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METODOLOGIA DE PESQUISA
EM LAZER E TURISMO
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
Tradução
Gleice Guerra
Mariana Aldrigui
A. J. Veal
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Copyright © Longman Group Limited, 1992
Copyright © Financial Times Professional Limited, 1997
Copyright © Pearson Education Limited, 2006
Copyright © Editora Aleph, 2011
(edição em língua portuguesa para o Brasil)
TÍTULO ORIGINAL: Research methods for leisure and tourism
CAPA: Luiza Franco
AQUARELA DE CAPA: Meire de Oliveira
COPIDESQUE: Tânia Rejane A. Gonçalves
REVISÃO: Hebe Ester Lucas
PROJETO GRÁFICO: Neide Siqueira
EDITORAÇÃO: Join Bureau
EDITORES DE TURISMO: Guilherme Lohmann
Alexandre Panosso Netto
COORDENAÇÃO EDITORIAL: Débora Dutra Vieira
Marcos Fernando de Barros Lima
DIREÇÃO EDITORIAL: Betty Fromer Piazzi
Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios.
Publicado mediante acordo com Pearson Education Limited. Edinburgh Gate, Harlow, Essex CM20 2JE.
EDITORA ALEPH LTDA.Rua Dr. Luiz Migliano, 1110 – Cj. 30105711-900 – São Paulo – SP – Brasil
Tel.: [55 11] 3743-3202Fax: [55 11] 3743-3263
www.editoraaleph.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Veal, A. J.Metodologia de pesquisa em lazer e turismo / A. J. Veal ; tradução Gleice Guerra, Mariana
Aldrigui. – São Paulo : Aleph, 2011. – Série turismo)
Título original: Research methods for leisure and tourism.Bibliografi a.ISBN 978-85-7657-107-0
1. Lazer – Pesquisa 2. Pesquisa – Metodologia 3. Turismo – Pesquisa I. Título. II. Série.
10-12947 CDD-790.072
Índices para catálogo sistemático:
1. Lazer e turismo : Métodos de pesquisa 790.0722. Lazer e turismo : Pesquisa : Metologia 790.072
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SUMÁRIO
Introdução à edição brasileira ............................................................................................... 21
Prefácio .................................................................................................................................. 23
1. INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
Resumo ........................................................................................................................ 26
1.1 Introdução ........................................................................................................ 26
1.2 O que é pesquisa? ............................................................................................. 27
1.2.1 Defi nição de pesquisa ....................................................................... 27
1.2.2 Pesquisa científi ca ............................................................................. 28
1.2.3 Pesquisa em ciências sociais ............................................................ 28
1.2.4 Três tipos de pesquisa ....................................................................... 29
1.2.4.1. Pesquisa descritiva ............................................................ 29
1.2.4.2. Pesquisa explicativa .......................................................... 30
1.2.4.3. Pesquisa avaliativa ............................................................ 31
1.3 Por que estudar pesquisa? ............................................................................... 31
1.3.1 Em geral .............................................................................................. 31
1.3.2 Pesquisa em processos de defi nição de políticas,
planejamento e gestão ...................................................................... 32
1.3.3 Formatos de pesquisa em diferentes contextos .............................. 38
1.4 Quem pesquisa? ............................................................................................... 40
1.4.1 Acadêmicos ........................................................................................ 41
1.4.2 Estudantes .......................................................................................... 42
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
1.4.3 Organizações públicas e privadas .................................................... 43
1.4.4 Consultores ........................................................................................ 43
1.4.5 Gestores .............................................................................................. 43
1.4.6 Acadêmicos e o mundo da prática: a importância de
pesquisas publicadas para o planejamento e a gestão ................... 45
Questões ...................................................................................................................... 46
Exercícios .................................................................................................................... 46
Para saber mais ........................................................................................................... 47
2. ABORDAGENS DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
Resumo ........................................................................................................................ 50
2.1 Introdução ........................................................................................................ 50
2.2 As tradições disciplinares da pesquisa em turismo e lazer .......................... 51
2.2.1 Introdução .......................................................................................... 51
2.2.2 Estrutura interdisciplinar .................................................................. 51
2.2.3 Disciplinas no estudo de lazer e turismo ......................................... 52
2.3 Sociologia ......................................................................................................... 53
2.3.1 Sociologia do lazer I: pesquisas sociais e modelos
quantitativos ...................................................................................... 54
2.3.2 Sociologia do lazer II: explicando os motivos ................................. 55
2.3.3 Sociologia do lazer III: abordagem crítica ....................................... 56
2.3.4 Sociologia do turismo ....................................................................... 59
2.4 Geografi a .......................................................................................................... 60
2.5 Economia .......................................................................................................... 62
2.6 Psicologia/Psicologia social ............................................................................ 63
2.7 História e antropologia .................................................................................... 65
2.8 Ciências políticas ............................................................................................. 66
2.9 Abordagens e dimensões................................................................................. 66
2.9.1 Pesquisa teórica e aplicada ............................................................... 67
2.9.2 Pesquisa empírica e não empírica ................................................... 67
2.9.3 Indução e dedução ............................................................................ 68
2.9.4 Pesquisa descritiva e explicativa ...................................................... 71
2.9.5 Pesquisa positivista e interpretativa ................................................ 72
2.9.6 Métodos experimentais e não experimentais ................................. 73
2.9.7 Dados primários e secundários ........................................................ 74
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SUMÁRIO
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2.9.8 Autoavaliação e observação .............................................................. 75
2.9.9 Pesquisa qualitativa e quantitativa .................................................. 75
2.9.10 Validade e confi abilidade .................................................................. 77
Questões ...................................................................................................................... 78
Exercícios .................................................................................................................... 78
Para saber mais ........................................................................................................... 79
3. O INÍCIO: PROJETOS E PLANEJAMENTO DE PESQUISA
Resumo ........................................................................................................................ 82
3.1 Introdução – O processo de pesquisa ............................................................ 82
3.2 Planejando um projeto de pesquisa ............................................................... 82
3.2.1 Seleção do tema ................................................................................. 83
3.2.2 Revisão bibliográfi ca ......................................................................... 91
3.2.3 Delimitação da estrutura conceitual ............................................... 93
3.2.4 Defi nição da(s) questão(ões) da pesquisa ....................................... 104
3.2.5 Relação das necessidades de informação ........................................ 108
3.2.6 Defi nição da estratégia de pesquisa ................................................. 109
3.2.7 Aprovação ética .................................................................................. 112
3.2.8 Condução da pesquisa ...................................................................... 118
3.2.9 Relato das descobertas ...................................................................... 119
3.3 Propostas de pesquisa ..................................................................................... 119
3.3.1 Introdução .......................................................................................... 119
3.3.2 Propostas de pesquisas autônomas ................................................. 120
3.3.3 Propostas responsivas – termos de referência e licitações ............. 120
3.4 Estudos de caso – Planejamento de projeto de pesquisa ............................. 123
Questões ...................................................................................................................... 124
Exercícios .................................................................................................................... 124
Para saber mais ........................................................................................................... 125
4. AMPLITUDE DOS MÉTODOS DE PESQUISA
Resumo ........................................................................................................................ 144
4.1 Introdução – Cada macaco no seu galho ....................................................... 144
4.2 Principais métodos de pesquisa ..................................................................... 146
4.2.1 Estudo científi co ................................................................................ 146
4.2.2 “Refl exão” ........................................................................................... 146
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
4.2.3 Fontes existentes – uso da bibliografi a ............................................ 147
4.2.4 Fontes existentes – dados secundários ............................................ 147
4.2.5 Observação ........................................................................................ 148
4.2.6 Métodos qualitativos ......................................................................... 149
4.2.7 Sondagens com aplicação de questionário ..................................... 150
4.3 Técnicas secundárias e transversais............................................................... 152
4.3.1 Sondagem por cupom/estudos de conversão ................................ 153
4.3.2 Sondagens no trajeto/interceptação ............................................... 153
4.3.3 Sondagens de orçamento de horas .................................................. 153
4.3.4 Método de amostragem por experiência ......................................... 153
4.3.5 Estudos tipo painel ............................................................................ 154
4.3.6 Estudos longitudinais ........................................................................ 154
4.3.7 Sondagens patrocinadas pela imprensa .......................................... 155
4.3.8 Pesquisa-ação .................................................................................... 155
4.3.9 Pesquisa histórica .............................................................................. 156
4.3.10 Análise de texto .................................................................................. 156
4.3.11 Técnica Delphi ................................................................................... 156
4.3.12 Técnicas projetivas ............................................................................ 157
4.3.13 Uso de escalas .................................................................................... 157
4.3.14 Meta-análise....................................................................................... 158
4.4 Métodos múltiplos ........................................................................................... 159
4.4.1 Triangulação ...................................................................................... 159
4.4.2 Estudo de caso ................................................................................... 160
4.4.3 Estudos de caso na prática ................................................................ 167
4.5 Escolha do método .......................................................................................... 170
4.5.1 Questões de pesquisa ou hipóteses ................................................. 170
4.5.2 Pesquisas anteriores .......................................................................... 170
4.5.3 Dados disponíveis/acesso ................................................................ 170
4.5.4 Recursos ............................................................................................. 171
4.5.5 Tempo ................................................................................................. 171
4.5.6 Validade, confi abilidade e generalização ........................................ 171
4.5.7 Ética .................................................................................................... 171
4.5.8 Usos/usuários das descobertas ........................................................ 172
Questões ...................................................................................................................... 172
Exercícios .................................................................................................................... 173
Para saber mais ........................................................................................................... 173
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SUMÁRIO
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5. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Resumo ........................................................................................................................ 176
5.1 Introdução – Uma tarefa essencial ............................................................................ 176
5.2 O valor das bibliografi as .................................................................................. 177
5.3 Busca ................................................................................................................. 178
5.3.1 Catálogos de bibliotecas ................................................................... 178
5.3.2 Publicações de bibliografi a ............................................................... 179
5.3.3 Diretórios de publicações e bancos de dados eletrônicos ............. 179
5.3.4 Internet ............................................................................................... 180
5.3.5 Livros gerais sobre lazer/turismo ..................................................... 180
5.3.6 Listas de referências .......................................................................... 181
5.3.7 Além de lazer e turismo ..................................................................... 182
5.4 Obtenção de cópias do material ..................................................................... 182
5.5 Compilação e manutenção da bibliografi a ................................................... 183
5.6 Levantamento bibliográfi co ............................................................................ 183
5.6.1 Tipos de pesquisa bibliográfi ca ........................................................ 184
5.6.2 Leitura crítica e criativa ..................................................................... 187
5.6.3 Apresentação do resumo .................................................................. 189
5.7 Referências bibliográfi cas ............................................................................... 190
