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02 a 04/10/2010 181 XVIII

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02 a 04/10/2010181XVIII

Os dois lados da MoedaSerra ameaçada pela pressão das empresas interessadas na pureza de seu minério ganha acordo já considerado exemplo para preservar ou recuperar áreas exploradas em Minas

O PREÇO DA RIQUEZA - Recursos naturais encravados no complexo de montanhas ao sul da Grande BH despertam cobiça e exploração deixa cicatrizes comuns a vários ecossistemas espalhados pelo estado

A COMPENSAÇÃO - Patrimônio representado por ruínas do período colonial, pela flora, pela fauna e pelas paisagens exuberantes ganha proteção, em acordo fechado pelo MP e já aplicado em outras regiões degradadas

Glória Tupinambás A natureza esculpiu com capricho, a

mão do homem pôs em risco e, agora, a Jus-tiça chega para garantir a preservação de uma grande e valiosa fatia verde do patrimônio mineiro. Acordo inédito firmado entre o Mi-nistério Público Estadual (MPE) e uma mi-neradora, com a homologação do Tribunal de Justiça, transformou, há poucos dias, a Serra da Moeda, na Região Central do estado, em monumento natural – o que confere proteção especial ao maciço, que esbanja riqueza sob a forma de fauna, flora e recursos minerais. O título, no entanto, não é o mais importante nessa história. O mérito maior está no divisor de águas que o documento firmado representa para a questão ambiental do estado. Graças a ele, a partir de agora os promotores de defesa do meio ambiente têm em seu poder uma re-ferência para amenizar o rastro de destruição normalmente deixado pelas empresas de mine-ração nas montanhas de Minas. A experiência bem-sucedida da Moeda já rendeu, menos de uma semana depois, duas outras importantes negociações para tentar salvar outras riquezas naturais do estado. A primeira protege a Ser-ra de Itatiaiuçu, na Grande BH, e a segunda, parte do território de Congonhas, na Região Central.

O exemplo de Moeda é definido, nas pa-lavras do coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Meio Am-biente do MPE, Luciano Badini, como um “caso concreto de desenvolvimento sustentá-vel”. Isso porque a empresa Gerdau Açominas deverá obedecer a duras regras para a explora-ção de minério no local e, ao fim dos trabalhos, terá de doar o terreno à unidade de conserva-ção que acaba de ser criada. Para completar a proteção, a mineradora ainda fez um depó-sito-caução, uma garantia no valor de R$ 10 milhões, que será usada para recuperação am-biental da área caso o compromisso acertado entre as partes seja descumprido.

O acordo põe fim a uma ação civil públi-ca proposta pelo Ministério Público em 2006, e autoriza as atividades da Gerdau na região conhecida como Várzea do Lopes, próximo à Curva do Sabão, em Itabirito, na Grande BH. Para explorar o minério no local, a empresa se comprometeu a manter intactas as áreas de cobertura vegetal pertencentes à mata atlânti-ca, todo o topo da serra e o paredão localizado em frente ao condomínio Aconchego da Ser-ra. Além disso, a mineradora vai construir um corredor ecológico de 70 quilômetros de ex-tensão, ligando o Viaduto da Mutuca ao trevo de São João del-Rei, na Região dos Campos das Vertentes. O projeto, batizado de “estrada-parque”, contempla mirantes e pontos de apoio turístico e só depende de aval do Departamen-to Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para sair do papel.

Seguindo os passos do acordo com a Gerdau, o MPE firmou, também no fim do

mês passado, compromisso com outras duas gigantes da mineração: a Emicom, prestado-ra de serviços para a mineradora MMX, que atua em Itatiaiuçu, e a Nacional Minérios S/A (Namisa), do grupo da Companhia Siderúrgi-ca Nacional (CSN), com negócios em Congo-nhas. Em Itatiaiuçu, a empresa lavrou a área sem a adoção de medidas de controle ambien-tal necessárias e agora terá de investir mais de R$ 30 milhões na recuperação do espaço. Em Congonhas, a Namisa deverá custear projetos ambientais, culturais e urbanísticos, além de criar uma unidade de conservação, como com-pensação a impactos decorrentes da mineração na cidade.

“Os acordos mudam a história dos licen-ciamentos de mineração. O avanço reside no fato de não se garantir apenas compensações financeiras, mas também beneficiar terrenos que sofreram impactos e as comunidades afe-tadas. Isso começa a ser feito com a ampliação de áreas protegidas e criação de unidades de conservação. Antes, as empresas terminavam a exploração e simplesmente abandonavam os passivos. Agora, temos uma caução que evita isso ou garante a recuperação”, explica o pro-motor.

Apesar das conquistas, órgãos de defesa do meio ambiente não se dão por satisfeitos. Diante do crescimento exponencial do setor de mineração em Minas e do avanço dos con-domínios sobre áreas verdes da Grande BH, o sinal de alerta para a preservação se mantém mais aceso do que nunca. “O grande desafio é criar um mosaico de áreas protegidas nessa região”, adverte Luciano Badini. Para a Secre-taria de Estado de Meio Ambiente e Desenvol-vimento Sustentável (Semad), outra preocupa-ção é o envolvimento das comunidades. “Pre-cisamos sempre do respaldo dos moradores e turistas, por isso é interessante manter a mobi-lização. Se a comunidade abraça a iniciativa, ela se transforma em indutora da consciência ambiental”, diz o consultor jurídico da Unes-co para regularização fundiária de unidades de conservação de Minas, Charles Alessandro de Castro, funcionário da Semad. AS AMEAÇAS - A própria situação do complexo da Moeda justifica o estado de alerta. Embora o acordo entre a Gerdau e o MPE já seja considerado um exemplo até mesmo fora das fronteiras do país, despertando o interesse de autoridades internacionais, o ecossistema ainda sofre com as pressões de empresas, de olho na pureza de quase 70% do minério encravado nas montanhas e de condomínios de luxo em busca de novos territórios. Outro poderoso inimigo das belezas naturais de Moeda é o fogo, atualmente uma das maiores preocupações de associações de moradores locais. Há dois anos, incêndios criminosos e acidentais consumiram aproximadamente 10% da área verde dentro do município de Moeda e, na última estação seca, cerca de 15 focos tiveram de ser combatidos.

