enquanto pastores-mestres concentram

suas atividades na dimensão mais católica.

Portanto, não faz sentido criar uma tensão

entre igreja local e missão, pois a Igreja é, e

sempre será, fundamentalmente católica e

apostólica. Os serviços descritos pelo após-

tolo Paulo apreciam e integram a catolici-

dade e a apostolicidade de uma Igreja que é

una como Cristo é.

Igor Miguel

Casado com Juliana Miguel e pai de João Miguel.Teólogo, pedagogo e mestre em Letras pela USP. Coor-denador pedagógico da ONG OMCV e pastor na IgrejaEsperança, em Belo Horizonte - MG

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 66 • Povos e Línguas

Campos Brancos

Saiba como se envolver

Este espaço é destinado às agências missionárias que são

referência no desenvolvimento de projetos nacionais e transcul-

turais. Nesta seção são publicadas informações relacionadas

à abertura de projetos e demandas de campos existentes que

precisam de missionários.

Centro de Missões Urbanas (Cemu)

Local: Nepal

Campo: Capital Kathmandu e vilarejos nas montanhas

Projeto/ação: Plantação de igrejas, desenvolvimento de projetosna área do esporte e criação de casas de abrigo para crianças

em vulnerabilidade social.

Público-alvo: Nepaleses de todas as faixas etárias.

Formação: Preparo missiológico, aptidão e treinamento na

área esportiva.Idioma: Fluência em inglês. O idioma local será aprendido no país.

Habilidade: Aptidão para treinamento e pastoreio, capacidadepara trabalhar com crianças e jovens.

Tempo de execução: Indeterminado

Contato:[email protected]

WEC BRASIL (Missão Amem)

 Local: Bélgica.

Campo: Região de Liége.

Projeto/ação: Plantação de igrejas autóctones.

Público-alvo: Povo de língua francesa e imigrantes.

Formação: Bacharel em teologia/missiologia.

Idioma: Fluente em francês e inglês.

Habilidade: Flexibilidade, capacidade de adaptação, criatividade,organização e boa comunicação.

Tempo de execução: 2 anos

Contato: [email protected]

Missão Evangélica da Amazônia (Meva)

Local: Brasil.

Campo: Indígena.Projeto/ação: Trabalho de base na cidade de Boa Vista - RR. Desenvolver ministério de apoio (compras) para missionários daMeva que moram em aldeias da região.

Público-alvo: Famílias

Formação: Teologia e conhecimento básico em administração.

Idioma: Português

Habilidade: Organização e disposição física.

Tempo de execução: Indeterminado

Contato: [email protected]

Missão Evangélicaaos Índios do Brasil (Meib)

Local: Brasil.

Campo: Aldeamentos e áreas urbanas onde há um alto índice dealcoolismo, suicídio e vulnerabilidade social nos estados do Pará

e do Maranhão.Projeto/ação: Evangelização, discipulado, treinamento deliderança autóctone e plantio de igrejas indígenas. Via-gens missionárias, retiros espirituais, classes com cr ian-ças e adolescentes, cursos bíblicos bilíngues e açõessociais na área de saúde.

Público-alvo: Etnias indígenas Guajajara, Kayapó, Xikrin, Kanela,

Tembé e Anambé.

Formação: Teologia, Linguística, Enfermagem, Pedagogia, Músi-ca e Agronomia.

Idioma: Português e habilidade para aprender idiomas

Tempo de execução: 5 anos (mínimo)

Contatos: [email protected]

Junta de Missões Mundiais (JMM)

Local: Oriente Médio.

Campo: Campos de refugiados, com incursões por localidadespróximas e apoio à comunidade cristã local.

Projeto/ação: Voluntariado missionário para levar ajuda humani-tária e espiritual a pessoas que vivem em campos de refugiados.

Público-alvo: Refugiados de todas as idades, independente-mente de religião.

Formação: Medicina, enfermagem e outras formações naárea da saúde.

Idioma: Inglês, francês ou árabe.

Habilidade: Aptidão para cuidados com a saúde.

Tempo de execução: aproximadamente 12 dias em agosto de 2016

Contato: [email protected]

Missão Kairós

Local: Senegal.

Campo: RusqueProjeto/Ação: Centro de saúde Casa de Vida (Keru Dund),que oferece aos senegaleses atendimento médico, aulassobre nutrição às mães e controle de peso das criançassubnutridas. Farmácia comunitária com medicações gené-ricas e vídeos educativos na área de saúde preventiva.

Público-alvo: público em geral

Formação: Dentistas, bioquímicos, nutricionistas e clínicos gerais.

Idioma: Francês

Tempo de Execução: Indeterminado

Contato: [email protected]

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Povos e Línguas • 67

Com mais de 10 anos de história, o ministério

Nívea Soares tem alcançado pessoas em diversas

nações com uma declaração de amor e exaltação

a Jesus em forma de canções. Sua visão é

anunciar as boas-novas do evangelho de Cristo

trazendo despertamento à igreja em relação ao

seu lugar em Deus e na sociedade

Seu chamado é ser facilitador para que mais e

mais pessoas se acheguem ao único Deus e

sejam cheias do Seu Espírito

Então conheçamos e prossigamos em

conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva

é certa; e Ele a nós virá como a chuva, como

chuva serôdia que rega a terra. Oséias 6:3

ESTES E OUTROS PRODUTOS ESTÃO DISPONÍVEIS EM

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