5.7.1 Para que servem? ............................................................................... 190
5.7.2 Elaborando referências ..................................................................... 191
5.7.3 Citações e notas ................................................................................. 195
Questões ...................................................................................................................... 198
Exercícios .................................................................................................................... 199
Para saber mais ........................................................................................................... 199
6. DADOS SECUNDÁRIOS: FONTES E ANÁLISE
Resumo ........................................................................................................................ 202
6.1 Introdução ........................................................................................................ 202
6.2 Sondagens nacionais de participação em lazer ............................................ 204
6.2.1 O fenômeno da sondagem nacional de lazer .................................. 204
6.2.2 Validade e confi abilidade .................................................................. 211
6.2.3 Tamanho da amostra ......................................................................... 212
6.2.4 Questão principal: período de referência da participação ............ 212
6.2.5 Faixa etária ......................................................................................... 213
6.2.6 Atividades individuais e limitações do tamanho da amostra ........ 214
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
6.2.7 Características sociais ....................................................................... 214
6.2.8 A importância das sondagens de participação ............................... 214
6.3 Sondagens de turismo ..................................................................................... 214
6.4 Sondagens econômicas ................................................................................... 219
6.5 Censo populacional ......................................................................................... 219
6.5.1 Planejamento das facilidades e a condução de estudos
de viabilidade ..................................................................................... 222
6.5.2 Área gerencial/marketing ................................................................. 222
6.5.3 Avaliação de desempenho ................................................................ 222
6.5.4 Segmentação de mercado ................................................................. 223
6.6 Gerenciamento de dados ................................................................................ 223
6.7 Fontes documentais ........................................................................................ 224
6.8 Uso de dados secundários............................................................................... 224
Questões ...................................................................................................................... 225
Exercícios .................................................................................................................... 225
Para saber mais ........................................................................................................... 226
7. OBSERVAÇÃO
Resumo ........................................................................................................................ 238
7.1 Introdução – A natureza e o propósito da pesquisa observatória ............... 238
7.2 Possibilidades ................................................................................................... 240
7.2.1 Brincadeiras de criança ..................................................................... 240
7.2.2 Uso de áreas informais de lazer/turismo......................................... 240
7.2.3 Uso espacial e funcional de locais .................................................... 242
7.2.4 Perfi l de usuário ................................................................................. 244
7.2.5 Comportamento desviante ............................................................... 244
7.2.6 Teste de consumidor/incógnito ....................................................... 246
7.2.7 Pesquisa complementar .................................................................... 247
7.2.8 Rotina ................................................................................................. 247
7.2.9 Comportamento social ..................................................................... 248
7.3 Principais elementos da pesquisa observatória ............................................ 248
7.3.1 Passo 1: Escolha do(s) local(is) ........................................................ 249
7.3.2 Passo 2: Escolha do(s) ponto(s) de observação ............................... 249
7.3.3 Passo 3: Escolha do(s) período(s) de observação ............................ 249
7.3.4 Passo 4: Observação contínua ou amostral? ................................... 250
7.3.5 Passo 5: Frequência da contagem .................................................... 250
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SUMÁRIO
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7.3.6 Passo 6: O que observar..................................................................... 251
7.3.7 Passo 7: Divisão do local em zonas .................................................. 252
7.3.8 Passo 8: Registro da informação da observação ............................. 253
7.3.9 Passo 9: Condução da observação ................................................... 254
7.3.10 Passo 10: Análise dos dados .............................................................. 255
7.4 Fotografi a e vídeo ............................................................................................. 258
7.4.1 Fotografi a aérea ................................................................................. 258
7.4.2 Fotografi a simples ............................................................................. 259
7.4.3 Vídeos ................................................................................................. 259
7.4.4 Fotografi a time-lapsed ...................................................................... 259
7.5 Visão .................................................................................................................. 260
Questões ...................................................................................................................... 260
Exercícios .................................................................................................................... 261
Para saber mais ........................................................................................................... 261
8. MÉTODOS QUALITATIVOS
Resumo ........................................................................................................................ 264
8.1 Introdução – Qualidades e usos ...................................................................... 265
8.2 Méritos dos métodos qualitativos .................................................................. 267
8.3 Processo de pesquisa qualitativa .................................................................... 268
8.4 Variedade de métodos – Introdução .............................................................. 269
8.5 Entrevistas em profundidade.......................................................................... 271
8.5.1 Natureza ............................................................................................. 271
8.5.2 Finalidades e situações ..................................................................... 271
8.5.3 Roteiro ................................................................................................ 271
8.5.4 Processo de entrevista ....................................................................... 272
8.5.5 Registro ............................................................................................... 274
8.6 Grupos focais ................................................................................................... 274
8.6.1 Natureza ............................................................................................. 274
8.6.2 Finalidades ......................................................................................... 274
8.6.3 Métodos ............................................................................................. 275
8.7 Observação participante ................................................................................. 275
8.7.1 Natureza ............................................................................................. 275
8.7.2 Finalidades ......................................................................................... 275
8.7.3 Métodos .............................................................................................. 276
8.8 Análise de textos .............................................................................................. 276
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
8.8.1 Natureza ............................................................................................. 276
8.8.2 Romances e outras literaturas .......................................................... 277
8.8.3 Cobertura da mídia de massa ........................................................... 277
8.8.4 Filme ................................................................................................... 278
8.8.5 Material cultural ................................................................................ 278
8.9 Pesquisa biográfi ca .......................................................................................... 278
8.9.1 Natureza ............................................................................................. 278
8.9.2 Biografi a/autobiografi a ..................................................................... 278
8.9.3 História oral ....................................................................................... 279
8.9.4 Trabalho de memória ........................................................................ 279
8.9.5 Histórias de domínio pessoal ........................................................... 279
8.10 Etnografi a ......................................................................................................... 280
8.11 Análise de dados qualitativos ......................................................................... 280
8.11.1 Introdução .......................................................................................... 280
8.11.2 Armazenamento de dados e confi dencialidade ............................. 281
8.11.3 Exemplo de estudo de caso ............................................................... 282
8.12 Métodos manuais de análise .......................................................................... 285
8.12.1 Introdução .......................................................................................... 285
8.12.2 Leitura................................................................................................. 285
8.12.3 Temas emergentes ............................................................................. 285
8.12.4 Mecânica ............................................................................................ 286
8.12.5 Análise ................................................................................................ 287
8.13 Análise qualitativa usando software – introdução ........................................ 289
8.14 NVivo ................................................................................................................ 290
8.14.1 Introdução .......................................................................................... 290
8.14.2 Rodando o software NVivo ................................................................ 290
8.14.3 Início ................................................................................................... 291
8.14.4 Criação de um projeto ....................................................................... 291
8.14.5 Criação de documentos .................................................................... 293
8.14.6 Atributos do documento ................................................................... 294
8.14.7 Confi guração de um sistema de codifi cação ................................... 295
8.14.8 Codifi cação do texto .......................................................................... 299
8.14.9 Análise ................................................................................................ 300
Questões ...................................................................................................................... 305
Exercícios .................................................................................................................... 305
Para saber mais ........................................................................................................... 306
Apêndice 8.1 Exemplo de roteiro para entrevista em profundidade...................... 307
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SUMÁRIO
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9. SONDAGENS COM QUESTIONÁRIO
Resumo ........................................................................................................................ 310
9.1 Introdução ........................................................................................................ 310
9.1.1 Importância e limitações .................................................................. 311
9.1.2 Méritos dos métodos de questionário ............................................. 312
9.1.3 Questionário preenchido pelo entrevistador ou pelo
respondente? ...................................................................................... 313
9.1.4 Tipos de sondagem com questionário ............................................. 315
9.2 Sondagem domiciliar com questionário ....................................................... 317
9.2.1 Natureza ............................................................................................. 317
9.2.2 Condução ........................................................................................... 317
9.2.3 Sondagens múltiplas ......................................................................... 318
9.2.4 Estudos de orçamento de horas ....................................................... 319
9.3 Sondagem de rua ............................................................................................. 319
9.3.1 Natureza ............................................................................................. 319
9.3.2 Condução ........................................................................................... 319
9.3.3 Amostragem por cota ........................................................................ 320
9.4 Sondagem por telefone ................................................................................... 321
9.4.1 Natureza ............................................................................................. 321
9.4.2 Condução ........................................................................................... 321
9.5 Sondagem por correspondência .................................................................... 322
9.5.1 Natureza ............................................................................................. 322
9.5.2 Problema dos baixos índices de resposta ........................................ 323
9.6 Sondagens eletrônicas ..................................................................................... 326
9.7 Sondagem com usuário/visitante/de local ................................................... 327
9.7.1 Natureza ............................................................................................. 327
9.7.2 Condução ........................................................................................... 328
9.7.3 Utilização das sondagens com usuários .......................................... 329
9.8 Sondagem de grupos cativos .......................................................................... 331
9.8.1 Natureza ............................................................................................. 331
9.8.2 Condução ........................................................................................... 332
9.9 Projeto do questionário ................................................................................... 332
9.9.1 Introdução: problemas de pesquisa e necessidades
de informação .................................................................................... 332
9.9.2 Tipos de informação .......................................................................... 333