Procuradas pelo Estado de Minas para comentar o assunto, as empresas Gerdau Aço-minas e MMX se mostraram favoráveis aos acordos com o MPE e listaram providências já em andamento. No caso da Gerdau, foi des-tacada a implantação da estrada-parque e de programas de monitoramento ambiental, entre outros. A MMX informou que está responsá-vel pela revitalização das áreas onde hoje es-tão pilhas de minério. A Namisa não retornou os contatos da equipe de reportagem.

RENATO WEIL/ EM/ D.A PRESS

EStAdo dE MinAS – p. 33 E 38 - 03.09.2010

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cont... EStAdo dE MinAS – p. 33 E 38 - 03.09.2010oS doiS LAdoS dA MoEdA

Alívio para os guardiões da serra

O professor de geografia Caio Marcelino da Silva Lemos afirma que acordo entre iniciativa privada e MP representa uma vitória, ao aliar progresso e a preservação de joias da natureza plantadas entre as montanhas

Glória Tupinambás

Quem já passou pelas charmosas montanhas do maciço da Moeda certa-mente cruzou um caminho habitual rumo aos condo-mínios de luxo, se renovou em refrescantes banhos de cachoeira e quase perdeu o fôlego diante de um céu azul, muitas vezes colorido por paragliders. Mas pouca gente transpôs de fato esse cenário estonteante até che-gar ao rico passado colonial de Minas, também escon-dido por entre os morros. A história começa pelo nome da serra, que não se chama Moeda por acaso, mas devi-do à herança deixada pelos inconfidentes, num tempo em que, para fugir da co-brança do quinto do ouro na Estrada Real, foi erguida ali uma casa de fundição clan-destina, onde eram cunhadas moedas. Agora, apaixonados por toda essa riqueza históri-ca, arqueológica e ecológica respiram mais aliviados no complexo da Região Central do estado, que acaba de ser transformado em monumen-to natural.

O título, resultado de

um acordo inédito entre o Ministério Público Estadu-al (MPE) e uma mineradora, muda as regras de preserva-ção ambiental da área. Uma vez considerada unidade de conservação, o uso da terra e dos recursos naturais da Serra da Moeda está condi-cionado à proteção da flora, fauna, recursos hídricos e de outros sítios de beleza cêni-ca. “A pressão imposta pela ocupação do homem e pela mineração ameaçava o topo da serra e sua vegetação. Agora, como área de preser-vação integral, toda ativida-de direta, seja de empresas ou moradores, depende de licença do órgão ambiental”, explica o consultor jurídico da Unesco para regulariza-ção fundiária de unidades de conservação de Minas, Char-les Alessandro de Castro, funcionário da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentá-vel (Semad).

O decreto, assim como todo o “juridiquês” e rotinas administrativas que o acom-panham, ainda é uma inter-rogação na cabeça dos an-tigos moradores de Moeda. Mas, apaixonados pela terra,

eles abrem um largo sorriso diante da notícia da criação da unidade de conservação. “Monumento?”, pergunta, ressabiado, Nilton do Carmo Lascasas, de 64 anos. “Ain-da não sei o que é isso, não, mas imagino que seja para proteger essas serras, que para mim são o melhor lugar do mundo. Nasci e cresci em Moeda, e tenho uma regra na vida: se quiser brigar comi-go, é só falar mal da minha terra. Mas se elogiar esse lugar, pode entrar, porque vai ser bem-vindo”, anuncia ele, diante do seu charmoso alambique artesanal.

À frente da Associação do Meio Ambiente de Moeda (AMA Moeda), Ednei Antu-nes Amorim conta que sen-tiu na pele o medo de assistir à devastação das montanhas pela mineração. “Tive um frio na barriga quando pen-sei que o lugar onde o meu bisavô nasceu estava ame-açado. As raízes da minha família estão fincadas nessas serras e foi o temor de per-der toda essa beleza que me fez lutar por Moeda como um guerreiro. O título de monumento me traz alívio e esperanças de um futuro

mais seguro”, conta Ednei, que hoje coordena um grupo de 53 brigadistas voluntários para combates a incêndios na região.

Profundo conhecedor das belezas da Serra da Mo-eda, o professor de geogra-fia Caio Marcelino da Silva Lemos sequer gagueja ao in-dicar a localização exata dos principais tesouros da re-gião. Em sua lista de precio-sidades estão os mais antigos pequizeiros, os caprichosos ninhos de joão-de-barro, as cachoeiras menos asse-diadas e, como não poderia deixar de ser, as mais es-condidas ruínas das casas de fundição. “Estamos orgulho-sos do título de monumento, que está sendo considerado exemplo para o restante do Brasil. Fomos chamados de loucos por tentar combater o dinheiro das mineradoras em Moeda, mas sempre repeti-mos que não somos contra o progresso e o crescimento. O que não dá para aceitar é destruírem nossas riquezas, deixando apenas crateras. O decreto de monumento ago-ra alia desenvolvimento e preservação”, diz, aliviado.