9.9.3 Redação das perguntas ..................................................................... 335
9.9.4 Perguntas comuns ............................................................................. 340
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
9.10 Ordem das perguntas e disposição dos questionários ................................. 356
9.10.1 Comentários introdutórios ............................................................... 356
9.10.2 Ordem ................................................................................................. 357
9.10.3 Disposição .......................................................................................... 357
9.11 Codifi cação ....................................................................................................... 358
9.11.1 Perguntas de múltipla escolha ......................................................... 359
9.11.2 Perguntas abertas .............................................................................. 359
9.11.3 Registrando informações codifi cadas .............................................. 360
9.12 Validade dos dados a partir de questionários ................................................ 363
9.13 Arranjos do trabalho de campo ...................................................................... 365
9.14 Condução de uma sondagem piloto .............................................................. 369
Questões ...................................................................................................................... 370
Exercícios .................................................................................................................... 371
Para saber mais ........................................................................................................... 371
10. AMOSTRAGEM
Resumo ........................................................................................................................ 380
10.1 Introdução ........................................................................................................ 380
10.2 A ideia de amostragem .................................................................................... 380
10.3 Amostras e população ..................................................................................... 381
10.4 Representatividade .......................................................................................... 382
10.4.1 Amostragem para sondagem domiciliar ......................................... 382
10.4.2 Amostragem para sondagem de local/usuário/visitante ............... 383
10.4.3 Sondagem de rua e amostragem por cota ....................................... 385
10.4.4 Amostragem para sondagem por correio ........................................ 385
10.5 Tamanho da amostra ....................................................................................... 386
10.5.1 Nível de precisão – Intervalos de confi ança .................................... 386
10.5.2 Detalhamento da análise proposta .................................................. 391
10.5.3 Orçamento ......................................................................................... 391
10.6 Tamanho da amostra e populações pequenas .............................................. 392
10.7 Ponderação ....................................................................................................... 394
10.7.1 Amostragem para pesquisa qualitativa ........................................... 395
Questões ...................................................................................................................... 397
Exercícios .................................................................................................................... 397
Para saber mais ........................................................................................................... 397
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SUMÁRIO
17
Apêndice 10.1 Apêndice sugerido sobre tamanho da amostra e
intervalos de confi ança ................................................................................... 398
11. ANÁLISE DE SONDAGENS
Resumo ........................................................................................................................ 400
11.1 Introdução – SPSS ............................................................................................. 400
11.2 Preparação ........................................................................................................ 402
11.2.1 Casos e variáveis ................................................................................ 402
11.2.2 Determinando variáveis .................................................................... 403
11.2.3 Começando ........................................................................................ 409
11.2.4 Inserindo informações sobre variáveis – Janela para
visualização da variável ..................................................................... 409
11.2.5 Salvando o trabalho ........................................................................... 411
11.2.6 Inserindo dados – Janela para visualização de dados..................... 411
11.3 Análise de dados de sondagem e tipos de pesquisa ..................................... 411
11.3.1 Pesquisa descritiva ............................................................................ 412
11.3.2 Pesquisa explicativa ........................................................................... 412
11.3.3 Pesquisa avaliativa ............................................................................. 413
11.3.4 Sobreposições .................................................................................... 413
11.3.5 Confi abilidade ................................................................................... 414
11.4 Procedimentos SPSS ......................................................................................... 414
11.4.1 Iniciando uma sessão de análise SPSS .............................................. 414
11.4.2 Frequências ........................................................................................ 415
11.4.3 Verifi cação de erros ........................................................................... 417
11.4.4 Múltiplas respostas ............................................................................ 417
11.4.5 Recodifi cação ..................................................................................... 419
11.4.6 Médias ................................................................................................ 423
11.4.7 Apresentação dos resultados: resumo estatístico ........................... 424
11.4.8 Tabulação cruzada ............................................................................. 427
11.4.9 Ponderação ........................................................................................ 430
11.4.10 Gráfi cos............................................................................................... 431
11.5 Processo de análise .......................................................................................... 435
Questões ...................................................................................................................... 436
Exercícios .................................................................................................................... 436
Para saber mais ........................................................................................................... 437
Apêndice 11.1 Arquivo de resultado das frequências do SPSS ................................. 438
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18
METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
12. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Resumo ........................................................................................................................ 446
12.1 Introdução ........................................................................................................ 446
12.2 Abordagem estatística ..................................................................................... 447
12.2.1 Estimativas probabilísticas ............................................................... 447
12.2.2 Distribuição normal .......................................................................... 448
12.2.3 Signifi cância ....................................................................................... 450
12.2.4 Hipótese nula ..................................................................................... 451
12.2.5 Variáveis dependentes e independentes ......................................... 452
12.3 Testes estatísticos ............................................................................................. 453
12.3.1 Quais testes? ....................................................................................... 453
12.3.2 Qui-quadrado .................................................................................... 454
12.3.3 Comparação de duas médias: teste t ............................................... 460
12.3.4 Diversas médias: análise unilateral de variância (ANOVA) .............. 465
12.3.5 Uma tabela de médias: análise fatorial de variância (ANOVA) ........ 469
12.3.6 Correlação .......................................................................................... 472
12.3.7 Regressão linear ................................................................................. 477
12.3.8 Regressão múltipla ............................................................................ 484
12.3.9 Análise cluster e fatorial .................................................................... 486
12.4 Conclusão ......................................................................................................... 489
Exercícios .................................................................................................................... 490
Para saber mais ........................................................................................................... 490
Apêndice 12.1 Detalhes do exemplo de arquivo de dados utilizado –
Detalhes das variáveis e dos dados ................................................................ 491
Apêndice 12.2 Fórmulas estatísticas ......................................................................... 497
13. RELATÓRIO DE PESQUISA
Resumo ........................................................................................................................ 500
13.1 Introdução ........................................................................................................ 500
13.2 Começando ...................................................................................................... 502
13.3 Componentes do relatório .............................................................................. 502
13.3.1 Capa .................................................................................................... 502
13.3.2 Folha de rosto..................................................................................... 505
13.3.3 Sumário .............................................................................................. 505
13.3.4 Resumo ............................................................................................... 506
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SUMÁRIO
19
13.3.5 Prefácio/Apresentação ...................................................................... 507
13.3.6 Agradecimentos ................................................................................. 507
13.4 Parte principal dos relatórios: aspectos técnicos .......................................... 507
13.4.1 Numeração de seções ........................................................................ 508
13.4.2 Numeração de parágrafos ................................................................. 508
13.4.3 Listas de tópicos ................................................................................ 508
13.4.4 Numeração de páginas ...................................................................... 509
13.4.5 Cabeçalhos e rodapés ........................................................................ 509
13.4.6 Hierarquia de títulos.......................................................................... 509
13.4.7 Formatação e espaçamento da digitação ........................................ 510
13.4.8 Tabelas e gráfi cos ............................................................................... 510
13.4.9 Referências ......................................................................................... 513
13.4.10 Quem? ................................................................................................ 513
13.5 Corpo do texto: estrutura e conteúdo ............................................................ 513
13.5.1 Estrutura ............................................................................................. 513
13.5.2 Entre métodos e resultados .............................................................. 515
13.5.3 Público e estilo ................................................................................... 516
13.5.4 Funções do relatório: narrativa e registro ........................................ 516
13.5.5 Conclusão ........................................................................................... 519
13.6 Outras mídias ................................................................................................... 519
13.7 Comentário fi nal .............................................................................................. 520
Exercícios .................................................................................................................... 520
Para saber mais ........................................................................................................... 520
Referências ........................................................................................................................... 521
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21
INTRODUÇÃO ÀEDIÇÃO BRASILEIRA
Existe certa crítica justifi cada de que a pesquisa acadêmica/científi ca em lazer e tu-rismo no Brasil precisa amadurecer, apesar de todo o esforço que muitos programas de graduação e pós-graduação, acadêmicos, pesquisadores e associações de pesquisa em-preenderam para o avanço dessas áreas na última década.
Parte dessa crítica está fundada em dois motivos principais: falta de um melhor entendimento do corpo teórico-conceitual, que está disponível na literatura interna-cional sobre lazer e turismo; e pouco conhecimento e uso de uma metodologia de pesquisa mais ampla e sofi sticada. No que tange aos aspectos teórico-conceituais, a Aleph – editora com mais títulos acadêmicos/científi cos sobre turismo publicados no Brasil – lançou, em 2008, o livro Teoria do Turismo: conceitos, modelos e sistemas. Agora, decidiu publicar um livro que aportasse sólido embasamento científi co e técnico ao arcabouço metodológico da pesquisa em lazer e turismo.
A escolha pela tradução da obra do professor Anthony Veal ocorreu por duas ra-zões. A primeira, é a de que, não obstante a evidente evolução do uso de métodos de pesquisa em lazer e turismo no Brasil, nossos principais pesquisadores e centros de pesquisa ainda possuem, com raras exceções, uma forte tendência de abarcar o lazer e o turismo com acentuado senso descritivo, sem necessariamente apresentar técnicas sofi sticadas de coleta e análise das informações que possibilitem um estudo crítico e fundamentado. Dessa forma, ferramentas amplamente utilizadas na análise de dados qualitativos e quantitativos pelas ciências sociais ainda não foram plenamente incor-poradas à pesquisa em lazer e turismo. Apenas para citar um exemplo, o uso de softwa-res como SPSS e N-Vivo, descritos neste livro, raramente são aplicados nas publicações científi cas, teses, dissertações e trabalhos de conclusão de curso em nossa área. Assim, neste momento, publicar um autor estrangeiro nos pareceu a melhor opção.
A segunda razão foi que, apesar de existirem pelo menos três bons livros publica-dos em inglês sobre o tema, esta obra já se encontra em sua quarta edição – a ser lan-
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22
METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
çada em inglês no ano de 2011 (a presente tradução se baseia na terceira edição) –, e que seu conteúdo tem evoluído signifi cativamente a cada nova edição. Ademais, a pró-pria estrutura dos capítulos, quase em formato de um roteiro em que os diversos as-pectos metodológicos são explicados passo a passo, pareceu-nos mais adequada não só para ser adotada na disciplina de Metodologia de Pesquisa, mas também para que pesquisadores independentes possam ser bem-sucedidos ao explorar o rico universo da metodologia de pesquisa, principalmente nas áreas das ciências sociais aplicadas e ciências humanas.
Ao ler e, principalmente, ao estudar essa obra, esperamos que o leitor aprecie o enorme trabalho desenvolvido pela equipe da editora Aleph, a começar pela própria tradução, que foi muito bem executada, passando pelo nosso trabalho meticuloso como editores, quando, em determinados momentos, inclusive contatamos o próprio autor para obter alguns esclarecimentos. Dentro do possível, não medimos esforços para adaptar a obra para a realidade brasileira. Neste sentido, agradecemos à profes-sora Valéria Barbosa de Magalhães (Curso de Lazer e Turismo da EACH/USP) pela cola-boração com a inclusão do texto sobre as normas da ABNT, no Capítulo 5. Por outro lado, no Capítulo 11, infelizmente não conseguimos cópias dos softwares SPSS e N-Vivo em português para traduzir as fi guras apresentadas no original. De qualquer forma, muitos leitores acabarão eventualmente utilizando cópias do software em inglês; ou mesmo aqueles que vierem a fazê-lo com a versão em português perceberão que o mais difícil não será a falta de tradução desses comandos, mas “quebrar a cabeça” para decifrar os processos utilizados para se chegar aos resultados almejados. Para aqueles que chegarem lá, podem ter certeza de que se divertirão muito “brincando” com nú-meros e palavras.
Este é um livro fundamental para estar na biblioteca de nossas instituições e nas mãos de todo acadêmico sério em lazer e turismo, seja ele discente do último ano de graduação, pós-graduando ou pesquisador-doutor.
Boa leitura e bons estudos!
Novembro de 2010.
Guilherme LohmannSchool of Tourism and Hospitality Management,
Southern Cross University, Austrália
Alexandre Panosso NettoEscola de Artes, Ciências e Humanidades,
Universidade de São Paulo
Editores de Turismo da Editora Aleph
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23
PREFÁCIO
A primeira edição do livro Metodologia de pesquisa em lazer e turismo foi publicada em meados de 1992, e a segunda em 1997. Nesta edição, diversas alterações foram feitas, entre elas:
• atualização das diretrizes do Statistical Package for the Social Sciences1 (SPSS) para a versão 12;
• acréscimo de mais detalhes sobre análise de dados qualitativos, incluindo um guia de utilização do programa de computador NVivo;
• utilização de exemplos concisos de estudos de casos de pesquisas na área de turismo e lazer tirados de publicações específi cas do setor.
Inúmeras outras mudanças foram feitas a partir da minha experiência e da de outras pessoas que dão aulas no ensino médio e na graduação com base neste livro. Sou particularmente grato ao meu colega da UTS, Dr. Simon Darcy, pelas diversas con-tribuições pertinentes para o desenvolvimento desta edição do livro.
O objetivo do livro permanece o mesmo: oferecer um texto de “como fazer” e, tam-bém, auxiliar a compreender como os resultados de pesquisas são gerados, a fi m de ajudar estudantes e gerentes atuantes a se benefi ciarem da pesquisa de outras pessoas.
A. J. VealUniversity of Technology, Sydney
Maio, 2005
1 Programas de computador (softwares) de Estatística para Ciências Sociais. [N. do T.]
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CAPÍTULO
Introdução à pesquisa: o quê, por que e quem?
1
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26
METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
■ ■ RESUMO
Este capítulo aborda o ”O quê?” da pesquisa, introduzindo e defi nindo seu con-ceito, e descreve três tipos de pesquisa que serão estudados neste livro: a des-critiva, a explicativa e a avaliativa. O ”Por quê?” da pesquisa é discutido, principalmente, no contexto da defi nição de políticas, planejamento e gestão, já que a maioria dos usuários do livro estudará para se colocar no mercado. As relações entre a pesquisa e as diversas etapas da defi nição de políticas, planeja-mento e gestão são discutidas usando o modelo racional-abrangente como es-trutura, destacando também as diversas formas que os relatórios de pesquisa podem assumir no ambiente gerencial. “Quem” conduz a pesquisa é um as-pecto importante e geralmente negligenciado: neste capítulo, os papéis dos aca-dêmicos, dos estudantes, das organizações públicas e privadas, dos consultores e dos gestores são discutidos.
1.1 ■ INTRODUÇÃO
Informação, conhecimento e entendimento a respeito do ambiente natural, social e econômico vêm se tornando a principal base de desenvolvimento cultural e material em sociedades e economias contemporâneas. A compreensão de como a informação e o conhecimento são gerados e utilizados, somada à habilidade de contribuir para essa base de informação e conhecimento por meio da pesquisa, podem, portanto, ser com-petências essenciais para gestores, em qualquer setor econômico, e um componente--chave da formação do profi ssional moderno. A pesquisa não é, no entanto, apenas um pacote de habilidades sem estrutura: ela existe e é desenvolvida em uma grande varie-dade de contextos sociais, políticos e econômicos.
O objetivo deste livro é oferecer uma introdução para o mundo da pesquisa social inserida no contexto do lazer e do turismo, vistos como negócios, temas de políticas públicas ou campos de investigação e refl exão acadêmica. A proposta é fornecer um guia para a condução de pesquisas, uma apreciação crítica da pesquisa teórica e apli-cada existente e um entendimento do papel da pesquisa nos processos de formulação de políticas, planejamento e gestão das atividades de turismo e lazer. O primeiro capí-tulo, portanto, dedica-se a responder a questões preliminares: o que é, por que é feita e quem faz pesquisa.
O foco do livro é lazer e turismo. Se, por um lado, a metodologia de pesquisa pode ser vista como universal, por outro, vários campos de pesquisa – incluindo estudosde lazer e turismo – desenvolveram suas próprias linhas metodológicas e corpos de conhecimento. Em algumas áreas de investigação a norma é realizar experiências de laboratório, enquanto em outras as sondagens sociais são mais comuns. Emboraa maioria dos princípios de pesquisa seja universal, um livro especializado, como
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INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
27
este, refl ete as tradições e práticas e se concentra em exemplos de aplicações relevan-tes de métodos em uma área específi ca, e nos problemas e questões que surgem em tais aplicações.
A área de lazer e turismo é enorme, englobando um amplo leque de atividades humanas individuais e coletivas. É uma área cheia de problemas conceituais – por exemplo, em alguns contextos a palavra recreação é usada como um sinônimo de lazer, mas em outros a recreação é vista como uma parte distinta e limitada do lazer ou, até, como completamente separada dele. Em alguns países, o termo tempo livre é asso-ciado preferencialmente à palavra lazer. Em algumas defi nições, turismo inclui viagens a negócios, enquanto em outras não. Em algumas situações, viagens de um dia são con-sideradas como turismo, embora em outras sejam excluídas do conceito. O objetivo deste livro é ser muito mais abrangente do que excludente.
O lazer engloba atividades como recreação; jogos; brincadeiras; envolvimento em esportes e artes, como espectador, público ou participante; uso de mídia eletrônica e impressa; entretenimento ao vivo; hobbies; sociabilização; ato de beber; jogos de azar; visita a pontos turísticos; passeio a parques, litoral e campo; bricolagem; artes e ativi-dades manuais; atividades em casa e fora dela; atividades com propósitos comerciais ou não; e a opção de não fazer nada em particular.
O turismo é visto, essencialmente, como uma atividade de lazer que envolve uma viagem para longe do local normal de residência de uma pessoa. Mas o turismo tam-bém compreende atividades como viagens a negócios, participações em eventos e vi-sitas a amigos e parentes: nesses casos, a pessoa, no mínimo e invariavelmente, envolve-se em atividades de lazer como complemento às atividades que foram as principais motivadoras da viagem. Considerando-se que este livro trata de turismo e lazer, excursões1 estão incluídas, independentemente de serem consideradas como parte do turismo. Lazer e turismo são atividades realizadas por indivíduos e grupos, mas também é um setor de serviços que envolve os setores público, privado e o ter-ceiro setor.
A maior parte do livro está preocupada em como pesquisar. Assim, o objetivo deste capítulo de abertura é apresentar “o quê, por que e quem” da pesquisa: O que é pes-quisa? Por que estudar pesquisa? Quem faz pesquisa?
1.2 ■ O QUE É PESQUISA?
1.2.1 Defi nição de pesquisa
O que é pesquisa? O sociólogo Norbert Elias (1986, p. 20) defi niu pesquisa em ter-mos de seus objetivos, da seguinte forma:
1 Viagens de um dia. [N. do T.]
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28
METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
O objetivo, da maneira como entendo, é o mesmo em todas as ciências. Dito de modo
rápido e simples, o objetivo é tornar conhecido algo anteriormente desconhecido à
raça humana. É avançar o conhecimento humano, para torná-lo mais preciso ou mais
apropriado […] O objetivo é […] a descoberta.
A descoberta – tornar conhecido algo anteriormente desconhecido – pode ocorrer
em inúmeras atividades, por exemplo, no trabalho de jornalistas ou de detetives. Elias,
entretanto, também indicou que a pesquisa é uma ferramenta da “ciência” e que seu
propósito é “avançar o conhecimento humano” – aspecto que distingue a pesquisa de
outras atividades investigativas.
1.2.2 Pesquisa científi ca
A pesquisa científi ca é a pesquisa conduzida seguindo regras e convenções da
ciência. Isso signifi ca que é baseada na lógica, na razão e na análise sistemática de
evidências. De forma ideal, o modelo científi co dita que os mesmos ou outros pes-
quisadores devem conseguir reproduzir a pesquisa, chegando a conclusões similares
(embora isso nem sempre seja possível ou viável). A pesquisa deve também contribuir
para o conhecimento cumulativo de uma área ou um assunto. Esse modelo de pes-
quisa científi ca se encaixa melhor em ciências naturais, como física ou química. Na
área de ciências sociais, que lida com pessoas como agentes sociais e membros de co-
munidades, o modelo científi co precisa ser adaptado e modifi cado e, em alguns
casos, abandonado.
1.2.3 Pesquisa em ciências sociais
A pesquisa em ciências sociais é conduzida utilizando métodos e tradições da ci-
ência social, que difere das ciências naturais por tratar de pessoas e de seus comporta-
mentos sociais; pessoas são menos previsíveis que fenômenos inumanos. Pessoas
podem saber a respeito de uma pesquisa realizada sobre elas e, portanto, deixarem de
ser objetos puramente passivos; podem reagir aos resultados da pesquisa e alterar seu
comportamento de acordo com eles. Pessoas em diferentes lugares no mundo e em
diferentes épocas agem de forma diferente. O mundo social está em constante mu-
dança, de modo que raramente é possível reproduzir uma pesquisa em uma época di-
ferente ou em um local diferente e obter resultados similares.