RENATO WEIL/EM/D.A PRESS

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cont... EStAdo dE MinAS – p. 33 E 38 - 03.09.2010

Tesouro dos reinos vegetal, animal e

mineralO Monumento Natural da Ser-

ra da Moeda tem área de 2.372 hectares e se estende pelos territó-rios dos municípios de Brumadi-nho, Nova Lima, Itabirito, Moeda, Belo Vale, Congonhas, Ouro Preto e Rio Acima. Com 70 quilômetros de topo de serra, o maciço é parte da Cordilheira do Espinhaço e tem pontos que chegam a 1,7 mil me-tros de altitude. ÁguAS

Repleta de nascentes, cursos d’água e cachoeiras, a serra tem em seus limites parte de duas im-portantes bacias hidrográficas: a do Rio das Velhas e do Rio Para-opeba. VEgEtAÇão

Coberta pela mata atlântica, a Moeda abriga espécies vege-tais ameaçadas e protegidas por lei, como o pequizeiro (Caryocar brasiliensis), o jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra) e a braúna (Me-lanoxylon), além de espécies de importância medicinal, como a ar-nica (Lychnophora pinaster) e vá-rios tipos de orquídeas, bromélias e sempre-vivas. FAunA

A Serra da Moeda abriga 20% das espécies de anfíbios conhe-cidas em Minas Gerais; 22% das aves, entre elas o canário rabudo (Embernagra longicauda) e o bei-ja-flor-de-gravata (Augastes scuta-tus); 13% dos mamíferos, como o tamanduá-mirim (Tamandua tetra-dactyla), o lobo-guará(Chrysocyon brachyurus), a onça-parda (Puma concolor), o veado (Mazama ame-ricana) e o gato-do-mato (Leopar-dus tigrinus). pAtriMônio hiStórico

Guardiã de fragmentos da so-

ciedade formada em torno da ex-ploração do ouro no século 18, a Serra da Moeda exibe sítios histó-ricos e vestígios arqueológicos de importância histórica e cultural. Entre os mais belos exemplos estão as ruínas de uma casa de cunhagem clandestina de moedas.

A Serra da Moeda integra uma das maiores províncias minerais do mundo – o Quadrilátero Ferrífero – e é rica em minerais metálicos, como bauxita, manganês e ferro. O que diz a lei?

Monumento natural pertence ao grupo de unidades de conserva-

ção de uso sustentável. O decreto tem como objetivo preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. O patrimô-nio pode ser constituído por áreas públicas e particulares, desde que seja possível compatibilizar os ob-jetivos da unidade com o uso da terra e dos recursos naturais do lo-cal pelos proprietários.

A criação do Monumento Na-tural da Serra da Moeda está base-ada numa concepção de proteção da flora, fauna, recursos hídricos, manejo de recursos naturais e de-senvolvimento de pesquisas cien-tíficas.

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hojE EM diA - p. 12 - 04.10.2010Projeto de lei contra mudança na feira

Associação colhe assinaturas para levar à Câmara proposta - que transforme evento na Afonso Pena em patrimônio

EStAdo dE MinAS - p. 25 02.10.2010gritA gErAL

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hojE EM diA - p. 24 - MinAS -02.10.2010

MP denuncia abusos em hospital de Sete Lagoas

hojE EM diA - p. 5 - 03.10.2010do LEitor

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Carolina Mansur O prefeito de Pintagui, Evandro Rocha Men-

des (PT), em seu segundo mandato, reagiu ontem à ofensiva da Câmara Municipal, que ameaça pedir sua cassação por supostas irregularidades no repas-se de verbas do transporte escolar. De acordo com o prefeito, foi a prefeitura, por meio da Secretaria de Educação, quem levantou suspeitas sobre a des-tinação dos recursos.

Segundo Mendes, depois de revelar o proble-ma, ele abriu inquérito administrativo e informou a situação ao Tribunal de Contas do Estado, ao Mi-nistério Público e ao Legislativo. “Essa comissão trabalhou desde o ano passado para levantar in-formações e o que se observou foi alguma coisa de gestão, dada a complexidade que é a gestão do transporte escolar em zona rural que tem rota flexí-vel”, argumentou.

O prefeito acusa a oposição de se valer de dados do relatório do Executivo para formular as ações contra ele. De acordo com Mendes, só em fevereiro houve uma denúncia feita pela Câmara. “Por ter maioria absoluta no Legislativo, a opo-sição vislumbra a possibilidade real de cassar um mandato legitimamente conseguido sem antes pas-sar por uma investigação”, criticou.

Ele atribuiu o movimento a uma “briga políti-

ca” e acrescentou: ”Encontramos uma casa desar-rumada, com dívidas de R$20 milhões, começamos um trabalho de austeridade e isso, aparentemente, desagradou”. As denúncias chegaram à Câmara dos Deputados, por meio de e-mail, enviado em 21 de maio, pelo presidente da Câmara de Vereadores de Pitangui, Alexandre Maciel de Barros (PSDB), ao deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB). Ele pedia o apoio para “derrotar a corrupção” que afir-mava ter se instalado na cidade.

Questionado sobre possível pré-julgamento, antes das investigações, o vereador confirmou o envio, mas respondeu que não iria se posicionar, devido a questões judiciais que poderiam anular seu voto no caso. “Não posso dar um parecer, por-que a cassação ou não do prefeito vai ser determi-nada no julgamento”, declarou.

Ainda de acordo com Barros, o valor pago pelo Executivo e investigado por uma comissão do Legislativo, desde o ano passado, gira em torno de R$ 200 mil. Na administração atual, ele sustenta que os desvios, a partir de 2006, cheguem a R$ 1,5 milhão. “Mediante nossa investigação, perce-bemos que o prefeito abriu processo investigatório interno”, afirmou. Segundo ele, uma votação pode definir, em 20 dias, o destino do prefeito, que nega irregularidades e liga as denúncias a manobras da oposição.

EStAdo dE MinAS - p. 22 - 02.10.2010 trAnSportE EScoLAr

Prefeito nega irregularidadesChefe do Executivo diz que a prefeitura revelou possíveis problemas,

comunicou à Câmara de Pitangui e fez investigação

hojE En diA - p. 5 - 02.10.2010

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hojE EM diA - p. 11 - MinAS - 11.10.2010

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EStAdo dE MinAS - p. 37 - 03.10.2010

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hojE EM diA - p. 18 - MinAS - 03.10.2010

3 toneladas de machonha em caminhão

Policia Civil e Ministério Público desmantelam quadrilha que agia em Minas, depois de meses de investigação

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o tEMpo - p. 29 - cidAdES - 03.10.2010opErAÇão

Carga recorde de maconha

Homens são presos com 8 Kg de crack e armas

o tEMpo - p. 33 - 04.10.2010interior

PM apreende drogas em

Ituiutaba e São LorençoA Polícia Militar prendeu ontem três

suspeitos de envolvimento no tráfico de drogas em Ituiutaba, no Triângulo Minei-ro. Com eles, foram encontrados tabletes de maconha e algumas porções de crack e cocaína. De acordo com a PM, eles che-garam ao trio porque eles foram vistos em atitude suspeita no centro da cidade, o que

levou a polícia a abordá-los.Em São Lourenço, no Sul de Minas,

um jovem de 18 anos foi preso, suspeito de tráfico. Ele estava em um carro quando foi abordado em uma blitz. Ele jogou um saco plástico contendo drogas para fora do veículo, o que chamou a atenção da PM. Na casa dele, foi encontrado 55 g de maco-nha, 16 papelotes de cocaína, duas pedras de crack, R$ 1.080 em dinheiro, 11 g de cocaína, uma balança de precisão e vários sacos plásticos usados para embalar a dro-ga. (TL)

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EStAdo dE MinAS - p.24 - 02.10.2010SEQuEStro

Vereador tem dedos decepados

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hojE EM diA - p. 17 - 03.10.2010

Tribunal de Justiça vai responder cartas de presosObjetivo de projeto inédito é dar ouvidos ao presidiário; correspondências pedem benefícios

Progressão de regime é o pedido mais comum

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Da Sucursal do Vale do Aço

IPATINGA – A situação que estava ruim, ficou ainda pior. A Defensoria Pública de Ipatinga, no Vale do Aço, que contava com três defensores em abril deste ano, agora conta com apenas um. Os outros dois profissionais foram transferidos para Conta-gem e Belo Horizonte, deixando cerca de mais de mil processos para somente uma única pessoa.

Recentemente, o coorde-nador da Defensoria Pública de Ipatinga, Rafael Boechat, que atuava na região há três anos, foi transferido para a capital minei-ra para assumir a função de co-ordenador de projetos e convê-nios da instituição. Já a também defensora Ana Cláudia Pinheiro foi removida para Contagem, em abril deste ano.

Agora, somente o defen-sor Altair Pereira de Azevedo, que há 14 anos atua na região, dá procedimento nos processos. Atualmente, a Defensoria de Ipatinga acompanha cerca de mil processos. Todos os dias, chegam aproximadamente dez ações à sala da instituição, loca-lizada no Fórum da Comarca de Ipatinga.

Em virtude da já quantidade reduzida de pessoal, desde o ano passado que o órgão atende so-mente aos casos de natureza cri-minal. Demandas cíveis, como ação de alimentos, inventário, divórcio, além dos casos envol-vendo direitos do consumidor e saúde, não são atendidos. Atual-mente, seis pessoas que traba-lham da Defensoria Pública de Ipatinga se aglomeram em uma única sala de 36 metros quadra-dos.

Altair diz que com a dimi-

nuição de profissionais, a popu-lação carente precisará agora de ainda mais paciência. “Infeliz-mente, até a chegada de novos membros, a população vai ter que aguardar ou então procurar os núcleos de assistência jurídi-ca das faculdades.

A passagem de Rafael pela comarca foi muito importante. Ele foi responsável por iniciati-vas de muito valor e que preten-do dar prosseguimento, como o Casamento Comunitário e o pro-jeto Saída Legal junto aos pre-sos”, orienta.

Trabalho de manhã, à tarde e à noiteO defensor ainda afirma que

para agilizar o andamento dos processos, costuma trabalhar de manhã, à tarde e também à noi-te, quando chega em casa. “Nos finais de semana, ainda costumo levar serviço para casa”, confi-dencia.

A amenização do problema também já está a caminho. Está em andamento o concurso para a seleção de 150 novos defensores para o Estado de Minas Gerais. A expectativa é que pelo me-nos seis novos membros sejam empossados até dezembro em Ipatinga. As comarcas de Coro-nel Fabriciano e Timóteo, onde atualmente não há Defensoria Pública, também deverá receber membros.

Rafael Boechat conta que é urgente a necessidade de inves-timentos na Defensoria Pública. “É uma instituição fundamental ao equilíbrio das forças do Es-tado. As demandas sociais estão postas, e precisamos de institui-ções sérias para buscar soluções judiciais ou extrajudiciais”, fina-lizou.

hojE EM diA - p. 21 - MinAS - 03.10.2010

Defensoria Pública de Ipatinga está desfalcada

Com a saída de dois funcionários, mais de mil processos estão, agora, nas mãos de um único defensor

o tEMpo - p. 26 - 02.10.2010corrupÇão

Justiça condena servidores do

Detran

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Com mais de 6 milhões de voto, Antonio Augusto Ju-nho Anastasia foi reeleito ontem o governador de Minas Ge-rais para os próximos quatro anos. Foi uma vitória expres-siva sobre seu principal adversário, Hélio Costa, que obteve pouco mais de 3,4 milhões de votos. Com esse resultado, o tucano conquistou 62% dos votos válidos contra 34% do peemedebista.

A reeleição de Anastasia é, acima de tudo, uma vitória do seu padrinho político, o ex-governador e senador eleito, Aécio Neves (PSDB).