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INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
29
1.2.4 Três tipos de pesquisa
O termo descoberta utilizado por Elias (1986) pode ser visto, primeiro, como o pro-
cesso de investigação – a pesquisa pode, portanto, na sua forma mais simples, somente
fazer a descrição do que já existe. Mas para “avançar o conhecimento humano e torná-
lo mais preciso ou apropriado” é necessário mais do que o acúmulo de informações ou
fatos. O objetivo também é oferecer uma explicação – explicar por que as coisas são
como são e como elas poderiam ser. Neste livro, também existe a preocupação com a
terceira função de uma pesquisa, chamada de avaliação – isto é, medir o sucesso ou o
valor de políticas ou programas.
Os três tipos de pesquisas correspondem a essas três funções, conforme ilustrado
no Quadro 1.1. Em alguns casos, determinados projetos de pesquisa concentram-se
em apenas uma dessas funções, mas com frequência duas ou mais abordagens são
utilizadas no mesmo projeto de pesquisa.
Quadro 1.1 Tipos de pesquisa
1. Pesquisa descritiva Investigar, descrever o que é
2. Pesquisa explicativa Explicar como ou por que as coisas são como são (e usar essa informação para fazer previsões)
3. Pesquisa avaliativa Avaliar políticas e programas
1.2.4.1 Pesquisa descritiva
A pesquisa descritiva é muito comum na área de lazer e turismo por três motivos:
o caráter incipiente do ramo, a natureza mutante dos fenômenos estudados e a fre-
quente separação entre pesquisa e ação.
Como lazer e turismo são campos de estudo relativamente novos, há a necessi-
dade de mapear o território. Por essa razão, grande parte da pesquisa descritiva da área
pode ser considerada exploratória: procura descobrir, descrever ou mapear padrões de
comportamento em áreas ou atividades que não foram previamente estudadas. Expli-
cações sobre o que é descoberto, descrito ou mapeado são, em geral, deixadas para ser
trabalhadas em um próximo trabalho ou para outros pesquisadores.
Os fenômenos de lazer e turismo são passíveis de constantes mudanças. Mudam
com o passar do tempo, por exemplo: a popularidade de diferentes atividades de lazer
se modifi ca; as preferências de lazer de diferentes grupos sociais (como jovens ou mu-
lheres) se alteram; e muda o sucesso relativo de diferentes destinos turísticos. Por esse
motivo, existe um grande esforço das pesquisas em rastrear – ou monitorar – padrões
básicos de comportamento. Embora fosse ideal entender completamente esses
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30
METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
padrões de mudanças, os fornecedores de serviços de lazer e turismo precisam ter
consciência das alterações nas condições do mercado e reagir a elas, quer sejam expli-
cáveis e compreensíveis, quer não; portanto, eles se baseiam no andamento de pesqui-
sas descritivas para ter informações atualizadas.
Há, com frequência, uma separação entre pesquisar e defi nir políticas, planejar
ou gerir a atividade, o que leva à delegação da pesquisa. Então, por exemplo, uma em-
presa pode encomendar um estudo de perfi l de mercado, ou um conselho consultivo
local pode requerer um estudo de necessidades de recreação para um grupo de pesquisa
– mas o uso fi nal dos resultados do estudo, seja para marketing ou para planejamento,
é uma atividade que não compete aos pesquisadores: pode-se solicitar ao grupo de
pesquisa que faça somente o estudo descritivo.
1.2.4.2 Pesquisa explicativa
A pesquisa explicativa vai além da descrição para tentar esclarecer os padrões e
tendências observados. Por que um determinado tipo de atividade ou destino está dei-
xando de ser procurado? Como determinados desenvolvimentos turísticos sobrepõem-
se às vontades da comunidade local? Por que as artes são patrocinadas por alguns grupos
sociais e não por outros? Tais perguntas levam ao turbulento tema da causalidade: o
objetivo é poder dizer, por exemplo, que houve um aumento em A por conta de uma
queda correspondente em B. Uma coisa é descobrir que A aumentou enquanto B dimi-
nuiu; mas estabelecer que o crescimento em A foi causado pela queda em B é, em geral,
uma tarefa muito mais trabalhosa. Estabelecer causalidade, ou a possibilidade de causa-
lidade, requer rigor dos pesquisadores na coleta, análise e interpretação dos dados. Tam-
bém requer, geralmente, algum tipo de modelo teórico para relacionar o fenômeno em
estudo com processos sociais, econômicos e políticos mais abrangentes. O tema da cau-
salidade e o papel da teoria em pesquisa são discutidos em capítulos posteriores.
Uma vez compreendidas as causas, o conhecimento pode ser usado para pre-
visões. Isso é bastante claro em ciências naturais: sabe-se que o calor faz o metal expan-
dir (explicação) – portanto, sabe-se que, se for aplicada certa quantidade de calor a
uma barra de metal, ela se expandirá até certo ponto (previsão). Nas ciências médicas
e biológicas esse raciocínio também pode ser seguido, porém com menos precisão:
pode-se prever que, se determinado tratamento é dado a um paciente com certa do-
ença, então é provável que ele seja, em certa medida, curado. Nas ciências sociais essa
abordagem também é utilizada, mas com menos precisão ainda. Por exemplo, econo-
mistas descobriram que a demanda por bens e serviços, incluindo os relacionados a
lazer e turismo, reagem a níveis de preços, de forma que se o preço de um bem ou ser-
viço é reduzido, as vendas frequentemente aumentam. Mas isso nem sempre ocorre,
pois existem muitos outros fatores envolvidos – como qualidade ou alguma ação dos
concorrentes. Seres humanos tomam suas próprias decisões e são muito menos previ-
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INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
31
síveis que fenômenos inanimados. De qualquer forma, previsão é um objetivo-chave em muitas das pesquisas realizadas na área de lazer e turismo.
1.2.4.3 Pesquisa avaliativa
A pesquisa avaliativa surge da necessidade de julgar o sucesso ou a efi cácia de políticas ou programas – por exemplo, se determinada infraestrutura de lazer ou de um programa está de acordo com padrões de desempenho desejáveis ou se uma campa-nha promocional turística valeu a pena. A pesquisa analítica é muito desenvolvida em algumas áreas de política pública, como educação, mas não é tão bem desenvolvida na área de lazer e turismo (SHADISH et al., 1991). Novamente, as questões relacionadas à pesquisa avaliativa serão discutidas nos próximos capítulos, particularmente nos capí-tulos 3 e 14.
1.3 POR QUE ESTUDAR PESQUISA?
1.3.1 Em geral
Por que estudar pesquisa? A pesquisa e seus métodos poderiam ser estudados por inúmeras razões, como indicado no Quadro 1.2. Em primeiro lugar, é útil poder com-preender e avaliar relatórios de pesquisa e artigos que possam aparecer no contexto profi ssional ou acadêmico. Portanto, é uma vantagem entender os fundamentos des-ses relatórios e artigos. Em segundo lugar, muitos leitores deste livro podem se engajar em pesquisas no ambiente acadêmico, onde são realizadas com o intuito de aumentar o conhecimento – por exemplo, para uma tese. Em terceiro, a maior parte dos leitores vai acabar precisando de pesquisas, feitas internamente ou contratadas de terceiros, por motivos profi ssionais, como gestores. É, assim, especialmente adequado conside-rar o papel da pesquisa nos processos de defi nição de políticas, planejamento e gestão.
Quadro 1.2 Por que estudar pesquisa?
• Compreender relatórios de pesquisa etc.
• Projetos acadêmicos de pesquisa
• Ferramenta gerencial:
– defi nição de políticas
– planejamento
– gestão
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
1.3.2 Pesquisa em processos de defi nição de políticas, planejamento e gestão
Todas as organizações, incluindo as da indústria de lazer e turismo, envolvem-se com defi nição de políticas, planejamento e gestão de recursos para atingir seus objeti-vos. A respeito desses temas, diversos termos são utilizados e seus signifi cados variam de acordo com o contexto e seu usuário. Neste livro:
• políticas são consideradas como sendo declarações de princípios, intenções e compromissos de uma organização;
• planos são estratégias detalhadas, desenvolvidas para implementar políticas de uma determinada maneira, durante certo período de tempo;
• gestão é vista como o processo de implantação das políticas e dos planos.
Embora planejamento seja, com frequência, associado pelo senso comum com estruturas governamentais nacionais, regionais e locais, planejar também é uma ativi-dade desenvolvida pelo setor privado. Organizações como redes de cinemas, empreen-dedores de resorts ou promotores esportivos estão sempre envolvidas em planejamento, mas suas atividades têm um caráter público menor do que as desenvolvidas pelos ór-gãos governamentais (HENRY e SPINK, 1990). Organizações privadas, em geral, só estão preocupadas com suas próprias atividades, enquanto órgãos públicos têm a responsa-bilidade mais ampla de planejar estruturas para apoiar as atividades de muitas organi-zações, tanto do setor público quanto do privado. Exemplos de políticas, planos e atividades de gestão em lazer e turismo aparecem no Quadro 1.3.
Tanto políticas quanto planos podem ser muito diferentes nos níveis de detalha-mento, complexidade e formalidade. Neste livro, o processo será considerado apenas superfi cialmente, com o objetivo de analisar o papel desempenhado pela pesquisa. Dos muitos modelos de processos de defi nição de políticas, planejamento e gestão existentes, o racional-abrangente, ilustrado pela Figura 1.1, é o modelo mais tradicio-nal e “ideal”. Está fora do escopo deste livro discutir os diversos modelos alternativos que buscam retratar de modo mais acurado o processo decisório do mundo real, mas ao fi nal do capítulo estão disponíveis indicações de leitura sobre esse assunto. É sufi -ciente dizer que esses outros modelos são, no geral, versões “resumidas” do modelo racional-abrangente, que enfatizam, minimizam ou omitem determinados aspectos. Assim, alguns modelos mostram que é praticamente impossível ser abrangente na ava-liação de políticas alternativas; outros salientam o fato de que interesses políticos fre-quentemente interferem em decisões “racionais” ou “objetivas”; outros, ainda, alçam a participação da comunidade para o papel principal, no lugar do papel de apoio. Em quase todos os casos, os modelos são apresentados como uma alternativa ao modelo racional-abrangente, de modo que ele continua como ponto de referência universal mesmo quando é rejeitado.