No comitê Amigos do Anastasia, na avenida Afonso Pena, região Centro-Sul de Belo Horizonte, cerca de mil pessoas acompanharam a apuração por meio de um telão e, quando a notícia foi confirmada, começou a comemoração. Anastasia chegou ao local acompanhado de seu vice, Alber-to Pinto Coelho (PP), e do prefeito de Belo Horizonte, Mar-cio Lacerda (PSB), quando a sua vitória foi confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por volta das 20h30.

Em entrevista coletiva, Anastasia disse estar alegre e sa-tisfeito e que espera governar bem o Estado pelos próximos anos. “Em primeiro lugar, eu quero agradecer a Deus pela oportunidade que me dá de continuar governando Minas por mais quatro anos, servindo ao povo de Minas Gerais. Queria, em segundo lugar, agradecer aos mineiros pela confiança, que confiaram e atribuíram ao meu nome nessas eleições.”

O tucano agradeceu a confiança do ex-governador e se-nador eleito, Aécio Neves (PSDB), e disse que espera traba-lhar com ele para o “desenvolvimento do Estado”.

Em discurso, Anastasia disse que a sua vitória é o triun-fo da verdade e da eficiência na gestão pública, contra a demagogia e o populismo. “Essa nossa vitória representa a vitória da verdade, a vitória do bem, a vitória daqueles que defendem o que é certo, aqueles que têm as mãos limpas e corretas para trabalhar por nosso Estado. Foi um não de Mi-nas, um não alto, rotundo, firme, contra a mentira e as falsas promessas”, afirmou. “Minas Gerais não admite ilusões, não admite a demagogia, e, da mesma forma, nós, mineiros, fa-lamos alto. Quem decide o futuro de Minas somos nós, os mineiros. Vamos!”, completou.

Até o fechamento dessa edição, com 99,92% das urnas apuradas, Antonio Anastasia tinha 62,72% dos votos váli-dos. Hélio Costa (PMDB) estava em segundo lugar com 34,17%. O candidato José Fernando (PV) conseguiu 2,34%; o professor Luiz Carlos (PSOL), 0,33%; Vanessa Portugal (PSTU), 0,30%; Fábio Bezerra (PCB), 0,07%; Edilson Nas-cimento (PTdoB), 0,05%; e Adilson Rosa (PCO), 0,03%. Os votos nulos foram 9,41%o e brancos, 6,05%. o cAMinho

Desde o início da campanha, quando Anastasia ainda estava com cerca de 25 pontos percentuais atrás de seu prin-cipal adversário político, o senador Hélio Costa (PMDB), aliados sempre estiveram otimistas com a eleição de Anasta-

sia. Com a ajuda de Aécio, o tucano conseguiu formar uma coligação compostas por 12 partidos - muitos deles faziam parte do governo Lula, como o PDT, o PSB e o PR.

A disputa para ser vice na chapa do tucano foi concorri-da. DEM, PP, PSB e PDT reivindicavam a vaga. Pelo apoio político que conseguiu, o presidente da Assembleia Legisla-tiva, Alberto Pinto Coelho (PP) conquistou o posto.

Com o início da propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio, Anastasia começou a subir nas pesquisas. No iní-cio de setembro, antes mesmo do previsto pela maioria dos aliados, o tucano ultrapassou Hélio Costa na grande parte dos levantamentos. No fim daquele mês, o candidato supe-rou a falta de desconhecimento em relação ao seu nome e já estava com mais de 10 pontos percentuais de vantagem em relação ao peemedebista, o que já apontava uma vitória em primeiro turno.por Município

Em Barbacena, sua terra natal, Helio Costa obteve 60,64% contra 37,16% de Anastasia

Em Bocaiuva, onde nasceu Patrus Ananias, candidato a vice do peemedebista, Hélio Costa obteve 56,42% contra 42,28% do tucano

Em Belo Horizonte, capital do Estado, a vitória do atu-al governador foi arrasadora: 71,40% contra 22,65% do seu principal adversário

Em Manhuaçu, cidade da família de Alberto Pinto Co-elho, vice-governador eleito, o placar era de 53,59% contra 43,65% para a chapa de Anastasia

Resultados com 99,80% das urnas apuradasO governador eleito com seu padrinho políticoLeo Fon-

tesO governador eleito com seu padrinho políticoPrioridade“Quero um reforço na geração de empregos”Antonio Anastasia votou ontem cedo em um colégio do

bairro Cruzeiro, em Belo Horizonte. Acompanhado dos can-didatos ao Senado na sua coligação, Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS), e do candidato a vice na sua chapa, Alberto Pinto Coelho (PP), o tucano disse que a virada em Minas aconteceu por causa do reconhecimento dos mineiros em relação ao que foi feito nos últimos anos no Estado.

Anastasia disse que terá muitos desafios para enfrentar no próximo mandato. “Nós temos que continuar investindo nas áreas prioritárias que são educação, saúde, segurança pública. Mas eu quero ter um reforço muito grande na gera-ção de empregos. Porque a geração de empregos é sempre a sustentação e todas as boas políticas públicas”, afirmou.

Anastasia ainda acompanhou o voto de Aécio Neves. De lá, seguiu para Juiz de Fora, junto com Itamar Franco. Pela tarde foi a Uberlândia, acompanhado de Odelmo Leão. (MJN)

o tEMpo - p. 9 - 04.10.2010 Anastasia é reeleito Com mais de 6 milhões de votos válidos, o atual governador vence em primeiro turno e

afirma que sua reeleição é um não de Minas “contra a mentira e as falsas promessas”; Hélio Costa obteve cerca de 3,4 milhões de votos

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o tEMpo - p. 8 - 04.10.2010

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A eleição presidencial será decidida em segundo tur-no entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Com 99,80% das urnas apuradas, até o início da madrugada de hoje, a petista tinha 46,87% dos votos válidos contra 32,63% do tucano. Com esses resultados, a candidata do PT não alcançou a maioria de votos, o que força a reali-zação do segundo turno na disputa.

O resultado das urnas revelou uma verdadeira revira-volta na corrida pelo Palácio do Planalto. Um dos fatores que fizeram com que a vitória de Dilma não fosse consoli-dada ontem, conforme indicava a maioria das pesquisas de intenção de voto, foi o índice registrado pela candidata do PV, Marina Silva. Enquanto nas pesquisas a candidata osci-lava na casa dos 14% a 16%, nas urnas, ela alcançou 19,35% dos votos válidos, conforme apuração feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) registrou 0,87% e os demais candidatos, juntos, somaram 2,8%. Houve, ainda, 3,13% de votos em branco, já os nulos chegaram a 5,50%. Um total de 24,5 milhões de eleitores não compareceu às urnas - um alto índice de 18,11% de abs-tenções.iMprEViSibiLidAdE

Até a tarde de ontem, o resultado da eleição presiden-cial era imprevisível. Ao contrário de disputas anteriores, havia muitas incertezas sobre a realização, ou não, do se-gundo turno.

A menos de duas semanas da data de votação, Dilma Rousseff liderava as pesquisas de intenção de voto com am-pla vantagem sobre José Serra. A quatro dias do pleito, po-rém - em meio às denúncias de fraudes na Casa Civil -, essa diferença caiu. Entretanto, os números ainda indicavam a

possibilidade de vitória da petista já no primeiro turno. O segundo turno das eleições presidenciais será no pró-

ximo dia 31. A propaganda eleitoral no rádio e na TV reco-meça a ser transmitida amanhã. Enquanto Dilma disputou ontem sua primeira eleição, José Serra enfrentará, a partir de agora, seu segundo duelo presidencial - em 2002, o tucano foi derrotado no segundo turno pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).rEpErcuSSõES

Ontem pela manhã, o presidente Lula já admitia a pos-sibilidade de realização de segundo turno. Após votar, em São Bernardo do Campo (SP), o petista disse que vai esperar “mais 30 dias pela vitória de Dilma”. “Estou muito otimis-ta com a possibilidade da Dilma ganhar no primeiro turno. Agora, eleição tem dois turnos. Não ganhei nenhuma eleição no primeiro. Vai demorar 30 dias a mais, e vamos para a disputa”, disse.

O petista, que geralmente era recebido por militantes na porta da escola onde vota, ontem ouviu apenas gritos tími-dos de curiosos. Antes de sair, disse em tom de brincadeira que ficou incomodado por ser a primeira vez após 20 anos que não via seu nome na urna eleitoral.

Pelo lado do PSDB, mesmo antes do resultado final, o presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, já dizia que apostava no segundo turno da eleição presidencial e que o desempenho de Dilma Rousseff “iria surpreender para baixo depois da apuração dos votos”. Ele disse que começa a dis-cutir uma estratégia para o segundo turno já a partir de hoje, quando estará em São Paulo para uma reunião de emergên-cia. (Com Agências)

o tEMpo - p. 3 - 04.10.2010Eleções 2010.Vantagem de Dilma sobre Serra não garante a vitória da petista no 1º turno

Duelo presidencial segue até 31 de outubro

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A chegada de caras novas foi a marca da eleição de 2010 para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Com 35% de renova-ção - 27 das 77 vagas terão novos donos - a dança das cadeiras na Casa após a votação de ontem foi ainda maior do que o esperado, que era de 30%. O destaque ficou por conta dos partidos menores, que ganharam maior representatividade: cinco das legendas que não tinham deputados estaduais conseguiram eleger pelo menos um parlamentar para a próxima legislatura.

Jogo rápidoIndefinido. O resultado ainda pode ser alterado por decisões judi-

ciais futuras. Seis candidatos enquadrados na Lei da Ficha Limpa não tiveram seus votos validados, mas, caso as candidaturas sejam aprovadas pela Justiça, eles poderão assumir as cadeiras e ainda alterar a formação das bancadas. São eles:

Athos Avelino (PPS) - Geraldo de Oliveira (PSOL)

Leonídio Bouças (PMDB) - Maria L. Mendonça (DEM) - Pinduca Ferreira (PP) - Wellington Alves (PCdoB)

Presença feminina. A próxima legislatura terá menos mulheres. Fo-ram eleitas quatro deputadas, contra cinco em 2006:

Maria Tereza Lara (PT) - Liza Prado (PSB) - Rosângela Reis (PV)Luzia Ferreira (PPS)Campeões de votos. Seis candidatos ultrapassaram a marca de 100

mil votos:Dinis Pinheiro (159,4 mil) - Marques (153,1 mil) - Mauri Torres

(106,1 mil) - Arlen Santiago (105,7 mil) - Tiago Ulisses (103,1 mil)Bráulio Braz (102,5 mil) - Câmara de BH. Seis dos eleitos são vere-

adores na capital e abrirão vagas para seus suplentes: Pr. Carlos Henrique (PRB)

Paulo Lamac (PT) - Luzia Ferreira (PPS) - Anselmo Domingos (PTC) - Fred Costa (PHS) - João Vitor Xavier (PRP)

o tEMpo - p. 18 - 04.10.2010 Sangue novo na ALMG

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Cláudio Beato: plano de investimento no desenvolvi-mento regional e estimulando vocações locaisANDRE FOS-SATI

O vice Alberto será o interlocutor com os parlamentares da AssembleiaCRISTIANO TRADO segundo turno entre os

presidenciáveis José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) vai exigir empenho dos recém-eleitos deputados federais mineiros, que devem tentar transferir seus eleitores para a disputa nacional.

o tEMpo - p. 17 - 04.10.2010Equilíbrio na Câmara

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No interior. O ex-presidente Itamar Franco votou pela manhã em Juiz de Fora e já fazia discurso de vencedorMAR-CUS DESIMONI / NITRO

No interior. O ex-presidente Itamar Franco votou pela manhã em Juiz de Fora e já fazia discurso de vencedor

O ex-presidente da República e ex-governador de Mi-nas Gerais Itamar Franco (PPS) garantiu sua volta para Brasília ao ficar em segundo lugar na disputa pelo Senado. Com 26,74% dos votos válidos, cerca de 5,1 milhões, ele estava eleito às 23h30 de ontem, quando 99,89% das urnas já tinham sido apuradas. O petista Fernando Pimentel, que teve 23,97% do votos, terminou a disputa em terceiro lugar.