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Na maioria dos modelos, a pesquisa desempenha algum papel – algumas vezes restrito, em outras realçado. É raro, no mundo real, que os noves passos mostrados aqui sejam seguidos. E é raro que uma pesquisa descreva todas as etapas do processo discu-tidas a seguir. Os nove passos descritos na Figura 1.1 servem de pauta para discutir os diversos papéis da pesquisa nos processos de defi nição de políticas, planejamento e gestão. Dois exemplos de como isso aconteceria na área de lazer e turismo são apresen-tados no Quadro 1.4.
1. Termos de referência/resumo: o “termo de referência” ou “resumo” de um deter-minado planejamento ou tarefa gerencial defi ne o escopo e o propósito da ação. A pesquisa pode estar envolvida desde o início do processo, auxiliando a especifi car os termos de referência. Por exemplo, pesquisas sobre níveis de en-volvimento em esportes de uma comunidade podem resultar em uma política pública que vise alterar esses níveis; ou uma pesquisa sobre o crescente im-pacto do turismo sobre o meio ambiente pode levar os governantes a desen-volver um plano de turismo sustentável.
2. Avaliação do ambiente: a avaliação do ambiente envolve a coleta de todas as informações pertinentes ao contexto da tarefa em questão. Podem estar rela-cionadas aos afazeres internos da organização ou a temas externos, incluindo clientes atuais e potenciais, recursos naturais e atividades públicas e da con-
Quadro 1.3 Exemplos de políticas, planos e gestão
Nível Centro de lazerComissão de
turismoCentro de artes Parque nacional
Política Maximizar o uso de todas as faixas etárias
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Incentivarcompositorescontemporâneos
Aumentar receita não governamental
Plano Plano bienal para aumentar as visitas de idosos em 50%
Plano de três anospara aumentar asvisitas na médiaestação por meioda promoção denovos festivais
Plano de três anos para patrocinar novos trabalhos de compositorescontemporâneos
Plano de três anos para implantarprograma decobrança de taxasdo usuário
Gestão Implementar sessões matinais de exercícios para idosos
Escolher e implantar festivais temáticos
Escolhercompositores,patrocinar eproduzir
Implantar o programa de cobrança de taxas do usuário
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
1. Termo de referência
2. Avaliação do ambiente
3. Missão/objetivos
5. Desenvolvimento de opções
4. Consulta às partes interessadas
6. Avaliação de opções e definição de estratégias
7. Implantação – gestão
8. Monitoramento/avaliação
9. Controle (feedback)
Figura 1.1 Modelo racional-abrangente d e planejamento/gestão
corrência. Tais informações podem já estar coletadas e requerer somente uma sistematização, ou pode ser necessária uma ampla pesquisa.
3. Missão/objetivos: a missão ou os objetivos da organização podem já estar defi -nidos formalmente se a tarefa em questão for relativamente pequena; mas, quando se trata de uma grande realização, como o desenvolvimento de um plano estratégico para toda a empresa, então a defi nição do enunciado da mis-são e dos objetivos pode ser necessária. Estabelecer a missão e os objetivos da empresa é uma tarefa grandiosa para o grupo responsável (uma diretoria ou um conselho, por exemplo) pela tomada de decisões. Pesquisadores podem se envolver diretamente no processo quando existe um grande número de partes interessadas a serem consultadas, conforme o item 4.
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INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
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4. Consulta às partes interessadas: consultar os stakeholders é considerado vital para a maioria das organizações e é, inclusive, um requisito obrigatório em muitas formas de planejamento público. As partes interessadas podem incluir
funcionários, clientes, público em geral, membros de juntas e conselhos ou
associações de bairro. A pesquisa pode ter um papel signifi cativo para essa fase
de consulta, especialmente quando um grande número de indivíduos ou orga-
nizações está envolvido.
5. Desenvolvimento de opções: para desenvolver um plano ou uma estratégia, é
preciso considerar quais opções de políticas estão disponíveis para que a em-
presa alcance seus objetivos, suas necessidades, suas possíveis contribuições,
a fi m de que as metas sejam atingidas e implantadas da melhor forma. A pes-
quisa pode ser envolvida no processo de identifi car políticas alternativas ou
opções de planejamento, fornecendo, por exemplo, dados sobre a extensão
dos problemas ou sobre as preferências das partes interessadas.
6. Avaliação de opções e defi nição de estratégias: decidir por uma estratégia im-
plica selecionar um ou mais cursos de ação dentre todas as opções identifi ca-
das. Esse processo de escolha pode ser complexo e demandar uma pesquisa
para avaliar as alternativas. Algumas técnicas tradicionais de avaliação formal
são as seguintes: análise de custo-benefício, de impacto econômico, ambiental
e social (vide SHADISH et al., 1991; VEAL, 2002, p. 185-210), e a técnica de impor-
tância-desempenho (MARTILLA e JAMES, 1977; HARPER e BALMER, 1989) ou aná-
lise conjunta (CLAXTON, 1994).
7. Implantação – gestão: ao implantar um plano ou uma estratégia na área de ges-
tão, a pesquisa pode estar relacionada à gestão do dia a dia, buscando melho-
res maneiras de mobilizar recursos e fornecendo retroalimentação (feedback)
contínua sobre o processo de gestão – por exemplo, aplicando questionários
de avaliação junto aos clientes. Entretanto, é difícil determinar a linha que se-
para a pesquisa do processo de monitoramento e avaliação.
8. Monitoramento/avaliação: monitorar o progresso e avaliar a implantação de
estratégias é, sem dúvida, um processo que provavelmente envolve pesquisas.
9. Controle (feedback): o ciclo se completa com a etapa de controle. Os dados da
etapa de monitoramento e avaliação podem ser utilizados no ciclo de planeja-
mento ou gestão e podem levar a revisões de qualquer ou de todas as decisões
tomadas anteriormente. O processo de monitoria e avaliação pode indicar o
sucesso total, pode sugerir pequenas alterações em alguns detalhes das políti-
cas e planos adotados, ou ainda pode resultar em uma reestruturação com-
pleta, obrigando a começar de novo.
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
1.3.3 Formatos de pesquisa em diferentes contextos
A pesquisa para o planejamento/gestão de lazer e turismo é apresentada sob mui-
tas formas e contextos. Alguns exemplos estão listados no Quadro 1.5 e serão breve-mente discutidos a seguir. Os formatos não são mutuamente exclusivos: podem aparecer diversos deles em um único projeto de pesquisa.
Quadro 1.5 Formatos de relatórios de pesquisa
• Diagnósticos
• Perfi s de mercado
• Pesquisa de mercado
• Segmentação de mercado/estudos de estilo de vida
• Estudo de viabilidade
• Prognósticos
• Estudo de necessidades em lazer/recreação
• Estratégias de turismo/planos de marketing turístico
Dia gnósticos são similares às avaliações de ambiente, já discutidas. São compila-ções de informações da situação atual com foco em um tópico ou uma questão em particular; são criados para auxiliar os responsáveis pelas decisões a terem ciência so-bre o assunto e para fazer um balanço de dados, como políticas em vigor, níveis de abastecimento e demanda. Por exemplo, se uma autoridade local deseja desenvolver novas políticas de conservação de patrimônio cultural em sua área, um diagnóstico poderia relacionar quais os patrimônios existentes, quem são os proprietários, quais as condições, natureza e estado de preservação, políticas, regras e regulamentações exis-tentes e tipos de uso.
Perfi s de mercado são parecidos com diagnósticos, mas são especifi camente rela-cionados com o mercado, em especial com consumidores atuais e potenciais, mas tam-bém com fornecedores. Se uma organização deseja iniciar um projeto em um determinado mercado de turismo e lazer, em geral será necessário um “perfi l” desse setor de mercado. Qual o tamanho do mercado? Qual é a perspectiva de crescimento? Quem são os consumidores? Quais são os subsetores desse mercado? Quão rentável ele é? Quem são os fornecedores atuais? Em geral, tal levantamento demanda uma pes-quisa considerável, que pode ser vista como um dos elementos entre as muitas ativida-des da pesquisa de mercado.
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INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
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Pesquisa de mercado é uma atividade mais focada. Pesquisas sobre o mercado atual ou potencial de um projeto podem ser feitas antes de ele ser implantado, mas também podem acontecer como parte de um monitoramento contínuo do desempe-nho de uma operação. A pesquisa de mercado tem por objetivo estabelecer a dimen-são e a natureza de um mercado (o número de pessoas que usam ou tendem a usar um bem ou serviço e suas características), bem como as exigências e atitudes do con-sumidor (as expectativas e gostos específi cos dos usuários reais ou potenciais de um bem ou serviço).
Segmentação de mercado/estudos de estilo de vida, também chamados de estudos de perfi s psicográfi cos. Tradicionalmente, os profi ssionais de marketing tentam classifi -car os consumidores em subgrupos ou segmentos, com base em características como idade, gênero, profi ssão e renda. Mais tarde, tentaram classifi car as pessoas conside-rando não só essas características socioeconômicas, mas também a partir de seus valo-res, atitudes e comportamento, incluindo atividades de lazer e comportamento nas férias e feriados. O estudo mais conhecido desse ramo, a tipologia VALS (do inglês va-lues, attitudes and life styles, MITCHELL, 1985), classifi cou os norte-americanos em nove grupos comportamentais: sobrevivente, provedor, conservador, emulador, realizador, eu-e-apenas-eu, experimentador, consciente social e integrado2. Esse sistema tem sido amplamente utilizado em pesquisas de mercado, incluindo pesquisas em turismo (por exemplo, SHIH, 1986). Outros “sistemas” que analisam o estilo de vida são o ACORN, desenvolvido na Inglaterra a partir do censo (SHAW, 1984) e a tipologia comportamen-tal australiana Age (THE AGE, 1982).