Itamar contou com a força de Aécio Neves, que ficou em primeiro na disputa, como o principal cabo na corrida ao Senado.

O ex-ministro Henrique Hargreaves, coordenador da campanha de Itamar, afirmou ontem que a vitória do aliado vai “engrandecer” o Senado federal. Hargreaves criticou Pi-mentel dizendo que a campanha do ex-prefeito apelou para a baixaria. “Emitiram panfletos atacando o Itamar. Não es-perávamos essa falta de civilidade, mas no final prevaleceu a vontade da maioria. Temos certeza que Itamar vai trazer grandeza ao Senado em virtude da sua história”, afirmou o ex-ministro.

o tEMpo - p. 16 - 04.10.2010

Itamar volta a Brasília

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EStAdo dE MinAS - p. 4 - 02.10.2010

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o EStAdo dE Sp - p. A12 - 02.10.2010

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hojE EM diA - p. 15 - 03.10.2010ELEiÇõES

Biometria vai atingir 217 mil em MG

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cont... hojE EM diA - p. 15 - 03.10.2010

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hojE EM diA - p. 8 - 02.10.2010

EStAdo dE MinAS - p. 7 - 04.10.2010

Policiais reforçam a segurança para o pleito

Estado registra 91 detidos

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Paulo Dimas de Bellis Mascaretti Quase sempre, falar sobre si mesmo é tarefa árdua, afi-

nal, é comum que os defeitos sejam atenuados e as virtu-des, exacerbadas. Essas dificuldades apenas são superadas quando há elementos objetivos que fundamentem as pon-derações. E é exatamente o caso da Justiça estadual de São Paulo, que reiteradamente tem apresentado números pujan-tes nos quesitos quantitativos e qualitativos.

O recente relatório Justiça em Números, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), coloca o Judiciário de São Paulo como um dos mais produtivos do mundo. Repi-ta-se, do mundo. Isso apesar das deficiências crônicas em questões estruturais, evidenciadas pelo próprio relatório, mostrando que o número de juízes é inferior ao da média nacional, a taxa de investimentos é pífia e os índices de liti-giosidade são astronômicos. Ou seja, mesmo diante das ad-versidades aparentemente intransponíveis, os funcionários, juízes e desembargadores conseguem apresentar altas taxas de produtividade e de eficiência.

Dessa maneira, os dados mostram de forma inequívoca o que todo juiz e desembargador paulista conhece à exaus-tão: o Judiciário de São Paulo é superlativo. Afinal, quando se fala em Justiça estadual, São Paulo tem 21,6% dos ma-gistrados estaduais e sua despesa corresponde a 22,8% da despesa total de toda a Justiça dos Estados. A aparente simi-litude entre número de juízes e de despesa se esvai quando os comparamos ao volume produzido, ou seja, com cerca de um quinto dos juízes e dos gastos, São Paulo responde por 44% do total de processos pendentes, 35,7% de todas as sentenças e decisões proferidas e recebeu 28,9% das novas ações propostas em 2009. São mais de 18,4 milhões de pro-cessos apenas neste Estado, onde há mais de R$ 25 bilhões em depósitos judiciais, que representam quase metade do total de depósitos da Justiça estadual de todo o País. E cum-pre o mandamento constitucional de ser acessível a todos, afinal, tem a segunda maior proporção de casos novos em primeira instância: são quase 10 mil novos casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

Qual, então, a razão deste texto? Um simples apanágio, autoelogio despido de significado?

Não, na verdade, trata-se de um pedido de socorro, um sinal de alerta. Por trás dos números positivos - que refor-çam a convicção de que juízes e desembargadores de São Paulo são movidos por sólidos ideais, trabalham de forma obstinada e possuem elevada capacidade judicante - há um cenário desolador: outros números reveladores de que, sem mudanças significativas nas questões orçamentárias e estru-turais, o Judiciário estadual de São Paulo caminha para o colapso.

O processo lógico que fundamenta essa afirmação é clarividente. Os juízes e desembargadores paulistas supera-ram seus próprios limites de produtividade e de eficiência ao proferirem mais de 5 milhões de sentenças e quase 1 milhão de decisões em segundo grau. Com tamanho esforço, seria correto imaginar uma curva descendente no estoque de pro-

cessos. Entretanto, o ritmo ascendente prossegue. Em outras palavras, apesar do recorde de trabalho, o volume de pro-cessos que aguarda julgamento ficou ainda maior, revelan-do um quadro verdadeiramente assustador. Dito de maneira simples e direta, com os recursos existentes - de estrutura e de pessoal - não há muito mais o que fazer diante de tama-nha enxurrada de feitos.

Não é, no entanto, da índole dos juízes de São Paulo amedrontar-se diante dos desafios. Ao contrário, quando as ameaças se descortinam, o Judiciário de São Paulo busca alternativas. Foi assim no lamentável episódio de ataques terroristas perpetrados por uma facção criminosa que disse-minou pânico em maio de 2006. Naquele momento de ex-trema importância para a população, São Paulo contou com seus magistrados para sinalizar saídas legislativas e, princi-palmente, para assegurar o Estado Democrático de Direito.

Igualmente grave é o atual quadro crônico de falta de investimentos no Judiciário. Sem uma Justiça eficiente e cé-lere, o cidadão vê seus direitos serem reiteradamente viola-dos e a reparação aos danos suportados apenas ocorre depois de largo e injustificado lapso de tempo. Justiça tardia é quase sempre sinônimo de injustiça.