Estudos de viabilidade pesquisam não somente as características e exigências do consumidor atual, como faz o perfi l de mercado, mas também a demanda futura e as-pectos tais como viabilidade econômica e impactos ambientais de projetos de investi-mento ou de desenvolvimento. A decisão de construir ou não uma nova instalação de lazer ou lançar um novo produto turístico está frequentemente baseada em um estudo de viabilidade (KELSEY e GRAY, 1986b).
Prognósticos são cruciais para muitos planos. Podem fornecer, por exemplo, proje-ções de demanda para uma determinada atividade de lazer ou por um tipo específi co de acomodação turística para um período de dez anos. Fazer previsões depende intrin-secamente de pesquisa, e pode envolver predizer os efeitos prováveis do aumento e das mudanças na população futura, dos resultados das alterações de preferências, das alte-rações no nível de renda ou de desenvolvimentos tecnológicos. Prognósticos em lazer e turismo tornaram-se, merecidamente, um campo de estudo signifi cativo (VEAL, 2002, p. 154-184; ARCHER, 1994).
2 Há distintas traduções desses tipos. Aqui se está adotando a nomenclatura que consta em KARSAKLIAN, E. Comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2000. [N. do T.]
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
Estudo de necessidades em lazer/recreação é um tipo de pesquisa comum no plane-jamento de lazer. São estudos abrangentes, geralmente realizados para instâncias lo-cais, que examinam a oferta e o uso das instalações e dos serviços, grau de participação nas atividades de lazer e aspirações e opiniões da população em relação à oferta de la-zer. Em alguns casos, o estudo de “necessidades” também inclui um “plano” de lazer ou recreação, em que são feitas recomendações em relação à oferta futura; em outros ca-sos, o plano é um documento separado.
Estratégias turísticas/planos de marketing turístico são o equivalente ao estudo de necessidades em recreação, porém voltado para o turismo. A diferença é que o estudo de necessidades em recreação e lazer refere-se às exigências da comunidade local, que são, em grande parte, solucionadas no âmbito local, frequentemente pelo setor público; estratégias turísticas ou planos de marketing referem-se à demanda turística, geradas potencialmente em diversas regiões e cujas exigências se refl etem na região de destino na qual a área receptora está localizada, tanto no âmbito público como no privado. Tais estudos turísticos geralmente consideram a capacidade da região receptora de suprir a demanda crescente de turistas, em termos de acomodação, transporte, impactos am-bientais e atrações existentes e potenciais.
1.4 ■ QUEM PESQUISA?
Este livro preocupa-se, principalmente, com a forma de conduzir uma pesquisa, mas também objetiva esclarecer o processo de pesquisa, fato que ajudará o leitor a se tornar um cliente mais crítico e consciente em relação às pesquisas realizadas por ou-tros. Na leitura de artigos e relatórios de pesquisa, é útil ter em mente o porquê de a pesquisa ter sido realizada, o que é altamente infl uenciado por quem a fez e por quem pagou por ela. Pesquisas em lazer e turismo são feitas por uma grande variedade de indivíduos e instituições, incluindo acadêmicos e estudantes, departamentos de pes-quisa dos setores público e privado, consultores e gestores de instalações e serviços de lazer e turismo, conforme ilustra o Quadro 1.6. O respectivo papel de cada um será discutido a seguir.
Quadro 1.6 Quem pesquisa?
• Acadêmicos
• Estudantes
• Organizações públicas e privadas
• Consultores
• Gestores
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INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
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1.4. 1 Acadêmicos
Acadêmicos, ou seja, membros do corpo docente de instituições educacionais, in-cluem catedráticos, professores, conferencistas, tutores e pesquisadores – de forma geral, o “professorado”. Na maioria das universidades, espera-se que os professores, como parte de seu contrato de trabalho, ministrem aulas e realizem pesquisas. Nor-malmente, um terço ou um quarto do tempo de um acadêmico deve ser destinado à pesquisa e a publicações. Promoção e segurança no trabalho dependem parcialmente (alguns diriam principalmente) da conquista de um número satisfatório de pesquisas publicadas. Os trabalhos podem ser publicados em vários lugares: periódicos especia-lizados, periódicos não especializados (como revistas profi ssionais), livros, relatórios/monografi as (publicadas por instituições acadêmicas ou outras) e artigos.
A publicação de pesquisa em periódico especializado é considerada a forma mais prestigiosa em termos acadêmicos, em função do que é chamado de “avaliação por pares” ou, em inglês, peer review. Os artigos enviados aos periódicos são analisados, de forma anônima, por dois ou três especialistas da área, assim como pelos editores. As atividades editoriais são supervisionadas por um grupo de pesquisadores da área. Os principais periódicos no ramo de lazer e turismo são: Journal of Leisure Research (Esta-dos Unidos), Annals of Tourism Research (Reino Unido), Leisure Sciences (Estados Uni-dos), Tourism Management (Reino Unido), Leisure Studies (Reino Unido), Journal of Travel Research (Estados Unidos) e Society and Leisure (Canadá).
Algumas pesquisas conduzidas por acadêmicos requerem pouco ou nenhum re-curso fi nanceiro específi co além do salário recebido – por exemplo, trabalho teórico e estudos usando os estudantes como tema. Mas muitas pesquisas requerem recursos fi nanceiros adicionais para, por exemplo, pagar assistentes de meio período ou de pe-ríodo integral, para pagar entrevistadores ou uma empresa de pesquisa de mercado a fi m de conduzir as entrevistas, ou para cobrir custos de viagem ou com equipamentos. As principais fontes de recursos são os fundos das universidades/faculdades; conse-lhos públicos de pesquisa; fundações; órgãos e departamentos públicos; empresas pri-vadas; e organizações sem fi ns lucrativos.
As universidades tendem a usar seus próprios recursos para apoiar pesquisas ini-ciadas por membros acadêmicos e que tenham como principal objetivo “o avanço do conhecimento”. A maioria das universidades e faculdades tem fundos de pesquisa, para os quais os membros de suas equipes podem se candidatar. O poder público ge-ralmente institui organizações para fi nanciar pesquisas científi cas – por exemplo, o Conselho de Pesquisas Socioeconômicas do Reino Unido ou o Conselho Australiano de Pesquisa3. Alguns fundos privados ou fundações também fi nanciam pesquisas – por
3 No Brasil, esse papel é desempenhado, por exemplo, pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesqui-sa do Estado de São Paulo e pelo CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecno-lógico. [N. do T.]
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
exemplo, a Fundação Ford e o Leverhulme Trust. Os fi nanciamentos podem visar obje-tivos práticos – como os de órgãos e departamentos públicos, de empresas privadas ou de organizações não governamentais, como de uma secretaria estadual de esportes. Nesse caso, a pesquisa tenderá a ser mais focada em sua aplicação prática. O poder público, empresas privadas e organizações não governamentais fi nanciam pesquisas
para resolver problemas específi cos que enfrentam ou para informá-los sobre determi-
nados temas considerados relevantes.
Em geral, acadêmicos se envolvem em pesquisas de natureza prática quando seus
próprios interesses coincidem com os das agências fi nanciadoras. Por exemplo, um
acadêmico pode ter interesse em formas de mensurar o que motiva as pessoas a se
envolverem com determinadas atividades recreativas ao ar livre, e isso pode coincidir
com as necessidades de pesquisa de uma agência de recreação para desenvolver sua
estratégia de marketing. Alguns acadêmicos são especializados em áreas aplicadas –
como marketing ou planejamento –, de forma que fi cam em melhores condições de
conseguir atrair fi nanciamentos do “mundo prático”. Os acadêmicos podem usar os
recursos para empregar um ou mais pesquisadores-assistentes, que podem também
estar matriculados em cursos de pós-graduação, em geral doutorado. Isso aponta para
a segunda fonte acadêmica de pesquisa, os estudantes.
1.4.2 Estudantes
Estudantes de doutorado e mestrado contribuem enormemente para a pesquisa.
Periódicos publicam relações de teses e dissertações defendidas na área com deter-
minada frequência (VAN DOREN e STUBBLES, 1976; VAN DOREN e SOLAN, 1979; JAFARI e
AASER, 1988). Teses de grande parte das universidades norte-americanas e inglesas es-
tão catalogadas e, cada vez mais, disponíveis on-line. Na área de pesquisa científi ca, os
estudantes geralmente trabalham como parte de uma equipe, sob os cuidados de um
supervisor, que determina quais tópicos serão pesquisados por quais estudantes em
um programa específi co de pesquisa. Nas ciências sociais, essa abordagem é mais rara,
tendo os estudantes mais liberdade para escolher seus temas de pesquisa.
Teses de doutorado são o resultado mais signifi cativo da pesquisa estudantil, mas
pesquisas realizadas por mestres e estudantes graduados – e mesmo por não graduados
– podem contribuir para o conhecimento. Lazer e turismo geralmente não são áreas
muito agraciadas com fundos de pesquisa, de modo que, por exemplo, uma pequena
pesquisa conduzida por um grupo de estudantes de graduação sobre determinada ati-
vidade de lazer ou sobre uma localidade específi ca, ou ainda uma revisão bibliográfi ca
completa sobre determinada área, pode ser do interesse de outros pesquisadores.
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INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
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1.4.3 Organizações públicas e privadas
As organizações públicas e privadas têm, com frequência, seus próprios departa-
mentos de pesquisa – por exemplo, o Escritório Nacional de Estatísticas no Reino
Unido, o antigo Bureau de Pesquisa em Turismo na Austrália e as Estações Experimen-
tais do Serviço Florestal Norte-Americano4. Empresas privadas da área de lazer e tu-
rismo tendem a contratar consultores para pesquisas socioeconômicas e de mercado,
embora indústrias de equipamentos esportivos, por exemplo, possam conduzir suas
próprias pesquisas científi cas voltadas ao desenvolvimento do produto.
É normal que pesquisas conduzidas por empresas privadas sejam confi denciais,
mas as conduzidas pelo poder público geralmente estão disponíveis ao público. Os
relatórios de pesquisa dessas organizações podem, portanto, ser fontes importantes de
conhecimento, especialmente de conhecimento prático. Por exemplo, em quase todos
os países desenvolvidos, alguma agência do governo é responsável por realizar sonda-
gens, por todo o país, sobre padrões de turismo e índices de participação em lazer
(CUSHMAN et al., 2005a). Essa é uma pesquisa descritiva que nenhuma outra organiza-
ção teria recursos para desenvolver.
1.4.4 Consultores
Os consultores servem para oferecer suas pesquisas e recomendações para o setor
do lazer e turismo. Algumas empresas de consultoria são de grande porte, multinacio-
nais, geralmente envolvidas em trabalhos de gestão fi nanceira, operacional e de desen-
volvimento de instalações, que montam departamentos especializados para atuar em
pesquisas na área de lazer e turismo. A Lybrand e a PriceWaterhouseCoopers são alguns
exemplos. Mas há muitas outras empresas de consultoria pequenas, que se especializam
em alguma área. Alguns acadêmicos atuam em empresas de consultoria como um traba-
lho “paralelo”, seja pelo interesse acadêmico em determinada área, seja pela renda com-
plementar, ou por ambos. A atividade de consultor autônomo é comum entre profi ssionais
do setor do lazer e turismo que saíram precocemente de seus empregos formais.
1.4.5 Gestores
Gestores em lazer e turismo que reconhecem o processo de gestão em sua totali-
dade devem encarar a pesquisa como parte de suas responsabilidades. Eles podem
coordenar a execução de pesquisas sobre uma diversidade de temas, conforme indi-
cado no Quadro 1.7. Considerando-se que a maioria dos leitores deste livro serão ges-
tores ou trainees, é importante saber disso.
4 No Brasil, um exemplo seria o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. [N. do T.]
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
Quadro 1.7 Gestores e pesquisa
• Pesquisa sobre clientes
• Pesquisa sobre clientes em potencial
• Pesquisa sobre funcionários
• Pesquisa de desempenho
• Pesquisa sobre a concorrência
• Pesquisa de produtos
A ges tão bem-sucedida depende de informações de qualidade. Muita informação
– por exemplo, estatísticas de vendas – está disponível aos gerentes como parte da ro-
tina e não requer pesquisa. Entretanto, a utilização criativa desses dados – por exemplo,
estabelecer tendências de mercado – pode levar à pesquisa. Por outro lado, outros tipos
de informação somente podem ser obtidos por meio de projetos de pesquisas específi -
cas. Em algumas áreas da gestão de lazer e turismo, até mesmo a mais básica das infor-
mações precisa ser obtida por meio de pesquisa. Por exemplo, gestores de teatros ou
resorts recebem rotineiramente informações sobre o nível de uso das instalações, a par-
tir de dados de vendas ou de reservas, mas o mesmo não ocorre em um parque urbano
ou uma praia. Para se obterem informações sobre o número de usuários desse tipo de
local é necessário fazer um esforço específi co de coleta de dados. A coleta de dados
pode não ser muito sofi sticada e muitas pessoas podem dizer que isso não se trata de
pesquisa, por ser apenas parte do sistema de informação gerencial. No entanto, desde
que envolva descobertas, e algumas vezes explicações, é uma pesquisa para os propósi-
tos deste livro.
Muitos gestores precisam realizar – ou subcontratar – pesquisas quando querem
informações sobre seus usuários ou clientes; por exemplo, de onde eles vêm (a área de
“captação de demanda” do estabelecimento) ou quais suas características socioeconô-
micas. Também é uma forma de saber como os clientes avaliam as instalações ou o
serviço. Pode-se argumentar que gestores não precisam ter habilidades para pesquisas,
uma vez que podem sempre contratar consultores para desenvolvê-las. No entanto, os
gestores estarão mais bem preparados para delegar uma boa pesquisa e para avaliar os
resultados se estiverem familiarizados com o processo. Além disso, apenas poucos ges-
tores em lazer e turismo trabalham em um mundo ideal, onde há recursos fi nanceiros
para contratar todas as pesquisas de que gostariam; em geral, a única forma de obter
uma pesquisa é o próprio gestor realizá-la.
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1.4.6 Acadêmicos e o mundo da prática: a importância de pesquisas publicadas para o planejamento e a gestão
Quem realiza a pesquisa é um fator importante, porque a forma de conduzi-la
afeta sua natureza e, por consequência, tem um grande impacto no que constitui o
corpo de conhecimento que estudantes de lazer e turismo devem absorver e no qual os
gestores se baseiam.
A pesquisa e a publicação acadêmica são, em grande medida, um “sistema fe-
chado”. São acadêmicos que avaliam propostas de livros de outros acadêmicos para
editores comerciais; são eles os editores de periódicos especializados e eles que for-
mam o conselho editorial e o painel de especialistas. Eles, portanto, determinam quais
pesquisas são aceitáveis para publicação. Por essa razão, com frequência os profi ssio-
nais do mercado acham as pesquisas acadêmicas irrelevantes para suas necessidades
– isso não é surpreendente, uma vez que a maior parte delas não é destinada a profi s-
sionais, mas ao mundo acadêmico. O estudante que quer ser um profi ssional de mer-
cado na área de lazer ou turismo não deve, portanto, se surpreender ao se deparar com
artigos acadêmicos que não sejam aplicáveis de forma prática a políticas, planeja-
mento e gestão. Isso não signifi ca que sejam irrelevantes, mas simplesmente que não
focam, necessariamente, problemas práticos imediatos.
Algumas pesquisas surgem do interesse acadêmico e algumas surgem de proble-
mas imediatos enfrentados por fornecedores de serviços de lazer e turismo. Muitas das
pesquisas acadêmicas publicadas tendem a contemplar as preocupações de diversas
disciplinas teóricas, como sociologia, economia ou psicologia, o que pode ou não coin-
cidir com as preocupações do dia a dia da indústria de lazer e turismo. Na verdade,
parte do papel da pesquisa acadêmica é “fi car de fora” do resto do mundo e oferecer
análises independentes, as quais podem ser críticas e, assim, não ser vistas como um
apoio para aqueles que trabalham na indústria. Entretanto, o que alguns veem como
excessivamente crítico e desnecessário, ou simplesmente irrelevante, outros podem
ver como perspicaz e construtivo.
Contudo, há disciplinas aplicadas que focam especifi camente em aspectos de de-
fi nição de políticas, planejamento e gestão, como Planejamento, Administração, Ges-
tão de Marketing ou Gestão Financeira. Embora a pesquisa acadêmica nessas áreas
também possa ter um caráter mais crítico do que instrumental, é provável que seja
mais direcionada a assuntos que preocupam a indústria. Em cada uma dessas discipli-
nas teóricas e aplicadas há uma estrutura distinta de pesquisa em lazer e turismo. Além
disso, há pesquisas formuladas para atender a mais de uma disciplina (multidiscipli-
nar) e há as que ocupam um nicho entre duas ou mais disciplinas (interdisciplinar). E
mais, nas áreas de estudos de lazer e estudos de turismo, algumas pesquisas não reco-
nhecem nenhuma fi liação disciplinar. Os aspectos disciplinares da pesquisa em lazer e
turismo serão examinados no Capítulo 2.
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METODOLOGIA DE PESQUISA EM LAZER E TURISMO
1. Qual é a diferença entre pesquisa e jornalismo?
2. Aponte as diferenças entre pesquisa descritiva, explicativa e avaliativa.
3. Quais são as principais diferenças entre defi nição de políticas, planejamento e ges-tão, de acordo com este capítulo?
4. Resuma o papel potencial da pesquisa em três dos nove estágios do modelo “racio-nal-abrangente”, em relação aos processos de defi nição de políticas/planejamento/gestão apresentados neste capítulo.
5. Relacione três dos seis formatos que um relatório de pesquisa pode ter, conforme apresentado neste capítulo, e descreva suas principais características.
6. Relacione três dos seis motivos, descritos neste capítulo, pelos quais os gestores podem conduzir ou contratar uma pesquisa.
7. Por que a pesquisa acadêmica normalmente parece irrelevante para as necessidades de um profi ssional do mercado?
QUESTÕES
1. Escolha uma empresa de lazer ou turismo que você conheça e aponte como ela poderia usar a pesquisa para alcançar seus objetivos.
2. Escolha uma empresa de turismo ou lazer e descubra suas atividades de pesquisa. Qual proporção do orçamento é destinada à pesquisa? Quais pesquisas foram feitas? Como os resultados das pesquisas são utilizados pela empresa ou por outras pessoas?
3. Consulte um periódico de turismo e lazer, como Leisure Studies ou Annals of Tou-rism Research, e apure, para cada artigo: por que a pesquisa foi realizada; como ela foi fi nanciada; quem ou quais organizações poderiam se benefi ciar da pes-quisa e como.
4. Repita o Exercício 3, mas aplicando-o a um periódico de outra área do conheci-mento, como sociologia ou física.
5. Usando o mesmo periódico do Exercício 4, examine cada artigo e identifi que se a pesquisa é descritiva, explicativa ou avaliativa.
EXERCÍCIOS
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INTRODUÇÃO À PESQUISA: O QUÊ, POR QUE E QUEM?
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PARA SABER MAIS
Modelos de planejamento e defi nição de políticas: para discussões introdutórias, Parsons (1995, p. 248 e seguintes) e Veal (2002, p. 76-86); para discussões mais avançadas, veja Treuren e Lane (2003).
Métodos de pesquisa em turismo: veja Smith (1989) para uma abordagem quantitativa e geográfi ca; Ryan (1994) para uma abordagem similar à deste livro; Dann, Nash e Pearce (1988) e Pearce e Butler (1993) para diversos artigos metodológicos; e, para uma mina de informações sobre todos os aspectos de pesquisa em turismo, veja a abrangente coleção de artigos organizada por Ritchie e Goeldner (1994).
Prognósticos de lazer e turismo: veja Archer (1994), Veal (1987; 2002), Kelly (1987b), Martin e Mason (anual), Henley Centre for Forecasting (trimestral).
Pesquisa no processo de planejamento: Kelsey e Gray (1986a), Marriott (1987), Veal (1994).
Estudos de viabilidade: Kelsey e Gray (1986b).
Estudos de perfi s psicológicos/estilo de vida: Wells (1974), Veal (1989a, 1993a, 2000), Chisnall (1991).
Pesquisa avaliativa: Loomis (1987), Henderson e Bialeschki (1995), Pollard (1987), Shadish, Cook e Leviton (1991), Veal (2002, p. 185-210).
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