As saídas para esse cenário que se delineiam são sim-ples e ao mesmo tempo complexas. Simples porque se sabe exatamente o que é preciso: mais recursos, mais autonomia, mais planejamento e mais gestão. Complexas porque exi-gem a colaboração de todos, em especial do Legislativo e do Executivo.

O exemplo dado pelo Judiciário do Rio de Janeiro, que alcançou plena autonomia financeira, é elucidativo. Com mais investimentos, a Justiça fluminense tornou-se mais célere, mais eficiente e ainda mais produtiva. Ao contrário do que se poderia imaginar, isso não ocorreu com aumento de gastos, mas sim com as custas e taxas judiciárias, que passaram a ser integralmente revertidas para um fundo que consolida os investimentos necessários em informatização, treinamento e gestão.

Frise-se que investir mais no Judiciário não significa investir menos em saúde, educação e segurança pública. Ao contrário, quando existe uma Justiça forte, eficiente e célere, há menos espaço para desvios de recursos públicos, as leis são cumpridas por todos e o Estado fica ainda mais próximo do cidadão.

É por isso que a Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) se empenha em conscientizar a população e os demais Poderes de que Justiça não é gasto, é investimento. Sem juízes realmente fortes e independentes não existe de-mocracia verdadeira nem direitos realmente preservados. É preciso dar aos juízes de São Paulo instrumentos para que possam continuar fazendo o mesmo trabalho brilhante de sempre, só que para todos os paulistas indistintamente e, nas palavras da própria Constituição federal, com uma “duração razoável”.

PRESIDENTE DA APAMAGIS

o tEMpo - p. A2 - 04.10.2010

Justiça muito além de números

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No último levantamento estatístico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), chama a atenção o crescimento vertiginoso da população carcerária. Nos últimos cin-co anos, o número de presos cresceu 37%. Com um total de 494.598 pessoas encar-ceradas, o Brasil tem a terceira maior po-pulação carcerária do mundo. Só fica atrás dos Estados Unidos, que têm 2.297.400 presos, e da China, com 1.629.000.

Dos 494.598 presos no Brasil, 56% já foram condenados e estão cumprindo pena e 44% são presos provisórios, que aguardam o julgamento de seus proces-sos. O crescimento da população carcerá-ria mostra que as polícias civil e militar têm sido mais eficientes no combate à cri-minalidade, o que resulta no aumento do número de condenados pela Justiça. Esse é o lado positivo do levantamento do CNJ. O problema é que, apesar da construção de novos estabelecimentos penais pela União e pelos governos estaduais, o sis-tema prisional continua abarrotado e não tem como receber mais presos. Esse é o aspecto mais sombrio do quadro exibido pela pesquisa.

A taxa média de ocupação do siste-ma prisional é de 1,65 preso por vaga. Na América Latina, o Brasil só perde, nesse item, para a Bolívia, que tem uma taxa de 1,66. Ou seja, há mais gente presa do que o número de vagas nas penitenciárias e cadeiões. Por isso, 57.195 pessoas estão cumprindo pena em delegacias, cujas car-ceragens não contam com infraestrutura adequada. Uma das metas estabelecidas pelo CNJ para as Justiças estaduais e fe-deral, em 2010, é reduzir a zero o número de presos em delegacias. O levantamen-to estatístico mostra que a meta não será cumprida.

Segundo as estimativas do Departa-mento Penitenciário do Ministério da Jus-tiça, o déficit no sistema prisional hoje é superior a 170 mil vagas. Além disso, há cerca de 500 mil mandados de prisão ex-pedidos pela Justiça, mas não cumpridos. A falta de vagas e a superlotação dos es-tabelecimentos penais, decorrente do sig-nificativo aumento do número de pessoas condenadas pela Justiça, estão entre os principais fatores responsáveis pelo alto

índice de reincidência criminal no País. Em alguns Estados, segundo estudos do Conselho Nacional de Política Criminal, 70% dos presos que deixam a prisão vol-tam a delinquir - na Europa e nos Estados Unidos a taxa média de reincidência é de 16%.

A crise do sistema prisional foi agra-vada nos últimos anos pelas mudanças ocorridas no perfil da criminalidade. Se-gundo o levantamento do CNJ, entre 2000 e 2010, o número de presos envolvidos com tráfico de drogas pulou de 9% para 22% da população carcerária (entre as mulheres, o aumento foi de 60%). Isso ocorreu porque, em decorrência da expan-são do narcotráfico, em 2006 o Congresso aumentou o rigor da legislação penal, ele-vando a pena mínima de três para cinco anos de reclusão para os traficantes e li-mitando a concessão de liberdade provi-sória.

A conjugação de sanções mais seve-ras e menos benefícios agravou o proble-ma da superlotação do sistema prisional. Ele é tão grave que o Brasil responde a vá-rias denúncias nos órgãos que compõem o Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos. As penitenciárias de Rondônia, que estão entre as mais abar-rotadas do País e onde têm ocorrido san-grentas rebeliões, já foram denunciadas à Comissão de Direitos Humanos da OEA. Também há processos abertos contra o Estado brasileiro por causa de maus-tratos de presos em prisões do Espírito Santo, que tramitam na Corte Interamericana de Direitos Humanos, em San José, na Costa Rica.

Para desafogar as prisões, funcioná-rios do Executivo vêm estimulando os juízes criminais a reduzir o número de prisões provisórias, a aplicar penas alter-nativas e a permitir o monitoramento de presos de baixa periculosidade por meio de tornozeleiras eletrônicas. Mas, como lembra Luciano Losekann, do Departa-mento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do CNJ, para que essas medidas sejam eficazes é preciso uma política penitenciária articulada que envolva a União, os Estados e o Judici-ário.

EStAdo dE Sp - p. A3 - 03.10.2010

Prisões superlotadas

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